Artigo SantAna
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1. Introdução
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Antônio Olímpio de SantÊ Ana
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História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados
O racismo não surgiu de uma hora para outra. Ele é fruto de um longo
processo de amadurecimento, objetivando usar a mão-de-obra barata através
da exploração dos povos colonizados. Exploração que gerava riqueza e
poder, sem nenhum custo-extra para o branco colonizador e opressor.
O racismo entre os seres humanos foi surgindo e se consolidando aos
poucos. Vamos compartilhar, a partir de agora, alguns dados interessantes
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História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados
que nos ajudarão a entender a prática do racismo nos dias atuais. É bom
lembrar sempre que a cultura popular sobrevive aos tempos porque ela é
transmitida através das gerações. E sendo o racismo um fenômeno ideológico,
ele se consolida através dos preconceitos, discriminações e estereótipos. Dá
para entender agora por que o racismo tem sobrevivido e foi se fortalecendo
através das épocas, alcançando, inclusive a sua comunidade, a sua escola,
a sua sala de aula? E, se de tudo você achar que em sua sala de aula não
existe qualquer tipo de discriminação ou preconceito, leia as informações
preparadas especialmente para a sua consulta; dê um tempo, observe
o comportamento de seus alunos a esse respeito e depois reavalie a sua
opinião.
Vamos compartilhar alguns dados interessantes:
2.2.1. Na Grécia antiga tinha-se como certo e definido que todos aqueles
que não pertencessem à sua raça eram classificados como bárbaros. E é de
Heródoto a afirmação que os persas consideravam-se a si mesmos superiores
ao resto da humanidade.
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Média que se deu uma forte discussão a partir do intelectuais ligados à Igreja
Católica Romana a respeito da superioridade, de uma raça sobre a outra,
lançando as fortes bases do racismo moderno.
Muitas pessoas, hoje, devido ao equívoco doutrinário e teológico
cometido por ideólogos e religiosos do passado, inadvertidamente, afirmam
que há racismo na Bíblia. Outro equívoco: o que houve e continua existindo
são as interpretações falsas e equivocadas sobre os textos bíblicos. A seguir,
veremos como os ideólogos e religiosos, a serviço de interesses econômico
e colonialistas da Idade Média, adequaram as afirmações bíblicas aos seu
interesses, tanto assim que estas interpretações não resistiram ao tempo mas
as seqüelas resultantes, estas sim, continuam fortes até os dias atuais
Se você perguntar se havia escravidão na época de Jesus, a resposta é sim.
Inclusive, em alguns dos seus conselhos ele usava a imagem do escravo e do
senhor, mas isto não significava apoio à escravidão como tal. A mensagem
bíblica é radicalmente contra a escravidão e contra o racismo
Para você entender por que o racismo é hoje muito forte, acompanhe
este breve relato da evolução das discussões, debates, produção de ensaios,
tratados, monografias, teses, etc., produzidos desde o século XV, tentando
provar a inferioridade do negro e do índio diante do branco, supostamente
a raça superior. Toda esta produção perdeu a sua validade “doutrinária”
e “científica”, mas as seqüelas permanecem, daí entender porque persiste
ainda hoje a prática do racismo, da discriminação, dos preconceitos. Essas
informações poderão ser usadas à medida de sua necessidade ou conveniência.
Não é nossa função discutir o conteúdo desta produção racista, apenas
mencioná-Ia.
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2.2.4.3. Entre 1550 e 1551, ressurge o debate através do confronto entre dois
padres. De um lado, Frei Juan Ginés de Sepúlveda que, representando a
ideologia colonialista, dizia que os indígenas tinham uma natureza inferior,
sendo viciosa, irracional. Sepúlveda dizia que a relação que existia entre
um espanhol e um índio era a mesma que existia entre um homem e um
macaco. Em outras palavras, ele comparava o índio ao macaco, a um animal
irracional. Com isso, ele queria dizer que os nossos irmãos indígenas do
passado tinham que ser conquistados, “protegidos” e “tutelados”. De outro
lado, estava o Frei Bartolomeu de Las Casas que, demonstrando mais simpatia
pelos indígenas, propôs a substituição destes pelos negros, afirmando serem
estes mais fortes e adaptáveis ao trabalho duro. E a sugestão de Las Casas foi
fielmente seguida pelos conquistadores, incentivados e reforçados pela teoria
de Aristóteles, que afirmava que algumas pessoas nasceram naturalmente
para serem escravas e outras para serem livres:
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TABELA 1
QUALIDADES POSITIVAS
(PREFER¯NCIA POR BRANCOS)
Amigo 76,2%
Simpático 50%
Estudioso 75,3%
Inteligente 81,4%
Bonito 95%
Rico 94,6%
TABELA 2
QUALIDADES NEGATIVAS
(PREFER¯NCIA POR NEGROS)
Burro 82,1%
Feio 90,3%
Porco 84,4%
Grande ladrão 79,6%
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TABELA 3
POSSIBILIDADE DE MOBILIDADE OCUPACIONAL
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A visão do professor
Vera Moreira Figueiras analisa também a postura do professor por ser ele
aquele que transmite, a partir de sua condição de autoridade central na sala
de aula, conceitos que serão absorvidos pelos alunos como conhecimento
científico, conhecimento verdadeiro. Por tal motivo, estudar a formação do
professor, no que toca a sua visão sobre o negro, é crucial para se perceber
em que medida a escola está preparada para lidar com a questão racial.
Foram entrevistados 16 professores, envolvendo diversas especialidades
(matemática, história, português, etc.), atuando em séries e graus de
escolaridade distintos, objetivando avaliar o grau de conhecimento e
opiniões a respeito do negro.
As perguntas dirigiram-se a três áreas:
1) Identificação do preconceito na escola;
2) Atuação do professor frente ao negro e à questão racial;
3) Seus conhecimentos históricos com relação à contribuição
social do negro no Brasil.
Feitas as entrevistas, que tiveram a duração média de 60 minutos, eis o
resultado obtido:
1) O professor reconhece a existência do preconceito racial na escola, seja
entre alunos, de professores em relação aos alunos, ou do corpo administrativo
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Livro Didático
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Vimos até agora como surgiu o racismo, como o mesmo fortaleceu-se a partir
da Idade Média, através da produção de justificativas que tomaram a forma
de tratados, ensaios, teses, etc., procurando justificar a superioridade da raça
branca sobre as não brancas. Verificamos como “o racismo está depositado no
mais fundo da cabeça dos homens” (SANTOS, 1984, p. 35) e este torna-se mais
perigoso na medida em que ele separa as pessoas pertencentes a um mesmo
grupo social. Tendem, os de pretensa raça superior, reduzir os de pretensa raça
inferior a zero, a nada. Reduzem, na prática, a sua humanidade.
Segundo Juan Comas,
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A revista Isto É, de 15 de novembro de 1998, publica recente pesquisa feita por uma equipe de
cientistas chefiada pelo biólogo Alan Templeton, que comparou mais de oito mil amostras genéticas
colhidas aleatoriamente de pessoas em todo o mundo, comprovando, após as análises, que não há
raças entre os humanos porque “as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são
insignificantes.Para que o conceito de raça tivesse validade científica, essas diferenças teriam de ser
muito maiores”. Ou seja, não importam a cor da pele, as feições do rosto, a estatura ou mesmo
a região geográfica de qualquer ser humano... geneticamente somos todos muito semelhantes. O
que esta recentíssima pesquisa comprova? O racismo definitivamente não tem base científica. Ele
continua sendo um fenômeno cultural, infelizmente. E contra ele devemos lutar.
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6.1. Racismo
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Paulette Marquer, em seu livro As Raças Humanas, diz que a palavra raça
vem do italiano razza, que significa família, ou grupo de pessoas. Por outro
lado, continua Marquer, a palavra razza vem do árabe ras, que quer dizer
origem ou descendência (DUNCAN, 1988, p. 15).
Racismo, preconceito e discriminações são temas de veiculação crescente
em nossa imprensa. Com isso, aumentam-se os debates, incentivando a
discussão destes temas dentro e fora da escola.
Já foi o tempo em que a militância tinha que responder à seguinte
pergunta: há racismo no Brasil? A hipocrisia nacional respondia com um
sonoro NÃO. A militância negra e de outras etnias solidárias diziam SIM.
Mas, não bastava dizer SIM, era necessário provar, mostrar evidências. Uma
das áreas mais afetadas pela prática do racismo foi a do trabalho e graças ao
esforço de alguns pesquisadores de nossas universidades, brancos e negros,
levantamentos estatísticos foram feitos, comprovando o alto grau de racismo
praticado na área econômica contra negro.
Quando é que o racismo pode ser interpretado como discriminação,
preconceito, segregação, estereótipo?
Ocorre que a definição e compreensão de cada um
desses termos é essencial para que saibamos identificar
e combater as variadas formas de manifestação de
ideologias que defendem a idéia de hierarquia entre
pessoas (Programa Nacional de Direitos Humanos,
1998, p. 12).
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6.3. Preconceito
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6.4. Discriminação
6.5. Gênero
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6.6. Estereótipos
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REFER¯NCIAS BIBLIOGR˘FICAS
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