Obras Escolhidas - Nkrumah - Miolo
Obras Escolhidas - Nkrumah - Miolo
Obras Escolhidas - Nkrumah - Miolo
Obras Escolhidas:
1947-1970
Conselho Editorial:
João Rafael Chío Serra Carvalho: Mestre em História Social pela USP,
Doutorando em História Social da Cultura pela UFMG;
Apoena Canuto Cosenza: Mestre em História Econômica pela USP, Doutor
em História Econômica também pela USP.
Nkrumah, Kwame.
CDD 320.531
CDU 316.323.72
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Socialismo e sistemas relacionados: Comunismo, Marxismo, Leninismo;
ideologias políticas.
2. Ciência política: Socialismo, Comunismo e Marxismo; Ideologias.
1ª edição: novembro de 2021
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Índice
Apresentação................................................................................ 101
Livro 1
Rumo à Libertação Colonial
Capítulo 1
Colonialismo e Imperialismo ......................................................... 35
Capítulo 2
Economia Colonial ........................................................................ 41
Capítulo 3
Políticas coloniais: teoria e prática ................................................ 51
Capítulo 4
Desculpas para apologética ............................................................ 55
Capítulo 5
O que deve ser feito ....................................................................... 61
Livro 2
Neocolonialismo Último Estágio do Imperialismo
Livro 3
O Consciencismo
Capitulo 1
Filosofia em Retrospectiva....................................................... 34747
Capitulo 2
Filosofia e Sociedade ................................................................... 370
Capítulo 3
Sociedade e Ideologia .............................................................. 39797
Capítulo 4
Consciencismo ............................................................................. 419
Capítulo 5
Definindo os Termos Teóricos.................................................... 4477
Livro 4
Luta de Classes na África
Livro 5
Apêndice
Apresentação
15 Idem. Ibidem.
16 BLAY, J. B. NKRUMAH O PAN-AFRICANISTA. Original “LE-
GEND OF NKRUMAH”. Biografia Disponível em: <https://filosofia-
africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/j._beningor_blay_-
_nkrumah._o_pan_africano.pdf>. Acesso em 20 de Outubro de 2022.
Pag. 29-30.
17 Idem. Ibidem.
18 Idem.Ibidem.
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32 Idem. Ibidem.
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Our Way: The KGB and the Battle for the Third World. Basic Books.
p. 437.. "C.I.A.: Maker of Policy, or Tool?; Survey Finds Widely Feared
Agency Is Tightly Controlled". The New York Times. 25 April 1966. Ar-
chived from the original on 12 May 2016. Retrieved 27 April 2016., which
cites "authoritative officials outside the CIA" as claiming that allegations
of CIA involvement in Nkrumah's ouster, plots to assassinate Jawaharlal
Nehru, the 30 September Movement, and the assassination of Patrice
Lumumba, among others, "are fabrications".
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Kwame Nkrumah
RUMO À LIBERTAÇÃO
COLONIAL:
África na luta contra o
imperialismo mundial
MAZZINI
WILHELM LIEBKNECHT
CASELEY HAYFORD
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PRÓLOGO
Kwame Nkrumah
Acra, Gana, abril de 1962
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PREFÁCIO
Este ensaio afirma, e postula como inevitável, a solidarie-
dade nacional dos povos coloniais e sua determinação em acabar
com o poder político e econômico dos governos coloniais. O ob-
jetivo deste panfleto é analisar a política colonial, o modo coloni-
al de produção e distribuição, bem como as importações e expor-
tações. Deve servir como um projeto rascunhado dos processos
pelos quais os povos coloniais podem estabelecer a realização de
sua independência completa e incondicional.
Lemos artigos, ensaios, panfletos e livros sobre o assunto
e nos cansamos das banalidades de seus autores e da distorção
dos fatos. Escrevemos conforme vemos os fatos e não devemos
nada a não ser nossa própria consciência vivificada pela rica he-
rança revolucionária das épocas históricas.
O ponto de vista mantido neste livreto se opõe a todas as
políticas coloniais. Expõe as contradições inerentes entre (i) tra-
balho colonial e investimentos de capital nas colônias, entre (ii)
as fusões de monopolistas financeiros e as potências imperialistas
em sua inesgotável sede por domínio e as aspirações nacionais
dos povos coloniais, e entre (iii) as políticas declaradas dos go-
vernos coloniais e a aplicação prática dessas políticas nas áreas
coloniais. Aqueles que formulam a questão colonial de acordo
com o falso ponto de vista das potências coloniais, iludidos pelas
promessas fúteis de “preparar” os povos coloniais para o “auto-
governo”, que sentem que seus opressores imperialistas são “ra-
cionais” e “morais” e abandonarão suas “propriedades” quando
confrontados com a verdade da injustiça do colonialismo, estão
tragicamente enganados. O imperialismo não conhece lei além de
seus próprios interesses.
Kwame Nkrumah
Londres, outubro de 1947.
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INTRODUÇÃO
40 N.A.: Este plano propõe agrupar os vários territórios coloniais das vá-
rias potências da África em regiões geográficas soltas. Cada grupo de terri-
tórios seria coberto por um Conselho Regional central, no qual participa-
riam representantes dos vários poderes que possuem colônias naquela
zona respectiva. Além desses, haverá também representantes de outros
poderes que têm apenas interesses comerciais estratégicos nessa área, com
cadeira no conselho. Por trás do plano regional de Jan Smuts (condomí-
nio) está uma busca consciente de mercados mais amplos para a produção
de interesses de commodities brutas que a guerra inaugurou e expandiu
nas áreas coloniais. É um subterfúgio para prestar assistência às potências
anexacionistas, para explorar a África em uma escala ainda mais ampla.
Oferece grandes oportunidades para anexos coloniais, aos quais o sistema
de mandatos anacrônicos já abriu caminho.
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CAPÍTULO 1
Colonialismo e Imperialismo
Hoje, a força motriz básica é econômica, e a economia es-
tá na raiz de outros tipos de imperialismo. No entanto, existem
três doutrinas fundamentais na análise filosófica do imperialismo:
(a) a doutrina da exploração; (b) a doutrina da “curadoria” ou
“parceria” (para usar sua contrapartida contemporânea); e (c) a
doutrina da “assimilação”. Os expoentes dessas doutrinas acredi-
tam, implícita e explicitamente, no direito dos povos mais fortes
de explorar os mais fracos para desenvolver recursos mundiais e
“civilizar” os povos contra sua vontade.
Em geral, o imperialismo é a política que visa criar, orga-
nizar e manter um império. Em outras palavras, é um Estado, vas-
to em tamanho, composto por várias unidades nacionais distintas
e sujeito a um único poder ou autoridade centralizada. Esta é a
concepção de império: povos diversos reunidos pela força e sob
um poder comum. Isso remonta à ideia de Alexandre, o Grande,
com seu império greco-asiático. Ele conquistou o mundo então
conhecido, depois sentou-se e chorou porque não tinha mais terri-
tório a conquistar.
O imperialismo de Júlio César dispensa comentários. O
imperialismo moderno, no entanto, deve ser distinguido daquele
dos antigos exemplificados por César e Alexandre, o Grande. Nem
a conquista normanda, nem as anexações de Frederico, o Grande,
nem as expansões dos pioneiros americanos nas planícies ociden-
tais podem ser chamadas de imperialismo, mas a anexação de uma
nação ou Estado por outra e a aplicação de uma força tecnológica
superior por uma nação para a subjugação e a exploração econômi-
ca de um ou outro povo constituem um imperialismo total.
O colonialismo é, portanto, a política pela qual a “pátria-
mãe”, o poder colonial, liga suas colônias a si mesma por laços
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42 N.A.: Quase sete milhões de africanos, quase três quartos de toda a po-
pulação da União da África do Sul, possuem menos de vinte por cento da
área total da União. A eles, por lei, é negado o direito de adquirir mais
terras, seja por compra ou por outros meios. Independentemente da quali-
ficação, eles são privados do direito de voto nas eleições parlamentares
regulares e têm constitucionalmente o direito de se tornarem membros do
Parlamento da União. Além disso, são gravemente limitados em seu direi-
to de organizar, formar sindicatos, direito de greve, de circular livremente,
de comprar terras, de comércio, de adquirir educação e de aspirar à cida-
dania plena em seu próprio país.
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CAPÍTULO 2
Economia Colonial
A Questão Da Terra
A alienação de enormes extensões de terra, que antes esta-
vam disponíveis para uso africano, para os europeus, e o conse-
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CAPÍTULO 3
Políticas coloniais: teoria e prática
CAPÍTULO 4
Desculpas para apologética
CAPÍTULO 5
O que deve ser feito
Base teórica
A teoria do movimento de libertação nacional dos países
colonizados parte de três teses fundamentais:
Kwame Nkrumah
Introdução
1. Recursos da África
jandia
Tangâni- 6 7 5 7
ca
Africa do 5 8 12 10
Sul
EUA 5 8 17 13
Do United Nations Statistical Yearbook. 1960. (porcentagens).
Produção de Cacau
Toneladas Longas Indez
1949/50 =100
Gana Nigéria Gana Nigéria
1949/50 248.000 99.000 100 100 1950
1950/51 262.000 110.000 106 111 1951
1951/52 211.000 108.000 85 109 1952
1952/53 247.000 109.000 100 110 1953
1953/54 211.000 97.000 85 98 1954
1954/55 220.000 89.000 89 90 1955
1955/56 237.000 114.000 96 155 1956
1956/57 264.000 135.000 106 136 1957
1957/58 207.000 81.000 83 82 1958
1958/59 255.000 140.000 102 141 1959
1959/60 317.000 155.000 128 157 1960
1960/61 432.000 195.000 174 197 1961
1961/62 410.000 191.000 165 193 1962
1962/63 422.000 176.000 170 170 1963
1963/64 421.000 217.000 170 219 1964
1964/65 590.000 310.000 238 313 1965
ria, mas é a Shell-BP que espera colher a maior parte dos benefí-
cios. O grosso dessa exportação foi em óleo cru, mais de três mi-
lhões de toneladas. A companhia estabeleceu uma meta de expor-
tação de cinco milhões de toneladas para 1965. As refinarias fi-
cam na Europa, não na Nigéria. A refinaria em construção em
Port Harcourt é de propriedade da Shell-BP; o conduto de gás
natural é de propriedade de Shell-Barclays D.C. & O.
A refinaria deverá processar apenas dez por cento da pro-
dução de óleo cru da Nigéria e seus produtos servirão apenas ao
mercado interno nigeriano. Esse arranjo permite não perturbar as
operações fora da Nigéria enquanto obtém super-lucro nas opera-
ções nigerianas.
De um modo geral, apesar dos custos de prospecção, que
são de qualquer maneira descontados no imposto e muitas vezes
cobertos por lucros eventuais, a mineração demonstrou ser uma
aventura muito lucrativa para o investimento de capital estrangeiro
na África. Seus benefícios para os africanos, por outro lado, apesar
de toda a frívola conversa em contrário, foram desprezíveis.
Isso se explica pela ausência de indústria e manufatura ba-
seadas na utilização de recursos naturais domésticos, e do comér-
cio que as acompanha. Pois a produção da mineração é destinada,
principalmente, à exportação em sua forma primária. Certas ex-
ceções a essas generalizações podem ser encontradas na África
do Sul, Zâmbia e Congo. Um pouco de conversão tem ocorrido
também em países como Marrocos, Argélia, Moçambique. O Co-
bre da África do Sul é exportado em forma de metal e pequena
parte do seu ferro é enviado ao exterior em lingotes. O ouro é re-
finado. A não ser por essas exceções, a maioria dos minerais ex-
portados é embarcada na África em seu estado primário. Vão
alimentar as indústrias e fábricas da Europa, América e Japão.
O minério que deverá ser produzido na Suazilândia pela
Swaziland Iron Ore Development Corporation (propriedade con-
junta da Anglo-American Corporation e do poderoso grupo britâ-
nico do aço, Guest Keen & Nettlefolds) irá para um grupo japo-
nês do aço, à razão de um milhão e 200 mil toneladas anuais.
Quando as nações de origem são obrigadas a comprar de
volta seus minerais e outras matérias-primas sob a forma de pro-
dutos acabados, fazem-no a preços brutalmente elevados.
Um anúncio da General Electric, publicado no número de
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2 Obstáculos ao
progresso econômico
3. Finança imperialista
ritórios do além-mar.
Hilferding, em seu trabalho clássico sobre o assunto, Ca-
pital Financeiro, explica os motivos desse processo:
“A combinação nivela as flutuações do comércio e portan-
to assegura às empresas combinadas um índice de lucro mais es-
tável. Em segundo lugar, a combinação tem o efeito de eliminar o
comércio. Em terceiro lugar, tem o efeito de possibilitar aperfei-
çoamentos técnicos e consequentemente a obtenção de superlu-
cros, acima e além daqueles obtidos pelas empresas ‘puras’ (isto
é, não combinadas).
Em quarto, fortalece a situação das empresas combinadas,
em comparação com a das ‘puras’, fortalece-se na luta de compe-
tição em períodos de depressão severa, quando a queda de preços
nos materiais primários não acompanha o ritmo da queda de pre-
ços dos produtos manufaturados.”
À medida que se estendia o monopólio da indústria e do
comércio, também aumentava a dependência do capital bancário.
Novos métodos de produção, a divisão das fábricas e negócios
em departamentos, a pesquisa de possibilidades de novos materi-
ais e novos métodos de empregar tanto os materiais antigos como
os novos ─ tudo isso, embora eventualmente reforçasse o mono-
pólio e aumentasse os lucros, exigia somas de capital que somen-
te os bancos e seus associados no mundo dos seguros tinham ca-
pacidade de fornecer.
Assim, lado a lado com o processo de fusão de empresas
industriais, houve a concentração de bancos e sua penetração nas
grandes empresas industriais e comerciais para cujo capital con-
tribuíam fortemente.
De intermediários, fazendo inicialmente apenas o papel de
emprestadores de dinheiro, os bancos passaram a poderosos mo-
nopólios, tendo sob seu comando quase que todos os meios de
produção e fontes de materiais primários de um determinado país
e de diversos países. Essa transformação de numerosos interme-
diários humildes em um punhado de monopolistas representa um
dos processos fundamentais da: passagem do capitalismo para o
imperialismo capitalista.
Estabeleceu-se a união entre o industrial e o banqueiro, na
qual dominava o último. Nos Estados Unidos, por exemplo, a
United States Steel Corporation uma fusão de várias firmas gi-
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Notas de rodapé:
1945 1959
Marrocos Fosfatos Tons 1.654.000 7.164.000
Carvão Tons 178.000 465.000
Zinco Tons 900
Congo Diaman- Quila- 5.475.000 14.854.000
tes tes (em 1947)
Cobre Tons ─ 280.000
Estanho Tons ─ 9.337
Rodésia Cobre Tons 197.000 539.900
Do Norte Zisco Tons 15.500 30.000
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(60 por cento) e Rodésia (55 por cento, o conteúdo mínimo para
minério de ferro de alta qualidade). Tem havido descobertas de
maiores quantidades e qualidade a partir de 1960. Considera-se que
a maioria das nações da África Ocidental, da Mauritânia ao Congo
(Brazzaville) tem depósitos de minério de ferro. O aumento da
produção na Libéria, Guiné e Serra Leoa está sendo estudado, os
depósitos estão sendo postos em produção, ou estudados para a
exploração, na Nigéria, Niger, Mauritânia, Gana, Gabão, Cama-
rões, Senegal e Congo (Brazzaville). As reservas de Gana, estima-
das em perto de um milhão de toneladas, ficam na área de Shiene,
na região norte, não muito acessível, e contêm em média uma por-
centagem de 46 a 51 por cento de ferro. Gana propõe-se a explorar
esses depósitos para a utilização doméstica, quando o lago do Vol-
ta, for aberto para o transporte interior. Os depósitos da República
do Níger são estimados em mais de cem milhões de toneladas, com
teor de ferro de 45 a 60 por cento. Ficam em Say, cerca de 50 qui-
lômetros de Niamey, atualmente distanciados de estradas, ferrovias
e portos. Essas desvantagens afetam também a exploração dos de-
pósitos conhecidos na região Kandi do Daomé e que tem um teor
de ferro de 68 por cento.
A Argélia é há algum tempo produtor de minério de ferro.
A exploração foi encetada em 1913 por uma empresa francesa
conhecida como La Société de L’Ouenz, operando em Djebel
Ouenza, ao sul de Constantine, perto da fronteira com a Tunísia,
anteriormente incorporada como um departamento da França. A
companhia construiu linhas férreas próprias ligando seus dois
centros produtores a Oued-Keberit, para se unir à linha Bone-
Tevessa. Seu equipamento permitiu à Société de L’Oueza expor-
tar ferro principalmente para a Grã-Bretanha, Itália, Bélgica e Pa-
íses-Baixos, e os Estados Unidos. Entre o início da exploração e o
final de 1960, um total de 46 milhões de toneladas de minério
haviam sido extraídas. O pessoal de Ouenza incluía então 609
europeus e 1500 argelinos.
A existência de minério de ferro no Saara deu suas primei-
ras indicações na região de Gara Djebilet, cerca de 170 quilôme-
tros a sudeste de Tindouf, em 1952. As dificuldades de localiza-
ção e suprimentos de água são obstáculos para a exploração. No
entanto, uma comissão composta de representantes da indústria
de ferro e aço da França, Bélgica, Alemanha, Itália, Luxemburgo
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7. O Império Oppenheimer
8. Investimento estrangeiro na
mineração sul-africana
Minas de diamante
De Beers Consolidated Mines Ltd.
Consolidated Diamond Mines of South West Africa Ltd.
New Jagersfontein Mining & Exploration Co. Ltd.
Diamond Abrasive Products Ltd.
Diamond Development Co. of South Afric a (Pty)
Ltd. Philmond (Pty) Ltd.
Premier (Transvaal ) Diamond Mining Co. Ltd.
Williamson Diamonds Ltd.
| 213 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Minas de carvão
Amalgamated Collieries of South Africa Ltd.
Bleebok Collieries Ltd.
Coronation Collieries Ltd.
Natal Coal Exploration Ltd.
Natal Coal Exploration Co. Ltd.
New Largo Colliery Ltd.
South African Coal Estates (Witbank) Ltd.
Sprtngbok Colliery Ltd.
New Schoongezicht Colliery Cornelia Colliery Ltd.
Springfield Collieries Ltd.
Transvaal Coal Corporation Ltd.
Vierfontein Coal Holdings Ltd.
Vierfontein Colliery Ltd.
Vryheid Coronation Ltd.
Wankie. Colliery Co. Ltd.
Witbank Coal Holdings Ltd.
Minas de cobre
Brancoft Mines Ltd.
Kansanshi Copper Mining Co. Ltd.
Nchanga Consolidated Copper Mines Ltd.
Rhodesia Copper Refineries Ltd.
Rhokan a Corporation Ltd.
Minas de ouro
Brakpan Mines Ltd.
Daggafontein Mines Ltd.
East Daggafontein Mines Ltd.
Free State Geduld Mines Ltd.
Jeannett Gold Mines Ltd.
President Brand Gold Mining Co. Ltd.
South African Land & Exploration Co. Ltd.
Spring Mines Ltd.
Vaal Reefs Exploration & Mining Co. Ltd.
Wlkom Gold Mining Co. Ltd.
Western Deep Leves Ltd.
Western Holdings Ltd.
Western Reefs Exploration & Development Co. Ltd.
| 214 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Outras minas
Highveld Development Co. Ltd.
Iron Duke Mining Co. Ltd.
King Edward (Cuperiferous) Pyrite
Monasite & Mineral Ventures Ltd. (Solos raros)
Munnik Myburgh Chrysotile Asbestos Ltd.
Rhochrome Ltd.
Rhodesia Broken Hill Development Co. Ltd.
Transvaal Manganese (Pty) Ltd.
Transvaal Vanadium Co. (Pty ) Ltd.
Umgababa Minerals Ltd. (Ilmenita, rutilo e zincônio).
Vereeniging Brick & Tile Co. Ltd.
Prospecção
Anglo American Prospecting Co. Ltd.
Anglo American Rhodesian Mineral Exploration Ltd.
Border Exploration & Development Co. (Pty) Ltd.
De Beers Prospecting (Rhodesian Areas) Ltd.
Kaffrarian Metal Holdings (Pty) Ltd.
Kalindini Exploration Ltd.
Kasempa Minerais Ltd.
Lunga Exploration Ltd.
Prospecting & Mineral Interests Ltd.
Swaziland Rift Exploration Co. Ltd.
Western Rift Exploration Co. Ltd.
Industriais e diversos
Anglo American (Rhodesian Services) Ltd.
Anglo Collieries Recruiting Organization (Pty) Ltd.
Boart & Hard Metal Products (Rhodesia) Ltd.
Boart & Hard Metal Products S. A. Ltd.
Clay Products Ltd. Easan Electrical (Pty) Ltd.
Electro Chemical Industries Ltd. Forest Industries
& Veneers Ltd.
Hansens Native Labour Organization (Pty ) Ltd.
Hard Metals Ltd.
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Terrenos e propriedades
Anglo America n (O. F . S.) Housing Co. Ltd.
Anmercosa Land & Estates Ltd.
Cocilia Park (Pty) Ltd.
Falcon Investiments Ltd.
Orange Free State Land & Estate Co. (Pty) Ltd.
Prestin (Pty) Ltd.
Welkon Township Co.
quais são novas, abertas para substituir outras tantas cujas reser-
vas se extinguiam. A prospecção se mantém feita, em busca de
novos depósitos, com 19 grupos em operação. A companhia é
registrada em Portugal e o Governo de Angola tem nela interesse
direto, como agente administrativo local do Governo português.
O Governo de Angola possui 200 mil ações, ligeiramente acima
das… 198.800 pertencentes à Société Générale. Cerca da metade
dos trabalhadores africanos da companhia são forçados, reunidos
compulsoriamente pelas autoridades e recebem um ordenado
mensal de 70 escudos, equivalentes a perto de 16 xelins. Os exce-
lentes lucros da companhia são divididos igualmente entre a Pro-
víncia de Angola e os acionistas, depois de seis por cento terem
sido reservados à administração. O lucro dos acionistas ao final
das operações, em 1960, foi de 137.000.931 escudos, depois de
ter sido reservada igual soma para a Província de Angola e…
15.341.649 escudos como reserva legal. Os lucros totais, na reali-
dade, elevaram-se a 289.343.511 escudos, dos quais 114.800.000
escudos provenientes de lucros mantidos em reserva. Os dividen-
dos parciais e finais absorveram a soma de 136.670.000 escudos,
no ano de 1960.
A companhia não paga direitos de importação sobre má-
quinas e material nem direitos de exportação sobre diamantes.
Possui também um empréstimo de cem milhões de escudos, do
Governo de Angola, em troca da emissão gratuita de cem mil
ações, de 170 escudos cada, à Província de Angola em 1955. A
taxa de juros, sem precedentes e antieconômica, sobre esse em-
préstimo, é de um por cento e o capital deverá ser pago até 1971.
Angola Diamond Co., possui 16.266 por cento do capital emitido
pela Sociedade Portuguesa de Lapidação de Diamantes.
Diamond Corporation tem acordos contratuais para a
compra da produção da Angola Diamond, que vinha sendo recen-
temente de mais de um milhão de quilates e poderá ser ainda
maior, segundo as estimativas, pois foram instaladas escavadoras
mecânicas e máquinas para lavagem depois de verificada a exis-
tência de extensos depósitos de aluvião. Os diamantes preciosos
representam 65 por cento da produção.
A Diamond Corporation invadiu a Costa do Marfim, com
a formação de uma subsidiária local para adquirir diamantes no
mercado livre desse país. Até que ponto esse mercado continuará
| 231 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
ration são entidades isoladas entre si, uma ficção repetida mesmo
por uma imprensa que seria de esperar que tivesse melhores co-
nhecimentos? Pois temos o correspondente de West Africa em
Freetown declarando, na edição de 27 de janeiro de 1962 do jor-
nal, que “os dois gigantes europeus na indústria (de diamantes)
— Diamond Corporation e Selection Trust — estão evidentemen-
te em desacordo”. O âmago da questão, realmente, está na queixa
do Sr. Beatty de que o regulamento baixado pelo Governo de Ser-
ra Leoa interfere com a liberdade de sua companhia, expressa-
mente garantida pelo antigo Governo Colonial em seu acordo de
concessão, de vender como lhe parecer melhor. O Sr. Beatty, co-
mo os interesses monopolistas que representa tão eficientemente
em muitas diretorias, não quer reconhecer os ventos de mudança
que vieram com a independência africana, dando às novas nações
oportunidade de ordenar suas economias da maneira que conside-
rarem mais interessante para o seu próprio bem.
Houve recentemente a intrusão, no campo diamantífero,
de um texano que aparece mais comumente onde quer que haja
petróleo borbulhando. O Sr. Sam Collins dedicou-se a colher di-
amantes do fundo do mar, no Chameis Reef, na costa da África
do Sudoeste, que se afirma conter uma reserva mínima de 14 mi-
lhões de quilates. O Sr. Collins procurou obter capital adicional
para sua Se a Diamonds Company, que tem o controle acionário
da companhia operadora, Marine Diamonds. Foi dito que o Sr.
Oppenheimer, depois de observar suas atividades com alguma
preocupação, decidiu colaborar com o Sr. Collins. Ao que parece,
a General Mining & Finance Corporation e a Anglo Transvaal
Consolidated, que já encontramos como parte do complexo da
Anglo American, haviam se engajado no empreendimento. Ca-
bia-lhes fornecer fundos adicionais de até meio milhão de libras a
fim de igualar a quantia a ser fornecida pelo Sr. Collins e compa-
nhias por ele controladas. A General Mining tem um intercâmbio
de ações com a Anglo American e a De Beers Consolidated está
entre os seus clientes de investimentos, assim como a National
Finance Corporation of South Africa, que é tão útil a numerosas
companhias de Oppenheimer na questão de empréstimos.
De Beers aparentemente tinha uma opção de 25 por cento
nas ações da Sea Diamonds e preferência para o bloco de ações
do Sr. Collins, que se disse ser de 80 por cento. Se a Diamonds,
| 235 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
res” são muitos mas a maneira pela qual a terra é concedida pela
administração e depois arrendada de volta pelos proprietários ou
concessionários evidencia uma das mais desavergonhadas e fran-
cas manobras possíveis. Assim, a Wankie Colliery obteve um ar-
rendamento a longo termo, por acordo com o Governo da Rodé-
sia, de direitos de superfície sobre 26 mil acres de terras, além
dos terrenos acima mencionados em troca do que, a Wankie gra-
ciosamente arrendou quatro mil acres de seus terrenos originais
ao Governo.
Um elo na diretoria, o Sr. Van Weyenbergh, associou a
Wankie Colliery à Société Métallurgique du Katanga — ME-
TALKAT —, uma subsidiária da Union Minière, fundada na
Bélgica em 1948 em conjunção com a S. A. des Mines de Fonde-
ries de Zinc de la Vieille-Montagne, para construir em Kolwezi
uma fábrica capaz de produzir anualmente 50 mil toneladas de
zinco eletrolítico utilizando concentrados fornecidos pela mina
Príncipe Leopoldo, da Union Minière. A usina Metalkat produz
zinco, cádmio e cobre refinado. Com um capital de 750 milhões
de francos, representados por 150 mil ações sem valor ao par, a
companhia obteve um lucro líquido de 160.831.393 francos em
1961, depois de satisfazer várias obrigações, entre as quais divi-
dendos contabilizados em 120 milhões de francos (quase três
quartos do lucro líquido) e percentagens de diretores no valor de
7.857.517 francos.
O sócio da Union Minière na Metalkat, Vieille-Montagne,
é um dos maiores negócios europeus de mineração, produtor de
zinco, chumbo e prata. Companhia belga, fundada em 1837, pos-
sui propriedades de prata-chumbo-zinco na Bélgica, França, Ar-
gélia, Tunísia, Alemanha e Suécia e usinas metalúrgicas na Bél-
gica, França e Alemanha. Das 405 mil ações sem valor ao par que
constituem seu capital de um bilhão de francos, a Société Généra-
le possui 40.756. Suas contas relativas ao ano encerrado a 31 de
dezembro de 1961 demonstram um lucro líquido de 143.287.506
francos, depois de separadas várias verbas, a maior das quais para
o reequipamento, que se elevou a cem milhões de francos. Os di-
videndos levaram 101.250.000 francos e os impostos sobre eles
27.700.000 francos. As percentagens de diretores levaram
14.327.760 francos. As reservas legais parecem responder por
somas consideráveis que essas grandes companhias deixam de
| 281 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
lado. Esse item foi creditado com cem milhões de francos, nas
contas da Vieille-Montagne relativos a 1961.
A Compagnie du Katanga, como a Union Minière ligada
ao Comité Especial de Catanga, juntou-se à Union Minière para
criar no Congo, em 1932, a Société de Recherche Minière du
Sud-Katanga — SUDKAT. Tanto a Compagnie du Katanga co-
mo a Union Minière tinham interesses em ampla área adjacente
às propriedades desta última, que decidiram operar em combina-
do. Com a independência do Congo, o controle da Sudkat, assim
como seus fundos, foram transferidos para a Bélgica. As jazidas
de cobre em Musoshi e Lubembe e os minérios de zinco-chumbo-
enxôfre de Kengere e Lombe de propriedade da Sudkat foram
transferidos para a Société d'Exploitation des Mines du Sud-
Katanga — MINSUDKAT — formada no Congo em junho de
1955, com capital de 50 milhões de francos congoleses.
A Sudkat tem interesses na Companhia Carbonífera de
Moçambique, dedicada à mineração de carvão, assim como na
Bauxicongo e na Metalkat. Esta última criou em 1962 uma com-
panhia local, a Société Métallurgique Katangaise, com um capital
de 600 milhões de francos representados por 150 mil ações, para
a qual transferiu suas instalações de Catanga. Os lingotes de zin-
co produzidos estão sendo processados pela Metalkat.
Um dos mais importantes investimentos da Metalkat está
na Sogemines Ltd. Essa companhia, embora registrada em Mon-
treal e operando no Canadá, é tão intimamente ligada à Société
Générale que tem em sua diretoria seis dos diretores da Société,
dois dos quais pertencem também à diretoria da Union Minière.
O investimento da Société Générale na Sogemines cobre 259.250
ações preferenciais de dez dólares e 1.281.250 ações ordinárias
de um dólar, representando um quinto do capital emitido pela
companhia canadense.
Subsidiária de propriedade integral, a Sogemines Deve-
lopment Co. Ltd. desenvolve o trabalho de exploração em várias
partes do Canadá e possui interesses minoritários em outras em-
presas de mineração. Sogemines Ltd. é uma companhia de inves-
timentos e holdings que participa de empreendimentos mineiros,
petrolíferos e industriais. L. C. e F. W. Park, em The Anatomy of
Big Business, demonstraram graficamente que as “relações entre
o capital canadense e belga se baseiam nas alianças que operam
| 282 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
três últimos anos, vem operando a não mais de 85% de sua ca-
pacidade, mas voltam agora gradualmente a se aproximar do
regime de plena produção. Após a greve em Mufulira durante
1963, a Rhodesian Selection Trust fez funcionar sua usina em
regime de plena capacidade, a fim de reconstruir seu estoque,
mas limitou as vendas a 85%. No final de 1963 havia, segundo
estimativas, cerca de 300 mil toneladas anuais de capacidade de
mineração não utilizada, em todo o mundo, em consequência da
limitação deliberada de produção. Os estoques acumulados fora
dos Estados Unidos com a finalidade de manter os preços eram
calculados em 130 a 150 mil toneladas. O preço havia sido esta-
bilizado por volta de 234 libras esterlina a tonelada, para
1962/63. Havendo aumento a demanda de cobre, os estoques se
esgotaram em meados de janeiro de 1964 e o preço subiu na
Bolsa de Metais de Londres. Os produtores da Rodésia, no en-
tanto, elevaram seu preço para 236 libras e pelas declarações do
diretor-presidente da Union Minière parece que a Bolsa foi for-
çada a ceder, embora os produtores estivessem reduzidos a limi-
tação da produção a 10%. Apesar da greve e da produção redu-
zida, as transações e lucros líquidos da Rhodesian Selection
Trust foram mais elevados em 1963 do que em 1962 e conside-
ravelmente superiores aos de 1960, quando os preços eram mais
altos. O volume de transações em 1960 foi de 31.019.000 libras;
em 1962, de 46.298.000 libras e em 1963 de 50.931.000 libras.
Os lucros após retirados os impostos foram de 7.600.000 em
1960. 7.735.000em 1962 e 8.273.000 em 1963. Isso ocorreu em
consequência da descarga de estoque.
Constantemente lemos sobre os altos preços que são obti-
dos pelo cobre, estanho, zinco, etc. O que poucos percebem é que
são os preços dos artigos no memorando industrial, sob forma já
processada. Os metais deixam os países de origem geralmente em
sua condição primária de minério os concentrados e as vezes no
primeiro estágio de transformação, o que resulta em rendimentos
apenas simbólicos para esses países. Os rendimentos são ainda
mais insignificantes quando comparados com valores que são
adicionados quando o material é colocado a bordo de veículos de
transporte, no ponto de saída; esse cargueiro, como já vimos no
caso da Union Minière, estando relacionado direta ou indireta-
mente com o próprio produtor. Os numerosos outros acréscimos
| 312 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Por exemplo, onde quer que haja luta armada contra as forças da
reação, os nacionalistas são chamados de rebeldes, terroristas ou
frequentemente “terroristas comunistas”.
Um dos métodos mais insidiosos dos neocolonialistas é
talvez o evangelismo. Em seguida ao movimento de libertação
houve uma verdadeira enchente de seitas religiosas, em grande
maioria estadunidenses. Exemplo típico são as Testemunhas de
Jeová, que recentemente criaram dificuldades em algumas nações
e desenvolvimento ensinando diligentemente os seus cidadãos a
não saudar as bandeiras nacionais. “Religião” era uma desculpa
muito fraca para abafar o protesto que se elevou contra essa ativi-
dade e houve em seguida uma calmaria temporária. Mas o núme-
ro de evangelistas continua a crescer.
O evangelismo e o cinema, no entanto, são apenas dois
ramos de uma árvore muito maior. Desde fins de 1961, os Esta-
dos Unidos vem ativamente aperfeiçoando um imenso plano
ideológico para invadir o chamado Terceiro Mundo, utilizando
todos os seus meios, desde a imprensa e o rádio ao Corpo da Paz.
Durante 1962 e 1963, numerosas conferências internacio-
nais foram realizadas com esse fim em vários locais, como Nicó-
sia no Chipre, São José da Costa Rica e Lagos na Nigéria, Entre
os participantes incluíam-se a CIA, a Agência de Informações dos
EUA, o Pentágono, a Agência de Desenvolvimento Internacional,
o Corpo da Paz e outros. Forma estudados programas que incluí-
am a utilização sistemática de cidadãos norte-americanos no exte-
rior em atividades de informação, virtualmente, e trabalho de
propaganda. Métodos para recrutar agentes políticos e de forçar
“alianças” com os Estados Unidos foram estudados. No centro
desses programas estava a exigência de um monopólio absoluto
dos Estados Unidos no campo da propaganda, assim como a de
combater qualquer esforço independente de países em desenvol-
vimento no domínio da informação.
Os Estados Unidos provocam e procuram ainda, com êxi-
to considerável, coordenar à base de sua própria estratégia as ati-
vidades de propaganda de todas as nações ocidentais. Em outubro
de 1951, foi realizada uma conferência das nações da OTAN, em
Roma, para discutir problemas de guerra psicológica. As conclu-
sões solicitavam a organização de operações ideológicas combi-
nadas, nas nações afro-asiáticas, por todos os participantes.
| 324 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Conclusão
Bibliografia
Notas de rodapé
1: Background Paper on the Establishment of na African
Comon Market, 13 de outubro de 1963. (p. 257)
2: Tanzânia anunciou planos para instituir sua própria mo-
eda. (p. 258)
| 338 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
KWAME NKRUMAH
Consciencismo
Filosofia e ideologia Para
descolonização
(tradução: Paula Juliana Foltran)
| 340 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
| 341 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
NOTA DO AUTOR
15 de agosto de 1969
Conacri
| 342 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
| 343 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Introdução
CAPÍTULO 1
Filosofia em Retrospectiva
suas preocupações não têm nada a ver com a vida. Dizem que sua
preocupação não é nomear princípios morais ou melhorar o cará-
ter de ninguém, mas estritamente elucidar o significado de termos
usados no discurso ético, e determinar o status de princípios e re-
gras morais, no que diz respeito às obrigações que elas nos im-
põem. Quando a filosofia é vista à luz de uma série de sistemas
abstratos, pode-se dizer que se preocupa com duas questões fun-
damentais: primeiro, a questão “o que existe?”; segundo, como a
questão “o que existe?” pode ser explicada.
A resposta à primeira questão tem muitos aspectos. Esta-
belece um número mínimo de ideias gerais sob as quais todas as
coisas do mundo podem e devem ser entendidas. Esse processo
acontece sem se nomear as coisas em si, sem fornecer um inven-
tário, por assim dizer, uma lista de itens, os objetos no mundo.
Especifica não objetos particulares, mas os tipos básicos de obje-
tos. A resposta posterior implica em certo reducionismo, pois ao
nomear apenas alguns tipos básicos, todos os objetos são agrupa-
dos diretamente sob um desses tipos.
O exemplo a seguir ajuda a ilustrar. Tales [de Mileto], o
mais antigo filósofo ocidental conhecido, sustentou que tudo era
água. Com isso, ele não quis dizer, obviamente, que tudo era be-
bível. Que tudo era diretamente água ou que poderia ser construí-
do apenas a partir da água como matéria-prima é, de fato, o cora-
ção de sua epigrama. Tales reconheceu somente um tipo básico
de substância. Para outro exemplo, deixe-me usar Berkeley, o
homem segundo o qual o mundo consistia em espíritos e suas
ideias. Para Berkeley, cada coisa do mundo era em si um espírito
ou alguma ideia possuída por algum espírito. Deve-se dizer, para
atenuar, que nem Berkeley nem Tales furtaram um único item ou
objeto ao mundo. O mundo ainda estava cheio de atletas e uvas,
bispos e maçãs. Mas, em ambos os casos, tipos básicos mínimos
foram selecionados, e tudo no mundo, dizia-se, estava sob eles,
tanto diretamente como por uma análise que os reduzia aos tipos
básicos. Isto é, para Tales, tudo era água ou poderia ser reduzido
à água; para Berkeley, tudo era espírito ou ideia ou poderia ser
reduzido a espíritos e ideias.
Apelando aos dois veneráveis filósofos, procurei ilustrar o
caráter das respostas à primeira questão da filosofia, “o que exis-
te?” A resposta de Tales foi a água, a resposta de Berkeley foram
| 349 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
CAPÍTULO 2
Filosofia e Sociedade
como sendo tão fundamental que, sem ela, tudo sumiria. Um ob-
jeto é uma sintonização de tensões opostas e sem as tensões não
poderia haver objeto.
As leis sociais também são concebidas por Heráclito da
mesma maneira. Ele as concebe como uma sintonização de ten-
sões, resultante de tendências opostas. Sem as tendências opostas,
não poderia haver leis. Percebe-se que Heráclito concebeu a socie-
dade como um dinamismo, no qual do conflito de opostos emerge
uma sintonização. Heráclito torna esse conflito de opostos indis-
pensáveis ao crescimento e à criação, tanto na natureza quanto na
sociedade. E crescimento, ou criação, não passa de sintonização ou
equilíbrio que emerge de uma luta de opostos. Em termos sociais,
isso significa que a sociedade está permanentemente em revolução
e que a revolução é indispensável ao crescimento e ao progresso
social. Evolução por meio da revolução é a pedra de toque heracli-
tiana do progresso.
A ideia do conflito cósmico dos opostos veio a ser impres-
sa em Heráclito pelas erupções que abalaram a sociedade grega.
Depois que os aristocratas derrubaram as monarquias, as colônias
gregas vieram a ser estabelecidas nos lábios da bacia do Mediter-
râneo. Com isso e a introdução da cunhagem de moedas, o valor
da propriedade fundiária como instrumento de transações econô-
micas diminuiu. O comércio tornou-se mais difundido, e o desen-
volvimento de uma marinha mercante para ajudar na expansão do
comércio deprimiu ainda mais o significado econômico da aristo-
cracia de terras. A nova força mercantil começou a buscar prê-
mios políticos da aristocracia decadente. Essa mudança social
fundamental iniciada por impulsos econômicos, com a oposição
das forças locais ao domínio persa nos Estados menores da Ásia,
criou entre os gregos uma sociedade que foi comparativamente
compensada. Mesmo os trinta tiranos marcaram uma redenção da
sociedade grega. Redenção, no entanto, não poderia significar
uma sociedade definhando em entorpecida serenidade. As dissen-
sões internas persistiram por todos os lados, a sociedade estava
distorcida por mudanças rápidas, mas sempre de uma luta corpo a
corpo emerge, com o passar do tempo, um padrão discernível.
Disputa e um padrão emergente, uma sintonia aparente,
que servia como um ponto de descanso até que as forças em con-
flito voltassem a se tornar nitidamente facciosas, essa gangorra,
| 380 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
CAPÍTULO 3
Sociedade e Ideologia
CAPÍTULO 4
Consciencismo
CAPÍTULO 5
Definindo os Termos Teóricos
↗
Desde que D(na>pa)→ pa + na há sempre um momento di-
alético ↘
O
↗
(xi) UG I...K ←→ (pa + na)
↘
O G I...K
| 453 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
↗ ↗
... + (pa/ + na) + (pa/ + na) Gk]
↘ ↘
O G k...I O
KI
Vimos que, para propósitos de verdadeiro desenvolvimen-
to, um território liberto deve abraçar o consciencismo filosófico.
Em seu aspecto materialista, o consciencismo filosófico preserva
um igualitarismo humanista. O materialismo filosófico que faz
parte do consciencismo acomoda a dialética e a considera a causa
eficiente de toda mudança. Para que o desenvolvimento não seja
torto, o consciencismo filosófico insiste que devem ser levadas
em consideração as condições materiais do território envolvido,
assim como a experiência e a consciência das pessoas cuja reden-
ção é buscada. Um povo só pode ser redimido se levantando pe-
los cordões de suas botas. Nestas circunstâncias, o desenvolvi-
mento deve ser socialista. É apenas um esquema socialista de de-
senvolvimento que pode garantir que a sociedade seja resgatada,
que o bem-estar geral seja honestamente perseguido, que a auto-
| 454 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
(xiv) Ф ←→ m + C + D,
(xvi) S ←→ m+ C+ D+ UGi
| 455 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
(xvii) Sg ←→ m + cg + d + U lib.g
(xviii) S oc ←→ m +c oc + d + U lib.
(xix) Sb ←→ m + cb + d + U lib.b.
pa
(xxiii) P= pa
Ɛna
Kwame Nkrumah
Introdução
Devido à diversidade existente em África de condições
políticas, sociais e econômicas, não é tarefa fácil generalizar em
termos políticos e socioeconômicos. Encontram-se ainda vestí-
gios em um estágio comunitário e feudal e, em determinadas re-
giões do continente, o modo de vida tradicional se modificou
muito pouco. Por outro lado, houve regiões que atingiram um ní-
vel elevado de industrialização e urbanização. No entanto, apesar
da diversidade socioeconômica e política, é possível distinguir
determinados problemas e situações que parecem comuns aos Es-
tados africanos, derivados de um passado tradicional, aspirações
comuns e experiência compartilhada sob o domínio do imperia-
lismo, colonialismo e neocolonialismo.
Não há nenhuma parte do continente que não tenha co-
nhecido a opressão e exploração e que não esteja implicada no
processo da revolução africana. Por todo lado torna-se cada vez
mais evidente a unidade de propósitos dos povos de África, e não
há nenhum dirigente que, para manter seu poder, não pretenda ao
menos ter aderido à causa dos objetivos revolucionários de liber-
tação, unificação e socialismo. Assim, chegou a altura e passar à
fase decisiva do processo revolucionário, na qual a luta armada
que há pouco começou deve ser agora intensificada e coordenada
a níveis estratégicos e táticos. Ao mesmo tempo, é preciso atacar
com determinação a minoria reacionária, fortemente entrinchei-
rada entre nossos povos. Porque a sucessão de golpes de Estado
reacionários, perpetrados na África ocidental e central, e a eclo-
são de guerras civis demonstram claramente a importância e a
| 462 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Colonialismo
classes
privilegiadas
burguesia classes
burocrática, quadros oprimidas
do exército e da operários,
polícia, intelligentsia, camponeses,
profissões liberais, pequenos
compradores”, etc. proprietários,
pequenos
comerciantes
Neocolonialismo
O conceito de classe
A luta de classes é um tema histórico de importância fun-
damental. Qualquer sociedade não socialista compreende duas
grandes categorias de classes: as classes dirigentes e as classes
dominadas. As primeiras detêm os instrumentos econômicos de
produção e de distribuição e os meios de estabelecer sua domina-
ção política, enquanto que as classes dominadas não fazem senão
servir aos interesses das classes dominantes, de quem são depen-
dentes no plano político, econômico e social. O conflito que opõe
dirigentes e dominados é o resultado do desenvolvimento das for-
ças produtivas.
Com a introdução da propriedade privada e da exploração
capitalista dos trabalhadores, os capitalistas tornam-se uma nova
classe ─ a burguesia ─ e os trabalhadores explorados formam a
classe operária, porque, em última análise, uma classe não é se-
não o conjunto de indivíduos ligados por determinados interesses
que tentam salvaguardar. Qualquer forma de poder político ─ re-
gime parlamentar, multipartidarismo, sistema de partido único,
ditadura militar ─ reflete os interesses de uma ou várias classes
sociais. Assim, qualquer governo socialista é a expressão dos in-
teresses dos operários e camponeses, enquanto que um governo
capitalista representa a classe exploradora. O Estado é, portanto, a
expressão da dominação de uma classe sobre as demais.
Do mesmo modo, os partidos políticos são expressão das
diferentes classes. Poder-se-ia então concluir daí que um Estado
de partido único não conhece um sistema de classes. O que nem
sempre é o caso, a não ser que um Estado seja expressão da do-
minação política pelo povo. Em muitos Estados com um sistema
bipartidário ou multipartidário, e onde as categorias sociais são
muito nítidas, o governo não representa, de fato, senão um único
partido. Tomemos como exemplo os Estados Unidos, onde os
| 468 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
LUTA DE CLASSES
Classe ou Classe ou
classes dirigentes CONFLITO classes
exploradas e
oprimidas
determinado por
mudanças nas
forças produtivas
Camponeses
Pequena burguesia
a) agricultores — estatuto social ba-
(pequena burguesia seado na importância
rural, proprietária, da propriedade e na
empregando mão de mão de obra empre-
obra); gue;
b) pequena burgue- — estatuto social de-
sia das cidades terminado pela im-
(pequenos comerci- portância e número
antes, artífices). de negócios e propri-
edades.
— Média
— Comerciantes — Quadros do
— Comerciantes Exército
| 470 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
elitismo individualismo
EXEMPLOS DE
CONCEPÇÕES E
IDEOLOGIAS
BURGUESAS
capitalismo
▼
liberalismo racismo
político liberalismo
econômico democracia
burguesa
Classe e raça
Qualquer situação histórica produz a sua própria força di-
nâmica. Na África, os estreitos laços entre os problemas sociais e
raciais nasceram da exploração capitalista: a escravidão, as rela-
ções senhor-servo e a mão de obra barata são exemplos fundamen-
tais disto.
Um exemplo clássico é a África do Sul e a dupla explora-
ção, de classes e racial, da qual sofrem os sul-africanos. Tal situa-
ção repete-se nos EUA, nas Antilhas, na América Latina e por
toda parte onde o desenvolvimento das forças de produção en-
gendrou uma estrutura social racista. Nestes países, a posição so-
cial é função do grau de pigmentação da pele. A cor serve para
avaliar o lugar ocupado na hierarquia social.
Os sistemas sociais baseados na discriminação racial são o
resultado de um desenvolvimento econômico capitalista, e não da
colonização. Porque aí a exploração social está baseada em uma
discriminação racial; em tais sociedades, a exploração capitalista
e a opressão racial caminham de mãos dadas. Para colocar fim a
isto basta abolir um destes tipos de exploração.
No mundo moderno, a luta das raças tornou-se parte inte-
grante da luta de classes. Em outras palavras: o problema racial é
simultaneamente um problema de classes.
Na África, como por toda parte, a industrialização acele-
rou o crescimento da burguesia e, ao mesmo tempo, de um prole-
tariado consciente. As duas classes, fundamentalmente opostas
nos seus objetivos (a burguesia não tem outra ambição senão seu
enriquecimento e o poder político, enquanto que o proletariado
tem aspirações ao socialismo e nacionalismo), constituem os fun-
damentos do Estado racista. As duas classes reclamam-se de duas
ideologias bem distintas: a burguesia quer-se capitalista, enquanto
que o proletariado tende para o socialismo.
Na África do Sul, onde diferentes grupos étnicos coexis-
tem em bases discriminatórias, a burguesia constitui dificilmente
1/5 da população. Para proteger suas posições privilegiadas, bri-
tânicos e boers associaram-se contra “negros”, “gente de cor” e
“indianos”, que constituem 4/5 da população total. A “gente de
cor” e os “indianos”, que são grupos minoritários, desempenham
o papel de “tampões”, protegendo a minoria branca da maioria
negra, a cada dia mais militante e revolucionária. A mesma luta
| 476 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Relações de Racismo
classe de tipo
capitalista dupla exploração
classe raça
Elitismo
O elitismo é uma ideologia burguesa nascida durante a se-
gunda metade do século XIX, dos trabalhos de dois sociólogos
italianos, Vilfredi Pareto (1840-1923) e Gaetano Mosca (1858-
1941). Nesta época, a burguesia, que acabava de arrancar o poder
político das mãos da aristocracia, via-se, por sua vez, ameaçada
por uma classe operária cada vez mais ativa e imbuída dos prin-
cípios marxistas. Pareto e Mosca pretendiam refutar a doutrina
marxista e desmentir formalmente a possibilidade de uma revolu-
ção socialista que eliminaria o sistema de classes. Opondo-se a
Marx, afirmavam que o talento político designava os verdadeiros
dirigentes e que, por outro lado, toda sociedade seria sempre go-
vernada por uma ou mais elites.
Os defensores do elitismo afirmam que é praticamente
sempre uma minoria que detém o Poder, e que esta escapa ao
controle da maioria, quaisquer que sejam as instituições democrá-
ticas em vigor. A coesão das elites é sua força principal. Ainda
que numericamente fracas em comparação com o conjunto da
nação, possuem um poder desproporcional ao seu tamanho.
A ideologia elitista é, portanto, perfeitamente ajustável à
doutrina capitalista e justifica a dominação da burguesia em uma
sociedade de classes. Uma tal ideologia, ao permitir a defesa do
mito da superioridade e inferioridade racial, intensifica os precon-
ceitos raciais.
Recentemente o estudo das elites tem se desenvolvido, e
surgiu uma multiplicidade de teorias elitistas nos últimos tempos.
É interessante constatar que este desenvolvimento coincide histori-
camente com a explosão revolucionária que rebentou no mundo
inteiro. Ao pretender trazer uma justificação para a continuação da
exploração capitalista, os teóricos burgueses viram-se obrigados a
aproveitar a doutrina elitista, porque nenhum argumento racional
podia justificar a cruel irracionalidade do capitalismo. Tentaram
demonstrar que haveria sempre uma elite no poder e que um mo-
vimento estaria sempre nas mãos dos mais capazes. Deste modo,
negam a estrutura das classes econômicas, assim como a existência
da luta de classes no seio da sociedade capitalista.
Um dos princípios fundamentais da teoria elitista pretende
que o poder gera o poder e que, no que diz respeito à política, as
massas são apáticas, submissas e indiferentes.
| 478 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
“Intelligentsia” e intelectuais
Durante a época colonial, apareceu, pretendendo servir de
ligação entre o poder colonial e as massas, uma intelligentsia de
formação ideológica ocidental. Originária em grande parte das fa-
mílias de chefes tradicionais e das classes possuidoras, limitava-se
a um mínimo de elementos capazes de assegurar o bom funciona-
mento da administração colonial. Esta intelligentsia tornou-se uma
elite hábil em oportunismo, tanto de direita como de esquerda.
Na África, como na Europa e em outras regiões do mundo,
a posição social é, em grande medida, proporcional ao nível de
educação. Com o aumento da alfabetização, as características tri-
bais e étnicas amenizam-se e a divisão em classes acentua-se. Exis-
te – e muito particularmente entre os que fizeram os estudos no
estrangeiro – um certo esprit de corps. Os que o possuem torna-
ram-se estranhos ao seu meio de origem e não têm, geralmente,
outra ambição que não seja a de fazer uma brilhante carreira políti-
ca, ter uma posição social elevada e adquirir um estatuto profissio-
nal. Com efeito, logo que um grande número de Estados africanos
passa a contar com estabelecimentos de ensino e universidades,
milhares de africanos preferem, no entanto, ir realizar seus estudos
no estrangeiro. Atualmente, cerca de 10 mil estudantes africanos
moram em França, e outros tantos na Grã-Bretanha. Nos Estados
Unidos há cerca de 2 mil.
Nas ex-colônias britânicas existem estabelecimentos de en-
sino, criados durante a época colonial, segundo o modelo das céle-
bres public-schools inglesas e com a mesma organização, tanto no
programa de estudos, quanto à disciplina e às atividades desporti-
vas. Os colégios de Adisabel, de Mfantsipim e de Achimota, em
Gana, são exemplos típicos. Estas escolas têm por objetivo formar
uma elite política comprometida com as ideologias burguesas capi-
talistas da sociedade europeia. Na Grã-Bretanha o sistema de clas-
| 482 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Golpes de Estado
Os golpes de Estado são uma forma de luta que visa a to-
mada do poder político. E, sendo o resultado da ação combinada de
determinados membros de um órgão do Estado aparentemente iso-
lado da sociedade, são parte integrante da luta de classes e do con-
flito que opõe capitalismo e revolução socialista. Se não modifi-
cam a natureza ou o conteúdo desta luta, modificam-lhe a forma.
| 491 |Nkrumah – Obras Escolhidas|
Datas Países
13 de janeiro de 1963 Togo
12-15 de agosto de 1963 Congo-Brazzaville
19-28 de outubro de Daomé
1963
18 de fevereiro de 1964 Gabão
1 de janeiro de 1965 República Centro-Africana
4 de janeiro de 1965 Alto Volta
18 de junho de 1965 Argélia
25 de novembro de 1965 Congo-Kinshasa
22 de dezembro de 1965 Daomé
15 de janeiro de 1966 Nigéria
24 de fevereiro de 1966 Gana
29 de julho de 1966 Nigéria
29 de novembro de 1966 Burundi
13 de janeiro de 1967 Togo
24 de março de 1967 Serra Leoa
17 de dezembro de 1967 Daomé
18 de abril de 1968 Serra Leoa
3 de agosto de 1968 Congo-Brazzaville
4 de setembro de 1968 Congo-Brazzaville
19 de novembro de 1968 Mali
25 de maio de 1969 Sudão
1 de setembro de 1969 Líbia
15-19 de outubro de Somália
1969
10 de dezembro de 1969 Daomé
30 de janeiro de 1970 Lesoto
ESTADO
poder mantém NEOCOLONIAL explora Massas
neocolonial africana
(força explora e oprime s
escondida)
Aumento da
consciência política
Ativismo guerrilha
(greves, etc.)
golpes de Estado
reacionários
Os movimentos de libertação conhecidos são os seguintes:
África do Sul
PAC: Congresso Pan-africanista
ANC: Congresso Nacional Africano
APDUSA: União Democrática dos Povos Africanos da
África do Sul
Zimbabué (Rodésia)
ZANU: União Nacional Africana do Zimbabwe
ZAPU: União Popular Africana do Zimbabué
Sudoeste Africano
SWAPO: Organização Popular do Sudoeste Africano
SWANU: União Nacional do Sudoeste Africano
Angola
MPLA: Movimento Popular de Libertação de Angola
GRAE: Governo Revolucionário de Angola no Exílio
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Moçambique
FRELIMO: Frente de Libertação de Moçambique
COREMO: Comité Revolucionário de Moçambique
Guiné-Bissau
PAIGC: Partido Africano para a Independência da Guiné
e Ilhas de Cabo Verde
Chade
FROLINAT: Frente de Libertação Nacional Congo-
Kinshasa
CNL: Movimento Congolês de Libertação Nacional Eri-
treia
ELF: Frente de Libertação da Eritreia
A burguesia
O colonialismo, o imperialismo e o neocolonialismo são
expressões do capitalismo e das aspirações econômicas da bur-
guesia. Em África, o desenvolvimento do capitalismo provocou o
declínio do feudalismo e o aparecimento de uma nova superstru-
tura social.
Antes da colonização, o poder dos chefes africanos – que
não eram proprietários de terras – estava submetido a um controle
restrito. Era a função do chefe, e não o próprio chefe, que era sa-
grada. Um conselho de anciãos exercia o controle. O colonialismo
reforçou o poder dos chefes pelo sistema de “administração indire-
ta”. Além dos seus novos poderes, eram por vezes remunerados,
tornando-se assim, na maioria, agentes locais do colonialismo. Em
certas colônias, a administração colonial designava novos chefes,
que foram então conhecidos pelo nome de “chefes de cantões”. Os
imperialistas serviram-se da nobreza feudal e tribal para assegurar
sua exploração, o que aumentou as contradições sociais, já que o
feudalismo mantinha as massas camponesas sob seu rígido contro-
le e impedia qualquer possibilidade de organização revolucionária.
Subsistem ainda, em algumas regiões de África, restos de
feudalismo. Assim, na Nigéria setentrional, tal como nas regiões
setentrionais e ocidentais de Camarões, os chefes de tribos vivem
da exploração de camponeses, que devem não só pagar taxas e
tributos, mas também executar trabalhos forçados.
Contudo, embora permaneçam vestígios do feudalismo, o
colonialismo introduziu estruturas capitalistas na sociedade afri-
cana. Surgiu então uma pequena burguesia e uma pequena (mas
influente) burguesia nacional, composta principalmente por inte-
lectuais, funcionários, representantes das profissões liberais e
quadros da polícia e do exército.
Os capitalistas africanos primavam pela ausência, pois o
poder colonial tinha desencorajado qualquer tentativa local de em-
presa privada. Consequentemente, quem quer que desejasse fazer
fortuna e adquirir status social não tinha outro caminho senão par-
ticipar na administração, no exército, ou tornar-se praticante de
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tribalismo
(política das tribos)
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O proletariado
Existe um proletariado moderno em África, embora ainda
seja pouco importante. Constitui o nó essencial da edificação do
socialismo e deve colocar-se no contexto da luta operária interna-
cional, da qual vem muita da sua força.
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População
Anos
(números aproximados)
1936 38 mil
Accra
1960 338 mil
1921 24 mil
Kumasi
1966 190 mil
1921 4 mil
Tamale
1960 40 mil
Em milhões de dólares
1950 1960 1964
Investimentos 287 925 1700
Exportações
(dos EUA para a 494 926
África)
Importações (da
362 1211
África)
O campesinato
Em África, as massas camponesas constituem, de longe, o
contingente mais vasto da classe trabalhadora, e potencialmente o
elemento fundamental da revolução socialista.
Mas as massas estão dispersas, desorganizadas e, geral-
mente, não são revolucionárias. É, no entanto, indispensável que
tomem consciência e que sejam enquadradas pelos seus aliados
naturais: o proletariado e a intelligentsia revolucionária.
No cume da hierarquia social das zonas rurais situam-se
os proprietários feudais de terras, que vivem da exploração dos
camponeses, e os proprietários capitalistas, na sua maioria absen-
tistas, que vivem da exploração de uma mão de obra assalariada.
Entre os proprietários capitalistas – que formam a burgue-
sia rural – enfileira o clero, das diversas seitas e religiões, viven-
do da exploração feudal e capitalista dos camponeses. A burgue-
sia rural possui propriedades relativamente grandes, um capital e
uma mão de obra que explora; especializa-se na cultura de expor-
tação. Os pequenos agricultores, que se poderiam colocar na ca-
tegoria de pequena burguesia rural, possuem pequeno capital e
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A revolução socialista
A ação política atinge seu ponto mais alto logo que o prole-
tariado, sob a direção de um partido de vanguarda guiado pelos
princípios do socialismo científico, consegue derrubar o sistema de
classes: a revolução atingiu então o auge. As bases de uma revolu-
ção são lançadas logo que as estruturas orgânicas e condições em
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Revolução mundial
sistema classe
socialista Luta de libertação nacional operária
mundial na Ásia, África e América Latina internacional
Revolução africana
luta de guerra
classe civil
s
Vitória popular
Liberdade. Unidade. Socialismo.
Governo pan-africano
Conclusão
A revolução africana, ao concentrar-se na destruição do
imperialismo, do colonialismo e do neocolonialismo, visa realizar
uma transformação completa da sociedade. Já não se trata, para
os Estados africanos, de escolher um modo de produção capitalis-
ta ou não capitalista, porque a escolha já foi feita pelos trabalha-
dores africanos: a libertação e unidade do continente, que apenas
a luta armada para o socialismo realizará.
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internos
burgueses externos
reacionários, feudais, imperialismo
CAPITALISMO
governos fantoches, colonialismo
regimes minoritários neocolonialismo
europeus
apoiam
APÊNDICES
Introdução
O Pan-africanismo tem sua origem na luta de libertação
dos afro-americanos, expressando as aspirações de africanos e
dos povos de descendência africana. Da primeira Conferência
Pan-africana, realizada em Londres em 1900, até a quinta e úl-
tima Conferência Pan-africana realizada em Manchester em
1945, os afro-americanos se mostraram a principal força diri-
gente do movimento. O Pan-africanismo então guinou para a
África, sua verdadeira casa, com a realização da Primeira Con-
ferência dos Estados Africanos Independentes em Accra, em
abril de 1958, e a Conferência do Povo de toda a África, em de-
zembro daquele mesmo ano. O trabalho dos antigos pioneiros do
Pan-africanismo tais como Sylvester Williams, Dr W.E.B. Du
Bois, Marcus Garvey, e H. George Padmore, nenhum deles nas-
cidos na África, se tornou uma parte separada da história africa-
na. É significativo que dois deles, Dr. Du Bois e George Padmo-
re, vieram morar em Gana sob meu convite. Dr. Du Bois mor-
reu, como desejava, em solo africano, enquanto trabalhava em
Accra na Enciclopédia Africana. Padmore tornou-se meu asses-
sor em assuntos africanos, e gastou os últimos anos de sua vida
em Gana, ajudando na luta revolucionária pela unidade africana
e pelo socialismo.
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Conclusão
A discriminação racial é produto de um meio, um meio
de uma sociedade dividida em classes, e sua solução é a trans-
formação deste meio. Isto pressupõe o fato que somente sob o
socialismo nos Estados Unidos da América que os afro-
americanos podem realmente ser livres na sua terra natal.
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