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Dissertacao DepositoAuriferoPiaba

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOQUÍMICA
___________________________________________________________________________

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

O DEPÓSITO AURÍFERO PIABA NO FRAGMENTO


CRATÔNICO SÃO LUÍS (NW-MARANHÃO): PETROGRAFIA
DAS ROCHAS HOSPEDEIRAS E FLUIDOS
MINERALIZADORES

Dissertação apresentada por:

SANEY CECÍLIO FERREIRA DE FREITAS


Orientador: Prof. Dr. Evandro Luiz Klein (UFPA)

BELÉM
2012
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Geólogo Raimundo Montenegro Garcia de Montalvão

F866d Freitas, Saney Cecílio Ferreira de


O Depósito Aurífero Piaba no fragmento Cratônico São Luis
(NW-Maranhão): petrografia das rochas hospedeiras e fluidos
mineralizadores / Saney Cecílio Ferreira de Freitas; Orientador:
Evandro Luiz Klein – 2012
xiv, 70 f.: il.

Dissertação (mestrado em geologia) – Universidade Federal do


Pará, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em
Geologia e Geoquímica, Belém, 2012.

1. Ouro – minas e mineração. 2. Jazidas - Maranhão. 3.


Petrologia. 4. Depósito Aurífero Piaba. I. Klein, Evandro Luiz,
orient. II. Universidade Federal do Pará. III. Título.

CDD 22º ed.: 622.3422098121


iv

À minha família:
Sávio, filho.
Amanda, esposa.
Maria Deuzarina, mãe.
v

AGRADECIMENTOS

Faço aqui os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que deram alguns minutos
e dias de suas vidas para que eu pudesse desenvolver e terminar esta dissertação.
À Universidade Federal do Pará – Instituto de Geociências, em especial ao Programa
de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, que forneceu todas as condições técnicas e
estruturais para a confecção deste trabalho.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo.
À Luna Gold, detentora da permissão de lavra do Depósito Piaba, pela permissão e
fornecimento de amostras de testemunhos, assim como as valiosas informações fornecidas
gentilmente pelo Dr. Titus Haggan.
Ao Prof. Dr. Evandro Luiz Klein, paciente e atencioso orientador, que vem me
assistindo desde meu último ano de graduação em 2008 e do qual tive a honra de receber um
pouco de seu grande conhecimento geológico.
Aos Profs. Drs. Cláudio Lamarão, Netuno Villas, Rômulo Angélica e Hilton Túlio,
pela ajuda prestada nas análises das amostras nos laboratórios (MEV, Raios – X e
Microtermometria).
Ao Dr. Kazuo Fuzikawa (CDTN/CNEN) e Dra. Maria Sylvia Dantas (UFMG) pelo
apoio com as análises Raman.
Aos meus colegas de graduação e pós-graduação Williams, Luís Daniel, Lívio, Ana
Tayla e Gilberto, que foram bons companheiros ao longo desses anos de Universidade e
continuam sendo ótimos colegas de profissão.
A toda minha família, especialmente minha esposa Amanda, meu filho Sávio, minha
mãe Maria Deuzarina, minha tia Teresinha e meus irmãos Sandro, Sidney e Saulo, que são
meus grandes amigos e incentivadores.
vi

RESUMO
O depósito aurífero Piaba tornou-se, em 2010, a primeira mina em operação no
Fragmento Cratônico São Luís, noroeste do Maranhão. Seu ambiente geológico compreende
rochas metavulcanossedimentares do Grupo Aurizona e granitoides da Suíte Tromaí, entre
outras unidades menores, formadas em ambiente orogênico, de arcos de ilhas entre 2240 e
2056 Ma. A mineralização em Piaba se hospedou em um granodiorito granofírico fino
(Granófiro Piaba) e em rocha subvulcânica andesítica do Grupo Aurizona. Os corpos de
minério estão encaixados na falha Piaba de orientação ENE-WSW rúptil-dúctil e consistem
em uma trama stockwork de veios e vênulas de quartzo com seus halos de alteração
hidrotermal. O estudo petrográfico realizado em amostras obtidas em testemunhos de
sondagem na zona mineralizada mostrou que as rochas hospedeiras do minério foram afetadas
por intensa alteração hidrotermal, que provocou a transformação quase que por completo
dessas rochas. Os produtos dessas modificações são minerais micáceos formados durante a
sericitização e cloritização do granodiorito granofírico e da rocha andesítica, as quais
ocorreram de forma pervasiva e fissural. Além disso, carbonatação, silicificação e sulfetação
ocorreram em consequência da percolação de fluidos em condutos (fratura e falhas) ao longo
da falha Piaba, formando as venulações. Esses últimos tipos aparentam estar associados com a
precipitação do ouro. Estudos petrográficos, microtermométricos e por espectroscopia
microRaman em grãos de quartzo das vênulas de uma zona stockwork definiram inclusões
aquo-carbônicas bifásicas e trifásicas, produzidas por aprisionamento heterogêneo durante
separação de fases, e fluidos aquosos tardios. O fluido aquo-carbônico, responsável pela
mineralização, é composto por CO2 (5 – 24 mol %, densidade de 0,96-0,99 g/cm3), H2O (74 –
93 mol%), N2 (≤1 mol%), CH4 (≤1mol%) e 5,5% em peso equivalente de NaCl. O minério
depositou a 267-302ºC e 1,25-2,08 kbar, correspondendo a profundidades de 4 a 7 km. A
composição e intervalo de P-T de atuação do fluido mineralizador, combinadas com o caráter
redutor (log ƒO2 -31,3 a -34,3) e a sulfetação das rochas hospedeiras, sugerem que o ouro foi
transportado como um complexo sulfetado e que foi depositado em consequência da
separação de fases, redução da atividade de enxofre e da ƒO2 por interação fluido-rocha. Essas
condições são consistentes com a formação do depósito em regime rúptil, portando em
condições mesozonais a epizonais. Por comparação com outras ocorrências auríferas similares
já estudadas na região, as características geológicas e do fluido permitem atribuir a classe de
depósitos de ouro orogênico para Piaba.
Palavras – chave: Ouro – minerais e mineração, Jazidas – Maranhão, Petrologia, Depósito
aurífero Piaba.
vii

ABSTRACT
The Piaba gold deposit became, in 2010, the first gold mine in operation in the São
Luís Cratonic Fragment, northwestern of the State of Maranhão, Brazil. The tectonic setting
comprises the metavolcano-sedimentary rocks of the Aurizona Group and the granitoids of
the Tromaí Intrusive Suite, along with minor units. All these rocks formed in island arc
setting between 2240 and 2056 Ma. Gold mineralization at Piaba is hosted in a fine-grained
granophyric granodiorite (Piaba Granophyre) and in a subvolcanic andesitic rock belonging to
the Aurizona Group. The ore bodies are hosted in the Piaba fault, which is an ENE-WSW-
trending brittle-ductile structure. These ore bodies consist of stockwork veins and veinlets and
their hydrothermal haloes. The petrographic study was undertaken in drill cores of the
mineralized zone. This study has shown that the host rocks have been affected by strong
hydrothermal alteration that provoked intense mineralogical transformations of the rocks. The
most prominent alteration processes have been the sericitization and chloritization of the host
rocks, occurring in pervasive and fissure-filling modes. In addition, carbonatization,
silicification and sulfidation occurred in response to fluid flow and veining along fractures
and small faults associated with the Piaba fault. These latter types of alteration appear to be
associated with gold precipitation. Petrographic, microthermometric and Raman
microspectroscopic studies have been undertaken in quartz from mineralized veins from a
stockwork zone. These studies identified two and three phase aqueous-carbonic fluid
inclusions that have been interpreted as produced by heterogeneous trapping during
immiscible phase separation. Late aqueous inclusions have also been identified. The
mineralizing aqueous-carbonic fluid is composed of CO2 (5 – 24 mol%, density of 0.96-0.99
g/cm3), H2O (74 – 93 mol%), N2 (≤1 mol%), CH4 (≤1mol%), and has 5.5 wt. % NaCl
equivalent. The gold ore deposited at 267-302ºC and 1.25-2.08 kbar, corresponding to depths
of 4 to 7 km. Fluid composition and the P-T interval of the mineralizing fluid, its relatively
reduced character (log ƒO2 -31.3 to -34.3), and the strong sulfidation of the host rocks indicate
that gold has been transported as a sulfur complex and was deposited in response to phase
separation and lowering of ƒO2 and of the sulfur activity during fluid-rock interaction. These
conditions are consistent with the brittle regime and mesozonal to hypozonal conditions.
Comparing the geological and fluid P-T-X characteristics of Piaba with those of other gold
prospects already investigated in the same region, it is possible to define Piaba as an orogenic
gold deposit.
Key words: Gold – minerals and mining, Maranhão, Petrology, Piaba auriferous deposit.
viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 – Localização da vila de Aurizona no Município de Godofredo Viana - Maranhão,


onde se localiza o depósito Piaba e os principais acessos rodoviários à área ........................... 2

Figura 1.2 - Mapa geológico simplificado do Cráton São Luís e do Cinturão Gurupi. A
geologia do polígono que contém a vila de Aurizona é detalhada na Figura 1.3...................... 4

Figura 1.3 - Mapa geológico da Folha Cândido Mendes, na porção central do Fragmento
Cratônico São Luís. (As unidades Diabásio Laranjal e as Formações Superficiais Intempéricas
não estão representadas). A Suíte Tracuateua aflora a oeste desta área (vide Fig. 1.2)........... 12

Figura 1.4 – Sumário das idades de cristalização (barras brancas) e idades modelo Sm-Nd
(barras pretas) dos eventos magmáticos reconhecidos no Fragmento Cratônico São Luís..... 14

Figura 1.5 – Modelo evolutivo esquemático para as rochas do Fragmento Cratônico São Luís
e borda retrabalhada do Cinturão do Gurupi.............................................................................15

Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da porção norte do Fragmento Cratônico São Luís
e localização dos depósitos e ocorrências minerais da região, incluindo Piaba. ..................... 17

Figura 2.1 – Localização do depósito Piaba e demais jazimentos auríferos, em relação à falha
Piaba......................................................................................................................................... 22

Figura 2.2 – geológica do depósito Piaba, mostrando a localização de furos de sonda e seus
teores médios............................................................................................................................ 23

Figura 2.3 – Fragmentos de testemunhos de sondagem da rocha hospedeira menos alterada


(A) e porção cinza com presença de sulfetos (B)..................................................................... 24

Figura 2.4 – Fotomicrografias da rocha hospedeira, com porção menos alterada (A) com
textura granofírica preservada presente em algumas amostras (B e D); em (C) ilmenita em
treliça.........................................................................................................................................25
ix

Figura 2.5 – (A) Testemunho de sondagem de possível andesito basáltico muito alterado,
recortado por fraturas preenchidas por material carbonoso (a porção brilhante no centro da
foto é reflexo do flash da câmera fotográfica). (B) Rocha laminada, possível tufito.............. 26

Figura 2.6 – Exemplos da silicificação no depósito Piaba. (A) Veio de quartzo leitoso com
aglomerado de pirita grossa. (B) Veio centimétrico cortando zona sulfetada. (C) Bolsões de
quartzo em rocha alterada fina. (D) Veios e vênulas de quartzo em trama stockwork em
afloramento (Klein et al. 2008a). (E e F) Testemunhos de sondagem com veios de quartzo e
pirita; (G) vênula de quartzo com textura em pente e fratura preenchida por mica branca; (H)
veio de quartzo fraturado com cristais de pirita. qtz: quartzo – py: pirita – ms: mica branca
(sericita)....................................................................................................................................28

Figura 2.7 – Formas texturais dos sulfetos: (A) cristais de pirita aglomerados em veio de
quartzo; (B e C) preenchendo fraturas da rocha hospedeira; (D) cristais euédricos e subédricos
de pirita disseminados e em fratura; (E) pirita substituindo ilmenita; e (F) cristais compostos
de calcopirita e pirita disseminados na rocha hospedeira, juntamente com ilmenita.
Abreviaturas: qtz: quartzo – py: pirita – ccp: calcopirita; ilm: ilmenita.................................. 30

Figura 2.8 – Amostras de mão (A e B) e Fotomicrografias (C-F) mostrando produtos e


aspectos texturais provocados pela alteração sofrida pelas rochas hospedeiras. (A e C)
granodiorito granofírico com forte sericitização; (B) cloritização, tons esverdeados; (D, E e F)
ocorrência lado a lado de grãos de clorita, sericita e pirita em porção alterada py – pirita, qtz –
quarto, cl – clorita e ms – mica branca (sericita)..................................................................... 31

Figura 2.9 – Fotomicrografias sob luz refletida NC// mostrando a associação mineral pirita
(py), carbonato (cb) e ouro (Au).............................................................................................. 32

Figura 2.10 – Imagem de elétrons retroespalhados mostrando grande grão de pirita com
disseminações de ouro (Tabela 1) e três grãos de ouro (branco). 1 – Pirita; 2 – Pirita; 3 –
Calcopirita e 4 – Ouro ............................................................................................................. 33

Figura 4.1 - A) Mapa de localização e (B) mapa geológico simplificado da porção norte do
Fragmento Cratônico São Luís com localização das principais ocorrências auríferas e do
depósito de Piaba .................................................................................................................... 42
x

Figura 4.2 – (A) Mapa geológico simplificado do depósito Piaba, com a locação do furo 204,
abordado neste estudo. (B) Seção geológica do depósito (localização na figura A) mostrando a
localização de furos de sonda e teores médios de interseções mineralizadas ......................... 44

Figura 4.3 – Testemunhos de sondagem e fotomicrografias das rochas hospedeiras. (A) Rocha
vulcânica cloritizada e (B) Granodiorito granofírico, com porção menos alterada, onde maclas
de feldspatos se encontram preservadas (C) e textura granofírica preservada em alguns pontos
em amostras brechadas (D). qtz: quartzo; fds: feldspato e ser: sericita .................................. 46

Figura 4.4 – Aspecto macroscópico do tufito (A) sem alteração hidrotermal e (B) com vênulas
de carbonato. Detalhe microscópico com sulfetos e carbonatos ocupando fraturas e espaços
entre as camadas (C e D). ccp: calcopirita; ilm: ilmenita; cb: carbonato; qtz: quartzo; py:
pirita ........................................................................................................................................ 47

Figura 4.5 – Imagens macro e microscópicas mostrando forma, modo de ocorrência e


associação mineral no depósito de Piaba. (A e B) Veios de quartzo com sulfetos; (C e D) ouro
em associação: Au + py + cb; (E e F) Associação de alteração: sulfetação + cloritização. Au:
ouro; qtz: quartzo; py: pirita; ms: muscovita; cl: clorita e cb: carbonato ............................... 49

Figura 4.6 – Imagens mostrando tipos de inclusões fluidas em veios de quartzo (A) com suas
diversas formas, tamanhos e modos de distribuição. Inclusões tipo I (D), tipo II (B, E e F) e
III (C) ...................................................................................................................................... 52

Figura 4.7 – Espectro obtido a partir de espectroscopia microRaman mostrando a presença de


CH4 e N2 nas fases voláteis das inclusões ............................................................................... 53

Figura 4.8 – Histogramas de frequência mostrando a relação das temperaturas de fusão (A) e
homogeneização (B) do CO2 em inclusões aquo-carbônicas .................................................. 54

Figura 4.9 – Histogramas de frequência mostrando relação e distribuição das inclusões aquo-
carbônicas. (A) temperaturas de homogeneização final e temperaturas de fusão do clatrato nas
IFs tipo I e II ............................................................................................................................ 54

Figura 4.10 - Histogramas de freqüência mostrando a distribuição e variações nas medidas


microtermométricas da fusão do eutético (A) e fusão do gelo (B), nas inclusões aquosas .... 55
xi

Figura 4.11 – Diagrama mostrando ausências de correlação entre temperatura de


homogeneização final (THF) e salinidade das inclusões aquo-carbônicas dos tipos I (Bifásicas)
e II (Trifásicas) ........................................................................................................................ 57

Figura 4.12 – Diagrama mostrando a estimada condição de P-T para mineralização em Piaba.
A curva tracejada do solvus para os sistema CO2-H2O-NaCl (10 mol % CO2 e 6% NaCl) é de
Bowers e Helgeson (1983) ...................................................................................................... 59

Figura 4.13 – Diagrama T-ƒO2 mostrando a condição redox estimada para a mineralização
em Piaba em relação aos tampões sólidos e líquidos (referências em Ohmoto e Goldhaber
1997). Py = pirita, Po = pirrotita, H = hematita, M = magnetita ............................................. 59
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Resultados obtidos por análise pontual semi-quantitativa (MEV/EDS) ............ 33

Tabela 4.1. Composição das fases voláteis de inclusões Tipo I do depósito Piaba, com base
em análises microtermométricas e por microespectrometria Raman ...................................... 58

Tabela 4.2 – Relação dos depósitos auríferos do Fragmento Cratônico São Luís (Klein et al.
2005b*) ................................................................................................................................... 61
xiii

SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ..................................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ v
RESUMO ................................................................................................................................ vi
ABSTRACT ........................................................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... xii
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 1
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 2
1.3 ESTADO DA ARTE ........................................................................................................... 3
1.3.1 Contexto geotectônico .................................................................................................... 3
1.3.2 Litoestratigrafia do Fragmento Cratônico São Luís .................................................. 5
1.3.3 Aspectos estruturais do Fragmento Cratônico São Luís .......................................... 13
1.3.4 Evolução geológica do Fragmento Cratônico São Luís ............................................ 14
1.3.5 Metalogênese do ouro no Fragmento Cratônico São Luís ....................................... 16
1.3.5.1 Modelo metalogenético vigente .................................................................................. 21
2 DEPÓSITO PIABA ............................................................................................................ 22
2.1 ESTRUTURA ................................................................................................................... 22
2.2 ROCHAS HOSPEDEIRAS .............................................................................................. 24
2.3 ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E MINERALIZAÇÃO ............................................... 27
3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 34
3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 34
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS .................................................................... 34
3.3 PETROGRAFIA ............................................................................................................... 35
3.4 ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS ............................................................................ 35
3.4.1 Petrografia .................................................................................................................... 35
3.4.2 Microtermometria ........................................................................................................ 36
3.4.3 Microespectroscopia Raman ....................................................................................... 36
3.4.4 Redução, integração e interpretação dos dados ........................................................ 37
4 ARTIGO CIENTÍFICO .................................................................................................... 38
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 40
4.2 CONTEXTO GEOTECTÔNICO ..................................................................................... 41
4.3 GEOLOGIA DO DEPÓSITO PIABA .............................................................................. 43
xiv

4.3.1 Rochas encaixantes e hospedeiras .............................................................................. 43


4.3.2 Alteração hidrotermal ................................................................................................. 47
4.4 ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS ........................................................................... 50
4.4.1 Procedimentos analíticos ............................................................................................. 50
4.4.2 Petrografia, classificação e distribuição das inclusões .............................................. 51
4.4.3 Microtermometria e microespectroscopia Raman .................................................... 53
4.5 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DAS INCLUSÕES FLUIDAS ................................ 56
4.5.1 Composição e densidade .............................................................................................. 56
4.5.2 Origem das inclusões fluidas (separação de fases) .................................................... 56
4.5.3 O efeito do CH4 e N2 ..................................................................................................... 58
4.5.4 P-T-ƒO2 ......................................................................................................................... 58
4.6 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES .................................................................................... 60
4.7 AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... 61
4.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 65
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 67
1

1 INTRODUÇÃO

O Fragmento Cratônico São Luís, NW do Maranhão-NE do Pará, destaca-se por


possuir importantes ocorrências auríferas identificadas já no século XVII, e que até os dias de
hoje são alvos de atividade garimpeira, especialmente em ocorrências secundárias,
aluvionares e supergênicas. Mais recentemente, empresas de mineração têm desenvolvido
trabalhos exploratórios, o que permitiu a descoberta, entre outros, do depósito Piaba e o início
de sua operação, no ano de 2010, como a primeira mina de ouro nesta área cratônica e no
estado do Maranhão. O depósito Piaba localiza-se próximo à vila de Aurizona, no município
de Godofredo Viana – MA (Fig. 1.1). Possui reservas medidas e indicadas de 78 milhões de
toneladas a 1,26 g/t, e inferidas de 15,2 milhões de toneladas a 1,47 g/t de ouro, totalizando
recursos da ordem de 100 t Au (Luna Gold, 2012).
Já existem estudos genéticos para algumas ocorrências auríferas do Fragmento
Cratônico São Luís, como nos garimpos Caxias, Areal e Pedra de Fogo, em que aspectos da
alteração hidrotermal foram descritas e as características físico-químicas dos fluidos
mineralizadores investigadas com base em inclusões fluidas e isótopos estáveis (Klein &
Fuzikawa, 2005; Klein et al. 2000; 2002, 2005a). Em Piaba, até o momento, somente o
minério oxidado (supergênico) foi alvo de investigação (Souza, 2001), porém ainda nada se
conhece sobre a gênese do minério primário. Uma contribuição ao entendimento do processo
mineralizador deste depósito é, portanto, a proposta global desta dissertação de Mestrado.
A dissertação está estruturada na forma de um artigo científico, corpo principal da
monografia, contendo os resultados alcançados e as interpretações e conclusões deles
advindos. Esse artigo é precedido por capítulos que abordam em maior detalhe os métodos
empregados no estudo e o estado da arte do conhecimento geológico e metalogenético da
região em que se localiza o depósito Piaba, temas que foram abordados de forma sintética no
artigo científico; e é sucedido por texto conclusivo.

1.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA DE ESTUDO

O depósito Piaba está localizado na porção norte do Fragmento Cratônico São Luís,
nas adjacências da vila de Aurizona, município de Godofredo Viana-MA. O acesso rodoviário
à área, a partir de Belém, é feito pela rodovia BR316 até a localidade de Quatro Bocas no
Maranhão, a partir de onde, ruma-se para o norte pela rodovia MA206 até Luís Domingues e,
então, pela MA101 até Godofredo Viana (Fig. 1.1).
2

Figura 1.1 – Localização da vila de Aurizona no Município de Godofredo Viana - Maranhão, onde se localiza o
depósito Piaba e os principais acessos rodoviários à área.

1.2 OBJETIVOS

O depósito aurífero Piaba, considerado o mais importante atualmente no Fragmento


Cratônico São Luís, ainda não dispõe de descrição consistente sobre alguns de seus aspectos
geológicos e genéticos: tipo de rocha encaixante e hospedeira, mineralogia hidrotermal e do
minério, sítio de deposição do ouro, condições de deposição do minério e fontes dos fluidos,
possíveis transportadores dos componentes do minério.
Sabe-se que a principal rocha hospedeira é um granitoide de textura granofírica,
granulação fina e coloração cinza, que foi denominado genericamente de granófiro pela
empresa que efetuou os primeiros estudos deste depósito (Lopes, 2000) e definido
informalmente como Granófiro Piaba em mapa da CPRM-Serviço Geológico do Brasil (Klein
et al. 2008a).
Deste modo, visando contribuir com o conhecimento desse depósito, esta dissertação
propõe os seguintes objetivos específicos:
1) caracterizar as rochas hospedeiras e encaixantes imediatas da mineralização;
3

2) conhecer o efeito provocado pela alteração hidrotermal nessas rochas (mineralogia


hidrotermal e de minério, texturas); e
3) caracterizar os fluidos responsáveis por essa alteração e pela deposição do ouro, no que se
refere aos seus aspectos físico-químicos (temperatura, pressão, composição).

1.3 ESTADO DA ARTE

1.3.1 Contexto geotectônico

A área de estudo está localizada na província estrutural do Parnaíba (Hasui et al. 1984)
e se concentra na porção norte do Fragmento Cratônico São Luís, que é margeado ao sul e
sudoeste pelo Cinturão do Gurupi (Fig. 1.2). Esses dois domínios geotectônicos foram
definidos a partir de estudos geocronológicos baseados nos métodos Rb-Sr (idade
convencional) e K-Ar em minerais (Hurley et al. 1967; Almeida et al. 1976) que mostraram a
existência de dois domínios distintos, um com rochas paleoproterozoicas e outro com rochas
cujos sistemas isotópicos Rb-Sr e K-Ar refletem imposição de evento(s) no Neoproterozoico.
Os domínios foram definidos como Cráton São Luís e Cinturão Gurupi, respectivamente, por
Almeida et al. (1976). Posteriormente, considerando que São Luís é na verdade um fragmento
do Cráton Oeste Africano que permaneceu no continente Sul-americano após a quebra do
supercontinente Pangea (Torquato e Cordani, 1981; Lesquer et al. 1984; Klein & Moura
2008), passou a ser utilizada a denominação Fragmento Cratônico São Luís (Klein et al.
2008b; Vasquez et al. 2008).
O Fragmento Cratônico São Luís e o Cinturão Gurupi são limitados pela zona de
cisalhamento Tentugal (Hasui et al. 1984), além dos outros limites encobertos por
sedimentação fanerozoica (Fig.1.2). O Fragmento Cratônico São Luís é tido como parte de
um orógeno maior, predominantemente acrescionário, com evolução no Riaciano entre 2240 e
2056 Ma (Klein et al. 2008b), mas com uma fase colisional desenvolvida há 2100 Ma (Klein
et al. 2005a; Palheta et al. 2001).
O Cinturão do Gurupi corresponde a uma faixa alongada segundo a direção NW-SE,
com extensão aflorante aproximada de 160 km de comprimento e 50 km de largura, que
ocorre a sudoeste da zona de cisalhamento Tentugal. É um cinturão plutônico-metamórfico
composto por sequências metassedimentares e metavulcanossedimentares, gnaisses e várias
gerações de granitoides. Os litotipos presentes neste cinturão incluem unidades de
4

embasamento, parte da borda cratônica retrabalhada e poucas unidades conhecidas geradas


durante a orogenia neoproterozoica que formou o cinturão.
Considerando que, por definição, o Fragmento Cratônico São Luís representa a porção
de rochas pré-cambrianas não afetadas por eventos no Neoproterozoico, e que o depósito
Piaba localiza-se na área cratônica bem distante da zona limítrofe entre o fragmento cratônico
e o Cinturão Gurupi, não é esperada nenhuma influência dos eventos do Neoproterozoico na
área do depósito. Portanto, somente a geologia e evolução do Fragmento Cratônico São Luís
serão abordadas a seguir.

Figura 1.2 - Mapa geológico simplificado do Cráton São Luís e do Cinturão Gurupi. A geologia do polígono que
contém a vila de Aurizona é detalhada na Figura 1.3.
Fonte: Adaptado de (Pastana, 1995; Almeida et al. 2000; Klein et al. 2005c)
5

1.3.2 Litoestratigrafia do Fragmento Cratônico São Luís

O Fragmento Cratônico São Luís é composto por uma sequência


metavulcanossedimentar e diversas gerações de granitoides e de rochas vulcânicas (Pastana,
1995; Costa, 2000, Klein et al. 2008b) (Figs. 1.2 e 1.3). Um sumário das características
litológicas, estruturais, químicas e idade das unidades litoestratigráficas pré-cambrianas
conhecidas é apresentado a seguir.

Grupo Aurizona

Corresponde à sequência supracrustal de origem metavulcanossedimentar (Pastana,


1995) que contém as rochas mais antigas do fragmento cratônico (Klein et al. 2005a).
Estruturalmente, as rochas possuem alinhamento preferencial na direção NE-SW (Fig. 1.3). O
grupo é composto por xistos de naturezas diversas, quartzitos, metachert e rochas
metavulcânicas e metapiroclásticas, metamorfisados em condições de fácies xisto-verde e
localmente anfibolito (Pastana, 1995; Klein et al. 2008a). Estudos geocronológicos por
evaporação de Pb em zircão dataram a deposição dos protólitos vulcânicos deste grupo em
2240 ± 5 Ma (Klein & Moura, 2001), que juntamente com dados de isótopos de Nd, padrões
de ETR e de outros elementos traços, foram interpretados como compatíveis com ambiente
orogênico ligado a arcos de ilha (Klein et al. 2009). Klein et al. (2008a) subdividiram o grupo
em três formações (Fig. 1.3).

Formação Pirocaua: Contemplam as rochas piroclásticas e vulcânicas ácidas metamorfisadas,


como metatufo félsico/riolítico, tufo cinerítico e aglomerados vulcânicos. São rochas de
coloração acinzentada, em grande parte, além de mostrar tons rosados e cinza escuro com
uma foliação bem visível (Klein et al. 2008a).

Formação Matará: segundo Klein et al. (2008a), são rochas vulcânicas básicas e ultrabásicas,
nas quais são verificados anfibolitos, metabasaltos, tremolita xisto e talco-tremolita xisto. São
rochas de coloração cinza-escura a preta, com porções esverdeadas frequentes, de granulação
fina e com xistosidade característica.
Os metabasaltos são xistos de matriz fina rica em actinolita e actinolita-tremolita. Essa
matriz possui manchas brancas compostas por clorita, epidoto, zoisita e em menor quantidade
sericita.
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Os tremolitaxistos e talco-tremolita xistos possuem textura decussada, com cristais de


tremolita entrecruzados, localmente substituídos por clorita, e interstícios preenchidos por
agregados de zoizita, talco, titanita e clorita.
As rochas metabásicas e as metaultrabásicas apresentam características metamórficas
de baixo a médio grau, de fácies xisto verde a epidoto-anfibolito e paragênese clinozoizita-
actinolita/tremolita.
Em menores quantidades, estão os anfibolitos, que se caracterizam pelos seus longos
cristais de hornblenda dispostos radialmente e interstícios ocupados por grãos de quartzo,
além de plagioclásio e raros opacos.

Formação Ramos: É a formação que agrega as rochas metassedimentares do Grupo Aurizona,


em que os tipos petrográficos predominantes são quartzitos, xistos com quartzo e/ou
muscovita e/ou clorita, filito, filito grafitoso, metachert, metarenito e grauvaca lítica.
Os xistos e os filitos possuem coloração variada, de ocre a esverdeada, granulação fina
nos filitos e média nos xistos. Ambas possuem foliações definidas por minerais micáceos
como muscovita e biotita. Muitos desses xistos e filitos são grafitosos e quartzosos oriundos
de protólito pelítico.
Os quartzitos e metarenitos possuem coloração esbranquiçada, granulação média a
fina e possuem como estruturas xistosidade e bandamento. Seus principais constituintes são
quartzitos puros, que são compostos quase totalmente por quartzo recristalizado com
pequenas porções de muscovita e opacos; os quartzitos ferruginosos com pequenas e médias
quantidades de hematita; e por fim os quartzitos manganesíferos.
Os metachert são rochas laminadas a finamente bandadas definidas pela mudança do
tamanho dos grãos de quartzo e na concentração de opacos; além disso, possuem textura
granoblástica (Klein et al. 2008a).

Granófiro Piaba

Reconhecido primeiramente pela Mineração Aurizona S.A (1995) e designado


posteriormente por Klein et al. (2008a) como Granófiro Piaba (Fig. 1.3), é um granitoide de
granulação fina, com textura granofírica e composição tonalítica a granodiorítica. Este corpo
granitoide hospeda a importante mineralização aurífera objeto deste estudo. Este litotipo se
encontra, em parte, foliado em função de ter sido seccionado pela falha Piaba, que também
deformou as rochas do Grupo Aurizona.
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Para este granitóide foi determinada idade de 2214 ± 3 Ma (Klein et al. 2008a) pelo
método da evaporação de chumbo em zircão. Esta idade concorda com o seu caráter intrusivo
na sequência metavulcanossedimentar do Grupo Aurizona com idade de 2240 Ma.

Unidade Vulcânica Serra do Jacaré

Segundo Klein et al. (2008a), esta unidade (Fig. 1.3) corresponde às rochas vulcânicas
e subordinadamente vulcanoclásticas de composições ácidas, intermediárias e básicas. É
composta pelos seguintes litotipos: dacito pórfiro, andesito/basalto, tufo e brecha vulcânica.
Essas rochas possuem coloração variando do cinza claro ao cinza escuro e
macroscopicamente não estão deformadas.
Os dacitos possuem textura porfirítica, com fenocristais de quartzo e plagioclásio
dispersos em matriz quartzo-feldspática fina a microcristalina. Já os dacitos/andesitos
apresentam também fragmentos líticos ao lado de fenocristais de plagioclásio e, em menores
quantidades, de quartzo com formas cuspidadas.
Os tufos líticos e brechas são compostos por fragmentos angulosos de dacito
porfirítico e, subordinadamente, de tufo, em meio a uma matriz quartzo-feldspática rica em
clorita e calcita.
Para esta unidade foi determinada uma idade de 2164 ± 3 Ma, obtida pelo método da
evaporação de Pb em cristais de zircão (Klein et al. 2009). As rochas tholeiíticas andesíticas
são rochas cálcico-alcalina de médio e alto-K. Com base nos dados químicos e em isótopos de
Nd, Klein et al. (2009) interpretaram a unidade como formada em arco maduro ou margem
continental ativa a partir de protólitos juvenis com alguma contribuição de material
paleoproterozoico mais antigo.

Suíte Intrusiva Tromaí

É a unidade aflorante dominante no fragmento cratônico (Fig. 1.3). É formada por


tonalitos portadores de anfibólio ou biotita, apresentando também granodioritos e granitos,
predominantemente portadores de biotita (Pastana, 1995; Klein et al. 2008a). Esta suíte é
representada pelos seguintes granitoides: Tonalito Cavala, Granodiorito Igarapé Bom Jesus e
Granito Areal (Fig. 1.3), do mais primitivo ao mais evoluído (Klein et al. 2008a).
O Tonalito Cavala forma corpos batolíticos. Em geral, aparecem como blocos
decimétricos a métricos, rolados, e raros lajeiros. São rochas de coloração escura, com tons
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cinza e esverdeado, granulação média a grossa, equigranulares a inequigranulares, com


pequenas porções porfiríticas. Possuem aspecto maciço, entretanto, em vários pontos
foliações magmáticas estão presentes e algumas desenvolveram estruturas protomiloníticas a
miloníticas quando seccionadas por zonas de cisalhamento discretas.
Petrograficamente, as composições modais posicionam-se dominantemente nos
campos do tonalito e quartzo-diorito, com variações raras nos campos do diorito, quartzo-
monzodiorito e granodiorito. São constituídas por plagioclásio (40-55%), quartzo (5-25%) e
anfibólio (10-35%), e em quantidades subordinadas feldspato alcalino (<5%). Orto e
clinopiroxênio foram identificados em concentrações de 30% em amostra diorítica/gabroica,
talvez de um termo mais primitivo, pouco diferenciado ou cumulático da série (Klein et al.
2008a).
O Granodiorito Igarapé Bom Jesus também ocorre em batólitos e as rochas são de
coloração cinza escura, com variações rosadas e esverdeadas. Possuem granulação média,
equigranular e porfirítica, podendo chegar a inequigranular grossa; a textura predominante é
granular hipidiomórfica, formada pelo arranjo de prismas subédricos a euédricos de
plagioclásio e de feldspato alcalino, além de quartzo anédrico e agregados de minerais
máficos.
Segundo Klein et al. (2008a), a composição é predominantemente granodiorítica, com
variações para tonalítica, monzogranítica e, subordinadamente, quartzo-monzodiorítica. Tem
plagioclásio (40-50%), quartzo (20-30%), feldspato alcalino (20%) como os minerais
essenciais e a biotita como máfico predominante (4-15%).
O Granito Areal forma pequenos corpos maciços, exceto quando cortados por raras
zonas de cisalhamento. Petrograficamente, apresentam-se como rochas equigranulares a
inequigranulares finas de coloração rosa. Como minerais essenciais foram observados
microclínio (30-50%), plagioclásio (25-40%) e quartzo (20-30%) (Klein et al. 2008a).
Os três tipos foram datados, principalmente por evaporação de Pb em zircão, mas
também pelo método U-Pb SHRIMP em zircão (Klein & Moura, 2001, 2003, Klein et al.
2008b). Os resultados indicaram idades de cristalização entre 2168 ± 4 Ma e 2149 ± 4 Ma
para as rochas da suíte.
Klein et al. (2008b) definiram a Suíte Intrusiva Tromaí como uma suíte magmática
cálcico-alcalina expandida, que segue um trend enriquecido em sódio, com raros termos
máficos, e predominantemente intermediária a ácida, metaluminosa a fracamente
peraluminosa, de baixo a alto potássio. Os mesmos autores, com base na associação de
rochas, geoquímica, geocronologia e isótopos de Nd entendem que a suíte se formou a partir
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de magmas derivados de protólitos juvenis (placa oceânica, cunha do manto, sedimentos


subductados) modificados por cristalização fracionada. Também interpretaram o ambiente
tectônico como arcos de ilhas intraoceânicos, possivelmente transicionais para margem
continental.

Formação Rio Diamante

De distribuição limitada (Fig. 1.3), foi definida por Klein et al. (2008a) e é composta
por rochas vulcânicas ácidas que formam predominantemente derrames e, em menor
quantidade, depósitos vulcanoclásticos. Ocorrem como rochas maciças, mas pontualmente
mostram estruturas de fluxo sub-horizontais, que são realçadas nas porções mais
intemperizadas. Fraturas e zonas de cisalhamento rúptil são bastante comuns nos
afloramentos.
São rochas de coloração cinza-escura, com tonalidades esverdeadas a azuladas e
texturalmente são porfiríticas. Com base na composição dos fenocristais, essas rochas foram
classificadas como riolitos e dacitos, além de tufos dacíticos.
Dados geocronológicos obtidos em zircão de dacito pórfiro desta formação,
forneceram idade de cristalização de 2160 ± 7 Ma e os dados de isótopos de Nd indicam
protólitos paleoproterozoicos com mínima contribuição arqueana na geração dos magmas da
unidade (Klein et al. 2009). Os mesmos autores determinaram uma assinatura química
cálcico-alcalina metaluminosa de médio-K e interpretaram o ambiente tectônico de formação
como sendo margem continental.

Suíte Intrusiva Tracuateua

A Suíte Intrusiva Tracuateua (Lowell, 1985; Costa, 2000; Palheta, 2001) aflora em
pequena janela entre coberturas fanerozoicas na porção oeste do Fragmento Cratônico São
Luís (Fig. 1.2). Consiste em sienogranitos e monzogranitos de granulação variada e seriada,
maciços a foliados quando cortados por zonas de cisalhamento. São constituídos por quartzo,
microclínio, plagioclásio, muscovita e biotita, tendo minerais opacos, zircão, apatita, rutilo e
granada como fases acessórias. Os granitoides apresentam enclaves de xistos, gnaisses e
migmatitos e são cortados por aplitos e pegmatitos com quartzo, muscovita, albita, turmalina,
berilo e molibdenita (Lowell, 1985).
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Lowell (1985) definiu a unidade como fortemente peraluminosa, tipo-S e descreveu


efeitos tardios de albitização, feldspatização e graisenisação. Palheta (2001) efetuou datação
em zircão pelo método de evaporação de Pb, obtendo idades de 2086 ± 10 Ma e 2091 ± 5 Ma
para a unidade. O mesmo autor determinou idades modelo (TDM) Sm-Nd de 2,31 a 2,50 Ga,
com valores de Nd(t) entre -1,33 e +1,15, o que demonstra a participação de crosta mais
antiga na geração dos magmas.

Granito Negra Velha

Corresponde a dois corpos graníticos (Fig. 1.3) com rochas de coloração rósea a
acinzentada, textura porfirítica e granulação média a grossa que eram, anteriormente,
englobados no Granito Areal, mas que apresentam características petrográficas, assinatura
geoquímica e idades entre 2056 e 2076 Ma (Klein et al. 2008b) distintas da Suíte Intrusiva
Tromaí.
A composição monzogranítica é predominante, também ocorrendo a sienogranítica e
quartzo-monzonítica. Os minerais essenciais são: feldspato alcalino (30-45%), plagioclásio
(25-35%) e quartzo (20-25%). A biotita e o anfibólio são os máficos mais abundantes, ambos
em quantidades inferiores a 10%.
O Granito Negra Velha apresenta assinatura fortemente evoluída, alcalina, com
enriquecimentos em Rb-Ba-Sr que lembram as associações shoshoníticas, o que, juntamente
com a idade, levou Klein et al. (2008b) a interpretar a unidade como pós-orogênica.

Unidade Vulcânica Rosilha

De acordo com Klein et al. (2008a), que cartografaram tentativamente um pequeno


corpo da unidade (Fig. 1.3), trata-se de rochas vulcânicas e vulcanoclásticas semelhantes às
rochas da Formação Rio Diamante. Apesar das semelhanças, a unidade Vulcânica Rosilha
difere pela predominância de corpos tufáceos e pelas diferenças geoquímicas, idade e
composição isotópica do Nd (Klein et al. 2009).
As rochas da unidade foram classificadas petrograficamente como riolito, dacito, tufo
lítico e tufo de cristal. Os riolitos e dacitos são rochas de cor cinza e porfiríticas, com
fenocristais de plagioclásio, que localmente estão substituídos por sericita, epidoto, clorita e
calcita. Já os tufos líticos possuem textura fragmentária definida por fragmentos de rocha
vulcânica e de fenocristais de plagioclásio (70%) e quartzo (30%) em uma matriz quartzo-
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feldspática microcristalina. Os tufos de cristal possuem texturas de difícil definição, porfirítica


ou fragmentária. Apresentam fenocristais de quartzo e plagioclásio, localmente feldspato
alcalino e biotita, em meio a uma matriz quartzo-feldspática microscópica (Klein et al.
2008a).
Dados químicos em rocha total definiram a unidade como cálcico-alcalina de médio-K
e fracamente peraluminosa. Embora imprecisa, uma idade próxima a 2068 Ma, determinada
por evaporação de Pb em zircão, foi atribuída a essa unidade, assim como idades modelo Sm-
Nd de 2,42 e 2,50 Ga (Klein et al. 2009). Esse conjunto levou os autores a interpretar a
unidade como gerada a partir do retrabalhamento de protólitos crustais e ser associada ao
mesmo evento em que foi colocado o Granito Negra Velha.

Microtonalito Garimpo Caxias

Segundo Klein et al. (2008a), corresponde à rocha hospedeira do minério aurífero do


Garimpo Caxias (Fig. 1.3). Klein et al. (2002) procuraram fazer uma classificação mais
específica para esta rocha e a descreveram como sendo uma rocha equigranular, maciça, mas
com certa orientação quando cortada por zonas de cisalhamento. Sua coloração varia de cinza
azulada a verde, quando afetada por hidrotermalismo. Mineralogicamente é composta por
plagioclásio, quartzo, pouco feldspato alcalino e biotita.
Em suas porções mais alteradas hidrotermalmente, o plagioclásio é de difícil
identificação, pois está quase inteiramente pseudomorfisado e recoberto por carbonato,
sericita e epidoto. Os minerais de alteração são o epidoto, sericita, carbonato e pirita, e como
acessórios primários estão zircão e apatita.
Ainda no estudo de Klein et al. (2002) foi determinada, pelo método da evaporação de
Pb em monocristais de zircão, idade de 1985 ± 4 Ma para esta unidade, sendo esta
posicionada no período Orosiriano da era Paleoproterozoica.

Unidades Fanerozoicas

Além das unidades pré-cambrianas descritas acima, relacionadas com a evolução


orogênica e metalogenética do Fragmento Cratônico São Luís, ainda ocorrem na região,
diques básicos mesozoicos, reunidos na unidade Diabásio Laranjal (Costa et al. 1977; Klein et
al. 2008a); restos de rocha carbonáticas relacionadas por Costa et al. (1977) à Formação
Alcântara; as coberturas sedimentares do Grupo Barreiras; formações superficiais
intempéricas e sedimentos costeiros (Klein et al. 2008a).
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Figura 1.3 - Mapa geológico da Folha Cândido Mendes, na porção central do Fragmento Cratônico São Luís. (As unidades Diabásio Laranjal e as Formações Superficiais
Intempéricas não estão representadas). A Suíte Tracuateua aflora a oeste desta área (vide Fig. 1.2).
Fonte: Adaptado de (Klein et al. 2008a).
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1.3.3 Aspectos estruturais do Fragmento Cratônico São Luís

A região exposta do Fragmento Cratônico São Luís é uma área na qual as feições
estruturais não estão bem evidentes, assim como não possuem domínios bem estruturados,
quando comparados ao Cinturão Gurupi, que possui forte orientação estrutural e dos corpos
litológicos (Figs. 1.2 e 1.3). No entanto estruturas com direções principais NE-SW e NW-SE
são razoavelmente bem marcadas tanto em caráter rúptil quanto dúctil (Pastana 1995, Klein et
al. 2008a).
Segundo Klein et al. (2008a), essas estruturas são representadas principalmente pela
xistosidade, que ocorre na maior parte das rochas metavulcanossedimentares, foliações
miloníticas e lineações de estiramento associadas às zonas de cisalhamento dúctil-rúptil de
pequeno porte, bandamentos ígneos, falhas e fraturas diversas.
Nas rochas do Grupo Aurizona, por exemplo, a xistosidade tem direção dominante
NW-SE com mergulhos variando de 30º a 70º para NE e SW, com variação para NE-SW,
também com mergulhos variáveis para os quadrantes NW e SE. Estas últimas são bem
evidenciadas pela falha Piaba. Esta falha corta as rochas do Grupo Aurizona e o Granófiro
Piaba, com direção principal N70°E, passando pelos depósitos auríferos Piaba e Tatajuba. De
acordo com a Mineração Aurizona S/A (1995), esta estrutura desenvolveu uma movimentação
sinistral e sua direção principal é cortada por pequenas estruturas rúpteis oblíquas de
orientação NNW-SSE.
Outro lineamento importante é a zona de cisalhamento Caxias com atitude dominante
N15-25ºE; 75ºSE e aproximadamente 12 km de extensão, desde o Garimpo Areal, até o
Garimpo Pedra de Fogo. Esta estrutura geológica possui uma idade máxima estimada de 1985
± 4 Ma (Klein et al. 2002), visto que provocou modificações no Microtonalito Caxias.
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1.3.4 Evolução geológica do Fragmento Cratônico São Luís

Estudos recentes a respeito do Fragmento Cratônico São Luís mostram, com base em
associações de rocha, dados geoquímicos, isotópicos e geocronológicos, que sua evolução
ocorreu a partir de movimentações tectônicas com a geração de bacias oceânicas, zonas de
subducção, arcos de ilhas e possível colisão continental ocorridas no Riaciano, mais ou menos
entre 2260 e 2056 Ma (Klein et al. 2005a, 2005b, 2008b, 2009). Segundo estes autores, vários
estágios magmáticos marcam as diferentes fases evolutivas dessa evolução, conforme sumário
da Figura 1.4. Num estágio inicial, precoce, anterior a 2260 Ma, após abertura de bacia
oceânica (ou margem continental) arcos de ilha teriam se formado, o que é materializado pela
sequência metavulcanossedimentar do Grupo Aurizona, de 2240 Ma. Após essa fase, grandes
massas de granitoides cálcico-alcalinos juvenis (Suíte Intrusiva Tromaí, 2167 a 2147 Ma)
formaram-se em resposta à subducção de placa oceânica, provavelmente em ambiente
intraoceânico. A esse estágio principal de arco, associam-se rochas vulcânicas félsicas a
intermediárias da Unidade Vulcânica Serra do Jacaré (2164 Ma) e félsicas da Formação Rio
Diamante (2160 Ma), já denunciando possível transição para sistema de arco maduro ou arco
continental. Esses eventos magmáticos caracterizam a fase acrescionária da orogenia riaciana.
O próximo estágio magmático identificado é o peraluminoso, materializado nos
granitos com duas micas da Suíte Tracuateua (~2100 Ma), que indica possível fase colisional.
Por fim, um estágio pós-orogênico/pós-colisional se reflete na intrusão do Granito Negra
Velha e extrusão das rochas vulcânicas félsicas da unidade Rosilha, ambas com características
crustais, entre 2056 e 2076 Ma (Fig. 1.5).
Rochas vulcânicas
magmatismo
félsicas Rosilha tardi- a pós-
orogênico
Granito Negra Velha
magmatismo
Suíte Tracuateua peraluminoso
colisional
Vulcânicas Serra do magmatismo
Jacaré e Rio Diamante cálcico-alcalino
(e tholeiitico)
Suíte Tromaí de arco

Granófiro Piaba arco de ilhas


inicial
Grupo Aurizona

2500 2450 2400 2350 2300 2250 2200 2150 2100 2050 2000 1950
idade (Ma)

Figura 1.4 – Sumário das idades de cristalização (barras brancas) e idades modelo Sm-Nd (barras pretas) dos
eventos magmáticos reconhecidos no Fragmento Cratônico São Luís.
Fonte: Adaptado de (Klein et al. 2008b).
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Figura 1.5 – Modelo evolutivo esquemático para as rochas do Fragmento Cratônico São Luís e borda
retrabalhada do Cinturão do Gurupi.
Fonte: Adaptado de (Klein et al. 2005a, 2008a).
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1.3.5 Metalogênese do ouro no Fragmento Cratônico São Luís

Ocorrências auríferas são conhecidas no Fragmento Cratônico São Luís desde o século
XVII. Desde aquela época, a região é foco de garimpagem nas ocorrências aluvionares e
supergênicas e, mais recentemente, no final do século 20, porções oxidadas e até frescas do
minério primário passaram a ser explotadas de forma rudimentar. Também trabalhos
exploratórios de companhias de mineração permitiram a descoberta de alguns depósitos (ou
transformação de ocorrências em depósitos, pelo maior conhecimento das características
geológicas e aspectos econômicos dessas ocorrências), como Piaba e Tatajuba, melhoria no
conhecimento de alguns garimpos, como Areal, e geração de novos prospectos, como Ônix.
No total, cerca de quatro dezenas de jazimentos são conhecidas (Klein et al. 2008a; Luna
Gold, 2012).
Algumas dezenas de jazimentos foram cadastrados por Klein et al. (2008a) (Fig. 1.6).
Alguns possuem características similares no que diz respeito ao seu modo de ocorrência e
rochas hospedeiras. Estes depósitos ocorrem hospedados nas rochas paleoproterozoicas da
Suíte Intrusiva Tromaí e, principalmente, nas rochas do Grupo Aurizona, em que se têm como
principais exemplos os seguintes depósitos.

Depósito Piaba

Corresponde ao mais importante depósito de ouro na região (Fig. 1.6). Tornou-se mina
em 2010 e atualmente o minério está sendo lavrado a céu aberto. As reservas totalizam 52,6 t
de Au contido, sendo 22,6 t de Au as reservas provadas e prováveis (Lopes 2000, Mach et al.
2010, Luna Gold, 2012). Sendo este depósito o objeto deste trabalho, seu detalhamento
ocorrerá mais abaixo, no Capítulo 2.

Depósito Tatajuba

Localiza-se a sudoeste do depósito Piaba, na continuação da mesma estrutura que


hospeda aquele depósito (Fig. 1.6), se estendendo por cerca de 800 m ao longo da falha. As
reservas indicada e inferida somam 1,5 Mt de minério com 1,3 g/t de teor médio, totalizando
2,02 t de Au de ouro contido, e recursos totais de 3,8 t Au (Porto 2006; Mach et al. 2010).
Em Tatajuba, o minério está hospedado em rochas máficas e ultramáficas que
pertencem ao Grupo Aurizona.
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Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da porção norte do Fragmento Cratônico São Luís e localização dos
depósitos e ocorrências minerais da região, incluindo Piaba.
Fonte: Klein et al. (2008a).
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A alteração hidrotermal gerou clorita, albita, vênulas de carbonato, pirita e arsenopirita.


Também foram observadas fraturas preenchidas por grafita que foram posteriormente
superpostas por alteração tardia de clorita e carbonato de ferro. Em geral, a alteração
hidrotermal e o minério foram fortemente afetados por intemperismo e, no solo, foi
identificada associação entre ouro e arsênio (Mineração Aurizona S/A, 1995; Mach et al.
2010).

Garimpo Caxias

Assim como o depósito Piaba, o garimpo Caxias (Fig. 1.6) possui elevada importância
na região, pois é lavrado pela atividade garimpeira há quase um século. A porção supergênica
está associada a um platô laterítico, com aproximadamente 30 m de espessura.
A atividade garimpeira secular revelou a zona onde se pode observar estrutura dúctil-
rúptil destral, de atitude N15ºE/75ºSE, que hospeda o minério primário e corta o
Microtonalito Caxias, xistos máficos e pelitos do Grupo Aurizona. Ao longo desta estrutura,
hospedam-se veios e vênulas de quartzo, em zonas altamente hidrotermalizadas com efeitos
de cloritização, sulfetação (pirita e esfalerita) e subordinadas sericitização e carbonatação.
O ouro ocorre disseminado nas rochas alteradas, associado a sulfetos (pirita e
esfalerita) e clorita, e no estado livre em veios de quartzo leitoso. Teores de ouro nesses veios
variam entre 3 e 369 ppb, localmente atingindo 2000 ppb. As e Sb são elementos químicos
associados, embora em baixos teores, enquanto que altos valores de Ni, Co, V e Cr estão
relacionados a teores maiores de Au e As, quando o minério está hospedado em xistos
máficos (Klein et al. 2002).
Estudos de inclusões fluidas realizados por Klein et al. (2000) mostraram a presença
de três tipos principais de inclusões em cristais de quartzo. São inclusões carbônicas (tipo I),
aquo-carbônicas (tipo II) e aquosas (tipo III), dentre estas, as dos tipos I e II são as mais
representativas e consideradas como inclusões primárias.
Os resultados microtermométricos revelaram temperaturas de fusão do CO2, em
grande parte próximo ao ponto tríplice (-56,6ºC), com poucos resultados abaixo de -57,5ºC. A
homogeneização da fase carbônica, sempre para o estado líquido, ocorre entre -3,2 e 27,7ºC e
7,9 e 30,9ºC para inclusões dos tipos I e II, respectivamente. Nas inclusões do tipo II a fusão
do clatrato ficou em torno de 7,5ºC, com pequenas variações próximas a este valor. Os
valores de densidades se situam entre 0,7 e 1,0 g/cm3 e a salinidade média é de 4,5% em peso
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de NaCl equivalente. Por fim, a homogeneização final mostrou ampla variação de


temperatura, entre 205 e 378ºC.
O estudo de isótopos estáveis desenvolvido em amostras do garimpo Caxias mostrou
valores de δ18O do fluido entre +3,2 a -5,5‰, δ18D do fluido entre -25 e -53‰, δ13C do CO2 -
5,3 a -10,9‰ e δ34S em sulfeto -11‰. Para estes grupos de valores, Klein et al. (2005d)
atribuíram uma fonte metamórfica para o fluido mineralizador.

Garimpo Areal

Garimpo também de importância histórica, principalmente na lavra aluvionar, teve


garimpadas porções supergênicas e o entorno de veios de quartzo em pequenas escavações
que raramente ultrapassavam 1m de espessura. Está localizado na parte sul da zona de
cisalhamento Caxias, formando alinhamento com este e com o garimpo Pedra de Fogo (Fig.
1.6).
Na maior parte das exposições verificou-se a ocorrência de um granito fino fortemente
hidrotermalizado e localmente foliado, resultante da atuação de uma zona de cisalhamento
rúptil-dúctil com orientação N20°-40°E/75°SE (orientação similar à encontrada no garimpo
Caxias), com espessura desconhecida, mas de no mínimo 5 m. O estilo estrutural da zona
mineralizada é caracterizado por um enxame de veios de quartzo leitoso e maciço, com
espessuras variáveis entre poucos centímetros a alguns decímetros. Esses veios se orientam
segundo as direções N45°W/40°-65°NE e N20°E/30°-40°SE e NW. Um estreito halo
hidrotermal desenvolveu-se em torno dos veios mineralizados, produzindo alteração sericítica
e potássica intensas e sulfetação. A sericita é bastante fina nesses halos e a pirita varia de fina
a grossa e euédrica (Klein et al. 2008a).
Estudos realizados por Klein et al. (2005d) nos veios de quartzo revelaram o
enriquecimento de Au e de As, Mo, Sb e Br. Intersecções com 1,68 a 18,77 g/t Au foram
reportadas por Mach et al. (2010).
Os estudos geotectônicos, mineralógicos, litológicos, geoquímicos e de inclusões
fluidas revelaram que o minério teve origem a partir de fluidos metamórficos (Klein et al.
2000, 2005d).
20

Garimpo Pedra de Fogo

Pedra de Fogo (Fig. 1.6) é um pequeno garimpo com atividade intermitente que ocorre
em área de poucos afloramentos de rochas do Grupo Aurizona, como xistos, rochas
piroclásticas, rochas metavulcânicas, metarenitos e quartzitos. A xistosidade impressa nos
xistos é orientada segundo N15º-75ºW/50º-70ºNE (Klein & Fuzikawa, 2005).
O minério aflorante consiste em veios de quartzo leitoso aurífero com 20 a 50 cm de
espessura, subvertical e orientado segundo N45ºW, margeado por estreita faixa de alteração
potássica. As rochas hospedeiras dos veios mineralizados são aglomerado vulcânico e
metadacito, ambos foliados, com vênulas submilimétricas e disseminações de pirita,
calcopirita e magnetita (Klein & Fuzikawa, 2005). Análises geoquímicas em veios de quartzo
mineralizados mostraram associação entre ouro e arsênio (Klein et al. 2005d).
Estudos de inclusões fluidas realizados no referido depósito revelaram a presença de
quatro tipos principais. 1 – Inclusões monofásicas carbônicas; 2 – bifásicas aquo-carbônicas
(CO2-H2O-sais), com salinidade < 15% em peso equivalente de NaCl e homogeneização final
entre 330º e 400ªC; 3 – bifásicas compostas por CH4±(N2)-H2O, com homogeneização final
entre 430º e 497ºC; 4 – bifásicas (H2O-sais) e bifásicas ± monofásicas subdividas em três
gerações com salinidade variável, todas com homogeneização final em temperaturas
inferiores às dos tipos portadores de CO2 e CH4 , que, segundo Klein & Fuzikawa (2005), não
possuem relação com a mineralização.
Dados obtidos a partir do estudo de isótopos estáveis mostraram valores de δ18O do
quartzo de +16,2 ‰, δ18D do fluido -70 ‰, δ13C no fluido -3,1 ‰ e δ34S em pirita -2,8 ‰
(Klein et al. 2005d). Além dos resultados microtermométricos e de isótopos estáveis, dados
obtidos com estudos de geotermômetro da clorita, que teve temperatura média de formação de
334 ± 8ºC (Klein & Fuzikawa, 2005), levaram Klein et al. (2005d) a atribuir uma fonte
metamórfica, em que o aprisionamento ocorreu sob condições de temperatura entre 330°-
380°C e pressões entre 1,2 e 3,5 kb, assumidas como o intervalo mais provável para a
deposição do ouro.
21

1.3.5.1 Modelo metalogenético vigente

As ocorrências auríferas do Fragmento Cratônico São Luís discutidas acima possuem


características geológicas e genéticas condizentes com aquelas definidas para depósitos de
ouro orogênico, de acordo com os conceitos de Groves et al. (1998). Para estes autores, essa
classe reúne depósitos auríferos formados ao longo do tempo geológico, em qualquer
profundidade crustal, juntamente com o metamorfismo, deformação e magmatismo
granitoide, nas porções acrescionárias ou colisionais de margens convergentes, durante os
estágios finais das orogenias, que coincidem com a fase principal de encurtamento crustal em
regimes compressivos ou transpressivos.
A classe de depósitos auríferos relacionados às intrusões graníticas poderia ser
relacionada à classe que ocorre neste fragmento cratônico, devido à expressiva ocorrência de
magmatismo félsico (granitoide e vulcânico) e do ambiente tectônico favorável a estes tipos
de depósito. Contudo, esta classe não se aplica favoravelmente, pois os dados obtidos
mostram fonte tipicamente metamórfica, além da composição, como por exemplo, as baixas
salinidades dos fluidos associados aos depósitos e composição dos minerais e metais
associados (ausência de metais base, por exemplo).
Além das características mostradas anteriormente, dados geocronológicos obtidos pelo
40
método Ar/39Ar em muscovita e sericita hidrotermais revelaram idade de 1980 ± 20 Ma,
para o minério nos garimpos Caxias e Micote (Klein et al. 2008b), este último localizado no
mesmo trend estrutural Piaba (Fig. 1.6). Isto sugere que a mineralização é posterior ao
posicionamento do magmatismo cálcico-alcalino (Klein et al. 2008b).
22

2 DEPÓSITO PIABA

2.1 ESTRUTURA

O depósito aurífero Piaba é, até o momento, o mais importante de uma série de


jazimentos associados à seqüência metavulcanossedimentar do Grupo Aurizona. Este depósito
e outros menores (Tatajuba, São Lourenço, Boa Esperança) e diversos prospectos em
avaliação por mineradoras, se encontram distribuídos ao longo e no entorno da Falha Piaba
(Fig. 2.1). Esta Falha possui orientação N70°E, com mergulho subvertical, e caráter
transcorrente sinistral (Mineração Aurizona, 1995).

Figura 2.1 – Localização do depósito Piaba e demais jazimentos auríferos, em relação à falha Piaba.
Fonte: Luna Gold, 2012.

Segundo a Mineração Aurizona S/A (1995), o minério no depósito Piaba está


hospedado em uma sequência metavulcanossedimentar intrudida por um corpo granitoide de
composição tonalítica a granodiorítica, ao qual denominaram granófiro, posteriormente
descrito informalmente como Granófiro Piaba (Klein et al. 2008a). As rochas
metavulcanossedimentares são representadas por xistos e metacherts grafitosos, tufos,
quartzo-sericita-clorita xistos e rochas máficas e ultramáficas, que Klein et al. (2008a)
atribuem ao Grupo Aurizona.
23

Estruturalmente a área do depósito é cortada por zonas de cisalhamento verticais e


subverticas. Foliações, entretanto, são restritas a áreas discretas, sendo a deformação
dominantemente rúptil a rúptil-dúctil (Mach et al. 2010). São observados também veios sub-
horizontais, estando estes também mineralizados (Fig. 2.2).

Figura 2.2 – Seção geológica do depósito Piaba, mostrando a localização de furos de sonda e seus teores médios.
Fonte: Modificado de (Luna Gold, 2009).

O minério no Piaba se encontra hospedado em zonas de cisalhamento de orientação


WNW-ESE, algumas com movimento destral, portanto em uma direção oblíqua (R’ – Modelo
de Riedel) em relação à orientação da falha Piaba, que possui comprimento mapeado de
aproximadamente 2,9 km na direção NE-SW (Mach et al. 2010).
Este minério se distribui em uma faixa alongada de mais de 2 km de comprimento
paralela à estrutura da falha Piaba e por cerca de 300 m de largura. Até o momento, a
profundidade do depósito é estimada em 300 m, sendo sua continuação em profundidade
considerada possível (Luna Gold, 2012). Internamente, os corpos de minério consistem em
sistemas de estreitos veios de quartzo distribuídos em geometria stockwork e disseminações
em rochas alteradas (Mineração Aurizona S/A, 1995). Veios mais espessos, com ouro visível,
são também descritos (Klein et al. 2008a)
24

2.2 ROCHAS HOSPEDEIRAS

As rochas estudadas encontram-se fortemente alteradas por hidrotermalismo, o que


dificultou bastante sua caracterização petrográfica e definição de protólitos. Mesmo assim,
observações macroscópicas e microscópicas em testemunhos de sondagem de uma seção
mineralizada revelaram a presença de pelo menos três tipos de rocha.
O primeiro litotipo corresponde a uma rocha cinzenta, fina a média, pouco fraturada,
localmente com sutil orientação tectônica e com grãos de pirita disseminados (Fig. 2.3 A e B).

Figura 2.3 – Fragmentos de testemunhos de sondagem da rocha hospedeira menos alterada (A) e porção cinza
com presença de sulfetos (B).

Sua estruturação é marcada por porções deformadas em caráter rúptil, geralmente


apresentando fraturas de dimensões milimétricas a centimétricas, que são na maioria das
vezes preenchidos por clorita, quartzo e alguma sericita. Existem vários padrões de fraturas,
mas dentre esses padrões apenas dois são bem marcantes. O primeiro é caracterizado por
grupos de fraturas quase paralelas ao comprimento do testemunho, portanto verticalizados ou
de alto ângulo de mergulho, e o segundo se mostra com fraturas transversais ao comprimento
do testemunho, portanto sub-horizontais. Esses padrões ocorrem truncando uns aos outros,
onde há grande quantidade de veios e vênulas de quartzo e sulfetos.
Na observação microscópica feita nas porções menos alteradas dessa rocha foi
possível observar que os minerais essenciais são quartzo (25-35%), feldspato alcalino (25%) e
plagioclásio (40%), arranjados em textura granular alotriomórfica (Fig. 2.4 A), além de
apatita e zircão como acessórios. A textura granofírica é comum (Fig. 2.4 B e D) e vem daí,
provavelmente, a designação de granófiro em descrições passadas (Mineração Aurizona S/A,
1995). Os cristais de quartzo são anédricos, pouco deformados, mas, localmente, mostram
extinção ondulante e forma de sub-grãos. Possuem contatos curvos com os cristais adjacentes.
Os cristais de feldspatos são subédricos e apresentam contatos retos entre si; os mais
25

preservados já mostram pequenas lamelas de sericita, sendo este um dos principais minerais
de alteração dessa rocha. Pirita é mineral comum de alteração hidrotermal e a ilmenita se
apresenta nas amostras menos alteradas com sua textura em treliça (Fig. 2.4 C). Os dados
texturais e a composição mineralógica indicam tratar-se de um granodiorito fino. Entretanto,
na maioria dos casos, as amostras encontram-se muito alteradas ao ponto de não ser possível a
distinção entre feldspato alcalino e plagioclásio (Fig. 2.4 B), não permitindo a sua
classificação petrográfica.

Figura 2.4 – Fotomicrografias da rocha hospedeira, com porção menos alterada (A) com textura granofírica
preservada presente em algumas amostras (B e D); em (C) ilmenita em treliça.

O segundo litotipo possui granulação mais fina do que o granodiorito granofírico e


está muito alterado. Possui coloração verde, produzida por cloritização e possível alteração de
feldspatos, e é recortado por fraturas preenchidas por material escuro (Fig. 2.5 A). Esse
material escuro deve tratar-se de carbono amorfo, pois não foi identificada cristalinidade em
análise efetuada por difração de raios-X.
Ao microscópio, quartzo e algum plagioclásio são visíveis, além de clorita. A
granulação fina, a predominância de plagioclásio e quartzo e de mineral máfico alterado
26

(clorita), indicam tratar-se de dacito ou andesito. Análise química em rocha total, baseada em
elementos traços imóveis, mostrou que são andesitos basálticos (E.L. Klein, dados inéditos,
comunicação verbal).

Figura 2.5 – (A) Testemunho de sondagem de possível andesito basáltico muito alterado, recortado por fraturas
preenchidas por material carbonoso (A porção brilhante no centro da foto é reflexo do flash da câmera
fotográfica). (B) Rocha laminada, possível tufito.

A terceira rocha ocorre na parte mais profunda da seção estudada e está apenas
fracamente mineralizada. Possui coloração cinza clara, estrutura caracterizada por alternância
de lâminas finas e muito finas (Fig. 2.5 B), localmente perturbadas por pequenas fraturas
preenchidas por quartzo e sulfetos e até carbonato (Fig. 4.4 B no artigo científico – Capítulo
4).
Microscopicamente, a rocha é composta por porções formadas essencialmente por
quartzo microcristalino, situados em meio a camadas de uma rocha foliada, muito fina,
formada por plagioclásio, clorita, sericita e raro quartzo.
Carbonato ocorre disseminado, em finos leitos paralelos à estratificação e em vênulas
discordantes. As vênulas contêm, além de carbonato, quartzo, clorita, turmalina marrom,
pirita e calcopirita (Fig. 4.4 C, no artigo científico). Além dos minerais citados acima, uma
poeira escura, talvez de material carbonoso, impregna a rocha. O caráter extremamente fino
da rocha também dificulta sua correta classificação, mas o nível de quartzo pode ser
interpretado como chert ou pode ser um tufito depositado em ambiente subaquoso, que se
misturou com material epiclástico.
27

2.3 ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E MINERALIZAÇÃO

As rochas hospedeiras do minério em Piaba apresentam, claramente, feições


deformacionais como fraturas, brechas e pequenas bandas de cisalhamento que foram
preenchidas por minerais hidrotermais. Além disso, as modificações composicionais se deram
também de forma pervasiva, provavelmente a partir dessas estruturas, e imprimiram nas
rochas colorações acinzentadas e esverdeadas. Essas modificações são representadas neste
depósito pelos seguintes tipos de alteração hidrotermal: silicificação, sericitização,
cloritização, sulfetação e carbonatação. As quatro primeiras estão geralmente associadas e
todas ocorrem, indistintamente, ao longo de todo o perfil estudado.

- Silicificação
Dentre os diversos tipos de alteração, a silicificação é mais volumosa e evidente no
depósito. É representada por veios e vênulas de quartzo (Fig. 2.6 A e B), que são os principais
hospedeiros de grande parte do minério, e por bolsões milimétricos a centimétricos (Fig. 2.6
C). Os veios possuem espessuras que variam de milimétricas (vênulas) a centimétricas,
atingindo até 4 cm. Em muitos locais são orientados em várias direções, formando stockworks
(Fig. 2.6 D). A ocorrência de veios mais espessos (5-15 cm) com ouro visível foi mostrada
por Klein et al. (2008a).
Na apreciação microscópica, os cristais de quartzo estão geralmente associados a
preenchimento de fraturas na rocha hospedeira, possuem formas anédricas e subédricas, são
pouco a moderadamente fraturados e associados com sulfetos (Fig. 2.6 E e F) e são levemente
deformados, com alguma extinção ondulante. É possível que haja distintas gerações de
quartzo ou, pelo menos, que a precipitação do quartzo de deu de forma sequencial, pois há
cruzamento entre algumas vênulas (Fig. 2.6 E). Essas possíveis gerações diferem
principalmente pelas formas dos cristais, ora anédricos preenchendo fraturas milimétricas, ora
subédricos em veios mais espessos. Diferem também pelas relações de cruzamento das
gerações de veios e vênulas. Localmente, vênulas de quartzo mostram textura em pente (Fig.
2.6 G), indicando, possivelmente, formação em condições não muito profundas (Dowling e
Morrison, 1989), o que será discutido juntamente com os dados de inclusões fluidas (vide
capítulo 4).
28

Figura 2.6 – Exemplos da silicificação no depósito Piaba. (A) Veio de quartzo leitoso com aglomerado de pirita
grossa. (B) Veio centimétrico cortando zona sulfetada. (C) Bolsões de quartzo em rocha alterada fina. (D) Veios
e vênulas de quartzo em trama stockwork em afloramento (Klein et al. 2008a). (E e F) Testemunhos de
sondagem com veios de quartzo e pirita; (G) vênula de quartzo com textura em pente e fratura preenchida por
mica branca; (H) veio de quartzo fraturado com cristais de pirita. qtz: quartzo – py: pirita – ms: mica branca
(sericita).
29

- Sulfetação
Este tipo de alteração é observado ao longo de todo perfil estudado, porém com
diferentes quantidades e formas de ocorrência. O principal sulfeto é a pirita e,
minoritariamente, ocorre a calcopirita. A pirita ocorre predominantemente na forma de
agregados preenchendo fraturas em veios de quartzo e ocupam em média 3% destes veios
(Figs. 2.7 A e B). Outro modo de ocorrência se dá na forma de disseminação na rocha
hospedeira, onde atinge até 2% do volume total da rocha (Figs. 2.7 D, E e F).
Ao microscópio, sob luz refletida, os cristais de pirita se mostram em formas
subédricas e euédricas (Fig. 2.7 C e D) e ocorrem, também, substituindo a ilmenita e
intercrescidos com calcopirita na parte mais profunda da seção estudada (Fig. 2.7 E).
Em pequenas quantidades, a calcopirita foi observada em associação com pirita,
carbonato, quartzo e ouro (Fig. 2.10). Nos níveis mais profundos do perfil estudado há um
aumento no percentual de calcopirita, onde a mesma deixa de ocorrer como pequenas
inclusões em cristais de pirita e ilmenita, e passa a se apresentar principalmente na forma
disseminada e intercrescida com pirita e ilmenita na rocha hospedeira (Fig. 2.7 F).

- Sericitização e Cloritização
Mica branca (sericita) e clorita são minerais que ocorrem na maioria das vezes em
associação. Estes minerais de alteração são observados lado a lado, e são responsáveis pelos
tons em cinza e esverdeado que as rochas hospedeiras apresentam. Os tons em cinza estão em
menores quantidades em relação aos tons esverdeados, correspondem às porções da rocha em
que a sericita é dominante, e também ocorrem nas porções menos alteradas e deformadas da
seção (Fig. 2.8 A). Por outro lado, a cloritização é o tipo de alteração hidrotermal mais
volumosa em profundidades mais rasas, que estão relacionas às áreas mais fraturadas e com
maiores teores de sulfetos (pirita) do depósito. Esta elevada quantidade de clorita em várias
porções da rocha alterada é bem mostrada pela coloração esverdeada na mesma (Fig. 2.8 B).
Microscopicamente, a clorita se encontra principalmente nas formas disseminadas e em
lamelas orientadas bordejando cristais de pirita, ilmenita e veios de quartzo, e também como
materiais de preenchimentos de fraturas em espaços intergranulares na rocha hospedeira (Fig.
2.8 D, E e F). Este mineral perfaz em média 6% da rocha hospedeira alterada. Já a sericita é
observada, na maioria das vezes, como mineral de substituição do feldspato e em menores
proporções é vista em microbandas de cisalhamento e no preenchimento de fraturas
juntamente com quartzo, clorita e pirita (Fig. 2.8 C, E e F).
30

Figura 2.7 – Formas texturais dos sulfetos: (A) cristais de pirita aglomerados em veio de quartzo; (B e C)
preenchendo fraturas da rocha hospedeira; (D) cristais euédricos e subédricos de pirita disseminados e em
fratura; (E) pirita substituindo ilmenita; e (F) cristais compostos de calcopirita e pirita disseminados na rocha
hospedeira, juntamente com ilmenita. Abreviaturas: qtz: quartzo – py: pirita – ccp: calcopirita; ilm: ilmenita.
31

Figura 2.8 – Amostras de mão (A e B) e Fotomicrografias (C-F) mostrando produtos e aspectos texturais
provocados pela alteração sofrida pelas rochas hospedeiras. (A e C) granodiorito granofírico com forte
sericitização; (B) cloritização, tons esverdeados; (D, E e F) ocorrência lado a lado de grãos de clorita, sericita e
pirita em porção alterada py – pirita, qtz – quarto, cl – clorita e ms – mica branca (sericita).

Além de clorita e sericita, outros minerais micáceos como a paragonita, chamosita, flogopita e
vermiculita foram identificados pelo método da difração de raios-X, mas em quantidades
traço.
32

- Carbonatação
A precipitação de calcita é comumente associada com a presença de sulfetos.
Localmente, a calcita substitui a pirita e está espacialmente associada com a precipitação de
ouro (Fig. 2.9 A).
Na parte mais profunda do depósito, o carbonato ocorre de duas maneiras: (1) como
disseminações no tufito e (2) vênulas de carbonato-quartzo-sulfeto-clorita-turmalina paralelas
à, ou cortando a laminação do tufito fracamente mineralizado (Fig. 4.4B – vide capítulo 4).

- Ouro
Segundo Luna Gold (2009), o minério com maiores teores está contido em veios de
quartzo nas partes mais rasas do depósito Piaba (Fig. 2.9 e Tabela 2.1). Com as observações
microscópicas efetuadas neste estudo, pôde-se constatar que a principal associação mineral
com o ouro é composta por quartzo + pirita + carbonato. O ouro é observado em associação
com pirita e carbonato (Fig. 2.9) e é muito provável que a precipitação do ouro esteja
relacionada com a carbonatação. Como alternativa, a carbonatação seria tardia e substituiria a
pirita, sem afetar, obviamente, as partículas de ouro.
Poucas análises semi-quantitativas por MEV (microscopia eletrônica de varredura) e
EDS (espectroscopia por energia dispersiva) foram efetuadas de modo a investigar a presença
de outros elementos metálicos associados ao ouro e verificar a presença, ou não, de ouro nos
sulfetos (Fig. 2.10). As análises pontuais nos grãos de pirita confirmaram a existência de
quantidades traços de Au (1,6 a 2,5%) nesses grãos (Tabela 2.1). Em associação com a pirita,
partículas de ouro revelaram teores inferiores a 5% de Ag, Bi e Pb (Tabela 2.1).

Figura 2.9 – Fotomicrografias sob luz refletida NC// mostrando a associação mineral pirita (py), carbonato (cb) e
ouro (Au).
33

Tabela 2.1 – Resultados obtidos por análise pontual semi-quantitativa (MEV/EDS).


Concentração (%)
Ponto Au Ag Bi Pb Mineral
1 2,5 - - - Pirita
2 2,3 - - - Pirita
3 1,6 - - - Calcopirita
4 85 4 5 3 Ouro

Figura 2.10 – Imagem de elétrons retroespalhados mostrando grande grão de pirita com disseminações de ouro
(Tabela 1) e três grãos de ouro (branco). 1 – Pirita; 2 – Pirita; 3 – Calcopirita e 4 – Ouro.
34

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta dissertação foram adotadas várias metodologias


analíticas relacionadas ao estudo de depósitos auríferos, com ênfase no estudo das alterações
hidrotermais e fluidos mineralizadores. As fases do trabalho, os materiais usados e as
metodologias aplicadas são descritas abaixo.

3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Esta fase do trabalho se primou pela pesquisa e leitura de obras que discorrem sobre
estudos metalogenéticos de depósitos auríferos em zonas de cisalhamento em geral, mas
pontualmente sobre as ocorrências do Fragmento Cratônico São Luís, onde o depósito
estudado se localiza. Além da metalogenia, também foi feito um levantamento bibliográfico
sobre geologia básica regional e local da área, de modo a entender as suas relações com o
depósito de Piaba. Também foram enfatizados estudos sobre os métodos analíticos aqui
empregados, como o estudo petrográfico e microtermométrico das inclusões fluidas e da
identificação das fases gasosas, por meio da espectroscopia microRaman.

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS

A área enfocada foi fortemente afetada por intemperismo laterítico, de modo que
afloramentos são raros na região. Por esse motivo, apenas testemunhos de sondagem efetuada
em zona mineralizada e cedidos pela empresa proprietária dos direitos minerários do depósito
(Luna Gold), contendo somente rochas não intemperizadas, foram utilizados no trabalho. Os
materiais analisados foram retirados de testemunhos relativos ao furo de sonda BRAZ-D-204,
que cobre o minério primário aproximadamente entre 99 m e 170 m de profundidade. A partir
destes, foram confeccionadas seções polidas e bipolidas usadas, respectivamente, para estudos
petrográficos e de inclusões fluidas.
35

3.3 PETROGRAFIA

Nesta fase do trabalho foi efetuada, primeiramente, a descrição macroscópica dos


testemunhos de sondagem e obtenção de informações como textura e estruturas das rochas
hospedeira do minério. Posteriormente, foram selecionadas as partes dos testemunhos que se
destinaram à confecção de 31 seções polidas e 16 seções bipolidas.
Na sequência, as seções delgadas polidas foram utilizadas no estudo microscópico. A
descrição buscou a classificação das rochas hospedeiras do minério, assim como a definição
das fases minerais presentes nas alterações hidrotermais e suas relações paragenéticas com o
ouro. Estes estudos foram desenvolvidos no Laboratório de Petrografia do PPGG (Programa
de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica) da UFPA, usando microscópios das marcas
Zeiss e Leica, ambos operando com sistemas de luz transmitida e refletida.
Por fim, algumas amostras (lâminas polidas) foram selecionadas para estudo mais
detalhado, por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com espectroscopia por energia
dispersiva (EDS) acoplado, o que permite a obtenção de imagens de grande definição e
aumento e a determinação semi-quantitativa da composição química dos minerais. O foco
foram minerais de sulfeto para identificação/confirmação da composição de algumas
inclusões observadas na microscopia ótica e verificação da presença de ouro e/ou outros
elementos traços que ajudassem a entender a composição química do minério. Este estudo foi
realizado no LABMEV – Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura da UFPA.

3.4 ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS

O estudo de inclusões fluidas foi efetuado em lâminas bipolidas elaboradas a partir de


veios de quartzo relacionados à mineralização aurífera e envolveu três etapas analíticas
sequenciais: petrografia microscópica, microtermometria e microespectroscopia Raman. A
preparação das lâminas bipolidas e as análises microtermométricas foram executadas segundo
as recomendações de Roedder (1984) e Shepherd et al. (1985).

3.4.1 Petrografia

O estudo petrográfico foi realizado no Laboratório de Petrografia da UFPA. Nesta


fase, das 16 lâminas bipolidas avaliadas, oito mostraram presença de inclusões fluidas com
dimensões suficientes para visualização microscópica (> 0,3 m). Primeiramente, o quartzo
36

hospedeiro foi avaliado, para observação da forma e dimensão dos cristais e, principalmente,
de seus aspectos deformacionais, como presença ou não de extinção ondulante, lamelas de
deformação e formação de subgrãos. As inclusões fluidas foram então identificadas e
descritas quanto às seguintes características: número (e, quando possível, tipo – líquido, gás,
vapor, sólido) de fases presentes em temperatura ambiente e sob leve resfriamento,
frequência, morfologia, dimensões, e suas possíveis relações temporais em relação ao cristal
hospedeiro (associação ou não com fraturas, posição relativa ao cristal etc.) e também entre os
diferentes tipos.

3.4.2 Microtermometria

No estudo microtermométrico, realizado no Laboratório de Microtermometria do


Instituto de Geociências da UFPA, as inclusões mapeadas no estudo petrográfico das seções
bipolidas foram submetidas a resfriamento e aquecimento em platina Linkam THMSG 600
acoplada a um microscópio petrográfico. A calibração do equipamento foi efetuada com
padrões sintéticos de água pura (fusão do gelo em 0°C) e CO2 puro (fusão em -56,6°C). A
precisão das medidas é estimada em ± 0,3°C para mudanças de fase ocorridas abaixo de 30ºC
e ± 5ºC para aquelas ocorridas acima de 100ºC. Além disso, a platina se encontra acoplada a
um microcomputador que, por meio do aplicativo específico da platina utilizada, gerencia o
trabalho microtermométrico e permite o registro em planilha digital das temperaturas das
mudanças de fase das inclusões fluidas.
Nesta fase, foram observadas e registradas as seguintes temperaturas de mudanças de
fase: ponto eutético, fusão do gelo, fusão do CO2 e do clatrato, homogeneização do CO2 e
homogeneização final da inclusão. A partir dessas mudanças de fases, foram calculadas e/ou
inferidas as condições físico-químicas, como composição da fase liquida, salinidade,
densidade, temperatura e pressão, sob as quais esses fluidos foram aprisionados.

3.4.3 Microespectroscopia Raman

A microespectroscopia Raman foi utilizada com o objetivo de identificar a


composição das fases voláteis nas inclusões. Para isso, foi utilizado o espectrômetro XY Dilor
com multicanais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. A
fonte é um laser a argônio com comprimento de onda de 514,53 nm e potência de 700 mW.
As proporções molares foram calculadas usando a equação de Plackzek (equação 1) e os
37

fatores de quantificação relativos aos perfis de espalhamento Raman, de 1,21 para CO2, 8,7
para CH4 e 1 para N2 (Burke, 2001), que consiste na comparação entre as áreas dos picos
(intensidades integradas), por meio da equação (modificada):
Xa= (Aa/Fa) /  (Ai/Fi) (1)
onde Xa, Aa e Fa, são respectivamente, fração molar, área do pico e fator de quantificação do
componente a; Ai e Fi são, respectivamente, área do pico e fator de quantificação para todos
os componentes presentes; Ʃ é a soma.

3.4.4 Redução, integração e interpretação dos dados

Cerca de 380 inclusões fluidas forneceram dados na microtermometria. A redução dos


dados e cálculos composicionais e de densidades, bem como pressão e temperatura e
determinação de isócoras foram efetuadas com auxílio do aplicativo Flincor (Brown, 1989).
Os resultados obtidos a partir dos dados microtermométricos foram então relacionados
aos estudos petrográficos com o objetivo de apresentar as condições físico-químicas em que
se deu a alteração hidrotermal e a deposição do ouro em Piaba.
38

4 ARTIGO CIENTÍFICO:

O FLUIDO MINERALIZADOR NO DEPÓSITO AURÍFERO PIABA, FRAGMENTO


CRATÔNICO SÃO LUÍS (NW-MARANHÃO) COM BASE NO ESTUDO DE
INCLUSÕES FLUIDAS EM VEIOS DE QUARTZO

SANEY C. F. DE FREITAS
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica – Universidade Federal do Pará
(UFPA)
Caixa postal 8608. Belém-PA. CEP: 66075-110
saney.freitas@vale.com

EVANDRO L. KLEIN
CPRM/Serviço Geológico do Brasil. Av. Dr. Freitas, 3645, Belém-PA, CEP: 66095-110
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica – Universidade Federal do Pará
(UFPA)
evandro.klein@cprm.gov.br

ABSTRACT THE MINERALIZING FLUID IN THE PIABA GOLD DEPOSIT, SÃO LUÍS
CRATONIC FRAGMENT (NW-MARANHÃO), BASED ON FLUID INCLUSION STUDIES
OF QUARTZ
Piaba is the first gold mine to operate in the São Luís Cratonic Fragment, NW-Maranhão,
northern Brazil. The geological setting comprises chiefly metavolcano-sedimentary sequences
(Aurizona Group) and subduction-related granitoids (Tromaí Intrusive Suite), formed in
island arc between 2240 and 2150 Ma. Gold mineralization is hosted in a fine-grained
granophyric granodiorite (Piaba Granophyre) and in a subvolcanic andesite of the Aurizona
Group. The mineralized zone is limited by an ENE-WSW-trending brittle-ductile shear zone
and consists of quartz veins and veinlets and accompanying hydrothermal haloes (chlorite +
muscovite + carbonate + pyrite + chalcopyrite + gold) disposed in a stockwork geometry.
Petrographyc, microthermometric and microRaman studies of quartz have defined two- and
three-phase aqueous-carbonic fluid inclusions produced by heterogeneous trapping during
phase separation, in addition to late aqueous fluids. The mineralizing low salinity (5.5 wt.%
39

NaCl equiv.) aqueous-carbonic fluid is composed of CO2 (5 – 24 mol%, with a density of


0.96-0.99 g/cm3), H2O (74 – 93 mol%), N2 (≤1 mol%) and CH4 (≤1mol%). Ore deposition
occurred at 267-302 ºC and 1.25-2.08 kbars, corresponding to 4-7 km in depth, in keeping
with the structural information. The P-T-X and reduced (log ƒO2 -31.3 to -34.3) characteristics
of the fluid, combined with host rock sulfidation indicate that gold has been transported as a
sulfur complex and that ore deposition occurred in response to phase separation, and lowering
of the sulfur activity and ƒO2 during fluid-rock interaction.

Keywords: fluid inclusions, gold, São Luís Craton, metallogeny, CO2

RESUMO
O depósito aurífero de Piaba tornou-se a primeira mina em operação no Fragmento Cratônico
São Luís, noroeste do Maranhão. Seu ambiente geológico compreende rochas
metavulcanossedimentares do Grupo Aurizona e granitoides da Suíte Tromaí, entre outras
unidades menores, formadas em ambiente de arcos de ilhas entre 2240 e 2150 Ma. A
mineralização em Piaba se hospedou em um granodiorito granofírico fino (Granófiro Piaba) e
em rocha subvulcânica andesítica do Grupo Aurizona encaixadas em zona de cisalhamento
ENE-WSW rúptil-dúctil e é composta por uma trama stockwork de veios e vênulas de quartzo
com seus halos de alteração (clorita + muscovita + carbonato + pirita + calcopirita e ouro).
Estudos petrográficos, microtermométricos e por espectroscopia microRaman no quartzo
definiram inclusões aquo-carbônicas bifásicas e trifásicas, produzidas por aprisionamento
heterogêneo durante separação de fases, e fluidos aquosos tardios. O fluido aquo-carbônico,
responsável pela mineralização, é composto por CO2 (5 – 24 mol %, densidade de 0,96-0,99
g/cm3), H2O (74 – 93 mol%), N2 (≤1 mol%), CH4 (≤1mol%) e 5,5 % em peso NaCl
equivalente. O minério depositou a 267-302 ºC e 1,25-2,08 kbar, correspondendo a
profundidades de 4 a 7 km, em consonância com o regime estrutural. A composição e
intervalo de P-T do fluido mineralizador, combinadas com o caráter redutor (log ƒO2 -31,3 a -
34,3) e a sulfetação da rocha hospedeira, sugerem que o ouro foi transportado como um
complexo sulfetado. O minério foi depositado em consequência da separação de fase, redução
da atividade de enxofre e da ƒO2 pela interação fluido-rocha.

Palavras chave: inclusões fluidas, ouro, Cráton São Luís, metalogênese, CO2
40

4.1 INTRODUÇÃO

O Fragmento Cratônico São Luís, NW do Maranhão-NE do Pará, destaca-se por


possuir importantes ocorrências auríferas identificadas já do século XVII, e que até os dias de
hoje são alvos de atividade garimpeira, especialmente em ocorrências secundárias,
aluvionares e supergênicas. Mais recentemente, empresas de mineração têm desenvolvido
trabalhos exploratórios, o que permitiu a descoberta, entre outros, do depósito de Piaba e o
início de sua operação, a partir de 2010, com a primeira mina de ouro nesta área cratônica e
no estado do Maranhão. O depósito de Piaba localiza-se próximo à Vila de Aurizona, no
município de Godofredo Viana – Ma (Fig. 4.1). Possui reservas medidas e indicadas de 78
milhões de toneladas a 1,26 g/t e inferidas de 15,2 milhões de toneladas a 1,47 g/t de ouro
(Luna Gold, 2012).
Já existem estudos genéticos para algumas ocorrências auríferas do Fragmento
Cratônico São Luís, como nos garimpos Caxias, Areal e Pedra de Fogo, em que aspectos de
alteração hidrotermal foram descritos e os fluidos mineralizadores investigados com base em
inclusões fluidas e isótopos estáveis (Klein et al. 2005a e suas referências). Em Piaba, até o
momento somente o minério oxidado (supergênico) foi alvo de investigação (Souza, 2001),
porém ainda nada se conhece sobre a gênese do minério primário. Desse modo, este trabalho
tem por objetivo contribuir com o entendimento do processo mineralizador deste depósito, no
que diz respeito aos aspectos físico-químicos dos fluidos transportadores e precipitadores do
minério. Essa abordagem é feita por meio do estudo de inclusões fluidas em veios e vênulas
de quartzo associados ao minério aurífero. Embora seja de contribuição local, o trabalho se
reveste de importância maior em razão do ineditismo em tratar da primeira operação mineira
industrial no Maranhão e no Fragmento Cratônico São Luís.
41

4.2 CONTEXTO GEOTECTÔNICO

A área de estudo está localizada na porção norte do Fragmento Cratônico São Luís
(Fig. 4.1). Nesta área cratônica, as rochas mais antigas são representadas pelo Grupo Aurizona
(2240 ± 5 Ma, Klein & Moura, 2001), composto por uma sequência metavulcanossedimentar
constituída por xistos diversos, rochas metavulcânicas ácidas a básicas, filitos, quartzitos e
metachert (Pastana, 1995; Klein et al. 2005b). Dados geoquímicos e isotópicos levaram Klein
et al. (2009) a interpretar a sequência como relacionada a ambiente de arco de ilhas e/ou bacia
do tipo retroarco.
Esta sequência foi intrudida pelos granitóides (predominantemente tonalitos,
granodioritos e monzogranitos) da Suíte Intrusiva Tromaí. Esta suíte possui natureza cálcico-
alcalina, metaluminosa a fracamente peraluminosa, de baixo a alto K e assinatura isotópica
juvenil, interpretada como relacionada a arcos de ilha e formada entre 2168 ± 4 Ma e 2149 ± 4
Ma (Klein et al. 2005a, 2008a, 2008b). Unidades vulcânicas contemporâneas à Suíte Intrusiva
Tromaí e de menor expressão aflorante englobam basaltos tholeiíticos e andesitos cálcico-
alcalinos da unidade Serra do Jacaré e riolitos e dacitos cálcico-alcalinos da Formação Rio
Diamante, representantes de magmatismo de arco maturo a continental (Klein et al. 2009).
Outros granitóides afloram na porção oeste do fragmento cratônico e são atribuídos à Suíte
Intrusiva Tracuateua, constituída por granitos peraluminosos a duas micas, de 2080 ± 2 Ma a
2091 ± 5 Ma, interpretados como de natureza colisional (Costa, 2000; Palheta, 2001). As
unidades mais jovens do Fragmento Cratônico São Luís consistem no Granito Negra Velha,
shoshonítico, com idade entre 2076 e 2056 Ma (Klein et al. 2008b) e a Unidade Vulcânica
Rosilha, composta por dacitos e tufos formados em torno de 2068 Ma (Klein et al. 2009).
O Fragmento Cratônico São Luís é interpretado como parte de um orógeno riaciano
maior, que envolveria também o Cráton Oeste Africano (Klein & Moura, 2008). Sua evolução
envolveria uma fase acrescionária entre 2240 e 2140 Ma, materializada principalmente pelo
Grupo Aurizona e pela Suíte Intrusiva Tromaí, e uma fase colisional peraluminosa em torno
de 2100 Ma, representada pela Suíte Tracuateua. As unidades Negra Velha e Rosilha estariam
relacionadas a evento tardi a pós-orogênico (Klein et al. 2008b, 2009 e suas referências).
42

Figura 4.1 - (A) Mapa de localização e (B) mapa geológico simplificado da porção norte do Fragmento
Cratônico São Luís com localização das principais ocorrências auríferas e do depósito de Piaba.
Fonte: Adaptado de (Klein et al. 2008a).
43

4.3 GEOLOGIA DO DEPÓSITO PIABA

4.3.1 Rochas encaixantes e hospedeiras

A região em que se localiza o depósito Piaba foi fortemente afetada por intemperismo
laterítico, de modo que exposições de rocha são raras e informações geológicas são mais
facilmente obtidas por testemunhos de sondagem. Segundo a Mineração Aurizona (relatório
inédito 2000), na área do depósito ocorreria uma sequência metavulcanossedimentar (o Grupo
Aurizona, segundo Pastana, 1995 e Klein et al. (2008a) composta por xistos e metacherts
grafitosos, tufos, quartzo-sericita-clorita xistos e rochas máficas e ultramáficas. Essa
sequência seria intrudida por corpos de granófiro de granulação fina e composição tonalítica a
granodiorítica (Fig. 4.2 B). A essa suposta intrusão, Klein et al. (2008a) denominaram
informalmente de Granófiro Piaba, e determinaram sua idade de colocação em 2214 ± 3Ma
(evaporação de Pb em zircão). Essas rochas finas seriam as principais hospedeiras do minério
(Relatório inédito de Mineração Aurizona 2000). Em descrição mais recente, contudo, Mach
& Clarke (relatório inédito 2008) não fazem referência a esses corpos granofíricos, mas
interpretam as rochas hospedeiras como andesitos e basaltos.
O estilo principal da mineralização é do tipo stockwork, em que veios e vênulas de
quartzo concentram os maiores teores do minério e ocupam as porções mais fraturadas das
rochas hospedeiras. Outra forma de ocorrência, menos observada, apresenta-se disseminada e
associada a sulfetos localizados nos halos de alteração hidrotermal nas rochas hospedeiras. Os
corpos de minério, com ambas as formas de ocorrência do minério, estão contidos em uma
zona de cisalhamento rúptil (Falha Piaba – Fig. 4.1). Esta falha é subvertical, de direção N70E
e possui aproximadamente 300 m de largura (Fig. 4.2). Ainda de acordo com Mineração
Aurizona (relatório inédito 2000), a falha seria seccionada por estruturas rúpteis menores, de
orientação NNW-SSE, materializadas por veios de quartzo cisalhados, brechados e estéreis.
Em escala macroscópica a estruturação das rochas hospedeiras é de caráter rúptil,
geralmente apresentando fraturas de dimensões milimétricas a centimétricas, na maioria das
vezes com veios de sericita e quartzo mineralizados. Existem vários padrões de fraturas, mas
dentre esses padrões dois são bem marcantes. O primeiro é caracterizado por grupos de
fraturas verticalizadas ou de alto ângulo de mergulho, e o segundo se mostra com fraturas
sub-horizontais. Esses dois grupos ocorrem geralmente truncando uns aos outros.
Neste trabalho foram examinadas amostras de testemunhos de sondagem de zona
mineralizada, numa tentativa de melhor caracterizar as rochas hospedeiras. Fato é, entretanto,
44

que as amostras analisadas encontram-se fortemente alteradas hidrotermalmente, dificultando


a identificação dos protólitos.
Na seção estudada, apesar da forte alteração hidrotermal, aparentemente ocorrem três
litotipos distintos. O primeiro litotipo corresponde a uma rocha de coloração cinza-clara e
tons esverdeados, com granulação variando de fina a média, pouco fraturada e localmente
com grãos de pirita disseminados (Fig. 4.3B).

Figura 4.2 – (A) Mapa geológico simplificado do depósito Piaba, com a locação do furo 204, abordado neste
estudo. (B) Seção geológica do depósito (localização na figura A) mostrando a localização de furos de sonda e
teores médios de interseções mineralizadas.
Fonte: Modificado de (Luna Gold, 2011).
45

O estudo microscópico feito nas porções menos alteradas dessa rocha permitiu
observar que os minerais essenciais são quartzo (25-35%), feldspato alcalino (25%) e
plagioclásio (40%), arranjados em textura granular alotriomórfica (Fig. 4.3 C e D).
Intercrescimento granofírico é também bem expressivo (Fig. 4.3 D), donde vem,
provavelmente, a denominação granófiro, empregada por Mineração Aurizona (relatório
inédito 2000). A ilmenita se apresenta nas amostras menos alteradas com sua textura em
treliça, enquanto apatita e zircão ocorrem como minerais acessórios. Os grãos de quartzo são
anédricos, pouco deformados, mas ocorrem localmente com extinção ondulante e na forma de
subgrãos. Possuem contatos curvos com os minerais adjacentes. Os cristais de feldspato são
subédricos e apresentam contos retos entre si; os cristais mais preservados já mostram
pequenas lamelas de sericita.
Levando-se em consideração os dados texturais e mineralógicos mais ou menos
preservados, e assumindo-se que sejam representativos do litotipo estudado, este pode ser
caracterizado como um granodiorito de granulação fina. Entretanto, na maioria dos casos, as
amostras se encontram muito alteradas ao ponto de não ser possível fazer a distinção entre
feldspato alcalino e plagioclásio (Fig. 4.3 B, C e D), não permitindo assim a sua correta
classificação petrográfica.
O segundo tipo de rocha está muito alterado hidrotermalmente. Possui coloração
verde, produzida por cloritização e possível alteração de feldspatos, e é recortado por fraturas
preenchidas por material escuro (Fig. 4.3 A), que corresponde a carbono amorfo. Ao
microscópio, quartzo e plagioclásio são visíveis, além de clorita, que provavelmente é produto
de alteração de mineral máfico. A granulação fina e a predominância de plagioclásio e quartzo
sugerem tratar-se de dacito ou andesito (vulcânico ou subvulcânico).
46

Figura 4.3 – Testemunhos de sondagem e fotomicrografias das rochas hospedeiras. (A) Rocha vulcânica
cloritizada e (B) Granodiorito granofírico, com porção menos alterada, onde maclas de feldspatos se encontram
preservadas (C) e textura granofírica preservada em alguns pontos em amostras brechadas (D). qtz: quartzo; fds:
feldspato e ser: sericita.

Na porção inferior da seção examinada, a partir de 161,2 m ocorre rocha de coloração


cinza-clara, finamente laminada e pouco alterada. Localmente, entretanto, a laminação é
perturbada por pequenas fraturas de quartzo e carbonato, turmalina e sulfetos (Fig. 4.4). Essa
rocha é composta essencialmente por níveis de quartzo microcristalino intercalado com
porções finas a muito finas formadas por plagioclásio, clorita, sericita, material carbonoso e
raro quartzo.
O caráter extremamente fino da rocha também dificulta sua correta classificação, mas
a porção quartzosa pode ser interpretada como chert ou pode ser um tufito depositado em
ambiente subaquoso, que se misturou com material epiclástico.
47

Figura 4.4 – Aspecto macroscópico do tufito (A) sem alteração hidrotermal e (B) com vênulas de carbonato.
Detalhe microscópico com sulfetos e carbonatos ocupando fraturas e espaços entre as camadas (C e D). ccp:
calcopirita; ilm: ilmenita; cb: carbonato; qtz: quartzo; py: pirita.

4.3.2 Alteração hidrotermal


A silicificação é volumetricamente, a alteração mais importante. É representada por
veios e vênulas milimétricas a centimétricas de quartzo, que são os principais hospedeiros de
grande parte do ouro no depósito (Fig. 4.5 A e B). Os veios de quartzo são multidirecionais.
Ao microscópio, os cristais de quartzo possuem formas anédricas e subédricas, são pouco a
moderadamente fraturados, apresentam alguma extinção ondulante e estão associados com
sulfetos. Aparentemente existem distintas gerações de quartzo que diferem principalmente
pelas formas dos cristais, ora anédricos preenchendo fraturas milimétricas e ora subédricos em
veios mais espessos.
Sericitização e cloritização estão sempre associadas. Mica branca predomina nos
exemplares com tons em cinza e a cloritização é o tipo de alteração hidrotermal mais
volumosa em profundidades mais rasas, que estão relacionas às áreas mais fraturadas e com
maiores teores de sulfetos (pirita) do depósito. Esta elevada quantidade de clorita em várias
porções da rocha alterada é bem mostrada pela coloração esverdeada na mesma.
48

Microscopicamente, a clorita se encontra principalmente na forma disseminada e em lamelas


orientadas, bordejando cristais de pirita (Fig. 4.5 E), ilmenita e veios de quartzo, e também
preenchendo fraturas e em espaços intergranulares na rocha hospedeira. A mica branca
(muscovita/sericita) é observada, na maioria das vezes, como mineral de substituição do
feldspato e em menores proporções é vista em microbandas de cisalhamento e no
preenchimento de fraturas juntamente com quartzo, clorita e pirita (Fig. 4.5 F).
A sulfetação ocorre geralmente na forma de agregados de sulfetos em veios de
quartzo, preenchendo microfraturas na rocha hospedeira, ou como disseminações. Pirita é o
sulfeto largamente predominante, com ocorrência muito subordinada de calcopirita. Os
cristais de pirita possuem formas subédricas e euédricas. Foi observada também
recristalização e substituição da ilmenita pela pirita (Fig. 4.5 C). Nos níveis mais profundos
do perfil estudado há um aumento no percentual de calcopirita, que deixa de ocorrer como
pequenas inclusões em cristal de pirita e ilmenita e passa a se apresentar na forma
disseminada na rocha hospedeira alterada.
Carbonatação ocorre em associação com a sulfetação (ou substituindo a pirita) e
espacialmente associada à precipitação de ouro (Fig. 4.5 C). A carbonatação é também
evidente na rocha encaixante, onde a calcita preenche espaços intergranulares e microfraturas
(Fig. 4.5 D), juntamente com quartzo e sulfetos. Aparentemente, é um efeito tardio em relação
à mineralização.
No tufito/chert, efeitos incipientes a moderados de alteração hidrotermal são
representados pela presença de carbonato (calcita), que ocorre sob a forma disseminada e
também na forma de finos leitos paralelos à estratificação e em vênulas discordantes. As
vênulas contêm, além do carbonato, quartzo, clorita, turmalina marrom e sulfetos (pirita,
calcopirita e ilmenita. Fig. 4.5 C e D).
49

Figura 4.5 – Imagens macro e microscópicas mostrando forma, modo de ocorrência e associação mineral no
depósito de Piaba. (A e B) Veios de quartzo com sulfetos; (C e D) ouro em associação: Au + py + cb; (E e F)
Associação de alteração: sulfetação + cloritização. Au: ouro; qtz: quartzo; py: pirita; ms: muscovita; cl: clorita e
cb: carbonato.
50

4.4 ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS

4.4.1 Procedimentos analíticos

O estudo de inclusões fluidas foi efetuado em cristais de quartzo das vênulas e veios
associados ao minério. A preparação das amostras e as análises microtermométricas foram
executadas tomando como orientação as recomendações de Roedder (1984) e Shepherd et al.
(1985). A petrografia e a microtermometria foram desenvolvidas, respectivamente, nos
laboratórios de petrografia e microtermometria no Instituto de Geociências da Universidade
Federal do Pará, em Belém. Uma platina modelo THMSG 600 da marca Linkham foi o
equipamento utilizado para o resfriamento e aquecimento. A calibração foi efetuada com
padrões sintéticos de CO2 puro (-56,6ºC) e água pura (0ºC). A precisão das medidas é
estimada em ± 0,3°C para temperaturas tomadas abaixo de 30ºC e ± 5ºC para aquelas acima
de 100ºC.
A microespectroscopia Raman foi utilizada com o objetivo de identificar a
composição das fases voláteis nas inclusões. Para isso, foi utilizado o espectrômeto XY Dilor
com multicanais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. A
fonte é um laser a argônio com comprimento de onda de 514,53 nm e potência de 700 mW.
As proporções molares foram calculadas usando a equação de Plackzek (equação 1) e os
fatores de quantificação relativos aos perfis de espalhamento Raman, de 1,21 para CO2, 8,7
para CH4 e 1 para N2 (Burke, 2001), que consiste na comparação entre as áreas dos picos
(intensidades integradas), com base na equação (modificada):
Xa= (Aa/Fa) /  (Ai/Fi) (1)
onde Xa, Aa e Fa, são respectivamente, fração molar, área do pico e fator de quantificação do
componente a; Ai e Fi são, respectivamente, área do pico e fator de quantificação para todos
os componentes presentes; Ʃ é a soma.
Nos estudos foram utilizadas oito seções bipolidas (de um total de 16 seções
previamente avaliadas), cobrindo aproximadamente 68 m em profundidade da zona
mineralizada, e cerca de 380 inclusões fluidas foram examinadas microtermometricamente. A
redução dos dados e cálculos composicionais e de densidades, bem como pressão e
temperatura e determinação de isócoras foram efetuadas com auxílio do aplicativo Flincor
(Brown, 1989). As seguintes abreviaturas são utilizadas no texto, tabelas e figuras: TFCO2:
Temperatura de fusão do CO2; TFCLAT: Temperatura de fusão do clatrato; THP:
Temperatura de homogeneização parcial do CO2; THF: Temperatura de
51

homogeneização final; TFH2O: Temperatura de fusão do gelo; TEU: Temperatura do ponto


eutético. As denominações monofásicas, bifásicas, trifásicas se referem ao número de fases
observado em temperatura ambiente (~22-24ºC)

4.4.2 Petrografia, classificação e distribuição das inclusões.

Texturalmente, os cristais de quartzo hospedeiros se mostram levemente deformados


em regime rúptil (Fig. 4.6 A), apresentando microfraturas e também poucas feições dúcteis
como extinção ondulante e formação de subgrãos. Sabendo-se que essas feições de
deformação podem acarretar problemas pós-aprisionamento das inclusões, como vazamento e
estrangulamento, priorizou-se a análise de inclusões contidas em grãos de quartzo pouco ou
não deformados, de modo a obter informações originais do fluido transportador do minério.
Foi possível determinar, pelo menos, quatro tipos de inclusões fluidas, na seguinte
ordem de abundância:
Tipo I – inclusões bifásicas, compostas por uma fase líquida aquosa de tonalidade
clara e outra fase líquida carbônica (bolha) de tonalidade cinza claro. Estas inclusões se
encontram distribuídas, na maioria das vezes, em agrupamento e isoladas, e em menor
quantidade formando trilhas de inclusões.
Suas dimensões variam de 10 a 30 µm e possuem formas elipsoidais e irregulares na maioria
das vezes. A fase carbônica ocupa de 20 a 50% do total do volume das inclusões. Quando
submetidas a pequeno resfriamento (T ~ 0ºC) nucleiam uma terceira fase, gasosa. São
inclusões são do tipo aquo-carbônica (Fig. 4.6 B, E e F).
Tipo II – inclusões trifásicas, compostas por uma fase aquosa de tonalidade clara,
outra fase líquida carbônica e, no interior desta, uma fase carbônica gasosa de tonalidade mais
escura. Estas inclusões possuem características morfológicas, de distribuição e proporções
entre as fases similares às do Tipo I, com as quais coexistem, diferindo apenas no número de
fases em temperatura ambiente (Fig. 4.6 D). Estas são também inclusões aquo-carbônicas.
Tipo III – inclusões monofásicas com tons em cinza a cinza escuro. Ocorrem em
menores quantidades com formas retangulares e poligonais, distribuindo-se de forma isolada
no centro de cristais e, localmente, bordejando microfraturas. Durante pequeno resfriamento
geraram uma segunda fase. Correspondem a inclusões carbônicas. Este tipo de inclusão não
foi analisado por apresentar indícios de vazamento, sobretudo as localizadas próximos às
microfraturas.
52

Tipo IV – inclusões bifásicas, com fase líquida de tonalidade bastante clara, contendo
bolhas mais escuras (vapor). Possuem dimensões inferiores a 10 µm, estão geralmente
dispostas em trilhas, que na maioria das vezes bordejam microfraturas no quartzo. São
inclusões aquosas com grau de preenchimento em torno de 90-95%.

Figura 4.6 – Imagens mostrando tipos de inclusões fluidas em veios de quartzo (A) com suas diversas formas,
tamanhos e modos de distribuição. Inclusões tipo I (D), tipo II (B, E e F) e III (C).
53

4.4.3 Microtermometria e microespectroscopia Raman

As temperaturas de fusão do CO2 registradas para os tipos I e II ficaram no intervalo


entre –56,6 e –58,9 ºC (Fig. 4.8 A). Estes valores mostram que o CO2 é a fase volátil
predominante nas inclusões, mas que outras fases devem estar presentes em quantidades
subordinadas. Isto foi confirmado pela análise de inclusões selecionadas por espectroscopia
microRaman (Tabela 4.1 e Fig. 4.7), que revelou a presença de CO2 (100 - 97 mol%), N2
(máximo de 1 mol%) e CH4 (máximo de 1 mol%) na fase volátil das inclusões.

CO2 600
1800
CO2 campo3 IF1 campo2 IF3
1600
500 N2 CH4
intensidade Raman(u.a.)

intensidade Raman(u.a.)
1400

1200
400
1000

800
CH4 300
600

400
200
200
1000 1500 2000 2500 3000 3500 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200 3400 3600
número de onda (cm-1) número de onda (cm-1)

Figura 4.7 – Espectro obtido a partir de espectroscopia microRaman mostrando a presença de CH4 e N2 nas fases
voláteis das inclusões.

As temperaturas de homogeneização parcial do CO2 em inclusões do tipo I variam de 4


a 29 ºC, com predomínio de temperaturas entre 6 e 10 ºC. Nas inclusões do tipo II, a variação
também foi ampla, com temperaturas entre 7,4 e 28 ºC (Fig. 4.8 B). Vale lembrar que esta
ampla variação na temperatura de homogeneização ocorre na maioria das vezes em um único
campo microscópico analisado. A homogeneização da fase carbônica ocorre para o estado
líquido: CO2(L) + CO2(V) → CO2(L).
A fusão do clatrato nas inclusões tipos I e II ocorreu entre 5,2 e 8,8 ºC, com
predomínio de temperaturas entre 6 e 8 ºC (Fig. 4.9A). Estes valores definem salinidade
variando de 2,4 a 11,5 em % peso equiv. de NaCl, com a maioria das medidas entre 5 e 7 e
valor médio de 5,5 em % peso equiv. NaCl.
As temperaturas de homogeneização final também foram registradas em um amplo
intervalo de temperaturas que variaram de 183 a 377 ºC, com predomínio de valores entre 250
a 300 ºC para as inclusões bifásicas (Tipo I), Já as inclusões trifásicas mostraram temperaturas
entre 190 a 200 ºC, 220 e 340 ºC, além de outro menor entre 360 e 370ºC, com domínio
54

também entre 250 e 300 ºC (Fig. 4.9 B), ambas com homogeneização sempre no estado
líquido.

Figura 4.8 – Histogramas de frequência mostrando a relação das temperaturas de fusão (A) e homogeneização
(B) do CO2 em inclusões aquo-carbônicas.

Figura 4.9 – Histogramas de frequência mostrando relação e distribuição das inclusões aquo-carbônicas. (A)
temperaturas de homogeneização final e temperaturas de fusão do clatrato nas IFs tipo I e II.
55

As medidas microtermométricas em um pequeno grupo de inclusões aquosas


mostraram temperaturas eutéticas entre -58 e -31,1ºC. Estes valores indicam a presença de
outros sais, além do NaCl, na fase aquosa, que podem ser CaCl2 e FeCl2 (Shepherd et al.
1985). Os valores de TFH2O variaram de -28,3 a - 2 ºC e THF de 123 a 166 ºC (Fig. 4.10). A
salinidade para este grupo de inclusões baseada na fusão do gelo varia de 3,3 a > 23,1% peso
equiv. NaCl.

Figura 4.10 - Histogramas de freqüência mostrando a distribuição e variações nas medidas microtermométricas
da fusão do eutético (A) e fusão do gelo (B), nas inclusões aquosas.
56

4.5 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DAS INCLUSÕES FLUIDAS

4.5.1 Composição e densidade

Composição, densidade e isócoras foram determinadas a partir dos dados obtidos pela
microtermometria e pela análise microRaman com a utilização do programa Flincor (Brown,
1989). Os cálculos foram feitos com uso da equação de Bowers & Helgeson (1983) para
fluidos aquo-carbônicos, que são os mais expressivos e os que mais provavelmente atuaram
no transporte e precipitação do minério.
Foram obtidos os seguintes valores composicionais: XCO2: 5 – 24 mol%, com
intervalo dominante de 10 – 20 mol%; XH2O: 74 – 93 mol%, com intervalo dominante de 80
– 90 mol%; XNaCl: 0 – 1 mol%; XN2: máximo de 1 mol% e XCH4: máximo de 1 mol%, estes
dois últimos na fase volátil das inclusões. As densidades de CO2 variaram de 0,63 a 0,88
g/cm3, com dominância entre 0,81 a 0,88 g/cm3; as densidades globais se distribuem no
intervalo de 0,82 – 1,00 g/cm3, com dominância no intervalo de 0,96 – 0,99 g/cm3. Para estas
inclusões, a salinidade média foi de 5,5 % peso NaCl equivalente.

4.5.2 Origem das inclusões fluidas (separação de fases)

No estudo petrográfico das inclusões fluidas foi possível identificar em alguns cristais
de quartzo feições deformacionais produzidas principalmente em regime rúptil-dúctil, tais
como fraturas, extinção ondulante, formação de subgrãos, as quais poderiam propiciar
mudanças significativas nas características físico-químicas originais das inclusões fluidas.
Procurou-se, portanto, analisar as inclusões em domínios microscópicos onde processos pós-
aprisionamentos não fossem intensos a ponto de modificar essas características, o que é
reforçado pelo gráfico THF x Salinidade (Fig. 4.11), que geralmente mostra casos em que
ocorreram estrangulamento e vazamento sob aquecimento (Shepherd et al. 1985). Além destas
observações, as inclusões que poderiam ou mostraram algum tipo de modificações pós-
aprisionamento foram descartadas no momento de compor os dados estatísticos deste
trabalho.
57

Figura 4.11 – Diagrama mostrando ausências de correlação entre temperatura de homogeneização final (THF) e
salinidade das inclusões aquo-carbônicas dos tipos I (Bifásicas) e II (Trifásicas).

Assumindo que modificações pós-aprisionamento não definiram os dados aqui


apresentados, as diferenças físicas e químicas observadas remetem a outros processos de
aprisionamento de fluidos, que podem ser, aprisionamento heterogêneo (Ramboz et al. 1982),
desmistura de um fluido homogêneo inicial ou mistura parcial e aprisionamento heterogêneo
de dois fluidos homogêneos distintos (Anderson et al. 1992).
Os estudos petrográficos e microtermométricos mostram que as inclusões aquo-
carbônicas em Piaba possuem características que são atribuídas a condições de
aprisionamento em que duas ou mais fases fluidas estão presentes, ou seja, aprisionamento
heterogêneo (Ramboz et al. 1982). Essas características incluem coexistência entre os tipos I,
II e III com diferenças nas relações CO2/H2O, variação na densidade, temperaturas de
homogeneização final (L + V→ L, na maioria das análises) e composição global. Estas
diferenças são observadas em pequenos domínios de um mesmo cristal e ao longo de todas as
amostras analisadas. O aprisionamento heterogêneo pode dar-se por mudanças de
temperatura, pressão e interação com a rocha encaixante, o que deve ter levado o fluido em
Piaba à separação de fase.
58

4.5.3 O efeito do CH4 e N2

Alguns compostos voláteis podem modificar e superestimar as medidas


microtermométricas das inclusões, que não são puramente aquo-carbônicas como é caso do
depósito de Piaba. Contudo, neste caso as baixas concentrações molares destes compostos não
provocaram mudanças significativas nas temperaturas obtidas.
Nas inclusões em que a presença de CH4 e N2 (Fig. 4.7) foi observada, foram notadas
pequenas diferenças nas salinidades e densidades, que teve aumento inversamente
proporcional às TFCO2, mas de forma aleatória ao longo das seções analisadas. Já as THP não
tiveram uma relação evidente com estas observações.
Como possível fonte para a contaminação dos fluidos aquo-carbônicos, têm-se as
rochas encaixantes e/ou hospedeiras carbonosas do depósito de Piaba, as quais são
reconhecidas na sequência metavulcanossedimentar do Grupo Aurizona. Esse efeito já foi
relatado para outros depósitos auríferos hospedados em regiões de zonas de cisalhamentos
(ex. Shepherd et al. 1991; Klein, et al. 2006).

Tabela 4.1. Composição das fases voláteis de inclusões Tipo I do depósito Piaba, com base em
análises microtermométricas e por microespectrometria Raman.
Amostra Tipo VCO2 TFCO2 THP TFCLAT THF CO2 CH4 N2
(%) (ºC) (ºC) (ºC) (ºC) (%) (%) (%)
1022 B - 1 I 30 -57,5 8,5 7,0 274 99 ≤1 -

1022 B - 2 I 30 -57,5 16,8 8,2 291 98 ≤1 0

1022 B - 3 I 25 -57,4 22,1 8,1 285 97 ≤1 ≤1

4.5.4 P-T-ƒO2

Para estimar o intervalo de temperatura, pressão e nível crustal no qual o depósito de


Piaba foi gerado, na ausência de geotermômetro externo para comparar os dados, e assumindo
separação de fases, foi utilizado o método sugerido por Hagemann & Brown (1996). Assim,
foram utilizadas as temperaturas mínimas e máximas do principal intervalo de
homogeneização final das inclusões aquo-carbônicas (267-302 ºC – Fig. 4.12) e as isócoras
foram calculadas para os limites de variação da densidade de CO2. No diagrama PxT, o
cruzamento dessas isócoras com a curva solvus do sistema CO2-H2O-NaCl definem pressões
entre 1,25 e 2,08 kbar (Fig. 4.12). Estes valores mostram que o depósito em questão se
59

formou em condições de temperaturas e pressão referentes a profundidades hipozonais a


mesozonais de 4 km a 7 km, o que é consistente com o regime de deformação rúptil-dúctil
evidenciado pelo estudo petrográfico.
A fugacidade de oxigênio foi calculada para todo intervalo de XCO2 e intervalo de T e
P calculados neste trabalho, utilizando-se as equações e constantes de equilíbrio de Ohmoto &
Kerrick (1977) e o coeficiente de fugacidade de Ryzhenko & Volkov (1971). A partir destes
cálculos foram encontrados valores de ƒO2 variando entre - 31.3 e - 34,3 (Fig. 4.13). Estes
valores se situam entre os tampões pirita + magnetita/pirrotita e hematita/magnetita, acima do
tampão CO2-CH4 e abaixo do tampão SO2-H2S. Estes valores definem um fluido
relativamente reduzido no processo de mineralização deste depósito.

Figura 4.12 – Diagrama mostrando a estimada condição de P-T para mineralização em Piaba. A curva tracejada
do solvus para os sistema CO2-H2O-NaCl (10 mol % CO2 e 6% NaCl) é de Bowers & Helgeson (1983).

Figura 4.13 – Diagrama T-ƒO2 mostrando a condição redox estimada para a mineralização em Piaba em relação
aos tampões sólidos e líquidos (referências em Ohmoto & Goldhaber 1997). Py = pirita, Po = pirrotita, H =
hematita, M = magnetita.
60

4.6 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

As rochas hospedeiras e os veios e vênulas de quartzo em Piaba revelaram


informações importantes acerca da paragênese do minério e principalmente as características
físico-químicas dos fluidos transportadores e precipitadores do minério deste depósito.
O estudo petrográfico sugere que as rochas hospedeiras em Piaba passaram por uma
intensa alteração hidrotermal, quando da passagem dos fluidos mineralizantes, formando
como principais minerais de alteração micas (sericita e clorita), carbonato, sulfetos
(calcopirita e pirita) e o ouro.
O estudo de inclusões fluidas mostrou que a maior parte das inclusões são aquo-
carbônicas, as quais são aqui consideradas como primárias e, desse modo, as mais importantes
para o processo de formação do depósito de Piaba.
As observações petrográficas, microtermométricas e de espectrometria microRaman,
combinadas com a paragênese mineral de alteração e de minério indicam que os fluidos
transportadores possuem a composição: XCO2: entre 10 – 20 mol%; XH2O: 80 – 90 mol%;
XNaCl: 0 – 1 mol% e XN2 e XCH4: ambos com máximo de 1 mol%. Algumas variações
observadas nas THPCO2 e THFCO2 das inclusões podem ser explicadas como produto do
aprisionamento heterogêneo durante a separação de fase de dois fluidos imiscíveis, visto que
alterações pós-aprisionamentos são pouco expressivas neste depósito.
As condições de precipitação do minério, baseadas nas condições em que o fluido foi
aprisionado são de temperaturas entre 267 e 302ºC e pressões variando de 1,25 a 2,08 kbar.
Essas condições são consistentes com a formação do depósito em regime rúptil, portanto em
condições mesozonais a epizonais.
Levando-se em consideração as condições de T, P, V, X, e ƒO2, durante a precipitação
do minério e a presença de pirita como o principal sulfeto da assembléia de alteração, é
provável que o H2S estivesse presente no fluido e que o ouro tivesse sido transportado por um
complexo sulfetado como Au(HS)2- ou HAu(HS)02 (Benning & Seward 1996). A perda de
estabilidade deste complexo que transportava o ouro pode ter ocorrido em consequência da
separação de fases, da reação com as rochas hospedeiras, parcialmente portadoras de matéria
carbonosa, a que pode ter provocado a sulfetação da rocha hospedeira e redução do fluido por
essa interação com a rocha hospedeira
61

Tabela 4.2 – Relação dos depósitos auríferos do Fragmento Cratônico São Luís (Klein et al. 2005b*).
Comp. Pressão Temperatura
Depósito Ass. Mineral ƒO2
Fluidos (Kbar) ºC
Qtz + Cb + Cl +
CO2 + H2O + - 31.3 a -
Piaba Ser + Py + Ccp + 1,25 – 2,08 267 – 302
N2 + CH4 34,3
Au
Qtz +Cb + Cl +
CO2 + H2O + -29,8 a -
Areal* Ser + Sph + Ep + 1.6 – 3,7 262 – 307
N2 34,2
Py + Au
Qtz +Cb + Cl +
CO2 + H2O + -29,8 a -
Caxias* Ser + Sph + Ep + 2,4 – 4,6 262 – 307
N2 + CH4 34,2
Py + Au
Pedra de Qtz + Cl + Ser + CO2 + H2O +
2 n.d 330 - 400
Fogo* Py + As + Au N2 + CH4
Legendas: n.d = não determinado; Cb = carbonato; Cl = clorita; Ser = sericita; Ep = epidoto; Sph = esfalerita, Py
= pirita; Ccp = calcopirita e Au = ouro.

As características geológicas, tais como: rochas hospedeiras, paragênese mineral e de


alteração e as características dos fluidos no depósito de Piaba, são bastante similares às
descritas para outras ocorrências auríferas na mesma região (Tabela 4.2) por Klein et al.
2005b (e suas referências). Aqueles autores interpretaram as ocorrências como pertencentes à
classe dos depósitos orogênicos de ouro (cf., Groves et al. 1998), o que é aqui, também,
assumido para o depósito Piaba.

4.7 AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi tornado possível pelo acesso aos testemunhos de sondagem do
depósito Piaba, gentilmente fornecidos pelo Dr. Titus Haggan (Luna Gold) e pelo apoio
financeiro do CNPq (Edital Universal, MCT/CNPq 14/2009, processo 481.189/2009-2). Dr.
Kazuo Fuzikawa (CDTN/CNEN) e Dra. Maria Sylvia Dantas (UFMG) são agradecidos pelo
apoio com as análises Raman. SCFF agradece ao CNPq pela bolsa de estudos durante o
desenvolvimento de dissertação de Mestrado. ELK agradece ao CNPq pela bolsa de
produtividade em pesquisa.
62

4.8 REFERÊNCIAS

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65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos por petrografia macroscópica e microscópica em testemunhos de sondagem de


zona aurífera e estudos petrográficos, microtermométricos e por microespectroscopia Raman
efetuados nesse mesmo material, permitiram, não sem alguma dificuldade, em função do
grande grau de alteração hidrotermal imposto, a satisfação dos objetivos propostos para esta
dissertação de Mestrado, para avançar no entendimento da gênese do depósito aurífero Piaba
(Fragmento Cratônico São Luís, NW do Maranhão), a saber:
- reconhecer as rochas hospedeiras do minério;
- caracterizar os tipos de alteração hidrotermal que afetaram as rochas, participando da
formação do minério e
- definir características físico-químicas do fluido mineralizador.
Foram identificados três litotipos distintos, um de composição granodiorítica e
granulação fina, de ambiente plutônico a subvulcânico, sendo o principal hospedeiro do
minério; outro, também fino, de ambiente vulcânico ou subvulcânico, de composição
dacítica/andesítica; e o último corresponde a um tufo muito fino ou chert, unidade basal
apenas marginalmente mineralizada. O granodiorito fino e o andesito estão fortemente
alterados e mostram grau de deformação essencialmente rúptil, com pequenas porções com
feições dúcteis. No primeiro, observam-se porções bastante fraturadas e brechadas, com
fragmentos da rocha moderadamente preservada. Há grande quantidade de veios e vênulas de
quartzo com sulfetos, que na maioria das vezes exibe uma trama em stockwork, como
hospedeiros do minério aurífero.
Os principais processos hidrotermais que atuaram nestas rochas foram silicificação,
cloritização, sericitização, carbonatação e a sulfetação. A silicificação formou veios, vênulas e
pequenos bolsões. A cloritização foi pervasiva e fissural e a sericitização predominantemente
fissural. A carbonatação foi fissural e também associada com a precipitação do ouro. A
sulfetação se deu em disseminação e em fraturas, e se mostrou espacialmente associada à
precipitação do ouro. Percentuais de ouro inferiores a 2,5 foram detectados em grão de pirita e
o ouro possui teores detectáveis de Ag, Bi e Pb.
Petrografia e microtermometria feitas em inclusões fluidas nos grãos de quartzo
revelaram a presença de fluidos aquo-carbônicos. Dentre essas inclusões, as bifásicas e
trifásicas são as mais abundantes e representativas dos fluidos transportadores do minério.
Inclusões aquosas estão presentes, no entanto, em pequenas quantidades e representam
estágios posteriores ao processo mineralizador.
66

Com base nos estudos microtermométricos e espectroscópicos, os fluidos preservados


nas inclusões apresentaram as seguintes características: 1 – correspondem ao sistema CO2-
H2O-NaCl (± CH4 ± N2); 2 – possui salinidade média de 5,5 % em peso equivalente de NaCl;
3 – densidades dominantes entre 0,96 – 0,99 g/cm3; 4 - temperaturas de aprisionamento entre
267º e 302ºC e pressão entre 1,25 e 2,08 kbar (correspondendo a profundidade entre 4 e 7
km); 5 – caráter redutor.
Os dados obtidos são consistentes com a formação do depósito em regime rúptil, em
condições mesozonais a epizonais. Esses dados, aliados ao ambiente tectônico ligado a
subducção em que se formaram as rochas hospedeiras, e por comparação com outras
ocorrências já estudadas na região, permitem atribuir Piaba à classe dos depósitos auríferos
orogênicos.
67

REFERÊNCIAS

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