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Conduta - Dolo, Culpa e Preterdolo (Art. 18 e 19) - Aula 1

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Disciplina: Direito Penal Esquematizado

Tema: Crimes doloso, culposo e preterdoloso

Prof. Diego Pureza

@prof.diegopureza

/profdiegopureza
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Disciplina: Direito Penal Esquematizado
Tema: Crimes doloso, culposo e preterdoloso

SUMÁRIO

CRIME DOLOSO, CULPOSO E PRETERDOLOSO .............................................................................. 3


Do crime DOLOSO ..................................................................................................................... 3
Elementos do dolo ................................................................................................................ 3
Principais espécies de dolo ................................................................................................... 3
Do crime CULPOSO.................................................................................................................... 5
Elementos da culpa ............................................................................................................... 5
Modalidades de culpa ........................................................................................................... 6
Espécies de culpa .................................................................................................................. 7
Do crime PRETERDOLOSO ......................................................................................................... 8

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Tema: Crimes doloso, culposo e preterdoloso

CRIME DOLOSO, CULPOSO E PRETERDOLOSO

A voluntariedade na conduta criminosa apresenta as formas de dolo ou de culpa.


Vejamos cada uma delas.

Do crime DOLOSO

O crime doloso, e suas principais espécies, está previsto no artigo 18, inciso I,
do Código Penal:

“Art. 18 – Diz-se o crime:


I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.

Dolo pode ser conceituado como a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar
realizar) a conduta descrita no tipo penal incriminador.

Obs: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo resultado


e demais circunstâncias da infração.

Elementos do dolo

1 – Elemento volitivo: vontade de praticar a conduta descrita na norma.

2 – Elemento intelectivo: consciência da conduta e do resultado.

CUIDADO: a liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas circunstância a ser


analisada na culpabilidade (exigibilidade de conduta diversa). Ex: (coação moral
irresistível). Se “A” obriga “B” a matar “C” por motivos irresistíveis e “B” termina por
matar “C”, podemos afirmar que houve dolo, entretanto, não houve culpabilidade por
não ser exigível de “B” conduta diversa, em razão da coação moral irresistível.

Principais espécies de dolo

a) Dolo Direto ou determinado: Configura-se quando o agente prevê um resultado,


dirigindo sua conduta na busca de realizar esse evento.
Ex: O agente “A” quer matar “B”. “A” prevê o resultado morte de “B” e dirige sua
conduta para tanto.

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Importante: a doutrina ainda classifica o dolo direto em graus:

1º Grau: _____________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2º Grau: _____________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

3º Grau: _____________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Dolo Indireto ou indeterminado: o agente, com a sua conduta, não busca


resultado certo e determinado. Possui duas modalidades:

b.1) Dolo Alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua


conduta para realizar qualquer deles. Tem a mesma intensidade de vontade de realizar
os resultados previstos.
Ex: Agente “A” prevê a pluralidade de resultados (arts. 129 e 121 do CP) e dirige sua
conduta para ferir ou matar “B”.

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b.2) Dolo Eventual: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta
para realizar um deles, assumindo o risco de realizar o outro. A intensidade da vontade
em relação aos resultados previstos é diferente.
Ex: Agente “A” prevê lesão corporal e homicídio, porém dirige sua conduta buscando
a lesão corporal, mas aceitando o resultado morte de “B”.

Do crime CULPOSO

“Art. 18 – Diz-se o crime:


I (...)
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia”.

Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um evento
ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente)
ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se
empregasse a cautela necessária.

Elementos da culpa

1 – Conduta humana voluntária: ação ou omissão dirigida e orientada pelo querer,


causando um resultado involuntário. Em outras palavras, a conduta é voluntária, mas, o
resultado é involuntário;

2 - Violação do dever de diligência: O agente na culpa viola seu dever de


diligência/cuidado (regra básica para o convívio social). O comportamento do agente
não atende o que esperado pela lei e pela sociedade.
De acordo com a maioria da doutrina, o operador do direito deverá analisar as
circunstâncias do caso concreto, pesquisando se uma pessoa de inteligência média
(critério do homem médio) evitaria o perigo e o resultado lesivo.

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Dessa comparação (homem médio), conclui-se se ocorreu violação da obrigação de


cuidado, violação manifestada pela imprudência, negligência e imperícia.

Modalidades de culpa

a) Imprudência: precipitação, afoiteza, sem os cuidados que o caso requer. É forma


positiva de culpa (consiste em um agir). Ex: conduzir veículo em alta velocidade num dia
de muita chuva.

b) Negligência: é ausência de precaução. É forma negativa de culpa (consiste em uma


omissão). Ex: Conduzir veículo com pneus gastos.

c) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex:


Condutor troca o pedal do freio pelo da embreagem não conseguindo parar o veículo
(não foi precipitado, não agiu sem precaução, mas faltou-lhe aptidão técnica para a
condução do veículo).

3 – Resultado naturalístico involuntário: Em regra, os crimes culposos são materiais,


ou seja, causam, de modo involuntário, modificação no mundo externo. Exceção: temos,
no entanto, crime punindo-se a culpa a culpa independentemente de resultado
naturalístico, como, por exemplo, o artigo 38 da Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas):
“prescrever [...] culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente”. O crime,
nesta hipótese, se consuma com o ato da entrega da receita ao paciente, não
importando se o paciente fez ou não uso do psicotrópico.

4 – Nexo entre conduta e resultado: como citado, tratando-se de crime material, e


em decorrência da teoria da conditio sine qua non (teoria da equivalência dos
antecedentes causais), adotada no art. 13, caput, do CP, deve estar presente a relação
de causalidade entre a ação ou omissão voluntária e o resultado involuntário:

Relação de causalidade:
“Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido”.

5 – Resultado involuntário previsível: o resultado do comportamento culposo é, em


regra, inconsciente, não previsto pelo agente, apesar de previsível (culpa inconsciente).
Excepcionalmente, no entanto, no entanto, ainda que presente a previsão, não se
descarta a culpa, desde que o agente acredite poder evitar o resultado, seja contando
com a sua habilidade, seja com a sorte (culpa consciente).

6 – Tipicidade: não se pune a conduta culposa, salvo quando houver expressa


disposição em lei. A tipicidade (encaixe ao tipo penal) é exigência do art. 18, parágrafo
único, do CP:

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“Art. 18 - Diz-se o crime:


[...]
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.

Espécies de culpa

a) Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado que, entretanto, era previsível.
Aqui, qualquer pessoa de diligência mediana tinha condições de prever o risco.
Ex: Indivíduo que atinge involuntariamente a pessoa que passava pela rua, porque
atirou um objeto pela janela por acreditar que ninguém passaria naquele horário.

b) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra,
supondo ter o poder de evita-lo com suas habilidades ou com a sorte. Aqui, mais que
mera previsibilidade, o agente tem previsão.
Ex: caçador que, avistando um companheiro próximo do animal que deseja abater,
confia em sua condição de perito atirador para não atingi-lo quando disparar, causando,
ao final, lesões ou morte da vítima ao disparar o tiro.

c) Culpa própria: é aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir
o resultado, mas acaba lhe dando causa por negligência, imprudência ou imperícia.

d) Culpa imprópria: é aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa
situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude do seu comportamento. Provoca
intencionalmente determinado resultado típico, mas responde por culpa por razões de
política criminal. Assim anuncia o art. 20, §1º, do CP:

“§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,


supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.

Ex: durante a madrugada, Fulano se depara num beco com seu desafeto colocando a
mão no bolso traseiro da calça. Essa cena o faz pensar que será vítima de injusta
agressão, obrigando-o a armar-se primeiro e atirar contra o iminente agressor. Depois
de atirar para matar, percebe que seu desafeto tirava do bolso o celular. Temos aqui um
caso de ‘legítima defesa putativa’ (imaginária).

# Quais as diferenças entre Culpa consciente e Dolo Eventual?


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Do crime PRETERDOLOSO

No crime preterdoloso, o agente pratica distinto do que havia projetado cometer,


advindo da conduta dolosa resultado culposo mais grave do que projetado. O
comportamento é doloso, mas o resultado (mais grave) é involuntário.
Trata-se de figura híbrida, havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo
fato (dolo no antecedente – conduta – e culpa no consequente – resultado).
Ex. Lesão corporal seguida de morte – art. 129, §3º, do CP (lesão dolosa + morte
culposa):

“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


[...]
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos”.

Diego Luiz Victório Pureza


Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal
Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos.
Pós-graduado em Ciências Criminai.
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior
Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos.
Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.

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