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Djobe Mads

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Contexto histórico da Historiografia Romântica

A Historiografia do século XIX, é diferenciada por quatro (4) correntes ou tendências


historiográficas distintas como o Romantismo ou corrente Romântica na primeira metade;
Positivismo ou corrente Positivista; Historicismo ou corrente Historicista e o Marxismo ou
Materialismo histórico na segunda metade. Esta historiografia mergulha as suas raízes nas
transformações económicas, sociais e políticas ocorridas entre 1789 e 1848.

Neste período, decorre o processo final da destituição do sistema feudal e a estruturação do poder
burguês que tem como termo a passagem do absolutismo ao liberalismo. Portanto, o liberalismo
no campo político vai defender a igualdade e liberdade aos direitos do Homem perante a lei, a
soberania do povo e a divisão dos poderes opondo-se ao absolutismo. No plano económico, o
liberalismo vai defender a liberdade da iniciativa económica, livre circulação da riqueza e o valor
do trabalho humano.

Porém, nela decorre ainda o processo pelo qual se passa do velho antagonismo entre o terceiro
estado e a nobreza, para um novo antagonismo resultante agora da oposição entre o proletariado
e a burguesia, ou por outra o antagonismo antes girou à volta da aristocracia-povo e nesta época
passa a girar á volta da Burguesia-proletariado.

Esta deslocação do centro da gravidade dos antagonismos sociais foi graças as transformações
económicas e sociais provocadas pela revolução industrial e pela valorização crescente do
pensamento científico. São lançadas as primeiras pedras que irão servir de base ao edifício das
ciências sociais.

Contexto histórico dos finais do século XVIII

Pese embora esta Historiografia tem a França como cenário principal ou palco, estas
transformações repercutem amplamente através duma Europa marcada pelos mesmos problemas
e envolvida por idênticos fluxos e refluxos do movimento liberal. Há que ter em conta que a
identidade dos problemas europeus não se afirma apenas ao nível da evolução social e política,
mas também estava-se já em plena Revolução Industrial gerada pela máquina a vapor.
Do ponto de vista político, pôs-se termo o absolutismo, passando a França a ser governada por
uma monarquia constitucional, legitimada pela soberania popular. O poder legislativo fora
confiado a uma assembleia legislativa constituída por deputados eleitos e o poder judicial fora
confiado a Juízes igualmente eleitos, pondo-se em prática a teoria e ideologia de Montesquieu, a
da separação de poderes. Socialmente foi assegurada a igualdade dos cidadãos perante a lei, a
igualdade religiosa e a liberdade de culto.

Todavia, com excepção da abolição dos direitos feudais que beneficiou particularmente os
camponeses pobres, as outras conquistas da revolução nunca lhes beneficiou tendo continuado na
miséria e a passar de fome.

Historiografia do Romantismo ou Corrente Romântica

Romantismo: foi um movimento literário que de desenvolveu na primeira metade do século XIX,
reagindo com os valores do classicismo, colocando os valores da burguesia e acima dos outros
estores da população, valorizando o sentimento, paixão e a tradição.

A teoria e a prática do princípio da soberania popular trouxeram a historiografia romântica, uma


nova resposta para a velha questão de saber quem é o sujeito da História.

Segundo Abreu, (2012). A historiografia tradicional antiga costumava apontar como sujeito da
História quer a providência divina, quer os reis, os grandes chefes militares e os grandes líderes
religiosos. Agora, no Romantismo, a História tem como verdadeiro sujeito o povo.

Características

 O interesse pelo passado, sobretudo pela idade média, isto porque foi na idade média em
que a Burguesia aparece como classe social;

 No trabalho do historiador dá-se uma grande importância das massas populares (povo),
pois considera o povo como responsável pelo progresso histórico;

A tendência de escrever uma história Total ou Global, isto é, o alargamento da temática histórica,
pois já não se fala apenas dos aspectos políticos e militares, como também se preocupa com as
massas e em escrever fenómenos psíquicos (mentalidade), estudos das grandes civilizações, não
somente europeias como também africanas e americanas.
Para Abreu, (2012). O romantismo foi uma corrente que defendia uma história voltada para o
passado, particularmente a idade média, o alargamento da temática histórica ao povo e não tratar
apenas os reis, os chefes militares, os líderes religiosos ou a providência divina.

Representantes:

François Guizot (1781-1874), demonstra que o facto histórico não é apenas o conhecimento, mas
também a relação entre os conhecimentos, não somente o facto político, mas ainda o facto da
civilização.

August Thierry (1795-1856), procura substituir a história das grandes figuras políticas, dos
príncipes pela história das massas populares. Só que este peca porque não põe em rigor a crítica
das suas fontes, por exemplo, coloca na mesma perspectiva todos os testemunhos relativos a
idade média, mesmo que sejam contemporâneas, uns dos outros ou ainda, separados por vários
séculos.

Jules Michelet (1798-1874), procura ressuscitar integralmente o passado nos seus organismos,
interesses e profundos, dando um lugar importância aos factos económicos, sociais, culturais e
religiosos.

Alexandre Hefulano (1810-1877) seguiu o caminho de Guizot, dando mais importância a


sociedade e ao povo trabalhador. Procurou no lugar da história da colectividade através de
instituições de direito, sentimento colectivo, relação entre diversas classes sociais. A história era
obra da sociedade, isto é, dos homens socialmente organizados. Mora neste historiador, a atenção
prestada ás origens da burguesia. Com isto, Herculano afirmava que devia-se procurar buscar a
História da Sociedade e deixar um pouco da História dos indivíduos.

Todavia, a revolução Francesa vai imprimir três dimensões do romantismo a saber:

Romantismo conservador: defende os fenómenos da antiguidade, classes aristocráticas, clero e


a nobreza. Defende em suma a imposição do antigo regime.

Romantismo progressista ou liberal: era defendido pela burguesia, defendendo os ideais da


revolução francesa no que refere a fraternidade e igualdade dos direitos perante a lei. A
burguesia pretendia politicamente edificar sobre as ruínas do regime deposto, um novo regime
liberal. Teve como representante Victor Hugo.

Romantismo socialista, também conhecido por socialismo utópico, nascido da falência das
aspirações que os sans-cultores depositavam na revolução francesa. Foi defendido pelo povo,
concretamente pelos agricultores, pois o povo estava desiludido com a revolução francesa, pois
que no seu triunfo não foram tomadas medidas radicais a favor do povo ou da massa camponesa.
Este foi defendido por Saint-Simon.

Durante o século XIX, os historiadores passam por um processo de emancipação, conquistando,


gradativamente, a autonomia da História como um campo de saber com características
científicas. Inspirados no posicionamento intelectual do Romantismo, os historiadores
constroem, cada vez mais, o espaço da História como um lugar para se discutir e definir a
revolução e as origens da sociedade moderna, ao mesmo tempo.

Segundo Albuquerque. (2013). A história passa a ser considerada uma pedagogia social e
política. Junto com as proposições românticas e uma preocupação nacional republicana, os ideais
iluministas começam a colocar na figura do historiador e na do conhecimento histórico a função
de guardar e formar a consciência social O presente ensaio tem por objectivo definir os
parâmetros que justificam a integração do vulto de Alexandre Herculano, figura política, literária
e intelectual portuguesa, na historiografia romântica e liberal.

Para os devidos efeitos evocam-se os critérios estipulados por Guy Bordé e Hervé Martin na
definição da corrente, patentes na obra As Escolas Históricas (1983), onde é possível constatar as
evidências e características do movimento, paralelas às circunstâncias nacionais da época.

Destarte, o trabalho prossegue comparando e concomitando de forma breve, objectiva e


pragmática, a corrente e o autor, nos pontos concorrentes para uma afinidade global.

Alexandre Herculano

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de


Lobos, Azóia de Baixo, Santarém, 13 de Setembro de 1877)
Alexandre Herculano – o romantismo e o liberalismo

A corrente é fruto do contexto dos movimentos liberais, das revoluções burguesas, dos
movimentos independentistas e das tendências anticlericais, circunstâncias não alheias a
Portugal, que conduziram Herculano, um jovem intelectual, a tornar-se partidário do liberalismo,
tendo, inclusivamente, integrados momentos significativos como o cerco do Porto em 1831.

Ângela, (2001), Afirma que na qualidade de romântico, o liberalismo veio a ser a ideologia
subjacente a toda a sua produção intelectual e historiográfica, e a estética da sua expressão
escrita uma sentida e inflamada comunicação.

 A proveniência social dos historiadores assinalava-se por estratos elevados, implicados


em circuitos eruditos e literários, com acesso a cargos de magistratura.

 O espaço físico onde se reuniam os românticos e liberais portugueses encontra


correspondência no cenário internacional, onde efervesciam academias, escolas,
sociedades e antiquários.

Nesta acepção é inegável a relevância social do autor, apesar das dificuldades financeiras durante
sua ascensão que, não obstante, lhe conferiram outras qualidades e experiências indispensáveis
ao exercício de um historiador romântico, nomeadamente competências arquivísticas e literárias,
obtidas durante o seu contacto com a Torre do Tombo, por exemplo.

Mais tarde, entre outros cargos, Herculano tornou-se coadjutor do Director da Biblioteca Pública
do Porto (1833), redactor do Diário do Governo (1837), director da Real Biblioteca da Ajuda e
das Necessidades (1839), e, posteriormente, foi membro da Academia Real das Ciências e seu
dirigente (1844).

Em termos temáticos e programáticos a corrente caracterizou-se por enfatizar o indivíduo e a


liberdade, as sociedades e o municipalismo, sendo eminentemente regionalista, com grande
simpatia pela Idade Média, considerada a época do advento das nacionalidades.

Qualifica-se como uma corrente subjectiva, ausente de tradições científicas e de pouco espírito
crítico, olvidada de objectividade e imparcialidade, contudo, pontos amplamente compensados
pela riqueza e originalidade literária observada na época, na qual Alexandre Herculano também
foi pioneiro nacional do género literário do romance histórico, tornando-se autor análogo à
qualidade de Walter Scott e Victor Hugo.

Todavia, tratou-se de uma literatura marcada pela fantasia, pela idealização das figuras históricas
e por uma forte ficção dos seus comportamentos e sentimentos, derivando em excessos de estilo,
idiossincrasias também encontradas nas obras de Herculano: Eurico, o Presbítero, o Bobo, O
monge de Cister (dois volumes), etc.

Alexandre Herculano e a historiografia romântica

Retomando o assunto, a historiografia romântica é marcada por uma período de grande exaltação
das nacionalidades e também do europeísmo, com especial fascínio pelas origens.

Neste sentido, em Portugal, Alexandre Herculano foi autor pioneiro de uma volumosa obra,
História de Portugal (1846), que se tornou referência historiográfica nacional.

Do ponto de vista metodológico e ideológico a corrente procurou a autenticidade documental


recorrendo aos métodos da crítica erudita e relevando momentos chave como significativos da
construção da História nacional, assim como a apologia do municipalismo, valorizando o papel
do indivíduo e do Povo.

A respeito disto, a obra de Herculano tanto preza pelo forte contributo e discernimento
documental proveniente da forte experiência arquivística do autor, como pela lealdade ideológica
ao liberalismo e ao anticlericalismo, mas que não renega o cristianismo, de que foi exemplo a
controvérsia de Ourique (primeiro volume da História de Portugal), tema sobre o qual Herculano
não se debruçou particularmente, demonstrando uma clara tomada de posição face à
historiografia da providência (milagre de Ourique).

Segundo Araripe, (1894). É ainda uma corrente inserida num contexto de grande azáfama dos
periodicistas. No plano internacional destacou-se a Revista Histórica, e no plano nacional
podemos destacar o panorama.

Neste contexto, Herculano teve uma participação activa na estruturação do pensamento da época,
através do seu espírito polémico e reivindicativo, sendo um crítico e um filósofo da história, com
os seus antagonistas correspondentes, nomeadamente Magessi Tavares.
Em suma, os parâmetros que justificam a integração de Herculano na corrente foram de ordem
política, social, cultural, ideológica e metodológica, em afinação com o movimento internacional
do romantismo e do liberalismo.
Conclusão

Historiografia do Romantismo ou corrente Romântica na primeira metade; Esta historiografia


mergulha as suas raízes nas transformações económicas, sociais e políticas ocorridas entre 1789
e 1848. Neste período, decorre o processo final da destituição do sistema feudal e a estruturação
do poder burguês que tem como termo a passagem do absolutismo ao liberalismo. Portanto, o
liberalismo no campo político vai defender a igualdade e liberdade aos direitos do Homem
perante a lei, a soberania do povo e a divisão dos poderes opondo-se ao absolutismo. No plano
económico, o liberalismo vai defender a liberdade da iniciativa económica, livre circulação da
riqueza e o valor do trabalho humano.

Referências bibliográficas

Abreu, João Capistrano. (2012). Necrológio de Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de


Porto Seguro. In: Ensaios e estudos: crítica e história. 1ª Série. Rio de Janeiro.

Albuquerque Júnior. (2013). A formação histórica de consciências e sensibilidades saudosistas.


Revista História Hoje, São Paulo.

Alonso, Ângela (2001). Crítica e contestação: o movimento reformista da geração romana.


Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo.

Araripe, Tristão de Alencar. (1894). Historiografia romântica. Revista do Instituto Histórico e


Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro.

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