Organização Do Estado - Tema 1
Organização Do Estado - Tema 1
Organização Do Estado - Tema 1
DESCRIÇÃO
A organização do Estado e a repartição de competências entre os entes federativos como
pilares do Estado Federal.
PROPÓSITO
Compreender a estrutura do Estado brasileiro é importante para sua formação como
profissional e cidadão, além de contribuir para a consolidação de nossa jovem democracia.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos a Constituição Federal para entender
os termos específicos da área.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer o federalismo, com suas espécies, características e sua relação com o Estado
Federal
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A federação, como forma de Estado Moderno que combina distribuição do poder entre um
governo central e diversos governos periféricos regulada por uma Constituição, é uma obra do
século XVIII. Mais precisamente, trata-se de fórmula criada pelos norte-americanos.
Desde então, essa forma de organização estatal difundiu-se em escala mundial. De fato, os
séculos XIX e XX conheceram uma proliferação sem precedentes de Estados Federais (África
do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Canadá,
Comores, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Etiópia, Índia, Malásia, México, Micronésia,
Nepal, Nigéria, Paquistão etc.). Atualmente, o federalismo encontra expressão em 25 Estados
dos 192 reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é entidade
intergovernamental criada para promover a cooperação internacional.
Desde 1889, o Brasil também tem adotado essa forma federativa de Estado, caracterizada pela
descentralização política, autonomia dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e existência de uma Constituição. Essas diferentes entidades políticas autônomas
formam, por meio de um vínculo indissolúvel, um Estado soberano. Por conta disso, não há um
direito de secessão em um Estado federado (ato de abandono dos integrantes da federação
para fundar um novo país).
Dentro dessa organização do Estado, a Administração Pública brasileira foi estruturada com
base nos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.
MÓDULO 1
CONCEITOS
FEDERALISMO
Embora tidos, por vezes, como sinônimos, os conceitos de federalismo e federação
tecnicamente são distintos.
FEDERALISMO
Segundo Ronald Watts (2008, p. 8), o federalismo é uma ideia normativa que se refere à
defesa de um governo de várias camadas que combina elementos de unidade e diversidade,
preservando e promovendo identidades distintas dentro de uma união política maior.
FEDERAÇÃO
A federação é um termo descritivo que se refere a um sistema político que incorpora essa
ideia, compondo o governo central (federal) e as unidades constituintes regionais de governos
(estaduais e/ou municipais), sendo que cada ordem desse governo possui poderes específicos
delegados a ela por uma Constituição que não é unilateralmente alterável.
ATENÇÃO
Não podemos confundir: enquanto a federação é uma forma de Estado adotada no Brasil, o
federalismo é a ideia, a teoria, o estudo, que fundamenta a criação dessas federações.
No vídeo a seguir, falaremos sobre as diferentes espécies de federalismo.
PRINCÍPIO FEDERATIVO
Tal princípio federativo caracteriza o Estado Federal, identificado como uma aliança de
estados, que renunciam à sua independência, mas não à sua autonomia, em prol dos
interesses comuns previstos na celebração de um pacto de união denominado
Constituição Federal.
Adotada no Brasil desde 1891, a federação é a forma de Estado nascida na república, com o
Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, cuja consolidação se deu na Constituição de 1891
em seu art. 1º.
Fonte:Shutterstock
Constituição de 1891. Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
MUNICÍPIOS
DIREITO DE SECESSÃO
ATENÇÃO
A tentativa de secessão pode ocasionar, inclusive, uma intervenção federal, na forma do art.
34, I, da CRFB/88.
Além disso, a federação brasileira recebe proteção especial no art. 60, § 4º, I, que a considera
cláusula pétrea, de maneira que não pode ser abolida por meio de reformas constitucionais.
Isto é, não é possível, por meio de uma emenda constitucional, alterar a forma de Estado da
federação no Brasil. A única maneira, juridicamente possível, seria mediante uma nova
Constituição.
SOBERANIA E AUTONOMIA
SOBERANIA
AUTONOMIA
Autonomia é a margem de discrição que uma pessoa possui para decidir sobre os seus
negócios, mas sempre delimitada pelo próprio Direito. Trata-se de uma margem de liberdade,
na forma da lei, e é um fenômeno existente na esfera interna dos Estados, distinguindo o
quociente de liberdade que cada pessoa jurídica de direito interno possui. Também pode ser
política, quando a subdivisão interna tem o poder de fazer leis, ou administrativa, quando o
novo centro tem liberdade somente para executar, cumprir as ordens do poder central. Como
se observa, só haverá autonomia se existir mais de um centro de competências e decisões.
ESTADO UNITÁRIO
FEDERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO
ESTADO UNITÁRIO
FEDERAÇÃO
A forma de governo é o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se
organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade, bem como as relações entre
governantes e governados. São basicamente duas as formas de governo:
REPÚBLICA
Suas características básicas são:
MONARQUIA
Suas características são:
I) hereditariedade do governo;
II) vitaliciedade no governo;
III) inexistência de representação popular, pois quem coloca o governante lá é o seu sangue.
SISTEMA PRESIDENCIALISTA
SISTEMA PARLAMENTARISTA
SISTEMA PRESIDENCIALISTA
SISTEMA PARLAMENTARISTA
REGIME DEMOCRÁTICO
Há participação popular.
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REGIME AUTOCRÁTICO
• Descentralização política.
• Constituição rígida como base jurídica.
• Inexistência do direito de secessão (ou o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo),
lembrando que a forma federativa de Estado é cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I, CRFB/88).
• Soberania do Estado Federal.
• Auto-organização dos Estados-membros: por meio da elaboração de suas Constituições
estaduais.
• Órgão representativo dos Estados-membros: no Brasil, o Senado Federal.
• Guardião da Constituição: no Direito brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF).
• Mínimo de dois níveis de governo, um com jurisdição sobre todo país e o outro com jurisdição
regional.
Fonte:Shutterstock
Mapa político do Brasil. Fonte: Wikimedia
ESPÉCIES DE FEDERALISMO
QUANTO À ORIGEM
Esse tipo de federalismo nasce quando Estados soberanos renunciam a uma parcela de sua
soberania para instituir um ente único, passando a ser autônomos. O Estado Federal passa a
ser soberano e os Estados-membros autônomos. É o que ocorreu com os EUA, que surgiram a
partir da reunião das 13 colônias norte-americanas.
Nesse modelo, há uma relação de coordenação entre a União e os estados, atrelada por meio
de uma repartição horizontal de competências. Não há hierarquia entre a União e os Estados-
membros; estão situados no mesmo plano e cada um tem suas normas próprias (competências
determinadas pela CRFB); há um equilíbrio entre eles. Foi adotado pelos EUA até a crise de
1929.
FEDERALISMO COOPERATIVO
FEDERALISMO SIMÉTRICO
FEDERALISMO COOPERATIVO
É aquele no qual há um rompimento com as linhas tradicionais definidoras do federalismo
simétrico, em razão do funcionamento do sistema federal. Há uma realidade heterogênea entre
os entes federados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Confederativa
B) Republicana
C) Federativa
D) Democrática
2) QUANTO ÀS ESPÉCIES DE FEDERALISMO, O BRASIL ADOTOU UM
MODELO DE:
GABARITO
O Brasil tem adotada a forma federativa de Estado desde 1889. A Constituição Federal de 1988
deixa claro, inclusive, que a forma federativa de Estado é clausula pétrea, que não pode ser
abolida por meio de reformas constitucionais, como é o caso de emenda constitucional (art. 60,
§4º, I, da CRFB/88)..
CONCEITOS
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
É adotada, em maior parte das Constituições do mundo, uma técnica pela qual o constituinte
distribui, com base na natureza e no tipo histórico de federação, as atribuições de cada
unidade federativa, preservando-lhes a autonomia política no âmbito do Estado Federal. Aplica-
se, então, o princípio da predominância do interesse.
O PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO
INTERESSE TEM A FINALIDADE DE NORTEAR A
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS DAS
ENTIDADES POLÍTICAS, TOMANDO COMO
REFERÊNCIA A NATUREZA DO INTERESSE
AFETO A CADA UMA DELAS.
Assim, à União competem as matérias de interesse geral ou nacional (CRFB, art. 21); aos
Estados-membros competem os temas de interesse regional (CRFB, art. 25, §1º); aos
municípios competem os assuntos de interesse local (CRFB, art. 30, I); ao Distrito Federal
compete a temática de interesse regional e local (CRFB, art. 32, § 1º).
ATENÇÃO
Porém, há casos em que esse princípio não restringe as competências entre os entes
federados. Isso ocorre porque há assuntos que tanto são pertinentes ao interesse local, como
do país inteiro, por exemplo, a hipótese da transposição do rio São Francisco, da devastação
da floresta Amazônica, da seca no Nordeste etc.
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MODELO HORIZONTAL
Não há concorrência entre os entes federativos, ou seja, cada um exerce suas competências
nos limites fixados pela Constituição. Também não há relação de subordinação ou hierarquia
entre esses entes.
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MODELO VERTICAL
A União outorga a diferentes entes federativos a competência para atuar na mesma matéria,
porém há uma subordinação, eis que irão atuar sobre a mesma matéria em um chamado
condomínio legislativo. Isto é, a União irá legislar sobre as normas gerais e os estados irão
legislar sobre as normas específicas, as quais não podem contrariar as normas gerais. Sob
esse ponto de vista, é possível verificar uma relação de subordinação, e há uma repartição
vertical da competência. Ex.: competência legislativa concorrente.
ENTES FEDERATIVOS
A CRFB/88 estabelece que a organização político-administrativa da república compreende a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos. Os territórios federais
não têm autonomia, sendo uma descentralização da União, mera autarquia federal.
UNIÃO
A União é a pessoa jurídica de direito público interno. A pessoa jurídica de direito público
externo é a República Federativa do Brasil. Todavia, a União representa a República
Federativa do Brasil (art. 18 da CRFB/88). Portanto, cabe à União exercer as prerrogativas da
república nas relações internacionais. E essas prerrogativas são de atribuições exclusivas da
União.
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 19, algumas proibições à União, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios, como, estabelecer cultos religiosos ou Igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público; recusar fé aos documentos públicos; criar distinções entre brasileiros ou preferências
entre si.
EXCLUSIVA DA UNIÃO
Prevista no art. 21, e não pode ser atribuída a qualquer outro ente federativo.
Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal.
EXEMPLO
A Lei Complementar nº 140/2011, que regulamentou os incisos III, VI e VII do art. 23. Não
havendo definição da cooperação nos termos da lei complementar, eventual conflito de
políticas governamentais deverá ser dirimido levando-se em consideração o critério da
preponderância de interesses: os mais amplos devem prevalecer sobre os mais restritos.
Cabe destacar algumas condutas no exercício dessa competência comum prevista no art. 23: I
- zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; entre outros.
Em 2020, na ADI 6341, o STF entendeu que os prefeitos e os governadores também podem
adotar medidas de combate ao coronavírus (quarentena, isolamento social etc.) considerando
que são providências relacionadas com a proteção da saúde, sendo, portanto, matéria que é
de competência comum da União, dos estados, do DF e dos municípios, na forma do art. 23, II,
da CF/88.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO
PRIVATIVA
Todas as matérias previstas no art. 22. Apesar de ser competência privativa, a União, por meio
de lei complementar, poderá autorizar os estados (e o DF) a legislarem sobre questões
específicas das matérias previstas no referido art. 22. Deixamos claro: somente por lei
complementar e apenas questões específicas.
Como exemplos dessa competência privativa legislativa prevista no art. 22, podemos citar: I -
direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em
tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço
postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de
crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX -
diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; entre outros.
Vale lembrar que, segundo a súmula vinculante 2 do STF: “É inconstitucional a lei ou o ato
normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
bingos e loterias”.
Sobre a situação disposta na súmula, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a expressão
“sistema de sorteios”, constante do art. 22, XX, da CRFB/88, alcança os jogos de azar, as
loterias e similares, dando interpretação que veda a edição de legislação estadual sobre a
matéria, em razão da competência privativa da União, estando a atividade dos bingos
abrangida no preceito veiculado citado, que é categórico ao estipular a competência da União
para legislar sobre os sorteios. Dessa forma, caso haja a aprovação de lei ou ato normativo
estadual ou distrital sobre a matéria, haveria vício de inconstitucionalidade, em razão de a
matéria ser privativa da União.
NOTA
A súmula vinculante é um mecanismo constitucional de uniformização da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal que possui força normativa sobre os órgãos do Poder Judiciário,
bem como sobre toda a administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal.
CONCORRENTE
O art. 24 define as matérias de competência concorrente da União, dos estados e do Distrito
Federal, como direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; orçamento;
juntas comerciais; custas dos serviços forenses; produção e consumo; entre outros (sugerimos
que leia integralmente o art. 24). Em relação a essas matérias, a competência da União limitar-
se-á a estabelecer as normas gerais, cabendo aos estados editar as normas específicas.
Em caso de inércia da União, inexistindo uma lei federal sobre a norma geral, os estados e o
Distrito Federal poderão suplementar a União e legislar, também, sobre as normas gerais,
exercendo a competência legislativa plena. Se a União resolver legislar sobre a norma geral, a
norma geral que o estado (ou o Distrito Federal) havia elaborado terá a sua eficácia suspensa,
no ponto em que for contrária à nova lei federal sobre a norma geral. Caso não sejam
conflitantes, passam a conviver, perfeitamente, a norma geral federal e a estadual (ou a
distrital).
Observe-se que se trata de suspensão da eficácia e não revogação, pois, caso a norma geral
federal que suspendeu a eficácia da norma geral estadual seja revogada por outra norma geral
federal, que, por seu turno, não contrarie a norma geral feita pelo estado, esta última voltará a
produzir efeitos (lembre-se de que a norma geral estadual apenas teve a sua eficácia
suspensa).
ESTADOS-MEMBROS
Vejamos:
AUTO-ORGANIZAÇÃO
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
AUTO-ORGANIZAÇÃO
De acordo com o art. 25, caput, os estados se organizarão e serão regulados pelas leis e
Constituições que adotarem, observando-se, sempre, as regras e os preceitos estabelecidos
na CRFB (trata-se de poder constituinte derivado decorrente).
AUTOGOVERNO
Os arts. 27, 28 e 125 estabelecem as regras para a estruturação dos “Poderes”: Legislativo:
Assembleia Legislativa; Executivo: governador do estado; Judiciário: tribunais e juízes.
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
ATENÇÃO
Trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios; e descrita no art. 23.
São reservadas aos estados as competências administrativas que não lhe sejam vedadas, ou a
competência que sobrar (eventual resíduo), após a enumeração dos outros entes federativos
(art. 25, § 1º).
EXPRESSA
RESIDUAL (REMANESCENTE OU RESERVADA)
DELEGADA PELA UNIÃO
CONCORRENTE
SUPLEMENTAR
EXPRESSA
Art. 25, caput → qual seja, a capacidade de auto-organização dos Estados-membros, que se
regerão pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da CRFB/88.
Art. 25, § 1º → toda competência que não for vedada está reservada aos Estados-membros.
Art. 22, parágrafo único → a União poderá autorizar os estados a legislarem sobre questões
específicas das matérias de sua competência privativa prevista no art. 22 e incisos. Tal
autorização, conforme já alertamos, dar-se-á por meio de lei complementar.
CONCORRENTE
Art. 24 → a concorrência para legislar dar-se-á entre a União, os estados e o Distrito Federal,
cabendo à União legislar sobre as normas gerais e aos estados, sobre as normas específicas.
SUPLEMENTAR
OUTRAS COMPETÊNCIAS
MUNICÍPIOS
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Art. 29, caput – os municípios organizam-se por meio de lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal,
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na
Constituição do respectivo Estado e o preceituado nos incisos I a XIV do art. 29 da CRFB/88.
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
ATENÇÃO
Como dissemos, trata-se de autonomia, e não de soberania, uma vez que a soberania é um
dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Internamente, os entes federativos são
autônomos, na medida de sua competência, constitucionalmente definida, delimitada e
assegurada.
A CRIAÇÃO, A INCORPORAÇÃO, A FUSÃO E O
DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS, FAR-SE-
ÃO POR LEI ESTADUAL, DENTRO DO PERÍODO
DETERMINADO POR LEI COMPLEMENTAR
FEDERAL, E DEPENDERÃO DE CONSULTA
PRÉVIA, MEDIANTE PLEBISCITO, ÀS
POPULAÇÕES DOS MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS,
APÓS DIVULGAÇÃO DOS ESTUDOS DE
VIABILIDADE MUNICIPAL, APRESENTADOS E
PUBLICADOS NA FORMA DA LEI (ART. 18, §4º,
DA CRFB/88).
PRIVATIVA (ENUMERADA)
SAIBA MAIS
EXPRESSA
INTERESSE LOCAL
SUPLEMENTAR
PLANO DIRETOR
EXPRESSA
Art. 29, caput – o município auto-organiza-se por meio de lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal,
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na
Constituição do respectivo estado.
INTERESSE LOCAL
SUPLEMENTAR
Art. 30, II – estabelece competir aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual
no que couber e à luz do interesse local.
PLANO DIRETOR
Art. 182, § 1º – o plano diretor deverá ser aprovado pela Câmara Municipal, sendo obrigatório
para cidades com mais de 20.000 habitantes. Serve como instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.
SAIBA MAIS
DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal (DF) é uma unidade federada autônoma, visto que possui capacidade de
auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação:
AUTO-ORGANIZAÇÃO
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Art. 32, caput – estabelece que o DF se regerá por lei orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias e aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
Autonomia parcialmente tutelada pela União: CRFB art. 21, XIII e XIV, e art. 22.
Fonte:Shutterstock
O PODER JUDICIÁRIO DO DF É O PODER DA
UNIÃO. CABE RESSALTAR QUE A POLÍCIA
CIVIL, A POLÍCIA MILITAR E O CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL
SÃO SUBORDINADOS AO GOVERNO DO
DISTRITO FEDERAL, MAS SERÃO
ORGANIZADOS E MANTIDOS PELA UNIÃO.
Trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, prevista no art. 23 da CRFB/88.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO DF
No tocante à competência legislativa, o art. 32, § 1º, estabelece que ao Distrito Federal são
atribuídas as competências legislativas reservadas aos estados e municípios. Assim, tudo o
que foi dito a respeito dos estados aplica-se ao DF, bem como o que foi dito sobre os
municípios no tocante à competência para legislar também a ele se aplica.
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Apesar de terem personalidade, os territórios não são dotados de autonomia política. Trata-
se de mera descentralização administrativo-territorial da União, qual seja, uma autarquia
que, conforme expressamente previsto no art. 18, § 2º, integra a União.
SAIBA MAIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
Segundo o art. 22, I, da CRFB/88, compete privativamente à União legislar sobre o Direito
penal.
2) (FCC - 2009 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de
Mandados) As competências do Distrito Federal para a prestação dos serviços públicos
são:
A questão está correta porque o DF cumula as competências que cabem tanto aos estados
quanto aos municípios. Assim, o DF presta os serviços públicos reservados aos estados e
municípios. Como exemplo, compete ao DF a exploração direta, ou mediante concessão de
serviços locais de gás canalizado (art. 25, § CF), competência esta dos entes federados, bem
como compete aos municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo (art. 30, V,
CF).
MÓDULO 3
CONCEITOS
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Não há apenas um conceito de Administração Pública, razão pela qual haverá o conceito a
depender do enfoque: material e formal.
POLÍCIA ADMINISTRATIVA
FOMENTO DA INICIATIVA PRIVADA
INTERVENÇÃO
SERVIÇO PÚBLICO
POLÍCIA ADMINISTRATIVA
É o incentivo à iniciativa privada, a fim de que possa orientar a maneira pela qual essa iniciativa
irá atuar. Por exemplo, podemos destacar a possibilidade de financiamento oferecida pela
Administração Pública, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras
ligadas ao desenvolvimento do turismo; para a organização e o funcionamento de indústrias
relacionadas com a construção civil.
INTERVENÇÃO
SERVIÇO PÚBLICO
ATENÇÃO
Há apenas uma exceção no sentido de que a intervenção não configurará Administração
Pública em sentido material, que será a hipótese em que o Estado age diretamente no domínio
econômico, como é o caso de atividade bancária (ex.: Banco do Brasil).
Sob o enfoque formal (subjetivo), a Administração Pública não seria o quê, mas quem é. Trata-
se de um conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas que o nosso ordenamento jurídico
identifica como Administração Pública, não importando a atividade que estes órgãos estejam
exercendo.
O Direito brasileiro adota o critério formal de Administração Pública, pois a preocupação aqui é
com quem estão tratando.
Esses órgãos poderão ser integrantes da administração direta (desconcentração), mas também
poderão ser entidades da administração indireta (descentralização), como são as autarquias,
as fundações, as sociedades de economia mista e as empresas públicas.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os princípios de uma ciência são as proposições básicas que condicionam todas as
estruturações subsequentes. Em outras palavras, são as ideias fundamentais ou os alicerces
de determinada ciência. Muitas vezes, os princípios podem afastar a aplicação de regras, em
reconhecimento contemporâneo à extrema valorização dos princípios no sistema jurídico atual.
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A Constituição Federal, em seu art. 37, trata expressamente dos princípios que orientam a
Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
DICA
Vamos estudá-los!
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A primeira observação a ser realizada refere-se à importância desse princípio para um Estado
Democrático de Direito como o nosso.
Ele traduz uma das mais expressivas conquistas da humanidade, isto é, possibilitar que as
divergências, os conflitos, as tensões se resolvam não pelo primado da força, mas pelo império
da lei.
Nesse cenário é que se justifica sua presença na Constituição de todos os países, não sendo
outra a realidade disposta em todos os textos constitucionais brasileiros.
Com base para o Estado Democrático de Direito, está sua inclusão no título relativo aos
direitos fundamentais, mais precisamente no art. 5º, II, que traz a fórmula por demais
conhecida, mas que se pede vênia para reproduzir em razão de sua pertinência: “Art. 5º (...) II
— ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”
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Fonte: Valery Evlakhov / Shutterstock
Cuida-se, como se observa, de uma regra primordial, porque está a revelar que a imposição de
comportamentos unilaterais pelo Poder Público apenas será permitida se tiver respaldo em lei,
impedindo, dessa maneira, a legitimação de atitudes arbitrárias por parte dos detentores desse
poder.
Em outras palavras, essa regra constitui, simultaneamente, uma proteção para o direito dos
administrados e uma limitação, uma fronteira para a atuação do Poder Público.
Assim, se é verdade que, por força dos interesses que representa, pode a Administração impor
unilateralmente comportamentos, não é menos verdade que essa imposição só será permitida
se tiver respaldo em lei.
Portanto, teremos uma ilegalidade, quer quando o ato administrativo for editado sem a
existência de lei anterior, quer quando inovar em relação a ela.
EXEMPLO
Não se trata de uma conclusão gratuita: advém da expressa disposição contida na Constituição
Federal, em seu art. 37, II, em especial quando deixa consignado que a investidura em cargos
e empregos públicos depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo, na forma prevista em
lei.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Essa vedação quanto ao administrador encontra previsão no art. 37, §1º, que estabelece que a
publicidade dos atos, dos programas, das obras, dos serviços e das campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dessa publicidade
não podem constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
EXEMPLO
Qualquer atitude tomada pelo administrador, durante o desenvolvimento do concurso, que vise
ao favorecimento gratuito de pessoas determinadas, deve ser imediatamente fulminada por
agressão ao princípio ora comentado.
Do mesmo modo exige-se, como regra geral, para a viabilização de contratação de serviços, a
abertura de certame licitatório visando à escolha da proposta mais vantajosa para o interesse
público, respeitados os termos previstos no edital.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
A exigência de atuação ética passa a ganhar contorno no mundo do dever ser, vindo a ser uma
norma jurídica. Com isso, o ato imoral também passa a ser um ato ilegal, podendo inclusive ser
anulado pelo Poder Judiciário.
EXEMPLO
Isso é facilmente percebido na ação popular, em que, segundo a CRFB/88, qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Ou seja, se o ato
ofender a moralidade administrativa, não estará dentro do mérito administrativo, podendo ser
reconhecida a nulidade do ato.
O §4º, do art. 37, trata de maneira qualificada sobre a moralidade administrativa, isto é, os atos
de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
O STF decidiu a questão sobre o nepotismo, que é violador do princípio da moralidade. Para o
STF, a Constituição veda o nepotismo, inclusive o nepotismo cruzado.
ATENÇÃO
A própria CRFB/88 veda o nepotismo quando consagra o princípio da moralidade, que é uma
norma. Essa decisão do STF levou à edição da súmula vinculante 13, que diz que a nomeação
de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal
(nepotismo cruzado).
Neste vídeo, falaremos sobre o conteúdo jurídico da moralidade administrativa.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos
administrativos (art. 2º, parágrafo único, V, da Lei nº 9.784/99).
Tal princípio encarta-se em um contexto geral de livre acesso dos indivíduos a informações de
seu interesse e de transparência na atuação administrativa.
TRANSPARÊNCIA
Essa obrigação é oriunda da natureza dos interesses que representa quando atua, consolidada
também pelo conceito de “República” (res publica, coisa pública), cuja previsão consta do art.
1º da CRFB/88.
ATENÇÃO
O artigo 5º, inciso XXXIII, da CF, que reconhece a todos o direito de receber dos órgãos
públicos as informações do seu interesse particular ou coletivo ou geral. No entanto, os órgãos
públicos poderão obstar esse acesso quando o sigilo for imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
Vale ainda citar que o inciso X, do mesmo artigo, dispõe que são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Tal dispositivo, inegavelmente, também
constitui limitação à publicidade dos atos.
Havendo recusa indevida da publicidade dos atos administrativos, pode ser o caso do
mandado de segurança ou do habeas data.
HABEAS DATA
Habeas data é um remédio constitucional, previsto no artigo 5º, inciso LXXII, destinado a
assegurar que um cidadão tenha acesso a dados e informações pessoais que estejam
sob posse do Estado brasileiro, ou de entidades privadas que tenham informações de
caráter público.
Com efeito, tratando-se de informações personalíssimas, a negativa administrativa abre
oportunidade à propositura de habeas data nos termos do art. 5º, LXXII, da CF.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Para obter resultados, é possível aumentar as autonomias das instituições. A partir daí, surge o
controle finalístico, ficando para trás a ideia de controle da atividade meio, que é típico do
sistema burocrático. Essa burocracia fomenta a corrupção.
EXEMPLO
EXEMPLO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Moralidade
B) Legalidade
C) Mediunidade
D) Procrastinação
GABARITO
O princípio da legalidade traz a ideia que a Administração Pública só poderá fazer aquilo que a
lei permite.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde 1889, o Brasil é um Estado Federal composto por unidades autônomas, unidas pelo
pacto federativo da Constituição e sem direito a separação. A Federação Brasileira foi formada
por segregação, ou seja, havia um Estado unitário que se descentralizou, criando várias
unidades autônomas. Além disso, adotamos um federalismo assimétrico e cooperativo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Celso Bastos Editora,
2002.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Forense, 2020.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional.
12 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 35. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Atlas,
2019.
SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. ed., rev., atual. São Paulo:
Malheiros Editores, 2019.
EXPLORE+
Para aprofundar seu conhecimento sobre federalismo, leia a obra O federalista, de Alexander
Hamilton. O livro retrata o surgimento do federalismo norte-americano, fonte de inspiração para
a criação de inúmeras federações ao redor do mundo, inclusive a brasileira.
CONTEUDISTA
Thiago Aleluia Ferreira de Oliveira
CURRÍCULO LATTES