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PDF Polícia Civil

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Compreensão e interpretação de textos.

estabelecida, afinal todo autor escreve com a


intenção de ser lido e compreendido. Perceber que
Antes de entrar no mérito, faço uma pergunta: - o existem parágrafos separando ideias que se
que é texto? relacionam já é um bom começo para dominar a
Segundo Platão e Fiorin, “não é leitura de um texto.
amontoando os ingredientes que se prepara uma Uma dica é tentar reconhecer os modos de
receita; assim também não é superpondo frases organização discursiva, tipologia textual. Saber
que se constrói um texto”. as características de um tipo de texto e também de
Resposta: um gênero textual facilita muito a vida de quem
pretende “decifrar” um texto.
Um texto nunca é um emaranhado de
frases. Um texto é um conjunto de frases que Alguns conceitos notáveis, os quais nos
“dialogam” entre si, estabelecendo determinadas auxiliam na melhor apreensão de sentido de um
relações de sentido. Às vezes, um texto pode ser texto: operadores argumentativos e pressupostos
formado por uma só frase, uma só palavra. e subentendidos.
(Lembrem-se das imagens: tiras, charges...). Operadores Argumentativos

Os operadores argumentativos são certos


elementos da língua – normalmente invariáveis,
como advérbio, conjunção, preposição e palavra
denotativa – os quais estabelecem determinadas
relações de sentido e concatenam as ideias dentro
do texto. Servem para introduzir diversos tipos de
argumentos, que, dentre outras funções, apontam
para determinadas inferências. Sem eles, a clareza
O fato é que, em um texto, o todo é o que ou a inteligibilidade de um texto ficaria
importa, e não suas partes, pois frases soltas comprometida.
podem gerar interpretações equivocadas.
Veja estas duas frases e os respectivos
Por isso, o melhor leitor de um texto é comentários acerca delas:
aquele que não se apega a frases soltas dentro
No mundo todo, ainda há pessoas
dele, mas que observa o contexto (o entorno do
sendo exploradas como escravos.
texto). Não há texto que possa ser bem lido e
compreendido sem que se considerem também as Note que o advérbio ainda nos leva a inferir
questões extralinguísticas, as quais cerceiam o (deduzir, concluir) que, antes do momento da
discurso do autor, a saber: sua visão de mundo, declaração, já havia pessoas sendo exploradas
seu contexto histórico e social. como escravos.
Um texto precisa ter textualidade, que é o Embora muitos vivam em lugares sem
conjunto de características que o constituem. Em infraestrutura, a felicidade não os abandona.
outras palavras, ele precisa ter início, meio e fim.
Precisa apresentar certa lógica para que atinja seu Note que a conjunção embora introduz
objetivo. Por exemplo, elementos linguísticos argumento de valor negativo que se contrapõe,
precisam colaborar para que a comunicação seja como ressalva/restrição, ao conteúdo de.

Pressupostos e Subentendidos frase “carregam” informações implícitas. Observe


estas duas frases e os comentários acerca delas:
Esses dois conceitos são importantes para
compreendermos bem um texto, afinal, sempre há A população, manipulada, supõe que o país
informações “implícitas” em um texto, que podem vai progredir com o novo presidente.
ser propositais ou não, facilmente percebidas ou
não. Note que o verbo supor indica que o sujeito
(A população) considera verdadeiro o conteúdo do
Pressupostos objeto direto (o país vai progredir com o novo
presidente.
Segundo Platão e Fiorin, pressupostos “são
ideias não expressas de maneira explícita, que
decorrem logicamente do sentido de certas
palavras ou expressões contidas na frase”.
Trocando em miúdos: algumas palavras dentro da

1
No entanto, podemos facilmente pressupor – Os resultados da pesquisa ainda não chegaram
(informação implícita) que o autor dessa até nós.
declaração não se inclui entre “A população”, ou
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado
seja, ele não supõe que o país vai progredir com o
ou os resultados vão chegar mais tarde.
novo presidente.
– O prefeito está menos popular.

Pressuposto: O prefeito antes era mais popular.


As pessoas que foram atendidas pelo
governo por meio das “bolsas” estão satisfeitas. – Como Paulo atravessou o rio?

Note que a oração destacada é Pressuposto: Paulo atravessou o rio.


subordinada adjetiva restritiva, logo o pressuposto
– Quando você volta a estudar?
é que apenas algumas pessoas foram atendidas
pelo governo e só elas é que estão satisfeitas, isto Pressuposto: Já estudou, não está estudando no
é, nem todas foram atendidas, logo nem todas momento e estudará em algum momento.
estão satisfeitas.

Se a oração fosse adjetiva explicativa, o


pressuposto seria que todas as pessoas foram 3) Certas palavras denotativas Com ideia de
atendidas e, portanto, estão satisfeitas. A respeito inclusão: inclusive, ainda, mesmo, até, também,
da pressuposição, aqui vai uma “dica” importante nem mesmo...
de Rodolfo Ilari, em seu livro Introdução à
– Até as mais eminentes autoridades políticas
semântica – Brincando com a Gramática:
demonstraram sua revolta contra aquele ato
terrorista.

Diz-se que uma informação é pressuposta Pressuposto: Outras pessoas, além das eminentes
quando ela se mantém mesmo que neguemos a autoridades políticas, manifestaram sua revolta.
sentença que a veicula. Se alguém nos disser que
Com ideia de exclusão: apenas, só, somente,
o carro parou de trepidar depois que foi ao
exceto, menos...
mecânico, concluímos que o carro morria antes de
ir ao mecânico; se esse mesmo alguém nos disser – Só servimos champanhe na festa.
que o carro não parou de trepidar apesar de ter ido
ao mecânico, também concluiremos que o carro Pressuposto: Nenhuma outra bebida se serve na
trepidava antes. Sempre que um certo conteúdo festa.
está presente tanto na sentença como em sua
4) Certas formas verbais que indicam mudança ou
negação, dizemos que a sentença pressupõe esse
permanência de estado Conheça: permanecer,
conteúdo.
continuar, tornar-se, virar, vir a ser, ficar, passar
Há milhares de elementos linguís ticos que (a), deixar (de), parar (de), começar (a), principiar
servem de marcadores de pressupostos, mas, para (a), converter-se, transformar-se, ganhar,
facilitar a sua vida no assunto, vejamos os mais perder...
frequentes, segundo Platão e Fiorin:
– Dengue vira risco de epidemia em SP.
1) Certos adjetivos e certos numerais
Pressuposto: A dengue não era risco de epidemia
– O Chevette foi meu primeiro carro. Pressuposto: anteriormente.
Já teve outros carros depois desse.
– João parou de bater na esposa.
– A loja foi vítima de novos furtos. Pressuposto: Já
Pressuposto: João é casado e batia na esposa.
havia sido furtada antes.
– A corrupção no Brasil continua efervescente.
– O Vasco é o último colocado na tabela.
Pressuposto: Há outros times à frente dele. Pressuposto: A corrupção no Brasil já era
efervescente anteriormente.
– As microempresas não recebem crédito dos
bancos para cobrir seus constantes déficits. 5) Certos verbos que indicam um ponto de vista
Pressuposto: As microempresas nunca têm lucro. sobre um fato Conheça: pretender, supor, alegar,
presumir, imaginar...
2) Certos advérbios

2
– Os jornalistas imaginam que nada do que fazem floresta e pela escravização do caboclo amazônico.
e dizem terá consequências. Por isso mesmo foi assassinado, em 22 de
dezembro de 1988, na porta de casa, em Xapuri. O
Pressuposto: Para os jornalistas, o conteúdo do crime, cometido por uma dupla de fazendeiros, foi
complemento de imaginar é verdadeiro, mas, para punido com uma sentença de 19 anos de cadeia
o autor da declaração, é falso. para cada um. Faltava reparar a injustiça cometida
6) Orações adjetivas (explicativas e restritivas) pelos militares.

– “Os índios brasileiros, que abandonaram suas 18 E ela veio na quarta-feira 10, no palco
tradições, estão em fase de extinção.” do Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco, na
forma de uma portaria assinada pelo ministro da
Pressuposto: Todos os índios brasileiros Justiça, Tarso Genro. Antes, porém, realizou-se
abandonaram suas tradições e, por isso, estão em uma sessão de julgamento da Comissão de Anistia,
fase de extinção. cujo resultado foi o reconhecimento, por
unanimidade, da perseguição política sofrida por
– “Os índios brasileiros que abandonaram suas Chico Mendes no início dos anos 80 do século
tradições estão em fase de extinção.” passado. A viúva do líder seringueiro, Izalmar
Gadelha Mendes, vai receber uma pensão vitalícia
Pressuposto: Somente alguns índios brasileiros
de 3 mil reais mensais, além de indenização de
abandonaram suas tradições, e, por isso, nem
337,8 mil reais.
todos estão em fase de extinção.
30 Após assinar a portaria de anistia,
Obs.: O mesmo vale para os adjetivos; nesse caso,
Tarso Genro declarou que o assassinato de Chico
a pontuação muda o sentido: “O brasileiro,
Mendes está diretamente associado à perseguição
orgulhoso, se considera feliz.”
sofrida pelo seringueiro durante a ditadura. “O
Estado brasileiro não soube compreender o que ele
(Pressuposto: Todo brasileiro é orgulhoso.) / “O
(Mendes) representava naquele momento”, disse o
brasileiro orgulhoso se considera feliz.”
ministro. “O Brasil pede perdão a Chico Mendes”,
(Pressuposto: Nem todo brasileiro é orgulhoso.)
afirmou, ao assinar o documento. Acompanhada de
7) Certas conjunções e preposições dois filhos, Izalmar Mendes mostrou-se satisfeita
com o resultado do julgamento. “Era a hora de
– “Quando entrarmos em contato com seres limpar o nome do meu marido. Mais importante do
inteligentes de outros planetas, os presumíveis que a indenização foi o pedido de desculpas feito
mistérios acerca de sua existência serão pelo Estado”, disse a viúva.
esclarecidos.”
44 O caso de Chico Mendes foi relatado pela
Pressuposto: Nunca houve contato com conselheira Sueli Bellato. Emocionada, ela disse ter
extraterrestres ou ainda vai haver contato com lido muito sobre o seringueiro morto para, então,
extraterrestres. encadear os argumentos que a fizeram acatar o
pedido de reconhecimento e indenização interposto
– Apesar de ser mulher, é muito inteligente.
por Izalmar Mendes. Chico Mendes foi vereador em
Pressuposto: Mulher não é inteligente. Xapuri, onde nasceu, e se firmou como crítico de
projetos governamentais de graves consequências
– “Os acidentados foram socorridos num pronto- ambientais, como a construção de estradas na
socorro do INSS, mas saíram de lá sãos e salvos.” região amazônica.

Pressuposto: Os que saem do INSS não saem sãos 55 No relatório, aprovado por
e salvos. unanimidade, a conselheira contou detalhes da
vida de Chico Mendes, da infância pobre nos
Texto I
seringais ao dia em que foi assassinado. Segundo
Reparação duas décadas depois Sueli Bellato, a atuação de Mendes contra grileiros
e latifundiários rendeu, durante a ditadura, um
1 Francisco Alves Mendes Filho ainda não arquivo de 71 páginas redigidas por agentes do
era um mito da luta contra a devastação da antigo Serviço Nacional de Informações (SNI). Foi
Amazônia quando foi preso, em 1981, acusado de por participar de um ato público, em 1980, que
subversão e incitamento à luta de classes no Acre, Chico Mendes passou a ser fichado e perseguido
em plena ditadura militar. Chico Mendes se tornaria pelos militares. Em Rio Branco, o seringueiro fez
mundialmente conhecido, dali para a frente, por um discurso exaltado contra a violência no campo
comandar uma campanha contra a ação de grileiros provocada pelos fazendeiros.
e latifundiários, responsáveis pela destruição da

3
69 Na época, Chico Mendes foi enquadrado 4 – Estaria de acordo com o que estabelece a
na Lei de Segurança Nacional, acusado de prescrição gramatical para textos escritos no nível
“atentado contra a paz, a prosperidade e a formal da linguagem, tais como documentos
harmonia entre as classes sociais”. Preso em oficiais, a substituição da expressão “dali para a
diversas ocasiões, só foi definitivamente absolvido frente” (l.6-7) por dali pra frente.
em 1° de março de 1984, quatro anos depois,
portanto, de iniciadas as perseguições. De acordo 5 – A conjunção “E” (l.18), por ter, no período,
com a conselheira Sueli Bellato, embora o relatório valor adversativo, pode ser substituída pela
não tenha se aprofundado na questão, foi possível conjunção Mas, sem prejuízo para as informações
constatar que Chico Mendes também foi torturado do texto.
enquanto estava sob custódia de policiais federais. 6 – Na linha 23, o vocábulo “cujo” estabelece
Leandro Fortes. Internet: (com relação sintático-semântica entre os termos
adaptações). “resultado” e “Comissão de Anistia”.

1. (Cespe / UnB / IBAMA / Analista Ambiental) 7 – Os termos “portanto” (l. 75) e “enquanto”
(l.79), estabelecem idênticas relações de sentido.
Ainda com base no texto de Leandro Fortes e
considerando aspectos textuais e gramaticais,
julgue os próximos itens.
Questões para sala “Gabarito”
1 – O termo “o documento” (l. 38) refere-se a
1-
“portaria de anistia” (l.30).
2-
2 – A expressão “Na época”, no início do último
parágrafo do texto, refere-se ao período em que 3-
Chico Mendes foi perseguido pela ditadura militar.
4-
3 – Pelas opiniões apresentadas no texto, verifica-
se que o ministro da Justiça e a conselheira 5-
possuem posições opostas no que se refere à
6-
atuação política de Chico Mendes.
7-

4
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. presente (10 mandamentos bíblicos e leis
diversas).
Texto Descritivo
• Essas características são encontradas
A descrição é uma modalidade de em vários gêneros textuais, como horóscopos,
composição textual cujo objetivo é fazer um receitas de bolo, discursos de autoridades,
retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma manual de instruções, livros de autoajuda, leis
pessoa, um animal, um pensamento, um etc.
sentimento, um objeto, um movimento etc.
Características principais: • Marcas de interlocução:

• Os recursos formais mais encontrados Vocativo, verbos e pronomes de 2 a


são os de valor adjetivo (adjetivo, locução pessoa ou 1 a pessoa do plural, perguntas
adjetiva e oração adjetiva), por sua função reflexivas etc.
caracterizadora.
Exemplo: Impedidos do Alistamento
• Há descrição objetiva e subjetiva, Eleitoral (art. 5º do Código Eleitoral)
normalmente numa enumeração.
– Não podem alistar-se (verbo no
• A noção temporal é normalmente imperativo) eleitores: os que não saibam
estática. exprimir-se na língua nacional, e os que estejam
privados, temporária ou definitivamente dos
• Normalmente usam-se verbos de direitos políticos.
ligação para abrir a definição.
Os militares são alistáveis, desde que
• Normalmente aparece dentro de um oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
texto narrativo. subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos
• Os gêneros descritivos mais comuns são das escolas militares de ensino superior para
estes: manual, anúncio, propaganda, relatórios, formação de oficiais.
biografia, tutorial. Seção IV – Da Contingência na Votação –
Exemplo: Era uma casa (objeto da Art. 58. Na hipótese de falha na urna, em
descrição) muito engraçada (adjetivo descritivo qualquer momento da votação, o presidente da
subjetivo) Não tinha teto*, não tinha nada* mesa receptora de votos, à vista dos fiscais
Ninguém podia entrar nela, não Porque na casa presentes, deverá (verbo no futuro com tom
não tinha chão* Ninguém podia dormir na rede imperativo) desligar e religar a urna, digitando o
Porque na casa não tinha parede* Ninguém podia código de reinício da votação.
fazer pipi Porque penico não tinha ali* Mas era Texto Dialogal
feita com muito esmero Na rua dos bobos,
número zero (Vinícius de Moraes) O texto dialogal (ou diálogo, ou
dialogismo) normalmente aparece dentro de um
* Note que este texto, escrito em versos, texto predominantemente narrativo para
é narrativo, mas dentro da narração há a materializar o intercâmbio entre personagens (a
descrição, que apresenta predicados verbais com interlocução), que vão apresentando a história
função objetivamente caracterizadora de um através da conversa; presente no gênero
objeto (a casa): Não tinha teto, não tinha nada, dramático (peças de teatro).
não tinha chão, não tinha parede, penico não
tinha ali. Características principais:

Texto Injuntivo • Na organização gráfica, é normal o uso


de pontuação (travessões ou aspas) para indicar
A injunção indica como realizar uma ação, as falas das personagens (iniciadas por letra
aconselha, impõe, instrui o interlocutor. Chamado maiúscula), antecipada por verbo dicendi (verbo
também de texto instrucional, o tipo de texto elocutivo) e dois-pontos; resumindo: discurso
injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos direto.
e comportamentos, nas leis jurídicas.
Características principais: • Pode conter marcas da linguagem oral,
como pausas e retomadas.
• Normalmente apresenta frases curtas e
objetivas, com verbos de comando, com tom • Marcadores conversacionais: então, ora
imperativo; há também o uso do futuro do pois, pois é, bem, mas vá lá, diz lá, pronto, assim
assim, e tal, não pode ser, não me digas, tipo,

5
que tal?, não é (né)?, não é verdade?, não é frequente nas provas de concursos! – apresenta
assim?, não achas?, como assim?, que te posicionamentos pessoais e exposição de ideias
parece?, e tu?, como assim?, diz quem? etc. apresentadas de forma lógica. Com razoável grau
de objetividade, clareza, respeito pelo registro
Exemplo: Uma senhora entra em uma formal da língua e coerência, seu intuito é a
concessionária de carros famosos. Ela olha ao defesa de um ponto de vista que convença o
redor, acha o carro perfeito e começa a examiná- interlocutor (leitor ou ouvinte). Características
lo. Ao inclinar-se para ver se tinha revestimento principais:
de couro, deixa escapar um sonoro pum.
• Presença de estrutura básica
Muito envergonhada, ela nervosamente (introdução, desenvolvimento e conclusão): ideia
dá uma olhada para ver se alguém notou o principal do texto (tese); argumentos
pequeno incidente... Porém, ao virar-se, dá de (estratégias argumentativas: causa-efeito, dados
cara com um vendedor que já estava atrás dela, estatísticos, testemunho de autoridade, citações,
que diz (com a maior cara dura): – Bom dia, confronto, comparação, fato exemplo,
senhora. Como posso ajudá-la hoje? (discurso enumeração...); conclusão (síntese dos pontos
direto) Muito sem graça, ela pergunta: – Por principais com sugestão/solução).
favor, qual o preço deste adorável veículo?
(discurso direto) O vendedor responde: – A • Principais gêneros textuais em que se
senhora me perdoe a sinceridade, mas se a observam características desse tipo de texto:
senhora peidou somente ao vê-lo, vai se cagar redação de concursos, artigos de opinião, cartas
toda quando souber o preço. (discurso direto) de leitor, discursos de defesa/acusação,
resenhas...
Texto Dissertativo
• Utiliza verbos na 1 a pessoa
Antes de mais nada, o texto dissertativo (normalmente nas argumentações informais) e
pode ser expositivo ou argumentativo. na 3 a pessoa do presente do indicativo
Dissertação Expositiva Este tipo de texto é (normalmente nas argumentações formais) para
caracterizado por esclarecer um assunto de imprimir uma atemporalidade e um caráter de
maneira atemporal com o objetivo de explicá-lo verdade ao que está sendo dito.
de maneira clara, sem intenção de convencer o
leitor ou criar debate. Características principais: • Constitui-se de linguagem cuidada,
com estruturas lexicais e sintáticas claras,
• Apresenta introdução, desenvolvimento simples e adequadas ao registro culto.
e conclusão.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais,
• O objetivo não é persuadir, mas com certas modalizações discursivas (indicando
meramente explicar, informar. noções de possibilidade, certeza ou
• Normalmente a marca da dissertação é probabilidade) em vez de juízos de valor ou
o verbo no presente. sentimentos exaltados.

• Amplia-se a ideia central, mas sem • Há um cuidado com a progressão


subjetividade ou defesa de ponto de vista. temática, isto é, com o desenvolvimento coerente
da ideia principal, evitando-se rodeios.
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
Exemplo: O texto dissertativo consiste na • Às vezes, usam-se elementos de
ampliação, na discussão, no questionamento, na primeira pessoa como recurso retórico para
reflexão, na polemização, no debate, na envolver o leitor no pensamento do autor do
expressão de um ponto de vista, na explicação a texto.
respeito de um determinado tema. • Os verbos normalmente se encontram
(introdução) Existem dois tipos de dissertação no presente do indicativo ou no futuro do
bem conhecidos: a dissertação expositiva (ou presente.
informativa) e a argumentativa (ou opinativa). Exemplo de texto dissertivo-
(desenvolvimento) Portanto, pode-se dissertar argumentativo:
simplesmente explicando um assunto, A maioria dos problemas existentes em
imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente. um país em desenvolvimento, como o nosso,
(conclusão) Note os verbos no presente: consiste, podem ser resolvidos com uma eficiente
existem, pode-se dissertar. Dissertação administração política (tese), porque a força
Argumentativa Este tipo de texto – muito governamental certamente se sobrepõe a

6
poderes paralelos, os quais – por negligência de se priva a sociedade do direito à informação.
nossos representantes – vêm aterrorizando as (Veja, 26 ago.2009.)
grandes metrópoles (tópico frasal: todo este
período). 1. (FGV / MEC / Documentador) Os dois adjetivos
que são adequados ao texto lido são:
Isso ficou claro no confronto entre a força
militar do RJ e os traficantes, o que comprovou a) informativo e narrativo;
uma verdade simples: se for do desejo dos b) narrativo e normativo;
políticos uma mudança radical visando o bem-
estar da população, isso é plenamente possível c) normativo e descritivo;
(estratégia argumentativa: fato-exemplo).
d) descritivo e argumentativo;
É importante salientar, portanto, que não
devemos ficar de mãos atadas à espera de uma e) argumentativo e informativo.
atitude do governo só quando o caos se
estabelece; o povo tem e sempre terá de
colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Gabarito:

Note que a maior parte dos verbos estão 1 - E O texto lido deve ser caracterizado como
no presente do indicativo, o que imprime um ‘argumentativo/informativo’. Podemos observar
caráter de verdade ao texto. Isso influencia o no texto trechos de caráter informativo como, por
leitor (ou ouvinte) a aceitar o ponto de vista exemplo, “Um relatório da Associação Nacional de
exposto. Jornais (ANJ) revelou que, nos últimos doze
meses, foram registrados no Brasil 31 casos de
Note também que há um
violação à liberdade de imprensa. Destes,
desenvolvimento coerente das ideias ao longo do
dezesseis são decorrentes de sentença judicial –
texto, as quais se centram na tese.
em geral, proferida por juízes de primeira
Por fim, a linguagem polida com estratégia de instância. Trata-se de uma anomalia e de uma
argumentação consistente tornam o texto bem temeridade” e trechos de caráter argumentativo:
persuasivo, afinal, a intenção de um texto “Trata-se de uma anomalia e de uma temeridade.
dissertativo argumentativo é sempre conduzir Anomalia porque há muito o Judiciário tem
alguém a aceitar um ponto de vista. mostrado seu compromisso com a defesa da
liberdade de imprensa e do livre pensamento, que
é princípio fundamental dos regimes
democráticos e cláusula pétrea da Constituição.”
Estudo de textos

Atentado à Democracia Um relatório da


Associação Nacional de Jornais (ANJ) revelou que, Para sala
nos últimos doze meses, foram registrados no
Brasil 31 casos de violação à liberdade de (PRF – 2019)
imprensa. Destes, dezesseis são decorrentes de
O nome é o nosso rosto na multidão de
sentença judicial – em geral, proferida por juízes
palavras. Delineia os traços da imagem que
de primeira instância. Trata-se de uma anomalia
fazem de nós, embora não do que somos (no
e de uma temeridade. Anomalia porque há muito
íntimo). Alguns escondem seus donos, outros
o Judiciário tem mostrado seu compromisso com
lhes põem nos olhos um azul que não possuem.
a defesa da liberdade de imprensa e do livre
Raramente coincidem, nome e pessoa. Também
pensamento, que é princípio fundamental dos
há rostos quase idênticos, e os nomes de quem
regimes democráticos e cláusula pétrea da
os leva (pela vida afora) são completamente
Constituição. A derrubada, pelo Supremo Tribunal
díspares, nenhuma letra se igualando a outra.
Federal, da Lei de Imprensa, instrumento de
intimidação criado no regime militar, é só um O do autor deste texto é um nome
exemplo recente dessa convicção. Assim, um juiz simples, apostólico, advindo do avô. No entanto,
que, de forma monocrática, decide impor a o sobrenome, pelo qual passou a ser reconhecido,
censura a um veículo passa a constituir uma é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma
aberração dentro do poder que ele representa. A combinação incomum de nome e sobrenome,
frequência com que esse tipo de atitude tem se difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que
repetido é uma ameaça aos valores democráticos um surgiu, quando ele andava pelos vinte anos.
do país e tem como consequência prática e E continua, ao seu lado, até agora — sombra
deletéria o prejuízo do interesse público, já que amiga.

7
Impossível não existir aqui ou ali alguma Regra de Acentuação para Proparoxítonas
confusão entre eles, um episódio obscuro que,
logo, viria às claras com a real justificativa: esse Todas são acentuadas. Esta regra prevalece
não sou eu. Houve o caso da mulher que sobre outras.
telefonou para ele, esmagando-o com Ex.: álcool, réquiem, máscara, zênite, álibi,
impropérios por uma crítica feita no jornal pelo plêiade, náufrago, duúnviro, seriíssimo...
outro, sobre um célebre arquiteto, de quem ela
era secretária. João Anzanello Carrascoza. Regra de Acentuação para Paroxítonas
Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed.
digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com Acentuam-se as terminadas em ditongo
adaptações) crescente ou decrescente (seguido ou não de s),
- ão(s) e -ã(s), tritongo e qualquer outra
2. (PRF – CEBRASPE) Infere-se que o autor do terminação (l, n, um, r, ns, x, i, is, us, ps), exceto
texto é espanhol. as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

Gabarito: ______ Bizu RINLUXÃO, UNS, UM, PS E DITONGO


(Fragmento PRF – 2019) Ex.: história, cáries, jóquei(s); órgão(s), órfã,
“Não consigo pensar em um cargo público ímãs; águam, enxáguem; fácil, glúten, fórum,
mais empolgante que o desse homem. Claro que caráter, prótons, tórax, júri, lápis, vírus, fórceps.
o cargo, se existia, já foi extinto, e o homem da
Regra de Acentuação para Oxítonas Acentuam-se
luz já deve ter se transferido para o mundo das
trevas eternas.” as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).
Ex.: sofá(s), axé(s)*, bongô(s), vintém(éns)...
3. (PRF – CEBRASPE) É correto inferir do trecho
“o homem da luz já deve ter se transferido para Reitero: Quando se vai acentuar um verbo
o mundo das trevas eternas” que provavelmente oxítono, ignoram-se os pronomes oblíquos átonos
o funcionário responsável pelo acionamento da ligados a ele. Ex.: comprá-las, revê-lo, mantém-
iluminação urbana já morreu. no... (oxítonas terminadas, respectivamente, em
-a, -e e -em).
Gabarito: _______

(PF – 2018) Fragmento de texto

Imagine uma operação de busca na selva. Regra de Acentuação para os Hiatos Tônicos
Sem mapas, binóculos ou apoio logístico;
somente com um facão. Assim eram feitas as (I e U) Acentuam-se com acento agudo as vogais
operações de combate à pornografia infantil pela I e U tônicas (segunda vogal do hiato!), isoladas
Polícia Federal até o dia em que peritos criminais ou seguidas de S na mesma sílaba, quando
federais desenvolveram, no estado de Mato formam hiatos.
Grosso do Sul, o Nudetective.
Ex.: sa-ú-de, sa-í-da, ba-la-ús-tre, fa-ís-ca, ba-
O programa executa em minutos uma ú(s), a-ça-í(s)...
busca que poderia levar meses, encontrando todo
o conteúdo pornográfico de pedofilia em
computadores, pendrives, smartphones e demais
mídias de armazenamento.” Cuidado!!!

4. (PF – CEBRASPE) O primeiro parágrafo do


texto informa que, antes da criação do
Nudetective, a Polícia Federal não dispunha de 1) As palavras raiz e juiz, erradamente
dispositivos tecnológicos para a investigação de acentuadas por muitos, não têm acento, porque
crimes de pedofilia na Internet. o I no hiato tônico vem seguido de Z, e não de S:
ra-iz e ju-iz.
Gabarito _____
2) Os hiatos em I seguidos de NH na sílaba
Emprego da acentuação gráfica. seguinte não deverão ser acentuados: ra-i-nha,
ta-bu-i-nha, la-da-i-nha, cam-pa-i-nha...
Regra de Acentuação para Monossílabas
Tônicas 3) Quando há hiato I-I e U-U, não se pode
Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), - acentuar (salvo os proparoxítonos): xi-i-ta, va-
o(s). dii-ce, su-cu-u-ba... (i-í-di-che, ne-ces-sa-ri-ís-
si-mo, du-ún-vi-ro...)
Ex.: má(s), trás, pé(s), mês, só(s), pôs...

8
4) Depois de ditongos decrescentes, nas palavras As palavras “ônibus” e “invioláveis” são
oxítonas, o I e o U são acentuados normalmente: acentuadas de acordo com a mesma regra de
Pi-au-í, tui-ui-ú(s)... acentuação gráfica.

5) Segundo a nova ortografia, nas palavras ( ) CERTO ( ) ERRADO


paroxítonas, o I e o U não recebem acento depois
3. (Cebraspe - Analista Judiciário) Os vocábulos
de ditongo decrescente: feiura, bocaiuva, baiuca,
“analítica” e “teríamos” recebem acento gráfico
Sauipe... Todavia, se o ditongo for crescente, o
com base na mesma regra de acentuação. ( )
acento é usado: Guaíra, Guaíba, suaíli... (alguns
CERTO ( ) ERRADO
dicionários separam suaíli assim: su-a-í-li).
4. (Cebraspe - TJ/ES – Cargos de nível superior)
6) Em verbos seguidos de pronomes oblíquos
Os vocábulos “países” e “áreas” são acentuados
átonos, a regra dos hiatos continua valendo
de acordo com a mesma regra de acentuação
(ignore os pronomes e siga a regra): atribuí-lo (a-
gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO
tri-bu-Í), distribuí-lo (dis-tri-bu-Í)...
5. (Cebraspe – PC/ES – Delegado de Polícia) Os
vocábulos “público” e “caótico”, que foram
Regra de Acentuação para os Ditongos Abertos empregados no texto como adjetivos, obedecem
à mesma regra de acentuação gráfica. ( ) CERTO
Acentuam-se os ditongos abertos ÉI, ÉU, ÓI, ( ) ERRADO
seguidos ou não de S. Ex.: céu, méis, Góis,
coronéis, troféu(s), herói(s), Méier, destróier, 6. (Cebraspe - PC/ES – Escrivão de Polícia) Os
aracnóideo... Cuidado!!! vocábulos “espécies”, “difíceis” e “históricas” são
acentuados de acordo com a mesma regra de
1) Segundo a nova ortografia, nas palavras acentuação gráfica. ( ) CERTO ( ) ERRADO
paroxítonas com ditongos abertos, não há acento
7. (Cebraspe – PM/Al) O emprego do acento
gráfico: ideia, Coreia, estreia, jiboia, paranoia,
sequoia...; as únicas exceções são: Méier e gráfico nas palavras “Dói”, “só” e “nós” justifica-
se pela mesma regra de acentuação.
destróier, pois seguem a regra das paroxítonas
terminadas em -r. Gabarito:
2) A-rac-nói-de-o é palavra proparoxítona. 1- certo
3) Nunca é demais dizer que a pronúncia das 2 - errado
palavras não mudou, só a grafia. Logo, palavras
como ideia, heroico etc., mesmo sem acento, 3- certo
continuam com timbre aberto.
4- errado
4) Só de curiosidade: a abreviação de Leonardo
(Leo) não recebe acento agudo, porém o que 5- certo
mais vemos é o acento (Léo), não é mesmo? O 6- errado
fato é que nenhuma regra justifica o acento
agudo nesta abreviação. O certo é Leo. Ponto. 7- errado
Regra de Acentuação para os Hiatos EEM e OO
Não se acentuam mais os hiatos O-O e E-EM (nos
verbos crer, dar, ler, ver e derivados). Ex.: en-jo-
o, vo-o, cre-em, des-cre-em, de-em, re-le-em,
ve-em, pre-ve-em...

Questões

1. (Cebraspe – Instituto Rio Branco – Diplomata)

As palavras “líderes”, “empréstimo”, “Econômico”


e “públicas” recebem acento gráfico com base na
mesma justificativa gramatical.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (Cebraspe- Correios)

9
Domínio dos mecanismos de coesão textual. – ou: conjunção que introduz uma oração
coordenada à outra, estabelecendo uma relação
Emprego de elementos de referenciação,
de disjunção, exclusão; note a elipse do verbo na
substituição e repetição, de conectores e outros
oração anterior (... ou não nasce...).
elementos de sequenciação textual.
– mas: conjunção que introduz uma oração
Coesão é a ligação entre as partes do texto coordenada à outra, estabelecendo uma relação
(palavras, expressões, frases, parágrafos) por de oposição; note a elipse do verbo na oração
meio de determinados elementos linguísticos. anterior (... mas nunca nasce...)
Com ela, fica mais fácil ler e compreender um
texto. – Às vezes: locução adverbial que situa um fato
vago no tempo e introduz um argumento que se
Veja um exemplo de texto coeso: contrapõe ao seguinte.
Último Recurso Clarice Lispector – outras vezes: locução adverbial que situa um
Quando fazemos tudo para que nos amem e fato vago no tempo e introduz um argumento que
não conseguimos, resta-nos um último recurso: se contrapõe ao anterior.
não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não – quem: pronome interrogativo/indefinido
obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que de valor dêitico, pois refere-se a algo fora do
havíamos solicitado, melhor será desistirmos e texto.
procurar mais adiante os sentimentos que nos
negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor – Assim: conjunção que introduz um período que
nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por estabelece uma relação de conclusão (desfecho)
força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se com tudo o que se disse antes no texto.
demais, nada se consegue; outras vezes, nada
damos e o amor se rende aos nossos pés. Os – para: preposição que introduz uma oração
sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca subordinada a outra, estabelecendo uma relação
foram uma caridade mendigada, uma compaixão de finalidade.
ou um favor concedido. Quase sempre amamos a – um: numeral de valor catafórico, pois antecipa
quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor o que será dito, referindo-se a algo posterior.
nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito
tudo para conseguir um amor, e falhado, resta- – O: pronome demonstrativo de valor anafórico,
nos um só caminho... o de mais nada fazer. pois retoma o substantivo caminho.
Comentários sobre a função textual dos Afinal, qual é a diferença entre coesão e
elementos coesivos destacados, na sequência: coerência?” A resposta é muito simples, e o
melhor a responder isso é o mestre Bechara:
- Quando: conjunção que introduz uma oração
Coerência é a relação semântica que se
subordinada à outra, estabelecendo uma relação
estabelece entre as diversas partes do texto,
temporal.
criando uma unidade de sentido. Está ligada ao
– para que: conjunção que introduz uma oração entendimento, à possibilidade de interpretação
subordinada à outra, estabelecendo uma relação daquilo que se ouve ou lê. Enquanto a coesão está
de finalidade. para os elementos conectores de ideias no texto,
a coerência está para a harmonia interna do
– e: conjunção que introduz uma oração texto, o sentido.
coordenada à outra, estabelecendo uma relação
de oposição, equivalendo a “mas”. Coesão Referencial

– último recurso: expressão substantiva de valor Exceto a interjeição, as demais classes


catafórico, pois antecipa o que será dito, gramaticais colaboram para a construção de um
referindo-se a algo posterior. texto coeso. A coesão referencial ocorre quando
usamos as classes gramaticais para recuperar
– Por isso: locução conjuntiva que introduz um certos termos dentro do texto. O objetivo disso é
período o qual retoma a ideia do período anterior, evitar a repetição enfadonha, tornando o discurso
estabelecendo uma relação de conclusão. mais fluido, mais dinâmico. Tecnicamente
falando, se um elemento tem como referente um
– que: pronome relativo retomando, por sua termo anterior, dizemos que ele apresenta valor
natureza anafórica, “o amor, o afeto ou a anafórico. Por outro lado, se um elemento tem
ternura”. – pois: conjunção que introduz uma como referente um termo posterior, dizemos que
oração coordenada à outra, estabelecendo uma ele apresenta valor catafórico. Logo, a coesão
relação de explicação.

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referencial trata de termos que substituem – “A participação das mulheres no Congresso
outros. norte-americano ainda é considerada baixa
(cerca de 17%), mas o resultado no Senado
1) Substantivos ou expressões substantivas comprova um aumento sistemático da
– A resignação normalmente se enquadra no participação delas na tomada de decisões.” (José
grupo de sentimentos próprios de pessoas fracas. Antonio Lima)
No entanto, nem toda submissão deve ser mal
interpretada. (sinônimos)
5) Advérbios
– Celso Cunha é bem conhecido entre os
“concurseiros”. Até hoje, a obra desse – O Brasil e os Estados Unidos são países que
gramático tem grande prestígio. (hipônimo- conservam um certo grau de preconceito. Mas lá
hiperônimo) chega a ser pior que aqui.

– Estão circulando alguns boatos a respeito da – É assim que quero morrer: na minha cama,
premiação de um ator brasileiro na próxima festa num sono profundo.
do Oscar. Rodrigo Santoro realmente pode
conseguir seu lugar ao sol. (hiperônimo- Coesão Sequencial Ocorre quando se usam
hipônimo) conjunções, locuções conjuntivas, preposições,
locuções prepositivas ou pronomes relativos que
– Jesus Cristo, após sua morte, continuou sendo normalmente conectam orações dentro do texto,
alvo de ataques. Alguns céticos até hoje duvidam dando sequência à leitura, estabelecendo
da existência do Salvador e dos milagres determinadas relações de sentido e concatenando
atribuídos a ele. (antonomásia) as ideias dentro dele.

– As chaminés estão com os dias contados. O Coesão Recorrencial Ocorre quando se usa a
governo aprovou finalmente critérios rígidos para repetição (reiteração) de vocábulos, o
as indústrias produtoras de gases nocivos ao paralelismo sintático (repetição de estrutura
meio ambiente. (metonímia) sintática semelhante) e a paráfrase (repetição de
conteúdo semântico semelhante, introduzido por
2) Elipse ou seja, isto é, quer dizer...)
– Os verdadeiros mestres prezam a excelência no – “Uma em cada sete pessoas no mundo vai para
ensino e assistem os alunos da melhor maneira a cama com fome, na maioria mulheres e
possível. Evita-se a repetição do sujeito por meio crianças”, disse a diretora da representação do
da elipse: “... (verdadeiros mestres) assistem os PAM em Genebra (Suíça), Lauren Landis, no
alunos...”. seminário intitulado Lutar Juntos Contra a Fome.
3) Adjetivos “A fome mata anualmente mais pessoas do que o
– Relacionadas ao tabaco, dói imaginar que o vírus que transmite a Aids, a malária e a
Brasil tenha gastado 0,5% do Produto Interno tuberculose”, acrescentou. (repetição enfática)
Bruto (PIB) em 2011 para tratar doenças – cerca - Bom mesmo é passar no concurso, ganhar bem
de 20 bilhões de reais. Note que o adjetivo e ser feliz. (paralelismo)
relacionadas faz referência a doenças.
– Ela não compareceu à prova, ou seja, perdeu a
4) Pronomes Todos os seis tipos (pessoal, chance. (paráfrase)
possessivo, indefinido, interrogativo,
demonstrativo e relativo) Questão

Colaboram com a referenciação, seja anafórica, Veja esta questão: Questão 1 (FUNRIO – MPOG –
seja catafórica. Analista Administrativo – 2009)

– “Se o diretor é uma espécie de CEO (diretor- A coerência textual se constrói de muitas
executivo) na escola, é necessário que ele maneiras. Uma delas é aquela que respeita as leis
desenvolva habilidades de liderança.” (Irma da sucessividade dos eventos ou apresenta uma
Zardoya) compatibilidade entre os enunciados do texto, do
ponto de vista da localização no tempo. Nesse
– “Ou o sistema muda de bom grado, ou as caso, temos o que se chama de coerência
“quebradeiras” e as multidões tomando as ruas temporal.
vão obrigá-lo a mudar!”

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Qual dos trechos abaixo apresenta qualidade e crescente complexidade. Para fazer
incoerência, pois os enunciados são incompatíveis frente a essas demandas, o dimensionamento
do ponto de vista da temporalização? adequado da força de trabalho no setor público é
condição necessária, mas não suficiente. Elas
a) Antes do jogo, a torcida cantou músicas que requerem que o Estado atente também para a
saudavam o seu time. Com a derrota por goleada, qualificação de uma força de trabalho às voltas
o coro da arquibancada só servia para execrar os com questões cada vez mais complicadas (...)”
jogadores e os dirigentes – responsabilizados por
mais aquele fracasso. 3. (Cebaspe/MP) No desenvolvimento da
argumentação do texto, o pronome “Elas” retoma
b) Enquanto alguns povos se vangloriam dos “demandas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO
feitos de seus antepassados e não se preparam
para o futuro, aos povos que não têm grande Gabarito:
tradição só resta buscar a organização de sua
sociedade. 1- Certo

c) Quando a professora entrou, o menino já tinha 2- Certo


posto o sapo na bolsa de seu colega e estava 3- Certo
sentado tranquilamente no seu lugar. A mestra
pegou-o em flagrante, bem no instante em que Emprego/correlação de tempos e modos verbais.
ele colocava o sapo na bolsa do colega.
MODOS VERBAIS
d) A moça escolheu minuciosamente os grãos de
feijão e de arroz e só depois disso colocou-os na • Há três modos verbais: o indicativo, o
panela e no fogo, pois sabia que no dia seguinte subjuntivo e o imperativo.
não teria tempo para fazer esse serviço.
O indicativo é usado quando se toma como real
e) Durante o temporal que caiu na semana ou verdadeiro aquilo que se fala ou se escreve.
passada na cidade onde eu nasci, vi muita gente
• Ex. Sempre chove nesta época do ano.
comprando guarda-chuvas e capas protetoras,
pois tudo aconteceu muito repentinamente. • O subjuntivo subjuntivo é usado quando se
toma como provável, provável, duvidoso ou
Comentário: O gabarito é a letra C, pois, se ele já hipotético o conteúdo daquilo que se fala ou se
tinha posto o sapo na bolsa antes de ela entrar, escreve.
não faz sentido algum dizer que ela o pegou no
momento em que ele fazia isso • Ex. Espero que ele mereça confiança.

• O imperativo é usado quando se ordena ou se


expressa pedido.
Questão
• Ex. Não esqueça de incluir minhas anotações.
“Na era das redes sociais, algumas formas de
comunicação arcaicas ainda dão resultado. O TEMPOS VERBAIS
canadense Harold Hackett que o diga. (...)”
• Situam a ação no tempo, ou seja, se ela ocorre
1. (Cebraspe/UnB – MPE/PI) Na expressão “que o no momento em que se fala ou se escreve ou em
diga”, o termo “o” refere-se à ideia expressa no um momento anterior ou posterior a este.
período anterior. ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Existem três tempos básicos: presente,
pretérito e futuro.

“O seu método é simples. Harold utiliza garrafas Presente do Indicativo


de suco de laranja e se certifica de que as
• Exprime processos verbais que se desenvolvem
mensagens estão com data. Antes de enviá-las,
simultaneamente ao momento em que se fala ou
checa o sentido dos ventos... (...)”
se escreve.
2. A forma pronominal “las”, em “enviá-las”, pode
• Ex. Sinto -me bem agora.
fazer referência tanto ao termo “garrafas” quanto
ao termo “mensagens”. ( ) CERTO ( ) ERRADO • Também exprime:
“O aumento da população, o crescimento a) Processos habituais: Nesta casa, todos
econômico e a sofisticação das relações sociais acordam cedo.
requerem mais serviços públicos, de maior

12
b) Narração de fatos passados: • Ex . Viajarei nas próximas férias. • Também
exprime:
Janeiro de 85: o povo toma conta das ruas para
comemorar o fim da ditadura. • A) Suavização do Imperativo: Honrarás pai e
mãe.
c) Fato futuro de realização considerada certa:
Volto já. • B) Dúvida ou incerteza em relação aos fatos do
momento presente: Esta cidade terá atualmente
d) Suavização do imperativo: Vê se te comportas 200 mil habitantes.
direito.
• C) Possibilidade de realização de processos que
Pretérito Perfeito do Indicativo julgamos prováveis, quando se relacionam ao
• Exprime os processos verbais concluídos e futuro do subjuntivo (expressão de condição):
localizados num momento definido do passado. Se me oferecerem o cargo, aceitarei.
• Ex. Naquele momento, não pensei em nada e Presente do Subjuntivo
agi impulsivamente.
• Exprime processos que se desenvolvem no
• Também exprime: momento da fala ou da escrita.
• A) Quando composto, processos que se • Ex. Pena que a vida seja tão difícil para muitos.
prolongam ou se repetem até o presente.
• Também exprime:
• Ex. Tenho lutado pelas ideias em que acredito.
• Tenho lutado = lutei Pretérito Imperfeito • A) Fatos ainda não realizados no momento em
que se fala ou se escreve.
• Transmite uma ideia de continuidade, de
processo não-concluído; indica o que, no • Ex. É possível que ela compareça amanhã às
passado, era contínuo e frequente. aulas.

• Ex. Todos os dias, fazia ginástica. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

• Também exprime: • Exprime processos de limites imprecisos,


anteriores ao momento em que se fala ou se
• a) Processo que estava em andamento quando escreve.
da ocorrência de outro; O dia clareava, quando
chegamos à cidade. • Ex. Chovesse ou não, eu corria todas as
manhãs.
• B) Coloquialmente, no lugar do futuro do
pretérito, para denotar cortesia: Queria pedir-lhe Futuro do Subjuntivo
um favor.
• Indica possibilidades ainda não realizadas no
Pretérito Mais-que-Perfeito momento em que se fala ou se escreve.

• Exprime processo que ocorreu antes de outro • Ex. Quando puder, irei visitá-la. Formas
processo passado. Nominais do Verbo

• Ex. Quando abri a porta, percebi que alguém • Assim são chamadas, porque, quando o verbo
invadira (tinha/havia invadido) a sala e remexera está flexionado em uma das formais nominais, ele
(tinha /havia remexido) tudo. poderá tanto funcionar como verbo quanto como
nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
• OBS. O uso da forma composta é mais comum.
• Ex. Ela havia partido o bolo. (verbo)
• Dificuldade do uso do Mais-que-perfeito:
perfeito em seu lugar. (Eu pensava em ir para • Ela ficou com o coração partido. (adjetivo)
casa, pois, no ano anterior tive aula e não pude
ir. (pudera) Infinitivo

Futuro do Presente • Exprime o processo verbal em si mesmo; é a


forma pela qual se nomeiam os verbos; não
• Exprime processos certos ou prováveis que apresenta noção de tempo ou modo.
ainda não se realizaram no momento em que se
fala ou se escreve. • Ex. Alimentar-se dignamente é um direito de
todos.

13
• OBS. É comum a sua substantivação pelo componentes tidos como obrigatórios quando se
artigo. planeja livrar a cidade das toneladas de lixo
geradas diariamente. Elas se transformam em
• Ex. O meu querer preenchia a tua ausência. montanhas enormes, onde se misturam restos de
alimentos com materiais que poderiam ter novas
GERÚNDIO Desempenha a função de advérbio; é
utilizações, levando a um novo ciclo econômico.
usado nas locuções verbais e nas orações
Disso resultaria a oferta de oportunidades de
reduzidas; indica um processo complexo ou
trabalho, renda e dignidade para uma
prolongado; indica também circunstância de
significativa parcela da população local.
modo.
O emprego do futuro do pretérito em “seria” e
Ex.: Estou lendo o livro que você comprou.
“resultaria” indica a possibilidade de realização,
Chorando muito, o menino abraçou-se ao pai.
no futuro, das noções expressas por essas formas
OBS. Pode ocorrer em frases com função verbais. ( ) Certo ( ) Errado
adjetiva.
4- (CESPE / MRE) A Organização dos Estados
Ex. Vi as crianças brincando. (que brincavam) Americanos (OEA) naufraga em um mar de
alternativas regionais, cujo acento maior é a
PARTICÍPIO exclusão dos EUA. É o caso da proposta de uma
nova organização de países da América Latina e
• Funciona como adjetivo; é usado nas locuções
Caribe, que se junta a outras iniciativas do
verbais e nas orações reduzidas.
mesmo teor, como o Grupo do Rio e a UNASUL.
• Ex. O problema será resolvido até sexta-feira. O poder de Washington já fora avisado por
instituições acadêmicas norte-americanas de que
• Calado num canto, observava-nos. a OEA corre o risco de perder vigência. Seria a
quebra do mais importante elo da cadeia de ações
• Teve papel destacado nas audiências.
coletivas envolvendo América Latina e EUA, com
Questões de modos e tempos verbais a predominância histórica dos norte-americanos.
A forma verbal “Seria” está no futuro do pretérito
1- (CESPE / UNB) Há algo que une técnicos e e indica uma ação que provavelmente poderia ter
humanistas. Ambos se creem marcados por um acontecido no passado. ( ) Certo ( ) Errado
fator distintivo, inerente a seus cérebros: o dom
5- (Cebraspe / IBAMA ) Foi por participar de um
da inteligência, que os apartaria do trabalhador
ato público, em 1980, que Chico Mendes passou
manual ou mecânico. Gramsci percebe nessa
a ser fichado e perseguido pelos militares. O
crença um ranço ideológico da divisão do
verbo “participar” está empregado, no período,
trabalho: A forma verbal “apartaria” está
como termo substantivo. ( ) Certo ( ) Errado
flexionada no futuro do pretérito porque denota
uma ação que compõe uma hipótese, uma 6 – (Cebraspe ANALISTA) Talvez possamos
suposição. ( ) certo ( ) errado escapar das cobranças sendo mais naturais,
cumprindo deveres reais.
2- (CESPE/TSE) A governabilidade só existe
verdadeiramente com uma oposição atuante, que A ideia de suposição ou hipótese seria retirada do
sinalize os problemas existentes e discuta os texto, mas a coerência entre os argumentos e a
seus encaminhamentos. correção gramatical seriam mantidas se, em lugar
do subjuntivo, fosse usado o modo indicativo em
O emprego do subjuntivo em “sinalize” e
“possamos”: podemos.
“discuta” justifica-se por compor um período de
natureza explicativa. Gabarito
3- (UnB / CESPE / SEAD) Depósitos de lixo saem
1- Certo
caro ao meio ambiente e ao orçamento da cidade,
2- Errado
mesmo depois de desativados. Ecologistas e
3- Certo
estudiosos do assunto alegam que a opção por
4- Errado
aterros é uma aberração e um erro na condução
5- Errado
do problema causado pelo lixo. Para eles, a
6- Errado
educação seria uma das opções mais corretas e
capazes de promover a preservação ambiental. O
(Questões para treino domiciliar)
enfrentamento da questão, de maneira global,
seria a saída para diminuir o volume de lixo 7- (CESPE / SEAD CEHAP) O ser, de modo geral,
produzido. O reuso e a reciclagem são outros só é possível nas dimensões reais e objetivas do

14
espaço e do tempo. O termo “só é possível” indica considerados inelegíveis os enquadrados...) por
que “ser” está empregado como verbo, não como Consideram-se. ( ) CERTO ( ) ERRADO
substantivo, sinônimo de pessoa.
3. (Cespe/UnB – TRE/RJ – Técnico Judiciário) Ao
( ) Certo ( ) Errado se substituir “o que facilita” (... muitos não
lembram em quem votaram, o que facilita o
8- (UNB/ NECROTOMISTA / PB) Configurava-se, surgimento de...) por o que vem facilitando ou
assim, uma dupla violência: uma é aquela que por o que tem facilitado, mantém-se a correção
ceifa vidas, que mutila, que estropia, lesiona com gramatical do período.
gravidade pessoas inocentes...
( ) CERTO ( ) ERRADO
A forma verbal “lesiona” está no presente do
subjuntivo de um verbo da primeira conjugação.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito:
9- (UnB / CESPE / NECROTOMISTA / PB)
...estabeleciam aquele tipo de situação em que 1- Errada
cidadãos sentem-se nocauteados... 2- Errado
A forma verbal “estabeleciam” é derivada do 3- Certo
verbo estar e está no futuro do pretérito.

Gabarito:

7- Errado

8- Errado

9- Errado

Reescritura de frases e parágrafos do texto.

O Que Cai Mais na Prova?

Hoje em dia, a maior parte das bancas trabalha


este assunto de uma maneira ou de outra, mas
os tipos mais comuns são estes: uso de palavras
e expressões sinônimas, relação de causa e
consequência, substituição de um conectivo por
outro de igual valor semântico, transformação de
oração reduzida em desenvolvida e vice-versa,
substituição de substantivos por pronomes,
nominalização e substituição de formas simples
por formas perifrásticas (locuções).

“(...) O povo a que remete a ideia de soberania


popular constitui uma unidade, e não, a soma de
indivíduos. (...)”

1. (Cebraspe – TRE/RJ) De acordo com as


informações presentes no texto, a expressão “de
indivíduos” poderia ser substituída por individual
sem que houvesse alteração do sentido textual.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (Cespe – TRE/RJ – Técnico Judiciário)


Prejudica-se a correção gramatical do período ao
se substituir “São considerados” (São

15
ANÁLISE SINTÁTICA Frases declarativas – Ocorrem quando o
locutor informa algo de maneira afirmativa ou
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO negativa. Costuma ser encerrada com um ponto
final.

Sintaxe: conjunto de relações de organização Exemplos:


que formam um enunciado, envolvendo a José comprou um carro. (afirmativa)
concordância, a dependência e a ordenação
estabelecidas entre as palavras e as orações. José não gostou do carro. (negativa)

Análise sintática: parte da sintaxe que analisa Frases interrogativas – Ocorrem quando se
e classifica as relações entre os termos das deseja retirar uma dúvida ou obter uma
orações ou, ainda, entre as orações de um informação de maneira direta (empregando o
período. ponto de interrogação) ou indireta (empregando
o ponto final, mas mantendo a ideia de
OBSERVAÇÃO: interrogação).
Podemos dividir a sintaxe em dois segmentos:
Exemplos:
Sintaxe do período simples: Analisa frases
com apenas uma oração. Eles precisam de ajuda? (interrogativa direta)
Exemplo: José comprou um carro.
Gostaria de saber se eles precisam de ajuda.
Sujeito: José (interrogativa indireta)
Predicado: comprou um carro
Complemento verbal: um carro
Frases imperativas – Ocorrem quando o
Sintaxe do período composto: Analisa frases
locutor expressa uma ordem, um pedido, uma
com mais de uma oração.
Exemplo: José comprou um carro e vendeu proibição, um conselho ou súplica, empregando
uma moto. o verbo no modo imperativo.

Exemplos:
Sujeito: José
Período: composto por coordenação Pedro, vá estudar. (imperativa afirmativa)
Oração 1: José comprou um carro
Oração 2: vendeu uma moto. José, pare de procrastinar. (imperativa negativa)
Conjunção coordenativa: e
Sentido da conjunção: adição
Classificação da oração 02: Oração
coordenada sindética aditiva. Frases exclamativas – Ocorrem quando o
locutor expressa um estado emotivo e, na
linguagem oral, é largamente favorecida pela
entonação. Na linguagem escrita é marcada pelo
Frase: todo enunciado linguístico capaz de ponto de exclamação.
transmitir uma ideia. Pode ser formada por uma
ou mais palavras. Na linguagem oral, o Exemplos:
significado das frases é complementado tanto
Que susto!
por pausas e entonações quanto por gestos e
expressões do corpo. Estou feliz!
Exemplo:

Frase nominal (sem verbo): Boa tarde! Frases optativas – Ocorre quando o locutor
exprime um desejo.

Exemplos:
Frase verbal (com verbo): Você comprou o
livro? Faça uma ótima prova!

Tenha uma boa tarde!


Tipos de frase:

16
Período: unidade superior do nível sintático, é Todos aprendem a lidar com as diferenças.
formado por frases que possuam uma ou mais
orações. Um período pode ser simples quando Os professores acreditam em vocês.
há apenas uma oração, também chamada de O bonitinho perdeu o conteúdo.
oração absoluta, ou composto quando há mais
de uma oração.  Observação:
Os pronomes oblíquos átonos (me, te, a, lhe,
Exemplos:
o, nos, vos, os, as, lhes) podem exercer a
Eu serei policial! (período simples) função de sujeito de um verbo no infinitivo.
Isso ocorre quando, na 1ª oração, há um
Serei policial e defenderei o povo. (período verbo causativo ou sensitivo.
composto)
Exemplo: O professor deixou-o estudar.

Oração: é um enunciado que apresenta uma


estrutura articulada em torno de um verbo ou de
uma locução verbal. Sujeito composto – Aquele que possui mais de
um núcleo, independentemente de sua ordem na
frase.
Termos da oração: Exemplos:
De acordo com a Nomenclatura Gramatical Carlos e eu fizemos o exercício.
Brasileira, a oração pode ser dividida em partes
conhecidas como elementos constituintes. Tais Estavam ali o livro e a apostila do professor.
termos desempenham uma função de acordo
com o seu contexto. São eles:

 Termos essenciais: sujeito e predicado.  Observação:


 Termos integrantes: complementos Nos casos de inversão de sujeito, diante de
verbais, complemento nominal e agente verbos intransitivos, pode-se confundi-lo com
da passiva. o objeto. Portanto, é necessário sempre
 Termos acessórios: adjunto adnominal, examinar a natureza do verbo para evitar
adjunto adverbial, aposto e vocativo. equívocos.

 Obs.: Alguns gramáticos não consideram


o vocativo como um termo acessório. Sujeito oracional – Ocorre quando uma oração
Nesse sentido, classificam-no como um exerce a função de sujeito de outra oração, em
termo independente. uma relação de subordinação.

Exemplos:

É preciso que você leia os conteúdos.

Respeitar as diferenças é essencial.


Sujeito: é o termo da oração ao qual o
predicado agrega informações ou comentários,
que incluem um verbo. Vale dizer que o verbo
concorda em pessoa e número com esse sujeito. Sujeito oculto/desinencial – Ocorre quando o
Além disso, seu núcleo pode ser representado sujeito não aparece explicitamente, mas pode
por um substantivo, palavra substantivada ou ser identificado pela desinência verbal ou
por palavra de valor substantivo: um numeral, recuperado pelo contexto.
pronome ou mesmo uma oração.
Exemplos:

Estudamos juntos para a prova. (sujeito nós)


TIPOS DE SUJEITO
Quando há um aluno deficiente na sala, todos
Sujeito simples – Apresenta apenas um aprendem a lidar com as próprias dificuldades.
núcleo. São motivados ainda a exercer solidariedade.

Exemplos:

17
Sujeito indeterminado – Ocorre quando o
sujeito não está explícito e nem pode ser
recuperado pelo contexto. O sujeito  Verbo ser indicando a ideia de tempo e
indeterminado pode aparecer de duas maneiras: espaço.

 Com verbos transitivos diretos na 3ª Exemplo:


pessoa do plural, sem que se faça De casa à escola, são três quilômetros.
referência ao pronome eles nem a outro
elemento nas orações anteriores.

Exemplo:  Com verbos fazer, haver e ir


expressando tempo transcorrido.
Disseram que você não foi à festa.
Exemplo:

Faz duas semanas que meu irmão viajou.


 Com verbos transitivos indiretos,
intransitivos ou de ligação, na 3ª pessoa Moro nessa cidade há dez anos.
do singular, acompanhados da partícula
–se (índice de indeterminação do Já vão quinze anos que comprei essa casa.
sujeito).

Exemplo:
Predicado: é o termo da oração que expressa o
Acredita-se na justiça. que se declara sobre o sujeito, nas estruturas
oracionais em que os dois termos se
Trabalha-se muito nessa empresa. apresentam.

Foi-se feliz nessa casa. Exemplo: Ele é esforçado.

Sujeito: Ele

Oração sem sujeito – Ocorre quando o verbo Predicado: é esforçado


da oração é impessoal, ou seja, não se refere a
nenhuma pessoa gramatical. Nesse sentido,
temos apenas um predicado puro que não é
TIPOS DE PREDICADO
endereçado a sujeito algum. As estruturas em
que ocorre esse caso são:

 Com o verbo haver no sentido de Predicado verbal – Desenvolve-se em torno de


“existir”. um verbo que indica ação (verbo nocional).

Exemplo: Exemplos:

No pátio da escola, havia muitas mesas e Ele concluirá o projeto.


cadeiras, muitos bancos e árvores.
Nós caminharemos amanhã.
Já houve muita festa em minha escola.
Os alunos responderam às questões.

 Com verbos ou locuções verbais que


expressam fenômenos meteorológicos. Predicado nominal – Apresenta um nome
como núcleo, o qual expressa uma qualidade,
Exemplo: uma característica, um estado, uma mudança de
estado ou um atributo do sujeito, ligado a ele
Choveu pouco no dia da prova.
por meio de um verbo de ligação, também
conhecido como copulativo.

 Com verbos ou locuções verbais que Exemplos:


expressam noções de tempo.
O tempo é implacável.
Exemplo:
Sujeito: O tempo
Era segunda-feira, dia 26 de março.
Verbo de ligação: é

18
Predicativo: implacável

Anderson sempre está sem tempo. A transitividade verbal é importante para a


compreensão de que os verbos devem ser
classificados em função do contexto em que
se apresentam.
 Observação:
Os principais verbos de ligação são: ser, Exemplos:
estar, permanecer, ficar, parecer, virar,
andar=estar, viver. Perdoai sempre.

Verbo intransitivo: Perdoai

Predicado verbo-nominal – ocorre quando o Perdoai as ofensas.


predicado contém os dois núcleos: um verbo
Verbo transitivo direto: Perdoai
nocional e um predicativo.
Perdoai aos inimigos.
Exemplos:
Verbo transitivo indireto: Perdoai
O tempo passou cheio de encantos.

Sujeito: O tempo
Verbo de ligação – expressam estado
Verbo nocional: passou
permanente ou transitório, mudança ou
Predicativo: cheio de encantos continuidade de estado.

Eu considero o tempo ingrato. Exemplos:

O tempo é implacável.

Sujeito: O tempo

 Observação: Verbo de ligação: é


O predicativo pode ser tanto do sujeito
Predicativo: implacável
quanto do objeto.
Verbo transitivos – são aqueles que pedem
complementos verbais para completar sua
significação. Podem ser transitivos diretos,
indiretos ou bitransitivos.
Predicativo – é o termo da oração que
representa um estado, uma qualidade, uma Exemplos:
característica do sujeito ou do objeto.
O tempo conserta tudo.
Exemplos:
Ela não precisa de ajuda.
O tempo é implacável.
Ana mencionou o infortúnio ao seu irmão.
Sujeito: O tempo

Verbo de ligação: é
Verbo intransitivos – são aqueles cuja
Predicativo do sujeito: implacável significação verbal está inteiramente contida no
verbo e não necessitam de complemento.
Nós julgamos o tempo inexorável.
Exemplos:
Sujeito: Nós
A vida passa rapidamente.
Verbo nocional: julgamos
O problema acabou.
Objeto direto: o tempo

Predicativo do objeto: inexorável


TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO

TRANSITIVIDADE VERBAL

19
Objeto direto – palavra ou expressão que Complemento nominal – é a palavra ou termo
completa um verbo transitivo direto sem se ligar que sempre é iniciado por preposição e completa
a ele por uma preposição necessária. o sentido de um nome (substantivo abstrato,
adjetivo ou advérbio).
Exemplos:
Exemplos:
Amava a vida.
A construção da casa foi um sucesso.
Eu não direi nada.
Ele é rico em virtudes.
Pedro respondeu que estava estudando.
Eles agiram contrariamente aos nossos
desejos.
Objeto direto preposicionado – palavra ou
expressão que completa o sentido de um verbo
transitivo direto, com uso de preposição não Agente da passiva – Na voz passiva analítica,
regida pelo verbo. o agente da passiva é o termo que indica o
agente da ação expressa pelo verbo, mas não
Exemplos: possui a função sintática de sujeito. Em geral, é
Jorge amava a Deus introduzido pela preposição pelo (a).

Comeu do bolo. Exemplos:

Os bárbaros foram derrotados pelos romanos.

Objeto direto interno – é o objeto construído O conteúdo foi consumido pelos concurseiros.
com um pleonasmo. Traz um complemento que
já tem sua ideia semântica expressa pelo verbo.
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Exemplos:
Adjunto adnominal – termo que sempre
Viverei a vida intensamente. acompanha um substantivo abstrato ou concreto
Choramos um pranto sentido. e serve para determinar, caracterizar,
particularizar ou individualizar.

Exemplos:
Objeto indireto – palavra ou expressão ligada
a um verbo transitivo indireto por meio de uma Os meninos bonitos foram ao colégio.
preposição necessária, regida pelo verbo. As moças de chapéu estão na praia.
Exemplos:

Ele absteve-se de bebida alcoólica. OBSERVAÇÃO: Existe um caso em que o


Todos se referiam a ele. adjunto adnominal está relacionado com um
substantivo abstrato e é iniciado com
Os alunos necessitavam de que os preposição. Nesse caso, para distingui-lo de um
ajudássemos. complemento nominal é importante observar as
seguintes características:

Complemento Adjunto adnominal


Objeto pleonástico – é um recurso utilizado nominal
para chamar a atenção ao objeto que antecede o Sempre é Pode ou não ser
verbo. O objeto deslocado é repetido por um preposicionado preposicionado
pronome pessoal átono.
Valor passivo Valor ativo
Exemplos: Nunca indica posse Pode indicar posse
Completa um Completa um
Estas obras, já as li ano passado. adjetivo, substantivo
Ao avarento, nada lhe satisfaz. substantivo abstrato ou
abstrato ou concreto.
advérbio.

20
Exemplos: QUESTÕES

01) Ano: 2018 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018
- PC-SE - Delegado de Polícia

A oração “é essencial que haja a


implementação de um modelo de policiamento”
A invenção da internet foi uma benção. (ℓ. 11 e 12) tem a função de qualificar o adjetivo
(complemento nominal) que a antecede: “essencial” (ℓ.11).
A invenção do cientista foi uma benção. CERTO ( ) ERRADO ( X )
(adjunto adnominal)
02) Ano: 2018 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: MPE-PI Provas: CESPE -
2018 - MPE-PI - Conhecimentos Básicos -
Adjunto adverbial – não é um complemento
Cargos de Nível Superior
verbal, mas sim um modificador, um termo
acessório que agrega algum tipo de
circunstância ao termo que se refere.

Exemplos:

O professor canta bem. (modo)

Os meninos comem muito (intensidade)


O sujeito da forma verbal “cometeram” (ℓ.29) é
Não ajudarei você (negação) indeterminado.
No Brasil, as pessoas são hilárias. (lugar) CERTO ( ) ERRADO (X)
Em 2007, o açúcar era bem mais barato.
(tempo)
03) Ano: 2018 Banca: CESPE /
Retirou a terra com a pá. (instrumento) CEBRASPE Órgão: Instituto Rio
Branco Prova: CESPE - 2018 - Diplomata
Aposto – palavra ou expressão que costuma
esclarecer um outro termo da oração, qualquer No período “Sobe uma classe e dentro dela
que seja a função deste. elevam-se muitos aspirantes a essa camada” (l.
36 a 38), os termos “uma classe” e “muitos
Exemplos:
aspirantes a essa camada” exercem função de
Anderson Oliveira, professor de português, é sujeito nas orações em que se inserem.
uma figura. (explicativo)
CERTO (X) ERRADO ( )
Eis os três aprovados: José, Carlos e Cláudio.
(enumerativo)
04) Ano: 2018 Banca: CESPE /
Os pais, os filhos e os netos, todos estavam
CEBRASPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018
lindos. (recapitulativo)
- EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Médio

Vocativo – palavra ou expressão de natureza


exclamativa que exerce a função de evocar,
chamar ou destacar alguém.

Exemplos:

Amigo, espere por mim!

Deus, ajude-me a passar.

Você, rapaz, precisa estudar.

21
O sujeito da oração iniciada por “Destaca-se”
(l.16) é indeterminado, portanto não está
expresso.

CERTO ( ) ERRADO (X)

05) Ano: 2018 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 -
MPU - Analista do MPU - Direito

Os termos “de gênero” (ℓ.19), “da


igualdade racial” (ℓ. 19 e 20) e “dos direitos
humanos” (ℓ.20) complementam a palavra
“justiça” (ℓ.19).

CERTO () ERRADO (x)

06) Ano: 2018 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 08) Ano: 2017 Banca: CESPE /
- EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de CEBRASPE Órgão: TCE-PE Provas: CESPE -
Nível Superior 2017 - TCE-PE - Conhecimentos Básicos -
Cargos 1 e 2

Caso seja suprimido o pronome “lhes” (l.2),


a correção gramatical do texto será
mantida, embora o trecho se torne menos
enfático.

CERTO (x) ERRADO () O trecho ‘um patamar mínimo de igualdade


entre os membros da sociedade’ (l. 37 e
38) exerce a função de complemento do
verbo ‘existir’ (l.37).
07) Ano: 2017 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: TRF - 1ª CERTO () ERRADO (x)
REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª
REGIÃO - Analista Judiciário

Nos trechos “lhe impõe” (l.17) e “lhe atribui”


(l.19), o pronome ‘lhe’ refere-se a “palavra”
(l.16), de modo que seriam gramaticalmente
corretas as reescritas impõe a ela e atribui a ela.

CERTO (x) ERRADO ()

22
GABARITO: 1-E 2-E 3-C 4-E 5-E 6-C 7-C 8-E

23
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO Os alunos estudam, pois almejam a
aprovação.
TIPOS DE ORAÇÃO
Somos fortes, mas precisamos de auxílio.
Absoluta – Oração que forma um período
simples.

Exemplos: CLASSIFICAÇÃO DAS COORDENADAS


SINDÉTICAS
Amava a vida.
Aditivas – Relacionam pensamentos similares
A população investiu na cidade. que estabelecem uma relação de soma, de
Coordenada – uma oração independente que adição. Em geral, são ligadas pelos elementos
mantém uma relação sintática com uma outra coesivos e, nem, não só... mas também, não
oração. apenas... mas ainda

Exemplos: Exemplos:

A população investiu na cidade e a cidade Ele acreditava na vida e amava as


cresceu. circunstâncias.

Amava a vida, mas odiava os homens. A população investiu na cidade e foi


recompensada.
Subordinada– oração que depende,
sintaticamente, de uma outra oração. Adversativas – estabelecem uma relação de
oposição, de contraste ou ideia contrária. Em
Exemplos: geral são ligadas pelos elementos coesivos mas,
porém, contudo, entretanto, no entanto,
Os moradores disseram que ali era um bom todavia.
lugar.
Exemplos:
Tenho necessidade de que você me ajude.
Enfrentei muitas situações, porém não
Principal – É a oração da qual a subordinada amadureci.
depende.
Ele sabia a verdade, mas insistia no erro.
Exemplos:
Explicativas– relacionam pensamentos em
Os moradores disseram que ali era um bom sequência, em que a segunda oração explica o
lugar. que afirma na primeira. Em geral, são ligadas
pelas conjunções que, porquanto, pois (antes
Tenho necessidade de que você me ajude.
do verbo), porque.

Exemplos:
ORAÇÕES COORDENADAS
Cantemos, pois a música aquece a alma.
As orações coordenadas, ou seja, as orações
Cuido dos meus amigos, porque eles são bens
articuladas entre si sem um vínculo sintático,
preciosos.
estão divididas em dois grupos:
Conclusivas – relacionam pensamentos de
Assindéticas– orações que não são ligadas por
forma que o segundo sempre encerra a
meio de conjunção ou síndeto.
conclusão do enunciado do primeiro. São
Exemplos: orações ligadas por meio das conjunções logo,
então, portanto, por isso, pois (após o
Vi. Vivi. Venci. verbo). Além disso, são orações que sempre
devem estar isoladas por vírgulas.
Um aluno vai devagar. Uma vitória vai devagar.
Exemplos:
Sindéticas – orações coordenadas que
apresentam conjunção para fazer a relação de Fiquei aliviado, pois dividi a angústia com
nexo. minha família.
Exemplos: João é mais velho, escute, pois, os seus
conselhos.

24
Alternativas – relacionam pensamentos que se Não se lembrava de que a data de entrega do
excluem, ou seja, estabelecem opção entre dois material era hoje.
fatos. São iniciadas pelas conjunções ou, ou...
ou, ora... ora, quer... quer, já... já Nós precisamos de que você nos ajude.

Exemplos: Completiva nominal – Aquela que apresenta a


função de complemento nominal de um
Não sei se caso, ou se desisto da vida. substantivo ou adjetivo da oração principal.

Ora ela chora, ora ela ri. Exemplos:

OBSERVAÇÕES: Seus pais estão convencidos de que ela será


A conjunção e tem valor aditivo, mas em aprovada no vestibular.
alguns contextos pode ter um valor
diferente do comum. Tenho a esperança de que você falará a
“É ferida que dói e não se sente.” verdade.
(adversativo)
A conjunção mas pode aparecer com Predicativa– funciona como predicativo do
valor aditivo. sujeito do verbo de ligação da oração principal.
Era um homem trabalhador, mas Possui a seguinte estrutura: sujeito + VL +
principalmente honesto. oração subordinada substantiva predicativa.
As conjunções de valor adversativo
podem ser deslocadas, exceto mas, que Exemplos:
se usa apenas em começo de oração.
No hospital havia aparelho de radiografia; O correto seria que eles pagassem todo o
estava, no entanto, quebrado. prejuízo.

Sua expectativa é de que o livro faça muito


ORAÇÕES SUBORDINADAS sucesso.
(SUBSTANTIVAS)
Apositiva – Sua função é a de aposto de um
As orações subordinadas substantivas são as termo da oração principal.
que podem ocupar a posição de um substantivo
Exemplos:
e desempenhar alguma função sintática em
relação à oração principal. São divididas em seis Tenho certeza de uma coisa: que é melhor
tipos diferentes e, em geral, são introduzidas ficar calado em certos momentos.
pelas conjunções integrantes que e se.

Tipos de orações subordinadas


substantivas: Orações subordinadas substantivas
reduzidas:
Subjetiva– Aquela que apresenta a função de
sujeito do verbo da oração principal. As orações subordinadas substantivas
introduzidas por uma conjunção são chamadas
Exemplos: de desenvolvidas. Contudo, elas também podem
ser escritas sem a conjunção e com o verbo em
É necessário que ele leia mais.
forma nominal, criando assim uma oração
É preciso que você estude. reduzida.

Objetiva direta – Aquela que apresenta a Exemplos:


função de objeto direto do verbo da oração
A única alternativa é que leiamos mais.
principal.
(desenvolvida)
Exemplos:
A única alternativa é ler mais. (reduzida)
Espero que você aprenda com suas leituras.
ORAÇÕES SUBORDINADAS (ADJETIVAS)
Você sabe quem escreveu esse livro?
As orações subordinadas adjetivas exercem a
Objetiva indireta – Aquela que apresenta a função de adjunto adnominal ou de aposto de
função de objeto indireto do verbo da oração um termo da oração principal e são introduzidas
principal. por um pronome relativo. Essa oração equivale a
um adjetivo.
Exemplos:
Tipos de orações subordinadas adjetivas:

25
Restritiva– É a oração que funciona como um oração principal e funciona como adjunto
adjetivo e acrescenta uma qualidade ao termo adverbial de causa.
antecedente da oração principal, delimitando,
restringindo, particularizando seu significado. Na Principais conjunções e locuções
escrita, liga-se ao termo antecedente conjuntivas: porque, porquanto, visto que, já
diretamente, sem vírgulas, exercendo a função que, como.
de adjunto adnominal. Exemplos:
Exemplos: Como estava frio, vestiu o casaco.
Os ocupantes do carro que foram resgatados Comprou o caderno, visto que precisava
com vida já receberam alta. estudar.
O carro que ficou destruído vinha em alta Consecutiva – Oração que contém o resultado
velocidade. ou efeito da ação expressa na oração principal.
Explicativa– Também apresenta as Funciona como adjunto adverbial de
características de um adjetivo, mas não limita a consequência.
significação de um substantivo ou pronome da Principais conjunções e locuções
oração principal. Ela apresenta uma qualidade conjuntivas: (tão)... que, (tanto)... que,
que não distingue esse ser de outro e pode ser (tamanho)... que, de modo que.
dispensada. Funciona, sintaticamente, como um
aposto explicativo, sendo isolada por vírgula(s), Exemplos:
por travessão(ões), ou por parênteses.
Pesquisaram tanto que descobriram a origem
Exemplos: dos documentos.

Os ocupantes do carro, que foram resgatados Estudaram tanto que passaram no concurso.
com vida, já receberam alta.
Comparativa– Funciona como um adjunto
O carro, que ficou destruído, vinha em alta adverbial de comparação e geralmente possui
velocidade. um verbo subentendido.

Orações subordinadas adjetivas reduzidas: Principais conjunções e locuções


conjuntivas: (mais)... que, (menos)... que,
As orações subordinadas adjetivas também (tão)... quanto, assim como.
podem ser reduzidas. É preciso apenas eliminar
o pronome relativo e passar o verbo para uma Exemplos:
das formas nominais.
Vestia-se tão bem quanto a irmã.
Exemplos:
Estude muito, assim como estudam os
Encontrei um sobrevivente que pedia socorro. concurseiros.
(desenvolvida)
Condicional – Funciona como adjunto adverbial
Encontrei um sobrevivente pedindo socorro. de condição e apresenta uma circunstância da
(reduzida) qual depende a realização do fato expresso na
oração principal.

Principais conjunções e locuções


ORAÇÕES SUBORDINADAS (ADVERBIAIS) conjuntivas: se, a menos que, desde que, caso.
As orações subordinadas adverbiais Exemplos:
correspondem, sintaticamente, a um adjunto
adverbial. São introduzidas por conjunções Se não descobríssemos as roupas, estaríamos
subordinativas adverbiais e possuem até hoje concentrados em regiões quentes.
maleabilidade quanto ao deslocamento, ou seja,
podem aparecer antes ou no meio da oração Contaremos toda a verdade a menos que você
principal. mesmo conte.

Tipos de orações subordinadas adverbiais: Concessiva– funciona como adjunto adverbial


de concessão e estabelece uma circunstância ou
Causal– Aquela que apresenta fator ideia contrária, a qual, contudo, não impede a
determinante do acontecimento relatado na realização do fato manifesto na oração principal.

26
Principais conjunções e locuções QUESTÕES
conjuntivas: embora, conquanto, apesar de
que, se bem que, mesmo que, posto que. 01) Ano: 2018 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 -
Exemplos: MPU - Técnico do MPU - Administração

Socialmente, todos precisam usar roupas,


mesmo que não concordem com isso.

Todos estavam atentos, embora alguns não


estivessem motivados.

Conformativa – Oração que dá a ideia de


adequação, de não contradição. Funciona como
adjunto adverbial de conformidade.

Principais conjunções e locuções


conjuntivas: conforme, segundo, consoante.

Exemplos:

Fiz o bolo conforme ensina a receita.


A substituição de “e suprimir” (ℓ.17) por ao
Proporcional – Estabelece uma relação de suprimir não comprometeria a correção
proporção, de modo que qualquer alteração em gramatical do período, mas alteraria seu sentido
uma oração implicará alteração na outra. original.

Principais conjunções e locuções CERTO (x) ERRADO()


conjuntivas: à medida que, à proporção que,
tanto mais, quanto mais.
02) Ano: 2018 Banca: CESPE /
Exemplos:
CEBRASPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018
Quando mais a humanidade “evolui”, mas - EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de
confusão acontece. Nível Médio

À media que estudamos, temos a certeza da


aprovação.

Final– oração que expressa o objetivo da oração


principal e funciona como adjunto adverbial de
finalidade.

Principais conjunções e locuções


conjuntivas: a fim de que, para que.

Exemplos:
A palavra “portanto” (l.18) introduz, no período
O homem inventou a roupa a fim de que não
em que ocorre, uma ideia de conclusão.
sentisse mais frio.
CERTO (x) ERRADO()
Criamos a imprensa para que não
03) Ano: 2017 Banca: CESPE /
dependêssemos de manuscritos.
CEBRASPE Órgão: SEDF Prova: CESPE - 2017 -
Temporal – oração que expressa circunstância SEDF - Professor de Educação Básica -
de tempo e funciona como adjunto adverbial de Língua Portuguesa
tempo.

Principais conjunções e locuções


conjuntivas: quando, enquanto, sempre que,
assim que, desde que.

Exemplos: O primeiro parágrafo do texto é um período


composto por orações coordenadas.
Fiquei feliz assim que soube o resultado do
exame. CERTO () ERRADO(x)

27
04) Ano: 2016 Banca: CESPE / por conquanto, sem prejuízo para a correção
CEBRASPE Órgão: FUB Provas: CESPE - 2016 - gramatical ou para a ocorrência textual
FUB - Conhecimentos Básicos - Somente para os CERTO () ERRADO(X)
cargos 10 e 13

08) Ano: 2018 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018
- PC-SE - Delegado de Polícia

A expressão “e sim” (l.18) introduz no texto


A oração “que haja a implementação de um
uma ideia de oposição. (adversativa)
CERTO (x) ERRADO() modelo de policiamento” (ℓ. 11 e 12) tem a
função de qualificar o adjetivo que a antecede:
“essencial” (ℓ.11).

CERTO () ERRADO (x)


05) (CESPE/ UnB / Analista de controle
externo)

O dinheiro, mercadoria universal por 09) Ano: 2018 Banca: CESPE /


excelência, produz uma nova metafísica da CEBRASPE Órgão: Instituto Rio
vida humana: alguns salários são Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio
irrecusáveis. Portanto certas ofertas, Branco - Diplomata - Prova 1
partindo de multinacionais capazes de
concentrar capital suficiente para efetuá-
las, selam o destino da vítima, assim como
os desígnios de Deus determinaram o
sacrifício do filho de Abraão.

Dado o seu sentido explicativo, a conjunção


"Portanto” poderia ser substituída pelo
conector Porquanto, sem prejuízo da
coerência do texto.

CERTO () ERRADO(x)

06) Ano: 2014 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: TC-DF Prova: CESPE - 2014
- TC-DF - Técnico de Administração Pública Nas linhas 9 e 10, “é que” caracteriza-se como
expressão expletiva, empregada para realçar o
No trecho “Quanto ao gênero deles, não sei que conteúdo “não os inquietam, aqui, os
diga que não seja inútil” (l.8-9) a vírgula separa extraordinários portentos, nem a esperança
orações coordenadas. deles” (l. 10 e 11).

CERTO () ERRADO(x) CERTO () ERRADO (x)

07) Ano: 2013 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: SERPRO Prova: CESPE -
2013 - SERPRO - Analista - Comunicação Social

Na linha 5, o vocábulo “porquanto”, que liga


orações coordenadas, pode ser substituído

28
PEGADINHA CESPE 12) Ano: 2016 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: TCE-SC Provas: CESPE -
10) Ano: 2018 Banca: CESPE / 2016 - TCE-SC - Conhecimentos Básicos -
CEBRASPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2018 - Exceto para os cargos 3 e 6
STM - Analista Judiciário - Revisão de Texto

Observação:

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


OBJETIVA DIRETA / OBJETIVA INDIRETA

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


COMPLETIVA NOMINAL
O sujeito da oração iniciada por “Entende-se”
ORAÇÕES COMPLETIVAS (l.7) é indeterminado.

CERTO () ERRADO (x)

13) Ano: 2016 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: INSS Prova: CESPE - 2016 -
INSS - Analista do Seguro Social - Serviço Social

A palavra “se” (ℓ .5) classifica-se como


conjunção e introduz uma oração completiva

CERTO (x) ERRADO ()

11) Ano: 2017 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: TCE-PE Provas: CESPE -
2017 - TCE-PE - Conhecimentos Básicos - Na linha 29, a oração introduzida pela
Cargos 1 e 2 preposição “por” remete a uma ação anterior ao
estado descrito na oração “Estamos ansiosos”.

CERTO () ERRADO (x)

14) Ano: 2015 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Provas: CESPE -
2015 - TJ-DFT - Conhecimentos Básicos para o
Cargo 15

No último período do terceiro parágrafo, o


trecho “ser o desafio das democracias de
massa para obter legitimidade”, formado por
duas orações coordenadas entre si, exerce a
função sintática de sujeito da forma verbal
“parece”.

CERTO () ERRADO (x)


Em “Importa destacar" (l.15), a oração
“destacar" exerce função de sujeito.

CERTO (x) ERRADO ()

29
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Se forem substantivos próprios ou substantivos
que exprimam graus de parentesco, o adjetivo
Concordância nominal – Nesse caso, os deve ficar no plural.
determinantes do substantivo (adjetivo, artigo,
numeral e pronome) têm sua terminação
alterada para que se adequem a ele.  Meus simpáticos tios e tias me fizeram
uma surpresa.
 Os contentes Pedro e Álvaro foram os
Exemplos: campeões do torneio.

 A menina estudiosa passou no


vestibular. Adjetivo caracterizando pronomes
pessoais:
 O menino estudioso passou no
vestibular.
 As meninas estudiosas passaram no O adjetivo concorda em gênero e número com o
vestibular. pronome a que se refere.
 Os meninos estudiosos passaram no
vestibular.
 Ela ficou animada com a notícia.
 Ele ficou animado com a notícia.
A principal regra de concordância nominal é que  Elas ficaram animadas com a notícia.
os determinantes devem concordar em gênero e  Eles ficaram animados com a notícia.
número com o substantivo a qual se referem.

Vários adjetivos no singular caracterizando


Casos específicos de concordância nominal um único substantivo:

Adjetivo caracterizando vários


O substantivo permanece no singular quando há
substantivos:
presença de um artigo entre os adjetivos, mas
fica no plural quando os adjetivos se apresentam
O adjetivo concorda em gênero e número com o sem artigos ou outros determinantes.
substantivo que está mais próximo.
 Fiquei aprendendo coisas novas com a
 A faca e o garfo dourado estão na professora americana e afrancesa.
gaveta.  Fiquei aprendendo coisas novas com as
 O garfo e a faca dourada estão na professoras americana e francesa.
gaveta.
 As facas e os garfos dourados estão Verbo ser + adjetivo:
na gaveta.
 Os garfos e as facas douradas estão
na gaveta. O adjetivo faz concordância com o substantivo
quando há presença de artigos ou outros
determinantes, mas permanece no masculino e
Pode também assumir a forma no masculino no singular quando o substantivo se apresenta
plural, na existência de um substantivo isolado.
masculino e um feminino.

 A alegria é benéfica para todos!


 A faca e o garfo dourados estão na  Alegria é benéfico para todos!
gaveta.
 O garfo e a faca dourados estão na
gaveta. Pronome indefinido neutro + de + adjetivo:

Com substantivos do mesmo gênero no singular, Com os pronomes indefinidos neutros nada,
o adjetivo pode ficar no singular ou no plural. algo, muito, tanto,… mais a preposição de, o
adjetivo deve ficar no masculino e no singular.

 Viram a rua e a casa deserta.


 Viram a rua e a casa desertas.  Ela não tem nada de encantador.
 Ele não tem nada de encantador.
 Elas não têm nada de encantador.
 Eles não têm nada de encantador.

30
Palavra só como adjetivo:  Há bastantes alunos interessados na
palestra.
 Essas compras ficaram muito caras!
Tendo o significado de sozinho, a palavra só
atua como adjetivo, devendo concordar em  Vou comprar aqueles chinelos baratos.
número com o substantivo que caracteriza.  Apenas preenchi meia folha de papel
com as informações necessárias.

 Meu avô está só.


Com as palavras alerta e menos: As palavras
 Meus avós estão sós.
alerta e menos, embora atuem como adjetivos,
são advérbios, permanecendo sempre
Com as expressões é proibido, é invariáveis.
necessário, é bom, é preciso e é permitido:
 Os cachorros ouviram barulho e ficaram
Com as expressões: é proibido, é necessário, é alerta.
bom, é preciso e é permitido, o adjetivo  Assim, há menos confusão!
permanece no singular e no masculino,
mantendo-se invariável, quando não há
presença de artigos ou outros determinantes do Com as expressões um e outro, uma e
substantivo. outra, num e noutro, numa e noutra:

 É proibido visitação das instalações Com as expressões um e outro, uma e outra,


durante horário laboral. num e noutro, numa e noutra, o adjetivo deve
ser escrito no plural, embora ao substantivo
 É necessário respeito e tolerância para
permaneça no singular.
se viver em sociedade.

Quando há presença de artigos ou outros  A diretora achou um e


determinantes do substantivo, o adjetivo varia outro funcionário cumpridores.
em gênero e número.  Você pôs isso numa e
noutra gaveta arrumadas?

 É proibida a visitação das instalações


durante o horário laboral.
 São necessários muito respeito CONCORDÂNCIA VERBAL
e muita tolerância para se viver em
sociedade. Concordância verbal ocorre quando o verbo se
flexiona em número (singular ou plural) e em
pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa), concordando
Com as palavras anexo, obrigado, mesmo, com o sujeito gramatical.
próprio, incluso e quite:

Exemplos de concordância verbal


As palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio,
incluso e quite devem concordar em gênero e
 Eu sou feliz.
número com o substantivo que caracterizam.
 Nós somos felizes.
 Mariana já tomou banho.
 Por favor, leia as informações anexas.  Mariana e Alice já tomaram banho.
 As próprias professoras resolveram a
falta de condições das salas de aula.
Embora pareça uma regra simples, existem
 Eu e você estamos quites.
diversos casos específicos que confundem o
falante, podendo levar ao erro.
Com as palavras bastante, caro, barato,
muito, pouco, longe e meio:
Casos específicos de concordância com
sujeito simples
As palavras bastante, caro, barato, muito,
pouco, longe e meio, embora invariáveis
enquanto advérbios, devem concordar em Pronome relativo que- o verbo deverá
gênero e número com o substantivo que concordar com o antecedente do pronome.
caracterizam enquanto adjetivos.
 Fui eu que resolvi o problema.

31
 Fomos nós que resolvemos o problema.
 Foram eles que resolveram o problema. Pronomes de tratamento- o verbo deverá
ficar sempre na 3.ª pessoa do singular ou na 3.ª
pessoa do plural.

Pronome relativo quem- o verbo poderá


concordar com o antecedente do pronome ou  Vossa Excelência estará presente na
ficar na 3.ª pessoa do singular. cerimônia de encerramento?
 Vossas Excelências estarão presentes na
cerimônia de encerramento?
 Fui eu quem resolvi o problema.
 Fui eu quem resolveu o problema.
 Fomos nós quem resolvemos o Percentagens- o verbo deverá concordar com o
problema. substantivo se as mesmas aparecerem
 Fomos nós quem resolveu o problema. relacionadas com um substantivo. Caso as
porcentagens não estejam relacionadas com um
substantivo, o verbo deverá concordar com o
número.
Expressões partitivas- a maioria, a
minoria, a maior parte, a metade,… o verbo
poderá ficar no singular ou no plural, sendo que  34% dos inquiridos não souberam
a forma no singular é considerada a mais lógica responder às perguntas.
e correta.  10% do orçamento será a comissão do
empreiteiro.
 77% são contra a legalização de drogas
 A maioria das crianças gosta de leves.
chocolate.  Apenas 1% cumpre o que está
 A maioria das crianças gostam de estabelecido por lei.
chocolate.

Quantidade aproximada como cerca Substantivos próprios plurais- o verbo ficará


de, perto de, mais de, menos de,… o verbo no plural se o substantivo for precedido de um
deverá concordar com o substantivo. Contudo, artigo e no singular se o substantivo não for
com a expressão mais que um, quando indicar precedido de um artigo.
uma ação recíproca, o verbo deverá aparecer no
plural.
 Os Estados Unidos da América são um
dos maiores exportadores mundiais de
 Cerca de nove mil candidatos produtos agrícolas.
concorreram ao emprego.  Alagoas é um dos maiores produtores
 Mais de um aluno reprovou a 7.ª série. nacionais de cana-de-açúcar.
 Mais de um jogadores se abraçaram de
felicidade. Sujeito composto com diferentes pessoas
gramaticais
Pronomes relativos e
indefinidos- quais, quantos, alguns, muitos,
Quando o sujeito é formado por diferentes
… seguidos das expressões de nós ou de vós, o
pessoas gramaticais, havendo 1.ª pessoa do
verbo poderá concordar com os pronomes
plural, esta será sempre prioritária. Havendo 2.ª
relativos e indefinidos, ficando na 3.ª pessoa do
pessoa do plural, o verbo poderá ser conjugado
plural, ou com o pronome pessoal, ficando na
na 2.ª ou na 3.ª pessoa do plural.
1.ª ou na 3.ª pessoa do plural. Caso os
pronomes relativos e indefinidos estejam no
singular, o verbo também aparecerá na 3.ª  Minha irmã e eu iremos rapidamente
pessoa do singular. tratar desse assunto.
 Tu e ele fostes os mais rápidos.
 Quantos de nós já não deixaram de dar  Tu e ele foram os mais rápidos.
opiniões sobre os assuntos?  Minha prima e meu primo foram de lua
 Quantos de nós já não deixamos de dar de mel para o México.
opiniões sobre os assuntos?
 Qual de nós será o primeiro a desistir? Contudo, se o sujeito aparecer depois do verbo,
a concordância poderá ser feita conforme

32
explicado acima ou também ser feita apenas aparecer no plural. Contudo, quando há uma
com o sujeito mais próximo. ação recíproca, o verbo deverá aparecer sempre
no plural.

 Dançaremos eu e minha amiga na festa


da escola  Nem um nem outro foi à festa.
 Dançarei eu e minha amiga na festa da  Nem um nem outro foram à festa.
escola.  Nem um nem outro se cumprimentaram
de forma respeitosa.
Casos específicos de concordância com
sujeito composto
Com as expressões não só…mas
Quando o sujeito for composto por palavras também, não apenas…mas
sinônimas ou muito próximas, o verbo ainda, tanto…quanto,… o verbo deverá ser
poderá aparecer tanto no plural, como no escrito no plural.
singular.
 Não só o pai mas também a mãe
 Alegria e felicidade são o melhor desta decidiram repreender o filho.
vida!  Tanto o desprezo como a atenção
 Alegria e felicidade é o melhor desta constante podem desmotivar uma
vida! pessoa no trabalho.

Quando no sujeito aparecerem as conjunções Com aposto recapitulativo ou resumidor, o


ou e nem, transmitindo ideia de inclusão, o verbo deverá concordar com a palavra que
verbo deverá aparecer no plural. Quando resume os vários termos da oração.
transmitirem ideia de exclusão, o verbo deverá
aparecer no singular.  Prosperidade, segurança e alegria, isso é
o que eu quero para minha família.
 Nem a mãe nem o pai conseguem  Doces, salgados, bebidas e enfeites,
compreender a filha. (inclusão) tudo está preparado para a festa.
 Patinação na rua ou patinação no gelo
são os meus esportes preferidos.
(inclusão) Com diversos elementos numa série gradativa,
 Pedro ou Heloísa conseguirá vencer o o verbo poderá aparecer no plural ou concordar
concurso de matemática. (exclusão) com o último elemento da série.
 Nem Rio de Janeiro nem Recife será o
destino das minhas próximas férias.
(exclusão)  Um ano, um mês, uma semana, um dia
são necessários para resolver este
problema.
 Um ano, um mês, uma semana, um dia
é necessário para resolver este
problema.
Quando o sujeito composto for unido com
a preposição com, com valor de adição e não
de companhia, o verbo deverá aparecer no
plural.

 A irmã com o irmão desobedeceram as


ordens da mãe.
 O diretor com a secretária encobriram
uma fraude dentro da empresa.

Com as expressões nem um nem outro e ou


um ou outro, o verbo deverá ser escrito
preferencialmente no singular, embora possa

33
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL  livre de;
 longe de;
Regência nominal é o nome que se dá à
 louco de;
relação particular que se estabelece entre
substantivos, adjetivos e alguns advérbios e os
 maior de;
termos regidos por eles, em uma relação que é  natural de;
intermediada por uma preposição.  obrigação de;

Regência nominal com a preposição COM


O complemento, chamado de complemento
nominal, completa o significado do nome, que
teria o seu sentido incompleto sem esse  amoroso com;
complemento.  aparentado com;
 caritativo com;
 compatível com;
Exemplos de regência nominal
 cruel com;
 cuidadoso com;
 Infelizmente, uma boa educação ainda  descontente com;
não é acessível a todos.
 Meu namorado sempre foi amoroso
Regência nominal com a preposição EM
com meu filho.
 Ele parece estar descontente com a
vida.  hábil em;
 Por favor, tenha respeito por mim!  incessante em;
 indeciso em;
Preposições usadas na regência nominal  interesse em;
 lento em;
 morador em;
Para estabelecer regência nominal, as  negligente em;
preposições mais utilizadas são:  parco em;
a, de, com, em, para, por.
Regência nominal com a preposição PARA
Regência nominal com a preposição A
 bastante para;
 atento a;  bom para;
 avesso a;  essencial para;
 cego a;  impróprio para;
 cheiro a;  inútil para;
 comum a;  mau para;
 contrário a;  pronto para;
 desatento a;
 equivalente a; Regência nominal com a preposição POR
 estranho a;
 favorável a;  admiração por;
 fiel a;  ansioso por;
 grato a;  devoção por;
 horror a;  respeito por;
 idêntico a;  responsável por.
 inacessível a;
Regência nominal e complemento nominal
Regência nominal com a preposição DE

O complemento nominal é o termo regido.


 diferente de;
Completa o sentido de um nome que, sozinho,
 difícil de;
tem significado incompleto. Vem sempre
 digno de; precedido de uma preposição.
 dotado de;
 fácil de;
 impossível de; O complemento nominal pode ser representado
 incapaz de; por um substantivo, por um pronome, por um
numeral e até por uma oração subordinada
 inimigo de;
substantiva completiva nominal.

34
Regência verbal é a relação que existe entre Exemplos de verbos que exigem preposição para
um verbo e o termo da oração que o regência verbal
complementa.
Verbos chegar, ir e voltar
Exemplo de regência verbal:
Ele não se lembrou do nosso acordo.
Quando indicam destino ou direção = ir a, ir
de, ir para, voltar a, voltar de, voltar
O verbo é o termo regente. para, chegar a, chegar de, chegar para.
O objeto indireto é o termo regido.
A preposição de estabelece a regência entre o
Exemplos:
termo regente (verbo) e o termo regido
Fui à feira comprar melancia.
(complemento verbal).
Voltei para Pernambuco.
Cheguei da escola ao meio-dia.
O que é o termo regente?
Na regência verbal, o termo regente é sempre o
Verbo comparecer
verbo.

Quando indica local = comparecer


O que é o termo regido?
a ou comparecer em.
O termo regido é o complemento verbal. Pode
ser o objeto direto ou o objeto indireto, bem
como o adjunto adverbial. Exemplo:
Compareci ao escritório no domingo para
resolver um problema.
Regência verbal sem preposição
Compareci no escritório no domingo para
resolver um problema.
Os verbos transitivos diretos estabelecem
regência com o objeto direto sem a presença Verbo querer
obrigatória de uma preposição.

Quando tem sentido de estimar ou de querer


Regência verbal com verbos transitivos bem = querer a.
diretos (sem preposição):

Exemplo: Quero muito a minha filha.


 Mariana comeu o quibe.
 Mirim esperava a irmã.
Verbo obedecer

O objeto direto responde principalmente às


perguntas o quê? ou quem?. Quando se obedece a alguém ou a alguma coisa
= obedecer a.

Regência verbal com preposição


Exemplo: Aquele aluno nunca
obedece à professora.
Os verbos transitivos indiretos estabelecem
regência com o objeto indireto com a presença
obrigatória de uma preposição. Verbo responder

Regência verbal com verbos transitivos Quando se responde a alguém ou a alguma


indiretos (com preposição): coisa = responde a.

 Eu duvidei da opinião do garoto. Exemplo: Pedro não soube responder ao que lhe
foi perguntado.
 O aluno respondeu à pergunta da
professora.

O objeto indireto responde principalmente às


perguntas de quê? para quê? de quem? para
quem? em quem?, entre outras.

35
QUESTÕES (CONCORDÂNCIA E
REGÊNCIA)

01) Ano: 2019 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE /
CEBRASPE - 2019 - TJ-AM - Assistente
Judiciário - Suporte ao Usuário de
Informática

A substituição da forma verbal “desenvolveram”


(l.22) por desenvolveu manteria a correção
gramatical do texto.

Menos de um terço das companhias


desenvolveram casos de negócios.

CERTO ( ) ERRADO ()

04) Ano: 2018 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
- 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia
Federal
A forma verbal “têm” (ℓ.20) concorda com o
termo “muitos segurados do INSS” (ℓ.19).

CERTO ( ) ERRADO ()

02) Ano: 2019 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: Prefeitura de São Cristóvão -
SE Prova: CESPE / CEBRASPE - 2019 - A correção gramatical e a coerência do texto
Prefeitura de São Cristóvão - SE - Professor de seriam preservadas caso a forma verbal “levou”
Educação Básica - Português (l.23) fosse substituída por levaram.

CERTO ( ) ERRADO ()

Na oração “no mínimo um terço das crianças


morriam” (l.22), a concordância verbal está feita
com o termo “crianças”, mas poderia ser feita 05) Ano: 2018 Banca: CESPE /
com “um terço” — um terço das crianças CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
morria —, sem prejuízo da correção gramatical - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
do texto. Federal

CERTO ( ) ERRADO ()
O item a seguir apresenta, de forma
consecutiva, os períodos que compõem um
03) Ano: 2020 Banca: CESPE / parágrafo adaptado do texto Como se
CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova: CESPE - identificam as vítimas de um desastre de
2020 - SEFAZ-DF - Auditor Fiscal massa, de Teresa Firmino (Internet: <
www.publico.pt >).

Julgue-o quanto à correção gramatical e à


coerência e à coesão textual.

Nos casos de cadáveres de vítimas


carbonizadas, podem não mais haver
impressões digitais.

36
CERTO () ERRADO ()  Hoje de manhã acordei com dor de
cabeça.
 O aluno já estudou toda a matéria da
prova.
Ano: 2018 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
 Prestem especial atenção à próxima
parte da apresentação.
- 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia
Federal
Na escrita de palavras de forma abreviada,
A supressão da preposição “de” empregada logo sendo chamado de ponto abreviativo e indicando
após “ferocidade”, no trecho “acostumando os que houve eliminação de letras.
espectadores a uma ferocidade de que todos
queriam vê-los afastados” (l. 10 e 11), manteria
a correção gramatical do texto.  V.Ex.ª chegará a Brasília dentro de
minutos.
CERTO () ERRADO ()  Meu irmão mora no 1.º andar.

Ano: 2014 Banca: CESPE /


Exemplos de abreviaturas com ponto final
CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
abreviativo:
- 2014 - Polícia Federal - Agente de Polícia
Federal
 senhor - Sr.
 senhora - Sra.
 doutor - Dr.
 doutora - Dra.
 excelentíssimo - Ex.mo ou Exmo.
 atenciosamente - at.te ou atte.

VÍRGULA [ , ]
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição
“com”, em “com a criminalidade e a violência”,
deve-se à regência do vocábulo “conexos”. A vírgula é usada para separar termos dentro de
uma oração, quer tenham a mesma função
CERTO () ERRADO () sintática, quer tenham funções sintáticas
diferentes.

GABARITO- 1-C 2-C 3-C 4-C 5-E 6-E 7- Elementos com a mesma função sintática
E
A vírgula separa elementos coordenados em
EMPREGO DE SINAIS (PONTUAÇÃO E enumerações com a mesma função sintática,
CRASE) quando não separados pelas conjunções e, ou,
nem.
A pontuação se refere ao uso de sinais de
pontuação e sinais gráficos auxiliares da escrita
 Ana, Carolina, Joana e Luísa foram
na linguagem escrita.
promovidas pelo diretor da empresa.
 Vou comprar ovos, farinha, açúcar e
Os sinais de pontuação marcam o ritmo de um leite para fazer um bolo.
texto, através de pausas e entonações e
conferem à linguagem escrita uma maior Elementos com diferentes funções
clareza, coesão e coerência. sintáticas

Ponto final [ . ] A vírgula separa elementos com função sintática


diferente, isolando-os e realçando-os:
O ponto final é usado:
Isola o aposto e outros elementos explicativos.
No final das frases declarativas e
imperativas, indicando que o período frásico  Júlia, a melhor aluna da turma, passou
está finalizado, com sentido completo. de ano com notas altíssimas.

37
 D. Alice, a vizinha do terceiro andar, período frásico ainda não acabou. É usado nos
está vendendo seu apartamento. seguintes casos:

Isola o vocativo, inclusivamente o vocativo Itens enumerados


inicial de cartas e comunicações.
O ponto e vírgula é usado na separação de itens
 Ó Pedro, você pode parar com esse enumerados, sendo frequente sua utilização em
barulho todo? leis.
 Venha, Filipe, está na hora de dormir.
 Prezados senhores, Exemplos:

Isola os advérbios sim e não, quando iniciam Serão abrangidas pelas medidas enunciadas
uma oração dando uma resposta, se referindo à neste decreto as pessoas que cumpram os
oração anterior. seguintes requisitos:

 Sim, vocês podem contar com nossa a) Ter nacionalidade brasileira;


ajuda. b) Ser maior de idade;
 Não, não será possível concluir essa c) Ter formação superior;
tarefa antecipadamente. d) Ser portador de deficiência.

Numa data, isola o nome do lugar. Orações extensas

 Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2014. O ponto e vírgula é usado na separação de


 Ouro preto, 31 de março de 2013. orações extensas e relacionadas entre si,
principalmente quando já subdivididas com
vírgulas.
Isola um elemento pleonástico que vem antes
do verbo.
Exemplos:

 Os docinhos da festa, minha mãe os fará


hoje.  Dos autores brasileiros, homenagearam
 Os mais temerosos, o sargento os Cecília Meireles; dos portugueses,
receberá com um discurso motivador. Eugênio de Andrade; dos
moçambicanos, Mia Couto.
 Dos vinte funcionários da empresa,
Pode isolar o adjunto adverbial no início ou
dezoito concordaram com as propostas
meio da oração, sendo dispensável quando o
da direção; os restantes discordaram.
adjunto adverbial for apenas um advérbio.
 Gosto de cantar; minha irmã, de dançar.

 Calma e discretamente, ela lutou por Conjunções adversativas


seus direitos.
 Ela, calma e discretamente, lutou por
seus direitos. É também usado na separação de conjunções
 Minha mãe jamais perdoará sua atitude. adversativas, podendo, assim, substituir a
vírgula.

Isola elementos repetidos.


Exemplos:

 Estou com muita, muita, muita fome!


 Pensei que conseguiria terminar o
 A vitória será minha, minha, minha!
trabalho esta semana; porém, só o
terminarei semana que vem.
PONTO E VÍRGULA [ ; ]  Estarei presente na reunião; contudo,
não concordo com as decisões que serão
comunicadas.
O ponto e vírgula (;) é um sinal de pontuação
intermediário entre o ponto e a vírgula. Indica
uma pausa ao mesmo tempo que indica que o

38
Orações sindéticas  Como afirmou Descartes: “Penso, logo
existo”.
 Paulo Coelho disse: "Imagine uma nova
O ponto e vírgula é usado ainda na separação de
história para sua vida e acredite nela".
orações sindéticas, quando o verbo estiver antes
da conjunção.

Exemplos:

 Nunca fui boa aluna a matemática;


esperava, contudo, passar de ano. No início e no fim de transcrições de outros
 Sempre acreditei em você; esperava, textos:
portanto, que você cumprisse o
combinado.
 “Agora eu quero contar as histórias da
beira do cais da Bahia.” (Jorge Amado,
TRAVESSÃO [ —] Mar Morto, 1936.)
 “Amor é fogo que arde sem se ver / É
O travessão [ — ] é um sinal de pontuação ferida que dói, e não se sente” (Luís de
usado, maioritariamente, no início das falas no Camões, Rimas, 1953)
discurso direto. É também usado para substituir
a vírgula ou os parênteses em orações
intercaladas ou no destaque de alguma parte da No início e no fim de palavras e expressões que
frase. não se enquadram na norma padrão e culta do
português,
como estrangeirismos, neologismos, arcaís
Travessão nas orações intercaladas
mos, gírias e expressões populares:

Nas orações intercaladas, o travessão pode


substituir a vírgula ou os parênteses, separando-
 Faremos tudo “asinha”.
as da oração principal.  Meu filho é um verdadeiro “cibernauta”,
vive na Internet.
 Os alunos já receberam o “feedback” das
 Há quem o faça — mas não o aconselha apresentações?
— por isso não o farei.
 Eles dizem — embora ninguém acredite
No início e no fim de palavras e expressões que
— que são de confiança.
se pretendem destacar, conferindo-
lhes ironia ou ênfase:
Travessão para criar destaque

 Que “belo” trabalho! Você conseguiu


No destaque de alguma parte da frase, o estragar tudo o que já estava feito!
travessão realça uma informação sobre um (ironia)
elemento da frase, principalmente quando  O filho levou um “não” redondo do pai.
aparece no fim da mesma. O travessão também (ênfase)
serve para destacar o aposto.

CRASE
 Ele está fazendo o possível e o
impossível para concretizar seu objetivo A crase é, na língua portuguesa, a contração de
— ficar com minha vaga dentro da duas vogais iguais, sendo representada com
empresa. acento grave.
 Aquelas duas meninas — a Camila e a
Tatiana — ficaram ajudando no fim da
festa. Ocorre crase:

ASPAS [ “ ” ] Antes de palavras femininas em construções


frásicas com substantivos e adjetivos que pedem
a preposição a e com verbos cuja regência é
As aspas são usadas:
feita com a preposição a, indicando a quem algo
se refere, como: agradecer a, pedir a, dedicar
No início e no fim de citações: a,…

39
 Aquele aluno nunca está atento à aula. Não ocorre crase:
 Suas atitudes são idênticas às de sua
irmã.
Antes de substantivos masculinos:
 Não consigo ser indiferente à falta de
respeito dessa menina!
 É importante obedecer às regras de  Gosto de andar a pé.
funcionamento da escola.  Este passeio será feito a cavalo.
 As testemunhas assistiram à cena  Será estipulado um tipo de
impávidas e serenas. pagamento a prazo.
 Escreve a lápis, assim podemos apagar
o que for preciso.
Em diversas expressões adverbiais,
locuções prepositivas e locuções
conjuntivas: à noite, à direita, à toa, às vezes, Antes de verbos:
à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à
moda de, à maneira de, à exceção de, à frente
de, à custa de, à semelhança de, à medida que,  Não sei se ela chegou a falar sobre esse
à proporção que,… assunto.
 Meu filho está aprendendo a cantar essa
música na escola.
 Ligo-te hoje à noite.  O arquiteto está começando a renovar
 Ele está completamente à parte do essa casa.
grupo.  Meu irmão se dispôs a ajudar no que
 A funcionária apenas conseguiu a fosse necessário.
promoção à custa de muito esforço.
 Meu filho mais velho está
completamente à deriva: não estuda, Antes da maior parte dos pronomes:
não trabalha, não faz nada.
 Desejamos a todos um bom fim de
Antes da indicação exata e determinada de semana.
horas:  Você já pediu ajuda a alguém?
 Dei todos os meus carrinhos a ele.
 Refiro-me a quem nunca esteve
 Meu filho acorda todos os dias às seis da
presente nas reuniões.
manhã.
 Chegaremos a Brasília às 22h.
 A missa começará à meia-noite. Nota: Antes de alguns pronomes pode ocorrer
crase.

Nota: Com as preposições para, desde, após e


entre, não ocorre crase.  Não entregamos o trabalho à mesma
professora.
 Eu pedi a fatura à própria gerente do
 Estou esperando você desde as seis estabelecimento.
horas.
 Solicitei à senhora que não fizesse mais
 Marcaram o almoço para as duas horas reclamações.
da tarde.
 Esta é a reportagem à qual me referi.

Em diversas expressões de modo ou


Em expressões com palavras repetidas,
circunstância, atuando como fator de
mesmo que essas palavras sejam
transmissão de clareza na leitura:
femininas:

 Vou lavar a mão na pia.


 Estamos estudando as expressões mais
 Vou lavar à mão a roupa delicada. usadas pelos falantes no dia a dia.
 Ele pôs a venda nos olhos.  Gota a gota, minha paciência foi
 Ele pôs à venda o carro. enchendo!
 Ela trancou a chave na gaveta.  Preciso conversar com você face a face.
 Ela trancou à chave a porta.  Por favor, permaneçam lado a lado.
 Estudei a distância.
 Estudei à distância.
Antes de palavras femininas no plural
antecedidas pela preposição a:

40
 Este artigo se refere a pessoas que O trecho ‘devido a sua potencialidade’ ficaria
estão desempregadas. incorreto se fosse colocado sinal indicativo de
 A polêmica foi relativa a mulheres crase em ‘a’.
defensoras da emancipação feminina.
 As bolsas de estudo foram Comentário: ERRADO! Antes de pronomes
concedidas a alunas estrangeiras. possessivos (sua) com valor adjetivo, o emprego
do acento grave é facultativo.

Nota: Caso se especifique os substantivos CERTO ( ) ERRADO (X)


femininos através da utilização do artigo definido
as, ocorre crase, dada a contração desse artigo
com a preposição a: a + as = às.
03) (CESPE / UNB / ABIN / SUPERIOR )

 Este artigo se refere às pessoas que Mudado seu modo de pensar, o pesquisador
estão desempregadas. já não concebe aquele tema da mesma
 A polêmica foi relativa às mulheres forma e, assim, já não é capaz de
defensoras da emancipação feminina. estabelecer uma relação exatamente igual
 As bolsas de estudo foram à (relação) do experimento original.
concedidas às alunas estrangeiras.
Em “à do experimento”, o sinal indicativo de
crase está empregado de forma semelhante ao
Antes de um numeral (exceto horas, emprego desse sinal em expressões como à
conforme acima mencionado): moda, às vezes, em que o uso do sinal é fixo.

Comentário: ERRADO! No caso do trecho do


 O número de concorrentes texto, o emprego do acento grave ocorre por
chegou a quinhentos e vinte e sete.
razões tradicionais de regência, no entanto em
 O hotel fica a dois quilômetros daqui.
expressões como “às vezes” o sinal é fixo por se
 O motorista conduzia a 180 km/h.
tratar de uma locução de valor feminino.

CERTO ( ) ERRADO (X)

QUESTÕES

01) (CESPE / UNB / Banco da Amazônia 04) (CESPE / UNB / Auditor Fiscal do
S.A. / Área: Direito) Tesouro Municipal)

Uma empresa até pode se parecer com uma Entre os projetos bancados pelo FACITEC,
máquina, quando existe uma tarefa estão desde uma pesquisa que levantou o
contínua a ser desempenhada. perfil empreendedor da grande Vitória a
pesquisas socioambientais para
A substituição da sentença “Uma empresa até reurbanização de áreas degradadas.
pode se parecer com uma máquina” por “Até
uma empresa pode assemelhar-se à uma Sem prejuízo para a correção gramatical, a
máquina” preservaria a correção gramatical do passagem “a pesquisas socioambientais” poderia
texto. ser substituída por às pesquisas
socioambientais.
Comentário: ERRADO, pois antes de artigos
indefinidos não há necessidade de emprego do CERTO ( ) ERRADO ( )
acento indicativo de crase.

CERTO ( ) ERRADO (X)


05) (CESPE / UNB / SEMPLAD / SEMED /
SUPERIOR )

02) (CESPE / UNB / Auditor Fiscal do São incalculáveis as possibilidades de


Tesouro Municipal) desenvolvimento de produtos que a TV
digital passa a oferecer à indústria e à
“O rio Amazonas, devido a sua criatividade brasileira.
potencialidade como fonte de geração de
energia hidrelétrica, é estratégico para Em “à indústria e à criatividade”, o sinal
todas as atividades econômicas”. indicativo de crase justifica-se pela regência do

41
verbo “oferecer”, que exige preposição, e pela s: CESPE - 2015 - DEPEN - Especialista - Todas
presença de artigo definido feminino. as áreas - Conhecimentos Básicos

CERTO ( ) ERRADO ( ) “Os detentos têm acesso a mais de cem livros


comprados pelo governo e, a partir dessa
seleção, eles têm de vinte um a trinta dias para
ler um livro e escrever uma resenha que, se
06) Língua Portuguesa - Crase - Instituto adequada aos parâmetros da lei, como
Brasileiro de Formação e Capacitação circunscrição ao tema e estética, subtraem
(IBFC) - 2017 - EMBASA/BA - Engenheiro Civil quatro dias de pena...”
Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, as lacunas. A correção gramatical do texto seria mantida
caso a vírgula logo após o termo “que” (R.14)
As inscrições acontecerão no período de 10 fosse eliminada.
__ 20 de março das 8h __ 16h.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A. à - as

B. a - às
11)
C. à - às
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova
D. a - as s: CESPE - 2015 - DEPEN - Agente e Técnico -
Todas as áreas - Conhecimentos Básicos

“OS condenados no Brasil são originários, na


08) maioria das vezes, das classes menos
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCU Provas: favorecidas da sociedade...”
CESPE 2015 - TCU - Técnico Federal de Controle
Externo O segmento “na maioria das vezes” (L. 1 e 2)
está entre vírgulas porque constitui expressão
“Escreve H. Summer Maine que algumas de natureza explicativa.
experiências societárias, ao permitirem o
declínio do poder real...” ( ) CERTO ( ) ERRADO

Na linha 8, o emprego de vírgula logo após “H.


Summer Maine" prejudicaria a correção
gramatical do período. 12) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TRE-
GO Provas: CESPE - 2015 - TRE-GO - Técnico
Judiciário - Área Administrativa
( ) CERTO ( ) ERRADO
“Por fim, integravam a corte três membros
efetivos e quatro substitutos, escolhidos pelo
09) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: Instituto chefe de governo provisório dentre quinze
Rio Branco Prova: CESPE - 2015 - Instituto Rio cidadão, indicados pelo STF, desde que
Branco - Diplomata - Prova 1 atendessem aos requisitos de notável saber
jurídico e idoneidade moral.”

Caso a vírgula que sucede o nome “cidadãos"


“E assim todo o livro, que não obedeceu a (l.18) fosse suprimida, a correção gramatical do
nenhum plano antecipado. ” texto seria mantida.

( ) CERTO ( ) ERRADO
A supressão da vírgula empregada logo após
13) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TCE-
“livro” (R.17) atenderia às normas gramaticais,
RO Prova: CESPE - 2013 - TCE-RO - Analista de
porém violaria a coerência do texto.
Informática

( ) CERTO ( ) ERRADO
“Eles visam a qualquer atividade que dê
dinheiro, sem o menor escrúpulo.”

10) No último parágrafo, a inserção de vírgula logo


Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova após “atividade” (l.38) preservaria o sentido

42
original do texto e a correção gramatical do
período.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14)
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: ANTT Provas
: CESPE - 2013 - ANTT - Analista Administrativo
- Direito

“Planejamento urbano de qualidade é


igualmente indispensável. Isso significa, entre
outras medidas, concentrar serviços próximos ou
entremeados com áreas residenciais...”

O emprego da vírgula utilizada logo após o nome


“medidas” (L.35) é obrigatório.

( ) CERTO ( ) ERRADO

43
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS Em orações reduzidas do gerúndio (sem a
preposição em).
A colocação dos pronomes pessoais
oblíquos átonos na oração pode ser feita de
três formas distintas, existindo regras definidas  O jovem reclamou muito, comportando-
para cada uma dessas formas. se como uma criança.
 Fiquei sem reação, lembrando-me de
acontecimentos passados.
Em próclise: pronome colocado antes do
verbo;
Em ênclise: pronome colocado depois do verbo; Em orações reduzidas do infinitivo.
Em mesóclise: pronome colocado no meio do
verbo.
 Espero dizer-te a verdade rapidamente.
 Convém dar-lhe autorização ainda hoje.
Exemplos de colocação pronominal
Próclise
 Não me deram uma caixa de bombons
ontem. (próclise)
 Deram-me uma caixa de bombons A colocação pronominal deverá ser feita antes
ontem. (ênclise) do verbo apenas quando houver palavras
 Dar-me-ão uma caixa de bombons atrativas que justifiquem o adiantamento do
amanhã. (mesóclise) pronome, como:

Os pronomes pessoais oblíquos átonos são: Palavras negativas (não, nunca, ninguém,
1.ª pessoa do singular - me jamais,…).
2.ª pessoa do singular - te
3.ª pessoa do singular – se, o, a, lhe  Não te quero ver nunca mais!
1.ª pessoa do plural - nos
 Nunca a esquecerei.
2.ª pessoa do plural - vos
3.ª pessoa do plural – se, os, as, lhes
Conjunções subordinativas (embora, se,
conforme, logo,...).
Uso específico de ênclise, próclise ou
mesóclise
 Embora o faça, sei que é errado.
 Cumpriremos o acordo se nos agradar.
Existem diversas situações que justificam o uso
específico de uma forma de colocação
pronominal. Pronomes relativos (que, qual, onde,…).

Ênclise  Há professores que nos marcam para


sempre.
A colocação pronominal depois do verbo deverá  Esta é a faculdade onde me formei.
ser usada:
Pronomes indefinidos (alguém, todos,
Em orações iniciadas com verbos (com poucos,…).
exceção do futuro do presente do indicativo e do
futuro do pretérito do indicativo), uma vez que  Alguém me fará mudar de opinião?
não se iniciam frases com pronomes oblíquos.
 Poucos nos emocionaram com seus
relatos.
 Refere-se a um tipo de árvore.
 Viram-me na rua e não disseram nada. Pronomes demonstrativos (isto, isso,
aquilo,…).
Em orações imperativas afirmativas.
 Isso me deixou muito abalada.
 Sente-se imediatamente!  Aquilo nos mostrou a verdade.
 Lembre-me para fazer isso no fim do
expediente.

44
Frases interrogativas (quem, qual, que,
quando,…).

 Quem me chamou?
 Quando nos perguntaram isso?
No trecho “baseia-se na dificuldade” (l. 23 e 24),
Frases exclamativas ou optativas. a partícula “se” poderia ser anteposta à forma
verbal “baseia” sem prejuízo da correção
gramatical do texto.
 Como nos enganaram!
 Deus te guarde! CERTO ( ) ERRADO ( )

Preposição em mais verbo no gerúndio.


02) Ano: 2000 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
 Em se tratando de uma novidade, este
- 2000 - Polícia Federal - Agente Federal da
produto é o indicado.
Polícia Federal
 Em se falando sobre o assunto, darei
minha opinião. “Recentemente me pediram para discutir os
desafios políticos que o Brasil tem pela frente”
Advérbios, sem que haja uma pausa marcada.
Havendo uma pausa marcada por uma vírgula, A posição do pronome átono “me” (l. 1),
deverá ser usada a ênclise. antecedendo o verbo, constitui uma violação às
regras da colocação pronominal da norma culta
e, por isso, ele deveria ser usado posposto a
 Aqui se come muito bem! “pediram” (l. 1).
 Talvez te espere no fim das aulas.
CERTO ( ) ERRADO ( )
Mesóclise

03) Ano: 2004 Banca: CESPE /


A colocação pronominal deverá ser feita no meio
do verbo quando o verbo estiver conjugado no CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
futuro do presente do indicativo ou no futuro do - 2004 - Polícia Federal - Agente Administrativo
pretérito do indicativo.
Relato 2 Indagado pelo indivíduo X sobre o que
diria se o chamassem para testemunhar, o
 Ajudar-te-ei no que for preciso. indivíduo Y respondeu que falaria que estava
 Comprometer-se-iam mais facilmente se escuro, que não tinha visto nada e que, além do
confiassem mais em você. mais, estava só de passagem.

A mesóclise é maioritariamente utilizada numa


linguagem formal, culta e literária. Caso haja No relato 2, para atender rigorosamente ao que
situação que justifique a próclise, a mesóclise lhe foi solicitado, o funcionário deveria ter
não ocorre. escolhido a construção se caso chamassem-
o em vez de “se o chamassem”.
QUESTÕES CERTO ( ) ERRADO ( )

01) Ano: 2018 Banca: CESPE / 04) Ano: 2013 Banca: CESPE /
CEBRASPE Órgão: Polícia CEBRASPE Órgão: PC-DF Prova: CESPE - 2013
Federal Provas: CESPE - 2018 - Polícia Federal - - PC-DF - Escrivão de Polícia
Perito Criminal Federal - Conhecimentos Básicos
- Todas as Áreas No trecho “que se expressam na subjetividade
da liberdade pessoal” (l.9-10), o emprego do
pronome átono “se” após a forma verbal
— expressam-se — prejudicaria a correção
gramatical do texto, dada a presença de fator de
próclise na estrutura apresentada.

45
CERTO ( ) ERRADO ( )

05) Ano: 2012 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE /
CEBRASPE - 2012 - PRF - Nível Superior -
Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos

Na linha 12, se o pronome “lhes” fosse


deslocado para depois da forma verbal
“realizam”, ligando-se a esta por meio de hífen,
seriam mantidos o sentido original e a correção
gramatical do texto.

CERTO ( ) ERRADO ( )

06) Ano: 2012 Banca: CESPE /


CEBRASPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012
- PC-AL - Agente de Polícia

Na linha 15, a partícula “o” poderia ser


corretamente deslocada para imediatamente
depois da forma verbal “deixa” — escrevendo-
se deixa-o —; na linha 17, entretanto,
deslocamento semelhante — “o deixa”
para deixa-o — acarretaria prejuízo para a
correção gramatical do texto.

CERTO ( ) ERRADO ( )

46
1
1-C 2-E 3-C 4-E 5-E 6-C

47
Anotações:
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48
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

NOÇÕES DE LÓGICA Proposição Composta

Uma proposição que contenha qualquer outra


como sua parte componente é dita proposição
Proposição composta ou proposição molecular. Isso quer
dizer que uma proposição é composta quando se
Denomina-se proposição a toda sentença, pode extrair como parte dela, uma nova
expressa em palavras ou símbolos, que exprima proposição.
um juízo ao qual se possa atribuir, dentro de
certo contexto, somente um de dois valores Conectivos Lógicos
lógicos possíveis: verdadeiro ou falso.
Existem alguns termos e expressões que estão
Somente às sentenças declarativas pode-se freqüentemente presentes nas proposições
atribuir valores de verdadeiro ou falso, o que compostas, tais como "não", "e", "ou", "se ...
ocorre quando a sentença é, respectivamente, então" e "se e somente se" aos quais
confirmada ou negada. De fato, não se pede denominamos conectivos lógicos. Os conectivos
atribuir um valor de verdadeiro ou falso às lógicos agem sobre as proposições a que estão
demais formas de sentenças como as ligados de modo a criar novas proposições.
interrogativas, as exclamativas e outras, embora
elas também expressem juízos. Exemplo:

São exemplos de proposições as seguintes A sentença "Se x não é maior que y, então x é
sentenças declarativas: igual a y ou x é menor que y" é uma proposição
composta na qual se pode observar alguns
O número 6 é par. conectivos lógicos ("não", "se ... então" e "ou")
que estão agindo sobre as proposições simples
O número 15 não é primo. Todos os homens são "x é maior que y", "x é igual a y" e "x é menor
mortais. Nenhum porco espinho sabe ler. que y".
Alguns canários não sabem cantar. O valor lógico (verdadeiro ou falso) de uma
Se você estudar bastante, então aprenderá tudo. proposição composta depende somente do valor
Eu falo inglês e espanhol. " lógico de cada uma de suas proposições
componentes e da forma como estas sejam
Miriam quer um sapatinho novo ou uma boneca. ligadas pelos conectivos lógicos utilizados.

As proposições compostas podem receber


denominações especiais, conforme o conectivo
Não são proposições: lógico usado para ligar as proposições
componentes.
Qual é o seu nome? Preste atenção ao sinal.
Caramba! Conjunção: A e B
Proposição Simples Denominamos conjunção a proposição composta
formada por duas proposições quaisquer que
Uma proposição é dita proposição simples ou
estejam ligadas pelo conectivo "e".
proposição atômica quando não contém
qualquer outra proposição como sua
componente. Isso significa que não é possível
encontrar como parte de uma proposição A conjunção A e B pode ser representada
simples alguma outra proposição diferente dela. simbolicamente como:
Não se pode subdividi-Ia em partes menores tais
que alguma delas seja uma nova proposição.

Exemplo: A  B Exemplo:

A sentença "Cínthia é irmã de Maurício e de Dadas às proposições simples:


Júlio" é uma proposição composta pois é
possível retirar-se dela duas outras proposições:
A: Elisabeth é mãe de Cínthia.
"Cínthia é irmã de Maurício" e "Cínthia é irmã de
Júlio". B: Elisabeth é mãe de Maurício.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

A conjunção A e B pode ser escrita como: A disjunção "A ou B" pode ser escrita como:

A v B: Alberto fala espanhol ou é universitário.

A  B: Elisabeth é mãe de Cinthia e de


Maurício.
Se as proposições A e B forem representadas
como conjuntos através de um diagrama, a
disjunção "A v B" corresponderá à união do
Se as proposições A e B forem representadas conjunto A com o conjunto B. .
como conjuntos através de um diagrama, a
conjunção "A  B" corresponderá à interseção
do conjunto A com o conjunto B, A  B.
Uma disjunção é falsa somente quando as duas
proposições que a compõem forem falsas. Ou
seja, a disjunção "A ou B" é falsa somente
Uma conjunção é verdadeira somente quando as quando A é falsa e B é falsa também. Mas se A
duas proposições que a compõem forem for verdadeira ou se B for verdadeira ou mesmo
verdadeiras. Ou seja, a conjunção "A  B" é se ambas, A e B, forem verdadeiras, então a
verdadeira somente quando A é verdadeira e B é disjunção será verdadeira. Em outras palavras,
verdadeira também. para que a disjunção "A ou B" seja verdadeira
basta 'que pelo menos uma de suas proposições
componentes seja verdadeira.
Na tabela-verdade, apresentada a seguir,
podemos observar os resultados da conjunção
"A e B" para cada: um dos valores que A e B Na tabela-verdade, apresentada a seguir,
podem assumir. podemos observar os resultados da disjunção "A
ou B" para cada um dos valores que A e B
podem assumir.
A B A  B

V V V
A B AvB
V F F
V V V
F V F
V F V
F F F
F V V

F F F
Disjunção: A ou B

Condicional: Se A então B
Denominamos disjunção a proposição composta
Denominamos condicional a proposição
formada por duas proposições quaisquer que
composta formada por duas proposições
estejam ligadas pelo conectivo "ou".
quaisquer que estejam ligadas pelo conectivo
"Se ...então‖ ou por uma de suas formas
equivalentes.
A disjunção A ou B pode ser representada
simbolicamente como: Na proposição condicional "Se A, então B" a
proposição A, que é anunciada pelo uso da
A  B conjunção "se", é denominada condição ou
antecedente enquanto a proposição B, apontada
Exemplo:
pelo advérbio "então" e denominada conclusão
Dadas as proposições simples: ou conseqüente.

A: Alberto fala espanhol. As seguintes expressões podem se empregar


como equivalentes de "Se A, então B": A
B: Alberto é universitário. proposição condicional "Se A, então B" pode ser
representada simbolicamente como: A  B

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

Exemplo: A B A  B

V V V

Dadas as proposições simples: V F F

F V V

A: José é alagoano. F F V

B: José é brasileiro.

Alguns dos resultados da tabela anterior podem


parecer absurdos à primeira vista.
A condicional "Se A, então B" pode ser escrita
como: A fim de esclarecer o significado de cada um dos
resultados possíveis numa sentença condicional,
considere a seguinte situação:
A  B: Se José é alagoano, então José é
Numa tarde de domingo um casal está sentado
brasileiro. no sofá da sala de seu apartamento assistindo a
um filme quando à campainha toca. A mulher,
que se diz sensitiva, fala: "Se for uma mulher,
Se A, B. então ela estará trazendo um pacote nas mãos".
O marido que não costuma dar muita
B, se A. Todo A é B. A implica B. importância às previsões da mulher resmunga:
"Vamos ver se você está mesmo certa!" e vai
A somente se B.
abrir a porta.
A é suficiente para B.
.Em que conjunto de situações poderemos dizer
B é necessário para A. que a previsão da mulher estava errada? Há
quatro hipóteses a serem analisadas:

1ª - Quem tocou a campainha era realmente


Se as proposições A e B forem representadas uma mulher que estava mesmo trazendo um
como conjuntos através de um diagrama, a pacote nas mãos. Nesses casos teremos que
proposição condicional "Se A então B" reconhecer que a previsão da mulher era correta
corresponderá à inclusão do conjunto A no (este caso corresponde ao que está descrito na
conjunto B (A está contido em B). primeira linha da tabela-verdade apresentada
para a condicional).

2ª - Quem tocou a campainha era realmente


Uma condicional "Se A então B" é falsa somente
uma mulher, porém ela não estava trazendo um
quando a condição A é verdadeira e a conclusão
pacote nas mãos. Nesse caso, podemos dizer
B é falsa, sendo verdadeira em todos os outros
que a previsão da mulher mostrou-se errada
casos. Isto significa que numa proposição
(este caso corresponde ao que está descrito na
condicional, a única situação que não pode
segunda linha da tabela-verdade apresentada
ocorrer é uma condição verdadeira implicar uma
para a condicional).
conclusão falsa.
ª - Quem tocou a campainha não era uma
a tabela-verdade apresentada a seguir podemos
mulher embora estivesse mesmo trazendo um
observar os resultados da proposição condicional
pacote nas mãos. Nesse caso, não podemos
"Se A então B" para cada um dos valores que A
dizer que a previsão da mulher estava errada,
e B podem assumir.
pois ela não disse que somente uma mulher
poderia estar trazendo um pacote nas mãos.
Acontece que toda proposição deve ser ou
verdadeira ou falsa e esta não é falsa. Então é
verdadeira! (este caso corresponde ao que está
descrito na terceira linha da tabela-verdade
apresentada para a condicional).

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

4ª - Quem tocou a campainha não era uma Exemplo:


mulher e nem mesmo estava trazendo um
pacote nas mãos. Nesse caso, também não Dadas as proposições simples:
podemos dizer que a previsão da mulher estava A: Adalberto é meu tio.
errada, pois a previsão de que a pessoa traria
um pacote nas mãos estava condicionada ao B: Adalberto é irmão de um de meus pais.
fato de que a pessoa fosse uma mulher. Não
sendo uma mulher, não teria necessariamente A proposição bicondicional "A se e somente se
que trazer um pacote nas mãos. Novamente, a B" pode ser escrita como:
proposição não é falsa. Logo é verdadeira. (este
caso corresponde ao que está descrito na quarta
linha da tabela-verdade apresentada para a A  B: Adalberto é meu tio se e somente se
condicional). Adalberto é irmão de um de meus pais.
Cuidado: Usualmente, quando empregarmos Como o próprio nome e símbolo sugerem uma
uma sentença do tipo "se A então B" esperamos proposição bicondicional "A se e somente se B"
que exista entre A e B alguma forma de equivale à proposição composta "se A então B e
relacionamento ou que guardem entre si alguma se B então A".
relação de causa e efeito. Nesse sentido
aceitaríamos com facilidade, por exemplo, a Podem-se empregar também como equivalentes
proposição "Se um número inteiro termina com de "A se e somente se B" as seguintes
o algarismo 8 então este número é par" expressões:

No mesmo sentido, tenderíamos a recusar A se e só se B.


proposições como "se um triângulo tem três
Todo A é B e todo B é A. Todo A é B e
lados então o número sete é primo" ou
reciprocamente..
"se um quadrado tem sete lados então fala-se o
Se A então B e reciprocamente. A somente se B
português no Brasil"
e B somente se A.
pois nelas falta algo que relacione a primeira
A é suficiente para B e B é suficiente para A. B é
parte com a segunda.
necessário para A e A é necessário para B.
Provavelmente recusaríamos a primeira dizendo
algo como "O que é que tem a ver um triângulo
ter três lados com o número sete ser primo?" e Se as proposições A e B forem representadas
quanto à segunda, é quase certo que alguém a como conjuntos através de um diagrama, a
recusasse alegando algo como "Para começar proposição bicondicional "A se e somente se B"
um quadrado não tem sete lados. E mesmo que corresponderá à igualdade dos conjuntos A e B.
tivesse isto não tem nada a ver com falar-se ou
não o português no Brasil". A proposição bicondicional "A se e somente se
B" é verdadeira somente quando A e B têm o
No entanto essas duas proposições são mesmo valor lógico (ambas são verdadeiras ou
verdadeiras! ambas são falsas), sendo falsa quando A e B
têm valores lógicos contrários.
Para a Lógica, não importa se existe ou não
alguma relação entre A e B. Na tabela-verdade, apresentada a seguir,
podemos observar os resultados da proposição
Bicondicional: A se e somente se B
bicondicional "A se e somente se B" para cada
Denominamos bicondicional a proposição um dos valores que A e B podem assumir.
composta formada por duas proposições
quaisquer que estejam ligadas pelo conectivo
A B A  B
"se e somente se". V V V
A proposição bicondicional "A se e somente se V F F
B" pode ser representada simbolicamente como:
F V F
A  B
F F V

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

Negação: Não A Tautologia

Dada uma proposição qualquer A denominamos Uma proposição composta formada por duas ou
negação de A a proposição composta que se mais proposições A, B, C, ...é uma tautologia se
obtém a partir da proposição A acrescida do ela for sempre verdadeira, independentemente
conectivo lógico "não" ou de outro equivalente. dos valores lógicos das proposições A, B, C,
. ...que a compõem.

A negação "não A" pode ser representada Não é verdade que A. É falso que A.
simbolicamente como:

Exemplo:
~A
A proposição "Se (A e B) então (A ou B)" é uma
tautologia, pois é sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos de A e
Podem-se empregar, também, como de B, como se pode observar na tabela-verdade
equivalentes de "não A" as seguintes abaixo:
expressões:

A .B AeB A ou B (A e B) V (A ou B)
Não é verdade que A. É falso que A.
V V V V V

V F F V V
Se a proposição A for representada como
conjunto através de um diagrama, a negação F V F V V
"não A" corresponderá ao conjunto
complementar de A. F F F F V

Uma proposição A e sua negação "não A" terão Contradição


sempre valores lógicos opostos.

Uma proposição composta formada por duas ou


mais proposições A, B, C, ... é uma contradição
se ela for sempre falsa, independentemente dos
Na tabela-verdade, apresentada a seguir, valores lógicos das proposições A, B, C, ... que a
podemos observar os resultados da negação compõem.
"não A.." para cada um dos valores que A pode
assumir.
Exemplo:

A Não A A proposição "A se e somente se não A" é uma


contradição, pois é sempre falsa,
VF FV independentemente dos valores lógicos de A e
de não A, como se pode observar na tabela-
verdade abaixo:
Como se pode observar na tabela-verdade, uma
proposição qualquer e sua negação nunca
poderão ser simultaneamente verdadeiras ou A ~A A  ~A
simultaneamente falsas.
V F F

F V F

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

O exemplo acima mostra que uma proposição Da definição de equivalência lógica pode-se
qualquer A e sua negação A nunca serão ambas demonstrar as seguintes equivalências:
verdadeiras ou ambas falsas.

Leis associativas:
Como uma tautologia é sempre verdadeira e
uma contradição, sempre falsa, tem-se que: a 1. (A  B)  C  A  (B  C)
negação de uma tautologia é sempre uma
2. (A v B) v C  A v (B v C)
contradição enquanto negação de uma
contradição é sempre uma tautologia.

Leis distributivas:
As três Leis Fundamentais do Pensamento 3. A  (B v C)  (A  B) v (A  C)
Lógico
4. A v (B  C)  (A v B)  (A v C)
Alguns autores citam três princípios como sendo
fundamentais para o pensamento lógico.

Lei da dupla negação:

Princípio da Identidade 5. ~~A  A

Se um enunciado qualquer é verdadeiro, então


ele é verdadeiro. Em símbolos: P  P.
Equivalências da Condicional

6. A → B  ~A v B
Princípio da Não Contradição .
7. A → B  ~B → -A
Nenhum enunciado pode ser verdadeiro e
também ser falso. Em símbolos: ~(P  ~P)

Negação de Proposições Compostas

Princípio do Terceiro Excluído

Um enunciado ou é verdadeiro ou é falso. Em Um problema de grande importância para a


símbolos: P ou ~P lógica é o da identificação de proposições
equivalentes à negação de uma proposição
dada. Negar uma proposição simples é uma
Proposições Logicamente Equivalentes tarefa que não oferece grandes obstáculos.
Entretanto, podem surgir algumas dificuldades
quando procuramos identificar a negação de
uma proposição composta.
Dizemos que duas proposições são logicamente
equivalentes ou, simplesmente, que são
equivalentes quando são compostas pelas
mesmas proposições simples e os resultados de Como vimos anteriormente, a negação de uma
suas tabelas-verdade são idênticos. Uma proposição deve ter sempre valor lógico oposto
conseqüência prática da equivalência lógica é ao da proposição dada. Desse modo, sempre
que ao trocar uma dada proposição por qualquer que uma proposição A for verdadeira, a sua
outra que lhe seja equivalente, estamos apenas negação não A deve ser' falsa e sempre que A
mudando a maneira de dizê-Ia. . for falsa, não A deve ser verdadeira.

A equivalência lógica entre duas proposições, A


e B, pode ser representada simbolicamente Em outras palavras, a negação de uma
como: proposição deve ser contraditória com a
A  B proposição dada.

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

A tabela abaixo mostra as equivalências mais Sentenças subcontrárias - uma afirmativa


comuns para as negações de algumas particular e sua negativa (I-O). Duas sentenças
proposições compostas: subcontrárias nunca são ambas falsas, mas
podem ser ambas verdadeiras. Assim sendo, se
soubermos que uma delas é falsa poderemos
garantir que a outra é verdadeira. Mas se
soubermos que uma delas é verdadeira não
poderemos garantir se a outra é verdadeira
também.

Sentenças subalternas - duas afirmativas


(universal e sua particular correspondente, A-I)
ou duas negativas (universal e sua particular
correspondente E-O).

Sempre que a universal for verdadeira sua


Quantificação correspondente particular será verdadeira
também, mas a falsidade da sentença universal
não obriga que a correspondente sentença
particular seja falsa também.
A quantificação é uma forma de estabelecer uma
relação entre sujeito e predicado de uma
proposição. As quantificações podem ser
universais ou particulares, cada uma destas Sempre que a particular for falsa sua
subdividindo-se em afirmativa ou negativa. Veja correspondente universal será falsa também,
o quadro seguinte: mas a verdade da sentença particular não obriga
que a correspondente sentença universal seja
verdadeira também.

Argumento

Denomina-se argumento a relação que associa


um conjunto de proposições P1, P2, ...Pn,
Sentenças contraditórias - cada uma delas é a chamadas premissas do argumento, a uma
negação lógica da outra (A - O e E - I): proposição C a qual chamamos de conclusão do
argumento.

Duas contraditórias terão sempre valores lógicos


contrários, ou seja, não podem ser ambas No lugar dos termos premissa e conclusão
verdadeiras nem ambas falsas. podem ser usados os correspondentes hipótese
e tese, respectivamente.

Sentenças contrárias - uma afirmativa universal


e sua negativa (A-E). Duas sentenças contrárias Os argumentos que têm Somente duas
nunca são ambas verdadeiras, mas podem ser premissas são denominados silogismos. Assim,
ambas falsas. Desse modo, se soubermos que são exemplos de silogismos os seguintes
uma delas é verdadeira poderemos garantir que argumentos:
a outra é falsa. Mas se soubermos que uma I. P1: Todos os artistas são apaixonados.
delas é falsa não poderemos garantir se a outra
é falsa também. P2: Todos os apaixonados gostam de flores.

.. C : Todos os artistas gostam de flores.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

lI. P1: Todos os apaixonados gostam de flores. Argumento Inválido

P2: Míriam gosta de flores. . C : Míriam é uma


apaixonada.
Dizemos que um argumento é inválido, também
denominado ilegítimo, mal construído ou
falacioso, quando a verdade das premissas não é
Argumento Válido suficiente para garantir a verdade da conclusão.
Dizemos que um argumento é válido ou ainda
que ele é legítimo ou bem construído quando a
sua conclusão é uma conseqüência obrigatória Exemplo:
do seu conjunto de premissas. Posto de outra
forma: quando um argumento é válido, a O silogismo:
verdade das premissas deve garantir a verdade "Todos os alunos do curso passaram. Maria não
da conclusão do argumento. Isto significa que é aluna do curso.
jamais poderemos chegar a uma conclusão falsa
quando as premissas forem verdadeiras e o Portanto, Maria não passou."
argumento for válido.

É importante observar que ao discutir a validade


de um argumento é irrelevante o valor de é um argumento inválido, falacioso, mal
verdade de cada uma de suas premissas. Em construído, pois as premissas não garantem
Lógica, o estudo dos argumentos não leva em (não obrigam) a verdade da conclusão (veja o
conta a verdade ou a falsidade das proposições diagrama abaixo). Maria pode ter passado
que compõem os argumentos, mas tão-somente mesmo sem ser aluna do curso, pois a primeira
a validade destes. premissa não afirmou que somente os alunos do
curso haviam passado.
Exemplo:

O silogismo:

. "Todos os pardais adoram jogar xadrez.


Nenhum enxadrista gosta de óperas.

Portanto, nenhum pardal gosta de óperas."

está perfeitamente bem construído (veja o


diagrama abaixo), sendo, portanto, um = Conjunto das pessoas que passaram. C =
argumento válido, muito embora a validade das Conjunto dos alunos do curso.
premissas seja questionável.
m = Maria

Na tabela abaixo, podemos ver um resumo das


situações possíveis para um argumento:

Op = Conjunto dos que gostam de óperas. X =


Conjunto dos que adoram jogar xadrez. P =
Conjunto dos pardais.

Pelo diagrama, pode-se perceber que nenhum


elemento do conjunto P(pardais) pode
pertencerão conjunto Op (os que gostam de
óperas).

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

1). Represente com diagramas de conjuntos: 4 ) (Agente/SEFAZ/FCC) Das cinco frases


abaixo, quatro delas têm uma mesma
a) algum A é B; característica lógica em comum, enquanto uma
b) algum A não é B; delas não tem essa característica.

c) todo A é B; I Que belo dia!

d) se A, então B; II Um excelente livro de raciocínio lógico.

e) nenhum A é B. III O jogo terminou empatado?

IV Existe vida em outros planetas do universo. V


Escreva uma poesia.
2) (Agente/TCE--PB/FCC) Sabe-se que
sentenças são orações com sujeito (o termo a A frase que não possui essa característica
respeito do qual se declara algo) e predicado (o comum é a
que se declara sobre o sujeito). Na relação
seguinte há expressões e sen6tenças:
a) I

b) II
1. Três mais nove é igual a doze.
c) III
2. Pelé é brasileiro.
d) IV
3. O jogador de futebol.
e) V
4. A idade de Maria.

5. A metade de um número.
5) (PM–AC–Soldado/Cespe-UnB) Considere as
6. O triplo de 15 é maior do que 10. seguintes proposições:
É correto afirmar que, na relação dada, são
sentenças apenas os itens de números
1) 6 – 1 = 7 ou 6 + 1 > 2
) 1, 2 e 6.
2) 6 + 3 > 8 e 6 – 3 = 4
b) 2, 3 e 4.
3) 9 x 3 > 24 ou 6 x 7 < 45
c) 3, 4 e 5
4) 5 + 2 é um número primo e todo número
d) 1, 2, 5 e 6. primo é ímpar.
3) (Agente/SEFAZ/FCC) Considere as seguintes Entre essas 4 proposições, apenas duas são F.
frases:

I Ele foi o melhor jogador do mundo em 2005.


6) (Agente/SEFAZ/FCC) Considere a proposição
II X é um número inteiro. ―Paulo estuda, mas não passa no concurso‖.
III João da Silva foi o Secretário da Fazenda do Nessa proposição, o conectivo lógico é
Estado de São Paulo em 2000.

É verdade que APENAS a) disjunção inclusiva


a) I e II são sentenças abertas. b) conjunção
b) I e III são sentenças abertas. c) disjunção exclusiva
c) II e III são sentenças abertas. d) condicional
d) I é uma sentença aberta. e) bicondicional
e) II é uma sentença aberta.

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

7). Considere as proposições abaixo: 10) Assinale a única proposição falsa.

I. 3 + 1 = 4 e 2 + 3 = 5 a) Se 2 é par, então 3 é ímpar.

II. 6 > 2 e 7 < 3 b) Se 5 é inteiro, então 3 é menor que 5.

III. 2 = 3 e 5 < 0 c) Se 8 é ímpar, então 7 é maior que 3.

a) todas são falsas; d) Se 13 é par, então 2 é ímpar.

b) I e II são falsas; e) Se 10 é par, então 6 é maior que 20.

c) somente III é falsa;

d) somente I é verdadeira; 11) Se chove então faz frio. Assim sendo:

e) I e II são verdadeiras.

a) Chover é condição necessária para fazer frio.

8) Considere as proposições abaixo: b) Fazer frio é condição suficiente para chover.

I. 5 + 1 = 6 ou 4 - 4 = 0 c) Chover é condição necessária e suficiente


para fazer frio.
lI. 2 + 2 = 5 ou 7 > 2
d) Chover é condição suficiente para fazer frio.
III. 3 = 5 ou 8 < 6
e) Fazer frio é condição necessária e suficiente
para chover.
a) somente I é verdadeira;

b) somente III é falsa; 12 ) Considere a afirmação P:


c) todas são verdadeiras; P: ―A ou B‖ onde A e B, por sua vez, são as
d) todas são falsas; seguintes afirmações:

e) I e III são falsas. A: ―Carlos é cantor‖

B: ―Se Ênio é músico, então Juca é médico‖ Ora,


sabe-se que a afirmação P é falsa. Logo:
9). Considere as proposições abaixo:
a) Carlos não é cantor; Ênio não é músico; Juca
I. 3 + 4 = 7 ou 2 + 2 = 4 não é médico.

II. 8 < 4 e 6 > 3 b) Carlos não é cantor; Ênio é músico; Juca não
é médico.
III. 6 < 0 ou 3 = 4
c) Carlos não é cantor; Enio é músico; Juca é
Assinale a única alternativa correta: médico.
a) todas as proposições são falsas; d) Carlos é cantor; Enio não é músico; Juca não
é médico.
b) somente III é falsa;
e) Carlos é cantor; Enio é músico; Juca não é
c) somente II é falsa;
médico.
d) I e II são falsas;

e) I é falsa ou II é falsa.
13) São dadas as seguintes proposições simples:

p : Beatriz é morena;

q : Beatriz é inteligente;

r : Pessoas inteligentes estudam.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

Se a implicação (p ∧ ∼ r) → ∼q é FALSA, então é 16)(TRIBUNAIS-FCC) Leia atentamente as


verdade que proposições P e Q:

a) Beatriz é uma morena inteligente e pessoas


inteligentes estudam.
● P: o computador é uma máquina.
b) Beatriz não é morena e nem inteligente, mas
estuda. ● Q: compete ao cargo de técnico judiciário a
construção de computadores.
c) Beatriz é uma morena inteligente e pessoas
inteligentes não estudam. Em relação às duas proposições, é correto
afirmar que:
d) Pessoas inteligentes não estudam mas Beatriz
é inteligente e não morena.

e) Pessoas inteligentes não estudam e Beatriz é a) P é equivalente a Q.


uma morena não inteligente. b) P implica Q.

c) a proposição composta ―P ou Q‖ é verdadeira


14) Se o valor lógico de uma proposição p é d) a proposição composta ―P e Q‖ é verdadeira.
verdadeiro e o valor lógico de uma proposição q
é falso então o valor lógico da proposição e) a negação de P é equivalente à negação de Q.
composta

17) (TRIBUNAIS-FCC) Leia atentamente as


[(p → q) v ~p ] ^ ~q é: proposições simples P e Q:

a) Falso e verdadeiro P: João foi aprovado no concurso do Tribunal.

b) Verdadeiro Q: João foi aprovado em um concurso.

c) Falso Do ponto. de vista lógico, uma proposição


condicional correta em relação a P e Q é:
d) Inconclusivo
a) Se Q, então P.

b) Se P, então não Q.
15) Considerando que os símbolos lógicos ~,
^, v e → representam negação, conjunção, c) Se não Q, então P.
disjunção e implicação, respectivamente, a
fórmula d) Se não P, então não Q.

((A →B) ^ A) →B é e) Se P, então Q.

a) falsa no caso do valor-verdade de A ser falso.

b) falsa no caso do valor-verdade de B ser falso. 18) (FGV) – Quando se afirma que P ⇒Q (P
implica Q) então:
c) verdadeira apenas no caso do valor-verdade
de A ser falso. a) Q é condição suficiente para P.

d) verdadeira apenas no caso do valor-verdade b) P é condição necessária para Q.


de B ser falso.
c) Q não é condição necessária para P
e) verdadeira independentemente dos valores-
d) P é condição suficiente para Q.
verdade de A e B.
e) P não é condição suficiente nem necessária
para Q.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

19) A construção da tabela-verdade para a 23)Considerando a proposição composta ( p ∨ r )


proposição [(¬P→Q)∧Q]→¬P, em que P e Q são , é correto afirmar que
proposições simples e — ¬P significa ―não P‖. Ao
se completar a tabela, é correto afirmar que a a) a proposição composta é falsa se apenas p for
coluna referente à proposição [(¬P→Q)∧Q]→¬P, falsa.
de cima para baixo e na ordem em que b) a proposição composta é falsa se apenas r
aparecem, conterá os elementos for falsa.
a) V V V F c) para que a proposição composta seja
b) F V V F verdadeira é necessário que ambas, p e r sejam
verdadeiras.
c) V F F V
d) para que a proposição composta seja
d) V V F F verdadeira é necessário que ambas, p e r sejam
falsas.
e) F F V F
e)para que a proposição composta seja falsa é
20) Marque a alternativa com a descrição do necessário que ambas,p e r sejam falsas.
conectivo lógico visto na proposição abaixo.

Ou o periquito é macho, ou é fêmea


24) Dentre as afirmações:
a) Conjunção
I. Se duas proposições são falsas, então a
b) Disjunção conjunção entre elas é verdadeira.
c) Condicional II. Se duas proposições são verdadeiras, então a
d) Conjunção Exclusiva disjunção entre elas é verdadeira.

e) Bicondicional III. Se duas proposições são falsas, então o


bicondicional entre elas é verdadeiro.

IV. Se duas proposições são falsas, então o


21) Marque a alternativa incorreta sobre a condicional entre elas é verdadeiro.
precedência dos conectivos lógicos.
Pode-se afirmar que são corretas:
a) A negação tem precedência sobre a
conjunção.

b) bicondicional tem precedência sobre a a) Somente uma delas.


condicional b) Somente duas delas.
c) disjunção tem precedência sobre a c) Somente três delas.
condicional.
d) Todas.
d) negação tem precedência sobre a disjunção.
e) Nenhuma.

22) Sabendo que os valores lógicos das


proposições simples p e q são, respectivamente, 25 ) Observe a afirmação X: ―A ou B‖. Sabe-se
a verdade e a falsidade, assinale o item que que ela é falsa e que A e B, por sua vez, são as
apresenta a proposição composta cujo valor seguintes afirmações:
lógico é a verdade.
A: ―Tereza tem olhos azuis‖.
a) ~ p ∨ q → q
B: ―Se Sonia tem olhos verdes, então, Neuza
b) p ∨ q → q tem olhos castanhos‖.

c) p → q

d) p ↔ q

e) q ∧ (p ∨ q )

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

Diante do exposto, assinale a alternativa 28) Dê a negação das proposições abaixo:


correta.

a) Tereza não tem olhos azuis; Sonia tem olhos


verdes; Neuza tem olhos castanhos. a) O tempo será frio e chuvoso.

b) Tereza não tem olhos azuis; Sonia tem olhos b) Ela estudou muito ou teve sorte na prova.
verdes; Neuza não tem olhos castanhos. c) Maria não é morena ou Regina é baixa.
c) Tereza tem olhos azuis; Sonia tem olhos d) Se o tempo está chuvoso então está frio.
verdes; Neuza não tem olhos castanhos.
e) Todos os corvos são negros.
d) Tereza tem olhos azuis; Sonia não tem olhos
verdes; Neuza não tem olhos castanhos. f) Nenhum triângulo é retângulo.

e) Tereza tem olhos azuis; Sonia não tem olhos g) Alguns sapos são bonitos.
verdes; Neuza tem olhos castanhos.
h) Algumas vidas não são importantes.

i) O dia será bonito e ensolarado.


26) (ANEEL/Esaf) Se Elaine não ensaia, Elisa não
estuda. Logo, j) Bia foi ao cinema e comeu pipoca.

k) Denise não é alta ou Nair é magra.

a) Elaine ensaiar é condição necessária para l) Ela estudou muito ou teve sorte na prova.
Elisa não estudar.
m) Se o sol está a pino, então está calor.
b) Elaine ensaiar é condição suficiente para Elisa
n) Se fui ao cinema, não estava de terno.
estudar.
o) O número x é um quadrado perfeito se, e
c) Elaine não ensaiar é condição necessária para
somente se, sua raiz quadrada for um número
Elisa não estudar.
inteiro.
d) Elaine não ensaiar é condição suficiente para
Elisa estudar.
29) A negação de "todos os homens são bons
e) Elaine ensaiar é condição necessária para
motoristas" é:
Elisa estudar.

a) todas as mulheres são boas motoristas;


27) Considere as seguintes premissas: (i) ―Se
não chover, Cláudia vai à praia‖. (ii) ―Se chover, b) algumas mulheres são boas motoristas;
Fábia vai ao clube‖. Como choveu o dia inteiro,
então: c) nenhum homem é bom motorista;

d) todos os homens são maus motoristas;

a) ―Cláudia e Fábia não foram ao clube‖. e) ao menos um homem não é bom motorista.

b) ―Cláudia e Fábia não foram à praia‖.

c) ―Fábia foi ao clube‖ 30) ( ANAC-ESAF 2016 ) A negação da


proposição ―se choveu, então o voo vai atrasar‖
d) ―Cláudia foi à praia‖. pode ser logicamente descrita por

e) ―Cláudia não foi à praia‖ e ―Fábia foi ao


clube‖.
a) não choveu e o voo não vai atrasar.

b) choveu e o voo não vai atrasar.

c) não choveu ou o voo não vai atrasar.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

d) se não choveu, então o voo não vai atrasar. 34) (Petrobras/Cesgranrio) Qual é a negação de
―não há quem não goste de futebol‖?
e) choveu ou o voo não vai atrasar.
a) Não há quem goste de futebol.

b) Ninguém gosta de futebol.


31) ( IF – BA / FUNRIO 2016 ) A negação de
―Alberto gosta de futebol ou Bianca é morena‖ c) Todos gostam de futebol.
é:
d) Há quem goste de futebol.
a) Se Alberto gosta de futebol então Bianca é
morena. e) Há quem não goste de futebol.

b) Alberto gosta de futebol se e somente se


Bianca é morena. 35) (MF-Ass. Téc. Admi. – Esaf – ) A negação de
c) Alberto não gosta de futebol e Bianca não é ―Ana ou Pedro vão ao cinema e Maria fica em
morena. casa‖ é:

d) Alberto não gosta de futebol ou Bianca não é a) Ana e Pedro não vão ao cinema ou Maria fica
morena. em casa.

e) Alberto gosta de futebol e Bianca é morena. b) Ana e Pedro não vão ao cinema ou Maria não
fica em casa.

c) Ana ou Pedro vão ao cinema ou Maria não fica


32) ( IF – BA / FUNRIO 2016 ) Em uma empresa em casa.
todos os funcionários têm mais de 20 anos e
nenhum funcionário tem mais de 60 anos. A d) Ana e Pedro não vão ao cinema e Maria fica
negação dessa proposição é: em casa.

a) Pelo menos um funcionário tem menos de 20


anos ou algum funcionário tem mais de 60 anos. 36) (Técnico Químico de Petróleo /REFAP
b) Pelo menos um funcionário tem menos de 20 /Cesgranrio) A negação de ―todos os números
anos e algum funcionário tem mais de 60 anos. inteiros são positivos‖é:

c) Nenhum funcionário tem menos de 20 anos a) nenhum número inteiro é positivo.


ou algum funcionário tem mais de 60 anos. b) nenhum número inteiro é negativo.
d) Nenhum funcionário tem menos de 20 anos e c) todos os números inteiros são negativos.
algum funcionário tem mais de 60 anos.
d) alguns números positivos não são inteiros.
e) Nenhum funcionário tem menos de 20 anos
ou todo funcionário tem mais de 60 anos. e) alguns números inteiros não são positivos.

33) Assinale a assertiva incorreta. 37) (Oficial de Justiça/TJ/FCC) Considere a


afirmação abaixo.
a) A negação de "2 é par e 3 é ímpar" é "2 não é
par ou 3 não é ímpar" . Existem funcionários públicos que não são
eficientes. Se essa afirmação é FALSA, então é
b) A negação de "5 é primo ou 7 é par" é "5 não verdade que:
é primo e 7 não é par'.
a) nenhum funcionário público é eficiente.
c) A negação de 2 < 5 é 2 > 5.
b) nenhuma pessoa eficiente é funcionário
d) A negação de "existe um número primo par" público.
é "qualquer número primo não é par".
c) todo funcionário público é eficiente.
e) A negação de "nenhum número é inteiro" é
"algum número é inteiro" . d) nem todos os funcionários públicos são
eficientes.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

e) todas as pessoas eficientes são funcionários 41) (ANEEL/Esaf) Uma sentença logicamente
públicos. equivalente a ―Se Ana é bela, então Carina é
feia‖ é:

a)Se Ana não é bela, então Carina não é feia.


38) Dizer que não é verdade que Pedro é pobre
e Alberto e alto, é logicamente equivalente a b) Ana é bela ou Carina não é feia.
dizer que é verdade que:
c) Se Carina é feia, Ana é bela.
a) Pedro não é pobre ou Alberto não é alto.
d) Ana é bela ou Carina é feia.
b) Pedro não é pobre e Alberto não é alto.
e) Se Carina não é feia, então Ana não é bela.
c) Pedro é pobre ou Alberto não é alto.

d) Se Pedro não é pobre, então Alberto é alto.


42) (SEFAZ/MG/Esaf) A afirmação ―Não é
e) Se Pedro não é pobre, então Alberto não é verdade que, se Pedro está em Roma, então
alto. Paulo está em Paris‖ é logicamente equivalente
à afirmação:

a) É verdade que ―Pedro está em Roma e Paulo


39) (CGU/TFC/Esaf/) Um renomado economista está em Paris‖.
afirma que ―A inflação não baixa ou a taxa de
juros aumenta‖. Do ponto de vista lógico, a b) Não é verdade que ―Pedro está em Roma ou
afirmação do renomado economista equivale a Pedro não está em Paris‖.
dizer que:
c) Não é verdade que ―Pedro não está em Roma
a) se a inflação baixa, então a taxa de juros não ou Paulo não está em Paris‖.
aumenta.
d) Não é verdade que ―Pedro não está em Roma
b) se a taxa de juros aumenta, então a inflação ou Paulo está em Paris‖.
baixa.
e) É verdade que ―Pedro está em Roma ou Paulo
c) se a inflação não baixa, então a taxa de juros está em Paris‖.
aumenta.

d) se a inflação baixa, então a taxa de juros


aumenta. 43) ( ANAC-ESAF 2016 ) A proposição ―se o voo
está atrasado, então o aeroporto está fechado
e) se a inflação não baixa, então a taxa de juros para decolagens‖ é logicamente equivalente à
não aumenta. proposição:

40) (MP/ENAP/SPU/Esaf) Dizer que ―Ana não é a) o voo está atrasado e o aeroporto está
alegre ou Beatriz é feliz‖ é, do ponto de vista fechado para decolagens.
lógico, o mesmo que dizer:
b) o voo não está atrasado e o aeroporto não
a) se Ana não é alegre, então Beatriz é feliz. está fechado para decolagens.

b) se Beatriz é feliz, então Ana é alegre. c) o voo está atrasado, se e somente se, o
aeroporto está fechado para decolagens.
c) se Ana é alegre, então Beatriz é feliz.
d) se o voo não está atrasado, então o aeroporto
d) se Ana é alegre, então Beatriz não é feliz. não está fechado para decolagens.
e)se Ana não é alegre, então Beatriz não é feliz. e) o voo não está atrasado ou o aeroporto está
fechado para decolagens.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

44 ) Assinale a proposição equivalente a p → ( q 48) (TFC/Esaf) Se é verdade que ―Nenhum


∧ p ). artista é atleta‖, então também será verdade
que:
a) p → q.
a) todos não artistas são não atletas.
b) ( p → q ) ∧ ~ q.
b) nenhum atleta é não artista.
c) ( ~ p ∧ q ) → ~ q.
c) nenhum artista é não atleta.
d) q → p.
d) pelo menos um não atleta é artista.
e) ~(~p ∧ ~q ) → ( p ∨ q ).
e) nenhum não atleta é artista.

45) Se é verdade que ―Nenhum artista é atleta‖,


então também será verdade que: 49) Todos os bons estudantes são pessoas
tenazes. Assim sendo:
a) Todos não-artistas são não-atletas.
a) Alguma pessoa tenaz não é um bom
b) Nenhum atleta é não-artista. estudante.
c) Nenhum artista é não-atleta. b) O conjunto dos bons estudantes contém o
conjunto das pessoas tenazes.
d) Pelo menos um não-atleta é artista.
c) Toda pessoa tenaz é um bom estudante..
e) Nenhum não-atleta é artista.
d) Nenhuma pessoa tenaz é um bom estudante.

e) O conjunto das pessoas tenazes contém o


46) (Técnico/TRF/FCC) Considerando ―todo livro
conjunto dos bons estudantes.
é instrutivo‖ uma proposição verdadeira, é
correto inferir que

a) ―nenhum livro é instrutivo‖ é uma proposição 50) Todo baiano gosta de axé music. Sendo
necessariamente verdadeira. assim:
b) ―algum livro não é instrutivo‖ é uma a) Todo aquele que gosta de axé music é
proposição verdadeira ou falsa. baiano.
c) ―algum livro é instrutivo‖ é uma proposição b) Todo aquele que não é baiano não gosta de
verdadeira. axé music.
d) ―algum livro é instrutivo‖ é uma proposição c) Todo aquele que não gosta de axé music não
necessariamente verdadeira. é baiano.
e) ―algum livro não é instrutivo‖ é uma d) Algum baiano não gosta de axé music.
proposição necessariamente verdadeira.
e) Alguém que não goste de axé music é baiano.

47) (TTN) Se é verdade que "Alguns A são R" e


que "Nenhum G.é R", então é necessariamente 51) Todo atleta é bondoso. Nenhum celta é
verdadeiro que: bondoso. Daí pode-se concluir que:

a) algum A não é G; a) algum atleta é celta;

b) algum G é A; b) nenhum atleta é celta;

c) algum A é G; c) nenhum atleta é bondoso;

d) nenhum G é A.. d) alguém que seja bondoso é celta;

e) nenhum A é G; e) ninguém que seja bondoso é atleta.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

52) Assinale a alternativa que contém um 55) Num planeta distante, todo Pox é Qox, todo
argumento válido. Qox é Rox e todoRox é Sox. Assim, avalie se as
afirmativas a seguir são falsas (F)ou verdadeiras
a) Alguns atletas jogam xadrez. Todos os (V):
intelectuais jogam xadrez.

Conclusão: Alguns atletas são intelectuais.


✓ Todo Qox é Sox.
b) Todos os estudantes gostam de Lógica.
Nenhum artista é um estudante. ✓ Todo não-Rox é não- Pox.

Conclusão: Ninguém que goste de Lógica é um ✓ Todo não-Sox é não-Rox.


artista.
As afirmativas são respectivamente:
c) Se estudasse tudo, eu passaria.Eu não passei.
a) V, V, F
Conclusão: Eu não estudei tudo.
b) V, F, F
d) Se estudasse tudo, eu passaria. Eu não
estudei tudo. c) F, F, V

Conclusão: Eu não passei. d) V, V, V

e) F, F, F

53)(AFC) Os dois círculos abaixo representam,


respectivamente, o conjunto S dos amigos de
56) ( CAPES – CESGRANRIO ) O silogismo é
Sara e o conjunto P dos amigos de Paula.
uma forma de raciocínio dedutivo. Na sua forma
Sabendo que a parte sombreada do diagrama padronizada, é constituído por três proposições:
não possui elemento algum, então as duas primeiras denominam-se premissas e a
terceira, conclusão .As premissas são juízos que
a) todo amigo de Paula é também amigo de precedem a conclusão. Em m silogismo, a
Sara. conclusão é conseqüência necessária das
premissas.
b) todo amigo de Sara é também amigo de
Paula. Assinale a alternativa que corresponde a um
silogismo.
c) algum amigo de Paula não é amigo de Sara.
(A) Premissa 1: Marcelo é matemático.
d) nenhum amigo de Sara é amigo de Paula.
Premissa 2: Alguns matemáticos gostam de
e) nenhum amigo de Paula é amigo de Sara.
física. Conclusão: Marcelo gosta de física.

(B) Premissa 1: Marcelo é matemático.


54) (TRF-1º RG-FCC) Algum X é Y. Todo X é Z.
Premissa 2: Alguns matemáticos gostam de
Logo.
física. Conclusão: Marcelo não gosta de física.
a) algum Z é Y.
(C) Premissa 1: Mário gosta de física.
b) algum X é Z.
Premissa 2: Alguns matemáticos gostam de
c) todo Z é X. física. Conclusão: Mário é matemático.

d) todo Z é Y. (D) Premissa 1: Mário gosta de física.

e) algum X é Y. Premissa 2: Todos os matemáticos gostam de


física. Conclusão: Mário é matemático.

(E) Premissa 1: Mário gosta de física.

Premissa 2: Nenhum matemático gosta de física.


Conclusão: Mário não é matemático.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

57) Em uma pequena comunidade, sabe-se que: 60) Considere o seguinte argumento:
―nenhum filósofo é rico‖ e que ―alguns
professores são ricos‖. Assim pode-se afirmar ―Todos os peixes são mamíferos. Todos os
corretamente que nesta comunidade: mamíferos são aves. Existem minerais que são
peixes. Logo, existem minerais que são aves‖.
a) Alguns filósofos são professores. Assinale a única alternativa correta.

b) Alguns professores são filósofos. a) O argumento é válido com duas premissas


falsas e a conclusão falsa.
c) Nenhum filósofo é professor.
b) O argumento é válido com uma premissa
d) Alguns professores não são filósofos. falsa.
e) Nenhum professor é filósofo. c) O argumento é válido com todas as premissas
falsas e a conclusão verdadeira.

58) (TRE/ES / Cespe) Em determinado d) O argumento é válido com todas as premissas


município, há, cadastrados, 58.528 eleitores, falsas e a conclusão falsa.
dos quais 29.221 declararam ser do sexo e) O argumento é não válido.
feminino e 93 não informaram o sexo. Nessa
situação, julgue o próximo item.

Considere como verdadeiras as seguintes 61) Se Ana é altruísta então Bruna ―é


proposições: ―Se o eleitor A é do sexo masculino benevolente‖. Se Bruna é benevolente então
ou o eleitor B não informou o sexo, então o Cláudia é conservadora. Sabe-se que Cláudia
eleitor C é do sexo feminino‖; ―Se o eleitor C não é conservadora. Nestas condições, pode-se
não é do sexo feminino e o eleitor D não concluir que:
informou o sexo,
a) Ana não é benevolente.
então o eleitor A é do sexo masculino‖.
Considere também que seja falsa a seguinte b) Bruna não é altruísta.
proposição: ―O eleitor C é do sexo feminino‖. c) Ana não é conservadora.
Nesse caso, conclui-se que o eleitor D não
informou o sexo. d) Cláudia não é altruísta.

e) Ana não é altruísta.

59) Considere o seguinte argumento: ―Se


Soninha sorri, Silvia é miss simpatia. Ora,
Soninha não sorri. Logo, Sílvia não é miss 62 ) Ou Lógica é fácil, ou Arthur não gosta de
simpatia‖. Este não é um argumento Lógica. Por outro lado, se Geografia não é difícil,
logicamente válido, uma vez que: então Lógica é difícil. Daí segue-se que, se
Arthur gosta de lógica, então:

a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil.


a) A conclusão não é decorrência necessária das
premissas. b) Lógica é fácil e Geografia é difícil.

b) A segunda premissa não é decorrência lógica c) Lógica é fácil e Geografia é fácil.


da primeira.
d) Lógica é difícil e Geografia é difícil.
c) A primeira premissa pode ser falsa, embora a
e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil.
segunda possa ser verdadeira.

d) A segunda premissa pode ser falsa, embora a


primeira possa ser verdadeira.

e) O argumento só é válido se Soninha na


realidade não sorri.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

63 ) ( IF – BA / FUNRIO 2016 )Antônio é e) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João


médico ou Bruno é engenheiro. Se Bruno é é culpado.
engenheiro, então Carlos é atleta. Douglas é
professor se e somente se Carlos não é atleta.
Ora, Douglas é professor. Logo, 66 ) ( DPE RR – FCC 2015 ) Alberto, Bernardo e
a) Antônio é médico e Bruno é engenheiro. Carlos estão planejando ir a uma festa. Se
Alberto for a festa, então Bernardo também irá.
b) Antônio é médico e Carlos é atleta. Se Bernardo não for a festa, então Carlos
também não irá. De acordo com isso, é
c) Antônio não é médico e Carlos não é atleta. necessariamente correto afirmar que:
d) Bruno não é engenheiro e Carlos é atleta. a) Se Carlos for a festa, então Bernardo também
e) Bruno não é engenheiro e Carlos não é atleta. irá à festa.

b) Se Alberto for a festa, então Carlos também


irá à festa.
64) ( ANAC-ESAF 2016 ) Considere verdadeiras
as premissas a seguir: c) Se Alberto não for a festa, então Bernardo
também não irá à festa.
– Se Paulo é médico, então Sandra não é
estudante. d) Se Alberto não for a festa, então Bernardo irá
à festa.
– Se Sandra não é estudante, então Ana é
secretária. e) Se Carlos for a festa, então Bernardo não irá
à festa.
– Ou Ana não é secretária, ou Marina é
enfermeira.

– Marina não é enfermeira. Logo, pode-se 67) ( DPE RR – FCC 2015 ) Considere
concluir que: verdadeiras as afirmações:

a) Paulo é médico ou Ana é secretária. − Se José acordar cedo, então Maria poderá
dormir mais.
b) Sandra é estudante e Paulo é médico.
− Se Denise for à feira, então Marcos ficará
c) Ana não é secretária e Sandra não é cuidando do filho.
estudante.
− Marcos não ficou cuidando do filho e João
d) Paulo é médico ou Ana não é secretária. acordou cedo.

e) Sandra não é estudante e Paulo é médico. A partir dessas afirmações, é possível concluir
corretamente que

a) Maria pôde dormir mais e Denise não foi à


65 ) ( IF – BA / FUNRIO 2016 ) Ou João é feira.
culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é
inocente então Carlos é inocente. João é culpado b) Maria pôde dormir mais e Denise foi à feia.
se e somente se Pedro é inocente. Ora, Pedro é
inocente. Logo, c) José acordou cedo e Denise foi à feira.

a) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João d) Maria não pôde dormir mais ou Denise foi à
são culpados. feira.

b) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João e) Maria não pôde dormir mais e Denise não foi
são culpados. à feira.

c) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos


são culpados. 68) Se não durmo, bebo. Se estou furioso,
d) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João durmo. Se durmo, não estou furioso. Se não
são culpados. estou furioso, não bebo. Logo,

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

a) não durmo, estou furioso e não bebo 71) Se Nestor disse a verdade, Júlia e Raul
mentiram. Se Raul mentiu, Lauro falou a
b) durmo, estou furioso e não bebo verdade. Se Lauro falou a verdade, há um leão
c) não durmo, estou furioso e bebo feroz nesta sala. Ora, não há um leão feroz
nesta sala. Logo:
d) durmo, não estou furioso e não bebo
a) Nestor e Júlia disseram a verdade.
e) não durmo, não estou furioso e bebo
b) Nestor e Lauro mentiram.

c) Raul e Lauro mentiram.


69) Em um grupo de amigas, todas as meninas
loiras são, também, altas e magras, mas d) Raul mentiu ou Lauro disse a verdade.
nenhuma menina alta e magra tem olhos azuis. e) Raul e Júlia mentiram.
Todas as meninas alegres possuem cabelos
crespos, e algumas meninas de cabelos crespos
têm também olhos azuis. Como nenhuma
menina de cabelos crespos é alta e magra, e 72 ) Se Carlos é mais velho do que Pedro, então
como neste grupo de amigas não existe Maria e Júlia têm a mesma idade. Se Maria e
nenhuma menina que tenha cabelos crespos, Júlia têm a mesma idade, então João é mais
olhos azuis e seja alegre, então: moço que Pedro. Se João é mais moço que
Pedro, então Carlos é mais velho do que Maria.
a) pelo menos uma menina alegre tem olhos Ora. Carlos não é mais velho do que Maria.
azuis. Então:

b) pelo menos uma menina loira tem olhos


azuis.
a) Carlos não é mais velho do que Júlia e João é
c) todas as meninas que possuem cabelos mais moço do que Pedro.
crespos são loiras.
b) Carlos é mais velho do que Pedro e Maria e
d) todas as meninas de cabelos crespos são Júlia têm a mesma idade.
alegres.
c) Carlos e João são mais moços do que Pedro.
e) nenhuma menina alegre é loira.
d) Carlos é mais velho do que Pedro e João é
mais moço do que Pedro.

70 (AFTN) Há três suspeitos de um crime: o e) Carlos não é mais velho do que Pedro, e
cozinheiro, a governanta e a mordomo, Sabe-se Maria e Júlia não têm a mesma idade.
que a crime foi efetivamente cometido por um
ou par mais de um deles, já que podem ter
agido individualmente ou não.. Sabe-se, ainda, 73) Ou Anais será professora, ou Anelise será
que: cantora, ou Anamélia será Pianista. Se Ana for
A) se a cozinheiro é inocente, então a atleta, antão Anamélia será pianista. Se Anelise
governanta é culpada; for cantora então Ana será atleta. Ora Anamélia
não será pianista. Então:
B) ou o mordomo é culpado ou a governanta é
culpada, mas não os dois; a) Anais será professora e Anelise não será
cantora.
C) o mordomo não é inocente. Logo:
b) Anais não sera professora e Ana não será
a) a governanta e o mordomo são os culpados; atleta.

b) o cozinheiro e o mordomo são os culpados; c) Anelise não será cantora e Ana será atleta.

c) Somente a governanta é culpada; d) Anelise será cantora ou Ana será atleta.

d) Somente o cozinheiro é inocente; e) Anelise será cantora e Anamélia não será


pianista.
e) Somente o mordomo é culpado.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

74) Uma professora de matemática faz as três 77) Se Vera viajou, nem Camile nem Carla
seguintes afirmações: foram ao casamento. Se Carla não foi ao
casamento, Venderléia viajou. Se Vanderléia
―X > Q e Z < Y‖; viajou, o navio afundou. Ora, o navio não
―X > Y e Q > Y, se e somente se Y > Z‖; ―R ≠Q, afundou. Logo:
se e somente se Y = X‖. a) Vera não viajou e Carla não foi ao casamento.
Sabendo-se que todas as afirmações da b) Camile e Carlanão não foram ao casamento.
professora são verdadeiras, conclui-se
corretamente que: c) Carla não foi ao casamento e Vanderléia não
viajou.
a) X > Y > Q > Z
d) Carla não foi ao casamento ou Vanderléia
b) X > R > Y > Z viajou.
c) Z < Y < X < R e) Vera e Vanderléia não viajaram.
d) X > Q > Z > R

e) Q < X < Z < Y 78) Se Fulano é culpado, então Beltrano é


culpado. Se Fulano é inocente, então ou
Beltrano é culpado, ou Sicrano é culpado, ou
75) Maria é magra ou Bernardo é barrigudo. Se ambos, Beltrano e Sicrano, são culpados. Se
Lúcia é linda, então César não é careca. Se Sicrano é inocente, então Beltrano é inocente.
Bernardo é barrigudo, então César é careca. Se Sicrano é culpado, então Fulano é culpado.
Ora, Lúcia é linda, logo: Logo,

a) Maria é magra e Bernardo não é barrigudo. a) Fulano é inocente, e Beltrano é inocente, e


Sicrano é inocente.
b) Bernardo é barrigudo ou César é careca.
b) Fulano é culpado, e Beltrano é culpado, e
c) César é careca e Maria é magra. Sicrano é inocente.
d) Maria não é magra e Bernardo é barrigudo. c) Fulano é culpado, e Beltrano é inocente, e
Sicrano é inocente.
e) Lúcia é linda e César é careca.
d) Fulano é inocente, e Beltrano é culpado, e
Sicrano é culpado.
76) Dizer que ―André é artista ou Bernardo não
e) Fulano é culpado, e Beltrano é culpado, e
é engenheiro‖ é logicamente equivalente a dizer
Sicrano é culpado.
que:
79) Cícero quer ir ao circo, mas não tem certeza
a) André é artista se e somente se Bernardo não
se o circo ainda está na cidade. Suas amigas,
é engenheiro.
Cecília, Célia e Cleusa, têm opiniões
b) Se André é artista, então Bernardo não é discordantes sobre se o circo está na cidade. Se
engenheiro. Cecília estiver certa, então Cleusa está
enganada. Se Cleusa estiver enganada, então
c) Se André não é artista, então Bernardo é Célia está enganada. Se Célia estiver enganada,
engenheiro. então o circo não está na cidade. Ora, ou o circo
está na cidade ou Cícero não irá ao circo.
d) Se Bernardo é engenheiro, então André é
Verificou-se que Cecília está certa. Logo:
artista.
a) O circo está na cidade.
e) André não é artista e Bernardo é engenheiro.
b) Célia e Cleusa não estão enganadas.

c) Cleusa está enganada, mas não Célia.

d) Célia está anganada, mas não Cleusa.

e) Cícero não irá ao circo.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

80) No último domingo, Dorneles não saiu para c) Francisco não fala francês e Elton fala
ir à missa. Ora, sabe-se que sempre que Denise espanhol.
dança, o grupo de Denise é aplaudido de pé.
Sabe-se também que, aos domingos, ou Paula d) Ana não fala alemão ou Iara fala italiano.
vão ao parque ou vai pescar na praia. Sempre e) Ana fala alemão e Débora fala dinamarquês.
que Paula vai pescar na praia, Dorneles sai para
ir à missa, e sempre que Paula vão ao parque,
Denise dança. Então no último domingo:
83) Sabe-se que João estar feliz é condição
a) Paula não foi ao parque e o grupo de Denise necessária para Maria sorrir e condição
foi aplaudido de pé. suficiente para Daniela abraçar Paulo. Sabe-se,
também, que Daniela abraçar Paulo é condição
b) O grupo de Denise não foi aplaudido de pé e necessária e suficiente para a Sandra abraçar
Paula não foi pescar na praia. Sérgio. Assim, quando Sandra não abraça
c) Denise não dançou e o grupo de Denise foi Sérgio:
aplaudido de pé.
a) João está feliz, e Maria não sorri, e Daniela
d) Denise dançou e seu grupo foi aplaudido de abraça Paulo.
pé.
b) João não está feliz, e Maria sorri, e Daniela
e) Paula não foi ao parque e o grupo de Denise não abraça Paulo.
não foi aplaudido de pé.
c) João está feliz, e Maria sorri, e Daniela não
abraça Paulo.
81 ) O rei ir a caça é condição necessária para o d) João não está feliz, e Maria não sorri, e
duque sair do castelo, e é condição suficiente Daniela não abraça Paulo.
para a duquesa ir ao jardim. Por outro lado, o
conde encontrar a princesa é condição e) João não está feliz, e Maria sorri, e Daniela
necessária e suficiente para o barão sorrir e é abraça Paulo.
condição necessária para a duquesa ir ao jardim.
O barão não sorriu. Logo:

a) A duquesa foi ao jardim ou o conde encontrou 84 ) Se Carina é amiga de Carol, então Carmem
a princesa. é cunhada de Carol. Carmem não é cunhada de
Carol. Se Carina não é cunhada de Carol, então
b) Se o duque não saiu do castelo, então o Carina é amiga de Carol. Logo:
conde encontrou a princesa.

c) O rei não foi à caça e o conde não encontrou


a princesa. a) Carina é cunhada de Carmem e é amiga de
Carol.
d) O rei foi à caça e a duquesa não foi ao jardim.
b) Carina não é amiga de Carol ou não é
e) O duque saiu do castelo e o rei não foi à caça. cunhada de Carmem.

c) Carina é amiga de Carol ou não é cunhada de


Carol.
82) Se Iara não fala italiano, então Ana fala
alemão. Se Iara fala italiano, então ou Ching fala d) Carina é amiga de Carmem e é amiga de
chinês ou Débora fala dinamarquês. Se Débora Carol.
fala dinamarquês, Elton fala espanhol. Mas Elton
fala espanhol se e somente se não for verdade e) Carina é amiga de Carol e não é cunhada de
que Francisco não fala francês.Ora Francisco não Carmem.
fala francês e Ching não fala chinês. Logo:

a) Iara não fala italiano e Débora não fala


85) No final de semana, Chiquita não foi ao
dinamarquês. parque. Ora, sabe-se que sempre que Didi
b) Ching não fala chinês e Débora fala estuda, Didi é aprovado. Sabe-se também que
dinamarquês. nos finais de semana, ou Dadá vai à missa ou
vai visitar tia Célia. Sempre que Dadá vai visitar

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

MIGUEL PALMEIRA

tia Célia, Chiquita vai ao parque, e sempre que 89 ) Considere as seguintes correspondências
Dadá vai à missa, Didi estuda. Então, no final de
semana, Dadá foi à missa e Didi foi aprovado. I. (p ^ q) ^ ¬p)
Didi não foi aprovado e Dadá não foi visitar tia II.(p v q) v ¬p
Célia Didi não estudou e Didi foi aprovado. Didi
estudou e Chiquita foi ao parque. Dadá não foi à III.(p v q) ^ ¬p
missa e Didi não foi aprovado.

Assinale a alternativa correta:


86 ) Se A, B, C são sentenças verdadeiras e X,
Y, Z são sentenças falsas, então os valores de a) I é contraditória, II é tautológica e III é
verdade de (¬A ^¬X ) v ( Y → C ), B → (Y → Z ) contingente
e B → Z respectivamente são:
b) I é tautológica, II é contraditória e III é
a) verdadeiro, verdadeiro, falso contingente

b) falso, verdadeiro, falso c) I é tautológica, II é contraditória e III é


tautológica
c) falso, falso, verdadeiro
d) I é tautológica, II é contingente e III é
d) verdadeiro, falso, falso tautológica

e) verdadeiro, falso, verdadeiro e) I é contingente, II é contingente e III é


contingente
.

87) Assinale a proposição tautológica.


90 ) Considere as seguintes correspondências
a) ( p → q ) ∨ ( p → ~ q )
I. p → (p v ¬q)
b) ( p → q ) ∧ ~ q
II. (p → p) → p
c) ( ~ p ∨ q ) → ~ q
III. p → [(p → q) → q] Assinale a alternativa
d) p → (p ∧ q ) correta:
e) ~ (~ p ∧ q ) → ( p ∨ q ) a) I é contingente, II é contraditória e III é
tautológica

88) Chama-se tautologia a toda proposição que b) I é tautológica, II é contraditória e III é


é sempre verdadeira, independentemente da contingente
verdade dos termos que a compõem. Um c) I é tautológica, II é contraditória e III é
exemplo de tautologia é: tautológica
a) Se Ana é baixa, então Ana é baixa ou Maria é d) I é tautológica, II é contingente e III é
gorda; tautológica
b) Se Ana é baixa, então João é alto e Maria é e) I é contingente, II é contingente e III é
gorda contingente
c) Se Ana é baixa ou Maria é gorda, então Maria
é gorda;
91 ) (FGV) – A proposição ~(p∧q)⇔(~p ∨ ~q)
d) Se Ana é baixa ou Maria é gorda, então Ana é representa um:
baixa e Maria é gorda;
a )Entimema
e) Se Ana é baixa ou não é alto, então Maria é
gorda b) Contingência

c) Tautologia

d) Dilema

23
Inform
mática

Alex
xei Silva

S O F T W A R E  RTF: Arq quivo de ttexto que trabalha com c


formataçãão negrito,, itálico e sublinha ado,
figuras, mas
m não perm mite bordas e tabelas. Esse
É a p
parte lógica do computtador (é tu do
arquivo está
e entre uum txt e um m doc (arqu uivo
aquilo que o usuário não o pode toca ar) como, p
por
padrão doo Wordpad));
emplo, músiica, fotograffia, arquivos e programa
exe as.
 DLL: Arq quivo de bib blioteca que e “auxilia” um
arquivo executável, pois alguns program mas
Essas instruções (ordens) diigitais que os
precisam de seuus “assisttentes” p
para
pro
ogramadores
s desenvolvvem, são ex
xecutadas pe ela
funcionareem;
CP
PU.
 DBF: Arq quivo de ban nco de dado os gerado pelo
p
Dbase e que atualm mente o Exc cel é capaz de
Ar
rquivos
originá-lo;
 JPEG ou u JPG: Arrquivos de imagens que q
São todos os dados digitais salv vos geralmentte são en ncontrados na Intern net.
(grravados) co
om um nomme e que recebem
r um
ma Possuem boa reso olução (vis sualização da
exttensão por consequência do prog
grama que o imagem) no monitor, mas peca na n impressão o;
originou.  PPT: Arrquivos de e Slides gerados pelo p
PowerPoin nt até a verssão 2003;
Geralm
mente são gravados na memó ria  PPTX: Arquivos
A dde Slides gerados pelo p
cundária, por exemplo
sec o, disco rígido, disquette, PowerPoin nt a partir daa versão 200 07;
CD
D, DVD, etc.  GIF: Peq quenos arq quivos de animações da
Internet, mas fraco n a resolução;;
OB
BS 1: nomee de arquivvo (no DOS
S) possui n
no  SWF: Arq quivos gera dos pelo prrograma Fla ash.

áximo 8 carracteres. São utilizzados como o animação de pequenas
figuras ou
u de páginass da Internett;
OB
BS 2: nom me de arqu
uivo (no Windows
W X P)  SCR: Arquivos de pro oteção de tela do Windows.
po
ossui no má
áximo 255 caracteres.
c Atualmente estão se endo “distribbuídos” através
da Interneet na forma de vírus de computadorr;
OB
BS 3: nome vo a partir do Window
e de arquiv ws  BMP: Arq quivos gerad dos pelo prog grama Paintt do
Vis
sta possui n
no máximoo 260 caracteres. Windows. São arqu uivos de imagens e//ou
desenhos;
Ex
xtensões  MP3: Arq quivos de so om utilizadoos na Intern net.
Possuem tamanho ccompacto em m relação aos
É a te
erminação do d nome de e um arqui vo arquivos de
d áudio WA AV;
após o ponto q
que identifica
a o tipo de arquivo.
a  MP4 ou MPEG4: é uma nov va geração de
arquivos MPEG que armazena vários v tipos de
Vejamos alguns exxemplos de extensões
e q ue dados commo, por exem mplo: músic ca, vídeo, JPG e
os concursos s
solicitam: PNG.
 WAV: Arq quivos de so om utilizado os na gravação
 DOC: Doc cumento ge erado pelo Word até a de CDs. Esse
E tipo de dado é “pesado”, ou se eja,
versão 20003; possui mu uitos Megaby ytes.
 DOCX: Do ocumento ge erado pelo Word a parrtir  EML: Arq quivos de e -mail salvos s pelo Outlo ook
da versão 2007 - 2016 6; Express.
 DOT: Modelo de docum mento gerad do pelo Word
d;  ODT: Do ocumento g gerado pelo o Libre Offfice
 XLS: Pastaa de trabalh ho do Excel até a vers ão Writer;
2003;  OTT: Mod delo de doccumento gerrado pelo Libre
 XLSX: Pas sta de trabaalho do Exc cel a partir da Office Wriiter;
versão 20007 - 2016;  ODS: Plan nilha gerada a pelo Libre Office
O Calc;
 EXE: Arquivo Executáv vel (um proggrama);  ODP: Aprresentação d de Slides gerado pelo Libre
 TXT: Arqu uivo de tex xto simples gerado pe elo Office Imppress.
Bloco de N
Notas;
 PDF: Arquuivo no formmato PDF (prrotegido), q ue Pastas
só pode seer lido (aberrto) pelo pro
ograma Ado be
Acrobat Re
eader; São locais “virttuais” conddicionados nas
 HTM ou HTML: São pá áginas da In
nternet - We b; un
nidades parra armazena ar os arquivos para uma
u
 ZIP: Arquivo compacttado (havendo diminuiçção melhor
m organnização doss dados noo computad dor.
do taman nho dos arrquivos em bytes) pe elo Ta
ambém é conhecido commo diretórioo.
programa WINZIP;
 RAR: Arquuivo compactado (haven ndo diminuiçção Vejam
mos abaixo um exemplo de unida
ade,
do taman nho dos arrquivos em bytes) pe elo pa
asta e arquiv
vo:
programa WINRAR;
 ACCDB: A Arquivo de banco de dados gera do
pelo progra
ama Access 2007 - 2016 6;

1
Inform
mática

Alex
xei Silva

Qual a finalidad de de “parrtir” um disco


ríg
gido? É simples. Para a instalar dois sistem
mas
opperacionais diferentes
d co
omo, por ex
xemplo, Linu
ux e
Windows.
W

Ambas as u nidades geradas


g p
pelo
pa
articionamen nto serão in ndependente
es (salvo se
e o
diisco rígido fo
or danificado
o).

Sistemas de Arquivos ((Tabelas)

Exemplo
o de unidad
de, pasta e arquivo mos abaixo u
Vejam um exemplo de uma tab
bela
de
e alocação de arquivo os denomina
ada FAT para
p
O armmário é a unidade C: (disco rígidoo), co
ompreendermmos melho or a sua funcionalidaade
as gavetas são as pa astas e o arquivo (a de
entro das un
nidades secu
undárias.
“fo
olhinha”) que
e está sendo
o colocada na
a gaveta.

OB
BS: A pasta
a não possu
ui tamanho,, ou seja, é 0
(ZERO) Byte..

As
s unidades

É a representação o das unidad


des através de
letras do nosso
o alfabeto. São
S elas:

 (C:)=> é o disco ríígido repressentado pe


elo
seguinte íc
cone abaixo (no Window
ws)

Exem T do disco rígido


mplo da FAT

A FAAT é uma tabela cuja a finalidade


e é
manter
m os re
egistros vitaais para mostrar onde um
Ex
xemplo da unidade
u (C:) de
eterminado arquivo
a foi a
armazenado.

 (A:)=> é o disqu uete repressentado pe


ela Essa tabela possu
ui tamanho fixo como, por
seguinte íc
cone abaixo (no Window
ws). ex
xemplo, FAT T – 12 bits (utilizada pelo
p disquette),
FA
AT – 16 bits (utilizada pelo DOS, Win 3.x e Win W
9xx) e finalme ente a FAT – 32 bits (que pode ser
uttilizada pelo Win 95 e 9
98, e Win 20000). O número
doos bits indica quanttos são utilizados
u p
para
arrmazenar as informaçõ ões dos da ados em ca ada
poosição da tabela.
Ex
xemplo da unidade
u (A
A:)
Existe
em várias d
desvantagens quando uma
u
 (B:)=> é o disquete, mas só será
á representa do nidade é formatada co
un om uma FAT T, pois hav
verá
pelo comp
putador, caso o usuárrio instale ao de
esperdício de espaço os, limites de 2 GB por
mesmo umma segunda unidade de disquete.
d pa
artição e muuita fragme
entação doss dados.

 (D:)=> é a unidad de “camaleãão”, ou sejja, Para concursoss públicos também é


dependend do de qual drive tenhamos instala do neecessário o estudo de outra tabela denomina ada
no computador essa unidade poderá ser: u um NTFS (Siste emas de arrquivos NT T), que pos
ssui
CD-ROM, DVD-ROM, CD-RW,
C DVDD-RW ou umma grrandes vanta
agens em reelação à FAT.
parte do disco ríg gido (o disco estan do
particionad
do). As principais van tagens de se
s formatar um
diisco com NTFS são: v velocidade de
d acesso das
d
Pa
articioname
ento do Disc
co Rígido in
nformações na unidade e; não há desperdício de
es
spaços nas unidades; a acessa direttamente discos
dee até 2 TB e não há prroblemas de e fragmentação
Define-se particionamento co omo a divissão
(a
as informações são mais org ganizados) e,
de uma mesm ma unidade em
e várias pa artes iguais ou
prrincipalmentte, a segura
ança dos dad dos (que é um
differentes, gerrando assim
m as divisõess. Terão letrras
poouco maior em
e relação a FAT).
differentes para
a cada “novaa unidade”.

Se parrticionarmos
s um disco rídido
r (C:) eem
duas partes, o mesmo passsará a ser (C:) e (D:).

2
Inform
mática

Alex
xei Silva

Vers
sões do Sistemma de Historia do Software
S Liivre
Win
ndows Arquivo (s)
Winddows 95 FAT 16 ou
o FAT 32 A emmpresa Free e Software e Foundation
Winddows 98 FAT 32 (F
FSF, Fundaç ção para o Software Livre) é uma u
Winddows ME FAT 32 orrganização sem
s fins luccrativos, fundada em 19985
Winddows NT NTFS poor Richard Stallman e que se e dedicada à
Windoows 2000 FAT 32 ou
o NTFS eliminação de restriçções sobrre a cóp
pia,
Profe
esional re
edistribuição, entendim mento e modificação
m de
Windoows 2000 NTFS prrogramas de computtadores – objetivo do
Se
erver so
oftware livr re.
Winddows XP FAT 32 ou
o NTFS
Windoows 2003 NTFS Até meados
m da d écada de 19 990 a fundação
Window
ws Vista e NTFS de
edicava-se mais
m ao dessenvolvimentto de softwa are.
Seeven Attualmente, existem
e muittos projetos independen ntes
Window
ws 8 e 8.1 ReFS ou NTFS e software livre, a FFSF dedica-se mais aos
de
as
spectos juríddicos e estrruturais da comunidade
c do
Winddows 10 NTFS
so
oftware livrre. Entre suas atribuições atua ais,
en
ncarrega-se de aperfeiçoçoar (melhorrar) licenças de
Os
s Softwares
s
so
oftware e de docum mentação (c como a GNU
General Pub blic Licensse, GPL ou a GNU Frree
Com a evolução da informáttica, conform me Documentation License d desenvolver
e, GFDL), de
as gerações de computadores ao pas ssar dos ano os, umm aparato legal acerca a dos direitoos autorais dos
d
foi necessário criar progra
amas para vários
v tipos de prrogramas criados sob esssas licenças, de catalogar
commputadores e finalidad des para os
s quais foraam e disponibiliza
ar um serviçço com os softwares
s liv
vres
desenvolvidos.. Com isso surgiram vá ários tipos de de
esenvolvidos s (o Free So oftware Directory), e de
sofftwares. diiscutir e aperfeiçoar
a a própria definição de
oftware livre.
so
Estrutura dos
s Softwares
s
Conceitos
A estrutura básica de um m software é
subdividida em
m três partes
s, são elas (v
veja abaixo)): Define
e-se Softw ware livre como
c qualquer
prrograma quee pode ser usado, copiado, estuda ado,
modificado
m e redistribuíd o sem nenhhuma restriçção.
3. O que difere do
d conceito d de software proprietário
o.

2. O Sofftware livre a
atende 4 tipos de liberda
ade
ara os usu
pa uários defin nidas pela empresa FreeF
So
oftware Founndation, são
o elas:
1.
• A liberdade para e
executar o programa,
p pa
ara
qualquer propósitto (liberdade
e nº 0);

• A liberdade de esttudar como o programa


funcio
ona, e adapttá-lo para as
s suas
necesssidades (libe
erdade nº 1)). Acesso ao
o
1.___________
___________
__________
___________
__ códigoo-fonte é umm pré-requisito para esta
a
_____________
__________
___________
____________ liberdade;
_____________
__________
___________
____________
_____________
__________
___________
____________ • A liberdade de reddistribuir cóp
pias de modo
_____________
__________
___________
____________ que você possa ajjudar ao seu u próximo
_____________
__________
___________
____________ (liberd
dade nº 2);
________.
2.___________
___________
__________
___________
__ • A liberdade de apperfeiçoar o programa,
p e
_____________
__________
___________
____________ liberar os seus ap
perfeiçoamen ntos, de mod
do
_____________
__________
___________
____________ que tooda a comunnidade se beeneficie
_____________
__________
___________
____________ dade nº 3). Acesso ao código-fonte é
(liberd
_____________
__________
___________
____________ um prré-requisito para esta lib
berdade;
_____________
__________
___________
____________
________.
3.___________
___________
__________
___________
__
_____________
__________
___________
____________
_____________
__________
___________
____________
_____________
__________
___________
____________
_____________
__________
___________
____________
_____________
__________
___________
____________
.

3
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Software
e Básico

São os progrramas quee ajudam o


co
omputador a funcio
onar corre
etamente são
co
onhecidos como: Sistema Operacionnal,
Liinguagem de Progrramação e Tradutores
(c
compiladores
s/ interpreta
adores).

Sistema Ope eracional= > são os programas


p q
que
ge
erenciam o hardware ((parte física)) e o softw
ware
(p
parte lógica)
) do computtador. Os mais
m conhecid
dos
no
o mercado atual são:

 MS-DOS;;
O símbolo do Softtware Livre - GNU  Microsoft Windows;;
 Linux;
Define-se Softwa are propriietário com mo  OS/2;
aquele cuja cóópia, redistrib
buição ou modificação
m ssão  UNIX.
em
m alguma m medida proib bidos pelo seu criador ou
dis
stribuidor. Es
ste conceitoo foi criado em
e oposição o à Liinguagens de Pro
ogramação=> é u
uma
idé
éia de softwaare livre. lin
nguagem arrtificial criad
da pelo hommem para diizer
aoo computador o que ffazer. É um m “idioma” que
q
Para c
copiar, ter acesso ao có ódigo-fonte ou coonsiste em um vocabu m conjunto de
ulário e um
red
distribuir, deve-se s
solicitar peermissão ao reegras denom
minado sinttaxe. Vejamos algum
mas
pro
oprietário, oou pagar para
p poder fazê-lo: seerá lin
nguagens ab
baixo:
necessário, portanto, adquirir uma
u licençça,
normalmente possui custo o elevado, para
p cada umma  Fortran;
destas alteraçções. Exemp plos de algu uns softwarres  COBOL;
pro
oprietários: Microsoft Wiindows, Adobe Photosho op,  Ada;
Maac OS, o WinnZip, entre outros.
o  Visual Ba
asic;
 Pascal (primeirra lingu
uagem de
A licen
nça de um software
s é definida programação);
com
mo um conju unto de açõees autorizadas (ou  C e C++;;
pro
oibidas) no â
âmbito do diireito de autor de um  Java (para aplicaçõões Internet);
pro
ogramador d de software de
d computad dor  Java Scriipt (para ap
plicações Internet);
con
ncedidas (ouu impostas) a utilização desse  ASP (parra aplicaçõees Internett);
sofftware
 Software
e Aplicativo
o
Softw ware come ercial é um u program
ma
desenvolvido p por uma empresa com a finalidade de São os program mas desen nvolvidos para
p
luccrar com sua a utilização. Perceba quee 'comercial ' e trrabalhos esspecíficos ccomo, por exemplo, o
'prroprietário' n
não são o mesmo,
m ou seja, a maio ria Microsoft Word para aplicações na área de
do software c comercial é proprietário mas exisste prrocessamentto de textoss ou AutoCA
AD para a área
sofftware livre que é com mercial, e exxiste softwa
are de e arquitetura e enge enharia. Ve
ejamos alguuns
não-livre não-c comercial. abbaixo:

Atualm
mente temoss vários tipos
s de softwarres  Microsoft Excel (Plaanilha Eletr
rônica);
livrres no merc
cado onde cada
c um deles possue u um  Microsoft PowerPo oint (Apre esentação de
ma ascote ou símbolo GNU (como
( vissto Slides);
anteriormente)). Vejamos abaixo algu umas image ens  CorelDraaw (Desenh hos Vetorias Gráficos, ou
reppresentativas. seja, desenhos geométrico os fechaddos
como, po or exemplo,, círculos);
 PageMak ker (Editor Eletrônico de Revistas e
Jornais);;
 Microsoft Access (B Banco de Daados);
 Delphi (ddesenvolveedor de prog gramas).

 Software
e Utilitário

São os
o programass que fazem
m a manutenção
do
o computad
dor e das uunidades, a segurança do
co asões e/ou vírus e até
omputador contra inva
aumentam” o desempen ho da máquina.
“a
Da esquerda p
para à direitta temos Fre
eeBSD, GNU e
LIN
NUX

4
Inform
mática

Alex
xei Silva

Esses programass são conhhecidos com


mo
an
ntivírus, dessfragmentaador de dis
sco, scandis
sk
(ve
erificador de
e disco no Windows XP),
X Firewa
all,
AnntiSpyware, etc.

Wiindows 10

É a mais nova a versão do Window ws


atu
ualmente. Fooi lançado oficialmente
o pela Microso
oft
m 29 de Julho de 2015 através de
em d atualizaçção
grá ndows 7, 8 e 8.1 (originais).
átis para Win

Menu Inic
ciar – Acess
sível quand
do clicado o
Botão
o Iniciar (c
comando paadrão)

Nas provas
p das bancas sã ão exigidos do
ca
andidato o conhecimentoo de todos os elementtos
do
o Menu Iniiciar, ou sejja, todos os nomes e ite
ens
en
ncontrados ou
o não no mmenu.

É posssível acion ar o Menu Iniciar através


da
as seguintes
s teclas de attalho:

Teclas de
d Atalho Aç
ção
Nos co úblicos atuais o mesmo
oncursos pú o é CTRL + ESC
E Abrir o Me
enu Iniciar
brado.
cob
Tecla Win
ndows Abrir o Me
enu Iniciar
Conhecceremos agora
a os recursos do
Windows 10 m os nas provas.
mais utilizado OBS:
O Podem
mos selec cionar o botão inic ciar
uttilizando a tecla TAAB (quando o estivermmos
Ár
rea de Trabalho – DES
SKTOP tr
rabalhando na área de e trabalho)
) e pression
nar
a tecla ENTEER para acio
oná-lo.
A denoominação Desktop
D refe
ere-se à idé
éia
de uma mesa a plana ondde estarão disponíveis
d as Esse menu da ffigura anterrior é o Meenu
ferrramentas de
e trabalho do usuário. Pa
adrão do Windows 10 poodendo ser modificado
m p
pelo
o usuário a qu
ualquer mom
mento.

Barra de Tar
refas

É a barra horizonntal que está localizada na


pa
arte inferior da área de
e trabalho doo Windows que
q
te
em como finalidade prinncipal demon nstrar todos
s os
prrogramas que estão em m execução o (abertos) na
fo
orma de botãão.

Desktop do Windows
W 10
Barra de
e Tarefas
Essa área é composta dos seguinttes
Essa baarra possui vários itens
s que devem mos
ele
ementos: Teela de Funndo, ícones, atalhos e
studar para os concurrsos, tais como:
es c o bo otão
ba
arra de tare odos os seus elementos) .
efas (com to
in
niciar, área intermediári
i a e a área de notificaç
ção.
Veejamos os itens da barraa.
O Menu Inicia
ar

Essa o
opção será acessível qua ando o usuárrio
clic
car sobre o b
botão iniciarr. Veja figura
a abaixo. Cortana (ao lado
o do botão iniciar)

Íc
cones padrão do Wind
dows 10 (ao do Pequis
sar
na Web e n
no Windowss)

5
Inform
mática

Alex
xei Silva

Área
a de Notificação (Systray)

A barra é capaz de d ser connfigurada pe


elo
usuuário para a
alterar as característi
c cas do mennu
iniiciar ou daa própria baarra como, por exemp lo,
ex
xibir ou ocu mente e/ou os
ultar o iniciar rapidam
ementos inativos da área de notificação.
ele

OB
BS: a barraa de tarefass pode ser movida pa
ara
ados (Superior, Inferior, Esquerd
os quatros la da
e Direita)
D da área de trrabalho e ta
ambém podde
ser redimensionada (a aumentar o tamanh o)
até
é a metadee do Desktoop.

Co
onfigurando e Tarefas (Menu
o a Barra de
Iniciar) 8 ícone
es no deskttop do Wind
dows 10

Iremos s começar pelo


p Menu In
niciar, ou sejja, Atalhos
altteraremos o primeiro elemento da barra de
tarrefas, isto é, de Men nu Padrão para Clássiico São “figurinhas”” com “s setinhas” cuja
c
seg guindo as ettapas: fin
nalidade é apontar parra os progrramas origin nais
(ícones), ou seja,
s para oss arquivos ex
xecutáveis.
 Clicar com
m o botão direito do mo ouse sobre u
um
local vazio da barra de
e tarefas, ou

 Botão Inicciar, Sistemaa do Windoows, Painel de


Barra de Tarrefas e Navegação;
Controle, B

 Aparecerá um menu s suspenso, clique na opçção


Propriedaddes (caso tenha
t utiliz
zado o bottão
direito do m
mouse);

Aparec
cerá a seguin
nte Janela:

os no Desk
4 Atalho ktop do Win
ndows 10

Também são co onhecidos nas


n provas de
oncursos pela denominaçção ícones de atalhos.
co

As Janelas

A maioria das aplicações s Windows é


visualizada na
a forma de janela e a mesma pos ssui

ários eleme entos que irrei detalhar abaixo.
a

Configurações da
a barra de tarefas

Íco
ones

São ass “figurinhas” que estã ão na área de


tra
abalho e nas janelas representando os programa as,
arq
quivos, pasta
as, músicas,, fotos, etc.
Janela
J Este Computad
dor

6
Inform
mática

Alex
xei Silva

Baarra de Títu
ulo: visualiza
a o nome da a aplicação e
em
exeecução e está localizada na parte e superior da Barra d
de Status
jan
nela. É comp
posta dos se mentos: Me nu
eguintes elem
de controle e os botões s de redimmensionamen nto Redimension
R nando Jane
elas
(m
minimizar, maximizar/restaurar tamanho e
fec
char). Podemmos alterar o tamanho da janela, mas
m
é necessário sabermos que obriga atoriamente e a
mesma
m deve estar na form
ma restaurada.
Barra de título
O processo é ssimples. Ba asta colocarr o
Pa
ainel de Navegação: temos trrês guias ( ou cuursor do mouse sobre e a borda da d janela (em
(
meenus) que traz vários s comandos como, p por qu ualquer exttremidade) para que o cursor se
exe modos de exibição da jan
emplo, os m nela. trransforme em
m uma seta dupla na co or escura. Veja
V
a figura abaix
xo (seta duplla a direita da
d janela).

Ba
arra de End dereços: a finalidade desse item é
“na
avegar” pelo
o Windows, ou seja, trocar de passta
ou unidade sem
m

pre
ecisar fecharr a janela. Basta clicar na
n seta ao la do
para escolher o novo item que será á acessado ou
dig
gitar.
Exem dimensionamento
mplo de red

Movendo
M Jan
nelas
Barra de Endereços
E
Podem
mos mover a janela colo ocando o currsor
OB
BS: a barraa de endereço visuaaliza o nom
me
doo mouse sobbre a barra d
de título, seg
gurar o cliqu
ue e
do
os elementoos Windows ( Este Co
omputador)) e
arrrastar. Maas é neccessário sabermos que q
o seu
s conteúd
do .
obbrigatoriammente a jan nela deverá estar na forrma
re
estaurada.
Paainel de Na avegação: apresenta
a algumas pasttas
padrão como,, por exem mplo, área de trabalh ho,
Doownloads e d detalhes do item selecionado na parrte
infferior da jane
ela.

Colocar
C ursor sobre a barra de
o cu e título, clic
car,
segurar o cliq
que e arras
star.

Minimizando
M o Janelas

Minim
mizar significcar diminuir visualmentee o
amanho da janela para a mesma se
ta er condiciona
ada
na
a barra de ta
arefas na forrma de botão.

Podem
mos utiliza r o botã ão minimiz zar
lo ela. Veja figura
ocalizado na barra de títtulo da jane
abbaixo.

Painel de Navegação
N
Botão m
minimizar

7
Inform
mática

Alex
xei Silva

Quando uma jan nela está minimizada


m é
possível visua
alizarmos to
oda a área a de trabal ho
(ca
aso não haja
a nenhuma outra
o janela aberta).
Botão Fechar
Se o u
usuário não tiver interes
sse em utilizzar
Além de utilzarmo
os o botão fechar podem
mos
o botão
b minim
mizar, basta dar um cliique sobre e o
s teclas de atalho ALT + F4, ou um
prressionar as
bo
otão da janeela
clique duplo no
n menu de ccontrole e o menu arquiivo.
(localizado na baarra de tar
refas), para
a a
me
esma ser miinimizada.
e duplo no menu de co
Clique ontrole
Re
estaurando janelas
Se uttilizarmos a penas um clique sobre
e o
É a açãão de reexib
bir uma jane ela minimiza da menu
m de controle
c o mesmo se erá aberto e
ou trazê-la
a ao ú
último ta
amanho do ap
presentará a opção FEC CHAR. Podeemos tambéém,
red
dimensionammento, ou seja, se e o usuárrio uttilizar a tecla
a de atalho A
ALT + Barra
a de Espaço
o.
red
dimensionouu a janela para
p apresenntação apennas
dos ícones na mesma. Ao clicar no botã ão
res
staurar ta amanho ela será viisualizada no
tam
manho forneecido pelo últtimo redimensionamento o.

Quando uma jan nela está restaurada é


possível visualizarmos parrte da área de trabalh o.

Podemmos utilizarr o botão o restaurrar


manho loca
tam alizado na barra
b de títu
ulo da jane la.
Veja figura aba
aixo.

otão Restau
Bo urar tamanh
ho Utilizando
U apenas
a um clique sobr re o menu de
d
conntrole ou a ttecla de ata
alho.
Ma
aximizando
o Janelas
O recurso da ttecla de atalho
a perm
mite
É o atto de expanndir a janelaa ao taman ho ta
ambém mov ver, redimennsionar (opção tamanh
ho),
mááximo, ou seeja, não serrá mais visualizada a árrea maximizar
m e minimizar
m a jjanela.
de trabalho.
Organizando
O o Janelas
Podem
mos utilizar o botão o maximiz zar
loc ulo da janela. Veja figu
calizado na barra de títu ura Quand do utilizamoos mais de um
u programa é
abaixo. ge
erada uma “desorganizzação” muito o grande. Mas
M
no
o Windows podemos
p org
ganizar as ja
anelas para que
q
as
s mesmas possam se er visualizadas de forrma
“a
agradável”.

Botão Ma
aximizar mos na imag
Vejam gem abaixo um
u exemplo
o de
du
uas janelas abertas
a ao m
mesmo temppo
Se o u
usuário não tiver interes
sse em utilizzar
os botões resttaurar e maximizar, o mesmo
m pode erá
dar um duplo o clique na barra de e título pa ara
efe
etuar a ação de restaura
ar ou maximizar a janelaa.

OB
BS: quandoo uma jane ela está maximizada
m o
bo
otão que ap
parecerá é o restaurar
r tamanho (o
qu
ue possui d
dois “quadrradinhos”),, caso este
eja
a mesma rrestaurada aparecer rá o botã ão
maaximizar (o que possui apenas
a u
um
“quadradinho
o”).

Fe
echando jan
nelas Duas Jan
nelas aberttas ao mesm
mo tempo

É o proocesso para finalizar um


m programa ou Perceba que uma a janela estáá sobreposta a
tarrefa que esttá sendo exeecutada por um programma utra, mas pa
ou ar organizá- las basta seguir o seguinte
Windows. É m muito utilizad
do o botão fechar que e é pa
asso:
reppresentado ppela letra X.

8
Inform
mática

Alex
xei Silva

 m o botão direito do mo
Clicar com ouse sobre u
um
local vazio da barra de
e tarefas ;

cerá o seguin
Aparec nte menu de
e atalho:

Mo
ostrar Jane
elas lado a lado
l

Liixeira

É um
ma pasta de e sistema que armaze ena
to
odos os arqu
uivos e pasta
a que foram excluídos pelo
p
o usuário. Quando utilizzamos o commando exclluir
do
os programas em gera al, todos os
s dados serrão
en
nviados para
p a lixxeira (se o conteú údo
peertencer ao
o disco rígiddo).

Menu d
de atalho da
a barra de tarefas
t

As opçções para organizar


o as
s janelas sã
ão:
Jan
nelas em Ca ascata, Mosttrar janelas empilhadass e
Moostrar janelas lado-a-lado.

Veja as figuras exemplos das janellas Ícone d


da lixeira
org
ganizadas.
Caso o usuário exclua um m arquivo do
disquete, o meesmo se
erá exclluir
efinitivame
de ente. Por qu
ue a lixeira só
s armazena
a os
da
ados do H.D.

Janelas em
m cascata

Arquivo
o sendo env
viado para a lixeira

Mas não é precciso que o arquivo estteja


arrmazenado no uário selecionar
n disquete,, basta o usu
o item deseja ado e presssionando a tecla
t SHIFT T +
DELETE para que o mesmo seja exclu uído
deefinitivamente.

Mos
strar Janela
as empilhad
das

Podem
mos alternar entre as jaanelas aberttas
atrravés da seg
guinte tecla de
d atalho: ALT
A + TAB.

Excllusão defin
nitiva do arq
quivo

9
Inform
mática

Alex
xei Silva

Existem
m várias formas
f de exclusão de
arq
quivos. Uma a delas é arrastar
a o item deseja do
para cima do ícone da lixeira, ou cllicar no bottão
exc
cluir do Winndows Exploorer, ou bottão direito do
moouse em cimma do item de
esejado.

OBBS: a tecla
a SHIFT fu
unciona co
om todas a
as
for
rmas de ex
xclusão.

Co
onfigurando
o a lixeira

Podemmos ativar ou
o desativa ar a lixeira ou
até
é mesmo definir um m novo ta amanho e em Restaurand
R do um arqu
uivo com o botão
b direitto
MEEGABYTE p para a mesma em Megabytes. Ma as do m
mouse
ate
enção! Este e tamanho depende
d da capacidade do
dis
sco rígido, oou seja, nã
ão existe umu tamanh ho Essee procedimeento trará o arquivo parra o
pa
adrão de By ytes para a lixeira. lo
ocal de origem, ou seja, do local ond
de o mesmo o foi
grravado. Mas s podemos arrastar o item da lixe eira
Vejamos abaixo os pass
sos para a paara outro local, sendo a
assim, podemos destina ar o
con
nfiguração d
da lixeira: arrquivo para onde quiserm
mos.

 Botão direito do mouse


e sobre o íco
one da lixeirra; Podemmos esvazia r a lixeira apagando
a tod
dos
os
s itens definitivamente e. Mas atenção! Antes de
 Clicar na o
opção proprie
edades; ex
xcluir o item
m desejado o usuário nã ão poderá abrir
o item que essta dentro da
a lixeira.
Aparec
cerá a seguin
nte caixa de diálogo:

Esvaziand
do a lixeira

Será necessário o usuário abrir a lixeira a e


clicar na opçã
ão esvaziar lixeira locallizada na ba
arra
de
e ferramentaas.

P
Propriedade
es da lixeira
a erramenta Cortana
Fe

auração dos arquivos armazenados na


A resta Podem
mos pesquiisar arquiv vos, pastas e
lixe
eira poderá ser solicitada a qualquuer momentto, co
omputadores s (estando em rede) com gran nde
pois a lixeira a armazena a os dados s por tem po fa
acilidade. Também é posssível utilizar o histórico
o de
inddeterminado. na
avegação, loocalização e conteúdo.

 Os procedimentos p
para a restauração do Para acessar a fferramenta Cortana, ba
asta
arquivo são: clicar sobre a opção abaix
xo.

 Abrir a lixe
eira com dup
plo clique, ou
u

 Selecionarr a lixeira e ENTER;


E Ferramen
nta Cortana
a
 Clicar em cima do arq
quivo com o botão dire ito
do mouse, ou

 Selecionarr o arquivo,, menu arquivo e opçção


restaurar.

1
10
Inform
mática

Alex
xei Silva

 D:\install ou D:\settup.exe =>


> instalação
o a
partir do CD-ROM;
C

 A:\install ou A:\settup.exe => instalação


o a
partir do disquete;
d

Painel de Co
ontrole

O painel de con ntrole é um


m programa do
Windows
W quue permite configurar o sistem ma,
ad
dicionar prrogramas e impressoras, adicionar
ha
ardware, enttre outros.

Ele é capaz de altera ar todas as


aracterísticas
ca s do sistem
ma operacion nal Windows s e
atté negar aceesso aos usu
uários ao prróprio painel de
co
ontrole.

Painel de
e controle

Vejammos alguns iitens do painel de contrrole


Clicando
o sobre a Fe
erramenta Cortana qu
ue são solicitados pelos concursos:

Me
enu Executa
ar  Programas e Recurs
sos

Possibilita a abertu
ura (execuçã
ão) do arqui vo
exeecutável (p programa) ou arquivo de dad dos
(te
extos, docum mentos, etc c.) digitando o camin ho Essa opção perm mite a des sinstalação dos
d
(lin
nha de comando) correto da lo ocalização do so
oftwares do o computado or. Além dad sua função
arqquivo deseja
ado. prrincipal o meesmo é capa
az de adicion
nar ou remoover
co
omponentes do Windowss.

Exec
cução do aplicativo Ex
xcel

Se o co
omputador estiver
e em rede
r é possív
vel
sollicitarmos u um outro computadorr através do
exeecutar, basta digitar o camin nho comple eto Programas
s e Recurso
os
ind
dicando a po osição do co
omputador nan rede com mo,
por exemplo, \\\estação de e trabalho\pa
asta\arquivo
os  Barra de Tarefas e N
Navegação
o

Esse menu tamb bém é utiliizado para a


stalação de p
ins programas. Os
O comando
os padrão sãoo:

1
11
Inform
mática

Alex
xei Silva

É utiliz
zado para ativar
a as propriedade
p es  Firewall do Window
ws
da
a barra de ttarefas, para configura armos os ite
ens
do menu inicia
ar e da barra
a de tarefas .

Esse utilitário do Windows nãão permite que


q
 Data e ho
ora ussuários não autorizados invadam os s computadoores
(e
estações de trabalho) de e uma rede ou
o conexões s de
In
nternet, ou seja,
s o mesmmo bloqueia a tentativa de
in
nvasão.

Permitte atualizarr a data/ho ora do sistem


ma
operacional, além de ajustar o horárrio
au
utomaticam mente para horário de verão e a
atuualização sincroniza ada com a microso oft
(attualizar a ddata e a hora
h através do site da
microsoft).

Jane
ela do Firew
wall do Win
ndows

 Seguranç
ça e Manuttenção

ar a segurança
Tem a finalidade de gerencia
do
o computador em uma rede intern na ou exterrna.
Alerta sobre e a segura ança e Manutenção do
omutador através
co a e alertas na área de
de
no
otificação.

Data e hora

 Contas de
e Usuário

erramenta permite
Essa fe p criar usuários, ou
sejja, colocar N
Nome e Sen nha para cadda pessoa q ue
utiliza o mesmo computador da empresa ou
res
sidência adm mitindo umma proteção da área de
Janela
J Centtral de Açõe
es
tra
abalho, pasta s e/ou progrramas de ca da
as, arquivos
operador do m mesmo computador.
Essa central avissa ao usuário quando, por
xemplo, qua
ex ando o anttivírus está desatualizaado
e//ou o sistema operaciona al.

Ao clicarmos na Opção
o Seguran
nça
visualizaremoos se o FFirewall do Windows ou
Antivírus estão atualizado
os ou desatu
ualizados.

Quand
do o usu uário clicarr na Opç ção
Manutenção
M será visualiizado o item backup .

e Usuários
Contas de

1
12
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Mouse

Permitte alterar as propr riedades d do


moouse (coma andos padrãão – destro
o e canhotto)
admitindo umaa melhor com
modidade ao
o usuário.

També ém podemo os definir recursos d de


elocidade d
ve do ponteiro o bem como o configurá--lo
para monitoress de cristal líquido.
Janela
a Dispositiv
vos e Impre
essoras

 Opções de energia

É utilizado para a econom mia de enerrgia


elétrica deslig
gando o mo nitor e/ou computador
c em
um
m determin nado períod o de temp po (minuto ou
ho
orário prograamado pelo o usuário).

Esse recurso é ap
propriado pa ara notebook e
andheld para
ha a “aumentarr” a durabilid
dade da bate
eria
de
esses tipos de
d computad dores.

P
Propriedade
es do mouse

 Dispos
stivos e Im
mpressoras

Proprie
edades de Opções de energia

Podemmos instalar uma ou maiis impressorras  Regiã


ão
definindo apenas um como padrão (ativação da
impressora padrão a ser utilizada pelos program
mas
quando solic citado o comando imprimir), o
gerenciamentoo da impres ssão (pausarr a impresssão
ou cancelar a m
mesma) e a remoção daa impressora a.
Perm
mite a con nfiguração dos
d padrões
s e
Tambéém é possíve
el instalarmo
os dispositiv
vos fo
ormato do idioma refe rente ao país em que e o
no computado or como, poor exemplo, uma câme era sistema opera
acional foi de
esenvolvido..
dig
gital ou smarrtphone.
avés desse rrecurso podemos forma
Atra atar
a data e hora, moeda e n úmeros.

1
13
Inform
mática

Alex
xei Silva

Propriedade
P es do Sistem
ma

 Backup e Restau
uração

No Windows
W 10 0 a ferram menta Back kup
peermite ao usuário
u conffigurar o computador parap
crriar uma cóppia de seguraança de todos os dados s do
diisco ou aqueeles que voccê desejar grravar. Uma vez
co
onfigurado, o Bacckup, será realiza
ado
Reg
gião peeriodicamente automatticamente, a medida que q
voocê altera o conteúdo de e uma pastaa ele atualizaará,
 Vídeo poor exemplo.

Altera as configura ações de víd


deo, resoluçção
de tela e facilitta a leitura dos
d itens na tela.

Ja
anela Backup
p e Restauração

 Criptografia de Unidade de
e Disco
BitLo
ocker

Janela Vídeo
Permite criptogrrafar o HD D contra uso
 Sistema ndevido prottegendo-o ccom uma chave
in c (senh
ha).
Apenas o usu uário que tiv
ver a chave será capaz de
accessar o com
mputador.

Esse item possiibilita a visualização e


con
nfiguração (instalação//desinstalaçãão) de to do
hardware doo computaador (Gerrenciador de
dis
spositivos).

É posssível visua
alizar a quuantidade de
me emória RAM e para quaal usuário o Windows foi
lice
enciado.

Janela
J Cripto
ografia de U nidade de Disco
D BitLocker

1
14
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Histórrico de Arqu
uivos

No Windows 10 a ferramenta a Histórico de


Arq
quivos salva
a cópias de arquivos
a para recuperá-llos
posteriormentee, caso nece
essário.

Janela Históric
co de Arquivos

xplorador de
Ex e Arquivos

O Expllorador de Arquivos
A é o “gerente” do
stema Opera
Sis acional Windows 10. É através de ele
que podemos gravar em nossas unid dades, copiaar, Painel de navegação
o
exc
cluir, moverr e renomearr os arquivos e pastas d
das
nossas unidade es de armazzenamento. Obserrvem que e existe o sina
al e o .
Quando esta sendo exib bido o sinal de seta “ppara
ba
aixo” é por conseqüência
c a de a unida
ade ou pastaa já
es
starem dem monstrando todo o conteúdo dos d
mesmos.
m E se estiver co
om o sinal de
d seta para a à
diireita é por conseqüênccia de a uniidade ou pa asta
es
starem oculttando o seu conteúdo, ouo seja, aqu uele
elemento tem m mais itens para mostraar ao usuário
o.

E
Explorador de
d Arquivos
Visualizaç
ção do contteúdo de Documentos
s
A janela do Explorador de e Arquivos é
vidida em du
div uas partes: o painel de navegação
n e a Fiquem atentos para o detalhe da figura
áre
ea de conteú
údo. an
nterior, pois
s a barra de e endereços do Explorador
de
e Arquivos visualizam
v o nome da paasta o camin
nho
No pa ainel de na avegação sós é possívvel co
ompleto da mesma
m (linh
ha de comando).
vis
sualizar bibliotecas, pasttas e unidades e na jane
ela
con
nteúdo podemos visua alizar pastass, arquivos e Para efeito de concurso é importante
unidades. visualizarmos a barra a de sta atus, pois o
CESPE/UNB normalmentte utiliza ess
se recurso.

Barra de Status
S do Ex
xplorador de
d Arquivos
s

Criando past
tas

Para criar uma pasta siga os seguin


ntes
assos:
pa

1
15
Inform
mática

Alex
xei Silva

 selecionar a pasta ou u unidade em


e que serrão  Selecionar a unidade ou pasta desejada;
criado os m
mesmos;  Clicar na Guia Iníc cio / Grup po Organiz zar,
 clicar na G
Guia Início; Renomea ar; ou
 Grupo No ovo;  Pressionar a tecla F2
2; ou
 clicar no B
Botão Nova Pasta  Duplo Cliique de forrma Pausad da; ou
 Clicar com
m o botão di reito do mouse e aciona
ar o
comando renomear n o menu;
 Digitar o novo nome ddo objeto;
 Pressionar a tecla ENTTER para co
onfirmar o noovo
Passos para a cria
ação de uma pasta nome.

Criando Arqu
uivos Regras
R de no
omes de arrquivos e pa
astas

Para c
criar um arrquivo siga os seguinttes O Sistema Opera cional Windows não aceeita
passos: alguns caraccteres espe
eciais, e háh limites de
qu
uantidades do
d mesmo. VVejamos quaais são:
 Abrir a passta em que serão
s criado os mesmos ;
 clicar na G
Guia Início;  Um nome e de arquivo ou pasta deeve ter até 260
2
 Grupo No ovo; caracteres
s.
 clicar no B
Botão Novo Item.  Não podem ser usado os os seguinttes caractere
es:
* / \ | : ? “ > <
 Não pode e haver doiss arquivos com o mes smo
nome e tipo no me esmo diretó
ório (pasta) ou
unidade.

Ex
xcluindo pa
astas e arqu
uivos

Excluiir é retirarr o item desejado para


p
te
ermos espaços na unida de para a gravação de um
no
ovo objeto.

Vejam mos quais sã


ão os procedimentos parra a
xclusão (alguns já foram
ex m descritos anteriorme
ente
no
o item lixeira
a).

 Selecionar o item dessejado,


 Clicar na Guia Início/Gru
upo
Organiza ar/Excluir, oou
 Pressione a tecla Deleete, ou
 Clicar sob
bre a opção excluir do menu
m de ata
alho
(botão dirreito do mou
use).
Criando
C Arq
quivos no Ex
xplorador de
d Arquivos
s  Clicar sob
bre o botão ssim.

Após a criação do o novo item m o ícone se


erá Co
opiando e Movendo
M arrquivos e pastas
p
ins
serido na pas
sta local, ba
asta digitar o novo nome
ee
o item será confirmado. Esse recurso perrmite mover (tirar de um
ocal e colocar em outrro) o item desejado para
lo p
quualquer unid clonar” (copiar)
dade ou passta e até “c
oss arquivos e pastas.

Podem
mos moverr e copiar utilizando os
re
ecursos localizados no mmenu editarr, botão dire
eito
do
o mouse ou u simplesme ando o mouse
ente arrasta
(c
com ou sem tecla de ataalho).

Para copiar
c arquivo ou pasta: Arras
um a star
o item desejjado pressioonando a tecla
t CTRL no
te
eclado.
Digitaçã o nome do arquivo
ão do novo a
Para mover um arquivo ou pasta: Arras
star
Re
enomeando o arquivos e pastas o item desejado pressiona
ando a tecla SHIFT.
Renommear é mudar o nome e previamen
nte
definido pelo aplicativo ou
o sistema do
d item. Paara
muudarmos o nome de um arquivo, siga os passos :

1
16
Inform
mática

Alex
xei Silva

que será ac
cionado pe elo sistemaa, ou seja,, o
co
omputador poderá ficaar lento.

Fo
ormatação de discos

Formaatar é prepaarar uma un nidade de disco


ouu parte dele (partição) p
para ser usadda.
Quanddo se forma ata um discco, seus daddos

ão completa amente apa agados da FAT, mas os
co
onteúdos da as trilhas e dos setores permanec cem
atté serem adicionadas no ovas informações sobree as
an
nteriores (so
oprepondo-a as aos antigo
os dados).
Ex
xemplo de um arquivoo sendo coppiado com o OBS:
O Nos cooncursos pú úblicos qua ando um dis sco
arrastto do mous
se + a tecla CTRL é formatado o o seu c conteúdo será
s apagaado
peermanentemente.
O com
mando mover funcionará
á se o usuárrio
arrrastar o messmo item na
a mesma un
nidade. Veja
a a
figura abaixo.

Movendo o um arquiv
vo (clicando
o sobre o
arquivo,
a se
egurando o clique e ar
rrastando o
mouse para o lo
ocal desejaado).

També
ém podem
mos copiar nas
apen
arrrastando o mouse, mas s como? Basta arrastarr o
item desejado o para uma a unidade diferente.
d P
Por
Ca
aixa de diállogo Forma
atar
exeemplo, se o arquivo es do na unida de
stá localizad
esmo para a unidade (A
(C:), basta arrrastar o me A:)
para que o meesmo seja coopiado. Tiipos de form
matação

Além da utilização do mouse podem mos Existe


em dois tipo os de forma
atação para os
piar e mov
cop ver os itens s desejadoss através d
dos co
oncursos: a rápida e a co
ompleta.
com
mandos: rec
cortar, copiar e colar.
Fo ormatação rápida: pe gar apenas os
ermite apag
Para m
mover um arquivo basta a selecioná- lo, da ados da FAT T deixando assim as innformações nas
clic
car no Menu
u Editar, rec cortar, clicar na pasta ou trrilhas e setorres do disco..
unidade de des
stino e clicarr na opção colar.
c
ormatação completa: permite ap
Fo pagar os dad dos
Para c
copiar um arrquivo basta a selecioná- lo, da
a FAT e corrrigir possíve
eis erros doss clusters, mas,
m
car no Menu Editar, co
clic opiar, clicarr na pasta ou mesmo
m utiliza
ando essa fformatação, os dados não n
unidade de desstino e clicarr na opção colar.
c se
erão apagad dos em defin nitivo das trrilhas e seto
ores
do
os discos.
Caso o usuário deseje utiliz zar teclas de
alho é só utilizar as segu
ata uintes teclas abaixo: Se
eleções de Ícones
 Recortar: C CTRL + X
 Copiar: CT TRL + C Te
emos várias maneiras d de seleciona
ar os ícones do
 Colar: CTR RL + V Ex
xplorador de
e Arquivos. V
Vejamos alguuns abaixo.

OB
BS: se utilizarmos os o comand dos recortaar,
copiar e colaar para mo over ou coopiar itens o
Wiindows utillizará um programa
p chhamado áreea
de
e transferênncia fazenddo com que e a memórria
RA
AM seja utillizada por este
e novo programa
p

1
17
Inform
mática

Alex
xei Silva

Quadro de
e seleção (7 pastas e 1 arquivo
selecionados)

ura acima apresenta um tipo de


A figu
selleção denomminada quad dro de seleçã
ão, pois bassta
clic
car, segurarr o clique e arrastar sobre
s os ite
ens Janela compartilha
c amento de arquivos
desejados.
Acessórios do
d Windows
s

São programas
p do tipo “am
mostra gráttis”,
po
ois os seus recursos
r são
o extremame ente limitado
os.

Bloco de Not
tas
ção através
Seleç s da tecla SHIFT
Peque
eno program ma denominado Editor de
Outra maneira ded selecionar de form ma extos que fa
Te Windows.
az parte do W
adjjacente (iteens próxim
mos uns ao os outros) e
utilzarmos a ttecla SHIFT, basta clicaar no primeiiro O Blooco de No otas permite uma forrma
IFT e clicar no
item desejado,, pressionar a tecla SHI simples de edição,
e nas negrita, utiliza itálico,
apen
últtimo item. altera a fontee e seu tamaanho, mas não
n é capaz de
co
olorir ou form
matar parágrrafos.

Seleç
ção através
s da tecla CTRL
C

Essa forma de seleção pe ermite que o


usuuário selecione de forrma não-adjjacente (ite ens
sepparados unss dos outros)), basta clica
ar no primeiiro
Bloco d
de Notas
item desejado, pressionarr a tecla CTR RL e clicar n
nos
demais itens com o CTRL pressionado o.
O Blo oco de Nota as é muito utilizado peelos
Web
W Designs,, pois utiliza m HTML parra a construção
Co
ompartilham
mento de Arquivos
A
de
e seus sites.
Quando um computador está em uma re de
Wordpad
W
(coonectado a outros compputadores), seus recurssos
(unnidades, ppastas, impressoras) podem sser
Caraccterizado com
mo processaador de tex
xtos
com s (acessado
mpartilhados os) com os outros, pa ara
poor possuir ferramentass de formattação, mas de
serrem usados por qualqueer pessoa qu
ue trabalhe e
em
fo
orma reduzid da, é um “ mini-word”. Trabalha com
c
outro computaador.
arrquivos de extensão RTFF.
Para c
compartilharr uma pastaa, selecione--a,
que no Menu Arquivo / Compartiilhamento o
cliq ou
utilize o bo otão direito o do mou use sobre a
me esma.

1
18
Inform
mática

Alex
xei Silva

Word
dpad

Pa
aint

É um programa simplificado de pintu ura


utilizado para trabalhar co
om desenho
os simples, ou
sejja, “desenho
os amadoress”. Caixa de diálogo
o Limpeza de
d disco

Desfragmentar e Otimiizar Unidad


des

Vimos s que uma gravação de dados nas


unnidades em geral é feitta de forma
a fragmenta
ada,
exxceto as fita
as magnéticcas que gra
avam de forrma
lin
near.

A des
sorganização o (fragmenta
ação) gera nas
un
nidades uma a certa lenttidão quando
o solicitamos a
ab
bertura de um arquiv vo. Por issso temos queq
de
esfragmentáá-las para nnão ocasionaar “sonolênccia”
Paint
ao
o computadoor.
uivo do Paint é salvo co
O arqu om a extens ão
Possui a finalidad
de de organnizar os dad dos
PNG (padrão).
naas unidades s magnética as entre ass trilhas e os
seetores, deixa
ando assim,, todos os dados
d de forrma
O Pa aint possibiilita abrir e salvar os
lin
near.
seg
guintes tipos
s de arquivo
os: JPG, GIF, TIFF e PNG
G.

Fe
erramentas Administra
ativas

São p programas utilitários queq visam a


“m
melhorar” o desempen nho do co omputador e
“co
orrigir” possííveis defeitos nas unidad
des.

Lim
mpeza de D
Disco

Permitte excluir de
d forma pe ermanente os
arq
quivos desne
ecessários ao computador, tais com
mo:
arq
quivos tem
mporários da Internet, arquiv
vos
tem o Windows, etc.
mporários do

Desfragmentar e Otimizar Unidades


U

Windows
W UP
PDATE

Permite que o u usuário cone


ecte o Sisteema
Operacional Windows
W aoos servidore
es da Micros soft
ara atualizarr os drivers dos hardwa
pa ares e os nívveis
Ca
aixa de diállogo no carrregamento
o da Limpez
za de
e segurança a do sistema a. Quanto mais
m atualiza
ado
de Disco
D es
stiver o siste
ema, mais “sseguro” o mesmo estará á.

1
19
Inform
mática

Alex
xei Silva
notificaçõ
ões.
Abre Corttana em Mod do de Escutaa.
+C Usuários podem conv versar
imediatam mente com Cortana.
C
Mostrar dde forma ráppida sua Área
+D de Traba alho e exibe de volta a tela
t
anterior.
Exibe de fforma rápidaa Este
+E Computa ador.

+H Abre a op
pção de Com mpartilhar
.
Janela Conffigurações com
c a Opçã
ão Windows
s
Abre o ap
plicativo Con
nfiguraçõess
Update se
elecionada +I
.
Podemmos utilizar uma opção o denomina da Abre o pa ainel Conecttar para
Wiindows Upd date é uma a Janela de Configuraçõ
ões +K conectar v vídeo sem fiio e dispositiivo
que faz a busca dos novos drrivers que o de áudio.
com
mputador d do usuário necessita solicitando a Bloqueia seu dispositivo e vai parra
permissão (ao usuário) para a instalaç
ção. +L tela de Blloqueio.
Mostra se eu Desktop e minimiza
O Winndows Updatte pode ser encontrado
e no +M todas jan elas aberta.
enu iniciar e Configuraçõ
me ões. Abre o pa ainel Projetoo para
+P procurar e se conecta ar a monitores
Quando o sistem ma operacioonal necess ita externos e projetores s.
apenas de uma a correção a mesma é denominada de Mostra a caixa de diálogo
Pa
atch. Mas se e a correçãoo for em grrupo, ou sejja, +R Executarr.
várias (conjunnto) Patchs essas
e serão denominaddas Abre Corttana. Usuário os pode
Service Pack. começar a digitar um ma consulta
+S
imediatam mente.
Atualmmente a Microsoft já esstá Percorra o os aplicativo
os que estão na
dis
sponibilizand
do para o Windows 10 algun
nas +T Barra de T Tarefas.
Pa
atchs. Abre a Ce entral de Faccilidade de
+U Acesso.
De
esligando o Computad
dor
Abra o me enu avançad do no canto
+X inferior essquerdo da tela.
t
O c
comando denominado o, desliga
ar,
+ENTER Abre o Na arrador.
encontra-se d
dentro do menu
m iniciarr e pode sser
ace
essado por m
meio da seguinte tecla de
d atalho: ALLT Troca o iddioma de entrada e o tip po
+SPACEBA
AR do teclado o.
+ F4.
Abre o Vissualizador de Área de
+TAB Trabalho

Windows
W 7

Conheeceremos agora os recursos do


Windows
W 7 mais utilizadoss nas provas
s.
De
esligando o computador
Área de Trab
balho – DES
SKTOP
Alg
gumas teclas de atalh
ho do Windo
ows
A dennominação DDesktop refere-se à id
déia
de
e uma mesa plana on de estarão disponíveis as
Existem
m várias tecclas de atalhho no sistemma
fe
erramentas de
d trabalho d
do usuário.
operacional W Windows 10 0 para os concursos é
necessário sabbermos de algumas. Vejamos a tabe ela
abaixo.
Atalho Descrição
o
Tecla do
Abre e fecha o Menu Iniciar.
Windows
Esse atalho abre na se equência os
aplicativos
s que estão na
n Barra de
Tarefas, abre da esque erda pra
+1, + 2, direita na sequência. Exemplo:
E
etc
c. + 1, abbre o Microsooft EDGE,
+ 2, abbre o Window ws Media
Player e ettc.
+A Abre a Cenntral de Açõees.
Desktop do
o Windows 7
+B Mostra ícones ocultos nas

2
20
Inform
mática

Alex
xei Silva

Essa área é composta dos seguinttes Barra de Tar


refas
ele
ementos: pllano de fuundo (papel de parede e),
íco os e barra de tarefas (com todos os
ones, atalho É a barra horizonntal que está localizada na
seu
us elemento
os). pa
arte inferior da área de
e trabalho doo Windows que
q
te
em como finalidade prinncipal demon nstrar todos
s os
O Menu Inicia
ar prrogramas que estão em m execução o (abertos) na
fo
orma de botãão.
Essa o
opção será acessível qua ando o usuárrio
clic
car sobre o b
botão iniciarr. Veja figura
a abaixo.
e Tarefas
Barra de

Essa baarra possui vários itens


s que devem mos
es
studar para os concurrsos, tais como:
c o bo otão
in
niciar, área intermediári
i a e a área de notificaç
ção.
Veejamos os itens da barraa.

Iniciar rapid
damente (a
ao lado do botão
b inicia
ar)

Área de Notific
cação (Systray)

A barra
a é capaz de ser configurada pelo p
suário para alterar as característticas do me
us enu
in
niciar ou da própria bbarra como, por exemp plo,
ex
xibir ou ocu
ultar o inic
ciar rapidammente e/ou u os
ellementos in
nativos da áárea de notifficação.

OBS:
O a barra
a de tarefa
as pode ser r movida pa ara
oss quatros lados (Supe erior, Infer
rior, Esquerrda
e Direita) daa área de ttrabalho e também
t po
ode
Menu Iniciiar – Acessíível quando
o clicado o se
er redimen nsionada ((aumentar o tamanh ho)
Botãoo Iniciar (co
omando padrão) atté a metadee do Deskto op.

Nas prrovas do CES SPE/UNB sã ão exigidos do Co


onfigurando a Barra d
de Tarefas (Menu
can
ndidato o co
onhecimento o de todos os
o elemento os In
niciar)
do
o Menu Inic ciar, ou sejaa, todos os nomes e iteens
encontrados ouu não no meenu. Iremoos começar p
pelo Menu Iniciar, ou se
eja,
É posssível acionaar o Menu Iniciar
I atrav
vés alteraremos o primeiro elemento da barra de
das seguintes teclas de ata
alho: arefas, isto é, de Me nu Padrão para Cláss
ta sico
se
eguindo as etapas:
e
Teclas de Atalho Ação
CTRL + ESSC Abrir o Men
nu Iniciar  Clicar com
m o botão d direito do mouse sobre um
Tecla Win
ndows Abrir o Men
nu Iniciar local vazio
o da barra d
de tarefas, ou
u

 Botão Iniciar, Paineel de Contrrole, Barra de


OBBS: Podemmos selecionar o botão
b iniciiar Tarefas e Menu Inicia
ar;
utilizando a tecla TAB B (quandoo estivermo os
tra
abalhando na área dee trabalho) e pression
nar  Apareceráá um menu suspenso, clique
c na opção
a tecla
t ENTER
R para acio
oná-lo. Propriedades (caso tenha utilizado o bo otão
direito do mouse);
menu da figura anterior é o Me nu
Esse m
Padrão do Win
ndows 7 pod
dendo ser modificado
m pe
elo Apare
ecerá a segu inte caixa de
e diálogo:
o usuário a qualquer momento. Assunto q ue
veremos a seg
guir.

2
21
Inform
mática

Alex
xei Silva

Propriedades da ba
arra de tare
efas – Guia
Barras de F
Ferramentaas

 Botão OK.
Propriiedades da barra de ta
arefas
Íc
cones
 Clique sobre a guia Me
enu Iniciar
São as
a “figurinhaas” que estão na área de
Aparec
cerá a seguin
nte caixa de diálogo:
trrabalho e nas
s janelas rep
presentando o os program
mas,
arrquivos, pastas, músicass, fotos, etc.

nes no desk
14 ícon ktop do Win
ndows 7

Atalhos

São “figurinhas”” com “s setinhas” cuja


c
Pr
ropriedades
s da barra de
d tarefas – Guia Men
nu fin
nalidade é apontar parra os progrramas origin nais
Inic
ciar (ícones), ou seja,
s para oss arquivos ex
xecutáveis.
 Clique sobre a guia Ba
arras de Ferrramentas;

Aparec
cerá a seguin
nte caixa de diálogo:

2
22
Inform
mática

Alex
xei Silva

OBS:
O a barr
ra de endeereço visua
aliza o nome
do
os elementtos Window
ws (Computtador) e o seu
s
co
onteúdo

(c
clicar na se
eta ao lado
o do nome computado or),
a unidade e/ou a pastta com todda a sua lin
nha
de
e comando o (caminho completo onde a pasta
es
stá guardad da)

Barra de Menu:
M conttém todos os comand dos
ne
ecessários para o funcio
onamento da a aplicação que
q
es
stá em exe ecução. Poddemos utiliz
zar através da
te
ecla de atalho ALT + Lettra sublinh
hada.

10 Atalh
hos no Desk
ktop do Win
ndows 7 Barra d
de menu

També ém são con nhecidos na


as provas de OBS:
O A barra
a de menu nas janelas
s do Windo
ows
con
ncursos pela
a denominaç
ção ícones de
d atalhos. 7 só serão o apresenttadas caso o usuá ário
pressione a tecla ALT
s Janelas
As
Submenu: são os menu us encontraddos dentro dos
d
A maaioria das aplicações Windows é menus,
m ou seja,
s quando o clicamos em um me enu
vis
sualizada na forma de janela
j e a mesma
m posssui po
oderá aprese entar uma ““setinha” apo
ontando parra a
vários elementos que ireei detalhar abaixo. diireita.

Janela Computador

Baarra de Títu
ulo: visualiza
a o nome da a aplicação e
em
exeecução e está localizada na parte e superior da
jan
nela. É comp
posta dos se mentos: Me nu
eguintes elem Exemplo
E de
e um subme
enu (Barra do Explore
er)
de controle e os botões s de redimmensionamen nto
(m
minimizar, maximizar/restaurar tamanho e Barra de Ferramentas:: são os botões que fic cam
fec
char). ab
baixo da barra
b de m
menu trazenndo comand dos
pa
adrões do prrograma (qu
ue estão nos menus) com mo,
po
or exemplo, voltar e avvançar (que
e são utilizad
dos
no
o Internet Ex
xplorer).
Barra de título

Baarra de End dereços: a finalidade desse item é


“naavegar” peloo Windows, ou seja, trocar de passta Bar
rra de Ferra
amentas Pa
adrão
ou unidade sem precisarr fechar a janela. Bassta
clic
car na seta a
ao lado paraa escolher o novo item q ue Botõe
es Definiç
ção
serrá acessado ou digitar. Altera a forma de
visu
ualização dos itens
Altere o Modo conntidos na
a Janela
Barra de Endereços
E de Exibição Connteúdo.

2
23
Inform
mática

Alex
xei Silva

Paainel de Bib bliotecas: apresenta


a algumas pasttas
padrão como,, por exem mplo, área de trabalh ho,
Doownloads e d detalhes do item selecionado na parrte
infferior da jane
ela.

Exem
mplo de red
dimensionamento

Podem
mos també ém utilizar o recu
urso
enominado puxador que está localizado na
de
ex
xtremidade direita
d da ba
arra de statu
us.

Painel de
e Tarefas
Pu
uxador na b
barra de Sta
atus

Movendo
M Jan
nelas

Visualização dos detalh


hes do item computado or Podem
mos mover a janela colo ocando o currsor
(selecion
nado no paiinel de bibliotecas). doo mouse sobbre a barra d
de título, seg
gurar o cliqu
ue e
arrrastar. Maas é neccessário sabermos que q
obbrigatoriammente a jan nela deverá estar na forrma
re
estaurada.
Barra de
e Status

A barrra de Status star visível ou


s poderá es
não, bastaria acessar o seguinte coomando (ve eja
jan
nela abaixo):

Colocar
C o cu
ursor sobre a barra dee título, clic
car,
Menu Exibir segurar o cliq
que e arras
star.

Re
edimensionando Janellas Minimizando
M o Janelas

Podemmos alterar o tamanho da


d janela, m
mas Minim
mizar significcar diminuir visualmentee o
é necessário sabermos que
q obrigattoriamente a ta
amanho da janela para a mesma se er condiciona
ada
meesma deve e
estar na form
ma restaura
ada. na
a barra de ta
arefas na forrma de botão.

O proocesso é siimples. Bas sta colocar o mos utiliza r o botã


Podem ão minimiz zar
cursor do mo ouse sobre a borda da janela (e em lo ela. Veja figura
ocalizado na barra de títtulo da jane
qualquer extrremidade) para que o cursor se abbaixo.
tra
ansforme emm uma seta dupla na cor escura. Ve eja
a figura
f abaixo
o (seta dupla
a a direita da
a janela).

2
24
Inform
mática

Alex
xei Silva

Fe
echando janelas

É o prrocesso para a finalizar um


m programa ou
ta
arefa que está sendo ex xecutada porr um prograama
Botão minimizar Windows.
W É muito
m utiliza
ado o botão o fechar que é
re
epresentado pela letra X X.
Quando uma jan nela está minimizada
m é
possível visua
alizarmos to
oda a área a de trabal ho
(ca
aso não haja
a nenhuma outra
o janela aberta).

usuário não tiver interes


Se o u sse em utilizzar
o botão
b minim
mizar, basta dar um cliique sobre e o Botão Fechar
bo
otão da janeela, para a mesma
m ser minimizada
m a.
Além de utilzarmo
os o botão fechar podem
mos
Re
estaurando janelas s teclas de atalho ALT + F4, ou um
prressionar as
clique duplo no
n menu de ccontrole e o menu arquiivo.
É a açãão de reexib
bir uma jane ela minimiza da
ou trazê-la
a ao ú
último ta
amanho do
red
dimensionammento, ou seja, se e o usuárrio
red
dimensionouu a janela para
p apresenntação apennas
dos ícones na mesma. Ao clicar no botã ão
res
staurar ta amanho ela será viisualizada no Clique
e duplo no menu de co
ontrole
tam
manho forneecido pelo últtimo redimensionamento o.
Se uttilizarmos a penas um clique sobre
e o
Quando uma jan nela está restaurada é menu
m de controle
c o mesmo se erá aberto e
possível visualizarmos parrte da área de trabalh o. ap
presentará a opção FEC CHAR. Podeemos tambéém,
uttilizar a tecla
a de atalho A
ALT + Barra
a de Espaço
o.
Podem
mos utilizarr o botão o restaurrar
calizado na barra de títu
loc ulo da janela. Veja figu
ura
abaixo.

Bo
otão Restau
urar tamanh
ho

aximizando
Ma o Janelas

É o atto de expanndir a janelaa ao taman ho Utilizando


U apenas
a um clique sobr re o menu de
d
mááximo, ou seeja, não serrá mais visualizada a árrea conntrole ou a ttecla de ata
alho.
de trabalho.
O recurso da ttecla de atalho
a perm
mite
Podem
mos utilizar o botão o maximiz zar ta
ambém mov ver, redimennsionar (opção tamanh
ho),
loc ulo da janela. Veja figu
calizado na barra de títu ura maximizar
m e minimizar
m a jjanela.
abaixo.

Botão Ma
aximizar

usuário não tiver interes


Se o u sse em utilizzar
os botões resttaurar e maximizar, o mesmo
m pode erá
dar um duplo o clique na barra de e título pa ara
efe
etuar a ação de restaura
ar ou maximizar a janelaa.

OB
BS: quandoo uma jane ela está maximizada
m o
bo
otão que ap r tamanho (o
parecerá é o restaurar
qu
ue possui d
dois “quadrradinhos”),, caso este
eja
a mesma rrestaurada aparecer rá o botã ão Utilizando o menu arqu echar a janela
uivo para fe
maaximizar (o que possui apenas
a u
um
“quadradinho
o”).

2
25
Inform
mática

Alex
xei Silva

Or
rganizando Janelas

Quando utilizamos
s mais de umm programa a é
gerada uma ““desorganiza
ação” muito grande. M Mas
no Windows poodemos orga nelas para q ue
anizar as jan
as mesmas p possam serr visualizadas de form ma
“ag
gradável”.

Vejamos na image em abaixo um exemplo de


duas janelas abertas ao mesmo
m tempoo

Janelas e
em cascata

Duas Jan
nelas aberta
as ao mesm
mo tempo

Perceb
ba que uma janela está sobreposta a a
outra, mas parr organizá-la
as basta seg
guir o seguin
nte Mo
ostrar Janellas empilha
adas
passo:
Podem
mos alternarr entre as janelas
j aberrtas
 m o botão direito do mo
Clicar com ouse sobre u
um attravés da seguinte tecla de atalho: ALT
A + TAB.
local vazio da barra de
e tarefas ;

cerá o seguin
Aparec nte menu de
e atalho:

Mo
ostrar Jane
elas lado a lado
l

Liixeira
Menu d
de atalho da
a barra de tarefas
t
É um
ma pasta de e sistema que armaze ena
As opçções para organizar
o as
s janelas sã
ão: odos os arqu
to uivos e pasta
a que foram excluídos pelo
p
Jan o usuário. Quando utilizzamos o commando exclluir
nelas em Ca ascata, Mosttrar janelas empilhadass e
do
os programas em gera al, todos os
s dados serrão
Moostrar janelas lado-a-lado.
en
nviados para
p a lixxeira (se o conteú údo
Veja as figuras peertencer ao
o disco rígiddo).
exemplos das janellas
org
ganizadas.

Ícone dda lixeira


Caso o usuário exclua um m arquivo do
disquete, o meesmo se
erá exclluir
de
efinitivameente. Por qu
ue a lixeira só
s armazena
a os
da
ados do H.D.

2
26
Inform
mática

Alex
xei Silva

Arquivo
o sendo env
viado para a lixeira

Mas n
não é precis
so que o arquivo
a este
eja
arm
mazenado no disquete, basta o usuá
ário selecion
nar
o item desejado e pressionando a teecla SHIFT +
DEELETE para a que o mesmo seja s excluíído
definitivamente.

Propriedad
des da lixeir
ra

A resttauração doss arquivos armazenados


s na
lix
xeira poderá ada a qualq
á ser solicita quer momennto,
Exclu
usão definitiva do arquivo poois a lixeirra armazen na os dado os por tem
mpo
in
ndeterminado o.
Existem
m várias formas
f de exclusão de
arq
quivos. Uma a delas é arrastar
a o item deseja do  Os proce edimentos para a re
estauração do
para cima do ícone da lixeira, ou cllicar no bottão arquivo sã
ão:
exc
cluir do Winndows Exploorer, ou bottão direito do
moouse em cimma do item de
esejado.  Abrir a lix
xeira com du
uplo clique, ou
o

OBBS: a tecla
a SHIFT fu
unciona co
om todas a
as  Selecionar a lixeira e ENTER;
for
rmas de ex
xclusão.
 Clicar em cima do arrquivo com o botão dire
eito
Co
onfigurando
o a lixeira do mousee, ou

Podem
mos ativar ou
o desativa ar a lixeira ou  Selecionar o arquivo
o, menu arquivo e opção
até
é mesmo de efinir um novo tamanho percentu ual restaurar..
para a mesma a em Megab bytes. Mas atenção!
a Esste
tam
manho depende da capa acidade do disco rígido, ou
sejja, não exis
ste um tammanho padrão de Byt es
pa
ara a lixeira
a.

Vejamos abaixo os pass


sos para a
con
nfiguração d
da lixeira:

 Botão direito do mouse


e sobre o íco
one da lixeirra;

 Clicar na o
opção proprie
edades;

Aparec
cerá a seguin
nte caixa de diálogo: Restaurand
R do um arqu uivo com o botão
b direitto
do m
mouse
Essee procedimeento trará o arquivo parra o
lo
ocal de origem, ou seja, do local ond
de o mesmo o foi
grravado. Mas s podemos arrastar o item da lixe eira
paara outro local, sendo aassim, podemos destinaar o
arrquivo para onde quisermmos.

Podemmos esvazia r a lixeira apagando


a tod
dos
os
s itens definitivamente e. Mas atenção! Antes de
ex
xcluir o item
m desejado o usuário nã ão poderá abrir
o item que essta dentro da
a lixeira.

2
27
Inform
mática

Alex
xei Silva

indica
ando a posiçção do comp
putador na re
ede
coomo, po
or exemmplo, \\e
estação de
trrabalho\pasta\arquivos

Esse menu tam mbém é utiilizado para a a


in
nstalação de programas. Os comandos padrão sã
ão:

 D:\install ou D:\settup.exe =>


> instalação
o a
partir do CD-ROM;
C

 A:\install ou A:\settup.exe => instalação


o a
Esvaziando a lixeira
partir do disquete;
d
Será n
necessário o usuário ab brir a lixeira
a e
Painel de Co
ontrole
car na opção esvaziar lixeira localiz
clic zada na barrra
de ferramentass.
O painel de con ntrole é um
m programa do
Fe
erramenta P
Pesquisar Windows
W quue permite configurar o sistem ma,
ad
dicionar prrogramas e impressoras, adicionar
ha
ardware, enttre outros.
Podem
mos pesquissar arquivo
os, pastas e
com
mputadores (estando em rede) com gran de
Ele é capaz de altera ar todas as
fac
cilidade. Bas
sta sabermo
os um caracttere (arquiv
vos
ca
aracterísticas
s do sistem
ma operacion nal Windows s e
e pastas) ou o nome do computado or (rede) pa ara
atté negar ace uários ao prróprio painel de
esso aos usu
encontrá-los.
co
ontrole.
Para acessar a ferrramenta Pesquisar, bassta
clic
car no botão
o iniciar.

F
Ferramenta
a Pesquisar
r
Painel de
e controle
Me
enu Executa
ar
Vejammos alguns iitens do painel de contrrole
Possibilita a abertu
ura (execuçã
ão) do arqui vo ue são solicitados pelos concursos:
qu
exeecutável (p programa) ou arquivo de dad dos
(te
extos, docum mentos, etc c.) digitando o camin ho  Programas e Recurs
sos
(lin
nha de comando) correto da lo ocalização do
arqquivo deseja
ado.

Essa opção perm mite a des sinstalação dos


d
so
oftwares do o computado or. Além dad sua função
prrincipal o meesmo é capa
az de adicion
nar ou remoover
co
omponentes do Windowss.

Exec
cução do aplicativo Ex
xcel

omputador estiver
Se o co e em rede
r é possív
vel
sollicitarmos u um outro computadorr através do
exeecutar, basta digitar o caminho
c com
mpleto

2
28
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Contas de Usuário

Essa ferramenta
f permite cria
ar usuários, ou
seeja, colocar Nome e Sen nha para caada pessoa que
q
uttiliza o me esmo comp putador da empresa ou
reesidência addmitindo um ma proteção o da área de
os e/ou programas de ca
trrabalho, pasttas, arquivo ada
op perador do mesmo
m compputador.

P
Programas e Recursos
s

 Barra de T
Tarefas e Menu
M Iniciar

É utiliz
zado para ativar
a as propriedade
p es
da
a barra de ttarefas, para configura armos os ite
ens
do menu iniciar e da barrra de tareffas como, p por
exe
emplo, desa
ativar o relóg
gio da barra.
e Usuários
Contas de
 ora
Data e ho
 Firewall do Window
ws

Esse utilitário do Windows nãão permite que


q
Permitte atualizarr a data/ho ora do sistem
ma
ussuários não autorizados invadam os s computadoores
operacional, além de ajustar o horárrio
(e
estações de trabalho) de e uma rede ou
o conexões s de
au
utomaticam mente para horário de verão e a
In
nternet, ou seja,
s o mesmmo bloqueia a tentativa de
atuualização sincroniza ada com a microso oft
in
nvasão.
(attualizar a ddata e a hora
h através do site da
microsoft).

Caixa de diiálogo do F irewall do Windows


W X
XP

zmente essa
Infeliz a ferramentaa é incapaz de
im
mpedir o recebimento o dos pop p-ups, spa am,
ad
dwares e spywares
s n o qual os mesmos
m enviiam
Data e hora ao
os remetenttes as inform
mações do computador
c da
“v
vítima” (são conhecid dos como “vermes” da
In
nternet).

2
29
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Central de
e Ações

Tem a finalidade de gerenciar a seguran


nça
do computadoor em uma rede interna ou extern na.
Maas para issso são nec cessários três elementtos
básicos instalados no computadorr, são ele es:
Fir
rewall, Atuaalização do
o Sistema Operacional
O le
An
ntivírus.

Propriedad
P es do mous
se

 Dispo
ostivos e Im
mpressoras
s

Ja
anela Centrral de Açõe
es

Essa c
central avisa
a ao usuário
o quando, p
por
exe
emplo, qua ando o antiivírus está desatualiza do Podem
mos instalar uma ou ma ais impresso
oras
e/o
ou o sistema
a operacionaal. de
efinindo apeenas um co omo padrão o (ativação da
im
mpressora paadrão a ser utilizada pe
elos program
mas
Ao c
clicarmos n
na Opção Seguranç ça qu
uando solicitado o comando imprimir), o
vis
sualizaremoss se o Firewall do Windows ou ge
erenciamentto da impreessão (pausa ar a impressão
Antivírus estão
o atualizados
s ou desatua
alizados. u cancelar a mesma) e a remoção da impressora.
ou

Quando o usuá ário clicar na Opçã ão Também é possív mos dispositivos


vel instalarm
anutenção s
Ma será visualiz
zado o item backup . noo computador como, p por exemplo o, uma câmera
diigital ou sma
artphone.
 Mouse

Permitte alterar as propr riedades d do


moouse (coma andos padrãão – destro
o e canhotto)
admitindo umaa melhor com
modidade ao
o usuário.

També ém podemo os definir recursos d de


elocidade d
ve do ponteiro o bem como o configurá--lo
para monitoress de cristal líquido.

Janela
a Dispositiv
vos e Impre
essoras

3
30
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Opções d
de energia Vejammos os passoos para a configuração
c do
te
eclado (alteração do Layo
out).

 Botão inic
ciar;
 Painel de controle;
É utiliizado para a economia de energ gia  1 clique em Região e Idioma;
elé
étrica desligaando o monnitor e/ou co
omputador e
em  1 clique na guia Tecla
ados e Idiommas;
um
m determina ado períodoo de tempo o (minuto ou  1 clique sobre o botãoo Alterar Tec
clados;
horário programado pelo o usuário).  1 clique sobre o botãoo adicionar;
 Selecionar o idioma dde entrada;
ecurso é ap
Esse re propriado para notebookk e  Selecionar o Layout ddo teclado.
handheld para “aumentar”” a durabilida
ade da baterria 
desses tipos de
e computadoores.
 Vídeo

Altera
a as configurrações de vídeo, resolução
de
e tela e facilita a leitura dos itens na
a tela.

Proprie
edades de Opções
O de energia
e

 Região
o e Idioma

Perm
mite a conffiguração do os padrões e
Janela
a Vídeo
forrmato do id
dioma referente ao pa aís em que o
sis
stema operac
cional foi desenvolvido.
 Sistema
Atrav
vés desse re
ecurso pode
emos formattar
a data e horaa, moeda, números
n e até mesmo o
tec
clado.
Esse item posssibilita a visualização
v e
onfiguração (instalação
co o/desinstalaç
ção) de to odo
haardware do
d computtador (Ge
erenciador de
diispositivos).

É poossível visu
ualizar a quantidade
q de
memória
m RAM
M e para quual usuário o Windows foi
lic
cenciado.

Região e Idioma

3
31
Inform
mática

Alex
xei Silva

Janela Gadgets d
da Área de trrabalho

Prropriedades Windows
W Ex
xplorer
s do Sistem
ma

 Backu
up e Restau
uração O Windows Exp plorer é o “gerente” do
Siistema Operracional Win
ndows. É através dele que
q
po
odemos gra avar em n nossas unid dades, copiar,
ex
xcluir, mover e renomeaar os arquivo
os e pastas das
d
no
ossas unidad
des de arma zenamento.

No Winndows 7 a feerramenta Backup perm ite


ao usuário connfigurar o co
omputador para
p criar um
ma
cóp
pia de segurança de tod os do disco ou
dos os dado
aqueles que você des sejar gravar. Uma v vez
con
nfigurado, o Backkup, será
á realiza do
periodicamentee automatic camente, a medida q ue
você altera o c
conteúdo de uma pasta ele atualizarrá,
por exemplo.

s Explorer
Windows

A jane
ela do Windo ows Explorer é dividida em
trrês partes: o painel d de navegaçção, painel de
de etalhes e a área
á de contteúdo.

No painel
p de n navegação só é possível
visualizar biblliotecas, passtas e unidad
des e na jan
nela
co
onteúdo pod demos visu alizar pasta as, arquivos
s e
un
nidades.
nela Backup e Restauraç
Jan ção

 Gadge
ets da Área de Trabalh
ho

O Gadget é um pequeno softtware que n nas


versões do W Windows Vis sta e Seven n permite ao
usu
uário instala d trabalho um program
ar na área de ma
para atender uuma necessidade específfica como, p
por
emplo, verifficar a tempe
exe eratura/ clim
ma atual.
Painel de navegação
o

Obserrvem que e existe o sin


nal e o .
Quando esta a sendo e exibido o sinal
s de seta
s
“inclinada” para baixo é por conse eqüência de
e a
unnidade ou pa
asta já estarrem demonstrando todo o

3
32
Inform
mática

Alex
xei Silva

connteúdo dos mesmos. E se estiver com c o sinal de


setta para à dirreita é por conseqüência
a de a unida de
ou pasta esta arem ocultando o seu conteúdo, ou
sejja, aquele elemento tem m mais itens
s para mostrrar
ao usuário.

Visualização do co
onteúdo da
a pasta Digitaç
ção do novo
o nome do arquivo
Docummentos
Renomeando
R o arquivos e pastas
m atentos para
Fiquem p o detaalhe da figu
ura
anterior, pois a barra de
e endereços s do Window ws Renomear é mu udar o nom me previame ente
Explorer só vvisualizam o nome da pasta e/ou o de
efinido pelo aplicativo oou sistema do item. Para
P
cam
minho comp pleto da mesma (linha de
e comando)..
mudarmos
m o nome
n de umm arquivo, sig
ga os passoss:
 Selecionar a unidade ou pasta desejada;
Para efeito de concurso é importan nte  Clicar no Menu Arquiv vo / Renomeear, ou
vis
sualizarmos a barra de stattus, pois o  Pressionar a tecla F2,, ou
CE
ESPE/UNB n normalmente
e utiliza esse
e recurso.  Clicar no nome do o objeto (após o mesmo o já
estar sele
ecionado), ou
u
 Clicar com m o botão di reito do mouse e aciona
ar o
Barra de
e Status do Windows Explorer
E comando renomear n o menu;
 Digitar o novo nome d do objeto;
Barra de Status visualização do conteú do  Pressionar a tecla ENT onfirmar o no
TER para co ovo
de uma pasta (35 objetos)). nome.

Criando pasta
as ou arquiivos Regras
R de no
omes de arrquivos e pa
astas

Para criar uma pas


sta ou um arquivo
a siga os O Sistema Opera cional Windows não aceeita
seg
guintes passsos: alguns caraccteres espe
eciais, e háh limites de
qu
uantidades do
d mesmo. VVejamos quaais são:
 selecionar a pasta ou u unidade eme que serrão
criado os mmesmos;  Um nome e de arquivo ou pasta deeve ter até 260
2
 clicar no m
menu Arquiv vo; caracteres
s.
 clicar no su
ubmenu Nov vo;  Não podem ser usado os os seguinttes caractere
es:
 clicar na pasta, ou no tipo de arqu
uivo específicco * / \ | : ? “ > <

 Não pode e haver doiss arquivos com o mes smo


nome e tipo no me esmo diretó
ório (pasta) ou
unidade.
Ex
xcluindo paastas e arquuivos

Excluiir é retirarr o item desejado para


p
ermos espaços na unida de para a gravação de um
te
no
ovo objeto.

Vejam mos quais sã


ão os procedimentos parra a
xclusão (alguns já foram
ex m descritos anteriorme
ente
no
o item lixeira
a).

 Selecionar o item dessejado,


 Clicar no Menu arquivvo/Excluir, ou
 Pressione a tecla Deleete, ou
 Clicar sob
bre a opção excluir do menu
m de ata
alho
Passos para a criaçãão de uma pasta ou
(botão dirreito do mou
use).
arquuivo
 Clicar sob
bre o botão ssim.
Após a criação doo novo itemm o ícone se erá
ins
serido na unidade e/ou pasta
p local, basta
b digitarr o
novo nome e o item será confirmado.
c

3
33
Inform
mática

Alex
xei Silva

Co
opiando e M
Movendo arq
quivos e pa
astas Além da utilizaçção do mo ouse podemmos
co
opiar e mover os iten ns desejado os através dos
d
Esse rrecurso perm
mite mover (tirar de u um co
omandos: re
ecortar, copia
ar e colar.
loc
cal e coloca
ar em outro o) o item desejado
d paara
qualquer unidaade ou pastta e até “clonar” (copia
ar) Para mover um a arquivo bastta selecioná-lo,
os arquivos e p
pastas. clicar no Men
nu Editar, re ecortar, clica
ar na pasta ou
un
nidade de deestino e clica
ar na opção colar.
Podem
mos mover e copiar utilizando os
rec
cursos localiizados no menu
m editar, botão dire ito Para copiar um a arquivo bastta selecioná-lo,
do mouse ou simplesme ente arrastando o mou use clicar no Mennu Editar, ccopiar, clicar na pasta ou
(co
om ou sem ttecla de atalho). nidade de de
un estino e clica
ar na opção colar.

Para c
copiar um arquivo
a ou pasta:
p Arrasttar Caso o usuário deseje utillizar teclas de
o item deseja ecla CTRL no
ado pressionando a te attalho é só uttilizar as seg
guintes teclas abaixo:
tec
clado.
 Recortar: CTRL + X
Para m
mover um arquivo
a ou pasta:
p Arrasttar  Copiar: CTRL + C
o item desejad
do pressionando a tecla SHIFT.  Colar: CTRL + V

OBS:
O tilizarmos os comand
se ut dos recorttar,
co
opiar e collar para m mover ou copiar
c itens
s o
Windows
W utiilizará um pprograma chamado
c árrea
de
e transferê
ência fazen ndo com qu ue a memó ória
RAM
R seja utilizada
u po
or este no ovo programa
que será ac cionado pe elo sistemaa, ou seja,, o
co
omputador poderá fica ar lento.

Foormatação de discos
Formaatar é prepaarar uma un nidade de disco
ouu parte dele (partição) p
para ser usad
da.
Quanddo se forma ata um discco, seus daddos

ão completa amente apa agados da FAT, mas os
co
onteúdos da as trilhas e dos setores permanec cem
Ex
xemplo de um arquivoo sendo coppiado com o
atté serem adicionadas no ovas informações sobree as
arrastto do mous
se + a tecla CTRL
an
nteriores (so
oprepondo-a as aos antigo
os dados).
O com
mando mover funcionará
á se o usuárrio
Tiipos de form
matação
arrrastar o messmo item na
a mesma un
nidade. Veja
a a
figura abaixo.
Existe
em três tiposs de formata
ação: a rápiida,
a completa e a física.

Fo ormatação rápida: pe ermite apag


gar apenas os
da ados da FAT T deixando assim as innformações nas
trrilhas e setorres do disco..

Fo
ormatação completa: permite ap pagar os dad dos
da
a FAT e corrrigir possíve
eis erros doss clusters, mas,
m
mesmo
m utiliza
ando essa fformatação, os dados não n
se
erão apagad dos em defin nitivo das trrilhas e seto
ores
do
os discos.

Se
eleções de Ícones
Movendo o um arquiv
vo (clicando
o sobre o
arquivo,
a se
egurando o clique e ar
rrastando o Te
emos várias maneiras d de seleciona
ar os ícones do
mouse para o lo
ocal desejaado). Windows
W Expllorer. Vejam
mos alguns abaixo.

També
ém podem
mos copiar apen
nas
arrrastando o mouse, mas s como? Basta arrastarr o
item desejado o para uma a unidade diferente.
d P
Por
exeemplo, se o arquivo es do na unida de
stá localizad
esmo para a unidade (A
(C:), basta arrrastar o me A:)
para que o meesmo seja coopiado.

3
34
Inform
mática

Alex
xei Silva

Quadro de
e seleção (7 pastas e 1 arquivo
selecionados)

A figu
ura acima apresenta um tipo de
selleção denomminada quad dro de seleçã
ão, pois bassta
clic
car, segurarr o clique e arrastar sobre
s os ite
ens
desejados. Janela compartilha
c amento de arquivos

Acessórios do
d Windows
s

São programas
p do tipo “am
mostra gráttis”,
po
ois os seus recursos
r são
o extremame ente limitado
os.

alculadora
Ca

Possui os recu ursos padrrão de umau


Seleç
ção através
s da tecla SHIFT ca
alculadora de bolso. O W Windows ap
presenta qua
atro
tip
pos de calculadora:
c a padrãão, científica,
Outra maneira ded selecionar de form ma prrogramador e estatística
a.
adjjacente (iteens próxim
mos uns ao os outros) e
utilzarmos a ttecla SHIFT, basta clicaar no primeiiro
IFT e clicar no
item desejado,, pressionar a tecla SHI
últtimo item.

Seleç
ção através
s da tecla CTRL
C

Essa forma de seleção pe ermite que o Calculado


ora padrão
usuuário selecione de forrma não-adjjacente (ite ens
sepparados uns ar no primeiiro
s dos outros)), basta clica
item desejado, pressionarr a tecla CTR RL e clicar n
nos
demais itens com o CTRL pressionado o.
Quando um computador está em uma re de
(coonectado a outros comp putadores), seus recurssos
(unnidades, p pastas, impressoras) podem sser
commpartilhadoss (acessadoos) com os outros, pa ara
serrem usados por qualque er pessoa qu ue trabalhe e
em
outro computa ador.
Para ccompartilharr uma pasta a, selecione--a,
que no Menu Arquivo / Compartiilhamento o
cliq ou
utilize o bo otão direito o do mou use sobre a
me esma.

Calculadorra científica
a

3
35
Inform
mática

Alex
xei Silva

Ca
alculadora P
Programador Bloco d
de Notas

O Blo oco de Nota as é muito utilizado peelos


Web
W Designs,, pois utiliza m HTML parra a construção
de
e seus sites.

Wordpad
W

Caraccterizado com
mo processaador de tex
xtos
poor possuir ferramentass de formattação, mas de
fo
orma reduzid da, é um “ mini-word”. Trabalha com
c
arrquivos de extensão RTFF.

C
Calculadora
a Estatística
a

A calcuuladora pode copiar os resultados de


us cálculos para qualqu
seu uer outro prrograma, m mas Worrdpad
não pode colarr qualquer tipo de cálculo do Excel.
Paint
As mesmas não sa alvam o resu
ultado de su
uas
operações mattemáticas. É um
m programa a simplificad
do de pinttura
uttilizado para
a trabalhar ccom desenhhos simples, ou
oco de Nota
Blo as se
eja, “desenhos amadore s”.

Pequenno programaa denominado Editor d


de
Te
extos que faz parte do Windows.
W

O Blooco de Nottas permite e uma form ma


sim
mples de ed dição, apenaas negrita, utiliza itálicco,
alttera a fonte e seu tamanho, mas não é capaz de
collorir ou form
matar parágra
afos.

aint
Pa

3
36
Inform
mática

Alex
xei Silva

O arqu
uivo do Paint é salvo co
om a extens ão
PNG (padrão).

O Pa aint possibiilita abrir e salvar os


seg
guintes tipos
s de arquivo
os: JPG, GIF, TIFF e PNG
G.

Fe
erramentas do Sistema
a

São p programas utilitários queq visam a


“m
melhorar” o desempen nho do co omputador e
“co
orrigir” possííveis defeitos nas unidad
des.

Lim
mpeza de D
Disco

Permitte excluir de
d forma pe ermanente os
arq
quivos desne
ecessários ao computador, tais com
mo:
arq
quivos tem
mporários da Internet, arquiv
vos
tem o Windows, etc.
mporários do Caixa de diálogo Res
stauração do
d Sistema

Quand
do retornam mos ao ponto em que os
prrogramas estavam e em perfeittas condições
(rrestauramos o sistem ma) não perdemos os
arrquivos, e-m
mails, favorittos e histórico do Interrnet
Exxplorer.

OBS:
O a ut tilização ddessa ferrramenta n
não
fo
ormatará o disco rígid
do (H.D).

Sc
candisk – Verificador
V de Erros

Permite a correçã
ão de falhas nas gravações
do
os arquivos e/ou setorees defeituosos, quando for
po
ossível, pois
s dependenddo da “lesão
o” na superffície
da
as unidades magnéticass o mesmo poderá ou não n
“c
consertar”.

No Windows,
W esste program
ma é conhec
cido
co
omo Verifica
ação de Dis
sco.

de diálogo Limpeza de
Caixa d e disco

Re
estauração do Sistema
a

Essa ferramenta a permite retorna as


con
nfigurações padrões do computad dor, ou sejja,
cas
so o sistema
a operaciona
al e/ou aplicativos tenha
am
um
ma “pane” ” (problemas na inicialização do
m falhas, etc) o usuárrio
Windows, apliicativos com
poderá retorna
a a data em que o comp putador esta va
fun
ncionando co
orretamente.
Verificaçã
ão de disco
o

Desfragmentador de Diisco

Vimoss que uma gravação de dados nas


unnidades em geral é feitta de forma a fragmentaada,
exxceto as fita
as magnéticcas que graavam de forrma
lin
near.
A des
sorganização o (fragmenta
ação) gera nas
unnidades uma a certa lenttidão quando
o solicitamos a
abbertura de um arquiv vo. Por issso temos queq
deesfragmentáá-las para nnão ocasionaar “sonolênccia”
aoo computado or.

3
37
Inform
mática

Alex
xei Silva

Possui a finalidade de organizar os daddos


nas unidades magnéticas s entre as trilhas e os
settores, deixando assim, todos os daados de form
ma
line
ear.

Desligando o computad
dor

Algumas tec ho do Wind


clas de atalh dows

Existe
em várias te
eclas de atalho no siste
ema
Desfragmenta
ador de Dis
sco peracional Windows 7 para os concursos é
op
ne
ecessário sabermos de aalgumas. Veejamos a tabbela
Wiindows UPD
DATE ab
baixo.

Permite que o us suário conec


cte o Sistemma Pression
nar Para
Op
peracional W Windows aos s servidores
s da Microso oft +E Abrir o Windows Ex
xplorer
para atualizar os drivers dos
d hardwarres e os níveeis +F Abrir a Ferramenta
a Pesquisar
de segurança do sistema. Quanto mais m atualiza do
esttiver o sistem eguro” o mesmo estará.
ma, mais “se +R Abrir o Comando Executar
E
+D Visualizzar o Deskto
op
Podem
mos utilizar uma opção o denomina da
+M Minimizzar todas as
s janelas
Wiindows Update é uma a página daa Internet q ue
faz
z a busca do
os novos driv vers que o computador
c do +L Bloque
ear o computtador
usu
uário neces ssita solicittando a permissão ( ao  + Pause Proprie
edades do Siistema
uário) para a instalação.
usu Break

O Win ndows Updatte pode ser encontrado


e no GNU/Linux
meenu iniciar e no menu ferramentas do Intern net
Explorer.
É um sistema ope eracional deesenvolvido por
Linus Torvalds e colocad do à disposiçção através da
Quando o sistem ma operacioonal necess ita In
nternet para milhares d e programadores ao redor
apenas de uma a correção a mesma é denominada de
o mundo. Esses progra
do amadores tra abalham desde
atch. Mas se
Pa e a correçãoo for em grrupo, ou sejja, 19
991, quandoo surgiu a p primeira verrsão do kernnel,
várias (conjunnto) Patchs essas
e serão denominaddas no
o aprimorammento do sisttema. Assim m o trabalho em
Service Pack.
co
onjunto po
ossibilitou melhorias no siste
ema
op
peracional (criado
( inicia
almente) pa ara adaptar as
Atualmmente a Microsoft já esstá ne
ecessidades dos usuário os com maio or segurança e
dis
sponibilizand
do para o Windows 7 o Service Pac ck
ra
apidez.
1 (SP1).
(

De
esligando o Computad
dor

O c
comando denominado o, desliga
ar,
encontra-se d
dentro do menu
m iniciarr e pode sser
ace
essado por m
meio da seguinte tecla de
d atalho: ALLT
+ F4.

Linus
L Torva
alds – Criado
or do Sistem
ma Operacion
nal
LIN
NUX.

3
38
Inform
mática

Alex
xei Silva

O Projeto GN NU Existe
e no Linux o Root que é o sup per-
Através da FREE SOFTWARE FOUNDATIO ON ussuário pod dendo man nipular tod
do o siste ema
foi criado o prrojeto GNU, que idealiz zava a criaçção opperacional sem restriçõ ões, mas tammbém existe e o
de uma alte ernativa livre para cada softwa are ussuário com limitações no caso de esse último há
prooprietário exxistente. Claro que um ma das mettas lim
mitações de comandos e manipulaçã ão no sistem
ma.
eraa um sistem ma operacio onal complettamente livrre. Ao iniciar o siste
ema operacional no mo odo
Quualquer pessoa teria o direito de usa ar, modificarr e grráfico teremos a visualizzação do KDDE (gerenciador
reddistribuir essses softwaares, desde que fosse em dee janelas) que é o maiss comum na as distribuições
garantidos esses mesmo os direitos aos
a softwarres Linux. O sistema apre resentará semelhante ao
derivados. O n nome GNU foi
f escolhido porque, alé ém Windows
W comm ícones e jannelas.
do significado o original do mamífero o Gnu, é u um Gerenciador res de Jane las
acrrônimo recu ursivo de “GNU
“ is Noot Unix” (e em
português “G Gnu Não é Unix”). Esse sistem ma Tecniccamente o gerenciador de janela a é
operacional de everia ser compatível com o UNIIX, de
enominado Servidor X, pois o mes smo gerencia o
ma as não pode eria usar nenhuma parte do códi go modo
m gráfico do Linux po
ossibilitando ao mesmo ter
fonnte do UNIX X, já que es ste era fechhado. Assim a vá
ários gerenciadores de ja
anelas (“modelos”).
partir de 1984 4, liderados por Richard Stallman, u um Vejammos abaixo quais são os o gerenciad
dos
gruupo de pro ogramadores s que aderiiram à cau usa mais
m conhecid dos no merca
ado:
commeçaram a desenvolve er as princippais peças de  KDE;
umm sistema op peracional e aplicativos diversos.
d  Gnom me;
O GNU/Linux é regido porr uma licen nça  WindowMaker;
cha amada GPL L(General Pu ublic License) , ou sejja,  Blane es.
possui licença livre de paggamento. Qu ualquer pess oa
físiica ou juríddica poderáá utilizar esse excelen nte Shell (Modo Texto)
sis
stema operac cional.
É o programa que interrpreta o que q
Atualmmente, o Lin
nus Torvaldss licenciou a diigitamos na linha de com
mando e dec cide o que fa
azer
maarca LINUX X, pois empresas ao reddor do mun do co
om aquilo.
me” LINUX em postos de
esttavam utilizando o “nom Os cooncursos pú úblicos estão utilizando o o
gasolinas, etc. c
conseqüente mente os modo
m texto conhecido coomo para criiar as questões
desenvolvedorres das disttribuições LIINUX deverrão noo qual aprennderemos co omandos para manipula ar o
pagar pelo uso o da marca,, mas o sisttema contin ua sistema e o coonteúdo doss dispositivoss.
fre
ee. Existe
em diversoss Shell em m um siste ema
Linux (caso o usuário te enha instalaado) . Vejam mos
Dis
stribuições
s LINUX baixo alguns
ab s exemplos:
 bash (Bourne Ag Again): padr rão conhecido
Algumas pessoas já
j viram ou ouviram fallar em siistema UNIIX;
em
m versões L LINUX do tipo Mandrake, Red Ha at,  csh (C( Shell): s sintaxe parecida com m a
entre outros. QQual a causa de nomess diferentes?? É linguagem de prrogramação “C”;
sim
mples. Por qque temos vários
v progra
amadores pe elo  pdksh h (Public doomanin Korn Shell);
muundo inteirro dominando a lin nguagem de  tcsh (Tiny C She ell).
pro
ogramação C C+ e/ou C+++ para dessenvolveremm a Caso o usuário q ueira verific
car qual o Shell
sua
a própria pla
ataforma LIN
NUX como, por
p exemplo,, o qu
ue está usando no m momento, ba asta utilizarr o
bra
asileiro Carlos E. Morrimoto criouu o KURUM IN se
eguinte comando:
que atualmentte está na ve
ersão 5.0. Echo $SHELL
Vejamos abaixo quais
q são as
s distribuiçõ
ões KDE e Gnom me
maais conhecidaas no merca
ado:
 Conec ctiva; Ao iniicializar o siistema opera
acional Linux o
 Red H Hat; mesmo
m será carregado n no modo teexto ou gráffico
 Mandrrake; (d
depende da versão e da ção) como, por
a configuraç
 Tech Linux (v versão br rasileira d do ex
xemplo, ao utilizar
u o Kuurumin o Linux é carregaado
Mandrrake); no
o modo Gráffico utilizanddo o KDE.
 Slackw ware; Existe
em versões de ambiente gráfico que q
 Debian; po
odem ser baixados
b graatuitamente pela Interrnet
 Kurum min; co
omo, por exemplo, o KD DE que atualmente está na
 Ubutu un ve
ersão 3.4x

Iniciando o L
Linux

Quando instalamos o Linu ux o mesm mo


sollicita o Login
n, ou seja, nome
n e senha para o Ro
oot
que é uma p proteção para utilização do sistem
ma
operacional.

3
39
Inform
mática

Alex
xei Silva

Após isso, o Keernel verific


ca o hardw ware
(d
discos rígidoos, disquete
es, placas de
d rede, en ntre
ouutros) e configura oss seus con ntroladores de
diispositivos enviando meensagens na tela como, por
exxemplo:
LIILO boot:
Looading linux...
Memory:
M sized by int13
3 088h
Coonsole: 16 point font,, 400 scans s
Coonsole: colour VGA+ 8 80x25, 1 viirtual consoole
(mmax 63)
pccibios_init : BIOS32 S Service Direectory
sttructure at 0x000f863 30
pccibios_init : BIOS32 S Service Direectory entryy
KDE verssão 3.4x att 0xf8080
O Gno ome também m está lançaando sua no
ova pccibios_init : PCI BIOS S revision 2.10 entry at
a
versão que é a 2.8. Mas estaá
e trazen
ndo tambémm a 0xxf80b0
versão 2.1 com
m melhorias tais como: um
u reproduttor .....
de vídeo e umma ferramenta de extrração de CD Ds. OBS:
O As mensagens e enviadas peelo Kernel na
Vejamos na fig
gura abaixo: in
nicialização diferem de com
mputador por
co
onseqüência do tipo e/ e/ou modelo o de hardw ware
in
nstalados nos s mesmos.
Enncerrando o Sistema ((Shutdown n)

Se o usuário
u estiv
ver no modo o gráfico poderá
uttilizar o co omando <C Ctrl> + <A Alt> + <F F2>
alterando para o modo te exto (Shell).
Quanddo estivermmos trabalha ando no mo odo
Shell, basta utilizar o seg uinte comanndo abaixo:
Shutddown –hh now (pa ara desligarr o
co
omputador);
shutddown –r now (para reiniciarr o
co
omputador)
Podem
mos também m enviar mensagens as
Gno
ome es
stações da rede inform mando quantto tempo fa alta
a Linux (LILO)
Inicialização do Sistema pa
ara desligar o servidor ou o próprrio workstattion
co
om, por exem mplo:
Ao inic
ciar o comp putador serã ão executad dos shutddown –h 10 0 manutenç ção (desliga
ar o
os softwares (Firmwares) da BIO OS, ou sejja, co
omputador daqui
d a dez minutos por conseqüên ncia
terremos o boo ot. de
e uma manu utenção).
Podemmos ter mais m de um sistem ma Esstrutura de e Diretórios s para Usuá ários
operacional insstalado no computador
c ou no caso do
Lin
nux mais de um Kernel (V Versões e/ ou Os diretório no LLinux obede
ecem a mes sma
dis
stribuções). es
strutura do Sistema
S Opeeracional Unix. Vamos
É posssível termos o Windows e o Linux e em
um
ma única má áquina, bastta na instala ação do Lin ux conhe
ecer os princcipais diretórrios por usuá
ário
ou Windows c criar a(s) partição
p (ões) que são a e suas caracte
erísticas:
div
visão lógica ddo disco rígido.
No Lin nux um sistema de arquivos q ue / - Diretório principal
p (raiiz);
auxilia na inicialização de um computtador com u um
ou mais sistemas ope eracionais instalados na /h
home - Nes
sse diretório
o se encontra
a os dados dos
d
mááquina é o LILO. us
suários;
O LILOO é capaz de d enviar argumentos ao
Kernel (“núcle eo” do sisttema opera acional Linu ux) /pproc - Esse e diretório nnão existe fisicamente no
imediatamente e após o nom me do sistemma operacion nal diisco rígido, ele é criad do pelo kerrnel durante
e a
commo, por exemplo, qual sistema
s operracional será
áo in
nicialização. São enconttrados aqui arquivos comc
padrão para in nicialização ou qual o te empo máxim mo in
nformações sobre
s o siste
ema;
de espera parra ativar um m dos sistem mas instalad dos
no computador. /ttmp - Armazena arquivo
os temporárrios;
Realiza
ado a etapa inicial do LIILO da escol ha
do sistema operacional Linux ocorrerá o /u
usr - Diretório
D u
usado parra instalação
carrregamento do Kernel, ou seja, a instalação do co
ompartilhada
a de program
mas;
meesmo que é realizada de forma “gradual” ( no
primeiro mom mento compactado e após algu uns
seggundos o me esmo será descompactado).

4
40
Inform
mática

Alex
xei Silva

/vvar - Contém
m arquivos vários
v usados
s por sistem
mas Podem
mos utiliza r o seguinte coman ndo
de e-mail, ab
baixo para excluirmoss o usuário o com o seus
, lo
og's etc. diiretório:
userd
del –r alex xei (foi excluído o usuá
ário
Estrutura de Diretórios para Usuár
rio Root alexei com o seu
s diretório
o home)
Seenha de Us suário ou G rupo
/bbin - Contém
m arquivos binários(ex
xecutáveis) do
sis
stema ; Quanddo criamos um usuário é interessante
plicar uma senha de a
ap acesso a esssa conta, pois
p
/bboot - Co ontém arqu uivos respo
onsáveis pe
ela ca
aso não seja
a adicionadaa à senha qualquer pessoa
inic
cialização do
o sistema; po
oderá usar a conta.
Para criarmos e//ou alterar uma senha do
/d
dev - Arquiv
vos usados para acessa
ar dispositiv
vos us
suário ou grrupo, basta usar o seguinte comanndo
em
m seu compu
utador; ab
baixo:
passw
wd alex (crriar a senha para o usuá
ário
/e
etc - Aqui se encontra os principais arquivos de alex).
con
nfiguração d
do sistema;
rabalhando
Tr o com Grup
pos
/liib - Contém bibliotecas compartilhad
das;
Ao crriarmos um usuário pela primeira vez
/m
mnt - Aqu ui são montados temmporariamen nte noo sistema o Linux ge era automa aticamente um
volumes externos, como CD-ROM,
C disq
quetes, outrras grrupo com o nome do p próprio usuário. Mas para
p
partições etc; qu
uer ter um grupo?
g
Para melhor ad dministrar uma rede de
/ro
oot - Diretório principal do root (superusuário);; co
omputadores s ou o pró óprio compu utador com os
fa
amiliares ou amigos do ttrabalho, porr exemplo.
/sbin - Contéém programas usados pelo
p root pa
ara Poderríamos criarr um grupo denomina ado
administração do sistema; co
oncurso púb blico e adiccionar usuários nos qu uais
se
eriam os alunos de u um cursinho o. Os mesm mos
O Super Usuá
ário (Root) eriam acesso apenas a alguns comandos e//ou
te
ap
plicativos do sistema.
Root é também ch hamada de super usuárrio, Vejammos abaixo o comando para criar um
estte é um lo ogin que não
n possui restrições de grrupo:
seg
gurança. group padd concu urso (foi criado
c o gruupo
oot somente para realizzar
Utilize a conta ro co
oncurso).
um
ma administtração no sistema,
s sendo usada o Podemmos criar u um usuário dentro de um
meenor tempo possível, po ois se um Crraker invadirr o grrupo, mas para
p isto é nnecessário que
q o grupoo já
seu
u micro utilizzando essa conta
c o messmo terá toddos ex
xista. Vejamos os coman ndos abaixo:
os privilégios do Super Usuário,
U ou seja,
s acessa
ará adduser silva – –ingroup co oncurso (inssere
tod
do o conteúd do do compu
utador. ussuário silva no
n grupo con ncurso), ou
adduser silva –g g concurso
Tra
abalhando com Usuárrios Para excluir o grupo, ba asta seguirr o
se
eguinte comando abaixo o:
Podem
mos criar con ntas de usuáários e grup
pos group pdel conc curso (exc clui o gru upo
aplicando senhha ao primeiro. co
oncurso).
Qual o motivo de criar usuárrios? Para q ue OBS:
O Para ex xcluirmos o grupo é nec cessário exc
cluir
maais de uma pessoa pos ssa utilizar a máquina no o usuário primmário.
seu
u devido tempo e não ter acesso a uma con nta
esp
pecífica (usu
uário), por ex
xemplo. Arquivos
OBBS: O Linu ux é case sensitive, ou seja, os
com
mandos nes sse sistema diferem enttre maiúscullos Os noomes de arqquivos no Linux podem ter
e minúsculos.
m umm tamanho de até 255 5 caracteres e eles conttêm
Vejamos abaixo o comando para criar u um noormalmente letras, núm meros, ponto o, travessõees e
usu
uário: híífens.
addusser alexei (foi criad do o usuárrio Mas no
n Linux é poossível usar como nome e de
Ale
exei). arrquivo (n
não recoomendado) ) caracte
eres
Para a
apagarmos o usuário, basta usar o deenominados metacarac cteres como o, por exemp plo,
seg
guinte coma ando abaixo: as
sterisco, inteerrogação, e
espaço, cifrão, & comerc cial,
userdeel alexei (foi excluíd do o usuárrio co
olchetes, etc c.
Ale
exei). Esses metacaraccteres são interpretad dos
OBS: Quando cria amos um usu uário é gera do peelo Shell Linux com um m significad
do especial, ou
pelo Linux um m diretório home com m o nome do se
eja, eles fazeem parte de comandos do d sistema.
usu
uário como, por exemplo o: /home/alexei OBS:
O Arquivoos Linux nã
ão possuem extensão nos
modos
m DOS/W Windows, ma as o usuário poderá usarr.

4
41
Inform
mática

Alex
xei Silva

Lis
stando Arqu
uivos - ls Para excluirmos diretórios com conteú údo
arquivos) in
(a ndependente e da quan ntidade, ba asta
Este c
comando listta os arquiv
vos (visualizza) ap
penas utilizaar o comandoo abaixo:
para que o usuário po ossa trabalh har com elles rmdirr –r /alexe
ei (exclui o diretório ale
exei
(co
opiar, moverr, etc). haavendo ou não conteúdo o no mesmo).
Vejamos abaixo as opções (parâmetro os) Haven
ndo a neccessidade de d excluir um
desse comando o: diiretório com
m subdiretóriios e arquiv
vos de uma só
ve
ez, basta utilizar o coma
ando abaixo::
Parâmetrro Significaado rm – r <nome d do diretório>
-a Lista todos os arqquivos rm – r /home e (apaga to oda a área de
Lista os arquivos de forma a ussuários)
-l
detalhada
Lista os arqquivos na
a Co
opiando Ar
rquivos e Diiretórios - cp
c
-x
horizoontal
Lista o contteúdo doss No modo
m texto ((Shell) do Linux
L não tem
t
-R subdiiretórios abaixo
a do
o co
omo utilizarrmos o com mando conh hecidíssimo do
diretó
ório especific
cado sistema Wind dows <Ctrl>> + <C> e <Ctrl> + <V> <
pa
ara copiar e colar um m arquivo, basta
b seguir a
avegando e
Na entre Diretó
órios - cd se
eguinte sinta
axe abaixo:
cp [opções]] <arquuivo_origemm>
<arquivo_de estino>
No sistema operacionaal Windowws
O coomando cp possui alg gumas opções
connhecemos a denominação Pasta para guard dar
arqquivos e/ou pastas, mas um Dire etório (term
mo escritas abaiixo:
de
utilizado pelo o DOS e UNIX) tem m o mesm mo
sig
gnificado e im mportância no
n sistema Linux.
L Parâmetro Signifficado
Para nnavegarmos entre Diretó órios no mo do -i Moodo Interativvo
Shell do Linu ux, basta utilizar o comando c cd. Moostra o que e está senndo
-v
Vejamos abaix xo alguns parâmetros de esse comand do: cop
piado
Parâmetrro Significado Co pia diretório com se eus
-R
. (ponto) ) Diretório atual subbdiretórios (caso possua
a).
.. (dois ponttos) Diretório anterior
~ (til) Dire
etório HOME do usuário cp –i aula.txt livvro.txt (coppia sobrescre
eve
o arquivo liv vro.txt por aula.txt co om o siste ema
/ (barra) Diretório Raiz
peerguntando se deseja ou não sobrescrever
s r o
- (hífen) ) Último Dirretório
arrquivo).
cp arrq.txt /tmp p (copia o arquivo
a para
a o
Por ex xemplo se estivéssemo
e s no diretórrio
diiretório /tmp
p).
/u
usr/games poderíamo os utilizar o seguin nte
cp –R
– /bin/* /tmp (co opia todos os
com
mando abaixxo para irmo
os ao diretórrio home:
arrquivos e dirretórios conttidos em /bin
n para /tmp)).
cd ~ (cd til aces ssará o dir retório homme
do
o usuário).
Movendo
M ou Renomean
ndo Arquivo
os e
Diretórios - mv
Criando Direttórios - mkdir
Para movermos
m o
ou renomearr arquivos e//ou
Para criarmos direetórios é bas
stante simplles
diiretórios, bas
sta apenas uutilizar a sinttaxe abaixo::
o comando u utilizado parra esta finaalidade, bassta
mv <origem> < <destino>
dig
gitar a seguinte sintaxe abaixo:
a
mv arq.txt /tmp p (o arquivo o foi movido do
mkdirr <nome do o diretório>>
diiretório corre
ente para o //tmp).
Exempplo: mkdir ~/alexei (foi criado o
dirretório Alexe
ei no seu dire
etório home)).
mv arq.txt arrq.new o
(o arquivo foi
Re
emovendo D
Diretórios
re
enomeado pa
ara arq.new)).
Existem
m duas formmas de excluir um diretórrio Ex
xibindo o conteúdo de
e um arquiv
vo - cat
a principio é necessário saber se o mesmo te em
connteúdo ou nnão, pois o comando
c differe para ca da
Podem mos visualizzar o conteúúdo de arqu uivo
situação. Vejammos alguns exemplos ab baixo:
se
em abri-lo (como fazíam mos no DOS S antigamentte),
rmdir <nome do diretório>
ba
asta utilizar o seguinte ccomando aba aixo:
axe acima é utilizada apenas quan do
A sinta
cat /home/Alex
/ exei/aula.tx xt (visualiza
a o
o diretório
d está vazio, ou seja, não po ossui arquiv
vos
co
onteúdo do arquivo au la que está á localizado no
e/oou subdiretó
órios dentro do mesmo.
us
suário /Alexeei).
rmdir /Alexei (exclui
( o diiretório alex xei
Também podemo os utilizar o cat para criar
casso o mesmo esteja vazioo).
um
ma cópia de arquivo ou colocar um arquivo den ntro
do
o outro.

4
42
Inform
mática

Alex
xei Silva

Vejamos alguns exxemplos abaixo: chmo


od og-x au ula.txt (remmove permissão
cat auula.txt > aula1.txt
a (fo
oi criado um
ma dee execução de
d usuários que não o próprio
p dono o do
cóp
pia do arquiv
vo) arrquivo);
cat auula.txt >> curso.txt (foi
( adiciona do chmo
od u+rwx a aula.txt (dáá permissão ao
o conteúdo
c do arquivo aula
a.txt ao cursso.txt). doono do arquivo para ler, escrever e executar);

Pe
ermissões d
de arquivos
s Ed
ditores de Texto
T

É uma proteção para os arquivos d dos Existe


em inúmero os editores de texto para
p
uários para não serem mal utilizad
usu dos por outrros Linux, a seguir analisarem
mos dois, umm que funcioona
usu
uários da reede e/ou do computad dor em que o m modo grráfico(Kedit) e um que
em e funciona em
meesmo utilizou
u. modo
m texto (v
vi).
Kdit: é um edito r de texto que
q acompan nha
Essas permissões são utilizadaas para o do no o KDE. Sua interface grá áfica é muito
o simples, mas
m
do arquivo (u usuário), gruupo e todos os usuáriios co
om muitos reecursos.
existentes no ssistema.
As perrmissões sãoo divididas em
e três tipo os,
são
o elas:
Permissões s Significado
r (read) Leitura
a
w (write) Escrita
a
x Execuçção

Quando listamos arquivos utilizando o


com mando ls –ll teremos o detalhamen nto como, ppor
exe emplo:
-rw-rr--r-- 1 ale exei users 505 Dez 0 07
200:30 aula.tx xt
Estamo os visualizan vo aula.txt q ue
ndo o arquiv Kdit – Edito dde texto do KDE
pertence ao u usuário Alexe ei que está localizado no vi: edditor de texxto mais ussado em mo odo
gruupo users coom as seguin ntes permiss
sões abaixo: Shell no Linuxx é o vi. Ape
esar de não ser simples
s de
- (sign
nifica que é um arquiv vo comum, ou us
sar, este applicativo é uutilizado em
m praticameente
sejja, não é um
m executável). to
odas distribuições Linux.
rw- (ssignifica quee o dono do arquivo po de
lerr e escreve er no arquivo, ou seja a, modificá--lo
podendo até excluir).
r-- (rrepresentam as permis ssões para o
gruupo do arquiivo).
r-- (re
epresentam as permissõ ões concediddas
a qualquer
q usu
uário do sisteema)

Mo
odificando p
permissões
s - chmod

Podemmos modifica ar as permiissões de u


um
arq
quivo ou dirretório para melhorar a proteção ddos
nossos dados s porém é necessário o conhecer a vi – Editor de tex
xto no mod
do Shell
segguinte sintaxxe abaixo:
chmod d <a,u,g,,o> <+,-> x>
<r,w,x Para entrar no m modo de ed dição tecle "i",
arqquivos ap
parecerá na a parte infe erior da tela um sina al -
Notemm que apa areceram novas letrras NSERT --, isso indica que você pode fazer as
IN
(a,,u,g,o) no comando acimaa vejam
mos abaixo o alterações necessários no arquivo edita
ado.
sig
gnifica delas:: Teerminando a edição do o arquivo, tecle
t 'ESC' e o
sinal - INSE ERT - desa aparecerá. Para salvarr o
Permissões
s Significad
do arrquivo tecle 'ZZ' (dois Z's maiúscu ulos). Para sair
s
a Todos doo vi sem salv
var o arquivoo tecle '!q:'.
u Usuário
g Grupo Le
eitores de E-Mail
E
o Outros
s
Infeliz
zmente noo Linux não existtem
Vejamos alguns exxemplos abaixo: ap
plicativos de e-mails p poderosos, ou seja, comc
chmod d a+r aula.txt (dá permissão de to
odos os rec cursos de uum Outlook k Express, por
leittura a todos os usuários
s); ex
xemplo. Mas s existem alg
guns leitores
s de e-mail que
q
chmod d +r aulla.txt (tem m o mesmmo “q
quebram o galho”, são e eles:
sig
gnificado do comando ac cima);

4
43
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Pine; Fa
aixa de Opç
ções
 Mutt;
 Evoluttion (melho
or opção). Conté
ém os com mandos do Word em um
onjunto de botões e Guias que podem ser
co
avegadores
Na s (Browsers
s) o localizados na
uttilizados para acioná-loss. Eles estão
pa
arte superior da janela d do Word 201 10.
Já quee no quesito e-mail os ap
plicativos pa
ara
Lin
nux estão deixando a desejar, mas e em
navegadores está dan
ndo um “banho” na
con principalmente na Micros
ncorrência p soft.
Vejamos alguns na avegadores abaixo:
a Faixa de Opçõe
es do Word 2010
 Galeon;
 Hands s Browser; Existe
em três com
mponentes bá
ásicos da Fa
aixa
 Lynx; de
e Opções, sã
ão eles:
 Links;;
 Netsca ape; GUIAAS: São oitoo guias básicas na paarte
 Opera a; su
uperior onde e cada umaa representa
a uma área de
 Mozilla Firefox. attividade com
mo, por exeemplo, em Página
P Inic
cial
vo
ocê encontrra as opçõe es mais utilizadas pelo
o o
rea de Trabalho do Wo
Ár ord 2010 (I
Interface) ussuário como salvar um a
arquivo.

GRUPPOS: Cada guia tem vários grupos


co ens em conjjunto. A guia Página inicial
om vários ite
po
ossui os gru
upos Área dde Transfer rência, Fon nte,
Parágrafo, Estilo
E e Ediç
ção.

COMA ANDOS: O comando é representaado


po or um bo otão, ou u uma caixa para inserir
in
nformações, ou um m menu. No grupo
g Área de
trransferência temos o comando Colar que e é
reepresentado por um botã
ão.

Guias do Wo
ord 2010
Área de Trabalho do Word 2010
Vejam
mos a segui r as imagen
ns de todas as
Nesse programa irremos estudar os recurssos gu
uias do Wo ord 2010 ccom os seus respectiv vos
esp o mesmo que são solicitados pellos
pecíficos do grrupos e comandos.
ncursos públicos.
con
Guia Arquivo
o
Ba
arra de Títu
ulo
mos a Guia A
Vejam Arquivo que é a primeira
a da
Contém m o nome do Documennto fa
aixa de opçções que e está localizada no canto
(de
enominação de um arqu
uivo padrão do Word) e o es
squerdo supperior da ttela (abaixoo da barra de
nome do aplica
ativo fe
erramentas de
d acesso rá pido).

Barra de
e Título

Não esqueçam que a denominaçã ão,


“Documento1””, não é um
m arquivo, pois
p o mesm
mo
ain
nda não foi s
salvo.

Na barrra de título
o do Word 2010
2 temoss a
barra de ferraamentas de Acesso Ráp pido, vejam
mos
na figura abaix
xo:

Barra d
de ferramentas de acess
so rápido

4
44
Inform
mática

Alex
xei Silva

Guia Revisão
o

A Guia Revisão é a sétima a da faixa de


pções que está localizzada no ca
op anto esquerdo
su
uperior da tela. Pode emos utilizar o corre etor
orrtográfico, traduzir
t texttos, inserir comentários
s e
co
ontrolar as alterações,
a p
por exemplo.

Guia Exibição

A Guia Exibição é a oitava a da faixa de


oppções que está localizzada no ca anto esquerdo
uperior da tela. Pode mos alterar o modo de
su
exxibição do documento , exibir/ocu ultar a réggua,
uttilizar o comando zoom, entre outros.
Réguas
R
A régua horiizontal peermite deffinir
ta
abulações, recuos dos s parágrafoos e alterarr as
margens
m esqquerda e ddireita da página.
p Através
daa régua é possível ob servamos as a margens da
páágina (se estiver no mod do de exibiç
ção adequado –
Guia Arquivo
A la
ayout de im mpressão) e a distância a do ponto de
in
nserção (cur rsor) em re
elação à borrda superior da
Gu
uia Página I
Inicial páágina.
Barra de Sta atus
A Guiaa Página Iniccial é a segunda da fai xa
de opções que e está locallizada no caanto esquerrdo É a “bússola” do ponto de inserção
superior da tella (abaixo da erramentas de
a barra de fe (““cursor”) que
q está lo calizada naa página. Esse
esso rápido)).
ace re
ecurso perm ar a localização exata do
mite visualiza
poonto de inserção dentro do documen nto.
Nesta guia tem mos comandos para a
forrmatação d do texto e parágrafos s como, p por
exe emplo, alte
erar a cor e tamanho da fonte, e Barra d
de Status
aplicar espaçammento entre
e linhas do parágrafo.
Devem
mos ter mu ita atenção nas provas do
Gu
uia Inserir CESPE/UNB em relação o à barra de
e status, pois a
mesma
m é muito utilizada nas questõe
es.
A Guia
a Inserir é a terceira da faixa de
eclas utiliza
Te adas no Wo
ord
opções que e está localizada no canto esquerrdo
superior da te
ela. Nela po
odemos utilizar comand
dos
para inserirm
mos páginas em branco, tabela as, Iremo
os aprende r algumas teclas mu
uito
imagens, cabe
eçalho e roda
apé, entre ou
utros. uttilizadas pelo
os concursoss tais como:

Gu
uia Layout d
da Página   e  servem parra mover o “cursor” um
caractere para a esquerda
a ou dire
eita
respectiva
amente;
A Guia
a Layout da Página
P é a quarta
q da fai xa
de opções que e está locallizada no ca
anto esquerrdo
  e  perrmitem que o ponto de e inserção su
uba
superior da teela. Nela poodemos utilizar configurrar
uma linha
a ou desça u ma linha res
spectivamen
nte;
página e inseriir números de
d linha, porr exemplo.
 o de inserção para o início
HOME: traz o ponto
Gu
uia Referências
da linha atual;
a
A Guia
a Referência
as é a quintta da faixa de
 END: traz o ponto d
de inserção para o final da
opções que e está localizada no canto esquerrdo
linha atua
al;
superior da te
ela. Nela poddemos inserrir sumário no
documento, n notas de rodapé
r e trabalhar co om
 ENTER: faz
f o Word criar um novo
n parágrrafo
índ
dices.
(mesmo quando não o digitamos s textos commo,
por exemplo, ao criarrmos linhas em branco) ou
Gu
uia Correspondências
dividir um
m parágraffo encerrando o atual e
começand do um novo;;
A Guia
a Corresponddências é a sexta da fai xa
de opções que e está locallizada no caanto esquerrdo  BACKSPA ACE: apaga o caractere à esquerda do
superior da te ela. Podemoss inserir etiq
quetas e maala ponto de inserção (cu
ursor);
dirreta, por exe
emplo.

4
45
Inform
mática

Alex
xei Silva

 DELETE: a apaga o carractere à dirreita do pon


nto
de inserçção (ou quando um texto e/ ou
parágrafo está selecion
nado);

 PAGE UP P (Página acima): es ssa tecla n ão


“carrega” o ponto dee inserção para
p a pági na
acima co omo a de enominação da palav vra
menciona, apenas rola
a a página pa
ara acima.

 PAGE DO OWN (Página Abaixo): essa teccla


também nnão possui a função ide entificada pe
elo
seu nome, apenas rola
a a página pa
ara baixo; Sele
eção de um trecho do texto

 TAB: Inse ere um carractere de tabulação, ou


seja, deslo
oca o ponto de inserção
o (cursor) e
em
múltiplos de 1,25cm à direita daa margem da
página;

 SHIFT: é pressionada a para acesssar as funçõ


ões
da “parte superior” das teclas e as letrras
maiúsculass. Essa tecla
t perm
mite també ém
selecionar trechos de textos
t no do
ocumento;

 CAPS LOC CK: trava o teclado


t para digitarmos os
caracteres em maiúsc culos e para minúsculo os, Seleção to
otal do texto
o
basta pres
ssioná-la mais uma vez para desativvar
a função de “todas ma
aiúsculas”; Existe
em várias m maneiras dee seleção queq
de
everemos esstudar para o
os concursos
s, são elas:
 CTRL: utilizado comoo tecla de atalho
a perm ite
ao Word posicionar o ponto de inserção e em  Para sellecionarmo
os uma pa alavra ou um u
outro local de forma mais rápida
a e selecion
nar trecho do texto devvemos: cliccar no início do
trechos de textos; texto, se
egurar o cl ique e arrrastar sobree o
mesmo;
Vejamos algumas combinaçõe
es com a teccla
CT
TRL:  Seleciona
ando appenas um
ma palavvra:
podemos utilizar o rrecurso ante
erior (ou cliq
que
 Pressionanndo a tecla CTRL
C e acion
nando  ou  duplo em cima da pallavra); ou
(Setas es squerda e direita), o ponto de
inserção irrá para o iníc
cio da palavrra;  Pressionando as seg guintes tecllas de atalho:
CTRL + SHIF
S +  oou  (Seta para esquerda
 Pressionanndo a tecla CTRL e acionando  e  irá selecio
onar a palav
vra anterior em relação ao
(setas aciima ou aba aixo), o ponto de inserçção ponto de e inserção e a seta para a dire eita
irá para o início do parrágrafo; seleciona a palavra à direita do “c
cursor”).

 Pressionan
ndo as teclas CTRL + HOME
H trará
á o  Selecionaar apenas uuma linha do parágra afo:
“cursor” para o início do docume
ento (início da basta colo
ocar o ponte use no início da
eiro do mou
1ª palavra do arquivo)); linha desejada (ao la
ado esquerddo da linha) e
dar um clique;
 Pressionanndo as tecla as CTRL + END trará o
“cursor” pa
ara o final do
o documento
o (arquivo);

Tambéém podemos s selecionar todo o texto


o e
cerrtos trechos do mesmo com a junçã ão de algummas
tec
clas de atalh
hos. Veremos
s a seguir.

elecionando
Se o Textos

É nece
essário o us
suário selec
cionar o tex
xto
por consequênncia de uma
a aplicação de
d formataçção
com
mo, por exemplo, aplicar co or na fon nte
(ca
aractere). Seleccionando a
apenas uma a linha
 Selecionaando apenaas um paráágrafo: bastta o
Quando selecionammos certo trrecho do tex
xto usuário aplicar
a um triplo clique dentro do
ou todo, o mmesmo fica “escuro”. Vejamos do ois parágrafo (independe
entemente da posição do
exe
emplos nas figuras abaix
xo. ponteiro do ou
d mouse); o

4
46
Inform
mática

Alex
xei Silva

 Colocando o ponteiro o do mouse e no início da pelos concursos públicos, po


ois alguns dos
d
linha do pa
arágrafo e aplicando
a um
m duplo cliqu
ue; mesmos
m são utilizados co
om grande frequência nas
ou prrovas.

 Pressionan
ndo as seguintes tecla as de atalh ho: Guia Arquivo
o
CTRL + SHIF +  ou  (Seta para cim ma
seleciona o parágrafo anterior e se
eta para bai xo
seleciona o próximo pa
arágrafo).

 Selecionaando apena as uma fras se (períodoo):


basta o usuário pressio
onar a tecla CTRL + cliccar Comand
do Salvar
em cima de qualquer palavra
p da frrase;
Esse comando sa alva as alte
erações de um
 Selecionaando todo o texto do o documen nto arrquivo já existente,
e ou
u seja, que e já foi sa
alvo
(arquivo)): é necessárrio o usuário
o dar um trip
plo an
nteriormentee sendo gravadas, apenas as
clique den
ntro ao ladoo esquerdo do parágra afo alterações do mesmo.
com a seta
a do mouse.
Teclas d
de Atalho
OBBS: o coma ando selecio
onar tudo localizado no CTRL + B
Grrupo Página Incial, Grupo
G Ediçção e Opçã ão SHIFT + F12
Se
elecionar (p podendo tam
mbém ser acionado atrav vés ALT + SHIFT
S + F2
da tecla de ata eleção de to do
alho CTRL + T) fará a se
o texto
t do documento.

 Seleção N Não-adjacen nte (textos s separados s):


basta o us suário pressionar a teclaa CTRL + u um
duplo cliqque sobre a palavra desejada ( ou
clicar, segu
urar o clique
e e arrastar sobre
s o trec ho
desejado);; Comando S
Salvar Com
mo

OB
BS: a opção o de seleção de textos na
n forma nã ão- mite a criação de arquivos
Esse recurso perm
adjjacente não é possível nas versões anteriores ao co
om a extenssão padrão ddo Word ou nas extensões
Woord 2002 – XP, ou sejja, só a parrtir da verssão qu
ue o mesm mo é capa az de abrirr como vim mos
2003 que surgiu esse recuurso de seleç
ção. an
nteriormentee.

O Saalvar Como solicita a unidade e//ou


asta para o usuário guarrdar o arquivo e também
pa mo
eu nome. Podemos através de
se esse coman ndo
du
uplicar um arquivo
a com
m o mesmo nome,
n mas em
um
ma unidade diferente ((ou com o nomen difere
ente
a mesma unidade, ou qu
na ualquer outrra).

Tecla d e Atalho
BOTÃO F12

Exemplo
E dee seleção nã ão-adjacente no Word d
201 10.
Devemmos saber dos seguin ntes detalhhes
quando um texxto está sele
ecionado, são eles:
 Quando uma palav vra ou trrecho estiv ver
selecionando, se o usuuário pressio
onar uma lettra
do tecladoo (ou a ba arra de espaço), o tex xto Coman
ndo Abrir
selecionado será substituído pelo caracte ere
digitado; Teclas de
e Atalho
CTRL + A
 Se a palavra ou trecho
t do texto estivver CTRL + F1
12
selecionado pressionaando as teclas Delete ou ALT + CTR
RL + F2
Backspace, o texto selecionado será apagado;;
Permite a a
abertura de arquivos
Principais Co
omandos do
o Word apresentando
(a o uma ca aixa de diálogo) parap
se
elecionarmos
s o mesmo e o deixarmo
os aberto.
Veremos os prrincipais co omandos d das
principais Guia
as, Grupos e comandos solicitados
s

4
47
Inform
mática

Alex
xei Silva

C
Comando In
nformações
s Vejam
mos abaixo
o a caixa
a de diálo
ogo
co
onfigurar pág
gina.
Vis
sualiza as propriedade es do docu umento ati vo
com
mo, por exe emplo, nome do arquivo e data/ho ora
da criação do mesmo. Tam mbém é poss sível protege
er,
com
mpartilhar e verificar as versões do documento..

Comando
o Recente

enta os vinte e cinco último


Aprese os
arq
quivos (padrão) qu ue foram abertos pe elo
usu
uário. Caso o usuário cliique em cima de um delles
(no
ome do arquuivo) será ab
berto o item clicado.

Comand
do Novo

Permitte a abertura
a de um nov
vo documennto
em
m branco, pá ágina da Weeb em brancco, mensage
em
de e-mail e em branco e aberturra/criação de
moodelos.

Tecla de
e Atalho
CTRL + O

odelos
Mo
Caixa de diálogo Configurar
r Página
São documentoss que po ossuem umma
esttrutura de
e formataç
ção pré-definida pa
ara
s mesmos como um
utilizarmos os m “documennto
padrão”.

Comando
o Imprimir

É po ossível alterrar as con nfigurações da


im
mpressora, configurar página e visualiizar
im
mpressão, solicitar
s a impressão apenas das d
Configurrar Página dentro
d do comando
c pá
áginas pares
s ou ímparess, entre outrros recursos..
Imprrimir
Comando
C Sa
alvar e Enviar
Permitte ao usuárioo alterar as configuraçõões
padrão da pág gina para a impressão,, adaptando o o É utilizado para enviar o doocumento attivo
seu
u trabalho a
ao tipo de pa apel que serrá utilizado na attravés de e--mail, salvarr na Web, publicar
p em um
impressora, além de altera ar entre os modos retra ato bllog, alterarr o tipo d de arquivo e criar um
e paisagem,
p enntre outros. doocumento PD DF/XPS.

4
48
Inform
mática

Alex
xei Silva

uia Página I
Gu Inicial Podemmos utilizarr alguns recursos desse
omando através do Grupo Fon
co nte onde são
Pincel de en
ncontrados os
o seguintess itens:
Formataação

Permitte a cópia appenas das fo


ormatações de Item
m Fonte
um
m trecho do ttexto e/ou parágrafo(s).
p

utilizarmos é necessário ter um tex


Para u xto
“prré-formatadoo”, bastanddo clicar na ferramen nta Item
I Taman
nho da Fon
nte
pin
ncel, selecion
nando o item
m formatado o e arrastan do
(ou
u clicando) o ponto do mouse sob bre o texto de
destino (que reeceberá a fo
ormatação).

Tecla de
e Atalho Item Aumentarr Fonte (CTR
RL+>)
CTRL+SHIF
FT + C

OBBS: se você ê aplicar um duplo cllique sobre a


ferrramenta pincel, a me esma ficará ativada pa
ara Item
m Reduzir F
Fonte (CTRL+<)
poder formata ar vários trechos
t de textos, ap
pós
forrmatados, b basta presssionar o bootão ESC do
tecclado ou sob
bre o botão do
d Pincel.

Grupo Fonte

É utilizado para alterar a fo


ormatação do Item
m Maiúscul as e Minúsculas
xto como, por exemplo, tamanho, cor, enttre
tex
outros. É uttilizado parra tornar o texto em
maiúsculo,
m minúsculo,
m penas a 1ª letra da frase
ap
Esse rrecurso poss
sui duas guias: Fonte, e e//ou do parág
grafo.
vançado.
Av

Item Limparr Formataç


ção

Itens Negrito,
N Itá
álico e Subllinhado.

Item T
Tachado

It
tem Subscrrito (CTRL+
+=)

C
Caixa de diá
álogo Fonte
e Item Sobrescrito
S o (CTRL+SH
HIFT++)

4
49
Inform
mática

Alex
xei Silva

I
Item Efeito
os de Texto
o

Cor do Re
ealce do
Textto
Caixa de diiálogo Fontte

Realça trechos de textos e/ou


u parágrafo((s) Co
omandos Marcadores,
M , Numeraçã
ão e Lista de
d
aplicando umaa cor por trás
s dos mesmo
os. Vários Níveis.

Podemmos aplicar n
numerações, marcadore es e
sta de vários
lis s níveis nos parágrafos para formam
mos
lis
stas como, por
p exemplo,, a lista abaiixo.
Item Cor da Fonte
1.
1 Microsoftt Windows XXP
Teclas de
d Atalho 2.
2 Microsoftt Word XP
CTRL + D 3.
3 Microsoftt Excel XP
CTRL + S
SHIFT + F 4.
4 Internet Explorer 6

Exemplo de uma lista


a numerada
a.

 Microsoftt Windows XXP


 Microsoftt Word XP
 Microsoftt Excel XP
 Internet Explorer 6

Exemplo de uma lista


a com Marc
cadores
Grupo Pa
arágrafo
1.. Mouse
Permitte ao usu uário trabalhar com o 1.1. Tecla
ado
alinhamento do parágra afo, recuos das linha as, 1.2. Monitor
esppaçamento e entre linhas e quebra de
e linhas (órffãs 2.. Multifuncional
e viúvas).
v Exxemplo de uma lista d
de Vários Níveis
N

As fe
erramentas Numeração o, Marcadorr e
Lista de Vários Níveis ssão acessíve
eis através dos
d
bo
otões abaixo que são encontrados na barra de
fe
erramentas formatação
f

Botão Marcadores
M

Botão Numeração

Botão List
ta de Vário
os
Nííveis

5
50
Inform
mática

Alex
xei Silva

Diminuir Recuo

Move todas as linhas que fora


am
mpurradas” para a direita
“em d do parágrafo no
sen
ntido contrário, ou seja, é a diminuuição do rec uo
esq
querdo.

Aumentarr Recuo

Utiliza o coman ndo denom minado rec uo


esq
querdo que está localiz
zado no Me enu Formata ar,
Parágrafo. O m
mesmo irá “e
empurrar” toodas as linh
has
da esquerda do parágrafo para a direita da marge
em Espaça
amento de Linha e Pa
arágrafo
da página.

Sombrea
amento
Classifficar

O sommbreamento o é utilizado para coloriir o


Se tive
ermos uma lista de coompras denttro fu
undo do pará
ágrafo e/ou ttrechos do mesmo.
m
de uma tabe ela ou fora da mesma a, poderemmos
cla
assificar os dados na a ordem crescente ou
decrescente (a os, números e datas) co
apenas texto om Borda In
nferior
objjetivo de um
ma “melhor” organização
o do trabalho
o.

OBBS: em algumas provas de concurso os é utilizada


aa Permite utilizar b
bordas (linha
as) ao redorr da
ferrramenta Mostrar Tudo (“Ferramen nta pá
ágina e/ou dos
d parágraffos para terrmos um efe eito
Parágrafos”) qque permite visualizar os
o parágrafo os, de
e formatação adequado a certos tip pos de traba
alho
esppaços entre e os caraccteres, tabuulações e as co
omo, por ex
xemplo, uma a linha acim
ma do nome de
ins
serções de linhas. um
ma pessoa para
p a sua asssinatura.

strar Tudo
Botão Mos
Grupo o Estilo
m alguns ite
Existem ens desse gru
upo, são ele s: e-se
Define com
mo um conjunto de
ca
aracterísticas
s de form matação que e podem ser
ap
plicadas ao texto (pará grafo), tabe elas e listas do
do
ocumento pa ara alterar ra
apidamente sua aparênc cia.
Ao clicarmos no iniciar de caaixa de diáloogo
Alinhamento
os: Esquerda, Centraliz
zado, Direitta es
stilos será ativado
a o paainel de tare
efas, onde será
s
e Justifficado. ne
ecessário o usuário cli car no botã ão Novo Es stilo
(p
para criar um
m novo estilo o).

5
51
Inform
mática

Alex
xei Silva

Opções
O do B
Botão Tabe
ela

Grupo Il ustrações
Coma
ando no Pa
ainel de Tar
refas
Podemmos inserir iimagens que foram salvas
Gu
uia Inserir u baixadas da câmerra digital para qualquer
ou
memória
m a ou removíível e tamb
fixa bém é possível
uttilizarmos Clip-Art, form
mas, SmartA Art, Gráficos
s e
Coopiar a imag gem da Tela (opção Instantâneo).

Atravé
és da op pção Imag gem podem mos
plicar figuras
ap s (Clip-art), imagens (arquivos do tipo
t
.JPG, entre outros....), Wordart (tex
xtos
Grupo Tabelas
T deesenhados), criação de organogram ma, AutoForm mas
(d
desenhos ge eométricos n no estilo settas e círculo
os),
Permitte inserir um
ma linha, cooluna, célula
a e diigitalição dee imagens através do o software do
tab
bela em um m documento o (os três primeiros
p ite
ens sc
canner e inse erção de grá áficos do Exc
cel.
são
o utilizados eem uma tabbela já existe
ente).
pção SmarrtArt está sendo mu
A op uito
Tambéém podemos Desenhar Tabella. uttilizado atualmente, p pois é possível criarm
mos
Atrravés desse comando o usuário poderá constru uir orrganogramas em 3D através desta opç ção.
um
ma tabela “ffora dos padrões normais”, ou sejja, Veejamos figurra abaixo.
desenhar a m mesma linha a por linha,, utilizando o
“olhometro” p para definir a largura e altura do
desenho.

A opçã z modelos de
ão tabelas rápidas traz
belas pré-forrmatadas pa
tab ara o usuário
o não “perde
er”
tem
mpo em in nserir e posteriormentee formatar a
tab
bela. Vejammos abaixo o botão Tabela
T sen do
utilizado. Gr çalho e Rodapé
rupo Cabeç

Podemmos inserir cabeçalho e/ou roda apé


uttilizando algguns modelo os que já vem no Word
20
010 ou cria ar o seu prróprio modeelo. Também m é
po
ossível inserirmos núm meros de página utilizan ndo
modelos
m ou fo
ormatando ccomo o usuário desejar.

Esse recurso pe ermite ao usuário


u apliicar
extos diferentes nas p
te páginas parres e ímpa ares
co
omo, por exxemplo, o n nome de umma pessoa nas

áginas pares
s e o seu sob
brenome nass ímpares.

5
52
Inform
mática

Alex
xei Silva

Caixa de diá
álogo Forma
atar númer
ro de Págin a
Caixa
C de diá
álogo Colun
nas

Esse recurso pod e ser enconntrado na baarra


de
e ferramentaas padrão attravés do bo
otão abaixo.

Vejam
mos na figurra abaixo um exemplo de
um
m parágrafo dividido em
m duas partes.
Grupo
o texto
O com
mando que bras permitte inserir uma
u
É posssível criarrmos textos s dentro de qu
uebra de pá bra da seção é
áginas e seçção. Na queb
rettângulos para podermo os movê-los de um loccal pe
ermitido ao usuário deeixar as qu
uatro primeiiras
para outro dentro do documento
d como fosse em pá
áginas sem número e a as demais numeradas,
n por
figuras, basta apenas arrastar pela borda da caixa
a. ex
xemplo
.

Letra Cap
pitular

O W
Word permmite “maximizar” o((s)
primeiro(s) ca
aracteres doo parágrafo causando u um
efe
eito conhecid
do por todoss nós (a 1ª letra do iníccio
de uma entrevvista) que é muito utiliza
ado por jornaais
e revistas.
r

Gu
uia Layout d
da Página

Grrupo Config
gurar Págin
na

Podemmos configurrar página com


c Margen
ns,
orientação e ta
amanho.

No bottão Colunas O usuário pode selecion


nar Opções do b
botão Quebra
as
umm parágrafoo para dividdir o mesm mo em váriias
partes, aplican
ndo uma linnha entre asa divisões (a
linha é opcio onal) para termos um efeito de
forrmatação.

5
53
Inform
mática

Alex
xei Silva

Gu
uia Correspondências Iremo
os estudar os comanddos específicos
esse progra
de ndo as Guias, Grupos
ama utilizan s e
bo
otões.

Barra de Títu
ulo

Traz o nome do aaplicativo (M


Microsoft Exc
cel)
co
om o nome padrão do tipo de arq quivo (Pasta1)
qu
ue o Excel trrabalha.
Grrupo Iniciarr Mala Direta

Se voccê utilizar o botão Inicia


ar Mala Dire
eta
que está localizado dentrro do grupo o Iniciar Ma
ala a Barra de T
Parte da Título do Ex
xcel 2010
Dirreta o Word irá ativar a seguinte lista de opçõ ões
para a utilizaçã
ão do recurs so Mala Diretta. Atenção: a denomin nação Pas
sta1 não é
onsiderada arquivo
co a porr consequência do usuáário
aiinda não ter salvado o mesmo. Ne esta versão do
Exxcel temos a barra de e ferramentas de acesso

ápido na barra de título.

Fa
aixa de Opç
ções

Conté
ém os com mandos do Excel em um
onjunto de botões e Guias que podem ser
co
o localizados na
uttilizados para acioná-loss. Eles estão
pa
arte superior da janela d do Excel 20110.
Opções do botão Iniciar
I Mala
a Direta

Microsoft Excel
E 2010

ções do Excel
Faixa de Opç
O Mic
crosoft Exce
el é um aplicativo
a q ue
gerencia plan nilhas calculando dado
os simples e Barra de Sta
atus
commplexos co omo, por exemplo, um cálcu ulo
esttatístico. É a ba
arra localizad
da na parte inferior da tela
t

área de trab balho do Ex xcel) que visualiza alguuns
Esse programa é utilizado por diverssos
co
omandos e/ /ou ações e específicas que o usuá ário
ofissionais, tais como: engenheiros
pro s, contadore
es, so
olicitou como o, por exemmplo, a seleçção de mais de
administradore es, estatístic
cos, entre ou
utros. um
m número para somá-lo os.
Se voocê pensa que deve ser um d dos
ofissionais c
pro citados para
a utilizar es
sse program
ma,
esttá enganadoo, pois basta aprenderrmos algum mas Parte da Barra
B de Sta
atus – visu
ualização da
a
ncionalidades básicas do Excel parra fazermoss a
fun média,
m Conttar valores e soma de dois ou maais
pro
ova do concuurso. núm
meros.

élula
Ár
rea de Trabalho do Exc
cel 2010
Utiliza
ando uma linguagem mais popu ular
A Interrface gráfica
a do aplicativ
vo é idêntica
aà Cé élula é o encontro
e da Coluna coom uma Lin
nha
do Word exce eto alguns botões e comandos
c d
das (rretângulo) como, por ex xemplo, a Coluna
C A + a
Gu
uias e Grupos s, que iremoos estudar ad diante. Liinha 1 = cé élula A1.

Célula A1 cujo contteúdo é o número


n 14

Toda Célula é con


nhecida por seu endere
eço
ou
u referênciia (nome),, pois a A1 significa ser
Área de Trabalho do Excel 2010 “localização” da
d célula A1
1.

5
54
Inform
mática

Alex
xei Silva

OB
BS: o endereeço da célulla só pode ser
s trabalha do Barra de Fór
rmulas
em
m fórmula
as e fu
unções, primeirament
p te,
descrevendo a Coluna e depois a Linha. P Por É o lo
ocal onde é vvisualizado o conteúdo real
r
exe
emplo, não existe céluula 1A, e sim
m, A1. a célula, ou seja, os tex
da xtos, fórmulaas e funções
s da
fo
orma que o usuário
u digito
ou.
Co
olunas e Lin
nhas
Por exemplo,
e se
e você digittou a seguinte
Você ppercebeu que para termos uma célu
ula fó
órmula =2+ +2, o Exccel exibirá na célula o
é necessário
n u
uma coluna com uma liinha, portan
nto re valor 4), mas na barra de
esultado do cálculo (o v
iremos descrev
ver alguns aspectos dos mesmos. fó
órmulas será
á apresentaddo o conteúddo digitado por
vo
ocê (a fórmula).
O Ex xcel possuii 16.384 Colunas e
048.576 Liinhas nele as colunas começam na
1.0
letra A até a X
XFD (cabeçalho das colun
nas).

O cabe eçalho das colunas


c segue a seguin nte
“reegra” inicia na coluna A até Z, apóss o término do
alffabeto come eça a “combbinação” AA, AB, AC...A AZ;
BAA, BB, BC...BBZ; CA, CB, CC...CZ; DA A até a últim
ma
colluna XFD.

Pla
anilha Barra
B de fór
rmula visua
alizando o conteúdo
c re
eal
da c
célula
Utilizan
ndo uma lin nguagem ma ais popular,, a
Pla
anilha é o c conjunto das células, ou
u seja, toda
a a Se o usuário de esejar preen
ncher/alterar o
áre
ea de trab balho (colun nas e linha as) onde s ão co
onteúdo de uma célula,, basta clica
ar na barra de
vis
sualizadas to odas as células. fó
órmulas para
a efetuar a a
ação.

OB
BS: ao abrrirmos o Excel
E o meesmo traz 3 ditando Céllulas
Ed
Pla
anilhas com
mo padrão
o, mas pode
emos ter a
até
25
55 Planilhas
s. Quanddo iniciamoos a digita ação em umau

élula no Excel
E são apresentado os os botões
Veremos mais adiante como trabalhar co
om ancelar (ícone de um
ca m X na cor vermelha)) e
as guias de Pla
anilha. in
nserir (ícone
e de “Visto”
” na cor verd
de) na barra
a de

órmulas.

Edição de uma célula


a com os íco
ones do X e
”V
Visto” sendo
o visualizad
dos.

ocê acabou de digitar certo


Se vo c conteú údo
a célula e o mesmo fiicou errado,, para corrigir,
na
ba
asta dar um duplo clique
e na célula ou
o um clique e na
ão da Planiilha 1 sendo
Visualizaçã o utilizada ba
arra de fórm
mulas e/ou bbotão F2 do d teclado (n não
(ativ
vada) es s de utilizar um
squeça de selecionar a ccélula antes
de
esses recursos).

Quanddo acabarmo os de inserir um conteú


údo
Guia
G da Pla
anilha (Plan
n1) – Planillha ativada
a
naa célula pod
demos presssionar a teclla ENTER para
p
in
nserir a informação d dentro da mesma. Mas M
Pa
asta de Trab
balho
poodemos tam mbém, utilizzar as seta as de direção
(s onais do tecclado) para efetuar a ação
setas direcio
É o tipo de arquivo que o Excel
E trabal ha
dee inserção de dados na ccélula.
com
mo padrão. Quando o usuário
u salv
va o arquivo
o o
Excel aplica a e
extensão XL
LSX. O padrão do Ex xcel (quando
o utilizamos
s a
te
ecla ENTER) para inseriirmos uma informação na
OBBS: a Pasta de Traba alho (arquivvo do Exce
el) cé
élula é mover a bord da ativa (“cursor”) para
p
arm
mazena toda
as as Planilhas do Excel. ba
aixo.

5
55
Inform
mática

Alex
xei Silva

Os
s Dados no Excel Diminuir
r tamanho d
da
Fonte
F
As infoormações qu
ue são aplica
adas às célullas
sãoo através de textos s, números s e cálcullos Permite diminuirr o tamannho da fo onte
(fó
órmulas e fun
nções). uttilizando oss valores dos ponto os padrão do
prrograma. Essa alteraçãoo no tamanh
ho da Fonte irá
O Ex xcel entend derá como texto to da in
nfluenciar na impressão.
infformação qu
ue ficar alinh
hada à esqueerda da célu
ula
(alinhamento padrão do programa) e o que ffor Negrito, Itálico e
número ficará alinhado à direita
d da célula. Subblinhado

Fo
ormatando P
Planilhas Permite “escurece
er”, “inclinarr” os caracte
eres
à direita e “tracejar” abaixo do os caracterres,
O que e seria forrmatar umaa planilha? É re
espectivamente.
apenas o ato o de modificar a aparência da((s)
céllula(s) aplic
cando borda
as, cores (s
sombreamen nto
Bordas
s
e/o
ou fonte) na(s) mesma(s).

Em concursos são s muito utilizados os Permite aplicar “liinhas” a grade acinzenta


ada
commandos encontrados na Guia Págin
na Inicial q ue (linhas de graade) do Exccel para que a mesma seja
s
iremos descrev
vê-los para você.
v im
mpressa, ou seja, se n não aplicarm mos borda não
n
pooderemos imprimir ass linhas qu ue dividem as
Vejamos os coman
ndos do Grup
po Fonte. cé
élulas (caso a página nã ão esteja coonfigurada para
p
im
mprimir as lin
nhas de gradde).
Fonte
és desse bo
Atravé otão não é permite apliicar
co
or nas bordas ou alterar o tipo da mesma.
Permitte alterar a fonte do co
onteúdo da((s)
céllula(s) selecionada(s). Cor de
Preenchimento

Permite aplicar uma cor na n célula para


p
de
estacar certo
os trechos da
a planilha.

Cor da Fonte

Permite alterar a cor dos carracteres (tex


xtos
e//ou números) para criarmos um u efeito de
visualização “melhorada” da nossa planilha.

Verem
mos agora os comand
dos do Gru
upo
Alinhamento.

Alinhamenntos
Vertical

C
Caixa de diá
álogo Fonte
e Estes botões aliinham o conteúdo da a(s)

élula(s) selecionada(s) verticalme ente para em
Tamanh
ho da Fonte cima, no meioo e embaixo,, respectivam
mente.

Alinhamenntos
Permitte aumentarr ou diminu
uir o taman ho
Horizont
tal
da fonte. Essa o da Fonte iirá
a alteração no tamanho
inffluenciar na impressão.
São praticamente
p e os mesmo os recursos do
Word,
W mas com um ma única diferença: o
Aumentarr tamanho da
d
alinhamento à esquerda,, centralizad
do e à dire
eita,
Fo onte
re
espectivamente, são uttilizados ape
enas para a(s)
a

élula(s), ou seja, os a s não são em
alinhamentos
Permitte aumentar o taman nho da fonnte re
elação às maargens da pá
ágina.
utilizando os valores dos d s padrão do
pontos
proograma. Ess sa alteração no tamanhoo da Fonte iirá
inffluenciar na impressão.

5
56
Inform
mática

Alex
xei Silva

É possível após te
ermos digita
ado um número
Orientaçã
ão fo
ormatá-lo apenas com as seguintes opções:: o
po
onto do milh har e as cassas decimais
s, ou seja, sem
s
a utilização do
o símbolo daa moeda.
Permitte rotacionarr o conteúdoo da célula no
ntido horário
sen o ou anti-hoorário, coloc
car na verticcal
ou girar as info
ormações coontida na célula. Aumenta ar
Casas
C Decim
mais
Quebrar
Q Texto
Automatica
A ame
nte Esse recurso pe rmite aume entar as casas
de ntas vezes o usuário solicitar.
ecimais quan
É pos ssível tamb bém utilizaar o recurrso
quebrar texto automaticam mente alinha
ando o mesm mo Diminuir Ca
asas
na horizontal e vertical da
a célula (ma
as para utilizzar Decimaiis
ess
se recurso não é nec cessário alinhar o tex xto
dentro da célula).
Permite a “exclussão” de uma ou mais casas
de
ecimais, baasta o usu uário selecio
onar a céllula
Mesclar e
de
esejada e clicar sobre o botão.
Centraliar
Tr
rabalhando
o com Fórm
mulas
É utiliz
zada para mesclar
m (agreegar) duas ou
ma
ais célula commo, por exemplo, na figura abaixo:
O quee seria uma fórmula no Excel? Define-
se
e como uma u expre
essão (commbinações de
op
peradores matemáticos
m s ou lógico
os, constanttes,
fu
unções e noomes de ca ampos) quee pode connter
qu
ualquer com
mbinação de números, indicadores que
q
fa
azem referên
ncia a númerros.

Para utilizarmos uma fórm mula no Exc cel,


ba
asta que o usuário
u e a mesma com o sinal de
inicie
“=
=” (igual), pois o messmo é o “sím
mbolo” padrrão
do
o aplicativo
o Excel parra darmos início a umau
Mesclar e Centralizar utilizado
O comando M u na
as

órmula.
células A2
A até C2
Há 3 exceções pa ara iniciarmo
os uma fórmmula
Vejam que houve uma seleção o da célula AA2
no al de (-) menos, o sinal de
o Excel, são elas: o sina
atéé a célula C2
2 e após esssa ação se clicou no bottão
( + ) mais e o símbolo o do arrob ba @ (utiliza
ado
Meesclar e centtralizar para
a obtermos esse
e resulta do
ap
penas em algumas funçõ ões).
ilustrado acimaa.
Vejam
mos a figura
a abaixo com
m um exem
mplo
ulas B2 e C2 deixaram de existir, ou
As célu
de
e fórmula:
sejja, quando mmesclamos as mesmas (A2+B2+C2 2),
tivemos como resultado da a ação apenas a célula A
A2
commo respostaa da mesclag
gem.

Formato de Número
o

Formatto de núme
ero padrão não tendo as
cas
sas decimaais ou símmbolos mo onetário, p
por
exe
emplo. Uma
U fórmula inserida (digitada) na célula B2
B

Formato de Número de
d Operadores
O Matemático
os
Contabilização
São os
o sinais m matemáticos utilizados nas
Esse re
ecurso permmite a inserção do símboolo op
perações de cálculos em
m geral, são eles:
e
da moeda do país, o pon nto do milhar e as cassas
decimais (com a vírgula).

Separador de
Milhares
s

5
57
Inform
mática

Alex
xei Silva

Operaçã ão Operradores Cálculos Se você aplicou u nome às s células (aos


Adição + =15+25
= va
alores dos Produtos, porr exemplo na figura acim
ma)
Subtraçãoo - =28-16
= po
odemos som mar através d
de seus nommes.
Multiplicaç
ção * =16*36
=
Divisão / =22/2
= Vejam
mos a figura abaixo:
Potência ^ =15^2
=
Porcentaggem % =17*2%
=
Menor que e < =A2<2
=
Menor ou <= =A2<=2
=
igual a
Maior que > =A2>2
=
Maior ou >= =A2>=2
=
igual a
Diferente de <> =A2<>2
= A soma dos valores s através dos nomes
aplicados às células o
onde se enncontram os
s
O Exccel trabalha conforme as regras da messmos.
maatemática, o
ou seja, se utilizarmos
u uma
u express ão
numérica, a mmesma será calculada de acordo co om O inccrível é que
e podemos nos referirr a
as regras abaix
xo: ou
utras células das p planilhas e/ou
e arquivos
diiferentes, ou
u seja, pode
eríamos esttar trabalhan
ndo
1. Parênteses; naa Planilha 1, mas uttilizando a célula A1 da
2. Potenciação; Planilha 2, por
p exemplo..
3. Divisã
ão;
4. Multip
plicação; Vejam
mos a figura abaixo:
5. Adição
o;
6. Subtraação.

Exemp
plos de fórm
mulas:

=3 esultado é 34)
3*8+10 (o re
=3 esultado é 83 e não 110)
3+8*10 (o re
=3 sultado é 12 e não 36)
3*2^2 (o res Estamos referindo-se a célula D5 da Planilha
a2
=1
10+40*20 (oo resultado é 810)
=(10+40)*20 (o resultadoo é 1000) Se voocê precisa uutilizar uma célula que está
e
m outro arqu
em uivo, basta rreferir-se à mesma através
Tra
abalhando com Referê
ências de Células
C da
a seguinte sintaxe (estruutura de fórmmula):

Para termos um u cálculo de form ma


“eletrônica”, o
ou seja, o resultado da a fórmula sser
atuualizada auttomaticamen
nte quando alterado u um
item da mes sma, bastaa o usuáriio digitar os
endereços das células.

Vejamos na figura abaixo: Referência


R da
d Célula D
D5 da Planilha 2 da Pas
sta
de trabalh
ho Folha.xls
s

Alça de Auto
oPreenchim
mento

Esse recurso permite facilitar o


prreenchimentto de vário os dados de e uma só vez v
baastando ape enas, clicar no “quadraddinho” que fica
f
lo
ocalizado na parte inferioor ao lado direito
d da borda
attiva, segurar o clique e arrastar para a direção
deesejada (abaaixo, acima, à esquerda ou à direita).
A soma dos V
Valores dos
s Produtos através do
os
e
endereços das
d células.

Perceb
bam na fig gura acima que quan do
utilizamos end
dereços de células,
c basta você alterrar
qualquer um d u novo vallor
dos valores (digitando um
por cima do exxistente e pressionar
p a tecla ENTE R)
para que seja recalculadaa a soma.
ça de AutoP
Alç Preenchime
ento

5
58
Inform
mática

Alex
xei Silva

Essa aalça também m é muito utilizada pa ara Alça de Auto


oPreenchim
mento para Fórmulas
callcular auto omaticamentte certos trechos da
anilha, ou seja, assim que o usuá
pla ário finalizarr a Ao utilizarmos
u a alça em m fórmulas as
fórrmula e pres ssionar a te
ecla ENTER, basta dar u um mesmas
m serã
ão atualizaddas automa aticamente, ou
cliq
que (ou cliquue duplo), segurar
s o cliq
que e arrasttar se
eja, os endereços de célu
ulas serão modificados.
m
na direção des sejada para calcular
c os demais
d valorres
refferentes a um
ma coluna ou linha.

Fórmula digita
ada na célula C2

himento utiilizada na
Alça de AutoPreench
palavra Planilha

As
A Fórmula
as foram Au
utoPreench
hidas atravé
és
da alça

Se você arrasta ar a alça para


p baixo as
céélulas serãoo incremen ntadas (hav verá acrésciimo
dee linha) e ca
aso arraste a alça para cima as célu
ulas
seerão decrementadas (haverá a subtração da
Pr
reenchimen
nto da Coluna B utiliza
ando o cliqu
ue lin
nha).
duplo sobbre a alça
Mas vamos
v sugerrir que você arrastou a alça
a
OBBS: o duplo clique na Allça de AutoP
Preenchimennto paara a esque
erda então houve o de escremento de
só terá “efeito
o” caso a coluna
c à esquerda esteeja umma coluna e se foi para a dirreita houve e o
pre
eenchida o qque ocasion nará o seu preenchimen
p nto in
ncremento da
a coluna.
(co
oluna B) até a última lin
nha da colun
na A (porque
e é
onde termina o conteúdo dad coluna).

Tra
abalhando com Listas
s

Podem
mos utilizar um recurso o “inteligentte”
do Excel denomminado Lista
as que possu
ui alguns ite
ens
pré
é-estabelecid
dos pelo programa como, p por
exe
emplo, os diias da seman
na e os meses do ano. Uma
U Fórmula =G10+CC9 sendo Co
opiada para
aa
célu
ula A3

Houve
H alter
ração da fó
órmula em sua
s cópia, ou
o
seja, o “clo
one” dela p
passou a ser =F11+B1 10

Referência
R de
d Célula Re
elativa
ores digitando apenas
Lista de Valo s o primeiro
o
ite
em e preenchendo os demais atr ravés da alç
ça
Quand
do copiarmo os ou utilizarmos a alça de
de AutoPree enchimento
o.
utoPreenchim
Au mento semp pre haverá a alteração da
re
eferência da
a célula (e endereço), ou seja, isso
ac
contece porq
que as célula
as não estão o “amarradas”
(c
com o símbo o $) então esse resultad
olo do cifrão do é
de
enominado de
d referênciaa de célula relativa.
r

5
59
Inform
mática

Alex
xei Silva

Exemp
plos: a barra de status do E
na Excel o ende
ereço da céllula
on
nde ocorreu esse erro.
=C
C9*2 (Coluna
a “C” Livre e Linha “9” Livre)

=A
A3+15 (Colu e e Linha “3” Livre)
una “A” Livre

Re
eferência de
e Célula Ab
bsoluta ( $ ) Referência Circu
ular na Célula B3

É quanndo queremmos tornar uma referênccia


dereço) em um “valor constante”,
de célula (end c ou
sejja, mesmmo utiliza
ando a alça de
autopreenchimmento (ou copiar/colar)
c o endereçço
da
a célula nãoo será alterado.

Para utilizarmos esse recurso, basta o


usuuário aplicaar o símbolo do cifrão o $ antes da
colluna e linha da célula qu
ue será uma “constante””. Referência Ci rcular Indireta

Exemp
plos: É pos
ssível aconteecer a Refeerência Circu
ular
In
ndireta, ou seja, quanddo um ende ereço de céllula
$C$9*2 (Coluna “C” Fixo
=$ o; Linha “9” Fixo) ap
ponta para uma
u célula e vice-versa.

=$
$A$3+15 (Co
oluna “A” Fixo e Linha “3”
“ Fixo) Obserrvem na figu
ura acima qu
ue na célula A3
ex
xiste um en ndereço de célula que aponta para a a
eferência de
Re e Célula Mis
sta cé
élula C3 e vice-versa.

É quanndo queremos tornar uma coluna ou Tr


rabalhando ões
o com Funçõ
linha em um “item cons stante”, ou seja, mesm
mo
utilizando a alça de autopreenc chimento ( ou Define
em-se fu
unções em
e fórmuulas
coppiar/colar) a
apenas a coluna
c ou a linha nãão prredefinidas que efetuam
m cálculos usando
u valo
ores
será alterada a. es
specíficos, denominado os argumen ntos, em umau
de
eterminada ordem
o ou esstrutura (sin
ntaxe).
Para utilizarmos esse recurso, basta o
usuuário aplica
ar o símbolo do cifrão
o $ antes da O Exc
cel contém ccerca de 23 30 funções
s as
colluna ou linha da célula que e será um ma qu
uais os usuários poderá utilizar ou recriar.
“co
onstante”.

Exemp
plos:

=$
$C9*2 (Coluna “C” Fixo;; Linha “9” Livre)
L

=A
A$3+15 (Colluna “A” Livre e Linha “3” Fixo)

Re
eferência Ciircular

É um erro ocasio onado quan


ndo o usuárrio
clui na fórm
inc mula o endereço de célula onde esstá
sen
ndo editada a própria fó
órmula.

Caixa go Inserir Função


a de diálog

Podemmos digita ar uma fun nção (caso o


us
suário saiba
a a sua esstrutura), uttilizar o Meenu
A fórmula a
apresentadaa na célula B3 contémm In
nserir, Opçção Funçã ão ou o botão
b Inse
erir
um erro, pois a mes
sma está insserida no Fu
unção (localizado na ba
arra de fórmulas).
cálc
culo
In
ntervalos de Células
Quando esse erro aparece na tela o mesm mo
rettorna ao vallor 0 (zero) apresentanndo uma cai xa Todas
s as funçõess e/ou fórmmulas do Ex xcel
de diálogo (e uuma barra de ferramenttas) exibindooo po
odem ser preenchidas
p por uma célula apenas
errro da referên
ncia circular.. Também é apresentado
o (u ponto-e-vírg
utilizamos o símbolo de p gula), duas ou
o

6
60
Inform
mática

Alex
xei Silva

maais células (u
utilizamos o símbolo dos dois pontoos) =MÁXIMO(CÉLULA;INTER
RVALO DE CÉ
ÉLULAS)
ess
se último é ccaracterizado de Interva
alo de Célula
as.
Fu
unção Mínimo
Vejamos alguns ex
xemplos abaixo:
Resultta no menoor valor encoontrado em um
=A
A2+B3 (som
mar a célula A2 mais B3)) in
ntervalo de células
c que foi digitado no argumeento
daa função.
=S
SOMA(A2:B
B3) (somar da célula A2
2 até a célu
ula
B3) Sintaxes:

SOMA(C2;D
=S D8) (somar apenas as células C2 + =MÍNIMO(ARGUMENTOS))
D8
8). = MÍNIMO(INTERVALO DEE CÉLULAS)
= MÍNIMO(CÉ
ÉLULA;CÉLULLA)
=SSOMA(C2;D omar a célula C2 + as
D8:D40) (so = MÍNIMO(CÉ
ÉLULA;INTER
RVALO DE CÉLULAS)
céllulas D8 até D40).
Fu
unção HOJE
E
gumas Funções do Ex
Alg xcel
Retorna à data de hoje, ou
u seja, à data
attual, através do sistem
ma operacio
onal. Todas as
Função
o Soma ve
ezes que o usuário a brir a pastta de trabaalho
o Soma
Botão (a
arquivo do Excel) a data se erá atualiza
ada
au
utomaticame ente.
Permitte retornar o valor tota al das célullas
que foram seleecionadas e//ou aplicar o cursor abai xo Sintaxe:
das parcelas.
=HOJ
JE()
Se vo ocê utilizarr o botão Soma pa ara
sellecionando a
as parcelas que
q serão so
omadas, bassta xcel podemo
No ex os trabalharr com as da
atas
dar um clique no botão para que seja a apresenta do uttilizando uma soma ou ssubtração.
o total
t dos valo
ores.
Vejam
mos o exemp
plo abaixo:
Mas se e você coloccou a borda
a ativa abai xo
das parcelas após o cliq que no botãão Soma se erá =HOJE()+15
5 (acrescentta a data de hoje 15 dias
s)
necessário pre
essionar a tecla ENTER.
=HOJE()-15 (subtraí a d
data de hoje 15 dias)
Sintax
xes:
OBS:
O não é necessário
n u
utilizar a fun
nção HOJE para
p
=S
SOMA(ARGUMENTOS) so
omarmos ou subtrairmo os dias, pois se você digitar
=S
SOMA(INTERRVALO DE CÉ ÉLULAS) qu
ualquer data uma soma, a mesma será
a e utilizar u s
=S
SOMA(CÉLULLA;CÉLULA) ac
crescentada em X dias.
=S
SOMA(CÉLULLA;INTERVAL LO DE CÉLULAS)
Tecla de Atalho do AutoS
Soma Exemplo:
ALT + =
=18/09/200
04+15 (acre
rescentará a data digita 15
Fu
unção Média
a diias).

Fu
unção Cont
tar Valores
Resulta
a na média das células
s aplicados no
arg
gumento da Função.
Resultta na quanttidade de va
alores que está
e
xes:
Sintax no
o intervalo de células ((dentro do argumento) da
fu
unção.
=M
MÉDIA(ARGUUMENTOS)
=M
MÉDIA(INTER
RVALO DE CÉLULAS)
C Sintaxes:
=M
MÉDIA(CÉLULA;CÉLULA)
MÉDIA(CÉLULA;INTERVA
=M ALO DE CÉLU
ULAS) =CONT.VALORES(ARGUMMENTOS)
Fu
unção Máxim
mo =CONT.VALORES(INTERVVALO DE CÉLLULAS)
= CONT.VALO
ORES(CÉLULA
LA;CÉLULA)
= CONT.VALORES(C ÉLULA;INTERVALO DE
Resulta
a no maior valor enconntrado em u
um
CÉLULAS)
inttervalo de cé
élulas que foi
f digitado no argumennto
da função.
Fu
unção Cont tar Número os
Sintaxxes:
=MMÁXIMO(ARG GUMENTOS) Resultta na quan ntidade de números que q
=MMÁXIMO(INT TERVALO DE CÉLULAS) es valo de célu las (dentro do argumen
stá no interv nto)
= MÁXIMO (CÉ ÉLULA;CÉLULA) da
a função.

6
61
Inform
mática

Alex
xei Silva

Sintax
xes: Se o usuário
u querr calcular a média
m anuall de
Elleitores da re
egião Norte poderá usarr:
=C
CONT.NÚM(A
ARGUMENTO OS)
= CONT.NÚM(
C INTERVALO DE CÉLULAS
S) =MÉDIA(B5:D5)
= CONT.NÚM(C
C CÉLULA;CÉL
LULA)
= CONT.NÚM(C
C CÉLULA;INT
TERVALO DE CÉLULAS) Caso o usuá rio utilize a funç
ção:
=MÍNIMO(C4:C8), o ressultado obtiddo será 190.
unção SE
Fu
Caso o usuá rio utilize a funç
ção:
Podemmos utilizar no
n Excel funç
ções utilizan do =MÁXIMO(D D4:D8), o re
esultado obtiido será
tes
stes condicionais (verrdadeiro ou falso) pa ara 1600.
terrmos duas ou mais “resppostas”.
Caso o usuário utilize a
Temos
s dois “tipo
os” de Funções SE, ssão unção::=SE(
fu (A4=”Norde este”;SOMA A(B4:D4);M MÉ
ela
as: Função S
SE Simpless e Compostta. DIA(B4:B8),, o resultado
o obtido será
á 1000.

Sintax
xe da Funçã
ão SE Simples: Gráficos (Gu
uia Inserir – Grupo Gráficos)

=S
SE(TESTE LÓG
GICO;VALOR
R S
SE Prime
eiramente d
devemos ateentar para as
VE
ERDADEIRO;VALOR SE FALSO).
F se
eguintes observações a
abaixo, ante
es de elabo
orar
um
m gráfico no
o Excel:
Sintaxxe da Função SE Com
mposta com
m 3
“re
espostas”. OBS
O 1: não podemos
p terr uma linha em branco em
re
elação aos títulos e seeus respectiivos conteúd
dos
=S
SE(TESTE LÓGICOO1; VA
ALOR S
SE ab
baixo dos mesmos;
VE
ERDADEIRO1
1;SE(TESTE LÓGICO2
2;VALOR SE
S
VE
ERDADEIRO2
2;VALOR SE FALSO)) OBS
O 2: o Ex
xcel não é ccapaz de crriar um gráffico
ap
penas de um
ma célula, lin
nha ou coluna;
OBBS 1: os arg
gumentos daa função SE sempre serrão
sep
parados por ponto-e-vírgula. OBS
O 3: temo
os que seleccionar no mínimo
m duas ou
mais
m colunas e/ou linha s (cujos conteúdos sejjam
OBBS 2: a prrimeira condição dentrro da sinta xe te
extos e númeeros) para c riarmos o grráfico.
(es
strutura) da função é o TESTE
T LÓGICO.
Para criarmos o gráfico, ba asta o usuá ário
OBBS 3: só temmos uma con ndição FALSSA que semp
pre se
elecionar os dados dese ejados (satis
sfazendo tod
dos
serrá “colocada
a” no final da
a sintaxe; os
s “pré-requisitos” visto
o anteriormeente) para ser
ge
erado o messmo.
OBBS 4: as ffunções SE (quando compostas) só
serrão fechadas
s (os parênte
eses) no fina
al da sintaxe
e;

OB
BS 5: quanddo utilizamo
os a função SE compossta
podemos ter várias funçções SE (umma dentro da
outra).

OB
BS 6: textos dentro da
a função SE
E deveram v
vir
entre “aspas”.

Basta selec
cionar o inttervalo de células
c parra
gerar o gráfico

Após ter selecionnado os da


ados desejad
dos
siga os seguin
ntes passos:
Planilha Exemplo
 Guia Inserir;
 Grupo Grá áfico;
Se o usuário qu
uer calcularr o total de
 Selecionar o tipo do g
gráfico desejado, ou
Ele
eitores em todas as regiões
r no ano de 20 01
 Clicar no indicador de
e caixa de diálogo.
poderá usar:

=S
SOMA(B4:B
B8)

6
62
Inform
mática

Alex
xei Silva

O Exc cel irá exibir a caixa a de diálo go


Assistente de Gráfico para
a a construçã
ão do mesm
mo,
Barra d
de Título
basta seguir as
s etapas de criação que são 4:
Não esqueçam
e q
que a denom minação, “S
Sem
Tíítulo 1”, não
o é um arqu
uivo, pois o mesmo ainnda
nãão foi salvo.

Barra de Menus

Contéém os coma ndos do Lib breOffice Wrriter


emm que algun ns podem sser acessado os através dos
d
bootões (nas barras de fe erramentas e/ou barra de
as de atalho s.
sttatus) e tecla

e Menus do
Barra de o Libre Offic
ce Writer

Caixa d
de diálogo – Inserir Gráfico
G Podem
mos utilizar um menu através da te
ecla
de
e atalho ALT
T + Letra S Sublinhada
a. Exempplo:
ALT + A = Abrir o menu arquivo.

Barra de Fer
rramentas

Inclue
em botões n na forma dee “atalho” para
p
os
s comandos mais utiliza ados nos menus,
m ou seeja,
bjetiva facillitar a utiliização dos comandos do
ob
prrograma.

Gráfico de
d Pizza Barra de Fer
rramentas P
Padrão

Após a criação do o gráfico podemos alterrar


as formataçõees do mesm mo com um m clique dup plo
sob
bre a área do gráfico (ite
em do gráfic
co desejado)).

Se você alterar os
o dados (o os conteúdo
os) rra de Ferra
Bar amentas Pa
adrão
das células q que foram utilizadas para gerar o
grá
áfico, o mesmo será atualizado auto
omaticamentte. Além de podermo os clicar sobrre o botão para
p
attivar um determinado o comando o, também é
Ár
rea de Trrabalho do
o Libre Office
O Writter poossível utiliz
zarmos tecla
as de atalho para ativarr os
(In
nterface) prróprios botõ ões. Exemp lo: ______ __ = Ativar o
bootão Novo (O Open Docum mento em Branco).

Barra de Fer
rramentas F
Formatação
o

Traz recursos d e formataçção de texttos,


alinhamento de parágra afos e estilos. Esses são
alguns recursos dessa barrra.

Área de T
Trabalho do
o LibreOffic
ce Writer Barra de Ferram entas Form
matação

Nesse programa irremos estudar os recurssos eclas utiliza


Te adas no Lib
breOffice Writer
W
esp o mesmo que são solicitados pellos
pecíficos do
ncursos públicos.
con Iremo
os aprende r algumas teclas mu
uito
uttilizadas pelo
os concursoss tais como:
Ba
arra de Títu ulo
Contémm o nome e do Open n Documen nto   e  servem parra mover o “cursor” um
(de
enominação de um arqu uivo padrão do LibreOffiice caractere para a esquerda
a ou dire
eita
Wrriter) e o nom
me do aplica
ativo respectiva
amente;

6
63
Inform
mática

Alex
xei Silva

  e  perm mitem que o ponto de inserção su ba Quanddo seleciona


amos certo trecho
t do te
exto
uma linha ou desça um ma linha resppectivamentte; u todo, o mesmo fica
ou a “escuro”. Vejamos dois
d
 HOME: tra az o ponto de inserção o para o iníccio ex
xemplos nas
s figuras aba
aixo.
da linha attual;
 END: traz z o ponto dee inserção para
p o final da
linha atual;
 ENTER: fa az o LibreOfffice Writer criar
c um no ovo
parágrafo (mesmo qua ando não diggitamos texttos
como, porr exemplo, ao criarmo os linhas e em
branco) ou u dividir um
m parágrafo encerrando o o
atual e com
meçando um m novo;
 BACKSPA ACE: apaga o caractere à esquerda do
ponto de innserção (currsor);
 DELETE: a apaga o carractere à dirreita do pon nto
de inserç ção (ou quando um texto e/ ou
parágrafo está selecionnado); eção de um trecho do texto
Sele
 PAGE UP P (Página acima): es ssa tecla n ão
“carrega” o ponto de e inserção para
p a pági na
acima co omo a de enominação da palav vra
menciona, apenas rola a a página paara acima.
 PAGE DO OWN (Página Abaixo): essa teccla
também n não possui a função ide entificada pe elo
seu nome, apenas rola a a página paara baixo;
 TAB: Inse ere um carractere de tabulação, ou
seja, deslooca o ponto de inserção o (cursor) e em
múltiplos de 1,25cm à direita da a margem da
página;
 SHIFT: é pressionada a para acess sar as funçõ ões
da “parte superior” das teclas e as letrras
Seleção to
otal do texto
o
maiúsculas s. Essa tecla
t perm
mite també ém
selecionar trechos de textos
t no do
ocumento;
Existe
em várias m maneiras dee seleção queq
 CAPS LOC CK: trava o teclado
t para digitarmos os
everemos es
de studar para o
os concursos
s, são elas:
caracteres em maiúsc culos e para minúsculo os,
basta presssioná-la mais uma vez para desativ var
 Para sellecionarmo os uma paalavra ou um u
a função de “todas ma aiúsculas”;
trecho do
d texto de evemos: cliicar, segurar o
 CTRL: utilizado como o tecla de atalho
a perm ite
botão esq
querdo do mmouse e mov
ver o texto para
p
ao LibreOOffice Writerr posicionarr o ponto de
a posição de desejadaa.
inserção em outro loca al de forma mais rápida a e
selecionar trechos de textos;
t
 Seleciona ando apen nas uma palavra:
p ba
asta
dar 2 cliq
ques com o botão esque erdo do mouse
Vejamos algumas combinaçõe
es com a teccla
sobre quaalquer palavrra do parágrrafo.
CT
TRL:
 Pressionando as seg guintes tecllas de atalho:
 Pressionanndo a tecla CTRL
C e acion
nando  ou 
CTRL + SHIFT
S +  ou  (Seta para esquerda
(Setas es squerda e direita), o ponto de
irá selecio
onar a palav
vra anterior em relação ao
inserção irrá para o iníccio da palavrra;
ponto de e inserção e a seta para a dire eita
 Pressionanndo a tecla CTRL e acionando  e 
seleciona a palavra à direita do “c
cursor”).
(setas aciima ou aba aixo), o ponto de inserçção
irá para o início do parrágrafo;
 Seleciona ando apena as um pará ágrafo: basta
 Pressionanndo as teclas CTRL + HOME H trará
á o
dar 4 cliques com o b
botão esquerrdo do mouse
“cursor” para o início do docume ento (início da
sobre quaalquer palavrra do parágrrafo.
1ª palavra do arquivo));
 Pressionanndo as tecla as CTRL + END trará o
 Selecionaando apena as uma fraase (período):
“cursor” pa ara o final do
o documento o (arquivo);
basta darr 3 cliques ccom o botão esquerdo do
mouse sobre qualque er palavra do
o parágrafo.
Tambéém podemos s selecionar todo o texto
o e
cerrtos trechos do mesmo com a junçã ão de algummas
 Seleção Não-adjace ente (textos separado os):
tec
clas de atalh
hos. Veremos
s a seguir.
basta o usuário
u presssionar a tec
cla CTRL + um
duplo clique sobre a palavra desejada (ou
Se
elecionando
o Textos
clicar, seg
gurar o cliqu
ue e arrastarr sobre o trec
cho
desejado) );
É nece
essário o us
suário selec
cionar o tex
xto
por conseqüênncia de uma
a aplicação de
d formataçção
com
mo, por exemplo, aplicar co or na fon nte
(ca
aractere).

6
64
Inform
mática

Alex
xei Silva

Ob
bservações: Esse recurso perm
mite a criação de arquivos
co
om a extenssão padrão do LibreOfffice .org Writer
 Quando um ma palavra ou trecho estiver
e seleciio- ou nsões que o mesmo é capaz de abrir
u nas exten
nando, se o usuário pressionar uma letra do co
omo vimos anteriorment
a te.
tecla-do ((ou a barrra de espa aço), o tex xto
selecionado será substituído pelo caracte ere O Saalvar Como solicita a unidade e//ou
digitado; asta para o usuário guarrdar o arquivo e também
pa mo
eu nome. Podemos através de
se esse coman ndo
 Se a palavra ou trecho
t do texto estivver du
uplicar um arquivo
a com
m o mesmo nome,
n mas em
seleciona-d
do pressiona
ando as tecclas Delete ou um
ma unidade diferente ((ou com o nomen difere
ente
Backspace, o texto selecionado será apagado;; na
a mesma unidade, ou qu ualquer outrra).

Principais Co
omandos do
o Libre Offic
ce .org

Veremos os princippais comanddos dos Mennus


e Botões das s Barras de e Ferramenttas solicitad
dos Comando
o Exportar
pelos concurso os públicos, pois alguns
s dos mesmmos
são
o utilizados c
com grande freqüência nas provas. mite salvar o arquivo atual com ou
Perm utro
ome na mesma unidade ou outra.
no
Me
enu Arquivo
o

o Versões
Comando

Comand
do Novo
Perm
mite criar um
m arquivo PD
DF do atual, ou
eja, do arqu
se uivo que vo ocê esteja usando,
u com
m o
Permitte a abertu ura de um m novo Op en
mesmo
m nome ou outro na a mesma unidade, ou drrive
documento de e texto em branco,
b entrre outros, ta
ais
diiferente.
com
mo: txt, doc
c, dot, odt, ott,
o entre outtros.

Tecla de
e Atalho
CT
TRL + N Comando
C P
Propriedade
es

Visualiza as pro opriedades do docume


ento
attivo como, por exemp plo, nome do arquivo
o e
Comand
do Abrir daata/hora da criação do m
mesmo.

Teclas de
d Atalho
CTRL + O Comando
o Modelos

Permitte a abertura de
d arquivvos São documentoos que possuem
p u
uma
(ap
presentan-do o uma ca aixa de diálogo)
d pa
ara strutura
es de formata
ação pré-d
definida p
para
sellecionarmos o mês-mo o e o deixa armos abertto. uttilizarmos os
o mês-moss como um m “documeento
Podemos tam mbém, conv ver-ter alguns arquiv vos pa
adrão”.
(ab
brir outros tiipos de arqu
uivos), tais como: txt, do
oc,
dot, odt, ott, h
html, entre outros.
o OBS:
O quandoo criamos um
m modelo o mesmo pos
ssui
a extensão ot
tt.

Comando Salvar
Co
omando Vis
sualizar Pág
gina
Esse ccomando salva as alterrações de u
um
arqquivo já ex xistente, ou
u seja, que já foi sal vo Permite ao usuá ário visualizar o “traba
alho
anteriormente sendo gravadas, apenas as fin
nal” para ter
t uma “id déia” de co omo sairão os
altterações do m
mesmo. elementos utilizados no o documentto na págiina.
Pooderíamos dizer que serria uma “pré-impressão”.
Tecla de
e Atalho
CTRL + S

Comando
o Imprimir

C
Comando Salvar Como
o É po ossível alterrar as con nfigurações da
mpressora, solicitar a impressão
im o apenas das d

áginas pares
s ou ímparess, entre outrros recursos..

6
65
Inform
mática

Alex
xei Silva

OBBS: o botão imprimir que está localiizado na barrra São utilizados


u pa
ara mover e copiar trechos
de ferramenta as padrão não aciona a a caixa de de
e textos ou o todo o seu conte eúdo entre o
diá
álogo imprim
mir. Apenass imprime 1 cópia (se o do
ocumento ativo e outro os arquivos do LibreOfffice
uário clicarr apenas uma vez) de todo o
usu Writer
W (ou outros program
mas).
documento, o mesmo não perm mite imprim mir
som
mente as pááginas ímparres, por exem
mplo. Esses comandos utilizam o programa
p deno-
minado:
m Área
a de Transfferência, soobrecarregan ndo
Tecla de
e Atalho a memória RAM,
R pois o mesmo é carregado na
CT
TRL + P memó-ria
m prin
ncipal quand o solicita um de
do o usuário
se
eus comandoos.

Te
ecla de Atal ho do CORT
TAR
Comando
o Configurações da Im
mpressora CTRL + X

É poss
sível apenass alterar as configuraçõ
ões
da impressora
a, como po or exemplo, o configurrar Tecla de Ata
alho do COP
PIAR
para modo retrato ou paisagem (a pággina). CTRL
C +C

Me
enu Editar
Te
ecla de Ata
alho do COL
LAR

Veremos nesse Menu


M os co
omandos maais CTRL
C +V
utilizados nas provas de concursos, por isso n ão
esttudaremos ttodos os iten
ns do mesmo
o.

Co
omando Se
elecionar Tu
udo

Comando Desfazer Esse comando é utilizado para


p selecionar
o-dos os ob
to bjetos do d ocumento para
p podermmos
Permitte retornar às últimas s 100 que o re
emovê-los ou
u formatá-lo
os.
usuuário trabaalhou no documento como, p por
exeemplo, retornar a digita
ação ou inserção de um
ma Tecla d
de Atalho
figura.
CTRL
C +A
Tecla de
e Atalho
Menu
M Inserir
CT
TRL + Z

Comando
o Refazer Comando
C Qu
uebra Manu
ual

Permitte refazer quantas ações fora am Permite a quebra


a da página
a, da coluna
a e
desfeitas como o, por exem
mplo, se o usuário
u desffez lin
nha.
10 ações só pooderemos reefazer 10 açõ
ões.

Tecla de
e Atalho
CT
TRL + Y

OBBS: os coma
andos desfa
azer e refazer possui ao
lad
do de seu us botões “setinhas s” que sã ão
utilizadas pa
ara retorna
ar ou avan nçar mais d de
umma ação com
mo, por exemplo, se o usuário
u desffez
10 ações, o m
mesmo poderá refazer to
odas as açõões
ao mesmo temmpo.
Caixa
a de diálog
go Inserir Quebra
Q

Com actere Espe


mando Cara ecial

Comandos Cortar, Copiar e Colar Permite aplicar caracteres especiais que,


q
elo teclado, é impossíve
pe el a inserção
o dos mesm
mos.
Ta
ais como: © ® ™ ¶ €.

6
66
Inform
mática

Alex
xei Silva

Comand
do Tabela

Permite criar um serindo colunas


ma tabela ins
e linhas.

Caixa de
e diálogo Ca
aracteres Especiais
E

Comand
do Seção

Permitte ao usuárrio aplicar ao


a documen nto
um
ma nova seç ção, ou seja
a, “partir” o arquivo pa
ara xa de diálog
Caix go Inserir Tabela
T
que o mesmo o possa terr formatações diferentees,
com
mo por exem mplo, um paarágrafo comm apenas umma
Tecla de At
talho
colluna de outtro parágraffo logo abaixo com du uas
collunas. CTRL + F12
2

Comando Hiperlink Comand


do Figura

O Hypeerlink cria uma “ligaçãoo“ com outrros Podem


mos utilizar esse recurso para cop
piar
arq
quivos (do Excel, Po owepoint, endereços
e da ma imagem
um m que este eja salva no H.D ou do
Intternet, entrre outros....) e textos s do mesm mo es
scâner.
documento, ba astando ape enas, o usuário clicar e
em
cim
ma do item d definido commo Hyperlinkk para acesssar Menu
M Forma
atar
o elemento
e relacionado ao o mesmo.

Com
mando Form
matação Pa
adrão

Conseente ao usuá ário “retornar” a


fo
ormatação “o
original”, ou seja, as formatações
pa
adrões do LibreOffice .orrg Writer .

Tecla d
de Atalho
CTRL
C + SHI
IFT + BARR
RA DE ESPA
AÇO

Caixa de diálo
ogo Hiperlink

Comando
o Caractere

Comando Cabeçalho
C A princípio permmite ao usuuário alterarr a
fo
onte, o tipo da
d fonte e o tamanho da
a mesma.
Pe
ermite inserir um Cabeça
alho em toda
as as página
as.
mos utilizarr alguns recursos desse
Podem
coomando attravés da barra de e ferramenntas
fo
ormatação onde
o são e encontrados os seguin
ntes
Comando
o Rodapé ite
ens:

Permite
P inserir um Rodapé em todas
s as páginas .

Ittem Fonte
mando Índiices e Tabe
Com elas
umário a partir dos título
Gera o índice ou su os
forrmatados pe
elo o usuário para a criaç
ção do
me esmo. Ittem Tamanho da Fontte

6
67
Inform
mática

Alex
xei Silva

5. Mousee
6. Teclad
do
7. Impreessora
Itens N
Negrito, Itálico e Sublinhado.
8. Monitor de Vídeo..
Exemplo de uma listaa numerada
a.

 Mousee
Item Cor da Fonte  Teclad
do
 Impreessora
 Monitor de Vídeo
Exemplo de uma listaa com Marc
cadores

Caiixa de diálo
ogo Caracte
ere

Caixa de diálogo
d Marrcadores e Numeração
o
Comando Parágrafo

Permitte ao usuárioo trabalhar com o alinh ha-


Comand o Páginas
meento do parágrafo, recuos das linhaas,
esp
paçamento e entre linhas e quebra dee linhas (órffãs
s configurações
Permite ao usuárrio alterar as
e viúvas).
v
pa
adrão da páágina para a impressão o, adaptando o o
se
eu trabalho ao tipo de ppapel que seerá utilizado na
im
mpressora, além
a de alte rar entre os
s modos retrrato
e paisagem, entre
e outros..

Caiixa de diálo
ogo Parágra afo
Existem
m alguns itens desse comando na
barra de ferram
menta formaatação, são eles:
e
Caixa de diálogo
d Esttilo de Página: Padrão
o

Comando A
Alterar Caix
xa
Alinhamento
os: Esquerda, Centraliz
zado, Direitta
É utilizado para to
ornar o texto
o selecionado
e Justifficado.
em
m Maiúsculo ou Minúscu ulo.

Comando o Colunas
Comand
do Marcado
ores e Num
meração
O usuário pode selecionar um parágrrafo
pa
ara dividir o mesmo em m várias partes, aplican
ndo
Podem mos aplicar numerações
n e marcadorres
um
ma linha en ntre as diviisões (a linha é opcion
nal)
nos parágrafo os para formmamos lista
as como, ppor
pa
ara termos um
u efeito dee formataçãoo.
exe
emplo, a listta abaixo.

6
68
Inform
mática

Alex
xei Silva

Comand
do Excluir

Permite excluir u
uma linha, coluna,
c célula e
abela em um
ta m documentto (os três primeiros itens

ão utilizados em uma tabbela já existtente).

esclar Células
Comando Me

Esse recurso é u
utilizado em uma tabelaa já
Ca
aixa de diállogo Coluna
as nserida no documento p
in para “juntar”” duas ou mais
m

élulas formando apenas uma célula.

Vejam
mos abaixo uma tabela com a sua 1ª
Coma os e Formatação
ando Estilo lin
nha mescla ada e ass duas úlltimas célu ulas
(““quadradinho
os”).
Define-se como um m conjunto de caracterrís-
ticas de forma atação que podem serr aplicadas ao 1ª LINHA MESCLADA
A
texxto (parágraafo), tabelas e listas do
d documen nto
para alterar ra
apidamente sua
s aparênciia. CÉLUL LAS MESCLAADAS
Exemplo da tabela c
com uma linnha e duas
células m
mescladas.

Comando
o Converter
r

Caso o usuário ccopie um tex xto da Interrnet


Site) e cole no
(S n Writer, no ormalmente, o mesmo virá
v
deentro de uma ta
abela. Mas
s poderemmos
“ttransformar”” essa tabe ela em um parágrafo, ou
se e vice-versa).
eja, removerr a tabela (e

Comando Classificar
r

Caixa de
e diálogo Es
stilos e form
matação vermos uma
Se tiv a lista de compras den ntro
de
e uma tabe ela ou foraa da mesm ma, poderem mos
Tecla de
e Atalho classificar oss dados n na ordem crescente ou
de
ecrescente (apenas
( texttos, números e datas) com
c
F11
F
ob
bjetivo de umma “melhor”” organização do trabalh
ho.

Com
mando Queb
bra automá
ática

Altera o alinhamento do
d parágra
afo
utilizando as seguintes formataçõe es: esquerd
da,
cen
ntralizado, ddireita e justificado.

Me
enu Tabela

Comando
o Inserir
Ca ogo Classifficar
aixa de diálo
Permitte inserir uma linha, cooluna e tabe
ela
m um docum
em mento (os dois primeiros itens ssão
utilizados em uuma tabela já
j existente)).
Comando
o Fórmula

6
69
Inform
mática

Alex
xei Silva

O LibrreOffice .org
g Writer tam
mbém é cappaz Dicionário de Sinônimo
os
de calcular (apenas cálculos “simpless”), mas na da
com
mparado ao aplicativo LibreOffice .o
org Calc. Existe
e a opção Diicionário de Sinônimos queq
pe
ermite visualizar o signifficado da pa
alavra quand
do o
po
onto de inse
erção estiverr sobre a pa alavra deseja
ada
(o
ou quando a palavra estiiver selecionnada).

Barra de Fórmulas

Me
enu Ferram
mentas

Caixa de diálogo
d Dic
cionário de Sinônimos
s
Comando Ortografia
O
Essa opção (d dicionário ded sinônim
mos)
pe
ermite tambbém a substtituição da palavra
p por um
Se voccê digitar um longo tex xto dentro do
sinônimo da mesma.
m
documento (a arquivo), é possível utilizar essse
rec
curso para c grafia em to do
corrigir os errros de ortog
Hifenização
o seu
s texto se
em precisar ler o mesm mo do início ao
fim
m.
Como
o já tratam
mos do com mando defin
nir,
artiremos para a opçã
pa ão Hifenizaç
ção que já foi
Ao uttilizarmos esse
e comando que se
uttilizada em uma
u prova.
encontra dentrro do menu ferramentas
s será aberta
aa
guinte caixa de diálogo:
seg
Define
e-se Hifenizzação a açãão de aplica
ar o
síímbolo do Hífen nas síla
abas que foram separad das
(““quebradas”)
).

Caixa de d
diálogo Verrificação or
rtográfica
Caixa de diálo
ogo Hifeniza
ação
Vejamos abaixo quais as opções para a
corrreção ortog
gráfica e gram
matical:

1. Clicar com
m o Botão direito
d do mouse
m sobre a Coma
ando Conta
agem de pa
alavras
palavra (su
upostamente
e errada); ou
O ap plicativo Wrriter possui um coman ndo
2. Clicar sobbre o Botã ão Ortograffia que esstá “e
estatístico” denominado
d Contagem de
d Palavras que
q
localizado na barra de ferramentas
s padrão; ou
u pe
ermite a vis sualização ddo número de palavras s e
aracteres no documento .
ca
3. Utilizar o M
Menu Ferram
mentas; ou

4. Botão F7 d
do teclado.
Coman
ndo Assiste
ente de mala direta

Atravéés desse ccomando é possível um


Comando
o Idioma us
suário criar uma
u mala diireta.

Esse recurso permmite a troca de idioma do


corrretor ortográfico (portu
uguês para Inglês e vicce-
versa), assim como, utiliz zar os seguin
ntes recurso
os:
dic
cionário de s
sinônimos e hifenização.

7
70
Inform
mática

Alex
xei Silva
Cttrl+Shift+Ba
arra Remove e a formataç
ção direta do
o
de
e espaço texto ou
u dos objetos selecionad
dos
(como aacontece em
m Formatar -
Formattação padrã ão)
Cttrl+Tab Quandoo posicionadoo no início de
e
um cabeeçalho, é ins
serida uma
tabulaçã
ão.
En
nter (se um Ativa o objeto OLE selecionado..
ob
bjeto OLE
es
stiver
se
elecionado)
En
nter (se um Ativa o modo de entrada de tex
xto.
ob
bjeto de
de
esenho ou de
te
exto estiver
se
elecionado)
Caixa de diiálogo Assis
stente de Mala
M Direta Cttrl+O Abre um
m documento
o.
Cttrl+S Salva o documento atual.
Cttrl+N Cria um
m novo docum
mento.
Comando
o Macros
Shift+Ctrl+N Abre a ccaixa de diálogo Modelo
os
Uma mmacro é uma a seqüência de comand
dos e docum mentos.
agrupadas commo um únicoo comando para executtar Cttrl+P Imprime
e o documen
nto.
um
ma tarefa auttomaticamen
nte. Cttrl+Q Sai do a
aplicativo.

Te alho do Writer
eclas de Ata Cttrl+X Remove e os elementtos
selecion
nados.
Teclas de Efeitos
s Cttrl+C Copia oss itens selec
cionados.
atalho Cttrl+V Cola o cconteúdo da área de
Tecla Enter Ativa o botão
b em foc
co na caixa d
de transferrência.
diálogo Cttrl + Shift + V Abre a ccaixa de diálogo Colar
Esc
c Termina a ação ou feecha a caixaa especiaal.
de diálog
go. Se estive
er na Ajuda ddo Cttrl+A Selecion
na tudo.
LibreOffice.org: sobe
e um nível.
Cttrl+Z Desfaz a última açã
ão.
Barra de espaç
ço Alterna a caixa de se
eleção
Cttrl+Y Refaz a última ação
o.
realçada em uma caixa de
diálogo. Cttrl+F Chama a caixa de diálogo
d
Localiz
zar e substituir.
Teclas de seta Altera o campo de co
ontrole ativo
o
em uma seção de op pção da caixaa Cttrl+Shift+F Busca o termo de pesquisa
p
de diálog
go. inserido
o pela última
a vez.
Tab Avança o foco para a próxima Cttrl+Shift+J Alterna a exibição entre
e o modo
o
u o próximo elemento de
seção ou e de tela inteira e o modo
m normal
uma caix
xa de diálogo
o. no Writeerr ou no Caalc
Shift+Tab Desloca o foco para o elemento Cttrl+Shift+R Desenhaa uma nova exibição do
ou a seção anterior em
e uma caix xa documeento.
de diálog
go. Shift+Ctrl+I Ative ou u desative o cursor de
Altt+Seta para Abre a lista do camp po de controlle seleção em textos somente
s
baixo atualmen nte selecionaado na caixa
a leitura.
de diáloggo. Essas tec
clas de atalh
ho Cttrl+I O atribu
uto Itálico é aplicado na
a
podem ser
s usadas ta anto para área sellecionada. Se
S o cursor
caixas dee combinaçã ão como para a estiver posicionado em uma
botões de ícone com m menus palavra,, essa palavra também
instantânneos. Para feechar uma será maarcada em ittálico.
lista aberta, pression
ne a tecla
Escape. Cttrl+B O atribu
uto Negrito é aplicado à
área sellecionada. Se
S o cursor
De
el Envia o(s
s) item(ns) estiver posicionado sobre uma
seleciona
ado(s) para a lixeira. palavra,, tal palavra também será
Shift+Del Exclui os
s itens selecionados sem
m colocadaa em negrito o.
colocá-lo
os na lixeira. Cttrl+U O atribu
uto Sublinha ado será
Backspace Quando uma pasta é mostrada: aplicado
o à área sele
ecionada. Se
eo
sobe um nível (retorrna) cursor e
estiver posic
cionado em
uma pa lavra, esta também
t será
á

7
71
Inform
mática

Alex
xei Silva
sublinhada.

Barra de Fer
rramentas P
Padrão
LibreOfffice .org Ca
alc

O Libre
eOffice .org Calc é um aplicativo q ue
gerencia plan nilhas calculando dado os simples e
commplexos co omo, por exemplo, um cálcu ulo
esttatístico. Barrra de Ferraamentas Pa adrão
Permite a utilizaçção dos com
mandos básicos
Ár
rea de T
Trabalho do eOffice
Libre Ca
alc o aplicativo Calc como, por exemplo
do o, abrir, salv
var,
(In
nterface) im
mprimir, entrre outros.

Essa barra traz v


vários botões que já forram
es
studados por
p nós no o Writer, e que serão
de
estacados alguns dos qu
ue já aprenddemos e outtros
no
ovos comanddos.

Barra de Fer
rramentas F
Formatação
o

Essa barra trazz vários botões para a


fo
ormatação ded textos, n números, ca
asas decima
ais,
es
stilo de moeda, entre ou
utros.

Área de
e Trabalho do
d LibreOffice Calc
Barra de Ferram entas Form
matação
Nesse programa irremos estudar os recurssos
esp o mesmo que são solicitados pellos
pecíficos do Barra de Sta
atus
con
ncursos públicos.
É a ba
arra localizad
da na parte inferior da tela
t
Ba
arra de Títu
ulo (á
área de trabalho do C Calc) que visualiza algu uns
co
omandos e/ /ou ações e específicas que o usuá ário
Contém
m o nome da a ___________________ __ so
olicitou como o, por exemmplo, a seleçção de mais de
(de
enominação de um arqu uivo padrão do
d LibreOfficce um
m número para somá-lo os.
Calc) e o nome
e do aplicativ
vo.

Barra d
de Status
Barra de
e Título
Tr
rabalhando
o com Fórm
mulas
Não esqueçam quue a denom minação, “Se
em
Títtulo1”, não é um arquiivo, pois o mesmo ain da O quee seria uma ffórmula no Calc?
C Define
e-se
não foi salvo. co
omo uma ex xpressão (coombinações de operado ores
matemáticos
m ou lógicoss, constantees, funçõess e
Ba
arra de Men
nus no
omes de campos)
c qu
ue pode co onter qualquer
co
ombinação de númeross, indicadorres que faz zem
Contém m os comandos do Lib breOffice Caalc re
eferência a números.
n
em
m que algun ns podem se er acessados através ddos
botões (nas b barras de feerramentas e/ou
e barra de Para utilizarmos
u u
uma fórmula a no Calc, ba
asta
sta
atus) e teclas de atalhos
s. quue o usuário o inicie a m
mesma com o sinal de “=” “
(iigual), pois o mesmo é o “símbolo” padrão do
ap c para darm os início a uma fórmula.
plicativo Calc

Barra d
de Menus do LibreOffic
ce Calc Vejam
mos a figura
a abaixo com
m um exem
mplo
de
e fórmula:
Podem u menu através da teccla
mos utilizar um
de atalho ALT
T + Letra Sublinhada.
S Exempllo:
AL
LT + A = Abbrir o menu arquivo.
a

Ba
arra de Ferrramentas

Incluemm botões na a forma de “atalho” pa


ara
os comandos mais utilizados nos me enus, ou sejja,
objjetiva facilitar a utiliz
zação dos comandos do
Uma
U fórmula inserida (digitada) na célula B2
B
pro
ograma.

7
72
Inform
mática

Alex
xei Silva

Op
peradores M
Matemático
os Percebam na fig gura acima a que quan ndo
uttilizamos endereços de células, bas
sta você alte
erar
São os sinais ma atemáticos utilizados n
nas ualquer um dos valoress (digitando um novo va
qu alor
operações de c
cálculos em geral, são eles: po
or cima do existente
e pressionar a tecla ENTE
e p ER)
pa
ara que seja recalculadda a soma.
Operação
o Operadores Cálculos
Adição
A + =15+25
= Se você aplicou u nome às s células (aos
va
alores dos Produtos, porr exemplo na figura acim
ma)
Subtração
S - =28-16
=
po
odemos som mar através d
de seus nommes.
Multiplicaçã
M o * =16*36
=
Divisão
D / =22/2
= mos a figura abaixo:
Vejam
Potência
P ^ =15^2
=
Porcentagem
P m % =17*2%
=
Menor
M que < =A2<2
=
Menor
M ou <
<= =A2<=2
=
ig
gual a
Maior
M que > =A2>2
=
Maior
M ou igual >=
> =A2>=2
=
a
Diferente
D de
e <
<> =A2<>2
= A soma dos valores s através dos nomes
onde se en
aplicados às células o ncontram os
s
O Calc trabalha conforme as regras da messmos.
maatemática, o
ou seja, se utilizarmos
u uma
u express ão
numérica, a mmesma será calculada de acordo co om O inccrível é que
e podemos nos referirr a
as regras abaix
xo: ou
utras células das p planilhas e/ou
e arquivos
diiferentes, ou
u seja, pode
eríamos esttar trabalhan
ndo
7. Potenciação; naa Planilha 1, mas uttilizando a célula A1 da
8. Parênteses Planilha 2, por
p exemplo..
9. Divisãão;
10. Multip
plicação; Vejam
mos a figura abaixo:
11. Adição
o;
12. Subtra
ação.

OBBS: as fó órmulas (c criando um ma Express ão


numérica) não haves { } e/ou colchetess [
o aceitam ch
], pois não são necess sárias para cálculos q ue
necessitem tra
abalhar em vários
v níveis..
Estamos referindo-se a célula A1 da Planilha
a2
Exemp
plos de fórm
mulas:
Se voocê precisa uutilizar uma célula que está
e
=3 esultado é 34)
3*8+10 (o re
em
m outro arquuivo, basta rreferir-se à mesma através
=3 esultado é 83 e não 110)
3+8*10 (o re
da
a seguinte sintaxe (estruutura de fórmmula):
=3 sultado é 12 e não 36)
3*2^2 (o res
=1
10+40*20 (oo resultado é 810)
=(10+40)*20 (o resultadoo é 1000)

Tra
abalhando com Referê
ências de Células
C

Para termos um u cálculo de form ma


“eletrônica”, o
ou seja, o resultado da a fórmula sser
atuualizada auttomaticamennte quando alterado u um Referência da Célula
a A1 da Pla
anilha 1 do
item da mes sma, bastaa o usuáriio digitar os arquivo AAULA.ODS
endereços das células.
Vejamos na figura abaixo: Alça de Pree
enchimento
o

Esse recurso permite facilitar o


prreenchimentto de vário os dados de e uma só vez v
baastando ape enas, clicar no “quadraddinho” que fica
f
lo
ocalizado na parte inferioor ao lado direito
d da borda
attiva, segurar o clique e arrastar para a direção
deesejada (abaaixo, acima, à esquerda ou à direita).

A soma dos V
Valores dos
s Produtos através do
os
e
endereços das
d células.

7
73
Inform
mática

Alex
xei Silva

Alça
a de AutoPreenchimento

Essa aalça também m é muito utilizada pa ara Lista


L de Valores digita
ando apenaas o primeirro
callcular auto omaticamentte certos trechos da ittem e preennchendo os s demais attravés da allça
pla
anilha, ou seja, assim que o usuá ário finalizarr a de Preen nchimento.
fórrmula e pres ssionar a te
ecla ENTER, basta dar u um
cliq
que (ou cliquue duplo), segurar
s o cliq
que e arrasttar Alça de Pree
enchimento
o para Fórm
mulas
na direção des sejada para calcular
c os demais
d valorres
refferentes a um
ma coluna ou linha. Ao utilizarmos
u a alça em m fórmulas as
mesmas
m serã
ão atualizaddas automa aticamente, ou
se
eja, os endereços de célu
ulas serão modificados.
m

Fórmula digita
ada na célula C2

Alça
A de Pre
eenchimentto utilizada na palavra
a
Plan
nilha

As
A Fórmula
as foram Au
utoPreench
hidas atravé
és
da alça

Se você arrasta ar a alça para


p baixo as
céélulas serãoo incremen ntadas (hav verá acrésciimo
dee linha) e ca
aso arraste a alça para cima as célu
ulas
seerão decrementadas (haverá a subtração da
lin
nha).

Pr nto da Coluna B utiliza


reenchimen ando o cliqu
ue Mas vamos
v sugerrir que você arrastou a alça
a
duplo sobbre a alça paara a esque
erda então houve o de ecremento de
umma coluna e se foi para a dirreita houve e o
OBBS: o duplo clique na Alça
A de Pree
enchimento só in
ncremento da
a coluna.
terrá “efeito” c
caso a colun
na à esquerda ou dire ita
estteja preenchida o que q ocasionará o s eu OBS
O 1: se você
v copiarr uma fórmula para ou
utra
preeenchimento B até a últtima linha da
o (coluna B) cé
élula a mesma terá a sua referênncia (endere
eço)
colluna A (porrque é onde e termina o conteúdo da attualizada.
colluna).

Tra
abalhando com Listas
s

mos utilizar um recurso


Podem o “inteligentte”
do Calc denomminado Listas que possu
ui alguns ite
ens
pré
é-estabelecid
dos pelo programa como, p por
exe
emplo, os diias da seman
na e os meses do ano.
Uma
U Fórmula =G10+CC9 sendo Co
opiada para
aa
célu
ula A3

7
74
Inform
mática

Alex
xei Silva

Referência
R Circular
C

É umm erro ocassionado quando o usuá ário


in
nclui na fórm
mula o ende ereço de cé
élula onde está
e
se
endo editadaa a própria fó
órmula.

Houve alteraação da fórrmula em suua cópia, o u


seja,
s o “clon
ne” dela paassou a ser =F11+B10 0

OBBS 2: se vo ocê mover/ /recortar (CTRL


( + X) a
fórrmula não sserá atualiza
ada, e sim todas
t as su
uas
forrmatações (d
da célula) pe
ermanecerãoo as mesmass.
A fórmula apresentad da na célula
a B3 contémm
Re
eferência de
e Célula Re
elativa
um erro,, pois a messma está in
nserida no
cállculo
Quando copiarmos s ou utilizarmos a alça de
AutoPreenchimmento sempre haverá a alteração da
Quanddo esse erroo aparece na a tela o mes
smo
refferência da célula (en ndereço), ou o seja, issso
re
etorna ao vaalor 0 (zero)) apresentad do na barra de
acoontece porqu
ue as células não estão “amarrada as”
sttatus do Calc
c a informaçção do erro.
om o símbolo do cifrão $) então es
(co sse resultadooé
denominado de e referência de célula re
elativa.

Exemp
plos:

=C
C9*2 (Coluna
a “C” Livre e Linha “9” Livre)

=A
A3+15 (Colu e e Linha “3” Livre)
una “A” Livre

Re
eferência de
e Célula Ab
bsoluta ( $ )
Referência Ci rcular Indireta
É quanndo queremmos tornar uma referênccia
É pos
ssível aconteecer a Refeerência Circu
ular
de célula (end
dereço) em um “valor constante”,
c ou
In
ndireta, ou seja, quanddo um ende ereço de céllula
sejja, mesmmo utiliza
ando a alça de
ap
ponta para uma
u célula e vice-versa.
autopreenchimmento (ou copiar/colar)
c o endereçço
da
a célula nãoo será alterado.
Obserrvem na figu
ura acima qu
ue na célula A3
ex
xiste um en ndereço de célula que aponta para a a
Para utilizarmos esse recurso, basta o

élula C3 e vice-versa.
usuuário aplicaar o símbolo do cifrão o $ antes da
colluna e linha da célula qu
ue será uma “constante””.
Tr
rabalhando ões
o com Funçõ
Exemp
plos:
Define
em-se fu
unções em
e fórmuulas
prredefinidas que efetuam
m cálculos usando
u valo
ores
$C$9*2 (Coluna “C” Fixo
=$ o; Linha “9” Fixo)
es
specíficos, denominado os argumen ntos, em umau
de
eterminada ordem
o ou esstrutura (sin
ntaxe).
=$
$A$3+15 (Co
oluna “A” Fixo e Linha “3”
“ Fixo)

Re
eferência de
e Célula Mis
sta

É quanndo queremos tornar uma coluna ou


linha em um “item cons stante”, ou seja, mesm
mo
utilizando a alça de autopreenc chimento ( ou
coppiar/colar) a
apenas a coluna
c ou a linha nãão
será alterada a.

Para utilizarmos esse recurso, basta o


usuuário aplica
ar o símbolo do cifrão
o $ antes da
colluna ou linha da célula que e será um ma
“co
onstante”.
Caixa de
e diálogo A
Assistente de
d Função
Exemp
plos:
Podemmos digita ar uma fun nção (caso o
$C9*2 (Coluna “C” Fixo;; Linha “9” Livre)
=$ L us
suário saiba
a a sua esstrutura), uttilizar o Me
enu
In
nserir, Opçção Função o ou o botão Assistenttes
=A
A$3+15 (Colluna “A” Livre e Linha “3” Fixo) de
e Funções (localizado
( n
na barra de fórmulas).
f

7
75
Inform
mática

Alex
xei Silva

OBBS 1: Toda função apre esenta uma “resposta”,


“ ou Sintaxes:
sejja, retorna a um valor (resultado).
(
=MÉDIA(ARGUMENTOS)
OB
BS 2: as funções do Calc
c são solicita
adas =MÉDIA(INTE
ERVALO DE C
CÉLULAS)
da seguinte forma (padrão
o “básico”): =MÉDIA(CÉLU
ULA;CÉLULA
A)
=MÉDIA(CÉLU
ULA;INTERVA
VALO DE CÉL
LULAS)
=N
NOME(ARGU
UMENTOS)
Fu
unção Máxiimo
NO
OME: é o nome da funçã
ão que será utilizada.
Resultta no maiorr valor enco
ontrado em um
RGUMENTOS: são da
AR ados que precisam sser in
ntervalo de células
c que foi digitado no argume
ento
“pa
assados” à ffunção para que ela res
sulte o “valo
or” daa função.
desejado.
Sintaxes:
OBBS 3: quando uma fun nção utiliza mais de u
um
arg
gumento (a quantidade de argume entos depen de =MÁXIMO(ARRGUMENTOS )
da função que será utilizad
da) dentro dos
d parêntesses =MÁXIMO(INTTERVALO DE
E CÉLULAS)
é necessário
n se
epará-los poor ponto-e-vírgula. = MÁXIMO (C
CÉLULA;CÉLU
ULA)
Ex
xemplo: =MÁXIMO(CÉLULA;INTERRVALO DE CÉ
ÉLULAS)

=N
NOME(Argu
umento1;Arrgumento2) Fu
unção Mínimo

Intervalos de
e Células Resultta no menoor valor encoontrado em um
in
ntervalo de células
c que foi digitado no argumeento
Todas as funções s e/ou fórmmulas do Ca alc daa função.
podem ser preenchidas por uma célula c apennas
(uttilizamos o s
símbolo de ponto-e-vírggula), duas ou Sintaxes:
maais células (u
utilizamos o símbolo dos dois pontoos)
ess caracterizado de Interva
se último é c alo de Célula
as. =MÍNIMO(ARGUMENTOS))
= MÍNIMO(INTERVALO DEE CÉLULAS)
Vejamos alguns ex
xemplos abaixo: = MÍNIMO(CÉ
ÉLULA;CÉLULLA)
= MÍNIMO(CÉ
ÉLULA;INTER
RVALO DE CÉLULAS)
=A
A2+B3 (som
mar a célula A2 mais B3))
Fu
unção HOJE
E
=S
SOMA(A2:B
B3) (somar da célula A2
2 até a célu
ula
B3) Retorna à data de hoje, ou
u seja, à data
attual, através do sistem
ma operacio
onal. Todas as
SOMA(C2;D
=S D8) (somar apenas as células C2 + ve
ezes que o usuário a brir a pastta de trabaalho
D8
8). arquivo do Calc) a data se
(a erá atualiza
ada
au
utomaticame ente.
=SSOMA(C2;D D8:D40) (so
omar a célula C2 + as
céllulas D8 até D40). Sintaxe:

gumas Funções do Calc


Alg =HOJ
JE()

Fu
unção Cont
tar Valores
Função S
Soma
oma
Botão So Resultta na quanttidade de va
alores que está
e
no
o intervalo de células ((dentro do argumento) da
Permitte retornar o valor tota al das célullas fu
unção.
que foram seleecionadas e//ou aplicar o cursor abai xo
das parcelas. Sintaxes:

Sintax
xes: =CONT.VALORES(ARGUMMENTOS)
=CONT.VALORES(INTERVVALO DE CÉLLULAS)
SOMA(ARGUMENTOS)
=S = CONT.VALO
ORES(CÉLULA
LA;CÉLULA)
=S
SOMA(INTER
RVALO DE CÉÉLULAS) = CONT.VALORES(C ÉLULA;INTERVALO DE
=S
SOMA(CÉLUL
LA;CÉLULA) CÉLULAS)
=S
SOMA(CÉLUL
LA;INTERVALLO DE CÉLULAS)
Fu
unção Cont
tar Número
os
Fu
unção Média
a
Resultta na quan ntidade de números que q
Resulta s aplicados no
a na média das células es valo de célu las (dentro do argumen
stá no interv nto)
arg
gumento da Função. da
a função.

7
76
Inform
mática

Alex
xei Silva

Sintax
xes:

=C
CONT.NÚM(A
ARGUMENTO OS)
= CONT.NÚM(
C INTERVALO DE CÉLULAS
S)
= CONT.NÚM(C
C CÉLULA;CÉL
LULA)
= CONT.NÚM(C
C CÉLULA;INT
TERVALO DE CÉLULAS)

Fu
unção SE

Podemmos utilizar no
n Calc funç
ções utilizan do
tes
stes condicionais (verrdadeiro ou falso) pa ara
terrmos duas ou mais “resppostas”.
Exemplo do AutoCálc
culo da Barr
ra de Statu
us
Temos
s dois “tipo
os” de Funções SE, ssão
ela
as:

Funçã
ão SE Simples e Compo
osta.

Sintax ão SE Simples:
xe da Funçã

=S
SE(TESTE LÓG
GICO;VALOR
R SE
S
VE
ERDADEIRO;VALOR SE FALSO).
F

Sintaxxe da Função SE Com


mposta com
m 3
“re
espostas”.
=S
SE(TESTE LÓGICO
O1; VA
ALOR SE
S Planilha
a Exemplo
VE
ERDADEIRO11;SE(TESTE LÓGICO2
2;VALOR SE
S
VE
ERDADEIRO22;VALOR SE FALSO)) Se o usuário q ar o total de
quer calcula
Elleitores em todas as regiões no ano de 20 001
OBBS 1: os arg
gumentos daa função SE sempre serrão po
oderá usar:
sep
parados por ponto-e-vírgula. =SOMA(B2:B B8)

OBBS 2: a prrimeira condição dentrro da sinta xe Se o usuário


u querr calcular a média
m anuall de
(es
strutura) da função é o TESTE
T LÓGICO. Elleitores da re
egião Norte poderá usarr:

OBBS 3: só temmos uma con ndição FALSSA que semp


pre =MÉDIA(B5:D5)
serrá “colocada
a” no final da
a sintaxe;
Caso o usuá rio utilize a funç
ção:
OBBS 4: as ffunções SE (quando compostas) só =MÍNIMO(C4:C8), o ressultado obtiddo será 190.
serrão fechadas
s (os parênte
eses) no fina
al da sintaxe
e;
Caso o usuá rio utilize a funç
ção:
OB
BS 5: quanddo utilizamo
os a função SE compossta =MÁXIMO(D D4:D8), o re
esultado obtiido será
podemos ter várias funçções SE (umma dentro da 1600.
outra).
Caaso o usu
uário utilize a
OB
BS 6: textos dentro da
a função SE
E deveram v
vir fu
unção::=SE(
(A4=”Norde este”;SOMA A(B4:D4);M

entre “aspas”. DIA(B4:B8),, o resultado
o obtido será
á 1000.

Visualizando a figu
ura abaixo te
emos na barrra Classificando
o Dados
de status do Calc a Jane ela do Auto ocálculo, q ue
permite ao usuário visualizar na tela (n ão Esse recurso pe ermite a claassificação dos
d
permitindo a impressão) o resultado o das funçõ
ões da
ados de form
ma Crescentte ou Decres scente, bastta o
que nela se encontram. É necessáriio termos n no us
suário seguir os seguinte
es passos ab
baixo:
míínimo dois v valores selecionados.
 Selecionar a coluna oou linha deseejada (apena
as a
célula refe
erente à colu
una ou a linh
ha);
 Clicar no botão corre espondente a classificação
desejada (crescente o ou decrescennte), ou

7
77
Inform
mática

Alex
xei Silva

Bo
otões Funcion
nalidades

Classific
cação Crecen
nte

Classific
cação Decres
scente

 Menu Dado os;


 Classificar;;
 Aparecerá a seguinte caixa
c de diállogo abaixo:

Caixa de diálogo
d Esttilo de Página: Padrão
o

REDES
R DE CO
OMPUTADO
ORES - TOP
POLOGIAS

Toopologia Ba arramento
Os computadore
c es em uma rede de
to
opologia des sta natureza
a se comun nicam envian
ndo
oss dados a um comp putador emm particularr e
in
nserindo essas informaçõ ões no cabo
o sob forma de
sinais eletrônicos.

Caixa de diálo
ogo Classific
car

Gr
ráficos (B
Botão Gráfiico)

Para c sta o usuárrio


criarmos o gráfico, bas
sellecionar os d
dados deseja
ados.

Será apresentada
a a seguin
nte caixa de
diá
álogo:

Topologia Barramentto

En
nvio de Sinal
S – oss envios dos sinais são
“c
carregados” um compu utador por vez, ou se eja,
po
odem-se envviar mensag ens de um por
p um.
O número de coomputadores s conectados
s a
es
ste tipo dee topologia
a (barramen nto) afeta ao
de
esempenho da rede.

Não é apenas o fato de termos muiitos


coomputadores ara que a mesma
s na rede pa m tenha a
Caixa de diálogo As
ssistente de
e Gráfico trransferência dos dados lenta, mas outros fato
ores
reelacionados abaixo:
a
Co
onfigurando
o Páginas
 Capacidaddes de hardw ware dos computadores s da
Oferec
ce vários reccursos para alterarmoss a rede;
orientação da a página (retrato ou u paisagem m),  Número de
d vezes de ttransmissão de dados;
tam
manho do papel, cabeça pé e definir as
alho e rodap  Tipos de programas
p ssendo executtados na red
de;
maargens, basta seguir os seguintes
s pa
assos:  Tipos de cabos;
c

 Menu Form
matar;  Distância entre os com
mputadores na rede.
 Página. O barrramento é uma topollogia passiva.
Os computadores em um barram mento apenas
ex
xecutam os dados que estão send do enviados na
re
ede. Se um m computad dor falhar não afetaráá o
re
estante da re
ede. Em uma a topologia
a ativa, os

7
78
Inform
mática

Alex
xei Silva

commputadores participam do envio e entrega d


dos Nesta rede, os ssinais são trransmitidos em
sin
nais movendo os dados ao
a longo da rede. cíírculo, na dirreção (sentid
do horário), passando poor
to
odos os com mputadores.. Aqui, cad da computador
Reepercussão do Sinal – Os sinais eletrônicos
e ssão attua como “a atravessadorr” para amplificar o sinaal e
enviados para a toda a rede,
r sendoo assim, elles ennviá-lo para o seguinte e. Se houver falha em um
via
ajam de uma a extremida
ade a outra do cabo. Se e o co
omputador fará f com qu ue a rede seja
s totalme
ente
sin
nal tiver a permissão o para pro osseguir se em paaralisada.
intterrupção, co
ontinuará reepercutindo para frentee e As traansmissões de dados ao redor de um
para trás ao longo do cabo, impedindo que os annel são cham madas de p passagem de d símbolo. O
outros compu utadores env viem sinais. Por isso, o síímbolo é pas ssado de coomputador a outro até que
q
me esmo deverá á ser interrrompido deppois que tivver ch
hegue a alg gum que ten nha dados para enviar. O
oportunidade de alcançarr o endereç ço de desti no microcomputa
m ador que en nvia os daddos modificaa o
adequado. síímbolo, anex xa um enderreço eletrônico aos dado os e
oss envia ao lo
ongo do anell.
Te
erminador – é utilizado para qu ue empeça a
rep
percussão d do sinal e é colocado em ca da To
opologias e Suas Cara acterísticass
exttremidade do cabo para absorver sinais livres. Pontos Pontos
To
opologias
To
opologia Esttrela Positivos s Negativos
To
opologia É mais a berto Custto de
A toppologia estrrela faz a conexão de Es
strela à falhas; insta
alação
com
mputadores por meio de e cabos a umm componen nte Fácil o maio or porque
cen
ntral chamado HUB. Os s sinais são transmitidos
t s a acréscimo o de utiliz za mais
partir do compputador que está envian ndo através do usuários à cabo os.
hub até todos os computad dores na redde. rede;
A redee possui gerrenciamento o centralizad
do, Administrração
entretanto, como cada co omputador está
e conecta do centralizaada.
a um ponto c central, estaa rede exige e uma gran de To
opologia Mais fáccil de Se uma
quantidade de cabos e um ma instalaçãoo grande, aleem Anel instalar; estação pára
dis
sso se o pontto hub falhar, a rede intteira cai. Precisa de de funcionar,
menos ca abo; todas param;
Desempe enho Os problemas
uniforme . são difíceis de
isola
ar.
To
opologia Simples e A rede fica
Ba
arramento fácil de mais s lenta a
instalar; partir da
Precisa de utilizzação de
menos ca abos; mais s
Fácil de computadores;
trabalharr. Os problemas
são difíceis de
isola
ar.

ABOS E CONECTORES
CA
Topologia
a Estrela
Caabo Coaxial
É o tipo de cabo constituído por um núc cleo
To
opologia An
nel
e cobre sólido cercado
de o por um isolante, uma u
bllindagem de e malha m metálica e uma
u coberttura
Tem fo
orma de ane
el permitindo
o a conexão de
ex
xterna. Uma a camada de folha is solante e uma
u
vários computa
adores em círculo
c és de um ca bo
atravé
amada de malha metálicca constitui uma
ca u blindag
gem
que não possui extremidad
des.
du
upla.

Blindagem é uma malh ha metálica (ou de ou utro


material)
m entrrelaçada ou retorcida qu
ue cerca algu
uns
tip
pos de caboss.

A blindagem prote ege os bits transmitidos


t s na
re
ede, absorv vendo sina is eletrônic cos disperssos,
ch
hamados ru uídos, para a que não cheguem aos
ca
abos e distorrçam as info
ormações.
Vantagens
 Baixos custos;
 Estrutura simples de implementar;
Topolog
gia Anel
 Resistência a ruídos e interferênc cias.

7
79
Inform
mática

Alex
xei Silva

De
esvantagen
ns Sua
a desvantage em é que o mesmo é frá
ágil
à interferência
a e ao ruído
 Distâncias limitadas;
 Baixo nível de segurannça; Existe
em dois tipo
os de par trançado:
t não-
bllindado (UTPP – Unshield
d Twister – Pair) e o par
Th
hinnet – Cab
bo Coaxial Fino trrançado blind
dado (STP – Shielded Tw
wister Pair).

É o m mais utiliza
ado em red des locais. A UTP
esttrutura de rrede que maais utilizada é a topologgia
barra. O cab
bo UTP é co omposto porr pares de fios,
Possui maior privilégio a ruíddos endo que cada par é iso
se olado um do o outro e toddos
ele
etromagnétic cos de baixa freqüência do que o ca bo sã
ão trançado os juntos d dentro de uma
u coberttura
gro
osso, pois soofre menos reflexões.
r ex
xterna. A vantagem do o deste tipoo de cabo é a
fa
acilidade de instalação, vvisto que, te
em uma gran nde
Alg
gumas Carac
cterísticas Té
écnicas: uttilização no setor
s telefôn
nico.

 Tamanho mmáximo Tota al: 925m.


 Tamanho mmáximo sem m repetidores
s: 300m
 Taxas de transmissãoo de dados: 1 a 50 Mb bps
(depende d
do tamanho do cabo).
 ão: por pulsos de corren
Transmissã ntes contínua
as
 Conector: conector T.

Th
hicknet – Ca
abo Coaxiall Grosso

É utiliz
zado para aproveitame
a nto em reddes
loc
cais com inteegração de serviços
s de dados,
d vozess e Cabo
C UTP – Categoria 5
imagens.
A prin
ncipal vantaagem é o se eu tamanho
o: o
Alg
gumas Carac
cterísticas Té
écnicas: UTTP não “em
mtope” os d utos de fiação com tanta
ra os de cabos.
apidez quantto outros tipo
 Tamanho m máximo Totaal: 2500m. Caategorias do
d UTP:
 Tamanho m máximo recoomendado: 117m
1
 Taxas de transmissão o de dadoss: 100 a 1 50 ategoria 1 – refere-sse ao cabo telefônico que
Ca q
Mbps (depende do tam manho do cabo). po
ode transporrtar voz, ma
as não dados
s.
 Transmissãão: por variação
v em sinal de
freqüência de rádio. Ca ategoria 2 – o cabo qu
ue permite trransmissões
s de
 Conector: tipo deriv vador Vamp piro e utiliiza da ados de até 4 Mbpss. Contém quatro pa ares
transcepto
ores (detectta a porta a elétrica do trrançados.
cabo).
Ca ategoria 3 - o cabo qu
ue permite trransmissões
s de
Ca
abo Par Trançado da ados de atté 10 Mbp ps. Contém quatro pa ares
trrançados com
m cerca de n
nove torções
s por metro.
O cabo par tranç çado é form
mado por do ois
amentos isolados de cob
fila bre. Ca ategoria 4 – o cabo qu
ue permite trransmissões
s de
Estte tipo de c
cabo surgiu com a nece essidade de se da ados de atté 16 Mbp ps. Contém quatro pa ares
terr cabos maiss flexíveis e com maior velocidade de trrançados.
traansmissão.
Ca ategoria 5 – o cabo quue permite trransmissões
s de
Sua trransmissão pode ser ta
anto analógiica da ados de atté 100 Mbp ps. Contém quatro pa ares
quanto digita al. Na tra ansmissão analógica é trrançados de fios de cobre
re.
dispensável um amplific
ind cador a cad
da cinco ou 6
Kmm. Na tran nsmissão digital,
d um repetidor é ST
TP
necessário a ca
ada 2 ou 3 Km.
K
Possui uma blinddagem interrna envolven
ndo
ada par trançado compo
ca onente do cabo.

Um cabo
c STP geeralmente possui
p 2 paares
trrançados blin odem alcançar uma largura
ndados e po
de e banda de 300
3 MHZ emm 100 metros de cabo.

Classificação
o do STP – segundo a IBM
Cabo de Pa ar Trançadoo com Cone ector RJ-45
Atualm
mente, o par pode ch hegar a umma STP ded 100 ohm ms: utilizadoo em Ethern
net,
velocidade exttremamente alta: 155 Mbps. au
umenta a resistência con
ntra interferência

8
80
Inform
mática

Alex
xei Silva

ele
etromagnétic
ca do fio de
e par trançado, sem fazzer
com
m que o cab
bo seja maior e mais pes
sado.

Caso não seja aterrada uma u de suuas


exttremidades (cabo), a blindag
gem irá se
tra
ansformar e em uma an ntena, e teeremos sériios
pro
oblemas na conexão.

Ima
agem do HU
UB de 16 po
ortas
Tiipos de Hub
bs:

Hubs Ativos – repete em os sinnais recebid


dos
re mos para as estações de
etransmitindo os mesm
trrabalho.

Hubs Passivos – servem apenas com mo “pontes” de


co
onexão, ou seja,
s só repa
assam os dad
dos recebido
os.

Hubs Híbridoss – servem para conecttar vários tipos


de
e cabos diferrentes.
Rolo do C
Cabo Coaxia
al de até 15
50 metros
Hubs Intelige
entes – permmitem moniitoramento dos
d
STP dde 150 ohm ms: utilizaddo nas red des da s de softwarre e detectam as falhas da
ados através
TokenRing. O cabo inteiro é blindado para reduzirr a co
onexão.
intterferência d
de radiofreqü
üência, como cada par de
fios trançados s é separad do um do outro
o por uum Hubs Empilhaados – perm
mite um connjunto de Huubs
blindagem, alé ém disso, cada par é traçado para q ue co
onectados ao mesmo, o ou seja, po
odemos coloocar
os efeitos do cancelamento sejam ap proveitados ao em
m suas po ortas mais hubs insttalados, ass sim
má áximo. eremos, vários hubs, e a rede en
te nxergará co
omo
O cabo de pa ar trançado o utiliza os fo
osse apenas um.
con nectores do tipo RJ-45 é utilizado para
p conectaar-
se um cabo a Interface de rede do o computado or. Hubs de Múltipla Velo ocidade – utilizam umau
Ess se conector é semelhan nte ao conec ctor telefôniico memória
m próp viar os dado
pria para env os recebidos
s da
RJ--11. Embora a pareçam igguais há dife
erenças: o R RJ- re
ede e pod dendo tamb bém operar com várrias
45 é maior e não se con necta à tomada telefôniica ve
elocidades diferentes.
RJ--11. O cone ector RJ-45 aceita oito conexões de
cab bos, ao pa asso que o RJ-11 adiiciona apen nas OBS:
O Existem Hubs co om taxa de e transmiss são
quatro. de
e dados na a faixa de 10 Mbps, 1001 Mbps e 1
Gbps.
Pontes
É um equipamen nto utilizado para interligar
Conector do
ois tipos de
e rede, LANN, ou grupos de trabalhos
(E
Estações).
RJ‐45
Fu
unções do Equipamen
nto:

 Ler os daddos e retran smiti-los;


 Não transsmitir os dad
dos com erro os;
Eq
quipamento
os  Armazena ar os dados qquando o trááfego for muuito
intenso.
Re
epetidores – Repeaterr Sw
witch
São equipamento os (pontes)) que utilizzam
É um amplificador de sinais enfraquecid dos vá
árias portas enviando to odos os dadoos apenas para
p
de uma rede ffortalecendo o-os para pooder passar os a porta de destino.
meesmos para uma nova “p parte” da redde.
HU
UB
É um ddispositivo que
q centraliza as conexõ
ões
da rede para si, evitando dados “crruzados” pa ara
não ocorrer pproblemas, e possibilita ando também m,
maaior segurança dos dado os no sistemaa.

Imagem do Switch

8
81
Inform
mática

Alex
xei Silva

Tipos de
e Redes de transmmissão de ddados muito
o baixa (ban
nda
estreita de até 56Kbp
ps).
 PAN ((Personal Area
A Netwo ork - Rede d de
 LPCD (Liinha Privad da para Com municação de
Área Pessoal). Rede de cu urta extenssão
dados/Dedicada): utilização
o da lin
nha
chegan
ndo apenas a algumas s dezenas de
telefônica digital feita
a entre doiss computado ores
metros
s. Utiliza umma conexão sem fio, p por
(“computa adores”), co onectados 244 horas por dia
exempplo, são as re
edes bluetoo
oh e UWB.
no qual o usuário pa ga pelo serv viço. A taxa de
transmisssão de dadoss no Brasil é de até 2Mbps
 LAN (Local Arrea Netwo ork – Red de
(teoricamente).
Local)). Interliga os computaadores denttro
de umm mesmo espaço
e físic
co como, p por
 ISDN (Rede D
Digital de
d Serviç ços
exempplo, nas empresas, esco olas e até na
Integraddos): utiliza a linha telefônica dig gital
sua res
sidência.
com divissão de band da em 3 caanais com umau
taxa de trransferência de 128Kbpps permitind do a
 WLAN N (Wireless s Local Area Network k –
transmiss
são de voz e imagens simmultaneame ente
Rede Local sem Fio). Esta é uma opçção
(com tran
nsmissão de dados um pouco
p “alta”)).
para não se utiliza
ar cabos. Estte tipo de re de
conectta-se a Inteernet e é muito
m utiliza do
 ADSL (Asynchono ous Digital Subscrib ber
nas reesidências, empresas e em lugarres
Line): lin
nha telefônicca digital ass
simetria (pos
ssui
público
os.
taxas de transmissão o diferentes para envia ar e
receber dados) pod dendo alcan nçar taxas de
 MAN (Metropoliitan Area Network –
transferên
ncias de 25 56Kbps, 51 12Kbps até é 8
Rede Metropolittana). Podeemos conecttar
Mbps (depende da op
peradora de
várias redes loc cais de umma empressa,
telecomunnicações da sua região)). Esse tipo de
mesmo o que esteja
am em prédios diferente
es,
conexão exige u
um modem “especcial”
em algumas dezenas de qu uilômetros de
denomina ado MODEM ADSL.
distânc
cia.
 ADSL2 (Asynchono ous Digita al Subscribber
 WAN (Wide Area Netowork – Rede d de
Line): coonexão cria da em Junho de 2002 2 é
Longa a Distância a). Esta rede perm ite
uma “atu ualização” em relação o a ADSL. A
conexãão entre estados, países e
velocidade do ADSLL2 chega até a 24Mb bps
contine
entes.
(depende da operado ora de teleco
omunicações
s da
sua regiã
ão). Esse ti po de cone exão exige um
 VPN ( (Vitual Priivate Netw work – Red de
modem “especial” denominaado MOD DEM
Virtua ma conexão de
al Privada). Utiliza um
ADSL2..
interneet para estabelecer uma
a ligação enttre
duas rredes locais de uma em mpresa (mattriz
Co
onexão a Cabo
C
e filial), por exeemplo, cripttografando os
dados.
 Cable Modem:
M é o tipo de conexão fe eito
A Inte
ernet através do cabo coaxxial (cabos utilizados para
antena externa e//ou TV a cabo) que q
teoricame
ente pode aalcançar até 30Mbps co omo
É um ttipo de rede denominada WAN (red de taxa de transferência
t a de dados. Na prática as
xtensa) qu
ex ue permite e que dois ou ma ais operadoraas de TV oferecem serviços de
com
mputadores se conec ctem atravvés da lin ha 70Kbps até
a 150 Mbp ps.
telefônica, Cab
bo, Microonddas, Rádio e Fibra Óptica
a.
Co
onexão por
r Fibra Óptiica
Me
eios de Ace
esso (Conex
xão) à Internet
 WDN: utiliza
u Fibraa Óptica com taxas de
Existem
m várias formas de co onexão com a transmisssão de da ados de até 14,4Tbps
Intternet desdee a linha tele
efônica (o meio
m de acessso (teoricamente). Atua almente (naa prática) são
ma ões sem fios .
ais utilizado no Brasil) atté as conexõ utilizadas taxas de tra
ansmissão em Mbps até 60
Tbps.
Iremos
s destacar abaixo os o tipos de
con
nexões poss
síveis para utilizarmos
u a Internet, ta
ais Co
onexão por
r Eletricidad
de
com
mo:
Algummas Connexões por
p Linhha  PLC (P
Power Liine Comm munication ns):
Te
elefônica: conexão feita
f atravéss de fio eléttrico com taxas
de até 200Mbps
2 q
que são div vididos por 50
 DIAL-UP (Discada) ): utilizaçãão da lin ha casas, dando uma tax xa de 400Kb bps por casa..
telefônica analógico e//ou digital onde
o o usuárrio
paga (p
pulsos) a uma empresa
e de
telecomunicações. É capaz
c de tra
ansmitir vozz e
imagens de forma prec cária, pois possui
p taxas

8
82
Inform
mática

Alex
xei Silva

Co
onexão sem
m Fio

Wirele
ess: conexãão sem fio que pode sser
feita através d
de microondaas (rádio e antena)
a ou v
via
sattélite (DHT – Direct To Home) alca ançando tax
xas
de 40 Mbps distribuídos com
c taxas de
e 600 Mbps s.

Blu
uetooth

A tecn
nologia Blueetooh é um padrão pa ara
communicação sem-fio de baixo custo e de currto
alc
cance. Atravvés dessa tecnologia é possível à
ansferência de dados sem fio en
tra ntre aparelh
hos
ele
etrônicos quue podem ser telefon nes celularees,
Palmtops, com mputadores,, scanners, impressoraas,
equipamentos de escritórrio ou qualqquer aparel ho
que possua umm chip Blueto
ooth.

V
Versões do Bluetooth
Ano Versõess Tax
xa de
La
ançamento Trans
sferência
1994 1.0 721
1 Kbps
2004 2.0 2 Mbps
2009 3.0 26 Mbps
Final
F 2009 4.0 1 MB/s

A estrutura
e “
“física” da Internet
I Atual Estrutura físiica da Inter
rnet

A Inte
ernet, atualmmente, funciona de formma No exemplo aci ma temos um quadra ado
“in
nterligada” eentre várioss centros dee computaçção es
scuro com a letra “B B” ao centro do mes smo
(laboratórios dde pesquisa as, bibliotec
cas, empressas in
ndicando que e é o BACK KBONE (“es spinha dorsa
al”)
públicas/privaddas, etc.), mas
m não exisste um “don
no” daa Internet por onde passsam todas as informações
da rede, ou seja, a Internet nã ão pode sser daa rede para todo o plane
eta terra.
“deesligada” (desconectada a) por uma empresa e/ ou
usuuário da mesma. Se
ervidor

Devemmos saber quue o BACKBONE é qua ase Na figura an


nterior in
nterligado ao
um
m “centraliza
ador” da Inte
ernet, pois os
o dados terrão BA
ACKBONE está o SE RVIDOR (é é um tipo de
que passar peelo o mesmo e não há (atualmentte) omputador que fica liigado 24 horas
co h por dia
outra forma de
e transmissãão de dados da Internet. se
ervindo à rede), ou seja a, oferecend
do o serviço de
co
onexão a todo o m momento co om todos os
Cada região (Ciidade, Esta ado e Paíss), co
omputadores s interligado
o a Internet.
dependendo daa quantidade de usuário
os da Interne
et,
possui um BACKBON NE cujo equipamen nto Esse SERVIDOR R “pertence”” às empresas
normalmente pertence às em
mpresas de de
enominadas de PROVED DOR DE AC CESSO, pois s as
telecomunicaçõ
ões. mesmas
m são os “repasssadores” do os serviços da
In
nternet (conexão, e-maiil, bate-papo
o, etc.) para
a os
Caso o
o(s) BACKBO ONE(s) da região
r Centrro- suários finais que estã
us ão na ponta a (usuários da
Oeeste tivessem
m uma “pane” o que aconteceria co om ede) da figura ao lado.
re
a Internet?
I É simples. Apenas aquela
a região fica ria
tem
mporariamen nte sem conexão, bastando os A vellocidade de e transmis ssão de daddos
usuuários espeerarem o “concerto”
“ (resolução
( do en
ntre o SERVVIDOR (em mpresa que presta serviços
pro
oblema) para poderem se s conectar novamente.
n de
e conexão entre outros)) e a EMBRA ATEL (empresa
e telecomunicações Multtinacional qu
de ue aluga o
Vejamos na figura
a abaixo com
mo funciona
a a
Intternet atual:: BAACKBONE) é extrema amente alta,, pois utiliz
zam
Fibras Óptica,, Satélites, e
etc.

Cliente

Define
e-se como pprogramas servidores
s e//ou
ap
plicativos in
nstalados noo computaddor do usuá ário
pa
ara “administrar” o en nvio e o recebimento dos
d
da
ados através s de uma redde.

8
83
Inform
mática

Alex
xei Silva

Esses programas estão insta


alados em u
um orriginal ainda não é possíível, pois quando enviam
mos
SEERVIDOR d do PROVE EDOR DE ACESSO, e e//ou recebem mos os dado os da Internet, os mesm mos
tam
mbém, em nnossos comp
putadores. seempre serã ão “partidoss” em bits s para serrem
trransmitidos através
a da re
ede.
Por ex
xemplo, casoo você envie um arqui vo
do Word por e-mail, o mesmo não o chegará de Protocolos
imediato ao “computad dor destinoo”, ou sejja,
primeiramente e será enviaado para um
u SERVIDO OR Comoo os comp putadores de diferen ntes
atrravés de um m ou mais BACKBONE
B aguardandoo a marcas,
m moodelos e sistemas operacion
nais
sollicitação do receptor pa egar o arqui vo
ara descarre trransmitem dados atravéss da Interne
et?
que está no prrovedor de acesso.
a
É simples. Por co
onseqüência dos Protocoolos
Vejamos abaixo
o um esquema
e de quue são algunns padrões utilizados attualmente para
p
envio/recebime
ento de dados através da
d Internet: poodermos env viar e receb
ber informaç
ções através da
In
nternet send do TCP/IP (Transmis ssion Conttrol
Protocol/Int ternet Prrotocol) o protocolo
(““regra”) pad
drão.

Para uma melho ensão dizem


or compree mos
qu
ue seria uma “lingua agem” mundial como o o
In
nglês para podermos
p (o dores) entender
os computad
un
ns aos outro
os.

O Protocolo TCP/IP

É o conjunto
c de protocolos com normas e
re
egras que peermitem a ccomunicaçãoo, transferên
ncia
de
e dados, serrviços em re
edes entre diferentes
d tipos
de
e computad dores, ou seja, seria uma “líng gua
un
niversal” com
mo, por exem
mplo, o Inglês.

Iremoos desmemb brar o TCP


P do IP para
p
po
odermos co ompreender melhor o funcioname
ento
de colos padrão .
esses protoc

Quanddo estamoss conectados s a Internet o


no
osso computtador (e toddos os outros conectadoos a
re
ede) recebemm uma num meração ideentificada co
omo
IP
P (número IP) para o SERVIDOR R “saber” para
p
on
nde irão env
viar e/ou rece
ceber os dados da Intern
net

Envio
E e Rec
cebimento dos
d dados na
n Internett O TCPP fica “respo
onsável” por “enumerar”” os
co
omputadores s com um nú úmero IP, ou
u seja, contrrola
Quando o usuário enviou o e-mail esssa a transferência dos dadoss na Interne
et não deixan ndo
infformação foii passada pa ara o provedor de acessso ha
aver a duplic
cação do Nº IP.
(quue o usuárioo utiliza parra se conectar a Interne et)
sen ndo o dado absorvido pelo
p servidorr que perten
nce Regras
R do IP
P
à empresa
e (pro
ovedor).
Existe
em algumass observações que dev vem
O E-mmail será arm
mazenado pelo servidorr e se
er feitas pa ara o IP, oou seja, co omo o mes smo
só será repass
sado quandoo o remeten
nte “baixar”” o fu
unciona e qu uem “cria” o IP nos computadores da
meesmo. re
ede (Internet).
Os Servidores
S dos Pro ovedores de
Pa
acote (Grup
po de bits) Acesso (e de redes em gerall) aplicam os
deenominados números IIP que são formados por
Definem-se como o os dados que ssão quuatro númerros sendo seeparados porr ponto onde
e só
enviados atrravés da rede (Inte ernet) sen do vaariam entre 0 a 255 (p por enquan nto, pois está
subdivididos em bits e agrupados s em Grupoos emm estudo o “acréscim mo” de com mbinações dos
d
(pacotes) qu ue podem viajar pelo os canais de números IP P) nos comp putadores in
nterligados em
com
municações para o comp
putador rece
eptor. umma rede (Local, Metrop politana ou Extensa) para
p
id
dentificação dos mesm mos como, por exemp plo,
Se voc cê pensou que
q um arqquivo (dad o) 2000.190.123 3.1 ou 19 92.168.0.1 (número IP
era
a transmitido para outrro computad dor através da “p
padrão” para um servid dor de uma a rede locaal –
eta”, ou seja, no tamanh
Intternet de forrma “comple ho LA
AN).

8
84
Inform
mática

Alex
xei Silva

Quando você se conecta a Internet ou a FT TP (File Transfer Protocol/P Protocolo de


um
ma rede loc cal (no trabalho, na faculdade, na Tr ransferência de Arq quivos) : é usado para
p
universidade, entre outross) o seu mic
crocomputad dor trransferência interativa de arquivos
s (download
d e
rec
cebe o núm mero IP auttomaticamen nte “aplicad
da” up pload) no qual só p poderemos enviar/receber
pelo servidor da rede parra podermos s navegar ( na arrquivos completos (em sseu tamanhoo total);
Intternet) ou p
pesquisar a “numeração o” de um livvro
que se encontra na bibliotteca da sua faculdade, p
por SMTP (Simple Mail Transsfer
exeemplo. Protocol/Pro
otocolo d
de Transferência de
Co
orreio Simmples):é responsávell por env viar
Estand
do o computtador conecttado a rede,, o mensagens
m de
e correio ele
etrônico para
a o servidor;
meesmo terá a sua numerração (N° IPP) especifica do
pelo servidor no qual esse núme ero não se erá MAP
IM (Interactive
( e Mail Acceess
“re
epetido” em outro comp
putador que também esstá Protocol/Prootocolo de e Acesso de Mensage ens
con
nectado a rrede, ou se
eja, não poode haver u um In
nternet): é responsáve el pelo rece
ebimento do o e-
meesmo núm
mero IP para doiss ou maais mail,
m mas aoa invés d de baixar o mesmo no
com
mputadores. co
omputador do usuário será trans sferida apennas,
um
ma cópia do
o correio ele
etrônico, perrmitindo ass
sim,
Quando você desconectar o computad dor qu
ue outros computado ores possam m “baixar” o
(qu
ue estava uttilizando) da
a rede o mes smo “perderrá” mesmo
m e-maiil;
a numeração
n IP que esta ava utilizand
do e um outtro
com
mputador q que irá se conectar a rede pode erá POP3 (Post Office Protocol/P Protocolo de
rec
ceber o núm
mero IP que o seu compu utador utilizo
ou. Coorreio Eletrônico): é responsável por verificaar e
en
nviar e-mail que está aarmazenado no servidor de
Assim teremos uma “haarmonia” de mensagens
m para
p o com putador do usuário. Esse
E
endereços IPs na rede paara não havver “conflitoss”, prrocesso implica na remooção do e-mmail do servidor
ou seja, pro oblemas entre as conexões
c d
dos de
e mensagen ns para o coomputador do d usuário não
n
mputadores.
com po
odendo o mesmo
m e-maail ser “baixado” em ou utro
co
omputador;
Ca
amadas do T
TCP/IP
TE
ELNET : pro
otocolo que p
permite o ac
cesso remoto
o.
O TCPP/IP usa um modelo de e comunicaçção
de quatro cam
madas para transmitir (enviar/recebe er) amada de Transporte
Ca T (3 Camada
a)
dados entre vvários tipos de computadores (de u um
lad
do para outro
o). Veja tabe
ela abaixo: É a camada qu ue ordena e organiza
a a
co
omunicação entre omputadore
co es, ou se
eja,
Camadas do TPC
C/IP (Proto ocolos) se
egmenta (eenvia/recebe
e) os dadoss em pacootes
4 Camadaa - BGP, DHCP, DNS S, FTP, HTT
TP, (e
empacotar e desempacottar).
Aplicação
A IMAP
P, LDAP, MGCP,
M NNT
TP,
NTP, POP, ONC/RPC, RT TP, Vejam
mos abaixo o a funcio
onalidade d
dos
RTSP
P, RIP, SIP, SMTP, SNM P, prrotocolos dessa camada :
SSH,, Telnet, TLS
S/SSL, XMPPP
TC CP (Transm mission Con ntrol Protocol/Protocolo
3 Camada - TCP, UDP, DCCP,, SCTP, RSV
VP de e Controle de Transm missão): é o protocolo queq
Transporte
T trransmite pac cotes em g rupos contrrolando o flu uxo
2 Camada - OSPFF, IP, IPv4, IPv6, ICM P, pa ara aumenttar a eficiê ência da tra ansmissão dos
d
In
nternet ICMPPv6, ECN, IGGMP, IPsec da ados, ou sejja, é ele o ““gerente” daas transmissões
1 Camada a - NDP,, ARP, L2TP P, PPP, MA C, de e arquivos pela rede. E Ele atribui um
u número de
Rede
R Etherrnet, DSL, RDIS,
R FDDI seeqüência parra cada paco ote e usa umma confirmação
de e recebimennto para verrificar se o computador
c de
Ca
amada de A
Aplicação (4
4 Camada) de estino recebeu um grupo o de pacotes
s;

UDP (User Datagram Protocol/ /Protocolo de


É a ca
amada superrior da arquitetura TCP//IP
Datagrama de d Usuário)): fornece a entrega ráp
pida
onde todos o os aplicativ
vos e utilitá
ários (corre
eio
ele do
os dados se endo um prrotocolo mais simples queq
etrônico, aacesso rem moto, transferência de

ão é orientado para con
nexões de grrandes tráfeggos
arq
quivos, aberrtura de pááginas da Innternet, enttre
co
omo a Internet, ou se eja, é mais utilizado para
p
outros) estão incluídos ne
essa camadaa e usam pa ara
obter acesso à rede. re
edes locais. Ele
E não é ca
apaz de ordeenar o fluxo dos
d
ados não garantindo a e
da entrega dos mesmos.
m
Vejamos abaixo a funcionalidade d dos
prootocolos des
ssa camada: Ca
amada da Internet
I (2
2 Camada)
HTTTP (Hiper Text Trans sfer Protoccol/Protoco
olo
dee Tranferên ncia de Hippertexto): é usado paara Essa camada é respo
onsável p
pelo
tra
ansferir dad vos) que compõem as
dos (arquiv en
ndereçamento, empaccotamento dos dad
dos,
páginas da Intternet (Web – World Wid
de Web); ve
erificando quual o caminh
ho por onde serão enviad
dos
e desempacottados.

8
85
Inform
mática

Alex
xei Silva
119 Newsgroup (NNTP)
IP (Internet Protocol/P Protocolo da
d Internett): 143 IMAP
P
pro
otocolo ressponsável pelo
p endere
eçamento de
em transmittidos e por levá-los a s eu
pacotes a sere 194 IRC
destino;
443 HTTP
PS
ICMP (In
nternet Control Messag ge
Protocol/Pro otocolo de Mensagem de Contro ole 546 DHCP Client
Internet): é o proto ocolo respo onsável pe ela
tra
ansferência de mensag gens entre roteadores e 547 DHCP Se
erver
esttações de trabalho (Workstatio on) da re de
o e reportan do
forrnecendo as funções de diagnóstico
os erros devido
o à entrega sem êxito de dados; En
ndereços da Internet

utros Protocolos
Ou Quanddo estamoss utilizando o a Intern net,
ormalmente, digitamos endereços do
no d tipo (WW WW)
Além dos princ cipais proto ocolos visttos no
o Internet Explorer,
E porr exemplo, para poderm mos
anteriormente existem outros tipos que ssão na
avegar atravvés da redee. É lógico que
q não exiiste
sollicitados pelo
os concursos
s, são eles: ap
penas esse tipo de end dereço, pois
s precisaremmos
sa
aber alguns tipos de eendereços so olicitados pe
elos
HTTTPS: protoc colo responssável por ab
brir páginas da oncursos e como são as estruturas dos
co d mesmos.
Intternet segurra, ou seja, que estão criptografaddas
(sistema que permite “e embaralhar” os dados na A prin
ncípio é neccessário lem
mbrar que para
p
tra
ansmissão dos mesm mos através s da rede e). es
starmos con nectados a uma rede precisamos ter
Caamada: Apliicação. odos os elementos neccessários a uma conex
to xão
(linha telefôn
nica, cabos, provedor ded acesso,enntre
DHHCP (Dyynamic Host Configuratio
C on ouutros), pois não seria p
possível se não
n tivéssem
mos
Protocol/Prootocolo de Configuraç ção Dinâmic ca oss mesmos.
de
e Host): prrotocolo que e permite a configuraçção
automática d dos Númerros IP de Workstati on Vejammos abaixo a
alguns tipos
s de endereços
(Es
stação de Trrabalho) apllicando –os / removend
do- da
a Internet:
os quanddo as estações esttão
con
nectadas/de
esconectadas s da rede. Camad da: HOST: é um u computtador conec ctado a re ede
Ap
plicação. prrestando serrviço 24h po
or dia. É resp
ponsável pelo o
ndereçamento.
en
A World
W Wide
e Web
EN
NDEREÇO LÓGICO:
L é o endereço IP que indic
ca a
WWWW (World Wide We eb/Rede Mundial):
M é o Re
ede e o HO OST, ou sejja, através do número IP
con
njunto (sisttema) de informações s distribuída
as, co
omo, por ex
xemplo, 192 2.168.0.1 in ndicando que o
baseado em h hipermídia, ou seja, é a “junção” de co
omputador “X”
“ se referre ao númerro atribuído ao
som e imagem m na rede (IInternet). mesmo
m e esta
ando conectaado a rede.

Po
ortas ENNDEREÇO URL: é o endereço o utilizado no
prrotocolo (WW
WW) que pe rmite a nave
egação na re
ede
po
ossuindo um ma estrutu ra de endereço defin nida
São loccais de comunicação (“n
números”) q ue
co
omo, por exeemplo,
possibilitam a transmissão dos dados através d dos
meesmos para passar as in nformações da camada de
HT
TTP://WWW W.MICROSOFT
FT.COM.BR;
Ap
plicação (1ª CCamada do TCP/IP)
T a a camada de
para
HT
TTP://WWW W.GLOBO.CO M;
Tra
ansporte (2ª ª Camada do o TCP/IP).
HT
TTP://WWW W.UNB.BR;
TP://FTP.UOL.COM.BR;
FT
PORTA ÇÃO
DESCRIÇ TTP://CHARGES.UOL.CO
HT OM.BR;
HT
TTP://WWW W.UOL.COM.BBR/ESPORTE
ES;
20 FTP HT
TTP://WWW W.IPAD.COM. BR/PROVA.P
PDF

21 FTP – Con
ntrol EN
NDEREÇO ELETRÔN ICO (E-M
MAIL): é o
en
ndereço que
q possiibilita a transferênncia
23 Telnett (e
enviar/receber) dados (ttextos e imaagens) poden ndo
an
nexar vários tipos de arq
quivos.
25 SMTP
Ex
x: alexeisilv
va@gmail.c
com
53 DNS

80 HTTP

110 POP3

8
86
Inform
mática

Alex
xei Silva

Browser (Nav
vegador)
Botão Vo
oltar
É um aplicativo que
q permite usar a Worrld
Wide Web para navegarmos entre div versas págin
nas
da Internet. Esse pro ograma suporta outrros
Permite retornarr a página (endereço da
pro
otocolos da Internet alé
ém do seu padrão que é o
nternet) ante
In acessada (visitada).
eriormente a
WWWW.

Utilizan
ndo um Browser você poderá
p ver u
um
documento c contendo desenhos,
d textos, fottos Botão Avançar
inttegrados ou linkados (uttilizando link
ks) ou mesm mo
áudio e vídeo.
Permite avançar uma ou ma
ais páginas que
q
Existemm alguns Brrowsers mais utilizadoss e á foram acessadas.

con
nhecidos n no mercado o, são ele es: Intern net
Ex
xplorer (ess se programaa pertence a Microsoft e,
Botão
atu
ualmente, e está na versão 11.0, atualmente,
a é
Atualiz
zar
muuito utiliza
ado nos concursos), Netscap pe
Naavigator, MMozilla Firefox, Opera a e o Goog gle
Ch
hrome. Esse botão permmite a soliccitação de um
no
ovo carrega amento da página solicitada peloo o
Para o
os concursos
s em geral é utilizado o us
suário (quanndo o mesm mo digitou o endereço do
Intternet Explo
orer 11, Mozilla
M Fireffox e Goog gle ando” ao Brrowser uma nova busca do
Siite) “ordena
Chrome, por isso, iremos abordar o mesmo nessse Siite.
maaterial.
Esse processo irá
á copiar os novos
n dados do
Na
avegador In
nternet Exp
plorer 11 á sendo util izado no momento pelo
Siite que está o o
suário e/ou carregá-lo por comple
us eto caso o Site
S
É o naavegador da Microsoft que está sen do nã
ão tenha sido “aberto” a
anteriormentte.
ma o pelos os usuários e os concurssos
ais utilizado
sen
ndo o mais c conhecido no
o mercado de
d trabalho. O comando Atua alizar pode ser acessa
ado
attravés do Me
enu Exibir.

Tecla d
de Atalho
Botão F5

Botão
mper
Interrom

Permite “paussar” a abertura (o


ca
arregamento
o) da págin na solicitad
da através do
en
ndereço (UR
RL) digitada ppelo o usuárrio.
Na
avegador da
a Microsoftt – Internett Explorer 1
11
Esse comando p ode ser ace
essado através
Para uutilizarmos esse progra
ama, basta o do
o Menu Exib
bir, opção P
PARAR.
usu
uário digitarr o endereç
ço da Intern
net no cam po
endereço (ta ambém con nhecido como URL) e Tecla d
de Atalho
pre
essionar a te
ecla ENTER. Botão ESC
C

Botão Ín
nicio
Digitação do endereçço (URL) na
a barra de
Endeereço do Internet Expllorer
Permite carregaar a página que está e
Bo
otões do Na
avegador In
nternet Exp
plorer prreviamente configurada no Browserr, ou seja, que
q
o usuário aplicou na configuração o do Interrnet
Exxplorer.
Nos cooncursos é comum ser solicitado à
ncionalidade dos botões do Brow
fun wser Internnet
Todass as vezes que o usuário ativarr o
Ex
xplorer e p por essa razão iremo
os destacá-llos
Browser (clique duplo no ícone do Interrnet
abaixo.
Ex
xplorer), o mesmo irá acessar o Endereço
E (URL)
de
efinido na co
onfiguração d
do programa
a.

8
87
Inform
mática

Alex
xei Silva

Para aalterarmos o endereço encontrado


e na
página inicial d
do Internet Explorer, ba
asta o usuárrio
seg
guir os seguintes passoss:

 Clicar no Menu Ferrramentas;


 Opções s da Interne et;
 Clicar na Guia Geral;
 Clicar na caixa (retângulo branco) da
páginaa inicial e dig
gitar o enderreço desejad o.

Lista Fa
avoritos

Para adicionarmo
a os um endere eço de um Site
S
noos Favoritoos, basta o usuário primeirame ente
accessar o endereço
e deesejado, cliicar no bo
otão
Fa
avoritos e clicar no b botão Adicionar (que está
e
ocalizado na Janela acima
lo a).

Caixa de
e diálogo Opções
O da Internet

Botão Fe
eed Ca
aixa de diállogo Favoriitos

Guia Históric
co
Permitte visualizarr as últimas
s atualizaçõ
ões
que foram rea alizadas no site que o usuário esstá Essa Guia visuaaliza os Sittes que forram
navegando atrravés de link ks dentro de
e uma páginna. visitadas anteriormente pelo o usu uário de forrma
Estte recurso u
utiliza o prottocolo RSS (Really
( Simp
ple crronológica (dias, semannas e horas s) dos últim
mos
Syndication). accessos permmitindo a “u
utilização” rá
ápida dos siites
visitados rece
entemente.
Botão
o
Pesquis
sar Botão Ler
Emaiil
Coloca
a o ponto de
e inserção de
entro da cai xa
da barra de endereços e solicita ao usuário a Acessa as funcionalidades de
gitação do tema a serr pesquisado no Site de
dig nvio/recebim
en mento de e-m
mails do pro
ograma Outlo
ook
busca da Micro
osoft. Ex
xpress, mass o mesmo deverá esttá instalado no
co
omputador para
p o botão ter funciona
alidade.
Botão
o
Favorito
os Botão
Imprim
mir
Aprese
enta uma lista (ao lado direito do
orer) para o usuário adicionar Lin
Intternet Explo nks Permite imprimir a página que
q está sen
ndo
das páginas que mais gos sta, ou visuaalizar os fee
eds o momento (acessada) pelo o usuário,
visualizada no
de um site, ou exibir o histtórico de nav
vegação. mas
m o coman ndo Imprimirr também é encontrado no
Menu
M Arquivvo.

8
88
Inform
mática

Alex
xei Silva

Navegador Google
G Chro
ome
Opção Segu
urança
Este Browser
B é ddesenvolvido
o pela empresa
Esta opção do nav vegador Inteernet Explorrer Google, mas os seus componente es utilizam as
esttá sendo muuito utilizada pela FCC attualmente. re
egras do softtware livre.

Se voccê clicar co
om o botão esquerdo do
moouse sobre a opção seguurança iremos visualizarr o
seg
guinte menuu abaixo:

Navegador
N G
Google Chrom
me

Para utilizarmos esse progrrama, bastaa o


ussuário digita
ar o endereeço da Interrnet no cam
mpo
egurança da barra de com
Menu Se mandos. en
ndereço (também co onhecido co omo URL) e
prressionar a tecla
t ENTER..
Tra
abalhando com Guias (Site(s) na
a mesma
jan
nela)

A parttir da versão 7 do Inte ernet Explorrer


podemos abriir vários site através de guias na Digitação
o do endereeço (URL) na
n barra de
meesma janela.. Vejamos ab
baixo a figurra exemplo. Enddereço do G
Google Chrome

Botões do Navegador IInternet Ex


xplorer

Nos concursos
c é comum seer solicitado
o à
fu
uncionalidade
e dos botõ owser Google
ões do Bro
Chrome e por essa rrazão iremo os destacá--los
baixo.
ab

Botão Vo
oltar

Permite retornarr a página (endereço da


In
nternet) ante acessada (visitada).
eriormente a
Nos concursos atuais estão
e sen do
sollicitadas as teclas de attalho para a utilização d
das Botão Avançar
guias em uma janela, são elas:

Co
omando Tecla Permite avançar uma ou ma
ais páginas que
q
No
ova Guia CTRL + T á foram acessadas.

Du
uplicar Guia CTRL + K
Fec
char Guia CTRL + W OBS: Caso o usuário ma antenha o botão
b esquerdo
Gu
uias Rápidas CTRL + Q do
o mouse pressionado sobre o bo otão voltar ou
av
vançar o navegador
n possibilitará
á visualizarr o
Histórico completo da nav
vegação.

Botão
Recarreegar
esta Pág
gina

Esse botão permmite a soliccitação de um


no
ovo carrega amento da página solicitada peloo o
us
suário (quanndo o mesm mo digitou o endereço do
ando” ao Brrowser uma nova busca do
Siite) “ordena
Siite.
Um janela apresentand
do 3 guias co
om os seus
respectiv
vos sites

8
89
Inform
mática

Alex
xei Silva

Esse p
processo irá copiar os no
ovos dados do Tr
rabalhando
o com Guia((s) Site(s) na mesma
Sitte que está sendo utiliz
zado no mo omento pelo
o o ja
anela
usuuário e/ou carregá-lo por
p completo caso o S ite
não tenha sidoo “aberto” an
nteriormente
e. Em todas as ve ersões do Google
G Chro
ome
po s de guias na
odemos abrrir vários s ites através
Tecla de Atalho mesma
m janela
a. Vejamos a ura exemplo.
abaixo a figu
Botão F5

Botão Adicionar esta


a
página aos Favoritos
s

Permite adicionarr o site quue o usuárrio


estteja naveganndo no mommento a pastta favoritos do
navegador Goo ogle Chrome
e.

Ao clicarmos no bo
otão Adicionar esta pági na
aos Favoritos será apresentada a seguinte caixa de
álogo abaixo:
diá
Google
G Chrome com dua
as Guias na mesma Jane
ela

Nos concursos atuais estão sen


ndo
so atalho para a utilização das
olicitadas as teclas de a
gu
uias em uma a janela, são
o elas:

Comand do Tecla
Nova Guia CTRL + T
Fechar Guia CTRL + W
C
Caixa de diállogo Favorito
o
Navegador Mozilla
M Fire
efox
Botão
o Personaliizar e
Conttrolar o Google O Firrefox é de esenvolvido pela empresa
Chrome Mozilla e uma comunida ade global trabalhando em
coonjunto para melho orar o navegador e
Este botão permite ao usuário o configurarr o “d ão do browser para tod
democratizarr” a utilizaçã dos
navegador Go oogle Chromme como, por exemp lo, oss públicos, ou seja, o aplicativo é um softw ware
con
nfigurar a ab
bertura da página
p inicial. liv
vre.

Vejamoos abaixo o menu que será


s aberto ao
clic
carmos no b
botão acima citado.

Mozilla
a Firefox

Para utilizarmos esse progrrama, basta a o


us
suário digita
ar o endereeço da Interrnet no cam mpo
ba
arra de endeereço e presssionar a teclla ENTER.

Digitação
o do endere
eço (URL) nan barra de
Endereço do Mozilla Fire
efox

Botões do Navegador M
Mozilla Fire
efox

Perso
onalizando o Google Chrrome Nos concursos
c é comum se er solicitado
o à
fu
uncionalidade
e dos botõ
ões do Bro owser Mozilla
Fiirefox e por
p essa rrazão iremo
os destacá--los
ab
baixo.

9
90
Inform
mática

Alex
xei Silva

Botão Vo
oltar

Permitte retornar a página (endereço da


cessada (visitada).
Intternet) anterriormente ac

Botão
Avançarr

Permite avançar uma ou mais


m páginas
s que já fora
am
ace
essadas.

Botãoo
Atualiza
ar Caixa de diá
álogo Opçõe
es

OBS: Podemo os configurarr o Firefox para


p abrirmo
os a
Esse bbotão perm
mite a solicitação de uum pá
ágina inicial,, abrir págin
na em brancco ou Restau
urar
novo carregam mento da página soliccitada pelo o ja
anelas e Abas da sessão anterior.
usuuário (quando o mesmmo digitou o endereço do
Sitte) “ordenando” ao Bro
owser uma nova
n busca do
Botão
o
Sitte.
Pesquis
sar
Esse p ovos dados do
processo irá copiar os no
Sitte que está sendo utiliz
zado no mo omento pelo
o o Ativa o site de bbusca padrãoo definido pelo
p
usuuário e/ou carregá-lo por
p completo caso o S ite fa
abricante ou u aquele q que o usuá ário configurou
não tenha sidoo “aberto” an
nteriormentee. ab
brindo o sítio
o de busca p uisa do usuário.
para a pesqu

Tecla de Atalho Botão


Botão F5 Adicionar aos
Favorit
tos

Botão Pággina Permite adiciona


ar o site que
q o usuá ário
Inicial essteja navegaando no mommento a pas
sta favoritos
s do
naavegador Mozilla Firefox
x. Após a adição
a o bootão
Permitte carregarr a página que esstá seerá “renome eado” para “Editar este Favorito”” e
pre
eviamente c configurada no Browser,, ou seja, q ue fic
cará na cor amarelo.
a
o usuário
u aplic
cou na config
guração do Mozilla
M Firefo
ox.
Ao clicarmos no botão edita ar este favorito
Todas as vezes que o usu uário ativar o se
erá apresenttada a seguin
nte caixa ab
baixo:
Bro
owser (cliq que duplo no ícone do Intern net
Explorer), o m
mesmo irá acessar
a o En
ndereço (URRL)
definido na con
nfiguração do
d programa.

Para aalterarmos o endereço encontrado


e na
página inicial d
do Internet Explorer, ba
asta o usuárrio
guir os seguintes passos
seg s:

 Clicar no Menu Ferrramentas;


 Opções s;
 Clicar na caixa (retângulo branco) da Caixa de
e diálogo Pro
opriedades do
d favorito
página gitar o enderreço desejad o;
a inicial e dig
 Botão OK. Botão Exibir
os Favoritos

Ao clicarmos nestte botão será apresenta ado


o menu abaixo exibindo o e os favoritos.
opções sobre

9
91
Inform
mática

Alex
xei Silva

Arquivos Tem
mporários d
da Internet

Quanddo acessamo os um ou mais


m Sites pa
arte
o conteúdo dos
do d mesmoss são copiad dos para denntro
do
o nosso commputador (noo disco rígido) ocasionan
ndo
no
o futuro próximo o commprometimen nto da máqu uina
(a
a mesma ficaará sobrecarrregada de informações
i no
H.D).

Esses arquivos sã ão a memó ória CACHE das


áginas da In
pá nternet, ou sseja, quando
o acessarmoos a
mesma
m página a partir d
da 2ª vez emm diante, pa
arte
o conteúdo da mesma será busca
do ado no própprio
diisco rígido do
d computad dor do usuário (haverá um
Opçõ
ões do Botão
o Exibir Favo
oritos “a
aumento” de e velocidadee na abertura das páginas
da
a Internet ac cessadas antteriormente).
Tra
abalhando com Aba(s
s) Site(s) na mesma
jan
nela Co
ookies

Em to odas as versões do Mozilla


M Fireffox São pequenos
p arrquivos (códigos) gravaddos
podemos abrir vários sittes através de abas na no
o computad dor do usu ário quando o este acessa
meesma janela.. Vejamos ab
baixo a figurra exemplo. de
eterminados s Sites (norm malmente quase
q 90% das
d

áginas utiliza
am esse reccurso). Todas as vezes queq
o usuário vo oltar site, o servidor (daquele Site)
po
oderá identifficá-lo lendoo o Cookie que
q foi grava
ado
no
o último acesso.

Infeliz
zmente esse
e recurso é uma
u invasãoo de
prrivacidade, pois posssibilita a visualização
(m
manipulação) dos dados acessados naquele
n Site
e.

Podem
mos excluirr os Cookie es que forram
alocados no computador,
c , basta segu
uir os seguin
ntes
pa
assos:
Nos concursos atuais estão
e sen do
sollicitadas as teclas de attalho para a utilização d
das  Abrir o Internet E
Explorer;
abas em uma jjanela, são elas:
e  Menu Ferramenta as;
 Opçõees da Interneet;
Co
omando Tec
cla  Clicar na Guia Ge ral;
No
ova Aba CTR
RL + T  Clicar no Botão Exxcluir.
Fec
char Aba CTR
RL + W

O Mozzilla Firefox possui um comando na


forrma de botã
ão chamado o Agrupar Abas,
A vejammos
abaixo o botãão e o res sultado da sua utilizaçção
quando no n navegador estiver com m duas ab bas Botão Excluir
abertas:
Também podemo os desativa
ar no Interrnet
Botão Exxplorer o recebimentoo de Cook kies (desativar
Agruparr Coookies) o que não seria ade equando, pois
p
Abas prraticamente “não” pode
eríamos navvegar nos Siites
da
a Internet.

E--Mail (Correio Eletrôn


nico)

Permite que o ussuário possua um endereço


de
e e-mail alo
ocado por um m servidor para poderm
mos
en
nviar/recebe
er informaçõees e arquivo
os.

Todo e-mail arm


mazenado poor um servidor
po
ossui a seguinte estrutura
a (sintax
xe):
ogin(usuário)@domíniio.
lo
Coma
ando Grupo de
d Abas acio
onado

9
92
Inform
mática

Alex
xei Silva

Para ppodermos uttilizar esse e-mail temmos


que trabalhar com um Brrowser (seriia a utilizaçção
de um Web b Mail) ou um prog grama clien nte
denominado: Outlook Ex xpress (utilizado apennas
para e-mail), p u programa denomina do
pois existe um
Ouutlook que permite env viar/receberr e-mail, m
mas
tam
mbém, é umma agenda.

Painel de Contatos do Outlook


k Express

(3) Paineel de M
Mensagens: permite a
3 visualização de todos os e-ma ails recebiddos
de
emonstrando o se foram
m lidos (íc
cone de umau
1 “c
cartinha” feechada) ou
u não (ícone de uma u
“c
cartinha” abe
erta).

2 4

Área de T
Trabalho do
o Microsoftt Outlook
Exprress

Esse programa é o mais m utiliza do


Painel de Mensagen
ns do Outloo
ok Express
com
mercialmentte para utiliz
zarmos os en
ndereços de e-
maail. Também m é muito cobrado nos n concurssos
atu
uais, por isso emos os principais itens da
o, destacare (4) Paineel de Conteeúdo: visualiza o conteú
údo
áre
ea de trabalhho do mesmmo. do magens) apresentando um
o e-mail (textos e/ou im
ícone de CLIPS (quando o e-mail conttém anexo).
(1
1) Painell de Pasttas: visualiza todas as
pastas cuja poossuem as funcionalida
ades principa
ais
desse program
ma para armaazenamento o e envio de e-
maails.

Painel de
e Conteúdo
o do Outlook Express

Botões do Outlook Exp ress

Iremo
os descreveer as funcio onalidades dos
d
otões desse programa, bem como
bo o, a criação de
co
ontas (cadas
stro do e-ma
ail existente no program
ma),
ca
atálogo de endereços,
e regras paraa contas, enntre
ou
utros.
Painel d
de Pastas do
o Outlook Express
E

(2
2) Painell de C
Contatos: permite a
Botão Criar E-Mail
sualização de todos os conta
vis atos (e-ma ails
cad
dastrados) pelo nome, apelido ou o próprio e-
maail (por exte
enso) aplicaddo pelo o usuário (quan do
aplicado nome e ou apelido)). Abre uma nova jjanela para preenchimeento
do
os dados (destinatário
o do e-ma ail, assunto
o e
co
onteúdo do mesmo)
m para
a futuro env
vio.

9
93
Inform
mática

Alex
xei Silva

Janela Criar E-Mail Janela Respond


der ao Reme
etente

Pa e preencher um ou mais endereços de


ara: permite
mails para vários destinatários
e-m d s sendo sser Botão Responder a
sep apenas quan do
parados por ponto-e-vírrgula ( ; ) (a Tod
dos
dig
gitamos mais
s de um e-m
mail);

Cc
c (Com Cópia/Com m Carbono): perm ite Permite responde
er a todos os endereços de
pre
eencher um ou mais en ndereços dee e-mails pa
ara E--Mails contidos em u um único E-Mail
E que foi
vários destinattários sendo ser separad
dos por pontto- nviado para você.
en
e-v
vírgula ( ; ) (apenas quando digita amos mais de
um
m e-mail), ge erando assimm, uma cóp pia do E-ma ail Se o remetente e
enviou para você mais um
original para um ou mais destinatário os. grrupo de amigos do messmo, poderemos responder
ao
o remetentee ao grupo d
de amigos dele
d ao messmo
OBBS: Esse rec curso permiite que todo
os os usuáriios te
empo.
que receberam pelo campo (Para::) e (Cc:) a
vis
sualização de todos os endereços ded e-mail q ue
forram descrito
os nesses cam
mpos.

Cc
co (Com Có ópia Oculta
a): permite preencher uum
ou mais en ndereços de e e-mails para váriios
destinatários sendo ser separados por ponto--e-
vírrgula ( ; ) (a
apenas quanndo digitamo
os mais de u
um
e-mmail), geran ndo assim, uma
u cópia oculta do E-
ma ail original para um ou mais destinnatários.

OBBS: esse re ecurso permmite que o usuário q ue


cebeu através do (Cco:) será
rec á feita um ma
“oc
cultação” doos endereçoss de e-mails
s enviados n
nos
cam
mpos (Para:) e (Cc:), ou seja, se e o remetennte
enviou 2 E-Ma ails no Cammpo Para: e 1 no Cco:: o
destinatário só
ó vai visualizar o enderreço de E-M
Mail
do campo Cco..

Botão Responder Ja
anela Respo
onder a Tod
dos
ao Remetente

Botã
ão
Permitte responde ao remetente que envi ou Encaminhar
o E-Mail
E para o destinatáriio, mesmo se
s o remeten
nte
ten
nha enviaddo vários E-Mails para váriios
destinatários. Permite reenviar um e-mail recebido
r de um
re
emetente para outro desstinatário.

9
94
Inform
mática

Alex
xei Silva

Possib
bilita ao usu
uário encontrar um Link
k de
Botão
o um
m endereço o da Intern net referentte ao assunto
Imprim
mir so
olicitado pelo
o mesmo.

Vejam
mos alguns Sites ma
ais conhecid
dos
Ativa a caixa de diálogo
d de im
mpressão pa ara ab
baixo:
o usuário
u imprrimir todo o conteúdo e--mail, algum
mas
páginas e a qu
uantidade de e cópias. GOOGLE: ww
ww.google.coom.br;
YA
AHOO: www
w.yahoo.comm.br;
ALTAVISTA: www.altavissta.com.br;
CA
ADÊ: www.c
cade.com.brr/

Para utilizarmoss esses “buscadores” de


fo
orma “dinâm mica”, bastta o usuário seguir as
se
eguintes insttruções:

 Use mais de uma pala avra para fazer a busca;;


 everá ser en tre aspas;
A frase de
 Formule frases
f em fo
orma de res spostas em vez
de criar uma perguntta como, porr exemplo, “um

e-mail é”;
;
 Use o sinnal de men os para elim minar palav
vras
como, porr exemplo, ““idade-alta”;
 Use o astterístico * p
para especifficar um terrmo
que está no meio d de uma fra ase como, por
exemplo, “A bíblia tem
m * anos”.

Caixa de diálo
ogo Imprim
mir

cluir
Botão Exc

Permitte o envio do e-mail para a passta


ens Excluídos (quando o e-mail está
Ite á selecionad
do)
ou a exclusão o definitiva quando o e-mail já se
encontra dentrro da pasta Itens
I Excluíd
dos.

Botão
o
Enviar/Reeceber
Site de Bu
usca Google
e

Esse rrecurso permite enviarr todas os e- reeware


Fr
maails encontra
ados na caixxa de saída (caso a Cai xa
de Entrada es steja vazia) e recebe oso e-mails do São programass que fu
uncionam por
serrvidor (quan
ndo o mesmo o possuir e-mails) quan do ompleto, ou
co u seja, po odemos utilizar todos os
a Caixa
C de Saída está vazia. re
ecursos do mesmo
m encoontrando a sua
s distribuição
(c
cópia) na Intternet totalm
mente grátis.
Ao a
abrirmos o programa Outlo
ook
primeiramente e será solicittado o recebimento do((s) Shareware
e-m
mail(s) casoo o servidorr possuía um m ou mais e-
maais, e se a C
Caixa de Saíd
da estiver coom conteúdo
oo São programas
p d istribuídos na
n Internet que
q
pro
ograma irá eenviar o(s) e-mail(s).
e po
ossuem alguuns de seus recursos des sabilitados pelo
p
esenvolvedor do mesmo
de o, ou seja, é um progra ama
Fe
erramentas de Busca (Site
( de Bus
sca) co
om limitaçõe
es de tarefass.

São SSites que possuem índices


í sob
bre Esse programa ge eralmente expira,
e ou se
eja,
determinados assuntos (ttemas) mais
s pesquisad
dos po
ossui um praazo de funcio
onamento em dias.
na Internet.

9
95
Inform
mática

Alex
xei Silva

Go
opher us
so), seguido
o de uma ex
xtensão que identifica esse
e
so
oftware; poor exemplo,, .doc parra arquivo do
É uma ferramen nta baseada a em men nus Microsoft Word e .xls p
para arquivo
o do Micros soft
erárquicos q
hie que possibilita ao usuá
ário buscar e Ex
xcel.
rec
cuperar info
ormações distribuídas
d por diverssos
com
mputadores da rede. ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

5. (CEBRASPPE/2018) C Com relaçãoo a noções de


Com o Gopher, o usuário temm acesso tannto
a informações armazenada as no próprio
o computado
or, in
nformática, julgue o ittem a seguiir.
commo aquelas armazenadas em outro computad dor
No ambiente e Windows 7, os ícon nes de ata alho
da rede que ac
ceite esse se
erviço.
fa
acilitam o accesso a detterminados locais de re
ede,
arrquivos ou endereços,
e o
os quais são salvos na área
Para o mesmo funncionar é nec
cessário hav
ver
umm servidor Gopher (o programa deverá esttar dee transferência.
ins um servidor da rede).
stalado em u
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

6. (CEBRASP PE/2019) C Com relaçãão a sistem


mas
QU
UESTÕES
op
peracionaiss e ferrame entas de ed
dição de tex
xto
e planilhas, julgue
j o ite
em a seguir
r.
1.(
(CEBRASPEE/2019) Os s sistemas operaciona
ais
ofe
erecem serrviços com
mo acesso ao ambien nte Prrogramas e arquivos q ue estejam abertos e em
computacional, execuç ção de programas
p e usso no ambiente Windo ows podem ser acessad dos
ge
erenciamento de entrrada e saídda de dadoos. peelo Painel de
e controle, q
que é uma barra
b horizon
ntal
As
ssinale a o
opção que apresenta exemplo d de lo
ocalizada na parte inferio
or da tela.
sis
stema opeeracional gratuito
g paara uso eem
computadorees do tipo desktop.
d ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

a))Android 7. (CEBRASSPE/2018) No item a seguir,, é


ap
presentado
o uma situa ética, seguida
ação hipoté
b))Apple MacO
OS de
e uma asse ertiva a se
er julgada, a respeito de
no
oções de siistema ope racional.
c)Linux
oi solicitado a Paulo crip
Fo ptografar umm pendrive, que
q
d))Microsoft W
Windows co
ontém arquivos sensíve eis no sistemma operacio onal
e))IOS Windows
W 10, de modo a proteger os o dados desse
diispositivo contra
c ame eaças de roubo. Nessa
2. (CEBRASP PE/2019) Com
C relação
o a sistema as situação, um ma das form mas de attender a essa
op
peracionais e ferramen ntas de ediição de tex
xto olicitação é, por exempl o, utilizar a criptografia de
so
e planilhas,
p julgue o item a seguir. unnidade de disco BitLockeer, um recurrso de proteção
de
e dados ness se sistema ooperacional.
O shell e o k kernel são duas
d partes essenciais do
sis
stema opera acional Linuxx: o primeiro serve paara ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
intterpretar os comandos do usuário, e o segund do,
para controlar os dispositiv
vos do compputador 8. (CEBRASPE/2018)) No item seguin nte,
eferente a conceitos
re s de organnização e de
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO geerenciamennto de inforrmações e segurança da
in
nformação, é apres sentada uma situaç ção
hipotética, seguida de e uma asssertiva a ser
s
3. (CEBRASP PE/2018) A respeito de sistema as
ju
ulgada.
op
peracionais e de apllicativos de e edição d
de
tex
xtos e plan
nilhas, julgu
ue o item a seguir. Mateus tem em e seu com mputador o Windows 10 0 e
umm firewall pessoal instalado que funcio ona
Windows e Linux são exemplos de sistem mas
orretamente. Nessa ssituação, embora
co e estteja
operacionais dde núcleo monolítico, em que u um
fu
uncionando corretamen nte, o firrewall não é
único processo
o executa as principais fu
unções.
su
uficiente paara conter vírus e(ou u) perdas de
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO arrquivos devidas a eventu
ual falta de becape.
b

4. (CEBRASPE/2018) Co om relação
o a noções d
de ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
infformática, jjulgue o ite
em a seguir
r.
9. (CEBRA
ASPE/2018 8) No Windows
W 7,
Os
s arquivos ggerados ou utilizados no
n Windows 7 uttilizando o Windows s Explorer,, um usuá
ário
possuem um n nome (livrem
mente criado o pelo usuárrio re
ealizou as seguintes
s a
ações:
ou sugerido au
utomaticameente pelo sofftware em

9
96
Inform
mática

Alex
xei Silva

• clicou com o botão direto do mouse sobre o 12. (CEBRAS SPE/2018) Julgue o item a segu
uir,
arq
quivo de noome institutto_federal.doc, localiza do a respeito do
d sistema operacional Linux e do
na pasta C:\da
ados\; ed
ditor de tex
xto Word 20
013.

• selecionou, na lista disponibiliza


ada, a opçção Quando se cria um diretó ório no ambie ente Linux, são
Recortar; crriados outroos dois dirretórios: o “.”, que faz
re
eferência ao diretório annterior, dentrro da árvore
e de
• navegou
n é a pasta C:\backup\ e clicou com
até m o diiretórios; e o “..”, que faz referênccia ao diretó
ório
botão direito d
do mouse sobre uma áre
ea vazia; attual.
• na
n lista dispo
onibilizada, escolheu
e a opção
o Colar. ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
Neessa situação hipotética
a, após a conclusão
c co
om 13. (CEBRAS SPE/2018) Julgue o item a segu
uir,
successo das ações mencionadas,
m , o arqui vo a respeito do
d sistema operacional Linux e do
ins
stituto_federral.doc ed
ditor de tex
xto Word 20
013.
será transferido da pastta C:\dados\\ para a passta
a)s No sistema operacional
o Linux, é possível
p utiliizar
C:\\backup\. du
uas extensõões para no
omear os arrquivos. Ass sim,
b)e
estará armaazenado tanto na pas
sta C:\dado
os\ ne
esse sistema, um arquuivo poderia ser nomea ado,
quanto na pastta C:\backup
p\. po
or exemplo, como contra
ato_BNB.tarr.gz.

c)s
será mantido
o apenas na pasta C:\da
ados\. ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

d)tterá um ata ado na pasta C:\backup


alho, localiza p\, 14
4. (CEBRASSPE/2018) Utilizando o o console de
apontando parra ele. uma distribu
uição Linuxx, um usuá ário executo
ou,
em
m um direttório especcífico, o com
mando ls – l e
e)s o da pasta C:\dados\ e enviado pa
será excluído ara ob
bteve comoo saída a se
eguinte linhha.
a Lixeira
L do Windows.

0. (CEBRASPE/2018) A respeito da estrutu


10 ura
de
e diretórioss e sua principal
p fiinalidade n
no
Lin buntu Server padrão, é
nux e distrribuição Ub Coonsiderando-se essas informaçõe
es, é corrreto
correto afirm
mar que affirmar que
a) /bin é o loocal onde são armazen
nados os lin
nks a)) docentes.p
pdf é um arq uivo do tipo executável..
sim
mbólicos do s
sistema de arquivo.
a
o termo iff se refere a um diretório,
b)) o primeiro
b) /boot é o prrincipal locall onde ficam
m armazenad das en
nquanto o segundo term mo iff se reffere ao usuá
ário
as chaves cripttográficas de e sessões dee login remo
oto qu
ue criou esse
e diretório.
no sistema de arquivos.
c)) 4096 se refere
r à qu antidade de
e usuários que
q
c) /dev é o local onde se armazen
nam todos os accessaram o arquivo
a doce
entes.pdf.
quivos de de
arq esenvolvimen
nto.
d)) rw–r– –r–– – se referre às permissões sobre
e o
d) /etc é o loc
cal onde norrmalmente ses armazena
am arrquivo docen
ntes.pdf.
arq
quivos de coonfigurações globais do sistema.
s
e)) todos os usuários
u quee fazem parrte do grupo
o iff
e) /home é o local onde todos
t os arq
quivos bináriios poodem editar o arquivo doocentes.pdf..
são
o armazenad
dos.
15. (CEBRASPE/2019)) Uma emp presa poss
sui,
11
1. (CEBRA
ASPE/2020 0) A re
espeito d
de m
em sua rede de
e computadores, u
um
componentes s funcionais de commputadores e co
omputador que dispo onibiliza arquivos
a paara
do
o sistema o
operacional Linux, julg
gue o item
m a muitos
m usuá
ários, o quue possibillita manterr o
seguir. co
ontrole do acesso de pessoas a arquivos, de
Noo Linux, o diretório /hhome é o local onde é ac
cordo com m o usuá ário auten nticado e o
insstalada a m maior parte
e dos aplic
cativos e d
das en
ndereço IP
P do compu utador que foi acessad do.
bib
bliotecas doo sistema operacional,
o enquanto no Para acessaar um arqu uivo armaz zenado nes sse
dirretório /usr são armazzenados os arquivos d
dos omputador, o usuáriio deverá anexar es
co sse
usu uários. ar
rquivo emm um ema ail e enviá á-lo a outro
us
suário.
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
Nesse caso o, o com mputador do usuá
ário
co
onectado a essa rede é considera
ado

9
97
Inform
mática

Alex
xei Silva

a) um servidorr. ( ) CERTO ( ) ERRA


ADO

b) uma estação de trabalh


ho. 19
9. (CEBR
RASPE/20118) Julgu
ue o item
su
ubsequente
e, relatiivo a redes de
c) um provedo
or de serviço
os. co
omputadores.
d) um gerencia
ador de serv
viços. Ass redes de computadore
c es podem se
er classificad
das,
e) um orquestrador de infrraestrutura. peela sua abrangência, em
m LAN (local area networrk),
MAN (metrop politan area
a network), e WAN (w wide
166. (CEBRAASPE/2019) ) Em um ma rede d de arrea network)).
computadorees, o acesso o remoto a programa as,
quipamento
eq os, impressoras e dadoos, ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
ind
dependenteemente d
da localiz
zação ca
físic 200. (CEBR
RASPE/20199) Com relação a
de
esses recurrsos e dos s próprios usuários, é coonceitos básicos
b de informática, julguee o
po
ossível med
diante a utillização de item que se segue.
a) becape corp
porativo. Ass intranets utilizam teccnologias da
a Internet para
p
b) controle de acesso lógic
co. viabilizar a comunicação o entre os empregados
e de
umma empre
esa, perm
mitindo-lhes compartilhar
c) gerenciamento de conta
as. in
nformações e trabalhar d de forma cola
aborativa.

d) processame
ento centraliz
zado. ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

e) compartilha
amento de re
ecursos. 21. (CEBRRASPE/201 19) Uma rede de
co
omputadores apres
senta as
s seguintes
177. (CEBRASPE/2018) ) Uma em mpresa teem ca
aracterístic
cas: utiliza
a protocoloo TCP/IP,, é
unnidades físsicas locallizadas em m diferent es em
mbasada no modelo w web, oferec
ce serviços de
capitais do B Brasil, cadaa uma delas com um ma em
mail, transsferência dde arquivoss e acesso o a
redde local, a
além de um ma rede qu ue integra a pá
áginas HT TTP a um m conjunto o restrito de
comunicação o entre as unidades.
u Essa
E rede d
de us
suários internos de u ma empres sa, para tro
oca
inttegração faacilita a ce
entralização ço
o do serviç de
e informaçõ ões corporaativas.
de
e email, qu ue é compa artilhado pa
ara todas a
as
unnidades da empresa e outros sistemas d de Ass característticas dessa rrede de com
mputadores são
infformação. típ
picas de

Tendo como referência inicial as informaçõ


ões A)) rede de correio eletrôn
nico.
apresentadas, julgue o item subsecutivo.
B)) extranet.
Se as redes locais das s unidades da empre esa
esttiverem inte
erligadas porr redes de operadoras
o de C)) Internet.
telecomunicaçã ão, então elas formarão
o a WAN (wi de D) intranet.
ea network) da empresa
are a.
E)) World Wide
e Web (WWW
W).
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
22. (CEBRA ASPE/2018)) Acerca de Intern net,
18
8. (CEBRA ASPE/2018) ) Marta utiliza um ma in
ntranet e te
ecnologias e procedim
mentos a elas
e
estação de ttrabalho que
q executa o sistem ma as
ssociados, julgue o ite
em a seguir.
op
peracional WWindows 10 1 e está conectada à
red
de local da empresa em
e que ela trabalha. E Ela xclusivamentte no Goog
Disponível ex gle Chrome, o
acessa usualmente os sítios da intranet d da modo
m de navvegação anôônima permmite ao usuáário
em
mpresa e ta ambém sítios da Internet públic ca. na
avegar pelaa Internet ssem registrrar as páginas
pós navegar por vários sítios, Ma
Ap arta verifico
ou ac
cessadas.
o histórico
h de
e navegaçãão e identifficou que u
um
do
os sítios ace
essados coom sucesso por meio d do ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
protocolo HTTTP tinha o endereço 172.20.1.1.
1 23.(CEBRASPE/2018)A Acerca das
Tendo como referência essa situaçã
ão hipotéticca, ca
aracterístic
cas de Interrnet, intran
net e rede de
d
julgue o item a seguir. co
omputadores, julgue o próximo item.
i

Por meio do se erviço de pro


oxy para red
de local, Marrta A Internet e a intrranet, dev vido às suas
poderá acessar, a partir daa sua estaçã
ão de trabalh
ho, ca
aracterísticass específicass, operam com
c protoco
olos
tan
nto os sítio os da intranet quanto os sítios da diiferentes, ad
dequados a ccada situação.
Intternet públic
ca. ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

9
98
Inform
mática

Alex
xei Silva

244.(CEBRASP PE/2017) Praga virtual


v quue B)) vírus de prrograma.
infforma, por meio de d mensaggem, que o
ussuário esttá imposs sibilitado de acess sar C)) vírus de macro.
arqquivos de d
determinaddo equipammento porquue D) backdoor.
taiis arquivos
s foram criptografado
os e somen
nte
po
oderão ser rrecuperadoos mediantee pagamen
nto E)) hoax.
de
e resgate deenomina-see
299.(CEBRASPE/2019) A proomoção da
A) ransomware
e. co
onectividad
de entree várias pesso
oas
siimultaneam
mente, porr meio de d listas de
B) trojan. ammigos, seguidores s e até
a mesmo
C) spyware. deesconhecid
dos, é a prin
ncipal caraccterística

D) backdoor. A)) da tecnolog


gia social.

E) vírus. B)) do marketiing social.

255.(CEBRASP
PE/2019) Acerca
A de proteção e C)) da comunicação de ma
assa.
segurança da informaç
ção, julgue
e o seguin
nte D) de redes sociais.
ite
em.
E)) de mídias sociais.
s
No
o acesso a uma págin na web quee contenha o
cód
digo de um m vírus de script, pode ocorrer a 0.(CEBRASPE/2017)
30 Com relação
r a
aos
exe
ecução automática de esse vírus, conforme as co
onceitos básicos e mmodos de utilização de
con
nfigurações do navegado
or. te
ecnologias, ferrameentas, ap
plicativos e
procedimenttos associa
ados à Internet, julgue
eo
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO próximo item
m.
26
6.(CEBRASP PE/2018) Acerca
A de pesquisas
p n
na Emmbora exista uma série de ferramen ntas
We eb e de v vírus e ata
aques a co
omputadore es, diisponíveis na Internet para divers sas finalidad
des,
jullgue o item
m subsequente. aiinda não é possível
p extrrair apenas o áudio de um
Se um rootk kit for rem movido de um sistem ma víídeo armazenado na Intternet, como o, por exempplo,
operacional, esse sistem ma não vo oltará à s ua noo Youtube (hhttp://www.y youtube.comm).
con
ndição original, pois
s as mudanças neele ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
implementadas s pelo rootkit permanece
erão ativas.
31.(CEBRASPE/2019) A re
espeito de
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO coomputação em nuve e o próximo
em, julgue
27
7.(CEBRASPPE/2018) Julgue
J o ite
em a segu ir, item.
em
m relação às caractterísticas de
d softwa
are A computação em nuve em do tipo software as s a
ma
alicioso. se
ervice (SaaS S) possibilitta que o usuário
u ace
esse
Formatos comuns de arqu uivos, como, por exemp lo, ap
plicativos e serviços de qualquer lo
ocal usando um
.doocx ou .xls sx, são uttilizados com
mo vetor de co
omputador conectado
c à Internet.
inffecção por ransomware e, um tipo de softwa are ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
ma alicioso que e encripta os dados do d usuário e
sollicita resgate
e. 32.(CEBRASPE/2018) Assinale
e a opç
ção
co
orresponde ente ao co onceito de entrega sob
s
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO deemanda de po
oder co
omputacion nal,
28
8.(CEBRASP PE/2018) Determinado tipo d de ar
rmazename ento de banco de dados,
vír
rus eletrô ônico é ativado quando
q uum ap
plicações e outros rec cursos de tecnologia da
do
ocumento por ele infectado é abertto, nformação por meio de uma plataforma
in p de
po
odendo então, nesse momento, infectar nã ão se
erviços via Internet.
ap
penas outro os documentos, mas também u um A)) rede privad
da virtual
ga
abarito paddrão de doccumento, de
d modo qu ue
cada novo doocumento criado
c sob esse
e gabariito B)) extranet
sejja infectad
do. Tal víírus, cuja propagaçã ão
ocorre quand do documentos por elle infectado os C)) computaçã
ão em nuvem
m
são remetidos por co orreio elettrônico pa
ara
D) computaçã
ão quântica
utros usuários, é conhecido como
ou o
smilitarizada , do inglês
E)) zona des s demilitariz
zed
A) vírus de settor de carga (boot sector).
zo
one (DMZ)

9
99
Inform
mática

Alex
xei Silva

33
3.(CEBRASPPE/2018) Consideran
C do que um
ma A)) teclado virtual.
em
mpresa te enha conttratado serviços e em
nu
uvem, assin
nale a opção
o correta. B)) máquina virtual.

A) A empresa deverá encomendar no ovas máquin


nas C)) antivírus.
de servidores p
para o traba
alho em nuve
em. D) bloqueador de pop-upss.
B) A empres sa terá de alterar o contrato de E)) navegação anônima.
forrnecimento d o necessite de
de espaço em disco caso
ma ais espaço de
e armazenammento. 37.(CEBRASPE/2018) A possibilidade de
in
nvasores explorarrem vulnerabilidad
des
C) A empres sa terá de alterar o contrato de exxistentes eme program mas installados em um
forrnecimento de serviço de process samento caaso co
omputador pessoal pode ser
s reduzida
necessite de m
maior capacid
dade de proc
cessamento.. siignificativamente pelaa
D) Os serviço
os contratados podem ser
s acessad
dos A)) utilização de
d criptograffia de disco.
apenas de co os dentro da
omputadores localizado
em
mpresa. B)) criação de
e uma senh ara acesso aos
ha forte pa
sistemas.
E) Os serviços contratado
os podem ser
s desligad
dos
em
m horários ppredeterminados, para economia de C)) realizaçã
ão frequentte da atualização d
dos
cus
stos. prrogramas.

34
4.(CEBRASP PE/2013) Com
C base em serviço
os D) utilização preferencial
p de software
e livre.
de
e armazena amento e tecnologias
t s de backu
up,
jullgue o item
m subsecutiv
vo. E)) realização periódica d
de becape dos
d program
mas
in
nstalados e dos
d dados.
A deduplicaçãoo consiste na
n realização de backuups
crementais, nos quais são
inc s copiados somente os 38
8.(CEBRASPE/2019) Julgue o item
arq
quivos criaddos ou altterados des sde o últim
mo su
ubsequentee, a respeitto de conceeitos e mod
dos
backup norma al ou increemental. Nesse tipo de de
e utilizaçã
ão de tec cnologias, ferramenttas,
téc
cnica, os arquivos de backups
b são compactad
dos ap
plicativos e proced dimentos associados
a à
antes de ser e
enviados à mídia
m de armmazenamentto, In
nternet.
o que
q reduz o espaço neceessário para armazenar os
Ass versões mais mod dernas dos s navegado ores
dados. Chrome, Firefox e Edge reconhecem m e suportaam,
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO em
m instalação o padrão, o os protocolo
os de Interrnet
FT
TP, SMTP e NNTP, os quais implementa am,
355.(CEBRASP PE/2016) Considere
e que u
um re
espectivamente, aplicaçções de tra ansferência de
ussuário, emmbora tenha procur rado segu uir arrquivos, correio eletrôniico e compa
artilhamento de
reggras de o
proteção e seg
gurança d
da nootícias.
infformação, teve seu computador infectad do
po
or um malw ões abaixo, a
ware. Denttre as razõ ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
qu
ue pode ter contribuído para este
e fato é o 39
9.(CEBRASPE/2019) Julgue o ittem seguinnte,
A) programa antimalwa are ter sido atualizad
do, a respeito da
d versão mmais atual do programa
inc
cluindo o arq
quivo de assiinaturas. de
e navegaçã ão Chromee e dos meecanismos de
busca avanççada no Goo
ogle.
B) computador ter um firrewall pesso
oal instalado
o e
ativo. A limpeza do de navegação do Chro
o histórico d ome
im
mplica a exclusão,
e a página Histórico, dos
da d
C) programa lleitor de e-m
mails ter a auto-execuç
a ção en
ndereços da Web visita ados, e tamb bém não se
erão
de arquivos an
nexados a mensagens ha abilitadas. mais
m exibidass as previsõões da barrra de endereço
do
os sítios visittados.
D) sistema op d computador ter com
peracional do mo
connfiguração padrão não o ocultar a extensão de ( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
tipos de arquiv
vos.
400.(CEBRASPE/2013) Acerca de e noções de
E) computado onfigurado para solicittar
or estar co in
nformática, julgue o ittem a seguiir.
sen
nha na tela iinicial.
Coonsidere que um ussuário disp ponha de um
36
6.(CEBRASP PE/2018) Caso
C deseje evitar qu
ue co
omputador apenas ccom Linux x e BrOfffice
cookies, histó
órico de síttios acessa
ados e dadoos in
nstalados. Nessa situ uação, parra que esse e
de
e formulárioos sejam gravados pe elo programma co
omputador realize a le eitura de um arquivo em
na
avegador wweb enquan nto acessa a Internet,, o fo
ormato de planilha do Miicrosoft Offic
ce Excel,
us
suário deverá optar peelo uso de

10
00
Inform
mática

Alex
xei Silva

arm
mazenado e em um pen ndrive formatado com a
opção NTFS, s será necessáária a conve
ersão batch do
arq
quivo, antes de sua leitura com m o aplicati vo
ins
stalado, disp
pensando-se a montage em do sistem
ma
de arquivos prresente no pendrive.

( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

41
1.(CEBRASP PE/2014) Acerca de e noções dde
sis
stemas ope eracionais e editores de textos e
pla
anilhas, julgue os iten
ns que se se
eguem.

O Impress e o Writer são o aplicativos de edição de


tex
xtos do Unix e, porrtanto, não o podem sser
utilizados em s
sistemas ope
eracionais Windows.
W

( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

42
2.(CEBRASP PE/2019) No
N programma de ediçã ão
de
e textos MS Word,, é possíível realiz zar
altterações em
m um docu umento, maantendo-see o
45.(CEBRASPE/2019) No Excell, a fórmula
controle e a visualizaç ção de cada mudanç ça
=(B2+C2+DD2+E2)/4
reaalizada — seja inserrção, seja retirada dde
pa
alavras, novva formataação de tex
xto e leiau
ute A)) permite o cálculo da a média enntre os valo
ores
de
e página. Essas attividades podem s ser co
ontidos nas células
c B2, C
C2, D2 e E2..
reaalizadas po
or meio da guia
g
B)) permite o cálculo da ssoma dos valores entre
e as
A) Página Inicial, opção Altterar Estilos. cé
élulas B2 até
é E2.

B) Exibição, op
pção Layout de Impressã
ão. C)) não é válid
da, pois o E
Excel não pe
ermite fórmu
ulas
co
om parênteses.
C) Layout da P
Página, opção Orientação
o.
D) permite o cálculo da divisão do valor de ca
ada
D) Arquivo, op
pção Salvar Como,
C Outro
os Formatos..

élula por 4, individualme
ente.
E) Revisão, op
pção Controla
ar Alterações
s.
E)) permite multiplicar
m o valor em ca
ada célula pela
p
43
3.(CEBRASP PE/2019) Com
C relaçãoo a sistemaas so
oma dos valoores nas 4 cé
células.
op
peracionais e ferramen ntas de ediição de tex
xto
46. (CEBRAS SPE/2019) Com relaçã ão a sistem
mas
e planilhas,
p julgue o item a seguir.
op
peracionaiss e ferrame entas de ed
dição de tex
xto
Naa edição de um docume ento no Micrrosoft Word,, a e planilhas, julgue
j o ite
em a seguir
r.
ins
serção de reecuos nos parágrafos
p deve
d ser fe ita
No Excel, o uso de re eferências absolutas com
c
por meio da bbarra de esppaço do teclado, uma v vez
au
uxílio do sinal $ (cifrão)) garante qu
ue uma fórmmula
que nem sempre a ré égua está visível e os

ão seja alterrada quando o for copiada.
commandos de rrecuo só funcionam para
a tabelas.
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO
47. (CEBRAS SPE/2019)) Com relaç ção a sistem
mas
444.(CEBRASP PE/2019) Com refe erência ao os
op
peracionais e ferramen tas de ediç ção de texto
o e
íco
ones da in nterface de e edição dod MS Wo ord
pllanilhas, julg
gue o item a seguir.
dissponíveis n
na guia Página Inicia al, assinale a
oppção que appresenta, na
n respectiv va ordem, oos No Excel, pa ara uma fó órmula quee tenha várrios
íco
ones que devem se er acionad dos para se op
peradores, as operaçõ ões serão realizadas na
reaalizarem as seguinte es ações: aumentar
a e
em se
eguinte orde em: adição ou subtraçção (+ ou –);
umm ponto o tamanho da a fonte; ativ
var estrutu
ura multiplicação
m ou divisão (* ou /); exponenciação
dee tópicos; a
alinhar texxto à direitta; alterar o (^
^); porcentaagem (%).
espaçamento o entre linhas de texto
o.
( ) CERTO ( ) ERRA
ADO

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PRINCÍPIOS BÁSICOS - APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade encontra-se previsto no artigo 1º do Código Penal, bem como no art. 5º,
XXXIX da Constituição Federal. Segundo este princípio, “não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena, sem prévia cominação legal”. Segundo a doutrina, o princípio da legalidade é
princípio basilar (fundamental) do direito penal.

O princípio da legalidade se divide em :


a) princípio da anterioridade, segundo o qual uma pessoa só pode ser punida se, à época do fato por
ela praticado, já estava em vigor a lei que descrevia o delito. Desta maneira, consagra-se, como regra, a
irretroatividade da lei penal (salvo a exceção do art. 2º do CP).
b) princípio da reserva legal: segundo o qual apenas a lei em sentido formal/estrito (lei oriunda do
Poder Legislativo) pode descrever condutas que são consideradas crimes. Assim, não é possível que
espécies normativas oriundas do Poder Executivo, como por exemplo, MP’s, decretos, portarias CRIEM
novos crimes ou AGRAVEM penas. Entretanto, de maneira excepcional, é possível a edição de MP em
matéria penal, desde que seja para favorecer/beneficiar o réu.
Em respeito ao princípio da reserva legal, Nesse sentido, para CRIAR condutas criminosas ou para
AGRAVAR a pena, o princípio da reserva legal é ABSOLUTO (apenas lei em sentido formal). Entretanto,
para DESCRIMINALIZAR/BENEFICIAR o acusado, o princípio da reserva legal é RELATIVO, já que se
admite, como uma exceção, que outras espécies normativas tratem da matéria, a exemplo da medida
provisória em matéria penal.
Exemplos:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_______
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________________________

A Eficácia da Lei Penal


A lei penal possui validade desde a sua entrada em vigor até a sua revogação por outra lei. O
estudo da eficácia (vigência) é importante para entender e delimitar o alcance da norma penal, ou seja, a
identificação do local (lei penal no espaço) em que ela é aplicada e em que momento (lei penal
no tempo) vigora a lei penal brasileira. De um modo mais simples: ONDE é válida uma lei penal
e QUANDO é válida uma lei penal.

A Eficácia Temporal da Lei Penal (Lei penal no tempo)


Em regra, inicia-se a vigência da lei penal a partir da data sua publicação, ou, após o vencimento

1
Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

do prazo da vacatio legis ou outro prazo determinado no próprio texto da lei. Caso a lei penal
seja omissa, será aplicada a regra geral prevista no art. 1º da LINBD que consagra “(...) Salvo
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada. § 1º. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
Considera-se vacatio legis (vacância da lei) o período compreendido entre a publicação oficial da lei
e a sua entrada em vigor. A finalidade da vacatio legis é a de permitir aos destinatários da lei um período
de adaptação social aos novos comandos legais.
Normalmente, iniciada a vigência da lei ela continuará em vigor por tempo indeterminado até que outra
lei a revogue, fenômeno denominado de revogação.
É importante lembrar que a revogação pode ser de toda a lei, hipótese que chamamos de ab-rogação,
ou de parte do texto da lei (como, por exemplo, de um artigo), situação que denominamos de derrogação.
Ordinariamente, as leis disciplinam o momento a partir do qual produziram efeitos, não trazendo em
seu texto a data em que elas deixarão de ter vigência, ou seja, a previsão de até quando serão válidas.
Anotações:________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________
Entretanto, excepcionalmente, as leis poderão ser temporárias e excepcionais, sendo estas leis
são autorevogáveis, pois perdem a vigência independentemente da edição de outra lei.

a) Temporárias – São as lei que trazem em seu texto a data da cessação da sua vigência, ou seja, a
própria lei já diz até quando ela terá validade. (período de vigência CERTO)

Ex:______________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
______
b) Excepcionais – São aquelas produzidas para vigorar em épocas especiais, como guerra, calamidades
pública, períodos de seca etc. Essas leis somente terão vigência durante o período excepcional.(período
de vigência INCERTO)

Anotações:________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
______
As leis temporárias e excepcionais encontram previsão legal no artigo 3º do CP:
“Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se
ao fato praticado durante sua vigência”

2
Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

É importante salientar que as leis temporárias e as excepcionais também são consideradas como
ultra-ativas, já que continuarão a ser aplicadas – em relação aos fatos praticados durante sua vigência –
mesmo depois de ocorrida a sua revogação, ainda que sejam mais graves.

No direito penal, existem princípios que disciplinam a questão pertinente ao conflito de leis penais no
tempo. São eles:
a) princípio da irretroatividade da lei mais grave (Lex gravior);
a) princípio da retroatividade da lei mais benéfica (Lex Mitior). É importante lembrar que este
princípio possui duplo sentido: retroatividade e ultra-atividade da lei mais benéfica.
A doutrina entende que a lei mais benéfica possui EXTRA ATIVIDADE, que consiste na produção de
efeitos fora do seu período de vigência. A EXTRA ATIVIDADE seria um gênero que possui duas espécies:
a) retroatividade da lei mais benéfica, que consiste na aplicação da Lex Mitior a fatos ocorridos antes da
sua vigência.
b) ultra-atividade da lei penal mais benéfica, que consiste na aplicação da Lex mitior, mesmo depois de
sua revogação.
O princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica está previsto no art. 2º e parágrafo único do
CP:
“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais
da sentença condenatória.”

O artigo 2º do CP trata do instituto da abolitio criminis, que ocorre quando a lei nova suprime normas
incriminadoras anteriormente existentes, ou seja, o fato deixa de ser considerado crime.

Exemplo:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________
O parágrafo único do art. 2º trata do instituto da novatio legis in mellius (nova lei mais benéfica).
Confira o texto legal:
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.

Ocorre o instituto da novatio legis in mellius quando a lei nova traz benefícios ao agente,
modificando o regime penal anterior. Assim, o novo comando legal benéfico deverá retroagir e atingir fatos
passados, ainda que decididos por sentença definitiva com trânsito em julgado, ou seja, ainda que o
criminoso já tenha sido condenado.

Exemplo:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
______

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Direito Penal Geral

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Ultra-atividade – A lei penal mais benéfica tem eficácia mesmo depois de cessada a sua vigência.

Súmulas aplicáveis:
Súmula 611 STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a
aplicação de lei mais benigna.
Súmula 711 STF: A lei penal mais gravosa aplica-se ao crime continuado ou permanente se era a lei
vigente quando da cessação da permanência ou continuidade

TEMPO DO CRIME
É importante saber o momento em que o crime ocorreu, ou seja, o tempo do crime. O momento da
ocorrência do delito tem relevância para identificar a lei que será aplicada ao fato praticado, bem como
para se saber se o autor do fato é imputável ou não, ou seja, se o autor do crime é maior ou menor de
idade.
Para a determinação do tempo do crime, o CP adotou a teoria da atividade prevista no art. 4º
daquele diploma legislativo:
“Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado”

Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
______

Lugar do Crime
De acordo com o artigo 6º do CP, o nosso legislador adotou a teoria da ubiquidade ou mista para
determinação do lugar do crime. Segundo esta teoria, o lugar da ocorrência do ilícito penal pode ser tanto
o local da prática da conduta quanto o local da ocorrência do resultado.
Confira o art. 6º do CP:
“Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado”

Ao adotar esta teoria, o nosso legislador ampliou a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira.
Desta maneira, basta que a prática delitiva, em algum momento, toque no território nacional, para que o
Brasil seja competente para julgar o fato criminoso.
A teoria da ubiquidade ou mista é aplicada nos chamados crimes à distância, que são aqueles em
que a conduta ocorre no território de um país e o resultado ocorre no território de outro país, vice e versa.
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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____________________________________________________________________________________
_________

TERRITORIALIDADE
Territorialidade significa a aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos dentro do território
nacional. Entretanto, em algumas situações, mesmo que o crime ocorra dentro do nosso território, o Código
Penal admite a aplicação da lei estrangeira quando assim estabelecer algum Tratado ou convenção
internacional.
➢ Território físico ou geográfico ou propriamente dito: de acordo com o artigo 5º, § 1º, o território
geográfico do Brasil abrange tanto seu espaço físico (porção de terra dentro de nossas fronteiras), onde
exerce sua política e poder, como o seu mar territorial, espaço aéreo e subsolo, esses são considerados
os territórios estrito senso.
➢ Território por extensão ou jurídico: apesar de não serem territórios propriamente ditos são
considerados como tal, são eles as embarcações públicas ou a serviço público, onde quer que elas se
encontrem, e as embarcações ou aeronaves privadas em alto-mar ou espaço aéreo correspondente.
Observe o que dispõe o art. 5º do CP:

“Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e


regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.”

Como o próprio texto do CP admite, em hipóteses excepcionais, a aplicação da lei estrangeira, a


melhor doutrina afirma que o nosso legislador adotou a teoria da territorialidade temperada, limitada
ou mitigada ou reduzida.
Anotações:_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________

Dispõe, ainda, o Código Penal:


“§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.”

EXTRATERRITORIALIDADE

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a crimes ocorridos em


território estrangeiro. Está prevista no artigo 7º do CP:

“ Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (princípio da DEFESA,
REAL, DA PROTEÇÃO).
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (princípio da DEFESA, REAL,
DA PROTEÇÃO).
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (princípio da
DEFESA, REAL, DA PROTEÇÃO);
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (princípio
da JUSTIÇA UNIVERSAL, COSMOPOLITA, DA NACIONALIDADE ATIVA ou DO
DOMICÍLIO) “
O inciso I do artigo 7º trata da chamada extraterritorialidade incondicionada, quando a lei brasileira
é aplicada a fatos ocorridos no exterior sem que sejam exigidas condições.

Anotações:________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________
Já o inciso II do art. 7º cuida da chamada extraterritorialidade condicionada, quando a aplicação
da lei nacional a crimes ocorridos no território estrangeiro depende da presença de certos requisitos
previsto em lei. (art. 7º, II e § 3º).

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da
JUSTIÇA UNIVERSAL, COSMOPOLITA)
b) praticados por brasileiro (princípio da NACIONALIDADE ATIVA)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados
(princípio da REPRESENTAÇÃO, do PAVILHÃO, da BANDEIRA).
§ 1º - Nos casos do inciso I (extraterritorialidade incondicionada), o agente
é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II (extraterritorialidade condicionada), a aplicação
da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

6
Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior
(princípio da NACIONALIDADE PASSIVA):
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL


Princípios relacionados com a missão do Direito Penal:

➢ Princípio da Proporcionalidade: trata-se de um princípio constitucional implícito que norteia todo o


ordenamento jurídico, projetando-se no Direito Penal nas seguintes vertentes:
a) Proibição do Excesso: o legislador não pode criar figuras típicas penais que não protejam qualquer
bem jurídico, de forma temerária. Além disso, ao criar uma infração penal, a pena cominada deve ser
compatível com o bem jurídico tutelado.
b) Proibição de Proteção Deficiente do Estado: o legislador deve proteger de maneira adequada o
Estado e a Sociedade;

➢ Princípio da Exclusiva Proteção do Bem jurídico: o Direito Penal deve existir apenas para proteger
bens jurídicos relevantes e garantir a harmônica convivência em sociedade. A criação de tipos penais deve
ser pautada pela proibição de comportamentos que de alguma forma exponham a perigo ou lesionem
valores concretos essenciais para o ser humano.

➢ Princípio da Intervenção Mínima: o Direito Penal deve ser aplicado quando estritamente necessário,
de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico (caráter
fragmentário).
➢ Princípio da Insignificância: é um princípio de interpretação restritiva do Direito Penal, devendo ser
aplicado apenas quando a lesão a determinado bem jurídico for inexpressiva, sendo causa de atipicidade
material.
- Conforme o STF e o STJ, são eles os requisitos para aplicação do princípio da insignificância:
a) mínima ofensividade da conduta;
b) ausência de periculosidade social da ação;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d) Inexpressividade da lesão jurídica causada.
- Inaplicabilidade do Princípio da Insignificância nos seguintes crimes:
a) Posse de Droga para Uso Pessoal;
b) Tráfico de Drogas;
c) Crimes do Estatuto do Desarmamento;
d) Crimes em Situação de Violência Doméstica.

Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

➢ Princípio da Adequação Social: apesar de uma conduta se ajustar a um tipo penal, não será
considerada típica se for socialmente aceita.
Princípio da Insignificância Princípio da Adequação Social
Ambos limitam a interferência do Direito Penal

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Irrelevância da lesão ao bem jurídico tutelado Aceitação da conduta pelo meio social

Princípios relacionados ao fato do agente


➢ Princípio da Lesividade ou Ofensividade: exige-se que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico praticado.
Importante diferenciar:
a) Crime de dano: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico tutelado (p. ex.: homicídio);
b) Crime de Perigo: basta risco de lesão ao bem jurídico tutelado (p. ex.: abandono de incapaz).
Os crimes de perigo ainda se subdividem em:
b.1) Crime de Perigo Abstrato: a lei presume de forma absoluta que a conduta é perigosa (p. ex.
Embriaguez ao volante)
b.2) Crime de Perigo Concreto: para ocorrer o crime, tem que demonstrar no caso concreto que a conduta
foi perigosa. (p. ex.: conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem).
➢ Princípio da Exteriorização ou Materialização do fato: O Estado apenas pode incriminar condutas
humanas voluntárias, isto é, fatos. Veda-se o chamado Direito Penal do Autor, que consiste na punição
do indivíduo baseado em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.

Princípios relacionados ao agente do fato:


➢ Princípio da Responsabilidade Pessoal: Consoante o princípio da responsabilidade pessoal, deve-se
proibir o castigo pelo fato de outrem. No mesmo sentido, não há que se falar no direito penal em
responsabilidade coletiva, de acordo com tal princípio. O princípio da individualização da pena é decorrência
desse princípio. A pena deve ser individualizada para cada um dos coautores do delito.

➢ Princípio da Responsabilidade Subjetiva: De acordo com o princípio da responsabilidade subjetiva,


a responsabilidade penal depende de dolo ou culpa. Não basta que o fato seja materialmente causado pelo
agente, ele somente será responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível. Não sendo assim,
estarse-ia admitindo responsabilidade penal objetiva, o que é inadmissível.

➢ Princípio da Culpabilidade: A culpabilidade é formada pela imputabilidade, pelo potencial consciência


da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Trata-se, portanto, de postulado limitador do direito de punir,
de forma que o Estado só pode punir o agente imputável, com potencial consciência da ilicitude, quando
dele for exigível conduta diversa.

➢ Princípio da Presunção de Inocência: Esse princípio é no Brasil um dos princípios basilares do Direito,
expresso no art. 5º, LVII da Constituição de 1988, que determina: “Ninguém será considerado culpado até
transito em julgado de sentença penal condenatória”. Tem como objetivo respeitar o estado de inocência
em que todo acusado se encontra até que sua sentença transite em julgado definitivamente.

Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________

QUESTÕES DE CONCURSO - CESPE

01 - (CESPE/OAB/SP/136/adaptada) O princípio básico que orienta a construção do direito penal é o da


intranscendência da pena, segundo o qual a pena não poderá passar da pessoa do condenado.

02 - (CESPE) - Quanto à aplicação da lei penal no espaço, o princípio básico que norteia a aplicação da lei
penal brasileira é o da territorialidade temperada.

03 - (CESPE/OAB/SP/136/Adaptada) - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

04 - (CESPE/OAB/SP/136/Adaptada)- A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período


de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a
sua vigência.

05. (Agente de Polícia/CE-adaptada) - A lei brasileira pode ser aplicada a todos os crimes praticados contra
o Presidente da República em qualquer lugar do mundo. Tal possibilidade é baseada na aplicação do
princípio da Soberania do Estado.

06 - (CESPE/DELEGADO/TO) - Considere que um indivíduo seja preso pela prática de determinado crime
e, já na fase da execução penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação,
o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação anterior, em face do princípio da irretroatividade da lei
penal.

07 - (CESPE/ANALISTA/EXEC/STF) - Com relação ao tempo do crime, o CP adotou a teoria da atividade,


pela qual se considera praticado o crime no momento da ação ou da omissão, exceto se outro for o momento
do resultado.

08- (CESPE/PERITO/TO/) - Considere a seguinte situação hipotética. Ricardo, um dia antes de completar
dezoito anos de idade, atirou em seu desafeto Cláudio, vindo a atingi-lo no tórax. Socorrido por populares
e levado ao hospital, Cláudio veio a falecer 10 dias depois, quando Ricardo já havia atingido a maioridade.
Nessa situação, Ricardo responderá pelo crime de homicídio consumado, pois a morte da vítima ocorreu
quando já contava com 18 anos de idade.

09 - (CESPE/TJDF/ANALISTA/EXECUTANTE/) - Considere a seguinte situação hipotética: Entrou em vigor,


no dia 1.º/1/2008, lei temporária que vigoraria até o dia 1.º/2/2008, na qual se preceituou que o aborto,
em qualquer de suas modalidades, nesse período, não seria crime. Nessa situação, se Kátia praticou aborto
voluntário no dia 20/1/2008, mas somente veio a ser denunciada no dia 3/2/2008, não se aplica a lei
temporária, mas sim a lei em vigor ao tempo da denúncia.

10. Considerando que uma aeronave privada brasileira estivesse sobrevoando território estrangeiro quando
uma passageira praticou crime de aborto no seu interior, nessa situação, segundo o princípio da
representação ou da bandeira, a competência para processar e julgar o feito seria da justiça brasileira,
independentemente de o feito ser ou não julgado no território estrangeiro.

11. (TRF5-6ºConcurso) - Um estrangeiro que pratica crime contra a vida do Presidente da República fica
sujeito à lei penal brasileira, mesmo que o fato tenha ocorrido no exterior, em face do princípio da
nacionalidade ou da personalidade.

12. Pedro praticou fato definido como crime pela lei então vigente. Após o recebimento da denúncia, outra
lei deixou de considerar criminoso o fato. Antes da sentença, uma terceira lei voltou a definir o fato como
crime, porém com pena mais branda. Nesse caso, aplica-se a lei que entrou em vigor após o recebimento
da denúncia e deixou de considerar o fato infração penal.

13- (CESPE/OAB/) - Segundo o princípio da legalidade, a elaboração das normas incriminadoras e das
respectivas sanções constitui função exclusiva da lei.

14 - (CESPE/TC/GOIAS/MP//ADAPTADA)- Quando lei nova que muda a natureza da pena, cominando pena
pecuniária para o mesmo fato que, na vigência da lei anterior, era punido por meio de pena de detenção,
não se aplica o princípio da retroatividade da lei mais benigna.

15 - (CESPE/TJDF/ANALISTA/EXECUTANTE/) - Aplica-se a lei penal brasileira ao crime praticado a bordo de


aeronave estrangeira de propriedade privada, em vôo no espaço aéreo brasileiro.

16) 2018 CESPE PC SE - Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres
individuais e coletivos e às garantias constitucionais.

O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da pessoa do condenado,

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Direito Penal Geral

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razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcançarão parentes do autor do delito.

17) 2018 CESPE PC-SE - Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres
individuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser feita por meio de
lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal.

18) 2015 CESPE TCE-RN Inspetor. Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de direito penal, julgue
o item seguinte.
Segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deverá cuidar da proteção dos bens
mais relevantes e imprescindíveis à vida social.

19) 2015 TCU AUDITOR. No que se refere aos princípios do direito penal e às causas de exclusão da ilicitude,
julgue o próximo item.
Em consequência da fragmentaridade do direito penal, ainda que haja outras formas de sanção ou outros
meios de controle social para a tutela de determinado bem jurídico, a criminalização, pelo direito penal, de
condutas que invistam contra esse bem será adequada e recomendável.

20) 2015. ANALISTA LEGISLATIVO.Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito
penal, julgue o próximo item.
O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas penais incriminadoras, excluindo-se
de sua incidência as normas penais não incriminadoras.
21) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público
Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com relação à aplicação da lei penal, à teoria
de delito e ao tratamento conferido ao erro.
Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria ter sido produzido o resultado.
22) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário de
Procuradoria
Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte.
A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se aplique aos crimes
continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.
23) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário de
Procuradoria
Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte.
O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser considerado praticado no
momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a
omissão.
24) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Texto associado
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes,
julgue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para
agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a

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Direito Penal Geral

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aprovação da medida pelo Congresso Nacional.


25) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes,
julgue o item que se segue.
A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por que é proibida, em caráter absoluto,
a analogia no direito penal, seja para criar tipo penal incriminador, seja para fundamentar ou alterar a
pena.
26) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de
Polícia Federal
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo
municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José
levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José
foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua a pena para o
crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo
princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.
27) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista
Policial Federal
Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante
disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca
de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e
levaram o colega ferido ao hospital da região.
Nessa situação hipotética, para definir o lugar do crime praticado pelo traficante, o Código Penal brasileiro
adota o princípio da ubiquidade.
28) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com
base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução penal,
lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi
formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel
responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
29) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito Criminal
Federal - Conhecimentos Básicos - Todas as Áreas
A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para posteriormente
revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada praça pública de uma
cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram
coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo penal
incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
30) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue
o item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência
de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os

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Direito Penal Geral

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delitos, ainda que seja mais gravosa.

FATO TÍPICO

ELEMENTOS
Como já afirmamos anteriormente, o crime é um fato típico e antijurídico. Para que se afirme
que o fato concreto tem tipicidade, é necessário que ele se amolde perfeitamente na descrição legal, ou
seja, que haja perfeita adequação do fato concreto ao tipo penal. Deve-se, por isso, verificar qual a
composição do fato típico. São elementos do fato típico:
1. conduta (ação ou omissão) dolosa ou culposa;
2. o resultado;
3. a relação de causalidade ou nexo causal;
4. a tipicidade.
Caso o fato concreto não apresente um desses elementos, não é fato típico e, portanto, não é
crime. Excetua-se, no caso, a tentativa, em que não ocorre o resultado e os crimes formais e de mera
conduta em que o resultado não é necessário.

TEORIA FINALISTA
O Código Penal adotou a teoria finalista da ação (conduta). Para alguns doutrinadores a
teoria é a finalista BIPARTIDA (FATO TÍPICO + ILÍCITO); para outros, a teoria é finalista
TRIPARTIDA (FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL).
Anotações:___________________________________________________________________________
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CONDUTA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS


Conduta é a ação ou omissão humana voluntária, consciente e dirigida a determinada finalidade.
Ou, em outras palavras, é a materialização da vontade humana. A conduta deve ser voluntária. Logo, se
não existe voluntariedade na conduta, não há que se falar em conduta. A doutrina entende que não existe
voluntariedade na conduta nos atos reflexos, nos atos praticados em crise de sonambulismo e em
hipnose e na coação física irresistível.
É um comportamento humano, não estando incluídos, portanto, os fatos naturais, os do mundo
animal e os atos praticados, em tese, pelas pessoas jurídicas.
A conduta exige a necessidade de uma repercussão externa da vontade do agente. A chamada
exteriorização da vontade. Não constituem conduta o simples pensamento, a cogitação, o planejamento

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intelectual da prática de um crime. Tanto é assim, que o CP estabelece, em seu artigo 31, que “o ajuste,
a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Anotações:__________________________________________________________________
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FORMAS DE CONDUTA
Em regra, a conduta pode ser materializada através de uma ação ou de uma omissão. Em regra,
a conduta é perpetrada através de uma ação, ou seja, um fazer, um comportamento ativo/positivo.
Entretanto, em algumas situações, a conduta também pode ser praticada através de uma omissão, que é
o não fazer alguma coisa que é devida (comportamento negativo).
Quanto aos crimes OMISSIVOS, estes podem ser OMISSIVOS PUROS/PRÓPRIOS ou
OMISSIVOS IMPRÓPRIOS também denominados COMISSIVOS POR OMISSÃO.
Nesta toada, os crimes omissivos PUROS/PRÓPRIOS são aqueles em que a simples omissão já
configura o delito, independentemente da ocorrência de qualquer resultado naturalístico. Ex:
Omissão de socorro (CP, art. 135).
Por outro lado, existem os crimes OMISSIVOS IMPRÓPRIOS, também denominados
COMISSIVOS POR OMISSÃO, em que a ocorrência de um resultado se faz necessária. Os crimes
omissivos impróprios encontram a sua base legal no art. 13, § 2º do CP.
Relevância penal da omissão: Art. 13, §2º do CP:
“ § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem: (non facere + quod debeatur).
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

Anotações:___________________________________________________________________________
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____
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
Anotações:___________________________________________________________________________
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c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Anotações:___________________________________________________________________________
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Em relação à relevância penal da omissão, no artigo 13, § 2º do CP, o Código adotou a teoria
jurídica ou normativa, tendo em vista que o agente que se omite será responsabilizado quando existir
uma obrigação jurídica anterior à omissão (deriva de um dever jurídico).

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Anotações:___________________________________________________________________________
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CONDUTA DOLOSA ou CULPOSA


Segundo o CP, a conduta pode ser praticada a título de DOLO ou CULPA. Em regra, os crimes são
praticados a título de DOLO. Entretanto, excepcionalmente, alguns crimes podem ser praticados a título de
CULPA (imprudência, negligência e imperícia). Para que um crime possa ser punido a título de CULPA, o
tipo penal deve expressamente estabelecer esta possibilidade. Ex: homicídio culposo, art. 121, §3º do CP;
e peculato culposo, art. 312, §2º.
Acerca do DOLO e da CULPA, dispõe o CP:
“Art. 18 - Diz-se o crime:
CRIME DOLOSO
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Neste artigo, o CP admite a existência do DOLO DIRETO e do DOLO EVENTUAL. Quando o agente quer o
resultado existe o dolo direto, fundado da TEORIA DA VONTADE. Por outro lado, quando o agente não
quer o resultado, mas assumiu o risco de produzi-lo, existe o DOLO INDIRETO (EVENTUAL), baseado
na TEORIA DO ASSENTIMENTO/CONSENTIMENTO.

Anotações:___________________________________________________________________________
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Atente-se, por fim, que para a teoria finalista adotada pelo CP, o dolo é desprovido da consciência
da ilicitude, sendo considerado como NATURAL/NEUTRO, e possui apenas dois elementos: elemento
volitivo e elemento cognitivo), não possuindo, repita-se, a consciência da ilicitude.

Anotações:_____________________________________________________________________
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____________________________________________________________________________________
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CRIME CULPOSO
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

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Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente.
Modalidades de culpa:
Imprudência:________________________________________________________________________
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____________________________________________________________________________________
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Negligência:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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Imperícia:___________________________________________________________________________
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Segundo a doutrina, a culpa prevista no artigo 18, II, do CP é chamada de culpa própria ou
inconsciente. Na culpa inconsciente, o agente não quer o resultado e também não consegue prever o
resultado (subjetivamente), embora o mesmo fosse objetivamente previsível.

Por outro lado, a doutrina vislumbra a existência de outra modalidade de culpa, denominada CULPA
CONSCIENTE. Nesta modalidade de culpa, o agente prevê o resultado, mas acredita que irá evitar o
resultado com a sua habilidade. Ex: atirador de facas.

Cuidado para não confundir DOLO EVENTUAL com CULPA CONSCIENTE, questão que é
recorrentemente cobrada pelas bancas. Segundo a doutrina, tanto no dolo eventual quanto na culpa
consciente existe a previsão do resultado. Entretanto, no dolo eventual, o agente é indiferente em relação
ao mesmo, já que assume o risco da sua ocorrência. Sob outro enfoque, na culpa consciente, o agente
visualiza o resultado, mas imagina que irá evitá-lo em razão de sua habilidade.

Anotações:___________________________________________________________________________
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Ainda em relação ao crime culposo, a doutrina afirma NÃO existir a possibilidade de
COMPENSAÇÃO DE CULPAS no direito penal. Por outro lado, admite a existência da CONCORRÊNCIA
DE CULPAS.

Anotações:___________________________________________________________________________
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Direito Penal Geral

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Agravação pelo resultado


Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.”

CRIMES DOLOSOS/CULPOSOS - QUESTÕES CESPE

01) Ano: 2018 STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Acerca do crime doloso e do
arrependimento posterior, julgue o item seguinte.
Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do
assentimento para o dolo eventual.
02) 2013 TC-DF Procurador. Julgue os itens seguintes, relativos a aspectos diversos do direito penal. Nos
termos do CP, a caracterização de uma conduta dolosa prescinde da consciência ou do conhecimento da
antijuridicidade dessa conduta e requer apenas a presença dos elementos que compõem o tipo objetivo.
3) 2015 DPU Defensor Público Federal. Com referência ao crime tentado, à desistência voluntária e ao
crime culposo, julgue o próximo item.
No direito penal brasileiro, admite-se a compensação de culpas no caso de duas ou mais pessoas
concorrerem culposamente para a produção de um resultado naturalístico, respondendo cada um, nesse
caso, na medida de suas culpabilidades.
04) 2017 TRF - 1ª. Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em razão da
pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as precauções no preparo de
uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou ocasionando dano à integridade física de uma pessoa.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Embora não tenha desejado o resultado danoso, Antônio poderá ser punido devido à imperícia na execução
do procedimento laboratorial.
05) 2013 SEFAZ-ES Auditor Fiscal da Receita Estadual. Em relação ao direito penal.
Em se tratando de culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas não se importa que ele venha a
ocorrer.
06) 2013 SEFAZ-ES Auditor Fiscal da Receita Estadual. Em relação ao direito penal.
A combinação entre o dolo, no crime precedente, e dolo eventual, no consequente, é fundamental para a
caracterização dos crimes preterdolosos.
07) 2013 PC-BA Investigador de Polícia. Considerando que, em determinada casa noturna, tenha ocorrido,
durante a apresentação de espetáculo musical, incêndio acidental em decorrência do qual morreram
centenas de pessoas e que a superlotação do local e a falta de saídas de emergência,entre outras
irregularidades,tenham contribuído para esse resultado, julgue os itens seguintes.
A causa jurídica das mortes, nesse caso, pode ser atribuída a acidente ou a suicídio, descartando-se a
possibilidade de homicídio, visto que não se pode supor que promotores,realizadores e apresentadores de
shows em casas noturnas tenham, deliberadamente,intenção de matar o público presente.
08) 2010 Juiz do Trabalho. Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem desferiu, com intenção
homicida, golpes de faca em seu vizinho, que caiu desacordado. Acreditando ter atingido seu objetivo,
enterrou o que supunha ser o cadáver no meio da mata. A perícia constatou, posteriormente, que o homem
falecera em razão de asfixia decorrente da ausência de ar no local em que foi enterrado.
Nessa situação, ocorreu o que a doutrina denomina de dolo geral.
09) 2014 Analista Legislativo.
Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua conduta, mas
acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.

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Direito Penal Geral

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10) 2016. Julgue o item seguinte , relativo a fundamentos do direito penal. Considere a seguinte
situação hipotética.
Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba por ele instalada
em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e, devido à explosão, todos os
passageiros a bordo da aeronave morreram.
Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito contra
Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros do avião.

11) 2015. O crime culposo advém de uma conduta involuntária.


12) 2014. Agente da PF. No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue os itens que se
seguem.
A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à previsão do resultado: na culpa
consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente que pode evitá-lo; na culpa
inconsciente, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo agente.

GABARITO: 1) C; 2) C; 3) E; 4) E; 5) E; 6) C; 7) E; 8) C; 09) E; 10) C; 11) E; 12) C

RESULTADO
Não basta a conduta para a existência do crime, pois é exigido o segundo elemento do fato típico,
que é o resultado. Resultado é a alteração no mundo natural provocada pelo comportamento humano
voluntário.
Teorias aplicáveis ao resultado:
a) Teoria jurídica ou normativa do resultado: o resultado deve ser entendido como a lesão ou
perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal. Para esta teoria – que não foi a adotada pelo
CP – todo crime tem resultado, já que este seria o efeito que o crime produz no ordenamento jurídico.
b) Teoria Naturalista: Resultado é a modificação no mundo exterior causada pela conduta humana.
Para esta teoria existem crimes em que o resultado não é necessário para a sua consumação, que são os
crimes formais ou de mera conduta. É a teoria adotada pelo CP. Para esta teoria, nem todo crime possui
resultado, já que existem delitos que não geram resultado naturalístico.

NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE


Para a configuração do fato típico ainda é necessário que exista nexo causal entre a conduta e o
resultado.
O conceito de causa não é jurídico, mas da natureza: é a conexão, a ligação que existe numa
sucessão de acontecimentos que pode ser entendida pelo homem.
O nexo causal esta previsto no artigo 13, caput, do CP. Confira-se:
“Relação de causalidade

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.

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Direito Penal Geral

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Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Em relação ao nexo causal, o Código Penal adotou, como regra, a teoria da equivalência dos
antecedentes causais, também denominada de teoria da conditio sine qua non.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Ainda em relação ao nexo causal, mas de maneira excepcional, o CP adotou no § 1º a teoria da
causalidade adequada.

Anotações:___________________________________________________________________________
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TIPICIDADE
Tipicidade é o último elemento do fato típico e consiste na correspondência exata, na adequação
perfeita entre o fato natural e a descrição contida na lei. Assim, para que exista o crime é necessário que
o agente realize, no caso concreto, todos os elementos integrantes da descrição prevista no tipo penal.
A tipicidade pode ocorrer das seguintes formas: a) adequação típica imediata ou direta: ocorrerá
quando existir uma correspondência completa da conduta praticada pelo agente ao tipo penal. b)
adequação típica mediata ou indireta: quando a verificação da tipicidade exige a utilização de uma
norma de extensão, sem a qual seria impossível amoldar a conduta na norma penal. É o que ocorre nos
casos de tentativa (art. 14, II, CP) e participação (art. 29, CP), e crimes omissivos impróprios (art. 13, §2º
CP).
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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CRIME CONSUMADO E TENTADO

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime

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Direito Penal Geral

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consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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CRIME CONSUMADO/TENTADO – QUESTÕES CESPE


09) 2015 TRE-GO Analista Judiciário - Área Judiciária. No que concerne à lei penal no tempo, tentativa,
crimes omissivos, arrependimento posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.
Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a pessoa ou a coisa contra a
qual deveria recair sua conduta.
10) 2015 DPU Defensor Público Federal. Com referência ao crime tentado, à desistência voluntária e ao
crime culposo, julgue o próximo item.
Em relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime de evasão
mediante violência contra a pessoa.
11) 2015 TCU Auditor Federal de Controle Externo.
Um crime é enquadrado na modalidade de delito tentado quando, ultrapassada a fase de sua cogitação,
inicia-se, de imediato, a fase dos respectivos atos preparatórios, tais como a aquisição de arma de fogo
para a prática de planejado homicídio.
12) 2013 DPF Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos. No que concerne a infração penal, fato típico e
seus elementos, formas consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal,
julgue o item que se segue.
Considere que Aldo, penalmente capaz, após ser fisicamente agredido por Jeremias, tenha comprado um
revólver e, após municiá-lo, tenha ido ao local de trabalho de seu desafeto, sem, no entanto, o encontrar.
Considere, ainda, que, sem desistir de seu intento, Aldo tenha se posicionado no caminho habitualmente
utilizado por Jeremias, que, sem nada saber, tomou direção diversa. Flagrado pela polícia no momento em
que esperava por Jeremias, Aldo entregou a arma que portava e narrou que pretendia atirar em seu
desafeto. Nessa situação, Aldo responderá por tentativa imperfeita de homicídio, com pena reduzida de um
a dois terços.
13) 2013 TJ-DFT. Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.
14) 2014 TCU. Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento de que a
punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita e
culpável.
15) 2011 PC-ES Escrivão de Polícia. Acerca do direito penal, julgue o item subsequente.
A tentativa e o crime omissivo impróprio são exemplos de tipicidade mediata.
16) 2016 Defensor Público. Na tentativa perfeita, ou tentativa propriamente dita, o agente não consegue
praticar todos os atos executórios necessários à consumação do crime, sendo o processo executório

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Direito Penal Geral

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interrompido por interferências externas, alheias à vontade do agente.


17) 2017. Analista Judiciário. Julgue o próximo item, relativo ao instituto da tentativa.
Crime culposo não admite tentativa.

GABARITO: 9) C; 10) E; 11) E; 12) E; 13) C; 14) C; 15) C; 16) E; 17) C

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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_______

Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
________

ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE
CONCEITO
O crime é fato típico e antijurídico. Desta maneira para a configuração do ilícito penal é necessário

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Direito Penal Geral

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que a conduta seja típica e antijurídica ou ilícita.


A ilicitude é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico. Assim, o fato típico, em tese,
é um fato ilícito. Entretanto, existem causas que excluem a ilicitude do fato típico. Por essa razão, diz-se
que a tipicidade possui o caráter indiciário da ilicitude, que será excluída se houver uma causa que elimine
a antijuridicidade.
Assim, por exemplo, “Matar alguém” é um fato típico e ilícito, em tese. Entretanto, não será ilícito
se o homicida agiu em legítima defesa, pois a legitima defesa é uma causa excludente da ilicitude. Nessa
hipótese não haverá crime.
Anotações:___________________________________________________________________________
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CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE


A norma penal prevê hipóteses que excluem a ilicitude do fato típico. São normas denominadas de
permissivas, também chamadas de tipos permissivos, que excluem a ilicitude por permitirem a prática de
um fato típico.
O Código Penal dispõe que “não há crime” quando o agente pratica o fato em estado de
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito
(art. 23). São as chamadas causas excludentes da ilicitude.
No CP, além das normas permissivas previstas na parte geral, existem algumas elencadas na parte
especial (denominadas excludentes específicas de ilicitude), como por exemplo, a autorização para a
violação domiciliar quando um crime estiver ocorrendo no interior de uma residência ou então a
possibilidade de um médico realizar um aborto para salvar a vida de uma gestante, hipótese prevista no
art. 128 do Código Penal.
Anotações:___________________________________________________________________________
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CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE

ESTADO DE NECESSIDADE
CONCEITO
Dispõe o art. 24 do CP:

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Direito Penal Geral

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“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de


perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.”

REQUISITOS
São requisitos do estado de necessidade previstos no CP:
1. o perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio;
2. a existência de um perigo atual e inevitável;
3 .a inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado;
4. uma situação não provocada voluntariamente pelo agente; e
5. o conhecimento da situação de fato justificante.

ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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EXCLUSÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE
Algumas pessoas, geralmente incumbidas de determinadas funções, não podem eximir-se da
responsabilidade pela conduta que praticarem numa dessas situações. É o que dispõe o § 1º do art. 24 do
CP. Confira-se:
“Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”.

ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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LEGÍTIMA DEFESA

CONCEITO E FUNDAMENTO
A segunda causa excludente da ilicitude é a legítima defesa, prevista no art. 23, inciso II, e
conceituada no art. 25 do mesmo diploma legal:

“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem”.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que

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repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática


de crimes.” (NR) (Lei nº 13.964/2019).

São requisitos para a legítima defesa:


1. a reação a uma agressão atual ou iminente e injusta;
2. a defesa de um direito próprio ou alheio;
3. a moderação no emprego dos meios necessários; e
4. o conhecimento da situação de fato justificante (elemento subjetivo).

ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL


Dispõe o Código Penal que não há crime quando o agente pratica o fato no “estrito cumprimento
do dever legal”(art. 23, inc. III, primeira parte).
Aquele que regularmente cumpre um dever legal, não pode, no mesmo instante, praticar um crime,
tendo em vista que a lei não admite contradições. Na hipótese, faltaria a chamada ilicitude da conduta da
conduta.
A excludente pressupõe no executor um funcionário ou agente público que age por ordem da lei,
não se excluindo o particular que exerça função pública (jurado, perito, mesário da justiça eleitoral, etc.).
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO


O Código Penal também disciplina que não há crime quando o fato ocorre no “exercício regular de
direito”(art. 23, inc. III, segunda parte).
Qualquer indivíduo pode exercitar um direito ou uma faculdade prevista em lei. Há exercício regular
do direito, por exemplo, no direito de correção que os pais possuem sobre os filhos, bem como nas lesões
cometidas nas atividades esportivas.
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
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QUESTÕES – DIREITO PENAL – CESPE

01) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Área Judiciária. Acerca dos institutos penais da
desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
É admissível a incidência do arrependimento eficaz nos crimes perpetrados com violência ou grave ameaça.
02) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Área Judiciária. Acerca dos institutos penais da
desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
De modo geral, a doutrina indica a aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a
distinção entre desistência voluntária e tentativa.
03) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Área Judiciária. Julgue o próximo item, relativo ao
instituto da tentativa.
Crime culposo não admite tentativa.
04) Julgue o próximo item, relativo ao instituto da tentativa.
No que concerne à punibilidade da tentativa, o Código Penal adota a teoria objetiva.
05) 2016 CESPE TCE-SC Auditor Fiscal de Controle Externo – Direito.
Em relação ao direito penal, julgue o item a seguir.
Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em sua habilidade de atirador, dispara
contra a caça, mas atinge um companheiro que se encontra próximo ao animal que ele desejava abater.
06) 2015 CESPE TJ-DFT Analista Judiciário – Judiciária. Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos
do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o item seguinte.
Em se tratando do delito de furto, havendo subsequente arrependimento do agente e devolução voluntária
da res substracta antes do oferecimento da denúncia, fica caracterizado o arrependimento eficaz, devendo
a pena, nesse caso, ser reduzida de um a dois terços.
07) 2015 CESPE TCE-RN Assessor Técnico Jurídico.
Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento posterior, julgue o
item a seguir.
Situação hipotética: André, que tinha praticado crime de roubo e subtraído, na ocasião, R$ 1.000 de Bruno,
restituiu voluntariamente o referido valor a este antes do recebimento da denúncia. Assertiva: Nessa
situação, a restituição do dinheiro subtraído configura arrependimento posterior, o que incorre no
reconhecimento de causa de diminuição de pena.
08) AGU 2015. Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da exclusão de ilicitude e
da imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito brasileiro, foi adotada como
regra, no CP, a teoria da causalidade adequada, também conhecida como teoria da equivalência dos
antecedentes causais.
09) No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime
impossível, julgue o item a seguir.
A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de um veículo responderá
pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por sufocamento dentro do veículo fechado,
uma vez que ela, na qualidade de agente garantidora, possui a obrigação legal de cuidado, proteção e
vigilância da criança.
10) 2014 CESPE Câmara dos Deputados Analista Legislativo. Julgue os itens subsequentes, relativos ao
direito penal.
Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua conduta, mas
acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.

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11) 2014 Câmara dos Deputados Analista Legislativo


Julgue o item seguinte , relativo a fundamentos do direito penal. Considere a seguinte situação hipotética.
Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba por ele instalada
em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e, devido à explosão, todos os
passageiros a bordo da aeronave morreram.
Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito contra
Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros do avião.
12) 2015 PC-DF Agente de Polícia. Em relação ao direito penal, julgue os próximos itens.
O crime culposo advém de uma conduta involuntária.
13) 2014 DPF Perito Criminal Federal. A respeito das responsabilidades civil e penal do médico, julgue o
item a seguir.
A imprudência caracteriza-se pela omissão daquilo que razoavelmente se faz, ajustadas as condições
emergentes às considerações que regem a conduta normal dos negócios humanos.
14) 2013 Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal. No que concerne a infração penal, fato típico e seus
elementos, formas consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue
os itens que se seguem.
A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à previsão do resultado: na culpa
consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente que pode evitá-lo; na culpa
inconsciente, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo agente.
15) 2017 TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal.
Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.
O oficial de justiça encontra-se em exercício regular de direito ao cumprir mandado de reintegração de
posse de bem imóvel de propriedade de banco público, com ordem de arrombamento, desocupação e
imissão de posse.
16) Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.
Segundo o Código Penal, o agente que tenha cometido excesso quando da análise das excludentes de
ilicitudes será punido apenas se o tiver cometido dolosamente.
17) 2014 PC-DF Escrivão de Polícia. Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da
exclusão de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é aplicável caso o agente tenha tido
a possibilidade de fugir da agressão injusta e tenha optado livremente pelo seu enfrentamento.
18) Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito penal, julgue o próximo item.
Em regra, o fato típico não será antijurídico se for provado que o agente praticou a conduta acobertado por
uma causa de exclusão de antijuridicidade.
19) 2014 PC-DF Escrivão de Polícia
Acerca do direito penal, julgue os itens subsecutivos.
Considere a seguinte situação hipotética.
Henrique é dono de um feroz cão de guarda, puro de origem e premiado em vários concursos, que vive
trancado dentro de casa. Em determinado dia, esse cão escapou da coleira, pulou a cerca do jardim da
casa de Henrique e atacou Lucas, um menino que brincava na calçada. Ato contínuo, José, tio de Lucas,
como única forma de salvar a criança, matou o cão.
Nessa situação hipotética, José agiu em legítima defesa de terceiro.
20) 2011 CESPE STM Analista Judiciário - Área Judiciária.
Por expressa disposição legal, não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito
ou em estrito cumprimento de dever legal.

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Direito Penal Geral

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21) (Agente de Polícia/CE) - O crime impossível só poderá ser caracterizado quando a impossibilidade de
ocorrência do ilícito é de ordem absoluta, não se admitindo a relativa, ocorrendo neste caso a tentativa de
crime.

22. (Delegado de Polícia/CE) - Na hipótese de tentativa de homicídio, a pena a ser aplicada será a mesma
do crime consumado, diminuída de um a dois terços.

23) 2018 STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. A respeito da culpabilidade, da
ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução coercitiva expedido pela autoridade
judiciária competente, submeteu, embora temporariamente, um cidadão a situação de privação de
liberdade. Assertiva: Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de
ilicitude representada pelo exercício regular de direito.

24) 2018 STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. A respeito da culpabilidade, da
ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se segue.
Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de antijuridicidade, também denominada de causa de
justificação, exclui o próprio crime.

25) 2018 STJ. Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
São causas excludentes de culpabilidade o estado de necessidade, a legítima defesa e o estrito
cumprimento do dever legal.

26) 2017 TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Acerca da
antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.
O consentimento do ofendido é uma excludente de antijuridicidade e poderá ser manifestado antes, durante
ou depois da conduta do agente.

27) 2014 Câmara dos Deputados Técnico Legislativo.


Haverá isenção de pena se o agente praticar o fato em estrito cumprimento de dever legal.

28) 2014 Câmara dos Deputados Analista Legislativo. Com relação a antijuridicidade, culpabilidade,
concurso de pessoas, pena e causas de extinção da punibilidade, julgue o item a seguir.
Agirá em estado de necessidade o motorista imprudente que, após abalroar um veículo de passageiros,
causando-lhes ferimentos, fugir do local sem prestar socorro, para evitar perigo real de agressões que
possam ser perpetradas pelas vítimas.

29) 2013 PRF Policial Rodoviário Federal.


O ordenamento jurídico brasileiro prevê a possibilidade de ocorrência de tipicidade sem antijuridicidade,
assim como de antijuridicidade sem culpabilidade.

30) 2013 DPF Delegado. No que se refere às causas de exclusão de ilicitude e à prescrição, julgue o seguinte
item.
Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um desconhecido, também maior e
capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do agressor com um guarda-chuva e continue
desferindo nele vários golpes, mesmo estando o desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética,
João incorre em excesso intensivo.

31) 2013 Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal. No que concerne a infração penal, fato típico e seus
elementos, formas consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue
os itens que se seguem:
Considere que um estuprador, no momento da consumação do delito, tenha sido agredido pela vítima que
antes tentara subjugar. A vítima, então, de posse de uma faca, fere e imobiliza o agressor, mas, pensando
ainda estar sob o influxo do ataque, prossegue na reação, infligindo-lhe graves ferimentos. Nessa situação,
não é cabível ao estuprador invocar legítima defesa em relação à vítima da tentativa de estupro, porquanto
aquele que deu causa aos acontecimentos não pode valer-se da excludente, mesmo contra o excesso.

32) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

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Direito Penal Geral

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Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais
foram comunicados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em um ponto de
bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga
do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida arma de fogo que estava em sua
posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.
.Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado como obrigatório, hipótese em que a
ação de prender e as eventuais consequências físicas dela advindas em razão do uso da força se encontram
abrigadas pela excludente de ilicitude denominada exercício regular de direito.

33) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
Texto associado
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e
capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o
consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema
e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes
mesmo de ser socorrida. Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.

Carlos agiu sob o pálio da legítima defesa putativa.

34) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.

Carlos agiu sob o pálio da excludente de legítima defesa justificante.

GABARITO: 1) C; 2) C; 3) C; 4) C; 5) E; 6) E; 7) E; 8) E; 9) E; 10) E; 11) C; 12) E; 13) E; 14) E;


15) E; 16) E; 17) E; 18) C; 19) E; 20) C; 21) C; 22) C; 23) E; 24) C; 25) E; 26) E; 27) E; 28)
C; 29) C; 30) E; 31) E; 32) E; 33) E; 34) E.
CULPABILIDADE

De acordo com a teoria finalista, para que alguém pratique um crime é preciso que realize um fato
típico e ilícito (antijurídico). Cometido o crime, só responderá por uma pena se tiver culpabilidade, que é
pressuposto para aplicação da pena.
O Código Penal adotou a teoria normativa pura da culpabilidade. De acordo com esta teoria, o dolo
e a culpa migram para a conduta típica, passando a culpabilidade a ser mero juízo de reprovação ao autor
da infração ou pressuposto para aplicação da pena.

Elementos da Culpabilidade :

6. Imputabilidade

7. Potencial consciência da Ilicitude

8. Exigibilidade de Conduta diversa.

Obs.: As excludentes da antijuridicidade são denominadas de descriminantes, enquanto as


excludentes da culpabilidade são chamadas de dirimentes.

Imputabilidade Penal

Consiste na possibilidade de se imputar a alguém a pratica de um crime, bem como o conjunto de


condições pessoais que conferem ao agente a capacidade para a atribuição e imputação da prática de

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Direito Penal Geral

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delito.
Na verdade, o Código Penal não define a imputabilidade, mas diz quem pode ser considerado como não
imputável (inimputável):
1. O que sofre de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado;
2. O menor;
3. O que atuou em embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força
maior;
4. O dependente de substância entorpecente.
O Código Penal adotou a teoria biopsicológica para definir a inimputabilidade. Assim, é considerado
inimputável a pessoa que, em razão de sua condição mental ou da idade do agente (critério biológico), era,
ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-
se de acordo com este entendimento (critério psicológico). Artigo 26 do CP.

Semi-imputabilidade – ocorre quando, em decorrência do desenvolvimento mental incompleto ou


retardado o indivíduo, ao tempo da ação ou omissão, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato e de agir de acordo com o referido entendimento. Nesta hipótese, a pena deverá ser reduzida
de 1/3 a 2/3. Art. 26, parágrafo.

Menoridade – Assim como o art. 27 do Código penal, a Constituição Federal, no art. 228 disciplina a
não imputabilidade (inimputabilidade) dos menores de 18 anos de idade. Nesta hipótese, o CP adotou o
critério biológico para o fim de determinar que o menor de 18 anos é inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Em razão do ECA (Estatuto da criança e do adolescente), se uma criança ou adolescente vier a praticar
fato definido como crime, ele não receberá uma pena, mas serão aplicadas medidas de proteção ou as
medidas sócio-educativas, conforme seja criança ou adolescente, respectivamente.
Anotações:_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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_________________________

Embriaguez – Trata-se de uma intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substâncias de
efeitos análogos. Os efeitos da embriagues podem progredir de uma ligeira excitação inicial até ao estado
de paralisia e coma.

Fases da Embriaguez:

1ª) Excitação – nesta fase, o agente fica animado, eufórico, e tem diminuída a capacidade de
autocrítica.

2ª) Depressão – nesta fase o agente fica com confusão mental, irritado e com falta de coordenação
motora etc.

3ª) Do Sono – fase em que o agente fica com sono e dorme, culminando com o coma.

De acordo com a medicina legal, na 1ª fase temos uma embriaguez incompleta, enquanto na 2ª e 3ª
fases temos a embriaguez completa.

No que se refere ao elemento subjetivo do agente (vontade), a embriaguez pode ser:

Voluntária - o agente quer ficar embriagado.

Culposa - o agente não quer embriagar-se, porém, sua conduta imprudente faz com que fique
embriagado.

Lembrar: Tanto na embriaguez voluntária, quanto na culposa, não há exclusão da imputabilidade. Ainda

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Direito Penal Geral

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que a embriagues seja completa persistirá a imputabilidade, porque o CP adotou a teoria da actio libera
in causa, segundo a qual o agente, ao se embriagar, sabia da possibilidade de praticar o delito e era livre
para decidir.

A embriaguez pode ser ainda classificada como:

Não-acidental: já estudadas na voluntária e na culposa.

Acidental: é aquela que decorre de caso fortuito ou de força maior. Nestas hipóteses há exclusão da
imputabilidade, desde que, ao tempo da ação ou omissão, o indivíduo tenha ficado inteiramente
incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. Art.
28, §1º, CP.

Preordenada: é a embriaguez pensada com a finalidade de adquirir coragem para a cometimento do


crime. Não exclui a imputabilidade, ao contrário, agrava a pena imposta. Art. 61, II, i, CP.

Patológica ou Doentia: Utiliza-se a mesma regra da embriaguez acidental, ou seja, se ao tempo da ação
ou omissão era totalmente incapaz de entender a ilicitude do fato ou de determinar-se de acordo com este
esse entendimento, estaremos diante do art. 26, caput, por isso, exclui-se a imputabilidade. Todavia, se a
embriaguez patológica apenas retirou o pleno entendimento e/ou a condição de determinação, estaremos
em situação de semi-imputabilidade, logo, responde pelo ilícito, só que reduzido de 1/3 a 2/3.
Anotações:________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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Potencial Consciência da Ilicitude

Ao dispor sobre o assunto, o art. 21, do CP dispõe que "o desconhecimento da lei é inescusável".
Existe, portanto, uma presunção de que todos são culpáveis quanto à questão sobre o conhecimento da
lei. Todavia, o mesmo legislador afirma que o erro sobre a ilicitude do fato, quando inevitável, isenta de
pena, porém, quando evitável, proporciona a redução de 1/6 a 1/3.
O erro sobre a ilicitude do fato é chamado de erro de proibição, o qual, por ser inevitável, retira do
agente a consciência da ilicitude, e, dessa forma, atua como excludente da culpabilidade, por isso, isenta-
o da pena.
O erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei, posto que o erro é sobre a ilicitude
do fato e não sobre a lei. Na verdade, o agente conhece a lei, mas se equivoca, imaginando que sua conduta
não se encontra englobada. Existe uma compreensão errada sobre o significado da Lei. O agente
compreende perfeitamente o fato que realiza, porém, imagina-o lícito. Se esse "imaginar" for inevitável,
haverá isenção de pena; entretanto, se for evitável, apenas ocorrerá a redução de 1/6 a 1/3. Art. 21 do
CP.
Anotações:_______________________________________________________________________
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Exigibilidade de Conduta Diversa


Não basta que o agente seja imputável e que conheça o caráter ilícito do fato para que responda por
uma pena. É necessário, ainda, que, nas circunstâncias do fato tivesse o agente possibilidade de realizar
outra conduta, sendo esta não proibida pelo ordenamento. Na verdade, quer-se dizer que só devem ser
punidas as condutas que poderiam ser evitadas.
Nesse sentido, haverá exclusão da exigibilidade de conduta diversa, logo, da própria culpabilidade,
nas hipóteses de coação moral irresistível e obediência hierárquica. Art. 22 do CP.

Da Coação Moral Irresistível

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Inicialmente, deve-se lembar que a coação irresistível pode ser de duas espécies:

Coação Física Irresistível (ou vis absoluta) - É a coação realizada com o emprego de violência física. Retira
a voluntariedade da ação, por isso, exclui a própria conduta, dessa forma, não gera fato típico face a
ausência da conduta humana voluntária. Se não há conduta, que é o primeiro elemento do fato típico,
não há crime.

Coação Moral Irresistível (vis relativa) - É a coação decorrente de uma grave ameaça e que não pode ser
vencida. O coagido conserva sua liberdade de ação sob o aspecto físico, porém, continua psiquicamente
vinculado pela ameaça recebida, a qual consiste no anúncio de um mal ao próprio coagido ou a pessoa
ligada a ele.

Importante: Na coação irresistível, seja física ou moral, o coator é quem responde pelo crime. Art.
22, CP.

Da Obediência Hierárquica

A ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um


funcionário que lhe é subordinado, para que este realize uma conduta.
De acordo com a doutrina, essa ordem pode ser:

Legal - neste caso, nenhum crime comete o subordinado, pois a hipótese é de estrito cumprimento de
dever legal.

Ilegal - b1) Quando a ordem for manifestamente ilegal, ambos respondem pelo crime.

b2) Quando a ordem não é manifestante ilegal, apenas o superior responde pelo ilícito. Neste caso,
estamos diante de uma dirimente, isto é, uma causa excludente da culpabilidade.

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QUESTÕES – CESPE - CULPABILIDADE


01) 2015 CESPE TJ-DFT Técnico Judiciário – Administrativa. Acerca da imputabilidade penal, julgue o
item a seguir. A embriaguez completa, culposa por imprudência ou negligência — aquela que resulta na
perda da capacidade do agente de entender o caráter ilícito de sua conduta —, no momento da prática
delituosa, não afasta a culpabilidade.

02) 2015 CESPE TJ-DFT Técnico Judiciário – Administrativa.Acerca da imputabilidade penal, julgue o
item a seguir.
A doença mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, por si só, afastam por
completo a responsabilidade penal do agente.

03) 2014 CESPE TJ-SE Técnico Judiciário - Área Judiciária. A respeito do princípio da legalidade, da relação
de causalidade, dos crimes consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens seguintes.

É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

04) 2013 CESPE TJ-DFT Técnico Judiciário - Área Administrativa.

Em relação à menoridade penal, o Código Penal adotou o critério puramente biológico, considerando
penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos de idade, ainda que cabalmente demonstrado que
entendam o caráter ilícito de seus atos.

05) 2012 CESPE TJ-AC Técnico Judiciário - Área Judiciária. A coação irresistível, que constitui causa de
exclusão da culpabilidade, é a coação moral, porquanto a coação física atinge diretamente a voluntariedade
do ato, eliminando, se irresistível, a própria conduta.

06) 2012 CESPE TJ-AC Técnico Judiciário - Área Judiciária.

Em sede de inimputabilidade penal, basta simplesmente que o agente padeça de alguma enfermidade
mental e que a referida doença seja comprovada mediante prova pericial para isenção de pena ou de
culpabilidade.

07) 2014. CESPE PC-ES Escrivão de Polícia. A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a
culpabilidade.

08) 2018 CESPE ABIN Oficial de Inteligência. À luz do Código Penal, julgue o item que se segue.

Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível a condenação com redução de pena.

09) 2018 CESPE STM Analista Judiciário - Área Judiciária. No que tange aos institutos penais das
excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue o próximo item.

A embriaguez acidental, proveniente de força maior ou caso fortuito, exclui a culpabilidade, ainda que o
sujeito ativo possuísse, ao tempo da ação, parcial capacidade de entender o caráter ilícito do fato que
praticou.

10) 2018: CESPE STM Analista Judiciário - Área Judiciária. No que tange aos institutos penais das
excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue o próximo item.

Preenchidos os requisitos legais, a coação irresistível e a obediência hierárquica são causas excludentes de
culpabilidade daquele que recebeu ordem para cometer o fato, mantendo-se punível o autor da coação ou
da ordem.

11) 2018: CESPE STM Analista Judiciário - Área Judiciária.

Acerca dos institutos do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item
subsequente.

O erro de proibição evitável exclui a culpabilidade.

12) 2013 CESPE Polícia Federal. Escrivão da Polícia Federal.

No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas consumadas e tentadas do crime,
culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem. Considere que João, maior
de dezoito anos de idade, tenha praticado crime de natureza grave, sendo, por consequência, processado
e, ao final, condenado. Considere, ainda, que, no curso da ação penal, tenha sido constatado pericialmente
que João, ao tempo do crime, tinha reduzida a capacidade de compreensão ou vontade, comprovando-se

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

a sua semi-imputabilidade. Nessa situação, caberá a imposição cumulativa de pena, reduzida de um terço
a dois terços e de medida de segurança.

13) 2013 CESPE Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal. No que concerne a infração penal, fato típico e
seus elementos, formas consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal,
julgue o item que se segue.

Considere que Bartolomeu, penalmente capaz e mentalmente são, tenha praticado ato típico e antijurídico,
em estado de absoluta inconsciência, em razão de estar voluntariamente sob a influência de álcool. Nessa
situação, Bartolomeu será apenado normalmente, por força da teoria da actio libera in causa.

14) 2018 CESPE PC-MA Escrivão de Polícia.

Determinado policial, ao cumprir um mandado de prisão, teve de usar a força física para conter o acusado.
Após a concretização do ato, o policial continuou a ser fisicamente agressivo, mesmo não havendo a
necessidade. Nessa situação hipotética, o policial excedeu o estrito cumprimento do dever legal.

15) 2018 CESPE PC-MA Investigador de Polícia.

Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado indivíduo, este atirou em um investigador


policial, o qual, revidando, atingiu fatalmente o agressor. Nessa situação hipotética, a conduta do
investigador configura legítima defesa própria.

16) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Acerca da
antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.

O oficial de justiça encontra-se em exercício regular de direito ao cumprir mandado de reintegração de


posse de bem imóvel de propriedade de banco público, com ordem de arrombamento, desocupação e
imissão de posse.

17) 2014 CESPE.

Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, matou Ailton durante uma luta. Nesse
caso, em razão da gravidade do fato, a violência esportiva não será causa de exclusão do crime.

18) 2013 CESPE Polícia Federal Delegado de Polícia.

Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um desconhecido, também maior e
capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do agressor com um guarda - chuva e continue
desferindo nele vários golpes, mesmo estando o desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética,
João incorre em excesso intensivo.

GABARITO: 1) C; 2) E; 3) E; 4) C; 5) C; 6) E; 7) C; 8) C; 9) E; 10) C; 11) E; 12) E; 13) C; 14) C;


15) C; 16) E; 17) E; 18) E.

CONCURSO DE PESSOAS

Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal às hipóteses em que duas ou mais
pessoas envolvem-se na prática de um crime. A doutrina também chama este instituto de codelinquência.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES E O CONCURSO DE PESSOAS

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

CRIMES UNISSUBJETIVOS/MONOSUBJETIVOS OU DE CONCURSO EVENTUAL - São aqueles que


podem ser praticados por uma só pessoa ou por duas ou mais em concurso. Ex: furto, roubo, homicídio,
dentre outros.
CRIMES PLURISSUBJETIVOS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO - São aqueles que só podem ser
praticados por duas ou mais pessoas. Ex: Associação para o tráfico, organização criminosa, rixa, dentre
outros.

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS:


b) PLURALIDADE DE CONDUTAS
c) RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS
d) IDENTIDADE DE CRIMES PARA TODOS OS ENVOLVIDOS
e) LIAME SUBJETIVO

Uma indagação! Todos os autores/partícipes de um delito responderão pelo mesmo crime ou


poderão responder por crimes diversos? RESPOSTA: A regra é que os autores/participes responderão pelo
MESMO CRIME.
Assim determina o artigo 29 do CP, confira-se:

“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.” (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Da simples leitura do artigo 29 do CP, extrai-se a teoria adotada acerca do CONCURSO DE


PESSOAS, a saber, a TEORIA MONISTA/UNITÁRIA/IGUALITÁRIA. Assim, ainda que o fato criminoso
tenha sido praticado por vários agentes, todos responderão pelo mesmo crime (REGRA).
Não obstante a lei penal brasileira tenha adotado como regra a teoria monista/unitária, existem
algumas exceções expressamente descritas no CP em que foi adotada a TEORIA PLURALISTA (CRIME
DIVERSO PARA CADA UM DOS ENVOLVIDOS). Uma dessas exceções é genérica, por estar prevista na parte
geral do Código Penal. É chamada COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA, descrita no parágrafo
segundo do artigo 29 do CP. Vide:

“§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.”(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

Existem outras exceções previstas na parte especial do CP, em que se aplicará a TEORIA
PLURALISTA, como por exemplo nos crimes de CORRUPÇÃO ATIVA/CORRUPÇÃO PASSIVA,
DESCAMINHO/FACILITAÇÃO AO DESCAMINHO.
Em síntese, quanto ao concurso de pessoas, como REGRA, o CP adotou a teoria
MONISTA/UNITÁRIA. Excepcionalmente, em alguns casos, adotou a teoria PLURALISTA.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

TEORIAS QUANTO AO CONCEITO DE AUTOR


A teoria adotada pelo CP é a teoria OBJETIVO/FORMAL (RESTRITIVA), considerando autor
aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo (VERBO). AUTOR, portanto, é aquele que executa
o verbo (ex: matar, subtrair). PARTÍCIPE é aquele que sem promover a conduta principal (sem praticar
o verbo), concorre para o resultado.
Existem várias teorias acerca do conceito de autor, são elas:
1) UNITÁRIA: Todos que agiram para produção do resultado são autores (não foi adotada pelo CP).
2) EXTENSIVA: Não diferencia autor de partícipe, porém admite causa de diminuição de pena a fim de
estabelecer diferentes graus de autor (não foi adotada pelo CP)
3) RESTRITIVA: Diferencia autor de partícipe. Quanto ao conceito de autor comporta, em síntese, duas
vertentes:
- Teoria objetivo-formal: autor é aquele que executa a conduta descrita no núcleo do tipo. Partícipe é
aquele que sem promover a conduta principal, concorre para o resultado. Teoria adotada pelo CP.

- Teoria do domínio do fato ou teoria subjetiva-objetiva: autor (intelectual, mentor ou mandante) é


aquele que tem o poder de decisão da prática do crime, que comanda o domínio da ação, da vontade de
terceiros ou controla de forma finalista a ação.

O CP adota, como regra, a TEORIA OBJETIVO-FORMAL - RESTRITIVA (autor é quem pratica


o verbo). No entanto, em algumas situações específicas como no caso de autoria mediata é admitida a
teoria do domínio do fato, que também é conhecida como teoria objetivo-subjetiva.
A teoria do domínio do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel, e posteriormente
desenvolvida por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o domínio da conduta
criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não. Essa teoria
explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem praticar o núcleo do tipo
(“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito, embora não
tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a
conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence.

OUTROS PONTOS COBRADOS EM CONCURSOS PÚBLICOS


AUTORIA COLATERAL
Ocorre quando duas ou mais pessoas querem cometer o mesmo crime e agem ao mesmo tempo
sem que uma saiba da intenção da outra. Ex: duas pessoas efetuam disparos para matar a mesma vítima
e realizam o ato executório ao mesmo tempo (enquanto o ofendido ainda está vivo), sem que uma saiba
da intenção da outra, sendo que o resultado morte decorre da ação de apenas uma delas.

AUTORIA INCERTA

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Surge no campo da autoria colateral, quando os dois (ou mais) agentes acertam o alvo, porém é
impossível relevar quem efetivamente alcançou o resultado.

AUTORIA MEDIATA
Na autoria mediata, o autor se vale de uma pessoa sem discernimento ou que esteja com uma
percepção errada da realidade para executar para ele o delito. O executor é usado como um instrumento
por atuar sem vontade ou sem a consciência do que está fazendo. Não existe concurso de pessoas entre o
autor mediato e o executor impunível.

TEORIAS QUANTO AO CONCEITO DE PARTÍCIPE


Partícipe: É aquele que não tem o poder de decidir como, se, e quando o crime será praticado e
também não executa o verbo do tipo penal. O partícipe é o coadjuvante, que não pratica a conduta
criminosa, mas colabora na prática delitiva. A participação pode ocorrer das seguintes formas:
- Induzimento– ocorre quando a pessoa cria a ideia do crime na mente do autor. (participação moral).
- Instigação – ocorre quando a pessoa reforça a ideia do crime já existente na mente do autor.
(participação moral).
5. Auxílio material – ato de fornecer instrumentos para a execução do crime. Ex.: emprestar a
arma do crime (participação material).

A participação é um comportamento acessório. Não existe participação sem autoria ou coautoria.


No Brasil, é adotada a Teoria da Acessoriedade Média/Limitada: o partícipe será punido se a conduta
do autor for um fato típico e ilícito, ainda que não culpável.

QUESTÕES
01) Ano: 2020 Banca: CESPE / Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar Judiciário

Em regra, consideram-se autores de um delito aqueles que praticam diretamente os atos de execução, e
partícipes aqueles que atuam induzindo, instigando ou auxiliando a ação dos autores principais. No entanto,
é possível que um agente, ainda que não participe diretamente da execução da ação criminosa, possa ter
o controle de toda a situação, determinando a conduta de seus subordinados. Nessa hipótese, ainda que
não seja executor do crime, o agente mandante poderá ser responsabilizado criminalmente. Essa
possibilidade de responsabilizar o mandante pelo crime decorre da teoria
A da acessoriedade limitada.
B do favorecimento.
C do domínio do fato.
D pluralística da ação.
E da causação.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

02) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Boa Vista - RR Prova: CESPE - 2019 -
Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Municipal

Juan González, estrangeiro, enfermeiro, residente havia dois anos em Boa Vista – RR, apresentava-
se como médico no Brasil e atendia pacientes gratuitamente em um posto de saúde da rede pública
municipal, embora não fosse funcionário público. Seu verdadeiro objetivo com essa prática era retirar
medicamentos do local e revendê-los para obter lucro.
Em razão de denúncia anônima a respeito do desvio de medicamentos, Juan, portando caixas de
remédios retiradas do local, foi abordado em seu automóvel por policiais logo após ter saído do posto e foi,
então, conduzido à delegacia. Para que seu verdadeiro nome não fosse descoberto, Juan identificou-se à
autoridade policial como Pedro Rodríguez, buscando, assim, evitar o cumprimento de mandado de prisão
expedido por ter sido condenado pelo crime de moeda falsa no Brasil.
Questionado sobre a propriedade do veículo no qual se encontrava no momento da abordagem, Juan
informou tê-lo comprado de uma pessoa desconhecida, em Boa Vista. Durante a investigação policial,
verificou-se que o veículo havia sido furtado por outra pessoa no Brasil e que a placa estava adulterada.
Verificou-se, ainda, que a placa identificava um veículo registrado no país de origem de Juan e em seu
nome, embora Juan tivesse alegado ter adquirido o veículo já com a referida placa.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

Juan deverá responder por participação no crime de furto do veículo que adquiriu, apesar de o autor do
crime ter sido outra pessoa.

03) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU -
Direito
Cada um do item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a
respeito da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade.

João e Manoel, penalmente imputáveis, decidiram matar Francisco. Sem que um soubesse da intenção do
outro, João e Manoel se posicionaram de tocaia e, concomitantemente, atiraram na direção da vítima, que
veio a falecer em decorrência de um dos disparos. Não foi possível determinar de qual arma foi deflagrado
o projétil que atingiu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e Manoel responderão pelo crime de
homicídio na forma tentada.

04) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e
capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e
após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual
entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os
encaminhou para a delegacia de polícia local.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

De acordo com a teoria objetivo-subjetiva, o autor do delito é aquele que tem o domínio final sobre o fato
criminoso doloso.

05) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Para que fique caracterizado o concurso de pessoas, é necessário que exista o prévio ajuste entre os
agentes delitivos para a prática do delito.

06) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de
Polícia

Texto associado
João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e
capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e
após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual
entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre
os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os
encaminhou para a delegacia de polícia local.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Na situação considerada, configurou-se a autoria imprópria decorrente do concurso de pessoas

07) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Como as ações paralelas de João, Pedro e Ana — agentes diversos — lesionaram o mesmo bem jurídico,
constata-se a ocorrência da autoria colateral, haja vista que o resultado foi previamente planejado em
conjunto.

08) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de
Polícia. Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Aquele que planeja toda a ação criminosa é considerado autor intelectual do delito, ainda que não detenha
o controle sobre a consumação do crime.

09) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal -
Delegado de Polícia Federal

Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com
base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da
culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.

Clara, tendo descoberto uma traição amorosa de seu namorado, comentou com sua amiga Aline que tinha
a intenção de matá-lo. Aline, então, começou a instigar Clara a consumar o pretendido. Nessa situação, se
Clara cometer o crime, Aline poderá responder como partícipe do crime.

10) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EBSERH Prova: CESPE - 2018 - EBSERH - Advogado.
Com referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da
infração penal, julgue o item que se segue.

Para a punição de um partícipe que colabore com a conduta delituosa, é preciso que o fato principal seja
típico, ilícito, culpável e punível.

11) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário -
Administrativa

Partícipe é o agente que concorre para cometer o ato criminoso sem, contudo, praticar o núcleo do tipo
penal, ou seja, a sua participação é de menor importância e, por essa razão, sua pena pode ser diminuída.

12) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário -
Área Judiciária

Acerca dos institutos do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item
subsequente.

Inexiste, no ordenamento jurídico, a possibilidade de as condições e circunstâncias de caráter pessoal de


um agente se comunicarem com as de outro agente que seja coautor de um crime.

13) Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-PA Prova: CESPE - 2016 - TCE-PA - Auditor de
Controle Externo - Área Fiscalização - Direito

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo
com o Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.
Pedro, funcionário público, solicitou a Maria a quantia de R$ 10.000 para não lavrar auto de infração
decorrente de ato ilícito descoberto durante fiscalização fazendária. Ao perceber que teria que pagar uma
multa de mais de R$ 20.000, Maria prontamente concordou com a proposta e realizou o pagamento. Nessa
situação, Maria responderá como partícipe do delito de corrupção passiva, uma vez que, quanto ao concurso
de agentes, o Código Penal adotou exclusivamente a teoria unitária do crime.

14) Ano: 2014 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: CESPE - 2014 - Câmara
dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área VI. A respeito dos crimes contra o
patrimônio e do concurso de agentes, julgue os itens subsequentes.

O delito de roubo é crime de concurso necessário, também conhecido como plurissubjetivo.

GABARITO: 1) C; 2) E; 3) C; 4) C; 5) E; 6) E; 7) E; 8) E; 9) C; 10) E; 11) C; 12) E; 13) E; 14) E.

QUESTÕES - CONCURSOS DE CRIMES

01) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário
- Oficial de Justiça Avaliador

Julgue o próximo item, relativos a pena, sua aplicação e a medidas de segurança.

No concurso formal, caso o agente tenha praticado dois crimes mediante uma ação dolosa, devem-se
aplicar cumulativamente as penas se os crimes concorrentes resultarem de desígnios autônomos.

02) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal -
Delegado de Polícia Federal

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução
penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.

Elton, pretendendo matar dois colegas de trabalho que exerciam suas atividades em duas salas distintas
da dele, inseriu substância tóxica no sistema de ventilação dessas salas, o que causou o óbito de ambos
em poucos minutos. Nessa situação, Elton responderá por homicídio doloso em concurso formal imperfeito.

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Direito Penal Geral

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03) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2015 - DPE-PE - Defensor Público

Com relação ao concurso de crimes, julgue o seguinte item.

O concurso formal próprio distingue-se do concurso formal impróprio pelo elemento subjetivo do agente,
ou seja, pela existência ou não de desígnios autônomos.

04) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2015 - DPE-PE - Defensor Público

Tales foi preso em flagrante delito quando transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois
revólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações raspadas.

Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência dominante dos
tribunais superiores relativa a esse tema.

A apreensão das armas de fogo configurou concurso formal de crimes.

GABARITO: 1) C; 2) C; 3) C; 4) E.

ERRO DE TIPO

O erro do tipo, previsto no artigo 20 do Código Penal, é erro que faz com que o agente, em uma situação
real, imagine não estar presente uma elementar ou uma circunstância presente em um tipo penal.

Dispõe o art. 20 do CP:

“Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui


o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.”

Se pensarmos que para a realização do dolo é preciso que o agente queira realizar todos os elementos
constantes de um tipo penal, caso o agente atue com um erro que incide sobre o tipo penal, haverá a
exclusão do dolo. Sendo o dolo integrante da conduta, excluído o dolo haverá a exclusão da culpa, e, por
conseguinte, do fato típico. Excluído o fato típico, não haverá crime.

Anotações:________________________________________________________________________
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Formas de erro de tipo

f) ESSENCIAL: É o que incide sobre elementares ou circunstâncias do crime, de forma que o agente
não tem consciência de que está cometendo um crime.
O erro de tipo essencial se divide em:

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Direito Penal Geral

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1) Vencível ou inescusável (imperdoável). Ocorre quando o agente poderia evitar o fato criminoso se
tivesse agido com o cuidado necessário no caso concreto. Nessa modalidade, o erro de tipo exclui o dolo,
mas o agente responde por crime culposo (se compatível com a espécie de delito praticado).

Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
___

2) Invencível ou escusável (perdoável) Ocorre quando, no caso concreto, se constata que o agente
não teria como evitar o erro, uma vez que empregou todos os cuidados normais na hipótese concreta.
Nesse caso, excluem-se o dolo e a culpa.

Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________

g) ACIDENTAL. É o erro que recai sobre elementos secundários e irrelevantes do tipo penal, e, por
isso, não impede a responsabilização do agente, que sabe que está cometendo um crime. Por isso, o
agente responde pelo delito.
O erro de tipo acidental possui as seguintes espécies:

1) Erro sobre o objeto. O autor pensa estar atingindo um objeto material, mas atinge objeto diverso.
Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________

2) Erro sobre a pessoa. Ocorre quando o agente pretende atingir certa pessoa, mas por equívoco atinge
outra.

O Código Penal, no art. 20, § 3º, faz uma ressalva: para fins de aplicação de pena, serão consideradas
as qualidades da pessoa que o agente pretendia atingir e não as da efetivamente atingida.
Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________

3) Erro na execução (aberratio ictus). Ocorre quando o autor, querendo atingir a vítima, efetua o golpe,
mas por erro (desvio do projétil, desvio da vítima), acaba por atingir pessoa diversa da que pretendia.
Nesta hipótese, o art. 73 do Código Penal estabelece que o sujeito responderá pelo crime, levando em
conta, porém, as condições da vítima que o agente pretendia atingir.

Não se confunde o erro na execução com o erro quanto à pessoa. Neste, o agente imagina que uma
pessoa é outra e efetua o disparo atingindo a pessoa que foi mirada. No erro na execução, o agente não
se confunde em relação à vítima. O autor efetua o disparo contra a pessoa certa, mas, por erro na execução
do crime, o projétil atinge pessoa diversa.
Ex:_______________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
4) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis). O agente quer atingir um bem jurídico, mas
atinge bem de espécie diferente.

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Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________

5) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae). É também chamado de dolo geral. Ocorre quando o
agente, pensando que já consumou o crime, pratica nova conduta, que vem a ser a causa real da
consumação.

Ex:_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________

QUESTÕES – CESPE

01) CESPE PC-AL Delegado de Polícia. Com base na interpretação doutrinária majoritária e no entendimento
dos tribunais superiores, julgue o item seguinte.

O erro de tipo, se vencível, afasta o dolo e a culpa, estando diretamente ligado à tipicidade da conduta do
agente.

02) CESPE Advogado.

Com referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da
infração penal, julgue o item que se segue.

Situação hipotética: Um agente, com a livre intenção de matar desafeto seu, disparou na direção deste,
mas atingiu fatalmente pessoa diversa, que se encontrava próxima ao seu alvo. Assertiva: Nessa situação,
configurou-se o erro sobre a pessoa e o agente responderá criminalmente como se tivesse atingido a
pessoa visada.

03) CESPE ABIN Oficial Técnico de Inteligência - Área de Direito.

Incorrendo o agente em erro de tipo essencial escusável ou inescusável, excluir-se-á o dolo, mas
permanecerá a culpa caso haja previsão culposa para o delito.

04) TJ-PI.

O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta o agente de pena, sendo consideradas
as condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

05) O erro inescusável sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e a culpa, se prevista
em lei.

06) O erro de tipo é aquele que recai sobre os elementos ou circunstâncias do tipo, excluindo-se o dolo e,
por conseqüência, a culpabilidade.

07) Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal.

Ocorre erro de tipo quando o agente se equivoca escusavelmente sobre a licitude do fato, determinando a
lei que, nesse caso, o agente fique isento de pena.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

08) Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal. Considere a seguinte situação hipotética. Um agente, por
equívoco, pegou um relógio de ouro que estava sobre o balcão de uma joalheria, pensando que era
o seu, quando, na realidade, pertencia a outro comprador. Nessa situação, o agente responderá pelo
crime de furto culposo.

09) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Assistente
Administrativo Fazendário. O erro sobre elemento do tipo

A) caracteriza erro na execução.

B) é uma excludente de ilicitude.

C) isenta a pena, caso fosse inevitável.

D) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

E) permite a diminuição de pena, nos parâmetros previstos em lei, caso o erro seja vencível.

10) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: CESPE - 2018 - EBSERH – Advogado. Com
referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da
infração penal, julgue o item que se segue.

Situação hipotética: Um agente, com a livre intenção de matar desafeto seu, disparou na direção
deste, mas atingiu fatalmente pessoa diversa, que se encontrava próxima ao seu alvo. Assertiva:
Nessa situação, configurou-se o erro sobre a pessoa e o agente responderá criminalmente como se
tivesse atingido a pessoa visada.

11) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Agente de Polícia. Acerca das
questões de tipicidade, ilicitude (ou antijuridicidade) e culpabilidade, bem como de suas respectivas
excludentes, assinale a opção correta.

A) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade são causas excludentes de ilicitude.

B) O erro de proibição é causa excludente de ilicitude.

C) Há excludente de ilicitude em casos de estado de necessidade, legítima defesa, em estrito


cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito.

D) Há excludente de tipicidade em casos de estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular


do direito e estrito cumprimento do dever legal.

E) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade são causas excludentes de tipicidade.

GABARITO: 1) E; 2) E; 3) E; 4) C; 5) E; 6) E; 7) E; 8) E; 9) D; 10) E; 11) D.

TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I

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Direito Penal Geral

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DOS CRIMES PRATICADOS


POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº


9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática
sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

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Direito Penal Geral

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§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art.
334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

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Direito Penal Geral

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Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
o
§ 1 Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.Anotações:_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

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Direito Penal Geral

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____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
__________
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
QUESTÕES CESPE – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

01) 2018 Advogado. Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas leis
penais extravagantes.

No mesmo contexto fático, são incompatíveis o crime de corrupção ativa praticado por particular e o crime
de concussão praticado por funcionário público.

02) 2018 STJ Analista Judiciário – Judiciária. Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais
superiores, julgue o item a seguir, acerca de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e
institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que
o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.

03) 2018 STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal . Julgue o item que se segue, acerca
de extinção da punibilidade no direito penal brasileiro.

É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário
público, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.

04)2018 CESPE STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Considerando a doutrina e a
jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em espécie, julgue o seguinte item.

Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde praticou
conduta delituosa em razão da sua função, configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto.
Assertiva: Nessa situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá pelo
crime de furto em sua forma qualificada.

05) 2018 CESPE ABIN Agente de Inteligência. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o
item a seguir.

O crime de peculato pode ser praticado por quem exerce emprego público, ainda que sua atividade seja
transitória ou sem remuneração.

06) 2018 CESPE ABIN Agente de Inteligência. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o
item a seguir.

O crime de corrupção ativa e o de corrupção passiva são considerados crimes próprios praticados contra a
administração pública.

07) 2018 ABIN Agente de Inteligência. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a
seguir.

Para a configuração do crime de prevaricação faz-se necessário um ajuste de vontade entre o agente do
Estado e o beneficiário do seu ato.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

08) 2018 ABIN Oficial de Inteligência. No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.

O crime de violação de sigilo funcional é subsidiário, apenas se caracterizando se a revelação de fato sigiloso
conhecido em razão do cargo não constituir crime mais grave.

09) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Julgue o item
seguinte, acerca do tratamento do sigilo e do segredo no direito penal no âmbito dos crimes contra a
administração pública.

Servidor público que tenha revelado fato do qual teve conhecimento em razão do cargo que exerce e que
deveria permanecer em segredo terá cometido crime de divulgação de segredo.

10) 2017 CESPE TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Julgue o item
seguinte, acerca do tratamento do sigilo e do segredo no direito penal no âmbito dos crimes contra a
administração pública.

O empréstimo de senha entre servidores de uma mesma repartição para acesso a banco de dados ou a
sistema de informações da administração pública comum aos usuários caracteriza crime contra a
administração pública.

11) 2017 CESPE TCE-PE Auditor de Controle Externo - Auditoria de Contas Públicas. No que se refere aos
crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue o seguinte item.

Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em atendimento
pelo Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de consulta.

12) 2017 TCE-PE Auditor de Controle Externo - Auditoria de Contas Públicas. No que se refere aos crimes
praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue o seguinte item.

O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.

13) 2016 TCE-PAProva: Auditor de Controle Externo - Área Fiscalização – Direito. Cada item a seguir
apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo com o Código Penal,
com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.

João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo em flagrante. A vítima não
realizou o pagamento e prontamente comunicou o fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de
concussão é formal, o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por ele
responder.

14) 2016 CESPE TCE-PAProva: Auditor de Controle Externo - Área Fiscalização – Direito. Cada item a seguir
apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo com o Código Penal,
com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.

Pedro, funcionário público, solicitou a Maria a quantia de R$ 10.000 para não lavrar auto de infração
decorrente de ato ilícito descoberto durante fiscalização fazendária. Ao perceber que teria que pagar uma
multa de mais de R$ 20.000, Maria prontamente concordou com a proposta e realizou o pagamento. Nessa
situação, Maria responderá como partícipe do delito de corrupção passiva, uma vez que, quanto ao concurso
de agentes, o Código Penal adotou exclusivamente a teoria unitária do crime.

15) 2015 CESPE AGU Advogado da União. João, empregado de uma empresa terceirizada que presta
serviço de vigilância a órgão da administração pública direta, subtraiu aparelho celular de propriedade de

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

José, servidor público que trabalha nesse órgão. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que se
segue.

O ato praticado por João configura crime de peculato-furto, em que o sujeito passivo imediato é José e o
sujeito passivo mediato é a administração pública.

16) 2015 STJ Analista Judiciário – Administrativa. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue
o item a seguir.

A pessoa que exerça temporariamente cargo público, mesmo sem remuneração, poderá ser enquadrada
em crime de advocacia administrativa.

17) 2015 STJ Analista Judiciário – Administrativa. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue
o item a seguir.

Incorre em crime de peculato o servidor público que, embora não tendo posse de determinado bem,
concorra para sua subtração, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade proporcionada pelo
cargo que ocupe.

18) 2015 STJ Analista Judiciário – Administrativa. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue
o item a seguir.

Cometerá crime de prevaricação o servidor público que deixar de responsabilizar, por clemência, o seu
subordinado que tenha cometido infração no exercício do cargo.

19) 2015 DPU Defensor Público Federal. Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a
administração pública, aos crimes de tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.

Cometerá o crime de corrupção passiva privilegiada, punido com detenção, o DP que, após receber
telefonema de procurador da República que se identifique como tal, deixar de propor ação em que esse
procurador seja diretamente interessado.

20) 2014 Técnico Judiciário - Área Judiciária. Em relação às causas extintivas da punibilidade e aos crimes
contra a administração pública, julgue os itens que se seguem.

Servidor público que utilizar papel, tinta e impressora pertencentes à repartição pública onde trabalha para
imprimir arquivos particulares praticará o crime de peculato.

21) 2018 CESPE STJ Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Considerando a legislação, a
doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos direitos e das garantias fundamentais e da
aplicabilidade das normas constitucionais, julgue o item a seguir.

Constitui crime de resistência bloquear o ingresso de oficial de justiça munido de mandado de intimação
no domicílio durante o período noturno do sábado.

22) 2018 ABIN Agente de Inteligência. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a
seguir.

Situação hipotética: Gustavo, sabedor de um crime praticado por seu filho Cácio, procurou a autoridade
policial e assumiu a autoria do delito, com o objetivo de impedir que ele fosse processado e condenado.
Assertiva: Nessa situação, a conduta de Gustavo configura o tipo penal de autoacusação falsa.

23) 2018 ABIN Oficial Técnico de Inteligência - Área 2. A respeito de crimes contra a administração pública,
julgue o item seguinte.

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

O Superior Tribunal de Justiça entende que manter a tipificação do crime de desacato no sistema jurídico
brasileiro não ofende a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

24) 2018 ABIN Agente de Inteligência. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a
seguir.

Situação hipotética: Com o intuito de prejudicar a candidatura de Flávio, seu concorrente eleitoral, Alberto
procurou uma delegacia de polícia e imputou falsamente a Flávio os crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. Reduzida a termo essas declarações, a autoridade policial instaurou inquérito policial para
apurar os delitos. Assertiva: Nessa situação, Alberto responderá pelo crime de fraude processual.

25) 2017 TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Área Judiciária. No que se refere aos crimes contra a
administração da justiça, julgue o item seguinte.

Situação hipotética: Jonas usou de grave ameaça contra perito com o objetivo de favorecer os interesses
da empresa onde trabalha, que está envolvida em contenda submetida ao juízo arbitral. Assertiva: Nessa
situação, o crime cometido por Jonas é tipificado como coação no curso do processo.

26) 2017 TRF - 1ª REGIÃO Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Julgue o item
subsequente, relativo a crimes contra a administração pública.

A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à
pessoa sobre a qual recairá a suposta prática delitiva.

GABARITO: 1) C; 2) E; 3) C; 4) E; 5) C; 6) E; 7) E; 8) C; 9) E; 10) E; 11) E; 12) E; 13) C; 14) E;


15) E; 16) C; 17) C; 18)E; 19) C; 20) C; 21) E; 22) C; 23) C; 24) E; 25) C; 26) C

CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Anotações:________________________________________________________________________
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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Anotações:________________________________________________________________________
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Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Anotações:________________________________________________________________________
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Descaminho

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

o
§ 1 Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)

II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela
Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou


industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

o
§ 2 Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Anotações:________________________________________________________________________
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Contrabando

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

o
§ 1 Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)

II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização


de órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)

IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou


industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º -
Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº
4.729, de 14.7.1965)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Anotações:________________________________________________________________________
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Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência


Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida
pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da
vantagem oferecida.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de
funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de
funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado
à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela
legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo
ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 1 É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 2 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 3 Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 4 O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
índices do reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Anotações:________________________________________________________________________
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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.

Vigência

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,
decreta a seguinte Lei:
CÓDIGO PENAL
PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as

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Direito Penal Geral

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circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 1984)
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
1984)
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 1984)
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
1984)
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 1984)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TÍTULO II
DO CRIME
Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.

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Direito Penal Geral

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O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida
de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Anotações:___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

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Direito Penal Geral

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(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa
e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida
refém durante a prática de crimes.” (NR)
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Menores de dezoito anos


Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Direito Penal Geral

Lucas Braga Netto

ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

TRÁFICO DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06


1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS.
A Lei nº 11.343/06, em muitos dos seus tipos penais, prevê como objeto material “drogas”,
termo que é definido/relacionado na Portaria nº 344/98 da ANVISA, diante de que se trata de norma
penal em branco, pois depende de um complemento normativo para se aperfeiçoar. A norma penal em
branco pode ser:
- Norma penal em branco própria (em sentido estrito): quando o complemento normativo não emana do
legislador. Também é chamada de heterogênea. Ex.: Lei de Antidrogas, porque o que venha a ser drogas é
um complemento que não é dado pelo legislador, mas sim pelo Poder Executivo através da Portaria da
ANVISA acima mencionada.
- Norma penal em branco imprópria (em sentido amplo): quando o complemento normativo emana do
próprio legislador. Também é chamada de homogênea. Subdivide-se em homóloga (homovitelina), cujo
complemento emana da mesma instância legislativa (lei penal complementada pela própria lei penal, ex.:
conceito de funcionário público para fins penais – Art. 327 do CP); e heterólogo (heterovitelina), cujo
complemento emana de instância legislativa diversa (Ex.: lei penal complementada pela lei civil – ex.: Art.
236 do CP que tem de ser complementado pelo Código Civil que estabelece quais os impedimentos para o
casamento).
- Norma penal em branco ao revés: quando o complemento normativo diz respeito à sanção. Ex.: Art. 1º da
Lei 2.889/56 (Lei que pune o genocídio).

Diferentemente do diploma normativo anterior, Lei nº 6.368/76, que reunia comportamentos


distintos no mesmo tipo, com a mesma sanção penal, ferindo o princípio da proporcionalidade, por isso
era criticada, (Ex.: punia com 3 a 15 anos de reclusão tanto quem traficava, quanto quem induzia
outrem ao consumo de drogas), a Lei nº 11.343/06 criou figuras próprias para comportamentos
distintos, com penas distintas e proporcionais (Ex.: quem comercializa drogas comete o crime do Art.
33, caput, com pena de 5 a 15 anos de reclusão; já aquele que induz alguém ao uso indevido de
drogas responde pelo Art. 33, §2º, com uma pena de 1 a 3 anos de detenção).

2. CONSEQUÊNCIAS/RESTIÇÕES/VEDÇÕES PARA QUEM PRATICA TRÁFICO DE


DROGAS (Art. 5º, XLIII, da CF/88, c/c Art. 44 da Lei nº 11.343/06).
A CF/88 já trouxe algumas consequências mínimas em relação aos crimes hediondos e
equiparadas, dentre os quais o tráfico de drogas, in verbis:
CF/88 - Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem.

Imperioso mencionar, outrossim, que, além dessas consequência/restrições/vedações


constitucionais, o legislador pode estabelecer outras, se assim entender necessário. Nesse
sentido, vejamos o que dispões o Art. 44 da Lei nº 11.343/03:
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após
o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

1) Inafiançabilidade – igual aos crimes hediondos, tortura e terrorismo. E nem podia ser diferente, já
que é determinação da Constituição Federal constante do “mandado expresso” de criminalização do Art.
5º, XLIII, da CF/88, acima transcrito.
2) Insuscetibilidade de sursis (Art. 77 e ss. do CP) – a Lei nº 8.072/90 (crimes hediondos) não proíbe
sursis, razão pela qual existe doutrina questionando a constitucionalidade dessa proibição na Lei de
drogas, porque se está tratando situações iguais ou até menos graves de forma mais rigorosa, todavia
até o momento essa previsão legal não foi declarada inconstitucional pelo STF, portanto para fins de
prova seguir a vedação prevista expressamente no Art. 44 da Lei nº 11.343/06.
3) Insuscetibilidade de anistia, graça e indulto – São espécies de “perdão” concedidos pelo Estado a
quem pratica determinados crimes em determinados contextos históricos, sociais e/ou culturais. Essas
mesmas vedações também se aplicam aos crimes hediondos (Lei nº 8.072/90), à tortura (Lei nº
9.455/97) e ao terrorismo (Lei nº 13.260/16).
4) Não cabimento de conversão das penas privativas de liberdade em restritivas de direito – o STF, no
julgamento do HC 97256/2010 – Tribunal Pleno, pacificou o entendimento de que essa proibição é
inconstitucional, porque quem deve decidir se cabe ou não restritivas de direito é o magistrado,

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Legislação Extravagante

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analisando o caso concreto, por conta do princípio da individualização das penas previsto no Art. 5º,
XLVI, da CF/88.
5) Proibição de Liberdade Provisória sem Fiança – o STF, no julgamento do HC 104339/2012 - Tribunal
Pleno, também declarou essa proibição inconstitucional, também sob o argumento de que quem deve
decidir se é possível ou não a concessão da liberdade provisória é o juiz, analisando o caso concreto.
Nesse sentido, o Pretório Excelso firmou a tese de que “é inconstitucional a expressão “e liberdade
provisória", constante do caput do artigo 44 da Lei 11.343/2006”.
6) Livramento condicional diferenciado: igual ao que ocorre com os crimes hediondos e demais
equiparados (tortura e terrorismo), a saber:
 Livramento condicional – Requisito temporal:
 Condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes – cumprimento de mais
de 1/3 da pena.
 Condenado reincidente em crime doloso – cumprimento de mais de 1/2 da pena.
 Condenado por crime hediondo ou equiparado:
 Não reincidente específico - cumprimento de no mínimo 2/3 da pena;
 Reincidente específico - NÃO tem direito a livramento condicional.
Obs1.: Prevalece o entendimento de que é reincidente específico quem já foi condenado
anteriormente, com trânsito em julgado, em crimes da mesma natureza (hediondos ou equiparados),
pouco importando se previstos os delitos praticados no mesmo tipo penal ou se têm o mesmo bem
jurídico protegido.
Obs2.: Com alteração trazida pela Lei nº 13.344/16, foi incluído também nesse livramento condicional
diferenciado o crime de tráfico de pessoas previsto no Art. 149-A do Código Penal (Art. 83, V, do CP).

3. TIPOS PENAIS.
3.1. Posse de drogas para consumo pessoal (Art. 28 da Lei nº 11.343/06).
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§1º - Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe
plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica.

a) Bem Jurídico tutelado – a saúde pública colocada em risco pelo comportamento do usuário. Não se
pune o porte de drogas para uso próprio em função da proteção à saúde individual do agente, pois a
autolesão não é punida no ordenamento jurídico brasileiro, salvo se for para fraudar seguro (Art. 171,
V, do CP).
b) Sujeito ativo – trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Questão: Pessoa surpreendida após ter acabado de consumir toda a droga é esse crime? Não
se pune o agente se for surpreendido após o uso de drogas, sem a possibilidade de se encontrar a
substância em seu poder, ou seja, sem nenhum vestígio mais do entorpecente, pois não vai ter como
se provar a materialidade delitiva, além do que “usar” não é conduta prevista no tipo penal.
c) Sujeito passivo – a coletividade (esse tipo de crime é o que a doutrina chama de crime vago).
d) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é o chamado elemento normativo do tipo
penal, que não pode faltar na denúncia, sob pena de ser ela considerada inepta.
e) Elemento subjetivo do tipo – é o dolo de ter a posse da droga com a finalidade específica de ser
“para consumo pessoal”. A ausência desse dolo específico afasta esse crime e faz incidir a figura típica
do Art. 33, caput (tráfico de drogas).
f) Consumação - com a realização de qualquer das cinco condutas descritas no tipo penal. Nas condutas
“guardar”, “ter em depósito”, “trazer consigo” e “transportar” é crime permanente. Admite TENTATIVA,
mas é de difícil ocorrência na prática (Ex.: tentar adquirir).
g) Consequência - penas ou medidas socioeducativas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.


As penas previstas nos incisos II e III acima serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
meses. E, no caso de reincidência, por no máximo de 10 (dez) meses. (Art. 28, §§ 3º e 4º, da Lei nº
11.343/06). A Jurisprudência entende que essa reincidência deve ser a específica, ou seja, o infrator
tem de ser reincidente no crime do Art. 28 da Lei, para que as penas dos incisos II e III possam ser até
dez meses. Nesse diapasão, vejamos:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. POSSE DE DROGAS. ART. 28, § 4º, DA LEI 11.343/2006.
APLICABILIDADE ÀQUELE QUE REINCIDIR NA PRÁTICA DO DELITO PREVISTO NO CAPUT DO
ART. 28 DA LEI DE DROGAS. MELHOR EXEGESE. REVISÃO DO ENTENDIMENTO DA SEXTA TURMA.
RECURSO IMPROVIDO.
1. A melhor exegese, segundo a interpretação topográfica, essencial à hermenêutica, é de que os
parágrafos não são unidades autônomas, estando direcionados pelo caput do artigo a que se referem.
2. Embora não conste da letra da lei, é forçoso concluir que a reincidência de que trata o § 4º
do art. 28 da Lei 11.343/2006 é a específica. Revisão do entendimento.
3. Aquele que reincide no contato típico com drogas para consumo pessoal fica sujeito a
resposta penal mais severa: prazo máximo de 10 meses.
4. Condenação anterior por crime de roubo não impede a aplicação das penas do art. 28, II e
III, da Lei 11.343/06, com a limitação de 5 meses de que dispõe o § 3º do referido dispositivo
legal.
5. Recurso improvido. (STJ – Resp. 1771304/ES, Relator(a): Ministro NEFI CORDEIRO, Órgão
Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 10/12/2019).

Além disso, conforme preconiza o §5o do Art. 28 da Lei em tela, “a prestação de serviços à
comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais,
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de
drogas”.
Obs.: é um caso excepcional de penas alternativas previstas no tipo penal como penas principais de
forma abstrata, ou seja, não são substitutivas. Por isso, Guilherme de Souza Nucci rotula o Art. 28 de
“infração de ínfimo potencial ofensivo”, pois mesmo sendo inviável a transação penal, ainda que
reincidente o agente, jamais será aplicada pena privativa de liberdade, somente penas alternativas com
medidas assecuratórias em caso de descumprimento injustificado. Essas medidas assecuratórias estão
no Art. 28, §6º. Em outros crimes o juiz assegura o comprimento com a conversão em pena privativa
de liberdade em restritivas de direitos (alternativas), mas aqui não dá para fazer isso, pois as penas
principais já são alternativas, portanto se utiliza as medidas assecuratórias do Art. 28, §6º, da Lei nº
11.343/06, que assim dispõe:
Art. 28. (...)
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e
III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.

h) Prescrição – como o tipo do Art. 28 não possui pena privativa de liberdade, ela traz um prazo próprio
de prescrição para esse caso, que é de 2 (dois) anos (Art.30 da Lei nº 11.343/06).
i) Parâmetros para diferenciar esse crime do crime de tráfico de drogas do Art. 33, caput, da Lei nº
11.343/06: de acordo com o §2o do Art. 28 da referida lei, “para determinar se a droga destinava-se a
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
conduta e aos antecedentes do agente”.
Obs.: Apesar de certa divergência doutrinária sobre a natureza do Art. 28 da Lei nº 11.343/06, o STF
pacificou o entendimento de que se trata de crime, primeiro porque se encontra no capítulo da lei
denominado “DOS CRIMES E DAS PENAS”; segundo porque o Art. 30 da lei fala em “prescrição”, e
prescrição é de crime; e terceiro o Art. 5º, XLVI, CF/88, prevê para crimes penas outras que não sejam
necessariamente reclusão e detenção.
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 28 DA LEI 11.343/2006. PORTE ILEGAL DE SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA ESTATAL. ÍNFIMA QUANTIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO. EXISTÊNCIA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO OU PRESUMIDO.
PRECEDENTES. WRIT PREJUDICADO. I – (...) II – A aplicação do princípio da insignificância de modo a
tornar a conduta atípica exige sejam preenchidos, de forma concomitante, os seguintes requisitos: (i)
mínima ofensividade da conduta do agente; (ii) nenhuma periculosidade social da ação; (iii) reduzido grau
de reprovabilidade do comportamento; e (iv) relativa inexpressividade da lesão jurídica. III – No caso sob
exame, não há falar em ausência de periculosidade social da ação, uma vez que o delito de porte de
entorpecente é crime de perigo presumido. IV – É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que
não se aplica o princípio da insignificância aos delitos relacionados a entorpecentes. V – A Lei
11.343/2006, no que se refere ao usuário, optou por abrandar as penas e impor medidas de caráter

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

educativo, tendo em vista os objetivos visados, quais sejam: a prevenção do uso indevido de drogas, a
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. VI – Nesse contexto, mesmo que se
trate de porte de quantidade ínfima de droga, convém que se reconheça a tipicidade material
do delito para o fim de reeducar o usuário e evitar o incremento do uso indevido de substância
entorpecente. VII – Habeas corpus prejudicado. (STF - HC 102940 / ES - ESPÍRITO SANTO,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Julgamento: 15/02/2011, Órgão
Julgador: Primeira Turma).

j) In(aplicabilidade) do Princípio da Insignificância:


No âmbito do STJ, é dominante o entendimento de não se aplicar o princípio da insignificância em
relação ao crime do Art. 28 da Lei Antidrogas. Nesse diapasão, STJ - AgRg no AREsp 1093488/2017 -
5ª Turma; AgInt no HC 372555/2017 - 5ªTurma; HC 377737/2017 - 5ªTurma; AgRg no HC
370791/2017 - 6ª Turma; AgRg no RHC 68686/2016 - 6ªTurma; e AgRg no AREsp 682038/2015 -
6ªTurma.
Apesar de dominante no STJ, o tema não é pacífico no STF, pois na Jurisprudência do Pretório
Excelso encontram-se decisões em sentido contrário, ou seja, aplicando o princípio da Bagatela ao
crime de posse de droga para consumo pessoal, como por exemplo: HC 110475/2012/2012-1ªTurma;
e HC 127573/2019-2ªTurma. Inclusive esse é o entendimento mais recente da Suprema Corte.
Atenção: E, a bem da verdade, no caso do HC 127573/2019, a bagatela foi aplicada a um caso de uma
mulher condenada por TRÁFICO DE DROGAS a uma pena de 6 anos, 9 meses e 20 dias de reclusão,
em regime inicialmente fechado, pela posse de 1 grama de maconha, senão vejamos:

Ementa: Habeas corpus. 2. Posse de 1 (um grama) de maconha. 3. Condenação à pena de 6 (seis)
anos, 9 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, em regime inicial fechado. 4. Pedido de
absolvição. Atipicidade material. 5. Violação aos princípios da ofensividade,
proporcionalidade e insignificância. 6. Parecer da Procuradoria-Geral da República pela
concessão da ordem. 7. Ordem concedida para reconhecer a atipicidade material. (STF -
HC 127573, Relator(a): Ministro Gilmar Mendes, Órgão Julgador: 2ª Turma, Julgamento:
11/11/2019).

l) Reincidência – De acordo com entendimento firmando pelo STJ, condenação anterior pelo deito do
Art. 28 da Lei Antidrogas, salvo para o efeito previsto no §4º do próprio dispositivo legal, não gera
reincidência, pois seria desproporcional já que condenação anterior por contravenção penal punida com
prisão simples não a gera (Art. 63 do CP) que dirá esse delito que não é sequer punido com pena
privativa de liberdade. Nesse sentido, STJ - HC 478757/2019 – 5ª Turma, HC 453437/2018 – 5ª
Turma, AgRg no REsp. 1778346/2019 – 6ª Turma e Resp. 1672654/2018 – 6ª Turma.

m) In(constitucionalidade) do Art. 28 da Lei nº 11.343/06 – A constitucionalidade do Art. 28 da Lei nº


11.343/06 é discutida no STF, em sede de Repercussão Geral, no RE nº 635659/SP, portanto ficar
acompanhando!

3.2. Tráfico de Drogas – Art. 33, caput.


Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa.

a) Bem Jurídico:
- Tutela imediata ou primária – saúde pública.
- Tutela mediata ou secundária – saúde individual das pessoas que integram a sociedade (pessoas
expostas ao vício).
b) Sujeito Ativo – trata-se de crime comum, logo, pode ser praticado por qualquer pessoa.
Obs.: cuidado com a modalidade prescrever (receitar para o homem), porque nesse caso o crime só
pode ser praticado por médico ou dentista, logo, nesse caso, trata-se de crime próprio.
c) Sujeito Passivo – é a coletividade (esse tipo de crime é o que a doutrina chama de “crime vago”).
Questão: Qual crime pratica quem vende drogas para criança ou adolescente? Art. 243 da Lei
nº 8.069/90 (EC ou Art. 33 da Lei nº 11.343/06?
ART. 343 DO ECA ART. 33 DA LEI DE DROGAS
Fala em “bebida alcoólica” ou “produtos cujos Fala em “drogas”, que nada mais são do que
componentes possam causar dependência física substâncias que podem causar dependência

4
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

ou psíquica”. física ou psíquica.


Assim, se a venda ou fornecimento for de produtos que estejam relacionados na Portaria 344/98 da
ANVISA, o crime será o da Lei de Drogas, caso contrário, será o crime do ECA (Ex.: “cola de
sapateiro, pois seus componentes hoje não constam da referida Portaria)

d) Tipo objetivo – são 18 núcleos (condutas). Trata-se, pois, de crime plurinuclear, de ação múltipla, de
conteúdo variado ou tipo misto alternativo. Isso significa que, mesmo que o agente pratique, no
mesmo contexto fático e sucessivamente, mais de uma ação típica, por força do princípio da
alternatividade, responderá por crime único (Ex.: o sujeito importou a droga, manteve-a em depósito e
depois a vendeu). A quantidade de condutas será considerada em consideração pelo magistrado na
dosimetria da pena (fixação da pena-base).
Questão: cessão gratuita de drogas para juntos consumirem?
Cuidado com o núcleo “fornecer, ainda que gratuitamente”, porque se for de forma eventual à pessoa
de seu relacionamento para juntos consumirem, o delito será o do Art. 33, §3º, cuja pena é de
detenção de 6 meses a 1 ano, tipificado nos seguintes termos: Oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem.
e) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é um elemento normativo do tipo, que não
pode faltar na denúncia, sob pena de ser inepta, até porque há casos em que se autoriza o uso da
droga e, portanto, não há que se falar em crime (Art. 2º c/c Art. 31 da Lei nº 11.343/06).
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a
Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito
de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no
caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar,
transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar,
expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima
destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

Questão: É possível reconhecimento de estado de necessidade? Dificuldade de subsistência, por


meios lícitos decorrentes de doença, embora grave, não justifica apelo a recurso ilícito, moralmente
reprovável e socialmente perigoso, de se entregar o agente ao comércio de drogas (JURISPRUDÊNCIA
PURA – CESPE ADORA!).
f) Tipo Subjetivo – o crime é punível a título de dolo. Porém para diferenciar do usuário, é DOLO +
FINALIDADE DE TRÁFICO. Já o delito do Art. 28 é DOLO + FINALIDADE DE USO, como já ressaltado
anteriormente.
g) Consumação – com a prática de qualquer um dos 18 núcleos trazidos pelo tipo penal. Lembrar que
configuram crime permanente as seguintes condutas: preparar, produzir, fabricar, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar. A consequência prática disso e que a prisão em
flagrante está autorizada enquanto não cessar a permanência (Art. 303 do CPP).
Prevalece que admite tentativa, como, por exemplo, no caso da aquisição frustrada (tentar
adquirir a droga, mas não conseguir por circunstâncias alheias à sua vontade).
Atenção: a Jurisprudência majoritária do STJ mais recente é no sentido de que é imprescindível a
apreensão de droga e a consequente realização de exame pericial (toxicológico), para se comprovar a
materialidade desse delito, é dizer, outros meios de prova não são suficientes para comprovar a sua
ocorrência. Nesse sentido, vejamos:
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. AÇÃO PENAL. FALTA DE
JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE. APREENSÃO DE DROGAS.
IMPRESCINDIBILIDADE PARA O TRÁFICO. NÃO PARA O CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
1. É imprescindível para a demonstração da materialidade do crime de tráfico a apreensão de
drogas. Precedentes desta Corte. Ressalva do ponto de vista da relatora.
2. Para a configuração do delito previsto no art. 35 da Lei n.º 11.343/06 é desnecessária a comprovação
da materialidade quanto ao delito de tráfico, sendo prescindível a apreensão da droga ou o laudo
toxicológico. É indispensável, tão somente, a comprovação da associação estável e permanente, de duas
ou mais pessoas, para a prática da narcotraficância.

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Legislação Extravagante

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3. Ordem concedida parcialmente para trancar a ação penal apenas no tocante ao crime de tráfico de
drogas, estendendo os efeitos desse julgamento, nos termos do art. 580 do Código de Processo Penal,
aos
demais denunciados. (STJ – HC 432738/PR, Relator(a): Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 20/03/2018).

No mesmo sentido, STJ - AgRg no REsp 1823847/2020 – 5ª Turma, RHC 65205/2016 – 5ª


Turma, AgRg no REsp 1448529/2015 – 6ª Turma, HC 139231/2011 – 5ª Turma e HC 148480/2010 –
6ª Turma.
Para o STF, porém, a falta do laudo toxicológico definitivo não implica, necessariamente, a
inexistência de materialidade delitiva que pode ser comprovada por outras provas, como por exemplo,
depoimentos de testemunhas e interceptações telefônicas. Nesse sentido:
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. MATERIALIDADE DELITIVA. NÃO APREENSÃO
DA SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. COMPROVAÇÃO PELAS DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS NOS
AUTOS. DEPOIMENTOS DE TESTEMUNHAS E INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. INTELIGÊNCIA DO
ART. 167 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A falta de laudo pericial não conduz, necessariamente, à inexistência de prova da
materialidade de crime que deixa vestígios, a qual pode ser demonstrada, em casos
excepcionais, por outros elementos probatórios constante dos autos da ação penal (CPP, art.
167). Precedentes. 2. A via estreita do habeas corpus não permite refutar o robusto conjunto
probatório, colhido sob o crivo do contraditório, que atesta a existência da infração penal. 3. Ordem
denegada. (STF – HC 130265, Relator(a): Ministro TEORI ZAVASCKI, Órgão Julgador: 2ª Turma,
Julgamento: 31/05/2016).

No mesmo sentido, STF – HC 172774 Agr/2019 – 2ª Turma, HC 174954 Agr/2019 – 1ª Turma e


HC 139578 Agr/2019 – 1ª Turma.

Questão: é possível concurso de tráfico de drogas e outros delitos? Alguns exemplos:


1º) É possível tráfico com furto (Ex.: drogas guardada em Universidade para estudos é subtraída –
quem subtraiu responde por furto e tráfico).
2º) É possível com receptação (Ex.: o traficante vende drogas e recebe como pagamento um relógio
que sabe ser produto de crime).
3º) Não é possível com sonegação fiscal (sonegação de Imposto de Renda por parte do traficante, por
exemplo).

h) Atenuante da confissão espontânea no caso do crime de tráfico de drogas - é necessário que


o réu admita que traficava drogas, e não que era mero usuário. Senão vejamos o que dispõe a Súmula
630/2019 do STJ: “A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da
posse ou propriedade para uso próprio”.

i) Importação de pequena quantidade de sementes de maconha – de acordo com decisão da 2ª Turma


do STF, é fato atípico (STF – HC 144161/2018 e HC 142987/2018).

3.2.1 Figuras equiparadas ao Tráfico – Art. 33, §1º.


Art. 33, § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas;

 INCISO I
a) Tipo objetivo: São as mesmas condutas previstas para o tráfico do Art. 33, caput, EXCETO:
preparar, prescrever, ministrar e entregar a consumo. Porém o objeto material é diverso.
b) Objeto material: o §1º, I, traz um tráfico equiparado, sendo o objeto material aqui é “matéria-
prima”, “insumo” ou “produto químico”; já o Art. 33, caput, tem como objeto material “droga”.
Compreende não só as substâncias destinadas exclusivamente à preparação de drogas, como também
as que, eventualmente, prestem-se a essa finalidade (STJ – 45003/2009 – 6ª Turma). Muitas
substâncias são fabricadas para fins lícitos, porém eventualmente os traficantes as utilizam para a
preparação de drogas (Exemplos: álcool etílico, acetona, ácido bórico, ácido sulfúrico, bicarbonato de
sódio, cafeína, lidocaína etc).
Obs.: não há necessidade de que as matérias-primas tenham os efeitos farmacológicos das drogas a
serem produzidas. Basta que tenham as condições e qualidades químicas necessárias para a sua
preparação. Essa é inclusive a posição do STF.

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c) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é um elemento normativo do tipo, que não
pode faltar na denúncia, sob pena de ser inepta.
d) Elemento Subjetivo: é o DOLO, devendo o agente ter ciência de que a substância pode servir à
preparação de drogas.

e) Princípio da Consunção: Se a droga chegar a ser preparada e, num mesmo contexto fático,
encontram-se drogas já prontas e taambém “matéria-prima”, “insumo” ou “produto químico”,
o(s) agente(s) só responde(m) pelo Art. 33, caput. Nesse sentido, STF - HC 109708/2015 – 2º Turma.

 INCISO II

Art. 33, § 1o Nas mesmas penas incorre quem:


II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

a) Objeto material: agora é uma matéria-prima especial, ou seja, plantas que se constituam em
matéria-prima para a preparação de drogas.
b) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é um elemento do tipo, que não pode
faltar na denúncia, sob pena de ser inepta. É um elemento imprescindível.
Obs.: também não há necessidade de que as plantas tenham os efeitos farmacológicos das drogas a
serem produzidas. Basta que tenham as condições necessárias para a preparação da droga. Essa é
inclusive a posição do STF.
c) Princípio da Consunção – se semear, cultivar e colher, e depois preparar a droga, só responderá pelo
Art. 33, caput, ficando a semeia, o cultivo e a colheita absorvida, devendo, porém, tal circunstância ser
levada em conta na fixação da pena base.
Obs.: Lei nº 11.343/06, Art. 32, § 4o: As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em
vigor.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais
de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas
à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo
especial com destinação específica, na forma da lei.

 INCISO III

Art. 33, § 1o Nas mesmas penas incorre quem:


III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda
ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

a) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é um elemento normativo do tipo, que não
pode faltar na denúncia, sob pena de ser inepta. Imprescindível esse elemento normativo indicativo da
ilicitude.
Obs.: é irrelevante a natureza da posse do local ou bem, legítima ou ilegítima, bastante que a conduta
do agente seja causal em relação ao tráfico de drogas no local.
b) Elemento Subjetivo – é o DOLO. Não precisa haver finalidade de lucro. Extrai-se isso da expressão
“ainda que gratuitamente”.
c) Consumação - na primeira modalidade (utilizar o local), o crime se consuma com o efetivo proveito
do local. Na segunda (consentir que outrem utilize o local), basta a mera permissão. As duas
modalidades admitem tentativa (Ex.: carta interceptada consentindo o uso do local para o tráfico).
Obs.: se a agente consente que alguém se utilize do local para consumir indevidamente droga, não se
trata desse delito. Configurará o Art. 33, §2º - “Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido
de droga”: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa).

 INCISO IV

Art. 33, § 1o Nas mesmas penas incorre quem:

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IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação


de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a AGENTE
POLICIAL DISFARÇADO, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Em relação a essa nova figura típica, duas críticas já são apontadas pela doutrina:
1ª) As condutas vender ou entregar drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico ...,
aqui tipificadas, caracteriza situação de flagrante preparado, provocado, crime de ensaio ou delito
putativo por obra do agente provocador, que é ilícito por se tratar de crime impossível (Art. 17 do CP);
e
2ª) Se há elementos probatórios de conduta(s) criminal(ais) preexistente(s) o correto é o agente
responder pelo caput, conforme era pacificado na Jurisprudência no caso da famosa “venda simulada
de drogas”, em que o infrator respondia pela condutas preexistentes do caput Art. 33, é não pela
conduta vender ou entregar, pois nesse caso há flagrante preparado.
Apesar das críticas acima, já apontadas por alguns doutrinadores, num primeiro momento se ater
a letra da Lei, sobretudo para questões objetivas, até que sejam firmadas posições dos Tribunais
Superiores.

3.2.2. Induzimento, instigação e auxílio ao uso indevido de drogas.


Art. 33, § 2o - Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

a) Sujeito Ativo – é crime comum. Logo pode ser praticado por qualquer pessoa.
b) Sujeito Passivo: primário – a coletividade. Secundário – quem é induzido, instigado ou auxiliado a
usar droga de forma indevida.
c) Tipo Objetivo – o delito pode ser praticado com:
- Induzimento: fazer nascer a ideia de consumir droga.
- Instigação: reforçar a ideia já existente de consumir droga.
- Auxílio: Exemplos: dar dinheiro para comprar a droga, levar a pessoa até a “boca de fumo” para
adquirir a droga, emprestar um local para a pessoa usar a droga etc.
Questão: Qual a diferença desse crime para o Art. 287 do CP (apologia de crime ou criminoso)? No art.
33, §2º, tem-se um incentivo específico, com destinatário certo. No Art. 287 do CP, tem-se um
incentivo genérico, sem destinatário certo. CUIDADO: A marcha pela legalização da maconha não é
crime, nem do Art. 33,§ 2º, porque não há destinatário certo, nem do Art. 287 do CP, porque não se
está fazendo apologia ao crime, ao contrário, eles querem que isso não seja crime.
d) Consumação - duas correntes:
1ª Corrente – delito material. Consuma-se com o efetivo uso da droga. (VICENTE GRECO FILHO)
2ª Corrente – delito formal. Consuma-se com o mero incentivo, dispensando o uso efetivo da
droga. (ROGÉRIO SANCHES)

3.2.3. Cessão gratuita de drogas para consumo conjunto.


Art. 33, § 3o - Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

a) Elementares para o diferenciar do crime de tráfico de drogas do Art. 33, caput:


1) Oferecimento eventual – se for de forma reiterada é tráfico (Art. 33, caput).
2) Sem objetivo de lucro – caso se verifique objetivo de lucro, é tráfico (Art. 33, caput). O lucro aqui
pode ser direto ou indireto (Ex.: o traficante oferece drogas para o usuário experimentar e, se gostar,
depois volta para comprar). Esse sem objetivo de lucro é um elemento subjetivo negativo do tipo, ou
seja, é uma finalidade que não pode animar o agente, pois se existir, será tráfico, e não esse crime do
Art. 33, §3º.
3) Pessoa de seu relacionamento – se a pessoa não é de seu relacionamento, o agente reponde por
tráfico (Art. 33, caput). Esse crime exige uma relação jurídica ou de fato entre os sujeitos ativo e
passivo, logo, não é crime comum, e sim crime próprio. Ex.: familiar, amigo, namorado, colega de
trabalho. Se oferecer a drogas a pessoa estranha ao seu relacionamento pessoal, familiar, social ou
profissional, o crime é o de tráfico (art. 33, caput).

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Legislação Extravagante

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4) Para juntos a consumirem – se for só para a outra pessoa consumir, o delito é o de tráfico (Art. 33,
caput). Aqui, é um elemento subjetivo positivo do tipo, ou seja, ele tem que estar presente para o
crime se perfazer.
Obs.: trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, pois, como se vê, a pena máximo
prevista é de 1 (um) ano, por isso alguns doutrinadores o denominam de tráfico atípico de menor
potencial ofensivo.

3.2.4. Causa de diminuição de pena – é chamado pela doutrina de tráfico privilegiado.


Art. 33, § 4o - Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.

a) Requisitos: são subjetivos e cumulativos.


1) agente primário;
2) agente com bons antecedentes;
3) agente não se dedique às atividades criminosas;
4) agente não integre organização criminosa.
b) Crimes passíveis da diminuição: O privilégio não atinge os §§ 2º e 3º do Art. 33, por expressa
disposição legal, mas tão somente as condutas do Art. 33, caput e §1º.
c) Quantum da diminuição: varia de 1/6 a 2/3.
d) Natureza jurídica: de acordo com o entendimento majoritário, é um direito subjetivo do réu, ou seja,
preenchidos os requisitos legais, o juiz deve diminuir a pena.
e) Vedação da conversão em penas restritivas de direito: lembrar que o STF, no julgamento do HC
97256/2010, decisão do Tribunal Pleno, firmou o entendimento de que esta restrição é inconstitucional,
como já dito antes, porque quem deve analisar o cabimento ou não da conversão das penas privativas
de liberdade em restritivas de direito é o magistrado na análise do caso concreto.
f) De acordo com entendimento pacificado na Jurisprudência, o “tráfico privilegiado” não é equiparado a
crime hediondo (STF - HC 118533/2016 – Tribunal Pleno e STJ - HC 372492/2016 – 6ª Turma).

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE


ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO TRÁFICO DE ENTORPECENTES
PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O
tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se harmoniza
com a hediondez do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de
Tóxicos. 2. O tratamento penal dirigido ao delito cometido sob o manto do privilégio apresenta contornos
mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do agente
com o delito, a não reincidência, a ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com
organização criminosa. 3. Há evidente constrangimento ilegal ao se estipular ao tráfico de
entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 8.072/90. 4. Ordem concedida. (STF - HC
118533/MS, Relator(a): Ministra Carmen Lúcia, Órgão Julgador: Tribunal Pleno,
Julgamento: 23/06/2016).

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. NÃO CONHECIMENTO.


TRÁFICO DE ENTORPECENTES PRIVILEGIADO. HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. APLICAÇÃO
DA LEI N. 8.072/90. AFASTADA. MUDANÇA DE ENTENDIMENTO. ADOÇÃO DO POSICIONAMENTO DO
PLENÁRIO DO STF. ORDEM NÃO CONHECIDA. CONCESSÃO DE OFÍCIO. (...)
2. O Plenário da Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC n. 118.533/MS, adotou novo posicionamento
no sentido de que o tráfico de entorpecentes privilegiado não se harmoniza com a hediondez
do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos, pois o
tratamento penal dirigido ao delito cometido sob o manto do privilégio apresenta contornos mais
benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do agente com
o delito, a não reincidência, a ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com
organização criminosa.
3. Interpretando-se as disposições contidas no § 4º do art. 33 e no art. 44, ambos da Lei de
Drogas, constata-se a intenção do legislador em diferenciar o tratamento do traficante
eventual, tanto concedendo-lhe a redução do privilégio, quanto permitindo-lhe a concessão
da fiança, do sursis, da graça, do indulto, da anistia e da liberdade provisória, benefícios
negados aos que se enquadram no caput e § 1º do art. 33 do mencionado diploma.
4. Imperioso afastar a natureza hedionda da Lei 8.072/90 ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes
quando reconhecida a sua forma privilegiada, nos termos do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06.
5. Habeas corpus não conhecido, mas concedida a ordem, de oficio, para afastar a natureza hedionda do
tráfico privilegiado, determinando ao Juízo das Execuções o recálculo das penas do paciente.(STJ -
HC 372492/SC, Relator(a): Ministro NEFI CORDEIRO, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento:
01/12/2016).

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Legislação Extravagante

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O STJ inclusive cancelou, no julgamento da Petição 11796/2016-DF, sua Súmula 512/2014 que
assim estabelecia: “A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas”.
Assim, ao denominado “tráfico privilegiado” pode, em tese, ser arbitrada fiança, bem como
concedidos anistia, graça, indulto e sursis. E, ainda, progressão de regime de cumprimento da pena
ocorre com as mesmas balizas impostas para os crimes comuns, e não hediondos ou equiparados,
matéria hoje regulada no Art. 112 da Lei de Execuções Penais (LEP).

g) A quantidade, natureza ou variedade de drogas apreendidas impedem a incidência dessa causa de


diminuição de pena? De acordo com a Jurisprudência NÃO, podendo tais circunstâncias serem
valoradas no dimensionamento do benefício, ou seja, no quantum de diminuição a ser aplicado no caso
concreto. (STF - HC 112821/2012-RS – 1ª Turma; e STJ - HC 229694/2013-MG – 6ª Turma e
HC 114.070/2010-MS - 6ª Turma).

h) comparação com a lei anterior


LEI Nº 6.368/76 LEI Nº 11.343/06
Art. 12 – tráfico Art. 33 – tráfico
Pena: 3 a 15 anos Pena: 5 a 15 anos
Réu primário e de bons antecedentes era mera Réu primário e de bons antecedentes passou a
circunstância judicial favorável. ser causa de diminuição de pena (1/6 a
2/3).

Questão: Para os fatos praticados na vigência da Lei nº 6.368/76 pode incidir essa causa de
diminuição de pena da nova Lei (11.343/06), de forma retroativa, na pena da lei anterior?
Prevalece na jurisprudência que NÃO pode, pois isso seria combinação de leis, transformando o juiz em
legislador, o que não se coaduna com a teoria da tripartição dos poderes prevista no Art. 2º da CF/88.
Obs: Essa causa de diminuição de pena não se aplica, em regra, caso o infrator seja condenado
também pelo crime de Associação para o tráfico, pois falta, em tese, um dos requisitos legais para a
sua incidência, qual seja, o agente não se dedicar a atividades criminosas. Nesse diapasão, vejamos:
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PENAL. TRÁFICO. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO § 4º DO ART.
33 DA LEI Nº 11.343/06. INAPLICABILIDADE. RÉU TAMBÉM CONDENADO POR ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
1. É inaplicável a causa especial de diminuição de pena do parágrafo 4º do artigo 33 da Lei nº
11.343/2006 ao réu também condenado pelo crime de associação pra o tráfico de drogas
tipificado no artigo 35 da mesma lei. Precedentes da Quinta Turma.
2. Recurso provido. (STJ – Resp. 1199671/MG, Reletar(a): Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Órgão Julgador: 6ª Turma, julgamento: 26/02/2013).

Porém, de acordo com julgado da 2ª Turma do STF, HC 154694/SP, julgado em 04/02/2020, o


fato de o agente ser condenado também por associação para o tráfico não impede, por si só, a
aplicação da minorante em tela (Informativo nº 965).
Atenção: Divergência Jurisprudencial – para o STF o fato de o réu ter contra si inquéritos ou
processos penais em andamento não impede a aplicação da causa de diminuição de pena, pois em
razão do princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais em curso são
neutros na definição dos antecedentes criminais (RE 951054/2014 – Tribunal Pleno e HC
173806/2020 – 1ª Turma). Já para o STJ é possível a utilização de inquéritos e/ou ações penais em
curso para a formação da convicção de que o acusado se dedica a atividade criminosas e, logo, impedir
a aplicação do benefício previsto no Art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/06 (HC 539666/2020 – 6ª Turma
e AgRg no HC 530668/2019 – 5ª Turma).
Por fim, de acordo a Jurisprudência dos Tribunais Superiores, a reincidência pode ser aplicada
como agravante genérica na segunda fase da dosimetria da pena e também como circunstância
impeditiva da aplicação da causa de diminuição de pena do Art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/06, sem que
isso gere bis in idem. Nesse sentido, STF - RHC 141044 AgR/2018 – 1ª Turma e RHC
121598/2014 – 1ª Turma; e STJ - HC 468578/2019 – 6ª Turma, AgRg no HC 472510/2018
– 6ª Turma e HC 393862/2017 – 5ª Turma.
3.3. Tráfico de Maquinário – Art. 34

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-
multa.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

a) Tipo objetivo – são 11 núcleos (condutas). Trata-se, pois, também de crime plurinuclear, de ação
múltipla, de conteúdo variado ou tipo misto alternativo. Isso significa que, se o agente praticar, no
mesmo contexto fático e sucessivamente, mais de uma ação típica, por força do princípio da
alternatividade, responderá por crime único, sendo a quantidade de condutas levada em consideração
considerada pelo magistrado na fixação da pena-base, no momento da dosimetria da pena, da mesma
forma como ocorre com o tráfico de drogas.
b) Sujeito Ativo – crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
c) Sujeito Passivo – a coletividade.
d) Objeto Material – no Art. 33 é droga (pune-se o tráfico de drogas). No Art. 34 é maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
transformação de droga. Trata-se de atos preparatórios que a legislador, em razão de política criminal,
resolveu punir.
Obs.: Não existem aparelhos de destinação exclusiva para essa finalidade (produção de drogas).
Qualquer instrumento ordinariamente utilizado em laboratório químico ou mesmo em outras atividades
lícitas pode vir a ser utilizado na produção, fabricação, preparação ou transformação da droga.
Questão: A pessoa é surpreendida com lâmina de barbear, inclusive com resquícios de
cocaína? Lâmina de barbear não caracteriza objeto material do Art. 34, pois não se destina a tais
finalidades, mas sim separar droga já pronta para o uso.
d) Elemento normativo indicativo da ilicitude do comportamento – “... sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar...”. Isso é um elemento normativo do tipo, que não
pode faltar na denúncia, sob pena de ser inepta. Imprescindível esse elemento normativo indicativo da
ilicitude.
e) Tipo Subjetivo – DOLO – vontade consciente de traficar maquinário, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação o de droga.
f) Consumação – com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo. Lembrando que em alguns deles, o
tipo é permanente: utilizar, possuir e guardar. Na prática é de difícil ocorrência, mas na teoria admite
tentativa, por ser delito plurissubsistente.
g) Princípio da Consunção – se praticados no mesmo contexto fático, o Art. 34 fica absorvido pela Art.
33, porque o primeiro é delito subsidiário. Ex.: se o agente é surpreendido com cocaína e instrumentos
destinados à preparação de maconha, responderá pelos dois delitos; porém, se surpreendido com
cocaína e equipamentos destinados a preparação dessa droga, responderá apenas pelo tráfico do Art.
33, ficando o tráfico de maquinário do Art. 34 absorvido. Nesse sentido, STF - HC 109708/2015 – 2º
Turma e STJ - AgRg no AREsp 303213/2013 – 5ª Turma.
Questão: Traficante (Art. 33) primário e portador de bons antecedentes e que não se envolve em
atividade criminosa ou não integre organização criminosa faz jus a uma causa de diminuição de pena
de 1/6 a 2/3, que pode chegar a uma pena mínima de 1 ano e 8 meses. E se for um traficante de
maquinários, que também seja primário e portador de bons antecedentes, não se envolve em atividade
criminosa ou não integre organização criminosa, tem uma pena de 3 a 10 anos e é um comportamento
menos grave, logo fere o princípio da proporcionalidade, porque está punindo o mais (traficante de
drogas) com o menos e o menos (traficante de maquinário) com o mais. Diante disso, a doutrina
sugere que se aplique o §4º do Art. 33 ao Art. 34, fazendo-se uma analogia “in bonan partem” (bom
para concurso de defensoria pública!). Não tem jurisprudência sobre essa questão, até porque quase
sempre, na prática, o Art. 34 (tráfico de maquinário) fica absorvido pelo Art. 33 (tráfico de drogas).

3.4. Associação para o tráfico - Art. 35


Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-
multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada
do crime definido no art. 36 desta Lei.

Cuidado: O “reiteradamente ou não” previsto no tipo penal NÃO está relacionado à associação, mas
aos crimes que ela pode eventualmente vir a praticar (Art. 33, caput, §1º, e Art. 34), até porque é
pacífico na Jurisprudência que esse crime só se perfaz se a associação for estável e permanente (STJ –
HC 124164/AC-2014 – 6ª Turma, HC 137535/RJ-2013 - 6ª Turma e HC 260330/SP-2014 – 5ª Turma).

a) Consumação – é crime formal, consumando-se com a formação da associação criminosa, com


vínculo associativo estável e permanente, não dependendo da prática de qualquer dos crimes referidos
no tipo, configurando-se, a propósito, concurso material de crimes, caso os delitos descritos no tipo
efetivamente venham a ser praticados pela associação. Por isso mesmo a Jurisprudência é dominante

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

no sentido de que, para a sua configuração, não precisa haver a apreensão de drogas e a consequente
perícia (STJ – HC 148480/2010).

EMENTA: HABEAS CORPUS. ARTS. 33 E 35 DA LEI Nº 11.343/06. PRISÃO PREVENTIVA. ASSOCIAÇÃO


PARA O TRÁFICO. MATERIALIDADE. NÃO APREENSÃO DE DROGA COM O PACIENTE.
PRESCINDIBILIDADE. GRANDE QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA COM A ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. PERICULOSIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
EXCESSO DE PRAZO. ENCERRAMENTO INSTRUÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÕES FINAIS. SÚMULA 52 DESTA
CORTE.
1. Não obstante a materialidade do crime de tráfico pressuponha apreensão da droga, o mesmo
não ocorre em relação ao delito de associação para o tráfico, que, por ser de natureza formal,
sua materialidade pode advir de outros elementos de provas, como por exemplo,
interceptações telefônicas. (...) (STJ - HC 148480, Relator(a): Ministro OG FERNANDES, Órgão
Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 06/05/2010).

Nesse mesmo sentido, STJ - AgRg no HC 448989/2018 - 6ª Turma, REsp. 1598820/2016 - 6ª


Turma e HC 441712/2019 – 5ª Turma).
Obs.: cuida-se de crime permanente – a consumação se prolonga/protrai no tempo. A maioria da
doutrina não admite a tentativa.
b) Hediondez? De acordo com a Jurisprudência pacífica do STJ, o crime de associação para o tráfico
não tem natureza hedionda. Logo, a progressão de regime pode ocorrer após os percentuais de
pena cumpridos nos termos do Art. 112 da Lei de Execuções Penais (LEP) para delitos comuns (incisos I
a IV), e não para os hediondos ou equiparados. Vejamos, a propósito, a nova redação do Art. 112 da
LEP e, na sequência, a ementa do HC 429672/2018-STJ que demonstra o entendimento da corte
superior no sentido da não hediondez do delito em questão.

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. CRIME NÃO
CONSIDERADO HEDIONDO OU EQUIPARADO. BENEFÍCIOS. REQUISITO OBJETIVO. PROGRESSÃO DE
REGIME E LIVRAMENTO CONDICIONAL. LAPSOS TEMPORAIS DISTINTOS. CUMPRIMENTO DE 1/6 (UM
SEXTO) NO CASO DE PROGRESSÃO E DE 2/3 (DOIS TERÇOS) PARA O LIVRAMENTO, VEDADA A SUA
CONCESSÃO AO REINCIDENTE ESPECÍFICO. ARTS. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL E 44 DA LEI N.
11.343/2006. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
1. A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o crime de associação para o
tráfico de entorpecentes (art. 35 da Lei n. 11.343/2006) não figura no rol de delitos hediondos ou a eles
equiparados, tendo em vista que não se encontra expressamente previsto no rol taxativo do art. 2º da
Lei n. 8.072/1990.
2. Não se tratando de crime hediondo, não se exige, para fins de concessão do benefício da
progressão de regime, o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se
reincidente para a progressão do regime prisional, sujeitando-se ele apenas ao lapso de 1/6
para preenchimento do requisito objetivo.
3. No entanto, a despeito de não ser considerado hediondo o crime de associação para o
tráfico, no que se refere à concessão do livramento condicional, deve-se, em razão do
princípio da especialidade, observar a regra estabelecida pelo art. 44, parágrafo único, da Lei
n. 11.343/2006, ou seja, exigir o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, vedada a sua
concessão ao reincidente específico.
4. Ordem parcialmente concedida para afastar a natureza hedionda do crime de associação para o
tráfico e determinar que o Juízo da execução, no que se refere a tal delito, proceda a novo cálculo da
pena, considerando, para fins de progressão de regime e de livramento condicional,

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

respectivamente, as frações de 1/6 (um sexto) e 2/3 (dois terços). (STJ - HC 429672/SP,
Ministro(a): Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento:
27/02/2018).

Note que, por conta do princípio da especialidade, as restrições ou vedações previstas no Art. 44
da Lei nº 11.3434/06 para os delitos dos Arts. 33, caput, e §1º, e 34 a 37, dentre os quais está a
associação para o tráfico, continuam válidas em relação ao crime em tela (Art. 35), a exceção das duas
que foram declaradas inconstitucionais pelo STF (vedação à liberdade provisória sem fiança e à
conversão das penas privativas de liberdade em restritivas de direito), mesmo ele tendo sido excluído
do rol dos crimes hediondos. Assim, o crime de associação para o tráfico não admite fiança, anistia,
graça, indulto, sursis, bem como o livramento condicional só pode ocorrer após o cumprimento de no
mínimo 2/3 da pena imposta, sendo vedado ao reincidente específico. No que se refere ao livramento
condicional diferenciado, a propósito, segue mais um excerto de julgado do STJ:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS.


LIVRAMENTO CONDICIONAL. CUMPRIMENTO DE 2/3 (DOIS TERÇOS) DA PENA. ART. 44,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N. 11.343/2006. EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. AFASTAMENTO PELO
TRIBUNAL A QUO. VIOLAÇÃO DACLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO E DA SÚMULA VINCULANTE N. 10
DO STF. PROVIMENTO.
I - Independentemente de ser hediondo ou não, há lei definindo lapso mais rigoroso para
obtenção do livramento condicional na condenação pelo crime de associação para o tráfico.
Necessário o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, nos termos do que determina o art.
44 da Lei n. 11.343/2006, não se aplicando as disposições do art. 83, incs. I e II, do Código
Penal.
(...)
III - Agravo regimental provido para, retificando a decisão constante às e-STJ fls. 108/111, determinar o
cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena imposta pelo delito de associação para o tráfico de
entorpecente para fins de obtenção de livramento condicional. (STJ - AgRg no REsp 1469504/RJ,
Relator(a): Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento:
01/09/2015).

No mesmo sentido, STJ – HC 467215/2018 – 5ª Turma, HC 311656/2016 - 5ª Turma, AgRg no


REsp 1484138/2015 – 6ª Turma e HC 292882/2014 – 6ª Turma.

c) Comparação com os delitos de Associação Criminosa (Art. 288 do CP) e Organização Criminosa (Art.
2º da Lei nº 12.850/13).

ART. 2º da LEI Nº ART. 288 do CP ART. 35 da LEI Nº 11.343/06


12.850/13
Mínimo de 4 pessoas. Mínimo de 3 pessoas. Mínimo de 2 pessoas.
Crime plurissubjetivo ou
Idem. Idem.
de Concurso Necessário.

Exige divisão de tarefas e


Não exige. Não exige.
estrutura ordenada.
Visa à prática de infrações Crimes dos Arts. 33, caput e § 1º, e
Visa à prática de crimes.
penais. 34, da Lei nº 11.343/06.
Pena máxima superior a 4 Dispensa limites
anos ou com caráter mínimos de pena ou -
transnacional. outras características.
Estabilidade e Idem. Idem.
permanência.
Aumento de pena se há Aumento de pena se a Aumento de pena se há emprego de
emprego de arma de fogo. associação é armada. arma de fogo.
Aumento de pena se há Aumento de pena se há Aumento de pena se visar a atingir
participação de criança ou participação de criança ou criança ou adolescente, ou pessoa
adolescente. adolescente. com a capacidade de entendimento
diminuída ou suprimida.

Pegadinha: Fulano e Beltrano, associados de forma estável e permanente, são presos comercializando
drogas. Fulano é primário e portador de bons antecedentes. Beltrano é reincidente. Por quais crimes
irão responder?
Beltrano: vai responder pelo Art. 33, caput, mais Art. 35, em concurso material.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Fulano: também vai responder apenas pelo Art. 33, caput, mais Art. 35, em concurso material. Não dá
para aplicar-lhe a redução do Art. 33, §4º - 1/6 a 2/3, ao Art. 33, caput, em favor de Beltrano, porque
um dos requisitos para a concessão da redução é que o agente não se dedique a atividades criminosas,
o que não ocorre já que ele é associado para a prática de crimes. Essa posição é tranquila nos tribunais
superiores (STJ – Resp. 1199671/2013).
3.4.1. Nova modalidade de associação criminosa (Art. 35, Parágrafo único, da Lei nº 11.343/06)
Art. 35, Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a
prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

- Reunião de duas ou mais pessoas, também de forma estável e permanente (até aqui igual ao caput
do Art. 35).
- Para a prática reiterada do crime definido do Art. 36 (financiamento do tráfico). Aqui é diferente do
caput, porque neste é para a prática reiterada ou não dos crimes do Art. 33, caput, §1º e Art. 34 da
Lei. Assim, só há este crime do parágrafo único do Art. 35 se houver reiteração do financiamento ou
custeio do tráfico de drogas; tráfico de matéria-prima, insumo ou produto químico destinado a
preparação de drogas; ou tráfico de maquinários destinados à fabricação, preparação, produção ou
transformação de drogas.
OBS.: Também é delito autônomo, basta a associação visando à prática reiterada do crime do Art. 36
para o delito se consumar. Se ocorrer o Art. 36 também, haverá concurso material de delitos.

3.5. Financiamento do Tráfico (Art. 36 da Lei nº 11.343/06)


Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34
desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
mil) dias-multa.

a) Sujeito Ativo – qualquer pessoa – crime comum. Pode ser pessoa isolada ou associada a outra(s). Se
for praticado por pessoas associadas de forma estável e permanente, responderão pelo Art. 35,
Parágrafo único visto acima, e Art. 36, em concurso material de crimes.
b) Sujeito Passivo – a coletividade ao lado do Estado. Também exemplo de “crime vago”.
c) Tipo Objetivo – pune as condutas de financiar ou custear o tráfico de drogas do Art. 33, caput, e de
matéria-prima, insumo ou produto químico do Art. 33, §1º, bem como o tráfico de maquinários do Art.
34, tudo da Lei nº 11.343/06.
É imprescindível a relevância do sustento, até mesmo considerando a gravidade da pena. Logo,
não é qualquer “dinheirinho” dado ao traficante que vai configurar esse delito.
d) Tipo Subjetivo – DOLO.
e) Consumação: duas correntes.
1ª Corrente - O crime não é habitual, consumando-se com qualquer ato indicativo do sustento do
tráfico. Por essa corrente, a tentativa é admitida (CORRENTE MAJORITÁRIA).
2ª Corrente - O crime é habitual, consumando-se com a reiteração de atos indicativos do sustento.
Primeiro porque as expressões “financiar” e “custear” sugerem pluralidade de atos. Segundo, pelo que
prevê o Art. 40, VII (causa de aumento de pena para quem financia ou custeia o tráfico, que nesse
caso não precisa ser habitual); assim, se o financiamento for ocasional, o agente responderá pelo Art.
33 ou Art. 34 com a causa de aumento de pena do Art. 40, VII. Terceiro, pelo que prevê o Art. 35,
parágrafo único, que fala da associação para a prática “reiterada” do delito do Art. 36, ora, se o caput
do Art. 35 fala da associação para a prática reiterada ou não dos arts. 33 e 34, e não fala no art. 36, é
porque este só pode ser praticado de forma reiterada (habitual). Para essa corrente, não é possível
tentativa. (ROGÉRIO SANCHES).

Questão: Autofinaciamento? Não se perfaz esse tipo penal, quando o agente financia o tráfico e dele
também participa. Entende a jurisprudência que, nesse caso, o agente responde apenas pelo crime do
Art. 33 com a causa de aumento de pena do Art. 40, VII, ficando afastada a incidência do Art, 36.
Nesse sentido, STJ - REsp 1290296/PR.
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. ART. 33, CAPUT, DA LEI Nº
11.343/2006. FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DO ART.
40, INCISO VII, DA MESMA LEI. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO, EM CONCURSO
MATERIAL, PELA PRÁTICA DOS CRIMES DO ART. 33, CAPUT, E DO ART. 36 DA LEI DE DROGAS.
1. O financiamento ou custeio ao tráfico ilícito de drogas (art. 36 da Lei nº 11.343/2006) é
delito autônomo aplicável ao agente que não tem participação direta na execução do
tráfico, limitando-se a fornecer os recursos necessários para subsidiar a mercancia.
2. Na hipótese de autofinanciamento para o tráfico ilícito de drogas não há falar em concurso
material entre os crimes de tráfico e de financiamento ao tráfico, devendo ser o agente

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

condenado pela pena do artigo 33, caput, com a causa de aumento de pena do artigo 40,
inciso VII, da Lei de Drogas.
3. Recurso especial improvido. (STJ - REsp 1290296/PR, Relator(a): Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 17/12/2013).

3.6. Informante do Tráfico (Art. 37 da Lei nº 11.343/06)


Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.

a) Sujeito Ativo – qualquer pessoa. Crime comum. Ex.: informantes nos morros e grotas onde há alta
incidência de tráfico de drogas.

Obs1.: Trata-se de crime comum, tanto que se o agente for funcionário público e praticar o delito
prevalecendo-se de suas funções incide a causa de aumento de pena do Art. 40, II.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de
educação, poder familiar, guarda ou vigilância;

Questão: e quem colabora, como informante, com um único traficante? Três correntes:
1ª Corrente: por ser elementar deste delito a colaboração com grupo, organização ou associação
destinada ao tráfico, aquele que venha a colaborar, como informante, com um único traficante,
responderá, juntamente com o traficante, como partícipe do crime de tráfico de drogas do Art. 33, por
conta da norma de extensão prevista no Art. 29 do CP: “Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
2ª Corrente: O agente deve responder pelo crime do Art. 37 por ser ter pena mais leve quando
comparado com o Art. 33, fazendo-se, no caso, uma analogia “in bonam partem”, inclusive há
precedente jurisprudencial do TJ/SC nesse sentido (Apelação Criminal 0001592-34.2017.8.24.0004).
3ª Corrente: Para alguns doutrinadores trata-se de fato atípico, inclusive encontram-se decisões
monocráticas no âmbito do STJ nesse sentido: AREsp 949780, Relator(a): Ministro NEFI CORDEIRO,
decisão publicada em 27/06/2017; e AREsp 1202895, Relator(a): Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, decisão publicada em 30/11/2017.
Obs2.: apesar de não expresso no dispositivo legal, a conduta do informante necessariamente precisa
ser eventual. Comprovando-se que a colaboração é permanente e estável, a conduta do informante
caracterizará o Art. 35 da Lei (associação para o tráfico), porque, nesse caso, ele é integrante da
associação criminosa. Além disso, caso pratique qualquer das condutas do Art. 33 responde também
por esse crime, ficando o delito de colaboração como informante (Art. 37) absorvido, pelo princípio da
consunção, por ser delito subsidiário. Nesse sentido:
EMENTA: HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO
JURÍDICO. 1. NÃO CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. RESTRIÇÃO DO
REMÉDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E O
DEVIDO PROCESSO LEGAL. 2. DELITO DE COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE. ART. 37 DA LEI Nº
11.343/2006. PRESSUPOSIÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE QUALQUER OUTRO ENVOLVIMENTO COM
O GRUPO, ASSOCIAÇÃO OU ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. MANUTENÇÃO DE VÍNCULO. DIVISÃO
DE TAREFAS. FUNÇÃO INTERNA DE SENTINELA, FOGUETEIRO OU INFORMANTE.
CONFIGURAÇÃO DE TIPO PENAL MAIS ABRANGENTE. TRÁFICO OU ASSOCIAÇÃO. 3. CRIME DE
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO E DE COLABORAÇÃO COM A ASSOCIAÇÃO. ARTS. 35 E 37 DA LEI N°
11.343/2006. AGENTE QUE EXERCE FUNÇÃO DE INFORMANTE DENTRO DA ASSOCIAÇÃO DA QUAL
PARTICIPA. CONCURSO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. DUPLA APENAÇÃO INDEVIDA. PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE. 4. REGIME FECHADO. IMPOSIÇÃO LEGAL. INCONSTITUCIONALIDADE. CRIME NÃO
EQUIPARADO A HEDIONDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 5. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA CASSAR A CONDENAÇÃO PELO DELITO DO ART. 37
DA LEI Nº 11.343/2006 E ALTERAR O
REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA PARA O ABERTO.
(...)
2. A norma incriminadora do art. 37 da Lei nº 11.343/2006 tem como destinatário o agente
que colabora como informante com grupo (concurso eventual de pessoas), organização
criminosa (art. 2º da Lei nº 12.694/2012) ou associação (art. 35 da Lei nº 11/343/2006),
desde que não tenha ele qualquer envolvimento ou relação com as atividades daquele grupo,
organização criminosa ou associação para as quais atua como informante. Se a prova indica
que o agente mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos, conhecendo e participando
de sua rotina, bem como cumprindo sua tarefa na empreitada comum, a conduta não se
subsume ao tipo do art. 37 da Lei de Tóxicos, mas sim pode configurar outras figuras penais,
como o tráfico ou a associação, nas modalidades autoria e participação, ainda que a função
interna do agente seja a de sentinela, fogueteiro ou informante.
3. O tipo penal trazido no art. 37 da Lei de Drogas se reveste de verdadeiro caráter de
subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando não se comprovar a prática de

15
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

crime mais grave. De fato, cuidando-se de agente que participa do próprio delito de tráfico ou
de associação, a conduta de colaborar com informações para o tráfico já é inerente aos
mencionados tipos. Considerar que o informante possa ser punido duplamente, pela associação
e pela colaboração com a própria associação da qual faz parte, além de contrariar o princípio
da subsidiariedade, revela indevido bis in idem.
(...)
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para cassar a condenação pelo delito descrito
no art. 37 da Lei nº 11.343/2006, mantendo apenas o édito condenatório pelo crime de associação,
alterando-se, no mais, o regime de cumprimento da pena para o aberto. (STJ - HC 224849/RJ,
Relator(a): Ministro Marco Aurélio Bellizze, Órgão Julgador: 5ª Turma, julgamento:
11/06/2013).

Assim, o sujeito tem que concorrer unicamente como informante, apenas auxiliando o tráfico com
informações e de forma eventual. Com efeito, se ele praticar alguma conduta inerente ao tráfico de
drogas ou associação para o tráfico, inevitavelmente responderá por esses delitos, e não pela
colaboração como informante.
b) Tipo Subjetivo - o DOLO.
c) Consumação - com qualquer ato indicativo da efetiva colaboração. Admite a tentativa, por exemplo,
por meio de uma carta interceptada.

3.7. Único Crime Culposo (Art. 38 da Lei nº 11.343/06).


Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-
multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que
pertença o agente.
Obs.: Único crime culposo da lei. Também é de Menor Potencial Ofensivo.
a) Sujeito Ativo
LEI 6.863/76 LEI Nº 11.343/06
Art. 15 (...) Art. 38 (...)
Podia ser MÉDICO, Silencia sobre Sujeito Ativo. Assim, pode-se incluir veterinário ou
DENTISTA, FARMACÉUTICO e nutricionista?
PROFISSIONAL DE 1ª Corrente – apesar de o silêncio da lei continua tendo como
ENFERMAGEM. sujeito ativo os mesmos profissionais descritos na lei anterior.
2ª Corrente – a nova redação do crime culposo acaba por abranger
todos que possam prescrever drogas, onde se incluem veterinários
e nutricionistas. (VICENTE GRECO)
Não dá para dizer qual prevalece, porque não tem caso na
jurisprudência, mas o certo é que Vicente Greco é uma grande
referência no País.

OBS.: de forma alguma dá para abranger curandeiro, até por conta


da previsão do Parágrafo único, do Art. 38 - O juiz comunicará a
condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que
pertença o agente.
b) Sujeito Passivo – a coletividade, bem como a pessoa que recebe a droga irregular.
c) Negligência ou imprudência na prescrição da droga:
LEI 6.863/76 LEI Nº 11.343/06
1) droga certa na dose errada; 1) droga certa na dose errada;
2) dose certa da droga errada. 2) dose certa da droga errada;
QUESTÃO: E se fosse a droga certa, na dose 3) droga em desacordo com determinação legal ou
certa, mas no paciente errado? Vicente Greco regulamentar. Isso aqui supriu a lacuna da lei anterior.
dizia que se tratava de lacuna, que não podia Agora, droga certa, na dose certa, mas no paciente
ser integrada por analogia, porque seria “in errado, responderá tranquilamente pelo delito.
malan partem”.
Assim, podemos esquematizar o tipo penal do Art. 38 da Lei nº 11.343-06 da seguinte dorma:
Prescrever ou ministrar, CULPOSAMENTE, drogas:

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1º) Sem o paciente necessitar; (Ex.: dose certa da droga errada).


2º) Em doses excessivas; (Ex.: droga certa na dose errada).
3º) Em desacordo com determinação legal ou regulamentar. (Ex.: droga certa, na dose certa, mas
no paciente errado).

d) Na modalidade prescrever o crime se consuma com a entrega da receita ao paciente. Na modalidade


ministrar, o delito se consuma com a efetiva aplicação da droga. Como o crime é culposo, NÃO admite
a tentativa.

e) Previdência pós condenação (parágrafo único): Comunicação ao Conselho Federal da categoria


profissional a que pertença o agente.

3.8. Condução de Embarcação ou Aeronave sob Efeito de Droga – Art. 39


Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação
respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento
de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4
(quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.

a) Sujeito Ativo - crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
b) Sujeito Passivo - a coletividade, bem como eventual indivíduo colocado em perigo com a conduta do
agente.
c) Tipo Objetivo - pune-se “conduzir embarcação ou aeronave” (desde um Jet ski a um navio; desde de
um monomotor a um boeing), “após o consumo de drogas” (cuidado que, mesmo não estando
expresso, o agente tem de estar sob efeito), “expondo a dono potencial a incolumidade de outrem”
(significa que estamos diante de um crime de perigo concreto – o dano não é presumido, tem de ser
demonstrado concretamente, porém basta ser de forma difusa, é dizer, basta a prova de que o agente
conduzia de forma anormal, não necessariamente com perigo a pessoa certa).
Atenção: Se conduz sob o efeito de droga, mas de forma normal, tratar-se-á de mera infração
administrativa, pois, como dito, trata-se de crime de perigo concreto.
Obs.: se for condução de veículo automotor, o crime é o do Art. 306 da Lei nº 9.503/96 (Código de
Trânsito Brasileiro – CTB).
d) Tipo Subjetivo – é o DOLO.
e) Consumação – com a condução anormal, rebaixando o nível de segurança. NÃO admite tentativa, de
acordo com o entendimento majoritário.
f) Forma qualificada do parágrafo único - discute-se (e é muito divergente na doutrina) se precisa
haver passageiro dentro do meio de transporte – embarcação ou aeronave. Rogério Sanches entende
que tem de ter pelo menos um passageiro, já que a preocupação do tipo é com a segurança dos
passageiros. Apesar de pouco provável isso ser cobrado em questão objetiva, caso seja, seguir o
entendimento segundo o qual é necessário haver ao menos um passageiro sendo transportado, pois
parece prevalecer na doutrina.

4. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (Art. 40 da Lei nº 11.343/06).


Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato
evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de
educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de
ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,emprego de arma de fogo, ou qualquer
processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

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VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

a) Incidência – delitos dos Arts. 33 a 37. Só não incidem na forma culposa do Art. 38 e na condução de
aeronave ou embarcação sob efeito de droga (Art. 39). Cuidado para não confundir com as proibições e
restrições do Art. 44, pois estas só incidem sobre os crimes dos Art. 33, caput e §1º, e 34 a 47,
conforme já analisado anteriormente.
b) quantum da majoração – como varia de 1/6 a 2/3, o juiz vai levar em conta, na dosimetria da pena,
a pluralidade e gravidade das majorantes.
c) das causas da majoração:

INCISO I
I - A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem
a transnacionalidade do delito.

A lei nº 6.368/76 falava em Tráfico Internacional (tem de envolver necessariamente dois Estados
– a droga devia ser importada de um País ou exportada para um País). Tráfico Transnacional (não
precisa necessariamente envolver dois Estados soberanos - basta a droga sair ou entrar no Brasil, não
importando de onde veio, nem para onde foi. Ex.: droga vindo do alto-mar ou indo para ele).
Não gera “bis in idem” a sua cumulação com a configuração do tráfico de drogas nas condutas
“importar” e “exportar”. Nesse diapasão, STJ - AgRg no AREsp 647784/2017 – 5º Turma e HC
217665/2015 – 6ª Turma.
A droga ou produto não precisa transpor as fronteiras do País para configurar o caráter
transnacional do delito, bastando a intenção demonstrada de exportá-la. Nesse sentido, STF - RHC
113721/2015 – 2ª Turma, e STJ Súmula 607/2018: “A majorante do tráfico transnacional de drogas
(art. 40, I, da lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda
que não consumada a transposição de fronteiras”.
A competência é da Justiça Federal (JF), com base no Art. 109, V, CF/88. Onde não existe JF,
deve-se remeter os autos para a mais próxima. Assim não existe mais delegação para a Justiça
Estadual, como havia na lei anterior.

INCISO II
II – Tráfico praticado por agente público prevalecendo-se da função ou no desempenho de missão de
educação, poder familiar, guarda ou vigilância.

A agente pratica o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de


educação, poder familiar, guarda ou vigilância.
Obs.: a função pública não precisa ser ligada ao combate e prevenção ao tráfico. É qualquer função
pública, desde que o agente dela tenha se valido para a prática de qualquer dos crimes dos Arts. 33 a
37.

INCISO III
III – Infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de
serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
em transportes públicos.

As imediações abrange a área em que poderia facilmente o infrator atingir o ponto especialmente
protegido, com alguns passos, em alguns segundos, ou em local de passagem obrigatória ou normal
das pessoas que saem dos estabelecimentos ou a eles se dirigem.
Não precisa necessariamente o infrator visar aos frequentadores desses locais, bastando ser
praticado o delito em seu interior ou imediações tal como previsto no dispositivo legal. Senão vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CRIME PRATICADO PERTO DE


ESTABELECIMENTO DE ENSINO. APLICAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PREVISTA NO
ART. 40, INCISO III, DA LEI N.º 11.343/06. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. INEXISTÊNCIA.
PERIGO ABSTRATO. ALEGADA IGNORÂNCIA DO FATO PELOS AGENTES. IRRELEVÂNCIA. HABEAS CORPUS
DENEGADO.
1. Incide a causa de aumento de pena constante do art. 40, inciso III, da Lei de Tóxicos quando o crime
tiver sido praticado nos locais designados no aludido dispositivo. A pena é elevada exclusivamente em
função do lugar do cometimento da infração, tendo em vista a exposição de pessoas ao risco inerente à
atividade criminosa.
2. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no sentido de que a simples
prática do delito na proximidade de estabelecimentos listados no inciso III do art. 40 da Lei n.º

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11.343/06 já é motivo suficiente para a aplicação da majorante, sendo desnecessário que o


tráfico de drogas vise os frequentadores desses locais.
3. Ordem de habeas corpus denegada. (STJ - HC 219589/SP, Relator(a): Ministra LAURITA VAZ,
Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 21/02/2013).

Nesse mesmo sentido, STF - HC 138944/2017 – 2ª Turma, e STJ - AgRg no HC 547484/2020 –


5ª Turma, HC 502495/2019 - 5ª Turma, HC 480887/2019 – 5ª Turma e AgRg no REsp 1558551/2017
– 6ª Turma.
Outra observação importante é a seguinte: se o indivíduo está recolhido no sistema prisional e de
lá participa de ações voltadas ao tráfico de drogas, ele responde pelo crime do Art. 33 e, se for o caso,
do Art. 35, e com a incidência dessa causa de aumento, ainda que a droga não ingresse no presídio. O
fato de o agente estar recolhido na unidade prisional é suficiente para a conclusão de que o delito
ocorreu no seu interior, ainda que seus efeitos tenham se manifestado distante dali, ou seja, fora da
unidade prisional. Nesse sentido, vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA.


PENA BASE FIXADA MUITO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. MAUS ANTECEDENTES. UMA CONDENAÇÃO
ANTERIOR NÃO UTILIZADA PARA FINS DE REINCIDÊNCIA. REDUÇÃO DEVIDA. MAJORANTE.
TRÁFICO PRATICADO EM PRESÍDIO. AUTORES SUBMETIDOS A PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE. ORGANIZAÇÃO DOS CRIMES POR MEIO DE TELEFONES. INCIDÊNCIA DA
MAJORANTE NO ART. 40, INCISO III, DA LEI DE DROGAS. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
(...)
2. A denúncia narra que parte dos acusados de integrar associação criminosa que
movimentava grandes volumes de entorpecentes entre estados diversos da federação
estavam presos e organizavam a dinâmica da quadrilha por meio de telefones celulares
possuídos clandestinamente. Estando os autores dos crimes incluídos no sistema penitenciário,
não se pode afastar a conclusão de que seus atos foram praticados no interior do presídio,
ainda que seus efeitos tenham se manifestado a quilômetros de distância.
3. O inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/06 não faz a exigência de que as drogas, objeto
do crime, efetivamente passem por dentro dos locais que se busca dar maior proteção,
mas apenas que cometimento dos crimes tenha ocorrido em seu interior.
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reformular a pena aplicada a um dos
pacientes. (STJ - HC 440888/MS, Relator(a): Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Órgão Julgador:
5ª Turma, Julgamento: 15/10/2019).

No caso de o crime ocorrer em transportes públicos, a Jurisprudência firmou o entendimento de


que essa causa de aumento de pena só incide se houver efetivamente a comercialização ilegal da droga
ou produto ilícito dentro do veículo de transporte público ou, ao menos, se ficar demonstrada, de forma
inequívoca, essa intenção, por exemplo, com o oferecimento do material ilícito. De outro modo, fica
afastada a incidência da majoramte na hipótese em que o veículo de transporte público é utilizado
unicamente para transportar o material ilícito, levando-a de um local para outro. Nesse sentido,
vejamos:
EMENTA: TRÁFICO DE DROGAS – CAUSA DE AUMENTO – TRANSPORTE PÚBLICO. O que previsto no
inciso III do artigo 40 da Lei nº 11.343/2006, relativamente ao transporte público, pressupõe o
tráfico no respectivo âmbito, e não a simples locomoção do detentor da droga. (STF - HC
122042/MS, Relator(a): Ministro MARCO AURÉLIO, Órgão Julgador: 1ª Turma, Julgamento:
12/09/2017).

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. TRANSPORTE PÚBLICO. MAJORANTE. NÃO


INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE MERCANCIA. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO.
1. O Supremo Tribunal Federal, por ambas as Turmas, firmou o entendimento de que o simples
fato de o agente utilizar-se de transporte público para conduzir a droga não atrai a incidência
da majorante prevista no art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006, que deve ser aplicada apenas
quando constatada a efetiva intenção de comercialização da substância em seu interior.
Ressalva deste Relator.
2. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para afastar a incidência da causa especial
de aumento prevista no inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 e, consequentemente, tornar a
reprimenda do paciente definitiva em 7 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. (STJ -
HC 298578/SP, Relator(a): Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Órgão Julgador: 6ª Turma,
Julgamento: 24/02/2015).

No mesmo diapasão, STF - HC 119811/MS, Relator(a): Ministo TEORI ZAVASCKI, Órgão Julgador: 2ª Turma,
Julgamento: 10/06/2014; HC 120275/PR, Relator(a): Ministo MARCO AURÉLIO, Órgão Julgador: 1ª Turma,
Julgamento: 15/05/2014; e HC 122258, Relator(a): Ministo ROSA WEBER, Órgão Julgador: 1ª Turma, Julgamento:
01/09/2014; e STJ - AgRg no REsp 1383741/MS, Relator(a): Ministro FELIX FISCHER, Órgão Julgador: 5ª Turma,
Julgamento: 18/11/2014; e HC 455652/SP, Relator(a): Ministro RIBEIRO DANTAS, Órgão Julgador: 5ª Turma,
Julgamento: 04/09/2018.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, se o crime foi praticado em dia e horário no qual a
escola estava fechada e não havia pessoas lá. Nesse sentido, STJ - 1719792/2018 – 6ª Turma.

INCISO IV

IV – Crime praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva.

Exemplos de “outros processos de intimidação difusa ou coletiva”: “toque de recolher e de


silêncio” determinados pelos traficantes dentro das comunidades.

Questão: Conflito aparente entre essa causa de aumento de pena e os delitos autônomos
previstos na Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)? Esse conflito é resolvido pela
Jurisprudência da seguinte forma: havendo demonstração do emprego efetivo da arma de fogo a
serviço do tráfico de drogas, no sentido de o(s) traficante(s) atingir(em) seus objetivos, intimidando-se
pessoas ou determinada coletividade, deve incidir a presente majorante, pelo princípio da
especialidade. Assim, para incidir esta majorante, tem de se demonstrar que a arma de fogo era
utilizada como processo de intimidação difusa ou coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. Caso
contrário, incidem os crimes autônomos do Estatuto do Desarmamento. Só não podem incidir as duas
normas, sob pena de gerar “bis in idem”. Nesse sentido, STF - RHC 116176/ES, Relator(a): Min. LUIZ
FUX, Órgão Julgador: 1ª Turma, Julgamento: 20/08/2013; e STJ - HC 261601/RJ, Relator(a): Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 10/12/2013, e HC 182359/RJ,
Relator(a): Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 27/11/2012.

INCISO V
V – tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal.

É o chamado “tráfico interestadual ou doméstico”. Nesse caso, a competência é da Justiça


Estadual. A Polícia Federal tem atribuição para apurar (Art. 144, §1º, I, da CF/88), mas deve remeter
os autos do Inquérito Policial para a Justiça Estadual. Inclusive, qualquer solicitação de medida cautelar
no curso das investigações deve ser feita ao juízo estadual competente.
Da mesma forma que no tráfico transnacional a droga ou produto não precisa transpor as
fronteiras do País, no tráfico interestadual é pacífico o entendimento jurisprudencial de que ela não
precisa efetivamente ultrapassar as divisas entre estados ou entre estes e o DF, para configurar o
caráter interestadual do crime, bastando ficar demonstrada a inequívoca intenção nesse sentido. Nesse
diapasão, STF - HC 122791/2015 – 1ª Turma e HC 115893/2013 – 2ª Turma, e STJ - Súmula
587/2017: “Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006,
é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual”.
Não se aplica essa majorante no caso de tráfico intermunicipal sob pena de se fazer analogia “in
malam partem”, vedada no direito penal brasileiro.

INCISO VI
VI – Se prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

O objetivo aqui é dá uma maior reprimenda quando o tráfico de drogas atingir ou visar a atingir
as pessoas vulneráveis citadas no dispositivo.

Da mesma forma que ocorre com o crime de corrupção de menores (Art. 244-B do ECA) -
Súmula nº 500 do STJ -, a incidência da presente causa de aumento de pena, independe da prova da
efetiva corrupção do menor, significa dizer, ainda que o menor já fosse corrompido, com envolvimento
em outras atividades criminosas, a majorante incidirá. Nesse diapasão, STJ - HC 174.005/DF,
Relator(a): Ministro NEFI CORDEIRO, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 07/05/2015.

Questão: Conflito aparente entre essa causa de aumento de pena e o crime de corrupção de
menores (Art. 244-B do ECA)? Esse conflito é resolvido pela Jurisprudência da seguinte forma: Se
o(s) maior(es) de idade praticar(e) crimes como menor de idade dentre os previstos entres os Arts. 33
a 37 da Lei nº 11.343/06, responde pelo delito em questão com a presente causa de aumento de pena,
em razão do princípio da especialidade. Por outro lado, tratando-se de qualquer outro delito, ao maior
será imputado o crime de corrupção de menores (Art. 244-B do ECA). Só não podem incidir as duas
normas, sob pena de gerar “bis in idem”. Nesse sentido, STJ – Resp. 1.622.781, Relator(a): Ministro
Sebastião Reis Júnior, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 22/11/2016.

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS E CORRUPÇÃO DE MENORES.


CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, VI, DA LEI DE DROGAS E CORRUPÇÃO DE MENORES. BIS IN
IDEM. OCORRÊNCIA. DUPLA PUNIÇÃO EM RAZÃO DA MESMA CIRCUNSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA
ESPECIALIDADE.

20
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

1. A controvérsia cinge-se em saber se constitui ou não bis in idem a condenação simultânea pelo crime
de corrupção de menores e pelo crime de tráfico de drogas com a aplicação da majorante prevista no art.
40, VI, da Lei de Drogas.
2. Não é cabível a condenação por tráfico com aumento de pena e a condenação por corrupção de
menores, uma vez que o agente estaria sendo punido duplamente por conta de uma mesma
circunstância, qual seja, a corrupção de menores (bis in idem).
3. Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33
a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores,
porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), pelo princípio da
especialidade, não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da
sua pena com base no art. 40, VI, da Lei n.11.343/2006.
4. In casu, verifica-se que o réu se associou com um adolescente para a prática do crime de tráfico de
drogas. Sendo assim, uma vez que o delito em questão está tipificado entre os delitos dos arts.
33 a 37, da Lei de Drogas, correta a aplicação da causa de aumento prevista no inciso VI do art. 40 da
mesma Lei.
5. Recurso especial improvido. (REsp. 1622781/MT, Relator(a): Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 22/11/2016).

INCISO VII

VII – O agente financiar ou custear a prática do crime.

Como visto anteriormente, no caso de autofinaciamento do tráfico, não há que se falar no crime
do Art. 36, mas de acordo com o STJ (REsp 1290296/2013 – 6ª Turma) incide essa causa de aumento
de pena sobre o crime de tráfico de drogas (Art. 33, caput), de matéria prima ou insumo (Art. 33, § 1º)
ou de maquinário (Art. 34).
Não incide essa causa de aumento de pena quando o crime for o do Art. 36, para não gerar “bis
in idem”.

ESTATUTO DO DESARMAMENTO – LEI Nº 10.826/03

1. INTRODUÇÃO
Até 1997 o porte ilegal de arma de fogo era mera contravenção penal (Art. 19 da LCP – Decreto-
Lei nº 3.888/41), já a posse irregular de arma de fogo era fato atípico.
Por conta do aumento da criminalidade no País, entrou em vigor a Lei nº 9.437/97 (Lei das
Armas de Fogo), a qual tipificou o porte ilegal de arma de fogo como crime, passando a posse também
a ser considerada delito.
Ocorre que a referida Lei possuía uma série de impropriedades técnicas, como por exemplo,
tipificava-se a conduta de utilizar arma de brinquedo para praticar crime, tipo penal inaplicável, pois
quem usa arma de brinquedo para cometer delito responde por este.
Por conta disso, em 2003, entrou em vigor a Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
revogando a Lei nº 9.437/97.

2. COMPETÊNCIA
A Lei nº 10.826/03 criou o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), com o objeto de controlar as
armas de fogo existentes no País, sendo ele instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
Federal, logo de atribuição da União. Por conta disso surgiu um entendimento de que os crimes do
Estatuto do Desarmamento seriam de competência da Justiça Federal (JF), e não mais da Justiça
Estadual (JE).

Todavia, a Jurisprudência pátria é dominante no sentido de que, via de regra, a competência


para processar e julgar os delitos do Estatuto do Desarmamento é da Justiça Estadual. Nesse sentido,
STJ - CC 45483/2004 – Corte Especial.
EMENTA: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Sistema Nacional de Armas. Lei nº 10.826, de
2003. Competência (federal/estadual). 1. O Sistema instituído pela Lei nº 10.826 haveria mesmo de ser
de
cunho nacional ("circunscrição em todo o território nacional"). 2. Certamente que esse ato legislativo
não remeteu à Justiça Federal toda a competência para as questões penais daí oriundas. 3.
Quando não há ofensa direta aos bens, serviços e interesses a que se refere o art. 109, IV, da
Constituição, não há como atribuir competência à Justiça Federal. 4. Caso de competência
estadual. 5. Conflito conhecido e declarado competente o suscitado. (STJ - CC 45483/RJ, Relator(a):
Ministro Nilson Naves, Órgão Julgador: Corte Especial, Julgamento: 27/10/2004).

No mesmo diapasão, STJ - CC 137805/2015 – 3ª Seção, CC 140649/2015 – 3ª Seção e CC


120493/2015 – 3ª Seção.

21
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Os Tribunais Superiores partiram da premissa de que aquilo que fixa a competência é o bem
jurídico protegido que, no caso, é a incolumidade, a paz ou a segurança públicas, a qual é bem jurídico
pertencente à coletividade, e não à União.
É claro que, se no caso concreto, o crime atingir serviço ou interesse da União, a competência
será da JF (CF/88 - Art. 109, IV). Ex.: um Policial Federal, em serviço, portando ilegalmente uma arma
de fogo. Do mesmo modo, será da competência da JF, se o delito for praticado a bordo de navio ou
aeronave, ressalvada a competência da Justiça Militar, em razão do que prevê o Art. 109, IX, d CF/88.
Nesse trilhar, STJ - CC 154889/2017 – 3ª Seção.
O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição (Art. 18 do Estatuto do
Desarmamento), todavia, é de competência da Justiça Federal, por conta do que dispõe o Art. 109, V,
da CF/88 (Aos Juízes Federais compete processar e julgar (...) os crimes previstos em tratado ou
convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente), tendo em vista que este delito está inserido em tratado
internacional de que o Brasil é signatário. Nesse sentido, STJ - CC 130267/2017 – 3ª Seção, CC
126235/2016 – 3ª Seção e AgRg. no Ag. 1389833/MT/2013 – 6ª turma.
Outra hipótese que atrai a competência para a Justiça Federal é se crime do Estatuto do
Desarmamento, assim como qualquer outro delito, for praticado a bordo de navios ou aeronaves,
ressalvada a competência da Justiça Militar, nos termos do que dispõe o Art. 109, IX, da CF/88.
Atenção: Os crimes do Estatuto do Desarmamento praticados por militar eram de competência da
Justiça Comum, ainda que houvesse a incidência de uma das hipóteses do Art. 9º da Parte Geral do
Código Penal Militar (CPM), por exemplo, crime praticado por militar em local sujeito à Administração
Militar, porque a conduta não é tipificada na parte especial do CPM. Ocorre que a Lei nº 13.491/17
alterou o Art. 9º do CPM, ampliando o conceito de crime militar para abranger delitos tipificados não só
previstos no CPM, mas também na legislação penal comum, desde que incidindo uma das hipóteses
relacionadas no referido Art.9º. Assim, se atualmente um militar pratica um crime previsto no Estatuto
do Desarmamento e sua conduta se enquadrar numa das hipóteses elencadas no Art. 9º do Código
Penal Castrense, a competência será da respectiva Justiça Militar (da União ou Estadual).
Obs.: O simples fato de a arma está com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado não fixa a competência da Justiça Federal (STJ - CC 98787/2009 -
3ª Seção, HC 59915/2008 – 5ª Turma e HC 57348/2006 – 5ª Turma).

3. NATUREZA DOS CRIMES


De acordo com a Jurisprudência do STF e STJ, todos os crimes do Estatuto do Desarmamento são
de perigo abstrato ou presumido, é dizer, há crime ainda que não ocorra uma situação de perigo
concreto/real. O perigo, no caso, é presumido pelo próprio legislador abstratamente, porquanto o
objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas sim a segurança ou incolumidade pública e a
paz social, inclusive a Jurisprudência é pacífica no sentido de que esse tipo de crime é constitucional.
Nesse diapasão, STF - HC 141801/2018 Agr – 2ª Turma, AgRg no REsp 1386771/2017 – 6ª
Turma, HC 58861/2015 – 2ª Turma, HC 103539/2012 – 1ª Turma e HC 96072/2010 – 1ª
Turma; e STJ - HC 432691/2018 – 5ª Turma, AgRg no AREsp 1319859/2018 – 5ª Turma,
AgRg no REsp 1692637/2018 – 6ª Turma e HC 268658/2016 – 6ª Turma.

4. BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS


O STF e STJ dividiram os bens jurídicos protegidos pelos crimes do Estatuto do Desarmamento da
seguinte forma:
1º) Bem Jurídico Principal ou Imediato: a incolumidade e a segurança públicas e a paz social.
2º) Bem Jurídico Secundário ou Mediato: reflexamente, indiretamente ou secundariamente, outros
bens jurídicos também são tutelados, como por exemplo, o patrimônio, a vida, a integridade
física, a liberdade, a honra etc.

5. DOS CRIMES

5.1. Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 12)


A) Tipo Penal:
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

B) Condutas: “possuir” e “manter sob a guarda”.


Tem doutrina, Fernando Capez por exemplo, que faz a seguinte distinção: “possuir” é estar na
posse da própria arma, já “manter sob a guarda” significaria guardar a arma para terceira pessoa.
Esse, todavia, não é o entendimento que prevalece na doutrina, pois quem guarda uma arma de
fogo para alguém está cometendo o crime de porte ilegal de arma de fogo, tanto que a conduta
“manter sob guarda” também consta dos tipos penais do Art. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido) e do Art. 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido ou restrito). De modo
que “possuir” e “manter sob a guarda” significa a mesma coisa.
Não precisa haver contato físico da arma com o infrator para a configuração do delito, o que se
extrai do próprio sentido etimológico das condutas.

C) Objeto Material: “arma de fogo”, “acessório” e “munição”, de uso permitido.


Trata-se de norma penal em branca, complementada pelo Decreto nº 9.847/19, que em seu Art.
2º define o que é arma de fogo e munição de uso permitido.
A definição de “acessório” era dada pelo Art. 3º do Decreto nº 3.665/00 que, porém, foi
revogado pelo Decreto nº 9.847/19. Assim, o juiz é que terá de definir, no caso concreto, o que
significa “acessório” de arma de fogo.
A definição que era prevista no Art. 3º do Decreto nº 3.665/00, mais precisamente em seu inciso
II era a seguinte - “acessório de arma: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do
desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto
visual da arma”.

D) Elementos Normativos do Tipo Penal:


Primeiro Elemento Normativo: é o elemento espacial do tipo e está na expressão “(...) no interior
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
o responsável legal do estabelecimento ou empresa”.
É aqui que reside a diferença entre posse e porte ilegal de arma de fogo, vejamos de forma
esquematizada:
POSSE PORTE
Residência do infrator ou dependência dela.
Local de trabalho dele, desde que seja o titular ou o Qualquer outro local.
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

STJ - HC 92369/2008 – 5ª Turma.

Exemplos:
1º) Arma de fogo encontrada no quarto da casa do infrator: posse.
2º) Arma de fogo encontrada na garagem, área de lazer ou quintal da casa: posse.
3º) Num supermercado, o Gerente e o Caixa estão trabalhando ilegalmente armados: para o Gerente
posse e para o Caixa porte.
4º) Indivíduo com arma de fogo de forma ilegal na casa de um parente ou amigo: Porte.
5º) Indivíduo com arma de fogo devidamente registrada, mas na casa de um parente ou amigo: Porte.
Obs.: Em razão de alteração promovida pela Lei do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), para efeitos
do Estatuto do Desarmamento, toda a extensão da propriedade rural passou a ser considerada
residência (Art. 5º, §5º, do Estatuto do Desarmamento). Ex.: um fazendeiro que tem a posse de uma
arma de fogo de forma ilegal em qualquer lugar dentro de sua fazenda estará cometendo o crime de
posse irregular de arma de fogo, e não de porte.
Questão: Boleia de Caminhão? De acordo com a Jurisprudência do STJ, o caminhão é instrumento
de trabalho do motorista, não podendo ser considerado extensão de sua residência, nem local de seu
trabalho, mas apenas um meio físico para se chegar ao fim laboral, logo, se uma arma de fogo ilegal é
apreendida em boleia de caminhão, o crime é o de porte, e não de posse. Senão vejamos:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. ESTATUTO DO


DESARMAMENTO. ART. 14 DA LEI N. 10.826/2003. APREENSÃO DE ARMA DE FOGO NO
INTERIOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR UTILIZADO COMO MEIO DE TRABALHO. CAMINHÃO NÃO É
EXTENSÃO DE LOCAL DE TRABALHO. TIPIFICAÇÃO DO PORTE ILEGAL DE ARTEFATO BÉLICO.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

ABOLITIO CRIMINIS NÃO ALCANÇA O DELITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. STF.
1. O caminhão é instrumento de trabalho do motorista, assim como, mutatis mutandis, a
espátula serve ao artesão. Portanto, não pode ser considerado extensão de sua residência,
nem local de seu trabalho, mas apenas um meio físico para se chegar ao fim laboral.
2. Arma de fogo apreendida no interior da boleia do caminhão tipifica o delito de porte ilegal de
arma (art. 14 da Lei n. 10.826/2003).
3. Ante a impossibilidade de desclassificação do crime de porte de arma para o delito de posse, faz-se
superada a irresignação no tocante à incidência de abolitio criminis temporária, situação que ocorre
exclusivamente na hipótese de conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, acessórios e
munição.
(...)
6. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp 1362124/MG, Relator(a): Ministro Sebastião
Reis Júnior, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 19/03/2013).

No mesmo diapasão, STJ – Resp 1219901/2012 – 6ª Turma e HC 172525/2012 – 5ª Turma.

Se o artefato (arma de fogo, acessório ou munição) estiver enterrado ou de qualquer forma


oculto, ainda que no elemento especial acima mencionado (interior de sua residência ou dependência
desta, ou local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa) o crime é o de porte, e não de posse. Nesse sentido, STJ - HC 72035/2007.

EMENTA: HABEAS CORPUS. (...). PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO, NA MODALIDADE DE


OCULTAÇÃO. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONDUTA DO ART. 12 DA LEI
10.826/03 (POSSE). INADMISSIBILIDADE. WRIT PARCIALMENTE CONCEDIDO, PARA REDUZIR A
PENA-BASE DOS CRIMES DE ROUBO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO AO MÍNIMO LEGAL.
(...)
4. Comprovado nos autos, pelos laudos de apreensão, que as armas do paciente (uma delas
utilizada no crime) estavam enterradas no jardim de sua casa, não há como se pretender a
desclassificação para o delito de posse de arma (art. 12 da Lei 10.826/03), porquanto a
conduta do paciente subsume-se ao tipo descrito no art. 14 da referida lei (porte ilegal de arma
de uso permitido, na modalidade de ocultação).
(...)
(STJ - HC 72035/MS, Relator(a): Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Órgão Julgador: 5ª
Turma, Julgamento: 09/10/2007).

Segundo Elemento Normativo: está na expressão “em desacordo com determinação legal ou
regulamentar”.
Aqui é para diferenciar a posse legal da ilegal. Posse legal, que é fato atípico, é a posse da arma
com o competente Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF), expedido pela Polícia Federal após
autorização do SINARM (Art. 5º, §1º).
Adendo: no caso de armas de fogo de uso restrito, o registro deve ser feito no Comando do Exército, a
teor do que dispõe o Art. 3º, parágrafo único, c/c Art. 27 da Lei nº 10.826/03.
Cuidado que o CRAF só autoriza a posse legal, mas não o porte, de modo que se o indivíduo tem
uma arma devidamente registrada ele só pode mantê-la “no interior de sua residência ou dependência
desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa”, fora disso, configura-se o delito de porte ilegal de arma de fogo. (Art.
5º, caput, do Estatuto do Desarmamento).
Crime é a posse ilegal, ou seja, sem CRAF. Todavia, a posse de arma de fogo sem registro nem
sempre foi crime, como visto antes. Apenas após a edição da Lei nº 9.437/97 é que a conduta foi
tipificada, Lei esta revogada pouco tempo depois pelo Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03)
que continuou prevendo a posse ilegal de arma de fogo como sendo conduta típica.
Ocorre que, de 23/12/2003 a 23/10/2005, o Governo Federal, por meio de Medidas
Provisórias, foi prorrogando o prazo para que as pessoas registrassem suas armas e regularizassem a
situação. Diante disso, o STF e o STJ firmaram o entendimento de que, dentro desse período de tempo,
as pessoas não cometeram o crime de posse irregular de arma de fogo, seja de uso permitido, seja de
uso proibido ou restrito, tendo havido o que se convencionou chamar de “abolitio criminis temporária”,
“descriminalização temporária”, “atipicidade momentânea” ou “vacatio legis indireta”.
De 24/10/2005 a 31/12/2009, o Governo Federal continuou editando novas Medidas
Provisórias, dando mais prazos para as pessoas regularizarem a posse de arma de fogo de uso
permitido, porém a posse de arma de fogo de uso proibido ou restrito passou a ser crime (Art. 16 da lei
nº 10.826/03).
Assim, a partir de 01/01/2010, a posse de arma de fogo de uso permitido passou a ser crime,
junto com a posse de uso restrito ou proibido que já era considerada delito desde 24/10/2005, mas a
entrega espontânea do artefato é causa extintiva da punibilidade até hoje, conforme prevê o Art. 32 do
Estatuto do Desarmamento (os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la,

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do


regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma).
O entendimento acima é consolidado na Jurisprudência dos Tribunais Superiores. Nesse diapasão,
STF – HC 113529/2014 – 2ª Turma e HC 110298/2012 – 2ª Turma; e STJ – AgRg no AREsp
454148/2019 – 6ª Turma, AgRg nos EDcl no AREsp 1088933/2018 – 6ª Turma,
HC 405337/2017 – 5ª Turma e HC 262895/2014 – 5ª Turma.
Vejamos, então, de forma esquematizada, como o candidato deve guardar essa questão para o
concurso, já que o assunto é recorrente nas provas:

POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO


PERÍODO DE USO PERMITIDO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO
23/12/03 a Fato Atípico. Fato Atípico.
23/10/05
24/10/05 a Fato Atípico. Crime.
31/12/09
Crime, mas a entrega Crime, mas a entrega espontânea da
01/01/10 até espontânea da arma é causa arma é causa de extinção da
Hoje de extinção da punibilidade. punibilidade.

Cuidado que a Jurisprudência sedimentou-se no sentido de ser crime a partir de 24/10/05


tanto o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito ou proibido do caput do Art. 16, como
também a posse ilegal de arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado, ainda que de uso permitido, antes prevista no parágrafo único do
Art. 16 e atualmente em seu §1º. Nesse sentido dispõe a Súmula nº 513/2014 do STJ: “a abolitio
criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso
permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, praticado somente até 23/10/2005”.
Atenção: essa “abolitio criminis temporária” só se aplica ao crime de posse ilegal de arma de fogo, não
se aplicando ao delito de porte, seja de uso permitido, seja de uso restrito ou proibido. Nesse sentido,
STF – RHC 113835/2013 – 1ª Turma, HC 94241/2009 – 1ª Turma e HC 94185/2008 – 2ª
Turma, e STJ - AgRg no REsp 1720551/2018 – 5ª Turma e HC 163324/2015 – 6ª Turma.
Ademias, o que causa a extinção da punibilidade, a partir de 01/01/2010, é a entrega
espontânea da arma, logo se a polícia encontra a arma na casa ou dependência dela, ou local de
trabalho, desde que o autor seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa, o
crime de posse estará caracterizado. Nesse caminho, STJ – HC 529963/2019 – 5ª Turma e
Resp. 1575417/2016 – 6ª Turma.
Porém cuidado, se o indivíduo transporta a arma de casa para entregá-la espontaneamente à
autoridade competente, não há que se falar em crime de porte ilegal de arma de fogo, por ausência de
antinormatividade, já que é comportamento permitido pelos Arts. 30, 31 e 32 da Lei nº 10.826/03. O
STJ aplicou, nesse caso, a teoria da tipicidade conglobante de Zafaroni. Nesse sentido, STJ - HC
94673/2008 – 5ª Turma.
EMENTA: PENAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 10, DA LEI Nº 9.437/97. PORTE ILEGAL DE ARMA
DE FOGO. REGISTRO. OBRIGATORIEDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. UM SÓ CONTEXTO FÁTICO.
IMPOSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DE DELITOS AUTÔNOMOS. ENTREGA DE ARMAS PARA A
POLÍCIA. CONDUTA PERMITIDA.
I - Esta Corte vem entendendo que a absorção do delito de porte de arma pelo de disparo não é
automática, dependendo, assim, do contexto fático do caso concreto. Por conseguinte, em se tratando de
contextos fáticos distintos, há a possibilidade de configuração de delitos autônomos.
II ? In casu, não há imputação de eventual fato delituoso pré-existente ao contexto fático narrado na
prefacial acusatória (contexto do disparo de arma de fogo). Vale dizer, a denúncia não descreve fato
anterior que esteja inserido em outro contexto fático, de modo a possibilitar a configuração de delitos
autônomos. Assim sendo, considerando a narração contida na denúncia, que descreve um único contexto
fático, deve o delito tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) ser absorvido
pelo disparo de arma de fogo (art. 15 do mesmo diploma legal).
III - De outro lado, a conduta de quem se dirige até delegacia de polícia para entregar arma de
fogo de uso permitido não pode ser equiparada ao delito de porte ilegal de arma de fogo e ser,
por conseguinte, tida como típica e ilícita, uma vez que este comportamento é autorizado pelo
Estado (artigos 30, 31 e 32, da Lei nº 10.826/2003). Falta, portanto, a esta ação,
antinormatividade.
Ordem concedida. (STJ – HC 94673/MS, Relator(a): Ministro Felix Fischer, Órgão Julgador: 5ª
Turma, Julgamento: 27/03/2008).

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Por fim, o delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado (Art. 17,
caput e parágrafo único, da Lei de Armas), nunca foi abrangido pela abolitio criminis temporária
acima mencionada, independente de o artefato ser de uso permitido ou restrito/proibido. Nesse
diapasão, STJ - AgRg no REsp 1692637/2018 – 6ª Turma e HC 145041/2011 – 6ª Turma.

E) Sujeitos do Crime:
 Sujeito Ativo - crime comum, portanto pode ser cometido por qualquer pessoa. Alguns
defendem que seria crime próprio, porque ele exige a qualidade especial do sujeito ativo ser
dono da residência ou proprietário ou responsável legal pelo estabelecimento ou empresa, mas
não é o que prevalece.
 Sujeito Passivo – é a coletividade, porque é ela que é titular da incolumidade pública. É o que a
doutrina chama de “crime vago”.

F) Elemento Subjetivo: dolo, não se exigindo qualquer finalidade específica.

G) Consumação e Tentativa: é crime de mera conduta e perigo abstrato, portanto se consuma com a
mera posse da arma de fogo, acessório ou munição, independente de qualquer situação concreta de
perigo. Prevalece que não admite tentativa.

5.2. Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 14)


A) Tipo Penal:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

B) Condutas: são 13 (treze) ao todo. Trata-se de crime de conduta múltipla ou variada, ou ainda tipo
misto alternativo. Isso é importante para se tirar da cabeça a equivocada impressão de que só há o
crime se a pessoa estiver portando a arma. Portar é apenas um das condutas. Ademais, se o sujeito
pratica mais de uma dessas condutas num mesmo contexto fático responde ele por crime único por
conta do princípio da alternatividade, sendo a quantidade de condutas levada em consideração na
dosimetria da pena. Todavia, se mais de uma dessas condutas forem praticadas em contextos fáticos
diferentes, haverá concurso material de crimes.
Questão: quem pode portar legalmente arma de fogo no Brasil? Em regra, o porte é proibido,
portanto apenas algumas pessoas taxativamente previstas em Lei têm esse direito. As pessoas
elencados no Art. 6º do Estatuto do Desarmamento têm direito a porte de arma de fogo. Outras
pessoas também podem adquirir esse direito, desde que preenchidos os requisitos do Art. 4º c/c Art.
10 do mesmo Estatuto. A Leitura desses dispostos do Estatuto é muito recomendável.
A Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN (Lei Complementar nº 35/79 - Art. 33, V) e a
Lei Orgânica Nacional do Ministério Pública – LOMP (Lei nº 8.625/93 – Art. 42) preveem direito a porte
de arma para os membros da Magistratura Nacional e do Ministério Público, respectivamente.
C) Sujeitos do Crime, Tipo Subjetivo, Objeto Material e Consumação: igual à Posse Irregular de
Arma de Fogo de Uso Permitido do Art. 12, antes analisado. A tentativa, via de regra, também não é
admitida, mas em algumas condutas, como “fornecer”, “receber”, “emprestar” e “ceder”, admite-se.

5.3. Questões Controvertidas: servem para os crimes de posse e porte ilegal de arma de fogo.
1ª) Apreensão da Arma e Exame Pericial? De acordo como o STF e o STJ, é possível reconhecer os
crimes de posse e porte ilegal de arma de fogo sem que arma ou munição seja apreendida ou periciada
para aferir sua potencialidade lesiva, pois se trata de crimes de perigo abstrato ou presumido, que
podem ser comprovados por outros meios de prova em direito admitidos. Nesse sentido, STF – HC
147566/2018 AgR – 2ª Turma e HC 104347/2013 – 1ª Turma; e STJ – Resp. 1726686/2018
– 5ª Turma, HC 268658/2016 – 6ª Turma e AgRg no REsp 1294551/2014 – 5ª Turma.
2ª) Arma de Fogo Quebrada configura Crime? Depende. Se o defeito for relativo, ou seja, ora a arma
dispara, ora não, há crime, por se tratar de impropriedade do objeto apenas relativa. Por outro lado, se
o defeito for absoluto, é dizer, a arma é totalmente inapta a efetuar disparos, não há delito, pois se
trata de crime impossível (Art. 17 do CP) por absoluta impropriedade do objeto. Esse entendimento é
dominante na Doutrina e Jurisprudência. Nesse, STF – HC 96922/2009 – 1ª Turma e HC
100021/2010 – 2ª Turma; e STJ – AgRg no HC 414581/2018 – 5ª Turma,
REsp. 1451397/2014 – 6ª Turma, AgRg no AREsp 397473/2014 – 5ª Turma e REsp
1387227/2013 – 5ª Turma.

26
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

3ª) Arma de Fogo sem Munição ou Desmontada? É delito porque se trata de crime de perigo abstrato
ou presumido. Assim, ainda que a arma esteja desmuniciada ou desmontada, não gerando uma
situação de perigo real no momento, há o crime. Nesse sentido, STF – HC 95073/2013 – 2ª Turma,
HC 106346/2012 – 1ª Turma e HC 90197/2009 – 1ª Turma; e STJ - AgRg no AREsp
1475991/2019 – 6ª Turma, AgRg no AgRg no AREsp 1437702/2019 – 5ª TUrma e AgRg nos
EAREsp 260556/2014 – 3ª Seção.
4ª) Munição sem Arma de Fogo? Também é delito, pois se trata de crime de perigo abstrato ou
presumido (STF – HC 148801/2018 AgR – 2ª Turma e HC 158087/2018 – 1ª Turma; e STJ -
AgRg no REsp 1442152/2014 – 6ª Turma e AgRg no REsp 1379803/2013 – 5ª Turma). Mas
muita atenção que, de acordo com Jurisprudência relativamente recente do STF (HC 154390/2018 –
2ª Turma, HC 143449/2017 – 2ª Turma e HC 133984/2016 – 2ª Turma) e do STJ (AgRg no
AREsp 1554212/2020 – 6ª Turma, AgRg no REsp 1869961/2020 – 6ª Turma, AgRg no HC
566373/2020 – 5ª Turma e AgRg no AREsp 1627349/2020 – 5ª Turma), é possível aplicar o
princípio da insignificância aos crimes de posse ou porte apenas de munição, quando se tratar de
ínfima/pequena/reduzida quantidade de munição apreendida e ainda que seja de calibre restrito, desde
que estejam presentes todos os vetores para a aplicação da bagatela que são:
a) Mínima ofensividade da conduta do agente;
b) Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
c) Inexpressividade da lesão ao bem jurídico protegido;
d) Nenhuma periculosidade social da ação.
5ª) Posse ou Porte de Arma de Fogo e Homicídio ou Roubo? Os crimes de homicídio e roubo somente
absorvem a posse ou o porte ilegal de arma de fogo, pelo princípio da consunção, se os delitos forem
praticados no mesmo contexto fático, é dizer, se estas últimas condutas forem praticadas
exclusivamente para cometer o crime contra a vida ou o patrimônio; enfim, se as condutas guardarem
relação de dependência ou subordinação. Se, porém, a pessoa tem a posse ou o porte ilegal de uma
arma de fogo e eventualmente a utiliza para matar alguém ou roubar, haverá concurso material de
crimes, não havendo que se falar em bis i idem porque os bens jurídicos protegidos são diversos. Nesse
sentido, STF – RHC 106067/2012 – Primeira Turma, RHC 123399/2014 – 1ª Turma, HC
121762/2014 – 2ª Turma e RHC 122618/2014 – 2ª Turma; e STJ - AgRg no REsp
1687824/2020 – 6ª Turma, AgRg no REsp. 1807692/2019 – 5ª Turma, AgRg no
AREsp. 1186399/2018 – 6ª Turma e AgRg no AREsp. 1007586/2017 – 6ª Turma.
6ª) Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo e Legítima Defesa? Mesmo raciocínio da questão anterior,
ou seja, se a pessoa utiliza a arma de fogo ilegal unicamente para o ato de legítima defesa, o delito de
posse ou porte ilegal fica absorvido, porém se o agente tem a arma ilegalmente e a utiliza de forma
eventual numa legítima defesa, ele não responderá pela conduta em que agiu amparado pela
excludente de ilicitude, mas responderá pelo crime do Estatuto do Desarmamento. Nesse diapasão,
STF – HC 120678/2015 – 1ª Turma; e STJ - HC 395268/2017 – 6ª Turma, HC 325387/2016 –
5ª Turma e HC 101127/2008 – 5ª Turma.
7ª) Posse ou Porte Simultâneo de duas ou mais Armas de Fogo, Acessórios ou Munições? O STJ firmou
entendimento de que configura crime único, se for num mesmo contexto fático, porque a situação de
perigo é uma só, sendo a quantidade de armas levada em consideração pelo magistrado na dosimetria
da pena, desde que os artefatos sejam do mesmo calibre. Todavia, caso os artefatos sejam de calibres
diferentes (de uso permitido e restrito/proibido), reconhece-se o concurso formal de crimes, ainda que
num mesmo contexto fático, sob o argumento de que os bens jurídicos são distintos, senão vejamos:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE ARMAS DE FOGO E
MUNIÇÕES DE USO RESTRITO E PERMITIDO. ARTS. 14 E 16 DA LEI N. 10.826/03.
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. BENS JURÍDICOS DISTINTOS.
I. As condutas de possuir arma de fogo e munições de uso permitido e de uso restrito,
apreendidas em um mesmo contexto fático, configuram concurso formal de delitos.
II. O art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a
seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime
único, pois há lesão a bens jurídicos diversos.
III. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no REsp 1619960/MG, Relator(a):
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 27/06/2017).

No mesmo diapasão, STJ - AgRg no REsp 1602779/2017 – 5ª Turma, AgRg no AgRg no


REsp 1547489/2016 – 6ª Turma e AgRg no REsp 1588298/2016 – 6ª Turma.
8ª) Posse ou Porte de Arma de Brinquedo (simulacro/réplica) configura crime? Apesar de conduta
proibida (Art. 26 do Estatuto do Desarmamento - são vedadas a fabricação, a venda, a comercialização
e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
confundir), NÃO configura crime do Estatuto do Desarmamento. É mera infração administrativa que
permite a apreensão e O confisco da arma de brinquedo. Mas cuidado que se houver a importação ou
exportação de arma de brinquedo, simulacro ou réplica que possa ser confundida com arma verdadeira

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haverá o delito de contrabando (Art. 334-A do CP) - nesse diapasão, STJ – REsp 1727222/2018 –
5ª Turma e AgRg no REsp 1479836/2016 – 5ª Turma.
9ª) Posse de Arma de Fogo com Registro Vencido? De acordo com entendimento firmado pelo STJ,
caso a arma seja de uso permitido, configura mera infração administrativa, entretanto, se for de calibre
restrito ou proibido é conduta típica (Art. 16). E atenção que não se aplica, em hipótese alguma, ao
crime de porte ilegal de arma de fogo. Nesse trilhar, STJ - AgRg no AREsp 885281/2020 – 6ª
Turma, AgRg no REsp 1722040/2019 – 5ª Turma, RHC 73548/2016 – 6ª Turma,
HC 339762/2016 – 6ª Turma e APn 686/2015 – Corte Especial.

5.3. Omissão de Cautela (Art. 13, caput):

A) Tipo Penal:
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

B) Bens Jurídicos Protegidos:


 A incolumidade pública.
 A incolumidade individual do menor ou do doente mental.
Portando, trata-se de crime com dupla objetividade jurídica.

C) Conduta: “deixar de observar as cautelas necessárias”. Trata-se de crime necessariamente culposo


por violação ao dever de cuidado objetivo na modalidade negligência. Dessa forma, se o indivíduo
permite que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma
de fogo de forma dolosa o crime será o de porte ilegal de arma de fogo, é não o de omissão de cautela.

D) Sujeitos do Crime:
Ativo: o proprietário ou possuidor da arma de fogo. Logo, trata-se de crime próprio, pois exige
qualidade especial do sujeito ativo. Se a posse ou porte for ilegal haverá concurso material de
crimes.
 Passivo. Primário: a coletividade. Secundário: o menor ou doente mental.
Cuidado que o tipo penal não inclui como sujeito passivo o deficiente físico, apenas o mental. E
também não exige nenhuma relação jurídica entre sujeito ativo e passivo.
Atenção: haverá o crime ainda que o menor tenha obtido a emancipação da capacidade civil. O que
importa para a configuração do tipo penal é a idade biológica inferior a 18 anos, até porque a
emancipação da capacidade civil não produz efeitos na esfera penal.

E) Objeto Material: arma de fogo de uso permitida ou restrito/proibido. O calibre da arma de fogo
será levado em consideração na dosimetria da pena.
O tipo penal não menciona acessório, nem munição. Assim, permitir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de acessório ou munição de arma de fogo
não configura o delito de omissão de cautela. No caso de munição, configura o Art. 19, §2°, “c”, da Lei
das Contravenções Penais:
LCP - “Art. 19 (...)
§2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos
mil réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou munição:
(...)
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor
de 18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la”.

F) Consumação e Tentativa:
A Consumação se dá com o apoderamento da arma pelo menor de idade ou doente mental (não
se dá com a simples omissão), independente de qualquer outro resultado ou consequência. Assim, esta
figura típica é uma exceção aos crimes omissivos próprios ou puros, pois não se consuma com a
simples omissão, sendo necessário o apoderamento da arma de fogo pelo sujeito passivo secundário.
Por isso, Nucci chama de crime omissivo condicionado.
A tentativa não é possível, primeiro por ser delito omissivo puro/próprio e também por ser crime
culposo.

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G) Elemento Subjetivo: é, como dito acima, necessariamente a culpa. Isso se extrai da própria
conduta, “deixar de observar as cautelas necessárias ...”, que é uma expressão indicativa de culpa, na
modalidade negligência.

5.3.1. Condutas Equiparadas (Art. 13, Parágrafo Único):


A) Tipo Penal:
Art. 13. (...)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

B) Condutas: deixar de registrar ocorrência policial e deixar de comunicar o fato à Polícia Federal. Por
utilizar a conjunção “e”, há duas correntes em relação à caracterização desse delito:
1ª Corrente: basta apenas uma das duas comunicações para que o crime não se configure. Nesse
sentido, Capez e Renato Brasileiro. Essa corrente parte da premissa de que com uma comunicação já
está cumprida a finalidade pretendida pela Lei, até porque cabe ao Estado manter comunicação entre
suas entidades, não podendo o particular ser punido pela falta de integração dos órgãos estatais.
2ª Corrente: têm de ser feitas as duas comunicações para não se configurar o crime. Nesse sentido,
Renato Marcão.

C) Sujeitos do Crime:
 Sujeito Ativo: o proprietário ou diretor responsável pela empresa de segurança ou transporte de
valores. Portanto, também se trata de crime próprio.
 Sujeito Passivo: a coletividade e o estado, mesmo porque a falta de comunicação prevista no
tipo penal prejudica o controle das armas no País.

D) Objeto Material: nessa omissão de cautela específica do parágrafo único, volta a ser arma de fogo,
acessório ou munição, diferentemente do que ocorre com a omissão de cautela do caput, que é apenas
arma de fogo. Tanto faz ser de uso permitido ou restrito.

E) Elemento Subjetivo: o parágrafo único não contém nenhuma elementar indicativa de culpa, não
havendo crime culposo se não estiver expressamente previsto em Lei. Assim, esse delito tem como
elemento subjetivo o dolo, portanto, caso se deixe de fazer comunicação por negligência, o fato é
atípico.

F) Consumação e Tentativa:
Consumação só se dá após 24h da ocorrência do fato, de acordo com o texto legal. É o que a
doutrina chama de crime a prazo.
A doutrina, no entanto, diz que a leitura correta do dispositivo é: depois de 24h da ciência do
fato, sob pena de se estar permitindo responsabilidade penal objetiva. Antes da ciência do fato não há
como fazer qualquer comunicação. Ex.: se a arma foi furtada na sexta, mas o proprietário ou diretor
responsável pela empresa de segurança e transporte de valores só tomou ciência na segunda, só a
partir deste momento é que se conta o lapso temporal para a comunicação.
A tentativa não é possível por se tratar de crime omissivo próprio ou puro. Ou o agente comunica
o fato e não há crime algum, ou não faz a comunicação e a omissão configura o delito.

5.4. Disparo de Arma de Fogo (Art. 15)


A) Tipo Penal:
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

B) Condutas: disparar arma de fogo ou acionar munição. O simples fato de acionar a munição,
mesmo sem disparo configura o crime. Ex.: a arma “pinou” ou “picotou”.
Obs.: Se houver dois ou mais disparos, num mesmo contexto fático, crime único, ou seja, a quantidade
de disparos será levada em consideração na dosimetria da pena. Todavia, se em contextos fáticos
diferentes, concurso material de crimes (Ex.: indivíduo vai à rua num dia e efetua disparo de arma de
fogo, um ou dois dias depois faz a mesma coisa).

C) Objeto Material: arma de fogo e munição, seja de uso permitido, seja de uso restrito/proibido.

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D) Sujeitos do Crime:
 Sujeito Ativo - crime comum, portanto pode ser praticado por qualquer pessoa.
 Sujeito Passivo – é a coletividade, porque é ela que é titular da incolumidade pública. É o que a
doutrina chama de “crime vago”.

E) Elemento Subjetivo: é o dolo genérico, sendo desnecessária qualquer finalidade específica. Não se
admite a forma culposa, logo, no caso de disparo acidental o fato é atípico.

F) Elemento Espacial: “(...) em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção
a ela”.
Conclusão: disparo em lugar ermo, desabitado, fora dos espaços mencionados no tipo penal, é fato
atípico. Ex.: indivíduo com direito a porte de arma vai até uma mata e lá efetua disparos de arma de
fogo.
Embora o tipo penal exija que a conduta seja praticada em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, de acordo com o STJ, o delito de disparo de arma de
fogo também é crime de perigo abstrato, ou seja, se perfaz mesmo que não gere nenhuma situação de
perigo real para alguém. Nesse diapasão, STJ - AgRg no AREsp 1354944/2018 – 5ª Turma, AgRg
no AREsp 1077607/2017 – 5º Turma, AgRg no AREsp 684978/2017 – 6ª Turma e AgRg no
REsp 1616779/2016 – 6ª Turma. Ex.: indivíduo para às 3h da manha numa via pública a atira na
placa de sinalização de trânsito.
G) Subsidiariedade: “(...) desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro
crime”. Logo, a subsidiariedade deste delito está expressa no tipo penal, pois se o agente tinha a
finalidade de praticar outro crime, responderá por este, pouco importando, de acordo com a literalidade
da Lei, se mais ou menos grave, ficando o disparo de arma de fogo absorvido. Ex.: tanto faz disparar
para matar, como disparar para ameaçar ou para causar dano.
Mas cuidado que, para a doutrina, não há o crime de disparo de arma de fogo se a conduta foi
cometida visando à prática de crime mais grave, caso contrário, prevalece o crime do Art. 15 da Lei nº
10.826/03. Justificativa: De acordo com o princípio da consunção, crime mais grave absorve crime
menos grave, mas o contrário não é admitido.
Questão: é possível concurso entre os crimes de disparo e posse/porte ilegal de arma de
fogo? De acordo com a Jurisprudência, o disparo de arma de fogo absorve os delitos de posse ou porte
ilegal, se ambas as condutas se derem no mesmo contexto fático, ou seja, quando houver nexo de
dependência entre as condutas, sendo a posse/porte meio para a prática do disparo, caso contrário,
haverá concurso material de crimes. Nesse sentido, STJ - AgRg no AREsp 1211409/2018 – 6ª
Turma:

EMENTA: PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PORTE DE ARMA DE FOGO E DISPARO. CONSUNÇÃO. CONTEXTOS FÁTICOS
DISTINTOS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Aplica-se o princípio da consunção aos crimes de porte ilegal e de disparo de
arma de fogo ocorridos no mesmo contexto fático, quando presente nexo de
dependência entre as condutas, considerando-se o porte crime-meio para a
execução do disparo de arma de fogo.
2. Concluindo o Tribunal de origem, com apoio no conjunto probatório dos autos, que os
crimes de posse e de disparo de arma de fogo não foram praticados no mesmo contexto
fático, porquanto se aperfeiçoaram em momentos diversos e com desígnios autônomos,
a reversão do julgado encontra óbice na Súmula 7/STJ.
3. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no AREsp 1211409/MS, Relator(a):
Ministro Nefi Cordeiro, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 08/05/2018).

Dessa forma, se “A” tem a posse legal de uma arma de fogo em sua residência e, decidido a
efetuar disparos, dirige-se à via pública e de fato aciona o artefato, é possível defender a absorção do
porte pelos disparos. Se, no entanto, depois de manter ilegalmente a arma em sua residência por
vários anos, “A” efetua disparos em direção à via pública, o correto é lhe imputar os dois crimes em
concurso material, pois a posse e os disparos não ocorreram no mesmo contexto ou, de outra forma,
não ocorreu relação de dependência entre as condutas.
No mesmo sentido, STJ - AgRg no AREsp 1116928/2018 – 6ª Turma, AgRg no AREsp
754716/2017 – 6ª Turma, AgRg no AREsp 635891/2016 – 5ª Turma, AgRg no
REsp 1331199/2014 – 6ª Turma, AgRg no REsp 1347003/2013 – 5ª Turma,
HC 214606/2012 – 5ª Turma e HC 128533/2011 – 6ª Turma.

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G) Consumação e Tentativa: a consumação se dá com o mero disparo ou acionamento da munição.


A tentativa, em tese, é possível (Ex: o atirador é desarmado quando vai apetar o gatilho).

5.5. Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito ou Proibido (Art. 16)

A) Tipo Penal:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

As condutas são as mesmas do porte ilegal de arma de fogo de uso permitido mais a conduta
possuir. Assim, aplica-se ao crime tudo que foi falado em relação aos delitos dos Arts. 12 e 14 inclusive
aquelas questões controvertidas, exceto em relação ao objeto material que, neste caso aqui, é arma de
fogo, acessório ou munição de uso restrito, enquanto nos Arts. 12 e 14 é arma de fogo, acessório ou
munição de uso permitido.
A Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime) fez a seguinte alteração: se arma de fogo for de uso
restrito aplica-se a pena do caput do Art. 16, se for de uso proibido aplica-se a qualificadora do §2º,
litteris: “Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos”.
Quem define o que são armas de fogo e munições de uso restrito ou proibido é o Art. 2º do
Decreto nº 9.847/19. Portanto, trata-se de norma penal em branco.

B) Condutas Equiparadas (Art. 16, §1º):


§1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.

Atenção: de acordo com o STJ, o §1º é tipo penal autônomo em relação ao caput e §2º, portanto elas
incidem independentemente de o objeto material ser arma de fogo de uso restrito ou proibido, ou
permitido, tanto é assim que a conduta do inciso II é modificar as características de arma de fogo, de
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito (...). Ora, se é para torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito, é porque o objeto material, nesse caso, a
propósito, só pode ser arma de fogo de uso permitido. Nesse sentido, STF – RHC 89889/2008 –
Tribunal Pleno; e STJ - AgRg no AREsp 1590721/2019 – 5ª Turma, HC 285767/2016 – 5ª
Turma e HC 179502/2016 – 6ª Turma.
No inciso I há a conduta de quem faz a modificação, suprimindo ou alterando marca,
numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato, ou seja, pune-se quem
promove a modificação, já no inciso IV pune-se a conduta daquele que possui ou porta a arma de fogo
modificada (com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado).
O delito do inciso II, segunda parte (... ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a
erro autoridade policial, perito ou juiz), prevalece sobre o crime de fraude processual, previsto no Art.
347 do CP, por conta do princípio da especialidade.
No caso do inciso III, o objeto material não é arma de fogo acessório ou munição, mas sim
artefato explosivo ou incendiário. Ex.: rojão, bomba caseira, coquetel molotov etc. Atenção que, de
acordo com o STJ, granada de gás lacrimogêneo/pimenta NÃO pode ser considerada objeto material
desse crime, senão vejamos:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PENAL. ESTATUTO DO DESARMAMENTO. DELITO TIPIFICADO NO ARTIGO


16, PARÁGRAFO ÚNICO, III, DA LEI. 10.826/2003. PORTE DE ARTEFATO EXPLOSIVO. GRANADA
DE GÁS LACRIMOGÊNEO/PIMENTA. INADEQUAÇÃO TÍPICA. RECURSO IMPROVIDO.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

1. Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que pode se decompor


rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é acompanhado
por uma intensa liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas e gera uma considerável
destruição decorrente da liberação dessa energia.
2. Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete e
nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não
possuindo, portanto, considerável potencial de destruição.
3. Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual
seja, o artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipificado
neste crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo
eventual tipificação em outro crime.
4. Recurso especial improvido. (STJ - REsp 1627028/SP, Relator(a): Ministra Maria Thereza de
Assis Moura, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 21/02/2017).

No caso do inciso V, é importante destacar que o Art. 242 do ECA (Lei nº 8.069/90) pune as
mesmas condutas, portanto há um conflito aparente de normas penais, que é resolvido pela doutrina
da seguinte forma: prevalece o Art. 16, V, do Estado do Desarmamento, aplicando-se o Art. 242 do
ECA apenas quando se tratar de outro tipo de arma (Ex.: arma branca, arma de arremesso, arma de
pressão etc), pois este foi parcialmente revogado pela Lei nº 10.826/03.

Art. 16, V, da Lei nº 10.826/03 Art. 242 da Lei nº 8.069/90


Vender, entregar ou fornecer, ainda que Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
gratuitamente, arma de fogo, acessório, entregar, de qualquer forma, a criança ou
munição ou explosivo a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo.
adolescente.
Só se aplica no caso de venda, entrega ou
fornecimento de outros tipos de armas a criança
Prevalece sobre o Art. 242 do ECA.
ou adolescente, que não sejam arma de fogo.

5.6. Comércio Ilegal de Arma de Fogo (Art. 17)

A) Tipo Penal:
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
§1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência.
§2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

B) Condutas: são 15 (quinze) ao todo. Trata-se de crime de conduta múltipla ou variada, ou ainda
tipo misto alternativo. Portanto, se pratica mais de uma dessas condutas num mesmo contexto fático o
agente responde por crime único, sendo a quantidade de condutas levada em consideração na
dosimetria da pena (Ex.: o indivíduo adquiriu, transportou, manteve em depósito, montou, expôs a
venda e vendeu a mesma arma de fogo). Todavia, se mais de uma dessas condutas for praticada em
contextos fáticos diferentes, concurso material de crimes (Ex.: o indivíduo num dia adquiriu uma arma
e a vendeu. No outro dia adquire outra arma e a aluga, concurso material de crimes).
C) Sujeitos do Crime:
 Ativo: é só o comerciante ou industrial, de arma de fogo, acessório ou munição, ainda que a sua
atividade comercial ou industrial seja irregular ou clandestina, por conta da cláusula de equiparação
prevista no §1º. Logo, trata-se de crime próprio, pois exige condição especial do sujeito ativo.
Obs.: quem vende arma de fogo, acessório ou munição, de forma ilegal, mas fora do contexto de
atividade comercial ou industrial, responde pelo crime do Art. 14 ou Art. 16, a depender do calibre (uso
permitido ou restrito/proibido).
 Passivo: é a coletividade, porque é ela que é titular da incolumidade pública. Repita-se, é o que
a doutrina chama de “crime vago”.

D) Objeto Material: “arma de fogo”, “acessório” ou “munição” de uso permitido ou


restrito/proibido. Porém, se for de uso restrito ou proibido, há uma causa de aumento de pena da
metade (Art. 19).

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

E) Elemento Subjetivo: é o dolo genérico, não se exigindo nenhuma finalidade específica, por
exemplo, lucro.

F) Competência: é da Justiça Estadual, ainda que a comercialização seja praticada pela Internet,
dentro dos limites do território nacional.

EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE VENDA ILEGAL DE ARMA DE FOGO


POR MEIO DA INTERNET. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS DE INTERNACIONALIDADE.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ.
1. O fato de o suposto crime de comércio ilegal de arma de fogo ter sido cometido por meio da
rede mundial de computadores (internet), não atrai, necessariamente, a competência da
Justiça Federal para o processamento do feito.
2. Para se firmar a competência da Justiça Federal, além da lesão a bens, serviços e interesses
da União e de o País ser signatário de acordos e tratados internacionais, a teor dos incisos IV e
V do art. 109 da CF, deve-se demonstrar que a prática do delito efetivamente ultrapassou as
fronteiras do Estado Brasileiro.
3. A hipótese dos autos, ao menos por ora, parece ser apenas relativa à conduta tipificada no art. 17
do Estatuto do Desarmamento (expor à venda arma de fogo) e não o crime de tráfico internacional de
arma de fogo, uma vez que não há nos autos elementos que demonstrem que tenha havido
efetiva venda de arma de fogo, mas, apenas, a oferta de venda por meio da internet, motivo pelo qual,
consoante o entendimento acima exposto, deve ser apurada pela Justiça Estadual.
4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da
1ª Vara Criminal de Santo André/SP, o suscitante. (STJ - CC 126950/SP, Relator(a): Ministra
Alderita Ramos de Oliveira, Órgão Julgador: 3ª Seção, Julgamento: 24/04/2013).

F) Alterações Trazidas pela Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime):


1ª) A pena aumentou de reclusão de 4 a 8 anos para 6 a 12 anos; e
2ª) Criação de uma nova figura típica (conduta equiparada), senão vejamos:
Art. 17. (...)
§2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Algo semelhante ocorreu com a inclusão de uma quarta figura equiparada ao crime de tráfico de
drogas do Art. 33 da Lei nº 11.343/06 (inciso IV), sendo duas críticas cabíveis no caso:
a) As condutas de vender ou entregar uma arma de fogo, acessório ou munição, aqui tipificadas,
caracteriza situação de flagrante preparado, provocado, crime de ensaio ou delito putativo por obra do
agente provocador, que é ilícito por se tratar de crime impossível (Art. 17 do CP); e
b) Se há elementos probatórios de conduta(s) criminal(ais) preexistente(s) o correto é o agente
responder pelo caput do Art. 17, conforme já era pacífica a Jurisprudência no caso da famosa “venda
simulada de drogas”, em que o infrator respondia pela condutas preexistentes do caput do Art. 33 da
Lei nº 11.343/06, e não pela conduta vender ou entregar, pois, nesse caso, há flagrante preparado.
Apesar das críticas acima, já apontadas por alguns doutrinadores, num primeiro momento, ater-
se à letra da Lei, tanto no caso do Art. 33, §1º, IV da Lei nº 11.343/03, como do Art. 17, §2º, do
Estatuto do Desarmamento, sobretudo no caso de questões objetivas, até que sejam firmados
posicionamentos nos Tribunais Superiores.

G) Consumação e Tentativa: esse crime não é habitual, portanto uma única comercialização já
configura o delito. O Tipo penal apenas exige a condição de comerciante ou industrial de arma de fogo,
acessório ou munição. Ex.: o comerciante comercializa armas legalmente, mas, se em uma delas, ele
age ilegalmente, responde pelo Art. 17. Por outro lado, se o dono de um restaurante vende sua arma
de fogo ilegalmente para um cliente, ele comete o crime do Art. 14 ou 16, conforme a arma seja de uso
permitido ou restrito. A tentativa é admitida.

5.7. Tráfico Internacional de Arma de Fogo (Art. 18)

A) Tipo Penal:
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.

B) Condutas: “importar”, “exportar”, “favorecer a entrada” ou “saída” do território nacional.

33
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Nas condutas importar e exportar há crime material, logo o delito só se consuma com a efetiva
entrada ou saída da arma de fogo, acessório ou munição no (ou do) território nacional. A tentativa é
perfeitamente possível.
Ademais, em respeito ao princípio da especialidade, não é possível a desclassificação do crime de
tráfico internacional de arma de fogo (Art. 18 da Lei de Armas) para o delito de contrabando (Art. 334-
A do Código Penal), independentemente da quantidade de arma de fogo, acessórios ou munição. Nesse
sentido, STJ - AgRg no REsp 1599530/2016 – 6ª Turma e AgRg no REsp 1510781/2015 – 5ª
Turma.
Já nas condutas favorecer a entrada ou favorecer saída, tem-se crime formal ou de consumação
antecipada. Assim, consuma-se como o simples favorecimento ainda que o artefato não entre no País
ou dele saía. Também admite tentativa.
C) Objeto Material: idem ao do Art. 17 (Comércio Ilegal de Arma de Fogo), ou seja, é arma de fogo,
acessório ou munição de uso permitido ou restrito/proibido. Porém, se for de uso restrito ou proibido,
há uma causa de aumento de pena da metade (Art. 19).
Atenção: NÃO se aplica o princípio da insignificância aos delitos de comércio ilegal e tráfico
internacional de munição, como ocorre com os crimes de posse e porte ilegal de munição, em razão do
elevado grau de reprovabilidade do comportamento. Nesse sentido, STJ – AgRg no
REsp 1386771/2017 – 6ª Turma, REsp 1252964/2014 – 6ª Turma e HC 45099/2006 – 5ª
Turma.

D) Alterações Trazidas pela Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime):


1ª) A pena aumentou de reclusão de 4 a 8 anos para 8 a 16 anos; e
2ª) Criação de nova figura típica (conduta equiparada) no Art. 18, parágrafo púnico, igual à do Art. 17,
§2º, em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo.
Art. 18. (...)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

E) Últimas Observações:
1ª) É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente, nos termos do Art. 18 da Lei 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal de
arma de fogo, no Brasil, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta. Nesse sentido, STJ -
AgRg no REsp 1599530/2016 – 6ª Turma e AgRg no REsp 1590338/2016 – 6ª Turma; e
2ª) Para a configuração do crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não
basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a
internacionalidade da ação. Nesse sentido, STJ - CC 133823/2014 – 3ª Seção e CC 105933/2010
– 3ª Seção. Assim, não havendo prova segura de que o artefato apreendido foi importado, sem
autorização da autoridade competente, não se caracteriza o delito do Art. 18, mas sim o delito do Art.
12, Art. 14 ou Art. 16 do Estatuto do Desarmamento, a depender do caso concreto, sendo a
competência, portanto, da Justiça Estadual, e não da Justiça Federal, processar e julgar a ação penal
que vier a ser deflagrada em razão do fato.

6. FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA:


A Lei nº 10.826/03 prevê serem inafiançáveis os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido (salvo se a arma estiver registrada no nome do agente) (Art. 14) e disparo de arma de fogo
(art. 15), bem como insuscetíveis de liberdade provisória, com ou sem fiança, os crimes de posse/porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito ou proibido (Art. 16), comércio ilegal de arma de fogo (Art. 17) e
tráfico internacional de arma de fogo (Art. 18), porém o STF declarou todos essas restrições
inconstitucionais, de modo que hoje todos os crimes do Estatuto do Desarmamento admitem liberdade
provisória, seja com, seja sem fiança. Nesse sentido, STF – 3112/2007 – Tribunal Pleno.

7. CRIMES HEDIONDOS:

ANTES DA LEI DO PACOTE ANTICRIME DEPOIS DA LEI DO PACOTE ANTICRIME


(LEI Nº 13.964/19) (LEI Nº 13.964/19)
Posse/Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Art. 16, Art. 17 e Art. 18 – passaram a ser
Restrito (Art. 16) – CRIME HEDIONDO, desde considerados CRIMES HEDIONDOS.
a Lei nº 13.497/17.

34
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Lei nº 8.072/90 - Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
(...)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
(...)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Obs1.: considerando que, diferentemente dos demais crimes hediondos, a Lei nº 8.072/90 não
especificou quais as condutas do Art. 16 seriam hediondas, há discussão doutrinária no sentido de
saber se, nesse caso, todas as condutas lá tipificadas são crimes hediondos, incluindo as condutas
equiparadas do §1º ou apenas as do caput e §2º, mas o STJ firmou o entendimento no sentido de que
as condutas equiparadas previstas no dispositivo (antes no parágrafo único e agora no §1º), também
são de natureza hedionda, senão vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS. PLEITO DE ALTERAÇÃO DO CÁLCULO DA PENA PARA FINS DE BENEFÍCIOS
DA EXECUÇÃO PENAL. PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. CRIME
HEDIONDO. NOVA REDAÇÃO DA LEI N. 8.072/1990. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA TRAZIDA PELA LEI N.
13.497/2017 QUE ABRANGE O CAPUT E OS PARÁGRAFOS DO ART. 16 DA LEI N. 10.826/2003. WRIT NÃO
CONHECIDO.
1. Consoante se extrai da leitura do art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.072/1990 (alterado pela
Lei n. 13.497/2017), não há qualquer menção à restrição de sua aplicação apenas aos casos
de conduta delitiva prevista no caput do art. 16 da Lei n. 10.826/2003, ou seja quando a arma,
acessório ou munição for de uso proibido ou restrito. Portanto, é possível se concluir que a
alteração legislativa trazida pela Lei n. 13/497/2017 alcança todas as condutas descritas no
art. 16 do Estatuto do Desarmamento, inclusive as figuras equiparadas, previstas no parágrafo
único do mesmo dispositivo legal.
2. Embora as condutas equiparadas sejam praticadas com armas de uso permitido, o legislador atribuiu-
lhes reprovação criminal equivalente às condutas descritas no caput, equiparando a gravidade da ação
e do resultado e não apenas a sanção penal. Conforme o entendimento desta Corte, "equiparação é
tratamento igual para todos os fins, considerando equivalente o dano social e equivalente também a
necessária resposta penal, salvo ressalva expressa." (HC 526.916/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,
SEXTA TURMA, julgado em 1º/10/2019, DJe 08/10/2019).
3. No caso, verifica-se que o paciente cometeu o crime descrito no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei
n. 10.826/2003 após a entrada em vigor da Lei n. 13.497/2017, que incluiu o mencionado dispositivo
legal na lista de crimes considerados hediondos. Logo, não se
constata qualquer ilegalidade a ser sanada nessa via.
4. Habeas corpus não conhecido. (STJ - HC 554485/SP, Relator(a): Ministro Ribeiro Dantas, Órgão
Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 11/02/2020).

No mesmo sentido, STJ – HC AgRg no HC 460910/2019 – 5ª Turma e HC 526916/2019 –


6ª Turma.
Obs.: outra discussão que possivelmente vai surgir será no sentido de saber se o comércio ilegal de
acessório ou munição também é crime hediondo, ou apenas de arma de fogo, conforme literalmente
previsto no Art. 1º, parágrafo único, III, da Lei dos Crimes Hediondos, até porque, no caso do tráfico
internacional a mesma Lei expressamente menciona arma de fogo, acessório ou munição (Art. 1º,
parágrafo único, IV)? Apesar de entendermos que deveria prevalecer o entendimento segundo o qual
só pode ser considerado hediondo o comércio ilegal de arma de fogo, sob pena de se fazer analogia in
malam partem, ter-se-á que aguardar a sedimentação de tema, sobretudo nos Tribunais Superiores,
onde possivelmente o entendimento será contrário ao nosso. Por ora, ater-se à literalidade da Lei.

8. BANCO NACIONAL DE PERFIS BALÍSTICOS (Art. 34-A):


O Art. 34-A foi incluído no Estatuto do Desarmamento pela Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), nos
seguintes termos:
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco Nacional
de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§1º - O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma
de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§2º - O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações
criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

35
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

§3º - O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§4º - Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que
permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial
responderá civil, penal e administrativamente.

Por se tratar de alteração legislativa recente e também que provavelmente não acarretará
divergências doutrinárias e jurisprudenciais, deve o candidato lê exaustivamente o texto seco da Lei,
porque, caso seja cobrado, é o que vai cair.

9. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (Art. 20):


Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se: (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Como se vê as majorantes em questão se aplicam aos crimes de porte ilegal de arma de fogo,
acessório ou munição de uso permitido (Art. 14), disparo de arma de fogo (Art. 15), posse/porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito ou proibido (Art. 16) inclusive às condutas equiparadas do §1º,
comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (Art. 17) e tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição (Art. 18). De outra forma, só não incidem sobre os crimes de posse
irregular de arma de fogo de uso permitido (Art. 12) e omissão de cautela (Art. 13).
Os integrantes dos órgãos e empresas do Art. 6º são aqueles que têm direito a porte legal de
arma de fogo, como, por exemplo, os integrantes das Forças Armadas, da Segurança Pública, da Força
Nacional de Segurança Pública, Guardas Municipais, Agentes da Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN), membros das Polícias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, integrantes das
Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-
Fiscal e Analista Tributário, dentre outros.
O Art. 7º trata das armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança
privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, determinando que elas serão de
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia
Federal em nome da empresa.
Já o Art. 8º trata das armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas,
determinando que se devem obedecer as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do
regulamento da Lei nº 10.826/03.

CRIMES DE TRÂNSITO (LEI Nº 9.503/97 CTB)

1. NÃO OBEDIÊNCIA A ORDEM DE PARADA DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO OU DE


SEUS AGENTES VERSUS O CRIME DE DESOBEDIÊNCIA DO ART. 330 DO CÓDIGO
PENAL (CP)
Para começar bem o estudo do tema, vamos logo ver um importante entendimento
jurisprudencial firmado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De acordo com mencionado Tribunal Superior, a desobediência à ordem de parada dada pela
autoridade de trânsito, por seus agentes, por policiais ou quaisquer outros agentes públicos, no
exercício de atividades relacionadas apenas à fiscalização de trânsito, não constitui crime de
desobediência, pois há previsão de sanção administrativa específica no Art. 195, do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), o qual não estabelece a possibilidade de cumulação de sanção penal, ficando afastada
a responsabilidade criminal por conta dos princípios da subsidiariedade e da intervenção mínima do
Direito Penal.
Se, no entanto, a ordem de parada emanada de policiais for no exercício de atividade
destinada à prevenção e à repressão de crimes, tendo a abordagem se dado em razão da suspeita
de atividade ilícita, tipificado estará o delito de Desobediência previsto no Art. 330 do Código Penal.
Nesse sentido, STJ - AgRg no REsp 1872022/2020 – 5ª Turma, AgRg no
REsp 1805782/2019 – 5ª Turma, AgRg no REsp 1799594/2019 – 6ª Turma e AgRg no REsp
1803424/2019 – 5ª Turma.

36
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

2. LESÃO CORPORAL CULPOSA DE TRÂNSITO VERSUS MEDIDAS


DESPENALIZADORAS DA LEI Nº 9.099/95
Em regra o delito de lesão corporal culposa de trânsito, crime do Art. 303 da Lei nº
9.503/97(Código de Trânsito Brasileiro – CTB), depende a persecução penal da representação da vítima
ou de seu representante legal, ou seja, é crime de ação penal pública condicionada. A ação será pública
incondicionada, todavia, se o agente praticou o crime (1) sob o efeito de álcool ou outra substância
psicoativa que cause dependência, (2) participando do famoso “racha” ou “pega” ou (3) transitando em
velocidade superior à máxima permitida para a via em 50Km/h. Isso se extraí do texto do Art. 291,
§1º, do CTB, senão vejamos:
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-
se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência;
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de
exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
autoridade competente;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h
(cinqüenta quilômetros por hora).
§ 2o Nas hipóteses previstas no §1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal.
§ 3º (VETADO).
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e
consequências do crime.

Destaque-se que a necessidade de representação para o delito de lesão corporal culposa (assim
como a lesão corporal leve) foi estabelecida no Art. 88 da Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais).
Faz-se um adendo, por oportuno, para destacar que o CTB trata dos crimes cometidos na direção
de veículo automotor. Dessa forma, aos crimes cometidos na condução de veículos de propulsão
humana e tração animal não se aplicam as normas do CTB, mas sim do Código Penal (CP) e de
Processo Penal (CPP). Ex1.: quem culposamente mata ou lesiona alguém conduzindo uma bicicleta ou
uma carroça de burro, responde pelos crime de lesão corporal e homicídios culposos do CP, previstos
no Art. 121, §3º, e Art. 129, §6º, e não pelos delitos do CTB
Note também que, de acordo com o §2º do Art. 291 acima transcrito, presentes as circunstâncias
excepcionais do §1º do Art. 291, também não se permite à lavratura de Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO) no caso do crime de lesão corporal culposa de trânsito, caso em que se deve
instaurar Inquérito Policial. Logo, em regra, o procedimento policial para apurar o crime de lesão
corporal culposa de trânsito do caput do 303 do CTB é o TCO, salvo se se o agente praticou o delito (1)
sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência – aqui pouco
importa a quantidade de álcool no organismo, diferentemente do crime de embriaguez ao volante, (2)
participando do famoso “racha” ou “pega”, ou (3) transitando em velocidade superior à máxima
permitida para a via em 50Km/h.
TCO é o procedimento administrativo e inquisitivo, presidido por autoridade policial, que tem
como objetivo apurar as infrações penais de menor potencial ofensivo, que são os crimes/delitos cuja
pena máxima não ultrapasse 2 (dois) anos e todas as contravenções penais (Art. 61 da Lei nº
9.099/95).
Cabe salientar, ainda, neste tópico, que o §1º do Art. 291 também permite a aplicação de mais
duas medidas despenalizadores da Lei nº 9.099/95 ao crime de lesão corporal culposa de trânsito, além
da necessidade de representação, como já visto acima, quais sejam: a composição civil dos danos (Art.
74 da Lei), que nada mais é do que a possibilidade de uma conciliação entre autor e vítima no que se
refere aos danos decorrentes da infração, e a transação penal (Art. 76 da Lei), que é a possibilidade de
o Ministério Público propor um acordo ao infrator de menor potencial ofensivo, para a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multa.
Adendo: A sentença que homologa a composição civil dos danos é irrecorrível (Art. 74, caput, da
Lei nº 9.099/95), mas da sentença que homologa a transação penal cabe recurso – Apelação (Art. 76,
§5º, da Lei nº 9.099/95), apesar de estranho, pois não é nada lógico alguém recorrer de um acordo
que fez.
Importante ressaltar, outrossim, que, havendo a composição civil dos danos homologada em
sentença pelo juiz, isso implica na renúncia ao direito de queixa ou de representação por parte da

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

vítima, nos casos de crimes de ação pública condicionada e ação penal privada (Art. 74, parágrafo
único, da Lei nº 9.099/95).
DE FORMA EQUEMATIZADA

LESÃO CORPORAL CULPOSA DE TRÂNSITO (ART. 303 DO CTB)


Admite a Lavratura de Admite Composição Civil Admite Transação Depende de
TCO (Art. 69 da Lei nº dos Danos (Art. 74 da Lei nº Penal (Art. 76 da Lei nº Representação (Art. 88
9.099/95) 9.099/95) 9.099/95) da Lei nº 9.099/95)

EXCETO se o Agente praticar o crime:


1) Sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência;
2) Participando do famoso “racha” ou “pega”; ou

3) Transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50Km/h.

Atenção: O Art. 89 da Lei nº 9.099/95 da Lei nº 9.099/95 prevê a última medida despenalizadora da
Lei nº 9.099/95, que é a suspensão condicional do processo (ou sursi processual) a ser proposta pelo
Ministério Público no caso de infração penal cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 (um) ano.
Destaque-se, por oportuno, que o §1º do Art. 291 do CTB não fez referência ao Art. 89 da Lei nº
9.099/95, donde se conclui que essa medida despenalizadora se aplica ao crime de lesão corporal
culposa de trânsito sem nenhuma exceção, desde que, obviamente preenchidos os requisitos legais.
Nesse sentido, STJ - RHC 16461/2006 – 6ª Turma.

3. SUSPENSÃO ADMINSTRATIVA DO DIREITO DE DIRIGIR VERSUS SUSPENSÃO


PENAL
A Suspensão do direito de dirigir administrativa pode ser aplicada pela autoridade de trânsito
competente quando o condutor atingir a quantidade de 20 (vinte) pontos na Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) no período de 12 (doze) meses ou quando previsto na infração administrativa (Ex.:
Infração Administrativa do Art. 173 do CTB).
A suspensão penal do direito de dirigir, por sua vez, é medida judicial, aplicada pela autoridade
judiciária competente, isolada ou cumulativamente com outras penalidades, a teor do que dispõe o Art.
292 do CPP, senão vejamos: “A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades”.

3.1. Duração da Suspensão Penal e quando começa o seu cumprimento no caso de


condenação
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir
veículo automotor, trata-se de efeito acessório da sentença penal condenatória e tem a duração de 02
(dois) meses a 02 (cinco) anos, nos termos do Art. 293 do CTB, sendo o réu, em razão disso, após o
transito em julgado da sentença condenatória, intimado a entregar a Permissão para Dirigir (PD) ou a
CNH à autoridade judiciária, em 48h (quarenta e oito horas).
Além disso, determina o CTB (Art. 293, §2º) que essa penalidade não se inicia enquanto o
sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional, ou seja, ela
só tem início quando do término do cumprimento da pena privativa de liberdade ou então após o
condenado ser posto em liberdade em virtude de qualquer incidente da execução penal. O objetivo do
legislador, nesse ponto, foi dá efetividade à sanção, pois, enquanto o indivíduo estiver recolhido em
estabelecimento prisional, ele não vai está dirigindo.

3.2. Possibilidade de Suspensão Cautelar do Direito de Dirigir


O CTB também prevê a possibilidade de ser determinada a suspensão da permissão ou
habilitação para dirigir, durante qualquer uma das duas fases da persecução penal, pela autoridade
judiciária competente, de ofício, ou mediante requerimento do Ministério Público (MP) ou representação
da autoridade policial, fundamentada na garantia da ordem pública, nos termos do Art. 294, litteris:
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da
ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Note que o requisito cautelar para a medida em questão é apenas a garantia da ordem pública,
diferentemente do que ocorre, por exemplo, com a prisão preventiva, em que, além da garantia da

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Legislação Extravagante

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ordem pública, há a garantia da ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a garantia da


aplicação da lei penal. A garantia da ordem publica tem como objetivo evitar que o infrator, com o
direito de dirigir com eficácia, possa voltar a delinquir.

Por fim, a decisão que decreta a medida cautelar em questão é recorrível, nos termos do
parágrafo único do Art. 294 acima transcrito, sendo cabível RESE (Recurso em Sentido Estrito), porém
sem efeito suspensivo, é dizer, a interposição do recurso, no caso, não suspendo a cautelar (suspensão
da permissão ou habilitação para dirigir) até o julgamento do mérito.

3.3. Suspensão do Direito de Dirigir Automática no Caso de Reincidência Específica


Apesar de críticas doutrinárias, esta suspensão automática está prevista no Art. 296 do CTB nos
seguintes termos: “se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz
aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis”. Note que se estar diante de uma reincidência específica,
ou seja, só se aplica a penalidade se o acusado for reincidente em crimes do CTB.

3.4. Pena de Suspensão do Direito de Dirigir versus Habeas Curpus


De acordo com a Jurisprudência, a imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir
veículo automotor não configura, por si só, ofensa ou ameaça à liberdade de locomoção, em razão da
ausência de previsão legal de sua conversão em pena privativa de liberdade, caso seja descumprida,
diante disso, firmou-se o entendimento de que não cabe o manejo de habeas corpus contra decisão que
imponha a referida penalidade. Nesse sentido, STJ - 443003/2018 – 5ª Turma, HC 411519/2017
– 3ª Turma, HC 322655/2016 – 5ª Turma e HC 172709/2013 – 6ª Turma.

4. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
Aqui serão analisadas as circunstâncias agravantes genéricas, ou seja, aplicadas a todos os
crimes do CTB. Elas estão previstas no Art. 298 do Código, nos seguintes termos:

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do
veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a
terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de
carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua
segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do
fabricante;
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

INCISO I – CRIME COMETIDO COM DANO POTENCIAL A 02 (DUAS) OU MAIS PESSOAS ou COM
GRANDE RISCO DE GRAVE DANO PATRIMONIAL A TERCEIROS.
Muito comum a incidência desta agravante nos crimes de trânsito, sobretudo naqueles
envolvendo acidentes de trânsito com vítimas (e tem que ser no plural mesmo, pois tem que ser dano a
pelo menos duas pessoas) ou com danos patrimoniais ou materiais para terceiros (note que aqui o
legislador exige apenas um “grande risco” de grave dano).

INCISO II – CRIME COMETIDO COM VEÍCULO SEM PLACAS ou PLACAS FALSAS OU ADULTERADAS.

Inclusive se ficar comprovado que foi o condutor quem falsificou ou adulterou as placas, ele
responde, além do(s) outro(s) delito(s) praticado(s) com o automóvel, pelo crime de adulteração de
sinal de veículo automotor previsto no Art. 311 do CP.

INCISO III – CRIME COMETIDO POR INFRATOR SEM PD OU CNH.


Cuidado que se o sujeito conduz o veículo sem PD ou CNH, gerando perigo de dano, ele responde
pelo crime do Art. 309 do CTB, ficando afastada a incidência desta agravante, para se evitar “bis in
idem”.
Ex1.: Indivíduo conduz veículo sem PD ou CNH, sob efeito de álcool nas quantidades estabelecidas no
Art. 306 CTB, e gerando perigo de dano. Responderá ele pelo crime de embriaguez ao volante sem a
presente agravante em concurso com o crime de do Art. 309 do mesmo Código.

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Ex1.: Indivíduo conduz veículo sem CNH e sem gerar perigo de dano, mas sob a influência de álcool
nas quantidades estabelecidas no Art. 306 CTB. Responderá ele pelo crime de embriaguez ao volante
com a presente agravante.

Obs.: Se conduz o veículo com a CNH vencida, não há incidência dessa agravante, sob pena de se
fazer uma analogia in malam pertem, vedada, como se sabe, no direito penal brasileiro.

INCISO IV – CRIME COMETIDO POR INFRATOR COM PD ou CNH DE CATEGORIA DIFERENTE.


Nos termos do Art. 143 do CTB, há 05 (cinco) categorias de CNH, “A” a “E”, a depender do tipo
do veículo a ser conduzido, sendo que o condutor habilitado numa categoria inferior não pode conduzir
veículo para o qual se exija categoria superior. Ex.: motorista habilitado na categoria “A” só pode
conduzir veículo de duas ou três rodas, logo se ele conduzir outro tipo de veículo automotor e praticar
crime previsto no CTB, além da infração administrativa irá incidir sobre o deleito a presente agravante
em relação ao delito de trânsito cometido.

INCISO V – CRIME COMETIDO POR INFRATOR DO QUAL A PROFISSÃO OU ATIVIDADE DO EXIGIR


CUIDADOS ESPECIAIS COM O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS OU DE CARGA.
Há discussão doutrinária se pode haver a incidência desta agravante pelo simples fato de a
profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou carga. A
jurisprudência entende, porém, que é perfeitamente possível. Ademais, incide a agravante ainda que
no veículo não haja, no momento da conduta, nenhum passageiro.

INCISO VI – CRIME COMETIDO COM A UTILIZAÇÃO DE VEÍCULO COM EQUIPAMENTOS OU


CARACTERÍSTICAS ADULTERADOS QUE AFETEM A SUA SEGURANÇA OU O SEU FUNCIONAMENTO DE
ACORDO COM OS LIMITES DE VELOCIDADE PRESCRITOS NAS ESPECIFICAÇÕES DO FABRICANTE.

Obviamente, para haver a incidência desta agravante de pena, o condutor do veículo deve saber
da alteração, para se evitar responsabilidade penal objetiva. Exemplos: veículo rebaixado.

INCISO VII – CRIME COMETIDO SOBRE FAIXA DE PEDESTRES, TEMPORÁRIA OU PERMANENTE.


Essa agravante reforça a teleologia do legislador do CTB no que se refere aos cuidados com a
segurança dos pedestres prevista em diversos de seus dispositivos, como por exemplo, o Art. 29, § 2º,
que assim dispões: “respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em
ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos
menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”.

5. PRESTAÇÃO DE SOCORRO NOS CASOS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO COM VÍTIMA


VERSUS PRISÃO EM FLAGRANTE

Um dos mais importantes dispositivos do CTB, o Art. 301 assim prescreve: “ao condutor de
veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela”.
Cuidado que onde há “não se imporá a prisão em flagrante”, o correto é não se lavrará auto de
prisão em flagrante. Aqui se abre um parêntese para relembrar as fases da prisão em flagrante,
estudas com o professor de Processo Penal, que são: (1) captura, (2) condução coercitiva, (3)
lavratura do APFD, (4) fornecimento da nota de culpa e (5) recolhimento à prisão. Quando o Art. 301
do CTB estabelece que não se imporá a prisão em flagrante, significa dizer que não pode ser lavrado o
APFD e fases seguintes. Logo, a captura do infrator envolvido em acidente de trânsito e sua condução
até a delegacia de polícia podem ser feitas ainda que ele tenha prestado pronto e integral socorro à
vítima, aliás, se for pelas autoridades policiais e seus agentes são medidas que se impõem, ou seja,
são obrigatórias, até porque a ocorrência precisa ser registrada para ser iniciada a investigação.
Como o próprio dispositivo prevê, do agente também não pode ser exigido o pagamento de
fiança para lhe ser concedida a liberdade provisória.
Importante mencionar, por oportuno, que, além do Art. 301 do CTB, há mais 02 (dois)
dispositivos na legislação brasileira que obstam a lavratura do auto de prisão em flagrante delito, sendo
uma mitigação a obrigatoriedade de modalidade de prisão para as autoridades policiais e seus agentes,
a saber:
1º) Art. 61, parágrafo único da Lei nº 9.0999/95 (Juizados Especiais), segundo o qual ao autor
de infração penal de menor potencial ofensivo, após a lavratura do TCO, que for imediatamente
encaminhado ao Juizado Especial Criminal (JECRIM) ou assumir o compromisso de a ele comparecer,
não se impõe prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. CUIDADO que, se o infrator NÃO for logo
encaminhado ao JECRIM e NÃO assumir o compromisso de a ele comparecer, será ele autuado em
flagrante, bem como lhe pode ser exigida fiança para lhe ser concedida liberdade provisória.

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2º) Art. 48, §2º, da Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas), de acordo com o qual no caso do delito
de posse de droga para consumo pessoal previsto no Art. 28 da mencionada também “não se imporá
prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e
providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários”. ATENÇÃO que, nesse caso, ainda
que o infrator não seja encaminhado imediatamente ao JECRIM e não assuma o compromisso de a ele
comparecer, NÃO pode ser lavrado o auto de prisão em flagrante delito e se exigir fiança, por falta de
previsão legal.
Importante destacar que aquele que não presta o socorro à(s) vítima(s) no caso de acidente de
trânsito, quando possível fazê-lo diretamente ou, não sendo por justa causa, deixa de solicitar o auxílio
das autoridades competentes, além de poder o agente ser autuado em flagrante e de ser possível
exigir-lhe fiança, ele ainda responde pelo delito autônomo de omissão de socorro previsto no Art. 304
do CTB, a seguir analisado.

6. DOS CRIMES EM ESPÉCIE

6.1. Omissão de Socorro do CTB (Art. 304)


Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
ferimentos leves.

O delito do Art. 304 do CTB se trata de uma modalidade especial de omissão de socorro, que,
portanto, prevalece sobre a omissão de socorro prevista no Art. 135 do Código Penal, mas desde que o
omitente seja o condutor de veículo automotor envolvido no acidente de trânsito.
Nesse sentido, trata-se de crime próprio, pois, repita-se, só incide esse tipo especial do Art.
304 do CTB, se o omitente for o condutor envolvido no acidente de trânsito. Dessa forma, se a omissão
for de outro condutor não envolvido no acidente ou qualquer outra pessoa, o crime será o de omissão
de socorro do Art. 135 do Código Penal (CP) abaixo transcrito:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Ademais, responde por esse crime o condutor envolvido no acidente, mas que não lhe deu causa,
ou seja, que não é culpado. Se for o causador do acidente que omita o socorro, responderá ele delito
dos Arts. 302 (homicídio culposo do CTB) ou 303 (lesão corporal culposa do CTB) com a majorante
relativa à omissão de socorro, tratando-se, dessa forma, o Art. 304 de delito subsidiário. Nesse
diapasão, se o causador do acidente, culposamente, mata ou lesiona alguém, e ainda deixa de prestar
socorro, responderá ele pelo crime do Art. 302 (homicídio culposo de trânsito) ou Art. 303 (lesão
corporal culposa de trânsito) com causa de aumento de pena prevista, respectivamente, Art. 302, §1º,
III; ou Art. 303, §1º, que é exatamente a mojorante de pena prevista para esses dois delitos para
quem “deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente”.
Obviamente não se pode exigir do condutor um comportamento suicida, por isso mesmo o
próprio tipo penal prevê que, se não for possível prestar o socorro diretamente, por justa causa, deve
ele solicitar auxílio à autoridade pública. É muito comum, nos casos concretos, haver riso de
linchamento, caso em que o agente não poderá prestar o socorro diretamente, mas pode, por exemplo,
acionar o Corpo de Bombeiros, o SAMU etc.
Destaca-se, por fim, que esse crime é necessariamente doloso por se tratar de crime omissivo
próprio ou puro, modalidade de delito que, como se sabe, não admite o elemento subjetivo culpa.
Por fim, em conformidade com o parágrafo único do Art. 304 acima transcrito, incide nas
mesmas penas o condutor do veículo envolvido no acidente de trânsito, ainda que a sua omissão seja
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

6.2. Homicídio Culposo de Trânsito (Art. 302)


Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.

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Legislação Extravagante

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Inicialmente convém salientar que se trata de crime necessariamente culposo. Caso a conduta
seja dolosa, ainda que com dolo eventual, o crime será o do Art. 121 do Código Penal. Ex.: indivíduo
conduzindo veículo automotor, ao vê seu desafeto andando na rua, joga o automóvel sobre ele com a
intensão de matar.
Por conta disso, é considerada inepta a denúncia que não indica qual foi a violação do dever de
cuidado objetivo na conduta do infrator, negligência, imprudência ou imperícia, já que se trata de
requisito indispensável da peça acusatória em relação a delito culposo. Nesse sentido, STJ - HC
305194/2014 – 6ª Turma.
EMENTA: RECURSO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. INÉPCIA DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO PRECISA DA CONDUTA DO
RECORRENTE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE DEVER DE CUIDADO.
1. Quando falta à denúncia a descrição individualizada da conduta do acusado, com a exposição do fato
criminoso e de todas as suas circunstâncias, isto é, se não reúne a peça as exigências do art. 41 do
Código de Processo Penal, essa é formalmente inepta.
2. A imputação por crime culposo exige a demonstração da violação de um dever de cuidado.
Inteligência do art. 18, II, do Código Penal.
3. Na espécie, a peça acusatória, embora tenha imputado ao agente o crime do art. 302 do
Código de Trânsito Brasileiro, não descreveu qual a conduta praticada pelo recorrente que,
por conta de negligência, imprudência ou imperícia, teria ocasionado o falecimento da
vítima.
4. Recurso em habeas corpus provido para, reconhecendo-se a inépcia da denúncia, extinguir a ação
penal, sendo facultado o oferecimento de nova acusação, desde que preenchidos os requisitos do art. 41
do CPP. (STJ – RHC 85041/PA, Relator(a): Ministro Sebastião Reis Júnior, Órgão Julgador: 6ª
Turma, Julgamento: 04/10/2014).

No mesmo sentido, STJ – RHC 92521/2018 – 6ª Turma, RHC 36434/2018 – 5ª Turma, HC


305194/2014 – 6ª Turma e RHC 44320/2014 – 5ª Turma.
Relembrando os requisitos do crime culposo: conduta, nexo causal, resultado, violação do dever
de cuidado objetivo (negligência, impudência ou imperícia) e previsibilidade objetiva do resultado.
São exemplos concretos que demonstram essa violação ao dever de cuidado objetivo velocidade
acima do permitido, embriaguez, conduta proibida no trânsito etc.
Cuidado: diferentemente de outros crimes do CTB, esse o delito de Homicídio Culposo de Trânsito
ocorre mesmo que a conduta tenha ocorrido em vias particulares.
Questão? Cabe arrependimento posterior (Art. 16 do CP), que é uma causa de diminuição de
pena, no caso de homicídio culposo, seja do Art. 302 do CTB, seja do Art. 121, §3º, do CP? De
acordo com a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, NÃO, pois se fixo o entendimento de que
para ser possível a aplicação dessa causa de diminuição de pena é necessário que o delito praticada
seja patrimonial ou possuía efeitos patrimoniais. Assim, ainda que ocorra composição civil dos danos
entre o autor do fato e a família da vítima não fará o infrator jus a minorante em tela, pois tal acordo
não implica em reparação do dano à vida da vítima que foi ceifada e não pode ser restituída. Nesse
sentido, STJ - AgRg no HC 510052/2019 – 6ª Turma e REsp 1561276/2016 – 6ª Turma.

6.2.1. Causas de Aumento de Pena (Art. 302, §1º)


De acordo com o §1º do Art. 302 do CTB, a pena do homicído culposo de trânsito aumenta-se de
1/3 até a 1/2, se o agente (1) não possuía PD ou CNH, (2) praticou o crime em faixa de pedentres ou
calçada, (3) deixou de prestar socorro à vítima socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, ou
(4) praticou o delito conduzindo veículo de transporte de passageiros no exércio de profissão ou
atividade. Vejamos ipsis litteris:
Art. 302, §1o - No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.

Comparando-se essas causas de aumento de pena específicas para o homicídio culposo com as
agravantes genéricas do CTB (Art. 298) analisadas anteriormente, verifica-se que a maioria são iguais.
Abaixo segue um quadro esquematizado comparando as mencionadas agravantes com as presentes
causas de aumento de pena, marcando-se as iguais:

ART. 298 – AGRAVANTES GENÉRICAS ART. 302, §1º - CAUSAS DE AUMENTO DE


PENA DO HOMICÍDIO CULPOSO DE
TRÂNSITO

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Dano potencial para duas ou mais pessoas ou -


grande risco de grave dano patrimonial a
terceiros.
Veículo sem placas ou com placas falsas ou -
adulteradas.
Sem Permissão para Dirigir (PD) ou CNH. Sem Permissão para Dirigir (PD) ou CNH.
Com PD ou CNH de categoria diferente. -
Transporte de passageiros ou de carga. Transporte de passageiros.

Veículo com equipamentos ou


características adulterados.
Sobre faixa de pedestres. Em faixa de pedestres ou na calçada.
- Deixar de prestar socorro à vítima.

Como se percebe, apenas 02 (duas) das 05 (cinco) causas de aumento de pena do homicídio
culposo na direção de veículo automotor não correspondem também a agravantes genéricas do Art.
298. Essa análise é importante porque, num caso concreto, a mesma circunstância não pode servir, ao
mesmo tempo, como agravante e majorante, sob pena de gerar “bin in idem”, vedado como se sabe.

Atenção 1: o fato de o condutor do veículo está com a CNH vencida não faz incidir a causa de aumento
de pena no inciso I do Art. 302, pois se isso fosse feito tratar-se-ia de uma analogia “in malan partem”,
vedada no direito penal brasileiro, pois a majoração da pena ocorre quando o motorista pratica o delito
sem possuir PD ou CNH, não abrangendo decerto a conduta de dirigir sem CNH. Reforça esse
entendimento o fato de que as infrações administrativas são diferentes para quem conduz veículo
automotor sem PD ou CNH (Art. 162, I, do CTB) e com CNH vencida (Art. 162, V, do CTB). Nesse
diapasão, STJ - HC 226128/2016 – 6ª Turma. Obviamente o mesmo raciocínio deve ser aplicado no
caso da agravante do Art. 298, III.

Atenção 2: No caso da majorante do inciso IV (transporte de passageiros do exercício de profissão ou


atividade), haverá a exasperação da pena, ainda que no momento da conduta não haja nenhum
passageiro no interior do transporte. Nesse sentido, STJ – REsp 1358214/2013 – 5ª Turma.
Cuidado que o entendimento do STJ, nesse caso, foi diferente da doutrina majoritária no caso do delito
de condução de embarcação ou aeronave sob o efeito de droga na sua forma qualificada (Art. 39,
parágrafo único, da Lei nº 11.343/06), pois, neste caso, prevalece o entendimento doutrinário, apesar
de divergências, de que para incidir a figura qualificada deve haver ao menos um passageiro sendo
transportado. Obviamente o mesmo raciocínio também deve ser aplicado no caso da agravante do Art.
298, V. O entendimento fixado pelo STJ, nesse caso, também é diferente daquele relativo à causa de
aumento de pena do Art. 40, III, da Lei nº 11.343/06, em relação ao tráfico de drogas, pois nesse caso
firmou-se entendimento segundo o qual não incide a causa de aumento de pena se o crime for
praticado em dia em que o local ou estabelecimento não esteja funcionando ou esteja vazio.

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CULPOSO COMETIDO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE DE


TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. CAUSA DE AUMENTO PENA DO ART. 302, PARÁGRAFO ÚNICO, IV,
DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PASSAGEIROS NO
INTERIOR DO VEÍCULO QUANDO DA COLISÃO FATAL. IRRELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO.
1. A majorante do art. 302, parágrafo único, inciso IV, do Código de Trânsito Brasileiro, exige
que se trate de motorista profissional, que esteja no exercício de seu mister e conduzindo
veículo de transporte de passageiros, mas não refere à necessidade de estar transportando
clientes no momento da colisão e não distingue entre veículos de grande ou pequeno porte.
2. Recurso especial provido. (STJ - REsp 1358214/RS, Relator(a): Ministro Campos Marques -
Desembargador convocado do TJ/PR -, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 09/04/2013).

Atenção 3: ainda sobre a causa de aumento de pena do inciso IV (transporte de passageiros do


exercício de profissão ou atividade), o STF já declarou ser constitucional a imposição da pena de
suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por
homicídio culposo no trânsito, entendendo o Pretório Excelso não haver violação ao direito ao trabalho
e exercício de atividade profissional previsto no Art. 5º, XIII, da CF/55, pois não há direito fundamental
absoluto, além de ser medida coerente com o princípio da individualização da pena (Art. 5º XLVI), não
havendo que se falar em afronta ao princípio da proporcionalidade. Nesse diapasão, STF – RE
607107/2020 – Tribunal Pleno, do qual se transcreve a didática ementa:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. MOTORISTA PROFISSIONAL. SUSPENSÃO DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR.

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Professor Gustavo Henrique

CONSTITUCIONALIDADE. 1. O recorrido, motorista profissional, foi condenado, em razão da prática de


homicídio culposo na direção de veículo automotor, à pena de alternativa de pagamento de prestação
pecuniária de três salários mínimos, bem como à pena de suspensão da habilitação para dirigir,
prevista no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro, pelo prazo de dois anos e oito meses. 2. A
norma é perfeitamente compatível com a Constituição. É legítimo suspender a habilitação de
qualquer motorista que tenha sido condenado por homicídio culposo na direção de veículo.
Com maior razão, a suspensão deve ser aplicada ao motorista profissional, que maneja o
veículo com habitualidade e, assim, produz risco ainda mais elevado para os demais motoristas
e pedestres. 3. Em primeiro lugar, inexiste direito absoluto ao exercício de atividade
profissionais (CF, art. 5º, XIII). É razoável e legítima a restrição imposta pelo legislador, visando
proteger bens jurídicos relevantes de terceiros, como a vida e a integridade física. 4. Em segundo lugar,
a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI). A
suspensão do direito de dirigir do condenado por homicídio culposo na direção de veículo
automotor é um dos melhores exemplos de pena adequada ao delito, já que, mais do que punir
o autor da infração, previne eficazmente o cometimento de outros delitos da mesma espécie. 5.
Em terceiro lugar, a medida respeita o princípio da proporcionalidade. A suspensão do direito
de dirigir não impossibilita o motorista profissional de auferir recursos para sobreviver, já que
ele pode extrair seu sustento de qualquer outra atividade econômica. 6. Mais grave é a sanção
principal, a pena privativa de liberdade, que obsta completamente as atividades laborais do
condenado. In casu, e com acerto, substituiu-se a pena corporal por prestação pecuniária. Porém, de
todo modo, se a Constituição autoriza o legislador a privar o indivíduo de sua liberdade e,
consequentemente, de sua atividade laboral, em razão do cometimento de crime, certamente também
autoriza a pena menos gravosa de suspensão da habilitação para dirigir. 7. Recurso extraordinário
provido. 8. Fixação da seguinte tese: É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação
para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. (STF
– RE 607107/MG, Relator(a): Ministro: Luís Roberto Barros, Órgão Julgador: Tribunal Pleno,
Julgamento: 12/02/2020).

Ademais, os motoristas profissionais, mais do que qualquer outra categoria de pessoas, revelam
maior reprovabilidade ao praticarem delito de trânsito, merecendo, dessa forma, a reprimenda de
suspensão do direito de dirigir, não havendo que se falar em substituição por outra pena que lhe for
desejável. Nesse sentido, STJ - AgRg no REsp 1771437/2019 – 6ª Turma e AgRg no AREsp
1044553/2017 – 5ª Turma.

6.2.2. Forma Qualificada (Art. 302, §3º)


De 2006 a 2016, quem praticasse homicídio culposo na direção de veículo automotor, estando
sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência, tinha em seu
desfavor uma causa de aumento de pena. De 2016 a 2017, passou a ser uma forma qualificada de tal
homicídio com pena de reclusão de 2 a 4 anos, além da suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir. De 2017 em diante continua sendo uma figura qualificada, no
entanto teve a pena privativa de liberdade aumentada para reclusão de 5 a 8 anos, permanecendo
também a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir. Vejamos:
Art, 302, § 3o - Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

Além do fato de ter havido uma exasperação considerável da pena privativa de liberdade, essa
figura qualificada do HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO é importante também no sentido de
desconstituir qualquer entendimento segundo o qual todo homicídio na direção de veículo automotor
com o condutor embriagado ou sob efeito de substância psicoativa é crime doloso com dolo eventual.
Tudo vai depender da análise do caso concreto, pois a embriaguez, por si só, não pode gerar uma
presunção de intenção ou assunção do risco de matar. Óbvio que, estando o agente sob a influência de
álcool ou outra substância que psicoativa que determine dependência, e conduzindo um veículo
automotor, caso venha a matar alguém, e a análise do caso concreto indica que o resultado (morte) lhe
era indiferente ou, em outras palavras, que a ocorrência desse resultado pouco lhe importava, irá ele
responder por homicídio doloso (Art. 121 do CP) com dolo eventual, mas, caso contrário, será o
homicídio culposo do CTB na sua forma qualificada (Art. 302, 3º). Nesse sentido, STJ – AgRg no REsp
1848945/2020 – 5ª Turma.
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO NA
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PRONÚNCIA. EMBRIAGUEZ E VELOCIDADE ACIMA DO
PERMITIDO. AUSÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS CAPAZES DE DEMONSTRAR A ASSUNÇÃO DO
RISCO DE MATAR. DOLO EVENTUAL. NÃO DEMONSTRADO. DESCLASSIFICAÇÃO. CRIME CULPOSO.
SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI. IMPOSSILIDADE. NECESSIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. VEDAÇÃO. SÚMULA N. 7/STJ.
1. Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "a embriaguez, por si só, sem
outros elementos do caso concreto, não pode induzir à presunção, pura e simples, de que
houve intenção de matar" (HC n. 328.426/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura,
Sexta Turma, julgado em 10/11/2015, DJe 25/11/2015).

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Precedentes.
2. No caso concreto, o Tribunal de origem manteve a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição
que, em vez de pronunciar o agravado pela prática, em tese, de homicídio simples, com dolo eventual,
desclassificou a conduta para a forma culposa do delito, uma vez que, analisando as provas dos autos,
concluiu que apenas a embriaguez e a velocidade pouco acima do permitido no instante do fato não
permitem atribuir-lhe de forma alguma o animus necandi nem a assunção do risco de matar.
3. Segundo a instância ordinária, não exsurge dos autos nenhum outro elemento ou circunstância capaz
de demonstrar o elemento subjetivo necessário à submissão do caso a julgamento do tribunal do júri.
(...)
6. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg no REsp 1848945/PR, Relator(a): Ministro Jorge
Mussi, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 13/04/2020).

No mesmo diapasão, STF – HC 155182/2019 – 1ª Turma; e STJ - AgRg no AREsp


1502960/2020 - 6ª Turma, HC 503796/2019 – 5ª Turma e REsp 168973/2018 – 5ª Turma.
Obviamente, esse mesmo entendimento, deve ser aplicado no caso de lesão corporal na direção de
veículo automotor, estando o agente sob a influência de álcool.

6.2.3. Perdão Judicial?


É dominante o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que, apesar de não previsto
expressamente no CTB, diferentemente do CP (Art. 121, §5º e Art. 129, §8º) o perdão judicial se aplica
nas hipóteses de homicídio culposo, bem como na lesão corporal culposa, praticados na direção de
veículo automotor, sob o principal argumento de que se trata de uma analogia “in bonam partem”.
Ademais, o próprio CTB previa o perdão judicial em seu Art. 300 que, no entanto, foi vetado pelo
Presidente da República exatamente ao argumento de que ele já estava previsto no CP. Nesse sentido,
STJ - REsp 1455178/2014 – 6ª Turma e HC 359018/2016 – 5ª Turma.
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO. ART. 302, CAPUT, DA LEI N.
9.503/1997. PERDÃO JUDICIAL. ART. 121, § 5º, DO CÓDIGO PENAL. VÍNCULO AFETIVO ENTRE
RÉU E VÍTIMA. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. O texto do § 5º do art. 121 do Código Penal não definiu o caráter das consequências, mas não deixa
dúvidas quanto à forma grave com
que essas essas devem atingir o agente, ao ponto de tornar desnecessária a sanção penal.
2. Não há empecilho a que se aplique o perdão judicial nos casos em que o agente do homicídio
culposo - mais especificamente nas hipóteses de crime de trânsito - sofra sequelas físicas
gravíssimas e permanentes, como, por exemplo, ficar tetraplégico, em estado vegetativo, ou
incapacitado para o trabalho... (STJ - REsp 1455178/2014 – 6ª Turma, Relator(a): Ministro
Rogerio Schietti Cruz, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 05/06/2014).

Há entendimento também de que, para se aplicar o perdão judicial, tem de existir um vínculo
afetivo entre autor e vítima, pois a interpretação dada é de que só sofre intensamente o réu que, de
forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos. Exemplo: pai que foi
buscar filha e amiga dela numa festa, avança o sinal vermelho, envolvendo-se em acidente que causa a
morta da amiga da filha, não se aplica o perdão judicial a ele, diferente se a morte tivesse sido da filha.
Nesse sentido, STJ - AgRg no AREsp 1349597/2018 – 5ª Turma, ArRg nos EDcl no AREsp
604337/2015 – 6ª Turma e Resp 1455178/2014 – 6ª Turma.

6.2.4. Competência para sobre dolo eventual e culpa consciente


No caso de homicídio praticado na direção de veículo automotor, havendo elementos nos autos
indicativos de que o condutor possivelmente agiu com dolo eventual, o julgamento sobre a ocorrência
deste ou da culpa consciente compete ao Tribunal do Júri, na qualidade de juiz natural da causa. Nesse
sentido, STJ - AgRg no AREsp 1558781/2020 – 5ª turma e AgRg no AREsp 1226580/2018 –
6ª Turma.

6.3. Lesão Corporal Culposa de Trânsito (Art. 303)


Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.

Igual ao homicídio acima analisado, a lesão corporal na direção de veículo automotor é crime
necessariamente culposo, logo, vale aqui todas as observações feitas no estudo do delito antecedente,
nesse ponto.
Também da mesma forma que o homicídio acima analisado, a lesão corporal culposa de trânsito
pode ser cometida tanto em via pública como em via particular.
Como se trata de infração de menor potencial ofensivo, o processo e julgamento será no Juizado
Especial Criminal (JECRIM), aplicando-se as medidas despenalizadoras da Lei nº 9.009/95, ou seja, (1)
composição civil dos danos, (1) transação penal e (3) necessidade de representação da vítima para a
persecução penal (crime de ação pública condicionada) e (4) suspensão condicional do processo (sursi

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Legislação Extravagante

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processual), lembrando que as três primeiras não incidem se agente praticou o delito sob a influência
de álcool ou outra substância psicoativa, participando de “racha” ou transitando em velocidade superior
à máxima permitida para a via em 50Km/h, conforme preconiza o Art. 291, §1º, do CTB. Ademais,
presente qualquer uma dessas três circunstâncias, não se lavra Termo Circunstanciado de Ocorrência
(TCO), mas sim Inquérito policial que poderá ser iniciado por meio de Auto de Prisão em Flagrante
Delito (APFD), se for o caso.
Lembrar que a única medida despenalizadora da Lei nº 9.099/95 que se aplicará, mesmo que
presente qualquer uma dessas três circunstâncias, é a suspensão condicional do processo (ou sursis
processual).

6.3.1. Causas de Aumento de Pena (Art. 303, §1º)


De acordo com o Art. 303, §1º, ao crime de lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor aplicam-se as mesmas causas de aumento de pena do homicído culposo de trânsito acima
analisado, ou seja, ter o infrator cometido o delito (1) sem possuir PD ou CNH; (2) em faixa de
pedestre ou calçada; (3) e deixado de prestar socorro à vítima, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal; e (4) no exercício de atividade profissional de transporte de passageiros. Portanto, aqui cabem
as mesmas observações feitas quando da análise dessas majorantes no estudo do delito anterior.

6.3.2. Forma Qualificada (Art. 303, §2º)


No termos do Art. 303, §2º, incluído pela Lei nº 13.546/2017, se o agente pratica o crime
estando com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, a pena passa a ser de reclusão de 2 a 5 anos, além da
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, mas
desde que a lesão corporal seja grave ou gravíssima, senão vejamos:
Art. 303, §2º - A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de
2017)

Estranhamente, o legislador, na forma qualificada dessa lesão corporal culposa de trânsito,


deixou de fora a lesão corporal leve, cometendo uma impropriedade técnica, pois, como é cediço, no
caso de lesão corporal culposa não deveria o legislador em tese, abstratamente, fazer gradação,
devendo a gravidade da lesão ser levada em consideração pelo magistrado apenas na dosimetria da
pena, no caso concreto.
Além disso, haverá violação ao princípio da proporcionalidade no caso de o condutor de veículo
automotor embriagado ou sob efeito de substância psicoativa, de forma culposa, vir a provocar uma
lesão leva em alguém, pois sua pena será detenção de seis meses a dois anos (Art. 303, caput), ao
passo que se a lesão for grave a pena passa a ser reclusão de 2 a 5 anos (Art. 303, §2º).
Mas, apesar do registro dessas críticas doutrinárias, ater-se à literalidade do texto legal, caso
seja esse o espirito da questão enfrentada, sobretudo se for do tipo objetiva.
Sistematizando: se o agente, sob efeito de álcool ou de outra substância psicoativa que
determine dependência, conduzindo veículo automotor, comete lesão corporal culposa de trânsito grave
ou gravíssima, responde pela forma qualificada do Art. 303, §3º. Por outro lado, se nas mesmas
condições, ele praticar lesão corporal culposa de trânsito leve, responderá pelo crime Art. 303, caput
(forma simples), em concurso com o delito do Art. 306 (embriaguez ao volante) como se analisado no
tópico 6.3.4.

6.3.3. Crime de Lesão Corpora Culposa no Trânsito versus o Delito de Dirigir sem Habilitação
De acordo com entendimento sedimento nos tribunais superiores pátrios, o delito de lesão
corporal absorve o crime do Art. 309 do CTB consistente em “dirigir veículo automotor, em via pública,
sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano”, com base no princípio da consunção, por se considerar o delito do Art. 309 crime meio
para a prática de delito fim (Art. 303). Nesse sentido, STF – HC 128921/2015 – 1ª Turma.
EMENTA: Habeas corpus. 2. Código de Trânsito Brasileiro. Direção sem habilitação, art. 309; e, lesão
corporal, art. 303. 3. Incidência do princípio da consunção. O crime de dirigir sem habilitação é
absorvido pelo delito de lesão corporal 4. Precedentes de ambas as turmas. 5. Falta de
representação da vítima 6. Ordem concedida para restabelecer a decisão de primeiro grau, que rejeitou a
denúncia. (STF – 128921/RJ, Relator(a): Ministro Gilmar Mendes, Órgão Julgador: 2ª Turma,
Julgamento: 25/08/2015).

No mesmo sentido, STF – HC 128921/2015 – 2ª Turma, HC 80422/2001 – 1ª Turma e HC


80436/2000 – 2ª Turma; e STJ – HC 299223/2016 – 6ª Turma e HC 25084/2004 – 5ª Turma.

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Legislação Extravagante

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Todavia, não olvidar que, conquanto a lesão corporal (Art. 303) absorva a condução sem CNH ou
PD (Art. 309), incidirá sobre o crime do Art. 303 a causa de aumento de pena prevista no Art. 303, §1º
c/c Art. 302, §1º, I, tudo do CTB.

6.3.4. Crime de Lesão Corpora Culposa no Trânsito versus o Delito de Embriaguez em Volante
Em sentido oposto, a Jurisprudência não admite a absorção do crime de embriaguez ao volante
(Art. 306 do CTB) pelo delito de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (Art. 303 do
CTB), pois são infrações penais autônomas, que protegem bens jurídicos distintos, não sendo o
primeiro meio normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo.
Portando, não há que se falar em aplicação do princípio da consunção. Ademais, de acordo com a teoria
do princípio da consunção ou absorção, crime menos grave não pode absorver delito mais grave. Nesse
diapasão, STJ - AgRg no HC 442850/2018 – 6ª Turma, REsp 1629107/2018 – 5ª Turma e
REsp 1629107/2018 – 5ª Turma.

6.4. Fuga de Local de Acidente de Trânsito para eximir-se de Responsabilidade (Art.


305)
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou
civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

O elemento subjetivo desse delito é o dolo, com a finalidade especial de para fugir à
responsabilidade penal ou civil que possa ser atribuída ao condutor, sendo, pois, o chamado dolo
específico.

Considerando o direito de não produzir provas contra si (neno tenetur se detegere), a


constitucionalidade deste crime foi questionada, tendo o STF, porém, decidido que ele é constitucional,
inclusive em sede de repercussão geral, ao argumento de que ele não viola o princípio da vedação à
autoincriminação, pois o direito ao silêncio permanece intacto, além do que as hipóteses de exclusão de
tipicidade e de antijuridicidade podem ser reconhecidas. Nesse sentido, STF - RE 971959/2018 –
Tribunal Pleno, tendo sido fixada a seguinte tese: “a regra que prevê o crime do artigo 305 do CTB é
constitucional posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as
hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade”.
Se o condutor praticar lesão corporal ou homicídio culposos de trânsito e se afastar, sem
providenciar socorro à(s) vítima(s), ele vai responder pelos Arts. 302 ou 303 com a majorante da
omissão de socorro, ficando o tipo penal do Art. 305 absorvido.
EXEMPLOS:
a) Acidente de trânsito sem vítima em que o condutor se afasta do local para fugir a
responsabilidade pelos danos causados; (FUGIR À RESPONSABILIDADE CIVIL).
b) Acidente de trânsito sem vítima, em que o agente foge, porque está embriagado, não tem
CNH, estava participando de racha ou confiou a direção de veículo à pessoa sem condições de conduzi-
lo. (FUGIR À RESPONSABILIDADE PENAL).

6.5. Embriaguez ao Volante (Art. 306)


Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760,
de 2012)
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de
2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o - A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em
direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 3o - O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014)
§ 4º- Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

Em regra, o Delegado de Polícia pode arbitrar fiança, já que a pena privativa de liberdade, não
suplanta o limite de 4 (quatro) anos.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

A jurisprudência é firme no sentido de que o delito do Art. 306 do CTB é crime de perigo
abstrato, sendo despicienda a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta, bastando a
condução de veículo aumotor sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine
dependência . Nesse diapasão, STJ – AgRg no REsp 1854277/2020 – 5ª Turma e AgRg nos EDcl
no REsp 1727259/2019 – 6ª Turma.

6.5.1. Formas de Comprovar esse Delito


Até o advento da Lei nº 12.760/2012, havia um problema no que tange à comprovação da
materialidade do delito em questão, pois só era possível mediante prova técnica (exame de sangue ou
etilômetro – popular bafômetro), a que o suspeito não era e continua não sendo obrigado a se
submeter, em razão do princípio do “nemo tenetur se detegere”, vedação à autoincriminação, ou, de
forma mais simples, direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. Nesse sentido, STJ
- HC 188526/2016 – 5ª Turma, RHC 66942/2016 – 6ª Turma e REsp 1111566/2012 – 3ª
Seção.
Em razão disso, a mencionada Lei nº 12.760/2012 foi editada e entrou em vigor em 20/12/2012,
passando a prever outras formas de se demonstrar a materialidade delitiva para o crime em comento,
de modo que hoje a prova pode se dá, nos termos do Art. 306, §1º, I e II, do CTB:
1) Pela constatação de concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro
de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar, que pode ser
comprovada por exame de sangue (toxicológico) ou pelo etilômetro - popular “bafômetro”, que, como
dito, o suspeito não é obrigado a se submeter por conta do princípio do “nemo tenetur se detegere”.
2) Por sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Conselho Nacional de Trânsito
(Contran), alteração da capacidade psicomotora.
Ademais, a Lei nº 12.971/2014 incluiu o §2o ao Art. 306, também do CTB, acrescentando que a
constatação das duas hipóteses acima, que comprovam a materialidade do crime de embriaguez ao
volante, “poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia,
vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova”. Dessa forma, ao lado de exame de corpo de delito direto (prova pericial), passou a
admitir o exame de corpo de delito indireto para a comprovação da materialidade do delito em
tela. Aqui é a grande novidade trazida pela novel Lei, no sentido de facilitar a prova do crime em
análise.
Por fim, estabelece o §3º do Art. 306 do CTB que o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN)
disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
caracterização do crime tipificado neste artigo.
Na prática, como funciona no caso de ÁLCOOL? O Art. 3º c/c Art. 7º da Resolução 432/12 do
CONTRAN estabelece o seguinte:
 Exame de Sangue: igual ou superior a 6 decigramas por litro de sangue é CRIME, menor que isso
é mera INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA.
 Assoprou no Etilômetro:
 Resultado: menor que 0,05 miligramas de álcool por litro de ar alveolar, FATO ATÍPICO
administrativa e penalmente;
 Resultado: maior ou igual a 0,05 miligramas de álcool por litro de ar alveolar e menor que 0,34
miligramas, apenas INFRAÇÃO ADMINSITRATIVA (Art. 165 do CTB);
 Resultado: maior ou igual a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar alveolar, CRIME DE
TRÂNSITO (Art. 306 do CTB) + INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA (Art. 165 do CTB).

 Não havendo exame de sangue ou teste do etilômetro, a prova pode se dá por verificação de
sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor que pode ser feita pelo
agente da Autoridade de Trânsito com a lavratura de auto de constatação de embriaguez, nos
termos do Art. 3º, II e IV, c/c Art. 7º, III e IV, e Anexo II, tudo da Resolução 432/12 do
CONTRAN .
E no caso de OUTRAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS? Art. 3º, II e IV, c/c Art. 7º, III e IV, e
Anexo II, tudo da Resolução 432/12 do CONTRAN: Exame toxicológico feito por Laboratório
Especializado ou verificação de sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor
que pode ser feita pelo agente da Autoridade de Trânsito com a lavratura de auto de constatação.

E sempre lembrando que, além das formas de constatação acima referida, a prova pode ser feita,
ainda, por exame clínico, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos,
observado o direito à contraprova”, após a entrada em vigor da Lei nº 12.971/2014.

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Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Questão 1: A prova testemunhal ou outros meios de prova podem prevalecer sobre o exame
clínico feito pelo médico? De acordo com a Jurisprudência SIM, pois o exame médico pode ter sido
feito após algum tempo e, portanto, dá negativo.
Questão 2: Sujeito estava embriagado e que mata alguém na direção de veículo automotor, por que
responde? Pelos dois crimes em concurso, sendo incabível a aplicação do princípio da consunção entre
os delitos de embriaguez ao volante e homicídio culposos, porque, além de serem delitos autônomos,
tutelam bem jurídicos diferentes. Nesse sentido, STJ – AgRg no AREsp 1345101/2019 – 5ª Turma
e AgRg no AREsp 1320706/2018 – 6ª Turma.
Questão 3: Indivíduo embriagado e que lesiona alguém na direção de veículo automotor, por que
responde? Mesmo raciocínio da questão anterior, ou seja, não há que se falar em absorção do delito de
embriaguez ao volante pelo de lesão corporal de trânsito, pois, além de serem delitos autônomos,
tutelam bem jurídicos diferentes, portanto, há concurso de crimes. Somado a isso, a teoria do princípio
da consunção não admite que infração penal menos grave absorva infração mais grave. Nesse
diapasão, STJ - HC HC 466842/2019 – 5ª Turma, AgRg no AREsp 1239057/2018 – 5ª Turma e
AgRg no HC 442850/2018 – 6ª Turma.

5.6. Violação de Suspensão ao Direito de Dirigir (Art. 307)


Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no
§ 1º do art. 293 (48 HORAS), a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Atenção: esse delito só se verifica se a suspensão do direito de dirigir tiver sido imposta por
decisão judicial, pois o objeto jurídico tutelado pela norma incriminadora, no caso, é a Administração da
Justiça. É dizer, se a violação for de eventual suspensão administrativa, não há que se falar em ilícito
penal, mas tão somente administrativo. Nesse sentido, STJ – AgRg no REsp 1798124/2019 – 5ª
Turma, RHC 99585/2019 – 5ª Turma e HC 427472/2018 – 6ª Turma.

5.7. Participação em Racha (Art. 308)


Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não
autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada:
(Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017)
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 1o - Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 2o - Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão
de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.971, de 2014)

Trata-se de crime de perigo concreto, pois o tipo penal exige que a participação no racha
GERE SITUAÇÃO DE RISCO À INCOLUMIDADE PÚBLICA OU PRIVADA.
Assim, se da conduta não resultar dano ou perigo de dano, haverá mera infração administrativa
de trânsito (Arts. 173, 174 ou 175, do CTB). Se gerar dano ou perigo de dano, infração administrativa
(Arts. 173, 174 ou 175, do CTB) mais crime de trânsito (Art. 308).
Importante destacar que, diferentemente, de outros delitos de trânsito, como, por exemplo, os
do Art. 302 (homicídio culposo de trânsito) e Art. 303 (lesão corporal culposa de trânsito), este só se
configura se a conduta for praticada em via pública, ou seja, há o chamado elemento espacial do tipo
penal.

5.8. Condução de Veículo Automotor sem PD ou CNH (Art. 309)


Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Também se trata de crime de perigo concreto, pois o tipo penal exige que a conduta de dirigir
veículo sem CNH ou PD, ou com o direito de dirigir cassado GERE PERIGO DE DANO. Nesse sentido, a
propósito, a Súmula 720 do STF prescreve que o Art. 309 do CTB revogou parcialmente o Art. 32 da
Lei das Contravenções Penais (LCP), senão vejamos: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que

49
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres”.
Assim, o Art. 32 da LCP, assim redigido: “Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública,
ou embarcação a motor em aguas públicas”, foi tacitamente revogado na parte que fala de dirigir
veículo em via pública sem habilitação, permanecendo válida apenas a parte que trata da condução de
embarcação a motor em águas públicas. Dessa forma:
1) Quem dirige veículo automotor sem possuir habilitação ou com o direito de dirigir cassado, em
via pública, sem gerar perigo de dano, comete mera infração administrativa de trânsito (Art. 162, I, do
CTB);
2) Quem dirige veículo automotor sem possuir habilitação ou com o direito de dirigir cassado, em
via pública, gerando perigo de dano, comete infração administrativa de trânsito (Art. 162, I, do CTB)
mais crime (Art. 309 do CTB);
3) Quem conduz embarcação a motor em aguas públicas sem possuir habilitação, gerando ou
não perigo de dano, comete contravenção penal (Art. 32 da LCP).
Gerar período de dano significa conduzir o veículo de forma anormal, por exemplo, estancando,
fazendo zigue-zague, perdendo o controle, subindo em calçadas, em faixa de pedestre, avançando o
sinal vermelho, conduzindo na contramão de direção etc.
Importante destacar que, diferentemente, de outros delitos de trânsito, como, por exemplo, os
do Art. 302 (homicídio culposo de trânsito) e Art. 303 (lesão corporal culposa de trânsito), este só se
caracteriza se a conduta for praticada em via pública, ou seja, há o chamado elemento espacial do
tipo penal.
Obs.: Se a habilitação estiver apenas vencida, NÃO há o crime, mas apenas infração administrativa de
trânsito (Art. 162, V, do CTB), sob pena de se fazer analogia in malam partem, vedada, como se sabe,
no direito penal brasileiro.

5.9. Entrega da Veículo Automotor a Pessoa Inabilitada ou sem Condições de Conduzi-lo


com Segurança (Art. 310)
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Perfaz-se o crime independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto a


qualquer pessoa, na condução do veículo automotor, pois se trata de crime de perigo abstrato,
diferentemente do delito de dirigir veículo automotor sem PD ou CNH (Art. 309 do CTB) acima
analisado. Nesse sentido, Súmula 575 do STJ, litteris: “Constitui crime a conduta de permitir,
confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que
se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo”.
Assim, o crime se perfaz com a simples conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja
em condições de conduzi-lo com segurança.
Além disso, no caso do crime do Art. 309 que, repita-se, é de perigo concreto, só se caracteriza
o delito quem para quem conduz o veículo automotor sem PD ou CNH ou com o direito de dirigir
cassado, já o caso do crime do Art. 310 se configura quando se confia a direção de veículo a pessoa
sem PD ou CNH, com o direito de dirigir cassado, mas também com o direito de dirigir suspenso ou que
por estado de saúde (física ou mental) ou embriaguez não tenha condições de conduzir o automóvel
com segurança.
Mas, se a habilitação de quem recebeu a direção do veículo estiver apenas vencida, NÃO há o
crime (igual ao caso do Art. 310), mas apenas infração administrativa de trânsito (Art. 162, V, do CTB),
sob pena de se fazer analogia in malam partem, vedada, como se sabe, no direito penal brasileiro

5.10. Condução de Veículo Automotor em Velocidade Incompatível com a Segurança nas


Proximidade de Determinados Locais (Art. 311)
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Também se trata de crime de perigo concreto, valendo aqui todas as observações feitas
quando da análise do delito do Art. 309, nesse ponto.

50
Legislação Extravagante

Professor Gustavo Henrique

Imperioso lembrar que o tipo penal também possui o chamado elemento espacial, é dizer, o
crime só se materializa se a conduta for praticada nas proximidades de escolas, hospitais, estações de
embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação
ou concentração de pessoas.

5.11. Fraude Processual Específica do CTB (Art. 312)


Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do
respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

Trata-se de uma espécie de fraude processual específica. Importante lembrar isso, pois no Art.
347 do Código Penal (CP) há também um delito genérico de fraude processual, senão vejamos:
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado,
as penas aplicam-se em dobro.

Desse forma, quem, artificiosamente, altera o estado e a conservação das coisas no local de
acidente de trânsito com vítima, com o dolo específico de induzir agente policial, perito ou juiz a
erro, responde pelo crime do Art. 312 do CTB.
Já quem, artificiosamente, altera o estado e a conservação das coisas no local de acidente
de trânsito sem vítima, com o dolo específico de induzir o juiz ou o perito a erro, responde pelo
crime do Art. 347 do CP.
Por fim, quem artificiosamente, altera o estado de qualquer outro local (que não seja de
acidente de trânsito com vítima), de coisa ou de pessoa, com o dolo específico de induzir o juiz ou o
perito a erro, responde pelo crime do Art. 347 do CP.

6. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO NO CTB (Art. 212-A)


Nos termos da regra geral prevista no Art. 43 do Código Penal (CP), as penas restritivas de
direitos são: 1) prestação pecuniária, 2) perda de bens e valores, 3) prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas, 4) interdição temporária de direitos, e 5) limitação de fim de
semana.
Todavia, a partir da inclusão do Art. 312-A do CTB pela Lei nº 12.281/2016 acima transcrito, a
pena restritiva de direito a ser aplicada em substituição à privativa de liberdade, no caso de
condenação por crimes de trânsito, é a prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas, quando for importa apenas uma restritiva de direitos, quando duas obrigatoriamente uma
delas será a prestação de serviço. Logo, em obediência ao princípio da especialidade, em se tratando
de delitos de trânsito o magistrado tem que aplicar a pena restritiva de direito mencionada, quando
fizer a conversão da privativa de liberdade em restritiva(s) de direitos. Senão vejamos:
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o
juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá
ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes
atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras
unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei nº
13.281, de 2016)
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem
vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de
trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de
acidentes de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Ademais, a nova Lei também fixou o tipo de atividade a ser desempenhada pelo condenado,
quando do cumprimento da pena restritiva de direito de prestação de serviço à comunidade ou a
entidade públicos, tendo-se priorizado atividades relacionadas a resgate, atendimento ou
recuperação de vítimas de acidentes de trânsito (incisos I a IV do Art. 312-A do CTB).
A intenção do legislador, com isso, é fazer com que o condenado por crime de trânsito cumpra a
sanção penal em permanente contato com pessoas acidentadas, vítimas do trânsito, de modo a
sensibilizá-lo em relação ao grave problema.

51
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

CONSTITUIÇÃO – CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

Constituição é a lei fundamental de organização do Estado, devendo estruturá-lo e delimitá-


lo, instituindo e estabelecendo os poderes, bem como os direitos fundamentais. São sinônimos do
termo constituição: lei maior, carta magna, carta maior, carta política, lei fundamental, dentre
outros.

Classificação tradicional:
1) Sentido sociológico – concepção trazida por Ferdinand Lassale, em seu livro “¿Qué es una
Constitución?”, defendeu que uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo poder
social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Se isso não ocorresse, ela seria ilegítima,
constituindo apenas uma “folha de papel”. A Constituição, de acordo com a conceituação de
Lassale, seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.
2) Sentido político - concepção trazida por Carl Schmitt que distingue Constituição de lei
constitucional. Constituição, para este autor, só se refere à decisão política fundamental (normas
presentes na constituição que tratam de estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida
democrática etc.). Enquanto que seriam leis constitucionais os demais dispositivos constantes no
texto do documento constitucional, mas que não contenham matéria de decisão política
fundamental.
3) Sentido jurídico: Para Hans Kelsen, Constituição significa norma fundamental hipotética.
Ensina Pedro Lenza, na excepcional obra Direito Constitucional Esquematizado, que “no direito
percebe-se um verdadeiro escalonamento de normas, uma constituindo o fundamento de validade de
outra, numa verticalidade hierárquica. Uma norma, de hierarquia inferior, busca o seu fundamento
de validade na norma superior e esta, na seguinte, até chegar à Constituição, que é o fundamento de
validade de todo o sistema infraconstitucional. A Constituição, por seu turno, tem o seu
fundamento de validade na norma hipotética fundamental, situada no plano lógico, e não no
jurídico, caracterizando -se como fundamento de validade de todo o sistema, determinando-se
a obediência a tudo o que for posto pelo Poder Constituinte Originário”.

Outras classificações:
1) Quanto à origem: segundo este critério, as Constituições poderão ser outorgadas ou
promulgadas. Outorgadas são as Constituições impostas, de maneira unilateral, pelo poder
revolucionário, que não detém a legitimidade, tendo em vista que não fora concedido pelo povo. No
Brasil, são exemplos de Constituições outorgadas as de 1824 e 1937. Promulgadas (democráticas
ou populares) são as constituições elaboradas por representantes eleitos diretamente pelo povo. A
CF/88 é promulgada.
2) Quanto à forma: as constituições podem ser escritas ou consuetudinárias (costumeiras). As
escritas são constituídas por um conjunto de normas presentes em um único documento,
estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Exemplo desta, é a constituição brasileira de
1988. Já a constituição consuetudinária é aquela que não traz as normas em um só documento, mas
em documentos ou textos esparsos. Esse tipo de constituição se baseia nos costumes,
jurisprudências e nas convenções. Exemplo maior deste tipo de constituição é a da Inglaterra.
3) Quanto à extensão: De acordo com este parâmetro, as constituições podem ser sintéticas, ou
analíticas.
As Sintéticas são as concisas, que trazem em seu texto apenas os princípios fundamentais e
estruturais do Estado. Exemplo desta é Constituição americana, que está em vigor há mais de 200
anos. As analíticas, por seu turno, são aquelas que tratam de todos os assuntos que os representantes
do povo entenderem como fundamentais. A CF/88 é um exemplo de constituição analítica, já que é
extremamente extensa e trata de assuntos que, em tese, não teriam índole constitucional.
4) Quanto ao conteúdo: Sob este aspecto as constituições podem ser materiais ou formais.
1
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Constituição material ou com conteúdo materialmente constitucional será aquele texto que
trouxer apenas as normas fundamentais e organizacionais do Estado e os direitos e garantias
fundamentais. Constituição Formal, por outro lado, será aquela que estabelece como método o
processo de sua formação, e não o teor de suas normas. Desta maneira, qualquer regra contida no
seu bojo terá o caráter de norma constitucional. A CF/88 é formal.
5) Quanto à mutabilidade ou possibilidade de modificação: Sob esse prisma as constituições
podem ser rígidas, flexíveis e semirrígidas. As rígidas são as que exigem um processo legislativo
mais duro e dificultoso para a alteração das normas. A CF/88 é considerada rígida, pois o art. 60, §
2.º da CF determina um quorum de votação de 3/5 dos membros de cada Casa, em dois turnos de
votação, para aprovação das emendas constitucionais, ou seja, para a modificação da constituição
exige-se uma votação diferenciada da estabelecida para a aprovação das leis ordinárias e
complementares. Flexível é a Constituição que não exige um processo legislativo diferente do
exigido para alteração das normas infraconstitucionais. Semirrígida é a Constituição que exige um
processo legislativo mais dificultoso para algumas matérias, e mais flexível para outras matérias.
6) Quanto ao modo de elaboração: Sob este aspecto as Constituições poderão ser classificadas em
dogmáticas ou históricas. As dogmáticas são constituições sempre escritas e sintetizam os dogmas
estruturais e fundamentais do Estado. São elaboradas em um único momento. Exemplo, é a CF/88.
Já as históricas são formadas através de um processo de formação contínuo, demorado e gradual, a
exemplo da constituição da Inglaterra.
Utilizando-se dos critérios anteriormente analisados, a CF/88 é promulgada, escrita,
analítica, formal, rígida e dogmática.

ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

SUPREMACIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS OU SUPREMACIA


CONSTITUCIONAL

Em razão da importância dos preceitos contidos nas normas constitucionais, estas possuem
prevalência em relação às demais normas do sistema jurídico de um país, ou seja, as normas
constitucionais se encontram em um plano hierarquicamente superior às demais leis, sejam
complementares ou ordinárias. Este fenômeno é denominado de supremacia constitucional.
Ressalte-se que inclusive as normas de direito internacional sujeitam-se ao crivo da nossa
constituição, pois somente serão aplicadas em nosso país quando compatíveis com a carta magna,
tendo em vista que se não guardarem compatibilidade com os preceitos da CF/88 não ingressarão
em nosso ordenamento jurídico.

QUESTÕES DE CONCURSOS - CESPE


01) 2017. Pedro, estudante de direito, disse ao seu professor que lera, em um livro, que a
Constituição brasileira era classificada como rígida. O professor explicou-lhe que deve ser
classificada como rígida a Constituição que:
a) precise ser observada por todos os que vivam no território do respectivo País;
b) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constituições que se formam a partir do costume;
c) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus comandos;
d) só possa ser reformada mediante um processo legislativo qualificado, mais complexo que o

2
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

comum;
e) não possa ser revogada por outra Constituição, ainda que haja uma revolução.

02) 2016. Edilberto, advogado constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as


seguintes características: a primeira parte não poderia sofrer qualquer tipo de alteração, devendo
permanecer imutável; a segunda parte poderia ser alterada a partir de um processo legislativo
qualificado, mais complexo que aquele inerente à legislação infraconstitucional; e a terceira parte
poderia ser alterada com observância do mesmo processo legislativo afeto à legislação
infraconstitucional.

À luz da classificação predominante das Constituições, é correto afirmar que uma Constituição
dessa natureza seria classificada como
a) rígida.
b) flexível.
c) semirrígida.
d) fortalecida.
e) plástica.

03) 2016. Após um conflito armado interno, o líder do movimento revolucionário vitorioso,
rompendo com suas promessas, deixou de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte e
elaborou, sozinho, a nova Constituição. Ato contínuo, convocou um plebiscito para que o texto
fosse aprovado pelo povo, o que efetivamente foi feito, daí resultando a sua entrada em vigor. A
nova Constituição estabeleceu um processo diferenciado para a sua reforma, bem mais complexo
que aquele afeto às leis em geral, isso com exceção de algumas poucas normas afetas a certas
matérias, que poderiam ser alteradas da mesma maneira que as leis ordinárias. Além disso, dispôs
que os direitos fundamentais seriam cláusulas pétreas, não podendo ser alterados por uma reforma
constitucional.

Considerando os critérios de classificação dos textos constitucionais, essa Constituição é:


a) bonapartista quanto à origem e rígida quanto à estabilidade;
b) outorgada quanto à origem e flexível quanto à estabilidade;
c) promulgada quanto à origem e semirrígida quanto à estabilidade;
d) outorgada quanto à origem e semiflexível quanto à estabilidade;
e) cesarista quanto à origem e semiflexível quanto à estabilidade.

04) 2015. A respeito da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, tendo em vista a
classificação das constituições, assinale a afirmativa correta.
a) A Constituição de 1988 é exemplo de Constituição semi- rígida, que possui um núcleo imutável
(cláusulas pétreas) e outras normas passíveis de alteração.
b) A Constituição de 1988 é exemplo de Constituição outorgada, pois resulta do exercício da
democracia indireta, por meio de representantes eleitos.
c) O legislador constituinte optou pela adoção de uma Constituição histórica, formada tanto por um
texto escrito quanto por usos e costumes internacionais.
d) Na Constituição de 1988, coexistem normas materialmente constitucionais e normas apenas
formalmente constitucionais.
e) A Constituição de 1988 pode ser considerada como uma Constituição fixa (ou imutável), pois o
seu núcleo rígido não pode ser alterado nem mesmo por Emenda.

05) 2014. Com base no critério da estabilidade, a Constituição Federal de 1988 pode ser
classificada como
3
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

a) histórica, pois resulta da gradual evolução das tradições, consolidadas como normas
fundamentais de organização do Estado.
b) cesarista, pois foi formada com base em um plebiscito a respeito de um projeto elaborado pela
autoridade máxima da República.
c) flexível, por admitir modificações em seu texto por iniciativa de membros do Congresso
Nacional e pelo Presidente da República.
d) semirrígida, por comportar modificações de seu conteúdo, exceto com relação às cláusulas
pétreas.
e) rígida, pois só é alterável mediante a observância de processos mais rigorosos e complexos do
que os vistos na elaboração de leis comuns.

06) 2018 CESPE Instituto Rio Branco Diplomata.


Com relação à classificação da Constituição, à competência dos entes federativos, ao ato jurídico e
à personalidade jurídica, julgue (C ou E) o item que se segue.

A vigente Constituição brasileira é, no que se refere à estabilidade, semirrígida, pois, além de conter
normas modificáveis por processo legislativo dificultoso e solene, possui também normas flexíveis,
que podem ser alteradas por processo legislativo ordinário.

07) 2018 CESPE STM. Julgue o item seguinte, relativo à classificação das Constituições e à
organização político-administrativa.

O fato de o texto constitucional ter sido alterado quase cem vezes em razão de emendas
constitucionais não é suficiente para classificar a vigente Constituição Federal brasileira como
flexível.

08) 2017 CESPE Instituto Rio Branco Diplomata. Com relação à classificação da Constituição
Federal de 1988, ao controle de constitucionalidade e à atividade administrativa do Estado
brasileiro, julgue (C ou E) o item que se segue.

A Constituição Federal de 1988 é classificada, quanto à extensão, como sintética, pois suas matérias
foram dispostas em um instrumento único e exaustivo de seu conteúdo.

09) 2016 CESPE. Com referência à Constituição Federal de 1988 e às disposições nela inscritas
relativamente a direitos sociais e políticos, administração pública e servidores públicos, julgue o
item subsequente. A Constituição Federal de 1988 é considerada, quanto à origem, uma
Constituição promulgada, pois surgiu do trabalho de representantes do povo eleitos com a
finalidade específica de sua elaboração: a assembleia nacional constituinte.

10) 2016 CESPE Analista – Direito. Julgue o item subsequente, referente ao conceito e
classificação da Constituição e à aplicabilidade das normas dispostas na Constituição Federal de
1988 (CF).

Quanto à forma e à origem, a CF é classificada em escrita e promulgada; quanto ao modo de


elaboração, é classificada como histórica.

GABARITO: 1) D 2) C 3) E 4 ) D 5) E 6) E 7) C 8) E 9) C 10) E.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

____________________________________________________________________________________________

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

PREÂMBULO
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.”
Segundo o STF, o preâmbulo não possui normatividade, ou seja, não se situa no
domínio do direito, mas sim da política ou da história. Em relação ao preâmbulo, o STF adotou a
tese da irrelevância jurídica.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

QUESTÕES DE CONCURSOS - CESPE

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (Arts. 1º ao 4º)

01) 2016. Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil


a) a independência nacional.
b) a solução pacífica de conflitos.
c) a autodeterminação dos povos.
D )a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
e) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

6
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

02) 2016. NÃO consta entre os princípios que regem as relações internacionais da República
Federativa do Brasil:
a) A defesa da paz.
b) O repúdio ao terrorismo e ao racismo.
c) A prevalência dos direitos humanos.
d) A redução das desigualdades regionais na América Latina.
e) A autodeterminação dos povos.

03) 2016. Ao dispor sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil, a


Constituição prevê, expressamente, como (1) fundamento, (2) objetivo e (3) princípio de relações
internacionais da República:
a) (1) Fundamento - a soberania (2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e
igualitária (3) Princípio de relações internacionais da República - a solução dos conflitos pela
arbitragem

b) (1) Fundamento - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (2) Objetivo - a garantia do
desenvolvimento nacional (3) Princípio de relações internacionais da República - a cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade

c) (1) Fundamento - a cidadania (2) Objetivo - a promoção de formas alternativas de geração de


energia (3) Princípio de relações internacionais da República - a independência nacional

d) (1) Fundamento - a dignidade da pessoa humana (2) Objetivo - a proteção da infância e da


juventude (3) Princípio de relações internacionais da República - a concessão de asilo político

e) (1) Fundamento - o parlamentarismo (2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, justa e
igualitária (3) Princípio de relações internacionais da República - a defesa da paz

04) A dignidade da pessoa humana, no âmbito da Constituição Brasileira de 1988, deve ser
entendida como:
a) uma exemplificação do princípio de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
reconhecida pela Constituição.
b) um direito individual garantido somente aos brasileiros natos.
c) uma decorrência do princípio constitucional da soberania do Estado Brasileiro.
d) um direito social decorrente de convenção internacional ratificada pelo Estado Brasileiro.
e) um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil.

05) Um desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região - TRT/BA, no seu discurso


de posse, explicou que a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como um de seus fundamentos a
a) independência nacional. b) prevalência dos direitos humanos. c) igualdade entre os Estados. d)
defesa da paz. e) dignidade da pessoa humana.

06) Considerando o que dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF) acerca de princípios
fundamentais, assinale a opção correta.
a) Não é fundamento da República Federativa do Brasil a soberania.
b) A República Federativa do Brasil é formada pela união dissolúvel dos estados, municípios e do
Distrito Federal (DF).
c) O pluralismo político não é fundamento da República Federativa do Brasil.
7
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

d) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são poderes da União, dependentes e harmônicos


entre si.
e) Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, expresso no texto
constitucional, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
07) Ainda com relação aos princípios fundamentais, assinale a opção correta.
a) Apesar de seu inegável valor humanitário, a dignidade da pessoa humana não é considerada um
fundamento da República Federativa do Brasil.
b) A erradicação da pobreza e da marginalização não foi consagrada na CF de 1988 como objetivo
fundamental da República Federativa do Brasil.
c) Todo o poder emana do presidente da República, que o exerce por meio de ministros de Estado,
após consulta ao Congresso Nacional.
d) Defesa da paz, igualdade entre os Estados e concessão de asilo político são princípios, entre
outros, que regem a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais.
e) Não existe previsão expressa no texto constitucional para que a República Federativa do Brasil
busque a integração política dos povos da América Latina.
08) A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, cons¬titui¬-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos os
que estão elencados no artigo 1.º da Constituição Federal. Dentre os referidos fundamentos, é
correto citar a:
a) independência nacional e a não intervenção.
b) construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a garantia do desenvolvimento nacional.
c) igualdade entre os Estados e o repúdio ao terrorismo e ao racismo
d) autodeterminação dos povos e a solução pacífica dos conflitos
e) soberania e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

GABARITO: 1) D 2) D 3) B 4) E 5) E 6) E 7) D 8) E.

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

A Constituição Federal de 1988, em seu Título II a partir do art. 5º, classifica o gênero
direitos e garantias fundamentais em cinco importantes capítulos: I - direitos e deveres
individuais e coletivos, II - direitos sociais, III - direitos de nacionalidade, IV - direitos políticos, V -
partidos políticos.

Começaremos o estudo pelo capítulo mais importante e que tem maior incidência em
concursos públicos, a saber, os direitos e deveres individuais e coletivos, previstos no art. 5º da
CF/88. Ressalte-se, desde logo, que estes direitos, segundo o STF, não se restringem ao art. 5º da
CF/88, eis que podem ser encontrados em outros artigos da constituição, sejam de maneira expressa
ou implícita, bem como em tratados e convenções internacionais de que o Brasil participe.

GERAÇÕES (DIMENSÕES) DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A partir do lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade, a


doutrina anunciou os direitos de 1.ª, 2.ª e 3.ª geração, respectivamente. Atualmente, a doutrina
moderna já fala em direito de 4.ª e 5ª dimensões.

- Direitos fundamentais de 1.ª dimensão - Os direitos da 1.ª geração traduzem a mudança de um


Estado autoritário para um Estado de Direito e, desta forma, estabelece o respeito às liberdades

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Direito Constitucional

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individuais. Expressam o valor liberdade, e dizem respeito às liberdades públicas e aos direitos
políticos. Os de 1ª dimensão são oponíveis ao Estado, ou seja, contra o Estado, por isso também são
denominados direitos de resistência ou de oposição perante o Estado.
- Direitos fundamentais de 2.ª dimensão - Surgiram a partir da Revolução Industrial europeia, a
partir do século XIX, e tiveram como impulso as péssimas condições de trabalho até então
existentes. São direitos sociais ou direitos da coletividade, e correspondem ao valor igualdade. Os
direitos de 2ª dimensão, ao contrário dos anteriores, constituem uma prestação estatal, ou seja, um
fazer por parte do Estado.
- Direitos fundamentais de 3.ª dimensão - São direitos que surgiram em razão de profundas
alterações na sociedade (sociedade de massa, crescimento do desenvolvimento tecnológico e
científico). Como exemplo, podemos citar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e
o direito de consumidor, Corresponde ao valor fraternidade ou solidariedade.
ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________________
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

• Relatividade (limitabilidade)
• Historicidade
• Universalidade
• Imprescritibilidade
• Irrenunciabilidade
• Inalienabilidade
• Concorrentes

ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

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XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

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XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do "de cujus";
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;

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ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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________________________________________________________________
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
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XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
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Direito Constitucional

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e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da

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intimidade ou o interesse social o exigirem;


LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;
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LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004) (Decreto Legislativo com força de Emenda Constitucional)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
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________________
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)."

QUESTÕES DE CONCURSOS – CESPE – DIREITOS FUNDAMENTAIS

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

01) 2015. Considerando as regras do direito constitucional, julgue o item a seguir.


Embora os direitos e as garantias fundamentais se destinem essencialmente às pessoas físicas,
alguns deles podem ser estendidos às pessoas jurídicas.

02) 2015. Julgue o item abaixo, com relação aos direitos e garantias fundamentais e à
aplicabilidade das normas constitucionais.
Considerando-se que o art. 5.º da CF prevê que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, é correto
afirmar que aos estrangeiros não residentes no Brasil não se garantem esses direitos.

03) 2015. Os direitos e garantias individuais previstos na CF têm caráter absoluto.

04) 2016. No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o próximo item.
O respeito aos direitos fundamentais deve subordinar tanto o Estado quanto os particulares,
igualmente titulares e destinatários desses direitos.

05) 2018. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988
(CF), julgue o item a seguir.
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em trânsito
no território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitucional
expressa.

06) 23) 2017. A respeito dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos na Constituição
Federal de 1988, julgue o item a seguir.
Os direitos e garantias fundamentais têm como destinatários os brasileiros natos e naturalizados,
não se aplicando aos estrangeiros.

07) 2017. Com relação aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue.

Embora não haja menção expressa no texto da CF, determinados direitos e garantias
fundamentais poderão ser estendidos às pessoas jurídicas.

08) 2016. A respeito dos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.


Em decorrência do princípio da igualdade, é vedado ao legislador elaborar norma que dê tratamento
distinto a pessoas diversas.

09) 2016. Julgue o item seguinte, acerca dos direitos e garantias fundamentais da República
Federativa do Brasil.

Ações afirmativas são mecanismos que visam viabilizar uma isonomia material em detrimento
de uma isonomia formal por meio do incremento de oportunidades para determinados
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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

segmentos.

10) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova: CESPE - 2020 -
SEFAZ-DF - Auditor Fiscal. Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusulas pétreas
e da organização político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.

Embora a Constituição Federal de 1988 preveja expressamente não distinção entre brasileiros, o
próprio constituinte estabeleceu, no texto constitucional, hipóteses de tratamentos distintos
entre homens e mulheres.

11) 2016 – CESPE. Ainda com relação aos direitos humanos, julgue o próximo item à luz da
CF.
O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão, somente havendo sigilo em
caso de necessidade de proteção da segurança dos agentes públicos envolvidos no caso.

12) 2015. Julgue o item seguinte, acerca dos direitos e garantias fundamentais.
A imunidade contra a autoincriminação é traduzida como garantia constitucional e consiste no
direito de deixar de responder a uma indagação de autoridade pública cuja resposta possa advir
ao declarante a imputação de uma infração penal.

13) A CF admite a prisão por dívida do responsável pelo inadimplemento voluntário e


inescusável de obrigação alimentícia.

14) No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos
direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da CF.

Em caso de flagrante delito no interior do domicílio de determinado indivíduo, no período


noturno, a autoridade policial poderá adentrá-lo independentemente de determinação judicial.

15) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM -
Analista Judiciário - Direito
Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.
Os direitos constitucionais da pessoa presa incluem o direito à identificação dos responsáveis
pela prisão, o direito ao silêncio e o direito à assistência da família e de advogado.

16) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial
Rodoviário Federal. À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item que se segue, a
respeito de direitos e garantias fundamentais e da defesa do Estado e das instituições
democráticas.
São constitucionalmente assegurados ao preso o direito à identificação dos agentes estatais
responsáveis pela sua prisão e o direito de permanecer em silêncio.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

17) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU -
Técnico do MPU – Administração. Com base nas disposições constitucionais acerca de
princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.

Policiais têm a prerrogativa de adentrar na casa de qualquer pessoa durante o período noturno,
desde que portem determinação judicial ou o morador consinta.

18) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE -
Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e
coletivos e às garantias constitucionais.

Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-se o uso de algemas, desde que essa
medida, de caráter excepcional, seja justificada por escrito.

19) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE -
Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e
coletivos e às garantias constitucionais.
Conforme texto constitucional vigente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra
terão de ser comunicados em até vinte e quatro horas ao juiz competente e à família do preso ou
a pessoa por ele indicada.

20) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE -
Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e
coletivos e às garantias constitucionais.
O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcançarão parentes
do autor do delito.

21) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 -
Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal

Com relação aos direitos e às garantias fundamentais constitucionalmente assegurados, julgue o


item que segue.
Em regra, indivíduo civilmente identificado não será submetido à identificação criminal.

22) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2018 -
Polícia Federal - Perito Criminal Federal - Conhecimentos Básicos - Todas as Áreas
Com relação aos direitos e às garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988,
julgue o item a seguir.
21
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Dada a previsão constitucional de que nenhuma pena passará da pessoa do condenado a outrem,
o ordenamento jurídico veda que obrigações de reparação de danos sejam estendidas aos
sucessores do condenado.

23) 2016 - CESPE. O habeas data não é meio de solicitação e obtenção de informações de terceiros,
uma vez que tem como objetivo assegurar o conhecimento de informações relativas ao próprio
impetrante.

24) 2016. CESPE. Ainda com relação aos direitos humanos, julgue o próximo item à luz da CF.

O habeas data não se presta à retificação das informações constantes de bancos de dados de
entidades públicas.

25) CESPE. Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos,
julgue o item a seguir.
A ação popular deve ser proposta somente por partido político com representação no Congresso
Nacional.

26) 2015. Julgue o item subsecutivo, acerca dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos
direitos sociais, dos direitos de nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos políticos.
A ação popular — pertencente à categoria dos direitos políticos do cidadão — é um remédio
constitucional que se manifesta como exercício da soberania popular e como instrumento da
democracia direta.

27) 10) 2015-CESPE. No que se refere aos remédios constitucionais, julgue os seguintes itens,
com base na jurisprudência do STF.

Suponha que um partido político representado na Câmara dos Deputados por apenas um
deputado federal pretenda impetrar mandado de segurança coletivo para a defesa dos interesses
de seus integrantes. Nessa situação, o partido político, ainda que não tenha representante no
Senado Federal, terá legitimidade ativa para o ajuizamento da ação.

28) 2015 Julgue o item que se segue, relativo aos direitos e garantias fundamentais.

Qualquer cidadão é parte legítima para propor mandado de segurança coletivo.

29) 2014. De acordo com o STJ, o habeas data é instrumento idôneo para a obtenção de acesso
aos critérios utilizados em correção de prova discursiva aplicada em concursos públicos.

30) 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2017 - DPU - Defensor Público Federal
A respeito da teoria e do regime jurídico dos direitos fundamentais, julgue o item que se segue à luz
das disposições da CF.

Sob o aspecto da legitimidade ativa, por meio de habeas data é possível obter informações relativas
a qualquer pessoa, desde que as informações sejam classificadas como públicas.

22
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

31) 15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Julgue o item a seguir, a respeito dos direitos e
garantias fundamentais.

O habeas data visa proteger a privacidade do indivíduo contra o abuso no registro de dados pessoais
falsos ou equivocados, sendo, por isso, o meio apto para a obtenção de vista de processo
administrativo.

32) 12) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA Prova: CESPE - 2016 - TCE-PA - Auditor de
Controle Externo - Área Administrativa - Direito
No que se refere aos direitos e garantias fundamentais e a outros temas relacionados ao direito
constitucional, julgue o próximo item.

Como o habeas data não pode ser utilizado por pessoa jurídica, deve ser reconhecida a
ilegitimidade ativa na hipótese de pessoa jurídica ajuizar habeas data para obter informações de
seu interesse constante de dados de determinada entidade governamental.

33) 2018 Banca: CESPE Órgão: STJ Provas: CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos -
Cargo: 1 A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como
referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
É vedado ao legislador editar lei em que se exija o pagamento de custas processuais para a
impetração de habeas corpus.

34) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE -
2017 - Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município

Acerca dos remédios constitucionais, julgue o próximo item.

Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus.

35) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova:
CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador Municipal. Acerca dos direitos e
das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.

Entidade sindical constituída há menos de um ano e sediada em município da Federação tem


legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo a fim de garantir direito líquido e certo
de seus filiados que tenha sido lesado por ato de autoridade da administração fazendária federal.

36) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

- AM - Procurador do Município
Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.

A concessão do mandado de injunção está condicionada à ausência de norma regulamentadora para


o exercício de um direito, ainda que esta omissão seja parcial.

37) 09) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE - 2017 -
Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município. A respeito das normas constitucionais, do
mandado de injunção e dos municípios, julgue o item subsequente.

Pessoa jurídica pode impetrar mandado de injunção.

38) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA Prova: CESPE - 2016 - TCE-PA - Auditor de
Controle Externo - Área Fiscalização – Direito. Em relação à teoria da constituição, ao poder
constituinte, aos direitos fundamentais e aos remédios constitucionais, julgue o item que se segue.
Entre os direitos fundamentais incluem-se os remédios constitucionais, como, por exemplo, o
mandado de injunção, criado pela Constituição Federal de 1988 e que tem por finalidade suprir a
falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

39) 01) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM -
Manaus - AM - Procurador do Município

Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.

A decisão que concede mandado de injunção, em regra, gera efeitos ultra partes.

40) 2015-CESPE. Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e
coletivos, julgue o item a seguir.

O direito do cidadão de receber dos órgãos públicos informações de interesse coletivo inclui
também aquelas imprescindíveis à segurança da sociedade.
41) 2015-CESPE. No que tange aos direitos e às garantias individuais e coletivos, julgue o item que
se segue.

O direito adquirido, entendido como aquele que já se incorporou ao patrimônio do seu titular, não
poderá ser prejudicado por lei posterior.

42) 2015. No que se refere a direitos e garantias fundamentais, julgue os itens subsecutivos.

No entendimento do STF, a garantia do devido processo legal não torna obrigatória a defesa técnica
por advogado no âmbito dos processos administrativos disciplinares que envolvam servidores
públicos.

24
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

43) 2015. De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), é direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

44) 14) 2014 No que se refere aos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988
(CF) e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item seguinte.

De acordo com a CF, é direito fundamental do cidadão a livre associação para fins lícitos.
Todavia, pode a administração pública, a bem do interesse público, intervir no funcionamento
de associações civis e suspender temporariamente suas atividades.

45) 2016. No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos
direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da CF.
Depende de decisão judicial com trânsito em julgado a suspensão das atividades de associação
que tenha praticado alguma ilegalidade.

46) 2014. Estará em conformidade com a CF lei que condicione o acesso ao Poder Judiciário ao
esgotamento das vias administrativas, pois a CF autorizou a existência da jurisdição
condicionada ou instância administrativa de cunho forçado.

47) 2015. Os direitos e garantias individuais previstos na CF têm caráter absoluto.

48) 2016. Os direitos fundamentais arrolados pela CF balizam o trabalho do servidor público.
Considerando as disposições constitucionais insculpidas nos artigos que vão do 5.º ao 15, julgue
os itens subsecutivos.
É incondicional o direito à reunião com fins pacíficos em local aberto ao público.

49) 2014.Considere a seguinte situação hipotética.


Alberto dirigiu-se à secretaria de uma das varas do TJDFT, onde requereu uma certidão para a
defesa de direito e esclarecimento de situação de interesse pessoal. Lúcio, servidor do juízo em
questão, negou-se a atender ao pedido de Alberto, sob a alegação de não ter havido o pagamento
de taxa. Nessa situação hipotética, a atuação de Lúcio foi correta, pois, conforme a CF, a
obtenção de certidão em repartições públicas requer o prévio recolhimento de taxa.

50) 22) 2018. Considerando o que dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF) sobre direitos
humanos, julgue o item que se segue.

Desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, todos
podem reunir-se em locais abertos ao público, independentemente de autorização, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente.

25
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

_____________________________________________________________________________
Gabarito: 1) C; 2) E; 3) E; 4) C; 5) E; 6) E; 7) C; 8) E; 9) C; 10) C; 11) E; 12) C; 13) C; 14)
C; 15) C; 16) C; 17) E; 18) C; 19) E; 20) E, 21) C; 22) E; 23) C; 24) E; 25) E; 26) C; 27 ) C;
28) E; 29) E; 30) E; 31) E; 32) E; 33) C; 34) C; 35) C; 36) C; 37) C; 38) C; 39) E; 40) E; 41)
C; 42) C; 43) C; 44) E; 45) E; 46) E; 47) E; 48) E; 49) E; 50) C.

01) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE / CEBRASPE -
2020 - MPE-CE - Analista Ministerial - Direito

Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua


especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos
e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses
direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são
uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma
situação histórica de desigualdade ou discriminação.

02) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE /
CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Analista Ministerial - Direito

Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua


especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos
e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses
direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Direitos individuais implícitos estão subentendidos nas regras de garantias


fundamentais, sendo exemplos os desdobramentos do direito à vida.

03) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande -
MS Prova: CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador
Municipal

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de


1988, julgue o item a seguir.

Os direitos individuais, por estarem ligados ao conceito de pessoa humana e de sua


própria personalidade, correspondem às chamadas liberdades negativas; os direitos
sociais, por sua vez, constituem as chamadas liberdades positivas, de observância
obrigatória em um estado social de direito para a concretização de um ideal de vida
digna na sociedade.
04) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019
- TJ-AM - Assistente Judiciário
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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

A respeito das dimensões dos direitos fundamentais e de seus destinatários, julgue o


item a seguir.

As dimensões negativa e prestacional dos direitos sociais deixam de ser oponíveis às


relações entre particulares à medida que o Estado cumpre seu papel de provedor.

5) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017
- TCE-PE - Analista de Gestão - Julgamento

Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos,


julgue o item a seguir.

Para a interposição de recurso administrativo no caso de indeferimento de pedido


protocolado em determinado órgão público, poderá ser exigido depósito prévio de
dinheiro ou bem se a causa tratar de questões patrimoniais.

06) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova: CESPE -
2020 - SEFAZ-DF - Auditor Fiscal

Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusulas pétreas e da organização


político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.

Embora a Constituição Federal de 1988 preveja expressamente não distinção entre


brasileiros, o próprio constituinte estabeleceu, no texto constitucional, hipóteses de
tratamentos distintos entre homens e mulheres.

7) Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal


de 1988, julgue o item a seguir.

Entidade sindical constituída há menos de um ano e sediada em município da


Federação tem legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo a fim de
garantir direito líquido e certo de seus filiados que tenha sido lesado por ato de
autoridade da administração fazendária federal.

8) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
TJ-AM - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.


É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra
ilegalidade praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que
homologa o resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

9) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Manaus - AM


Prova: CESPE / CEBRASPE - 2018 - Prefeitura de Manaus - AM - Procurador do
Município

Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.


A concessão do mandado de injunção está condicionada à ausência de norma
regulamentadora para o exercício de um direito, ainda que esta omissão seja parcial.

10) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Manaus - AM


Prova: CESPE / CEBRASPE - 2018 - Prefeitura de Manaus - AM - Procurador do
Município

Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.


A decisão que concede mandado de injunção, em regra, gera efeitos ultra partes.

11) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Manaus - AM


Prova: CESPE / CEBRASPE - 2018 - Prefeitura de Manaus - AM - Procurador do
Município

Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.


Entre os legitimados para a impetração do mandado de injunção, figura a pessoa
natural.

12) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 -
PC-SE - Delegado de Polícia

Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às


garantias constitucionais.
Conforme texto constitucional vigente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontra terão de ser comunicados em até vinte e quatro horas ao juiz competente e à
família do preso ou a pessoa por ele indicada.

13) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
- 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal

Com relação aos direitos e às garantias fundamentais constitucionalmente


assegurados, julgue o item que segue.

Em regra, indivíduo civilmente identificado não será submetido à identificação


criminal.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

14) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Provas:
CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito Criminal Federal - Conhecimentos Básicos -
Todas as Áreas

Com relação aos direitos e às garantias fundamentais previstos na Constituição


Federal de 1988, julgue o item a seguir.
Dada a previsão constitucional de que nenhuma pena passará da pessoa do condenado
a outrem, o ordenamento jurídico veda que obrigações de reparação de danos sejam
estendidas aos sucessores do condenado.

15) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2017 -
DPU - Defensor Público Federal

A respeito da teoria e do regime jurídico dos direitos fundamentais, julgue o item que
se segue à luz das disposições da CF.

Sob o aspecto da legitimidade ativa, por meio de habeas data é possível obter
informações relativas a qualquer pessoa, desde que as informações sejam
classificadas como públicas.

16) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE -
2017 - TCE-PE - Analista de Gestão - Julgamento

Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos,


julgue o item a seguir.

Se determinado dirigente de autarquia estadual editar ato administrativo lesivo ao


patrimônio público, caberá ação popular que poderá ser ajuizada por qualquer do
povo.

GABARITO: 1) C; 2) C; 3) C; 4) E; 5) E; 6) C; 7) C; 8) E; 9) C; 10) E; 11) C;


12) E 13) C; 14) E; 15) E; 16) E.

DOS DIREITOS SOCIAIS

De acordo com a CF/88, em seu art. 6º, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à

29
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.


Consoante ensinamento do mestre Pedro Lenza: “trata-se de desdobramento da perspectiva de um
Estado Social de Direito, tendo como documentos marcantes a Constituição mexicana de 1917, a de
Weimar, na Alemanha, de 1919, e, no Brasil, a de 1934.”
Ainda de acordo com Lenza, os direitos sociais são direitos de segunda dimensão e constituem
verdadeiras prestações positivas a serem implementadas pelo Estado (Social de Direito) e tendem a
concretizar a perspectiva de uma isonomia substancial e social na busca de melhores e adequadas
condições de vida. Enquanto direitos fundamentais (posicionados no Título II da CF/88), os direitos sociais
têm aplicação imediata (art. 5.º, § 1.º) e podem ser implementados, no caso de omissão legislativa, pelas
técnicas de controle, como por exemplo, o mandado de injunção.
Ainda segundo a doutrina são normas programáticas, pois estabelecem diretrizes a serem seguidas
pelo Estado.
Um dos postulados mais notáveis que informam a Teoria dos Direitos Fundamentais é o princípio da
“proibição do retrocesso”, também conhecido como efeito “cliquet” dos Direitos Fundamentais, que busca
a proteção máxima dos Direitos da Pessoa Humana contra qualquer medida normativa ou política de
supressão ou enfraquecimento dos direitos fundamentais já alcançados.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de
2015).
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
___________________________________________
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
sua vinculação para qualquer fim;

30
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;


VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;

31
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
se cometer falta grave nos termos da lei.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

QUESTÕES - DIREITOS SOCIAIS (Arts. 6º ao 11)

01) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Boa Vista - RR Prova: CESPE - 2019 -
Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Municipal
Texto associado
João, de dezoito anos de idade, foi contratado como frentista em um posto de gasolina
localizado em Boa Vista – RR. O contrato de trabalho foi firmado em regime de tempo parcial para
uma jornada de vinte e cinco horas semanais.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item seguinte de acordo com a Constituição Federal
de 1988 e a CLT.

A idade de João não constitui óbice ao exercício da atividade de frentista, uma vez que a
Constituição Federal de 1988 admite o trabalho em condições de periculosidade aos maiores de
dezoito anos de idade.

02) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2019 - TJ-DFT - Titular de Serviços
de Notas e de Registros - Remoção
Com relação à garantia constitucional de tratamento igualitário sem distinção de qualquer natureza,
a CF estabelece que
A) homens e mulheres sejam iguais em direitos, ressalvadas hipóteses de vulnerabilidade da mulher
quanto às obrigações.
B) votos de analfabetos são facultativos e, em razão da condição particular desse grupo, não têm o
mesmo caráter de sigilo dos votos dos demais cidadãos.
C) a igualdade perante a lei seja garantida aos estrangeiros residentes no Brasil, desde que
naturalizados, e aos brasileiros.
D) haja igualdade de direitos entre trabalhador com vínculo empregatício permanente e trabalhador
avulso.
E) sejam assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos todos os direitos previstos para os
trabalhadores urbanos e rurais.

03) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - João Pessoa - PB Prova: CESPE - 2018 - PGM - João
Pessoa - PB - Procurador do Município
A reforma trabalhista aprovada em 2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e
condicionou seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados ao sindicato. De acordo
com o entendimento do STF, a referida reforma é
A) incompatível com a CF, uma vez que fere a autonomia sindical.
B) incompatível com a CF, uma vez que é necessária lei específica para a concessão de benefício

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

fiscal.
C) incompatível com a CF, pois, por tratar de normas gerais de direito tributário, o assunto deveria
ser regulamentado por lei complementar.
D) compatível com a CF, porque assegura a livre associação profissional ou sindical.
E) compatível com a CF, porquanto o poder público é livre para interferir no sistema de organização
sindical.

04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Investigador de
Polícia
Entre os direitos sociais previstos pela Constituição Federal de 1988 (CF) inclui-se o direito à
A) amamentação aos filhos de presidiárias.
B) moradia.
C) propriedade.
D) gratuidade do registro civil de nascimento.
E) assistência jurídica e integral gratuita.

05) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de
Gestão - Administração
Considerando o que dispõe a CF acerca dos direitos sociais, direitos de nacionalidade e direitos
políticos, bem como dos partidos políticos, julgue o item subsequente.

Por imposição de lei, se um órgão estadual for criado, os servidores ocupantes de cargo efetivo
desse órgão poderão, desde que com prévia autorização do órgão estatal competente, fundar
sindicato.

06) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de
Gestão - Julgamento
Com relação aos direitos sociais, aos direitos de nacionalidade, aos direitos políticos e aos partidos
políticos, julgue o próximo item.

O transporte e o lazer são direitos sociais expressamente previstos na CF.

07) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: INSS Prova: CESPE - 2016 - INSS - Analista do Seguro
Social - Serviço Social
Com referência à CF e às políticas de seguridade, julgue o item subsecutivo.

O artigo da CF que prevê os direitos sociais, em consonância com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948, ainda que represente uma conquista, deixou de contemplar o direito
básico à moradia ao cidadão brasileiro.

08) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: INSS Prova: CESPE - 2016 - INSS - Analista do Seguro
Social - Serviço Social
Julgue o item a seguir, que se referem aos direitos e garantias fundamentais previstos na CF e à

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

administração pública.

Recentemente, o transporte foi incluído no rol de direitos sociais previstos na CF, que já
contemplavam, entre outros, o direito à saúde, ao trabalho, à moradia e à previdência social, bem
como a assistência aos desamparados.

09) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2016 - DPU - Técnico em Assuntos
Educacionais
Acerca dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o disposto na Constituição Federal de
1988 (CF), julgue o próximo item.

A cláusula de reserva do possível refere-se à possibilidade material de o poder público concretizar


direitos sociais e constitui, em regra, uma limitação válida à implementação total desses direitos.

10) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Provas: CESPE - 2015 - STJ - Conhecimentos Básicos
para o Cargo 1
No que concerne aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil e aos direitos
fundamentais, julgue o próximo item.

O princípio da unicidade, que veda a criação, na mesma base territorial, de mais de uma
organização sindical representativa de mesma categoria profissional, não alcança entidades que, no
âmbito de um mesmo município, mas em bairros distintos, representem mesma profissão.

11) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Provas: CESPE - 2015 - STJ - Conhecimentos Básicos
para o Cargos 3 e 14
No que concerne aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil e aos direitos
fundamentais, julgue o próximo item.

A garantia do mínimo existencial, que decorre da proteção constitucional à dignidade da pessoa


humana, restringe a invocação da reserva do possível como óbice à concretização do acesso aos
direitos sociais.

GABARITO: 1) C; 2) D; 3) D; 4) B; 5) E; 6) C; 7) E; 8) C; 9) C; 10) E; 11) C.

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 54, de 2007)
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional
de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

QUESTÕES DE CONCURSOS – CESPE

NACIONALIDADE (Art. 12 e 13) - Questões de concursos - CESPE


01) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da
Receita Estadual - Bloco II

Felipe é brasileiro naturalizado e foi morar no Japão, onde se casou com Júlia, uma mexicana. Quando Júlia
estava a serviço de seu país na Alemanha, nasceu Alberto, filho do casal, que não foi registrado no consulado
brasileiro nem no mexicano. Aos vinte anos de idade, Alberto veio para o Brasil, onde instaurou residência e,
ato contínuo, optou pela nacionalidade brasileira.

Nessa situação hipotética, no que diz respeito à nacionalidade, a CF estabelece que Alberto

A) é alemão e brasileiro, tendo obrigatoriamente dupla nacionalidade.

B) é brasileiro naturalizado.
37
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

C) é brasileiro nato.

D) não pode optar pela nacionalidade brasileira por não estar residindo, sem condenação penal, há mais de
quinze anos ininterruptos no Brasil.

E) é alemão, brasileiro e mexicano, tendo obrigatoriamente cidadania múltipla.

02) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito
Criminal Federal - Conhecimentos Básicos - Todas as Áreas . Com relação aos direitos e às garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.

Ainda que, em regra, inexista distinção entre brasileiros natos e naturalizados, o cargo de oficial das Forças
Armadas só poderá ser exercido por brasileiro nato.

03) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: IPHAN Prova: CESPE - 2018 - IPHAN - Auxiliar Institucional - Área
1. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.

Situação hipotética: João, cuja mãe é brasileira e cujo pai é espanhol e mora em Londres, nasceu em país
estrangeiro e não foi registrado em repartição brasileira competente. Hoje, aos 21 anos de idade, ele reside no
Brasil e pretende requerer a nacionalidade brasileira. Assertiva: Nesse caso, poderá ser conferida a João a
condição de brasileiro nato.

04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Agente de Inteligência. Julgue o
item seguinte, relativo ao direito de nacionalidade.

Os indivíduos que possuem multinacionalidade vinculam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade


primária: o direito de sangue e o direito de solo.

05) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2018 - STJ - Analista Judiciário - Judiciária

Em relação aos direitos e às garantias fundamentais e às funções essenciais à justiça, julgue o item a seguir,
considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.

Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, brasileiro nato que tiver perdido a nacionalidade
poderá ser extraditado.

06) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Agente de Inteligência. Julgue o
item seguinte, relativo ao direito de nacionalidade.

Considera-se hipótese excepcional de quase nacionalidade aquela que depende tanto da manifestação da
vontade do estrangeiro quanto da aquiescência do chefe do Poder Executivo.

07) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Agente de Inteligência. Julgue o
item seguinte, relativo ao direito de nacionalidade.

Filho de brasileiros nascido no estrangeiro que opte pela nacionalidade brasileira não poderá ser extraditado,
uma vez que os efeitos dessa opção são plenos e têm eficácia retroativa.

08) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRE-PE Prova: CESPE - 2017 - TRE-PE - Analista Judiciário - Área
Administrativa. O brasileiro naturalizado

A) poderá ocupar o cargo de presidente do Senado Federal.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

B) poderá ocupar o cargo de ministro de Estado da Defesa.

C) não poderá ocupar cargo da carreira diplomática.

D) perderá a nacionalidade brasileira no caso de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei


estrangeira.

E) poderá ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.

09) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO -
Analista Judiciário - Área Judiciária. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na
Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.

Brasileiro naturalizado que tiver praticado crime comum antes da sua naturalização poderá ser extraditado.

10) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2017 - DPU - Defensor Público Federal. A
respeito de nacionalidade, julgue o item a seguir.

Brasileiro nato que, tendo perdido a nacionalidade brasileira em razão da aquisição de outra nacionalidade,
readquiri-la mediante o atendimento dos requisitos necessários terá o status de brasileiro naturalizado.

11) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de Gestão –
Administração. Considerando o que dispõe a CF acerca dos direitos sociais, direitos de nacionalidade e
direitos políticos, bem como dos partidos políticos, julgue o item subsequente.

Situação hipotética: Cláudio, brasileiro nato, por interesse exclusivamente pessoal, residiu em país
estrangeiro, onde teve um filho com uma cidadã local. Assertiva: Nessa situação, segundo a CF, o filho de
Cláudio poderá ser considerado brasileiro nato, ainda que não venha a residir no Brasil.

12) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de Gestão –
Julgamento. Com relação aos direitos sociais, aos direitos de nacionalidade, aos direitos políticos e aos
partidos políticos, julgue o próximo item.

Estrangeiro que resida no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não tenha condenação penal poderá
tornar-se, após requerimento, brasileiro naturalizado e, nessa condição, candidatar-se a deputado federal ou
senador, mas, se eleito, estará impedido de presidir a casa legislativa à qual pertencer.

GABARITO: 1) C; 2) C; 3) C; 4) C; 5) C; 6) E; 7) C; 8) C; 9) C; 10) E; 11) C; 12) C.

01) Brasileiros natos e naturalizados são equiparados para todos os efeitos, dado o princípio da isonomia,
conforme o qual todos são iguais perante a lei.

02) É permitida a extradição de brasileiros naturalizados, respeitadas as condições previstas na CF.

03) A naturalização é concedida exclusivamente a portugueses tutelados pelo Estatuto da Igualdade, caso
haja reciprocidade em favor dos brasileiros.

04) Aos portugueses com residência permanente no país, serão atribuídos os direitos inerentes a brasileiro
nato.

05) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que cometer crime contra a vida do presidente da
República.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

06) Considera-se brasileiro naturalizado o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro e mãe estrangeira, se o pai
estiver a serviço da República Federativa do Brasil.

07) Não será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver reconhecida outra nacionalidade
originária, por lei estrangeira.

08) Ao estrangeiro, naturalizado brasileiro, é vedado ser Senador da República.

09 Aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros natos.

10) A Constituição consagra sistema de direito de nacionalidade que a assegura a nacionalidade brasileira a
todos quantos nascerem no Brasil.

12) O brasileiro que adquirir outra nacionalidade perde, inevitavelmente, a nacionalidade brasileira.

13) Dentre os cargos privativos de brasileiro nato encontram-se os de oficial das forças armadas, da carreira
diplomática, os de Ministro de Estado e os de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

14) Todos os brasileiros são nacionais, muito embora nem todos possam ser chamados de cidadãos.

15) Os portugueses submetidos ao estatuto da igualdade equiparam-se aos brasileiros naturalizados.

16) A lei poderá estabelecer novas distinções entre brasileiros natos e naturalizados.
17. A Constituição proíbe a extradição do brasileiro, seja nato ou naturalizado.

18) Maria é brasileira, funcionária da Petróleo Brasileiro S.A. — Petrobras, e casada com João, também
brasileiro. Foi enviada grávida à Itália, juntamente com sua equipe de trabalho, para tratar de assuntos
profissionais do interesse da Petrobras. Ao chegar a Roma, Maria teve complicações na gravidez e deu à luz
prematuramente a seu filho Mário, que sobreviveu. De acordo com as disposições constitucionais relativas a
direitos da nacionalidade, esse filho de João e Maria será brasileiro nato.

19) São símbolos do Estado federal brasileiro a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais, podendo os
estados-membros, o Distrito Federal (DF) e os municípios adotar símbolos próprios.

20) Os estrangeiros somente não gozarão dos mesmos direitos assegurados aos brasileiros quando a própria
Constituição autorizar a distinção, tendo-se presente o princípio de que a lei não deve distinguir entre
nacionais e estrangeiros quanto à aquisição e ao gozo dos direitos civis.

21) O cargo de tenente do Exército somente pode ser ocupado por brasileiro nato.

22) Somente o brasileiro nato pode ocupar cargo de servidor público dos tribunais de justiça dos estados, à
exceção do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos territórios.

23) Com a Emenda Constitucional n.º 36/2002, a situação jurídica de brasileiros natos e naturalizados, no
que se refere à propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, foi
igualada.

DOS DIREITOS POLÍTICOS

São os direitos que possibilitam a participação da vida política de um país, de participar da


formação da vontade nacional. Sob este prisma, incluem os direitos de votar e ser votado, bem
40
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

como de outros direitos, a exemplo da iniciativa popular e da propositura da ação popular.


Na obra para concursos públicos denominada Direito Constitucional Esquematizado, Pedro
Lenza ensina que: “Os direitos políticos nada mais são que instrumentos por meio dos quais a CF garante
o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa
pública, seja direta, seja indiretamente.”
Como introdução ao tema, Lenza ainda divide os regimes democráticos em três espécies:
• Democracia direta, em que o povo exerce por si o poder, sem intermediários, sem representantes.
• Democracia representativa, na qual o povo, soberano, elege representantes, outorgando-lhe
poderes, para que, em nome deles e para o povo, governem o país.
• Democracia semidireta ou participativa, um sistema híbrido, uma democracia representativa, com
peculiaridades e atributos da democracia direta.

DIREITO DE SUFRÁGIO

O direito de sufrágio se caracteriza tanto pela capacidade eleitoral ativa (direito de votar,
capacidade de ser eleitor, alistabilidade) como pela capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado,
elegibilidade). O exercício da capacidade eleitoral ativa ocorre pelo voto, enquanto que a capacidade
eleitoral passiva nada mais é que a possibilidade de ser eleito, concorrendo a um mandato eletivo.

CF/88
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
I - plebiscito;
II – referendo;
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
III - iniciativa popular.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

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Direito Constitucional

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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_____________________________
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território,
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

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Direito Constitucional

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§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 4, de 1993)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas
em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina
e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento)
dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo
de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

QUESTÕES DE CONCURSOS – CESPE

01) Rômulo, brasileiro nato, com vinte anos de idade completados neste ano de 2014, empresário, residente
na cidade de São Luís, filiado a determinado partido político, pretende concorrer a um cargo político no
pleito eleitoral deste ano de 2014. Nos termos preconizados pela Constituição Federal, havendo eleições este
ano para os cargos de Presidente, Vice-Presidente, Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal
e Deputado Estadual, Rômulo poderá concorrer a todos os cargos.

02) Ygor Marcello, 18 anos, nascido em São Paulo, reside em Belo Horizonte, onde é famoso como cantor
de pagode, além de admirado, por seu dinamismo, entre os colegas do quartel em que presta o serviço militar
obrigatório. Pretende se candidatar a vereador na capital mineira. Conforme determina a Constituição
federal, Ygor não é elegível por se encontrar conscrito.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

03) Considere a seguinte situação hipotética: Em uma reunião política do Partido X encontram-se Sinésio, 22
anos de idade; Vitor, 33 anos de idade; Bianca, 36 anos de idade e Gabriela, 30 anos de idade. O referido
partido discute a candidatura aos cargos de Deputado Estadual e Deputado Federal. Neste caso, dentre as
pessoas mencionadas, no tocante ao requisito idade mínima, todas podem concorrer a ambos os cargos.

04) Considere as seguintes situações hipotéticas: Regiane é Governadora do Estado de Rondônia e Fabrício é
prefeito da cidade de São João da Baliza. Regiane e Fabrício pretendem se candidatar ao cargo de Presidente
da República. Nestes casos, de acordo com a Constituição Federal brasileira, Regiane e Fabrício deverão
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

05) Nos termos da Constituição Federal de 1988, a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e
iniciativa popular.

06) O alistamento eleitoral é facultativo para os analfabetos.

07) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro de um ano anterior ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

08) O militar alistável é elegível, sendo que, se contar menos de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade, e, se
contar mais de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade.

09) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
Diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

10) O Governador de determinado Estado pretende candidatar-se à reeleição para o cargo, também almejado
pelo Prefeito de um Município. Considerando que ambos estão em exercício de primeiro mandato, e de
acordo com as regras constitucionais sobre inelegibilidade, o Governador poderá ser candidato à reeleição,
independentemente de renunciar a seu mandato, mas o Prefeito somente poderá candidatar-se a Governador
caso renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito.

11) O regime constitucional dos partidos políticos assegura a participação nas eleições após a aquisição de
sua personalidade jurídica, o que se dá mediante registro no Tribunal Superior Eleitoral.

12) O regime constitucional dos partidos políticos possibilita a formação de agremiações com caráter
regional, voltadas à defesa de interesses dos cidadãos de um conjunto definido de estados da federação.

13) O partido político PAAEE só poderá registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral após adquirir
personalidade jurídica, na forma da Lei civil.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

14) São brasileiros natos os que, na forma da lei, adquirem a nacionalidade brasileira, sendo exigida aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto em território nacional e
idoneidade moral.
TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração
ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

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Direito Constitucional

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II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a
órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira
por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua
ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Art. 21. Compete à União:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira,
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
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Direito Constitucional

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telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 8, de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios
e a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
(Produção de efeito)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as
secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso; (Regulamento)
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios
nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos
de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

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Direito Constitucional

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XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;


XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma
associativa.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da
Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das
polícias militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o

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Direito Constitucional

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disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art.
173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas
das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos
setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;

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Direito Constitucional

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V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos
forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados
Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá
em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública
direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV
e V. (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei
de iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
____________________________________________________
CAPÍTULO IV

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

Dos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
direto e simultâneo realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
de duzentos mil eleitores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
(...)
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco
por cento da receita do Município; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto
nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os
membros da Assembléia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do
inciso IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal; (Renumerado do inciso
X, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do inciso XI,
pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do inciso
XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
(...)
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25,
de 2000)

53
Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional


nº 25, de 2000)
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
2000)
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000)
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1 o
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

CAPÍTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Seção I
DO DISTRITO FEDERAL
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados
Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar
e do corpo de bombeiros militar.
Seção II
DOS TERRITÓRIOS
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio
do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma
desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua
competência deliberativa.

QUESTÕES DE CONCURSOS – CESPE

01) 2018. Técnico do MPU – Administração. A respeito da organização político-administrativa do


Estado brasileiro e da administração pública, julgue o item seguinte.
Legislar sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente compete concorrentemente à União, aos
estados e ao Distrito Federal.
02) 2018. MPU. A respeito da organização político-administrativa do Estado brasileiro e da
administração pública, julgue o item seguinte.
Caso não exista lei federal que disponha normas gerais relativas a tecnologia, os estados poderão
exercer a competência legislativa plena, necessária ao atendimento de suas peculiaridades.
03) 2018 IPHAN. Julgue o item seguinte, a respeito da organização do Estado e da administração
pública.
No sistema presidencialista adotado no Brasil, o presidente, que, em regra, é escolhido pelo povo,
governa por um prazo fixo e determinado e assume a chefia de Estado e de governo.
04) 2018 IPHAN. A partir da Segunda Guerra Mundial, movimentos internacionais surgiram em prol da
proteção dos patrimônios no mundo. A preocupação com a proteção do patrimônio mundial, cultural e

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Direito Constitucional

Lucas Braga Netto

natural incluía a preservação dos sítios culturais e a conservação da natureza. Tendo em vista os marcos
internacionais e nacionais da preservação, incluindo-se convenções, decreto-lei e a Constituição
Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte.
Segundo a CF, compete somente à União a proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico brasileiro.
05) 2018 IPHAN. Com relação à organização político -administrativa da República Federativa do
Brasil, julgue o item subsecutivo.
É inconstitucional a parceria entre Estado e entidade religiosa que promova educação de jovens e
adultos em periferias de uma grande cidade, em razão de dispositivo constitucional que veda essa
aliança.
06) 2018 IPHAN. Com relação à organização político -administrativa da República Federativa do
Brasil, julgue o item subsecutivo.
Para que um estado seja incorporado a outro, é necessária consulta prévia à população dos dois estados,
por meio de plebiscito.
07) 2018 STM. Julgue o item seguinte, relativo ao direito e garantias fundamentais, ao meio ambiente e
à organização político-administrativa.
Em caso de iminente perigo e em tempo de guerra, compete privativamente à União legislar sobre
requisições militares.
08) 2017 TRF - 1ª REGIÃO Técnico Judiciário - Área Administrativa. A respeito da organização
político-administrativa dos entes federados, julgue o item que se segue.
É competência comum da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal legislar sobre
normas gerais de licitação para a administração pública direta.
09) A respeito da organização político-administrativa dos entes federados, julgue o item que se segue.
Compete privativamente à União legislar sobre desapropriação.
10) 2016 ANVISA. Acerca da CF, julgue o item seguinte.
Nos termos da CF, um ente federativo terá o direito de secessão, isto é, de desagregar-se da Federação,
seja em caso de crise institucional, seja por decisão da população diretamente interessada, mediante
plebiscito.
11) 2016 ANVISA. No que se refere à organização político-administrativa do Estado, julgue o próximo
item.
Apesar de não possuírem sua própria Constituição, os municípios, em simetria com os estados,
desempenham as funções dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, em razão da autonomia
administrativa estabelecida no texto da CF.
12) 2016 ANVISA. No que se refere à organização político-administrativa do Estado, julgue o próximo
item.
Em caso de desmembramento de município, faz-se necessária consulta por meio de plebiscito, tanto à
população do território remanescente como, também, à daquele a ser desmembrado.
13) 2016 CESPE Técnico Administrativo. No que se refere à organização político -administrativa do
Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: O estado de Minas Gerais editou norma geral sobre matéria de competência
concorrente, ante a ausência de norma geral editada pela União. Todavia, meses depois, a União
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Direito Constitucional

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promulgou lei estabelecendo normas gerais acerca da matéria. Assertiva: Nessa situação, a lei estadual
terá sua eficácia suspensa naquilo que for contrária à lei federal.
14) 2016 TCE-PA. A respeito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, julgue o
item subsecutivo.
O estado do Pará pode explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, não podendo a regulamentação da exploração ocorrer por meio de medida provisória.
15) 2015 TRE-GO. Julgue o item subsecutivo, referentes aos direitos políticos e à organização político -
administrativa do Estado brasileiro.
É competência privativa da União legislar acerca do direito eleitoral.
16) 2014. Acerca da organização político-administrativa e da administração pública, julgue o próximo
item.
Não há previsão constitucional para a iniciativa popular de leis no processo legislativo estadual.
17) 2018 MPE-PI Analista Ministerial - Área Processual. Acerca de normas processuais, atos
processuais, tutela provisória e atuação do Ministério Público no processo civil, julgue o item
subsequente.
Os estados-membros têm competência para editar normas a fim de estabelecer procedimentos em
matéria processual, podendo se basear em peculiaridades locais para legislar nessa situação.
18) 2018 Instituto Rio Branco. Com relação à classificação da Constituição, à competência dos entes
federativos, ao ato jurídico e à personalidade jurídica, julgue (C ou E) o item que se segue.
Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre cidadania e
naturalização, limitando-se a União a estabelecer normas gerais e os demais entes a legislar em caráter
suplementar.
19) 2018- Cargos de Nível Superior. Com referência à organização do Estado, julgue o item a seguir.
O município de São Luís, no estado do Maranhão, é competente para organizar serviços públicos de
interesse local; entretanto, se esses serviços forem de transporte coletivo, tal competência ser á da
União.
20) 2018 ABIN Oficial Técnico de Inteligência - Área 2. Acerca das normas constitucionais aplicáveis
ao regime federativo brasileiro, julgue o próximo item.
As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras e os terrenos de marinha e seus acrescidos
são bens pertencentes à União.
GABARITO: 1) C; 2) C; 03) C; 04) E; 05) E; 06) C; 07) C; 08) E; 09) C; 10) E; 11) E; 12) C; 13)
C; 14) C; 15) C; 16) E; 17) C; 18) E; 19) E; 20) C

CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - manter a integridade nacional;

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II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;


III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de
2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

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III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da


República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,
se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional
ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.

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QUESTÕES DE CONCURSO - CESPE


01) 2018 MPE-PI . Julgue o item a seguir, relativo à organização administrativa do Estado e aos
poderes da República Federativa do Brasil.
É competência exclusiva do Poder Executivo a suspensão de intervenção federal, mediante decreto
do presidente da República.
02) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus
- AM - Procurador do Município. Conforme regras e interpretação da CF, julgue o item
subsequente, relativo a autonomia municipal e intervenção de estado-membro em município.
Diante de descumprimento de princípios indicados na Constituição estadual, poderá o TCE/AM dar
provimento a representação a fim de assegurar a observância de tais preceitos através de
intervenção do estado-membro no município.
03) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário -
Área Judiciária. Tendo em vista a organização do Estado e o fato de que o texto constitucional
prevê a possibilidade de determinados órgãos do Poder Judiciário requisitarem ao presidente da
República intervenção federal no caso de desobediência à ordem ou à decisão judiciária, julgue o
item seguinte.
De acordo com a vigente Constituição, cabe ao Superior Tribunal Militar requisitar intervenção da
União quando outra unidade federativa criar óbice ao cumprimento de decisão de qualquer órgão da
justiça militar.
04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário -
Área Judiciária. Tendo em vista a organização do Estado e o fato de que o texto constitucional prevê
a possibilidade de determinados órgãos do Poder Judiciário requisitarem ao presidente da República
intervenção federal no caso de desobediência à ordem ou à decisão judiciária, julgue o item
seguinte.
Nos casos de requisição de intervenção federal, o presidente da República estará obrigado a editar o
decreto de intervenção, não lhe cabendo, a despeito da sua condição de chefe do Poder Executivo,
exercer juízo de conveniência ou de oportunidade da providência requerida.
05) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2017 - Instituto Rio
Branco - Diplomata - Prova 1. Acerca das características do Estado, do sistema de governo e da
organização dos poderes na ordem jurídico-constitucional brasileira, julgue (C ou E) o item
subsequente.
Com fundamento na indissolubilidade do pacto federativo, que veda o direito de secessão, o
presidente da República poderá decretar intervenção federal em estado-membro onde esteja em
curso processo que vise a sua separação da Federação brasileira.
06) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE - 2017 -
Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município. Acerca de assuntos relacionados à
disciplina da saúde e da educação na CF, julgue o item que se segue.
É permitida a intervenção do estado nos seus municípios nas situações em que não for aplicado o
mínimo exigido da receita municipal nas ações e nos serviços públicos de saúde.
07) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PGE-AM Prova: CESPE - 2016 - PGE-AM - Procurador do
Estado. Com relação aos mecanismos de defesa da CF e das Constituições estaduais, julgue o item a
seguir.
No caso de representação com vistas à intervenção estadual em município para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição estadual, o provimento do pedido pelo tribunal
de justiça não pode consistir na suspensão da execução do ato normativo impugnado, mesmo que
essa medida baste ao restabelecimento da normalidade.
08) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-SC Provas: CESPE - 2016 - TCE-SC - Conhecimentos
Básicos - Exceto para os cargos 3 e 6. A partir do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o item seguinte.
Decretada a intervenção estadual em município localizado em seu território, em virtude de não

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pagamento imotivado da dívida fundada, da não prestação de contas devida ou da não aplicação do
mínimo exigido na manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas ações e nos serviços públicos
de saúde, ficará o tribunal de contas respectivo impossibilitado de apreciar essas questões nos
processos de sua competência enquanto perdurar a execução da medida, salvo se o decreto de
intervenção estabelecer o contrário.
09) 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-SC Prova: CESPE - 2016 - TCE-SC - Auditor Fiscal de
Controle Externo – Direito. Julgue o item seguinte, relativo ao Poder Judiciário, aos tribunais de
contas (TCs) e à fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
Ante a falta do repasse por parte do Poder Executivo estadual, na forma de duodécimos, dos
recursos correspondentes às dotações orçamentárias garantidas ao tribunal de justiça local, este tem
a prerrogativa constitucional de solicitar diretamente ao presidente da República a intervenção
federal no estado-membro respectivo, com vistas a garantir o livre exercício do Poder Judiciário na
correspondente unidade da Federação.
10) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCE-RN Prova: CESPE - 2015 - TCE-RN – Auditor. Acerca
da organização do Estado brasileiro e da administração pública, julgue o seguinte item.
É motivo de intervenção de estado em município no seu território o não pagamento da dívida
fundada, por dois anos consecutivos, sem motivo de força maior.
11) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: AGU Prova: CESPE - 2015 - AGU - Advogado da União.
Julgue o item seguinte, que se refere ao Estado federal, à Federação brasileira e à intervenção
federal.
No federalismo pátrio, é admitida a decretação de intervenção federal fundada em grave
perturbação da ordem pública em caso de ameaça de irrupção da ordem no âmbito de estado-
membro, não se exigindo para tal fim que o transtorno da vida social seja efetivamente instalado e
duradouro.
12) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: FUB Prova: CESPE - 2015 - FUB – Auditor. No que se refere
à organização político-administrativa do Estado brasileiro, julgue o item seguinte.
A União tem competência para intervir nos estados e no Distrito Federal, mas em nenhuma hipótese
poderá intervir em municípios localizados em estados-membros.
GABARITO: 1) E; 2) E; 3) E; 4) C; 5) C; 6) C; 7) C; 8) E; 9) E; 10) C; 11) E; 12) C.

CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
____________________________________________________________ _______________________

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___________________________________________________________________________________
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;


VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) de deficiência e definirá os
critérios de sua admissão;
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________ ____________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela

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Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento)


Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da


administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exced er o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando -se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e
o sub-sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri -bunal Federal, no
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,


empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Anotações:_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________ ___________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
__________

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a ma nutenção
de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,


observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o
poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade,
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal."
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou
dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei
de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Or gânica,
como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e
Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

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§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e
o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de
origem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo,
emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte
a seus dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja
prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,
emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a
esse regime, no ente federativo de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

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ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

QUESTÕES DE CONCURSOS – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


01) CESPE - 2012 - ANAC - Técnico Administrativo. A CF não previu o direito de greve nem o direito
à livre associação aos servidores públicos.

02) CESPE - 2012 - ANAC - Técnico Administrativo. Conforme o texto constitucional, a administração
pública deverá obedecer aos princípios da eficiência, da publicidade, da moralidade, da impessoalidade
e da legalidade.

03) CESPE - 2012 - ANAC - Técnico Administrativo. Uma das garantias constitucionais do servidor
público é a irredutibilidade dos subsídios e vencimentos, salvo os casos previstos na própria
constituição.

04) CESPE - 2012 - ANATEL - Técnico Administrativo. De acordo com dispositivo expresso da
Constituição Federal, a administração pública deve agir de acordo com o princípio da
proporcionalidade.

05) CESPE - 2012 – ANATEL. Os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de aprovação em concurso público adquirem a estabilidade após três anos de efetivo exercício.

06) CESPE - 2012 – ANCINE. De acordo com as normas constitucionais, se houver compatibilidade de
horários, é possível a acumulação de dois cargos técnicos de natureza administrativa. Em face dessa
permissão constitucional, um servidor poderia, por exemplo, exercer o cargo de técnico administrativo
na ANCINE e em outro órgão público federal.

07) CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa. Alguns dos princípios que
regem a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, como, por exemplo, o da legalidade e o da impessoalidade, estão
expressamente previstos na CF, ao passo que outros, como o da moralidade, constituem princípio s
implícitos.

08) CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário. Servidor público efetivo investido no mandato de
prefeito deve ser afastado do cargo, podendo, no entanto, optar por receber a respectiva remuneração.

09) CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário . O servidor público estável somente perderá o cargo
mediante sentença judicial transitada em julgado.

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10) CESPE - 2010 - ANEEL - Técnico Administrativo - Área 1. Para efeitos de remuneração de pessoal
do serviço público, a CF permite a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias.

11) CESPE - 2011 - PREVIC - Técnico Administrativo – Básicos. Na forma da CF, os atos de
improbidade administrativa importam, entre outras consequências, a suspensão dos direitos políticos e
a indisponibilidade dos bens.

12) CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Técnico Judiciário - Área Administrativa. Segundo
jurisprudência do STF, não é possível a acumulação de proventos de aposentadoria e vencimentos de
um cargo da ativa, ainda que se trate de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade na
forma prevista na CF.

13) CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário - Área Administrativa – Específicos. Legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência são princípios constitucionais que regem a
administração pública, traduzindo-se o princípio da impessoalidade no princípio da finalidade, que
impõe ao administrador público o dever de praticar o ato administrativo apenas para o seu fim legal.

14) CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário - Área Administrativa – Específicos. Os atos de
improbidade administrativa que, nos termos da Constituição Federal, importem na suspensão dos
direitos políticos, na perda da função pública, na indisponibilidade de bens e no ressarcimento ao erário
têm natureza penal.

15) CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo. Para que que uma servidora pública federal, que
exerça o magistério no ensino superior possa reduzir em cinco anos os requisitos de idade para
aposentadoria, ela deverá comprovar tempo de serviço exclusivo nessa função.

16) CESPE - 2010 - ABIN - AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE TECNOLOGIA


DA INFORMAÇÃO. A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta pode ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade.

17) CESPE - 2010 - MPU - Técnico Administrativo. De acordo com a CF, cargos, empregos e funções
públicas são acessíveis somente a brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, não
havendo, portanto, a possibilidade de obtenção de emprego público por estrangeiros.

18) CESPE - 2010 - MPS - Agente Administrativo. O princípio da moralidade administrativa, que deve
reger a atuação do poder público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos
sobre os quais se funda a ordem jurídica do Estado. Nesse contexto, a inobservância do referido
princípio pode configurar improbidade administrativa e acarretar, para o agente público, a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao

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erário, sem prejuízo da ação penal cabível, se sua conduta configurar, também, a prática de ato
tipificado como crime.

19) CESPE - 2010 - INCA - Assistente em Ciência e Tecnologia. É inconstitucional a fixação do prazo
de validade do concurso em um ano e meio.

20) CESPE - 2010 - INCA - Assistente em Ciência e Tecnologia. Os vencimentos pagos aos ocupantes
de cargos do Poder Legislativo e do Poder Executivo não podem ser superiores aos pagos pelo Poder
Judiciário.
21) CESPE - 2010 - INCA - Assistente em Ciência e Tecnologia. Embora o princípio da isonomia não
conste expressamente do rol dos princípios da administração pública insertos na Constituição Federal
(CF), esse princípio deve ser observado no trato da coisa pública, especialmente nos procedimentos
licitatórios.

22) CESPE - 2010 - TRE-BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa De acordo com a
Constituição Federal de 1988, o deputado federal que for investido em cargo de secretário de Estado,
independentemente da pasta que assumir, perderá seu mandato de deputado

23) CESPE - 2010 - TRE-BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa. Acerca das disposições gerais
da administração pública, julgue o item que se segue.
A proibição de acumular cargos públicos estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsid iárias, e sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

24) CESPE - 2009 - TCU - Técnico de Controle Externo - Área Administrativa. Após a aquisição da
estabilidade, o servidor público não pode perder o cargo mediante procedimento de avaliação
periódica.

25) CESPE - 2012 - ANAC - Analista Administrativo. O gestor público que põe o seu nome em
determinado programa social viola o princípio da impessoalidade previsto na CF.

26) CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Administrativa. O texto constitucional
contempla norma de eficácia plena que garante ao servidor público civil e militar o direito à livre
associação sindical.

27) CESPE - 2010 – INSS. Autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista podem ser
criadas por ato do Poder Executivo.

28) CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico – Específicos. Para que um edital de concurso
público possa exigir idade máxima, é necessário que tal exigência esteja devidamente prevista em lei
que regulamente o cargo.

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29) CESPE - 2010 - DETRAN-ES – Advogado. A criação de subsidiárias de empresa pública e de


sociedade de economia mista, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada,
depende de autorização legislativa.

30) CESPE - 2010 - DETRAN-ES – Advogado. As entidades que compõem a administração indireta,
como empresa pública, a sociedade de economia mista, a autarquia e a fundação, somente podem ser
criadas por lei específica.

Seção II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política
de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório
observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada
carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação
entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto
no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subs ídio

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e da remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de
recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e
fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento
e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob
a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos
do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de
função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ _____________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________ ______
__________________________________________________________________________________
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será
aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas
para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na
forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

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ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas,
observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do
respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
________________________________________________________________ ___________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________ ____________
___________________________________________________________________________________
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do
respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios


em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e
5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

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§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV
do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art.
144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________ __
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou
ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

ANOTAÇÕES:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação
às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta


Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de
benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ANOTAÇÕES:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal
auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores
de que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta
por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o
falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente,
o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição
fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive
quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades
sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição
de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social, no
que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

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§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos
ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência
social, ressalvado o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios
somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser
aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no §
3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003)
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo
regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para
os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o
servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária
e que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente,
no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de
um órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento,
observados os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que
trata o § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o
beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vide
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar
federal estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

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I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral de Previdência
Social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos recursos; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
V - condições para instituição do fundo com finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e para
vinculação a ele dos recursos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, observados os princípios relacionados
com governança, controle interno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem atribuições
relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de alíquota de contribuições ordinárias
e extraordinárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo
de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade,
com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de


desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

QUESTÕES DE CONCURSOS - SERVIDORES PÚBLICOS

01) CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Administrativa Se um servidor público ocupar, em
horários compatíveis, dois cargos de professor, ao se aposentar ele deverá optar pela remuneração de
um dos cargos, embora haja previsão constitucional acerca de acumulação remunerada de cargos
públicos.

2) CESPE - 2011 - MEC - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos Ao servidor
ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social.

3) CESPE - 2010 - INCA - Analista em C&T Júnior - Direito - Legislação Pública em Saúde - Como
exemplo do controle de despesas públicas que o constituinte almejou, encontra -se o de que, para a
hipótese de acumulação legal de cargos, será respeitado o teto estabelecido pela CF para o serviço
público.

4) CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Analista Judiciário - Área Administrativa - A CF
autoriza a acumulação remunerada de dois cargos de técnico -administrativo, desde que haja
compatibilidade de horários e seja observado o teto constitucional da remuneração do serviço público.

5) CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Técnica Legislativa - Servidor
público eleito para o cargo de vice-prefeito poderá continuar recebendo salário, vencimento e demais
vantagens de seu cargo de servidor, além do vencimento do cargo para o qual foi eleito.

6) CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo - Auditoria de Obras Públicas - O
servidor público estável pode ser demitido mediante processo administrativo que lhe assegure ampla
defesa, mesmo quando pendente o julgamento da ação penal ajuizada para apuração do mesmo fato.

7) CESPE - 2012 - TJ-RR - Administrador - É inconstitucional a edição de lei criadora de cargos em


comissão que não estejam relacionados a atribuições de direção, chefia e assessoramento superior, em
virtude de violar o princípio do concurso público para a investidura em cargo público.

8) MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Servidores concursados, nomeados para cargos
de provimento efetivo, estáveis após três anos de efetivo exercício de suas funções, somente perderão o
cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

9) CESPE - 2013 - TRE-MS - Analista Judiciário - Área Administrativa De acordo com o regime
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constitucional da administração pública, assinale a opção correta.


a) O servidor público que estiver no exercício de mandato eletivo de deputado estadual ficará afastado
do seu cargo, desde que haja incompatibilidade de horários entre os dois cargos.
b) A criação de autarquias e fundações públicas independe de lei.
c) As parcelas de caráter indenizatório serão desconsideradas para efeito do cumprimento do teto
constitucional remuneratório.
d) Aplica-se o regime geral de previdência social ao servidor público federal que ocupe cargo público
efetivo.
e) A Constituição veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria a servidores públicos portadores de deficiência.
10) CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil Em caso de extinção do cargo que ocupa, o servidor
estável possui o direito de ficar em disponibilidade até a sua reintegração em outro cargo.
11) CESPE - 2010 - DETRAN-ES – Advogado - A remuneração e o subsídio dos agentes públicos
somente podem ser fixados ou alterados por lei específica.
12) CESPE - 2011 - PC-ES - Delegado de Polícia - Específicos - A CF assegura ao servidor público a
revisão geral anual de sua remuneração ou subsídio mediante lei específica de iniciativa do chefe do
Poder Executivo e estabelece o direito à indenização na hipótese de não cumprimento da referida
determinação constitucional.
13) CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO - De
acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF), podem ser estabelecidos, por meio de lei
complementar, requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria dos servidores
públicos portadores de deficiência.
14) CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário – Taquigrafia - Aos servidores titulares de cargos
efetivos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, incluídas suas autarquias e
fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas.
15) CESPE - 2012 - ANCINE - Técnico Administrativo Os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de aprovação em concurso público adquirem a estabilidade após três
anos de efetivo exercício.
16) CESPE - 2008 - INSS - Analista do Seguro Social - Direito O servidor que ocupa apenas cargo
temporário de livre nomeação e exoneração, ao se aposentar, estará sujeito ao regime geral de
previdência social.
17) CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Técnico Judiciário - Área Administrativa - No que se
refere ao regime de previdência de caráter contributivo e solidário assegurado aos servidores públicos,
o tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria, e o
tempo de serviço correspondente, para efeito de disponibilidade.
18) CESPE - 2008 - STJ - Analista Judiciário - Área Administrativa - Caso um servidor público federal
responda a processo administrativo disciplinar sem a participação de advogado, nesse caso, n ão haverá
nulidade por violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório.
19) CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo - Servidor público federal cujas atividades sejam
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física pode ter critérios

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diferenciados para a concessão de aposentadoria.


20) CESPE - 2010 - MS - Técnico de Contabilidade - Os proventos de aposentadoria e as pensões,
quando forem concedidos, não podem exceder a remuneração do respectivo servidor, no carg o efetivo
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
21) CESPE - 2008 - MTE - Agente Administrativo - Mesmo que um servidor público federal possua
regime próprio de previdência social, ele poderá ser contribuinte facultativo do regime geral de
previdência social.
22) CESPE - 2009 - TCU - Técnico de Controle Externo - Área Administrativa - Após a aquisição da
estabilidade, o servidor público não pode perder o cargo mediante procedimento de avaliação
periódica.

TÍTULO V
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
CAPÍTULO I
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Seção I
DO ESTADO DE DEFESA

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar
estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz
social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem
abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos
danos e custos decorrentes.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual
período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

§ 3º Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao
juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de
sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder
Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

Seção II
DO ESTADO DE SÍTIO

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o
estado de defesa;

II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação,
relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas
específicas e as áreas abrangidas.

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§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada
vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada
estrangeira.

Anotações:___________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________

§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal,
de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.

§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.

Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas
as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________ _____
____________________________________________________

Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

Seção III
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus
membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade
pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.

Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências
adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e
da ordem.

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§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das
Forças Armadas.

§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

Anotações:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em
lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e
asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e,
juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de
1998)

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no
art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
77, de 2014)

III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não
eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o
tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento,
contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
18, de 1998)

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de
tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de
1998)

VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e
XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c"; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)

IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de 19.12.2003)


X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais
dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos
internacionais e de guerra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados,
alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política,
para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. (Regulamento)

§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.(Regulamento)

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DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO – QUESTÕES


01) TCE-RN Prova: Auditor. A respeito da defesa do Estado e das instituições democráticas, do sistema tributário
nacional e das finanças públicas, julgue o próximo item.
A decretação de estado de sítio pode importar na restrição de direitos fundamentais como o direito de reunião, de
propriedade e de inviolabilidade da correspondência.
02) SEGESP-AL Técnico Forense. Considerando as disposições da CF acerca da defesa do Estado, das instituições
democráticas e a segurança pública, julgue os itens subsequentes.
Diferentemente do que ocorre na decretação do estado de defesa, a decretação do estado de sítio pelo presidente da
República depende de prévia e expressa autorização do Congresso Nacional.
03: DPE-DF Defensor Público. Julgue o item abaixo, a respeito da defesa do Estado e das instituições democráticas.
A decretação do estado de sítio, medida excepcional, pode ocorrer tanto em caso de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira, quanto de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa.
04) TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO)Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
O estado de sítio é medida mais branda de defesa do Estado e das instituições democráticas e, diferentemente do estado
de defesa, não exige autorização prévia do Congresso Nacional para que possa ser decretado pelo presidente da
República.
05) TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO)Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
O Congresso Nacional deixará de funcionar enquanto vigorar o estado de defesa.
06) TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO)Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
O estado de defesa e o estado de sítio são medidas excepcionais previstas no texto constitucional e visam à restauração
da ordem em momentos de crise.
07) ANPP Especialista em Regulação.
Admite-se a suspensão do direito de reunião quando o estado de sítio estiver vigente.
08) DETRAN-DF: Todos os Cargos.
Caso a ordem pública e a paz social estejam ameaçadas por grave instabilidade social em certa localidade da região
Sudeste brasileira, em razão de calamidade pública, será lícito à União decretar estado de defesa por um período máximo
de seis meses.
09) TRT - 16ª REGIÃO (MA)Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
O estado de sítio é a medida utilizada pelo presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de
Defesa, para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades naturais de grandes proporções.
10) TRT - 16ª REGIÃO (MA)Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
Na hipótese de o Brasil passar por comoção grave de repercussão em todo o território nacional ou de haver declaração
de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, o presidente da República pode, ouvidos o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar estado de defesa.
GABARITO: 01) C; 2) C; 3) C; 04) E; 05) E; 06) C; 07) C; 08) E; 09) E; 10) E

CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;

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IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade
federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do
Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital,
aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de
2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades


previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

QUESTÕES - SEGURANÇA PÚBLICA


01) ABIN Oficial Técnico de Inteligência - Área 2. Com relação à defesa do Estado e das instituições
democráticas, julgue o item que se segue.
A exclusividade atribuída pela Constituição Federal de 1988 à Polícia Federal para o exercício das
funções de polícia judiciária da União impede a realização de atividade de investigação criminal pelo
Ministério Público.
02) ABIN Oficial Técnico de Inteligência – Conhecimentos. Julgue o item que se segue, relativo ao
Poder Legislativo e à defesa do Estado e das instituições democráticas.
O policiamento naval é atribuição privativa da Marinha de Guerra, atividade de natureza meramente
militar.
03) ABIN Oficial Técnico de Inteligência - Área 2. Com relação à defesa do Estado e das instituições
democráticas, julgue o item que se segue.
É permitida aos municípios a criação de guardas municipais para a proteção de seus bens, serviços e
instalações, inclusive com a atribuição de poder de polícia de trânsito.
04) ANVISA Técnico Administrativo Ainda de acordo com a CF, julgue o seguinte item.
A segurança pública é direito de todos, e, nesse sentido, incumbe à polícia civil a função de polícia
judiciária da União.
05) Câmara dos Deputados: Analista Legislativo. Julgue o item seguinte , que tratam das relações
entre as Forças Armadas e as forças auxiliares.
A Constituição Federal estabelece como forças auxiliares e reserva do Exército as polícias e os corpos
de bombeiros.
06) Em relação aos Poderes Legislativo e Executivo e à segurança pública, julgue o item que se segue.
O objetivo fundamental da segurança pública, exercida por meio das polícias federal, rodoviária
federal, civis, militares e dos corpos de bombeiros militares, é a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio.
07) Acerca das disposições constitucionais relativas à segurança pública, julgue os itens a seguir.

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A Força Nacional de Segurança Pública, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal são órgãos
destinados ao exercício da segurança pública no Brasil.
08) PC-DF: Agente de Polícia. Julgue o item abaixo, que versa sobre a organização da segurança
pública.
As polícias civis, às quais incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, subordinam-se aos governadores dos
estados, do DF e dos territórios.
09) CESPE PC-AL: Delegado de Polícia.
Os corpos de bombeiros militares e as polícias militares são forças auxiliares do Exército, não se
subordinando aos governadores de estado.
10) PC-AL: Delegado de Polícia.
A segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, sendo exercida pela
polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, pol ícias militares e
corpos de bombeiros militares.
11) Polícia Federal: Agente da Polícia Federal. Considerando as disposições constitucionais acerca de
segurança pública, julgue os itens a seguir.
A Polícia Federal, as polícias militares e os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e
reserva do exército.
12) TC-DF: Auditor de Controle Externo.
O direito à livre associação sindical é aplicável ao servidor público civil, mas não abrange o servidor
militar, já que existe norma constitucional expressa que veda aos militares a sindicalização e a greve.

GABARITO: 01) E; 02) E; 03) C; 04) e; 05) E; 06) C; 07) E; 08) C; 09) E; 10) C; 11) E; 12)

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

De acordo com a teoria da tripartição dos poderes, estes se dividem em três: Executivo, Legislativo e
Judiciário, os quais deverão ser harmônicos e independentes entre si. Quando a Constituição disciplinou a organização
dos Poderes, o faz pressupondo a existência de vários. Entretanto, diversos doutrinadores afirmam ser o poder político
do Estado uno e indivisível. Para estes, o que se divide não é o poder, mas as funções estatais básicas, atribuídas que são
a órgãos independentes e especializados. Nesse diapasão, o sistema de separação de Poderes é uma divisão funcional do
poder político do Estado. A separação dos Poderes tem por finalidade evitar a concentração nas mãos de uma só pessoa,
circunstância que, invariavelmente, conduz ao abuso de poder, tão vigente no Estado Absolutista, atacado que fora pela
tese separatista. A consagração dessa tese passa pela compreensão de que são três as funções estatais básicas:
legislativa, executiva e judiciária. Cumpre ressaltar, ainda, que a separação dos Poderes não é rígida, posto que vige um
sistema de interferências recíprocas - denominado de sistemas de freios e contrapesos ou checks and balances -,
consistente no fato de que cada Poder exerce suas competências, todavia, também controla o exercício dos demais
Poderes.

PODER LEGISLATIVO

O Poder Legislativo possui funções próprias ou típicas: a elaboração legislativa e a fiscalização. Atipicamente
podemos vislumbrar as atividades de administração e de julgamento. A função legislativa objetiva a elaboração de leis,
isto é, normas gerais e abstratas a serem seguidas por todos. A atividade de fiscalização, por alguns denominada
controle, implica na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo. Essa
fiscalização deve ser exercida através:

1) de um contínuo controle externo dos recursos públicos, o que deve ser feito com o auxílio do TCU e de uma

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Comissão Mista Permanente de Orçamento;

2) da convocação de Ministros para esclarecimentos sobre assuntos da pasta;

3) da instalação de CPI's, com poderes investigatórios próprios das autoridades judiciais e remessa dos resultados ao
Ministério Público para a promoção das responsabilidades penais e civis dos infratores. Lembrar que a CPI não
desempenha atividade julgadora, mas investigativa; ademais, sua criação depende da assinatura de 1/3 dos Senadores,
1/3 dos Deputados Federais ou de ambos.

De maneira atípica, o Poder Legislativo está imbuído de dispor sobre sua organização e operacionalidade
interna; sobre provimentos de cargos, promoção de servidores (função administrativa). Na esteira da atipicidade, ainda
encontramos o processo e julgamento do Presidente da República e outras altas autoridades federais em relação aos
crimes de responsabilidade. Nessa perspectiva, compete à Câmara dos Deputados autorizar a instauração do processo
nas hipóteses de crimes comuns e de responsabilidade, e ao Senado Federal, processar e julgar a acusação no processo
de impeachment.

Composição do Poder Legislativo

É exercido pelo Congresso Nacional, o qual é bicameral, uma vez que é composto pelo Senado Federal e pela
Câmara dos Deputados. Nosso bicameralismo representativo indica que o CN é composto de representantes dos Estados
e DF e representantes do povo.

SENADO FEDERAL - Compõe-se de três representantes de cada Estado e 03 do DF, os quais são eleitos pelo sistema
majoritário, isto é, escolhe-se o candidato que obtiver a maior votação. Os Senadores são eleitos para mandatos de 08
anos, observando-se que para cada Senador temos dois suplentes. A eleição é alternada, porquanto realizada de 04 em
04 anos, por 1/3 e 2/3. Considerando que para a formação da Federação todos os Estados-Membros contribuem, em
tese, de maneira igualitária, cada um dos 26 Estados e o DF possuem 03 Senadores, totalizando 81 Senadores.

Câmara do Deputados - Composta por 513 representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, o qual
determina que a representação de cada partido é proporcional ao número de votos obtidos nas eleições. Segundo a CF
cada Estado deverá ter o mínimo de 08 até o máximo de 70 Deputados Federais. Importante ressaltar que, em face da
concentração demográfica, determinados Estados, de pequena população, findam com uma representação superior aos
mais populosos, o que, para alguns, fere o princípio do voto igual para todos os brasileiros. Comissões - São órgãos
constituídos de um número menor de parlamentares, as quais responsabilizam-se pela análise de questões específicas.
Apresentam-se como forma de racionalização dos trabalhos. Podem ser de 04 espécies:

1) Permanente - Constituição e Justiça; Orçamento.

2) Temporárias ou Especiais - CPI's.

3) Mistas - Quando integradas por representantes das duas Casas.

4) Representativa - Representa o CN, no período do recesso parlamentar.

Pontos importantes acerca do Poder Legislativo:

1) Quorum - É o número mínimo exigido para a reunião e votação em órgãos colegiados. Nos termos do art. 47, da CF,
as deliberações de cada casa e das Comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta dos
membros. A inexistência de quorum impede a instalação da reunião, e, obviamente, qualquer votação.

2) Maioria - Significa mais da metade de um colegiado. Espécies de maiorias exigidas:

a) Simples ou Relativa - Presente a maioria dos membros, há aprovação por maioria simples se a proposta contar com
mais da metade dos votos válidos. b) Absoluta – Quando exigir, para a aprovação, mais da metade dos votos do
colegiado (toma por base o total dos membros). c) Qualificadas - Toma por base a totalidade de membros do colegiado,
presentes ou não. Tal como insculpida na CF, são três as maiorias qualificadas: b1) Qualificadas por 2/5 – Necessária
para a não renovação das concessões de televisão e rádio. b2) Qualificadas por 3/5 - Exigida para a aprovação de
emendas constitucionais. b3) Qualificadas por 2/3 - Exigida para o impeachment e para a suspensão da imunidade dos
congressistas por atos cometidos fora do CN, em Estado de Sítio.

3) Legislatura - É o período legislativo de 04 anos que corresponde ao mandato dos Deputados Federais. Os Senadores

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são eleitos para 02 legislaturas. Cada legislatura tem 04 sessões legislativas ordinárias, divididas em dois períodos
legislativos, os quais são: 2/fev a 17/jul e 1º/ago a 22/dez.

4) Estatuto dos Congressistas A CF estabelece uma série de prerrogativas, direitos, imunidades e incompatibilidades
para os Deputados e Senadores. Este arcabouço ganhou a denominação de Estatuto dos Congressistas. Cumpre ressaltar,
também, que tais normas visam assegurar a liberdade no exercício da função de representação parlamentar.

5) Imunidades - São garantias especiais conferidas à atuação parlamentar e não à pessoa, daí porque o parlamentar não
pode abdicar tais garantias; Imunidade Material - Também chamada de inviolabilidade por opiniões, palavras e votos.
Deputados e Senadores, desde que no exercício da atividade parlamentar, não cometem crime contra a honra, ainda
quando estejam fora do CN, do DF etc. Esta imunidade, além dos efeitos penais, engloba, de igual modo, a ação civil de
indenização por danos materiais e formais. Imunidade Formal, Processual ou Relativa - Os parlamentares, no tocante
aos crimes ocorridos após a diplomação, responderão normalmente à ação penal. Todavia, a
votação da maioria dos parlamentares da Casa respectiva poderá determinar a sustação do processo contra o deputado
e/ou senador. A sustação do processo contra o parlamentar suspende a prescrição do respectivo prazo prescricional.
Imunidade Formal

6) Quanto à Prisão - Significa que somente serão presos na hipótese de flagrante delito de crime inafiançável. Na rara
situação de prisão decorrente de flagrante ligado a crime inafiançável, esta deverá ser comunicada à Casa respectiva
(Câmara dos Deputados ou Senado Federal) no prazo de 24 horas da efetivação da prisão do parlamentar. Uma vez
comunicada, a Casa respectiva poderá, pelo voto da maioria de seus membros (= maioria absoluta), determinar o
relaxamento da prisão, isto é, a liberdade do parlamentar flagranteado.

7) Prerrogativa de Foro em Razão da Função - Deputados e Senadores serão processados criminalmente perante o STF.
Importante lembrar que tal prerrogativa somente existe enquanto houver o mandato, pois, se terminar o mandato ou por
qualquer motivo o parlamentar perder o mandato, o processo retornará para o primeiro grau, no estado em que se
encontrar.

8) Limitação ao Poder de Testemunhar sobre as Informações Recebidas e Sobre as Fontes - Os Congressistas possuem
direito ao sigilo da fonte sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações, por isso, não podem ser
obrigados a depor.

9) Remuneração - Deputados e Senadores fazem jus a subsídios, os quais serão idênticos para ambos e não poderão
exceder o subsídio mensal dos Ministros do STF.

10) Incompatibilidades ou Impedimentos (casos do art. 54, da CF/88) – São algumas vedações constitucionais
destinadas a manter a garantia da independência do Poder Legislativo. Segundo a CF, os parlamentares não poderão:

a) desde a diplomação - art. 54, inc. I

b) desde a posse - art. 54, inc. II.

11)Perda de Mandato (casos do art. 55, da CF/88) – A falta de dignidade para o exercício de tão relevante mister
resultará nas hipóteses do art. 55, e somente nestas, a sanção mais grave, qual seja, a perda do mandato. Observar que
nos incisos I, II e VI, a perda fica condicionada à votação da respectiva casa, na qual a perda dependerá do voto da
maioria absoluta dos membros da Casa, em votação secreta. Nos incisos III, IV e V, a perda será declarada pela mesa da
Casa respectiva.

TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

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Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em
cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano
anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Seção II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões
de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
Assembléias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos
Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
VI, b; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º;
150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

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II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder
a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos
planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de
riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de
suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância
de seu Ministério.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a
Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade
a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)
Seção III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
da República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;

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IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Seção IV
DO SENADO FEDERAL
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e
do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos
crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão
diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público
federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e
interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República
antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o
desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do

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cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.
Seção V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de
crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35,
de 2001)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal
Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria
de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu
recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra,
dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante
o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso
Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa
jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

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V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;


VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou
mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste
artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 6, de 1994)
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal,
de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença
superior a cento e vinte dias.
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses
para o término do mandato.
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.
Seção VI
DAS REUNIÕES
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de
agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando
recaírem em sábados, domingos ou feriados.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão
em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura,
para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução
para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50,
de 2006)
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão
exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 50, de 2006)
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de
pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-
Presidente da República;

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II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas
as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da
convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas
automaticamente incluídas na pauta da convocação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Seção VII
DAS COMISSÕES
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e
com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se
houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das
autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir
parecer.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na
última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição
reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

PODER LEGISLATIVO

01) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU - Direito
A respeito de comissão parlamentar de inquérito (CPI), julgue o item a seguir.

Toda CPI tem autonomia para, após a apuração do fato que determinou a sua criação, promover a responsabilização
civil ou criminal de infrator.

02) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito. A respeito de
comissão parlamentar de inquérito (CPI), julgue o item a seguir.

As CPI podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, e detêm
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais.

03) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPE-PI Provas: CESPE - 2018 - MPE-PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Superior. Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte, relativo ao
Estado federal brasileiro e à sua organização político-administrativa.

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As leis orgânicas dos municípios podem criar conselhos ou órgãos de contas municipais para exercer o controle externo
do Poder Executivo municipal.

04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata -
Prova 1. Considerando a ordem constitucional brasileira, julgue (C ou E) o item seguinte.

Os chefes de missão diplomática de caráter permanente, indicados pelo presidente da República, devem ser aprovados
pelo Senado Federal por voto secreto, após arguição em sessão secreta.

05) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. À luz do entendimento do STF e da doutrina sobre as CPI, julgue o item subsequente.

A quebra de sigilo bancário e fiscal são medidas compreendidas na esfera de competência das CPI instauradas pelo
Congresso Nacional.

06) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. Julgue o item a seguir com base nas normas constitucionais que versam sobre as prerrogativas dos
vereadores.

Vereadores só poderão ser presos se em flagrante de crime inafiançável.

06) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. À luz do entendimento do STF e da doutrina sobre as CPI, julgue o item subsequente.

As CPI instauradas no âmbito do Congresso Nacional podem determinar o bloqueio dos bens de um investigado.

07) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. À luz do entendimento do STF e da doutrina sobre as CPI, julgue o item subsequente.

As CPI instauradas pelos poderes legislativos municipais possuem poderes investigativos próprios das autoridades
judiciais.

08) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. Julgue o item a seguir com base nas normas constitucionais que versam sobre as prerrogativas dos
vereadores.

Não estará abarcado pela imunidade material o vereador que ofender adversário político em entrevista em município
diverso daquele no qual cumpre mandato.

09) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador
do Município. Julgue o item a seguir com base nas normas constitucionais que versam sobre as prerrogativas dos
vereadores.

Os estados podem prever foro por prerrogativa de função aos vereadores, ressalvada a competência constitucional do
tribunal do júri.

10) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Provas: CESPE - 2018 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência -
Conhecimentos Gerais. Julgue o item que se segue, relativo ao Poder Legislativo e à defesa do Estado e das instituições
democráticas.

É necessária licença da casa legislativa para que o parlamentar possa incorporar-se às Forças Armadas, mesmo em
tempos de guerra.

11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: CGM de João Pessoa - PB Provas: CESPE - 2018 - CGM de João Pessoa - PB -
Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2 e 3. Julgue o item subsequente, relativo ao sistema tributário, ao sistema
financeiro, ao orçamento público e ao controle externo conforme as disposições da CF.

Cabe ao Congresso Nacional exercer, entre outras competências, a fiscalização contábil da União, mediante controle
externo.

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12) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista
Judiciário - Área Judiciária. A respeito da organização dos poderes da República, julgue o item que se segue.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República caso
estes cometam crimes de responsabilidade.
13) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Provas: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista
Judiciário - Área Administrativa. Com relação aos Poderes Legislativo e Executivo, julgue o seguinte item.
O controle externo a cargo do Congresso Nacional é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, que possui
a atribuição, de natureza jurisdicional, de julgar as contas dos administradores e demais responsáveis pela gestão do
dinheiro público.
14) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. À luz das disposições constitucionais acerca do Poder Legislativo,
julgue o item seguinte.
A perda do mandato de deputado ou de senador que tenha agido de maneira incompatível com o decoro parlamentar
será decidida de ofício pela presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
15) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de Gestão – Administração.
Acerca da fiscalização contábil, financeira e orçamentária, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: João, servidor público federal, aposentou-se em 2013. No mesmo ano, ao apreciar a legalidade do
ato concessório inicial da aposentadoria, o Tribunal de Contas da União (TCU), sem o contraditório e a ampla defesa,
considerou-o ilegal. Assertiva: A atuação do TCU foi constitucional, pois a apreciação da referida concessão dispensa a
participação do aposentado.
16) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2017 - Instituto Rio Branco - Diplomata -
Prova 1. Acerca das características do Estado, do sistema de governo e da organização dos poderes na ordem jurídico-
constitucional brasileira, julgue (C ou E) o item subsequente.

O sistema constitucional brasileiro só admite que o presidente e o vice-presidente da República sejam processados no
exercício do mandato após prévia autorização do Congresso Nacional.

17) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: SEDF Prova: CESPE - 2017 - SEDF - Analista de Gestão Educacional - Direito e
Legislação. Julgue o próximo item, relativo ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo.

No exercício de atividade investigatória, caso se deparem com a necessidade de quebra do sigilo fiscal de alguém, as
comissões parlamentares de inquérito deverão requerer tal quebra ao Poder Judiciário, pois elas não possuem poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais.

18) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA Provas: CESPE - 2016 - TCE-PA - Conhecimentos Básicos.
Considerando as disposições constitucionais sobre o Poder Legislativo e o processo legislativo, julgue o item a seguir.

A Constituição Federal de 1988 reserva ao Congresso Nacional a prerrogativa de autorizar referendos e convocar
plebiscitos.

19) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2016 - DPU - Técnico em Assuntos Educacionais. Em
relação ao Poder Legislativo no Brasil, julgue o item subsequente,

A imunidade material conferida aos parlamentares não alcança a área administrativa.

20) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCE-RN Prova: CESPE - 2015 - TCE-RN – Auditor. No que se refere à
organização dos poderes, ao controle de constitucionalidade e às funções essenciais à justiça, julgue o item a seguir,
considerando entendimentos dos tribunais superiores.

Os atos do presidente da República que atentem contra a lei orçamentária são considerados crimes de responsabilidade,
nos termos da CF, e devem ser julgados pelo Senado Federal.

GABARITO: 1) E; 2) C; 3) E; 4) C; 5) C; 6) E; 7) E; 08) C; 09) C; 10) C; 11) E; 12) E; 13) E; 14) E; 15) C; 16) E;
17) E; 18) C; 19) E; 20) C.

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PODER EXECUTIVO
Inicialmente, antes de estudarmos os artigos da CF/88, devemos analisar as seguintes classificações da Teoria
Geral do Estado:
1. FORMAS DE ESTADO: a) Unitário ou simples; b) Composto ou complexo (Federação e Confederação).
2. FORMAS DE GOVERNO: Monarquia X República
3. SISTEMAS DE GOVERNO ou REGIMES DE GOVERNO: Diretorialismo X Parlamentarismo X Presidencialismo
4. REGIMES POLÍTICOS: Estados democráticos X Estados não democráticos (Ditatoriais e Totalitaristas)
FORMAS DE ESTADO
Esta classificação está relacionada à existência ou não de autonomia entre os entes que compõem um
determinado Estado, bem assim a existência de soberania (em alguns casos). Segundo a doutrina, os Estados
classificam-se quanto à forma em:
a) Simples ou Unitário – São caracterizados pela existência de uma unidade do poder político interno, o qual acontece
de maneira centralizada.
b) Composto ou Complexo: São aqueles caracterizados pela pluralidade de poderes políticos internos. Embora existam
outras classificações (União pessoal, União real). No entanto, importante mesmo são as distinções entre Estado
Federado e Estado Confederado. A federação (Estado Federado) ocorrerá quando os entes que a integrarem mantiverem
apenas a autonomia, enquanto o próprio Estado será tido como soberano. Já a Confederação (Estado Confederado) é
caracterizada pela união de entes soberanos que mantêm esta condição.
Outros pontos importantes sobre a Federação:
A federação consiste numa aliança de Estados para a formação de um Estado único, observando-se que as unidades
federadas possuem sua autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado federal. Segundo o
Professor Dalmo Dallari, o Estado Federal tem as seguintes características:
a) Como resultado da união surge um novo Estado;
b) Alicerça-se numa Constituição Federal e não num tratado;
c) Existe fixação de renda própria para cada ente federativo;
d) Vige um compartilhamento do poder político;
e) Inexiste direito de secessão;
f) Somente o Estado Federal é soberano, enquanto os entes federados são autônomos.
Origem do Federalismo:
a) Por desagregação: Ocorre quando um Estado unitário é dividido em unidades menores, sendo conferida a estas a
autonomia. Obs.: Este é o modelo da Federação Brasileira, pois, deixamos a condição de Brasil Império (forma unitária)
para a República Federativa.
b) Por agregação: Ocorre quando entes soberanos se juntam e, nesse instante, abrem mão de sua soberania, partindo a
ficarem apenas com autonomia, enquanto o Estado Federal será visto como ente soberano. Obs.: Este modelo é
verificado nos EUA, pois, as Colônias Americanas se juntaram na intenção de criarem um novo Estado, isto é, um novo
país, dando origem aos Estados Unidos da América.
Conforme ressaltado no art. 18, da CF, a federação brasileira é composta pela junção dos entes federativos:
União, Estados, DF e Municípios. Segundo a doutrina, temos uma federação de terceiro grau, posto que os Municípios
são entes federativos ao lado da União e dos Estados-membros.
FORMAS DE GOVERNO
Esta classificação diz respeito ao modo de organização política do Estado, tendo, especial preocupação em
identificar se há ou não participação do cidadão na formação dos atos de governo. Quanto à forma de governo, os
Estados podem ser:
a) MONARQUIA – Palavra de origem grega, cujo significado é o governo de um só. Suas características mais
importantes são:
Ø Hereditariedade ou consangüinidade: Significa que o Monarca ascende ao cargo como decorrência da transição de pai
para filho.

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Ø Vitaliciedade – o Monarca ficará no cargo até a morte, quando, então, o transmitirá para seu herdeiro.
Ø Irresponsabilidade do Monarca (política) – Garante ao Monarca o direito de ser mantido no cargo, a despeito dos
sucessos ou fracassos da Administração Pública.
Obs.: A monarquia poderá ainda ser compreendida como uma monarquia absoluta (todo o poder nas mãos de uma só
pessoa, exercendo de maneira ilimitada) ou relativa, também chamada de limitada ou constitucional (quando o poder é
limitado pela Constituição).
b) REPÚBLICA: Decorrente da própria etimologia da palavra, seu significado é o governo da coisa pública.
Suas características mais importantes são:
Ø Eletividade – Significa que o Chefe do Executivo ascende ao cargo por haver sido declarado vencedor em
determinada eleição, sejam estas diretas ou indiretas, conforme cada país.
Ø Temporariedade – O Chefe do Executivo permanecerá no cargo apenas pelo período equivalente à duração do
mandato. Obs.: Alguns países admitem a reeleição.
Ø Responsabilidade política do Chefe Republicano – Decorre do fato de estar sujeito à perda do cargo como
conseqüência dos fracassos da Administração Pública.
SISTEMAS DE GOVERNO OU REGIMES DE GOVERNO
Esta classificação visa identificar o grau de relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo, havendo
especial preocupação em verificar a postura do Executivo em face do Legislativo. Segundo a doutrina, o sistema de
governo comporta as seguintes espécies:
a) Diretorialismo – Caracterizado pela grande concentração do poder político no parlamento, de tal sorte que a função
executiva é exercida por pessoas escolhidas por este, existindo, ainda, absoluta subordinação do Poder executivo ao
Legislativo. CRÍTICA: Excessiva dependência.
b) Parlamentarismo – Há interdependência entre o Executivo e o Legislativo, já que compete ao parlamento a escolha
do Primeiro Ministro. Suas principais características são: 1ª) Forma dualista do poder, isto é, vige a divisão entre Chefia
de Estado e Chefia de Governo; 2ª) Responsabilidade política do Chefe de Governo, pois não possui mandato, devendo
permanecer no cargo enquanto possuir apoio da maioria dos parlamentares. 3ª) Possibilidade de dissolução do
Parlamento pelo Chefe de Estado, obrigando-se, entretanto, a realizar a convocação de eleições gerais.
c) Presidencialismo – Há independência entre os Poderes Executivo e Legislativo. Suas principais características são:
1ª) Adoção da forma monocrática de poder, onde a Chefia de Estado e a de Governo são exercidas por uma mesma
pessoa. 2ª) O Presidente da República é eleito pelo povo, direta ou indiretamente, para exercer mandato certo, sendo
vedada a destituição do mesmo por motivos meramente políticos. 3ª) Há a participação do Poder Executivo no processo
legislativo.
Ante o exposto, vê-se que o Brasil:
a) Quanto à forma de Estado é uma Federação;
b) Quanto à forma de Governo é uma República;
c) Quanto ao sistema de Governo é Presidencialista
A função precípua do Executivo é a administração do Estado de acordo com as leis elaboradas pelo Poder
Legislativo. De maneira mais detalhada, cumpre enfatizar que é atribuição do Poder Executivo o governo e a
administração do Estado.
O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo, por isso, o Poder Executivo é exercido pelo
Presidente da República, com auxílio dos Ministros de Estado. Importante lembrar que o Presidente desempenha,
conjuntamente, as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo.
1) Eleição - O Presidente e o Vice deverão pertencer à mesma chapa, não se exigindo que sejam do mesmo partido. A
eleição exige a maioria absoluta dos votos válidos.
2) Mandato: É de 4 anos, sendo permitida uma só reeleição.
3) Posse - Deve ocorrer através de sessão conjunta do CN, onde será prestado o compromisso. Depois da posse os
eleitos terão 10 dias para entrar em exercício. Na situação de impedimento do Presidente, assume o Vice-Presidente,
substituindo àquele. Todavia, se o cargo for declarado vago, o Vice será o sucessor natural. Substitutos Constitucionais:
Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro Presidente do S.T.F.

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4) Vacância - Ocorrendo a vacância no cargo de Presidente, o Vice-Presidente é o natural sucessor. Se, no curso no
mandato, faltar algum dos dois (seja o Presidente da República ou o Vice), o remanescente perderá no cargo, sem que
seja necessária nova eleição. Entretanto, devemos lembrar que os arts. 80 e 81, da CF, tratam da hipótese de vacância
dos dois cargos, a saber:
a) 90 dias depois de aberta a última vaga teremos eleições para o cumprimento do denominado "mandato tampão", vez
que não tem duração de 04 anos, mas do período restante.
Estas eleições serão:
Através de voto direto, quando a vacância ocorrer nos dois primeiros anos de mandato.
Através de voto indireto, isto é, pelo CN. Nesta hipótese, a eleição ocorrerá em 30 dias, a contar da vacância.
5) Perda de Cargo:
a) Quando morrer;
b) Quando ausentar-se do País, por período superior a 15 dias, sem possuir a licença do CN;
c) Quando não tomar posse, no prazo de 10 dias, salvo motivo de força maior.
d) Quando renunciar ao cargo, o que é um ato unilateral, logo, independe da aceitação do CN;
e) Quando condenado, pelo STF, pela prática de crime comum, depois de haver sido admitido o recebimento da
denúncia por 2/3 dos Deputados Federais;
f) Quando o Senado, por 2/3, proferir condenação, em processo de impeachment, pela prática de crime de
responsabilidade;
6) Crimes de Responsabilidade e Impeachment - Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas
cometidas pelo Presidente da República e outras autoridades, os quais, nos termos do Poder Constituinte, resultarão em
duas modalidades de penas: perda do cargo e inabilitação para o exercício da função pública pelo prazo de 08 anos.
Obs.: Tais crimes são regulamentados pela Lei 1.079/50, reconhecida pelo STF, como devidamente recepcionada. Como
já dito, o processamento desses crimes pressupõe a autorização da Câmara dos Deputados, devendo o julgamento ser
realizado perante o Senado Federal, sob a Presidência do Ministro Presidente do STF.
7) Imunidade do Presidente da República - Materialmente, não poderá o Presidente ser responsabilizado por crimes
cometidos antes da investidura no cargo, bem como pelos ilícitos praticados na vigência do mandato, porém, estranhos
à função presidencial. Processualmente, há que se observar que o Presidente não pode ser preso antes do trânsito em
julgado de sentença condenatória.
8) Poder Regulamentar - No universo das atribuições do Presidente da República, merece ênfase a de "expedir decretos
e regulamentos para sua fiel execução." Face o princípio da legalidade, Michel Temer ensina que o regulamento
depende da lei, e nela encontra seu fundamento de validade". Nessa esteira, vige o entendimento de que não se pode
conceber os chamados "regulamentos autônomos", isto é, decretos autônomos, assim chamados porque editados para
suprir as lacunas da lei, já que, em tais casos seriam inconstitucionais, por ofensa ao princípio da legalidade (art. 5º II,
da CF). Entretanto, desde 2001, com a alteração do art. 84, VI, da CF, já é possível que o Presidente da República edite
Decretos autônomos, quando tais decretos, embora não previstos em lei, tão somente se limitem às duas hipóteses
insculpidas no art. 84, VI, da CF. Assim, fora desses dois casos, os Decretos Autônomos continuam sendo
inconstitucionais.

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

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§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a
maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em
até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-
Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-
Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos
cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
Seção II
Das Atribuições do Presidente da República
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

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X - decretar e executar a intervenção federal;


XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da
sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos
VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.

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Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.
Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal
na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente
da República.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Seção V
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
Subseção I
Do Conselho da República
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele
participam:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados
pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados,
todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do
Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.

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§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.


Subseção II
Do Conselho de Defesa Nacional
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
membros natos:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
23, de 1999)
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta
Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território
nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.

PODER EXECUTIVO

01) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPE-PI Provas: CESPE - 2018 - MPE-PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Superior.
Julgue o item a seguir, a respeito dos poderes da União, de seus integrantes e de suas competências.
Mediante medida provisória, o presidente da República poderá dispor sobre a organização e o funcionamento da
administração pública federal, desde que a proposta não implique aumento de despesa nem a criação ou extinção de
órgãos públicos.

02) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata -
Prova 1. Considerando a ordem constitucional brasileira, julgue (C ou E) o item seguinte.

O Poder Executivo é um órgão pluripessoal, exercido pelo presidente e pelo vice-presidente da República e pelos
ministros de Estado.

03) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata -
Prova 1. Considerando a ordem constitucional brasileira, julgue (C ou E) o item seguinte.

É competência discricionária e unilateral do presidente da República permitir que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou que nele permaneçam temporariamente.

04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 - EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Superior. Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.

Situação hipotética: Em julho do último ano do mandato do presidente da República, cargo então ocupado pelo vice-

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presidente em razão de vacância, o cargo de presidente vagou novamente. Assertiva: Nessa situação, o Congresso
Nacional terá de realizar a eleição para os cargos de presidente e vice-presidente da República em trinta dias após a
última vacância.

05) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 - EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Superior. Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.

Quando um cargo público federal estiver vago, o presidente da República poderá extingui-lo por decreto, sem a
necessidade de lei.

06) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 - EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de
Nível Superior Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.

Caso o presidente da República pretenda realizar determinado ato que necessite de aprovação da população, deverá
realizar consulta plebiscitária, que será convocada por decreto presidencial.

07) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2. A
respeito do Poder Executivo, julgue o seguinte item.

Nos termos da Constituição Federal de 1988, cabe ao Conselho da República, órgão superior de consulta do presidente
da República, pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa, bem como sobre questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

08) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2 A
respeito do Poder Executivo, julgue o seguinte item.

Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Constituição Federal de 1988 autoriza a concessão de
indulto, pelo presidente da República, a pessoas condenadas pela prática de crimes hediondos.

09) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista
Judiciário - Área Judiciária A respeito da organização dos poderes da República, julgue o item que se segue.

Ato do presidente da República que atente contra a probidade na administração pública configurará crime de
responsabilidade, cujas normas de processo e de julgamento são de competência legislativa privativa da União.

10) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Provas: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista
Judiciário - Área Administrativa
Com relação aos Poderes Legislativo e Executivo, julgue o seguinte item.

Independentemente de lei, o presidente da República pode, por decreto, dispor sobre a extinção de cargo público vago.

11) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de Gestão – Administração
No que diz respeito às atribuições e responsabilidades do presidente da República e às atribuições do Poder Legislativo,
julgue o seguinte item.

Quando um cargo público federal estiver vago, o presidente da República poderá extingui-lo por decreto, sendo essa
competência indelegável.

12) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de Gestão - Julgamento
No que se refere à organização político-administrativa da União, dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos municípios
e às atribuições e responsabilidades do presidente da República, julgue o item que se segue.

A provisão de cargos públicos federais vagos é atribuição delegável do presidente da República.

GABARITO: 1) E; 2) E; 3) E; 04) C; 05) C; 06) E; 07) C; 08) E; 09) C; 10) C; 11) E; 12) C.

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CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território
nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento,
atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar
o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos
quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e
presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do
subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as

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respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra
ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento
do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o
disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art.
40; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no
que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-
se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais
de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em
plantão permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à
respectiva população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero
expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153,

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III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva
jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como
os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas
hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto,
com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

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§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às
atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro
do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com
os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para
fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a
assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou
de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte
ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em
julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com
deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais
débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica
de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos
pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às
entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual
ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao

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pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios


judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte,
quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o
pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de
preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à
satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,
também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles
deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja
suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para
resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os
débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega
de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de
requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será
feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de
compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a
caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§
2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição
protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá
estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e
Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de
precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

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§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual,
o comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios
e obrigações de pequeno valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das
receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da
Constituição Federal, verificado no período compreendido pelo segundo mês imediatamente
anterior ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por
determinação constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para
custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e
obrigações de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do
comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente
anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites de
endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer
outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação de
vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos
precatórios apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste
precatório serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco
exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos
diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40%
(quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda
recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação editada
pelo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
Seção II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os

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membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão


diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado
de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República
e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito
Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam
direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério
Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em §
1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração

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pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão
do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e,
em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal


ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto
impugnado.
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas,
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que
outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
de 2009)

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I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República
dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 61, de 2009)
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 61, de 2009)
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao
Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência

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disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e


determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla
defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade
da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente
do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará
excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos
serviços judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça,
competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou
órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Seção III
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais

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de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
"a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o",
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa
e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e
com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Seção IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
I - os Tribunais Regionais Federais;
II - os Juízes Federais.
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,

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quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros
com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por
antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e
determinará sua jurisdição e sede. (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-
se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho
e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País,
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça
Militar;

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X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória,


após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a
outra parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que
a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá
permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para
a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por
sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais
caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
Seção V
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)

Seção VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o
efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes
militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes

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militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)


§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais,
a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente
no local do litígio.
QUESTÕES DE CONCURSOS – CESPE

01) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPE-PI Provas: CESPE - 2018 - MPE-PI - Conhecimentos
Básicos - Cargos de Nível Superior. Julgue o item a seguir, a respeito dos poderes da União, de seus
integrantes e de suas competências.
Os tribunais superiores têm sede na capital federal e jurisdição em todo o território nacional; já o
Conselho Nacional de Justiça também tem sede na capital federal, mas não exerce jurisdição.
2) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 - EMAP - Conhecimentos
Básicos - Cargos de Nível Superior Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.
A inamovibilidade dos juízes é uma garantia não absoluta.
03) Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.
O Conselho Nacional de Justiça é órgão que exerce o controle da atuação administrativa, financeira
e jurisdicional no âmbito de todo o Poder Judiciário.
04) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Oficial Técnico de
Inteligência - Área 2
No que se refere ao controle de constitucionalidade, julgue o item subsequente.
A decisão de órgão fracionário de tribunal de justiça que deixa de aplicar lei por motivo de
inconstitucionalidade não precisa observar a regra da reserva de plenário, caso se baseie em
jurisprudência consolidada do plenário do Supremo Tribunal Federal.
05) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Provas: CESPE - 2017 - TRF - 1ª
REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa A respeito do Poder Judiciário e das funções
essenciais à justiça, julgue o item que se segue.
Os juízes adquirem vitaliciedade após dois anos de exercício; esse direito não depende de
participação em curso oficial ou em curso reconhecido por escola nacional de formação e
aperfeiçoamento de magistrados.
06) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO
- Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Acerca do Poder Judiciário, julgue o
item que se segue.
O STF poderá aprovar, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, súmulas com efeito
vinculante, sendo estas passíveis de revisão mediante provocação de legitimados para a propositura
de ação direta de inconstitucionalidade.
07) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Provas: CESPE - 2017 - TRF - 1ª
REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa.A respeito do Poder Judiciário e das funçõ es
essenciais à justiça, julgue o item que se segue.
A competência do Conselho Nacional de Justiça para apurar violações aos deveres funcionais se
aplica apenas aos servidores do Poder Judiciário; ela não alcança os magistrados, pois, se assim não
fosse, caracterizaria afronta à independência funcional.
08) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE Prova: CESPE - 2017 - TCE-PE - Analista de

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Gestão – Julgamento.No que tange ao Poder Judiciário, julgue o item subsequente.


O Conselho Nacional de Justiça tem competência constitucional para controlar o cumprimento dos
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe elaborar relatório semestral sobre os processos e as
sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário.
09) Ano: 2017 Banca: Quadrix Órgão: CFO-DF Prova: Quadrix - 2017 - CFO-DF - Procurador
Jurídico. Acerca da Constituição Federal de 1988 (CF) e de sua interpretação pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), julgue o item seguinte.
Qualquer pessoa é parte legítima para representar ilegalidades perante o Conselho Nacional de
Justiça, o qual poderá atuar mesmo se não exaurida a instância administrativa ordinária.
10) Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: SEDF Prova: CESPE - 2017 - SEDF - Analista de Gestão
Educacional - Direito e Legislação. Texto associado
O governo de determinado estado da Federação publicou medida provisória (MP) que altera
dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em protesto contra a referida MP,
alguns estudantes do ensino médio do estado ocuparam as escolas públicas, impedindo que os
demais alunos frequentassem as aulas. O Ministério Público estadual ingressou com medida judicial
requerendo a imediata reintegração e desocupação das escolas invadidas. A medida judicial
requerida foi deferida por um juiz de primeiro grau que tomou posse há vinte meses.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos constitucionais a ela relacionados, julgue o item a
seguir.
Na situação hipotética em apreço, caso tivesse praticado alguma irregularidade no exercício da
função, o juiz poderia perder o cargo por deliberação do tribunal ao qual se encontra vinculado.
GABARITO: 1) C; 2) C; 03) E; 04) C; 5) E; 06) C; 07) E; 08) C; 09) C; 10) C
________________________________________________________________________________
______________
Poder Judiciário - Questões

01) CESPE - 2013 - TJ-DF - Técnico Judiciário - Área Administrativa. O cargo de juiz é vitalício, razão por que seu
ocupante somente o perderá por decisão judicial transitada em julgado.

02) CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Técnico Judiciário – Administrativo. Entre as funções típicas do
Poder Judiciário inclui-se a edição de normas regimentais que disponham sobre a competência e o funcionamento de
seus órgãos jurisdicionais e administrativos.

03) CESPE - 2012 - ANATEL - Técnico Administrativo. Os juízes militares são órgãos do Poder Judiciário.

04) CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa. O magistrado fará jus à irredutibilidade de
vencimentos, garantia prevista na CF, somente após o cumprimento do estágio probatório.

05) CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa. O presidente do Supremo Tribunal Federal
exerce também a presidência do Conselho Nacional de Justiça.

06) CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa O Conselho Nacional de Justiça, o Supremo
Tribunal Federal e os tribunais superiores têm sede em Brasília, mas somente os dois últimos têm jurisdição em todo
o território nacional.

07) CESPE - 2011 - CBM-DF - Todos os Cargos - Conhecimentos Básicos. O ingresso na carreira da magistratura
realiza-se mediante concurso público de provas ou de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil na fase preliminar do certame, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
jurídica.

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DIREITO CONSTITUCIONAL – PHD CURSOS – 2019
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08) CESPE - 2011 - CBM-DF - Todos os Cargos - Conhecimentos Básicos. Ao CNJ incumbe o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo, ainda,
ao referido órgão zelar pela autonomia desse poder e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura.

09) CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Judiciária. A inamovibilidade constitui garantia que é deferida
apenas aos juízes titulares, não alcançando os substitutos.

10) CESPE - 2013 - TJ-DF - Técnico Judiciário - Área Administrativa. A justiça eleitoral é competente para julgar
ação civil pública destinada a apurar ato praticado por prefeito que, no decorrer do mandato eletivo, tenha utilizado
símbolo que caracterizasse promoção pessoal na publicidade de obras realizadas pela prefeitura.

11) CESPE - 2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Área Judiciária São da competência da justiça comum estadual o
processo e o julgamento de todas as contravenções penais, ainda que cometidas em detrimento de bens, serviços ou
interesses da União.

12) CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Judiciária. A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional,
sendo-lhe vedada a prática das funções administrativa e legislativa, que são reservadas, por força do princípio da
separação dos poderes, ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo.

13)CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Judiciária. O Poder Judiciário goza de autonomia
administrativa, razão por que auto-organiza seus serviços, mas não detém autonomia financeira.

14) CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Analista Judiciário - Execução de Mandados. O Conselho
Nacional de Justiça não é órgão do Poder Judiciário, mas sim ente autônomo cuja função é exercer o controle externo
de todos os órgãos que integram o Poder Judiciário.

15) CESPE - 2012 - PC-AL - Agente de Polícia O Poder Judiciário é autônomo e independente, dele fazendo parte,
entre outros órgãos, o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça.

16) CESPE - 2012 - ANATEL - Analista Administrativo. A jurisdição do Tribunal Superior Eleitoral abrange todo o
território nacional.

17) CESPE - 2012 - AGU – Advogado. A CF veda aos juízes que se aposentarem ou forem exonerados o exercício da
advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastaram até o decurso de três anos após o desligamento.

18) CESPE - 2012 - STJ - Todos os Cargos - Conhecimentos Básicos. Compete privativamente ao STF processar e
julgar, originariamente, nas infrações penais comuns, o presidente da República, o vice-presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios ministros, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União.

19) CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário - Área Administrativa. Não existe Poder Judiciário municipal.

20) CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança – Específicos. A remuneração dos ministros dos tribunais
superiores deve corresponder a 95% do subsídio mensal fixado para os ministros do STF, e os subsídios dos demais
magistrados devem ser fixados em lei e escalonados, em níveis federal e estadual, conforme as respectivas categorias
da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a 10% ou inferior a 5%, nem
exceder a 95% do subsídio mensal dos ministros dos tribunais superiores.

21) CESPE - 2012 - PC-ES - Escrivão de Polícia – Específicos. Somente o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou
mediante provocação, tem competência para a edição, a revisão e o cancelamento de súmula vinculante.

120
DIREITO CONSTITUCIONAL – PHD CURSOS – 2019
Prof. Lucas Braga Netto

22) CESPE - 2010 - MPU - Técnico de Informática. A CF assegura aos magistrados a prerrogativa da vitaliciedade.
Assim, no caso de um juiz de primeiro grau, a vitaliciedade é adquirida após três anos de exercício.

23) CESPE - 2010 - MPU - Técnico Administrativo. O Supremo Tribunal Federal (STF) cumpre, entre outras, a
função de órgão de cúpula do Poder Judiciário, e a ele cabe a iniciativa de, por meio de lei ordinária, dispor sobre o
Estatuto da Magistratura.

24) CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área Administrativa Os ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) devem ser nomeados pelo presidente da República, após aprovação pela maioria simples do Senado Federal.

25) CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Técnico Judiciário – Administrativo. Cabe ao Supremo
Tribunal Federal, após autorização da Câmara dos Deputados, processar e julgar os crimes comuns praticados pelo
presidente da República.

26) CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia. Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar
originariamente, por infrações penais comuns, os seus próprios ministros.

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

INQUÉRITO POLICIAL

1. BREVE HISTÓRICO
Na Grécia Antiga, entre os atenienses, existia uma prática investigatória para apurar a
probidade individual e familiar daqueles que eram eleitos magistrados.
Já entre os romanos, conhecidos como ―inquisitivo”, era uma delegação de poderes dada pelo
magistrado à vítima ou familiares para que invesetigassem o crime e localizassem o criminoso,
acabando se transformando em acusadores. Anos após, a “inquisitivo” atinge melhoras no seu
procedimento e também ao acusado, concedendo-lhe poderes para investigar elementos que pudessem
inocentá-lo.
Passado algum tempo, o Estado quis para si o direito de investigação, passando a função para
agentes públicos.
As Ordenações Filipinas não falavam em Inquérito Policial. Ele teve sua origem em Roma, com
passagens pela idade média e referências na legislação portuguesa e com aplicação no Brasil.
Em 1832, quando surgiu o Código de Processo, eram apenas traçadas normas sobre as
funções dos Inspetores de Quarteirões, mas estes não exerciam atividade de Polícia Judiciária, não se
tratava de Inquérito Policial, havia apenas dispositivos que informavam sobre o procedimento
informativo.
No entanto, com a Lei nº 2.033, de 20/09/1871, regulamentada pelo Decreto nº 14.824, de
28/11/1871 (art. 4º, § 9º), surgiu, entre nós, o Inquérito Policial, com essa denominação, sendo que o
Art. 42 da referida Lei chegava inclusive a defini-lo: “O Inquérito Policial consiste em todas as
diligências necessárias para o desenvolvimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus
autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito”.

2. CONCEITO
Procedimento administrativo, inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de
diligências realizadas pela polícia investigativa para a apuração da infração penal e de sua autoria,
presidido pela autoridade policial, a fim de fornecer elementos de informação para que o titular da
ação penal (via de regra, o Ministério Público) possa ingressar em juízo.

2.1. Termo Circunstanciado (TCO)


Será confeccionado quando se tratar de infração penal de menor potencial ofensivo*, ou seja,
crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos, cumulada ou não com multa, independente de
ser sujeita ou não a procedimento especial, e mais todas as contravenções penais.
*Lei nº 9.099/95 - Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Requisitos para que o TCO substitua o Inquérito Policial ou o Auto de Prisão em


Flagrante Delito, se for o caso:
1) Infração de Menor Potencial Ofensivo (Art. 61 da Lei nº 9.099/95);
2) Infrator ser imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer (Art. 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/95);
3) Não se trate de crime cometido em contexto de violência doméstica e familiar contra a
mulher (Art. 41 da Lei nº 11.343/06).

3. GRAU DE COGNIÇÃO
Embora o Inquérito Policial se dedique à descoberta da verdade sobre o crime e sua autoria, a
cognição que nele existe está limitada, na profundidade, à exata medida do que seja suficiente para a
formação da opinio delicti do titular da ação penal, sendo tal cognição, evidentemente, de um grau
menor que a cognição exigida para que o magistrado profira uma sentença condenatória.
No Processo Criminal, a cognição é baseada em um juízo de certeza (embora esta certeza
seja meramente formal ou processual, já que se trata de reconstrução histórica dos fatos). Logo, a
cognição no processo penal é de maior grau que no IP, tanto é assim que para eventual condenação
criminal, deve estar comprovada a materialidade delitiva e a autoria (não bastam indícios suficientes
em relação a ela, como no caso do IP).
No Inquérito Policial (IP), por sua vez, a cognição é sumária, ou seja, é de menor grau, não
apenas pela finalidade do procedimento policial, que é a de fornecer os elementos de informação

1
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

necessários à formação da opinio delicti do Parquet, quais sejam, comprovação da materialidade


delitiva e indícios suficientes de autoria; mas principalmente pelo direito fundamental que tem o
cidadão de ser submetido à fase instrutória do processo penal, onde vigem os princípios do
contraditório e da ampla defesa, o que não corre na fase investigativa, posto ser o IP um procedimento
inquisitivo.
Então, embora haja discussão sobre os conceitos de possibilidade, verossimilhança e
probabilidade, o que nos interessa saber, e o que ninguém nega, é que o Inquérito Policial é
procedimento de instrução sumária, sendo para isso que a Polícia Judiciária está preparada, e que,
portanto, só pode comportar uma dessas três espécies de juízo, que seja lá qual for o conteúdo que se
lhes atribua, apresentam-se degraus abaixo do juízo de certeza formal que se verifica no processo
criminal.
Assim, o conjunto probatório mínimo construído no Inquérito Policial para que o titular da ação
penal forme sua opinio delicti e possa apresentar denúncia, não precisa ultrapassar o juízo de
probabilidade, limite da cognição sumária.
Tanto é correto afirmar que a cognição no Inquérito Policial, pelo menos quanto à profundidade,
é sumária, que o MP pode dispensá-lo, caso já disponha dos elementos mínimos para a propositura da
ação (Art. 39, §5º, do CPP).
Distorções quanto à interpretação do grau de cognição do Inquérito Policial, tem gerada a
chamada “hipertrofia do IP”, consistente na transferência para ele de atividades que deveriam ser
realizadas na instrução criminal.

4. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL


Trata-se de procedimento administrativo  relevância prática: vícios existentes no inquérito
policial não afetam/contaminam a ação penal a que venha a dar origem. Obviamente, caso haja
elementos probatórios ilícitos ou derivados de ilícitos, devem eles ser desentranhados dos autos do
processo.
Nesse sentido, a ausência de indiciamento no Inquérito Policial ou a não confecção do seu
Relatório Conclusivo não impedem o exercício da ação penal, tanto que a jurisprudência entende que o
Ministério Público e o Juiz não podem requisitar tais providências ao Delegado de Polícia, sendo tais
falhas passíveis apenas de responsabilidade administrativo-disciplinar para a autoridade policial. Nesse
sentido, STF – 115015/2013 – 2ª Turma e STJ – RHC 47984/2014 – 5ª Turma.
Nesse mesmo diapasão, caso o Inquérito Policial seja presidido por autoridade policial carente e
atribuição não é anulado e também não contamina a futura ação penal. Ex.: Inquérito por crime contra
a criança ou adolescente presidio por Delegado titular de delegacia de homicídios.

5. PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL


É da autoridade policial, leia-se, Delegado de Polícia. Quanto à atribuição da autoridade policial,
esta geralmente é determinada pela circunscrição do local onde foi praticado o delito, o que não
impede, todavia, que uma autoridade policial possa investigar em outra circunscrição, mesmo porque
não existe princípio da autoridade policial natural, não havendo nesses casos que se falar em nulidade
do procedimento policial.
 Polícia Judiciária: é a polícia que auxilia o Poder Judiciário no cumprimento de suas
ordens/requisições.
 Polícia Investigativa: é a polícia que atua na apuração de infrações penais e de sua autoria.
Isso não significa que sejam polícias diferentes. A Polícia Civil, por exemplo, ora atua como
polícia judiciária (ex.: cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão), ora como polícia
investigativa (ex.: investigação de infrações penais comuns de competência da Justiça Estadual).
Vejamos, a propósito, o que diz o Art. 144, §4º, da CF/88: “às polícias civis, dirigidas por delegados de
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares”.
O Art. 144, § 1º, da CF/88, por sua vez, estabelece a competência da Polícia Federal (PF),
donde se conclui que a PF também atua como Polícia Judiciária e Polícia Investigativa:
Art. 144. (...)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

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III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;


IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

6. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL


6.1. Peça Escrita (Art. 9º do CPP)
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Obs.: prevalece o entendimento de que é possível documentar os autos do inquérito policial


mediante gravação de som e/ou imagem - aplicação analógica do Art. 405, §1º, do CPP –
que trata do registro dos depoimentos na audiência de instrução e julgamento, no processo
penal;
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes,
contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e
testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem
necessidade de transcrição. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

6.2. Peça Instrumental


Porque é o instrumento utilizado pelo Estado para colher elementos de informação quanto à
autoria e materialidade da infração penal, necessárias ao exercício da ação penal por seu titular.
6.3. Peça Obrigatória
Havendo um mínimo de elementos, o Delegado de Polícia deve instaurar o Inquérito Policial
(IP). O termo ―obrigatório‖ não implica dizer que para toda ação penal deve haver um IP, visto que há
a possibilidade de ajuizamento direto de ação penal, com a dispensa do procedimento policial. O termo
implica dizer que o Delegado não poderá deixar de instaurar IP, quando existirem elementos, ainda que
mínimos.
Se o requerimento da vítima para instauração de Inquérito Policial for indeferido, cabe recurso
para o Chefe de Polícia, nos termos do Art. 5º, § 2º, do CPP.
Nesse contexto, diz-se também que o IP é um procedimento oficioso, na medida em que,
diante de crime de ação penal pública incondicionada o Delegado de Polícia é obrigado a agir de ofício,
instaurando o IP independentemente da provocação da vítima e/ou de qualquer outra pessoa, nos
termos do que dispõe o Art. 5º, I, do CPP. E em se tratando de crime de ação penal pública
condiciona ou privada, havendo a manifestação de vontade da vítima e existindo aqueles elementos
mínimos, a autoridade policial também é obrigada a agir de ofício, determinando as diligências
necessárias à apuração do fato.

6.4. Peça Dispensável (Art. 39, § 5º, do CPP, e Art. 28 do CPPM)


Caso o titular da ação penal tenha peças de informação com prova do crime (materialidade
delitivo) e ao menos indícios suficientes de autoria, pode dispensar o IP.
CPP - Art. 39, § 5o - O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação
forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia
no prazo de quinze dias.
CPPM - Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo
Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.

Corroborando com isso o Art. 12 do CPP prevê que ―o inquérito policial acompanhará a denúncia
ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra‖. A contrário sensu, se o IP não servir de base à
peça acusatório (denúncia ou queixa-crime) ele não à acompanha, exatamente por ser dispensável.
Por fim, o Art. 27 do CPP preconiza que ―qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do
Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações
sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção‖. Ora, a pessoa já
levar ao Parquet os elementos necessário para a propositura da ação penal, não há a necessidade de se
requisitar a instauração de Inquérito policial.

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6.5. Peça sigilosa (Art. 20 do CPP)


A sigilosidade do Inquérito Policial (IP) decorre de sua finalidade. Ora, se a finalidade do IP é
demonstrar materialidade e autoria delitiva (ou ao menos indícios suficientes desta), é natural que ele
seja sigilo, pois é normal que o infrator procure esconder/ocultar ou dificultar o acesso da polícia a
todas as fontes de provas contra si. Ex.: uma busca e apreensão deferida pelo juiz, certamente, se
tornaria inócua caso o investigado tivesse notícia dela antes de a diligência ser executada.
Mas essa característica não é absoluta, pois pode ter acesso ao IP, obviamente, a Autoridade
Policial, além da Autoridade Judiciária e o Membro do Ministério Público.
Quanto ao advogado, este tem acesso às informações já documentadas no IP, mas não em
relação às diligências em andamento. Esse direito do advogado, decorre do Art. 5º, LXIII, da CF: o
preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado; e Art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB; todavia nos termos da
Súmula Vinculante 14 apenas aos elemtnos de prova já documentados, senão vejamos:
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

O Art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB, prevê que o advogado terá acesso às informações do IP,
mesmo sem procuração. Todavia, se há informações sigilosas, como por exemplo por quebra de
sigilo bancário e telefônico, será obrigatória a procuração.
Atenção: Contra a negativa de acesso aos autos do IP cabe: (1) Reclamação para o STF; (2)
Mandado de Segurança em nome do advogado pelo fato de lhe ter sido violado um direito líquido e
certo; e, para o STF, também cabe (3) Habeas Corpus (HC) sempre que puder resultar, ainda que de
modo indireto, prejuízo à liberdade de locomoção do investigado (Ex.: a quebra ilegal de sigilo
bancário) - (STF - HC 90232/2006 – 1ª Turma e HC 82354/2004 – 1ª Turma).

6.6. Peça inquisitiva ou inquisitória


Não há contraditório e nem ampla defesa plenos no Inquérito Policial. Nesse diapasão, vide
Art. 306, § 1º, do CPP, por meio do qual vemos que não há a necessidade da presença de advogado
quando da lavratura de Auto de Prisão em Flagrante Delito, uma das formas pelas quais comumente o
Inquérito Policial pode ser iniciado.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
§ 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o
auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

Atenção: Apesar de ser inquisitivo o Inquérito Policial (IP), a doutrinária sustenta haver direito de
defesa no IP, não o direito a ―ampla defesa‖, todavia um direito de defesa mais
restrito/reduzido/mitigado, podendo este ser exercido de duas formas, a saber:
1) Exercício exógeno: trata-se do exercício do direito de defesa fora dos autos do IP, por
manejo de técnica paralela, mediante o ajuizamento, por exemplo, de ação autônoma de impugnação
com o fito de obter o trancamento da investigação preliminar ou outra providência, sendo possível,
nesse sentido, as ações constitucionais de: habeas corpus ou Mandado de Segurança, a depender do
caso concreto; e
2) Exercício endógeno: trata-se de exercício do direito de defesa dentro dos autos do próprio
IP, verificado, por exemplo, nas declarações do investigado (direito de audiência), no requerimento de
diligências à Autoridade Policial (não requisição) feito pelo Defensor ou ainda na intervenção do
advogado em situação excepcional, para garantir o acatamento às garantias individuais do
investigado/indiciado. Não por outra razão, é direito do defensor do investigado ter acesso aos autos do
IP já documentados, consoante Súmula Vinculante nº 14 acima transcrita.
Além disso, a inquisitoriedade do Inquérito Policial sofreu uma importante mitigação com o
advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) que incluiu no CPP o Art. 14-A, in verbis;

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da
força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as
situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do
procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a
contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava
vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, indique defensor para a representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições
dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

Bom, no caput do Art. 14-A nenhuma novidade, pois toda e qualquer pessoa investigada pode
constituir defensor para lhe assistir no curso do Inquérito Policial (Art. 5º, LXIII, da CF/88).
A grande novidade consta dos §§ 1º e 2º, pois deles se infere que a assistência de defensor
no caso de uso letal da força por agentes de segurança pública (integrantes da PF, PRF, PFF, PCs, PMs,
CBMs e Polícias Penais) no exercício profissional é obrigatória, pois:
I - A autoridade que preside a investigação é obrigada a citar (termo inapropriado
tecnicamente, o certo seria notificação/intimação) o investigado para constituir defensor de sua
preferência;
II – Caso o investigado não constitua defensor de sua preferência em 48h após a notificação,
a autoridade responsável pela investigação tem que intimar a instituição de segurança pública a que ele
pertencia à época dos fatos, para que esta, também em 48h, indique defensor para representar o
investigado.
Questão: na segunda hipótese, quem será esse defensor? Nos §§ 3º, 4º e 5º, previa-se que seria
a Defensoria Pública e, onde não houvesse, defensor a ser custodiado com o orçamento público da
própria instituição de segurança a que ele pertencesse o investigado. Porém, os dispositivos foram
vetados pelo Presidente da República, ao argumento de que essa assistência deveria ser prestada pela
Advocacia Geral da União ou pelas Procuradorias de Estado, respectivamente, caso o servidor seja
federal ou estadual.
Por fim, o §6º determina que essa assistência de defensor no caso de uso letal da força no
exercício profissional se aplica no caso de investigações contra os integrantes das Forças Armadas
(Marinha, Exército e Aeronáutica), se os fatos apurado disserem respeito a missões para Garantia da
Lei e da Ordem (GLO).

6.7. Peça informativa


O Inquérito Policial visa à colheita de elementos de informação, para dar suporte ao titular da
ação penal, a fim de que possa promovê-la.
* Elementos de informação são diferentes de provas. Vide quadro comparativo.

ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PROVAS


São aqueles colhidos na fase investigativa, sem a São aqueles colhidos na fase judicial, na
participação das partes. presença das partes.
 Produzida na fase investigatória;  Produzida na fase judicial;
 Inquisitorial;  Submetida ao sistema acusatório;
 Não há contraditório, nem ampla defesa;  Observa-se o contraditório e a ampla
 Prestam-se para a fundamentação de medidas defesa;
cautelares e também para a formação da opinio  Produzida na presença do acusado,
delicti do titular da ação penal. acusador e do juiz, servindo para embasar
uma sentença penal.

Valor probatório dos elementos de informação: os elementos colhidos na investigação,


isoladamente considerados, não são aptos a fundamentar uma condenação, pois tem valor probatório
relativo, exatamente porque produzidos sem o crivo do contraditório e da ampla defesa. Porém, não
devem ser ignorados, podendo se somar a(s) prova(s) produzida(s) em juízo, servindo como mais um
elemento para embasar a formação da convicção do magistrado. Nesse sentido - STF - RE 425734
AgR/2005 – 2ª Turma e RE 287658/2003 – 1ª Turma); STJ – HC 222302/2012 – 6ª Turma e
HC 156333/2011 – 5ª Turma.

Cuidado que se for para absolver o acusado é perfeitamente possível a decisão ser
fundamente exclusivamente nos elementos de informação produzidos durante a investigação. Nesse
sentido, o Art. 397 do CPP traz hipóteses de absolvição sumária que, decerto, pode se dá apenas como
base nos elementos informativos produzidos na investigação.

6.8. Peça Indisponível (Art. 17 do CPP)


O Inquérito Policial jamais pode ser arquivado pela autoridade policial. De acordo com a
redação antiga do Art. 28 do CPP somente o Juiz, mediante requerimento do MP, era quem podia

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arquivar os autos do IP. Todavia, com a nova redação do mencionado artigo dada pela Lei nº
13.964/2019 (Pacote Anticrime) o arquivamento do IP é feito pelo próprio Ministério Público,
obviamente quando se tratar de crime de ação penal pública.
Adiante analisaremos melhor esse ponto, inclusive mostrando os dois procedimentos para o
arquivamento do IP (redações antiga e atual do Art. 28 do CPP), pois a nova redação do dispositivo em
tela encontra-se com a eficácia suspensa por decisão do ministro Luiz Fux do STF por tempo
indeterminado, até que a questão seja definitivamente decidida no âmbito do Supremo. Diante disso,
acreditamos que os dois procedimentos para se arquivar o IP podem ser objeto de cobrança nas provas
de concurso público.

6.9. Discricionário
Diferentemente do que ocorre na fase processual (ação penal), em que há rigor procedimental
a ser seguido sob pena de nulidade, no Inquérito Policial, quanto às diligências investigativas, há
discricionariedade, pois cabe ao Delegado de Polícia determinar o rumo das investigações, elegendo as
diligências a serem realizadas, bem como sua ordem de acordo com as peculiaridades de cada caso.
Assim, das diligências previstas nos Arts. 6º e 7º do CPP, a autoridade policial tem
discricionariedade para decidir quais irá proceder ou não. Da mesma forma, não é obrigada a seguir a
sequência prevista no mesmo dispositivo. Ademais, poderá proceder a outra diligências lá não
previstas, desde que, obviamente, não constituam provas ilícitas, até porque discricionário não é
arbitrário.
Não por outra razão, dispõe o Art. 14 do CPP que “o ofendido, ou seu representante legal,
e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da
autoridade”. Porém, cuidado que essa discricionariedade não tem caráter absoluto, bastando
lembrar que o Art. 184 do próprio CPP preconiza que “salvo o caso de exame de corpo de delito, o
juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade”, ou seja, no caso de exame de corpo de delito a diligência (perícia, no
caso) não poderá ser indeferida.
Além disso, a autoridade policial tem que fundamentar o despacho indeferindo a diligência
solicitada, até porque ela não pode negar a realização de diligência importante e que tenha correlação
com o esclarecimento dos fatos em apuração, mas apenas aquelas inúteis, protelatórias ou
desnecessárias, tanto é assim que o STJ já admitiu Habeas Corpus (HC) para determinar a realização
de diligências (oitiva de testemunhas e quebra de sigilo telefônico) requeridas pela defesa e indeferidas
pelo Delegado de Polícia (HC 69405/2008 – 6ª Turma).

6.10. Temporário
Com a garantia da razoável duração do processo, o Inquérito Policial (IP) não pode perdurar
por tempo indeterminado, havendo, portando, prazos previstes em lei para a sua conclusão.
E finalmente qual é esse prazo? Segundo o Art. 10 do CPP (regra geral), o prazo para a
conclusão do IP com indiciado preso em flagrante ou preventivamente é de 10 dias, enquanto
que, no caso de indiciado solto, é de 30 dias. E é possível prorrogação?
No caso de investigado solto é pacífico que o prazo é prorrogável por igual período, ou seja,
mais 30 dias, sendo que, na prática, acaba podendo haver sucessivas prorrogações, de acordo com a
Doutrina e Jurisprudência, desde que demonstrada a extrema necessidade e devidamente autorizado
de forma fundamentada pelo juiz competente, após requerimento da autoridade policial, prevalecendo
o entendimento de que também é necessária a oitiva do MP, pois, como titular da ação penal, pode
entender desnecessária a prorrogação, se se convencer que os elementos para o oferecimento da
denúncia já estão presentes.
Já no caso do réu preso, não se admitia prorrogação, porém a jurisprudência sempre
entendeu que pequeno atraso na conclusão do IP, mesmo com réu preso, não gera constrangimento,
porque o prazo para a conclusão da persecução penal deve ser visto de forma global, de modo que
eventual atraso na fase investigativa pode ser compensado posteriormente na fase processual,
respeitado, obviamente, o princípio da razoabilidade. Ocorre que, com o advento da Lei do Pacote
Anticrime (Lei nº 13.964/29) passou-se a admitir uma única prorrogação por até mais 15 dias, após o
que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (Art. 3º-
B, §2º, do CPP), no entanto esse dispositivo também está suspenso por decisão do Ministro Luiz Fux
do STF, assim como todos os dispositivos relativos ao Juiz das Garantias.
Atenção: prevalece o entendimento de que, no caso de crime comum, o prazo em que o indiciado
estiver preso temporariamente, não deve ser levado em consideração para a conclusão do IP, no caso
de indiciado preso, pois o Art. 10 do CPP fala em apenas em ―indiciado preso em flagrante réu preso
preventivamente‖, senão vejamos:

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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Ou seja, durante a prisão temporária, o prazo para a conclusão do IP permanece em 30 dias,


como se solto estivesse o investigado, porque esta modalidade de prisão tem prazo certo para
terminar, isto é, 5 (cinco) dias prorrogáveis por apenas mais 5 (cinco). Já na prisão preventiva, a lei
não estabelece um prazo máximo, daí a necessidade de limitar a duração do inquérito policial que, no
caso, fica em 10 (dez) dias improrrogáveis (antes da Lei do Pacote Anticrime) e prorrogável por até
mais 15 dias após o advento d mencionada Lei que, porém, repita-se, encontra-se, nesse ponto, com a
eficácia suspensa pro decisão do Ministro Luiz Fux do Supremo.
Atenção: caso a prisão temporária seja convertida em preventiva, obviamente o prazo para a
conclusão do IP passa a ser de 10 dias e, nesse caso, contado da data da conversão.
E também CUIDADO que, no caso de crimes hediondos ou equiparados (tráfico de drogas,
tortura e terrorismo), caso tenha sido decretada a prisão temporária, prevalece o entendimento de que
o prazo para a conclusão do IP passa a ser o mesmo praza do temporária, isso porque a prisão
temporária, em caso de crime hediondo ou equiparado, tem o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis
por mais 30 (trinta) em caso de extrema e comprovada necessidade, de modo que o prazo tanta da
mencionada prisão, como da conclusão do IP pode ser de no máximo 60 (sessenta dias). Nesse caso,
se entende que, como a prisão temporária só tem cabimento durante a fase da investigação, isso faz
com que o prazo para a conclusão do IP acompanhe o prazo da prisão temporária, mas tão somente,
repita-se, em caso de crime hediondo ou equiparado.
No Código de Processo Penal Militar (CPPM), o prazo para a conclusão do Inquérito Policial
Militar (IPM) é de 20 dias estando (improrrogável) o indiciado preso e 40 dias estando ele solto,
podendo este último prazo ser prorrogado por mais 20 dias.
No caso de crimes de competência da Justiça Federal, o prazo para a conclusão do IP é de 15
dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser duplicado. No caso do indiciado solto, é de 30 dias
também podendo ser duplicado.
Na Lei de Drogas, o prazo para a conclusão do IP é de 30 dias com indiciado preso e de 90
dias com ele solto, com o detalhe de que esses prazos podem ser duplicados (Art. 51 da Lei
11.343/06).
No caso de delitos contra a Economia Popular o prazo para a conclusão do IP é de 10 dias,
independente de indiciado preso ou solto.
Obs.: o prazo para a conclusão do IP é prazo processual, portando na sua contagem exclui-se o dia do
começo e inclui-se o dia do término. Há quem entende que, quando o réu está preso, passa a ser prazo
material, mas não é o que prevalece.

7. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL (Art. 5º do CPP)


7.1. Crimes de Ação Penal Privada (Art. 5º, §5º)
Para a instauração de Inquérito Policial, faz-se necessário o requerimento do ofendido ou de
seu representante legal caso seja incapaz ou tenha falecido.
Esse requerimento deve ser feito no prazo decadencial de 6 (seis) meses a contar do
conhecimento da autoria do delito. Se feito o requerimento após esse prazo, deve o Delegado de Polícia
se abster de instaurar o IP, pois estará extinta a punibilidade (Art. 107, IV).
OBS.: poderá haver prisão em flagrante delito, mas a lavratura do respectivo Auto de Prisão e
instauração do Inquérito Policial ficam condicionadas ao requerimento.

7.2. Crimes de Ação Penal Pública Condicionada (Art. 5º, §4º)


Para a instauração de Inquérito Policial, faz-se necessária a representação do ofendido ou de
seu representante legal caso seja incapaz ou tenha falecido, ou a requisição do Ministro da Justiça, se
for o caso (crimes contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro). Daí
chamar-se de ―notitia criminis postulatória‖.
Obs.: poderá haver prisão em flagrante delito, mas a lavratura do respectivo Auto de Prisão e a
instauração do Inquérito Policial ficam condicionadas à representação do ofendido ou de seu
representante legal, ou à requisição do Ministro da Justiça, se for o caso.

7.3. Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada


Nesse caso, o Inquérito Policial poderá ser instaurado:
 De ofício: por portaria da autoridade policial;

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 Por requisição do Juiz: A doutrina, majoritariamente, sustenta não ser recomendável que o juiz
requisite a instauração de Inquérito Policial, pois isso violaria o princípio da imparcialidade, decorrência
do sistema acusatório previsto na CF/88 (Art. 129, I) e agora também expressamente no CPP (Art.
3º-A - o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação). Mas numa questão
objetiva considerar essa possibilidade como sendo possível. Assim a doutrina defende que, caso uma
autoridade judiciária, tome conhecimento de um crime de ação penal pública, deve ela apenas remeter
a informação ao Ministério Público, nos termos do Art. 40 do CPP, que assim dispõe: “Quando, em
autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação
pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da
denúncia”.
 Por requisição do Ministério Público: se o MP requisitar, o Delegado de Polícia é obrigado a
instaurar o IP? O Delegado deve atender à requisição do MP, em virtude do princípio da obrigatoriedade
da ação penal pública e do seu dever de agir diante da notícia de um fato criminoso, mas não porque
essa ―requisição‖ se trata de uma ordem, até porque existe hierarquia entre as autoridades policiais e
os membros do MP. Assim, se o delegado não atender à requisição do MP para instauração de IP, não
há que se falar em crime de desobediência (STJ – RHC 6511/1997 – 6ª Turma), configurando mera
falta administrativo-disciplinar. Pode eventualmente configurar o delito de prevaricação, se ficar
comprovado que o Delegado deixou de instaurar o IP para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
 Por requerimento do ofendido ou de seu representante legal. Nesse caso, a autoridade policial
pode não atender ao requerimento, caso entenda que não há elementos plausíveis para a instauração
do IP, mas, relembrando, nesse caso cabe recurso para o Chefe de Polícia (aqui em Alagoas, Delegado
Geral da Polícia Civil).
 Por força de Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD). No Código de Processo Penal Militar
(CPPM), o Auto de Prisão em Flagrante Delito pode substituir o próprio Inquérito Policial Militar (IPM),
caso, por si só, seja suficiente para a elucidação do fato criminoso e de sua autoria. No âmbito do
processo penal comum isso não é possível, ou seja, a lavratura de um APFD sempre ensejará a
instauração de um Inquérito Policial, daí chamar-se de ―notitia criminis de cognição coercitiva‖.
 Notícia oferecida por qualquer do povo. É a chamada “delatio criminis” simples. É prevista
inclusive no Art. 5º, §3º, do CPP, nos seguintes termos: “Qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito”.
Questão: É possível delatio crimines inqualificada (anônima ou apócrifa)? Sim – Ex.: Disque
Denúncia. Antes de se instaurar o Inquérito Policial, porém, deve a autoridade policial verificar a
procedência das informações, por meio de uma investigação preliminar, ou seja, não se pode instaurar
IP unicamente com base numa denúncia anônima. Nesse sentido, STF – ARE 1120771 ArR/2018 –
1ª Turma e HC 108147/2012 – 2ª Turma e HC 84827 e STJ - EDcl no RHC 129923/2020 – 6ª
Turma e AgRg no AREsp 1538693/2020 – 5ª Turma. Mas atenção que a Jurisprudência pátria
firmou entendimento de que é possível a instauração do IP quando a informação anônima foi produzida
pelo próprio infrator e, ainda, quando constituir ela mesma o próprio corpo de delito da infração penal
ou o trouxer consigo, como, por exemplo, no caso de bilhetes de resgate no delito de extorsão
mediante sequestro, ou como ocorre com cartas que evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou
que corporifiquem o delito de ameaça ou que materializem os crime de falsidade documental. Nesse
sentido, STF – Med. Caut. Em HC 100042/2009 e Inq. 1957/2005 – Tribunal Pleno e STJ - HC
416685/2018 – 5ª Turma).
Esse último entendimento jurisprudencial já foi objeto de cobrança em alguns concursos
públicos, inclusive para a área policial, senão vejamos:

1. (CESPE – PC/PE – Delegado de Polícia – 2016). A respeito do inquérito policial, assinale a


opção correta, tendo como referência a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores.
A) Por substanciar ato próprio da fase inquisitorial da persecução penal, é possível o indiciamento, pela
autoridade policial, após o oferecimento da denúncia, mesmo que esta já tenha sido admitida pelo
juízo a quo.
B) O acesso aos autos do inquérito policial por advogado do indiciado se estende, sem restrição, a
todos os documentos da investigação.
C) Em consonância com o dispositivo constitucional que trata da vedação ao anonimato, é vedada a
instauração de inquérito policial com base unicamente em denúncia anônima, salvo quando
constituírem, elas próprias, o corpo de delito.
D) O arquivamento de inquérito policial mediante promoção do MP por ausência de provas impede a
reabertura das investigações: a decisão que homologa o arquivamento faz coisa julgada material.

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

E) De acordo com a Lei de Drogas, estando o indiciado preso por crime de tráfico de drogas, o prazo de
conclusão do inquérito policial é de noventa dias, prorrogável por igual período desde que
imprescindível para as investigações.

1. (CESPE – TJ/BA – Juiz Substituto – 2019). Aldo, delegado de polícia, recebeu em sua unidade
policial denúncia anônima que imputava a Mauro a prática do crime de tráfico de drogas em um bairro
da cidade. A denúncia veio acompanhada de imagens em que Mauro aparece entregando a terceira
pessoa pacotes em plástico transparente com considerável quantidade de substância esbranquiçada e
recebendo dessa pessoa quantia em dinheiro. Em diligências realizadas, Aldo confirmou a qualificação
de Mauro e, a partir das informações obtidas, instaurou IP para apurar o crime descrito no art.
33, caput, da Lei n.º 11.343/2006 — Lei Antidrogas —, sem indiciamento. Na sequência, ele
representou à autoridade judiciária pelo deferimento de medida de busca e apreensão na residência de
Mauro, inclusive do telefone celular do investigado. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção
correta.
A) A instauração do IP constituiu medida ilegal, pois se fundou em denúncia anônima.
B) Recebido o IP, verificados a completa qualificação de Mauro e os indícios suficientes de autoria, o
juiz poderá determinar o indiciamento do investigado à autoridade policial.
C) Em razão do caráter sigiloso dos autos do IP, nem Mauro nem seu defensor constituído terão o
direito de acessá-los.
D) Como não houve prisão, o prazo para a conclusão do IP será de noventa dias.
E) Deferida a busca e apreensão, a realização de exame pericial em dados de telefone celular que
eventualmente seja apreendido dependerá de nova decisão judicial.
GABARITO: 1-C; 2-D.

8. NOTITIA CRIMINIS
8.1. Conceito
É o conhecimento pela autoridade policial, de forma espontânea ou provocada, de um fato
delituoso.

8.2. Classificação
 De cognição imediata, direta ou espontânea: quando a autoridade policial toma conhecimento
do fato criminoso por meio de suas atividades rotineiras. Exs.: encontrar um cadáver durante uma
ronda e veículo produto de crime abandonado.
 De cognição mediata, indireta ou provocada: quando a autoridade policial toma conhecimento
do fato por meio de um expediente escrito, provocado por alguém. Exs.: Requerimento ou
representação da vítima e requisição do Ministério Público.
 De cognição coercitiva: quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso pela
apresentação do indivíduo preso em flagrante.

Questão: O que é “delatio criminis”? é uma espécie de nititia criminis, podendo a expressão ser
utilizada em duas acepções
1ª Acepção: é a representação da vítima ou a Requisição do ministro da Justiça no caso de crime de
ação penal pública condicionada, sendo especificamente chamada de “delatio criminis postulatória‖, que
é quando a vítima se dirige ao delegado de polícia, para relatar-lhe a prática de um crime e requerer
providências.
2ª Acepção: “delatio criminis simples” ou simplesmente “delatio criminis” é uma espécie de “notitia
criminis” consubstanciada na comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à
autoridade policial, e não pela vítima ou por seu representante legal.
Por fim, é perfeitamente possível a instauração de Inquérito Policia a partir de “notitia
criminis” veiculado na imprensa (meios de comunicação), que é uma espécie de “notitia criminis de
cognição imediata/direta/espontânea”. Nesse sentido:

EMENTA: PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. GESTÃO FRAUDULENTA. ALEGAÇÃO


DE NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL. NÃO OCORRÊNCIA. INCOMPETÊNCIA RATIONE LOCI.
NÃO OCORRÊNCIA. ATOS DE GESTÃO. ATOS DECISÓRIOS. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO.
NÃO CARACTERIZAÇÃO. PARTICIPAÇÃO DO SUPOSTO DETENTOR DO FORO COMO TESTEMUNHA E
NÃO COMO INVESTIGADO. INVESTIGAÇÃO DEFLAGRADA COM BASE EM NOTITIA CRIMINIS DE
COGNIÇÃO IMEDIATA. NOTÍCIA VEICULADA EM IMPRENSA. REPORTAGEM
JORNALÍSTICA. POSSIBILIDADE. OUTROS ELEMENTOS. RECURSO DESPROVIDO.
(...)
8. É possível que a investigação criminal seja perscrutada pautando-se pelas atividades
diuturnas da autoridade policial, verbi gratia, o conhecimento da prática de determinada
conduta delitiva a partir de veículo midiático, no caso, a imprensa. É o que se

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

convencionou a denominar, em doutrina, de notitia criminis de cognição imediata (ou


espontânea), terminologia obtida a partir da exegese do art. 5º, inciso I, do CPP, do qual
se extrai que "nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado de ofício".
9. In casu, "uma reportagem jornalística pode ter o condão de provocar a autoridade
encarregada da investigação, a qual, no desempenho das funções inerentes a seu cargo,
tendo notícia de crime de ação penal pública incondicionada, deve agir inclusive ex officio (a
licitude das provas apresentadas na reportagem não é tema que possa, no escopo exíguo de cognição
do writ, ser aferida com mínima segurança, não sendo ocioso lembrar o sigilo da fonte,
constitucionalmente assegurado)", sem olvidar a "farta documentação que foi acostada pela
autoridade policial e pelo próprio Parquet Federal".
10. Recurso desprovido. (STJ – RHC nº 98056, Relator(a): Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 04/06/2019).

8.3. Delatio Criminis Anônima, Apócrifa ou Notitia Criminis Inqualificada


Ex.: disque-denúncia.
Como dito acima, é possível a instauração de Inquérito Policial com base em delatio criminis
anônima ou apócrifa, mas, antes, o Delegado de Polícia deve verificar a procedência das informações,
por meio de investigação preliminar, salvo quando a informação apócrifa constituir ou trouxer consigo
do corpo de delito que materialize a infração penal.

9. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS (Arts. 6º e 7º do CPP)


Elas estão previstas nos artigos 6º e 7º do CPP, num rol meramente exemplificativo, pois a
autoridade policial pode realizar outras ali não previstas, por conta da característica da
discricionariedade do Inquérito Policial (IP), obviamente desde que não constituam provas ilícitas.
Importante destacar que, por conta da discricionariedade que guia a atividade do Delegado de
Polícia na condução do IP, a maioria dessas diligências não são obrigatórias, mas algumas sim, como
por exemplo, o exame de corpo de delito ou outras perícias nas infrações penais que deixam vestígios
(infrações intranseuntes, não-transeunte ou delicta dacti permanentis).

 Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação


das coisas, até a chegada dos peritos criminais (Art. 6º, I, CPP).
De acordo com o Art. 6º, I, do CPP, “Logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal, a autoridade policial deverá: dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais”.
Deve, assim, o Delegado de Polícia preservar os vestígios deixados pela infração penal (corpo
de delito), a fim de serem procedidos aos exames periciais necessários ao esclarecimento dos fatos.
No mesmo diapasão, estabelece o Art. 169 do CPP que, “para o efeito de exame do local onde
houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos”.
Obs1.: Para o exame pericial, hoje, basta um perito oficial. Se foram não oficiais, são necessários dois,
os quais devem prestar compromisso.
Obs3.: O Art. 1º da Lei 5.970/73 autoriza a remoção de pessoas lesionadas ou coisas, se estiverem
prejudicando o tráfego, em caso de acidente de trânsito, mesmo antes do exame pericial de local de
crime, se estiverem no leito da via pública e prejudicando o tráfego.
Lei nº 5.970/73 – Art. 1º. Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro
tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção
das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da
via pública e prejudicarem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da ocorrência,
nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias
ao esclarecimento da verdade.

 Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, logo após liberados pelo(s)
perito(s) - (Art. 6º, II, CPP). (formaliza-se com um auto de apreensão).
Fatores importantes: futura exibição dos objetos em audiência, necessidade de contraprova e
eventual perda em favor da União como efeito da condenação.
Importante lembrar que podem ser apreendidos quaisquer objetos que tenham relação com o
fato delituoso, sejam ilícitos, sejam lícitos, os quais deveram acompanhar os autos do Inquérito Policial,
nos termos do Art. 11 do CPP.

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Direito Processual Penal

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 Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas


circunstâncias (Art. 6º, III, CPP).
Essa previsão vem apenas confirmar a características da discricionariedade do IP, pois além
das diligências especificamente previstas em Lei, a autoridade policial pode determinar a produção de
outras que sejam úteis ao esclarecimento do fato delituoso e de suas circunstâncias.

 Ouvir o ofendido.
É possível a condução coercitiva do ofendido (vítima) – Art. 201, §1º, do CPP, mas caso ela
não compareça, não responderá por crime de desobediência (diferentemente da testemunha, que
poderá responder por esse crime).
 Interrogatório do acusado.
Além de ser diligência útil ao esclarecimento dos fatos, o interrogatório do investigado em
IP representa meio de defesa (endógeno), mesmo porque a CF/88 assegura ao preso o direito ao
silêncio, direito este que só será efetivamente exercido se lhe for dada a oportunidade de ser ouvido,
além disso, a Carta Magna também assegura ao preso assistência de advogado (Art. 5º, LXIII, CF/88).
Não confundir o interrogatório policial com o judicial. Este é composto de três fases,
devendo o Juiz perguntar sobre a vida pessoal, o fato delituoso e, após, haverá o contraditório (as
partes podem fazer reperguntas), já no interrogatório policial, como se sabe, não há contraditório.
Obervações: (1) o acusado tem direito ao silêncio; e (2) não é preciso se nomear curador para
menores de 21 anos - Art. 15 do CPP tacitamente revogado pelo Código Civil de 2002, o qual passou
a prever a maioridade absoluta a partir dos 18 (dezoito) anos de idade. Porém continua sendo
necessária a nomeação de curador especial para os indígenas não adaptados ao convício social, bem
como para os inimputáveis.
Durante o interrogatório policial, o Delegado de Polícia não é obrigado a nomear defensor para
o investigado/indiciado, porém, se este tiver defensor e exigir a presença deste durante o seu
interrogatório, esta se impõe sob pena de nulidade do ato, sem prejuízo de a Autoridade Policial
responder pelo crime de abuso de autoridade (Art. 15, parágrafo único, II, da Lei nº 13.869/19).

 Reconhecimento de pessoas e coisas e acareações, e reconstituição do crime:


A participação em reconhecimento de pessoas não está abrangida pelo direito ao silêncio
(nemo tenentur se detegere ou a não autoincriminação), porque não se exige nenhum comportamento
ativo incriminador.
Já, no caso de acareações e reprodução simulada dos fatos, como se exige comportamento
ativo por parte do investigado, ele está acobertado pelo direito à não autoincriminação, de modo que
pode se preservar o direito de não participar, não podendo ser, no caso de recusa de comparecer,
conduzido coercitivamente. Nesse sentido, STF – HC 69026/92 – 1ª Turma.
Maiores detalhes sobre reconhecimento de pessoas e coisas e acareações, ver-se-á no
capítulo relativo ao tema provas.
O Art. 7º do CPP assim dispõe sobre a reprodução simulada dos fatos: “Para verificar a
possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública” (Ex.: Crimes contra a Dignidade Sexual).
Como dito, por conta do direito de não produzir provas contra si mesmo, o investigado não é
obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos. Nesse sentido, o STJ já entendeu que configura
constrangimento ilegal, a decretação de prisão preventiva pelo fato de o indiciado ter se recusado a
participar da reconstituição do crime (STF – HC 64354/87 – Tribunal Pleno).
 Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias.
Quando a infração penal deixar vestígios o exame de corpo de delito é indispensável, não
podendo supri-lo a confissão do acusado do Art. 158 do CPP.
O Delegado de Polícia pode determinar a realização de quaisquer perícias de ofício, exceto o
exame de insanidade mental, que só pode ser determinada com ordem judicial (Art. 149, §1º, do
CPP).

 Identificação criminal (próximo item).

 Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e


social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime
e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

 Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem


alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Esses questionamentos devem ser feitos todas as vezes que algum preso for interrogado,
seja na investigação, seja no processo (ação penal), bem por ocasião do interrogatório durante a
lavratura de auto de prisão em flagrante.
O objetivo da norma é levar ao magistrado informações mais completas para que ele possa
avaliar a possibilidade de concessão de prisão domiciliar.

10. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (FOTOGRÁFICA, DATILOSCÓPICA ou PERFIL


GENÉTICO)
A identificação criminal é importante porque o conhecimento efetivo e seguro da autoria
delitiva é imprescindível para o exercício do jus Puniendi por parte do estado, já que nenhuma pena
pode passar da pessoa do condenado (Art. 5º, XLV, CF/88).
Antes da CF/88, a identificação criminal era obrigatória, desde que o acusado não se
identificasse civilmente (Súmula 568 do STF – anterior à CF/88) – identificação criminal não era
considerada sinônimo de constrangimento. Depois da CF/88, porém, diante da norma do Art. 5º, LVIII
(o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei), a identificação criminal passou a ser exceção, só sendo possível nas hipóteses previstas em Lei (Lei
nº 12.037/09). Essa hipótese estão previstas no Art. 3º da Lei nº 12.037/09, senão vejamos:
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do
Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

Atualmente, nos termos da Lei nº 12.037/09, existem três espécies de identificação criminal,
a saber: (1) datiloscópica, (2) fotográfica, e (3) perfil genético.
Diante da mutabilidade da fisionomia dos seres humanos, a identificação fotográfica deve ser
adotada apenas como método auxiliar de identificação, não sendo possível utilizá-la de maneira
exclusiva, dispensando a identificação datiloscópica.
Em relação à identificação por meio de perfil genético é importante lembra que, como é
imprescindível a coleta de material biológico, o investigado/acusado não é obrigado a fornecer esse
material por conta do princípio da vedação a autoincriminação (nemo tenetur se detegere) – nesse
diapasão, STF – HC 71373/1994 – Tribunal Pleno. Por outro lado, caso o material biológico tenha
sido produzido e descartado voluntária ou involuntariamente pelo investigado/acusado (como sague,
urina, saliva, cabelo ou outros tecidos orgânicos), não há qualquer óbice a sua coleta para a realização
do exame. Nesse sentido, STF – Rcl-QO 2040/2003 – Tribunal Pleno.

11. ACESSO A DADOS CADASTRAIS DE VÍTIMAS E SUSPEITOS (Art. 13-A do CPP)


O Art. 13-A do CPP, introduzido pela Lei nº 13.344/16, passou a prever a possibilidade de o
Delegado de Polícia e o membro do MP terem acesso direto (de ofício), ou seja, independente de
autorização judicial, a esses dados cadastrais, no caso de investigação dos crimes relacionados no
dispositivo em questão, senão vejamos:
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei
nº 13.344, de 2016)

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Direito Processual Penal

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Os crimes que permitem o acesso a esses dados cadastrais previstos no Art. 13-A do CPP são
os seguintes: sequestro e cárcere privado (Art. 148 do CP), redução a condição análoga à de escravo
(Art. 149 do CP), tráfico de pessoas (Art. 149-A do CP), extorsão qualificada pela restrição da liberdade
da vítima (Art. 158, §3º, do CP), extorsão mediante sequestro (Art. 159 do CP) e prática ou facilitação
de ato destinado a enviar criança ou adolescente ilegalmente para o exterior ou com o fito de obter
lucro (Art. 239 do ECA).
Outras Leis já traziam previsão semelhante, para o caso de investigações de outros crimes, a
saber: Art. 17-B da Lei nº 9.613/98 (Lavagem de Capitais) e Art. 15 da Lei nº 12.850/13 (Organizações
Criminosas), a seguir transcritos:
Lei nº 9.613/98 - Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso,
exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e
endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas
telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de
cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
Lei nº 12.850/13 - Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,
independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que
informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de
cartão de crédito.

Note que as redações dos dois dispositivos transcritos são rigorosamente iguais e,
diferentemente do Art. 13-A do CPP que permite o acesso aos dados cadastrais de investigado e vítima,
restringem o acesso aos dados cadastrais apenas do investigado. Portanto, ficar atentos a esse detalhe,
pois bom para ser cobrado em questões objetivas.
Por fim, o acesso a esses dados cadastrais restringem-se apenas à qualificação pessoal, a
filiação e o endereço. Qualificação pessoal consiste no nome, nacionalidade, naturalidade, idade, estado
civil, profissão ou atividade, RG e CPF. Filiação consiste nos nomes do pai e da mãe. Endereço nada
mais é do que o local de residência ou trabalho. Assim, outras informações que atinjam a intimidade e
a vida privada das pessoas depende de autorização judicial.

12. INDICIAMENTO
Indiciar nada mais é do que atribuir a autoria de uma infração penal à determinada pessoa
investigado no Inquérito Policial (IP).
É ato privativo da autoridade policial, podendo ser feito em qualquer fase da investigação,
desde o auto de prisão em flagrante delito até o relatório conclusivo da investigação, porém desde que
presentes os pressupostos, sob pena inclusive de cabimento de Habeas Corpus (HC) para o
desindiciamento (nesse sentido, STJ – HC 43599/2005 – 6ª Turma). São pressupostos para o
indiciamento:
a) prova da existência do crime; e
b) indícios de autoria.
Também não pode o juiz ou o MP determinar que o Delegado de Polícia indicie ninguém,
porque, mesmo sendo um poder-dever, é ato privativo seu, sem contar que a sua ausência não impede
o exercício da ação penal, configurando mera falta funcional para o Delegado de Polícia a ser apurada
na esfera administrativo-disciplinar.
Por ser ato privativo da autoridade policial dentro de um IP não pode ser promovido pelo
membro do MP, nem por Comissão Parlamentar de Inquérito. Ademais, não tem cabimento depois de
recebida a peça acusatório pelo titular da ação penal (nesse sentido, STJ – RHC 54635/2016 – 6ª
Turma e HC 174576/2010 – 5ª Turma.
O indiciamento é classificado como direto que ocorre quando o indiciado está presente, ou
indireto quando ele está ausente (exemplos: foragido, foi intimado para o ato e não compareceu etc).
Importante mencionar que, com o advento da Lei nº 12.830/13, que dispõe sobre a
investigação criminal conduzida pelo Delegado de Polícia, fixou-se de vez por todas que o indiciamento
é ato que deve ser necessariamente motivado pela autoridade policial, senão vejamos: Art. 2º, §
6º - “o indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias”.
Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada, salvo nas seguintes hipóteses:
a) Membros do MP - Art. 41, II, Lei n º 8.625/93 (LOMP). Não pedem ser indiciados, por ser
prerrogativa deles. De acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, se, no curso da investigação,
tiver indício de envolvimento de membro do MP, remeter-se-á os autos ao Procurador Geral de Justiça
(PGJ), a quem competirá prosseguir nas investigações, sob pena de responsabilidade. Obviamente que
o PGJ vai designar um outro membro do MP ou uma comissão para proceder a investigação por meio de
um Procedimento Investigativo Criminal (PIC). Regra semelhante é encontrada no Art. 18, II, ―f‖, da

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

Lei Complementar (LC) nº 75/93, aplicável ao Ministério Público da União, apenas com a diferença de
que os autos devem ser remetidos ao Procurador Geral da República (PGR).
b) Magistrados - Regra semelhante à dos membros do MP prevista no Art. 33, parágrafo único, da Lei
Complementar nº 35/79 (LOMAN), porém, no caso, os autos serão remetidos ao presidente do Tribunal
competente para julgar o magistrado (STF, STJ, TJ, TRF etc).
c) Pessoas com foro por prerrogativa de função (Ex.: Deputados Federais e Senadores). Outras
autoridades com foro por prerrogativa de função (Exs.: deputados, senadores, prefeitos etc) podem ser
investigados pela autoridade policiais, todavia, de acordo com a Jurisprudência do STF, tanto a abertura
da investigação, como o indiciamento dependem de prévia autorização do Ministro Relator do processo
no Tribunal competente (nesse diapasão, STF - Inquérito 2411/2008-QO – Tribunal Pleno). Isso é
muito criticado pela doutrina, mas é a posição do STF, portanto importante para questões objetivas! A
fundamentação do STF foi que a mera instauração de IP e o indiciamento já trazem uma carga muito
negativa para a pessoa.

13. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO


O Art. 21 do CPP que previa essa possibilidade não foi recepcionado pela CF/88, tendo em
vista que a própria Carta Magna estabelece que nem mesmo no caso de Estado de Defesa (que é uma
situação de anormalidade/excepcionalidade) é permitida a incomunicabilidade do preso (Art. 136, §3º,
IV, CF/88). Assim, se no estado de exceção não é permitida, também não faria sentido ser num estado
de normalidade. Ademias, essa incomunicabilidade seria incompatível com o mandamento
constitucional segundo o qual ao preso é assegurada a assistência da família e de advogado (Art. 5º,
LXIII, CF/88).
Obs.: O agendamento e a organização de visitas para o preso, impostos pelo Regime Disciplinar
Diferenciado - RDD (Art. 52 da Lei de Execuções Penais) não significam incomunicabilidade do preso,
portanto é compatível com a CF/88.

14. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL


A conclusão do Inquérito Policial se dá por meio de um Relatório, que é de atribuição do
Delegado de Polícia. Trata-se de uma peça essencialmente descritiva, ou seja, deverá constar todas as
diligências que foram realizadas, bem como o que foi dito pelas testemunhas, vítima etc, enfim o
resultado de todos os elementos de informação produzidos.
A autoridade policial não precisa fazer qualquer juízo de valor sobre a tipificação penal do(s)
fato(s) delituoso(s) investogado(s), pois isso deverá ser feito pelo titular da ação penal. Na verdade, o
relatório é uma ―prestação de contas‖ da autoridade policial. Exceção: o Delegado deverá fazer juízo de
valor sobre a classificação do delito na hipótese de tráfico de drogas, pois deverá explanar o(s)
motivo(s) pelo(s) qual(ais) acredita ser crime de tráfico de entorpecentes, e não de posse de drogas
para consumo pessoal (Art. 51, I, da Lei nº 11.343/06).
Obs.: o relatório não é indispensável para que o Ministério Público possa oferecer a denúncia. Ora, nem
mesmo o IP o é, pois, como dito alhures, este tem como uma de suas características ser um
procedimento dispensável. Dessa forma, do mesmo modo que ocorre em relação ao indiciamento, o
juiz e o membro do MP não podem requisitar do Delegado a confecção do Relatório Conclusivo do IP,
caso não tenha o feito, pois isso configura apenas falta funcional a ser apurada na esfera
administrativo-disciplinar pela Corregedoria do respectivo órgão policial.
PARA ONDE REMETER O INQUÉRITO POLICIAL? De acordo com o Art. 10, §1º, do CPP, o IP
é remetido ao Poder Judiciário. Porém, em alguns Estados (Ex.: Paraná, Bahia e Alagoas), o IP já está
sendo remetido diretamente ao MP (para as chamadas ―Centrais de Inquérito‖). No âmbito federal, o
Conselho da Justiça Federal também editou um ato normativo (Resolução nº63/2009) autorizada, como
regra, a tramitação de IPs diretamente entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A 5ª
Turma do STJ entendeu que essa resolução não é ilegal (RMS 46165/2015). Porém, ficar
acompanhando o julgamento da ADI 4305 pelo STF, em que se discute a constitucionalidade da
referida Resolução, pois caberá ao Supremo, no caso, decidir definitivamente essa questão.
Os atuais dispositivos inseridos no CPP pela Lei nº 13.964/19, sobretudo relacionados ao juiz
das garantias, acabaram reforçando essa tese de que o IP deve ser enviado, em regra, pela autoridade
policial diretamente ao Ministério Público, mas, repita-se, tais dispositivos estão com a eficácia
suspensa por decisão do Ministro Luiz Fux do STF. Bom, de todo modo, seja na ADI 4305 acima citada,
seja nas ADIs que contestam o juiz das garantias e outros alterações trazidas pela Lei do Pacote
Anticrime, certamente essa questão será enfrentada e definitivamente decidida.
Obviamente, havendo representação/requerimento de qualquer medida cautelar ao Poder
judiciário, por conta da cláusula de reserva de jurisdição, há a obrigatoriedade de o IP ser remetido ao
Magistrado competente.

14
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

OS AUTOS DO IP, CHEGANDO AO PODER JUDICIÁRIO, O QUE O MAGITSRADO FAZ? Nas


infrações penais ação penal pública, abre vistas ao Ministério Público (MP). Em caso de delitos de ação
penal privada, os autos ficam no cartório da vara criminal aguardando a iniciativa da vítima, no prazo
decadencial de 6 meses contados da data do conhecimento da autoria delitiva, após o que não há mais
possibilidade de exercício da ação penal porque extingue-se a punibilidade do infrator (Art. 106, IV, do
CP) .

15. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL


É a medida utilizada pelo investigado, junto a poder Judiciário, para a suspensão/paralisação
do Inquérito Policial (IP). Pode ser pleiteado por meio de habeas corpus, quando há risco de
cerceamento da liberdade de locomoção do investigado ou indiciado, ou de mandado de segurança,
quando não há esse risco.
Trata-se de medida de caráter excepcional, somente sendo possível nas seguintes
hipóteses:
 Manifesta atipicidade formal (Ex.: o STF entende que ―cola eletrônica‖ não é crime de estelionato,
por falta de tipicidade formal) ou material – que se verifica quando da aplicação do princípio da
insignificância (Ex.: furto de uma caneta BIC). Tipicidade formal é o encaixe perfeito do fato concreto
ao tipo penal, já a tipicidade material significa relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
protegido pela norma penal, sendo ela afastada quando se aplica o princípio da insignificância
(bagatela).
 Presença de causa extintiva da punibilidade - as causas gerais de extinção da punibilidade
estão previstas no Art. 107 do Código Penal.
 Quando não houver justa causa (lastro probatório mínimo) no que se refere à materialidade e
autoria delitivas, para a tramitação do IP;
O Trancamento do IP geralmente se dá por meio de Habeas Corpus (HC), pois quase sempre
há risco, ainda que indireto, para a liberdade de locomoção e, como dito, é medida excepcional, porque
não se pode querer inviabilizar as investigações policiais, por qualquer motivo.
Atenção: No caso de não ser possível o HC, pode-se cogitar da impetração de em Mandado de
Segurança (MS). Ex.: Súmula 693 do STF: não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada; e Súmula 695 do STF: não cabe "habeas corpus" quando já extinta a pena privativa de
liberdade.

16. VISTA AO MP (quando o crime é de ação penal pública – lógico)


Considerando que o IP foi remetido ao Juiz, no termos do Art. 10, §1º, do CPP, recebido os
auto do procedimento Policial, o Magistrado abre vista ao MP que poderá:
16.1. Oferecer de Denúncia – no prazo de 5 (cinco) dias se o réu estiver preso e 15 (quinze)
dias se ele estiver em liberdade (Art. 46 do CPP).
16.2. Requerer ao Juiz que requisite diligências à Autoridade Policial - caso o juiz indefira o
pedido de devolução do IP para novas diligências, caberá correição parcial (é tipo um recurso), visto
que o titular da ação penal é o MP e este é quem deve formar sua convicção para a propositura da Ação
Penal. Ao invés de interpor uma correição parcial, pode o MP requisitar as diligências diretamente à
Autoridade Policial (Art. 13, II, do CPP), até mesmo para ser mais pragmático e célere, evitando
demoras e, consequentemente homenageando o princípio da razoável duração do processo (Art. 5º,
LXXVIII, CF/88).
16.3. Requerer o seu arquivamento ou, de acordo com a nova redação do Art. 28 do CPP
(eficácia suspensa), ele mesmo promover o arquivamento*.
16.4. Alegar incompetência do juízo, solicitando declinação de competência - caso em que
pede que o juiz decline da competência para o juízo que entende ser o competente. Se o juiz não
concordar, poderá suscitar conflito de competência ou remeter os autos para o Procurador Geral de
Justiça, recebendo a alegação de incompetência como sendo um pedido de arquivamento
(arquivamento indireto).
16.5. Suscitar Conflito de Competência. Diferentemente do caso anterior em que nenhum
órgão judicial se manifestou acerca da competência, no presente caso, já existiu uma autoridade
judiciária que se declarou competente ou incompetente para processar e julgar a ação penal, porém o
Membro do MP não concorda, diante do que cabe a ele suscitar/provocar um conflito de competência
perante o Tribunal competente.
16.6. Formalizar acordo de não persecução penal (Art. 28-A do CPP). Novidade trazida pela
Lei do Pacote Anticrime que adiante será melhor analisada.

15
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

*Atenção: Com a nova redação dada ao Art. 28 do CPP pela Lei do Pacote Anticrime, o arquivamento
do inquérito policial não passa mais pelo controle judicial, sendo ato interno do próprio Ministério
Público, porém a nova redação desse artigo também está com a eficácia suspensa pelo Ministro Luiz
Fux do STF por tempo indeterminado, motivo pelo qual entendamos ser importante o candidato
lembrar-se dos dois procedimentos para se arquivar o IP (redação antiga e nova do Art. 28, do CPP), o
que adiante será demonstrado, mesmo porque, na decisão o Ministro determinou que a redação do Art.
28 do CPP revogada permaneça enquanto perdurar a medida cautelar proferida na decisão em tela.

16. ARQUIVAMENTO DO IP
16.1. Natureza Jurídica
O Art. 67, I, do CPP, prevê que o arquivamento do Inquérito Policial se dará mediante
despacho. Todavia, de acordo com o seu teor, não restam dúvidas de que a natureza jurídica do
arquivamento é de decisão judicial, isso considerando a redação antiga do Art. 28 do CPP. Pela nova
redação do dispositivo, passa a ser ato administrativo do próprio Membro do MP, mas repita-se, tal
dispositivo encontra-se com a eficácia suspensa por decisão do Ministro Luiz Fux do STF.
Considerando o arquivamento sendo promovido por decisão judicial, não pode o Juiz o fazer
de ofício, dependendo de requerimento do MP, pois este é quem é o titular da ação penal.

16.2. Procedimento do Arquivamento do IP


Como dito antes, vamos compreender o procedimento para arquivar o IP de acordo com a
redação anterior do Art. 28 do CPP (decisão judicial) e em conformidade com a nova redação do
mencionado artigo (ato do MP).
 Arquivamento como decisão judicial: O MP requer o arquivamento ao juiz. Se ele concordar, o IP
estará arquivado. Se ele discordar, no entanto, deverá encaminhar os autos ao Procurador Geral de
Justiça (PGJ), se for no âmbito do Ministério Público Federal a remessa é para Câmara de Coordenação
e Revisão do MPF (Lei Complementar nº 75, Art. 62, IV) que, depois de manifestação opinativa da
Câmara, submente os autos ao Procurador Geral da República (PGR) para decisão final.
O Procurador Geral (PGJ ou PGR), por sua vez, poderá oferecer denúncia, designar outro
Membro do MP para oferecer denúncia (funcionado este como longa manus do Procurador Geral,
ou seja, ele age por delegação, sendo, dessa forma, obrigado a oferecer denúncia), requisitar
diligências ou insistir no arquivamento, quando então o juiz estará obrigado a arquivar, pois a
última instância do titular da ação penal (Procurador Geral) entendeu pelo arquivamento. Vejamos a
proposito, a redação anterior do Art. 28 do CPP:
“Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao Procurador-Geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.”

Considerado ainda a possibilidade de arquivamento do IP por decisão judicial, por conta da


suspensão eficácia da nova redação do Art. 28 do CPP, é importante destacar que a jurisprudência do
STF é pacífica no sentido de que, no caso de requerimento do Procurador Geral (PGJ ou PGR) para o
arquivamento do IP nos processos de sua atribuição originária, a autoridade judiciária é obrigada a
arquivar, pois esse requerimento já é o entendimento da última instância do órgão do MP, salvo se o
arquivamento for por atipicidade da conduta ou causa extintiva da punibilidade, pois a decisão faz coisa
julgada material. Nesse sentido, STF – Inq. 2341 QO/2007 – Tribunal Pleno e Inq. 852/1997 –
Tribunal Pleno.
 Arquivamento como ato do próprio Ministério Público: O MP, se entender que não existem os
elementos de informações relativos à materialidade e autoria da infração penal e que não há mais
diligências que possam ser encetadas nesse sentido, arquivará os autos do IP. Após ordenado o
Arquivamento, o MP deve comunicar à vítima, ao investigado, à autoridade policial, bem como deve
encaminhar os autos à instância de revisão do Ministério Público (em última análise, PGJ ou PGR) para
homologação. (Art. 28, caput, do CPP).
A vítima ou seu representante legal se for o caso poderá ―recorrer‖ a instância superior do
Ministério Público, no prozo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento da comunicação de
arquivamento (Art. 28, §1º, do CPP). No caso de delitos praticados contra a União, Estados e
Municípios essa pedido de revisão do arquivamento do IP poderá ser feito pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial (Art. 28, §2º, do CPP) que será, respectivamente, a Advocacia
Geral da União, Procuradorias de Estado e Procuradorias de Municípios.
Vejamos, a propósito, a nova redação do Art. 28 do CPP dada pela Lei nº 13.964/19
(Pacote Anticrime) que, repita-se, apesar de se encontrar com a eficácia suspensa por decisão do
Ministro Luiz Fux do STF, acreditamos, apesar de acha absurdo, que pode ser cobrado pelas bancas:

16
Direito Processual Penal

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Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da


mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da
instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a
revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Importante mencionar que, de acordo com essa nova redação do Art. 28 do CPP, o MP pode
mandar arquivar ―Inquérito Policial‖ ou “quaisquer elementos informativos da mesma natureza”
(Exs.: Procedimento Investigatório Criminal – PIC, Relatório de Comissão Parlamentar do Inquérito.
Nesta mesma senda, pode também arquivar os autos do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) –
Art. 76, caput, da Lei nº 9.099/95 – Juizados Especiais Criminais).
Por fim, nunca é demais relembrar que, em nenhuma hipótese, o Inquérito Policial (IP) pode
ser arquivado pela Autoridade Policial, em razão da característica da indisponibilidade do IP (Art. 17 do
CPP).

16.3. Hipóteses autorizadoras


As hipóteses autorizadoras do arquivamento do Inquérito Policial são, para a doutrina, as
mesmas que autorizam a decisão de absolvição sumária (Art. 397, do CPP), sendo elas:
 Atipicidade formal ou material da conduta. Conceitos objetivamente já analisados no tópico
―Trancamento do Inquérito Policial‖.
 Excludentes da ilicitude – Art. 23 do CP – Estado de Necessidade (EN), Legítima Defesa (LD),
Estrito Cumprimento do Dever Legal (ECDL) e Exercício Regular de Direito (ERD).
 Excludentes da culpabilidade, salvo na hipótese do inimputável do Art. 26, caput, porque nesse
caso ele terá de ser submetido a processo para a aplicação da medida de segurança, sendo a sentença,
nesse caso, absolvição imprópria (Art. 386, parágrafo único, III, do CPP) e a ação penal chamada de
―ação de prevenção penal‖. Assim, toda vez que se falar em sentença absolutória imprópria se estar
diante de uma sentença que impõe medida de segurança ao inimputável por doença ou deficiência
mental, sendo diferente da sentença absolutório própria ou propriamente dita.
 Causas extintivas da punibilidade (estão previstas, como já dito, no Art. 107 do Código Penal);
 Ausência de elementos de informação mínimos relativos à autoria e materialidade da
infração penal (falta de justa causa, ausência de lastro probatório mínimo ou insuficiência de provas).
É também chamado de “fumus comissi delicti”. Para a propositura da ação penal é necessária prova da
materialidade delitiva e ao menos indícios suficientes de autoria.
 Cumprimento de acordo de não-persecução penal. O Art.28-A, §13, do CPP, incluído também
pela Lei do Pacote Anticrime, estabelece que cumprido integralmente o acordo de não-persecução
penal, o juiz competente declarará extinta a punibilidade. Como se trata de mais uma causa extintiva
da punibilidade, obviamente o IP deve ser arquivado. Destaca-se que o Art. 28-A do CPP que inseriu o
chamado ―acordo de não-persecução penal‖ no processo penal brasileiro e esse dispositivo,
diferentemente de muitos outros, não foi objeto de suspensão pela decisão do Ministro Luiz Fux do STF,
estando plenamente em vigor e eficaz, portanto, é temo muito bom para ser cobrado nas próximas
provas de concurso publico, por isso mesmo ele será analisado adiante, em tópico específico.

16.4. Coisa Julgada


Quando o arquivamento do IP se dava por decisão judicial (redação anterior do Art. 28 do
CPP), o que ainda é possível por conta da suspensão da eficácia da nova redação do Art. 28 do CPP,
dizia-se que essa decisão poderia fazer coisa julgada formal apenas (ou endoprocessual) ou formal e
material (endoprocessual e exoprocessual).
Coisa julgada formal é a imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida (daí, ser
coisa julgada endoprocessual), logo, a pessoa pode vir a ser processada em outro processo, ou seja, a
discussão pode ser reaberta em outro feito processual. Já a coisa julgada material torna a decisão
imutável também fora do processo em que ela foi proferida, ou seja, não tem mais como ser discutida
a questão de forma alguma (daí, ser denominada também de coisa julgada endoprocessual e também
exoprocessual). Note que a coisa julgada material (exoprocessual) pressupõe a existência da coisa
julgada formal (endoprocessual), porém o inverso não ocorrer, ou de outra forma, toda decisão judicial
de arquivamento de IP faz coisa julgada formal, mas não necessariamente material.

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Direito Processual Penal

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Questão: E como saber se esse arquivamento é definitivo (ou seja, coisa julgada formal e
material) e se não é (ou seja, faz coisa julgada apenas formal): depende da hipótese que
autorizou o arquivamento, a saber:
Arquivamento do IP com base na ausência de elementos de informação relativas à autoria
e à materialidade delitivas (ausência de justa causa ou de lastro probatório mínimo), só faz coisa
julgada formal, de modo que, se surgirem novas provas (Art. 18 do CPP), o procedimento pode ser
desarquivado e, consequentemente, a ação penal proposta.
Por outro lado, arquivamento do IP com base na atipicidade (formal ou material) da
conduta, em causas excludentes da culpabilidade ou em causas extintivas da punibilidade fazem coisa
julgada formal e material (nesse sentido, STF - HC 83346/2005 – 1ª Turma). No caso de
excludente da culpabilidade não há precedente na Jurisprudência dos Tribunais Superiores, mas é
entendimento majoritário na doutrina.
Atenção: no caso de arquivamento do IP com base em excludentes da ilicitude, há precedente do STJ
(RHC 17389/2007 - 5ª Turma e REsp 791471/2014 – 6ª Turma) entendo que faz coisa julgada
formal e material, pois da mesma forma que, n o caso da atipicidade, há análise do mérito da conduta
da pessoa apontada como infratora. Em sentido contrário, há precedentes do STF (HC 125101/2015,
2ª Turma e HC 95211/2009 – 1ª Turma) em que se entendeu que o arquivamento com base em
excludente da ilicitude só faz coisa julgada formal. Também, em outros julgados, o Pretório Excelso
entendeu que só faz coisa julgada material o arquivamento do IP por atipicidade ou causa
extintiva da punibilidade (STF - Pet 3943/2008 – Tribunal Pleno e HC 94982/2009 – 1ª
Turma).
Assim, o entendimento do STF é no sentido de que só faz coisa julgada formal e material o
arquivamento do IP com base em atipicidade (formal ou material) da conduta e causas extintivas da
punibilidade. Nos demais casos, faz coisa julgada apenas formal.
Cuidado também que prevalece o entendimento segundo o qual o arquivamento do IP com
base na atipicidade (formal ou material da conduta) ou em causa extintiva da punibilidade, caso a
decisão seja judicial, faz coisa julgada formal e material, ainda quando a decisão tenha sido proferida
por juízo absolutamente incompetente, isso inclusive com respaldo na Jurisprudência do STF – HC
94982/2009 – 1ª Turma e HC 83346/2005 – 1ª Turma; e do STJ - HC 173397/2011 – 6ª
Turma.
Porém, quando se admite o desarquivamento do IP, é necessária a notícia de novos elementos
de informação (novas provas), os seja, de elementos capazes de modificar o suporte fático probatório
com base no qual ocorreu o procedimento foi arquivado. Isso é o que se infere do teor da Súmula 524
do STF, segundo a qual “arquivado o IP, por despacho (na verdade, como destacado acima, é decisão
judicial) do juiz, a requerimento do promotor, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”.
Cuidado apenas que, novas provas é para a propositura da ação penal, pois para desarquivar o IP a
notícia de novas provas, nos exatos termos do que dispões o Art. 18 do CPP, senão vejamos: “Depois
de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia,
a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia”.

16.5. Prova nova (elemento de informação novo)


Prova nova é, repita-se, aquela substancialmente inovadora, ou seja, aquela capaz de
produzir uma alteração dentro do contexto probatório no qual foi proferido o arquivamento do IP. É
sinônimo de nova prova, se por ventura algum examinador quiser lhe sacanear com essa bobagem.
Pode ser classificada em:
Prova formalmente nova é aquela que já era conhecida e até já foi utilizada pelo Estado,
mas que ganhou nova versão inovadora. (Ex.: uma testemunha que foi ouvida, mas mentiu por que foi
ameaçada pelo infrator, mas depois decide falar a verdade).
Prova substancialmente nova é aquela prova inédita, ou seja, que era oculta ou
inexistente quando a decisão de arquivamento do Inquérito Policial (IP) foi proferida. (Ex.: Localização
da arma usada no crime).
Ambas autorizam o desarquivamento do IP, mas, insiste-se, desde que promovam uma
verdadeira inovação no contexto fático-probatório que autorizou o arquivamento.

16.6. Arquivamento Implícito


Tem doutrino que sustenta que ele ocorre quando o titular da ação penal deixa de incluir na
denúncia algum fato investigado (arquivamento implícito objetivo) ou algum dos indiciados
(arquivamento implícito subjetivo), sem expressa manifestação ou justificação deste procedimento, por
isso mesmo ser chamada de arquivamento implícito.
Atenção: Doutrina e Jurisprudência pátrias não admitem o arquivamento implícito, pois caso o MP
entende por não denunciar algum indiciado ou não incluir na denúncia algum dos crimes investigado,
ele tem de o fazer de forma expressa, e não implícita.

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Direito Processual Penal

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16.7. Arquivamento Indireto


Ocorre quando o juiz, diante do não oferecimento da denúncia pelo MP, por alegação de
incompetência jurisdicional, recebe tal manifestação como se fosse hipótese de arquivamento,
aplicando o Art. 28 do CPP, caso discorde do Ministério Público.
Entendendo: o MP diz ao juiz estadual o seguinte: peço a vossa excelência que decline da
competência, pois este crime não é de sua competência, mas sim da Justiça Federal. O Juiz estadual,
discordando, não pode obrigar o MP a oferecer a denúncia para não violar a independência funcional do
órgão, diante do que pode aplicar o Art. 28, recebendo essa alegação de incompetência como se fosse
um pedido de arquivamento (daí o nome “arquivamento indireto”), remetendo os autos ao Procurador
Geral de Justiça.
Diferentemente do arquivamento implícito, o arquivamento indireto é majoritariamente
admitido no Brasil.

17. ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL (Art. 28-A do CPP)


17.1. Conceito: nada mais é do que um acordo extrajudicial feito pelo membro do Ministério Público
(titular da ação penal) e o autor do fato criminoso cometido sem violência ou grave ameaça e que
tenha pena abstratamente prevista inferior a 4 anos, o qual deve ser devidamente assistido por
defensor, e confessar formal e circunstancialmente a prática de infração penal, sujeitando-se a algumas
medidas não privativas de liberdade (condições), a fim de não se ver processado. Apesar de
extrajudicial, esse acordo precisa ser homologado pelo juiz competente (Art. 28, §§ 6º e 7º, do CPP).
Note-se que um dos objetivos do instituto foi incentivar a confissão de infrações penais, pois a
ela é condição necessária para a propositura do acordo, o que não ocorre com outros institutos
semelhantes, a exemplo da transação penal (Art. 76 da Lei nº 9.099/095) e a da suspensão condicional
do processo (Art. 89 da Lei nº 9.099/095).
Ainda em sede conceitual, é importante lembrar que se trata de mais uma exceção ao
princípio da obrigatoriedade da ação penal, pois ao invés de propô-la o MP pode tentar resolver o caso
penal de forma mais célere, eficiente, econômica e menos gravosa para o infrator que pratica delitos
menos graves.

17.2. Natureza Jurídica


De acordo com o professor Renato Brasileiro de Lima, a propositura do acordo de não-
persecução penal nem é totalmente discricionariedade para MP, nem direito subjetivo do infrator.
Não é total discricionariedade para o MP porque ele só pode propor o acordo, se preenchidos
os requisitos legais. Por outro lado, não é direito subjetivo do investigado, pois se assim fosse admitir-
se-ia a possibilidade de o juiz determinar a sua realização de ofício, mas isso não é possível, tanto que
o §14 do Art. 28-A só CPP determina que, “no caso de recusa, por parte do Ministério Público, em
propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código”. O dispositivo caminha no mesmo sentido do entendimento
já consolidado na Jurisprudência em relação à transação penal e a suspensão condicional do processo,
a teor do que dispõe a Súmula 696 do STF, litteris: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal”.
E conclui o renomado doutrinador, afirmando que se trata de “uma discricionariedade ou
oportunidade regrada”, pois, repita-se, o MP só pode propor o acordo se preenchidos todos os
requisitos listados pelo Art. 28-A do CPP.
Importante destacar, nesse ponto, que apesar de tratar-se de um negócio jurídico
extrajudicial feito entre o MP e o investigado assistido por seu defensor (Art. 28-A, §3º, do CPP), há
controle judicial sobre o acordo de não-persecução penal, tanto que, para ter eficácia, a Lei exige
homologação pela autoridade judiciária competente, o que é feito numa audiência na qual o magistrado
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor,
bem como a sua legalidade (Art. 28-A, §5º, do CPP), não participando o MP dessa audiência
exatamente porque o objetivo é verificar a voluntariedade e legalidade da avença.
Ademais, dispõe o Art. 28, §5º, do CPP, que, “se o juiz considerar inadequadas, insuficientes
ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao
Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e
seu defensor”.
Além disso, no termos do Art. 28-A, § 7º, do CPP, o juiz poderá recusar homologação à
proposta de acordo de não persecução penal, quando ele não atender aos requisitos legais ou quando
não for realizada a adequação do §5º do mesmo artigo acima transcrito. Nesse caso, o juiz devolverá
os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o

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Direito Processual Penal

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oferecimento da denúncia (Art. 28-A, §8º, do CPP), não podendo o magistrado alterar os termos do
acordo, pois, em consonância com o sistema acusatório, a proposta e os termos dela só pode ser feita
pelo órgão de acusação (MP).

17.3. Requisitos
Nos exatos termos do Art. 28-A do CPP, os requisitos para a propositura do acordo de não-
persecução penal são os seguintes:
1) Que não seja caso de arquivamento do procedimento investigatório. Assim, se
presente uma das hipóteses que autorizam o arquivamento do Inquérito Policial, acima já vistas, é de
rigor que o membro MP promova o arquivamento (pela nova redação do Art. 28 do CPP) ou requeira o
arquivamento ao juiz (enquanto a eficácia da nova redação do Art. 18 do CPP está suspensa por
decisão do Ministro Luiz Fux do STF).
2) Que o investigado confesse formal e circunstanciadamente a prática da infração
penal. Trata-se de exigência que representa a contribuição que o investigado dá para a persecução
penal, a fim de ser beneficiado com o acordo de não-persecução penal. Desde que ele seja advertido de
seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo (nemo tenetur se detegere) e não seja
compelido a fazer o acordo, não há nenhuma incompatibilidade com a CF/88 essa condição lhe imposta.
3) Que a infração penal tenha pena mínima cominada inferior a 4 (quatro) anos.
Importante destacar que para se chegar à pena mínima cominada para a infração penal devem ser
levada em consideração causas de aumento (majorantes) e de diminuição (minorantes) de pena – Art.
28-A, §1º, da seguinte forma: no caso de majorantes deve ser aplicada a menor fração de aumento, já
no caso de minorantes deve ser aplicada a maior fração de diminuição, pois o que está se buscando
obter é a menor pena mínima possível em abstrato. Inclusive, é em sentido semelhante a
Jurisprudência dos Tribunais Superiores (STJ – Súmula 243 e STF – Súmula 723), porém em relação
à suspensão condicional do processo que só pode ser proposta quando a pena mínima da infração penal
for igual ou inferior a um ano (Art. 89 da Lei nº 9.099/95).
STF – Súmula 723: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
ano.
STJ – Súmula 243: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um
(01) ano.

4) Que a infração penal seja cometida sem violência ou grave ameaça a pessoa.
Mesmo diante do silencio do legislador, o renomado doutrinador Renato Brasileiro de Lima sustenta que
essa violência ou grave ameaça deve ser dolosa, de modo que é perfeitamente possível o acordo de
não persecução penal no caso de crime culposo cometido com violência (Ex.: lesão corporal culposa),
desde que, obviamente, preenchidos os demais requisitos legais.

17.4. Vedações ao acordo de não-persecução penal (Art. 28-A, §2º, CPP)


Essas vedações estão previstas no Art. 28-A, §2º, do CPP, tratando-se de hipóteses em que
não se admite a proposta do acordo, sendo elas:
1) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,
nos termos da lei. Assim, tratando-se de infração penal de menor potencial ofensivo e, preenchidos
os requisitos do Art. 76 da Lei nº 9.099/95 para a transação penal, deve ser proposta esta, por ter
preferência sobre o acordo de não-persecução penal.
2) Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as
infrações penais pretéritas. A reincidência se verifica quando o indivíduo pratica novo crime depois
de mais de 5 anos após o cumprimento da pena ou extinção da punibilidade por crime anterior do qual
tenha sido definitivamente condenado. Cuidado para não confundir habitualidade criminosa com crime
habitual, neste há crime único, sendo a habitualidade característica do tipo penal, como ocorre no
crime de exercício ilegal da medicina – Art. 282 do CP, já naquela a pluralidade de crimes, sendo a
habitualidade característica do infrator, que é contumaz na prática de delitos, e não da infração penal.
Conduta criminal reiterada é aquela que é repetida, renovada, portanto conceito bem próximo da
conduta criminal habitual. Conduta criminal profissional, por sua vez, significa que a pessoa ganha a
vida praticando delitos, faz disso um meio de vida. Nas três situações, percebe-se claramente o
intenção do legislador em não permitir o acordo de não-persecução penal, caso o infrator delinqua de
forma rotineira, havendo portando risco concreto de voltar a delinquir. Em qualquer dos casos, não se
impede o acordo de não-persecução penal se as infrações penais pretéritas foram insignificantes, o que
decerto não se confunde com o princípio da insignificância, pois, nesse caso, como se sabe, não há nem

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

que se falar em infração penal, por ausência de tipicidade material, de modo que a doutrina tem
defendido que o legislador quis se referir a infrações penais de menor potencial ofensivo.
3) Se o agente foi beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não-persecução penal (Art. 28-A do CPP), transação penal (Art. 76 da
Lei nº 9.099/95) ou suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei nº 9.099/95). O
objetivo aqui claramente é não banalizar o instituto.
4) Se o crime foi praticado no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Na primeira hipótese (crime praticado no âmbito de violência doméstica ou familiar) tanto faz a vítima
ser homem ou mulher, o infrator não fará jus ao acordo de não-persecução penal, já na segunda
hipótese (razões de condição de sexo feminino) obviamente a vítima só pode ser mulher.

17.5. Condições a serem impostas ao investigado (Art. 28-A, I a V)


Essas condições não poderiam ser privativas de liberdade, mesmo porque não se trata de
pena, que exigiria necessariamente processo e condenação. Ademais, as penas são impostas ao infrator
impositivamente, já as condições do acordo de não-persecução penal ele só aceita se quiser, porém,
aceitado, não se sujeitará à ação penal.
Apesar de não serem penas, dispõe o Art. 28-A, §6º do CPP, que o seu cumprimento, uma
vez homologado judicialmente o acordo, será fiscalizado pelo juízo da execução penal, senão vejamos:
“homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal”.
As condições a serem cumpridas pelo investigado, cumulativa ou alternativamente, a
depender do caso concreto, são as seguintes:
1) Reparação do dano ou restituição da coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo. Logicamente, se o delito não tem vítima específica ou esta não sofreu qualquer dano, essa
condição não será imposta, como também não será quando for impossível para o infrator a reparação
do dano (Ex.: vulnerabilidade financeira).
2) Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime. Seria ilógico e não razoável propor-se um acordo, em
tese, muito benéfico ao infrator sem se impor, como condição, que o investigado abrisse mão dos
instrumentos, produto ou proveito do crime.
3) Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terço. Apesar de
não ser pena, o local da prestação do serviço será indicado pelo juízo da execução penal (Art. 28-A, III,
do CPP).
4) Pagamento de prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito. Essa prestação
pecuniária em questão será estipulada nos termos do art. 45, §1º, do CP, in verbis:
CP - Art. 45, §1º - A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação
civil, se coincidentes os beneficiários.

5) Cumprimento, por prazo determinado, de outra condição indicada pelo


Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Há
previsão semelhante no Art. 89, §2º, da Lei nº 9.099/95, no que se refere à suspensão condicional do
processo, havendo entendimento jurisprudencial sedimento no sentido de que essas outras condições
podem abranger outras penas restritivas de direito não elencadas no Art. 28-A do CPP, como por
exemplo, interdição temporária de direitos e limitação do fim de semana. Só fazendo o adendo de que
tanto no acordo de não persecução penal, como na suspensão condicional do processo, não há que se
falar tecnicamente em pena, mas apenas condições, já que não houve processo, nem condenação.

17.6. Des(cumprimento) do acordo de não-persecução penal pelo investigado


De acordo como o Art. 28-A, § 10, “descumpridas quaisquer das condições estipuladas no
acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua
rescisão e posterior oferecimento de denúncia”.
Além disso, o descumprimento do acordo também pode ser utilizado pelo MP como
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo (Art. 28-A, §11,
do CPP). A razão de ser desse dispositivo é que, se o infrator não cumpriu as condições do acordo de

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Direito Processual Penal

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não persecução penal, é bem provável que não cumprirá as da suspensão condicional do processo
estipuladas no Art. 89, §1º, I a IV, da Lei nº 9.099/95.
Por outro lado, cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade (Art. 28-A, §13, do CPP). Apesar de a fiscalização
do cumprimento do acordo caber ao juiz da execução penal, a declaração de extinção da punibilidade,
no caso, não é dele, mas sim do juiz que homologou o acordo.
Por não se tratar de aplicação de pena, mesmo porque não há processo, muito menos
condenação, de acordo com o Art. 28-A, §12, do CPP, a celebração e o cumprimento do acordo de não-
persecução penal não constarão em certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos
no inciso III do § 2º deste artigo (ser beneficiado dentro de 5 anos novamente com outro acordo de
não-persecução penal).
Por fim, no termos do Art. 28-A, §9º “a vítima será intimada da homologação do acordo de
não persecução penal e de seu descumprimento”.

18. INVESTIGAÇÃO PELO MP


ARGUMENTOS CONTRÁRIOS ARGUMENTOS FAVORÁVEIS
Atenta contra o sistema acusatório, ―Teoria dos poderes implícitos‖. Tem origem na Suprema
pois haveria desequilíbrio entre Corte Americana: caso MC Culloch X Mariland. De acordo
acusação e defesa (paridade de com essa teoria, a CF, ao conceder uma atividade fim a
armas), já que o MP, além de acusar determinado órgão ou instituição, implícita e
iria poder também investigar. simultaneamente também concede a ele todos os meios
para atingir aquele objetivo. Além do que, os elementos
colhidos pelo MP devem ter o mesmo tratamento dos
colhidos por autoridades policiais, ou seja, devem ser
ratificados em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa.
MP não pode presidir IP, porque não Procedimento Investigatório Criminal (PIC). É um
há previsão legal e instrumento apto instrumento de natureza administrativa e inquisitorial,
para a investigação. A presidência do instaurado e presidido por um órgão do MP com atribuição
IP é de competência exclusiva de criminal, que terá como finalidade apurar a ocorrência de
autoridade policial. infrações penais de natureza pública, fornecendo elementos
para o oferecimento ou não da peça acusatória. Previsto na
Resolução n° 13 do CNMP, logo, já é uma realidade em
todos os Ministérios Públicos do País.
A atividade de polícia judiciária é Polícia judiciária - é a polícia quando atua no cumprimento
exclusiva da polícia civil ou federal. de ordens do judiciário – essa é exclusiva de PC e PF. É
Portanto, só quem pode investigar é o diferente de polícia investigativa - exerce funções
polícia judiciária. investigatórias de determinada infração penal, não sendo
esta exclusiva da PC e PF.
O Art. 129, VIII, da CF/88 prevê que o A possibilidade de investigação pelo MP é conferida,
MP deve requisitar diligências e ainda que indiretamente, por vários dispositivos da CF/88,
instauração de Inquérito Policial. a saber:
Art. 129. São funções institucionais Art. 129. (...)
do Ministério Público: VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
VIII – requisitar diligências sua competência, requisitando informações e documentos para
investigatórias e a instauração de instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
inquérito policial, indicados os VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
fundamentos jurídicos de suas da lei complementar mencionada no artigo anterior;
manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
Diante disso, não caberia a ele que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
mesmo investigar, mas sim
públicas.
requisitar.

Obs: além de todos os argumentos favoráveis acima apontados, há de se lembrar que, depois
da CF/88, muitas outras atribuições, além da de acusação, foram afetas ao MP, em especial, sua
condição de fiscal da lei, lhe atribuída para efetivar a Justiça. Tanto é assim, que, em sede de processo
penal, é bem verdade que ele não pode desistir da ação proposta, mas pode requerer a absolvição do
réu ao final do processo, se convencido estiver da ausência de elementos para a condenação. Nesse
sentido, a investigação conduzida pelo MP pode chegar à prova de que o delito ocorreu e de quem seja

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

seu autor, mas pode muito bem concluir pela ausência de um ou até dos dois desses elementos, o que
fatalmente culminará com o arquivamento do PIC, e não com a propositura da ação penal.
O STJ admite, de forma pacífica, a investigação pelo MP. Nesse sentido Súmula nº 234: “A
participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
O STF, no HC 81326/2003, manifestou-se contrariamente à investigação pelo MP, contudo no
Inq. 1968, o tema foi debatido e estava 3x1 favoravelmente, mas o julgamento não foi concluído. Por
sua vez, no HC 93224/2008 – 2ª Turma, o STF mostrou-se favorável à investigação pelo MP de
acusado titular de foro por prerrogativa de função (no caso específico, um próprio membro do MP), o
que nem poderia ser diferente, pois as Leis Orgânicas do Ministério Público determinam que a
investigações de seus membros devem ser conduzidas pelo próprio Parquet, como visto acima. Já no
HC 84548/2015 – Tribunal Pleno, voltou-se a discutir a questão, sendo firmado o entendimento de
ser possível a investigação pelo MP (no caso específico para complementar os elementos de informação
produzidos no IP). Já no julgamento do RE 464893/2008 – 2ª Turma, o Pretório Excelso entendeu
como válido o oferecimento de denúncia com base em inquérito civil presidido pelo Ministério Público.
Nesse mesmo sentido, vejamos julgado relativamente recente do STF reconhecendo como
válida a investigação pelo MP, desde que observados alguns vetores, cuja transcrição e leitura da
ementa é importante por ser muito didática:
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E FORMAÇÃO DE QUADRILHA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGADA FALTA DE JUSTA CAUSA PARA PERSECUÇÃO PENAL, AO
ARGUMENTO DE ILEGALIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INVESTIGATÓRIO PROCEDIDO
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E DE NÃO-CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. FALTA DE
JUSTA CAUSA NÃO CARACTERIZADA. ORDEM DENEGADA. 1. POSSIBILIDADE DE INVESTIGAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. EXCEPCIONALIDADE DO CASO. Não há controvérsia na doutrina ou
jurisprudência no sentido de que o poder de investigação é inerente ao exercício das funções
da polícia judiciária – Civil e Federal –, nos termos do art. 144, § 1º, IV, e § 4º, da CF. A
celeuma sobre a exclusividade do poder de investigação da polícia judiciária perpassa a
dispensabilidade do inquérito policial para ajuizamento da ação penal e o poder de produzir
provas conferido às partes. Não se confundem, ademais, eventuais diligências realizadas pelo
Ministério Público em procedimento por ele instaurado com o inquérito policial. E esta
atividade preparatória, consentânea com a responsabilidade do poder acusatório, não interfere
na relação de equilíbrio entre acusação e defesa, na medida em que não está imune ao controle
judicial – simultâneo ou posterior. O próprio Código de Processo Penal, em seu art. 4º,
parágrafo único, dispõe que a apuração das infrações penais e da sua autoria não excluirá a
competência de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. À
guisa de exemplo, são comumente citadas, dentre outras, a atuação das comissões
parlamentares de inquérito (CF, art. 58, § 3º), as investigações realizadas pelo Conselho de
Controle de Atividades Financeiras – COAF (Lei 9.613/98), pela Receita Federal, pelo Bacen,
pela CVM, pelo TCU, pelo INSS e, por que não lembrar, mutatis mutandis, as sindicâncias e os
processos administrativos no âmbito dos poderes do Estado. Convém advertir que o poder de
investigar do Ministério Público não pode ser exercido de forma ampla e irrestrita, sem
qualquer controle, sob pena de agredir, inevitavelmente, direitos fundamentais. A atividade de
investigação, seja ela exercida pela Polícia ou pelo Ministério Público, merece, por sua própria
natureza, vigilância e controle. O pleno conhecimento dos atos de investigação, como bem
afirmado na Súmula Vinculante 14 desta Corte, exige não apenas que a essas investigações se
aplique o princípio do amplo conhecimento de provas e investigações, como também se
formalize o ato investigativo. Não é razoável se dar menos formalismo à investigação do
Ministério Público do que aquele exigido para as investigações policiais. Menos razoável ainda
é que se mitigue o princípio da ampla defesa quando for o caso de investigação conduzida pelo
titular da ação penal. Disso tudo resulta que o tema comporta e reclama disciplina legal, para
que a ação do Estado não resulte prejudicada e não prejudique a defesa dos direitos
fundamentais. É que esse campo tem-se prestado a abusos. Tudo isso é resultado de um
contexto de falta de lei a regulamentar a atuação do Ministério Público. No modelo atual, não
entendo possível aceitar que o Ministério Público substitua a atividade policial
incondicionalmente, devendo a atuação dar-se de FORMA SUBSIDIÁRIA e EM HIPÓTESES
ESPECÍFICAS, a exemplo do que já enfatizado pelo Min. Celso de Mello quando do julgamento
do HC 89.837/DF: “SITUAÇÕES DE LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO, [...] EXCESSOS
COMETIDOS PELOS PRÓPRIOS AGENTES E ORGANISMOS POLICIAIS, como tortura, abuso de
poder, violências arbitrárias, concussão ou corrupção, ou, ainda, nos casos em que se verificar
UMA INTENCIONAL OMISSÃO DA POLÍCIA na apuração de determinados delitos ou se
configurar o deliberado intuito da própria corporação policial de frustrar, em função da
qualidade da vítima ou da condição do suspeito, a adequada apuração de determinadas
infrações penais”. No caso concreto, constata-se situação, excepcionalíssima, que justifica a
atuação do Ministério Público na coleta das provas que fundamentam a ação penal, tendo em
vista a investigação encetada sobre suposta prática de crimes contra a ordem tributária e
formação de quadrilha, cometido por 16 (dezesseis) pessoas, sendo 11 (onze) delas fiscais da
Receita Estadual, outros 2 (dois) policiais militares, 2 (dois) advogados e 1 (um) empresário.
2. (...) 3. ORDEM DENEGADA. (STF - HC 99829 ED, Relator(a): Min. Gilmar Mendes,
Julgamento: 14/02/2012, Órgão Julgador: Segunda Turma).

23
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

Como se vê, não há dúvida sobre o reconhecimento da atribuição do MP na apuração de


infrações penais, no entanto isso só pode ocorrer de forma subsidiária à atuação das polícias judiciárias
e em situações excepcionais, como destacado no julgado acima. De todo modo, o MP pode investigar
no Brasil e isso não impede que o seu membro que participou da investigação ofereça denúncia,
promovendo a ação penal.

PRISÕES

PRISÃO EM FLAGRANTE

1) REGRAMENTO PROCESSUAL PENAL

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer
que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva
das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
§1º. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou
processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§2º. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com
o condutor, deverão assiná-lo pelo menos 2 pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à
autoridade.
§3º. Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por 2 testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
§4º. Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o
auto, depois de prestado o compromisso legal.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§1º. Em até 24 horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.
§2º. No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em
flagrante.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 horas após a realização
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312
deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
§1º. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das
condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
§2º. Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia,
ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
cautelares.

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

§3º. A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no
prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
§4º. Transcorridas 24 horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização
de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

2) CONCEITO
Trata-se de instrumento para o exercício da autodefesa social, individual ou coletiva, a
partir do qual o agente que está praticando ou recém praticou uma infração penal é
capturado e conduzido à presença da autoridade policial para que esta decida sobre a
legalidade da prisão nos termos constitucionais e legais.

3) NATUREZA JURIDICA
A doutrina majoritária, considerada clássica (Tourinho Filho, Mirabete, Denílson Feitosa),
entende ser a prisão em flagrante uma prisão efetivamente cautelar em razão da
diferenciação em relação à prisão pena. O flagrante tem, portanto, a mesma natureza
jurídica das prisões preventiva e temporária.
Doutrina minoritária, considerada mais moderna (Aury Lopes Jr., Renato Brasileiro, Paulo
Rangel), entende que o flagrante tem natureza jurídica de medida pré-cautelar, pois é ato
administrativo precário de privação da liberdade, já que dura no máximo 24 horas.
Walter Nunes Jr., em posicionamento isolado, entende que a prisão em flagrante é espécie
de prisão administrativa, consistindo apenas na detenção provisória do agente, não
possuindo, pois, caráter jurisdicional. Não se trata, portanto, de uma medida propriamente
acautelatória processual penal, pois o flagrante justifica apenas a detenção, sendo a prisão
cautelar decidida sempre pelo juiz (art. 310, CPP).

Obs1: Prisão em flagrante como ato administrativo complexo!


Trata-se de um ato administrativo complexo, que se caracteriza pela manifestação de 2
vontades independentes materializadas pelo ato administrativo emanado do Delegado que
posteriormente se judicializa diante da decisão do Juiz pela manutenção ou não da
segregação cautelar.

4) FUNÇÕES DA PRISÃO EM FLAGRANTE


O flagrante possui 4 funções bem definidas: a) evitar a consumação do crime; b) evitar
a fuga do criminoso, que deve responder pelo delito e ser mantido preso, caso estejam
presentes os requisitos da prisão preventiva; c) proteger o próprio autor do fato contra
agressões ilegítimas das vítimas e populares (linchamento); d) colher os elementos de
informação sobre o fato com maior fidedignidade em razão da proximidade entre a
ocorrência do evento e a realização das diligências.

5) MODALIDADES DE FLAGRANTE

5.1) OBRIGATÓRIO (ART. 301, 2ª PARTE, CPP)


O flagrante obrigatório ou compulsório é aquele que será obrigatoriamente realizado
pelas forças de segurança pública previstas no art. 144, CF, a saber, Polícia Federal, Polícia
Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Penal,
desde que em casos possíveis.
Ou seja, vendo a situação flagrancial, os membros das forças de segurança pública não
poderão deixar de agir, estando em estrito cumprimento de um dever legal, sob pena de
responsabilização pela omissão relevante (partícipe em crime comissivo) nos termos do art. 13, §2º,
CP.
Guilherme de Souza Nucci sustenta que mesmo nos dias de folga os agentes de
segurança pública não podem se eximir de agir para efetuar a captura do agente em estado de
flagrância, desde que a situação assim o permita.

5.2) FACULTATIVO (ART. 301, 1ª PARTE, CPP)


O flagrante facultativo é aquele em que qualquer do povo poderá prender quem
estiver dentro dos requisitos flagranciais previsto no CPP. Como já se mencionou, trata-se da
concretização do exercício de autodefesa social, pois qualquer do povo tem o direito de evitar
que o crime se consume ou mesmo prender alguém logo após a prática do crime.

25
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

Não há vício na captura realizada por guarda municipal, desde que não lavre APFD.
Isso porque, embora os guardas municipais não tenham obrigação legal de efetuar o
flagrante, todo cidadão poderá capturar e conduzir coercitivamente à Delegacia alguém em
estado de flagrância (STJ. RHC 94.061/SP, 5ª T., Rel. Min. Reynaldo da Fonseca, J.
19/04/18).

6) ESPÉCIES DE FLAGRANTE

6.1) FLAGRANTE PRÓPRIO, REAL, PERFEITO, VERDADEIRO (ART. 302, I E II, CPP)
É aquele em que o criminoso é pego no momento da prática do crime ou quando
acabou de cometê-lo. Nesses casos, ou o crime está acontecendo e deve ser coibido ou ele
acabou de acontecer e o criminoso deve ser capturado e conduzido para Delegacia.
Está-se diante da fase dos atos executórios do iter criminis, tendo o ordenamento jurídico
brasileiro adotado a teoria objetivo-formal para separar os atos preparatórios dos atos
executórios, considerando-se iniciada a execução quando o agente começa a realizar o verbo
nuclear do tipo penal.
Acerca desse tema, ressalte-se o teor da súmula 567, STJ: sistema de vigilância ou de
vídeo monitoramento não excluem o flagrante próprio: ―sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por
si só, não torna impossível a configuração do crime de furto‖.

6.2) FLAGRANTE IMPRÓPRIO, IRREAL, IMPERFEITO OU QUASE FLAGRANTE (ART. 302, III,
CPP)
É aquele em que o criminoso é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração. Perceba-se que
essa perseguição tem que ser ininterrupta não existindo um prazo estipulado para seu fim,
desde que ela tenha começado logo após a situação de flagrância.
A expressão “logo após” é interpretada a partir do prazo legal para o envio do Auto de
Prisão em Flagrante Delito (APFD) ao juiz, ou seja, em até 24 horas. Contudo, há de se ter
proporcionalidade e bom senso nesses casos.
O STJ, por exemplo, já entendeu válido um flagrante impróprio em que havia se
passado período de tempo maior do que normal quando a mãe entrou em contato com a
polícia em virtude de cometimento de crime sexual contra seu filho. Assim, nos casos de
crimes sexuais contra menores, considera-se “logo após”, a partir do conhecimento dos
responsáveis acerca da prática do crime.
A perseguição é conceituada no art. 290, §1º, a e b, Código de Processo Penal:
―Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: a) tendo-o avistado, for
perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por
indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual
direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço”.
6.3) FLAGRANTE PRESUMIDO, FICTO (ART. 302, IV, CPP)
Aqui o criminoso é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Nesse caso não se está diante de uma
perseguição, mas sim de um achado, pois o criminoso é encontrado, logo depois da prática do
crime com instrumentos que fazem presumir ser ele o autor do fato.
Obs1: Há diferença semântica entre as expressões “logo após” (flagrante impróprio/irreal) e
“logo depois” (flagrante presumido/ficto)? Divergência!
Primeira corrente entende que a expressão ―logo após” indica uma maior brevidade,
enquanto que “logo depois” indica um momento breve, porém mais elástico. Essa seria uma
nota distintiva entre o flagrante impróprio e o presumido.
Segunda corrente (Eugênio Pacelli) entende que não há diferença entre as expressões
“logo após” e “logo depois”, ambas denotando o mesmo período de tempo. A nota diferencial
não é em relação ao tempo, mas sim em razão da existência ou não de perseguição
ininterrupta (flagrante impróprio) ou da circunstância do encontro do agente com
instrumentos que façam presumir ser ele o autor do crime (flagrante presumido).

6.4) FLAGRANTE ESPERADO (CAMPANA)


Trata-se do flagrante em que os policiais sabem da ação futura dos criminosos e se
preparam para prendê-los quando iniciarem a ação criminosa. O crime ainda não aconteceu,
nem foi provocado por ninguém, mas as forças policiais ficaram sabendo da ação criminosa

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futura e se colocam preparadas em espera, planejando com a inteligência policial a operação para
prender os criminosos quando a ação efetivamente se iniciar.

6.5) FLAGRANTE DIFERIDO, RETARDADO, POSTERGADO, PRORROGADO OU AÇÃO


CONTROLADA
Trata-se do flagrante em que os policiais sabem da ação atual dos criminosos, mas
esperam para prendê-los no melhor momento para a investigação. É previsto na Lei de Drogas
(art. 53 – autorização judicial); na Lei de Lavagem de Capitais (art. 4º-B – autorização
judicial) e na Lei de Orcrim (art. 8º e 9º - comunicação ao juiz).

Obs1: Infiltração de agentes policiais na Lei de Drogas e na Lei das Orcrims


Na Lei de Drogas, tanto a ação controlada como a infiltração de agentes precisam da
autorizam judicial. Já na Lei das Orcrims somente a infiltração de agentes necessita de
autorização judicial, pois no caso da ação controlada basta a prévia comunicação.

6.6) HIPÓTESES DE PRISĀO FLAGRANCIAL ILEGAL

A) FLAGRANTE PREPARADO, PROVOCADO, DELITO DE EXPERIÊNCIA, CRIME DE ENSAIO OU


DELITO PUTATIVO POR OBRA DE AGENTE PROVOCADOR
É o flagrante resultado da indução ou instigação para que alguém pratique um crime
que antes não estava praticando, sendo o agente “protagonista inconsciente de uma farsa ou
comédia” montada para sua prisão.
O agente provocador, que geralmente é agente público, é figura central dessa
situação especial, pois arma uma verdadeira armadilha para que alguém caia, de modo que a
atuação do agente provocador já impede a consumação do crime, tornando a ação ilegal (art.
17, CP).
Trata-se de prisão inválida por ocorrência de crime impossível (art. 17, CP), devendo
o juiz relaxar a prisão imediatamente. Isso ocorre porque o agente fabrica o flagrante e age
logo após evitando a consumação do crime. Súmula 145, STF: ―Não há crime, quando a
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação‖.
Lauria Tucci, a seu turno, entende que o flagrante preparado é ilegal não pode ser
crime impossível, mas sim pela exclusão do dolo na conduta do criminoso, pois não há
liberdade na conduta (dolo é vontade livre e consciente).
Na Lei de Drogas, porém, é preciso tomar cuidado com 2 situações distintas:
→ O traficante não tem a droga e é provocado pelo agente a vender. Flagrante preparado:
ilícito!
O policial que insiste em comprar drogas a agente que não as tem no momento, mas vai buscá-
las em razão da provocação pratica flagrante preparado/provocado, modalidade de crime impossível.
→ O traficante tem droga consigo e é provocado pelo agente a vender. Flagrante próprio:
válido!
O flagrante é válido, porque próprio, ou seja, considera-se consumado o crime de tráfico em
razão das condutas ―trazer consigo, guardar, etc.‖, previstas na Lei.

B) FLAGRANTE FORJADO, MAQUINADO, FABRICADO, URDIDO, ARMADO


Trata-se de flagrante da invenção, da covardia, da ilegalidade escancarada. Aqui um
agente, público ou particular, cria o crime, ou seja, cria a situação infracional que nunca
existiu. É o caso da colocação de drogas em carros, na bolsa de pessoas, etc. É também o caso
da dona de casa que coloca seus pertences na bolsa de funcionária para que seja presa em flagrante.
É ilegal, pois é fabricado para incriminar alguém inocente. Justamente por isso a
prisão deverá ser imediatamente relaxada pelo juiz, conforme preceitua o art. 5º, LXV, CF.
Aquele que forja o crime, se for agente público, responde por crime de abuso de autoridade
(Lei 13.869/19), sem prejuízo da responsabilização civil e administrativa. Se for particular,
responderá pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339, CP), sem prejuízo da
responsabilização civil.

7) RITOS (MOMENTOS) DA PRISÃO EM FLAGRANTE

7.1) CAPTURA
É o momento em que o criminoso é pego. O que se busca com a captura é evitar a
consumação do crime ou uma vez já consumado evitar sua fuga e consequentemente a
impunidade. Por isso se conduz à Delegacia para que seja contra ele iniciada a persecutio criminis.

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A respeito da captura, é necessário lembrar que todas as espécies de flagrante previstas


no art. 302, CPP, autorizam a violação domiciliar! Ou seja, doutrina e jurisprudência majoritárias
entendem que o flagrante próprio, impróprio e presumido, previstos no art. 302, CPP, admitem a
violação domiciliar.
Obs1: Flagrante e violação a domicílio: STF e a necessidade de comprovação das “fundadas
razões”!
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados (STF. RE RG
603616/RO, Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, J.05/11/15 – Info 806).
Obs1.1: Intuição e vivência policial não fundamentam violação à domicílio por flagrante
delito: Entendimento do STJ!
O STJ decidiu que as regras de experiência e vivência policial, intuição, experiência
cotidiana não justificam nem amparam as fundadas razões para a violação domiciliar ainda
que efetivamente esteja ocorrendo crime permanente (tráfico de drogas, etc.). Ou seja, para
a legalidade da violação e consequentemente da prisão e da colheita de provas é
imprescindível a fundada razão baseada em parâmetros objetivos precedida de verificação
da procedência das informações (STJ. REsp 1574681/RS, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, J. 20/04/17).
Obs2: Qual o conceito de casa no CPP?
Art. 150, §4º, CPP. ―A expressão ―casa‖ compreende: I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva; III -compartimento não aberto ao público, onde alguém
exerce profissão ou atividade‖.
Obs3: Busca pessoal e veicular: desnecessidade de ordem judicial!
Se houver fundadas razões é possível a busca pessoal, que se estende à busca
veicular, sem necessidade de ordem judicial escrita. Porém, se o carro for meio de residência
(trailer ou boleia de caminhão) e estiver parado, o trecho reservado está protegido pela
inviolabilidade de domicílio!
Obs4: Poder de Polícia, autoexecutoriedade dos atos das autoridades fazendárias e
inviolabilidade de domicílio
Não há dúvida de que as autoridades fazendárias no uso da função de fiscalização tributária
gozam dos atributos do poder de polícia, quais sejam a autoexecutoriedade, a coercibilidade, a
imperatividade e a discricionariedade. Porém, nos casos de busca e apreensão em domicílio (casa
ou escritório de advocacia, empresarial, etc.), precisam de ordem escrita da autoridade
judiciária competente.
Obs5: Fishing expedition (pesca predatória por provas) e impossibilidade de mandados de
busca genéricos!
A expressão inglesa refere-se à expedição de pesca por arrastamento de rede, onde não
se tem certeza de onde os peixes estão, por isso percorre longos trechos do mar arrastando a
rede para pescá-los aleatoriamente.
Trata-se de diligência investigativa meramente especulativa ou randômica, de caráter
exploratório, também conhecida como diligência de prospecção, vedada pelo ordenamento
jurídico brasileiro (STF. Inq 4831/DF, Rel. Min. Celso de Mello, J. 05/05/2020; STF. HC
137828/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, J. 14/12/16).
De forma mais comum, é retratada nos mandados de busca e apreensão genéricos, que
são manifestamente ilegais, gerando prova ilícita. O juiz para excepcionar a regra da
inviolabilidade domiciliar deve sempre individualizar o imóvel ou a pessoa alvo das buscas
e/ou apreensões.
Lembrando apenas que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que a autoridade
policial que cumpre o mandado não poderá estender seus termos para corrigir erro formal do
mandado, ex.: erro de andar, erro de número de apartamento, etc. Essa correção somente
poderá ser feita pelo próprio juiz (STF. HC 106566/SP, 2ª T., Rel. Min. Gilmar Mendes, J.
16/12/14).

Obs6: Captura flagrancial e exceções previstas no Código Eleitoral

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Art. 236, Código Eleitoral. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e até 48 horas
depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito
ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.
§1º. Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas
funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia
gozarão os candidatos desde 15 dias antes da eleição.
§2º. Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz
competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade do
coator.

→ Captura em flagrante de qualquer crime


Não precisa ser flagrante de crime inafiançável, ex.: boca de urna admite prisão em
flagrante.

→ Captura para cumprimento de sentença condenatória de crime inafiançável


São inafiançáveis os crimes de racismo, ação de grupos armados contra a ordem
constitucional e o estado democrático, os hediondos e equiparados (tráfico, tortura e
terrorismo).
Ou seja, se a sentença condenatória for em relação a crime afiançável, a prisão não poderá
ocorrer durante os 5 dias antes e 48h após a eleição.
→ Desrespeito a salvo-conduto: aqui é possível prender aquele que desrespeita ordem judicial de
salvo-conduto.

Obs7: Emprego de força e a utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo na


segurança Pública (Lei 13.060/14)
Art. 284, CPP. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou de tentativa de fuga do preso; Art. 2º, Lei 13.060/14: Os órgãos de segurança pública
deverão priorizar a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o seu
uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais, e deverão obedecer aos
seguintes princípios: I - legalidade; II - necessidade; III - razoabilidade e proporcionalidade.

Obs7.1: Emprego de força e uso de algemas em homens e mulheres


Súmula Vinculante 11: ―Só é lícito o uso de algemas em casos de a) resistência e de b)
fundado receio de fuga ou c) de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que
se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado‖.
Art. 292, Parágrafo único, CPP. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante
os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto,
bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato.
Obs8: Regras para cumprimento do mandado de prisão
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado.
§1º. Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.
§2º. A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade da comunicação.
§3º. O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 dias, contados da
efetivação da medida.
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados
mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade.
§1º. Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado no
Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu.
§2º. Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e
comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na
forma do caput deste artigo.
§3º. A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual
providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a
decretou.
§4º. O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da Constituição Federal
e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
§5º. Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a
identidade do preso, aplica-se o disposto no §2º do art. 290 deste Código.

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§6º. O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere o
caput deste artigo.
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local,
que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§1º. Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou
qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§2º. Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa do
executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique
esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer
do réu, lhe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada
por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários
para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares
preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o
período de puerpério imediato.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma
casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido
imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando
as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e
efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença
da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

Obs9: Prisão sine mandado ad capiendum: possibilidade de prisão sem mandado físico!
Trata-se da possibilidade de um agente das forças de segurança pública prender
alguém sem a posse física do mandado, mas sabendo da existência dele por autoridade
judicial.
Esses casos ficaram cada vez mais comuns após a criação do Banco Nacional de Mandados de
Prisão (BNMP), onde os mandados após decretados ficam disponíveis nesse banco (Resolução 137/11
do Conselho Nacional Justiça).
Obs10: Necessidade de comunicação à Defensoria Pública em casos de prisão decorrente de
mandado judicial!
É a norma do art. 289-A, §4º, do Código de Processo Penal, que estendeu essa
necessidade não apenas à prisão em flagrante, mas também às demais prisões cautelares derivadas de
mandado judicial.
Obs11: Difusão Vermelha da INTERPOL (red notice): termo de cooperação jurídica
internacional!
A difusão vermelha é um mandado de prisão de caráter internacional a ser cumprido
pela INTERPOL, que por sua vez é um conjunto de polícias de vários países que se organizam
para cooperar na inteligência, busca e apreensão de criminosos internacionais.
Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal (STF) entende não ser possível o
cumprimento de mandado de prisão expedido por autoridade judiciária estrangeira (difusão
vermelha), pois somente é possível efetuar ordem de prisão no Brasil se a ordem escrita e
fundamentada emanar de autoridade judiciária brasileira (e não estrangeira) competente.
Existe crítica de Andrei Borges de Mendonça no sentido de que não faz sentido o Brasil
entrar num termo de cooperação jurídica internacional (INTERPOL) e não abarcar as prisões
efetuadas por autoridades estrangeiras veiculadas em mandados de prisão internacionais.

7.2) CONDUÇÃO COERCITIVA À DELEGACIA DE POLÍCIA


Após ser capturado, o criminoso deve ser levado para Delegacia de Polícia com
atribuição para investigar o fato ou para a Delegacia de Plantão responsável pela lavratura
dos autos. O condutor assinará o termo de entrega do preso e receberá cópia deste.
É o que ocorre em muitos Estados da federação, onde as Delegacias de Plantão ficam
responsáveis pela lavratura do auto e após enviam o caderno investigativo para a Delegacia com
atribuição específica para investigação (Distrito Policial).
Obs1: A condução coercitiva não pode ser transferida para terceiro não participante da
captura: vedação da prisão por delegação!

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Não deve ser admitida, em hipótese alguma, a transferência do preso pelo condutor a terceiro,
que não tomou parte na detenção, sendo vedada a chamada prisão por delegação. Somente o
condutor, qualquer que seja, policial particular, pode fazer a apresentação à Delegacia.
Evidentemente, se o policial atendeu à ocorrência e ajudou a efetuar a prisão, pode ele assumir a
condição de condutor.
Obs2: É possível custódia precária (24h) de cidadão conduzido ou apresentado à autoridade
policial fora das hipóteses de flagrante para adoção de providências prisionais cautelares
(temporária ou preventiva)
O STF tem precedente no sentido de que ―é possível a manutenção da custódia precária
(24h) em dependência policial de cidadão levado à presença de autoridade policial para ser
inquirido sobre fato criminoso sem ordem judicial escrita ou situação de flagrância até a
decretação de sua prisão temporária por autoridade competente, pois à polícia judiciária cabe
autonomamente buscar a elucidação de crime‖ (STF. HC 107644/SP, 1ª T., Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, J. 06/09/11).
O STJ tem precedente nesse mesmo sentido: ―Não obstante o artigo 5º, LXI, CF e o artigo
283, CPP, preceituem que ninguém pode ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, à luz do artigo 144, §4º, CF, e
do artigo 6º, CPP, nada impede que a polícia, no exercício de seu mister, conduza suspeitos à
delegacia, mantendo-os detidos para averiguação até que sobrevenha decisão determinando
a sua custódia‖(STJ. HC 362.939/SP, 5ª T., Rel. Min. Jorge Mussi, J. 14/08/18).
Obs3: Condução coercitiva para interrogatório é inconstitucional!
Decidiu o STF que em razão do princípio da não autoincriminação em seu corolário do direito ao
silêncio não é possível conduzir coercitivamente o investigado/réu para fins de interrogatório sobre os
fatos (STF. ADPF 444/DF, Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, J. 14/06/18).

7.3) LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO


Depois de recebido o preso, o Delegado irá ouvir o condutor, as testemunhas, a vítima,
se estiver presente, e interrogar o conduzido, a fim de avaliar as circunstâncias da prisão
buscando prova da materialidade delitiva, indícios de autoria e outras circunstâncias
relativas ao cometimento do crime.
Obs1: Se o conduzido foge no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante, é
possível sua recaptura sem mandado de prisão expedido!
O art. 684, CPP, prescreve que ―a recaptura do réu evadido não depende de prévia
ordem judicial e poderá ser efetuada por qualquer pessoa‖. Ou seja, uma vez capturado e
conduzido ao Delegado, mas evadindo-se durante a lavratura do auto, o STJ entende que o preso
pode ser recapturado por qualquer pessoa, sobretudo os agentes de segurança pública,
mesmo sem prévio mandado do juiz (STJ. HC 25376/SP, 6ª T., Rel. Min. Fontes de Alencar, J.
22/04/03).

A) OITIVA DO CONDUTOR
Aquele que levou o preso até a presença da autoridade será ouvido, sendo suas declarações
reduzidas a termo, colhida a assinatura, e a ele será entregue cópia do termo e recibo de
entrega do preso, que tem como objetivo desonerar o condutor, a partir daquele momento, de
qualquer evento posterior que venha a ocorrer em relação à prisão ou ao preso.

B) OITIVA DAS TESTEMUNHAS


O Código de Processo Penal prevê que deve haver testemunhas da infração penal (art.
304, caput, CPP). Porém, a ausência delas não impedirá a lavratura do auto desde que 2
pessoas testemunhem a apresentação do preso a autoridade. Essas são as chamadas
testemunhas fedatárias ou instrumentárias.
Essas 2 pessoas poderão ser os próprios agentes de Polícia Civil que presenciaram a
apresentação do conduzido. Interessante notar que a ausência de testemunha é muito comum
nos crimes praticados às escondidas, como é o caso do estupro de vulnerável, etc.
O STJ também já decidiu que o próprio condutor do flagrante já pode contar como a
primeira testemunha exigida pelo art. 304, §2º, CPP (STJ. RHC 10220/SP, 5ª T., Rel. Min.
Gilson Dipp, J. 13/03/01).
As testemunhas fedatárias/instrumentárias também aparecerão quando o conduzido se
recusar a assinar o Auto, não souber e não puder fazê-lo. Nesse caso, 2 testemunhas que
tiverem presenciado a leitura do Auto na presença do conduzido assinarão o auto (art. 304,
§3º, CPP).

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C) OITIVA DA VÍTIMA (OFENDIDO)


Ainda que o art. 304, CPP, não a mencione, é inegável a importância de suas declarações. Nos
crimes de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada à representação, a oitiva do
ofendido é essencial à lavratura do auto de prisão em flagrante, pois concretiza a representação
necessária à persequibilidade.

D) INTERROGATÓRIO DO CONDUZIDO
Na oitiva do conduzido, o Delegado deverá dar o aviso de Miranda (Miranda’s
warning), alertando do seu direito de permanecer em silêncio em nada se prejudicando caso
venha a exercê-lo, contudo tudo que for dito poderá ser utilizado no julgamento do caso. A ausência
desse aviso do direito ao silêncio gera nulidade relativa, de modo que precisa ser alegada em
momento oportuno e comprovado o prejuízo em desfavor da parte (STJ. AgRg no REsp
1679278/RS, 5ª T., Rel. Min. Ribeiro Dantas, J. 26/06/18).
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal tem posicionamento antigo em sentido
contrário, entendendo que a ausência do aviso de Miranda (direito ao silêncio) pelo Delegado
causa de nulidade absoluta e ilicitude da prova (STF. HC 80949/RJ, 1ª T., Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, J. 30/10/01).
Nas perguntas, o Delegado deverá inquirir sobre a existência de filhos, respectivas idades
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 304, §4º, CPP).
Quanto ao preso impossibilitado de ser ouvido (por exemplo, hospitalizado), evidentemente que
a sua oitiva será deixada para momento posterior, enquanto o Delegado deverá proceder a oitiva dos
demais envolvidos (condutores, vítima, testemunhas, etc.), não se falando em ilegalidade do APF em
razão disso.
Obs1: Preso que não compreende a língua portuguesa: nomeação de intérprete, sob pena de
nulidade da prisão em flagrante!
Em casos desse tipo, o Delegado de Polícia deverá nomear um intérprete, cumprindo o
dispositivo previsto no art. 193, do Código de Processo Penal, sob pena de ilegalidade da prisão em
flagrante por ausência de legalidade e legitimidade da prisão.

E) ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA DO AUTO


A atribuição para lavratura do auto é do Escrivão de Polícia, sob a presidência da
autoridade policial. Na falta dele, o Delegado poderá designar um agente de polícia ou mesmo
um cidadão para exercer temporariamente as funções de escrivão ad hoc, após prestar o
compromisso legal (art. 305, do Código de Processo Penal).

F) ARBITRAMENTO DE FIANÇA NA LAVRATURA DO AUTO


Após todo esse trâmite, o Delegado decidirá se arbitra ou não a fiança em favor do
preso, nos casos em que o crime investigado tenha pena máxima até 4 anos, não seja crimes
inafiançável e não estejam presentes os requisitos da prisão preventiva, hipótese em que a
autoridade policial não arbitra a fiança e representa pela prisão cautelar.
Deve-se deixar claro também que o Delegado pode até mesmo reduzir a fiança em até
2/3 ou aumentar em até 1.000 vezes (art. 325, §1º, II e III, CPP). Porém, não poderá
dispensar a fiança (art. 325, §1º, I, CPP) em virtude da cláusula de reserva de jurisdição
prevista no art. 350, do Código de Processo Penal.
Lembrando apenas que em caso de crime de descumprimento das medidas protetivas
da Lei Maria da Penha, o Delegado não poderá lavrar TCO devendo efetivamente lavrar o
Auto de Prisão em Flagrante Delito, ao passo que não poderá arbitrar fiança mesmo o crime tendo
pena de detenção de 3 meses a 2 anos.

G) NÃO LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E LIVRAMENTO DO CONDUZIDO


SOLTO (AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE NEGATIVO)

G.1) INCIDÊNCIA INEQUÍVOCA DE EXCLUDENTE DE TIPICIDADE E ILICITUDE


O auto somente não será lavrado se o fato for manifestamente atípico, insignificante ou
se estiver presente, com clarividência, uma das hipóteses de causa de exclusão da
antijuridicidade.
A autoridade policial deve atentar que, nessa fase, vigora o princípio do in dubio pro
societate, não podendo embrenhar-se em questões doutrinárias de alta indagação, sob pena de
antecipar indevidamente a fase judicial de apreciação de provas. Nesse sentido, em caso de dúvida
relativa à questão de alta complexidade fática, que exige extensa dilação probatória, ou mesmo diante

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Direito Processual Penal

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de questão de alta complexidade doutrinária, o Delegado deve formalizar a prisão em flagrante e


enviá-la para decisão do poder judiciário.
Obs1: Criptoflagrante: apresentação de preso sem acervo informativo mínimo para a justa
causa
A autoridade policial não é obrigada a decretar a prisão em flagrante quando da oitiva do
condutor, da vítima, das testemunhas, e do próprio conduzido, não se apresente a justa causa mínima
para a lavratura do auto.
Ou seja, não havendo prova da materialidade do delito ou estando ausentes indícios mínimos
de autoria delitiva, o Delegado não deve lavrar o flagrante, instaurando, contudo, portaria para início
das investigações.
É dizer, numa interpretação sistemática da Constituição, do Código de Processo Penal e das
normas que regulam o processo administrativo, a autoridade policial não está obrigado, sobretudo em
razão da natureza jurídica do cargo que ocupa, a lavrar o auto de prisão com a mera apresentação, por
particular ou agente de segurança pública, do indivíduo suspeito da prática delitiva após a fase da
captura.
Não pode ser outra a interpretação conferida à norma do atr. 304, §1º, CPP, que prescreve:
―Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará
recolhê-lo à prisão, exceto no CASO DE LIVRAR-SE solto ou de prestar fiança, e prosseguirá
nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à
autoridade que o seja‖.

G.2) PRISÃO EM FLAGRANTE ILEGAL


Caso o Delegado constate que a prisão foi ilegal, deixará de lavrar o auto, livrando o
conduzido solto. Isso não impede, no entanto, que aquele que teve a prisão ―relaxada‖ venha a
responder pelo crime ou contravenção praticada, tampouco impede a decretação de sua prisão cautelar
a posteriori.
Ex.: semanas após um homicídio, policiais efetuam a prisão, supostamente em flagrante, do
acusado pelo crime, não estando a situação prevista em qualquer das hipóteses do art. 302, CPP.
Evidentemente, a prisão em flagrante foi ilegal, e o auto não poderá ser lavrado. Isso não impede,
contudo, que o Delegado instaure portaria para iniciar as investigações sobre o crime, se esta já não
tiver sido lavrada, e represente pela prisão preventiva ou temporária do investigado.

H) INEXISTÊCIA DE AUTORIDADE POLICIAL NO LOCAL DA CAPTURA


Como se sabe, a prisão pode ocorrer tanto em lugar diverso do local do crime quanto em área
onde não há autoridade competente para lavrar o auto. Nesses casos, permite-se a detenção do
agente, devendo o condutor do flagrante encaminhá-lo, imediatamente à cidade mais
próxima, onde há a autoridade policial, para que a prisão seja formalizada (art. 308, CPP).
Obs1: Lavratura do flagrante em local diverso da captura: ausência de nulidade.
A lavratura do auto de prisão em flagrante realizado em local diverso daquele onde foi
efetuada a prisão não acarreta nulidade, porquanto a autoridade policial não exerce função
jurisdicional, mas tão somente administrativa, inexistindo, dessa forma, razão para se falar em
incompetência ratione loci (STJ. RHC 76.778/SP, 6ª T., Rel. Min. Nefi Cordeiro, J. 01/12/16;
STJ. HC 30.236/RJ, 5ª T., Min. Rel. Felix Fischer, J. 17/02/04).

7.4) RECOLHIMENTO PROVISÓRIO AO CÁRCERE


O Delegado deve ordenar o recolhimento do indiciado à carceragem provisória na
Delegacia quando:
a) Se tratar de fiança: a.1) Descabimento da fiança em razão do preenchimento dos
requisitos da prisão preventiva; a.2) Descabimento da fiança em razão da inafiançabilidade
constitucional e legal; a.3) Descabimento da fiança em razão da cláusula de reserva de
jurisdição nos crimes com pena máxima superior a 4 anos; a.3) Descabimento da fiança no
caso da prática de crime de descumprimento de medida protetiva em favor de mulher vítima
de violência doméstica e familiar;
b) For caso de auto de prisão em flagrante negativo, ou seja, quando estiverem
manifestamente presentes causa excludente de tipicidade, ilicitude ou quando a captura for ilegal.

7.5) COMUNICAÇÃO IMEDIATA DA PRISÃO E DO LOCAL ONDE O PRESO SE ENCONTRA AO


JUIZ, AO MP, À FAMÍLIA OU À PESSOA POR ELE INDICADA
O art. 5º, LXII, CF, determina que: ―a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada‖.

33
Direito Processual Penal

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Mesmo sem constar expressamente do texto constitucional, o CPP prevê comunicação imediata
da prisão e do local ao membro do Ministério Púbico (art. 306, CPP). Essa comunicação imediata serve
justamente para que as instâncias judiciais fiscalizem o prazo de 24 horas do envio do auto. Não fosse
assim, como as instâncias verificariam o cumprimento do prazo pelo Delegado de Polícia?
Não obstante, a ausência dessa comunicação imediata não gera nulidade processual,
senão mera irregularidade. Logo, não contamina o processo, mas poderá ensejar prática de
crime de abuso de autoridade pelo Delegado.
Obs1: Não há nulidade no inquérito quando a ausência de comunicação ao MP é superada
pelo arbitramento de fiança ao conduzido!
Não se configura nulidade quando existe eventual irregularidade na comunicação da prisão em
flagrante ao órgão do Ministério Público quando a prisão cautelar precária não se mantém em razão da
liberação do conduzido mediante pagamento de fiança (crime com pena máxima até 4 anos, ausentes
os requisitos da prisão preventiva – art. 312, do Código de Processo Penal) ou quando o fato em si não
constitua crime (STJ. APn 359/PE, Corte Especial, Rel. Min. Aldir Passarinho Jr., J. 04/03/09).

7.6) ENVIO DO APFD EM ATÉ 24 HORAS AO JUIZ


O envio do auto de prisão ao juiz em até 24 horas da captura do preso cumpre o
expresso dispositivo do CPP, bem como da Constituição que determina ser a prisão um ato
revestido de carga jurisdicional.
Ou seja, após o flagrante, a manutenção da prisão deve ser resultado de decisão
judicial devidamente fundamentada e previamente provocada pelo próprio Delegado
(representação) – nos próprios autos do flagrante – ou Ministério Público (requerimento) no momento
da audiência de custódia.
Interessante notar que caso o preso não informe o nome do advogado, no mesmo prazo de
24 horas, o Delegado deverá enviar cópia integral do APFD à Defensoria Pública para ciência e
acompanhamento das investigações (art. 306, §1º, CPP).
Obs1: Envio imediato ao juiz quando o fato é praticado contra a autoridade policial no
exercício de suas funções ou na presença desta!
Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto (art. 307, CPP).
Obs2: O atraso no envio do APFD pelo Delegado ao juiz não gera automaticamente a
ilegalidade da prisão!
Caso o Delegado não envie ao Poder Judiciário o APFD no prazo de 24 horas estabelecido pelo
CPP, poderá haver sua responsabilização pelo crime de abuso de autoridade, mas a prisão em flagrante
em si mesma não é considerada automaticamente ilegal, não devendo, portanto, ser relaxada.

7.7) ENTREGA DA NOTA DE CULPA EM ATÉ 24 HORAS AO PRESO


Será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas (art. 306, §2º, CPP).
Trata-se de um direito fundamental do preso a fim de evitar a chamada prisão
kafkaniana, que é aquela em que o encarcerado não sabe os motivos da prisão e os responsáveis por
ela.
Se o preso se recusar a assinar a nota de culpa ou se ele não souber escrever serão convocadas
testemunhas fedetárias ou instrumentárias, que são aquelas que não atestam um fato, mas sim
um ato. Logo, elas atestarão o fato de que o Delegado de Polícia entregou a nota de culpa ao preso,
mas este se recusou a assiná-la.

7.8) CONTROLE JURISDICIONAL DA PRISÃO EM FLAGRANTE


Antes de qualquer consideração, vale frisar que nessa fase puramente administrativa a
autoridade coatora para qualquer hipótese de habeas corpus é o próprio Delegado, sendo o órgão
competente para julgá-lo o juízo de 1º grau.
Após a comunicação imediata e envio do auto em até 24 horas da captura, o juiz
competente fará inicialmente a análise de regularidade material (é caso de flagrante – art. 301
e 302, CPP?) e formal do flagrante (houve cumprimento das formalidades legais – art. 5º, CF c/c 303
e ss, CPP?).
Se o juiz constatar que a prisão em flagrante foi materialmente ou formalmente ilegal,
deverá relaxar imediatamente a custódia flagrancial, nos termos do art. 5º, LXV, CF, e 310, I,
CPP.

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Caso a prisão se mostre legal, tanto do ponto de vista material quanto formal, o juiz
homologará o auto lavrado pela autoridade policial. Após a homologação, o magistrado pode
tomar as seguintes decisões:

A) CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA (ART. 310, §1º, CPP)


Trata-se da mais ampla medida em favor da liberdade do imputado, pois este goza de
liberdade durante a persecução. Tem cabimento quando o juiz de logo perceber que o agente
praticou o fato nas hipóteses de exclusão da ilicitude, tipicidade e culpabilidade, salvo a
inimputabilidade.
Nestes casos, o imputado não precisa pagar fiança estando apenas submetido à assinatura
e cumprimento do termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de
revogação.

B) CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA COM OU SEM FIANÇA (ART. 310, III, CPP)
Trata-se das hipóteses em que mesmo fora dos casos de constatação de causas de
exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, o juiz entende pela necessidade e
proporcionalidade da medida.

C) CONVERSÃO DA PRISÃO FLAGRANCIAL EM PREVENTIVA (ART. 310, II, CPP)


Hipótese mais grave de restrição da liberdade durante o curso da persecução penal, tem
cabimento restrito e excepcional apenas quando presentes os requisitos da prisão preventiva
e não for caso de relaxamento (prisão ilegal), de concessão de liberdade provisória ou imposição de
outras medidas cautelares diversas da prisão (princípio da preferibilidade das medidas cautelares).
Após a entrada em vigor da lei 13.964/19 (pacote anticrime), institui-se a divergência
doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade de conversão da prisão em flagrante em preventiva
ex officio pelo juiz. Atualmente, existe divergência interna no STJ, pois a 5ª Turma entende pela
impossibilidade de conversão ex officio pelo juiz do flagrante em preventiva (STJ. HC
590039/GO, 5ª T., Rel. Min. Ribeiro Dantas, J. 22/10/2020)
Já a 6ª Turma entende pela possibilidade da conversão oficiosa pelo juiz da prisão em
flagrante em prisão preventiva (STJ. HC 583995/MG, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, J.
17/09/2020).
O STF também apresenta divergência interna entre suas turmas. A 1ª Turma, em julgado
do início do ano, porém já após a entrada em vigor da lei anticrime (lei 13.964/19), entendeu
unanimemente que a conversão é plenamente legítima (STF. HC 174102/RS, 1ª T., Rel. Min.
Marco Aurélio, J. 18/02/2020).
A 2ª Turma em diversos julgados vem entendendo unanimemente pela impossibilidade da
conversão do flagrante em preventiva de ofício pelo juiz (STF. HC 188888/MG, 2ª T., Rel Min.
Celso de Mello, J. 06/10/2020; STF. HC 187225/GO, 2a T., Rel. Min. Celso de Mello, J.
10/10/2020; STF. HC 189490/SC, 2a T., Rel. Min. Celso de Mello, J. 10/10/2020; STF. HC MC
186421/SC, 2ª T., Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ ac. Min. Edson Fachin, J. 20/10/2020).

7.8.1) DA OBRIGATORIEDADE DE DENEGAÇÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA: PRISĀO


CAUTELAR EX LEGE?
A primeira inovação do PAC a respeito da sistemática da prisão em flagrante veio com o §2º do
art. 310. Neste dispositivo, criou-se a obrigatoriedade de o juiz denegar a liberdade provisória,
com ou sem medidas cautelares, se verificar alternativamente que: a) agente é reincidente; b)
integra organização criminosa armada ou milícia; c) porta arma de fogo de uso restrito.
Esse art. 310, §2º, criou hipótese de prisão cautelar obrigatória, pois obriga o magistrado
a decretar a prisão cautelar do flagranteado que se encaixa em uma das circunstâncias previstas, sendo
a ele vedado a concessão de liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
Essa é a disposição legislativa expressa do PAC. Contudo, vislumbra-se uma possibilidade de
declaração de inconstitucionalidade dessa norma, porquanto a hipótese de prisão cautelar obrigatória é
condenada por parcela da doutrina e já rechaçada pelo STF nos julgamentos da Lei de crimes
hediondos, Lei de drogas, pois entendeu-se como inconstitucional a prisão cautelar ex lege,
derivada da vontade em abstrato do legislador.
Segundo essa linha de raciocínio, o juiz fica impedido de conceder a liberdade provisória, que é
espécie de liberdade irrestrita no curso do processo penal, mas poderá impor outras medidas cautelares
diversas da prisão previstas no art. 319, CPP, cumulativamente inclusive. Ou seja, o magistrado
poderá, sim, impor outras medidas cautelares diversas da prisão, porém nenhuma vinculada à
liberdade provisória, que significa confiar ao investigado plena liberdade, ou o que se chama na
doutrina de liberdade processual irrestrita.

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PRISÃO PREVENTIVA
1) REGRAMENTO PROCESSUAL PENAL
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
§1º. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, §4º, CPP).
§2º. A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no art. 64, I, Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
§1º. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida.
§2º. Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes
dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas no art. 23, I, II e III do Código Penal.
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e
fundamentada.
§1º. Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar
concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
adotada.
§2º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão, que:
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a
causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade
de sua manutenção a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão
ilegal.

2) CONCEITO
É espécie de medida cautelar pessoal (prisional) decretada exclusivamente pelo Juiz de
forma excepcionalíssima, uma vez preenchimentos o fumus comissi delicti (prova da
materialidade do crime + indícios suficientes de autoria) e periculum libertatis (perigo da liberdade
do réu para o bom desenvolvimento do processo ou para a segurança da vítima e da sociedade), a
requerimento da parte interessada (MP, querelante, assistente de acusação no processo ou
representação do Delegado, nos autos do inquérito), sendo, portanto, vedada a atuação de ofício do
magistrado.
Pelo caráter excepcionalíssimo da prisão cautelar, as medidas cautelares diversas da prisão
gozam de preferibilidade (Gustavo Badaró) em relação à prisão preventiva, ou seja, no caso

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Direito Processual Penal

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concreto, mesmo havendo razões em tese para o decreto de prisão cautelar, o juiz precisa
analisar os aspectos de necessidade, adequação e proporcionalidade da medida extrema.

2.1) DIFERENTES STANDARDS PROBATÓRIOS (PADRÕES PROBATÓRIOS) NA PRISÃO


CAUTELAR E DEFINITIVA
Para o decreto de prisão cautelar, seja impondo a prisão preventiva seja impondo a prisão
temporária, o juiz precisa estar convencido da prova da materialidade e de indícios suficientes
de autoria ou participação delitiva (fumus comissi delicti e periculum libertatis).
Já para decretar a prisão definitiva após todo o trâmite do processo, respeitados a ampla
defesa e o contraditório, o juiz precisa estar convencido com base num juízo de certeza acerca
da materialidade do crime bem como certeza da autoria ou participação delitiva por parte do
réu, pois havendo dúvida razoável acerca de um desses elementos o réu deve ser absolvido
(regra de julgamento – in dubio pro reo).
Note-se, ademais, que essa certeza não se confunde com a verdade filosófica, aquela que não
muda, e, portanto, é inalcançável. Certeza processual é comprovação do fato e da autoria delitiva sem
que paire dúvida razoável.

3) MODALIDADES DE PRISÃO PREVENTIVA


Conforme as alterações profundas realizadas pela lei 13.964/19, todas as medidas
cautelares necessitam de prévia provocação da parte interessada e legitimada para tal sob
pena de violação do sistema acusatório expressamente delineado pela Constituição e Código de
Processo Penal.

3.1) DECRETADA EX OFFICIO PELO JUIZ


A) EM RAZÃO DO FLAGRANTE – PRISĀO PREVENTIVA CONVERSÓRIA (ART. 310, II C/C 312 E
313, CPP)
É aquela decretada em virtude do recebimento do auto de prisão em flagrante delito
pelo juiz, que constata a necessidade, adequação e proporcionalidade da prisão cautelar
preventiva por estarem preenchidos os requisitos dos art. 312 e 313, do Código de Processo
Penal.
Segundo a nova redação do art. 310, caput, CPP, em interpretação sistemática Resolução
213/2015, CNJ, a análise dos requisitos de conversão da prisão em flagrante em prisão
preventiva deve ser feita, prioritariamente, na oportunidade em que for realizada a audiência
de custódia, mas, segundo jurisprudência do STJ, não há ilegalidade ou nulidade da prisão preventiva
decretada sem sua realização, desde que justificadas as razões.
Após a entrada em vigor da lei 13.964/19 (pacote anticrime), institui-se a divergência
doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade de conversão da prisão em flagrante em preventiva
ex officio pelo juiz. Atualmente, existe divergência interna no STJ, pois a 5ª Turma entende pela
impossibilidade de conversão ex officio pelo juiz do flagrante em preventiva (STJ. HC
590039/GO, 5ª T., Rel. Min. Ribeiro Dantas, J. 22/10/2020)
Já a 6ª Turma entende pela possibilidade da conversão oficiosa pelo juiz da prisão em
flagrante em prisão preventiva (STJ. HC 583995/MG, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, J.
17/09/2020).
O STF também apresenta divergência interna entre suas turmas. A 1ª Turma, em julgado
do início do ano, porém já após a entrada em vigor da lei anticrime (lei 13.964/19), entendeu
unanimemente que a conversão é plenamente legítima (STF. HC 174102/RS, 1ª T., Rel. Min.
Marco Aurélio, J. 18/02/2020).
A 2ª Turma em diversos julgados vem entendendo unanimemente pela impossibilidade da
conversão do flagrante em preventiva de ofício pelo juiz (STF. HC 188888/MG, 2ª T., Rel Min.
Celso de Mello, J. 06/10/2020; STF. HC 187225/GO, 2a T., Rel. Min. Celso de Mello, J.
10/10/2020; STF. HC 189490/SC, 2a T., Rel. Min. Celso de Mello, J. 10/10/2020; STF. HC MC
186421/SC, 2ª T., Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ ac. Min. Edson Fachin, J. 20/10/2020).
A doutrina vem se posicionamento majoritariamente conforme a orientação atual da
5ª Turma do STJ e 2ª Turma do STF, por todos citem-se Renato Brasileiro e Fábio Roque (art.
310, caput, CPP).

B) PREVENTIVA SUPERVENIENTE (ART. 316 E 312 C/C 282, §5º, CPP)


Ambos os dispositivos determinam que o juiz pode revogar ex officio a prisão preventiva
decretada e novamente decretá-la se surgirem novos motivos de cautelaridade processual nos
termos do art. 312. A corrente que sustenta essa possibilidade de decretação de ofício da prisão
preventiva baseia-se justamente em interpretação literal dos dispositivos citados e já vem ganhando
força no STJ (STJ. HC 583995/MG, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, J. 17/09/2020).

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Direito Processual Penal

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Porém, parcela da doutrina se posiciona em sentido oposto, entendendo ser necessária


interpretação sistemática dos dispositivos citados em face dos arts. 3º-A, 282, 2º, 311, todos
modificados pela lei anticrime (13.964/19). Nesse sentido Marcos Paulo Dutra, Fábio Roque, Renato
Brasileiro, etc.

C) PREVENTIVA NOS CASOS ENVOLVENDO LEI MARIA DA PENHA


O art. 20, caput e parágrafo único, lei 11.340/06, expressamente dispõe que: ―Em
qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da
autoridade policial. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem‖.
Percebe-se que em face da vulnerabilidade da vítima e da constatação de crimes envolvendo
violência de gênero contra a mulher em ambiente doméstico e familiar, o sistema jurídico
brasileiro concebeu a possibilidade de prisão preventiva decretada de ofício, mesmo antes da
deflagração do processo penal, ou seja, ainda nos termos da investigação preliminar criminal. Nesse
sentido a doutrina de Alice Bianchinni e Luiz Flávio Gomes e a jurisprudência do STJ, que sustentam a
aplicação do princípio da especialidade da lei Maria da Penha em relação ao caso. Tem sido
neste sentido o posicionamento jurisprudencial dos tribunais superiores.
Em sentido contrário, há corrente doutrinária sustentando a impossibilidade de prisão
preventiva ex officio durante a investigação preliminar, devendo haver, para além de uma leitura
constitucional da norma, a aplicação da lei 12.403/12 que modificou o art. 311 vedando a decretação
da medida de ofício durante o inquérito. O argumento ganha ainda mais força após a entrada em vigor
da lei anticrime (13.964/19), que vedou em qualquer fase da persecução a decretação da preventiva de
ofício pelo juiz. Entretanto, não parece ser essa a posição prevalecente nos tribunais superiores.

3.2) DECRETADA MEDIANTE PRÉVIA PROVOCAÇÃO DO JUIZ


A) EM RAZÃO DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISĀO –
PREVENTIVA SUBSTITUTIVA, SUBSIDIÁRIA OU SANCIONATÓRIA (ART. 312, §1º C/C 282,
§4º, CPP)
É aquela decretada como forma de sanção/punição pelo descumprimento das medidas
cautelares diversas da prisão impostas anteriormente pelo juiz. Essa modalidade tem
fundamento no respeito ao cumprimento e no dever de obediência às ordens judiciais. Tanto
é assim que é chamada de sancionatória.
Ressalte-se que não é automática, devendo ser decretada em último caso, e não pode
ser decretada de ofício pelo juiz, devendo haver prévia e fundamentada provocação da parte
interessada (Ministério Público, querelante ou assistente de acusação).
Não obstante isso, essa modalidade de prisão preventiva permite decretação sem o
preenchimento das condições do art. 313, I (crime com pena máxima superior a 4 anos) e II
(reincidência em crime doloso), III (garantir medida protetiva nos crimes contra vulneráveis
– mulher, idoso, etc.), todos do Código de Processo Penal.

B) EM RAZÃO DE REQUERIMENTO AUTÔNOMO DA PARTE INTERESSADA (ART. 311 C/C ART.


312, CPP)
É aquela decretada mediante provocação da parte interessada (art. 311, CPP), o
Ministério Público, o querelante, na ação penal privada, o assistente de acusação devidamente admitido
no processo e representado por advogado inscrito na OAB, ou por representação do Delegado, nos
autos do inquérito (art. 13, IV, c/c 311, CPP).
Logo, decorre de circunstâncias ocorridas no curso da persecução penal que
comprovadamente são prejudiciais ao bom andamento do processo (garantia da
conveniência da instrução criminal) e ao direito de punir do Estado (garantia da aplicação da
lei penal, ordem pública e econômica).
Perceba-se, nesse sentido, que não é conversória, pois não advém do recebimento e
conversão do APFD em preventiva e também não é substitutiva/sancionatória de medida
cautelar diversa da prisão descumprida.
Após o PAC, não mais se pode falar em prisão preventiva autônoma, ou seja,
decretada de ofício pelo juiz durante o trâmite do processo. Isso porque, houve modificação do
art. 311, CPP, retirando explicitamente a possibilidade de decretação da preventiva de ofício, ainda
que no curso do processo.
Essa previsão foi ainda reforçada com a previsão do art. 3º-A, CPP, que trouxe expressamente
a chamada vertebração acusatória do processo, vedando a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

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C) EM RAZÃO DE MEDIDA PROTETIVA DESCUMPRIDA (ART. 312 C/C 313, III, CPP)
É aquela decretada para proteger a vítima em estado de vulnerabilidade em razão de
descumprimento de medida protetiva urgência deferida em favor de mulher vítima de
violência doméstica e familiar, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência.
Jurisprudência importantíssima a respeito dessa modalidade de prisão diz respeito à
impossibilidade de decretação da prisão preventiva quando o agente comete contravenção
penal no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher!
O STJ entendeu que ―a prática de contravenção penal, no âmbito de violência
doméstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu com base no art.
313, III, CPP, pois a norma é expressa quando fala em crime” (STJ. HC 437.535/SP, 6ª T.,
Rel. Min. Maria Thereza Moura, red. p/ ac. Min. Rogerio Schietti Cruz, J. 26/06/18 – Info
632).

D) PREVENTIVA PARA FINS DE INDENTIFICAÇÃO (ART. 313, §1º, CPP)


É aquela decretada quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la. Quando a identificação for suprida,
a prisão será imediatamente revogada.

4) MOMENTO E LEGITIMADOS (ART. 311 e 316, CPP)


4.1) NO CURSO DO INQUÉRITO
No curso do inquérito, a preventiva poderá ser representada pelo Delegado de Polícia ou
requerida pelo Ministério Público, nas ações penais públicas, pelo querelante, nas ações
penais privadas. Note-se que o assistente de acusação não tem legitimidade para requerer a
preventiva no curso do inquérito, pois somente é admitido a partir da decisão de recebimento da
denúncia (art. 268 e 269, CPP).
Como já visto, segundo o disposto no art. 20, lei 11.340/06 (lei Maria da Penha), é
possível a decretação da prisão preventiva nos autos do inquérito, inclusive de ofício pelo
juiz. Ressalte-se apenas que há corrente doutrinária no sentido de que em nenhuma hipótese pode ser
decretada ex officio pelo juiz.

4.2) NO CURSO DA AÇÃO PENAL


No curso da ação penal, a preventiva poderá ser requerida pela parte interessada, o
Ministério Público e o assistente de acusação, nas ações penais públicas, o querelante, nas
ações penais privadas. Como se viu, após o PAC, mesmo durante o curso do processo penal, o
juiz não mais possui legitimidade para decreta ex officio a preventiva, salvo nos 3 casos de
exceção:
a) conversão do APFD em preventiva, nos termos do art. 310, II, CPP, ressaltando-se a
necessidade de se aguarda o pronunciamento do órgão Pleno do STF ou da 3ª Secção do STJ
para pacificação da divergência;
b) no caso de prisão preventiva superveniente, quando revogada surgirem novos motivos
de cautelaridade para decretação, nos termos do art. 316, caput, e 282, §5º, CPP;
c) nos casos de crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher por
razões de gênero (submissão ou poder), nos termos do art. 20, lei 11.340/06.
Perceba-se que encerrado o curso do inquérito policial com o relatório realizado pela
autoridade policial (art. 10, §1º, CPP), o Delegado de Polícia não pode mais representar pela
decretação da prisão preventiva em razão de sua capacidade processual postulatória
limitada/mitigada/anômala.

5) PRAZO
Sabe-se que não há prazo prefixado em Lei para a prisão preventiva, porém o juiz
poderá revogá-la, ex officio – sem necessidade de oitiva do Ministério Público – ou por
provocação da parte, se, no decorrer do processo, verificar a falta de motivo para sua
manutenção.
É fato, porém, que mesmo sem prazo expresso na Lei a prisão deverá respeitar o princípio
da razoável duração do processo, sendo o excesso de prazo para realização de audiência, a
depender do caso concreto, uma razão para a revogação da preventiva.
De outro lado, com a mudança promovida pelo PAC no art. 316, parágrafo único, CPP,
agora, apesar de não continuar sem se ter prazo prefixado para a prisão preventiva, o legislador criou

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Direito Processual Penal

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um sistema de reavaliação dos motivos para manutenção da prisão cautelar, pois previu a
necessidade de revisão da necessidade da prisão a cada 90 dias.
A respeito do prazo para prisão preventiva, o STF entendeu que fere a Constituição
Federal a Lei estadual que, usurpando competência legislativa privativa da União, prevê
prazo máximo de 180 dias de duração para a prisão preventiva (STF. ADI 5949/RJ, Pleno,
Rel. Min Cármen Lúcia, J. 25/10/19).

6) PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE CAUTELARIDADE: FUMUS COMMISSI DELICTI E


PERICULUM LIBERTATIS (ART. 312, CPP)
No momento da decretação da preventiva o juiz deve se convencer da prova da
materialidade do crime, dos indícios suficientes de autoria e da existência de um dos
pressupostos fáticos-circunstanciais de prejuízo ao processo, previstos no art. 312, CPP.
Ou seja, para decretação legítima da prisão preventiva, é preciso além de analisar os
fundamentos de justa causa é preciso uma análise detida da necessidade, adequação e
proporcionalidade da relativização do direito fundamental à liberdade, que é regra no
processo penal brasileiro, bem como da demonstração do perigo da liberdade do réu.

6.1) GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA


Tanto a doutrina clássica majoritária quanto o Supremo Tribunal Federal e o Superior
Tribunal de Justiça entendem a garantia da ordem pública como um estado minimamente
aceitável de paz social, equilíbrio e segurança da população, analisado de forma concreta e
não abstrata.
Logo, tem-se o dever do Estado-Juiz de garantir essa ordem em caso de cometimento
de crimes concretamente graves ou em caso de perigo de reiteração da conduta criminosa.
Com base neste requisito, doutrina majoritária entende que se pode prender
preventivamente o investigado ou réu pela: a) gravidade concreta do delito, analisadas as
circunstâncias específicas do caso concreto; b) pelo risco e probabilidade de reiteração criminosa
do investigado ou réu (efetivação do juízo de prognose do magistrado).
Nesses casos, Antônio Scarance Fernandes entende haver cautelaridade processual,
pois se o processo é o instrumento de aplicação do Direito Penal, que por sua vez serve
dentre outras coisas para evitar a reiteração criminosa, e a medida cautelar serve para
proteger o processo (instrumento do instrumento). Assim, a prisão preventiva para garantir a
ordem pública seria possível nos casos de proteção contra novos delitos praticados pelo
investigado ou réu.
Porém, esse dispositivo é bastante criticado por parte da doutrina crítica. Existe corrente,
capitaneada por autores como Odone Sanguiné e Aury Lopes Jr., entendendo que essa medida
carece de cautelaridade, pois ao invés de garantir o bom desenvolvimento do processo
(cautelaridade como instrumento do instrumento), volta-se à pessoa do investigado ou réu
em si, analisando sua “periculosidade”, papel que não cabe ao Poder Judiciário.
Assim, o argumento de que a garantia da ordem pública serve para evitar reiteração
criminosa diz respeito a um novo processo, futuro e incerto, logo não há cautelaridade a
sustentar esse fundamento.
Portanto, a prisão preventiva para garantia da ordem pública é uma antecipação da
pena para fins de prevenção geral negativa (intimidação genérica da coletividade) e para fins
sedação popular gerando uma sensação abstrata de segurança (efeito sedante da prisão
preventiva).
Existe ainda a crítica de Gustavo Badaró no sentido de que a garantia da ordem pública
é um termo jurídico indeterminado, e essa fluidez pode fundamentar boas ações judiciais,
mas também más ações judiciais, como a decretação de prisões cautelares desproporcionais.
Obs1: Juízo de prognose do juiz: reiteração delitiva não se confunde com reincidência!
A análise da reiteração delitiva não se confunde com a análise da reincidência, pois o
juiz analisando a folha de antecedentes do agente poderá constatar sua conduta reiterada no
crime e decretar a preventiva mesmo sem haver reincidência.
Indivíduos várias vezes capturados em flagrante delito ou várias vezes denunciados pelo
Ministério Público demonstram concretamente que têm chance de postos em liberdade voltarem a
delinquir.
Obs2: Inquéritos policiais e processos em andamento fundamentam o decreto prisional
cautelar preventivo em razão da garantia da ordem pública!
O Superior Tribunal de Justiça entende que os inquéritos policiais e processos criminais
em andamento, embora não tenham o condão de exasperar a pena-base no momento da
dosimetria (art. 59, do Código Penal), são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração

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Direito Processual Penal

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delitiva, fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva (STJ. RHC


055365/CE, 5ª T., Rel. Min. Jorge Mussi, J. 17/03/15).
Obs3: Circunstâncias pessoais favoráveis (art. 59, do Código Penal) não impedem a
decretação da prisão preventiva
O Superior Tribunal de Justiça entende que o argumento de que o investigado ou réu
ostenta residência fixa, família e filhos, carteira assinada, etc., não impede, por si só, a
decretação da prisão preventiva. Sendo assim, uma vez preenchidos os requisitos legais dos arts.
282, 311, 312 e 313, do Código de Processo Penal, a prisão cautelar poderá ser decretada (STJ. HC
155.702/GO, 5ª T., Rel. Min. Felix Fischer, J. 20/04/10).
Obs4: A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou
manutenção da prisão preventiva como garantia da ordem pública
A prática de atos infracionais graves, a despeito de não gerarem reincidência, podem
indicar que a personalidade do agente é voltada à criminalidade, e havendo fundado receio
de reiteração criminosa, o juiz poderá decretar a prisão cautelar preventiva, uma vez
preenchidos os requisitos do art. 312 e 313, CPP.
É necessário que o magistrado analise caso a caso com base nas seguintes circunstâncias: a)
gravidade específica do ato infracional cometido; b) o tempo decorrido entre o ato
infracional e o crime; e c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional (STJ. RHC
63.855/MG, 3ª Seção, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/05/16).
Obs5: Necessidade de contemporaneidade dos motivos que fundamentam a decretação da
prisão preventiva. Entendimento do STJ anterior ao PAC!
Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos à decisão que
a decreta. Não se justifica o decreto prisional cautelar por fatos pretéritos que só agora
vieram ao conhecimento do juiz (STJ. HC 214921/PA, 6ª T., Rel. Min. Nefi Cordeiro, J.
17/03/15; STJ. HC 299733/RJ, 6ª T., Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, J. 09/12/14).
Esse entendimento do STJ foi abraçado no PAC pelo legislador justamente ao prever no
art. 315, §1º, CPP, que ―na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra
cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada‖.
Obs6: Gravidade em abstrato do delito não autoriza prisão preventiva
Todo crime é grave, assim não fosse a conduta nem seria tida como crime. A análise em
abstrato da conduta criminosa é papel do legislador na atividade legiferante. O juiz no decreto de prisão
preventiva deve fundamentar exaustivamente sua decisão em circunstâncias específicas do caso
concreto aptas a superar a regra da preferência pela liberdade durante o processo (modus operandi,
etc.).
Obs7: Clamor público e comoção social, por si só, não se confundem com necessidade de
garantir da ordem pública. Entendimento do STJ!
A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a comoção social não
constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva (STJ. RHC 055070/MS, 5ª T., Rel.
Min. Felix Fischer, J. 10/03/15).
O Supremo Tribunal Federal no leading case do caso Pimenta Neves, julgou inidônea a
fundamentação da prisão preventiva para garantia da ordem pública concretizada no clamor
social, ou seja, na necessidade de prender para atender o anseio de sensação de segurança
da sociedade.
No entanto, Fernando Capez defende o clamor social como elemento concretizador da
prisão para garantia da ordem pública, ante à necessidade de preservar a confiança no
Judiciário e nas instituições. Nessa linha, cite-se que vários tribunais estaduais ainda
fundamentam decretos prisionais cautelares na necessidade de atender ou dar uma resposta
efetiva ao anseio da sociedade.

6.2) GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA


Trata-se do dever do Estado-Juiz de preservar a ordem econômica hígida em face do
risco de reiteração criminosa nessa seara, tratando-se de uma especialização do fundamento
da garantia da ordem pública para os casos de criminalidade econômica. Os crimes contra a
ordem econômica, contra a ordem financeira, os crimes tributários, os crimes de lavagem de
capitais, os crimes de fraude à licitação, são todos passíveis de prisão preventiva para garantir a
ordem econômica.

6.3) GARANTIA (CONVENIÊNCIA) DA INSTRUÇÃO CRIMINAL


Trata-se do dever do Estado-Juiz de preservar a produção hígida das provas visando
garantir a legitimidade, eficácia e eficiência da jurisdição penal, direito fundamental erigido
na Constituição Federal. Exemplos de condutas de investigados ou réus que ferem a conveniência da

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instrução criminal são aqueles em que o acusado está ameaçando testemunhas, embaraçando o
trabalho da polícia investigativa, destruindo provas, etc.
Obs1: Tentar subornar Delegado de Polícia e Perito Criminal é motivo idôneo para decretação
da prisão preventiva para conveniência da instrução criminal!
Caso interessante foi o do banqueiro Daniel Dantas, que tentou subornar um Delegado de
Polícia no bojo das investigações. O Juiz Fausto de Sanctis decretou sua prisão para garantia a
conveniência da instrução criminal.

6.4) GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL


Trata-se do dever do Estado-Juiz de assegurar a aplicação efetiva da lei penal,
impedindo que o acusado fuja ou de qualquer forma constranja a devida aplicação do ius
puniendi estatal. Nesse ponto, o juiz deve atentar, em observância da regra da preferibilidade
das medidas cautelares diversas da prisão, para a possibilidade de: a) Proibição de se ausentar
da comarca (art. 319, IV, CPP); b) Proibição de se ausentar do país, com a devida entrega do
passaporte às autoridades policiais federais (atr. 320, CPP).
Se essas medidas se mostrarem suficientes para evitar a fuga do investigado e
garantir a aplicação da lei penal ao réu ou investigado, não deve o juiz impor a prisão
preventiva em concretização aos princípios da preferibilidade proporcionalidade engendrada
pelo art. 282, Código de Processo Penal.
Obs1: Fuga efetiva ou tentativa de fuga do distrito da culpa é fundamento idôneo para
decretação da prisão cautelar preventiva!
A fuga ou a tentativa de fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar
o decreto da custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal e como garantia
da aplicação da lei penal.
Contudo, é necessário que essas duas circunstâncias sejam contemporâneas ao decreto
prisional, pois a tentativa de fuga pretérita, que não teve no momento oportuno, a decretação da
preventiva não poderá fundamentar o decreto prisional atual (STJ. RHC 053927/RJ, 5ª T., Rel. Min.
Felix Fischer, J. 05/03/15).
Obs2: Citação por edital não fundamenta, por si só, decreto de prisão preventiva para
garantia da aplicação da lei penal!
A citação por edital do acusado não constitui fundamento idôneo para a decretação da
prisão preventiva, uma vez que a sua não localização não gera presunção de fuga (STJ. HC
299733/RJ, 6ª T., Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, J. 09/12/14).
Obs3: A situação de rua (morador de rua) não fundamenta, por si só, o decreto de prisão
preventiva para garantia a aplicação da lei penal!
O fato do réu ser morador de rua não é razão suficiente para decretação da prisão
cautelar. Logo, é ilegal o decreto de prisão preventiva que se funda na falta de residência fixa do
acusado, decorrente de sua condição de morador de rua (STF. HC 97177/DF, 2ª T., Rel. Min. Cezar
Peluso, J. 08/09/09).
Obs4: A condição de estrangeiro que não possui ocupação lícita no Brasil não fundamenta,
por si só, decreto de prisão preventiva!
Nos casos em que o Brasil possui termo de cooperação jurídica internacional acordando
que o país estrangeiro tem obrigação de executar a pena imposta no Brasil, a prisão preventiva
decretada em razão da garantia da aplicação da Lei penal pelo simples fato da não ocupação lícita do
estrangeiro não se sustenta.
Obs6: Agente diplomático com imunidade apenas para execução da pena. Impossibilidade de
decretação de medida cautelar com fundamento na garantia da aplicação da Lei penal
brasileira. Entendimento do STJ!
Diplomata espanhol que gozava de imunidade absoluta foi acusado de homicídio da esposa. A
Espanha renunciou à imunidade de investigação e processamento, mas manteve a imunidade para
execução da pena.
Foi decretada uma medida cautelar no bojo do processo impedindo a saída dele do Brasil para
conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal brasileira.
Nesse caso o Superior Tribunal de Justiça revogou a medida cautelar, pois entendeu que a fase
processual já estava adiantada demais para haver riscos à instrução criminal (processo já com
sentença de pronúncia).
De outro lado, não havia perigo para aplicação da lei penal brasileira, pois a imunidade em
virtude da execução da pena impede a aplicação da lei penal brasileira mesmo em caso de condenação
(STJ. RHC 87.825/ES, 6ª T., Rel. Min. Nefi Cordeiro, J. 05/12/17).

7) CONDIÇÕES AUTORIZATIVAS DA PRISÃO PREVENTIVA

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Além dos pressupostos de cautelaridade da preventiva (fumus commissi delicti e


periculum libertatis), é preciso que o juiz verifique os requisitos do art. 313, CPP, onde estão
presentes as condições (hipóteses) autorizativas da preventiva.

7.1) CONDIÇÃO AUTORIZATIVA GENÉRICA: CRIME DOLOSO PUNIDO COM PENA MÁXIMA
SUPERIOR A 4 ANOS (ART. 313, I, CPP)
A regra geral ligada ao art. 313, I, do Código de Processo Penal, é que para além da
comprovação da prova da materialidade, dos indícios de autoria e de um dos fundamentos
circunstanciais do art. 312, do Código de Processo Penal, o crime em processamento seja doloso
e tenha pena em abstrato superior a 4 anos, seja de reclusão ou detenção.
Nesse requisito tem-se uma previsão voltada para a gravidade abstrata do delito que
visa justamente impedir que investigados ou réus por crimes mais leves fique presos
cautelarmente quando a possibilidade de cumprirem pena privativa de liberdade decorrente
de sentença penal condenatória é mínima.
Trata-se da incidência do princípio da homogeneidade adotado pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que prescreve ―não ser legítima a prisão preventiva nos casos em que a sanção
abstratamente prevista ou imposta na sentença condenatória recorrível não resulte em
constrição pessoal da liberdade‖ (STJ. HC 303185/MT, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,
J. 10/03/15).

A) PARA AFERIÇÃO DA PENA MÁXIMA SUPERIOR A 4 ANOS LEVA-SE EM CONTA O CONCURSO


DE CRIMES E O CRIME CONTINUADO, SALVO SE AS DEMAIS INFRAÇÕES FOREM CULPOSAS
OU CONTRAVENÇÕES
Se o concurso de crimes (formal, material e crime continuado) envolverem crimes
culposos ou contravenções penais, suas penas não serão computadas para fim de fixação da
prisão preventiva nos termos do art. 313, I, do Código de Processo Penal.

B) NÃO CABE PRISÃO PREVENTIVA NOS CRIMES CULPOSOS COM PENA SUPERIOR A 4 ANOS,
SALVO SE O AGENTE NÃO ESTÁ CIVILMENTE IDENTIFICADO, NEM NAS CONTRAVENÇÕES
PENAIS, INDEPENDENTEMENTE DE A PENA EM ABSTRATO SER SUPERIOR A 4 ANOS
Se o crime for grave, com pena máxima superior a 4 anos, mas a conduta do agente foi
culposa, ou em se tratando de contravenção penal, qualquer que seja a modalidades de tipicidade
subjetiva (dolo/culpa), não haverá possibilidade de decreto prisional cautelar (art. 313, I + 314, do
Código de Processo Penal).
Isso porque, também na linha da aplicação do princípio da homogeneidade, não se pode
decretar uma prisão cautelar quando a Pena Privativa de Liberdade (PPL) pode ser sempre
substituída pela Pena Retritiva de Direito – como é o caso dos crimes culposos, nos termos do
art. 44, I, do Código Penal.
Exceção a essa regra é a possibilidade de prisão preventiva em razão do crime
culposo praticado, mas que o agente não se encontra civilmente identificado, nos termos do
art. 313, §1º, do Código de Processo Penal.

7.2) CONDIÇÕES AUTORIZATIVAS ESPECÍFICAS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA


(EXCEÇÕES AO ART. 313, I, CPP)

A) SE TIVER SIDO CONDENADO POR OUTRO CRIME DOLOSO, EM SENTENÇA TRANSITADA EM


JULGADO, RESSALVADO O DISPOSTO NO ART. 64, I, CP (ART. 313, II, CPP)
Nesse caso, tem-se uma exceção expressa à condição objetiva do crime em processamento ter
pena máxima superior a 4 anos. Sendo assim, se o investigado ou réu já tiver sido condenado
com trânsito em julgado por outro crime doloso e estiver sendo processado novamente, não
importa o quantum da pena do crime novo, poderá haver decretação da preventiva.
Ou seja, mesmo que o crime atual pelo qual o agente é processado tenha pena inferior
ou igual a 4 anos, o juiz poderá decretar a preventiva em razão da reincidência, que impede
a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito e também impede o
cumprimento de pena em regime aberto, excetuando a princípio da homogeneidade.
A prisão não se impõe, porém, se já tiver sido superado o período depurador de 5
anos após o cumprimento da pena pelo agente, conforme o art. 64, I, do Código Penal. Deve
ser lembrado que não é considerada reincidência as condenações por crimes militares próprios
e por crimes políticos (art. 313, II, do Código de Processo Penal).
É preciso lembrar também que além da hipótese do art. 313, II, do Código de Processo
Penal, o juiz deverá fundamentar o decreto prisional preventivo a partir de um dos

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Direito Processual Penal

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fundamentos do fumus commissi delicti e do periculum libertatis previsto no art. 312, do


Código de Processo Penal.

B) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER,


CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR
A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA (ART. 313, III, CPP)
Trata-se de prisão preventiva protetiva em que se excepciona a condição objetiva de o
crime em processamento ter pena máxima em abstrato superior a 4 anos. Parte-se do
pressuposto de que quando o crime em julgamento envolver violência doméstica ou familiar
contra a mulher ou qualquer outra voltada aos demais grupos vulneráveis o juiz poderá
decretar a preventiva para garantir a execução das medidas protetivas anteriormente
impostas e descumpridas.
Ressalte-se que o cometimento de CONTRAVENÇÃO PENAL no contexto de violência a
esses grupos vulneráveis não autoriza a prisão preventiva, pois a Lei processual prevê
CRIME no art. 313, III, do Código de Processo Penal.
Ressalte-se também que além da hipótese do art. 313, III, do Código de Processo Penal,
o juiz deverá fundamentar o decreto prisional preventivo a partir de um dos fundamentos do
fumus commissi delicti e periculum libertatis previsto no art. 312, do Código de Processo
Penal.
Obs1: Cabe preventiva protetiva (art. 313, III, CPP) nos crimes culposos?
No caso da violência doméstica ou familiar contra a mulher, a doutrina majoritária
entende somente ser cabível a preventiva quando o crime for doloso, pois a violência de
gênero exige naturalmente o dolo de submissão ou exercício de relação de poder em face de
mulher.
Por outro lado, no caso das demais vítimas vulneráveis, entende-se que é possível
decretação da preventiva protetiva, mesmo em se tratando de crime culposo, pois o
legislador não especificou a modalidade dolosa.
A grande questão é que esta modalidade de prisão preventiva somente se legitima se for para
―garantir a execução das medidas protetivas de urgência‖, logo difícil pensar num crime culposo dentro
desse contexto.
Obs2: O simples descumprimento de medidas protetivas não enseja automaticamente a
decretação da preventiva: necessidade de demonstração do periculum libertatis.
Entendimento do STJ!
O mero descumprimento das medidas protetivas de urgência não enseja a decretação
direta e automática da prisão preventiva nos termos do art. 313, III, do Código de Processo
Penal.
Para legitimidade da preventiva nesses casos é preciso que seja conjugado ao
descumprimento da medida um dos pressupostos do periculum libertatis previstos no art.
312, do Código de Processo Penal.
Não obstante isso, no entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a prisão
preventiva é, sim, idônea quando o réu descumpriu medidas protetivas anteriormente
impostas, “permitindo-se antever que, se for solto, voltará a prosseguir na sua saga de
delitos”, numa espécie de concretização da necessidade de garantia da ordem publica – art.
312, CPP – (STJ. HC 466.169/MG, 6ª T., Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, J. 18/10/18).
Obs3: Condições judiciais favoráveis, por si só, não autorizam a revogação da prisão
preventiva protetiva!
Condições pessoais favoráveis, tais como primariedade, bons antecedentes,
residência fixa e outras eventualmente previstas no art. 59 do Código Penal, não têm o
condão de, por si sós, desconstituírem a custódia processual cautelar, caso estejam
presentes outros requisitos que autorizem a decretação da medida extrema‖.
Ou seja, a preventiva imposta com base no art. 313, III, CPP, não ser imediatamente
revogada em razão das condições judiciais favoráveis do réu (STJ. HC 464.737/PR, 6ª T., Rel. Min.
Laurita Vaz, J. 23/10/18).

C) QUANDO HOUVER DÚVIDA SOBRE A IDENTIDADE CIVIL DA PESSOA OU QUANDO ESTA


NÃO FORNECER ELEMENTOS SUFICIENTES PARA ESCLARECÊ-LA (ART. 313, §1º, CPP)
Nesse caso, uma vez mais não é necessário que a pena máxima do crime processado
seja superior a 4 anos nem que o crime seja doloso, possibilitando a prisão preventiva até
mesmo em crime culposo, pois a mera ausência de identificação do agente é motivo para
custódia cautelar preventiva, cessando quando apresentada a identificação.

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Lembrando-se que além da hipótese do art. 313, parágrafo único, o juiz deverá
fundamentar o decreto prisional preventivo a partir de um dos fundamentos do periculum
libertatis previsto no art. 312, CPP.

8) PRESSUPOSTO DE NÃO DECRETAÇÃO

8.1) IMPOSIÇĀO DE PRISĀO COMO ANTECIPAÇĀO DE PENA OU COMO DECORRÊNCIA


IMEDIATA DE INVESTIGAÇĀO INSTAURADA OU DENÚNCIA (ART. 313, §2º, CPP)
Trata-se de mudança promovida pelo PAC. O art. 313, §2º, CPP, preceitua não ser admitida a
decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como
decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.
Esse regramento já existia, porém de forma tácita, numa interpretação sistemática da
Constituição Federal e das próprias normas processuais penais, pois se ao juiz é vedado aumentar a
pena-base em razão de inquéritos ou de ações penais em curso, nos termos da súmula 444, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), imagine fundamentar uma prisão cautelar, que é precária por
natureza, nessas circunstâncias.
Nota-se, portanto, que nesse e em vários outros dispositivos o PAC quis expressar claramente a
última ratio das medidas cautelares pessoais no processo penal. Quis cristalizar, inclusive, a obrigação
do magistrado em seguir as regras e princípios instituídos pela Constituição Federal, limitando tanto
quanto possível as idiossincrasias dos magistrados.

8.2) VERIFICAÇÃO DE EXCLUDENTES DE ILICITUDE (ART. 314, CPP)


Não será decretada a preventiva quando o juiz verificar pelas provas constantes dos autos
ter o agente praticado o fato em estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito. Parcela majoritária da
doutrina, em interpretação extensiva, defende que as causas de exclusão da tipicidade e
culpabilidade também impediria o decreto da custódia cautelar, salvo inimputabilidade.
Obs1: Apresentação espontânea em sede de inquérito impede a lavratura do auto de prisão
em flagrante, mas não impede prisão preventiva!
A apresentação espontânea impede a lavratura do APFD. Porém, se a autoridade policial verifica
que há ordem de prisão preventiva no sistema deverá cumprir a ordem, efetuando a prisão do
apresentando.

9) REVOGAÇĀO DA PRISĀO PREVENTIVA


O novo art. 316, caput, CPP, determina que o juiz não mais precisa ouvir o Ministério
Público para decidir sobre revogação da prisão preventiva, podendo até mesmo decidir de
ofício, já que é decisão em favor do réu.
Contudo, perceba-se que em razão da parte final da nova redação do art. 316, caput, uma
primeira corrente doutrinária já se posiciona no sentido de admitir a decretação oficiosa (ex
officio) da prisão preventiva quando uma vez revogada surgirem novos motivos para sua
decretação.
Por outro lado, uma segunda corrente doutrinária entende que a atividade oficiosa do juiz,
cinge-se apenas e tão somente a primeira parte do art. 316, ou seja, a possibilidade de
revogação da preventiva, pois, conforme os arts. 3º-A e 282, para decretação inicial ou
posterior da prisão e de qualquer outra medida cautelar é necessário prévia provocação do
magistrado.
Ademais, se for o caso de negar o requerimento da defesa, deve enfrentar os argumentos
levantados em favor da liberdade do réu, bem como empreender um esforço argumentativo maior para
legitimar sua decisão denegatória da revogação.

10) CONTROLE PERMANENTE DOS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA (ART. 316,


PARÁGRAFO ÚNICO)
O novo parágrafo único do art. 316, CPP, prevê que a cada 90 dias o juízo responsável
pela prisão deverá realizar o controle de necessidade da mesma, sob pena de tornar a prisão
ilegal, passível de relaxamento imediato.
Segundo o dispositivo, a decisão de manutenção deve ser fundamentada e tomada de
ofício, sem necessidade de provocação das partes. Nota-se que o PAC trouxe mais um
instrumento de limitação da discricionariedade judicial, bem como uma arma concreta contra
o aumento das prisões cautelares no Brasil.
Apenas a título de menção, é bem provável que o art. 316, parágrafo único tenha tido
sua inspiração na Resolução Conjunta nº 1 do CNJ/CNMP, em que se exige do Poder

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Judiciário a monitoração efetiva da situação cautelar dos réus a cada 1 ano. Perceba-se que o
prazo com PAC diminuiu de 12 meses para 90 dias. Andou bem o Pacote Anticrime!

10.1) JUÍZO COMPETENTE PARA DECISÃO DE MANUTENÇÃO DA CAUTELAR


A obrigação de revisar, a cada 90 dias, a necessidade de se manter a custódia cautelar
é imposta apenas ao juiz ou tribunal que decretar a prisão preventiva, não sendo possível
que as instâncias recursais julguem o mérito da revogação da preventiva (STJ. HC
589544/MG, 6ª T., Rel. Min. Laurita Vaz, J. 08/09/2020; STJ. AgRg no HC 569701/SP, 5ª T.,
Rel. Min. Ribeiro Dantas, J. 09/06/2020).
Em sentido contrário, o Enunciado 19 da I Jornada de Direito e Processo Penal do
CEJ/CJF (2020), que dispõe o seguinte: ―Cabe ao Tribunal no qual se encontra tramitando o feito em
grau de recurso a reavaliação periódica da situação prisional do acusado, em atenção ao parágrafo
único do art. 316 do CPP, mesmo que a ordem de prisão tenha sido decretada pelo Magistrado de
primeiro grau‖.

10.2) AUSÊNCIA DE REVISÃO E RELAXAMENTO AUTOMÁTICO


A partir da literalidade do dispositivo, a doutrina começou a advogar a tese de que a
omissão do julgador competente em revisar a necessidade da prisão cautelar, passados 90
dias de sua decretação, ensejaria situação de ilegalidade automática. Isso pode ser notado a
partir do verbo “deverá” contido na norma processual.
O STJ, em recente decisão, entendeu de modo diverso, pois deferiu habeas corpus
para recomendar ao juiz de 1º grau que analise a revisão da prisão, ou seja, a Corte
concedeu uma nova chance ao juiz para cumprir a lei (STJ. AgRg no HC 573.232/SP, 5ª T.,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, J. 12/05/2020).
O STF, em decisão ainda mais recente e no mesmo sentido do STJ, entendeu que a
ausência da decisão revisional dentro do prazo de 90 dias não acarreta a ilegalidade
automática da prisão preventiva, devendo o magistrado ser instado a decidir sobre a
legalidade e atualidade dos seus fundamentos (STF. SL 1395 MC-Ref/SP, Pleno, Rel. Min.
Luiz Fux, J. 15/10/2020).

11) EXCESSO DE PRAZO E PRISÃO PREVENTIVA: PRINCÍPIOS DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO


PROCESSO E DA PROPORCIONALIDADE
A súmula 21, STJ, prescreve que ―com a pronúncia resta superado o alegado
constrangimento ilegal por excesso de prazo na instrução‖; já a súmula 52, STJ, prescreve que
―encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento ilegal por
excesso de prazo‖.
Em ambas, a doutrina e o próprio STJ vêm interpretando o enunciado conjuntamente com o
princípio da duração razoável do processo, previsto tanto na Constituição quanto em tratados
internacionais de direitos humanos. Assim, mesmo com a pronúncia ou com o encerramento da
instrução criminal, é possível haver revogação da preventiva por excesso de prazo, demonstrado nas
circunstâncias do caso concreto.
Já a súmula 64, STJ, prescreve que ―não há constrangimento ilegal por excesso de
prazo se a demora, em feito complexo, decorre de requerimentos da própria defesa‖. Há forte
crítica doutrinária que entende serem os recursos previstos em lei uma prerrogativa da defesa e não
manifestação de atos protelatórios, de modo que a atuação da defesa jamais poderia justificar a
manutenção da preventiva por prazo irrazoável.

PRISÃO TEMPORÁRIA – LEI 7.960/89

1) PREVISÃO LEGAL

Art. 1°, Lei 7.960/89. Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento
de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu §2°);
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§1° e 2°);

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e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§1°, 2° e 3°);


f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, §1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando – “associação criminosa” (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3°, Lei 2.889/56), em quaisquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 33, caput e § 1º, Lei 11.343/06);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.492/86);
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei 13.260/16);
Art. 2°. A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
§1°. Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério
Público.
§2°. O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo
de 24 horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
§3°. O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a
exame de corpo de delito.
§4°. Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em 2 vias, uma das quais será
entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§4º-A. O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária
estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado.
§5°. A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.
§6°. Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da
Constituição Federal.
§7º. Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá,
independentemente de nova ordem da autoridade judicial, por imediatamente o preso em liberdade, salvo
se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva.
§8º. Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.
Art. 3°. Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.
Art. 5°. Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão permanente de vinte e quatro horas
do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.

2) CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
A atual lei de prisão temporária é furto de votação no parlamento federal após a promulgação
da Constituição de 1988. Doutrina minoritária ainda critica bastante a lei, alegando que se trata de
legislação com resquício fascista baseada na famigerada prisão para averiguação vigorante no período
militar. Ademais, a prisão adviria da Medida Provisória 111, de 24/11/89.
A crítica não prevalece e nem têm fundamento. Do ponto de vista da inconstitucionalidade
material, a prisão possui requisitos legais bastante severos, respeita a cláusula de reserva de
jurisdição, e somente pode perdurar por prazo expressamente previsto em lei.
Já do ponto de vista da inconstitucionalidade formal, é certo que a Medida Provisória expirou
sem ser convertida em lei e em 21/12/1989 entrou em vigor a lei 7.960/89, resultante da votação
regular no Congresso Nacional, atendo aos ditames dos arts. 22, I, e 62, ambos da Constituição.
Não é sem razão que o STF julgou perdido o objeto de ação direta de inconstitucionalidade
proposta pela OAB sob o argumento de que ―não tendo sido convertida em lei a Medida Provisória
atacada pela presente ação direta, perdeu ela, retroativamente, a sua eficácia jurídica pelo decurso do
prazo para a sua conversão, e, assim, por via de consequência, perdeu esta ação o seu objeto (STF.
ADI 162/DF, Pleno, Rel. Min. Moreira Alves, J. 02/08/93).

3) CONCEITO
Trata-se de prisão de natureza cautelar decretada exclusivamente pelo juiz a
requerimento do Ministério Público ou representação do Delegado, ouvido o órgão acusador,
com finalidade exclusiva de garantir o êxito da investigação preliminar criminal auxiliando na
obtenção de elementos de informação sobre a materialidade e autoria delitivas.
Assim, é prisão impossível de ser decretada de ofício pelo juiz, cabível apenas na
investigação preliminar criminal jamais podendo ser decretada após o oferecimento da
denúncia, porquanto objetiva resguardar as investigações (STJ. HC 210697/SP, 5ª T., Rel.
Min. Jorge Mussi, J. 06/08/13).

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4) LEGITMIDADE

4.1) DECRETAÇÃO (CLÁUSULA DE RESERVA DE JURISDIÇÃO)


Como todas as demais prisões de natureza cautelar, a decretação da prisão temporária
obedece à cláusula de reserva de jurisdição, verdadeiro limite à restrição ao direito fundamental à
liberdade.
Logo, somente o magistrado é quem pode decretar a prisão temporária mediante
prévia e fundamentada provocação do Delegado ou do Ministério Público, pois apesar da
ausência de vedação legal na lei 7.960/89, após a Constituição a fase investigativa nunca
permitiu atuação ex officio do juiz, nem na prisão temporária nem na prisão preventiva.
Mais além disso, após a entrada em vigor do novo art. 3º-A e a nova redação do art. 282,
§2º, ambos do Código de Processo Penal, que preveem, respectivamente, o sistema acusatório e a
impossibilidade de o juiz decretar medidas cautelares de ofício.

4.2) PROVOCAÇÃO DO JUIZ


Os legitimados a provocar o juiz são o Delegado de Polícia, através de representação no
bojo do inquérito, ou o Ministério Público, através de requerimento no bojo de qualquer
instrumento investigativo (inquérito policial, Procedimento investigatório criminal, inquérito
parlamento – CPI/CPMI).

5) PRAZO DE DURAÇÃO DA PRISÃO E SUA CONTAGEM


O prazo para a prisão temporária é de 5 dias, prorrogável por uma única vez pelo prazo
também de 5 dias, se houver necessidade. Sendo crime hediondo ou equiparado, o prazo da
prisão temporária será de 30 dias, prorrogável por mais 30 (art. 2º, §4º, lei 8.072/09), em
caso de comprovada necessidade.
Aceca do prazo, note-se que não se permite prisão temporária decretada de uma só vez
pelo prazo máximo previsto em lei, 10 dias ao total para os crimes comuns ou 60 dias ao total para
os crimes hediondos e equiparados, numa única decisão judicial.
Do mesmo modo, não se admite autorização prévia de prorrogação pelo juiz, deixando
a prorrogação da prisão temporária já antecipadamente autorizada devendo sua necessidade
ser analisada pelo Delegado ou pelo membro do Ministério Público.
Assim, a decisão de prorrogação depende de prévia provocação e deve ser
estritamente fundamentada demonstrando a extrema e comprovada necessidade da medida
(STJ. HC 7655/GO, 6ª T., Rel. Min. Vicente Leal, J. 15/10/98).
Perceba-se, porém, que não há qualquer impedimento legal para que o juiz fixe prazo
inferior ao previsto em lei, prorrogando este por diversas vezes desde que respeitados os
prazos parcelares mínimos (5 dias/30 dias) e máximos (10 dias/60 dias), ex.: juiz fixa a
prisão temporária em 10 dias em caso de crime hediondo, podendo prorrogá-lo por 5 vezes de mais 10
dias; ou juiz fixa prisão temporária por 20 dias em caso de crime hediondo, podendo prorrogá-lo uma
vez por 30 dias e mais outra por 10 dias, somando ao total 60 dias, prazo máximo previsto em lei.
Decorrido o prazo da prisão, o indivíduo deverá ser colocado imediatamente em
liberdade, sem necessidade de expedição de alvará de soltura (art. 2º, §7º, lei 7.960/89),
pois a prisão temporária é prisão com prazo certo, expressamente previsto na Lei, salvo se houver
nova ordem de prorrogação ou decreto de prisão preventiva.
Em se tratando de prisão, a contagem do prazo é feita com inclusão do dia de início (efetivação
da prisão – captura), independentemente da hora, e exclusão do dia final (dia da soltura), nos termos
do art. 10, CP, e art. 2º, §8º, lei 7.960/89. Ex.: investigado preso temporariamente por crime
comum no dia 10 às 21h ficará preso durantes os dias 11, 12, 13, sendo solto nos primeiros minutos do
dia 14.

6) ATUAÇÃO EX OFFICIO DO DELEGADO NA SOLTURA DO PRESO


Doutrina e jurisprudência majoritárias entendem que encerrada a investigação cessa o
fundamento e requisito de necessidade para manutenção da prisão temporária, pois esta
serve para acautelar a investigação preliminar criminal (STF. HC 313157/MG, 6ª T., Rel. Min. Maria
Thereza Assis Moura, J. 05/05/15).
Doutrina majoritária entende ser competência apenas do juiz a revogação da prisão
temporária quando cessados os motivos que a fundamentam, ex.: encerramento das
investigações, pois a autoridade judiciária decretante é quem possui controle o ato judicial decretado.
Nesse sentido, cite-se Noberto Avena, Guilherme Nucci, Renato Brasileiro, Fábio Roque, etc.
Doutrina minoritária entende que o Delegado tem atribuição para revogar a prisão
temporário se antes de atingido o prazo máximo previsto em lei os motivos da prisão
tiverem cessado, pois a cláusula de reserva de jurisdição volta-se apenas para a decretação da prisão

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e não para sua revogação e se a prisão temporária é modalidade de cautelar somente cabível no bojo
das investigações ninguém melhor que o Delegado para saber quando a prisão atingiu sua finalidade
para a investigação. Nesse sentido, cite-se Aury Lopes Jr., Carlos Kauffmann.

7) REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO


Sempre que for decretada a prisão temporária, os legitimados, Delegado de Polícia ou Promotor
de Justiça, deverão conjugar o inciso III, que trata do rol taxativo de crimes, com uma das
hipóteses dos incisos I ou II do art. 1º, da lei 7.960/89, vejamos:

7.1) IMPRESCINDIBILIDADE DA PRISÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS (ART. 1º, I)


O Delegado ou o Ministério Público devem demonstrar a necessidade da prisão para o
sucesso da investigação, expondo o perigo da liberdade do investigado durante a investigação a
ponto de tornar ineficiente o direito fundamental à investigação criminal eficaz.
Deve-se demonstrar, portanto, que a liberdade do investigado está inviabilizando de
qualquer modo as investigações, destruição de provas, coação de testemunhas, liderança de grupo
criminoso atuante, entre outras razões.

7.3) QUANDO O INDICIADO NÃO TEM RESIDÊNCIA FIXA (ART. 1º, II, 1ª PARTE)
A prisão temporária pode ser decretada quando o investigado não tiver residência
fixa, pois o risco de fuga demonstra-se evidentemente maior a depender do caso concreto. Esse
fundamento visa evitar a impunidade.
A despeito da forte crítica doutrinária apontando a institucionalização de prisão
discriminatória, pois os pobres, moradores de rua, etc., não possuem residência fixa, a jurisprudência
entende constitucional esse fundamento para decretação da prisão temporária.
Para evitar qualquer discriminação social, a jurisprudência firmou entendimento no sentido de
que ―a ausência de residência fixa pura e simples não é motivo idôneo para decretação da
temporária, devendo o juiz fundamentar a prisão com base em elementos concretos que
demonstrem a possibilidade de fuga do investigado concretizando um perigo concreto de não
aplicação da lei penal‖.

7.3) QUANDO O INDICIADO NÃO FORNECER ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO


ESCLARECIMENTO DE SUA IDENTIDADE (ART. 1º, II, 2ª PARTE)
A Constituição garantiu o direito fundamental a não identificação criminal quando o
investigado possuir identificação civil, entendida esta como qualquer documento de identidade
legalmente admitido (RG, ID funcional, etc.).
Sendo assim, trata-se de prisão de máxima excepcionalidade, pois quando o investigado não
apresentar qualquer elemento necessário ao esclarecimento de sua identidade, a autoridade poderá
proceder à identificação criminal datiloscópica e fotográfica.
A prisão temporária somente se fundamentará no art. 1º, II, 2ª parte, da lei
7.960/89, quando a identificação civil e criminal não se mostrarem eficientes. Nesses casos, a
medida cautelar prisional baseia-se no perriculum libertatis do investigado, pois ao não
fornecer elementos suficientes sobre sua identidade, é possível levar a erro o sistema de justiça
criminal, ex.: prisão de inocentes em casos de homônimos.

7.4) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NOS SEGUINTES CRIMES


Os crimes previstos nas alíneas do art. 1º, III, da Lei 7.960/89, constituem um taxativo e
não exemplificativo, portanto, não pode haver interpretação analógica, extensiva ou
analogia in pejus (in malam partem).
A esse rol devem ser acrescentados os crimes hediondos, previstos na lei 8.072/90, e
equiparados, estes já quase todos previstos no texto da lei de prisão temporária, exceto o crime de
tortura, que deve ser também incluído no rol de crime passíveis da cautelar.
Discute-se bastante na doutrina se o crime de integrar organização criminosa, previsto na
Lei 12.850/13, permite a decretação de prisão temporária, já que é mais grave do que o crime
de associação criminosa, previsto no art. 288, Código Penal e expressamente disposto no art. 1º, III,
―l‖, lei 7.960/89.
Prevalece o entendimento doutrinário no sentido de que não é possível, pois o rol de
crime previstos na lei de prisão temporário numeros clausus, não permitindo ampliação pela
via hermenêutica.
Mais além disto, se o legislador quisesse elencar os crimes da Lei 12.850/13 como passíveis de
prisão temporária teria feito quando a aprovação da lei de organização criminosa em 2013, o que não

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foi feito, ou agora com as mudanças profundas realizadas pela nova lei de abuso de autoridade
(13.869/19) e lei anticrime (13.964/19), o que também não foi feito.
Fato é que através da lei 13.964/19, que modificou a lei de crimes hediondos, o crime
de integração à organização criminosa passou a ser considerado hediondo desde que a
orcrim esteja estruturada para cometer crimes hediondos. Logo, a mera integração à orcrim
continua não sendo crime hediondo, por consequência, não podendo ser alvo de prisão
temporária.

7.4.1) HOMICÍDIO DOLOSO SIMPLES E QUALIFICADO


Parece simples, mas aqui existe potencial alto de complicação em provas e até mesmo na
atuação prática. Perceba-se que a lei de prisão temporária previu os crimes de homicídio doloso
simples (art. 121, caput, CP) e doloso qualificado (art. 121, §2º, CP).
Note que o crime de homicídio privilegiado (art. 121, §1º), apesar de ser espécie de
homicídio doloso, não comporta prisão temporária. Através de análise lógica da mais recente
jurisprudência do STF, tudo indica que o homicídio qualificado-privilegiado (art. 121, §2º c/c §1º,
CP), também não se submete à prisão temporária, pois prevalece a causa de privilégio, inclusive para
fins de desconsideração da hediondez criminosa (lei 8.072/90).

7.4.2) SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO SIMPLES E QUALIFICADO


A lei de prisão temporária previu tanto a modalidade simples (art. 148, caput, CP) quanto a
modalidade qualificada (art. 148, §1º e §2º, CP) da privação de liberdade por meio de sequestro
ou cárcere privado permitem a prisão temporária do investigado.

7.4.3) ROUBO SIMPLES E QUALIFICADO


A lei 7.960/89 previu desde a modalidade de roubo simples, próprio (art. 157, caput, CP) e
impróprio (art. 157, §1º, CP), à modalidade de roubo qualificado (art. 157, §3º, CP) – com
resultado lesão corporal grave ou morte (latrocínio).

7.4.4) EXTORSÃO SIMPLES E QUALIFICADA


A lei de prisão temporária previu tanto a hipótese de extorsão simples (art. 158, caput, CP)
quanto as hipóteses de extorsão qualificada pela restrição temporária da liberdade da vítima
(“sequestro relâmpago” – art. 158, §3º, 1ª parte, CP) ou de extorsão qualificada pelo
resultado lesão corporal grave e gravíssima ou morte (art. 158, §3º, 2ª parte, CP).

7.4.5) EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SIMPLES E QUALIFICADA


A lei 7.960/89 previu todas as modalidades de extorsão mediante sequestro como
passíveis de decretação da prisão temporária, ou seja:
a) extorsão mediante sequestro simples (art. 159, caput, CP);
b) extorsão mediante sequestro qualificada quando o sequestro dura mais de 24 horas, quando
a vítima é menor de 18 anos ou maior de 60 e quando o crime é cometido por associação criminosa
(art. 159, §1º, CP);
c) extorsão mediante sequestro com resultado lesão corporal grave ou gravíssima (art. 159,
§2º, CP);
d) extorsão mediante sequestro com resultado a morte da vítima (art. 159, §3º, CP).

7.4.6) ESTUPRO SIMPLES, QUALIFICADO E DE VULNERÁVEL


A lei de prisão temporária, datada de 1989, ainda se fundamentava na redação antiga dos
crimes sexuais, hoje cunhados como crimes contra dignidade sexual. Sendo assim, previa o estupro em
suas formas simples e qualificada. Com a reforma nos crimes sexuais operada em 2009, entende-se
que todas as formas de estupro admitem a decretação da prisão temporária, ou seja:
a) estupro simples (art. 213, caput, CP);
b) estupro qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou ainda quando a
vítima for menor de 18 anos e maior de 14 (art. 213, §1º, CP);
c) estupro qualificado pelo resultado morte (art. 213, §2º, CP);
d) estupro de vulnerável simples (art. 217-A, caput, CP), qualificado pelo resultado lesão
grave e gravíssima (art. 217-A, §1º, CP) e qualificado pela morte da vítima (art. 217-A, §2º, CP).
Note, porém, que nem todos os crimes contra a dignidade sexual admitem a prisão
temporária, pois o legislador fez uma gradação de gravidade entre os crimes de estupro –
mais graves, pois pressupõe violência e grave ameaça – e os demais delitos sexuais – menos
graves justamente pois não pressupõem violência ou grave ameaça, ex.: violação sexual

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Direito Processual Penal

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mediante fraude (art. 215, CP), importunação sexual (art. 215-A, CP), assédio sexual (art. 216-A,
CP), registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B, CP), corrupção de menores (art. 218,
CP), favorecimento da prostituição (art. 218-B, CP), etc.

7.4.7) ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR E RAPTO VIOLENTO (REVOGADOS)


Como já mencionamos, após a reforma legislativa de 2009, que alterou profundamente a
dinâmica dos crimes sexuais, o atentado violento ao pudor foi modificado para o crime de
estupro, incidindo o princípio da continuidade normativo típica, e o rapto violento foi revogado
totalmente (ab-rogação ou abolitio criminis). Assim, não se fala mais em prisão temporária nestas
espécies delitivas.

7.4.8) EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE


A lei 7.960/89 previu expressamente a possibilidade de prisão temporária no crime de
epidemia apenas quando há o resultado morte (art. 267, §1º, CP). A norma prevê a causação de
epidemia mediante a propagação de germes patogênicos.

7.4.9) ENVENENAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL, ALIMENTO OU MEDICAMENTO COM RESULTADO


MORTE
A lei 7.960/89 previu expressamente a possibilidade de prisão temporária no caso de
crime de envenenar água potável, de uso comum ou particular, substância alimentícia ou
medicinal destinada ao consumo, desde que o crime resulte em morte (art. 270, caput,
combinado com o art. 258, CP).

7.4.10) ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (“QUADRILHA OU BANDO”)


A lei de prisão temporária, ainda desatualizada, previu a possibilidade da cautelar para o
crime de quadrilha ou bando. A nova redação do art. 288, prevê a associação de 3 ou mais
pessoas com o fim de cometer crimes, quaisquer que sejam.
Anteriormente à mudança de 2013, o nomem iuris se justificava em razão da associação de
pessoas para cometer crimes em centros urbanos (quadrilha) ou na zona rural, sertão, etc. (bando).

7.4.11) GENOCÍDIO
A lei de prisão temporária previu a possibilidade da cautelar em todas as modalidades do
crime de genocídio, ou seja, em qualquer de suas formas típicas reguladas pela lei 2.889/56,
vejamos:
a) genocídio através de homicídio, lesão corporal, destruição física total e parcial, aborto e
transferência forçada de crianças (art. 1º, lei 2.889/56);
b) genocídio associação, quando 3 ou mais pessoas se associam para cometer os crimes do art.
1º (art. 2º, lei 2.889/56);
c) genocídio incitação, quando alguém incita direta ou indiretamente em público alguém a
cometer os crimes previstos no art. 1º (art. 3º, lei 2.889/56).

7.4.12) TRÁFICO DE DROGAS


A lei 7.960/89 previu expressamente a possibilidade da prisão temporária nos casos de tráfico
de drogas. Mais uma vez, a lei de 1989 está desatualizada em relação à mudança ocorrida em 2006
quando entrou em vigor a nova lei de drogas 11.343.
Essa lei prevê como figuras típicas do tráfico o art. 33, caput, e as figuras equiparadas ao
tráfico no art. 33, §1º. Para fins de hediondez criminosa, doutrina majoritária e a jurisprudência
sólida dos tribunais superiores consideram também como hediondos os crimes de maquinário para
fabricação de droga (art. 34, lei 11.343/06), financiamento do tráfico (art. 36, lei 11.343/06)
e colaboração como informante (art. 37).
Essa interpretação é proposta por Cléber Masson, Vinícius Marçal, Renato Brasileiro,
entre outros, que entendem se tratar de crimes equiparados a hediondos, pois as condutas
eram previstas nos arts. 12 e 13 da antiga lei de tóxicos (6.368/76) e sofreram incidência do
princípio da continuidade normativo típica com a entrada em vigor da nova lei 11.343/06,
sendo destrinchadas nos arts. 33, 34, 36 e 37.
De outro lado, estão excluídas da hediondez e, portanto, da dinâmica de possibilidade
da prisão temporária, as figuras típicas da incitação ao uso de drogas (art. 33, §2º), oferecimento
eventual de consumo conjunto de drogas (art. 33, §3º), tráfico privilegiado (art. 33, §4º), associação
para o tráfico (art. 35), prescrição ou ministração culposa de droga (art. 38) e condução de
embarcação ou aeronave após consumo de droga (art. 39).

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7.4.13) CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


A lei de prisão temporária previu expressamente a possibilidade da cautelar em todas as figuras
típicas previstas na lei 7.492/86, delitos contra o sistema financeiro nacional.

7.4.14) CRIMES DE TERRORISMO


A lei 7.960/89 previu a possibilidade da prisão cautelar no caso de crime de terrorismo, que
apenas foi regulado no Brasil a partir da lei 13.260/16. O art. 2º da referida lei prevê como terrorismo
a ―prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade
de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz
pública ou a incolumidade pública‖.
No art. 2º, §1º, a lei prevê as condutas tidas como terroristas, ou seja, os atos
terroristas, que devem respeitar, por óbvio, a dinâmica do elemento subjetivo especial do tipo (dolo
especial) previsto no caput, estipulando pena de 12 a 30 anos de reclusão, fora as sanções
correspondentes à eventual ameaça ou violência:
a) usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases
tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos
ou promover destruição em massa (art. 2º, §1º, I);
b) sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou
servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário,
de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias,
hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem
serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares,
instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede
de atendimento (art. 2º, §1º, IV);
c) atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa (art. 2º, §1º, V).
Discussão acirrada na doutrina diz respeito à possibilidade de prisão temporária, bem
como da caracterização como equiparados a hediondos, dos outros tipos penais previstos na
lei 13.260/16. Perceba que os atos terroristas stricto sensu estão expressamente previstos no
art. 2º, §1º, enquanto os outros tipos não tratam especificamente dos atos terroristas.
Nesse sentido, doutrina majoritária se posiciona pela possibilidade de decretação da
prisão temporária bem como a caracterização da hediondez não apenas do art. 2º, §1º (atos
terroristas stricto sensu), mas sim de todos os tipos penais previstos na lei 13.260/16.
Ressalte-se, por fim, que a própria lei prevê hipótese de exclusão da tipicidade em relação
à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais,
religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios,
visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e
liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei (art. 2º, §2º).

7.4.15) CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS


O art. 2º, §4º, da lei dos crimes hediondos (8.072/90) prevê expressamente que: ―A
prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960/89, nos crimes previstos neste artigo, terá o
prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade‖.
Sendo assim, a todos os crimes considerados hediondos, bem como aos crimes
equiparados a hediondos, a prisão temporária é admitida. Note-se que a própria lei 7.960/89 já
previu de modo claro dois dos crimes equiparados a hediondos: a) tráfico (art. 1º, III, ―n‖) e b)
terrorismo (art. 1º, III, ―p‖).
Sem embargos, o crime de tortura (lei 9.455/97) mesmo não estando previsto na lei
7.960/89, é considerado equiparado a hediondo, portanto, juntamente com os crimes
expressamente previstos no art. 1º, da lei 8.072/90, tentados ou consumados, são passíveis
de decretação da prisão temporária:
a) homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado;
b) lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte, quando
praticadas contra autoridade ou agente de segurança pública, força nacional de segurança ou
integrante do sistema penitenciário;
c) roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima, roubo circunstanciado pelo
emprego de arma de fogo permitido, restrito ou proibido, e roubo qualificado pela lesão corporal grave,
gravíssima ou pela morte da vítima;
d) extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
morte;

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e) extorsão mediante sequestro simples e na forma qualificada;


f) estupro simples, qualificado e estupro de vulnerável;
g) epidemia com resultado morte;
h) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais;
i) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável;
j) furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum;
k) posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido;
l) comércio ilegal de armas de fogo;
m) tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição;
n) organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.

8) DECISÃO JUDICIAL E RECURSO


O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado
dentro do prazo de 24 horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento (art. 2º, §2°).
A intenção é justamente resguardar o êxito da investigação fixando prazo exíguo para
decisão judicial, porém eventual violação deste prazo não acarreta qualquer nulidade, pois o
prazo é impróprio, podendo haver responsabilização administrativa, criminal ou cível, se
comprovados o dolo do juiz.
A jurisprudência entende que além de devidamente fundamentada com elementos
concretos, vedados os argumentos que se fiem na gravidade em abstrato do delito e afins, a
decisão deve demonstrar a insuficiência da aplicação de medidas cautelares diversas da
prisão (art. 319, do Código de Processo Penal), sendo idônea contudo a demonstração da
gravidade em concreto do crime (STJ. HC 278681/PR, 5ª T., Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, J. 13/12/16).
O mandado de prisão temporária será expedido em 2 vias, uma das quais será
entregue ao investigado ou indiciado e servirá como nota de culpa, pois presentes os
responsáveis por sua prisão e o fato criminoso a ele imputado (art. 2º, §4°).
O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão
temporária estabelecido, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado (art. 2º, §4º-A).
Trata-se de norma de proteção ao preso bem como um reforço para a tese de que cumprido o
prazo, o preso deverá ser solto imediatamente independente de alvará (art. 2º, §7º).
A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial
fundamentado (art. 2º, §5°). Essa regra visa efetivamente acabar com a famigerada prisão
para averiguação, pois se o indivíduo não for preso em flagrante (art. 302, do Código de Processo
Penal), somente poderá sê-lo em razão de decisão judicial prévia e fundamentada.
Ressalte-se que da decisão que indefere requerimento para decretação da prisão
temporária cabe recurso em sentido estrito (RESE) com base no art. 581, V, do Código de
Processo Penal, a partir de interpretação extensiva, expressamente permitida pelo art. 3º, do
Código de Processo Penal.
Isso porque a literalidade do dispositivo do art. 581, V, do Código de Processo Penal, refere-se
ao indeferimento da prisão preventiva, mas em se tratando a prisão temporária de medida cautelar
prisional, o recurso em sentido estrito (RESE) é recurso cabível.
Ponto importante é que somente o membro do Ministério Público é que possui
capacidade processual para interpor o recurso em sentido estrito (RESE). Assim, o Delegado
de Polícia não tem atribuição para recorrer das decisões do juiz, mesmo no caso de
indeferimento da prisão temporária, espécie de cautelar somente cabível no bojo do inquérito.

9) OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

9.1) SOMENTE O INDICIADO PODE SER ALVO DA PRISÃO TEMPORÁRIA?


Doutrina majoritária e jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores entendem
que todo e qualquer investigado, independentemente de estar formalmente indiciado, pode
ser alvo da prisão temporária, desde que cumpridos os requisitos do art. 1º, inciso III somado ao
inciso I (imprescindibilidade para o êxito das investigações) ou II (ausência de residência fixa ou
ausência de elementos de identificação) da Lei 7.960/89.
Em sentido diverso e capitaneando doutrina minoritária, Guilherme Madeira Dezem,
sustentando a literalidade da lei 7.960/89 e teoria da tipicidade processual, entende que somente o
investigado formalmente indiciado pode ser alvo da prisão temporária.

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Direito Processual Penal

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9.2) É POSSÍVEL PRISÃO TEMPORÁRIA NO BOJO DE CPI/CPMI


É possível a decretação da prisão temporária no curso de inquérito parlamentar
conduzido por CPI ou CPMI, desde que cumpridos os requisitos da lei 7.960/89, dentre eles a
cláusula de reserva de jurisdição, não podendo a Comissão decretar a prisão temporária.
Do ponto de vista da legitimação para provocar o juiz, o presidente ou os membros da
CPI/CPMI não tem legitimidade para requerer a prisão temporária. Se o for o caso da extrema
necessidade da prisão temporária durante o curso de CPI/CPMI, os autos devem ser enviados para
o membro do Ministério Público Federal (MPF) com atribuição para o caso, e este, avaliando
o cabimento da medida, poderá requer a mesma perante o juiz.

9.3) DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA DIANTE DE PEDIDO EXPRESSO PARA


DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA
Antes da mudança operada pela lei anticrime (13.964/19), que previu o novo art. 3º-A e a
nova redação do art. 282, §2º, ambos do CPP, o STJ entendia pela possibilidade da decretação
da preventiva quando provocado pela autoridade policial pela decretação da temporária, já
que ―não se trata de decretação da prisão de ofício, em desconformidade com o sistema acusatório ou
com o princípio da inércia, adotados pela Constituição, pois o julgador só atuou após ter sido
previamente provocado‖ (STJ. HC 319471/MG, 5ª T., Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, J.
16/06/16; STJ. HC 362962/RN, 6ª T., Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, J. 01/09/16).
Agora com a entrada em vigor desses dispositivos e com as primeiras decisões do STF e STJ
pela impossibilidade de decretação de cautelares ex officio pelo juiz, inclusive em relação à conversão
do flagrante em preventiva, é preciso esperar a manifestação dos Tribunais Superiores sobre o tema.
Ponto pacífico é que com a decretação da prisão preventiva, nasce novo título judicial
prisional, devendo a parte irresignada atacar os fundamentos concretos da nova decisão não
mais prevalecendo os fundamentos e as eventuais irregularidades do decreto de prisão
temporária (STJ. RHC 76263/MG, 5ª T., Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, J. 07/12/17).

9.4) NÃO É ADMITIDA A DECRETAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA PARA INTERROGATÓRIO


POLICIAL SOBRE OS FATOS
O STF entende ser ilegal a decretação da prisão temporária especificamente para realização de
interrogatório policial, isso porque nem mesmo se admite a condução coercitiva, medida muito mais
branda. O fundamento é o de que o interrogatório é meio de defesa, podendo o investigado ou
indiciado, até mesmo não comparecer ao ato (STF. ADPF 444/DF, Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes,
J. 14/06/18).

HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO


1. CONCEITO: O Habeas Corpus (HC) é uma ação de natureza constitucional destinada a coibir
qualquer ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção. Portanto, não possui natureza
recursal, mas sim de ação autônoma de impugnação constitucionalmente prevista. Nesse sentido:
CPP - Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
CF/88 - Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder.

2. ESPÉCIES
1ª) HC liberatório ou repressivo: significa que já houve uma restrição à liberdade de locomoção. Nesse
caso, a resposta a ser dada pelo juiz ou tribunal, caso julgue procedente o pedido, é a concessão de um
alvará de soltura, diante do que o paciente deve ser posto imediatamente em liberdade, salvo se por
outro motivo deva ser mantido na prisão (Art. 660, §§ 1º e 2º, do CPP).
Inclusive, a autoridade responsável pelo cerceamento indevido da liberdade de locomoção
(autoridade coatora) será condenada a pagar as custas do processo do HC, caso tenha agido com má-
fé ou evidente abuso de poder, além de poder ser responsabilizada criminalmente por ação penal a ser
proposta pelo Ministério Público. A esse propósito, segue, litteris, a transcrição do Art. 653 do CPP:
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a
autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias
para ser promovida a responsabilidade da autoridade.

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2ª) HC preventivo: significa que há uma ameaça concreta à liberdade de locomoção. Nessa hipótese, a
resposta a ser dada pelo juiz ou tribunal, caso julgue procedente o pedido, será a expedição de um
salvo-conduto, de modo que o sujeito poderá andar, se locomover, sem ser molestado (Art. 660, §4º,
do CPP).
Dessa forma, o HC objetiva preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente
violada ou ameaçada.
Importante mencionar que eventual concessão de HC não impede o andamento da investigação
ou do processo criminal, salvo se a concessão tiver sido exatamente para pôr fim ou trancar o
procedimento investigativo ou a ação penal, ou trancá-los. Nesse sentido, dispõe o Art. 651 do
CPP: “A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não
esteja em conflito com os fundamentos daquela”.
Da mesma forma, se a ordem concessiva no HC for para anular o processo, este será renovado,
salvo, obviamente, se não houver mais a possibilidade de exercício do “jus puniendi” pelo Estado.
Nesse diapasão, prevê o Art. 652 do CPP que “se o habeas corpus for concedido em virtude de
nulidade do processo, este será renovado”.
Por fim, destaca-se que, se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação
ilegal à liberdade de locomoção, julgará prejudicado o pedido no HC, extinguindo o processo sem
resolução do mérito (Art. 659 do CPP).

3. TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL (IP) e AÇÃO PENAL via HABEAS CORPUS


O trancamento tanto do IP, quanto da Ação Penal, é medida de natureza excepcional, somente
sendo admitido em hipóteses de manifesta atipicidade formal ou material da conduta, causa extintiva da
punibilidade ou ausência de justa causa para a ação penal (ausência de lastro probatório mínimo em
relação à materialidade e autoria delitivas).
Cuidado: O HC será utilizado para trancar IP ou Ação Penal apenas quando estiver ameaçada, ainda que
de forma indireta, a liberdade ambulatorial. Caso contrário, a ação adequada será o Mandado de
Segurança (Exemplos: quando a pena prevista para a infração penal for apenas a multa, no caso de
condenação apenas a pena pecuniária ou se já estiver extinta a pena privativa de liberdade).
Esse tipo de HC é o que a doutrina chama de “Habeas Corpus profilático”, pois visa suspender
atos processuais ou impugnar medidas que possam, futuramente, importar em prisão contaminada por
ilegalidade havida no curso do procedimento.

4. HABEAS CORPUS x TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES MILITARES


As Forças Armadas, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares são organizados com
base na hierarquia e na disciplina, existindo, assim, a previsão para seus integrantes da prática de
transgressões disciplinares militares, inclusive os regulamentos castrenses, deveras rigorosos, preveem
punições administrativo-disciplinares até mesmo de prisão.
Nessa toada, importante trazer à tona o que diz o Art. 142, §2º, da CF/88: “Não caberá "habeas-
corpus" em relação a punições disciplinares militares”. Diante disso, pergunta-se: É possível ajuizar um
HC para questionar uma prisão disciplinar militar? Caso cabível, onde deve ser ajuizado? Pacificou-se o
entendimento de que não cabe HC em relação ao mérito da punição disciplinar restritiva de liberdade,
porém aspectos relacionados à legalidade da sanção poderão ser questionados, inclusive por via de HC,
como por exemplo:
a) Incompetência da autoridade que aplicou a sanção disciplinar;
b) Falta de previsão legal para a punição disciplinar;
c) Inobservância das formalidades legais;
d) Excesso de prazo de duração da medida.
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMINAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há
que se falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se a concessão de habeas corpus, impetrado
contra punição disciplinar militar, volta-se tão-somente para os pressupostos de sua legalidade,
excluindo a apreciação de questões referentes ao mérito. Concessão de ordem que se pautou pela
apreciação dos aspectos fáticos da medida punitiva militar, invadindo seu mérito. A punição disciplinar
militar atendeu aos pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o
ato ligado à função e a pena susceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando, portanto,
incabível a apreciação do habeas corpus. Recurso conhecido e provido. (STF - RE 338840/2003 – 2ª
Turma)

Quando cabível nesses casos, o HC relativo deverá ser impetrado perante à Justiça Militar
Estadual competente, caso o paciente seja militar estadual. No âmbito das Forças Armadas, no entanto,
a competência será da Justiça Federal, porque a Justiça Militar da União só tem competência criminal e,
portanto, não tem pode julgar ações judiciais visando à anulação de atos disciplinares militares.

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Importante destacar, por fim, que a Lei nº 13.967/2019, que entrou em vigor em 26/12/2019,
passou a vedar sanção disciplinar para os militares dos estados consistentes em medida privativa e
restritiva de liberdade, todavia a constitucionalidade dessa norma é constatada, mesmo porque a CF/88
permite esse tipo de punição administrativo-disciplinar, em seu Art. 5º, LXI, senão vejamos: “ninguém
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão disciplinar ou crime propriamente militar, definidos
em lei”. Ademais, a citada Lei fixou que os Estados e o Distrito Federal dispõem do prazo de 12 meses
para regulamentá-la e implementá-la, por meio da aprovação de Código de Ética e Disciplina, portanto é
importante ficar acompanhando esse tema, sobretudo no que se refere a eventual posicionamento do
STF.

5. CABIMENTO
O HC existe para a tutela da liberdade de locomoção (ou direito/liberdade ambulatorial). Assim,
como já dito, ele só terá cabimento, quando tal direito fundamental foi violado ou existam dados
concretos demonstrando que ele está ameaçado de violação, por ilegalidade ou abuso de poder.
Questão: No caso de quebra do sigilo bancário decretada pelo juiz, cabe HC? Para o STF,
tratando-se de Processo Penal ou de Inquérito Policial do qual possa resultar eventual prejuízo à
liberdade de locomoção, será cabível a utilização de remédio constitucional em tela (STF - HC 79191 e
HC 84869).
Súmulas do STF importantes sobre o tema:
1ª) Súmula 693 - ―Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.”
2ª) Súmula 694 - “Não cabe HC contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.”
3º) Súmula 695 - ―Não cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade.”
Em todas as hipótese previstas nas súmulas acima não cabe HC, pois nelas não há que se falar
em qualquer risco para a liberdade de locomoção.
Nesse contexto o Art. 648 do CPP prevê um rol de hipóteses em que será cabível o Habeas
Corpus, senão vejamos:
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

 Ausência de justa causa (Inciso I): É compreendido como sendo o suporte legal ou lastro
probatório mínimo que autorize a imposição do constrangimento à liberdade ambulatorial.
 Indivíduo preso por mais tempo do que determina a lei (Inciso II): Pode ocorrer em duas
hipóteses, a saber:
 1ª hipótese: Já se esgotou o tempo previsto em lei para a prisão. Isso ocorre no caso da
prisão temporária, pois, como se sabe, esse tem prazo legalmente previsto, 5 (cinco) dias
prorrogável por mais 5 (cinco) ou 30 (trinta) dias prorrogável por igual período no caso de
crimes hediondos ou equiparados; e
 2ª hipótese: Embora não haja previsão de prazo certo para a manutenção da prisão,
evidencia-se, pelo contexto, a ocorrência de evidente excesso de prazo. Isso se verifica no caso
da prisão preventiva que, como se tem conhecimento, não tem prazo de duração legalmente
previsto, mas ainda assim a Jurisprudência reconhece hipóteses de excesso de prazo da
preventiva.
 Incompetência da autoridade que ordenou a coação (Inciso III): Nesta hipótese, existe
previsão da constrição à liberdade de locomoção e estão previstos os seus requisitos, todavia, ela foi
determinada por autoridade incompetente.
 Cessação do motivo que autorizou a coação (Inciso IV): Ilustra-se esse caso com a hipótese
da prisão preventiva decretada, unicamente, para conveniência da instrução criminal. Ora, encerrada a
instrução, desaparece o motivo do constrangimento, impondo-se a liberação do acusado que, não
sendo concedida pelo magistrado com a revogação da preventiva, pode dá ensejo a impetração de HC.
 Não estipulação de fiança, nos casos previstos em lei (Inciso V): Embora preso pela prática
de crime afiançável, recusa-se a autoridade competente, injustificadamente, ao arbitramento da fiança.
O HC, aqui, não visa diretamente à libertação do agente, mas sim ao arbitramento da fiança devida

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(Art. 660, §3º, do CPP – “Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a
prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste
caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do
processo judicial”).
 Hipótese de manifesta nulidade do processo criminal (Inciso VI): Assim como no caso anterior,
o habeas corpus não visa, diretamente, à liberdade do indivíduo, mas sim a nulificação de atos
processuais (Art. 652 do CPP – “Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do
processo, este será renovado”). Como se vê, a anulação do processo, via HC, não impede que ele seja
refeito, desde que, obviamente, ainda reste pleno o jus puniendi do estado, como já pontuado
anteriormente.
 Extinção da punibilidade (Inciso VII): O constrangimento ilegal, neste caso, decorre do fato de
se encontrar em curso o procedimento, a despeito de já estar extinta a punibilidade, por exemplo, pela
prescrição. O remédio heroico, então, tem por objetivo o reconhecimento da causa extintiva e
consequente arquivamento do inquérito ou do processo. Lembra-se que as causas extintivas da
punibilidade encontram-se prevista no rol exemplificativo do Art. 107 do Código Penal (CP).
Obs1.: É perfeitamente possível a impetração de HC para atacar flagrante ilegalidade de prisão civil de
devedor de alimentos, desde que seja demonstrada previamente a ilegalidade da medida, mesmo
porque o HC não é a via adequada para o exame aprofundado de provas (a prova deve ser pré-
constituída), por exemplo, para averiguar a condição econômica do devedor e a necessidade do credor,
circunstâncias que, se for o caso, devem estar previamente demonstrados, sob pena de não
conhecimento do HC. Nesse sentido, STF - HC ED 143531/2017; e STJ – HC 437560/2018,
HC 422699/2018 e HC 245804/2013.
Obs2.: É pacífico que não se admite HC como substitutivo de recurso cabível e adequado, como por
exemplo, Recurso Ordinário, Recurso Especial, Apelação, Agravo em Execução etc. O objetivo desse
entendimento é evitar a via estreita do HC para substituir recurso legal e adequadamente previsto para
o caso. Nesse sentido, STF - HC 111909/2012 e HC 122590; e STJ – HC Agint no HC 369350/2017.
Questão 1: Cabe HC contra decisão judicial que decreta medidas cautelares de natureza
penal diversas da prisão? De acordo com o STF e STJ, cabe. O entendimento dos Tribunais
Superiores, no caso, deveu-se ao fato de que, descumprida a ―medida cautelar alternativa‖, é possível
a prisão do investigado/réu. Nesse sentido, STF – 170735/2020 – 1ª Turma, HC 147303/2017 –
2ª Turma e HC 147426/2017 – 2ª Turma; e STJ – HC 513444/2020 – 6ª Turma, HC
316892/2015 – 5ª Turma e HC 262103/2014 – 5ª Turma.
Questão 2: Cabe HC contra a imposição da pena de suspensão do direito de dirigir prevista
no Art. 292 da Lei n 9.503/97 (CTB)? De acordo com a Jurisprudência, a imposição da penalidade
de suspensão do direito de dirigir veículo automotor não configura, por si só, ofensa ou ameaça à
liberdade de locomoção, em razão da ausência de previsão legal de sua conversão em pena privativa
de liberdade, caso seja descumprida, diante disso, firmou-se o entendimento de que não cabe o
manejo de habeas corpus contra decisão que imponha a referida penalidade. Nesse sentido, STJ -
443003/2018 – 5ª Turma, HC 411519/2017 – 3ª Turma e HC 322655/2016 – 5ª Turma.

6. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


6.1. Legitimidade ativa
O HC pode ser impetrado por qualquer pessoa, independente de capacidade postulatório, ou
seja, independente de ser advogado. Em razão disso, alguns doutrinadores chamam o HC de ―ação penal
popular‖, embora isso esteja errado, pois não se trata de uma ação penal, mas sim de uma ação
constitucional destinada a tutelar a liberdade de locomoção.
Teoricamente, o HC pode ser impetrado até por pessoa sem capacidade (inimputável), pois a
capacidade não é pressuposto para a impetração dessa garantia constitucional.
Apesar de qualquer pessoa poder impetrar HC, em nome próprio ou de terceiro, o magistrado
deve, neste último caso, intimar o paciente para que ele informe se possui ou não interesse na medida.
Portanto, é necessário analisar a legitimidade de forma combinada com esse interesse do paciente.
Questão 1: Pessoa Jurídica pode ser impetrante e/ou paciente? Pessoa jurídica não pode ser
paciente em HC, vez que pessoa jurídica não é detentora de direito de locomoção. O STF já decidiu que
pessoa jurídica, no entanto, pode impetrar HC, ou seja, pessoa jurídica não pode ser paciente (porque
não tem liberdade de locomoção), mas pode ser impetrante HC, neste caso, obviamente, em favor de
pessoa física.
Questão 2: Juiz ou Tribunal podem conceder HC de ofício? Podem (Art. 654, §2º, do CPP), desde
que não seja contra o seu próprio ato, porque, a partir do momento em que praticou o ato, se tornou
autoridade coatora e, logo, eventual ordem em HC deve ser concedida pelas instâncias superiores do
poder judiciário.

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Art. 654, §2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

O MP também pode perfeitamente impetrar HC. A própria Lei Orgânica Nacional do


Ministério Público (LOMP) prevê essa possibilidade.
Obs. 1: Não se admite, porém, impetração de HC pelo Delegado de Polícia ou pelo Juiz de Direito em
favor de outrem, agindo no exercício funcional. O magistrado, no entanto, como já visto, nos casos de
suas competências, pode conceder a ordem ex officio, o que ocorre muito nos casos em que se impetra
HC em substituição a recurso legalmente previsto, o que não se admite, conforme pacificado pelo STF,
porém o próprio Supremo entende que nesses casos, em se tratando de ilegalidade manifesta,
atentatória à liberdade de locomoção, o magistrado ou tribunal pode não conhecer do HC impetrado,
mas conceder a ordem de ofício, com supedâneo no Art. 654, §2º, do CPP, acima transcrito, e
Jurisprudência pátria consolidada.
Obs. 2: Apesar da flexibilidade no que se refere à legitimidade ativa para se impetrar HC, não se
admite a ―petição apócrifa‖. Assim, sendo analfabeto o impetrante, alguém deve assiná-lo a seu rogo
(Art. 654, §1º, do CPP).
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
como pelo Ministério Público.
§1o - A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a
violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em
que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.

6.2. Legitimidade passiva


No que tange à legitimidade passiva, em relação à autoridade coatora, além de enfatizar que
qualquer autoridade pública de qualquer dos três poderes e nas três esferas de governo poder ser
legitimado passivo (autoridade coatora), temos que ver alguns detalhes pontuais, a saber:
1º) Membro do Ministério Público pode ser autoridade coatora? SIM! E prevalece o entendimento de que
o HC contra ato de Promotor de Justiça ou Procurador da República deve ser julgado pelo TJ ou tribunal
correspondente no âmbito federal (TRF ou TSE).
E se esse HC for contra Promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT)? como Promotor de Justiça do MPDFT é membro do Ministério Público da União (MPU), o HC,
nesse caso, não é julgado pelo TJ/DFT, mas sim pelo TRF da região que, no caso, é o da 1ª Região (STJ
- HC 336857).
2) Particular pode ser autoridade coatora? SIM! Particular também pode ser autoridade coatora. Ex.:
Diretor de hospital particular que mantém paciente internado contra sua vontade ou filhos que internam
o pai em clínica para dele se livrar.

7. PRODUÇÃO DE PROVAS
A produção de provas no HC é muito parecida com o Mandado de Segurança, ou seja, há
produção de provas, mas ela deve ser pre-constituída, pois o HC não comporta uma fase de
instrução/dilação probatória.
É com base nisso, a propósito, que até se admite HC com objetivo de invalidar provas ilícitas,
mas desde que o reconhecimento dessa ilicitude não dependa do ingresso aprofundado na matéria
fático-probatória angariada aos autos criminais, pois, como dito, a prova deve ser pre-constituída, já que
no processo do HC não existe fase de instrução/dilação probatória.

8. COMPETÊNCIA
1) Do juiz de direito de primeira instância: para trancar inquérito policial, porém se o inquérito tiver
sido requisitado por Juiz, por Promotor de Justiça ou por Procurador da República, a competência será do
Tribunal de segundo grau (TJ ou TRF), de acordo com competência recursal.
Obs 1: O juiz de primeiro grau também é competente para julgar HC em relação a constrangimentos
patrocinados por autoridades vinculadas a outros Poderes (observadas aqui, por certo, a prerrogativa
de função inerente a determinadas categorias funcionais) e de particulares.
Obs 2: O juiz não pode conceder a ordem em HC contra ato de autoridade judiciária do mesmo grau de
jurisdição (Art. 650, §1º, do CPP).
2) Das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais (JECRIMs): quando a autoridade
coatora for juiz que que oficie junto ao JECRIM.

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3) Do Tribunal de Justiça (TJ):


A) Quando a autoridade coatora for representante do Ministério Público Estadual – entendimento pacífico
do STF – por exemplo, quando o MP requisita a instauração de inquérito policial, sem lastro para tanto,
quando a autoridade policial é obrigada a atender à requisição (STF - RE. 185913).
B) Quando a autoridade coatora for juiz estadual.
C) Contra decisões das Turmas Recursais dos JECRIMs, por se tratarem, na verdade, de órgãos
colegiados de 1º grau, ficando, assim, superada a Súmula 690 do STF, segundo a qual: “Compete
originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma
recursal de juizados especiais criminais”. (HC 86834/2006).

4) Do Tribunal Regional Federal (TRF): Quando a autoridade coatora for representante do Ministério
Público Federal ou Juiz Federal.
Vejamos o teor de outra Súmula 691 do STF, que também se aplica no âmbito do STJ: “Não
compete ao STF conhecer de HC impetrado contra decisão de relator que, em HC requerido a Tribunal
Superior, o indefere”. Em hipóteses absurdas, tais como ausência de fundamentação, tem se admitido
HC para o Tribunal Superior contra decisão de relator que indefere a liminar, admitido o afastamento do
preceito sumular em debate com a finalidade de sanar o constrangimento ilegal que pesa em desfavor do
paciente. (STJ - HC nº 477091 e STF - HC nº 135926).

9. CONTEÚDO DA PETIÇÃO DE HABEAS CORPUS


O conteúdo da petição de Habeas Corpus está previsto no Art. 654, §1º, do CPP, antes já
transcrito, sendo:
1º) Identificação da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação na liberdade de
locomoção;
2º) Identificação da autoridade ou do particular que exerce ou determina a coação, conhecida como
autoridade coatora;
3º) Declaração da espécie de constrangimento. Em caso de simples ameaça de coação, as razões em
que funda o seu temor, que devem ser concretas, e não baseadas em meras suspeitas;
4º) Assinatura do impetrante ou alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever.

10. PROCEDIMENTO:
1º) Ajuizado o HC perante o juiz de primeira instância, além de poder este conceder
liminar, poderá determinar a apresentação do paciente preso - se for o caso - (Art. 656 do CPP), e/ou
requisitar informações à autoridade coatora, decidindo em 24 horas sobre o mérito da ação. Quanto à
apresentação do paciente que eventualmente esteja preso, se requerido pelo juiz ou tribunal, somente
em circunstâncias excepcionais tal apresentação pode não ocorrer, senão vejamos:
CPP - Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
I - grave enfermidade do paciente;
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser
apresentado por motivo de doença.

2º) Impetrado o HC perante os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais,


pode haver o indeferimento da petição, de plano, pelo Presidente do Tribunal ou Relator a que foi
distribuída. Não havendo o indeferimento, segue-se o exame quanto à possibilidade de concessão de
liminar e à necessidade de requisição de informações à autoridade tida como coatora (nada impede que
sejam estas dispensadas pelo Relator), após o que procede-se ao julgamento pelo colegiado
competente na primeira sessão, podendo adiar-se para a sessão seguinte.
Obs1.: Com base no Art. 657, III, o Tribunal, do mesmo modo que o juiz de primeira instância,
também pode solicitar a apresentação do paciente, quando esteja ele preso.
Obs2.: A decisão nos tribunais ou seus órgãos colegiados competentes será tomada por maioria de
votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
desempate. Caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. (Art. 664, Parágrafo
único, do CPP).
3º) Ajuizamento de HC perante os Tribunais Superiores: mesmo procedimento previsto
no CPP para o processo do HC nos Tribunais de 2ª instância, com eventuais alterações estabelecidas
em regimentos internos.

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Direito Processual Penal

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PROVAS EM ESPÉCIE NO PROCESSO PENAL


1. PROVA PERICIAL:
1.1. Conceito de perícia – é o exame feito por pessoas com conhecimentos técnicos, ou
seja, peritos.
Atenção: Em regra, a autoridade policial pode determinar a realização de qualquer perícia (Art. 6º,
VII, do CPP). O exame de insanidade mental, porém, só pode ser determinado pela autoridade
judiciária (Art. 149, §1º, do CPP).
Obs.: Em à exumação de cadáver para a realização de exame cadavérico, há duas correntes
doutrinária. A primeira defende que depende de autorização judicial prévia, até mesmo para se
respeitar o sentimento dos familiares. A segunda, por sua vez, sustenta que pode ser determinada de
ofício pela autoridade policial, pois o Art. 6º, VII, diz que o Delegado de Polícia pode determinar exame
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias, sendo a única restrição que depender de ordem
judicial a prevista no Art. 149, §1º, do CPP (incidente de insanidade mental). Dificilmente isso se cobra
numa questão objetiva por conta da divergência doutrinária, mas eventualmente pode ser cobrado
numa questão discursiva, onde entendemos ser prudente apontar as duas correntes, mas se posicionar
de acordo com a segunda, caso o concurso seja para a área policial ou MP, e em conformidade com a
primeira corrente, caso a prova seja para defensoria pública ou magistratura.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
(...)
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão
ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade
policial ao juiz competente.

Há um precedente da 5ª Turma do STJ, do qual se depreende que a exumação cadavérica


dependeria de ordem judicial, senão vejamos:
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DERECURSO PRÓPRIO. NÃO CONHECIMENTO. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. DESENTRANHAMENTO DE PARECER TÉCNICO-CIENTÍFICO. ALEGAÇÃO DE PROVA
ILÍCITA. INOCORRÊNCIA. PODER GERAL DE CAUTELA DO MAGISTRADO E BUSCA DA VERDADE REAL.
PERÍCIA REALIZADA NA FASE INQUISITORIAL COM PARTICIPAÇÃO DE ASSISTENTES
TÉCNICOS E MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROVA DE NATUREZA CAUTELAR CUJO
CONTRADITÓRIO FICA POSTERGADO PARA FASE JUDICIAL. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE.
PRECEDENTES. ORDEM NÃO CONHECIDA. (...) 2. O art. 6º, VII, e o art. 156, I, ambos do Código de
Processo Penal, com base no poder geral de cautela e na busca da verdade real, autorizam, mesmo
antes do início da ação penal, que o Magistrado determine a produção antecipada de provas que
entender urgentes e relevantes. 3. Atendendo a requisição da autoridade policial, o Juiz de
primeiro grau, na busca da verdade real e por entender que a perícia era necessária e
relevante para afastar as dúvidas existentes sobre as causas do óbito e a eventual
ocorrência de crime, determinou a exumação do corpo e a realização da perícia, nomeando
posteriormente os assistentes técnicos da família da vítima para acompanhar o
procedimento, tudo sob a mais rigorosa supervisão judicial, não havendo que se falar em
ilegalidade. 4. No momento em que foi autorizada a realização do exame pericial para verificar as
causas da morte repentina da vítima, em circunstâncias que não estavam muito bem esclarecidas,
não existia sequer o indiciamento do paciente. Dessa forma, fica afastada a alegação de ofensa ao
princípio do contraditório, pois não há que se falar em contraditório de quem não é suspeito da prática
de crime. 5. É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido que de fica
postergada para a fase judicial o contraditório relativo às provas cautelares produzidas no curso do
inquérito policial. Habeas Corpus não conhecido. (STJ - HC 413104/PA, Relator(a): Ministro Joel
Ilan Paciornik, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 08/02/2018).

1.2. Perito – é um apreciador técnico, auxiliar do juiz, com a função estatal de fornecer
dados instrutórios de ordem técnica. Pode ser:
a) Oficial – funcionário público de carreira cuja função consiste em realizar perícias
determinadas pela autoridade policial ou pelo juiz da causa. Hoje, para a realização de um laudo, basta
01 (um) perito oficial (Art. 159, do CPP). Assim, a Súmula nº 361* do STF, em relação ao perito
oficial, está ultrapassada.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador
de diploma de curso superior.
(...)

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§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado,
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
assistente técnico.

*Súmula 361: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se
impedido o que tiver funcionando anteriormente na diligência de apreensão.

Obs.: perito oficial é aquele que presta concurso público para o cargo. Assim, um médico do pronto
socorro não pode ser considerado perito oficial, ele pode ser nomeado perito não oficial.
b) Não Oficial – é a pessoa nomeada pelo juiz ou pela autoridade policial para realizar
determinado exame pericial.
Obs1.: Tanto o perito oficial, como o não oficial tem de ser portador de diploma de curso superior e, no
caso do não oficial, de preferência na área específica do objeto da perícia. Porém, o perito não oficial
tem de ser em número de 02 (dois), para realizar a perícia, além do que devem prestar compromisso.
A ausência de compromisso é considerada mera irregularidade.
Obs2.: ambos, para fins penais, são considerados funcionários públicos (Art. 327, do CP).
Questão: se o perito fizer uma perícia falsa? Vai responder pelo crime de falsa perícia (Art. 342,
do CP), seja perito oficial, sejam peritos não oficiais.
CP, Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

1.3. Assistente técnico – é uma pessoa dotada de conhecimentos técnicos, auxiliar das
partes, que traz ao processo informações especializadas relacionadas à perícia. Ex.: Sanguinette no
caso Nardone.

PERITO ASSISTENTE TÉCNICO


Auxiliar do juízo. Assim, tem o Auxiliar das partes. Assim, não há dever de imparcialidade.
dever de imparcialidade.
Está sujeito às causas de Não está sujeito às causas de impedimento e suspeição.
impedimento e suspeição.
É considerado funcionário público Não é considerado funcionário público para fins penais.
para fins penais.
Responde pelo crime de falsa Não responde pelo crime de falsa perícia. A depender da
perícia. hipótese, ele pode responder pelo crime de falsidade ideológica.

Questão: Momento para a nomeação do assistente técnico? Diante do teor dos parágrafos 4º, 5º
e 6º do Art. 159, do CPP, a intervenção do assistente somente será possível durante o curso do
processo judicial, depois de sua admissão pelo juiz e após a conclusão do exames e confecção do laodo
pelo(s) perito(s).
Art. 159. (...)
§3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao
acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
§5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que
o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo
complementar;
II – Indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz
ou ser inquiridos em audiência.
§6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

1.4. Corpo de Delito – é o conjunto de vestígios materiais ou sensíveis deixados pela


infração penal. Ex.: garrafas, arma, tora de madeira, sangue, saliva, suor, esperma etc.
1.5. Obrigatoriedade do Exame de Corpo de Delito:
a) Delitos de Fato Permanente (delicta facti permanentis), ou Infrações Penais Intranseuntes
ou Não Transeuntes – são as infrações penais que deixam vestígios (corpo de delito). Em relação a elas
não há dúvida alguma que o exame de corpo de delito é obrigatório (Art. 158, CPP).

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Direito Processual Penal

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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Tanto é assim que a autoridade policial ou judiciária podem indeferir perícias requeridas pelas
partes, salvo se for exame de corpo de delito, a ter do Art. 184 do CPP.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a
perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

b) Delitos de Fato Transeuntes (Delicta Facti Transeuntis) – infrações penais que não deixam
vestígios. A materialidade delas pode ser demonstrada por qualquer meio de prova admitida em direito.
Questão: Exame de corpo de delito é necessário para o início do processo? Em regra, o exame
de corpo de delito NÃO é necessário para o início do processo (ação penal), porém há Exceções, a
saber:
1ª) Laudo de Constatação da Natureza e Quantidade da Droga no Crime de Tráfico de Drogas
(Art. 50, §1º, Lei 11.343/06), pois até para fins da lavra-se o auto de prisão em flagrante delito é
preciso um laudo de constatação da natureza e quantidade da droga apreendida, ainda que provisório,
o qual pode ser feito por um perito oficial ou, na falta deste, por um perito não oficial, senão vejamos:
Lei nº 11.343/06 - Art. 50, §1º - Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

2ª) Exame Exame Pericial nos crimes contra a propriedade imaterial, pois a peça acusatório
não é recebida pelo magistrado, caso não instruída com o laudo pericial (Art. 525, CPP).
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida
se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.

Nessas duas exceções citadas, o exame de corpo de delito funciona como condição de
procedibilidade.

Questões Outras:
1ª) MERCADORIA IMPRÓPRIA AO CONSUMO E REALIZAÇÃO DE PERÍCIA - Art. 7º, IX, Lei 8.137/90?
EX.: venda de mercadoria com prazo de validade vencido. Ao julgar o HC 90779, entendeu o STF que
esse delito pressupõe a demonstração inequívoca da impropriedade do produto para o uso, sendo
indispensável a realização de perícia para tal comprovação. Apesar de haver julgados em sentido
contrário, esse é o entendimento que prevalece. No mesmo sentido, STJ - RHC 24516, Julgado em
06/04/2012, 5ª Turma.
2ª) ARMA DE FOGO E MUNIÇÃO E REALIZAÇÃO DE PERÍCIA? Ao julgar o HC 93876, o STF asseverou
que não é necessária a realização de perícia, podendo ser provada funcionalidade e eficiência do
artefato, através de outros meios de provas.
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. PENAL. HABEAS CORPUS. PORTE DE MUNIÇÃO DE USO RESTRITO.
ART. 16 DA LEI 10.826/2003. PERÍCIA PARA A COMPROVAÇÃO DO POTENCIAL LESIVO DA
MUNIÇÃO. DESNECESSIDADE. SIGILO TELEFÔNICO JUNTADO AOS AUTOS APÓS AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE QUE NÃO PODE SER EXAMINADA SOB PENA
DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
POSSIBILIDADE. DECISÃO ADEQUADAMENTE FUNDAMENTADA. IMPETRAÇÃO CONHECIDA EM PARTE
E DENEGADA A ORDEM NESSA EXTENSÃO. I - A objetividade jurídica dos delitos previstos na
Lei 10.826/03 transcende a mera proteção da incolumidade pessoal, para alcançar também
a tutela da liberdade individual e de todo o corpo social, asseguradas ambas pelo
incremento dos níveis de segurança coletiva que a lei propicia. II - Despicienda a ausência
ou nulidade do laudo pericial da arma ou da munição para a aferição da materialidade do
delito. III – (...) (HC 93876, Julgamento: 28/04/2009, Órgão Julgador: Primeira Turma).

3ª) ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO? Para a Jurisprudência, é


dispensável/prescindível a apreensão da arma de fogo e a realização de perícia, pois a potencialidade
lesiva dela pode ser comprovada por meio de outras provas (STF – HC 111959). EX.: ocorreram
disparos e a vítima ou testemunhas viram/ouviram, forma captados por imagens de câmara de
segurança etc.
1.6. Exame de Corpo de Delito Direto e Indireto – direto é o exame feito por perito sobre
o próprio corpo de delito.
E o Indireto, duas correntes:
1ª Corrente – o exame indireto seria a prova testemunhal ou documental suprindo a
ausência do exame de corpo de delito direitos, quando desaparecerem o(s) vestígio(s), com
base no Art. 167 do CPP. (CORRENTE MAJORITÁRIA).

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Direito Processual Penal

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Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

2ª Corrente – o exame de corpo de delito indireto é um exame pericial, porém feito pelos peritos a
partir do depoimento das testemunhas e/ou documentos apresentados.

1.7. Sistemas de apreciação do laudo pericial:


a) Vinculatório – o juiz fica vinculado ao laudo pericial, ou seja, o que o perito afirmou o juiz
tem de seguir.
b) Liberatório – o juiz pode aceitar ou rejeitar o laudo pericial. Esse é o adotado por nosso
CPP (art. 182), mesmo porque vige a teoria da persuasão racional ou de livre convencimento motivado
em nosso processo penal. Vejamos, ipsis litteris, o teor do mencionando Art. 182: “O juiz não ficará
adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte”.
O Juiz pode, também, mandará suprir formalidade, complementar ou esclarecer o laudo, no
caso de inobservância de formalidades, ou de omissões, obscuridades ou contradições, ou até mesmo
que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente (Art. 181 do CPP).

1.8. Consequência da ausência do exame de corpo de delito – caso não haja exame
de corpo de delito direto ou indireto nos autos, sendo ainda possível fazê-lo, o processo estará
contaminado por uma nulidade absoluta (Art. 564, III, “b”). No entanto, caso ao final do processo
não haja a comprovação do corpo de delito, deve o juiz absolver o acusado, por ausência de prova da
materialidade.

1.9. Cadeia de Custódia (Arts. 158-A a 158-F do CPP)

1.9.1. Conceito (Art. 158-A do CPP): é o processo de registro metódico, cronológico,


cuidadoso e detalhado sobre a busca e apreensão, transporte, manuseio, custódia/armazenamento,
controle e caminho dos vestígios/evidências deixados por uma infração penal, que depois de
analisadas, seu resultado será apresentado na forma de laudo pericial, a fim de garantir-lhe
confiabilidade. Nesse sentido:
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

A cadeia de custódia fundamenta-se no chamado “princípio da prova”, o qual exige que


determinado vestígio relacionado a uma infração penal é o mesmo que está sendo usado pelo
magistrado para forma seu convencimento e motivar sua decisão é o mesmo que foi apreendido num
local de crime ou no corpo de uma vítima.
Apesar de, expressamente, ser novidade na Lei, tendo sido introduzida no CPP pela Lei nº
13.964/19 (Pacote Anticrime), a cadeia de custódia já era mencionada pela Jurisprudência (STJ -
HC 160662/2014 e STF - Rcl. 32722/2019), no sentido de que sua violação gera ilicitude da prova
produzida.
EMENTA: Reclamação. Penal e Processual Penal. 2. Interceptação telefônica e telemática. 3. Súmula
Vinculante 14, do STF. Direito de defesa e contraditório. 4. Situação de dúvida sobre a
confiabilidade dos dados interceptados juntados aos autos, embasada em elementos
concretos. 5. Necessidade de preservação da cadeia de custódia. 6. Possibilidade de obtenção
dos arquivos originais, enviados pela empresa Blackberry, sem prejuízo à persecução penal. 7.
Procedência para assegurar à defesa o acesso aos arquivos originais das interceptações, nos termos
do acórdão. (STF – Rcl. 32722, Relator(a): Ministro Gilmar Mendes, Órgão Julgador: 2ª
Turma, Julgamento: 07/05/2019).

A cadeia de custódia tem início com a preservação do local de crime ou procedimentos


policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio (Art. 158-A, CPP) e término com
o descarte. nesse sentido, vejamos no tópico seguinte todas as etapas dele, de forma cronológica.

1.9.2. Etapas (Art. 158-B do CPP):


1ª) RECONHECIMENTO: Ato de distinguir um elemento como de potencial interesse à
produção da prova pericial. Exemplo: estojos de munição encontrados no local de um crime de
homicídio.

2ª) ISOLAMENTO: Ato de evitar que se altere o estado das coisas. Deve ser isolado os
ambientes imediato (Ex.: cômodo da casa onde um cadáver é encontrado), mediato (Ex.: demais
compartimento da casa) e relacionado se existir (Ex.: aparelho celular que o infrator deixou cair três
ruas depois). Atenção: entrar ou remover vestígios de local antes de liberado pelo perito – Fraude
Processual (Art. 158-C, §2º, CPP). Quem entra em local de crime ou o devassa antes da liberação

63
Direito Processual Penal

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pela perícia, responde pelo delito de fraude processual. Nesse sentido, Art. 158-C, §2º, do CPP: “é
proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
realização”. Obviamente para essas condutas configurarem o delito de fraude processual necessário se
faz o preenchimento de todas as elementares do tipo penal do Art. 347 do CP, abaixo transcrito,
especialmente o chamado dolo específico de induzir a erro o juiz ou o perito, ou, se for o caso de local
de acidente de trânsito, do Art. 312 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
CP - Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não
iniciado, as penas aplicam-se em dobro.

3ª) FIXAÇÃO: É descrição detalhada do vestígio conforme encontrado no local de crime ou


no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens
ou croqui (no mesmo sentido, Arts. 165 e 169 do CPP), sendo indispensável a sua descrição no laudo
pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento.
4ª) COLETA: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
suas características e natureza. Etapa muito importante, pois boa parte dos erros cometidos nos
levantamentos de locais de crime ocorre na coleta do(s) vestígio(s), como por exemplo, coleta de uma
amostra insuficiente e contaminação. No termos do Art. 158-C, caput, do CPP, preferencialmente, a
coleta deve ser feita por perito oficial
5ª) ACONDICIONAMENTO: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é
embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas,
para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento. Ex.: os estojos de munição coletado no local do crime são acondicionados em um
saco plástico que é lacrado e numerado de forma individualizada, tudo com o objetivo de se assegurar
a idoneidade e inviolabilidade do vestígio durante o transporte.
6ª) TRANSPORTE: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a
manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse.
7ª) RECEBIMENTO: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento,
natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu.
8ª) PROCESSAMENTO: é exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o
resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito. Ex.: Projéteis
encontrados no corpo de uma vítima de homicídio podem ser usados com uma arma eventualmente
apreendida para fazer o exame pericial de comparação balística.
9ª) ARMAZENAMENTO: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do
material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com
vinculação ao número do laudo correspondente. Ex.: Os estojos apreendidos no local de um crime
ficam guardados na Central de Custódia do Instituto de Criminalística ate não interessar mais a
persecução penal, quando então serão descartados.
10ª) DESCARTE: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. Ex.: sepultamento de um corpo,
incineração de drogas etc. Em alguns casos a legislação exige autorização judicial para o descarte, o
que ocorre, a título de exemplo, com gravações de conversas telefônicas que não interessem à prova
(Art. 9º da Lei nº 9.296/96).

1.9.3. Recipientes para acondicionamento dos vestígios (Art. 158-D do CPP):


De acordo com o Art. 158-D do CPP ―o recipiente para acondicionamento do vestígio será
determinado pela natureza do material. Ademais, devem ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte
(Art. 158-D, §1º, do CPP). Além disso, o recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para
registro de informações sobre seu conteúdo (Art. 158-D, §2º, do CPP), só podendo ser aberto pelo
perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada (Art. 158-D, §3º, do
CPP). De mais a mais, após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem

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Direito Processual Penal

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como as informações referentes ao novo lacre utilizado (Art. 158-D, §4º, do CPP). Finalmente, a
lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente (Art. 158-D, §5º, do CPP).

1.9.4. Centrais de Custódia (Art. 158-E do CPP):


No termos do Art. 158-E, caput, do CPP “todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma
central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal”.
Além disso, “toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e
a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interfiram nas características do vestígio” (Art. 155-E, §1º, do CPP). Essa existência se justifica pelo
fato de que, geralmente, os vestígios das infrações penais ficam sob a custódia do estado por anos,
devendo, por isso, serem armazenados em local que possua todas essas exigências contidas na norma.
Toda e qualquer entrada ou saída de vestígio na central de custódia deve ser protocolada,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam (Art. 158-E, §2º,
do CPP). Acrescenta-se que, ―por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações
deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a
data e horário da ação (Art. 158-E, §4º, do CPP).
Ademais, ―todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso‖ (Art. 158-E, §3º, do CPP).

1.9.4. Destinação do vestígio após a perícia (Art. 158-F do CPP):


Considerando a necessidade e se manter o vestígio armazenado com segurança, mesmo após
a realização da perícia, determina o Art. 158-F do CPP que, “após a realização da perícia, o material
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer”.
Por fim, ciente das condições precárias das instalações físicas dos institutos de crimnalísticas e
IMLs no País, previu o parágrafo único do Art. 158-F do CPP que, ―caso a central de custódia não
possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou
judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante
requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal‖.

1.10. Exame de corpo de delito complementar (Art. 168, CPP) – feito no caso de
lesão de que resulte incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, porque essa lesão
não pode ser atestada por meio de prognóstico (previsão), tem de ser por diagnóstico, por isso tem de
haver o exame complementar. Também pode ser feito, quando o primeiro exame tiver sido incompleto.
CPP - Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício,
ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe
a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do
crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

Esse prazo de 30 dias trata-se de um prazo penal, mesmo porque vai gerar a tipificação de
um delito. Assim, no seu cômputo inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do término (Art. 10, do
CP).
Em conformidade com a Jurisprudência do STF “o prazo de 30 dias a que alude o §2º do
artigo 168 do CPP não é peremptório, mas visa a prevenir que, pelo decurso de tempo,
desapareçam os elementos necessários à verificação da existência de lesões graves. Portanto, se,
mesmo depois da fluência do prazo de 30 dias, houver elementos que permitam a afirmação da
ocorrência de lesões graves em decorrência da agressão, nada impede que se faça o exame
complementar depois de fluído esse prazo‖ (DJU, 11-10-1996, p. 38499). No mesmo sentido, STJ -
AgRg no RHC 69195/2018 – 5ª Turma.
Caso esse exame não seja feito, por desaparecerem os vestígios, poderá ser suprido pela
prova testemunhal (Art. 168, §3º, do CPP).

1.11. Dia e hora para a realização do exame de corpo de delito:


De acordo como o Art. 161 do CPP, “o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer
dia e a qualquer hora”.

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Atenção: No caso de necropsia/autópsia será esta feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o
que declararão no auto (Art. 162, caput, do CPP).

1.12. Exumação e Perícias em Cadáveres


Enquanto inumar significa sepultar ou enterrar o cadáver, exumar significa desenterrá-lo.
Como dito acima, o exame cadavérico por meio de exumação só pode ser determinado por
autoridade judiciária.
No dia e hora previamente marcados, a diligência é realizada, sendo ao final lavrado auto
circunstanciado (Art. 163, caput, do CPP)
Para a realização da diligência, o administrador de cemitério público ou particular indicará o
lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a
sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto (Art. 162, parágrafo primeiro).
Se houver dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas,
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos
os sinais e indicações (Art. 166, caput, do CPP). Devem ainda ser arrecadados e autenticados todos
os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver (Art. 166, parágrafo
primeiro, do CPP).
No termos do Art. 164 do CPP “os cadáveres serão sempre fotografados na posição em
que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime”.
E arremata-se no Art. 165: “Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos,
quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados”.

1.13. Conclusão da perícia


Nos termos do Art. 160 do CPP, “os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados”. Lembrando que
autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência (Art. 176 do CPP).
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos (Art. 160, Parágrafo único, do CPP).

1.14. Perícia por Precatória


Quem nomeia o(s) perito(s) é o juízo deprecado, ou seja, aquele para quem a carta precatória
foi expedida (Art. 177 do CPP)

1.15. Perícia para reconhecimento de escrito por comparação de letra (Art. 174 do
CPP)
Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
dúvida.
Pode a autoridade, quando necessário, requisitar, para o exame, os documentos que existirem
em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser
retirados.
Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras
que a pessoa será intimada a escrever.
Atenção: lembrar que a pessoa não é obrigada a escrever o que lhe for ditado, por conta do princípio
da vedação a auto incriminação – “nemo tenetur se detegeri”.

1.15. Últimas Observações


1) Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade
de nova perícia (Art. 170 do CPP).
2) Sempre que possível e conveniente, os laudos periciais serão ilustrados com fotográficas,
microfotográficas, desenhos, croquis ou esquemas (Arts. 165, 169 e 170, todos do CPP).

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3) No exames periciais em locais de crime, os peritos registrarão, no laudo, eventuais


alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências delas na dinâmica dos fatos
(Art. 169, parágrafo primeiro do CPP).
4) “Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa,
ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos,
por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado” (Art. 171 do CPP).
5) Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que
constituam produto do crime, podendo ser a avaliação direta, quando possível, ou indireta, por meio de
elementos existentes nos autos e que resultarem de diligências (Art. 172 do CPP).
6) “No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu
valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato” (Art. 173 do CPP).

2. INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
2.1. Conceito – ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita.
2.2. Natureza Jurídica – de acordo com o CPP, o interrogatório seria meio de prova.
Porém, isso é ultrapassado, porque, na verdade, ele tem natureza mista, servindo como meio de
prova, mas também e principalmente como meio de defesa, primeiro por conta do direito ao silêncio e,
segundo, porque com a Lei nº 11.719/2008, o interrogatório passou a ser o último ato da instrução
processual (Art. 400 do CPP).
2.3. Ampla Defesa – subdivide-se, no processo penal, em duas:
A) Defesa Técnica – é aquela exercida por advogado regularmente inscrito nos quadros da
OAB. Ela é irrenunciável e indisponível no processo penal. Assim, ao acusado pertence o direito de
constituir seu advogado, ou seja, somente diante de sua inércia, será possível a nomeação de defensor
dativo. Dessa forma, se o advogado constituído não apresentar as alegações de defesa, não poderá o
juiz logo nomear um defensor público, devendo intimar o acusado para apresentar novo advogado. Se
houver colidirem as teses defensivas entre os acusados, não poderão eles serem defendidos pelo
mesmo advogado (Ex.: briga entre marido e mulher).
B) Autodefesa – é aquela exercida pelo próprio acusado. Ao contrário da defesa técnica, ela é
renunciável, podendo o acusado (e somente ele) renunciar à autodefesa. Se manifesta a autodefesa de
três formas:
B.1) Direito de Audiência – que consiste no direito que o acusado tem de ser ouvido pelo juiz,
de modo a tentar formar sua convicção. Esse direito se materializa por meio do interrogatório.
Questão - Ausência do interrogatório? (1) se o acusado foi citado pessoalmente ou por hora certa e
não compareceu será decretada sua revelia, razão pela qual a ausência do interrogatório não acarretará
qualquer vício. Nessa hipótese, o acusado renunciou ao direito de audiência, não havendo qualquer
problema nisso, sendo-lhe apenas nomeado um defensor dativo para que seja assegurada a defesa
técnica; (2)porém, se ele está presente e não é realizado o interrogatório, trata-se de nulidade
absoluta (Art. 564, III, “e”, do CPP).
Obs.: Súmulas 523 e 351, ambas do STF. Para parte da doutrina, esta última deveria valer para
qualquer hipótese em que estivesse preso o acusado, pouco importando a unidade federativa, porque,
para se citar por edital, devem-se esgotar todos os meios de busca para se achar o réu, sendo certo
que, quando ele está preso, seu paradeiro não é ignorado e, portanto, sua citação deveria ser pessoal,
nesse caso.
Súmula 523: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 351: É nula a citação por edital de réu preso na mesma Unidade Federativa em que o juiz
exerce sua jurisdição.

B.2) Direito de Presença – direito que o acusado tem de acompanhar os atos da instrução
processual, auxiliando seu defensor na formulação de perguntas. (Art. 7º, item 5, da Convenção
Americana de Direitos Humanos - CADH).
Questão 1: Réu preso tem esse direito? Mesmo preso, o réu tem esse direito de presença, não
podendo deficiências do Estado privá-lo disso (STF - HC 86634).
Questão 2: vídeo conferência e direito de presença? Para responder a isso, deve-se entender o
seguinte:
- Direito de presença direta: a presença do acusado é física, na sala de audiência perante o juiz.
- Direito de presença remota: presença que ocorre por meio da vídeoconferência. Assim, a
videoconferência não viola o direito de presença.

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B.3) Capacidade postulatória autônoma – há alguns atos que o próprio acusado pode
praticar no processo penal, mesmo sem ter capacidade postulatória:
- impetrar habeas corpus;
- Interpor recursos (Art. 577 do CPP); e
- Provocar incidentes da execução.

2.4. Momento da realização do interrogatório – de acordo com o Art. 400 do CPP, com
a redação dada pela Lei nº 11.719/08, o interrogatório do acusado passou a ser o último ato da
instrução processual, salvo se houver diligências posteriores requeridas pelas partes. Exceções
previstas em leis especiais:
a) Lei de drogas: O interrogatório é o primeiro ato da instrução (Art. 57).
b) Código de Processo Penal Militar (CPPM). O interrogatório é o primeiro ato da
instrução.
c) Processos de competência originária dos tribunais: O interrogatório é o primeiro ato
da instrução.
OBS.: nessas três hipóteses, de modo a se evitar eventual arguição de nulidade, a doutrina vinha
defendendo que o ideal seria que, após a oitiva das testemunhas, o juiz indagasse a defesa técnica e ao
acusado se desejavam a realização de novo interrogatório. Inclusive o próprio CPP, que é aplicado
subsidiariamente à legislação extravagante, prevê a possibilidade de mais de um interrogatório no
mesmo processo: “Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício
ou a pedido fundamentado de qualquer das partes”.
Todavia, o STF, a partir do julgamento do HC nº 127900/AM pelo seu Plenário, passou a
entender que a norma prevista no Art. 400 do CPP deveria irradiar seus efeitos para todo o sistema
processual penal, inclusive em relação a procedimentos regidos por leis especiais que estabelecessem
disposições em contrário. Ou seja, o interrogatório do réu deve ser o último ato da instrução em
todos os processos criminais.
O Plenário do STF, porém, para evitar um caos jurídico, com eventual reconhecimento de
nulidade de diversos interrogatórios, realizou o que se chama de “modulação de efeitos”, estabelecendo
que tal entendimento só teria aplicabilidade a partir da publicação da ata do referido julgamento
(10/03/2016), sendo válidos os interrogatórios realizados até esta data.
No mesmo sentido, STJ, HC 403550/SP, Relatora: Ministra Maria Thereza De Assis Moura, 6ª
Turma, julgado em 15/08/2017.

2.5. Condução Coercitiva - de acordo com o CPP é possível (Art. 260 - Se o acusado não
atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não
possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença). Para parte da doutrina,
porém, o Art. 260 não foi recepcionado pela CF/88, por conta do direito ao silêncio, salvo nas hipóteses
de condução para reconhecimento pessoal do acusado, porque o reconhecimento não implica em
nenhum comportamento ativo por parte dele e, portanto, não está amparado pelo princípio da vedação
a não autoincriminação (nemo tenetur se detegere).
OBS.: No julgamento das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 395 e 444,
o STF, por maioria de votos (6x5) firmou entendimento segundo o qual não é possível a condução
coercitiva do investigado/acusado para interrogatório, por conta do seu direito ao silêncio e a não auto
incriminação, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
A propósito, o direito ao silêncio deve constar expressamente do interrogatório do acusado,
mesmo porque se trata de direito constitucional. Nesse sentido, Art. 186 do CPP.
CPP - Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer
calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa.

2.6. Características do Interrogatório:


A) Ato personalíssimo – não se pode, por exemplo, passar uma procuração para que uma
pessoa deponha por outra, salvo no caso das Pessoas Jurídicas, as quais serão interrogadas por meio
da pessoa de seu representante legal;
B) Ato privativo do juiz – o interrogatório é presido pelo magistrado, porém, óbvio, com a
participação das partes. E mais, diferentemente das testemunhas (em que é adotado o sistema do
cross-examination – as partes perguntam primeiro e diretamente às testemunhas – Art. 212 do CPP),
as perguntas para o acusado primeiro são feitas por meio do juiz (sistema presidencialista) e, só após

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isso, abre-se a possibilidade de as partes formularem perguntas, mas por intermédio do magistrado
(Art. 188 do CPP). Assim, o sistema da inquirição direta – “cross-examination” – não foi adotado
para o interrogatório do acusado.
CPP - Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para
ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.

Obs.: lembrar que, se for interrogatório policial, não há a participação das partes. No máximo, o
defensor do acusado pode acompanhar o ato, porém sem direito, nessa fase da persecução penal, a
perguntas.
C) Ato Contraditório – as partes poderão fazer reperguntas (Art. 188 do CPP). Primeiro o
Ministério Pública e depois a defesa.
Obs.: lembrar que, se for interrogatório policial, há não que se falar em contraditório, já que, a fase da
investigação, como sabido, é inquisitiva ou inquisitória.
D) Ato Assistido Tecnicamente – é obrigatória a presença de defensor, sob pena de nulidade
absoluta. Desdobramento disso, é que o acusado tem direito a entrevista prévia e reservada com o
defensor (STJ - RHC 17679).
Obs1.: Lembrar que, se for interrogatório policial, não é obrigatória essa assistência, ou seja, se o
investigado/indiciado não constituir advogado, o estado não é obrigado a nomear.
Questão: E a presença do Ministério Público (MP) é obrigatória? A ausência do representante do
MP gera mera nulidade relativa (STJ - HC 47318).
Obs2.: Assiste ao advogado do corréu o direito de formular reperguntas aos demais acusados,
sobretudo nas hipóteses em que houver delação premiada (STF - HC 94016).

E) Ato Oral – e no caso do surdo, mudo e surdo-mudo? Art. 192 do CPP.


CPP - Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as
respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.

Obs1.: O interrogatório também será feito por meio de intérprete se o interrogando não falar a língua
nacional (Art. 193 do CPP).
Obs2.: não caso de acusado surdo-mudo e analfabeto deve-se nomear intérprete que, via de regra,
será ―Ad Hoc‖, ou seja, alguma pessoa próxima que consiga se comunicar com a testemunha.

F) Ato Individual – um acusado não presencia o interrogatório do outro, mesmo porque, às


vezes, pode ser necessária uma acareação posterior (CPP - Art. 191. Havendo mais de um acusado,
serão interrogados separadamente).
Obs.: Não é mais necessária a presença de curador para acompanhar o interrogatório de menor de 21
anos de idade, após a vigência do atual Código Civil (CC-02), pois atualmente a pessoa a partir dos 18
anos torna-se absolutamente capaz.

2.7. Interrogatório por Vídeo Conferência:


A) HC 90900 – STF. Foi decidido pelo plenário do supremo, nesse julgado, pela
inconstitucionalidade formal da Lei paulista nº 8.819, que dispunha sobre o interrogatório por
videoconferência, porque a norma em questão teria invadido a competência privativa da União para
legislar sobre direito processual. Apesar de ter se dado no controle difuso e, portanto, em relação a um
determinado caso concreto, essa decisão foi abstrativizada, primeiro porque foi proferida pelo plenário
e segundo porque o supremo analisou a lei em tese. Assim, todos os interrogatórios feitos antes da
vigência da lei 11.900/09, por videoconferência, são nulos.
B) Lei 11.900/09. Criou o interrogatório por videoconferência, que se encontra em vigor desde
09/01/2009. Espécies de interrogatório do réu preso:
B.1) Pessoalmente dentro do presídio – apesar da lei da videoconferência, esta é a regra, de
acordo com o CPP. Porém, diante das garantias que devem ser asseguradas, na prática, esse caso não
ocorre. Além disso, a audiência de instrução e julgamento, hoje, é una e realizada no fórum, com o
interrogatório incluído.
CPP - Art. 185, § 1o - O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do
ato.

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Direito Processual Penal

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- Garantias:
1ª) Sala Própria – ora, nos presídios em regra não tem nem sela, imagine-se sala própria para
interrogatórios.
2ª) Fator Segurança – deve-se garantir a segurança de todas as pessoas envolvidas no interrogatório
(magistrado, membro do MP e auxiliares da justiça).
3ª) Presença de Defensor – a presença do advogado é obrigatória.
4ª) Publicidade – lógico que é uma publicidade relativa. Não vai se garantir acesso a todos os presos,
por exemplo.
5ª) Direito de entrevista prévia e reservada com o defensor.

B.2) Pessoalmente no Fórum. Depende de escolta.


B.3) Por Videoconferência – tem caráter excepcional, de acordo com o CPP. Assim, só não
sendo possível as duas formas anteriores, é que se realiza o interrogatório por videoconferência.
CPP - Art. 185, § 2o - Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento
das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para
atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade
para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja
possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o - Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
§ 4o - Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os
arts. 400, 411 e 531 deste Código.

 Observações:
1ª) o juiz tem de fundamentar;
2ª) as partes deverão ser intimadas com 10 (dez) dias de antecedência;
3ª) o juiz pode agir de ofício ou mediante requerimento das partes.

 Hipóteses:
1ª) Prevenir risco à segurança pública. Todo transporte de preso gera risco para a segurança
pública. Portanto, esse risco genérico, por si só, não justifica o uso da videoconferência. Tem de haver
risco concreto de fuga ou fundada suspeita de que o réu integre organização criminosa.
2ª) Viabilizar a participação do acusado no ato processual. Réu acometido por enfermidade ou
que, por outra circunstância pessoal, haja dificuldade para comparecer (Ex.: está preso em outra
Unidade da federação). No exemplo citado, pode ser expedida carta precatória ou utilizada a técnica da
videoconferência.
3ª) Impedir a influência do réu no ânimo da testemunha ou da vítima. Em regra, quem será
ouvida por videoconferência será a testemunha ou a vítima. Subsidiariamente, o acusado sairá e
participará da sala de audiência, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor (Art. 217
do CPP).
CPP - Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento,
fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.

4ª) Gravíssima questão de ordem pública. Ocorre, quando a localidade onde há de ser procedido
ao interrogatório passa por situações de anormalidade que afeta seriamente a ordem pública. Ex.:
situação atual do estado do Ceará que passa por constantes ataques de facções criminosas. Não dá
para se cogitar em fazer escolta de presos para interrogatório nesses circunstâncias.
 Presença do advogado e defensor na sala de audiência e no presídio. De acordo com a Lei,
são necessários dois advogados, um na sala de audiência e outro no presídio (Art. 185, §§ 5º e 6º,
do CPP).
CPP - Art. 185. (...)
§5o - Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e
reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a

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Direito Processual Penal

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canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
§6o - A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema
de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo
Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

 Videoconferência para os demais atos processuais. Não só o interrogatório, como todos os


atos poderão ser feitos por videoconferência (Art. 185, §8º, do CPP). Até porque, como já dito,
atualmente a audiência de instrução e julgamento é una.
CPP - Art. 185, § 8o - Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3 o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à
realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa,
como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de
declarações do ofendido.
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo
acusado e seu defensor.

2.8. Partes do Interrogatório


De acordo com o Art. 187 do CPP, o interrogatório é constituído de duas partes.
Na primeira parte, são feitas perguntas sobre a pessoa do acusado, como sua residência,
meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa,
notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se
houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados
familiares e sociais.
CPP - Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre
os fatos.
§1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou
processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão
condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e
sociais.

Na segunda parte, por sua vez, são feitas perguntas sobre o(s) fato(s), prevendo o §2 o do Art.
187 do CPP um rol de perguntas nesse sentido, destacando-se que se trata de um rol meramente
exemplificativo, podendo a autoridade fazer tantas outras quanto forem convenientes e pertinentes ao
esclarecimento do(s) fato(s).
CPP - Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre
os fatos.
§2º Na segunda parte será perguntado sobre:
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a
pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve
antes da prática da infração ou depois dela;
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
IV - as provas já apuradas;
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que
alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se
relacione e tenha sido apreendido;
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e
circunstâncias da infração;
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.

3. CONFISSÃO
3.1. Conceito - é a aceitação formal da imputação da infração penal feita por aquele a quem
é atribuída a sua prática. Alguns doutrinadores usam a expressão “testemunho duplamente
qualificado”, porque do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários aos interesses
de quem confessa; e, do ponto de vista subjetivo, a confissão é feita pelo próprio acusado, e não por
terceiros.

3.2. Valor Relativo


Como todo e qualquer meio de prova tem valor relativo. Nesse sentido Art. 197 do CPP: “O
valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua
apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e
estas existe compatibilidade ou concordância”.

3.3. Requisitos da Confissão:

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1º) Deve ser feita perante a autoridade competente. Por isso se contesta a confissão colhida
na fase do Inquérito Policial (extrajudicial), no entanto a jurisprudência vem entendendo no sentido de
que a confissão extrajudicial é fundamento idôneo para fundamentar uma sentença condenatória,
desde que esteja em sintonia com o arcabouço probatório produzido, nos termos dos artigos 155 e 157
do CPP. Nesse sentido, STJ – HC 471082.
OBS.: Para o STJ, se o agente faz confissão espontânea extrajudicial, sendo essa utilizada para
embasar a sentença, o juiz deve utilizar esta confissão como atenuante genérica, ainda que o agente
se retrate em juízo (HC 39870).
2º) Deve ser livre, espontânea e expressa. Assim, não existe confissão ficta no processo
penal, ao contrário do processo civil no caso de revelia. CUIDADO para não confundir as coisas, existe
revelia no processo penal, mas dela não resulta confissão ficta, como ocorre no processo civil;
c) Deve versar sobre o fato principal;
d) Deve guardar compatibilidade com as demais provas. Daí, ele ter valor relativo.

3.4. Classificação da Confissão:


A) Simples - o acusado confessa a prática do delito sem opor qualquer fato modificativo
impeditivo ou extintivo de sua punibilidade. Ex.: o sujeito diz ―matei porque matei‖.
B) Qualificada - o acusado confessa a prática do delito, mas opõe algum fato modificativo,
impeditivo ou extintivo do direito de punir do Estado. É a mais comum. Ex.: o sujeito diz ―matei, mas
em legítima defesa‖.
OBS.: como visto antes, o silêncio do acusado jamais importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz (Art. 198 do CPP).

3.5. Divisibilidade e Retratilidade da Confissão


Nos termos do Art. 200 do CPP, “a confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto”.
A confissão é retratável, embora seja relativo o valor da retratação, pois deve o juiz
confrontá-la com os demais elementos de provas carreados aos autos, a fim de constatar a sinceridade
da retratação.
A divisibilidade significa que o acusado pode confessar a totalidade do fato que lhe for
imputado ou apenas parte dele. Da mesma forma, o magistrado pode aceitar como sincera parte da
confissão e, simultaneamente, desprezar a outra parte, mesmo porque, como sabido, a confissão é
apenas mais elemento para o livre convencimento motivado do juiz.

4. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
Dispõe o Art. 201 do CPP que “sempre que possível, o ofendido será qualificado e
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que
possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações”.
Lembrar que ofendido não é testemunha, portanto ele não presta compromisso de dizer a
verdade, bem como não responde por crime de falso testemunho.
Eventualmente pode responder por crime de denunciação caluniosa ou comunicação falsa de
crime.
QUESTÃO 1: O ofendido pode ser parte? Na ação penal de iniciativa privada, em que a vítima
(querelante) é parte, nada impede que ele seja ouvido como ofendido.
QUESTÃO 2: Condução coercitiva de ofendido é possível? Sim, nos termos do Art. 201, §1º, do CPP,
que assim reza: “se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido
poderá ser conduzido à presença da autoridade”.
CUIDADO: Para a realização de exame de corpo de delito, todavia, o ofendido não pode ser conduzido
coercitivamente?
Como todas as provas, as declarações do ofendido têm valor probatório relativo, todavia, nos
crimes ―às ocultas‖, esse valor é um pouco maior, de acordo com a Jurisprudência, ganhando as
declarações da vítima significativa importância, como geralmente ocorre nos crimes contra a dignidade
sexual.
Preocupado com a segurança do ofendido, o legislador, no §2º do Art. 201 do CPP,
determina que ela seja comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da
prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou
modifiquem. E arremata no §3o do mesmo artigo que “as comunicações ao ofendido deverão ser feitas
no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico”.

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Ainda preocupado com a preservação do ofendido, dispões o §4o do Art. 201 do CPP que
“antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o
ofendido”.
Pensando no efeitos nefastos que muitos vezes a infração penal provoca para a vida da
vítima, estabelece o §5o do Art. 201 do CPP que “se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o
ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência
jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado”.
Por fim, preocupado ainda com a preservação da vítima, dispões o §6o do Art. 210 do CPP
que “o juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e
imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados,
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos
meios de comunicação”.

5. PROVA TESTEMUNHAL
5.1. Conceito – testemunha é toda pessoa humana capaz de depor e estranha ao processo,
chamada a declarar a respeito de fato percebido por seu sentidos. Assim, cachorro não pode ser
testemunha, ele pode até servir como prova (inominada/atípica), mas não testemunhal.

5.2. Características:
A) Judicialidade ou Mediação Judicial – prova testemunhal é aquela produzida em juízo, na
presença do juiz e com a participação das partes.
QUESTÃO: Pode-se substituir o depoimento de uma testemunha por declaração por escrito juntada aos
autos? Claro que não, isso vai constituir uma prova anômala, que viola o devido processo legal.
B) Oralidade - a testemunha não pode levar o depoimento por escrito, mas eventualmente e a
depender do caso, pode consultar algum documento, isso é muito comum quando um perito vai ser
ouvido como testemunha acerca de fatos ligados à perícia (Art. 204 do CPP).
CPP - Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo
por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.

Atenção: algumas pessoas, porém, podem apresentar depoimento por escrito (Art. 221, §1º, do
CPP). São elas o presidente e o vice da república, o presidente da câmara dos deputados e do senado
federal e o presidente do STF.
CPP - Art.221, § 1o - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal,
da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento
por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão
transmitidas por ofício.

C) Individualidade – deve-se reservar espaços separados para preservar a incomunicabilidade


das testemunhas, antes e depois do depoimento, para se evitar combinação de versões, mesmo porque
depois pode ser necessária uma acareação entre elas (Art. 210 do CPP).
CPP - Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam
nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso
testemunho.
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços
separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.

D) Objetividade – em regra a testemunha não pode dar opinião pessoal sobre o(s) fato(s),
salvo quando inseparáveis da narrativa do fato (Ex.: um psicólogo, médico, psiquiatra sendo inquirido
como testemunha). Nesse sentido, Art. 213 do CPP: “O juiz não permitirá que a testemunha
manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato”.
E) Reprospectividade – testemunha depõe sobre fatos passados, jamais sobre fatos futuros.
Até porque, cientificamente, ninguém é dotado de conhecimentos premonitórios.
F) Contraditoriedade – Com a Lei nº 11.690/2008, adotou-se no Brasil o chamado sistema
cross-examination, é dizer, as partes inquirem as testemunhas primeiro e diretamente, e não mais por
intermédio do juiz (sistema presidencialista), sendo as perguntas do magistrado feitas apenas por
último, caso ele entenda ser necessário complementar a inquirição. Isso está previsto no Art. 212 do
CPP. E qual a consequência se esse dispositivo for descumprido? Se as partes concordarem com a
inobservância do Art. 212, não poderão posteriormente arguir nulidade (princípio da boa-fé). Se,
todavia, discordarem, haverá nulidade absoluta, para o STF, por violação ao devido processo legal,
devendo ser procedida a nova inquirição (STF – HC 111.815/2017 – 1ª Turma). Já houve decisões
mais antigas considerando mera nulidade relativa (STF - HC 114.787/2013 e HC 109.051/2014).
Já para o STJ trata-se de nulidade apenas relativa, ou seja, a defesa tem que demonstrar que

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efetivamente teve prejuízo, para que a inquirição seja anulada (STJ - HC 472118/2018 – 5ª Turma
e HC 263000/2013 – 6ª Turma).
CPP - Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o
juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na
repetição de outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

5.3. Classificação das Testemunhas:


A) Testemunha numerária – são aquelas computadas para efeito da aferição do número
máximo de testemunhas que cada parte pode arrolar.
OBS.: de acordo com o Art. 209 do CPP “o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
testemunhas, além das indicadas pelas partes”. São as chamadas ―testemunhas do juízo‖ ou ―de
ofício‖.
B) Extranumerárias – não são computadas para efeito do número máximo de testemunhas,
podendo ser ouvida ou limitada. Ex.: Aquela que nada saiba o que interessa a decisão da causa (Art.
209, §2º - “não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão
da causa”).
C) Testemunha referida – aquela que foi citada por outra testemunha. Não entra no número
que cada parte tem direito a arrolar, podendo ser ouvida por iniciativa do juiz (Art. 209, §1o – “se ao
juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem‖).
OBS.: A inquirição de testemunha referida, quando postulada por qualquer das partes, não constitui
atividade processual vinculada do magistrado, que exerce, nesse tema, poderes discricionários
resultantes da lei (Art. 209, §1º, do CPP). As pessoas a que as testemunhas se referirem somente
serão ouvidas se ao juiz parecer conveniente. A necessidade e a conveniência dessa diligência
probatória sujeitam-se plenamente, à avaliação discricionária do magistrado, o qual, no entanto,
obriga-se a motivar as razões do seu indeferimento. Assim, a recusa judicial, desde que
fundamentadamente manifestada, não configura cerceamento de defesa. (STF - HC 68032-1).
D) Testemunha própria – presta declaração sobre a infração penal.
E) Testemunha imprópria – instrumental também conhecida como instrumentária e fedatária.
É aquela que presta declaração sobre a regularidade de um ato processual ou do inquérito policial. Ex.:
quando não há testemunha dos fatos na prisão em flagrante (Art. 304, §2º, do CPP), quando o
autuado se recusa a assinar o APF (Art. 304, §3°, do CPP) etc.
F) Testemunha direta – é aquela que depõe sobre o fato que assistiu, presenciou. São
testemunhas visuais.
G) Testemunha indireta – é aquela que depõe sobre fato que ―ouviu dizer‖.

5.4. Deveres da Testemunha


A) Dever de depor (Art. 202 do CPP). Exceções a essa obrigação de depor:
1ª) parentes ou cônjuge do acusado. Art. 206 do CPP: ―a testemunha não poderá eximir-se
da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim
em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas
circunstâncias.
2ª) Pessoas que devem guardar segredos em razão de sua função, ministério, ofício ou
própria profissão, salvo se desobrigados pela a parte interessada, quiserem dá seu testemunho (Art.
207 do CPP). Essas são as chamadas testemunhas proibidas de depor. Note que são necessárias duas
condições para que elas deponham: (1) a parte interessada (paciente, cliente ou assistido) tem que
desobrigar e (2) o próprio profissional tem de que querer depor.
Atenção: Algumas testemunhas proibidas de depor, mesmo que a parte interessada desobrigue e ela
queira dá seu testemunha, isso não será possível. É o caso dos advogados, pois, de acordo com o
Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94), eles podem se recusar a depor, ainda que autorizado ou solicitado
por quem o constituiu, in verbis:
Lei nº 8.906/094 - Art. 7º - São direitos do advogado:
(...)
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar,
ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;

Cuidado, porém, que isso não significa que o advogado nunca pode ser testinha. Na verdade
essa proibição está relacionada apenas ao conteúdo da confidência que o advogado teve conhecimento
no exercício da advocacia. Nesse diapasão:

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EMENTA: AÇÃO PENAL. SEGUNDA QUESTÃO DE ORDEM. OITIVA DE TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO.


QUALIDADE DE ADVOGADO. PRERROGATIVA DE RECUSAR-SE A DEPOR. INAPLICABILIDADE. SIGILO
PROFISSIONAL. FATOS NÃO ALCANÇADOS. DEPOIMENTO COLHIDO NA FASE INQUISITORIAL.
LEGITIMIDADE DE SUA SUBMISSÃO AO CRIVO DO CONTRADITÓRIO. PEDIDO DE DISPENSA
INDEFERIDO. TESTEMUNHA MANTIDA. 1. O advogado arrolado como testemunha de acusação na
presente ação penal defendeu os interesses do Partido dos Trabalhadores no denominado
"Caso Santo André". 2. Não se aplica a prerrogativa prevista no art. 7º, XIX, da Lei n° 8.906/94
(Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), tendo em vista que nem o antigo cliente da
testemunha - o Partido dos Trabalhadores - nem os fatos investigados na presente ação penal
guardam relação com o homicídio do então Prefeito do Município de Santo André. 3. A
proibição de depor diz respeito ao conteúdo da confidência de que o advogado teve
conhecimento para exercer o múnus para o qual foi contratado, não sendo este o caso dos
autos. 4. Os fatos que interessam à presente ação penal já foram objeto de ampla investigação, e a
própria testemunha - que ora recusa-se a depor - já prestou esclarecimentos sobre os mesmos na fase
inquisitorial, perante a autoridade policial. Assim, os fatos não estão protegidos pelo segredo profissional.
5. Ausente a proibição de depor prevista no art. 207 do Código de Processo Penal e inaplicável a
prerrogativa prevista no art. 7º, XIX, da Lei n° 8.906/94, a testemunha tem o dever de depor. 6. Questão
de ordem resolvida no sentido de indeferir o pedido de dispensa e manter a necessidade do depoimen to
da testemunha arrolada pela acusação, cuja oitiva deve ser desde logo designada pelo juízo delegatário
competente. (STF - AP 470 QO-QO, Relator(a): Ministro Joaquim Barbosa, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento: 22/10/2008).

3ª) Deputados Federais e Senadores sobre o que sabem em relação a sua função (Art. 53,
§6°, da CF/88). Essa mesma prerrogativa se estende aos deputados estaduais e distritais (Art. 27,
§1º, CF/88).
CF/88 - Art. 53, §6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou
deles receberam informações.
CF/88 - Art. 27, §1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as
regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, IMUNIDADES, remuneração, perda
de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

4ª) Juiz e membro do Ministério Público que oficiaram no inquérito ou atuaram no processo.
B) Dever de comparecimento. A testemunha intimada tem o dever de comparecer sob pena
de aplicação de multa contra si (prevista do Art. 453 do CPP), condução coercitiva, responsabilização
pelo crime de desobediência e condenação ao pagamento das custas da diligência (Art. 219 do CPP).
A condução coercitiva de testemunha é prevista no Art. 218 do CPP, que assim dispõe: “se,
regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá
requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça,
que poderá solicitar o auxílio da força pública‖.
Só em algumas hipóteses expressamente previstas em lei a testemunha se exime dessa
obrigação de comparecimento, a saber:
1ª) Art. 220 do CPP: “As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de
comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem”; e
2ª) Art. 221 do CPP: algumas autoridades, como prerrogativa em virtude dos cargos que
exercem, serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.
Segue uma tabela para facilitar a memorização delas:
FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL
EXECUTIVO Presidente e o Vice- Governadores e Secretários Prefeitos.
Presidente da República e de Estado.
Ministros de Estado
LEGISLATIVO Senadores, Deputados Deputados Estaduais e
Federais e Membros do TCU membros dos Tribunais de
Contas.
JUDICIÁRIO Todos. Todos. -

Atenção: o STF, todavia, já decidiu que essas autoridades perdem a prerrogativa, caso decorra tempo
razoável sem que ela indique o dia, hora e local para a sua oitiva, ou não comparece no local, dia e
hora por ela mesma indicada. Decisão coerente do Supremo, pois a prerrogativa em tela não pode
jamais servir para que a autoridade se recuse a depor ou simplesmente frustre sua inquirição, de forma
indefinida e injustificada. Nesse sentido:
EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL ARROLADO COMO
TESTEMUNHA. NÃO INDICAÇÃO DE DIA, HORA E LOCAL PARA A OITIVA OU NÃO
COMPARECIMENTO NA DATA JÁ INDICADA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA O NÃO ATENDIMENTO

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Direito Processual Penal

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AO CHAMADO JUDICIAL. DECURSO DE MAIS DE TRINTA DIAS. PERDA DA PRERROGATIVA


PREVISTA NO ART. 221, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Passados mais de trinta
dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do Código de
Processo Penal tenha indicado dia, hora e local para a sua inquirição ou, simplesmente, não
tenha comparecido na data, hora e local por ela mesma indicados, como se dá na hipótese,
impõe-se a perda dessa especial prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade
arrolada como testemunha possa, na prática, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa
causa. Questão de ordem resolvida no sentido de declarar a perda da prerrogativa prevista no caput do
art. 221 do Código de Processo Penal, em relação ao parlamentar arrolado como testemunha que, sem
justa causa, não atendeu ao chamado da justiça, por mais de trinta dias. (STF - AP 421 QO, Relator(a):
Ministro Joaquim Barbosa, Órgão Julgador: Tribunal Pleno: 22/10/2009).

Questão: Delegado de Polícia tem a prerrogativa de ser ouvida em dia, hora e local ajustado entre ele
e o juiz? Apesar de algumas leis estaduais preverem isso, o STF as declarou inconstitucionais, já que
só a União pode legislar sobre direito processual (STF - ADI 3896/2008 – Tribunal Pleno).
Obs.: para a prestação de depoimento, os militares deverão ser requisitados à autoridade superior
(Art. 221, §2º, do CPP). Já os demais funcionários públicos serão intimados, devendo a expedição do
mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia
e da hora marcados (Art. 221, §3º, do CPP).
C) Dever de prestar compromisso (Art. 203 do CPP)
CPP - Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber
e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão,
lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.

Todas as testemunhas têm esse dever, salvo no caso de (Art. 208 do CPP):
1º) Parentes próximos do acusado (Art. 206 do CPP).
CUIDADO.: as testemunhas do Art. 207 do CPP – que são aquelas proibidas de depor em
razão de sua função, ministério, ofício ou própria profissão, salvo se desobrigados pela a parte
interessada, quiserem dá seu testemunho -, prestam o compromisso.
2º) Menores de 14 anos.
3º) Doentes e Deficientes mentais.
Questão: Testemunha não compromissada responde pelo crime de falso testemunho? Há duas
correntes, a saber:
1ª Corrente – diz que qualquer testemunha pode praticar o crime de falso testemunho.
Fundamenta no Art. 342 do CP, o qual não traz mais o compromisso como uma elementar do crime de
falso testemunho. Assim, mesmo não prestando o compromisso, esse informante pode induzir o juiz a
erro e, portanto, responde por falso testemunho. (STF - HC 69.358/1993).
2ª Corrente – só responde pelo crime de falso testemunho a testemunha compromissada.
Apesar do julgado antigo do STF mencionado, prevalece que essas pessoas não respondam por falso
testemunho.
Assim, o Art. 211 do CPP, segundo o qual, “se o juiz, ao pronunciar sentença final,
reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito”, só se aplica no caso de testemunhas
compromissadas.
Por fim, destaca-se que as testemunha compromissadas são depoentes, já as não
compromissadas são declarantes ou informantes.
C) Dever de comunicar de alteração de endereço (Art. 203 do CPP). Esse tem duração de 1
(um ano). O descumprimento sujeito às penas do não-comparecimento (Art. 219 do CPP), é dizer,
multa, responsabilização por crime de desobediência, condução coercitiva e condenação ao pagamento
das custas da eventual diligência)

5.5. Oitivas de Testemunhas que não residem na jurisdição do processo


A) Para a inquirição de testemunha que mora fora da jurisdição do juiz, mas no Brasil, em
outra comarca, será expedida carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes (Art. 222 do
CPP).
Obs 1.: É indispensável a intimação quanto à expedição da carta precatória, sob pena de nulidade
relativa, mas cabe a parte diligenciar junto ao juiz deprecado par saber a data da oitiva das
testemunhas. Nesse sentido, Súmula n° 155 do STF, e Súmula n° 273 do STJ.
Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.

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Direito Processual Penal

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Súmula 273 do STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo deprecado.

Obs 2.: “A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal” (Art. 222, §2o , do CPP), de
modo que, “findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória,
uma vez devolvida, será junta aos autos” (Art. 222, §3o , do CPP).
Apesar de não previsto expressamente no CPP, a jurisprudência aceita também o
interrogatório do acusado por precatória (STJ - HC 136.847/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
Órgão Julgador: 5ª Turma, julgamento: 19/05/2011).
Por fim, prevê o §3º do Art. 222 do CPP que a inquirição da testemunha que mora em outra
comarca pode ser feita por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real.
B) Para inquirição de testemunha que mora no exterior, expedem-se cartas rogatórias,
porém só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte
requerente com os custos de envio (Art. 222-A do CPP). Esse dispositivo, que foi incluído pela Lei nº
11.900/2009 teve sua constitucionalidade contexto perante o STF, ao argumento de que na sistemática
das provas adotada em nosso ordenamento jurídico basta que a parte demonstre que a prova é
relevante que ele tem direito de que ela seja produzida, além do que haveria violação ao princípio da
igualdade, já que quem tivesse posses poderia arcar com as custas da rogatório, já quem não tivesse
ficaria impossibilidade. Todavia, esse entendimento não prosperou no Pretório Excelso, senão vejamos:
EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. EXPEDIÇÃO DE CARTAS ROGATÓRIAS.
NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA SUA IMPRESCINDIBILIDADE. PAGAMENTO PRÉVIO DAS CUSTAS.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA PARA OS ECONOMICAMENTE NECESSITADOS. CONSTITUCIONALIDADE DO
ART. 222-A DO CPP. DEFERIMENTO PARCIAL DA OITIVA DAS TESTEMUNHAS RESIDENTES NO EXTERIOR,
NO PRAZO DE SEIS MESES. A expedição de cartas rogatórias para oitiva de testemunhas
residentes no exterior condiciona-se à demonstração da imprescindibilidade da diligência e ao
pagamento prévio das respectivas custas, pela parte requerente, nos termos do art. 222-A do
Código de Processo Penal, ressalvada a possibilidade de concessão de assistência judiciária aos
economicamente necessitados. A norma que impõe à parte no processo penal a
obrigatoriedade de demonstrar a imprescindibilidade da oitiva da testemunha por ela arrolada,
e que vive no exterior, guarda perfeita harmonia com o inciso LXXVIII do artigo 5º da
Constituição Federal. Questão de ordem resolvida com (1) o deferimento da oitiva das testemunhas
residentes no exterior, cuja imprescindibilidade e pertinência foram demonstradas, fixando-se o prazo de
seis meses para o cumprimento das respectivas cartas rogatórias, cujos custos de envio ficam a cargo dos
denunciados que as requereram, ressalvada a possibilidade de concessão de assistência judiciária aos
economicamente necessitados, devendo os mesmos réus, ainda, no prazo de cinco dias, indicar as peças
do processo que julgam necessárias à elaboração das rogatórias; (2) a prejudicialidade dos pedidos de
conversão em agravo regimental dos requerimentos de expedição de cartas rogatórias que foram
deferidos; (3) o indeferimento da oitiva das demais testemunhas residentes no exterior; e (4) a
homologação dos pedidos de desistência formulados. (STJ - AP 470 QO4, Relator(a): Ministro
Joaquim Barbosa, Órgão Julgador: 10/06/2009, Julgamento: 10/06/2009).

5.6. Incidentes durante as oitivas das Testemunhas


A) Contradita: significa impugnar a testemunha, a fim de que esta não seja ouvida pelo juiz.
B) Arguição de parcialidade – alegam-se circunstancia que torna a testemunha suspeita à
parcialidade ou indigna de fé.
Tanto a contradita, como a arguição de parcialidade estão previstas no Art. 214 do CPP, nos
seguintes termos:
CPP - Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir
circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar
a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá
compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.

No Art. 207 do CPP estão as testemunhas proibidas de depor em razão de ofício, ministério
ou profissão.
Já no Art. 208 do CPP estão os parentes próximo do acusado, os menores de 14 anos e o
doentes e deficientes mentais.
C) Retirada do acusado da sala de audiência – ocorre quando houver receio que sua presença
possa causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que
prejudique a verdade do depoimento (Art. 217 do CPP). Lembrar que a primeira opção é a realização
da oitiva por vídeo conferência, sendo, na impossibilidade disso, que ocorre a retirada do réu da sala de
audiência.
CPP - Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a

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inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do


réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.

5.7. Depoimento “Ad Pertetuam Rei Memoriam” (Art. 225 do CPP)


CPP - Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice,
inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.

Trata-se de um exemplo de prova antecipada, que é aquela produzida em juízo, antes do seu
momento processual oportuno ou mesmo antes de iniciado o processo, com a observância do
contraditório real, em razão da sua urgência.

5.8. Testemunha que não conhece a Língua Nacional, Muda, Surda ou Surdo-Muda:
Igual procedimento do interrogatório de acusado que ostenta essas mesmas condições, antes
já visto, ou seja:
 Não conhece a Língua Nacional: nomeação de intérprete.
 Mudo: perguntas orais e respostas por escrito
 Surdo: perguntas por escrito e respostas orais.
 Surdo-Mudo: perguntas e respostas por escrito.
 Surdo-Mudo e analfabeto: nomeação de intérprete que, via de regra, será ―Ad Hoc‖, ou
seja, alguma pessoa próxima que consiga se comunicar com a testemunha.

5.9. Últimas Observações:


A) Em conformidade com o Art. 215 do CPP, “na redação do depoimento, o juiz deverá
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as
suas frases”.
B) De Acordo com o Art. 216 do CPP, “o depoimento da testemunha será reduzido a termo,
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo,
pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos”. Aqui, nessa parte final do
dispositivo, temos mais um típico exemplo de testemunha instrumentária.

6. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E DE COISAS


6.1. Conceito
Segundo prescreve Aury Lopes Júnior “O reconhecimento é um ato através do qual alguém é
levado a analisar alguma pessoa ou coisa e, recordando o que havia percebido em um determinado
contexto, compara as duas experiências”.
6.2. Procedimento
O roteiro formal de como deve ser feito o reconhecimento de pessoas está previsto no Art. 226
do CPP, in verbis:
CPP - Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á
pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser
reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que
com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a
apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de
intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

Assim, extrai-se do dispositivo acima mencionado que o passa a passo para o reconhecimento
de pessoa é o seguinte:
1º Passo: o reconhecedor é convidado a fazer a descrição da pessoa que deva ser
reconhecida;
2º Passo: a pessoa a ser reconhecida será colocada, se possível, ao lado de outras que com
ela tiverem qualquer semelhança;
3º Passo: o reconhecedor é convidado a apontar a pessoa a ser reconhecida;
4º Passo: se houver receio, a autoridade providenciará para que o reconhecedor não veja a
pessoa a ser reconhecida; e

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5º Passo: lavratura de auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pelo reconhecedor e


por duas testemunhas presenciais
Por se tratar de uma prova intimamente dependente de (pre)conceitos oriundos da mente
humana, o legislador, ao elaborar em nosso Código de Processo Penal, buscou afastar ao máximo a
possibilidade de ocorrer eventual equívoco na indicação da pessoa a ser reconhecida (geralmente o
suspeito). Nesse sentido, fez constar expressa referência de que “a pessoa que tiver de fazer o
reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida” (Art. 226, I, do
CPP).
Além disso, o protocolo legal reservado à formação do elemento de informação/prova ora
analisado(a) prevê a lei a colocação de pessoas semelhantes perfiladas ao principal suspeito (Art. 226,
II, do CPP), no momento do reconhecimento, previsão essa que busca, evidentemente, evitar a
indução do reconhecedor a atrair-se pela figura da pessoa que seja mais conformada às suas linhas
mentais.
De acordo com o Parágrafo Único do Art. 226 do CPP, o disposto no III deste artigo não terá
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento. Intuitiva é a redação do
dispositivo, dispensa maiores explicações. Simplesmente, define que na fase processual (instrução
processual penal ou plenário do júri) o reconhecimento tem de ser feito sem qualquer tipo
de separação entre o reconhecedor e o reconhecido, ou seja, a indicação tem que ser feita de forma
presencial. Alguns doutrinadores, a exemplo de Guilherme de Souze Nucci, criticam esse dispositivo, ao
argumento de que não é ele razoável, tendo em vista vedar a incidência de uma norma do
procedimento que muitas vezes é importantíssima para garantir que a pessoa a fazer o reconhecimento
diga a verdade, bem como e, principalmente, para salvaguardar sua segurança.
Por fim, é importante destacar que “as disposições insculpidas no Art. 226 do CPP configuram
uma recomendação legal, e não uma exigência, cuja inobservância não enseja a nulidade do ato”
(nesse sentido, STJ - RHC 94292/2018 – 5ª Turma, AgRg no AREsp 653364/2018 – 5ª Turma
e AgRg no AREsp 1039864/2018 - 6ª Turma). Isso tanto no que se refere ao reconhecimento de
pessoas, como de coisas. Ex.: reconhecimento pessoal isolado não anula o ato, já que a presença de
outras pessoas junto ao réu é mera recomendação (STJ - RHC 61862/2107 – 5ª Turma).
Recentemente, no entanto, a 6ª Turma do STJ mudou de entendimento no julgamento, passando a
entender que o procedimento do Art. 226 do CPP não pode ser tratado como mera recomendação legal
(HC 598886, julgado em 27/10/2020), em que se considerou ilícita a prova obtida a partir de
reconhecimento fotográfico que não seguiu o mencionado procedimento legal.

6.3. Reconhecimento em Separado


Igual ao que ocorre com a inquirição de testemunhas e interrogatório de
investigados/Acusados, se houver mais de uma pessoa a fazer o reconhecimento cada um ao fará, de
per si, ou seja, individualmente. Nesse sentido, Art. 228 do CPP, litteris:
CPP - Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.

6.4. Reconhecimento Fotográfico


O reconhecimento fotográfico não está previsto, expressamente, no CPP, apesar de muitos
juízes estarem admitindo-o como meio de prova válido. Assim como o reconhecimento fotográfico,
também está sendo aceito o reconhecimento por filme, vídeo, gravação sonora ou até pela voz, mas,
como dito, estas formas de reconhecimento não estão previstas expressamente no CPP, de modo que
são consideradas provas inominadas/atípicas, válidas por conta do princípio da liberdade probatória,
cujo limite é apenas as chamadas ―provas ilícitas‖. Isso ocorre porque se entende que o procedimento
previsto no Art. 226 do CPP trata-se de mera recomendação legal.
E assim como todo e qualquer meio de prova o reconhecimento, inclusive fotográfico, têm
valor probatório relativo. Nesse sentido, “o reconhecimento fotográfico somente deve ser considerado
como forma idônea de prova, quando acompanhada de outros elementos aptos a caracterizar a autoria
do delito”. No mesmo sentido:
EMENTA: Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Extorsão mediante sequestro e roubo majorado pelo
emprego de arma de fogo e concurso de agentes. Condenação. Fixação do regime inicial fechado. 3.
Reconhecimento fotográfico no âmbito do inquérito corroborado por outras provas dos
autos. Possibilidade. 4. Elementos do tipo “extorsão mediante sequestro” devidamente configurados. 5.
Provas demonstram emprego de arma de fogo e concurso de pessoas. 6. Fixação da pena-base acima do
mínimo legal. Circunstâncias judiciais desfavoráveis. Ausência de ilegalidade. 7. Mantida a condenação,
não há que se falar em alteração do regime prisional. 8. Recurso ordinário a que se nega provimento (STF
– RHC 117980, Relator Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 03/06/2014).

Desse modo, a jurisprudência dos Tribunais Superiores é pacífica no sentido de reconhecer


a validade do reconhecimento fotográfico. Nesse sentido, STF – HC 157007/2020 – 1ª Turma e RHC

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117980/2014 – 2ª Turma; e STJ RHC 131400/2020 – 5ª Turma e AgRg no AREsp


1648540/2020 – 6ª Turma.
Todavia, a 6ª Turma do STJ, no julgamento do HC 598886, em 27/10/2020, entendeu
não ser ilícita a prova obtida a partir de reconhecimento fotográfico que não seguiu o procedimento
legal do Art. 226 do CPP. Ou seja, para a 6ª Turma do STJ até é possível o reconhecimento fotográfico,
mas desde que seguindo o procedimento do Art. 226 do CPP, o qual para a mencionada Turma da
passou, a partir de então, a ser considerado uma obrigação, e não mera recomendação legal, abrindo
divergência em relação ao entendimento da 5ª Turma do mesmo Tribunal e do STF.

6.5. Comparecimento do Investigado/Acusado para Reconhecimento


Partindo da premissa de que esse meio de prova não exige comportamento ativo por parte do
investigado/réu, a Jurisprudência consolidou-se no sentido de que ele não pode invocar o princípio do
“nemo tenetur se detegere” para a não participação no reconhecimento pessoal. Nesse sentido,
vejamos:
EMENTA: “Recurso em sentido estrito, impugnando sentença de pronúncia. Prática do crime previsto no
art. 121, § 2º, incs. I e IV, do Código Penal. Questões preliminares rejeitadas. Inocorrência de
cerceamento de defesa. Reconhecimento pessoal é meio de prova, não devendo ser estendida a
regra do nemo tenetur se detegere. Ausência de violação dos princípios do devido processo legal,
contraditório e ampla defesa. (...). Havendo dúvida, nesta fase processual, impera o princípio in dubio pro
societatis, devendo o réu ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri Questões que deverão ser
examinadas pelo Conselho de Sentença. Manutenção da sentença de pronúncia. Manutenção da custódia
cautelar. Recurso ao qual se nega provimento” (STF - ARE 987587 / SP, Relator(a): Ministra
Carmem Lucia, Julgamento: 09/08/2016).

EMENTA: RESP. PROCESSUAL PENAL. ATOS PROCESSUAIS. PRESENÇA DO ACUSADO. 1. O


comparecimento do réu aos atos processuais, em princípio, é um direito e não um dever, sem embargo da
possibilidade de sua condução coercitiva, caso necessário, por exemplo, para audiência de
reconhecimento. Nem mesmo ao interrogatório estará obrigado a comparecer, mesmo porque as
respostas às perguntas formuladas fica ao seu alvedrio. 2. Já a presença do defensor à audiência de
instrução é necessária e obrigatória, seja defensor constituído, defensor público, dativo ou nomeado para
o ato. 3. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp 346677 / RJ, Relator(a): Ministro FERNANDO
GONÇALVES, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 10/09/2002).

Como se vê, no que diz respeito ao reconhecimento de pessoas, entende-se que dele o
investigado/acusado é obrigado a participar, pois se trata de ―prova não invasiva‖, exigindo-se dele
apenas uma comportamento passivo, mesmo raciocínio que é utilizado no caso da realização de
exames por meio de mera inspeção corporal, como no caso do exame clínico para a comprovação de
estado de embriaguez. Diferente do que ocorre com as chamadas ―provas invasivas‖, as quais não
podem ser produzidas contra a vontade do indiciado/réu, como por exemplo, a extração de sangue,
saliva, cabelos etc, para a realização de exames periciais.
Cuidado: se esses materiais foram produzidos pelo investigado/acusado voluntária ou
involuntariamente, pode-se fazer a apreensão deles para a produção de prova, o que não pode ocorrer
é a extração forçada do corpo humano. Nesse sentido, o STF decidiu, na RCL-QO 2.040, que seria
plenamente possível à coleta do material descartado pelo hospital, no caso concreto, uma placenta,
para a realização do exame de DNA.
De acordo com Renato Brasileiro de Lima, ―provas invasivas‖ são intervenções corporais que
pressupõe penetração no organismo humano, por instrumentos ou substancias, em cavidades naturais
ou não, implicando na utilização (ou extração) de alguma parte dele ou na invasão física do corpo
humano, tais como os exames de sangue, o exame ginecológico, a identificação dentária, a endoscopia
(usada para localização de drogas no corpo humano), o exame do reto, dentre outros. Por sua vez, as
―provas não invasivas‖ compreendem em simples inspeção corporal, de modo que não há qualquer
retirada ou penetração direta no corpo humano, sendo possível, portanto, a produção desse tipo de
prova independente da vontade do investigado/acusado.
No tocante a realização do exame de raio-X, de fundamental importância para verificação de
drogas no organismo, o STJ concluiu que se tratava de prova não invasiva, sendo, inclusive,
imprescindível para salvaguardar a própria vida da pessoa que está transportando entorpecentes.

6.6. Reconhecimento de Coisas


No termos do Art. 227 do CPP no reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas
estabelecidas no artigo 226, no que for aplicável, ou seja:
1º) O reconhecedor será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
2º) A coisa pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de
outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento
a apontá-la; e

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3º) Do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Enfim, no reconhecimento de objetos só não se aplica o inciso III do Art. 227 do CPP,
segundo o qual se houver razão para recear o reconhecedor, por efeito de intimidação ou outra
influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
providenciará para que esta não veja aquela.

7. ACAREAÇÃO
7.1. Conceito
A acareação, que tanto pode ser realizada na fase investigativa, como na fase processual,
consiste numa confrontação entre duas ou mais pessoas, cujos depoimentos foram conflitantes em
pontos nodais/essenciais, a fim de que, frente à autoridade competente, esclareçam as divergências
apresentadas.
De uma forma ainda mais simples, acareação é o ato de colocar frente à frente (vis-à-vis)
pessoas (chamadas acareadas) que prestaram seus depoimentos de forma divergente sobre fatos ou
circunstâncias relevantes, a fim de que, frente à autoridade competente, esclareçam as divergências
apresentadas anteriormente, em busca da apuração da verdade real e harmonia probatória.
7.2. Pressupostos
A doutrina enumera os seguintes pressupostos como condições para que a acareação seja
realizada, a saber:
1º) Que ocorra entre depoimentos. Assim, somente poderá ser realizada a acareação quando
ocorra divergência entre depoimentos, isto é, entre pessoas físicas, e não entre pessoa e documento ou
pessoa e laudo pericial.
2º) Que as pessoas já tenham prestado suas declarações. Pressuposto óbvio, pois não se
poderia acarear pessoas ainda não ouvidas anteriormente. Nesse sentido, “O momento oportuno para a
acareação se dá depois da colheita de toda a prova oral” (STF, AP. 470 Q.05/MG, Relator: Ministro
Joaquim Barbosa, Julgamento: 08/04/2010).
3º) Que haja divergência nas declarações sobre fato ou circunstâncias relevantes. Ou seja, as
declarações dos depoentes devem ser contraditórias, discordantes, discrepantes e sobre fato ou
circunstâncias relevantes, que realmente interessam ao processo, sem a qual, não se pode chegar à
verdade. Assim, fatos ou circunstâncias secundárias (como, por exemplo, se chovia ou fazia sol, se
estava frio ou quente no dia, se a pessoa estava asseada ou não etc) não são suficientes, por si só, a
permitir a acareação.
Sobre esse pressuposto, Renato Brasileiro de Lima adverte que ―deve haver divergência sobre
ponto relevante no relato dessas pessoas, ou seja, é necessário que existam contradições ou versões
discrepantes sobre os fatos que realmente interessa ao deslinde do processo‖.
4º) Que não se possa chegar à verdade pelas demais provas produzidas nos autos. É dizer, a
confrontação deve ser o único meio para se obter a verdade, de modo que havendo outro meio,
desnecessária é a realização desse meio de prova.
5º) Que os depoimentos tenham sido prestados no mesmo processo/procedimento. Assim, no
caso de divergência pessoal ocorridos em processos diversos não será procedida a acareação (como,
por exemplo, em um crime de roubo majorado pelo concurso de pessoas e corrupção de menores, que
tramitou, para o maior, no Juízo Criminal e, para o adolescente, no Juízo da Infância e da Juventude).
Dessa forma, mesmo existindo divergência nos depoimentos colhidos nos processos diversos, não é
possível a realização da acareação. Em suma, os depoimentos devem ter sido prestados no mesmo
processo ou procedimento administrativo (inquérito policial).

7.3. Sujeitos
De acordo com o Art. 229 do CPP “a acareação será admitida entre acusados, entre acusado e
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas
ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes”.
Abaixo, segue uma tabela-resumo, com todas as possibilidades de acareações, no que se refere
aos acareados:
Acusado x Acusado
Acusado x Testemunha
Acusado x Ofendido
Testemunha x Testemunha
Testemunha x Ofendido
Ofendido x Ofendido

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Assim, ao contrário do que muitas vezes se pensa no senso comum (de que a acareação só
teria vez em caso de divergência entre depoimentos de testemunhas), ele tem lugar entre acusados;
entre acusado e testemunha; entre testemunhas; entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida
(vítima); e entre as pessoas ofendidas (vítimas), toda vez que divergirem, em suas oitivas (sentido
amplo), sobre fatos ou circunstâncias relevantes para o deslinde da investigação policial ou da ação
penal.
Importante destacar, por fim, que, em se tratando de investigado/acusado, não é ele obrigado
a participar do ato, em razão do princípio do “neno tenetur se detegere” (não autoincriminação). Nesse
sentido, leciona Fernando Tourinho Filho: “o indiciado ou réu não é obrigado a participar da acareação.
Se ele tem até o direito ao silêncio, com muito mais razão o de opor-se a uma acareação que lhe
poderá ser prejudicial”.

7.4. Procedimento
O procedimento da acareação é simples: Comparecendo no local determinado, os acareados
serão colocadas um em frente ao outro, ocasião em que serão reperguntados, para que “expliquem os
pontos de divergências”, reduzindo-se a termo o ato de acareação‖, nos termos do Parágrafo Único do
Art. 229 do CPP.
Após isso, conforme Renato Brasileiro de Lima ―os acareados poderão confirmar as declarações
anteriormente prestadas, o que geralmente acontece, ou modifica-las. Então, o ato de acareação é
reproduzido em um tempo onde ficam consignadas as perguntas feitas a cada um dos acareados e suas
respectivas respostas, auto este a ser subscrito pelo escrivão, e assinado por todos‖.

7.5. Acareação por Precatória (ou Indireta)


Caso de alguma testemunha esteja ausente e suas declarações sejam divergentes,
primeiramente será notificada a pessoa acareada que esteja presente para que preste suas
declarações. Na hipótese de persistir a divergência, será expedida carta precatória, a fim de que a
pessoa residente em outra comarca (ausente) preste suas declarações. Nesta carta precatória
constarão as declarações de ambas as pessoas acareadas e os pontos divergentes. Nesse diapasão
dispõe o Art. 230 do CPP:
CPP - Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja
presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou
observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a
testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em
que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a
testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se
realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

Sobre o assunto, veja-se, a propósito, a lição de Edilson Mougenot Bonfim: ―Quando ausente
um dos acareados, pode-se proceder à ―acareação indireta‖, que a rigor não constitui acareação, já que
não haverá confrontação entre os acareados. Nessa modalidade, ao acareado presente será relatado o
que houver de divergente entre seu relato e o do acareado ausente, consignando-se nos autos a sua
explicação ou observação. Subsistindo a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar em
que resida o acareado ausente, se se situar este em local conhecido, a fim de que seja ouvido, pela
mesma forma estabelecida para o que se fazia presente. Na precatória deverão ser transcritas as
declarações de ambos os acareados, nos pontos em que divergirem, bem como a resposta do acareado
presente‖.
Por fim, com o advento da Lei nº 11.900/2009, tornou-se possível ao magistrado determinar
a oitiva do acareado ausente por meio de videoconferência, conforme aplicação análoga do Art. 185, §
8o, do CPP.

8. BUSCA E APREENSÃO
De acordo com o Art. 240 do CPP a busca poderá ser domiciliar ou pessoal. Passemos,
pois, a analisá-las, separadamente.
8.1. Busca domiciliar
8.1.1. Conceito: trata-se de meio de obtenção de prova, com natureza cautelar, destinada a
impedir o desaparecimento de coisas e pessoas (Art. 240 do CPP).
De outra forma, é medida de caráter excepcional, autorizada pelo Judiciário, que permite a
Polícia ingressar no domicílio alheio, durante o dia, quando houver fundadas razões, para prender
criminosos ou apreender objetos, instrumentos, armas, munições, papeis ou quaisquer outras coisas
relacionadas a práticas ilícitas, a fim de servirem como elementos probatórios. Nesse sentido, vejamos
o que dispõe o Art. 240, §1º, do CPP:

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Direito Processual Penal

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CPP - Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.


§1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita
de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.

Obs.: Lógico que se for a própria autoridade judiciária que proceder à busca, não há necessidade da
expedição de mandado. Nesse diapasão, assim estabelece o Art. 241 do CPP: “Quando a própria
autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida
da expedição de mandado”. Imperioso destacar que, na parte em que permite a busca por autoridade
policial sem expedição de mandado, o disposto em tela não foi recepcionado pela CF/88, pois, de
acordo com seu Art. 5º, XI, a busca domiciliar que, como se sabe, só pode ser realizada durante o dia,
somente pode ser determinada por autoridade judicial:
CF/88 - “Art. 5º, XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial”.

Imperioso mencionar que, no caso de flagrante delito, em que se pode ingressar no domicílio
alheio a qualquer hora, tanto pode ser flagrante de crime, como de contravenção penal.

8.1.2. Definições de “dia” e de “casa”


No que se refere à expressão dia, há duas correntes doutrinárias. Para a primeira, é o período
compreendido entre o nascer (crepúsculo) e o pôr do sol (aurora). Para a segunda corrente, é o período
compreendido entre as 6h às 18h, parecendo ser essa a corrente que prevalece, por se tratar de um
critério mais seguro, especialmente considerando que o Brasil é um País de dimensões continentais.
O conceito de casa, por sua, é previsto no ordenamento jurídico brasileiro, no Art. 150, §4º,
do Código Penal (CP), que assim dispõe:
CP - Art. 150. (...)
§4º A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

Em consonância com o que estabelece o Art. 5º, XI, da CF/88, e Art. 150, §4º, do CP, preconiza
o Art. 246 do CPP, o seguinte: “Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de
proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em
compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade”. Ou seja, só se
pode ingressar no domicílio alheio com ordem judicial, durante o dia e quando houver fundadas razões,
para prender criminosos ou apreender objetos, instrumentos, armas, munições, papeis ou quaisquer
outras coisas relacionadas a práticas ilícitas.
Obs.: Nem mesmo os agentes da administração tributária podem ingressar no domicílio alheio sem
ordem judicial, inclusive escritório profissional, pois se trata de casa – compartimento não aberto ao
público onde alguém exerce profissão oi atividade (STF - RHC 90376 e RE 331303).
Questão 1: Busca e apreensão em escritório de advocacia? Depende de autorização do juiz,
expedindo-se mandado de busca e apreensão especifico e priorizando a ser cumprido na presença do
representante da OAB. É vedada a utilização de objetos ou documentos apreendidos pertencentes a
clientes do advogado, salvo se esses clientes também forem alvos de investigação. No que se refere à
presença de representante da OAB, se esta for intimada e não comparecer nenhum representante, a
diligência pode ser realizada, sem que isso acarrete qualquer ilicitude nas provas eventualmente
colhidas.
Questão 2: A casa precisa estar ocupada? Como se tutela o direito de intimidade, pouco importa
que a casa esteja ou não ocupada, pois a exigência é que nela resida alguém. Por outro lado, se a casa
estiver abandonada (leia-se, sem morar ninguém) não está amparada pelo direito a intimidade e, logo,
eventual busca independerá de ordem judicial.
Questão 3: Órgão público é casa? Em relação à parte aberta ao público não é casa, porém o
gabinete de um servidor, por exemplo, se enquadra no conceito de casa, pois é local não aberto ao

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público onde alguém exerce profissão ou atividade, logo, nesse espaço só se pode ingressar nas
hipóteses constitucionalmente autorizadas, é dizer, com consentimento do morador, em caso de
flagrante delito, desastre, para prestar socorro, ou durante o dia com ordem judicial.

8.1.3. Cuidados durante o cumprimento do mandado de busca domiciliar


De posse do mandado de busca e apreensão, o(s) responsável(eis) por seu cumprimento tem
que ter uma série de cuidados, sob pena inclusive de incorrerem em abuso de autoridade, senão
vejamos:
1) Só pode ser cumprido o mandado durante o dia, salvo se o morador consentir que a busca
se realize a noite;
2) Antes de entrar no domicílio, os executores do mandado o mostrarão e o lerão ao morador,
intimando-o a abrir a porta;
3) Somente em caso de desobediência, a porta será arrombada e forçada a entrada;
4) Também será permitido o uso da força contra coisas no interior da casa, para o
descobrimento do que se procura, quando houver recalcitrância do morador;
5) Se o morador não estiver presente, também poderá ser arrombada a porta e usada a força
contra coisas no interior do imóvel, caso em que deverá ser intimado a assistir a diligência qualquer
vizinho (testemunha instrumentária ou fedatária), se houver e estiver presente;
6) Descoberta a pessoa ou a coisa que se procura, será ela imediatamente apreendida e posta
sob custódia de quem tiver dando cumprimento ao mandado de busca domiciliar;
7) Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas
testemunhas presenciais (mais um exemplo de testemunhas instrumentárias ou fedatárias);
8) Quem sofre a busca tem o direito de saber o(s) motivo(s) da diligência, quando não for
encontrada a(s) pessoa(s) ou coisa(s) que se procura(m); e
9) A busca não pode molestar os moradores mais do que o indispensável para o êxito da
diligência.
Todos esses cuidados estão previstos expressamente no CPP, Arts. 245, 247 e 248, cuja
leitura é recomendável.
É importante mencionar, ainda, que a Jurisprudência pátria, mesmo se sabendo que as
polícias judiciárias são as Polícia Civis e a Polícia Federal, firmou-se no sentido de que não invalida a
prova o fato de o cumprimento do mandado de busca e apreensão ser efetivado pela Polícia Militar,
senão vejamos:
EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Necessidade de exame prévio de eventual ofensa à lei
ordinária. Ofensa meramente reflexa ou indireta à Constituição Federal Carregando... Não conhecimento parcial
do recurso. Precedente. Se, para provar contrariedade à Constituição Carregando... da República, se deva, antes,
demonstrar ofensa à lei ordinária, então é esta que conta para efeito de juízo de admissibilidade do recurso
extraordinário. 2. AÇÃO PENAL. Prova. Mandado de busca e apreensão. Cumprimento pela Polícia
Militar. Licitude. Providência de caráter cautelar emergencial. Diligência abrangida na competência da
atividade de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Recurso extraordinário improvido.
Inteligência do Art. 144,§§ 4º e 5º da CF. Não constitui prova ilícita a que resulte do cumprimento de
mandado de busca e apreensão emergencial pela polícia militar. (STF – RE 404593/ES, Relator: Min.
CEZAR PELUSO, Julgamento: 18/08/2009, Órgão Julgador: Segunda Turma).

8.1.4. Iniciativa para a decretação da busca domiciliar

Como já se sabe a busca domiciliar só pode ser decretada pela autoridade judiciária que pode
o fazer de ofício ou por iniciativa das partes. Nesse sentido, reza o Art. 242 do CPP: “A busca poderá
ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes”.
Importante destacar que o requerimento das partes para busca domiciliar pode ser indeferido
pelo juiz, pois se trata de ato que está dentro da esfera de discricionariedade do magistrado, mesmo
porque, como já enfatizado, essa medida cautelar só pode ser autorizada quando houver fundadas
razões, para prender criminosos ou apreender objetos, instrumentos, armas, munições, papeis ou
quaisquer outras coisas relacionadas a práticas ilícitas.

8.1.5. Conteúdo do mandado de busca domiciliar


De clareza solar e fácil entendimento é o disposto no Art. 243 do CPP, o qual estabelece o
conteúdo do mandado de busca domiciliar, ipsis litteris:
CPP - Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do
respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de
sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

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§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.


§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando
constituir elemento do corpo de delito.

Como se ver, a intepretação do Art. 243, inciso I, permite concluir que pode haver também
mandado para busca pessoal, mesmo porque, como se verá adiante, esta só independerá de mandado
quando houver fundada suspeita de que a pessoa oculte consigo armas, objetos, instrumentos, papeis
ou quaisquer outras coisas que constituam corpo de delito.
O §1º do Art. 243 do CPP permite-nos concluir que pode existir uma mandado unificado,
contendo a ordem de busca domiciliar e, ao mesmo tempo, de prisão, porém, na prática forense, os
magistrados têm optado por expedir mandados separados, inclusive prevalece o entendimento de que
apenas o mandado de prisão não autoriza a busca domiciliar, mas tão somente a busca pessoal.

8.1.6. Apreensão de objetos em outra comarca


Igual ao que ocorre com a prisão, é perfeitamente possível ocorrer a apreensão de objetos
(coisas) em outra comarca no caso de haver perseguição das autoridades locais e/ou seus agentes que
se entende por mais de uma comarca. Nesse diapasão, preconiza o Art. 250 do CPP, in verbis:
CPP - Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda
que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a
urgência desta.
§1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora
depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias
indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
encalço.
§2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que,
nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a
diligência.

8.2 Busca pessoal


8.2.1. Conceito: É medida de constrição individual que independe de mandado judicial e terá
cabimento no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida, coisas achadas ou obtidas por meios criminosos, instrumentos de falsificação ou quaisquer
outras coisas ou objetos relacionados a práticas delitivas. Nesse sentido, dispões o Art. 240, §2º, do
CPP: “Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo
arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior”.
No mesmo diapasão, Rogério Sanches aponta que “a busca pessoal, ou revista pessoal,
realizada no corpo da pessoa, tem por objetivo encontrar alguma arma ou objeto relacionado com a
infração penal”.
No contexto da busca pessoal, insere-se a revista a veículos em geral, pastas, mochilas, malas,
lanchas etc. no caso de veículos ter apenas cuidado com o caso em que o automóvel é usado como
moradia, porque se enquadra no conceito de casa, e, portanto, só se pode ingressar nele nas hipótese
constitucionalmente autorizadas (Art. 5º, XI, CF/88), como por exemplo, trailer, barco e boleia de
caminhão, quando efetivamente usados como residência, ainda que de forma temporária. Fora isso, a
busca em veículo pode ser procedida independente de ordem judicial, nos mesmos moldes da buscas
pessoal, ou seja, em caso de fundada suspeita (STF – RHC 117767).

8.2.2. Tipos
A busca pessoal é dividida por razoes:
A) De segurança – é aquela feita em estádios, boates, casa de shows, eventos públicos ou particulares
etc, visando a segurança de seus participantes. Na verdade, trata-se de uma relação contratual tácita,
em que a pessoa, para ter acesso ao local, tem que ceder e ser submetido à revista pessoal, caso
contrário não terá acesso ao recinto. Obviamente, deve ser procedida de modo a molestar o mínimo
possível as pessoas revistadas.
B) Busca penal – quando houver fundada suspeita de posse de arma ou de objetos de interesse
criminal, nos termos do Art. 240, §2º, do CPP
Importante: em virtude do caráter lesivo a direitos individuais, a fundada suspeita não pode estar
amparada em aspectos exclusivamente subjetivos, exigindo limites concretos que indiquem a
necessidade da revista. (STF - HC 81305).

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EMENTA: HABEAS CORPUS. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA LAVRADO CONTRA O


PACIENTE. RECUSA A SER SUBMETIDO A BUSCA PESSOAL. JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL
RECONHECIDA POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. Competência do STF para o feito já
reconhecida por esta Turma no HC n.º 78.317. Termo que, sob pena de excesso de formalismo, não
se pode ter por nulo por não registrar as declarações do paciente, nem conter sua assinatura,
requisitos não exigidos em lei. A "fundada suspeita", prevista no art. 244 do CPP, não pode
fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que
indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no
caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava,
o paciente, um "blusão" suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas
arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder. Habeas
corpus deferido para determinar-se o arquivamento do Termo. (STF – HC 81305/GO, Relator(a):
Ministro: Ilmar Galvão, Órgão Julgador: 1ª Turma, Julgamento: 13/11/2001).

Obs.: Documentos em poder de advogado não podem ser apreendidos, salvo quando o documento for
o próprio corpo de delito ou quando ele (advogado) for participe ou coautor do crime.

8.2.3. Busca pessoal em mulheres:


No caso de busca pessoal em mulheres, o artigo 249 do Código de Processo Penal dita que “a
busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência”.
Assim, se houver fundada suspeita, e não havendo policiais mulheres, uma mulher poderá ser
revistada por policiais do sexo masculino, desde que não ocorram abusos, tudo com o devido respeito e
discrição por parte do policial. Na ocorrência de abusos por parte do policial, e se ele agir sem respaldo
legal poderá seu ato ser considerado abusivo, sendo caracterizado crime de abuso de autoridade,
previsto na Lei 4.898/65.

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E AMBIENTAL (LEI Nº 9.296/96)

1. REGULAMENTAÇÃO E REQUISITOS CONSTITUCIONAIS


Inicialmente, é importante destacar que a matéria é tratada na CF/88, em que se estabelece o
sigilo das comunicações telefônicas, porém, como todo direito fundamental, ele também não é
absoluto, havendo, excepcionalmente, a possibilidade de sua quebra, senão vejamos:
CF/88 – Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Cuidado que, numa interpretação meramente literal, poder-se-ia chegar à equivocada


conclusão de que os sigilos da correspondência e das comunicações telegráficas e de dados seriam
absolutos, não admitindo qualquer possibilidade de violação, porém, esse não é o entendimento
adequado, até porque é cediço que não existe direito fundamental absoluto. Na verdade, o que o
constituinte fez no dispositivo em análise foi apenas estabelecer critérios mais rigorosos para o
afastamento do sigilo das comunicações telefônicas, já estabelecendo o texto constitucional condições e
requisitos mínimos.
Bom, de acordo com nossa Lei Maior, o sigilo das comunicações telefônicas pode ser afastado,
mas desde que:
 Haja lei limitando a forma e as hipóteses;
 Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; e
 Mediante ordem judicial.
Em relação ao primeiro requisito constitucional acima referido, LEI LIMITANDO A FORMA E
AS HIPÓTESES, a disciplina legal sobre o afastamento do sigilo das comunicações telefônicas foi dada
pela Lei nº 9.296/96, que regulamentou o Art. 5º, XII, da CF/88, lei esta que assim dispõe, em seu Art.
1º:
Lei nº 9.296/96 - Art. 1º - A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para
prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática.

No que se refere ao segundo requisito constitucional acima destacado, temos a finalidade


da interceptação telefônica, ou seja, ela só pode ser determinada “PARA FINS DE INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL OU INSTRUÇÃO PROCESSO PENAL”. Destaca-se, por oportuno, que o juiz pode autorizar
interceptação telefônica, mesmo antes da instauração formal de Inquérito Policial (IP), pois tanto a

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CF/88, como a Lei nº 9.296/96 utilizam a expressão “investigação criminal”, a qual pode existir
mesmo antes de IP formalmente instaurado. Basta lembra que, no caso de denúncia anônima ou
apócrifa, não se pode desde logo instaurar IP, mas se inicia a investigação por meio da chamada
Verificação de Procedência das Informações ou Investigação Preliminar, no curso da qual é
perfeitamente possível ser determinado o afastamento do sigilo das comunicações telefônicas. Nesse
sentido, STF – HC 133148/2017 – 2ª Turma, RHC 126420/2017 – 2ª Turma e HC
120234/2014 AgR – 1ª Turma; e STJ - RHC 94089/2018 – 5ª Turma, HC 443331/2018 – 6ª
Turma e HC 225484/2016 – 6ª Turma.
Porém, apesar de só poder ser determinado o afastamento do sigilo das comunicações
telefônicas no curso de uma investigação criminal ou instrução processual penal, uma prova decorrente
de uma interceptação legalmente autorizada nesses moldes pode ser utilizada, a título de prova
emprestada, em processo não criminais, como por exemplo, processo civil, trabalhista e até mesmo e
processo administrativo disciplinar para demissão de funcionário público, inclusive contra as pessoas
que não figuravam na investigação criminal ou no processo penal. Pode também ser utilizada como
prova emprestada em caso de quebra de decoro parlamentar contra membros do legislativo. O que não
pode ocorrer jamais, repita-se, é ser procedida a interceptação telefônica dentro de um processo
administrativo, civil ou outro de qualquer natureza, que não seja penal. Nesse sentido, STF – RMS
28774/2016 – 1ª Turma e Inq. 2424/2007 QO – Tribunal Pleno, e STJ – REsp 1698909/2018
– 2ª Turma, AgInt no REsp 1645255/2017 – 2ª Turma e Súmula 591 - É permitida a prova
emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo
competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
No que tange ao terceiro requisito constitucional adrede citado, MEDIANTE ORDEM
JUDCIAL, a CF/88 fala em “ordem judicial”, mas a Lei nº 9.296/96 fala em “ordem do juiz competente
da ação principal”, que nada mais do que o juiz competente para o processo e julgamento da eventual
ação penal, logo não é qualquer juiz, mas somente aquele competente para julgar a futura ação penal.
Ex.: somente Ministro do STF pode autorizar interceptação telefônica de um Deputado Federal ou
Senador, só o STJ pode deferir interceptação telefônica em desfavor de um Governador, só Tribunal de
Justiça, Tribunal Regional Federal ou Tribunal Regional Eleitoral pode determinar interceptação
telefônica contra um Prefeito etc. Com o advento da Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), a
competência para decidir sobre requerimento de interceptação telefônica, passou a ser do Juiz das
Garantias, conforme Art. 3º-B, XI, ―a‖, do CPP, porém os dispositivos relacionados a esse Juiz estão
suspensos, por tempo indeterminado, por meio de decisão liminar do Ministro do STF Luiz Fux nos
autos das ADIs nº 6.298, 6.299, 6.300 e 6305.
Cuidado: quando houver modificação de competência, a interceptação autorizada pelo juiz anterior
é válida no novo juízo, com base na chamada ―teoria do juízo aparente‖, ou seja, quando se trata de
medidas cautelares, analisa-se o juízo competente com base nos dados até então existentes, logo, se
depois se alteram esses dados e modifica-se a competência, a provas obtidas serão válidas. Ex.: juiz
estadual autoriza interceptação para investigar um tráfico de drogas doméstico, depois se descobre que
o tráfico é transnacional, havendo o deslocamento da competência para Justiça Federal, onde então as
provas produzidas a partir da interceptação telefônica deferida pelo juízo estadual serão válidas. Nesse
sentido, STF – HC 137438/2017 AgR – 1ª Turma, HC 110496/2013 – 2ª Turma e HC
81260/2001 – Tribunal Pleno; e STJ - RHC 101255/2020 – 5ª Turma, RHC 108730/2019 – 5ª
Turma, Rcl 31629/2017 – Corte Especial e HC 367956 /2016 – 6ª Turma.
Outra questão: Quando o crime se estende por várias localidades, o juiz competente para decretar a
interceptação é aquele que primeiro tomar conhecimento do fato, com base no critério da prevenção.
Portanto, o juiz que decretar a interceptação torna-se prevento para processar e julgar a futura ação
penal. Assim, se por exemplo, a interceptação telefônica for autorizada pela juízo da cidade ―A‖ e
eventual prisão em flagrante ocorrer na cidade ―B‖, o juiz competente será o da cidade ―A‖, pois a
interceptação o tornou prevento. Nesse sentido, STF – HC 96453/2008 – 2ª Turma e HC
81134/2007 – 1ª Turma; e STJ - HC 439046/2020 – 5ª Turma, RHC 103684/2019 – 5ª
Turma e RHC 67558/2016 – 6ª Turma.
Mais um detalhe: Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não pode autorizar interceptação
telefônica, pois o Art. 58, §3º da CF/88, fala que as CPIs têm “poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais”, o que não significa poderes idênticos.
CF/88, Art. 58, §3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Assim, nos casos em que a CF/88 expressamente exige ordem judicial (como por exemplo,
interceptação telefônica), o ato está reservado ao Poder Judiciário com exclusividade – é o chamado
“princípio ou cláusula de reserva de jurisdição”.

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Atenção: CPI pode decretar a quebra de sigilo de dados telefônicos, que, como será demonstrado
adiante, é diferente de interceptação telefônica, por não ser ato previsto pela CF/88 como exclusivo do
Judiciário, assim como pode determinar, por autoridade própria, a quebra de sigilo bancário e fiscal.
Vejamos, nesse sentido, Jurisprudência do STF:
EMENTA: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - PODERES DE INVESTIGAÇÃO (CF, ART. 58,
§3º) - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL -
POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS
BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO DELIBERATIVO
- DELIBERAÇÃO DA CPI QUE, SEM FUNDAMENTAÇÃO, ORDENOU MEDIDAS DE RESTRIÇÃO A
DIREITOS - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. (...) OS PODERES DAS COMISSÕES
PARLAMENTARES DE INQUÉRITO, EMBORA AMPLOS, NÃO SÃO ILIMITADOS E NEM ABSOLUTOS. (...)
As Comissões Parlamentares de Inquérito não têm mais poderes do que aqueles que lhes são
outorgados pela Constituição e pelas leis da República. É essencial reconhecer que os poderes das
Comissões Parlamentares de Inquérito - precisamente porque não são absolutos - sofrem as restrições
impostas pela Constituição da República e encontram limite nos direitos fundamentais do cidadão, que
só podem ser afetados nas hipóteses e na forma que a Carta Política estabelecer. Doutrina.
Precedentes. LIMITAÇÕES AOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE
INQUÉRITO. - A Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito
"poderes de investigação próprios das autoridades judiciais" (art. 58, § 3º), claramente delimitou a
natureza de suas atribuições institucionais, restringindo-as, unicamente, ao campo da indagação
probatória, com absoluta exclusão de quaisquer outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente,
na esfera de competência dos magistrados e Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral
de cautela conferido aos juízes, como o poder de decretar a indisponibilidade dos bens pertencentes a
pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A circunstância de os poderes investigatórios de uma CPI
serem essencialmente limitados levou a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal a
advertir que as Comissões Parlamentares de Inquérito não podem formular acusações e nem punir
delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o privilégio contra a auto-
incriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA 196/197, Rel. Min. CELSO DE
MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa,
exceto nas hipóteses de flagrância (RDA 196/195, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel.
Min. PAULO BROSSARD). (...) A QUEBRA DO SIGILO CONSTITUI PODER INERENTE À
COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - O
sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os
dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações
telefônicas) - ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado
no art. 5º, X, da Carta Política - não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às
Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz
natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria
Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As Comissões
Parlamentares de Inquérito, no entanto, para decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a
quebra do sigilo bancário, do sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas
investigadas, devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável
que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob
investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento de ampla investigação
dos fatos determinados que deram causa à instauração do inquérito parlamentar, sem prejuízo de
ulterior controle jurisdicional dos atos em referência (CF, art. 5º, XXXV). - As deliberações de qualquer
Comissão Parlamentar de Inquérito, à semelhança do que também ocorre com as decisões judiciais
(RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica,
pois nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a
decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal. (...) POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO: UM TEMA AINDA PENDENTE DE DEFINIÇÃO PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em
submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização,
por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode
emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente
atribuído o exercício de "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais". A
cláusula constitucional da reserva de jurisdição - que incide sobre determinadas matérias,
como a BUSCA DOMICILIAR (CF, art. 5º, XI), a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (CF, art. 5º,
XII) e a DECRETAÇÃO DA PRISÃO de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância
(CF, art. 5º, LXI) - traduz a noção de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder
Judiciário, não apenas o direito de proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa
de dizer, desde logo, a primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por força e autoridade
do que dispõe a própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por
parte de quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado. Doutrina... (STF - MS 23452 /
RJ, Relator(a): Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Órgão Julgador: Tribunal Pleno,
Julgamento: 16/09/1999).

A propósito, os atos exclusivos do Judiciário, ao quais estão dentro da chamada ―cláusula de


reserva de jurisdição‖, previstos na Carta Magna, são os seguintes:
 Prisão, exceto em flagrante delito;
 Busca domiciliar, salvo nas exceções previstas na CF/88; e
 Afastamento do sigilo de comunicações telefônicas.

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Direito Processual Penal

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2. DIREITO INTERTEMPORAL E LEI N 9.296/96


Da entrada em vigor da CF/88, em 05/10/1988, até o advento da Lei nº 9.296/96, em
24/07/1996, as interceptações de comunicações telefônicas eram autorizadas, no Brasil, com base no
Código Brasileiro de Telecomunicações - CBT (Lei nº 4.117/62 - Art. 57, inciso II, ―e‖). Pergunta-se,
então, as interceptações telefônicas deferidas nesse período são válidas? De acordo com o STF NÃO,
pois o inciso XII do Art. 5º da CF/88, ao exigir lei regulamentando a matéria, está a se referir a uma Lei
Específica, não podendo ser aproveitado dispositivo legal anterior, no caso o CBT.
Lei nº 4.117/62 - Art. 57. Não constitui violação de telecomunicação:
(...)
II - O conhecimento dado:
(...)
e) ao juiz competente, mediante requisição ou intimação dêste.

Com base nisso, tudo que foi produzido a partir de afastamento do sigilo das comunicações
telefônicas no período em questão, 05/10/1988 a 24/07/1996, foi considerado prova ilícita. Nesse
sentido, STF – HC 72588/96 – Tribunal Pleno.
EMENTA: HABEAS-CORPUS. CRIME QUALIFICADO DE EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO (CP, ART. 357, PÁR.
ÚNICO). COMETIDO CONTRA MAGISTRADO. PROVA ILÍCITA: CONJUNTO PROBATÓRIO ORIGINADO,
EXCLUSIVAMENTE, DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, POR ORDEM JUDICIAL, PORÉM, PARA
APURAR OUTROS FATOS (TRÁFICO DE ENTORPECENTES): VIOLAÇÃO DO ART. 5º, XII e LVI, DA
CONSTITUIÇÃO. 1. O art. 5º, XII, da Constituição, que prevê, excepcionalmente, a violação do
sigilo das comunicações telefônicas para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal, não é auto-aplicável: exige lei que estabeleça as hipóteses e a forma que permitam a
autorização judicial. Precedentes. a) Enquanto a referida lei não for editada pelo Congresso
Nacional, é considerada prova ilícita a obtida mediante quebra do sigilo das comunicações
telefônicas, mesmo quando haja ordem judicial (CF, art. 5º, LVI). b) O art. 57, II, a, do Código
Brasileiro de Telecomunicações não foi recepcionado pela atual Constituição (art. 5º, XII), a
qual exige numerus clausus para a definição das hipóteses e formas pelas quais é legítima a
violação do sigilo das comunicações telefônicas. 2. A garantia que a Constituição dá, até que a lei o
defina, não distingue o telefone público do particular, ainda que instalado em interior de presídio, pois o
bem jurídico protegido é a privacidade das pessoas, prerrogativa dogmática de todos os cidadãos. (...) 5.
Habeas-corpus conhecido e provido para trancar a ação penal instaurada contra o paciente, por maioria
de 6 votos contra 5. (STF – HC 72588, Relator(a): Ministro Maurício Corrêa, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento: 12/06/1996).

Nesse mesmo diapasão, STF – HC 81154/2001 – 2ª Turma; e STJ - REsp 225450/2000 –


5ª Turma.

3. CONCEITOS IMPORTANTES
 Comunicação Telefônica: além da conversa telefônica propriamente dita, inclui a
transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou
informações de qualquer natureza, por meio de telefonia, estática ou móvel (celular). Assim, é possível
a interceptação de qualquer comunicação via telefone, conjugada ou não com informática, o que
compreende aquelas realizadas de forma direta (fax e modens) e indireta (internet, e-mail e correios
eletrônicos), desde que preenchidos os requisitos constitucionais e legais. A proteção da comunicação
telefônica é feita pelo Art. 5º, XII, da CF/88, de modo que só pode ser violada com o preenchimento
dos requisitos acima destacados, bem como nos demais previstos na Lei nº 9.296/96 a serem analisado
adiante.
 Comunicação Ambiental: é aquela feita diretamente no meio ambiente, sem transmissão
e recepção por meios físicos, artificiais, como fios elétricos, cabos óticos etc. Enfim, trata-se de
conversa mantida entre duas ou mais pessoas sem a utilização de telefone, em qualquer recinto,
privado ou público. Cuidado que a comunicação ambiental não é tutelada pelo inciso XII acima
analisado, mas sim pelo inciso X da CF/88, ou seja, aquele que diz serem invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas.
Essas duas formas de comunicação podem ser objetos de violação de 03 (três) formas, diante
do que surgem 06 (seis) importantes definições, mas que se resumem a três, pois o que muda é
apenas o tipo da comunicação, telefônica ou ambiental, a saber:
3.1. Interceptação Telefônica - é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro
sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores da conversa. Para ser prova lícita, depende de
ordem judicial, pois sujeita à disciplina da Lei nº 9.296/96, já que há conversa telefônica e um
terceiro interceptador. E, mais, só pode ser decretada em investigação criminal ou instrução processual
penal.
3.2. Escuta Telefônica - é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro, mas com
o conhecimento de um dos interlocutores da conversa. Para ser prova lícita, depende de autorização

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Direito Processual Penal

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judicial, pois também sujeita à disciplina da Lei nº 9.296/96, já que há conversa telefônica e um
terceiro interceptador.
Nesse contexto, o STJ considerou prova ilícita aquela obtida a partir da escuta de uma
conversa telefônica de um suspeito abordado, que foi compelido a colocar aparelho celular na ―função
viva-voz‖, conversa esta relativa a uma negociação de drogas (STJ – HC 425044/2018 – 6ª Turma
e REsp 1630097/2017 – 5ª Turma).
3.3. Gravação Telefônica (Gravação Clandestina) - é a captação da conversa telefônica
feita por um dos próprios interlocutores da conversa sem o conhecimento do outro (daí se falar em
gravação clandestina), ou seja, não existe a figura do terceiro interceptador. Segundo a Doutrina e a
Jurisprudência, a ―gravação clandestina‖ NÃO está inserida na tutela da Lei nº 9.296/96, motivo
pelo qual, em regra, é considerada prova lícita, mesmo sem autorização judicial. Só não é prova lícita,
se houver a obrigação de se resguardar o sigilo – ―causa legal de sigilo ou de reserva da conversação‖
(Ex.: conversa de alguém com um advogado, por conta do sigilo profissional) ou se a conversa
envolver aspectos da intimidade ou da vida privada. Nesse caminhar, STF - RE 402717/2008 – 2ª
Turma.
EMENTA: PROVA. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina, feita por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro. Juntada da transcrição em inquérito policial, onde o
interlocutor requerente era investigado ou tido por suspeito. Admissibilidade. Fonte lícita de
prova. Inexistência de interceptação, objeto de vedação constitucional. Ausência de causa
legal de sigilo ou de reserva da conversação. Meio, ademais, de prova da alegada inocência de quem a
gravou. Improvimento ao recurso. Inexistência de ofensa ao art. 5º, incs. X, XII e LVI, da CF.
Precedentes. Como gravação meramente clandestina, que se não confunde com
interceptação, objeto de vedação constitucional, é lícita a prova consistente no teor de
gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do
outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo
quando se predestine a fazer prova, em juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou. (STF -
RE 402717/PR, Relator: Ministro Cezar Peluso, Órgão Julgador: 2ª Turma, Julgamento:
02/12/2008).

No mesmo sentido, STF: HC 75338/1998 – Tribunal Pleno, RE 630944/2011 - 2ª


Turma e HC 91613/2012 – 2ª Turma; e STJ - HC 309516/2015 – 5ª Turma e HC 45224/2015
– 6ª Turma. Inclusive, a prova é lícita também no caso de a gravação (telefônica ou ambiental) ser
feita por colaborador premiado (nesse diapasão, STJ – HC 512290/2020 – 6ª Turma).
EMENTA: HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. EXTORSÃO, CONCUSSÃO E EXTORSÃO
MEDIANTE SEQUESTRO POR POLICIAIS CIVIS. POSSIBILIDADE DE APOIO DE
AGÊNCIA DE INTELIGÊNCIA À INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NÃO
OCORRÊNCIA DE INFILTRAÇÃO POLICIAL. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL PRÉVIA PARA A AÇÃO CONTROLADA. COMUNICAÇÃO POSTERIOR QUE
VISA A PROTEGER O TRABALHO INVESTIGATIVO. HABEAS CORPUS DENEGADO.
(...)
8. O acórdão recorrido está em conformidade com a jurisprudência desta Corte, de que a gravação
ambiental realizada por colaborador premiado, um dos interlocutores da conversa, sem o
consentimento dos outros, é lícita, ainda que obtida sem autorização judicial, e pode
ser validamente utilizada como meio de prova no processo penal. No caso, advogado decidiu colaborar
com a Justiça e, munido com equipamentos estatais, registrou a conversa que entabulou com policiais
no momento da entrega do dinheiro após a extorsão mediante sequestro. (...) (STJ - HC 512290/RJ,
Relator(a): Ministro Rogerio Schietti Cruz, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento:
18/08/2020).

No caso de crimes sexuais contra incapazes, o STJ, por meio de sua 6ª Turma, entendeu que
a gravação da conversa telefônica do menor incapaz feita com autorização dos genitores ou
responsáveis legais é prova lícita, pois considerou que a captação da conversa feita, nesse caso, se
equipara à gravação feita por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro, tendo em vista a
incapacidade da vítima. Nesse diapasão, STJ – REsp 1026605/2014 – 6ª Turma.
3.4. Interceptação Ambiental - é a captação de conversa ambiente feita por um terceiro sem o
conhecimento dos interlocutores da conversa, ou seja, é a mesma definição da interceptação telefônica,
mudando-se apenas o tipo da conversa. Com a entrada em vigor da Lei do Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/19), a interceptação ambiental também passou a se sujeitar à disciplina da Lei nº 9.296/96
(Art. 8ª-A) e, portanto, precisa de autorização judicial para ser prova lícita, ao menos de acordo com a
literalidade da Lei, além de outros requisitos a serem analisados adiante.

3.5. Escuta Ambiental - é a captação de conversa ambiente feita por um terceiro com o
conhecimento de um dos interlocutores da conversa, ou seja, é a mesma definição da escuta telefônica,
mudando-se apenas o tipo da conversa. Para ser prova lícita também depende de autorização judicial,
ao menos de acordo com a literalidade da Lei, além de outros requisitos a serem analisados adiante,
pois, com a entrada em vigor da Lei do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), também passou a se
sujeitar à disciplina da Lei nº 9.296/96 (Art. 8ª-A).

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Direito Processual Penal

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3.6. Gravação Ambiental - é a captação de conversa ambiente feita por um dos próprios
interlocutores da conversa sem o conhecido do(s) outro(s), ou seja, não existe a figura do terceiro
interceptador. Segundo a Doutrina e a Jurisprudência, da mesma forma que a gravação telefônica,
também NÃO está inserida na tutela da Lei nº 9.296/96, motivo pelo qual, em regra, é
considerada prova lícita, mesmo sem autorização judicial. Só não é prova lícita, se houver a obrigação
de se resguardar o sigilo – ―causa legal de sigilo ou de reserva da conversação‖ ou se a conversa
envolver aspectos da intimidade ou da vida privada. Na Jurisprudência, vejamos, a título de exemplo:
EMENTA: AÇÃO PENAL. Prova. Gravação ambiental. Realização por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida.
Recurso extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em
gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro. (STF - RE
583937 QO-RG / RJ, REPERCUSSÃO GERAL NA QUESTÃO DE ORDEM NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Órgão Julgador: Tribunal Pleno,
Julgamento: 19/11/2009).

No mesmo diapasão, STF - ARE 933530/2016 AgR - 2ª Turma, RHC 125319/2015 AgR
– 2ª Turma, ARE 742192/2013 AgR - 1ª Turma e HC 91613/2012 - 2ª Turma; e STJ - RHC
102808/2019 – 5ª Turma e RHC 59542/2016 – 6ª Turma.
Prova de que a ―gravação ambiental‖ (clandestina) realmente é considerada prova lícita,
mesmo sem autorização judicial, é o Art. 10-A da Lei nº 9.296/96 incluído pela Lei do Pacote Anticrime
(Lei nº 13.964/19), o qual passou a tipificar a conduta de realizar, ilegalmente, captação ambiental,
porém no §1º diz que “não há o crime se a conduta for praticada por um dos interlocutores da
conversa”, que é exatamente a definição de gravação ambiental, senão vejamos:
Lei nº 9.296/96 - Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Assim, apenas as gravações (telefônica e ambiental) atualmente não estão inseridas na


disciplina da Lei nº 9.296/96 e, portanto, via de regra, são consideradas provas lícitas, ainda que feitas
sem autorização judicial.
Questão: Gravação ambiental (clandestina) feita por delegado de polícia ou policiais para
obter a confissão do criminoso? A jurisprudência entende que se trata de prova ilícita, por
configurar espécie de “interrogatório clandestino”, também conhecido como “interrogatório sub-
reptício”, pois feito sem as garantias constitucionais e processuais que devem ser assegurados ao
interrogado, sobretudo seu direito ao silêncio. Nesse sentido, STF - HC 80949/RJ-2001-Primeira
Turma, e STJ - HC 244977/2012 – 6ª Turma.
EMENTA: (...) 3. Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião,
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental - de
constituir, dita 'conversa informal', modalidade de 'interrogatório' sub-reptício, o qual - além
de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial (C.Pr.Pen.,
art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio . (STF – HC
80949, Relator(a): Ministro Sepúlveda Pertence, Órgão Julgador: Primeira Turma,
Julgamento: 30/10/2001).

Quebra de Sigilo de Dados e Registros Telefônicos  não é interceptação ou escuta


telefônica, mas apenas o acesso ao registro de ligações efetuadas e recebidas por determinado terminal
telefônico em determinado período de tempo, não havendo acesso ao teor do que foi conversado.
Também necessita de ordem judicial, não por ser interceptação ou escuta telefônica, mas por envolver
os direitos à intimidade e à vida privada (Art. 5º, X, CF/88). Mas cuidado que não está sujeita à
chamada ―cláusula de reserva de jurisdição‖, diferentemente do afastamento do sigilo das
comunicações telefônicas, motivo pelo qual CPI pode determinar de ofício, assim como quebra de sigilo
de dados bancários e fiscais (nesse sentido, STF – MS 24817/2005 – Tribunal Pleno e MS
23652/2001 – Tribunal Pleno).

4. ACESSO A DADOS CADASTRAIS DE VÍTIMAS E SUSPEITOS


O acesso aos dados cadastrais de vítimas e suspeitos, independentemente de prévia autorização
judicial, é permitido no caso de investigação de alguns crimes. Nesse sentido, Art. 13-A do CPP:
CPP - Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou
o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da

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Direito Processual Penal

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iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016)
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016)

Note que no CPP a requisição em tela é permitida apenas para a investigação dos crimes de
sequestro e cárcere privado (Art. 148 do CP), redução a condição análoga à de escravo (Art. 149 do
CP), tráfico de pessoas (Art. 149-A), extorsão com restrição da liberdade da vítima (Art. 158, §3º, do
CP), extorsão mediante sequestro (Art. 159 do CP) e promoção ou auxílio de envio de criança ou
adolescente para o exterior sem observância das formalidades legais (Art. 239 do ECA). No mesmo
contexto, o Art. 17-B da Lei nº 9.613/98 (Lavagem de Capitais) permite que o Delegado de Polícia ou o
Ministério Público requisitem, independentemente de autorização judicial, acesso aos dados cadastrais
do investigado relativos exclusivamente à qualificação pessoal, filiação e endereço do investigado
da prática desse tipo de delito, mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas de telefonia, instituições
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. Outrossim, o Art. 15 da Lei
nº 12.850/13 (Organizações Criminosas) traz previsão igual ao Art. 17-B da Lei nº 9.613/98. Por fim,
trilha no mesmo caminho o Art. 10, §3º, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet).

5. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES A RESPEITO DE ESTAÇÕES RÁDIO BASE (ERBs)


A Requisição de Informações a Respeito das Estações Rádio Base (ERBs)  ERBs
nada mais são do que antenas com as quais os nossos aparelhos telefônicos se comunicam quando
estão sendo usados, permitindo uma localização aproximada do usuário. Questão: para se obterem
essas ERBs é necessária autorização judicial? De acordo com o caput do Art. 13-B do CPP é
necessária autorização judicial, mesmo que se trate de crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
porém o §4º determina que, no caso de investigação desse tipo de crime, se em 12 horas a autoridade
judiciária não se manifestar, o Ministério Público ou o Delegado de Polícia pode requisitar diretamente à
empresa, com a imediata comunicação ao juiz, senão vejamos:
CPP - Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, MEDIANTE
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros –
que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e
intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta)
dias, renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016)
§ 4o NÃO HAVENDO MANIFESTAÇÃO JUDICIAL NO PRAZO DE 12 (DOZE) HORAS, a autoridade
competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais,
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

6. INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS DE ADVOGADO


A conversa entre o advogado e o indiciado ou acusado estritamente profissional jamais pode
ser interceptada e, se for, é prova ilícita, pois estão protegidas pelo sigilo profissional do advogado e
pela garantia da não autoincriminação de que goza o investigado/acusado (nemo tenetur se detegere)
e da ampla defesa e do contraditório.
Porém, se o advogado é o próprio investigado ou acusado, as conversas que estejam
relacionadas às suas atividades criminosas podem ser validamente interceptadas, obviamente com
autorização judicial, não havendo que se falar, nesse caso, em sigilo profissional, sendo provas lícitas.
Da mesma forma, se durante o monitoramento legal de outros investigados, forem fortuitamente
interceptados diálogos demonstrando o envolvimento do advogado em atividades criminosas, a prova é
licita, pois a garantia do sigilo das comunicações entre advogado e cliente não confere imunidade para

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Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

a prática de crimes no exercício da advocacia. Nesse diapasão, e STJ - RHC 92891/2018 – 5ª


Turma.
EMENTA: (...) 11. O entendimento desta Corte consolidou-se no sentido de que "não existem direitos
absolutos no ordenamento jurídico pátrio, motivo pelo qual a suspeita de que crimes estariam sendo
cometidos por profissional da advocacia permite que o sigilo de suas comunicações telefônicas
seja afastado, notadamente quando ausente a demonstração de que as conversas gravadas
se refeririam exclusivamente ao patrocínio de determinado cliente. Há que se considerar,
ainda, que o exercício da advocacia não pode ser invocado com o objetivo de legitimar a
prática delituosa, ou seja, caso os ilícitos sejam cometidos valendo-se da qualidade de
advogado, nada impede que os diálogos sejam gravados mediante autorização judicial
e, posteriormente, utilizados como prova em ação penal, tal como sucedeu no caso dos
autos. Precedentes do STJ e do STF" (RHC 51.487/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(Desembargador convocado do TJPE), QUINTA TURMA, DJe 24/09/2015).
12. Recurso desprovido. (STJ - RHC 92891/RR, Relator(a): Ministro Ribeiro Dantas, Órgão
Julgador: 5ª Turma, Julgamento: 25/09/2018).

No mesmo sentido, STF - HC 130596/2018 AgR – 1ª Turma e HC 90906/2009 – 2ª


Turma; e STJ - REsp 1465966/2017 – 6ª Turma e RHC 51487/2015 – 5ª Turma.

7. ACESSO A INFORMAÇÕES ARMAZENADAS EM APARELHOS TELEFÔNICOS E


SIMILARES, OU “GERAÇÕES DE PROVAS”, OU “TRILOGIA – OLMSTEAD-KATZ-KILO”.
De acordo com o professor Renato Brasileiro de Lima, recebe esse nome porque o STJ, ao
enfrentar o tema, fez referência a três (trilogia) casos analisados pela Suprema Corte Norte Americana,
em momentos diferentes, donde surge também a nomenclatura ―gerações de provas‖, senão vejamos:
1ª) Direito probatório de primeira geração (caso OLMSTEAD) – em 1928 a polícia instalou um
“grampo” numa fiação de empresa de telefonia, em via pública, sem autorização judicial. A Suprema
Corte Norte Americana entendeu ser prova lítica porque não houve invasão a residência ou áreas
privadas, logo, não houve violação à intimidade e à vida privada, adotando-se, para tanto, a chamada
―teoria proprietária‖. Obviamente isso foi superado com o tempo.
2ª) Direito probatório de segunda geração (caso KATZ) – em 1967 agentes do FBI colocaram
o “grampo” numa cabine de telefone público (similar a um orelhão), também sem autorização judicial.
Nesse caso, a Suprema Corte Norte Americana mudou de entendimento, passando a adotar a chamada
―teoria da proteção constitucional integral‖, segundo a qual a proteção da intimidade e vida privada da
pessoa não se restringe a eventual devassa a ambientes domiciliares ou privados, mas inclui também
as suas declarações orais. Ou, de outra forma, a proteção da vida privada não se restringe apenas a
locais e coisas, mas abrange também as próprias pessoas e suas declarações.
3ª) Direito probatório de terceira geração (caso KYLLO) – em 2001 a polícia utilizou
equipamento de captação térmica para verificar, do lado de fora da casa de um suposto cultivador de
maconha, se no interior do imóvel havia lâmpadas de alta intensidade destinadas ao aquecimento do
ambiento, o que seria forte indício do cultivo ilegal. A medida também foi adotada sem autorização
judicial. Se fosse adotada qualquer uma das teorias anteriores, a prova seria lícita, porque não houve
invasão ao espaço domiciliar (privado), nem houve, em tese, violação a intimidade/vida privada,
todavia a Suprema Corte Norte Americana entendeu que, se a tecnologia não está disponível para o
público em geral, a sua utilização demanda autorização judicial, declarando ilícitas as provas
produzidas. São as chamadas ―provas invasivas ou tecnológicas‖, que permitem obter informações e
conhecimentos intangíveis (inacessíveis) pelos sentidos e/ou pelas técnicas tradicionais.
Essa questão da evolução da tecnologia, que fez surgir o direito probatório de 3ª geração, foi
muito utilizada pelo STJ, no julgamento do RHC 51531/2016 – 6ª Turma, para analisar a questão
da necessidade ou não de autorização judicial para se ter acesso a informações armazenadas na
memória de aparelhos celulares e outros dispositivos de armazenamento de dados similares, bem como
o acesso a aplicativos de comunicação, como o Watsapp, Telegram, Facebook e outros, tendo sido
firmado o entendimento de que só pode haver esse acesso, para a produção de provas lícitas, se
houver a devida autorização judicial, por envolver os direitos à intimidade e à vida privada da pessoas
(Art. 5º, X, CF/88). No Julgado, o Ministro Rogerio Schietti Cruz citou, ainda, o precedente RILEY v.
CALIFORNIA de 2014, no qual a Suprema Corte Norte Americana entendeu ser necessário um mandado
judicial para permitir o acesso ao telefone celular de um cidadão durante uma prisão em flagrante,
tendo em vista que ―telefones celulares modernos não são apenas mais conveniência tecnológica,
porque o seu conteúdo revela a intimidade da vida. O fato de a tecnologia agora permitir que um
indivíduo transporte essas informações em sua mão não torna a informação menos digna de proteção”.
Vejamos a ementa do mencionado julgado:
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DA PROVA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA A PERÍCIA NO
CELULAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.

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Direito Processual Penal

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1. Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente
pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial.
2. Recurso ordinário em habeas corpus provido, para declarar a nulidade das provas obtidas no celular do
paciente sem autorização judicial, cujo produto deve ser desentranhado dos autos. (STJ -
RHC 51531/RO, Relator(a): Ministro Nefi Cordeiro, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento:
19/04/2016).

No mesmo sentido, STJ - AgRg no HC 580795/2020 – 5ª Turma, AgRg no HC


516857/2020 – 5ª Turma, RHC 89385/2018 - 6ª Turma, RHC 73998/2018 - 5ª Turma, RHC
89981/2017- 5ª Turma e REsp 1661378/2017 – 6ª Turma.
Destaca-se, ainda, nos termos da Jurisprudência do STJ, que eventual autorização posterior
não tem o condão de validar a prova, se ocorreu a devassa clandestina anterior. Nesse diapasão, STJ -
HC 421249/2018 – 5ª Turma.
EMENTA: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO DE
DROGAS. VIOLAÇÃO AO CONTEÚDO DAS MENSAGENS DE WHATSAPP NA ABORDAGEM POLICIAL.
NULIDADE E DESENTRANHAMENTO DESTA PROVA E DEMAIS ENVENENADAS. DESRESPEITO À
PRIVACIDADE. (...), ORDEM DE OFÍCIO.
(...)
2. Violou garantia constitucional da intimidade e da vida privada, prevista no art. 5º, inciso X, da
Constituição Federal, o policial que, ao verificar o conteúdo de mensagem de 'watsapp' no celular do
paciente, por ocasião de abordagem, sem requerimento prévio judicial para quebra do sigilo dos
dados armazenados.
3. Tratando-se de ofensa à preceito constitucional, a violação à intimidade pode ser arguida a
qualquer momento e grau de jurisdição, não podendo o fundamento da preclusão, mencionado no
acórdão combatido, afastar a nulidade, tendo em vista que o tema foi ventilado na apelação,
recurso que possui efeito devolutivo pleno. Ademais, nem mesmo a perícia dos dados
armazenados nas conversas de 'whatsapp', autorizada em momento posterior à
violação, é capaz de apagar tal mácula.
(...)
5. Diante das nulidades reconhecidas, fica prejudicado o reexame da dosimetria da pena.
6. Habeas corpus não conhecido e concedida a ordem, de ofício, para determinar a nulidade e
desentranhamento da prova obtida por violação ao conteúdo das mensagens via 'whatsapp',
bem como as demais provas contaminadas, a serem valoradas pelo Juízo de 1º grau. Determinando,
ainda, que o interrogatório do paciente seja refeito, antes de proferida nova sentença. ( STJ - HC
421249/SC, Relator(a): Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Órgão Julgador: 5ª Turma,
Julgamento: 08/02/2018).

O entendimento do STJ é similar ao adotado em relação à quebra do sigilo do correio


eletrônico (e-mail) que também demanda prévia autorização judicial. Nesse sentido, STJ – AgRg no
AREsp 1375163/2019 – 5ª Turma e HC 315220/2015 – 6ª Turma.
No âmbito do STF, havia um precedente mais antigo do STF (HC – 91867/2012 – 2ª
Turma), admitindo o acesso a tais informações, independente de decisão judicial, porém os fatos que
deram origem a esse julgado ocorreram em 2004, quando a realidade tecnológica era bem diferente,
motivo pelo qual o STJ e a doutrina majoritária defendem que tal entendimento deve se superada, em
razão dos avanços tecnológicos que fizeram com que um aparelho celular atualmente contenha, muitas
vezes, incontáveis informações que dizem respeito à intimidade e à vida privadas de seus titulares.
Todavia em julgado recentíssimo, de 30/10/2020, o Pleno do Pretório Excelso considerou serem lícitas
provas obtidas diretamente pela autoridade policial, sem autorização judicial, por meio do acesso a
registros telefônicos ou agenda de contados de celular apreendido em local de crime, ou seja,
entendimento oposto ao do STJ, senão vejamos:

―(...) é lícita a prova obtida pela autoridade policial, sem autorização judicial,
mediante acesso a registro telefônico ou a agenda de contatos de celular
apreendido ato contínuo no local do crime atribuído ao acusado, não configurando
esse acesso ofensa ao sigilo das comunicações à intimidade ou a privacidade do
indivíduo (Consituição Federal, artigo 5º, incisos X e XII). (STF, ARE 1042075
com Repercussão Geral, Relator(a): Ministro Dias Toffoli, órgão Julgador: Tribunal
Pleno, Julgamento: 30/10/2020).

A questão envolvendo o julgados citado trata-se do tema 977 (Repercussão Geral), nos
seguintes termos: “Aferição da licitude da prova produzida durante o inquérito policial relativa ao
acesso, sem autorização judicial, a registros e informações contidos em aparelho de telefone celular,
relacionados à conduta delitiva e hábeis a identificar o agente do crime”.
O STJ também considerou ilícita prova obtida pela polícia em que um policial atendeu uma
ligação telefônica de um indivíduo durante uma abordagem, sem autorização dele ou judicial, e travou
conversa com o interlocutor negociando drogas, o que possibilitou a prisão em flagrante (STJ – HC
511484/2019 – 6ª Turma).

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Direito Processual Penal

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De acordo com o STJ, porém, “não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular
pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi
morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa”. No
julgado, a Corte Superior partiu da premissa de que, se o detentor do eventual direito ao sigilo estava
morto, não havia mais sigilo algum a proteger do titular daquele direito. Nesse sentido, STJ - RHC
86076/2017 - 6ª Turma, e STF - HC 152836 AgR/2018 - 2ª Turma.
Também não é considerada ilícita a prova, se o telefone celular foi apreendido em busca e
apreensão determinada por decisão judicial, não havendo óbice para que a autoridade policial acesse o
conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do whatsapp. Para a análise e a utilização
desses dados armazenados no celular não é necessária nova autorização judicial. A ordem de busca e
apreensão determinada já é suficiente para permitir o acesso aos dados dos aparelhos
celulares apreendidos. Nessa testilha, STJ - HC 428369/2020 – 6ª Turma, RHC 77232/2017 -
5ª Turma e RHC 75800/2016 – 5ª Turma.
O STJ também considera prova lícita, independente de autorização judicial, quando a própria
materialidade do crime se encontrar no aparelho, como por exemplo, fotografias, vídeos ou outro
registro contendo cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (pedofilia).
Nesse sentido, STJ - RHC 108262/ 2019 – 6ª Turma e HC 139312/2010 – 5ª Turma.
EMENTA: PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. ART. 241-A DO ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. NULIDADE. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA O ACESSO A
DADOS. INEXISTÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE NA HIPÓTESE.
1. A proteção aos dados privativos constantes de dispositivos eletrônicos, como smartphones e
tablets, encontra guarida constitucional, importando a prévia e expressa autorização judicial motivada
para sua mitigação.
2. O entendimento prevalecente nesta Corte e no Supremo Tribunal Federal é o de que são ilícitas as
provas obtidas de aparelhos celulares sem prévia e devida autorização, seja judicial seja do réu,
ressalvados os casos excepcionais.
3. No entanto, deve ser realizado um discrímen nos casos em que a materialidade delitiva
está incorporada na própria coisa. É dizer, quando se tratar do próprio corpo de delito, ou
seja, quando a própria materialidade do crime se encontrar plasmada em fotografias que
são armazenadas naquele aparelho, como na espécie, a autorização judicial não será
imprescindível.
4. Recurso desprovido. (STJ - RHC 108262/MS, Relator(a): Ministro Antonio Saldanha
Palheiro, Órgão Julgador: 6ª Turma, Julgamento: 05/09/2019).

Cuidado para não confundir extração de dados e conversas pretéritas registradas no


Whatsapp, que, como visto, é prova lícita, se feita com autorização judicial prévia ou consentimento do
titular, com espelhamento, via Whatsapp Web, de conversas realizadas pelo investigado com terceiros.
Whatsapp Web nada mais é do que uma plataforma que permite ―clonar-se‖ o Whatsapp de alguém
para acompanhar suas conversas ou até se passar por ele na comunicação com terceiras pessoas,
tendo o STJ entendido ser prova ilícita, ainda que com autorização judicial, por gerar sérios problemas
no que se refere ao controle (manutenção da ―cadeia de custódia‖), pois a plataforma permite o envio
de novas mensagens, bem como a exclusão de mensagens recentes e antigas inclusive sem deixar
vestígios. Nesse sentido, STJ - RHC 99735/2018 – 6ª Turma.
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE
DROGAS E ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL DE ESPELHAMENTO, VIA
WHATSAPP WEB, DAS CONVERSAS REALIZADAS PELO INVESTIGADO COM TERCEIROS.
ANALOGIA COM O INSTITUTO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. IMPOSSIBILIDADE.
PRESENÇA DE DISPARIDADES RELEVANTES. ILEGALIDADE DA MEDIDA. RECONHECIMENTO
DA NULIDADE DA DECISÃO JUDICIAL E DOS ATOS E PROVAS DEPENDENTES. PRESENÇA DE
OUTRAS ILEGALIDADES. LIMITAÇÃO AO DIREITO DE PRIVACIDADE DETERMINADA SEM INDÍCIOS
RAZOÁVEIS DE AUTORIA E MATERIALIDADE. DETERMINAÇÃO ANTERIOR DE ARQUIVAMENTO DO
INQUÉRITO POLICIAL. FIXAÇÃO DIRETA DE PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS, COM PRORROGAÇÃO
POR IGUAL PERÍODO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. RECURSO PROVIDO.
(...)
2. O espelhamento das mensagens do WhatsApp ocorre em sítio eletrônico disponibilizado pela
própria empresa, denominado WhatsApp Web. Na referida plataforma, é gerado um tipo específico de
código de barras, conhecido como Código QR (Quick Response), o qual só pode ser lido pelo celular do
usuário que pretende usufruir do serviço. Daí a necessidade de apreensão, ainda que por breve
período de tempo, do aparelho telefônico que se pretende monitorar.
3. Para além de permitir o acesso ilimitado a todas as conversas passadas, presentes e futuras, a
ferramenta WhatsApp Web foi desenvolvida com o objetivo de possibilitar ao usuário a realização
de todos os atos de comunicação a que teria acesso no próprio celular. O emparelhamento entre
celular e computador autoriza o usuário, se por algum motivo assim desejar, a conversar dentro do
aplicativo do celular e, simultaneamente, no navegador da internet, ocasião em que as conversas
são automaticamente atualizadas na plataforma que não esteja sendo utilizada.
4. Tanto no aplicativo, quanto no navegador, é possível, com total liberdade, o envio de
novas mensagens e a exclusão de mensagens antigas (registradas antes do
emparelhamento) ou recentes (registradas após), tenham elas sido enviadas pelo usuário,
tenham elas sido recebidas de algum contato. Eventual exclusão de mensagem enviada (na

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Direito Processual Penal

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opção "Apagar somente para Mim") ou de mensagem recebida (em qualquer caso) não
deixa absolutamente nenhum vestígio, seja no aplicativo, seja no computador
emparelhado, e, por conseguinte, não pode jamais ser recuperada para efeitos de prova
em processo penal, tendo em vista que a própria empresa disponibilizadora do serviço,
em razão da tecnologia de encriptação ponta-a-ponta, não armazena em nenhum
servidor o conteúdo das conversas dos usuários.
5. Cumpre assinalar, portanto, que o caso dos autos difere da situação, com
legalidade amplamente reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, em que, a
exemplo de conversas mantidas por e-mail, ocorre autorização judicial para a
obtenção, sem espelhamento, de conversas já registradas no aplicativo WhatsApp, com o
propósito de periciar seu conteúdo.
6. É impossível, tal como sugerido no acórdão impugnado, proceder a uma analogia entre o
instituto da interceptação telefônica (art. 1.º, da Lei n.º 9.296/1996) e a medida que foi
tomada no presente caso. (...)
8. O fato de eventual exclusão de mensagens enviadas (na modalidade "Apagar para
mim") ou recebidas (em qualquer caso) não deixar absolutamente nenhum vestígio
nem para o usuário nem para o destinatário, e o fato de tais mensagens excluídas,
em razão da criptografia end-to-end, não ficarem armazenadas em nenhum servidor,
constituem fundamentos suficientes para a conclusão de que a admissão de tal meio
de obtenção de prova implicaria indevida presunção absoluta da legitimidade dos atos dos
investigadores, dado que exigir contraposição idônea por parte do investigado seria
equivalente a demandar-lhe produção de prova diabólica.
12. Recurso provido, a fim de declarar a nulidade da decisão judicial que autorizou o
espelhamento do WhatsApp via Código QR, bem como das provas e dos atos que dela diretamente
dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes independentes, revogando, por
conseguinte, a prisão preventiva dos Recorrentes, se por outro motivo não estiverem presos. (STJ -
RHC 99735/SC, Relator(a): Ministra Laurita Vaz, Órgão Julgador: 5ª Turma, Julgamento:
27/11/2018).

8. ACESSO DO ADVOGADO ÀS INTERCEPTAÇÕES NA FASE INVESTIGATIVA


O advogado tem direito a acesso às interceptações já transcritas e documentadas no Inquérito
Policial ou outro procedimento de investigação, porém não tem direito a acesso às interceptações que
ainda estão em andamento, a teor do disposto na Súmula Vinculante 14, litteris:
Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

E nem poderia ser outro o entendimento, pois o procedimento de interceptação telefônica é


sigiloso, tanto que deve ocorrer em autos apartados, apensos aos autos do Inquérito Policial ou
Processo Criminal, conforme dispõe o Art. 8º da Lei nº 9.296/96:
Art. 8° - A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados,
apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das
diligências, gravações e transcrições respectivas.

9. INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA


O Art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96, autoriza a interceptação de comunicações de
informática e de telemática (telefonia mais informática, Ex.: Skype). Assim dispõe o mencionado
dispositivo legal: “O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática”.
Questão: Esse dispositivo é constitucional no que se refere à interceptação de comunicações
em sistemas de informática? Há duas correntes, a saber:
1ª Corrente: defende que nesse ponto a lei é inconstitucional, pois o Art. 5º, XII, da CF/88,
só falou em interceptação de comunicações telefônicas. Logo, as restrições constitucionais e legais ora
estudadas só poderiam ser exigidas para o afastamento do sigilo das comunicações telefônicas. Nesse
sentido, Vicente Grecco Filho e Antonio Magalhães Gomes Filhos.
2ª Corrente: defende que o dispositivo é constitucional, porque o Art. 5º, XII, da CF/88, fala
em interceptação das comunicações de dados e telefônicas. Nesse diapasão, Alexandre de Moraes e
Luiz Flávio Gomes. Esse também é o entendimento do STJ e do STF. Portanto, essa é a corrente que
prevalece. Nesse sentido, STF – ADI 1488/1999 MC – Tribunal Pleno; STJ - HC 483435/2019 –
5ª Turma e AgRg no REsp 1667283/2018 – 5ª Turma.

10. REQUISITOS PARA A INTERCEPTAÇÃO DE COMUNIAÇÕES TELEFÔNICAS


PREVISTOS NA LEI Nº 9.296/96
Além dos requisitos constitucionais já mencionados acima, é dizer, regulamentação em lei
(que é exatamente a Lei nº 9.296/96), ordem judicial e para fins de investigação criminal ou instrução

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Direito Processual Penal

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processual penal, a mencionada Lei nº 9.296/96 estabeleceu outros requisitos para o deferimento de
interceptação de comunicações telefônicas, os quais estão previstos no Art. 2º do referido diploma
legal, in verbis:
Lei nº 9.296/96 - Art. 2° - Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando
ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade
manifesta, devidamente justificada.

Do dispositivo em tela, extrai-se que são 03 (três) os requisitos legais para a autorização de
interceptação de comunicações telefônicas, a saber:
1º) A existência de indícios razoáveis da autoria ou participação na prática de
infração penal. É o que a doutrina chama de “fumus comissi delicti”.
Obs.: não se admite a chamada ―interceptação de prospecção‖, ainda que por meio dela se
consiga provar algo. ―interceptação de prospecção‖ é aquela determinada sem que haja indícios
razoáveis de autoria ou participação na prática de infração penal, realizada com o objetivo de sondar se
a pessoa está ou não envolvido em práticas ilícitas. São as chamadas “fishing expedition”, que traduz a
seguinte ideia: não pode a interceptação ser usada como uma rede de pesca, jogada para pescar o que
cair. É por isso mesmo que não se admite a decretação do afastamento de sigilo de comunicações
telefônicas apenas com base em denúncia anônima não corroborada por outros elementos que
confirmem a necessidade da medida excepcional. Nesse sentido, STF – RHC 132115/2018 – 2ª
Turma e HC 120203/2015 – 1ª Turma; e STJ - RHC 88642/2019 – 6ª Turma, HC
431079/2019 – 6ª Turma, HC 4620122019 – 5ª Turma e HC 190334/2011 – 5ª Turma.
2º) A prova não puder ser feita por outros meios disponíveis. Ou seja, no caso
concreto, a interceptação telefônica tem de ser o único meio de prova apto ao esclarecimento do(s)
fato(s). É decorrência do princípio da proporcionalidade, no seu desdobramento proporcionalidade-
necessidade.
Obs.: de acordo com o STJ, todavia, embora a interceptação de comunicações telefônicas só
possa ser deferida se não houver outros meios de prova disponíveis, a existência ou não desse requisito
precisa ser analisada à época em que a medida invasiva foi requerida, além do que, cabe à defesa
demonstrar que havia outros meios disponíveis para a elucidação do(s) fato(s). Nesse sentido, STJ –
RHC 61207/2018 – 5ª Turma, RHC 83320/2018 – 5ª Turma e HC 148413/2014 – 6ª Turma.
3º) Só cabe em crime punido, no mínimo, com reclusão. Portanto, não cabe
interceptação telefônica como meio de prova no caso de contravenção penal ou de delitos punidos com
detenção. Num julgado do STF foi dito que delitos que admitem interceptação telefônica para sua
investigação ou instrução processual penal são conhecidos como ―Crimes de Catálogo‖ (STF – HC
100524/2012 – 2ª Turma).
Atenção: A interceptação telefônica pode, obviamente, ser utilizada em crime punido com detenção ou
até mesmo em contravenção penal, desde que conexo(a) com delito punido com reclusão para o qual
foi autorizada a interceptação, bem como no caso da descoberta fortuita de prova de crime apenado
com detenção ou contravenção penal no curso de interceptação legalmente autorizada para apurar
crime punido com reclusão. Nesse diapasão, STF – Inq. 3965/2016 – 2ª Turma, AI 626214/2010
– 2ª Turma e HC 83515/2004 – Tribunal Pleno; e STJ - AgRg no RHC 114973/2020 – 5ª
Turma e HC 366070/2018 – 6ª Turma.
Questão 1: Descoberta fortuita de novos crimes e/ou novos criminosos? Art. 2º, parágrafo
único, da Lei nº 9.296/96, determina que, no pedido, a autoridade deve descrever com clareza a
situação objeto da interceptação, ou seja, o(s) crime(s) a ser(em) investigado(s), bem com as pessoas
investigadas, salvo, neste último caso, se houver impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Todavia, se durante a investigação, a polícia descobre fortuitamente provas de novos crimes e/ou
novos criminosos que não foram mencionados no pedido inicial, a interceptação é considera prova
lícita, com base na chamada ―teoria do encontro fortuito de provas ou serendipidade‖. Nesse sentido,
STF – HC 167550/2019 AgR – 1ª Turma, HC 137483/2017 – 1ª Turma e HC 105527/2010 –
2ª Turma; e STJ - AgRg no AREsp 1428500/2020 – 6ª Turma, AgRg no RHC 114973/2020 –
5ª Turma, RHC 117113/2019 – 5ª Turma, AgRg no AREsp 1397156/2019 – 5ª Turma e AgRg
no AREsp 454148/2019 – 6ª Turma.
Obs.: Há uma corrente no sentido de que os crimes ou criminosos fortuitamente descobertos têm que
ter conexão ou continência com os fatos inicialmente investigados, sendo o que a doutrina chama de
serendipididade de 1º Grau, sendo prova válida. Caso não haja essa conexão ou continência
(serendipidade de 2º grau), os elementos probatórios casualmente encontrados deveriam servir apenas

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Direito Processual Penal

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como notitia criminis para a instauração de outro procedimento. Todavia, esse não é o entendimento
que prevalece, senão vejamos:
EMENTA: (...) não há ilicitude no encontro fortuito de prova em interceptação telefônica, sendo possível o
uso do elemento probatório colhido, ainda que o réu não figure como investigado na diligência efetivada e
que o crime descoberto não guarde elemento de conexão com aquele que motivou a interceptação. (STJ -
REsp 1465966/PE, Relator(a): Ministro Sebastião Reis Júnior, Órgão Julgador: 6ª Turma,
Julgamento: 10/10/2017).

Questão 2: encontro fortuita de diálogos mantidos com autoridade com foro por prerrogativa
de função e momento adequado para a remessa dos autos ao Tribunal competente? Como
visto, as provas obtidas são lícitas, se advindas de interceptação legalmente autorizada. E mais, o
simples fato de o investigado conversar com autoridade dotada de foro por prerrogativa de função ou
citá-la, ou ainda de ser ela sócia de eventual empresa investigada, não implica em remessa imediata e
automática dos autos ao Tribunal competente. Porém, se ficar evidenciado, com elementos probatórios
idôneos e suficientes, o envolvimento da autoridade com foro em práticas criminosas tem que se
remeter imediatamente os autos ao Tribunal competente para que desembargador ou ministro
designado relator determine o prosseguimento da investigação, sob pena de as provas produzidas
serem ilícitas. Nesse diapasão, STF – Inq. 4183/2017 AgR – 2ª Turma e RHC 135683/2016 – 2ª
Turma; e STJ - HC 482175/2019 – 5ª Turma e HC 307152/2015 – 6ª Turma.

11. DA LEGITIMIDADE PARA A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E RECURSOS


CABÍVEIS
A decretação da interceptação de comunicações telefônicas é sempre autorizada pelo juiz ou
tribunal competente, podendo ser de oficio, a requerimento da autoridade policial na fase da
investigação, ou a requerimento do Ministério Público na fase da investigação ou da ação penal. Tudo
isso, consoante estabelece o Art. 3º da Lei nº 9.296/96, litteris:
Lei nº 9.296/96 - Art. 3° - A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada
pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual
penal.

Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo (Art. 4º, §1°).
Obs 1: Há duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade - ADIs 4112 e 3450 - tramitando no STF,
suscitando que o juiz decretar a interceptação telefônica de ofício, na fase das investigações, é
inconstitucional, pois viola o sistema acusatório e o devido processo legal, mas essas ADIs ainda não
foram julgadas, logo ficar acompanhando. Contudo, a tendência é que seja aceito o pedido, pois é
inegável que o magistrado determinar qualquer medida cautelar na fase investigativa da persecução
penal afronta o sistema acusatório, cujo um dos principais desdobramentos é a imparcialidade do juiz.
Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo (Art. 4º, §1°).
Em conformidade com o Art. 4º, §2°, da Lei nº 9.296/96, o juiz deve decidir sobre o pedido
de interceptação no prazo máximo de 24h (vinte e quatro horas).
Obs 2.: Da decisão do juiz que nega o requerimento de interceptação de comunicações telefônicas feito
pelo Ministério Público cabe Mandado de Segurança. Já contra decisão que decreta a interceptação cabe
Habeas Corpus. Por outro lado, decisão que nega o pedido do Delegado de Polícia é irrecorrível.

12. PRAZO DE DURAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA


O Art. 5º da Lei 9.296/96 prevê que o prazo de duração da interceptação de comunicações
telefônicas é de 15 (quinze) dias podendo ser prorrogado por igual período, vejamos:
Lei nº 9.296/96 - Art. 5° - A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também
a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por
igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

O STF e o STJ já pacificaram o entendimento de que essa renovação de 15 (quinze) dias pode
ocorrer sucessivas vezes, desde que devidamente fundamentada a indispensabilidade da medida,
inclusive a prorrogação pode ser autorizada com base na mesma fundamentação exposta na primeira
ou anteriores decisões que deferiram o monitoramento, quando mantidos os pressupostos fáticos que

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autorizaram a decretação da medida originária – é a chamada fundamentação “per relationem‖ -, o que


não pode é a renovação automática sem decisão prorrogando. Nesse sentido, vejamos:
EMENTA: RECURSO EM HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PRAZO DE VALIDADE.
PRORROGAÇÃO. POSSIBILIDADE. Persistindo os pressupostos que conduziram à decretação da
interceptação telefônica, não há obstáculos para sucessivas prorrogações, desde que
devidamente fundamentadas, nem ficam maculadas como ilícitas as provas derivadas da
interceptação. Precedente. Recurso a que se nega provimento. (STF - RHC 85575/SP,
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Julgamento: 28/03/2006, Órgão Julgador: 2ª
Turma).

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS E


ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. DENÚNCIA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. MEDIDA FUNDAMENTADA. NULIDADE DA SENTENÇA. NÃO
OCORRÊNCIA. SÚMULA N. 7 DO STJ. PRORROGAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.
POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83 DO STJ. (...). 2. A jurisprudência desta Corte de Justiça há
muito consignou que "o prazo de duração da interceptação telefônica pode ser
seguidamente prorrogado, quando a complexidade da investigação assim o exigir, desde
que em decisão devidamente fundamentada (...)." (RHC n. 28.794/RJ, Relatora Ministra Laurita
Vaz, 5ª.T., DJe 16.3.2007). 3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no AREsp 94065/SC,
Relator(a): Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Órgão Julgador: 6ª Turma,
Julgamento: 22/04/2014).

Nesse mesmo sentido, STF – RHC 132115/2018 – 2ª Turma, HC 145569/2017 AgR –


1ª Turma, RHC 117972/2014 – 1ª Turma e RHC 108496/2014 – 2ª Turma; e STJ - HC
546837/2020 – 6ª Turma, AgRg no REsp 1346390/2020 – 5ª Turma e HC 242590/2014 – 6ª
Turma.
Obs.: A 6ª turma do STJ, no julgamento do HC 76686/2008, considerou ilícita uma interceptação
que durou 2 (dois) anos, por violação ao princípio da razoabilidade, mas é um julgado isolado, pois a
Jurisprudência da Corte é em sentido contrário.
Também é consolidado o entendimento jurisprudencial de que esse prazo começa a contar da
efetiva implementação da medida junto à operadora de telefonia, e não da decisão que a deferiu. Nesse
sentido, STF - AO 2057/2018 – 1ª Turma; e STJ - AgRg no RHC 114973/2020 – 5ª Turma,
HC 482171/2019 – 6ª Turma, RHC 34349/2018 – 5ª Turma e RHC 63005/2015 – 6ª Turma.
Por fim, é importante destacar que, apesar de muita divergência na doutrina, há precedentes
dos Tribunais Superiores admitindo, em caráter excepcional devidamente justificado, a fixação de prazo
superior a 15 (quinze) dias consecutivos para a execução de interceptação telefônica (Ex.: numa
decisão só o magistrado deferiu 30 dias consecutivos de monitoramento). Nesse sentido, STF – HC
106129/2012 – 1ª Turma:

EMENTA: Habeas corpus. Constitucional. Processual Penal. Interceptação telefônica. Crimes


de tortura, corrupção passiva, extorsão, peculato, formação de quadrilha e receptação.
Eventual ilegalidade da decisão que autorizou a interceptação telefônica e suas
prorrogações por 30 (trinta) dias consecutivos. Não ocorrência. Possibilidade de se
prorrogar o prazo de autorização para a interceptação telefônica por períodos sucessivos
quando a intensidade e a complexidade das condutas delitivas investigadas assim o
demandarem. Precedentes. (...) Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1. É da
jurisprudência desta Corte o entendimento de ser possível a prorrogação do prazo de
autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando
o fato é complexo, a exigir investigação diferenciada e contínua (HC nº 83.515/RS,
Tribunal Pleno, Relator o Ministro Nelson Jobim, DJ de 4/3/05). 2. Cabe registrar que a
autorização da interceptação por 30 (dias) dias consecutivos nada mais é do que
a soma dos períodos, ou seja, 15 (quinze) dias prorrogáveis por mais 15 (quinze)
dias, em função da quantidade de investigados e da complexidade da organização
criminosa. 3. Nesse contexto, considerando o entendimento jurisprudencial e doutrinário
acerca da possibilidade de se prorrogar o prazo de autorização para a interceptação
telefônica por períodos sucessivos quando a intensidade e a complexidade das condutas
delitivas investigadas assim o demandarem, não há que se falar, na espécie, em nulidade
da referida escuta e de suas prorrogações, uma vez que autorizada pelo Juízo de piso, com
a observância das exigências previstas na lei de regência (Lei nº 9.296/96, art. 5º). 4. (...)
5. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa parte, denegado. (STF - HC 106129,
Relator(a): Ministro Dias Toffoli, Órgão Julgador: 1ª Turma, Julgamento: 06/03/2012).

Nesse mesmo diapasão, STJ – HC 421914/2019 – 6ª Turma, HC 242590/2014 – 6ª


Turma e HC 149866/2012 – 5ª Turma.

13. CONDUÇÃO DO PROCEDIMENTO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

99
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

O procedimento para a operacionalização da interceptação de comunicação telefônica é


detalhado no Art. 6º da Lei nº 9.296/96, in verbis:
Lei nº 9.296/96 - Art. 6° - Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar
a sua realização.
§ 1° - No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada
a sua transcrição.
§ 2° - Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3° - Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério
Público.

A autoridade policial preside o procedimento de interceptação telefônica, dando ciência ao


Ministério Pública que, por sua vez, pode acompanhar as diligências, nos termos da literalidade do Art.
6º da Lei nº 9.296/96, mesmo porque o MP atua como fiscal da lei e também é o titular da ação penal
pública. A falta dessa comunicação ao Parquet, de acordo com entendimento do STJ, gera nulidade
apenas relativa, é dizer, as provas produzidas serão anuladas somente se houver demonstração de
efetivo prejuízo ao réu (STJ - HC 43234/2005 – 5ª Turma).
EMENTA: CRIMINAL. HC. EXTORSÃO MEDIDANTE SEQÜESTRO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.
IRREGULARIDADES. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. LEGALIDADE
DA PROVA. CONDENAÇÃO BASEADA EM OUTROS ELEMENTOS DO CONJUNTO PROBATÓRIO. BUSCA E
APREENSÃO. MANDADO. EXISTÊNCIA. EXISTÊNCIA DE OUTROS DELITOS DE CARÁTER PERMANENTE.
FLAGRANTE. ORDEM DENEGADA.
(...)
III. Não se anula o procedimento por ausência de intimação do Ministério Público para
acompanhar as diligências, ante a ausência de comprovação de prejuízo à parte.
(...)
(STJ - HC 43234/SP, Relator(a): Ministro Gilson Dipp, Órgão Julgador: 5ª Turma,
Julgamento: 03/11/2005).

Todavia, no caso de o próprio Ministério Público (MP) realizar as investigações e requerer o


afastamento do sigilo telefônico, o seu representante é quem preside as interceptações, conduzindo o
procedimento, nos termos da Resolução nº 36/2009 do Conselho Nacional do Ministério Publico
(CNMP), a qual inclusive foi declarada constitucional pelo STF (ADI 4263/2018 – Tribunal Pleno).
Obviamente pode o Parquet, caso prefira, requisitar a polícia judiciária para que operacionalize a
medida, ou até utilizar a Polícia Militar (PM) ou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tanto, pois estas
forças policiais podem, excepcionalmente, operacionalizar o procedimento de interceptações
telefônicas, em conformidade com entendimento da Jurisprudência pátria. A base desse entendimento é
de que às polícias civis e federal foram atribuídas pela CF/88, com exclusividade, apenas as atribuições
de polícia judiciária, não se estendendo essa exclusividade às atividades de polícia investigativa. Nesse
diapasão, STF – HC 96986/2012 - 2ª Turma; e STJ - AgRg nos EDcl no RHC 91508/2018 – 5ª
Turma, HC 387636/2018 – 5ª Turma, RHC 78743/2018 – 5ª Turma, AgRg no REsp
1380658/2017 – 5ª Turma e HC 328915/2015 – 6ª Turma.
O STJ já teve a oportunidade, inclusive, de julgar a legalidade de interceptações telefônicas
operacionalizadas pela Coordenadoria de Inteligência do Sistema Penitenciário da Secretaria de
Administração Penitenciária do estado do Rio de Janeiro – CISPEN, decidindo pela legalidade das provas
produzidas (HC 131836/2010 – 5ª Turma).
Em relação à transcrição das interceptações telefônicas, é pacífico o entendimento
jurisprudencial segundo o qual a polícia não precisa transcrever as conversas na íntegra, sendo
suficiente a transcrição parcial de conversas e trechos relevantes, necessários ao oferecimento da
denúncia. Reforça esse entendimento o disposto no Art. 9° da Lei nº 9.296/96, de acordo com o qual:
“A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte
interessada”, concluindo em seu parágrafo único que “o incidente de inutilização será assistido pelo
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal”. Porém, a
mídia contendo os áudios das conversas interceptadas deve ser integral e inalterada, a fim de ser
disponibilizada à defesa, sendo isso importante para se manter a ―cadeia de custódia‖ da prova. Nesse
sentido, STF – Rcl 33783/2019 AgR – 1ª Turma, HC 163967/2019 AgR – 2ª Turma, HC
120121/2016 AgR – 1ª Turma, HC 116989/2015 – 2ª Turma e Inq. 3693/2014 – Tribunal
Pleno; e STJ - AgRg no AREsp 1408608/2020 – 5ª Turma e AgRg no HC 532480/2019 – 6ª
Turma.
No que se refere à integralidade da mídia relativa à gravação das interceptações telefônicas, o
STJ já apreciou um caso em que considerou nulas as provas obtidas a partir de interceptação
telefônicas e telemáticas, em decorrência do extravio de partes das mídias, por conta de violação à
―cadeia de custódia‖, senão vejamos:

100
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. (...) QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO E TELEMÁTICO


AUTORIZADA JUDICIALMENTE. (...) AUSÊNCIA DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRALIDADE DA
PROVA PRODUZIDA NA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E TELEMÁTICA. VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DA PARIDADE DE ARMAS.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA, DE OFÍCIO.
(...)
X. Apesar de ter sido franqueado o acesso aos autos, parte das provas obtidas a partir da
interceptação telemática foi extraviada, ainda na Polícia, e o conteúdo dos áudios
telefônicos não foi disponibilizado da forma como captado, havendo descontinuidade
nasconversas e na sua ordem, com omissão de alguns áudios.
XI. A prova produzida durante a interceptação não pode servir apenas aos interesses do órgão
acusador, sendo imprescindível a preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado
o exercício da ampla defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese
acusatória, dada a perda da unidade da prova.
XII. Mostra-se lesiva ao direito à prova, corolário da ampla defesa e do contraditório -
constitucionalmente garantidos -, a ausência da salvaguarda da integralidade do material
colhido na investigação, repercutindo no próprio dever de garantia da paridade de armas
das partes adversas.
XIII. É certo que todo o material obtido por meio da interceptação telefônica deve ser dirigido à
autoridade judiciária, a qual, juntamente com a acusação e a defesa, deve selecionar tudo o que
interesse à prova, descartando-se, mediante o procedimento previsto no art. 9º, parágrafo único,
da Lei 9.296/96, o que se mostrar impertinente ao objeto da interceptação, pelo que constitui
constrangimento ilegal a seleção do material produzido nas interceptações autorizadas,
realizada pela Polícia Judiciária, tal como ocorreu, subtraindo-se, do Juízo e das partes, o exame
da pertinência das provas colhidas. Precedente do STF.
XIV. Decorre da garantia da ampla defesa o direito do acusado à disponibilização da
integralidade de mídia, contendo o inteiro teor dos áudios e diálogos interceptados.
(...)
XVII. Ordem concedida, de ofício, para anular as provas produzidas nas interceptações telefônica e
telemática, determinando, ao Juízo de 1º Grau, o desentranhamento integral do material colhido, bem
como o exame da existência de prova ilícita por derivação, nos Termos do art. 157, §§ 1º e 2º,
do CPP, procedendo-se ao seu desentranhamento da Ação Penal 2006.51.01.523722-9. (STJ -
HC 160662/RJ, Relator(a): Ministra Assusete Magalhães, Órgão Julgador: 6ª Turma,
Julgamento: 18/02/2014).

Questão 1: a transcrição, que pode ser parcial como visto antes, precisa ser feita por perito?
NÃO, porque não há necessidade de conhecimentos especializados para ouvir uma conversa telefônica
ou ambiental (se for o caso) e transcrevê-la. Nesse diapasão, STF – RHC 125239/2015 – 2ª Turma;
e STJ - AgRg nos EDcl no AREsp 1226589/2019 – 5ª Turma e AgRg no AREsp 1136157/2018
– 6ª Turma.
Questão 2: é necessária a perícia de comparação de voz, conhecida como “espectograma da
voz” ou “perícia fonográfica”, para confirmar se a voz interceptada realmente é do
investigado/acusado? NÃO, até porque a voz pode ser aferida por outros meios de prova, como por
exemplo, o próprio magistrado pode, por ocasião do interrogatório, comparar a voz do acusado com a
voz gravada na mídia das interceptações. Somente será determinada essa perícia, quando a autoridade
judiciária se convencer, com base no princípio do livre convencimento motivado, que há dúvida
plausível que justifique a medida. Nesse diapasão, STF – HC 128485/2016 – 2ª Turma; e STJ -
AgRg no REsp 1851861/2020 – 5ª Turma, AgRg no AREsp 1281062/2020 – 6ª Turma, HC
274969/2014 – 5ª Turma e HC 110772/2009 – 5ª Turma.
De acordo com o §2º do Art. 6º da Lei nº 9.296/96, cumprida a diligência, a autoridade
policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado,
que deverá conter o resumo das operações realizadas. De acordo com a jurisprudência, a
ausência desse auto circunstanciado ou sua deficiência gera nulidade apenas relativa, ou seja, o
acusado tem que demonstrar efetivo prejuízo para as provas produzidas serem anuladas, pois se trata
de elemento secundário. Nesse sentido, STF – HC 87859/2007 – 1ª Turma; STJ – AgRg no AREsp
1111512/2018 – 5º Turma e HC 140798/2012 – 6ª Turma.

14. INTERCEPTAÇÃO E ESCUTA AMBIENTAL

14.1. Noções Introdutórias


Antes do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), a capitação ambiental (interceptação e escuta) era
meio de obtenção de prova nominado, previsto no Art. 3º, II, da Lei nº 12.850/13, in verbis:
Lei nº 12.850/13 - Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo
de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
(...)
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;

101
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

Apesar de ser meio de obtenção de prova nominado, porque previsto em Lei, era prova
atípica, pois não havia previsão na Lei para seu procedimento, de modo que se adotava o procedimento
de um meio de obtenção de prova similar, que era exatamente a interceptação telefônica prevista na
Lei nº 9.296/96. Assim, antes da Lei do Pacote Anticrime, os requisitos para a interceptação e escuta
ambiental eram os mesmos para a interceptação e escuta telefônica já analisados, é dizer, (1) ordem
da autoridade judiciaria competente, (2) fumus comissi delicti (existência de indícios razoáveis da
autoria ou participação em infração penal), (3) indispensabilidade da medida (a prova não puder ser
obtida por outros meios disponíveis), (4) infração penal punida no mínimo com reclusão e (5) apenas
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Ocorre que a mencionada Lei do
Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), alterando a Lei nº 9.296/96, regulamentou a matéria, mais
precisamente em seu Art. 8º-A, ipsis litteris:
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a
requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes;
e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais
conexas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do
dispositivo de captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão
judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica
para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

QUADRO-RESUMO COMPARATIVO DOS REQUISITOS DA INTERCEPTAÇÃO/ESCUTA


AMBIENTAL E INTERCEPTAÇÃO/ESCUTA TELEFÔNICA

INTERCEPTAÇÃO/ESCUTA AMBIENTAL – INTERCEPTAÇÃO/ESCUTA TELEFÔNICA –


Art. 2ª da Lei nº 9.296/96 Art. 8º A da Lei nº 9.296/96

REQUISITOS IGUAIS
Autorização do juiz competente. Ordem do juiz competente.
―A prova não puder ser feita por outros ―A prova puder ser feita por outros meios
meios disponíveis e igualmente eficazes‖. disponíveis‖.
“Para investigação ou instrução criminal ...” “... para prova em investigação criminal e
em instrução processual penal ...”
Fumus comissi delicti – existência de ―indícios Fumus comissi delicti – existência de
razoáveis da autoria ou participação ...‖ ―elementos probatórios razoáveis de autoria e
participação ...‖

REQUISITOS DIFERENTES
Em Crime ou Contravenção Penal. Apenas em Crime.
Punidos com Reclusão, Detenção ou Prisão Punido apenas com Reclusão.
Simples.
Penas máximas superiores a 4 (quatro) anos
ou Infrações penais conexas. NÃO EXIGE.

O Juiz NÃO pode decretar de ofício. O Juiz PODE decretar de ofício.


A Lei só fala em uma prorrogação por
A própria Lei já prevê a possibilidade de mais 15 dias. Lembrar que quem admite
sucessivas prorrogações por mais 15 dias. sucessivas prorrogações é a Jurisprudência.
E, para a prorrogação, deve está presente
atividade criminal permanente, habitual ou NÃO EXIGE.
continuada.

14.2. Captação Ambiental e Autorização Judicial?

102
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

Pela letra da Lei é sempre necessária autorização judicial (Art. 8ª-A, caput), porém, já há
doutrina criticando isso, a exemplo do Professor Renato Brasileiro de Lima, pois a Lei quis dá à
conversa ambiental o mesmo tratamento dado à conversa telefônica (Art. 5º, XII, da CF/88), quando,
na verdade às conversas ambientais deve ser dada a tutela do Art. 5º, X, da CF/88 (são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação). Essa doutrina, então, faz a seguinte distinção,
levando em conta o local da conversa:
Captação ambiental de conversa alheia em local público ou privado (mas aberto ao público) –
nesse caso, não seria necessária autorização judicial. Basta lembrar-se das câmaras de segurança
instaladas em locais públicos e abertos ao público cujas imagens ou sons captados são comumente
utilizados em investigações e processos criminais.
Captação ambiental de conversa alheia mantida em local público, mas em caráter sigiloso
expressamente estabelecido pelos interlocutores – nesse caso, seria necessária ordem judicial, porque
os interlocutores da conversa estabelecem que ela é sigilosa, restrita ou reservada, tendo assim uma
expectativa legítima de preservação de sua intimidade e vida privada. Ex.: conversa de um advogado
com seu cliente.
Captação ambiental em local privado e não aberto ao público – nesse, obviamente, também
seria necessária autorização judicial. Aqui é só invocar a questão da inviolabilidade domiciliar (Art. 5º,
XI, da CF/88).
Por ora, ater-se á literalidade da Lei, salvo se a questão fizer menção à doutrina, mas ficar
acompanhando o posicionamento da Jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre o tema.
Questão: Possibilidade de ingresso em domicílio alheio no período noturno para a instalação
de equipamentos destinados à captação de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos?
Essa possibilidade era prevista no §2º do Art. 8º-A que permitia, exceto se fosse em casa. Ridículo,
porque se não pudesse entrar em local considerado casa, a capitação ambiental iria perder sua razão
de ser, tornando-se inócua, pois é lógico que, em regra, não dá para se instalar esses equipamentos
durante o dia, sob pena de alguém ver e a medida ser frustrada e perder a eficácia. Porém, esse
dispositivo, felizmente, foi vetado. O STF inclusive já considerou lícitas as provas obtidas a partir de
captação ambiental cujos equipamentos foram instalados no período noturno em escritório de
advocacia, local que é considerado casa (nesse sentido, STF – Inq. 2424/2008 – Tribunal Pleno).
Vejamos trecho da ementa do citado julgado:
EMENTA: (...) Para fins de persecução criminal de ilícitos praticados por quadrilha, bando, organização ou
associação criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a interceptação de sinais
eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu registro e análise, mediante circunstanciada
autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração de local. Captação de
sinais óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período
noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. Invasão de
domicílio (...) (STF - Inq. 2424, Relator(a): Minstro César Peluso, Órgão Julgador: Tribunal
Pleno, Julgamento: 26/11/2008).

15. CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 9.296/96

15.1. Crime de Interceptação (Telefônica/Ambiental) Ilegal e Quebra de Segredo de


Justiça

A) Tipo Penal
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou
telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de
conduta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. (Redação dada pela Lei
nº 13.869. de 2019)

B) Condutas
Antes da Lei nº 13.869/19 (Nova Lei de Abuso de Autoridade), não havia a criminalização da
conduta ilegal em relação à escuta ambiental. Atualmente, portanto, as condutas delitivas desse tipo
penal podem ser esquematizadas da seguinte forma:

REALIZAR INTERCEPTAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.


01 (de comunicações telefônicas,
COM OBJETIVOS NÃO AUTORIZADOS EM LEI.
de informática ou telemática).

103
Direito Processual Penal

Professores Gustavo e Estácio

SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. (REVOGADO


TACITAMETE, NESTA PARTE, PELA LEI DO
PROMOVER ESCUTA PACOTE ANTICRIME - LEI Nº 13.964/19 - 20
02 DIAS DEPOIS DE ENTRAR EM VIGOR).
AMBIENTAL.
COM OBJETIVOS NÃO AUTORIZADOS EM LEI.
SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
QUEBRAR SEGREDO DA
03 COM OBJETIVOS NÃO AUTORIZADOS EM LEI.
JUSTIÇA.

No parágrafo único há conduta equiparada que criminaliza, com a mesma pena, a conduta da
autoridade judiciária que determina a execução de qualquer das condutas anteriores com objetivo não
autorizado em lei. Logo, diferentemente das condutas do caput, trata-se de crime próprio, pois exige
qualidade especial do sujeito ativo (ser magistrado).

15.1. Crime de Captação Ambiental sem Autorização Judicial (Art. 10-A)


A) Tipo Penal
Lei nº 9.296/96 - Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for
exigida: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

B) Conduta: “REALIZAR CAPTAÇÃO AMBIENTAL (...) sem autorização judicial...”


Com a Lei nº 13.869/19 (Nova Lei de Abuso de Autoridade) foi introduzida, no tipo penal do
Art. 10, como visto, as condutas de ―promover escuta ambiental‖ sem autorização judicial ou ―com
objetivos não autorizados em lei‖, mas 20 dias depois entrou em vigor a Lei nº 13.964/19 (Pacote
Anticrime) tipificando, no Art. 10-A, a conduta de ―realizar captação ambiental‖ ―sem autorização
judicial‖, de modo que subsiste no Art. 10, do que foi acrescido pela Nova Lei de Abuso de Autoridade,
apenas a conduta de ―promover escuta ambiental‖ ―com objetivos não autorizados em lei‖. De forma
esquematizada, temos o seguinte:
 Quem realiza ou autoriza captação ambiental com ―com objetivos não autorizados em lei‖
comete o crime do Art. 10, caput, da Lei nº 9.296/96 com redação dada pela Lei nº 13.869/19
(Nova Lei de Abuso de Autoridade);
 Quem realiza captação ambiental ―sem autorização judicial‖ pratica o delito do Art. 10-A da Lei
nº 9.296/96 incluído pela Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime); e
 Autoridade Judiciária que determina captação ambiental com objetivo não autorizado em lei
comete o crime do Art. 10, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96 com redação dada pela Lei nº
13.869/19 (Nova Lei de Abuso de Autoridade).
Corroborando com o entendimento segundo o qual a ―Gravação Ambiental‖ (ou Clandestina)
da mesma forma que a gravação telefônica, em regra, não depende de autorização judicial para ser
prova lícita, o §1º do Art. 10-A prevê que “não há crime se a captação é realizada por um dos
interlocutores”, já que a gravação ambiental é exatamente a captação feita por um dos interlocutores
da conversa sem o conhecimento do outro.
Por fim, o §2º do Art. 10-A prevê uma causa de aumente de pena (o dobro) para o
“funcionário público que descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação
ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial”.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

Nosso edital PM AL (Edital nº 1 – PMAL, de 21 de junho de 2019) trouxe a cobrança dos seguintes
temas em matéria de Direitos Humanos:

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS: 1 Conceito. 2 Evolução. 3 Abrangência. 4 Sistema de Proteção. 5


Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).

Esquematizando:

I) Teoria Geral dos Direitos Humanos: Introdução ao estudo dos Direitos Humanos; Afirmação Histórica
dos Direitos Humanos; Características dos Direitos Humanos; Dimensões; Sistema de Proteção Internacional
dos Direitos Humanos.

II) Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Convenções Gerais: DUDH, PIDCP e PIDESC.
Convenções Específicas: Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, Convenção sobre a
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, Convenção contra a Tortura, Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, Convenção sobre o Direito das Crianças, Convenção sobre o Desaparecimento Forçado,
Convenção sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, Convenção para Prevenção e Repressão do Genocídio,
Convenção Relativa ao Estatuto de Roma e Estatuto de Roma.

III) Sistema Americano de Proteção dos Direitos Humanos: Convenções Gerais e Específicas: Pacto de
San José da Costa Rica, Protocolo de San Salvador, Protocolo relativo à Abolição da Pena de Morte, Convenção
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher, Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas,
Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa com
Deficiência.

PLANEJAMENTO DE AULAS

AULA 01 Teoria Geral dos Direitos Humanos. Conceito. Evolução. Abrangência.

AULA 02 Sistema de Proteção Internacional de Direitos Humanos.


Internacionalização dos Direitos Humanos.
Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos.

AULA 03 Sistema Regional de Proteção aos Direitos Humanos.

Sistema Americano de Proteção aos Direitos Humanos – Pacto de San José


da Costa Rica e Decreto nº 678/1992.
Direitos Humanos na Constituição Federal.

Então, mapeado nosso caminho. Vamos começar! Não esqueça do que combinamos desde o início:
Estamos juntos! Conte comigo.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

1. INTRODUÇÃO. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

1.1. PREOCUPAÇÃO CENTRAL DOS DIREITOS HUMANOS:

Direitos Humanos – ideia central: prover meios e instrumentos jurídicos para defesa da dignidade.

1.2. DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS:

Direitos Humanos (reconhecidos pela ordem internacional, proteção por meio de tratados e declarações
internacionais)

Direitos Fundamentais (reconhecidos pela ordem interna, proteção por meio das constituições).

Obs.: Há uma superação nessa distinção com a complementariedade dos direitos humanos
fundamentais.

1.3. TEORIAS DA ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS: TEORIA JUSNATURALISTA E


TEORIA JUSPOSITIVISTA
TEORIA JUSNATURALISTA TEORIA JUSPOSITIVISTA
Quanto ao âmbito de Abrangência universal. Abrangência particular.
abrangência Válidos em todo local e em todos Válidos em determinado tempo e
os tempos. local.
Quanto à variabilidade Direito imutável. Direito variável/mutável.
(possibilidade de mudança)
Quanto à fonte Decorre da natureza. Decorre da vontade.
Que pode ser divina, humana ou Que pode ser do povo, soberana,
cosmológica. autoritária.
Quanto ao modo de conhecer Através da razão. Através da promulgação.
o direito
Quanto ao estabelecimento Estabelece o que é bom ou mal. Estabelece o que é útil
(instrumental). Estabelece o
que é permitido ou o que é
proibido.

1.4. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS


É preciso entender como os direitos humanos evoluíram e se afirmaram historicamente.
DOUTRINA CRISTÃ → TEORIA DO DIREITO NATURAL → FILOSOFIA ILUMINISTA
a) Magna Carta (1215, Inglaterra)

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

Pacto publicado pelo Rei João Sem Terra, os barões, o clero e os vassalos.
Reconhecia direitos aos homens livres – apoiados pelo clero.
Foi o primeiro documento a instituir uma ordem democrática.
Estabeleceu o princípio da LEGALIDADE e a LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (de entrada e saída
do país com seus bens).

Estabeleceu a base para o princípio do DEVIDO PROCESSO LEGAL. Art. 39. “Nenhum homem livre
será capturado, ou levado prisioneiro, ou privado dos bens, ou exilado, ou de qualquer modo destruído,
e nunca usaremos da força contra ele, e nunca mandaremos que outros o façam, salvo em processo legal
por seus pares ou de acordo com as leis da terra.”

b) Habeas Corpus Act (1679, Inglaterra)


VEDAÇÃO A PRISOES ARBITRÁRIAS
“Que tenhas teu corpo”. É base do sistema de garantias judiciais.
Art. 29. “É injusta qualquer prisão não estabelecida de direito ou decretada arbitrariamente”.

c) Petition of Rights (1628, Inglaterra) e Bill of Rights (1689, Inglaterra)

Trata-se da PETIÇÃO DE DIREITOS.

São treze artigos que restringiam a ação dos governantes e garantiam as liberdades individuais;
asseguravam o direito de petição; condenavam os tribunais de exceção e previa a ilegalidade da
suspensão das leis pelas ordenações do rei.

Destaque para o direito de petição em que é permitido que o cidadão represente, em petição individual,
contra o Estado.

d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789, França)

Composta por 17 artigos, a Declaração traça a DISTINÇÃO entre os DIREITOS DO HOMEM


(prerrogativas inalienáveis como liberdade, igualdade, propriedade) e os DIREITOS DO CIDADÃO
(participação política).

e) Liga das Nações (1920)

PRIMEIRO ÓRGÃO a utilizar os direitos humanos como meio de MANUTENÇÃO DA PAZ E


SEGURANÇA NACIONAL.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

Órgão criado nos Pós Primeira Guerra Mundial com objetivo de EVITAR CONFLITOS ARMADOS e
criar meios de arbitragem e regulamentação dos Direitos Humanos em caso de guerra. Contudo, o objetivo
não foi alcançado, uma vez que a Segunda Guerra Mundial produziu efeitos nefastos e grandes
violações a direitos humanos.

Nessa época, o papel dos Direitos Humanos era secundário frente aos interesses dos Estados.

f) Carta das Nações Unidas (Carta da ONU, 1945)


Cenário Pós-Guerra: 60 milhões de mortes. Descoberta das bombas atômicas. Sociedade mundial –
objetivo: busca da PAZ.
Trata-se do primeiro documento legislativo a prescrever a internacionalização dos direitos humanos.
Em 1945, a ONU é composta por 51 países e publica a Carta das Nações Unidas com o objetivo de
promover o progresso social e econômico de todos os povos – desenvolvimento.

g) DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH, 1948).

Vejamos a evolução da internacionalização dos Direitos Humanos:


FASES DA INTERNACIONALIZAÇÃO
DOS DIREITOS HUMANOS

PRIMEIRA FASE - Surgimento do direito humanitário (Cruz Vermelha, em 1864).

- Conferências de Haia (1899) – Direito Internacional da Guerra.

- Luta contra a escravidão (Ato Geral da Conferência de Bruxelas).

- Regulação dos direitos trabalhistas (criação da OIT, 1919).

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914–1918)

- Liga das Nações (1920)

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

SEGUNDA FASE - Efetiva internacionalização dos Direitos Humanos, com o


reconhecimento da dignidade da pessoa humana como valor
(a partir de 1945) supremo decorrente das atrocidades da Segunda Guerra Mundial.

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Direitos Humanos

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A proteção dos direitos fundamentais (internos) não se mostrou


suficiente para a proteção da dignidade da pessoa humana.

- Criação da ONU.

- Criação dos Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos.

- DUDH é o grande marco – “divisor de águas” na


internacionalização dos Direitos Humanos.

1.5. DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS

a) 1ª DIMENSÃO: Direitos Civis e Políticos - Direitos de LIBERDADE.

b) 2ª DIMENSÃO: Direitos Sociais, Econômicos e Culturais - Direitos de IGUALDADE.

c) 3ª DIMENSÃO: Direitos Difusos e Coletivos - Direitos de FRATERNIDADE.


Obs.: Há conflito na doutrina de Paulo Bonavides e Norberto Bobbio no que se refere às quarta e
quinta dimensões de direitos. Não há consenso.

d) 4ª DIMENSÃO:
Para Bonavides: Direitos de DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO E PLURALISMO.
Para Bobbio: PATRIMÔNIO GENÉTICO (clonagem), BIOÉTICA.

e) 5ª DIMENSÃO:
Há posicionamentos doutrinários no sentido de: PATRIMÔNIO GENÉTICO/BIOÉTICA, outros PAZ,
IDENTIDADE INDIVIDUAL.
CONCLUSÃO: OS DIREITOS HUMANOS ENCONTRAM-SE EM CONSTANTE
TRANSFORMAÇÃO!

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Direitos Humanos

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PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA QUINTA


DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENS
ÃO
DIREITOS CIVIS DIREITOS DIREITOS DIFUSOS
E POLÍTICOS SOCIAIS, E COLETIVOS
ECONÔMICOS E
CULTURAIS
LIBERDADE IGUALDADE FRATERNIDADE
ESTADO ESTADO ESTADO
ABSOLUTISTA SOCIAL DEMOCRÁTICO DE
↓ DIREITO (dignidade)
ESTADO DE
DIREITO(Liberal)
DIREITOS DIREITOS Universalização dos
NEGATIVOS POSITIVOS direitos – pessoas em
(-) (+) geral - humanidade
(não agir) (agir/prestacionais)
Ex.: Liberdade Ex.: Direito à Ex.: Direito ao meio GLOBALIZAÇÃO,
política, de educação, saúde, ambiente sadio, ao DEMOCRACIA, PAZ
expressão, cultura, direitos desenvolvimento, do INFORMAÇÃO, Paulo
religiosa, trabalhistas e consumidor. ENGENHARIA Bonavides
comercial. previdenciários. GENÉTICA.
MARCO MARCO MARCO
HISTÓRICO: HISTÓRICO: HISTÓRICO:
Revolução Revolução Pós Segunda Guerra
Francesa (1789) e Industrial e Mundial (1945)
Independência das Revolução
Colônias Mexicana (1917).
Americanas –
EUA (1776)
MARCO MARCO
TEÓRICO: TEÓRICO:
“O contrato “Encíclica Rerum
social” de Novarum” de
Rousseau. 1891e “Manifesto
“Segundo Tratado do Partido
sobre o Governo” Comunista” Marx
de Locke. e Engels.

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Direitos Humanos

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1.6. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS


IMPORTANTE: DIREITOS HUMANOS NÃO SÃO ABSOLUTOS!
a) Superioridade normativa (jus cogens): os direitos humanos apresentam um conjunto de valores
considerados essenciais que possuem superioridade normativa em relação às demais normas.

b) Universalidade/caráter erga omnes: os direitos humanos destinam-se a todos os seres humanos,


em qualquer lugar no mundo, sem qualquer forma de distinção ou discriminação. Atinge
pessoas físicas e pessoas jurídicas (públicas e privadas). Aplica-se também nas relações entre
particulares.
Caráter erga omnes: os direitos humanos são oponíveis contra todos.
Atenção: Os direitos humanos são garantidos inclusive aos violadores de direitos humanos. Ex.:
Torturadores têm direito ao devido processo legal e não podem ter a tortura como pena.
Atenção: A universalidade prevalece quando em confronto com a relatividade. Ou seja, os direitos
humanos destinam-se a todas as pessoas, respeitando as particularidades de cada um, entretanto, visa
encontrar um modo de proteger a dignidade humana independentemente de qualquer contexto.
Atenção: A prof.ª Flávia Piovesan defende a ideia da busca do mínimo ético irredutível – deve-se
encontrar o núcleo de direitos humanos que deverá ser aplicado a todas as pessoas, independentemente de
onde estiverem (Ex.: Vedação à tortura, vedação à escravização), não desconsiderando as particularidade
culturais próprias de cada sociedade.
Atenção: Eficácia dos direitos humanos:
- VERTICAL: Estado → Particular. Aplicação dos direitos humanos nas relações entre o Estado e o
particular/sociedade.
- HORIZONTAL: Particular → Particular. Aplicação dos direitos humanos nas relações entre os
particulares.
- DIAGONAL: Empregador → Empregado. Aplicação dos direitos humanos na relação de emprego.
Hipossuficiência do empregado (subordinação).
c) Indivisibilidade/Interdependência/Complementariedade/Inter-relacionaridade: podem ser
exercidos cumulativamente uns com os outros. Os direitos humanos possuem uma mútua relação
protegida por diversos diplomas internacionais. Ou seja, os direitos humanos constituem um
corpo único a ser interpretado e aplicado em conjunto.

d) Inviolabilidade: os direitos humanos não podem ser descumpridos por qualquer pessoa ou
autoridade. Ex.: Vedação a prática de torturas e tratamentos degradantes.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

e) Inalienabilidade: os direitos humanos não podem ser vendidos, são direitos indisponíveis e,
portanto, não possuem conteúdo econômico/patrimonial.

f) Vedação ao retrocesso: não se pode permitir o efeito cliquet – retornar/suprimir direitos humanos
já conquistados e reconhecidos. Ou seja, os direitos não podem retroagir, só podendo avançar na
proteção dos indivíduos.

g) Efetividade/Exigibilidade: prestigia-se a interpretação que garanta a máxima efetividade.


Implementação dos direitos humanos com a responsabilização dos Estados, quando violados.

h) Limitabilidade: NENHUM DIREITO É ABSOLUTO. Dessa forma, podem ser limitados, caso
haja conflitos entre eles (princípio da harmonização3).
Obs.: Para Gilmar Mendes e Ingo Sartlet, a dignidade da pessoa humana deve ser tratada como
princípio de hierarquia supraconstitucional.
Obs.: Numa visão excepcional, Norberto Bobbio considera a vedação à tortura e a vedação à escravidão
como direitos humanos absolutos.
i) Imprescritibilidade: os direitos humanos não são perdidos/não se esgotam com o passar do tempo
ou se não forem exercidos. Os direitos humanos não se sujeitam a prazos prescricionais. Mas a
pretensão indenizatória decorrente da violação de direito humano está sujeita à prescrição.

j) Indisponibilidade/irrenunciabilidade: os direitos humanos podem ser não exercidos, mas


nunca renunciados. Excepcionalmente, pode não exercer o direito à intimidade e à vida privada
(desde que não ofenda à dignidade), como por exemplo nos reality shows.

k) Aplicabilidade imediata: os direitos humanos possuem aplicabilidade direta e imediata, ou seja,


não precisam de outras normas além dos tratados internacionais para disciplinar como será sua
aplicação. São completos para sua plena aplicação.

l) Historicidade: os direitos humanos possuem caráter histórico, evoluem com o passar do tempo.
Decorrem de um processo de formação histórica.

m) Abertura: o rol de direitos humanos não é taxativo. É sempre possível o reconhecimento de novos
direitos humanos.

3
Princípio da harmonização: No confronto de duas normas ou direitos, deve-se buscar a harmonia entre eles, evitando-se o
sacrifício total de um princípio em relação ao outro. Ex.: Ponderação entre direitos fundamentais.

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Direitos Humanos

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RESUMO PARA REVISÃO


AULA 01 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

1.1. PREOCUPAÇÃO CENTRAL DOS DIREITOS HUMANOS

1.2. DIREITOS HUMANOS ≠ DIREITOS FUNDAMENTAIS

1.3. TEORIA DA ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS


JUSNATURALISMO E JUSPOSITIVISMO (tabela)
1.4. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS
DOUTRINA CRISTÃ → TEORIA DO DIREITO NATURAL → FILOSOFIA ILUMINISTA
a) Magna Carta (1215, Inglaterra).

b) Habeas Corpus Act (1679, Inglaterra).

c) Petition of Rights (1628, Inglaterra) e Bill of Rights (1689, Inglaterra).

d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789, França).

e) Liga das Nações (1920).

f) Carta das Nações Unidas (ONU, 1945).

g) DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS (DUDH, 1948).


- Evolução da internacionalização dos Direitos Humanos: 1ª e 2ª fases – marco: 2ª G. M. (tabela).

1.5. DIMENSÕES/GERAÇÕES DE DIREITOS

a) 1ª dimensão.
b) 2ª dimensão.
c) 3ª dimensão.
d) 4ª dimensão.
e) 5ª dimensão.
Atentar para a tabela de evolução dos Direitos Humanos.

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Direitos Humanos

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1.6. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS


IMPORTANTE: DIREITOS HUMANOS NÃO SÃO ABSOLUTOS!
a) Superioridade normativa (jus cogens).

b) Universalidade/caráter erga omnes.

c) Indivisibilidade/interdependência/inter-relacionaridade/complementaridade.

d) Inviolabilidade.

e) Inalienabilidade.

f) Vedação ao retrocesso.

g) Efetividade/exigibilidade.

h) Limitabilidade.

i) Imprescritibilidade.

j) Indisponibilidade/irrenunciabilidade.

k) Aplicabilidade imediata.

l) Historicidade.

m) Abertura.

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Direitos Humanos

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2. SISTEMA DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

2.1. VERTENTES DE PROTEÇÃO

DIREITOS HUMANOS DIREITO DIREITO DOS


HUMANITÁRIO REFUGIADOS
OBJETIVO Proteção internacional da Garantia da paz e Proteção contra
dignidade. segurança de grupos violação de direitos
vulneráveis em razão civis, em
de conflitos militares decorrência de
e bélicos (guerra). discriminações, de
limitações às
liberdades de
expressão e à
opinião política.
CARACTERÍSTICAS - Legitimidade ativa; - A regra é não ter - Princípio do in
- Possibilidade de guerra, mas se tiver, dubio pro refugiado
peticionamento pelo deve obedecer a e princípio da não
indivíduo que teve seu regramentos. devolução.
direito violado junto aos - Consolida a posição Os países se
órgãos internacionais. do indivíduo como comprometem a
sujeito passivo de conceder asilo
direito; político, disciplinar
- Impossibilidade de as regras, bem como
peticionamento pelo não devolver ao país
indivíduo que teve seu de origem sem o
direito humano devido
violado. procedimento para
apurar com
segurança tratar-se
de crime político.
Prisioneiros de
guerra: proibição da
tortura, obrigação de
auxílio médico;
Proteção a
combatente ferido
em batalha: é vedado
matar soldado fora de
combate ou tropas
médicas;

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Direitos Humanos

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Proteção aos civis


não envolvidos no
conflito;
Proibição de armas
químicas e
biológicas.
Atenção: a
manutenção de
patrimônio histórico e
cultural, direitos e
liberdades civis não
são garantidos pelo
direito humanitário.
Direito humanitário
restringe-se a tempo
de guerra.
ORGANISMOS ONU, OEA. Cruz Vermelha,
Tribunal Penal X
Internacional (TPI).
DOCUMENTOS Carta das Nações Unidas e Convenções de Estatuto dos
Convenção Americana dos Genebra. Refugiados (1951).
Direitos Humanos.

2.2. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


Com a Segunda Guerra Mundial e suas atrocidades em cruéis e sucessivas violações à dignidade humana,
visualizou-se a urgente necessidade da internacionalização da proteção dos Direitos Humanos.
Dessa forma, a partir de então, a soberania nacional passou a não poder ser utilizada como instrumento
de limitação à promoção dos Direitos Humanos.
Nesse sentido, de maneira a promover a proteção dos Direitos Humanos, criou-se mecanismos internos
(dentro do país – dentro da soberania nacional) e internacionais (fora do país – resultado da
internacionalização dos Direitos Humanos).
Ou seja, a partir do momento que o país adere a determinados Tratados Internacionais de Direitos
Humanos, passa a ser necessário que o país internalize nas suas leis a adequação ao que os tratados
garantem.
Ex.: Situação do casamento forçado.
Ou seja, o Sistema de Proteção de Direitos Humanos INTERNACIONAL é SUBSIDIÁRIO ao
Sistema de proteção de Direitos Humanos INTERNO.
Os sistemas de proteção de Direitos Humanos se subdividem em âmbito:

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Direitos Humanos

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a) Interno:
↓ Subsidiário
b) Internacional: Global e Regional – são sistemas complementares.

a. Global – ONU.

b. Regional – Europa, África e América (OEA)4.

ORGANIZAÇÃO DAS
INTERNO GLOBAL NAÇÕES UNIDAS
(ONU)
SISTEMAS DE
PROTEÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS
SITEMA EUROPEU DE
INTERNACIONAL EUROPEU
DIREITOS HUMANOS

ORGANIZAÇÃO DA
REGIONAIS AFRICANO
UNIDADE AFRICANA

ORGANIZAÇÃO DOS
AMERICANO ESTADOS
AMERICANOS (OEA)

• Quando o país não resolve como suas estruturas internas – sistema nacional - determinada
violação de direitos humanos, seja por omissão ou insuficiência, recorre-se ao sistema
internacional de proteção de direitos humanos. Ou seja, AS NORMAS INTERNAS DO
ESTADO PREVALECEM.
• No que atine à relação entre o sistema nacional e o sistema internacional, deve-se observar
previamente a regra de que o SISTEMA INTERNACIONAL É SUBSIDIÁRIO, atuando apenas
na omissão das normas de direito interno.
• Há entre os sistemas – interno e internacional – uma relação de complementariedade, em função
de que um sistema complementa o outro que eventualmente não preveja determinada regra de
proteção específica.

4
Há também os Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos na Ásia e na Oceania, entretanto,
ainda bastante incipientes.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

• Por outro lado, podem surgir conflitos entre os sistemas interno e internacional, de maneira que
para solucioná-los deverá utilizar-se da norma mais benéfica à pessoa humana. NÃO HÁ
HIERARQUIA ENTRE ELES.

2.3. LEGITIMIDADE ATIVA E LEGITIMIDADE PASSIVA

a) LEGITIMIDADE ATIVA:

a. O Estado denuncia outro Estado por violação a direitos humanos.


b. Cidadão/grupo de pessoas/organismos recorre aos órgãos internacionais pela violação dos
seus direitos humanos.

b) LEGITIMIDADE PASSIVA:

a. Estado signatário de determinado Tratado Internacional pode ser responsabilizado.


Não importa se a violação dos direitos humanos foi cometida em qualquer dos estados ou municípios,
quem responde internacionalmente é a UNIÃO (ente federativo).
Atenção: A possibilidade de responsabilização de pessoa física – legitimidade passiva – está prevista no
Tribunal Internacional Penal (TIP). Ex.: Crimes contra a humanidade.

2.4. SISTEMA DE PROTEÇÃO GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS

• Também pode ser chamado de Sistema Universal de Proteção aos Direitos Humanos.
• A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945 com a assinatura da Carta das
Nações Unidas, fundada, incialmente, por 51 (cinquenta e um) países.
• Objetiva a defesa dos direitos humanos, o respeito à autodeterminação dos povos e a solidariedade
nacional, através do fomento da paz entre as nações, cooperação com o desenvolvimento
sustentável, bem como o monitoramento do cumprimento dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais.
Cuidado: Se a assertiva disser: “o sistema de proteção dos direitos humanos é concentrado na
ONU.” Está errado! Apenas o sistema global se concentra na ONU. O sistema regional não se
concentra na ONU.

2.4.1. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

A ONU foi criada após o fim da Liga das Nações com a finalidade de manter a paz mundial por meio da
proteção dos direitos humanos.
“Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção.”
a) ESTRUTURA DA ONU
- Assembleia Geral: composta pela totalidade dos Estados-Membros da ONU (193 Estados). Funciona
como uma grande conferência diplomática internacional. Atribuições: editar resoluções e expedir
recomendações sobre diversos temas. Ligado à Assembleia está o Conselho de Direitos Humanos que é
composto por 47 Estados (rodízio) responsável por estabelecer as diretrizes e elaboração de tratados
internacionais, especificamente, de direitos humanos.
- Conselho de Segurança: órgão destinado à manutenção ou conquista da paz. Composto por 5 (cinco)
membros permanentes que possuem poder de veto. Dessa forma, todas as decisões do Conselho devem
ser por unanimidade.
- Conselho Econômico e Social: trata-se de órgão com função executiva.
- Conselho de Tutela: atualmente, inativo. Sua função era tutelar territórios que visavam tornar-se
Estados soberanos.
- Tribunal/Corte Internacional de Justiça – Corte de Haia: sediado em Haia (Holanda) por isso
também chamado de Corte de Haia. É o principal órgão judicial da ONU. Órgão permanente. Cabe a ele
julgar as lides internacionais e proteger os direitos humanos. Tem função consultiva (ofertar consultas e
pareceres) e contenciosa (atuar em ações judiciais).
Cuidado: Não confundir TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL COM TRIBUNAL
INTERNACIONAL DE JUSTIÇA.
- Secretaria: trata-se de órgão administrativo. É nela que está o Secretário Geral da ONU (mais alta
autoridade da ONU – representante). Sua função é prestar serviço aos demais órgãos.

Os documentos que fundamentam a ONU se subdividem em gerais e específicos.


b) DOCUMENTOS GERAIS: DUDH, PIDCP e PIDESC.
Juntos: DUDH + PIDCP + PIDESC = Carta Internacional de Direitos (International Bill of Rigths).
- DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos).
E os pactos de 1966:

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

- PIDCP (Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos) – direitos liberais (autoaplicável) –
influência CAPITALISTA.
- PIDESC (Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) – direitos sociais
(aplicação progressiva) – influência SOCIALISTA.

c) CONVENÇÕES ESPECÍFICAS: Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial;


Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher; Convenção contra a Tortura,
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; Convenção sobre o Direito das Crianças; Convenção
sobre o Desaparecimento Forçado; Convenção sobre o Direito das Pessoas com Deficiência;
Convenção para Prevenção e Repressão do Genocídio; Convenção Relativa ao Estatuto de Roma
e Estatuto de Roma.

2.4.2. DOCUMENTOS GERAIS

2.4.2.1. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS (DUDH)

• É o principal instrumento do Sistema Global de proteção aos Direitos Humanos – contribui para
a universalização dos direitos humanos.

• Consagra direitos de primeira dimensão (arts. 1º ao 21 – consenso perante a comunidade


internacional), segunda dimensão (arts. 22 ao 30 – discussão entre capitalistas e socialistas) e
terceira dimensão (não há previsão direta, vez que os direitos de 3ª dimensão surgiram depois,
mas há algumas referências ao longo do texto).

• São direitos previstos na DUDH: direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal; proibição à
escravidão e à servidão; proibição à tortura e ao tratamento cruel, desumano ou degradante;
reconhecimento da personalidade jurídica (sujeito de direitos); direito à igualdade; proibição da
prisão arbitrária; direito a justa e pública audiência perante um tribunal independente e imparcial;
presunção de inocência; proteção à vida privada; liberdade de locomoção; direito de asilo (não
invocável em caso de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum); direito a
nacionalidade; direito de contrair matrimônio e fundar uma família; direito de propriedade; direito
à liberdade de pensamento, consciência e religião; direito à liberdade de reunião e associação
pacífica; direito de participação política (fazer parte do governo do país); garantia de acesso ao
serviço público do país; direito segurança social; direito ao trabalho; direito ao repouso e lazer;
direito a padrão de vida capaz de assegurar saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis; direito instrução (educação); e
direito participar livremente da vida cultural.

• Natureza jurídica: Há divergência quanto à natureza jurídica da DUDH.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

Inicialmente, importante apresentar a distinção entre Tratado e Resolução:


TRATADO RESOLUÇÃO
É reconhecido juridicamente como É reconhecido juridicamente como
VINCULATIVO/OBRIGATÓRIO. RECOMENDAÇÃO/ NÃO VINCULATIVO/
NÃO OBRIGATÓRIO.

Ocorre que a DUDH foi aprovada como RESOLUÇÃO.


TRATA-SE DE UMA RESOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU.
Portanto, sendo aprovada como Resolução, então a DUDH não teria efeitos vinculantes? A doutrina
diverge sobre isso. Vejamos:
a) 1ª corrente: trata-se de documento não vinculativo (mera declaração sem mecanismos de
fiscalização/implementação). Não prevalece.

b) 2ª corrente (prevalece): trata-se de documento vinculativo, haja vista:

a. A DUDH ser instrumento de interpretação autorizado na Carta das Nações Unidas (art. 1º,
item 3 e art. 55).
b. A DUDH integrar os princípios gerais de direito e o direito costumeiro, incorporados pelas
constituições e com diversas remissões em documentos da ONU que indicam seu caráter
vinculativo.
c. Diversas Cortes internacionais tratarem a DUDH como fonte de direito.
CONCLUSÃO: A DUDH é uma RESOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU que possui
EFEITOS VINCULANTES. A DUDH NÃO É UM TRATADO INTERNACIONAL!

• Preâmbulo: Apresenta a dignidade como núcleo da DUDH. A condição humana através da


dignidade está protegida independente de concessão política da sociedade.

• Princípios/direitos humanos essenciais: Princípio da igualdade5, direito à vida, direito à


liberdade, direito à segurança e direito à propriedade.

• Garantias processuais da DUDH: devido processo legal; vedação à prisão, detenção e exílio
arbitrários; igualdade no processo; imparcialidade do julgador; publicidade dos atos processuais;
princípio da presunção de inocência; princípio da irretroatividade da lei penal.

• Direito de ir e vir: É o direito de transitar pelo país. Deixá-lo livremente e regressar quando
desejar.
5
A DUDH consagrou o princípio da igualdade formal (igualdade na lei) e o princípio da igualdade material (igualdade
perante a lei/isonomia).

17
Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

• Direito de asilo: É a prerrogativa de ser protegida por outros países conferida à pessoa que é alvo
de perseguição política, racial ou por convicções religiosas em seu país de origem.
Atenção: NÃO poderá ser invocado o direito de asilo em CRIMES DE DIREITO COMUM e ATOS
CONTRÁRIOS AOS PROPÓSITOS E PRINCÍPIO DAS NAÇÕES UNIDAS.
• Direito de reunião: É a manifestação coletiva de uma liberdade de expressão, exercitada por meio
de uma associação transitória por um grupo de pessoas, com a finalidade de trocar ideias, de
promover a defesa de interesses comuns e de efetuar a publicidade de problemas e de determinadas
reivindicações. Trata-se, ao mesmo tempo, de um direito individual (em relação a cada um dos
participantes) e um direito coletivo (exercício em conjunto).

• Direitos trabalhistas previstos na DUDH: Direito ao trabalho, liberdade de escolha do emprego,


condições justas e favoráveis ao trabalho, proteção contra o desemprego, igualdade de
remuneração para igual trabalho, direito à remuneração justa e satisfatória, liberdade de associação
em sindicatos, direito à repouso e lazer, direito à jornada limitada, direito a férias.

• Direito à instrução: Trata-se de direito dividido em graus:

a) Grau elementar: gratuita e obrigatória.


b) Grau fundamental: gratuita.
c) Grau técnico-profissional: acessível a todos.
d) Grau superior: acessível a todos e baseada no mérito.

• Direitos culturais: direito de livre participação na vida cultural, nas artes e no processo científico,
bem como a garantia dos interesses morais (subjetivos) e materiais (objetivos) relativos à produção
cultural.

2.4.2.2. PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (PIDCP)

• Trata-se do Pacto de Direitos Liberais (direitos de primeira dimensão) – influência capitalista


– autoaplicável.

• São direitos previstos no PIDCP: igualdade entre homens e mulheres; vida; proibição de tortura
e de penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes; proibição de escravidão, de servidão
e de submissão a trabalho forçado; liberdade e segurança pessoal; integridade do preso; não prisão
por descumprimento de obrigação contratual; direito de circulação; juízo natural; presunção de
inocência; tipicidade penal; personalidade jurídica; vida privada; liberdades de pensamento,
consciência e religião; liberdade de expressão; direito de reunião; direito de associação, inclusive

18
Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

constituir sindicatos; proteção à família; proteção à criança; direito de participação política;


igualdade perante a lei e igual proteção da lei; e proteção às minorias.

• A proteção contra possíveis ingerências arbitrárias pode ocorrer em face do Estado ou nas
relações privadas, familiares etc.

• Direito à autodeterminação dos povos: liberdade para definição do estatuto jurídico e liberdade
para decidir a respeito do desenvolvimento econômico, social e cultural.

• Efetividade dos direitos: cada Estado-membro deverá:

a) Respeitar e garantir os direitos previstos sem discriminações;


b) Adotar medidas destinadas a tornar efetivos os direitos; e
c) Criar recursos efetivos contra as violações perpetradas.

• Derrogação das regras do PIDCP:


Em regra, não há possibilidade de suspensão das regras do Pacto.
Existem duas hipóteses excepcionais em que é permitida a derrogação temporária das obrigações
decorrentes do Pacto:
a) Decretação de Estado de Emergência; e
b) Quando necessário à segurança nacional ou à ordem pública.
São inderrogáveis em qualquer hipótese:
a) Direito à vida;
b) Vedação à tortura;
c) Vedação à escravidão, servidão ou trabalhos forçados;
d) Vedação à prisão do depositário infiel;
e) Princípio da anterioridade penal, da vedação à aplicação da lex gravior e aplicação da lei
considerada mais benéfica ao condenado;
f) Reconhecimento da personalidade jurídica; e
g) Liberdade de pensamento, de consciência e de religião.

• Vedação à interpretação restritiva de direitos:

a) REGRA nº 1: não é admitida interpretação capaz de abolir ou restringir direito assegurado no


PIDCP.

b) REGRA nº 2: a legislação interna do país não poderá ser aplicada se prever regras menos
favoráveis que as constantes do Pacto.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

• Vedação à pena de morte:

a) Conforme a redação do PIDCP:


ADMITIDA PARA OS CRIMES MAIS GRAVES
CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE

b) Conforme a redação do 2º Protocolo Facultativo ao PIDCP:


A PENA DE MORTE JÁ É ADOTADA PELO ESTADO
EM TEMPO DE GUERRA
CONDENAÇÃO POR INFRAÇÃO PENAL DE NATUREZA MILITAR DE GRAVIDADE
EXTREMA

OU SEJA, SE A ALTERNATIVA DISSER QUE O PIDCP ABOLIU A PENA DE MORTE


ESTARÁ ERRADA!
• Trabalho forçado:

a) Regra: VEDADO.

b) Exceção: Países que tenham adotado internamente a prática a encarcerados.

c) Não se considera trabalho forçado: prestação de serviço militar; serviço exigido em caso de
emergência ou de calamidade pública, trabalho que faça parte de obrigações cívicas normais
(mesário nas eleições).

• Direitos Humanos ABSOLUTOS: Vedação à tortura e vedação à escravidão.

• Garantias penais:

a) Veda-se a prisão/detenção de forma arbitrária.


b) Ao ser presa, a pessoa deve ser informada das razões da prisão, bem como informada do teor da
acusação.
c) A pessoa presa acusada de crime deve ser julgada por juiz, com regular função judicial, que deverá
analisar o processo em tempo razoável.
d) A prisão preventiva não pode constituir a regra geral.
e) Os presos devem ser tratados com humanidade e dignidade.
f) Presos preventivos ou provisórios não podem ocupar mesmo espaço de presos condenados
definitivamente.
g) Os adolescentes internados não podem permanecer no mesmo local dos presos adultos.

20
Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

h) Vedação à prisão do depositário infiel: o entendimento atual do STF é fundado no Pacto de San
José da Costa Rica. Entretanto, o PIDCP já previa tal vedação no âmbito do Sistema Global.

• Direitos e garantias processuais: Tratamento igualitário entre as partes; direito de ser ouvida
publicamente; julgamento pelo juiz natural; atuação independente e imparcial do Juiz; presunção
de inocência; deve ser informado da natureza da prisão e dos motivos; ampla defesa; contraditório;
defesa técnica; celeridade; duplo grau de jurisdição; indenização em caso de erro judicial, vedação
ao bis in idem; princípio da legalidade penal; princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa
e da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu.

• Princípios: princípio da anterioridade penal; princípio da vedação à lex gravior e aplicação da lei
considerada mais benéfica ao condenado.

• Hipótese em que o princípio da publicidade poderá ser mitigado: moral pública, ordem
pública; segurança nacional; interesse de menores; controvérsia matrimonial e tutela de menores.

• O PIDCP assegura liberdade de PENSAMENTO e liberdade de CONSCIÊNCIA.

• Direitos Políticos: direito de participar dos assuntos políticos do Estado; direito de votar e de ser
votado e, por fim, direito de acessar as funções públicas de religião.

• COMITÊ DOS DIREITOS HUMANOS:

• O Comitê dos Direitos Humanos é o órgão responsável pela fiscalização do cumprimento do


instrumento internacional por meio de relatórios e comunicações interestatais. Atribuições:
análise dos relatórios dos Estados Membros e comunicações interestatais.

• O referido Comitê somente receberá comunicações e petições se o conflito não estiver sob análise
em outra instância internacional e somente se forem esgotados os recursos internos ou
houver excessiva demora para a solução do impasse.

• Eleições do Comitê: são eleições secretas para escolha dos 18 (dezoito) membros entre os
nacionais dos países do PIDCP (cada Estado poderá indicar dois candidatos).
Não se admite 2 (dois) candidatos de mesma nacionalidade.
O mandato será de 4 (quatro) anos, admitida a reeleição.
Gera vacância do cargo: deixar de atuar, morte ou renúncia.
• As petições individuais foram acrescentadas à proteção dos direitos civis e políticos pelo
Primeiro Protocolo Facultativo. Por esse instrumento, permite-se aos indivíduos apresentar

21
Direitos Humanos

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petições denunciando violações a direitos constantes do Pacto. Vedado o anonimato nas petições
individuais.

• O Estado condenado, se não cumprir a decisão, sofrerá consequências no plano político,


causando constrangimento político e moral. Ex.: Frustração de negócios entre países.

• Como forma de dar efetividade às petições, no relatório anual do Comitê, serão indicados os
Estados que falharam em responder às solicitações, bem como os Estados que reparam as violações
de direitos humanos.

2.4.2.3. PROTOCOLOS FACULTATIVOS DO PIDCP

2.4.2.3.1. PRIMEIRO PROTOCOLO FACULTATIVO: instituição de análise das petições das


vítimas enviadas ao Comitê - mecanismos de petições individuais.

2.4.2.3.2. SEGUNDO PROTOCOLO FACULTATIVO: Vedação à pena de morte.


Obs.: Embora o referido Protocolo vede a pena de morte, admite a exceção em duas situações:
GUERRA DECLARADA e CONDENAÇÃO POR INFRAÇÃO DE GRAVIDADE EXTREMA.

2.4.2.4.PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E


CULTURAIS (PIDESC)

• Trata-se do Pacto de Direitos Sociais (direitos de segunda dimensão) – influência socialista –


aplicação progressiva.
O Estado não será obrigado a cumprir os direitos, mas apenas adotar medidas para um dia efetivá-los.
Neste sentido:
Artigo 2º - 1. Cada Estado-parte no presente Pacto compromete-se a adotar medidas, até o máximo de
seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o
pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto.

• Caráter programático – aplicação de acordo com a disponibilidade de recursos.

• Proibição ao retrocesso.

• Vedação à inação ou omissão estatal.

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Direitos Humanos

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• Direitos previstos no PIDESC: direito ao trabalho; direito a condições de trabalho justas e


favoráveis; liberdade sindical, compreendendo o direito de fundar sindicatos, filiar-se a sindicatos
e o direito de greve; segurança social, incluindo os seguros sociais; proteção e assistência à família;
direito a um nível de vida adequado para si e sua família, inclusive alimentação, vestimenta e
moradia; direito a desfrutar do melhor estado de saúde física e mental possível; direito à educação;
direito a participar na vida cultural; e direito de gozar dos benefícios científicos.

• Interpretação pro-homine dos direitos humanos:


1ª REGRA: não é admitida interpretação capaz de abolir ou restringir direito assegurado.
2ª REGRA: a legislação interna do país não poderá ser aplicada se prever regras menos favoráveis que
as constantes do Pacto.

• Direitos Trabalhistas: trabalho digno e livre; salários equitativos; segurança e higiene adequados
ao trabalho; períodos de descanso para lazer; limite à jornada de trabalho; férias; liberdade sindical
e greve.

• Cabe aos Estados-membros reconhecer o direito à segurança nacional.

• Direito à educação:

a) Instrução básica: obrigatória, acessível gratuitamente a todos.

b) Instrução secundária: generalizada e, por meio de implementação progressiva, deverá ser


acessível gratuitamente a todos.

c) Instrução superior: por meio de implementação progressiva, deverá ser acessível


gratuitamente a todos.

2.4.3. CONVENÇÕES ESPECÍFICAS

2.4.3.1.CONVENÇÃO SUPLEMENTAR SOBRE A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, DO


TRÁFICO DE ESCRAVOS E DAS INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS ANÁLOGAS À
ESCRAVATURA (1956)
Conforme o artigo 7º: Para os fins da presente Convenção:
§1. "Escravidão", tal como foi definida na Convenção sobre a Escravidão de 1926, é o estado ou a
condição de um indivíduo sobre o qual se exercem todos ou parte dos poderes atribuídos ao direito de
propriedade, e "escravo" é o indivíduo em tal estado ou condição.

23
Direitos Humanos

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2.4.3.2.CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE


DISCRIMINAÇÃO RACIAL (1966)
- Provém do princípio da igualdade.
- Conceito de discriminação racial: Artigo 1º - Para os fins da presente Convenção, a expressão
"discriminação racial" significará toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir
o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano.
- Fiscalização: criou o Comitê para eliminação da discriminação racial.

2.4.3.3.CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE


DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER (1984)
- O fundamento no princípio da igualdade formal de tratamento e direitos entre homens e mulheres.
- Conceito: entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero que
cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico à mulher na esfera pública ou privada. (Art. 1º).
- Fiscalização: Criou o Comitê para eliminação da discriminação contra a mulher.
Obs.: Essa é a convenção da ONU com maior número de reservas.
CRÍTICA: Há diversas críticas pelas representações do Oriente Médio/Africanas acerca da visão cultural
trazida na Convenção, sob a alegação de que o referido documento tem uma forte influência europeia
destoante da realidade desses países.

2.4.3.4.CONVENÇÃO CONTRA TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS


CRUEIS, DESUMANAS OU DEGRADANTES (1989)
- Foi fundamentada no princípio da dignidade da pessoa humana.
- Conceito: Artigo 1º - Para fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual
dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de
obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões;”
- Esse é crime praticado por agente público para fim específico.
- Atenção: não há exceção, ou seja, nunca é autorizado.
- Fiscalização: instituiu o Comitê e prevê sistema de visitas regulares aos Estados membros por órgãos
nacionais e internacionais.

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Direitos Humanos

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- EXTRADIÇÃO: Os Estados-parte devem tomar medidas necessárias para conceder a extradição de


pessoas que sejam acusadas pela prática de crime de tortura. Além disso, os Estados devem procurar
acrescer aos tratados bilaterais de extradição, a condição de que o acusado pelo crime de tortura será
sempre extraditável. Por outro lado, os Estados devem recursar a extraditar pessoas quando houver
suspeita de que será vítima de tortura pelo Estado requerente, consagrando o princípio do non-
refoulement (proibição do rechaço) nos casos de tortura.

2.4.3.5. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA


- É fundamentado no princípio da igualdade material, ou seja, na proteção do hipossuficiente.
- Conceito: Artigo 1º Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser humano
com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a
maioridade seja alcançada antes.
- Fiscalização: criou comitê de proteção aos direitos das crianças.

2.4.3.6. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (2007)


- É fundamentado no princípio da igualdade material, ou seja, na proteção do hipossuficiente.
- Conceito: são pessoas com impedimentos de natureza física, mental, sensorial que podem obstruir sua
participação na sociedade.
- Fiscalização: criou o Comitê para tutela desses direitos.
- Atenção: É o único Tratado de Direitos Humanos aprovado como Emenda Constitucional.

2.4.4. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)


ATENÇÃO: PUNIÇÃO INTERNACIONAL DE INDIVÍDUOS – TPI!
2.4.4.1. Antecedentes históricos
Tribunais de Nuremberg e Tóquio (ambos posteriores à Segunda Guerra Mundial).
O Tribunal de Nuremberg foi um tribunal militar internacional criado para julgar crimes militares
praticados por nazistas.
a) Críticas: Tribunal de Exceção - pós factum (após o fato); ad hoc (com finalidade específica);
composição de vencedores (parcialidade).
Trata-se de violação ao princípio do Juízo Natural – violação à parcialidade do julgamento.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

b) Contribuição: Responsabilização internacional do indivíduo.

2.4.4.2. Criação do TPI (1998)


Estatuto de Roma – Tratado Internacional – elaborado em 1998 e entrou em vigor em 2002.

2.4.4.3. Crimes de competência do TPI (Art. 5º ao 8º do Estatuto de Roma)

a) Genocídio (art. 6º): trata-se do ataque destinado à exterminação total ou parcial de um


determinado grupo nacional, racial, étnico ou religioso. Ex.: Ataque aos judeus na Segunda Guerra
Mundial.
Artigo 6º
Crime de Genocídio
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir
se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, enquanto tal:
a) Homicídio de membros do grupo;
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física,
total ou parcial;
d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;
e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

b) Crimes contra a humanidade (art.7º): trata-se do ataque generalizado ou sistemático, contra


qualquer população civil e não contra um grupo específico.
Artigo 7º
Crimes contra a Humanidade
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um
dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra
qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque:
a) Homicídio;
b) Extermínio;
c) Escravidão;
d) Deportação ou transferência forçada de uma população;
e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas
fundamentais de direito internacional;
f) Tortura;
g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização
forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável;
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos,
raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o,
ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito
internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da
competência do Tribunal;
i) Desaparecimento forçado de pessoas;
j) Crime de apartheid;

26
Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento,
ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

Obs.: A nomenclatura “crimes contra a humanidade” também pode ser utilizada no modo genérico,
englobando as outras espécies.

c) Crimes de guerra (art. 8º): são atos de violação aos direitos humanos praticados em situação de
conflitos armados.
Ex.: Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo experiências biológicas; o ato de causar
intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à saúde; recrutar ou alistar
menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou utilizá-los ativamente nas hostilidades.

d) Crimes de agressão: trata-se de ato de ataque à soberania de um Estado. Por exemplo, o bloqueio
dos portos ou espaço aéreo de um Estado por outro.

2.4.4.4.Competência do TPI: “Ratione temporis” – ou seja, o TPI somente pode julgar os crimes
praticados após sua entrada em vigor.

2.4.4.5.Decisão do TPI: prisão perpétua, reclusão até 30 anos, multa e confisco de bens auferidos
pela prática criminosa.

2.4.4.6. Estrutura do TPI

a) Presidência (Presidente + 2 vices);


b) Divisões judiciais: Sessão de instrução, Sessão de julgamento e Sessão de recurso;
c) Gabinete do Procurador;
d) Secretaria – órgão administrativo.

2.4.4.7. Problemáticas – aplicação no Brasil: Prisão perpétua e imprescritibilidade.


A doutrina majoritária se posiciona no sentido de que prevalece a sanção internacional.
ENTREGA (entre Estado e o tribunal) é diferente de EXTRADIÇÃO (entre Estados).

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Direitos Humanos

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RESUMO PARA REVISÃO


AULA 02 – SISTEMA DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS,
INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

2. SISTEMA DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

2.1. VERTENTES DE PROTEÇÃO


a) Direitos Humanos
b) Direito Humanitário
c) Direito dos Refugiados

2.2. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

2.3. LEGITIMIDADE NO SISTEMA DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS


HUMANOS

2.4. SISTEMA DE PROTEÇÃO GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS

2.4.1. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

a) Estrutura da ONU
a. Assembleia Geral.
b. Conselho de Segurança.
c. Conselho Econômico e Social.
d. Conselho de Tutela.
e. Tribunal/Corte Internacional de Justiça – Corte de Haia.
f. Secretaria.

b) Documentos:
a. GERAIS: DUDH + PIDCP + PIDESC = Carta Internacional de Direitos Humanos.
b. CONVENÇÕES ESPECÍFICAS.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

2.4.2. DOCUMENTOS GERAIS

2.4.2.1. DUDH

2.4.2.2. PIDCP

2.4.2.3. PROTOCOLOS FACULTATIVOS DO PIDCP

2.4.2.3.1. 1º PROTOCOLO FACULTATIVO


2.4.2.3.2. 2º PROTOCOLO FACULTATIVO

2.4.2.4. PIDESC

2.4.3. CONVENÇÕES ESPECÍFICAS

2.4.3.1. ABOLIÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO;


2.4.3.2. COMBATE À DISCRIMINAÇÃO RACIAL;
2.4.3.3. COMBATE À DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER;
2.4.3.4. VEDAÇÃO À TORTURA;
2.4.3.5. PROTEÇÃO AOS DIREITOS DA CRIANÇA;
2.4.3.6. PROTEÇÃO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

2.4.4. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

2.4.4.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS


a) Críticas.
b) Contribuição.

2.4.4.2. CRIAÇÃO DO TPI

2.4.4.3. CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TPI


a) Genocídio;
b) Crimes contra a humanidade;
c) Crimes de guerra;
d) Crimes de agressão.

2.4.4.4. COMPETÊNIA DO TPI – “RATIONE TEMPORIS”

2.4.4.5. DECISÃO DO TPI

2.4.4.6. ESTRUTURA DO TPI

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

a) Presidência;
b) Divisões judiciais;
c) Gabinete do Procurador;
d) Secretaria.

2.4.4.7. NO BRASIL: PROBLEMÁTICAS: PRISÃO PERPÉTUA E IMPRESCRITIBILIDADE –


ENTREGA.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

3. SISTEMA DE REGIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

SISTEMA REGIONAL DE PROTEÇÃO


AOS DIREITOS HUMANOS
SISTEMA EUROPEU

SISTEMA AFRICANO

SISTEMA
AMERICANO

3.1. SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


- Convenção Europeia de Direitos Humanos (1950) – 1ª geração.
- Convenção Social Europeia (1961) – 2ª geração.
- Mecanismo de proteção: Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH).
Atenção: Sistema Europeu ≠ União Europeia.

3.2. SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


- Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos (Carta de Banjul) de 1981.
- Conteúdo: direitos individuais, direitos sociais, deveres fundamentais e direitos coletivos (direitos dos
povos).
- A expressão “dos povos” refere-se às diferentes etnias do continente africano.
- Mecanismos de proteção: Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos e Corte Africana de
Direitos Humanos e dos Povos.
- Criação da União Africana.

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Direitos Humanos

Carlos Henrique Gomes

3.3. SISTEMA AMERICANO DE PROTEÇÃO DE DIREITOS HUMANOS -


ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA)
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é o órgão central do sistema interamericano de Direitos
Humanos que foi estabelecido pela Carta da OEA, assinada em Bogotá, em 1948, a qual determina seus
propósitos e seus princípios.

3.3.1. CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS - PACTO DE SAN JOSÉ


DA COSTA RICA
É o principal instrumento para a implementação dos Direitos Humanos no âmbito da OEA. Foi editado
em 1969 e ratificado e promulgado pelo Brasil somente em 1992. Prevê, predominantemente, direitos
civis e políticos.
O Brasil ratificou o documento, mas fez UMA RESERVA para a impossibilidade da Comissão
Interamericana realizar visitas e inspeções in loco sem anuência expressa do Estado. Ou seja, se a
assertiva disser que “o Brasil ratificou o Pacto de San José da Costa Rica sem reversas” está
ERRADA!

3.3.1.1. INTRODUÇÃO: EDIÇÃO E INTERNALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO

1969
EDIÇÃO DO PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA

1992
APROVAÇÃO PELO CONGRESSO NACIONAL POR
MEIO DO DECRETO LEGISLATIVO nº 27/1992

1992
RATIFICAÇÃO E DEPÓSITO PELO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA

1992
PROMULGAÇÃO INTERNA PELO DECRETO
EXECUTIVO nº 678/1992

32
3.3.1.2.PREVISÃO DE DIMENSÕES DE DIREITOS

DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

DIREITOS DE PRIMEIRA
DIMENSÃO

PREVISTOS EXTENSIVAMENTE
AO LONGO DO TEXTO

CONVENÇÃO AMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS SOCIAIS,
ECONÔMICOS E CULTURAIS

HÁ APENAS MENÇÃO DA
DIREITOS DE SEGUNDA IMPLEMENTAÇÃO
DIMENSÃO PROGRESSIVA E COOPETIVA
DOS ESTADOS MEMBROS

FOCO NO PROTOCOLO DE
SAN SALVADOR

Atenção: Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados pelo PROTOCOLO
DE SAN SALVADOR.

3.3.1.3.DIREITOS PREVISTOS NA CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS


HUMANOS (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)

a) Direitos previstos: personalidade jurídica, integridade pessoal, liberdade pessoal, legalidade e


retroatividade da lei penal, proteção da honra e da dignidade, liberdade de pensamento e de
expressão, direito de reunião, proteção da família, direitos da criança, propriedade privada,
igualdade perante a lei e proteção judicial, vida, proibição da escravidão e da servidão, garantias
judiciais, indenização por erro judiciário, liberdade de consciência e de religião, direito de
resposta, liberdade de associação, direito ao nome, nacionalidade e direito de circulação e
residência.

b) Garantias judiciais: juiz natural e imparcial; presunção de inocência; assistência de um tradutor;


ampla defesa; não autoincriminação e possibilidade de recorrer das decisões.

c) Direito à vida: proteção à vida desde a concepção, vedando-se a privação arbitrária do nascituro.

35
d) ATENÇÃO: NÃO HOUVE ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE!

Não foi abolida, uma vez que é admitida nos países que a prevejam
para os crimes mais graves.
PENA DE
MORTE

Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos,


para menores de 18 anos quando da prática do ato infracional, para
maiores de setenta anos e para mulheres grávidas.

Países que tenham abolido a pena de morte não poderão


restabelecê-la.

e) Trabalhos forçados: a servidão e a escravidão são vedadas. Contudo, países que tenha
estabelecido a pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, por sentença
judicial, poderão manter esse tipo de pena, desde que não afete a dignidade, nem a capacidade
física e intelectual do preso. Segue a esquematização sobre o tema:

REGRA VEDADO

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ACOMPANHADA DE


TRABALHOS FORÇADOS
TRABALHOS

EXCEÇÕES DEPENDE DE SENTENÇA JUDICIAL


FORÇADOS

NÃO PODE AFETAR A DIGNIDADE OU A CAPACIDADE


FÍSICA E INTELECTUAL DO PRESO

TRABALHOS COMUNS DE PESSOA RECLUSA EM


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

SERVIÇO MILITAR

NÃO SÃO CONSIDERADOS


TRABALHOS FORÇADOS
SERVIÇOS EXIGIDOS EM CASO DE PERIGO OU
CALAMIDADE

OBRIGAÇÕES CÍVICAS

36
f) Liberdades individuais: PROIBIÇÃO DA PRISÃO POR DÍVIDA.
Atenção: Em razão da natureza supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos,
conforme posicionamento do STF, o Pacto de San José da Costa Rica VEDA A
REGULAMENTAÇÃO DO ART. 5º, LXVII, CF/88 que prevê a possibilidade de lei
infraconstitucional prever a prisão de depositário infiel.
g) Direito de suspensão: trata-se da possibilidade de suspensão de direitos assegurado no Pacto de
San José da Costa Rica, nos termos do art. 27, nos casos de guerra, perigo público ou
emergência que ameace a independência ou segurança do Estado.
- Essa suspensão deverá ocorrer sempre por prazo determinado e as situações emergenciais não podem
decorrer de práticas discriminatórias.
- Não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos: reconhecimento da personalidade jurídica; vida;
integridade pessoal; proibição da escravidão e servidão; princípio da legalidade e da retroatividade;
princípio da liberdade de consciência e de religião; proteção da família; direito ao nome; direito das
crianças; direito à nacionalidade; e direitos políticos.
h) Cláusula federal: trata-se da ideia de que os Estados-parte constituídos em forma de federação
(como Brasil), não poderão alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da
Costa Rica sob o argumento de que internamente essa competência é do ente federado (por
exemplo, o Estado de Alagoas).

i) Mecanismos de implementação: São eles:

a. RELATÓRIOS: art. 42.

b. COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS: art. 45.


- Para uso das comunicações interestatais, ao contrário das petições individuais, será necessária a
declaração expressa do Estado-parte reconhecendo a competência da Comissão.

PETIÇÕES COMUNICAÇÕES
INDIVIDUAIS INTERESTATAIS

CLÁUSULA CLÁUSULA
OBRIGATÓRIA FACULTATIVA

c. PETIÇÕES INDIVIDUAIS: art. 44.


- A mera assinatura do Pacto de San José da Costa Rica já gera a submissão ao sistema de
peticionamento individual.

37
- Não há necessidade, portanto, de declaração expressa do Estado-parte aceitando esse mecanismo de
implementação.
- São legitimados para apresentar petições individuais:

LEGITIMADOS

VÍTIMA DE VIOLAÇÃO AO SEU


DIREITO HUMANO;

GRUPO DE PESSOAS; E

ONGs LEGALMENTE
RECONHECIDAS

- São 4 (quatro) os REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DAS PETIÇÕES E COMUNICAÇÕES


para que sejam admitidas pela Comissão. São elas:
✓ Esgotamento ou inexistência de recursos internos para reparação do direito humano violado ou
quando os recursos disponíveis foram inefetivos;
✓ Apresentação do expediente internacional no prazo de 6 meses a contar da decisão interna
insatisfatória;
✓ Não haja outro procedimento internacional apurando a questão (litispendência internacional); e
✓ Identificação, com nome, nacionalidade, domicílio e assinatura (não serão aceitas petições
individuais apócrifas).
Segue a esquematização para facilitar a sua visualização:

NÃO FOREM ESGOTADAS AS


VIAS INTERNAS

NÃO FOR APRESENTADA NO


PRAZO DE 6 MESES A CONTAR
A PETIÇÃO E A DA DECISÃO INTERNA
COMUNICAÇÃO NÃO SERÃO
ACEITAS SE:
HOUVER LITISPENDÊNCIA
INTERNACIONAL
FATO EXPOSTO NÃO
CARACTERIZAR VIOLAÇÃO A
ADMISSIBILIDADE
REQUISITOS DE

DIREITO HUMANO
FALTAR IDENTIFICAÇÃO DA
PARTE DENUNCIANTE
ALEGAÇÕES
MANIFESTAMENTE
INFUNDADAS; OU

REPRODUÇÃO DE PETIÇÃO
OU COMUNICAÇÃO
ANTERIOR

j) Segue o esquema do TRÂMITE das comunicações perante a Comissão:

38
RECEBIDA A
COMUNICAÇÃO

Analisa os REQUISITOS
DE ADMISSIBILIDADE

SE
SE NÃO ESTIVEREM ESTIVEREM
PRESENTES PRESENTES

SOLICITA
ARQUIVA INFORMAÇÕES AO
ESTADO ACUSADO

COMISSÃO ANALISARÁ
AS ACUSAÇÕES

INSUBSISTENT SUBSISTENTE
E
TENTA
ARQUIVA SOLUÇÃO
AMISTOSA

SE POSITIVA
SE NEGATIVA

FARÁ RELATÓRIO QUE


SERÁ ENVIADO AO
SECRETÁRIO GERAL DA FARÁ RELATÓRIO
OEA QUE SERÁ
ENCAMINHADO
AOS ESTADOS
ENVOLVIDOS

PRAZO DE 3 MESES PARA


TOMAR PROVIDÊNCIAS

SE NADA
FIZEREM

A COMISSÃO, APÓS
DECORRIDO PRAZO DE 3
MESES:

DECIDIRÁ ACERCA DECIDIRÁ SE SERÃO


DAS MEDIDAS PUBLICADAS AS
TOMADAS INFORMAÇÕES À
COMUNIDADE
INTERNAIOIONAL

39
3.3.1.4. MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO
No âmbito do Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação
dos direitos assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (órgão de natureza
executiva) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (órgão de natureza jurisdicional). Vamos
detalhá-los:
a) COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

• A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,


responsável pela promoção, pela observância e defesa dos direitos humanos no Sistema
Americano.

• Atribuições da COMISSÃO:

o Zelar pelos direitos humanos, em especial pelo processamento e análise das petições
individuais e comunicações, interpondo ação de responsabilidade internacional,
quando necessário;
o Responder às consultas formuladas pelos Estados-parte;
o Solicitar informações dos Estados-parte;
o Preparar estudos e relatórios;
o Efetuar recomendações;
o Estimular a observância do Pacto de San José da Costa Rica.

• Requisitos para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a
Comissão:

o REQUISITOS FORMAIS:

▪ Qualificação do interessado;
▪ Fatos que envolvem a violação ao direito humano;
▪ Indicação do Estado que pretensamente violou os direitos humanos;
▪ Indicação quanto à utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos.

o REQUISITOS MATERIAIS:

▪ Esgotamento dos recursos de jurisdição interna;


Ex.: OEA – Brasil condenado. Justiça Paranaense não deu respostas sobre o assassinato de Garibaldi
(conflitos agrários). Garibaldi V.s. Brasil.
▪ Apresentação da denúncia no prazo de 6 meses de quando foi cientificado da
decisão definitiva interna;

40
▪ A matéria discutida não pode ser objeto de outro processo internacional;
▪ Não ocorrência da coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro
organismo de jurisdição internacional;
▪ Fundamentação, sob pena de expressa improcedência.

b) CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

• A Corte representa o órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e


constitui excelente alternativa para a reparação da violação de direitos humanos.

• A Corte é composta por 7 juízes, nacionais dos Estados que compõem a OEA, não sendo possível
que haja dois juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são eleitos através Assembleia-
Geral da OEA, pelo voto da maioria absoluta dos membros, entre pessoas de alta autoridade
moral e reconhecida competência em matéria de Direitos Humanos, para mandato 6 anos,
admitindo-se uma reeleição.

• LEGITIMADOS para ingressar perante a Corte:

LEGITIMADOS

ESTADOS - PARTE

COMISSÃO INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS

ATENÇÃO: PESSOAS E GRUPOS DE PESSOAS!

• A Comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte,
seja nos processos iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.

• Será possível à pessoa peticionar diretamente na Corte Internacional, desde que a situação já esteja
sendo analisada pela Corte Internacional.
EXCEPCIONALMENTE, uma PESSOA poderá peticionar diretamente à Corte nos casos graves e
urgentes para evitar danos irreparáveis para que sejam tomadas medidas acautelatórias, nos
procedimentos já em andamento na Corte.

41
• A Corte possui competência para resolver os litígios que lhes são submetidos (competência
contenciosa), bem como para responder questionamentos sobre a interpretação de
determinada regra do Sistema Interamericano e sobre a compatibilidade das leis internas
com o Pacto de San José da Costa Rica (competência consultiva).

• Em verdade, a Corte exerce ampla função consultiva, de forma que contribui para a
uniformidade e consistência da interpretação da Convenção Americana. Para tanto, a Corte faz
estudos e análises aprofundadas a respeito do alcance e do impacto dos dispositivos da Convenção.

CONTENCIOSA RESOLVER LITÍGIOS

COMPETÊNCIA
RESPONSER
QUESTIONAMENTOS
CONSULTIVA
DE INTERPRETAÇÃO
SOBRE NORMAS

• Para a atuação da Corte Interamericana faz-se necessária declaração expressa do Estado-parte


reconhecendo a competência desse órgão como obrigatória para os casos envolvendo a aplicação
do sistema interamericano. Essa declaração poderá ser feita para situações específicas ou por prazo
indeterminado.

• No plano contencioso, a atuação da Corte é limitada à provocação pelos Estados-parte e pela


Comissão:

Os Estados-parte da
OEA
POSSUI PODER DE
PROVOCAR A
CORTE A Comissão
Interamericana de
Direitos Humanos

• As decisões da Corte podem ser finais ou liminares. As decisões liminares, denominadas de


“medidas provisórias”, em decorrência de situações urgentes a pedido da vítima de violação
aos Direitos Humanos (quando a questão estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão
(ainda que a questão não esteja submetida à Corte).

42
• As decisões finais, por sua vez, decidirão a respeito do direito protegido, determinando que
ele seja assegurado caso reste configurada a violação a direito humano, bem como a reparação
indenizatória à vítima. Dessas decisões da Corte, NÃO é cabível recurso algum.

• Quanto à homologação, a posição predominante na doutrina é no sentido de que uma vez que se
trata de sentença internacional (não de sentença estrangeira), não é necessário observar o
procedimento de homologação de sentença estrangeira perante o STJ.

3.3.2. PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS


HUMANOS – PROTOCOLO DE SAN SALVADOR

• Prevê direitos sociais, econômicos e culturais – Direitos de segunda dimensão.

• Edição e internalização do Protocolo:

1988 1995 1996 1999

• Edição do • Aprovação • Ratificação e • Promulgação


Protocolo de pelo depósito pelo interna pelo
San Salvador Congresso Presidente da Decreto
Nacional, por República Executivo
meio do 3.321
Decreto
Legislativo 56.

• Direitos previstos no Protocolo: Direito ao Trabalho; Direito à educação; Direito a condições


justas, equitativas e satisfatórias de trabalho; Direito aos benefícios da cultura; Direitos Sindicais;
Direito à constituição e proteção da família; Direito à previdência social; Direitos da Criança;
Direito à saúde; Direito de proteção das pessoas idosas; Direito a um meio ambiente sadio; Direito
à proteção de deficientes e Direito à Alimentação.

• Mecanismos fiscalizatórios:

a. Relatórios: abrange todas as matérias; será apresentado ao Secretário-Geral da OEA, que


encaminhará ao Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura.

43
b. Petições individuais: restringe-se à liberdade sindical e à educação; será apresentada à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
CUIDADO: NO PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA – pode se peticionar sobre todos os
direitos previstos. Mas, no PROTOCOLO DE SAN SALVADOR, APENAS pode-se peticionar
individualmente sobre DIREITO À EDUCAÇÃO E LIBERDADE SINDICAL.
CUIDADO: Direito à saúde NÃO É DIREITO PETICIONÁVEL!

3.3.3. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE


Atenção: O PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA VEDOU O RETORNO DA PENA DE
MORTE. JÁ ESSA CONVENÇÃO INTERAMERICANA PROIBIU A PENA DE MORTE,
SALVO NOS CASOS DE CRIME DE GUERRA DECLARADA.

3.3.4. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA


Nem a tortura, nem a escravidão se submetem ao princípio da limitabilidade. São considerados pela
doutrina como absolutos. Não admite flexibilização.

ESTADO DE GUERRA OU
AMEAÇA

ESTADO DE SÍTIO OU
NÃO SE ADMITE

EMERGÊNCIA
TORTURA

COMOÇÃO OU
CONFLITO INTERNO

INSTABILIDADE POLÍTICA
INTERNA

OUTRAS EMERGÊNCIAS
OU CALAMIDADES

3.3.5. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A


VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Trata-se da chamada Convenção de Belém do
Pará.
3.3.6. CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE O DESAPARECIMENTO FORÇADO
DE PESSOAS.
3.3.7. CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

44
4. DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Atenção: A Banca Examinadora – FGV - pode trazer o confrontamento entre o que está previsto na
Constituição Federal e nos Tratados Internacionais.
Ex.: Na DUDH assegura-se o direito a reuniões pacíficas, enquanto na Constituição Federal há
detalhamento e regramento dessas reuniões.
LEITURA DOS ARTIGOS CF/88: 1º ao 5º; 6º, 7º, 12; 14 ao 17; 49; 84; 102; 109,§5º; 196 a 200; 226
e 227.

4.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – FUNDAMENTOS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE


DIREITO
Vejamos o que a Constituição Federal assegura no art. 1º. A saber:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Atenção: SOBERANIA deve ser entendida como autodeterminação interna e independência


internacional.

4.2. PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS COMO PRINCÍPIO QUE REGE AS


RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Vejamos o que a Constituição Federal assegura no art. 4º. A saber:
Constituição Federal. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

45
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.

4.3. APLICAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.

4.3.1. APLICAÇÃO IMEDIATA E CATÁLOGO ABERTO


CF/88, art. 5º, §1º - As normas definidoras dos direitos e garantias têm aplicação imediata.
CF/88, art. 5º, §2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte – catálogo aberto.
- Os direitos fundamentais aplicam-se de forma IMEDIATA.
Atenção: Aplicação imediata é diferente de eficácia imediata.

4.3.2. DIREITOS FUNDAMENTAIS


São os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal:
DIREITOS INDIVIDUAIS, DIREITOS POLÍTICOS, DIREITOS DE NACIONALIDADE,
DIREITOS COLETIVOS E DIREITOS SOCIAIS.
Ou seja, iguala a primeira e segunda dimensão de direitos.

4.3.3. DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS – CLÁUSULAS PÉTREAS


CF/88, art. 60, §4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...)
IV – os direitos e garantias individuais.
Proibição de redução ou abolição de direitos individuais – cláusulas pétreas.

4.4. REGRAMENTO DIFERENCIADO DOS TRATADOS E CONVENÇÕES


INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS.
É preciso conhecer todo o processo de incorporação.

46
4.4.1. PROCESSO DE INCORPORAÇÃO

1) CELEBRAÇÃO OU
ADESÃO DO TRATADO
INTERNACIONAL.

2) ENVIO DO TRATADO AO
CONGRESSO NACIONAL
QUE APROVA/REFERENDA
POR MEIO DE DECRETO
LEGISLATIVO

3) PRESIDENTE DA REPÚBLICA
RATIFICA O TRATADO NO
PLANO INTERNACIONAL E
EDITA DECRETO NO PLANO
INTERNO PARA PUBLICAÇÃO
E PROMULGAÇÃO

4.4.2. TRATADOS INTERNACIONAIS

a) Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de Emenda


Constitucional:
Possuem status de EMENDA CONSTITUCIONAL, no mesmo patamar hierárquico da Constituição
Federal.
b) Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de norma
infraconstitucional:
Possuem status de norma supralegal, em ponto intermediário, acima das leis, abaixo da Constituição
Federal.
c) Demais tratados internacionais, independente do quórum de aprovação possuem status de
norma infraconstitucional.
Vejamos o posicionamento dos T.I.D.H numa pirâmide para facilitar sua fixação:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
T.I.D.H. APROVADOS COM QUORUM DE EC.

T.I.D.H. APROVADOS SEM QUORUM DE EC - SUPRALEGAL

LEIS

47
4.5. SUBMISSÃO DO BRASIL AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
CF/88, art. 5º, §4º - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional e cuja criação tenha
manifestado adesão.
O Brasil aderiu o Estatuto de Roma – submetido, portanto, ao TPI.

4.6. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC)


CF/88, Art. 109, §5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o PGR, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
O incidente é solicitado pelo Procurador Geral da República (PGR) perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) quando em violações graves de Direitos Humanos – sai da justiça estadual e vai para justiça federal.
PGR → STJ.
Ex.: Caso Marielle Franco.

48
REFERÊNCIAS
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Forense,
2018.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. Salvador: JusPODIVM, 2018.
PIOVESAN, Flávia. Justiça Internacional e Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 8. ed. rev. ampl. e
atual. Salvador: JusPODIVM, 2016
SARMENTO, George. Direitos Humanos: liberdades públicas, ações constitucionais, recepção dos
tratados internacionais. São Paulo: Saraiva.

49
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)*
(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)

PREÂMBULO
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições
democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos
direitos humanos essenciais;
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela
nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da
pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza
convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados
americanos;
Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados
Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal
dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos
internacionais, tanto de âmbito mundial como regional;
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser
realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições
que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como
dos seus direitos civis e políticos; e
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967)
aprovou a incorporação à própria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os direitos
econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma Convenção Interamericana sobre
Direitos Humanos determinasse a estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados
dessa matéria;
Convieram no seguinte:

PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS

Capítulo I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES

Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos

1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e


liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica,
nascimento ou qualquer outra condição social.

2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.


Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno

Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por
disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados- partes comprometem-se a adotar, de
acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas
legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e
liberdades.

DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

DIREITOS DE PRIMEIRA
DIMENSÃO

PREVISTOS EXTENSIVAMENTE
AO LONGO DO TEXTO

CONVENÇÃO AMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS SOCIAIS,
ECONÔMICOS E CULTURAIS

HÁ APENAS MENÇÃO DA
DIREITOS DE SEGUNDA IMPLEMENTAÇÃO
DIMENSÃO PROGRESSIVA E COOPETIVA
DOS ESTADOS MEMBROS

FOCO NO PROTOCOLO DE SAN


SALVADOR

Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica

Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.

Artigo 4º - Direito à vida


1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela
lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos
delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em
conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns
conexos com delitos políticos.
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito,
for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da
pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte
enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.

Não foi abolida, uma vez que é admitida nos países que a prevejam para os
crimes mais graves.
PENA DE
MORTE

Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos, para


menores de 18 anos quando da prática do ato infracional, para maiores de
setenta anos e para mulheres grávidas.

Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-la.

Artigo 5º - Direito à integridade pessoal


1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e
conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados.

Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão

1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o tráfico de
escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em
que se prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos
forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita
pena, imposta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem
a capacidade física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de


sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou
serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os
indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias
ou pessoas jurídicas de caráter privado;

b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência,
qualquer serviço nacional que a lei estabelecer em lugardaquele;

c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o


bem-estar da comunidade;

53
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

REGRA VEDADO

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ACOMPANHADA DE


TRABALHOS FORÇADOS

EXCEÇÕES DEPENDE DE SENTENÇA JUDICIAL


TRABALHOS
FORÇADOS

NÃO PODE AFETAR A DIGNIDADE OU A CAPACIDADE


FÍSICA E INTELECTUAL DO PRESO

TRABALHOS COMUNS DE PESSOA RECLUSA EM


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

SERVIÇO MILITAR
NÃO SÃO CONSIDERADOS
TRABALHOS FORÇADOS
SERVIÇOS EXIGIDOS EM CASO DE PERIGO OU
CALAMIDADE

OBRIGAÇÕES CÍVICAS

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições
previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados- partes ou pelas leis de acordo
com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada, sem
demora, da acusação ou das acusações formuladas contraela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz
ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada
em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua
liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a
fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua
soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis prevêem que
toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou
tribunal competente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser
restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

Artigo 8º - Garantias judiciais

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto
não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não
compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua


escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,


remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem
nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de obter o


comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre
os fatos;

g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses
da justiça.

Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade

Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram
cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á
impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de
perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o deliquente deverá dela
beneficiar-se.

Artigo 10 - Direito à indenização

Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em
sentença transitada em julgado, por erro judiciário.

Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade

1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.

2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, em
sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra
ou reputação.

3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.
Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem
como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita apenas às


limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a
saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a
educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.

Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão

1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito inclui a
liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou
por qualquer meio de sua escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia,
mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se
façam necessárias para assegurar:

a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso
de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de
equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de
regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do
disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio
nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime
ou à violência.

Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta

1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por
meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito
a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça
a lei.

2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras responsabilidades legais


em que se houver incorrido.

3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa jornalística,


cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não seja protegida
por imunidades, nem goze de foro especial.

Artigo 15 - Direito de reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito só pode estar
sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática,
ao interesse da segurança nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a saúde
ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

Artigo 16 - Liberdade de associação


1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos,
políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza.

2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam
necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança
e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades
das demais pessoas.

3. O presente artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação do


exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

Artigo 17 - Proteção da família

1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela


sociedade e pelo Estado.

2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de constituírem


uma família, se tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida
em que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabelecido nesta Convenção.

3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento livre e pleno dos contraentes.

4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de


direitos e a adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento,
durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas as
disposições que assegurem a proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse
e conveniência dos mesmos.

5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do casamento, como
aos nascidos dentro do casamento.

Artigo 18 - Direito ao nome

Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve
regular a forma de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.

Artigo 19 - Direitos da criança

Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, por parte
da sua família, da sociedade e do Estado.

Artigo 20 - Direito à nacionalidade

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se
não tiver direito a outra.

3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-


la.

Artigo 21 - Direito à propriedade privada

1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo
ao interesse social.

2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de
indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na forma
estabelecidos pela lei.

3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem, devem
ser reprimidas pela lei.

Artigo 22 - Direito de circulação e de residência

1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele
livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposições legais.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio
país.

3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na
medida indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para
proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas,
ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em
zonas determinadas, por motivo de interesse público.

5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado
do direito de nele entrar.

6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente


Convenção só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade
com a lei.

7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de
perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a
legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.

8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de
origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude
de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.

9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

Artigo 23 - Direitos políticos

1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades:

a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes


livremente eleitos;

b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e
igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e

c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.


2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior,
exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou
mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal.

Artigo 24 - Igualdade perante a lei

Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação
alguma, à igual proteção da lei.

Artigo 25 - Proteção judicial

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo,
perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo
quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções
oficiais.

2. Os Estados-partes comprometem-se:

a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre
os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;

b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se tenha


considerado procedente o recurso.

Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo

Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências, tanto no âmbito interno, como


mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir
progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais
e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados
Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis,
por via legislativa ou por outros meios apropriados.

IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO

Artigo 27 - Suspensão de garantias

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência


ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo
estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em
virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com as demais
obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada
em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social.

2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes
artigos: 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à
integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da
retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao
nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das
garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá
comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por intermédio do
Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja aplicação haja
suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada
tal suspensão.

Artigo 28 - Cláusula federal

1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo nacional


do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas
com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que as
autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis para o
cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou outro
tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as
disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado, assim organizado,
as normas da presente Convenção.

Artigo 29 - Normas de interpretação

Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e o exercício


dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a
nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em
virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte
um dos referidos Estados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da
forma democrática representativa de governo;

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesmanatureza.

Artigo 30 - Alcance das restrições

As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e
liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem
promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido
estabelecidas.
Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos

Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Convenção, outros direitos e liberdades que
forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70.

Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS

Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de todos
e pelas justas exigências do bem comum, em uma sociedade democrática.

PARTE II - MEIOS DE PROTEÇÃO

Capítulo VI - ÓRGÃOS COMPETENTES

Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.

Capítulo VII - COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Seção 1 - Organização

Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros,


que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos
humanos.

Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.

Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia Geral
da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-
membros.

2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os
propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados Americanos.
Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de
Estado diferente do proponente.

Artigo 37 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos
um vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo
de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Assembléia
Geral, os nomes desses três membros.

2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo país.

Artigo 38 - As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do
mandato, serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que
dispuser o Estatuto da Comissão.
Artigo 39 - A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral
e expedirá seu próprio Regulamento.

Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade


funcional especializada que faz parte da Secretaria Geral da Organização e deve dispor dos
recursos necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

Seção 2 - Funções

Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos


direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;

b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando considerar


conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no
âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas
para promover o devido respeito a esses direitos;

c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas


funções;

d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem informações sobre as
medidas que adotarem em matéria de direitoshumanos;

e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização dos Estados
Americanos, lhe formularem os Estados-membros sobre questões relacionadas com os direitos
humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem;

f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de


conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e

g) apresentar um relatório anual à Assembléia Geral da Organização dos Estados


Americanos.
Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que,
em seus respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho
Interamericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e
Cultura, a fim de que aquela zele para que se promovam os direitos decorrentes das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização
dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam-se a proporcionar à Comissão as informações que esta


lhes solicitar sobre a maneira pela qual seu direito interno assegura a aplicação efetiva de
quaisquer disposições desta Convenção.

Seção 3 - Competência

Artigo 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não- governamental legalmente


reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão
petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-
parte.

LEGITIMADOS

VÍTIMA DE VIOLAÇÃO AO SEU


DIREITO HUMANO;

GRUPO DE PESSOAS; E

ONGs LEGALMENTE
RECONHECIDAS
Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de
ratificação desta Convenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar
que reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que
um Estado-parte alegue haver outro Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos
estabelecidos nesta Convenção.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se


forem apresentadas por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a
referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um
Estado-parte que não haja feito tal declaração.

3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta vigore
por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.

4. As declarações serão depositadas na Secretaria Geral da Organização dos Estados


Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados- membros da referida
Organização.

PETIÇÕES COMUNICAÇÕES
INDIVIDUAIS INTERESTATAIS

CLÁUSULA CLÁUSULA
OBRIGATÓRIA FACULTATIVA

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou
45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os
princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido
prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução
internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o


domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a
proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos
da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada de


acordo com os artigos 44 ou 45 quando: não preencher algum dos requisitos estabelecidos no
artigo 46;

a) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta Convenção;

b) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a


petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou

c) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada pela


Comissão ou por outro organismo internacional.

NÃO FOREM ESGOTADAS AS


VIAS INTERNAS

NÃO FOR APRESENTADA NO


PRAZO DE 6 MESES A CONTAR
A PETIÇÃO E A DA DECISÃO INTERNA
COMUNICAÇÃO NÃO SERÃO
ACEITAS SE:
HOUVER LITISPENDÊNCIA
INTERNACIONAL
FATO EXPOSTO NÃO
CARACTERIZAR VIOLAÇÃO A
ADMISSIBILIDADE
REQUISITOS DE

DIREITO HUMANO
FALTAR IDENTIFICAÇÃO DA
PARTE DENUNCIANTE
ALEGAÇÕES
MANIFESTAMENTE
INFUNDADAS; OU

REPRODUÇÃO DE PETIÇÃO OU
COMUNICAÇÃO ANTERIOR

Seção 4 - Processo
Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação
de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:

a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunicação, solicitará informações ao


Governo do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação
alegada e transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas
informações devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao
considerar as circunstâncias de cada caso;

b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas,
verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não
existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;

c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou


comunicação, com base em informação ou prova supervenientes;

d) se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão
procederá, com conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na petição ou
comunicação. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação para
cuja eficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe proporcionarão, todas as
facilidades necessárias;

e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso
for solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessados; e

f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa do
assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.

2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, mediante prévio
consentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão
somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos
formais de admissibilidade.

Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do


inciso 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao
peticionário e aos Estados-partes nesta Convenção e posteriormente transmitido, para sua
publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos. O referido relatório
conterá uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso
o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação possível.
Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto
da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório
não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer
deles poderá agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao
relatório as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em
virtude do inciso 1, "e", do artigo 48.

2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não será facultado
publicá-lo.

3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomendações que


julgar adequadas.

Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do


relatório da Comissão, o assunto não houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte
pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá
emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a
questão submetida à sua consideração.

2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado


deve tomar as medidas que lhe competir para remediar a situação examinada.

3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seus
membros, se o Estado tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.
RECEBIDA A
COMUNICAÇÃO

Analisa os
REQUISITOS DE
ADMISSIBILIDADE
SE
SE NÃO ESTIVEREM ESTIVEREM
PRESENTES PRESENTES

SOLICITA
ARQUIVA INFORMAÇÕES AO
ESTADO ACUSADO

COMISSÃO ANALISARÁ
AS ACUSAÇÕES

INSUBSISTENT SUBSISTENTE
E
TENTA
ARQUIVA SOLUÇÃO
AMISTOSA

SE POSITIVA
SE NEGATIVA

FARÁ RELATÓRIO QUE


SERÁ ENVIADO AO
SECRETÁRIO GERAL DA FARÁ RELATÓRIO
OEA QUE SERÁ
ENCAMINHADO
AOS ESTADOS
ENVOLVIDOS

PRAZO DE 3 MESES
PARA TOMAR
PROVIDÊNCIAS

SE NADA
FIZEREM

A COMISSÃO, APÓS
DECORRIDO PRAZO DE 3
MESES:

DECIDIRÁ ACERCA DECIDIRÁ SE SERÃO


DAS MEDIDAS PUBLICADAS AS
TOMADAS INFORMAÇÕES À
COMUNIDADE
INTERNAIOIONAL
Capítulo VIII - CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Seção 1 - Organização

Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados- membros da


Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de
reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas
para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual
sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos.

2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.

Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria
absoluta dos Estados-partes na Convenção, na Assembléia Geral da Organização, a partir de
uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados.

2. Cada um dos Estados-partes pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os
propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados Americanos.
Quando se propuser um lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional do
Estado diferente do proponente.

Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e só poderão ser
reeleitos uma vez. O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo
de três anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na
Assembléia Geral, os nomes desse três juízes.
2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não haja expirado, completará o período
deste.

3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos seus mandatos. Entretanto,
continuarão funcionando nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que se
encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes
eleitos.
Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional de algum dos Estados-partes em caso submetido à Corte,
conservará o seu direito de conhecer do mesmo.

2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de nacionalidade de um dos Estados-


partes, outro Estado-parte no caso poderá designar uma pessoa de sua escolha para integrar a
Corte, na qualidade de juiz ad hoc.

3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for da nacionalidade dos
Estados-partes, cada um destes poderá designar um juiz ad hoc.

4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52.

5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o mesmo interesse no caso, serão


considerados como uma só parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso de dúvida, a
Corte decidirá.

Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco juízes.

Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte.

Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na Assembléia Geral da
Organização, pelos Estados-partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de
qualquer Estado-membro da Organização dos Estados Americanos em que considerar
conveniente, pela maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado
respectivo. Os Estados-partes na Convenção podem, na Assembléia Geral, por dois terços dos
seus votos, mudar a sede da Corte.

2. A Corte designará seu Secretário.


3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às reuniões que ela realizar fora da
mesma.

Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará sob a direção do
Secretário Geral da Organização em tudo o que não for incompatível com a independência da
Corte. Seus funcionários serão nomeados pelo Secretário Geral da Organização, em consulta
com o Secretário da Corte.

Artigo 60 - A Corte elaborará seu Estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e


expedirá seu Regimento.

Seção 2 - Competência e funções

Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à


decisão da Corte.

2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessário que sejam esgotados os
processos previstos nos artigos 48 a 50.
LEGITIMADOS

ESTADOS - PARTE

COMISSÃO INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de


ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar
que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da
Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção.

2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob condição de reciprocidade, por


prazo determinado ou para casos específicos. Deverá ser apresentada ao Secretário Geral da
Organização, que encaminhará cópias da mesma a outros Estados-membros da Organização e
ao Secretário da Corte.

3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e


aplicação das disposições desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-
partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração
especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por convenção especial.

Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegidos nesta
Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou
liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as
consequências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem
como o pagamento de indenização justa à parte lesada.

2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos


irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as
medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem
submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização poderão consultar a Corte sobre a
interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos
humanos nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os
órgãos enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada
pelo Protocolo de Buenos Aires.

2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a


compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados instrumentos
internacionais.

Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembléia Geral da Organização, em cada


período ordinário de sessões, um relatório sobre as suas atividades no ano anterior. De maneira
especial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha
dado cumprimento a suas sentenças.

Seção 3 - Processo

Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada.

2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião unânime dos juízes, qualquer deles
terá direito a que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou individual.

Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o


sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde
que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação da sentença.

Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte


em todo caso em que forem partes.
2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no país
respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado.

Artigo 69 - A sentença da Corte deve ser notificada às partes no caso e transmitida aos Estados-
partes na Convenção.

Capítulo IX - DISPOSIÇÕES COMUNS

Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão gozam, desde o momento da


eleição e enquanto durar o seu mandato, das imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos
pelo Direito Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, além disso, dos
privilégios diplomáticos necessários para o desempenho de suas funções.

2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos juízes da Corte, nem dos
membros da Comissão, por votos e opiniões emitidos no exercício de suas funções.

Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão são incompatíveis com


outras atividades que possam afetar sua independência ou imparcialidade, conforme o que for
determinado nos respectivos Estatutos.

Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão honorários e despesas de


viagem na forma e nas condições que determinarem os seus Estatutos, levando em conta a
importância e independência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem serão
fixados no orçamento- programa da Organização dos Estados Americanos, no qual devem ser
incluídas, além disso, as despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte
elaborará o seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral,
por intermédio da Secretaria Geral. Esta última não poderá nele introduzir modificações.

Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, conforme o caso, cabe à


Assembléia Geral da Organização resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da
Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos Estatutos.
Para expedir uma resolução, será necessária maioria de dois terços dos votos dos Estados-
membros da Organização, no caso dos membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos
votos dos Estados-partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte.
PARTE III - DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Capítulo X - ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA, PROTOCOLO E


DENÚNCIA

Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à ratificação de todos os Estados-


membros da Organização dos Estados Americanos.

2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-á mediante depósito de um


instrumento de ratificação ou adesão na Secretaria Geral da Organização dos Estados
Americanos. Esta Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem depositado os
seus respectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. Com referência a qualquer outro Estado que
a ratificar ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na data do depósito do seu
instrumento de ratificação ou adesão.

3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros da Organização sobre a entrada


em vigor da Convenção.

Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformidade com as


disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio de
1969.

Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a Comissão e a Corte, por intermédio do


Secretário Geral, podem submeter à Assembléia Geral, para o que julgarem conveniente,
proposta de emendas a esta Convenção.

2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que as ratificarem, na data em que houver
sido depositado o respectivo instrumento de ratificação, por dois terços dos Estados-partes nesta
Convenção. Quanto aos outros Estados- partes, entrarão em vigor na data em que eles
depositarem os seus respectivos instrumentos de ratificação.
Artigo 77 - 1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo 31, qualquer Estado-parte e a
Comissão podem submeter à consideração dos Estados- partes reunidos por ocasião da
Assembléia Geral projetos de Protocolos adicionais a esta Convenção, com a finalidade de
incluir progressivamente, no regime de proteção da mesma, outros direitos e liberdades.

2. Cada Protocolo deve estabelecer as modalidades de sua entrada em vigor e será aplicado
somente entre os Estados-partes no mesmo.

Artigo 78 - 1. Os Estados-partes poderão denunciar esta Convenção depois de expirado o prazo


de cinco anos, a partir da data em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano,
notificando o Secretário Geral da Organização, o qual deve informar as outras partes.

2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado-parte interessado das obrigações contidas
nesta Convenção, no que diz respeito a qualquer ato que, podendo constituir violação dessas
obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na qual a denúncia produzir
efeito.

Capítulo XI - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Seção 1 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Artigo 79 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá por escrito a cada
Estado-membro da Organização que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus
candidatos a membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário Geral
preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos
Estados-membros da Organização, pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral seguinte.
Artigo 80 - A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os candidatos que figurem na
lista a que se refere o artigo 79, por votação secreta da Assembléia Geral, e serão declarados
eleitos os candidatos que obtiverem maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos
representantes dos Estados-membros. Se, para eleger todos os membros da Comissão, for
necessário realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que for
determinada pela Assembléia Geral, os candidatos que receberem maior número de votos.

Seção 2 - Corte Interamericana de Direitos Humanos

Artigo 81 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá a cada Estado-parte
que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte
Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma lista por ordem
alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados-partes pelo menos trinta
dias antes da Assembléia Geral seguinte.

Artigo 82 - A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candidatos que figurem na lista a
que se refere o artigo 81, por votação secreta dos Estados- partes, na Assembléia Geral, e serão
declarados eleitos os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta
dos votos dos representantes dos Estados-partes. Se, para eleger todos os juízes da Corte, for
necessário realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que for
determinada pelos Estados-partes, os candidatos que receberem menor número de votos.

Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos


Humanos, em San José de Costa Rica, em 22.11.1969 - ratificada pelo Brasil em 25.09.1992.
DIREITOS HUMANOS: 1. Conceito

1. Analise o texto a seguir:

“Com efeito, não é razoável dar aos tratados de proteção de direitos do ser humano (a começar
pelo direito fundamental à vida) o mesmo tratamento dispensado, por exemplo, a um acordo
comercial de exportação de laranjas ou sapatos, ou a um acordo de isenção de vistos para turistas
estrangeiros. À hierarquia de valores, deve corresponder uma hierarquia de normas, nos planos
tanto nacional quanto internacional, a serem interpretadas e aplicadas mediante critérios
apropriados”.
Considerando o trecho doutrinário e a disciplina da Constituição da REPÚblica Federativa
do Brasil, a respeito dos tratados internacionais sobre direitos humanos, é correto afirmar:

A. os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,


em cada Casa do Congresso Nacional, em três turnos, por dois quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
B. os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados no
Senado Federal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
C. os tratados internacionais sobre direitos humanos se incorporam no Brasil desde a
subscrição pelo Presidente da RepÚblica em âmbito internacional.
D. prescinde de referendo do Congresso Nacional a celebração de tratados internacionais
sobre direitos humanos, para incorporação no ordenamento jurídico brasileiro.
E. desde que o Brasil seja parte, se aplicam no ordenamento jurídico brasileiro os tratados
internacionais de direitos humanos de forma imediata.

2. Assinale a alternativa que NÃO apresenta características dos Direitos Humanos:

A. Relatividade, indivisibilidade e historicidade.


B. Irrenunciabilidade, prescritibilidade e universalidade.
C. Interdependência, cumulatividade e essencialidade.
D. Inexauribilidade, inalienabilidade e limitabilidade.

3. Acerca da interpretação dos Direitos Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:

A. Os Estados têm consciência que, em determinados casos, é impossível traduzir o teor da


norma internacional de maneira correta para outro idioma ou que acontecem falhas na tradução
que alteram o sentido do texto original aprovado. Por isso, os Estados Partes declaram o(s)
idioma(s) que reconhecem como vinculantes ou são textos autênticos. Logo, a versão em
português que o legislador brasileiro aprovou nem sempre pode ser utilizada, em âmbito
internacional, como base interpretativa.
B. Os termos dos tratados de Direitos Humanos devem ser interpretados de forma autônoma
quanto às definições feitas por instituições nacionais. Isso significa, por exemplo, que se o tratado
internacional traz o termo “propriedade”, a proteção dos

1
Direitos Humanos no plano internacional pode não seguir necessariamente a exegese interna a
respeito do termo, dada pelo Estado Parte.
C. A metodologia geral da interpretação dos tratados internacionais é aplicável aos tratados de
Direitos Humanos e adota os seguintes critérios: a boa-fé como princípio geral da interpretação; o
teor (interpretação gramatical); o contexto (interpretação sistemática); e o objetivo e a finalidade
(interpretação teleológica).
D. O princípio da efetividade diz que o conteÚdo das normas “abertas” dos tratados de Direitos
Humanos deve ser concretizado pelos Estados Partes, não obstante cada aplicador legal, de acordo
com a realidade interna, goze naturalmente da prerrogativa de ponderar, entre duas ou mais
opções de interpretações possíveis, qual o grau a ser nacionalmente adotado para a promoção
prática dos Direitos Humanos no momento da aplicação, legando, nesse contexto, interpretação
mais ampliativa ou mais restritiva.

4. Em Direitos Humanos, é correto afirmar que o critério da máxima efetividade

A. exige que a interpretação de determinado direito conduza ao maior proveito do seu titular,
com o menor sacrifício imposto aos titulares dos demais direitos em colisão.
B. exige que a interpretação seja transparente e sincera, evitando a adoção de uma decisão
prévia e o uso da retórica da dignidade humana como mera forma de justificação da decisão já
tomada.
C. consiste em demostrar que os resultados práticos da decisão são compatíveis com os dados
empíricos apreciados e com o texto normativo.
D. é o resultado de um processo de contraposição de ideias que se desenvolve para promover a
dignidade humana em determinado contexto histórico e social.
E. faculta a participação de sujeitos interessados, o que possibilitará aos julgadores uma
apreciação das mais diversas facetas de um determinado direito analisado.

5. Assinale a alternativa incorreta sobre os princípios ou especificidades dos direitos


humanos.

A. A indivisibilidade dos direitos humanos se refere a que não se pode cindi-los e que devem
ser reconhecidos e protegidos unitariamente.
B. A inalienabilidade dos direitos humanos se caracteriza por vedar a sua disposição pecuniária
com o objetivo de venda.
C. A imprescritibilidade dos direitos humanos reconhece que o seu exercício se dá no tempo,
devendo ser exigido sob pena de perecimento.
D. A irrenunciabilidade dos direitos humanos se refere à vedação da própria pessoa de
permitir violações a esses direitos.
E. A proibição do retrocesso representa que os direitos humanos já concretizados e alcançados
não podem mais ser suprimidos.

6. A teoria das gerações ou dimensões dos direitos humanos expõe perspectivas desses direitos em
que se incluem em cada geração ou dimensão determinados direitos e princípios. Conforme essa
divisão clássica da doutrina, é correto afirmar:

2
A. os direitos de segunda geração ou dimensão se referem aos direitos civis e políticos,
compreendendo os direitos de liberdade, englobando as liberdades clássicas, negativas ou formais.
B. os direitos de quinta geração ou dimensão consistem na possibilidade de participação na
formação da vontade do Estado, retratando os direitos à democracia e à informação.
C. os direitos de quarta geração ou dimensão se caracterizam por condensar os direitos e
liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais.
D. os direitos de terceira geração ou dimensão consubstanciam como titulares a coletividade,
consagrando o princípio da solidariedade e incluindo direitos como o da paz, ao desenvolvimento,
ao meio ambiente equilibrado.
E. os direitos de primeira geração ou dimensão são aqueles relativos aos direitos econômicos,
sociais e culturais, em que se acentua o princípio da igualdade.

6. No Município de Rio do Horizonte, os gerentes responsáveis pelos estabelecimentos


comerciais de um quarteirão localizado em bairro nobre da cidade programaram em
conjunto os equipamentos irrigadores automáticos de jardim para funcionarem todos dos
dias às 4h45 da manhã. Nesse horário, sempre dormem no local diversas pessoas em
situação de rua, que acabam sendo acordadas pelos jatos de água e forçadas a sair do
espaço, além de terem molhados seus cobertores e pertences pessoais e inutilizadas as
folhas de papelão que lhes servem de cama. Até o momento, ninguém compareceu à
Defensoria PÚblica afirmando ter sido prejudicado e solicitando providências. Analise as
seguintes afirmativas a respeito da hipótese apresentada e assinale com V as verdadeiras e com F as
falsas.
( ) Em obediência ao princípio da subsidiariedade dos Direitos Humanos e devido ao fato de que
estes possuem eficácia indireta nas relações entre particulares, o conflito deverá ser resolvido por
intermédio das normas de Direito Privado, com ampla participação da Defensoria na condição de
custos vulnerabilis.
( ) Pelo princípio da supremacia do interesse pÚblico sobre o interesse dos particulares, é vedado a
estes se estabelecerem em via PÚblica, tendo o município o direito de apreender todos os
pertences que estiverem colocados no referido local.
( ) O defensor PÚblico, ao tomar conhecimento dos fatos através do noticiário, poderá instaurar,
de ofício, procedimento para apurar as violações e buscar a reparação dos danos causados.
( ) Há, na hipótese apresentada, a colidência entre direitos fundamentais, o exercício da atividade
econômica e os direitos sociais, a ser resolvida pelos critérios cronológico, hierárquico e da
especialidade.
Assinale a sequência correta.

A. FVVF
B. VFFV
C. VVFV
D. FFVF

3
7. Sobre os Direitos Humanos e a sua proteção, assinale a alternativa incorreta.
A. O Estado não pode alegar sua estrutura federal para deixar de cumprir uma obrigação
internacional de Direitos Humanos. Os Estados devem assegurar o respeito e a garantia de todos os
direitos reconhecidos, sem limitação nem exceção alguma com base na referida organização
interna.
B. A liberdade em consentir desautoriza a alegação de ofensa aos Direitos Humanos. Ou seja,
estes não limitam a autonomia privada, principalmente em face dos reflexos da igualdade formal
das partes.
C. Para a Escola Positivista, os Direitos Humanos justificam-se graças a sua validade formal,
tendo como fundamento a existência da lei positiva, cujo pressuposto de validade se encontra em
sua edição, conforme as regras estabelecidas na Constituição.
D. Os Estados-Partes possuem o dever geral de se adaptar às disposições da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos. Esse dever implica a supressão das práticas de qualquer
natureza que impliquem violação às garantias nela previstas, inclusive com a edição de medidas
legislativas que forem necessárias para tornar efetivas tais disposições.

8. Sobre a Teoria Geral dos Direitos Humanos aplicada à sua previsão no plano
internacional, considere as assertivas abaixo.
I. O movimento de proteção a grupos vulneráveis no campo do direito internacional dos direitos
humanos justificou a opção pelo princípio da especialidade para solucionar conflitos entre normas
de diferentes tratados de direitos humanos, ficando o princípio da primazia da norma mais
favorável como regente dos conflitos com normas nacionais.
II. O princípio da interpretação pro homine pode ser exemplificado a partir da jurisprudência da
Corte Interamericana de Direitos Humanos no sentido da impossibilidade de den Úncia do
reconhecimento de sua jurisdição pelos Estados, diante da ausência de dispositivo expresso que
permita tal retirada.
III. O princípio da primazia da norma mais favorável ao indivíduo se revela insuficiente para
solucionar conflitos entre direitos humanos de indivíduos distintos, que devem coexistir, abrindo
espaço para a incidência da análise de proporcionalidade.
IV. O princípio da proibição do retrocesso tem aplicação vinculada ao campo dos direitos
econômicos, sociais e culturais, diante das peculiaridades de sua forma de cumprimento, não se
relacionando aos direitos civis e políticos, os quais se realizam de maneira imediata.
Está correto o que se afirma APENAS em:

A. I, II e IV.
B. I e II.
C. II, III e IV.
D. II e III.
E. III e IV.

4
DIREITOS HUMANOS: 2. Evolução

1. A respeito dos marcos históricos, fundamentos e princípios dos direitos humanos,


assinale a opção correta.

A. Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são


indistinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico.
B. Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo
ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
C. No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos
cidadãos se esgota no direito de votar e de ser votado.
D. A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é
fundamento dos direitos humanos.
E. Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução
Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade.

2. Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua afirmação histórica e da sua
relação com a responsabilidade do Estado, julgue o próximo item: “Todos os direitos humanos
foram afirmados em um Único momento histórico”.

A. Certo
B. Errado

2. Na história, há dois grandes movimentos que foram fundamentais para a base da


Declaração dos Direitos Humanos, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU),
criada em 1948. Quais foram esses dois acontecimentos históricos que influenciaram a
Declaração Universal dos Direitos Humanos? Com base no exposto acima, marque a
alternativa correta.

A. A Revolução Industrial (1760) e a Revolta dos Malês (1835).


B. A Revolução Francesa (1789) e a Abolição da Escravidão no Brasil (1888).
C. A Revolução Francesa (1789) e a Independência dos Estados Unidos (1776).
D. A Independência dos Estados Unidos (1776) e a Bill of Rights (1689).
E. A Petition of Rights (1628) e a Guerra do Paraguai (1864).

3. Em relação ao conceito, evolução histórica e dimensões dos Direitos Humanos, assinale a


alternativa correta.

A. As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos


direitos humanos de segunda geração ou dimensão.
B. As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos
fundamentais são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os
direitos fundamentais podem ser relativizados no caso concreto.
C. A expressão direitos humanos ou direitos do homem é reservada aos direitos relacionados
com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de

5
cada Estado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e
limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra.
D. Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um
tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da
proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante.
E. Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados à
sociedade atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais diversos
aspectos.

4. Acerca de direitos humanos, direitos de minorias e movimentos sociais urbanos, julgue


o item seguinte: “Atualmente os direitos humanos têm sido utilizados pelos movimentos
sociais urbanos e rurais, assim como por povos e comunidades tradicionais, como forma
de proteção, principalmente contra transgressões cometidas pelo Estado ou por seus
agentes”.

A. Certo
B. Errado

5. No tocante à temática dos direitos humanos, considerando seu surgimento e sua


evolução histórica, assinale a alternativa que contempla correta e cronologicamente seus
marcos históricos fundamentais.

A. O iluminismo, o constitucionalismo e o socialismo.


B. O cristianismo, o socialismo e o constitucionalismo.
C. A Magna Carta, a Constituição Alemã de Weimar e a Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América.
D. A Magna Carta, a queda da Bastilha na França e a criação da Organização das Nações
Unidas.
E. O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial.

6. Dentre os enunciados abaixo, somente estão corretos:

I - A revisão periódica universal abrange todos os Estados membros da Organização das Nações
Unidas e é fundada na busca do diálogo e na adoção de compromissos voluntários por parte do
Estado avaliado.

II - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é órgão principal da Organização dos Estados


Americanos, mas seus sete membros possuem independência funcional, não representando os
Estados membros nem se subordinando às suas ordens.

III - As medidas provisórias da Corte Interamericana de Direitos Humanos só podem ser solicitadas
pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, tendo como finalidade evitar danos
irreparáveis aos direitos protegidos.

IV - O direito internacional de proteção das minorias pode ser considerado um precursor da


proteção internacional de direitos humanos, contando com tratados internacionais

6
celebrados sob os auspícios da Liga das Nações e com precedentes da Corte Permanente de Justiça
Internacional.

A. II e III
B. I e IV
C. I, II e IV
D. todos estão corretos

7. Considerando a evolução histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa que


indica corretamente as três gerações de direitos, na ordem histórica em que elas são
classificadas pela doutrina.

A. Direitos da coletividade; direitos de solidariedade ou de fraternidade; e direitos e garantias


individuais.
B. Direitos de liberdade positiva; direitos de liberdade negativa; e direitos de solidariedade ou
de fraternidade.
C. Direitos civis e sociais; direitos de liberdades e garantias individuais; e direitos coletivos e
transindividuais.
D. Direitos de liberdade negativa, civis e políticos; direitos econômicos, sociais e culturais; e
direitos de fraternidade ou de solidariedade.
E. Direitos trabalhistas; direitos sociais; e direitos da democracia.

8. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir, acerca da Carta das
Nações Unidas de 1945, e assinale alternativa com a sequência correta.

( ) É um dos propósitos das Nações Unidas desenvolver relações amistosas entre as nações,
baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e
tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal.

( ) É um dos propósitos das Nações Unidas manter a paz e a segurança internacionais e, para esse
fim, tomar, individualmente, medidas paliativas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de
agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios bélicos e em conformidade com os
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou
situações que possam levar a uma perpetração da paz.

( ) É um dos propósitos das Nações Unidas conseguir uma cooperação internacional para resolver os
problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário e para promover e
estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção
de raça, sexo, língua ou religião.

A. V–V–F
B. F–F–V
C. V–F–V
D. F–V–F

7
DIREITOS HUMANOS: 3. Sistemas de Proteção

1. Consoante a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, assinale a alternativa


INCORRETA.

A. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou


degradante.
B. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
C. A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Essa vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
que assegure a liberdade de voto.
D. Todo ser humano vítima de perseguição, ainda que esta seja legitimamente motivada por
crimes de direito comum, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
E. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

2. Sobre os direitos dos seres humanos contemplados na Declaração dos Direitos


Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de
dezembro 1948, analise as afirmativas abaixo:

I. Nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão de consciência, devem agir
uns para com os outros em espírito de fraternidade.

II. Têm direito, em plena igualdade, a uma justa e PÚblica audiência por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer
acusação criminal.

III. Acusados de um ato delituoso, têm o direito de ser presumido inocentes, até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento p Úblico no qual lhe tenham
sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

IV. Têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. Esse direito inclui a liberdade de
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela
prática, pelo culto em pÚblico ou em particular.

V. Têm direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietados
pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações
e ideias por qualquer meio de expressão.

Está CORRETO o que se afirma em

A. II, III, IV e V, apenas.


B. III, IV e V, apenas.
C. II, IV e V, apenas.
D. I, III, IV e V, apenas.
E. I, II, III, IV e V.

8
3. A Declaração Universal dos Direitos Humanos nasce como o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio
do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios países-membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Composta por 30 artigos, que expressam os direitos que devem ser assegurados a todos
os seres humanos. NÃO constitui um direito expresso nesta declaração:

A. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
Constituição ou pela Lei.
B. Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à
proteção da Lei contra tais interferências ou ataques.
C. A vontade do povo será a base da autoridade do governo democrático ou ditatorial; essa
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto
ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
D. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a Lei, em julgamento PÚblico, no qual
lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

4. No que tange ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, assinale a


alternativa INCORRETA:

A. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito
implicará liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e liberdade de
professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto PÚblica como privadamente, por
meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
B. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de
procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou por
qualquer outro meio de sua escolha.
C. O direito de reunião pacífica será reconhecido. O exercício desse direito estará sujeito
apenas às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática,
no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem pÚblica, ou para proteger a saÚde ou
a moral PÚblica ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
D. Ninguém poderá ser condenado por atos e omissões que não constituam delito de acordo
com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram

9
cometidos, devendo ser aplicada a pena vigente no momento da ocorrência do delito,
independentemente de qualquer modificação posterior na legislação.

5. Julgue o item a seguir, à luz das disposições da Lei n.º 12.288/2010, da Lei n.º
10.639/2003 e da Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial. Medidas que visem garantir a certo grupo de minorias a superação
de barreiras resultantes de desigualdade histórica e impeditivas ao exercício pleno de
direitos e garantias fundamentais não devem ser consideradas discriminatórias, pois
representam compromisso com a promoção de valores universais concernentes à paz e à
igualdade entre diferentes povos, raças e nações.

A. Certo
B. Errado

6. Acerca da pena de morte e da tortura, assinale a opção correta.

A. Apesar de se perceber uma tendência favorável dos Estados americanos em abolir a pena
de morte, a maioria deles ainda mantém, em seus ordenamentos jurídicos, a possibilidade de pena
de morte em casos de crimes comuns.
B. Indivíduo que se considerar ameaçado em qualquer de seus direitos arrolados no Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos poderá, a qualquer tempo, apresentar apelação à
Comissão de Direitos Humanos, para que seja revista a decisão interna da corte nacional.
C. O Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos com
vistas à Abolição da Pena de Morte prevê reserva à aplicação da pena de morte em tempo de guerra
em virtude de condenação por infração penal de natureza militar de gravidade extrema.
D. A pena de morte para crimes comuns tornou-se proibida no Brasil somente a partir da
Constituição de 1946, que instituiu a proibição das penas de morte, de banimento, de confisco e de
caráter perpétuo.
E. De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, a extradição
requerida por Estado-parte será autorizada ainda que sejam adotados métodos tendentes a
diminuir a capacidade física ou mental da pessoa extraditada.

7. Acerca do direito à igualdade e de sua proteção no âmbito dos direitos humanos,


assinale a opção correta.

A. No caso de colisão entre tais direitos, o direito individual dos usuários de drogas à SAÚDE
estará sempre em posição hierárquica inferior ao direito humano dos demais cidadãos à segurança
PÚblica.
B. Não é possível obrigar os Estados a efetivar o direito ao trabalho, na medida em que se
trata de um direito que depende de questões econômicas e não propriamente jurídicas.
C. O conceito de superioridade racial não é discriminatório, devido à existência de evidências
científicas que indicam que indivíduos de determinadas raças têm habilidades intelectuais mais
desenvolvidas.

10
D. O movimento feminista é exemplo de movimento social de fundo discriminatório, na
medida em que prioriza os direitos da mulher em detrimento dos direitos do homem.
E. Entre os objetivos da Lei Brasileira da Inclusão, inclui-se o de eliminar as barreiras
ambientais que dificultem a interação entre as pessoas com deficiência e as estruturas urbanas,
promovendo a igualdade.

8. Assinale a opção correta, com base na Convenção Americana de Direitos Humanos e no


entendimento da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A. Conduta estatal que viole obrigação internacional poderá ser tolerada, caso obedeça às
exigências do direito interno desse Estado.
B. A regra de esgotamento dos recursos de direito interno, embora mais processual que
substantiva, se estende também a reformas de ordem constitucional ou legislativa.
C. Modificações no ordenamento jurídico de determinado Estado voltadas a adequá-lo às
normas do direito internacional dos direitos humanos não são consideradas formas de reparação.
D. A Corte decidiu que, embora a Convenção Americana de Direitos Humanos proteja a vida
em geral, os embriões não podem ser considerados pessoas.
E. Embora de difícil efetivação, em razão das frequentes crises migratórias, o direito a migrar
está previsto na Convenção Americana de Direitos Humano

9. No que se refere à solução pacífica das controvérsias, incluindo-se os tribunais internacionais,


julgue (C ou E) o item que se segue: “A Corte Interamericana de Direitos Humanos é competente
para emitir parecer, a pedido de Estado-membro da Organização dos Estados Americanos, sobre a
compatibilidade entre quaisquer das leis internas desse Estado e a Convenção Americana de
Direitos Humanos”.

A. Certo
B. Errado

10. Conforme a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, as pessoas com deficiência
têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas, e esses
direitos, incluído o de não serem submetidas à discriminação devido à deficiência,
emanam da dignidade e da igualdade inerentes a todo ser humano. Considerando essas
informações, julgue o próximo item, relativo à referida convenção. A convenção prevê
que os Estados trabalhem prioritariamente na prevenção de todas as formas de
deficiência passíveis de prevenir, assim como na detecção e intervenção precoce, no
tratamento, na reabilitação, na educação, na formação ocupacional e na prestação de
serviços completos, para garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida às
pessoas com deficiência.

A. Certo
B. Errado

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DIREITOS HUMANOS: 3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica)

1. Considere as seguintes disposições.

I- Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança pessoais.


II- As finalidades essenciais das penas privativas da liberdade incluem a compensação, a retribuição,
a reforma e a readaptação social dos condenados.

III- Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos,
econômicos, trabalhistas, sociais, culturais e desportivos.

IV- É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.


Decorrem da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto n.º
678/1992) apenas as disposições contidas nos itens

A. I e II
B. II e III
C. III e IV
D. I, II e IV
E. I, III e IV

2. Acerca da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de São José da
Costa Rica, assinale a opção correta.

A. O preso não será constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório, ainda que o
serviço exigido ocorra em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência e o bem-
estar da comunidade.
B. Há previsão, no Pacto de São José da Costa Rica, de que nenhuma pessoa poderá ser
detida ou presa por dívida de qualquer natureza.
C. A autoridade policial está obrigada a comparecer em juízo para justificar os motivos pelos
quais efetuou prisão em flagrante, para que o magistrado possa aferir a legalidade do ato
constritivo.
D. A audiência de custódia prevê que a pessoa detida seja conduzida à presença do juiz, que,
na ocasião, aferirá a legalidade do ato de constrição, para o fim de mantê- lo ou não.
E. O devedor de obrigação alimentar e o depositário infiel poderão ser presos pelas dívidas
contraídas e não quitadas.

3. Manuel, deficiente mental que não se encontrava em situação que indicasse risco de morte ao
ser internado em hospital psiquiátrico privado que opera no âmbito do SUS, faleceu quatro dias
após a internação. A família de Manuel, sob a alegação de que sua morte decorrera de maus tratos
por ele recebidos no hospital, incluindo-se a administração forçada de medicação, e de que esses
maus tratos se deveram ao fato de ele ser negro e pobre, deseja representar contra o Brasil
tanto perante a justiça

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brasileira quanto perante órgãos internacionais de controle. Com base no disposto na Convenção
Interamericana de Direitos Humanos e na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, julgue o item subsequente, relativo à situação hipotética acima apresentada. Nessa
situação, dada a condição mental do paciente, não era necessária sua autorização para a
administração da medicação.

A. Certo
B. Errado

4. Considerando o Pacto de São José da Costa Rica, assinale a opção correta.

A. Mesmo não tendo sido prevista no referido pacto, a proteção da integridade psíquica de
toda pessoa é dever dos Estados signatários, por força de orientação da Comissão Interamericana
e da Corte Interamericana.
B. Os Estados signatários desse pacto comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades
nele reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício às pessoas que estejam sujeitas à sua
jurisdição.
C. Os Estados-partes são dispensados de adotar quaisquer medidas legislativas destinadas a
garantir o exercício dos direitos e liberdades previstos nesse pacto, que se torna eficaz, no Estado-
parte, a partir de sua assinatura.
D. Por não definir o significado da palavra pessoa, que é o sujeito dos direitos humanos por
ele garantidos, o pacto possibilita que Estados-partes restrinjam, por meio da jurisprudência ou da
legislação nacional, o significado do termo.
E. O pacto não prevê, expressamente, o direito de toda pessoa de ter reconhecida sua
personalidade jurídica, embora se infira de suas disposições o dever de os Estados- partes
reconhecerem esse direito.

5. De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinale a opção


incorreta.

A. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e submetem-se a tratamento adequado à sua condição de pessoas não- condenadas.
B. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou de
outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de
prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. A sua
liberdade pode ser condicionada a garantias que asseverem o seu comparecimento em juízo.
C. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita tão- somente
às limitações prescritas pela lei, e que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a
SAÚDE ou a moral pÚblicas ou os direitos ou as liberdades das demais pessoas.

D. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por
meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao PÚblico em geral tem direito a
fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou sua resposta, nas condições estabelecidas
pela lei.

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E. Constituem trabalhos forçados os trabalhos ou os serviços normalmente exigidos de pessoa
reclusa para cumprimento de sentença.

6. À luz da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto São José), julgue os
seguintes itens.

I Admite-se a pena de morte em relação aos delitos políticos e aos delitos conexos com delitos
políticos, devendo o Estado signatário fazer tal opção expressamente, quando da ratificação da
Convenção.

II O direito à vida deve ser protegido pela lei desde o momento do nascimento, que se dá com o
início do trabalho de parto.

III As penas privativas de liberdade têm por finalidade essencial a retribuição do mal causado.
IV Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se
prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados,
essa disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena,
imposta por um juiz ou tribunal competente.

V Ninguém deve ser detido por dívidas. Esse princípio não limita os mandados de autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

Estão certos apenas os itens

A. I e II.
B. I e III.
C. II e IV.
D. III e V.
E. IV e V.

7. A Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamado de Pacto de San José


da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de 1969 e ratificado pelo Brasil em
setembro de 1992. Ela busca consolidar entre os países americanos um regime de
liberdade pessoal e justiça pessoal, fundado no respeito aos direitos humanos essenciais,
independentemente do país onde a pessoa resida ou tenha nascido. Assim, quanto ao seu
âmbito de proteção, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso
(F).

( ) Não existe nenhuma relação entre o Pacto de San Jose da Costa Rica e a Declaração Universal
dos Direitos Humanos.

( ) Sobre os deveres das pessoas, determina que toda pessoa tem deveres para com a família, a
comunidade e a humanidade.

( ) Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo,
perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente

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Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no
exercício de suas funções oficiais.

( ) Algumas disposições do Pacto de San José da Costa Rica podem excluir outros direitos e
garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa
de governo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

A. V, V, V, V
B. V, V, F, F
C. V, F, F, V
D. F, F, V, V
E. F, V, V, F

8. De acordo com o que dispõe a Convenção Americana de Direitos Humanos − Pacto


de San José da Costa Rica (OEA, 1969),

A. toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela
lei e, em geral, desde o momento de seu nascimento.
B. não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, em nenhum Estado
signatário da referida convenção.
C. ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar e ao
depositário infiel.
D. os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias
excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.
E. toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem
como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente,
exclusivamente em ambiente privado.

9. Sobre a prisão civil, analise as seguintes afirmativas e a relação proposta entre elas.

I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão
civil do depositário infiel. UMA VEZ QUE II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988,
no que diz respeito à prisão civil por dívida do depositário infiel, foi revogado pela ratificação do
Pacto de São José da Costa Rica.

A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que

A. a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.


B. as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I.
C. as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I.
D. a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.

15
ESTUDÔMETRO
DISCIPLINA:

ASSUNTO: ASSUNTO:

PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
AULA AULA
APOSTILA DOUTRINA
LEI SECA LEI SECA
QUESTÕES QUESTÕES
MAPAS/ESQUEM. MAPAS/ESQUEM.

ASSUNTO: ASSUNTO:

PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
AULA AULA
DOUTRINA DOUTRINA
LEI SECA LEI SECA
QUESTÕES QUESTÕES
MAPAS/ESQUEM. MAPAS/ESQUEM.

ASSUNTO: ASSUNTO:

PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
AULA AULA
DOUTRINA DOUTRINA
LEI SECA LEI SECA
QUESTÕES QUESTÕES
MAPAS/ESQUEM. MAPAS/ESQUEM.

ASSUNTO: ASSUNTO:

PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
AULA AULA
DOUTRINA DOUTRINA
LEI SECA LEI SECA
QUESTÕES QUESTÕES
MAPAS/ESQUEM. MAPAS/ESQUEM.
Medicina Legal

Arnon de Melo

1. TRAUMATOLOGIA (ou Lesionologia)

Conceito: É o ramo da Medicina Legal que estuda as lesões e estados


patológicos imediatos ou tardios produzidos por violência sobre o corpo
humano. Trata também das diversas modalidades de energias
causadoras desses danos.
Trauma é energia física, química, biológica ou mista que quando
transferida para o corpo altera o seu estado normal de funcionamento
causando lesão. Pode-se dizer, portanto, que entre o trauma e a lesão
existe uma relação de causa-consequência, pois a lesão é alteração
fisiológica, biológica, psicológica do corpo causada, via de regra, pelo
trauma.

TRAUMA (causa) LESÃO (efeito)

Existe lesão sem trauma? Existe trauma sem lesão?

Primeiramente, é claro que existe trauma sem lesão, pois, se o trauma é


energia física, química, biológica ou mista que quando transferida para
o corpo altera o seu estado normal de funcionamento, é possível que a
transferência de energia não altere o estado normal de funcionamento,
uma vez que o corpo a absorve e dissipa.

No que tange a lesão sem trauma, o Hygino fala das equimoses


espontâneas, enquanto que Delton Croce utiliza o termo equimose de
fundo emocional. Observe que, se considerada de fundo emocional,
não há energia externa, todavia utilizando os conceitos desses autores é
possível falar em lesão sem trauma.
Medicina Legal

Arnon de Melo

A energia é física quando o estado inicial do objeto vulnerante é igual


ao seu estado final após o processo, isto é, a composição atômica
permanece a mesma. Tal difere da energia química, pois, no inicio do
movimento a composição atômica do objeto vulnerante será X, mas ao
final será Y.

Utilizando como exemplo a asfixia. No início do processo existe uma


molécula de glicose (C6H12O6), porém, ao final do seu processo de
oxidação serão formadas duas moléculas de ácido pirúvico (C3H4O3),
portanto há alteração da composição química do objeto vulnerante e a
energia não é mais física, mas química.

Observe que a energia vulnerante na asfixia é físico-química, pois há o


fator físico ligado ao movimento de constrição realizado pelas mãos que
impede a passagem de oxigênio e um fator químico de alteração da
reação química, pois o corpo deixa de fazer a respiração aeróbica (38
ATP’s, 6CO2 + 6H2O) para fazer a anaeróbica (12H+), gerando processos
distintos e, consequentemente, resultados distintos.

Ademais, será considerada energia biológica quando o


transporte/transferência de energia necessitar da participação seres
vivos (ex: vírus e bactérias). Por fim, existem casos em que a lesão ocorre
por energia mista como a físico-química, bioquímica.

O perito legista é profissional que irá determinar a ocorrência de lesão ou


não. Entretanto, não faz juízo de valor (dolo ou culpa) que fica a cargo
da autoridade policial ou judicial.
Medicina Legal

Arnon de Melo

Tendo em vista que a lesão é alteração causada pela transferência de


energia (trauma), o primeiro local que sofrerá os efeitos gerados por essa
transferência é a pele, de forma que seu estudo é de vital importância
para a compreensão das consequências.

A célula é a unidade fundamental da vida e sua junção forma um tecido.


A junção de tecidos forma um órgão e a junção de órgãos um aparelho.
Por fim, a junção dos aparelhos forma um sistema.

A pele é o maior órgão do corpo humano, sendo formada pela derme e


a epiderme, a qual possui cinco subdivisões:

A. Córnea – formada por células mortas, queratinizadas e anucleadas.


Ora, se anucleadas, não resta possibilitada a pesquisa por DNA materno
e paterno no núcleo, todavia, é possível a pesquisa de DNA materno por
meio da organela mitocôndria2.3
B. Lúcida;
C. Granulosa;
D. Espinhosa;
E. Basal – células vivas que se renovam a cada 28 dias. Observe que no
decorrer desse período, a célula perde seu formato redondo e ganha
forma achatada/planificada, além de sofrer procedimento de
queratinização e superficialização. Passa a ser responsável por proteger
a pele contra a perda de substâncias e de entrada de fatores externos.
As células da camada córnea vão se desprendendo e novas são
reconstituídas, sendo sua origem a camada basal.
Medicina Legal

Arnon de Melo
Medicina Legal

Arnon de Melo

Sendo a energia física é aquela que para ser transferida do ponto A para
o ponto B depende de movimento, ela poderá ser classificada em:
i i. Mecânica – é aquela que para ser transferida depende do
movimento dos corpos;
ii ii. Não mecânica - não necessita de movimento para transferência
das energias. (ex: energia térmica – queimaduras).

A energia biológica é oriunda de bactérias e vírus.

A energia mista envolve energias de duas origens distintas, tal como


ocorre nas asfixias.

A energia química é a presente nos processos causados pelas


substâncias cáusticas e os venenos.

Segundo o professor Malthus, 95% das energias vulnerantes são de ordem


física. Ademais, dentro das físicas, 95% das energias são físico-mecânicas.
Observe que o conhecimento do tipo de energia e a sua respectiva
fórmula auxilia no entendimento do trauma e, consequentemente, da
lesão. Por exemplo, a fórmula da Pressão P=Força (F)/superfície(S) pode
ser usada para explicar a presença ou a ausência de sulco do laço no
enforcamento. O mesmo pode ser observado com a energia cinética e
sua fórmula EC=mv2/2. Por exemplo, porque o PAF quando arremessado
com a mão não causa danos, mas com a arma pode acarretar evento
morte? A massa é a mesma, mas a velocidade é distinta e tal é explicado
pela fórmula.

• Classificações dos agentes vulnerantes mecânicos:

Simples:
• Contundentes
Medicina Legal

Arnon de Melo

É o instrumento que possui massa passível de causar lesão; não possui


ponta ou gume, logo não perfura e nem corta, apenas contunde (lesão
em plano). Ex.: cassetete, taco, pedra, mangueira de jardim, etc.

Obs: O agente contundente não será obrigatoriamente sólido, existem


lesões contusas que poderão ser causadas por agentes contundentes
líquidos (por exemplo: jatos de água usados na dispersão de multidões)
e gasosos (por exemplo: onda de choque no Blast Effect).

• Perfurantes:

Trata-se de objeto cuja massa é desprezível, logo não causa contusão, e


que não possui lâmina, logo não corta, apenas perfura, causando lesão
punctória ou puntiforme (lesão em ponto). Exemplos: Alfinetes, espinho
de rosa.
Os agentes perfurantes são apenas de pequeno e médio calibre, não
havendo instrumentos perfurantes de grande calibre, pois estes estarão
associados a uma grande massa, logo se inserem na classificação de
perfurocontundentes. Ex.: Vergalhão, grades, ponteiras de guarda-
chuva.

• Cortantes:

Os instrumentos cortantes não possuem ponta e sua massa é desprezível,


logo, não causam lesões puntiformes ou contusas, todavia, possuem
borda aguçada que quando em contato com a pele gera lesão incisa.
Medicina Legal

Arnon de Melo

Um segundo aspecto médico-legal do entalhe é a sua relação com os órgãos


de movimento próprio, isto é, gerados pela parte involuntária do sistema
nervoso central (sistema nervoso autônomo). É claro que uma facada no
coração leva a conclusão do animus necandi, porém, em um aspecto
puramente técnico, o entalhe pode ser gerado não pela ação do agente, mas
pelo próprio movimento do órgão.

Por fim, o entalhe possui ainda uma terceira conclusão médico-legal


relacionada com movimentos praticados pela vítima. A vítima, ao realizar
movimento de defesa ou fuga, pode gerar o entalhe, de forma que não há no
autor uma tentativa de agravar a lesão com a torção do objeto.

Dentre as características da lesão incisa/cortante estão:


 Sangramento abundante – os vasos são seccionados pela ação de
deslizamento. Difere da lesão contusa, pois nesta o instrumento vulnerante age
por pressão ou compressão, isto é, ele pressiona o vaso, o que diminui o
sangramento;

 Bordas regulares – Trata-se de outro ponto de distinção entre as lesões


cortantes e contusas, pois o deslizamento feito na ação cortante torna a
borda regular, enquanto que a ação de pressão ou compressão da lesão
contusa leva ao rasgo da pele e, por isso, a bordas irregulares.6

 Fundo limpo – A lesão de fundo sujo é mais comum nas lesões contusas.
Por exemplo, uma lesão contusa gerada por um pedra/tijolo pode ter o fundo
sujo, pois realizado rasgo na pele, o que permite que sujidades (terra)
presentes no objeto ingressem no interior da lesão. Em regra, as lesões
cortantes possuem fundo limpo, pois pouco provável a presença de sujidades
no gume dos instrumentos.7

 Pode apresentar cauda de escoriação. 8 O movimento de deslize da faca


sobre a pele da vítima gera, inicialmente, uma ferida e, ao final, o golpe se
Medicina Legal

Arnon de Melo

superficializa e termina com uma escoriação, pois o instrumento perde força


durante o movimento e deixa de avançar sobre a derme para apenas arrancar
a epiderme e expor a derme. Possui relevância médico-legal, pois demonstra a
incidência do golpe e marca o ponto de saída.

Obs: A ferida iatrogênica é ferida gerada por ação médica; possui bordas
paralelas, além de fundo limpo e regular, logo, não possui cauda de
escoriação. Tais características possibilitam maior facilidade de cicatrização e
uma melhora estética.

 Sem trave de tecido. A presença de trave de tecido é mais comum

nas lesões contusas, nas quais o instrumento rasga a pele, visto que nas lesões
cortantes o objeto corta as bordas, isto é, ele desliza pela pele (arco de violino),

então não haverá tecido ligando as extremidades.

CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES

Rubefação/ Hiperemia/ Vermelhidão - É considerada a mais simples das


lesões. A rubefação ocorre em razão de vasodilatação oriunda de aumento de
fluxo sanguíneo na região do corpo alvo de trauma.
Medicina Legal

Arnon de Melo

Após o sofrimento de lesão causada por trauma, o corpo libera no local o


mediador químico histamina, a qual leva a uma vasodilatação e,
consequentemente, ao aumento do fluxo de sangue no local, gerando uma
vermelhidão. Atenção! O sangue se localiza dentro do vaso, isto é, não
há extravasamento do sangue, apenas uma hiperemia no local, fazendo com
que a região fique vermelha, dolorida e quente. Trata-se de lesão fugaz, o que
pede celeridade na confecção Exame de Corpo de Delito, sob risco deste ser
negativo quanto a presença de lesão. Ademais,
a rubefação é uma lesão que apenas ocorre em vivos, pois oriunda de
fenômeno vital, isto é, a vasodilatação gerada pela liberação da histamina. O
cadáver pode apresentar escoriação.
Medicina Legal

Arnon de Melo

Rubefação VS Eritema
Eritema é a queimadura de primeiro grau, portanto, o agente vulnerante
causador da lesão é de origem térmica (energia física de origem não
mecânica), isto é, a variação de temperatura (calor). No caso da rubefação, a
energia é físico-mecânica oriunda de ação contundente (movimento), como a
chinelada, a bofetada. Em ambos os casos há formação de vermelhidão, mas
o instrumento causador é distinto.

RUBEFAÇÃO

ERITEMA (queimadura de
1ºgrau)

Escoriação/ arranhadura/ esfoladura/ erosão epidérmica/ abrasão


epidérmica

Escoriação é o arrancamento traumático da epiderme com exposição da


derme, contudo, sem ultrapassá-la, portanto, é uma lesão aberta.
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Arnon de Melo

Escoriação VS ferida
Na escoriação há apenas exposição da derme, enquanto que na ferida a
derme é ultrapassada. Ademais, a escoriação consolida pela regeneração,
enquanto que na ferida há uma cicatrização; assim, na escoriação é possível a
regeneração com cura, pois reestabelecido o status quo ante, enquanto que
na ferida há cicatrização sem cura, pois haverá formação de tecido novo com
marca de cicatriz.

Ferida – (lesão contusa produzida por


tijoladas)

A escoriação pode ocorrer em cadáveres, mas não será formada


crosta, vez que não há extravasamento de líquido, por conseguinte, a
escoriação formará leito seco, duro e apergaminhado, isto é, uma placa
amarelada e firme com aspecto semelhante ao couro.
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Arnon de Melo

Dependendo do local em que for gerada escoriação, esta poderá


demonstrar qual o tipo de agressão praticada contra a vítima.
Por exemplo: Escoriação semilunar na região do pescoço indica um
estigma ungueal.

Valor médico legal da crosta:


(I) confirmam a existência de reação vital;
(II) sugere nexo temporal pelo aspecto de coloração ou
desprendimento da crosta;
(III) a forma e local podem sugerir certo tipo de agressão, por exemplo, a
lesão em forma de sulco no pescoço indica
estrangulamento/enforcamento; estigma ungueal no pescoço pode
indicar esganadura; em regiões erógenas podem estar ligadas a
crimes sexuais; lesões lineares ao redor dos punhos podem indicar o
uso indevido de algemas.

• Agentes contundentes:

i. Ativo – agente vulnerante está em movimento e o alvo está parado;

ii. Passivo – agente vulnerante está parado e o alvo está em movimento; e

iii. Misto – ambos em movimento. Ex.: Acidente entre veículos.


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Arnon de Melo

Equimose

Equimose é a infiltração do sangue – fora dos vasos – nas malhas dos tecidos
adjacentes a lesão e vista por meio da transparência de uma membrana.

Observe que nem sempre a membrana será a pele, podendo ocorrer


equimoses nas membranas que revestem os órgãos, por exemplo: Halo de Bonet
no coração é um halo equimótico no coração no qual a membrana é o
pericárdio; a mancha de Paltauf é uma equimose no pulmão vista através da
pleura; a equimose subconjuntival é uma equimose no olho na qual a
membrana é a conjuntiva do olho.

Hygino entende que as equimoses podem ser espontâneas, isto é, não


traumáticas formadas por diapedese – passagem das hemácias através das
paredes dos tecidos. Não há rotura dos vasos e capilares.

Obs.: Na rubefação o sangue está dentro dos vasos.


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Arnon de Melo

• Classificação das equimoses:


1 Petéquia – equimose em forma de ponto. Ex.: Petéquia subconjuntival

2 Sugilação – várias petéquias em conjunto, isto é, confluência de petéquias


em região bem delineada do corpo. Ex.: Chupão.

3 Sulfusão/ Equimoma – grande lençol hemorrágico. Exemplo: Equimose


periorbitária.

Obs: Delton Croce fala em ENQUIMOSE, a qual é descrita pelo autor como
sendo a equimose de fundo emocional.

Em regra, as equimoses têm forma pouco definida. Todavia,


excepcionalmente, é possível que a equimose tenha forma definida em
desenho de faixas duplas formando as víbices, as quais podem denunciar o
instrumento utilizado na lesão.

víbices

Em um caso de atropelamento, por exemplo, as faixas duplas podem


ser oriundas de um pneu, o que irá produzir um aspecto de estrias. Logo, as faixas
duplas podem ser estriadas.
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Arnon de Melo

Nos casos de atropelamento, além das víbices estriadas, pode ocorrer situação
em que há extravasamento de soro e a formação de bossas serosas nos casos
em que a roda passa tangenciando a pele. A este quadro em que ocorre
extravasamento de linfa em razão do movimento do pneu é dado o nome de
derramamento seroso de Morel-Lavallee.

Bossa VS Hematoma VS Equimose: Em todas as espécies o sangue está


fora dos vasos. Todavia, na equimose o sangue se infiltra nas malhas dos
tecidos. No hematoma, o sangue não se infiltra, ele fica encapsulado
naquele local e afasta as fibras teciduais, formando uma cavidade nova
(neoformada) sem plano ósseo por baixo. Havendo plano ósseo por
baixo haverá formação de bossa, pois a coleção hemática não se infiltra
e nem afasta as fibras gerando protuberância na pele (= galo), a qual
poderá ser formada por soro ou sangue.

Os hematomas são, em regra, mais internos, portanto, não é visível a olho


nu um esquema de cores de seu desaparecimento quando da
reabsorção do sangue pelo organismo. Ressalta-se que a mudança de
cor é oriunda da degradação da molécula de hemoglobina e formação
de novas substâncias como a bilirrubina ou biliverdina, todavia, os livros
NÃO fazem menção a um suposto espectro hematômico, apenas ao
espectro equimótico.
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Arnon de Melo

Bossa

Lesão Patognomônica – lesão com características que permitem a


identificação do instrumento causador. Por exemplo, o formato de uma
arcada dentária na pele após uma mordida. Lesão com assinatura.

Conforme Hygino, algumas equimoses espontâneas podem ser


causadas por certas doenças como a varíola, púrpuras, epilepsia. Ademais,
equimoses não traumáticas podem se formar facilmente em pessoas idosas,
cuja pele possui pouca resistência e os vasos se rompem facilmente.

É possível verificação de equimose no cadáver? Em regra, não é


possível, pois as equimoses dependem de infiltração de sangue, logo, trata-se
de fenômeno vital e não ocorre nos cadáveres. Todavia, Hygino menciona que
Knight chama atenção acerca da possibilidade de encontrar na pele do
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Arnon de Melo

cadáver em contrato com o calor uma zona de rubefação (pseudoeritema),


até uma hora depois da cessação da circulação.

EVOLUÇÃO CROMÁTICA (ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE):

Analisa a evolução da tonalidade das equimoses. São estimativas por isso


relativas, pois dependem da região atingida, profundidade e
elasticidade dos tecidos.

VERMELHO - 1º DIA

VIOLÁCEO – 2º ao 3º DIA

AZULADO – 4 ao 6º DIA

ESVERDEADO – 7ª ao 10º DIA

AMARELADO – 11º ao 17º DIA

ESVANECE – 18º em diante

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