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Prova Eaf 2005

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PROVA EAF 2005

9 questões
Duração máxima da prova: 5 horas

1. É bem conhecido que a maioria das estrelas formam sistemas binários. Um tipo de sistema binário
consiste numa estrela ordinária de massa m0 e raio R, e uma estrela de nêutrons, de massa M
maior, mas mais compacta, que rodam em torno de um centro comum. Em todo o problema
ignore o movimento da Terra. Observações astronômicas destes sistemas binários revelaram as
seguintes informações:

Figura 1: Esquema do sistema binário.

• O deslocamento angular máximo da estrela ordinária é ∆θ, enquanto que o da estrela de


nêutrons é ∆φ (ver Figura 1).
• O intervalo de tempo que decorre entre dois deslocamentos máximos é τ .
• As caracterı́sticas da radiação emitida pela estrela ordinária indicam que a temperatura à
sua superfı́cie é T e que a energia da radiação emitida por unidade de tempo, que incide
numa unidade de área à superfı́cie da Terra, é P .
• A linha de emissão do elemento cálcio tem um comprimento de onda que difere ∆λ do valor
normal λ0 , devido apenas ao campo gravitacional da estrela ordinária. (Para este cálculo,
h
considerar que o fóton possui uma massa efetiva .)

Determinar a expressão para a distância l entre a Terra e este sistema, envolvendo apenas os
dados acima revelados e constantes universais.
2. Faz-se vácuo no espaço entre um par de condutores cilı́ndricos coaxiais. O raio do cilindro interno
é a, e o raio interno do cilindro externo é b, como mostrado na Figura 2. O cilindro externo,
chamado de anodo, pode ser mantido a um potencial V com relação ao cilindro interno. Um
campo magnético estático e homogêneo paralelo ao eixo do cilindro e dirigido para fora do plano
da Figura também está presente. As cargas induzidas nos condutores podem ser desprezadas. Nós
estamos preocupados com a dinâmica dos elétrons que são abandonados na superfı́cie do cilindro
interno. Os elétrons têm massa de repouso m e carga −e.
(a) A princı́pio, a diferença de potencial V é mantida, mas B = 0. Um elétron é abandonado
com velocidade desprezı́vel na superfı́cie do condutor interno. Determine sua velocidade v
quando ele atingir o anodo. Dê sua resposta nos seguintes casos:

1
Figura 2: Vista dos cilindros (anodo e catodo) e da orientação do campo magnético.

• Quando um tratamento não relativı́stico é suficiente.


• Quando se faz necessário um tratamento relativı́stico.
OBS.: Nos próximos itens, assuma que o tratamento não-relativı́stico possa ser adotado.
(b) Agora, num segundo momento, faz-se V = 0, mas o campo magnético está presente. Um
elétron parte do cilindro interno com velocidade v0 na direção radial. Para campos magnéticos
superiores a um valor crı́tico Bc , o elétron não irá alcançar o anodo. Faça um esboço da
trajetória do elétron quando B é levemente maior que Bc . Determine Bc .
(c) A partir de agora, estão presentes tanto a diferença de potencial V quanto o campo magnético
B. O campo magnético dará ao elétron um momento angular não-nulo L com relação ao
eixo dos cilindros. Escreva a equação para a taxa de variação dL/dt do momento angular.
Mostre que esta equação implica que:

L − keBr2 (1)

é constante durante o movimento, em que k é uma constante adimensional, e r é a distância


com relação ao eixo do cilindro. Calcule o valor de k.
(d) Considere um elétron, libertado do cilindro interno com velocidade desprezı́vel, que não
alcança o anodo, mas que tem a distância máxima do cilindro do eixo igual a rm . Determine
a velocidade v no ponto onde a distância radial é maxima, em termos de rm .
(e) Nós estamos interessados em usar o campo magnético para regular a corrente de elétrons
no anodo. Para B maior que um campo magnético crı́tico Bc , um elétron, libertado com
velociadade desprezı́vel, não alcançará o anodo. Determine Bc .
(f) Se os elétrons são libertados pelo aquecimento do cilindro interno um elétron terá, geralmente,
uma velocidade inicial não nula na superfı́cie do cilindro interno. A componente da velocidae
incial paralela a B ~ é vB , as componentes ortogonais a B~ são vr (na direção radial) e vφ (na
direção azimutal, i.e. ortogonal a direção radial). Determine para esta situação o campo
magnético crı́tico Bc para alcançar o anodo.

3. Um hemisfério de vidro transparente de raio R e massa m possui ı́ndice de refração n. O meio


no exterior do hemisfério possui ı́ndice de refração 1. Um feixe LASER monocromático de raios
paralelos incide perpendicular e uniformemente na zona central da base plana do hemisfério, como
mostra a Figura 3. A aceleração da gravidade g é vertical e aponta para baixo. O raio δ da secção

2
circular do feixe LASER é muito menor do que R. Quer o hemisfério de vidro, quer o feixe LASER,
são axialmente simétricos com o eixo z.

Figura 3: Hemisfério de vidro, com a incidência de um feixe de LASER.

O hemisfério de vidro não absorve a luz LASER. A sua superfı́cie foi revestida com uma camada
fina de material transparente pelo que as reflexões da luz ao entrar e sair do hemisfério de vidro são
desprezı́veis. O caminho óptico percorrido pelo feixe LASER ao atravessar a camada superficial
não-refletora também é desprezı́vel.
Determinar a potência do LASER, P , necessária para equilibrar o peso do hemisfério de vidro,
desprezando termos de ordem (δ/R)3 ou superior. Sugestão: utilize a aproximação

θ2
cos θ ≈ 1 − (2)
2
quando θ, dado em radianos, é muito menor que 1.

4. Considere um prisma hexagonal regular sólido, longo e rı́gido, como um lápis comum (Figura
4). A massa do prisma é M e está uniformemente distribuı́da. O comprimento do lado da base
hexagonal é a. O momento de inércia I do prisma hexagonal em torno do seu eixo de simetria
longitudinal é:
5
I = M a2 (3)
12
O momento de inércia I 0 em torno de uma aresta do prisma é:
17
I0 = M a2 (4)
12
O prisma encontra-se inicialmente em repouso, com o seu eixo na posição horizontal, sobre um
plano inclinado que faz um ângulo θ com a horizontal (Figura 5). Considere que as faces do
prisma são ligeiramente côncavas pelo que o prisma apenas toca o plano nas arestas. O efeito
destas concavidades no momento de inércia pode ser ignorado. É dado um empurrão ao prisma
pondo-o a rolar, descendo o plano inclinado “rolando aos solavancos”, havendo em cada instante
uma só aresta em contacto com o plano. Considere que o atrito evita o escorregamento do prisma
e que este não deixa nunca o contato com o plano. A velocidade angular imediatamen te antes de
uma dada aresta tocar o plano é wi e a velocidade angular imediatamente após o impacto é wf .

(a) Mostre que se pode escrever:


wf = swi (5)
e obtenha o valor de s.

3
Figura 4: Um prisma regular cuja base é um hexágono.

Figura 5: Um prisma hexagonal descendo um plano inclinado.

(b) A energia cinética do prisma imediatamente antes e depois do impacto é Ki e Kf , respecti-


vamente. Mostre que é válida a relação:

Kf = rKi (6)

e obtenha o valor do coeficiente r.

5. O satélite possui uma velocidade em B de 3200m/s na direção indicada, paralela ao eixo x (ver
Figura 6). Determine o ângulo β que localiza o ponto C de impacto com a Terra. Nesta questão,
utilize g0 = 9,825 m/s2 como sendo o valor da aceleração da gravidade na superfı́cie na Terra.
Adote, ainda, R = 6371 km.

6. Uma corda uniforme de massa M e comprimento L (Figura 7) passa por um pino sem atrito e de
raio muito pequeno. No inı́cio do movimento, BC = b. Mostre que a aceleração e a velocidade,
quando BC = 2L/3 são:
g
a= (7)
3
s µ ¶
2g 8 2
v= L + 2bL − b2 (8)
L 3

7. Um tubo horizontal, rı́gido, cilı́ndrico, de seção reta interna circulare uniforme, gira em torno de
um eixo vertical, ∆, fixo em relação à Terra (suposta, ela mesma, um referencial inercial), e uma

4
Figura 6: Colisão do Satélite com a Terra .

Figura 7: Corda que passa por um pino .

pequena esfera metálica, de massa m e diâmetro igual ao da seção reta interna do tubo, pode se
mover sem atrito no seu interior. O movimento de rotação do tubo (relativo à Terra) é uniforme,
sendo igual a ω a sua velocidade angular, e inicialmente a esferazinha está colada ao tubo, num
ponto situado a uma distância h do eixo ∆, mas num certo instante a esferazinha desloca-se do
tubo e passa a se mover no seu interior. Calcule:

(a) a norma (=módulo) da sua velocidade, relativa à Terra, no instante em que ela estiver
passando no ponto do tubo situado a uma distância igual a 5h do eixo ∆.
(b) a norma da força que ela estará exercendo sobre o tubo, no instante mencionado no item
anterior.

Figura 8: Esfera se movimentando ao longo de um tubo animado de rotação.

8. Mostre que, para um átomo de Hidrogênio, no modelo de Bohr, a velocidade de um elétron na

5
órbita de raio rn é dada por:
e2
vn = (9)
2²0 hn
9. A Figura 9 representa o aparelho construı́do por Möllenstedt e Düker nos anos cinquenta, com
o objetivo de demonstrar que os elétrons além de partı́culas também se comportam como ondas.
Este aparelho é constituı́do basicamente por três placas planas carregadas, com um comprimento
L, que criam campos elétricos uniformes de módulo E nos espaços entre elas, como mostra a
Figura. Pela esquerda das placas (região 1) incide um feixe colimado de elétrons, com uma
velocidade vx paralela às placas.

Figura 9: Elétrons e as ondas associadas aos mesmos.

(a) Calcule a componente transversal vy da velocidade dos elétrons ao saı́rem das placas (região
2). Dados: L = 5,0 mm; E = 570 V/m ; vx = 1,24×108 m/s; e = 1,60×10−19 C; me =
9,11×10−31 kg. Não é necessário o cálculo relativı́stico.
(b) O feixe de elétrons na região 1 pode ser considerado como uma onda plana. Sendo A a sua
amplitude e kx o número de onda (kx = 2π /λ1 , sendo λ1 o comprimento de onda associado
e p = hk/(2π) ) esta onda pode ser expressa num dado instante, t = 0, da seguinte forma:

Φ1 (x) = A cos(kx x) (10)

Na região 2 as duas ondas planas associadas aos elétrons desviados entre as placas sobrepõem-
se. Dessa forma, em t = 0 a onda resultante pode ser expressa como:

Φ2 (x, y) = A[cos(kx x + ky y) + cos(kx x − ky y)] (11)

Determine kx e ky , na região 2. Dado: h = 6, 63 × 10−34 J s.


(c) Como mostra a Figura, existe uma placa fluorescente, que brilha com intensidade propor-
cional à intensidade da onda eletrônica que chega a cada um dos seus pontos. Nesta placa
são detectadas linhas de interferência perpendiculares ao plano da figura. Obtenha uma ex-
pressão para a distribuição de intensidade na placa, I(y), e determine a distância entre as
linhas de interferência.
Nota: Ã ! Ã !
α+β α−β
cos(α) + cos(β) = 2 cos cos (12)
2 2

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