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As Garantias

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As garantias

Garantias: Instrumentos jurídicos com a função de assegurar o cumprimento de obrigações em


especial, das contratuais e das cambiárias.

 Garantias Clássicas
 Garantias pessoais
 Fiança
 Aval
 Garantias reais
 Hipoteca
 Penhor
 Outras espécies de garantias (Modernas):
 Garantias financeiras
 Garantia bancária autónoma (à vista ou on first demand)
 As cartas de conforto

Realização coerciva/coativa da prestação

No caso de não cumprimento voluntário do contrato celebrada e das respetivas obrigações,


quem e que património responde pelo seu cumprimento e pela realização da prestação?

 Ação de cumprimento e execução


Art. 817. ° CC: Não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o
direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o património do
devedor, nos termos declarados neste código e nas leis de processo.
 Execução de bens de terceiros
Art. 818. ° CC: O direito de execução pode incidir sobre bens de terceiros, quando
estejam vinculados à garantia do crédito, ou quando sejam objeto de ato praticado em
prejuízo do credor, que este haja procedentemente impugnado.
 Garantia geral das obrigações do crédito
Património do devedor – Art. 601. ° CC
Pelo cumprimento da obrigação respondem todos os bens do devedor suscetíveis de
penhora, sem prejuízo dos regimes especialmente estabelecidos em consequência da
separação de patrimónios.

No entanto, quando o património do devedor é insuficiente ou, com muita probabilidade,


pode tornar-se insuficiente para cumprir as obrigações contratuais por ele assumidas. Deste
modo, como é que o credor da prestação pode assegurar que o cumprimento do contrato?

R.: Através da prestação de garantias pela contraparte (devedor) ou por terceiros.

 Garantia geral das obrigações:


 Património do devedor
 Garantias especiais das obrigações:
 Garantias clássicas:
 Garantias pessoais: prestadas por terceiros, que não o devedor, isto é,
existe a vinculação do património de uma terceira pessoa, o garante
Exemplos: fiança, aval
 Garantias reais: prestadas pelo próprio devedor ou por terceiros,
através da afetação de um bem, móvel ou imóvel, independentemente
de quem se torne posteriormente seu titular.
Exemplos: hipoteca, penhor

Fiança

Fiança: O terceiro, fiador, assegura com o seu património a satisfação do direito do credor

Nota: A garantia pode ser onerosa ou gratuita, consoante o fiador tenha ou não,
respetivamente, direito a uma contraprestação pela prestação da garantia

Art. 644. ° CC: Cumprindo o fiador a obrigação afiançada, fica sub-rogado, na medida do seu
cumprimento, no direito do credor.

A sub-rogação significa que o fiador passa a ocupar a posição do credor em relação aos direitos
associados à dívida. Isso pode incluir o direito de cobrar a dívida do devedor original, se assim
o desejar. Se a obrigação principal afiançada vencer juros de mora, o fiador, sub-rogado, pode
também exigir ao devedor juros de mora que, entretanto, se vencem.

Face ao exposto, o fiador, que satisfaz o direito do credor, poderá depois demandar o devedor
para cumprir a obrigação principal (na medida da satisfação dada ao direito do credor),
correndo desta forma o fiador o risco da incapacidade patrimonial do devedor.

Tipos de fiança

 Fiança civil: Normalmente associada a transações e contratos de natureza não


comercial. São exemplo, os empréstimos pessoais e outros acordos que não têm uma
finalidade comercial específica.
 Fiança comercial: Aplicada a transações e contratos comerciais, envolvendo atividades
empresariais. Pode incluir contratos de contratação comercial, contratos de
fornecimento entre empresas, garantias em transações comerciais, entre outros.

Fiança civil e comercial

Acessoriedade: a obrigação do fiador é acessória da obrigação do devedor → art. 627. °, 2 CC

Há, assim, duas obrigações: a do devedor, a principal, e a do fiador a acessória.

Nota: Quanto às obrigações que podem ser garantidas por meio de fiança, estas não se limitam
às obrigações presentes, mas podem também ser obrigações futuras ou condicionais → art.
628.º, 2 CC

Fiança Civil

Subsidiariedade: Benefício da excussão prévia como privilégio do fiador, em caso de


incumprimento da obrigação contratual afiançada.

Do que se trata o benefício da excussão prévia?

A excussão prévia significa que, antes de o credor exigir o cumprimento da dívida do fiador, ele
deve primeiro tentar executar os bens do devedor principal.
Em outras palavras, o credor deve esgotar todas as possibilidades de cobrança junto ao
devedor original antes de procurar o pagamento junto do fiador. Esse privilégio visa proteger o
fiador, garantindo que ele não seja imediatamente responsável pela dívida sem que o credor
tenha tentado cobrar ao devedor principal.

Nota Importante: Esta é uma característica meramente eventual da fiança civil, porquanto
pode ser afastada por acordo das partes, sendo, nesse caso, o fiador um devedor principal. Isto
é, o fiador pode renunciar ao benefício da excussão prévia, não recusando o cumprimento da
obrigação afiançada.

Fiança comercial

Solidariedade: O fiador responde solidariamente com o afiançado → art. 101.º Código


Comercial

Na prática como se concretiza o princípio da solidariedade?

O princípio da solidariedade no âmbito da fiança comercial refere-se a uma situação em que há


solidariedade entre o devedor principal e o fiador em relação à obrigação garantida. Isso
significa que tanto o devedor principal quanto o fiador são considerados responsáveis
solidários pelo cumprimento da dívida. Em outras palavras, o credor pode exigir o pagamento
total da dívida de qualquer um deles, independentemente de quem for escolhido.

Isso proporciona uma maior segurança ao credor, pois ele pode escolher cobrar o valor total da
dívida de qualquer uma das partes, dependendo da conveniência ou da capacidade financeira
de cada uma.

Vale ressaltar que, mesmo que o credor opte por cobrar a dívida do fiador, este, por sua vez,
tem o direito de exigir reembolso do devedor principal pela parte que pagou. Assim, a
solidariedade não altera as obrigações do devedor principal de cumprir o contrato, mas oferece
ao credor a flexibilidade de escolher qual parte se responsabilizar em caso de inadimplência.

Em rigor, o fiador não tem o benefício da excussão prévia.

Nota Conceptual: A inadimplência refere-se ao não cumprimento de uma obrigação financeira


ou contratual na data ou condições acordadas. Quando uma pessoa ou entidade é considerada
inadimplente, significa que ele falhou em cumprir as suas obrigações de pagamento ou outras
responsabilidades previstas em um contrato.

Aval

 Título de crédito: livrança subscrita pela sociedade devedora da restituição do


financiamento concedido.
O subscritor compromete-se a pagar a outro sujeito (beneficiário), ou à sua ordem,
uma determinada quantia. O título incorpora uma obrigação cambiária (devedor é o
subscritor da livrança).
 Aval prestado pelos seus sócios, gerentes ou administradores.
A obrigação cambiária (cartular) do devedor (avalizado) é garantida/avalizada pelo
dador do aval/avalista.

Aval: garantia pessoal do pagamento de uma quantia inscrita num título de crédito/título
cambiário (livrança, letra de câmbio (menos usual), cheque (sem relevância)).
Por outras palavras, o Aval assegura que, em caso de incumprimento, isto é, não pagamento
desse montante (que resulta do título, ao qual está associado) por parte do devedor cambiário,
o credor (portador do título na data do vencimento) poderá exigir diretamente do avalista a
satisfação do seu crédito.

Pode ser prestado por terceiros ou por um signatário do título de crédito e tem de ser prestado
a favor de um dos obrigados na cadeia cambiária. Se não constar do aval a designação daquele
por quem é dado, o aval considera-se prestado ao subscritor da livrança (devedor) da letra da
letra de câmbio.

A prestação do aval pode ser gratuita ou onerosa e pode constituir uma liberdade ou um favor,
no sentido em que o avalista suporte o pagamento sem exercer o regresso contra o avalizado.

 Abstração/Natureza abstrata
A obrigação do avalista é aquela que consta do título e a respetiva relação subjacente
não pode ser oposta ao portador que cobra o aval, a não ser nas relações imediatas
entre o avalista e o avalizado.
Isto é, o aval não pode exceder a dívida principal nem ser contraído em condições mais
onerosas, mas pode ser contraído por quantidade menor ou em menos onerosas
condições. Se exceder a dívida principal ou for contraído em condições mais onerosas,
o aval não é nulo, mas apenas redutível aos precisos termos da dívida afiançada.
Deste modo, o aval tem o conteúdo da obrigação principal e cobre as consequências
legais e contratuais da mora ou culpa do devedor.
 Autonomia/Independência (relativamente à obrigação cambiária
garantida/avalizada)
A validade do aval não é prejudicada pela invalidade da obrigação cambiária garantida,
salvo se a invalidade desta for consequência de “vício de forma”. Pelo que, se a
obrigação principal for anulada por incapacidade ou falta ou vício da vontade do
devedor, nem por isso a fiança irá deixar de ser válida, se for comprovado que o fiador
conhecia a causa da anulabilidade ao tempo em que a fiança foi prestada.
 Direito de regresso do avalista que paga a obrigação cambiária
O avalista que seja chamado a pagar a obrigação cambiária fica sub-rogado nos direitos
emergentes do título de crédito contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e
contra os obrigados para com esta. O avalista que paga a obrigação cambiária garantida
tem o direito de exigir o pagamento, quer do avalizado (devedor), quer daqueles de
quem o avalizado o poderia exigir.
Assim, o Fiador que paga a dívida afiançada só tem direito de exigir do devedor
afiançado o cumprimento da obrigação principal.

Então no Aval:

 O subscritor da livrança e o avalista são solidariamente responsáveis para com o


portador.
 O portador pode exigir o pagamento do subscritor (devedor) ou avalista
 O avalista que seja chamado a pagar e satisfaça a obrigação cambiária fica sub-rogado
nos direitos emergentes da livrança contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval,
isto é, o subscritor (devedor) da livrança.
 O avalista que pagou tem direito de regresso contra o devedor avalizado
O avalista que pagou tem direito de regresso contra o devedor avalizado, no entanto,
será que esse direito permanece contra outros avalistas?

O aval pode ser prestado por apenas uma pessoa, mas nada impede que na livrança sejam
apostos vários avales.

Apesar da LULL não prever o direito de regresso entre avalistas, o STJ, afirma que, “Sem
embargo de convenção em contrário, há direito de regresso entre avalistas do mesmo
avalizado numa livrança, o qual segue o regime para as obrigações solidárias”.

No caso de os avalistas serem sócios com participações diferentes, poderá o critério de


participação na dívida nas relações internas basear-se na proporção da participação de
cada um no capital social?

Segundo a jurisdição, o mais seguro será prever a solução no pacto de aval.

 Aval comum: Há apenas um aval prestado conjuntamente por mais de uma


pessoa. O avalista que pagou tem direito de regresso contra os demais, segundo o
regime das obrigações solidárias.
 Pluralidade de avales: Cada aval é uno e independente de cada um dos outros.
Havendo uma pluralidade de avalistas que tenham conjuntamente prestado aval
por um mesmo avalizado, o art. 32.º III LULL não prevê o direito de regresso
daquele ou daqueles que tenham sido chamados a pagar a letra/livrança contra os
demais (avalistas). Só com base na relação subjacente (pacto de aval), o avalista
que pagou poderá exercer contra os demais avalistas que com ele conjuntamente
tenham dado aval pelo mesmo avalizado. Não se aplica o regime da co-fiança e só
com base no pacto de aval é que o avalista que pagou poderá exigir dos outros
avalistas o pagamento de qualquer quantia

Hipoteca

Hipoteca: consiste na afetação de coisas imóveis ou coisas móveis sujeitas a registo,


pertencentes ao devedor ou a terceiros, para garantia de cumprimento de uma obrigação.

Tipos de Hipoteca

 Legal: A hipoteca legal é uma garantia que surge automaticamente em favor de um


credor na razão da lei, sem a necessidade de uma convenção específica entre as partes
envolvidas.
 Judicial: A hipoteca judicial ocorre no contexto de um processo judicial. Ela é imposta
por um tribunal como garantia para garantir o cumprimento de uma decisão judicial.
 Voluntária: é prestada voluntariamente pelo garante, e nasce de contrato ou de
declaração unilateral (isto é, negócio jurídico unilateral)

Credor Hipotecário: Tem o direito de ser pago pelo valor das coisas imóveis ou coisas móveis
sujeitas a registo, com prioridade sobre os demais credores (do devedor) que não gozem de
privilégio especial ou de prioridade de registo.

 A hipoteca está sujeita a registo obrigatório e este tem natureza constitutiva, ou seja, a
hipoteca só produz efeitos entre as partes depois do respetivo registo
 Objeto da hipoteca: Coisas imóveis ou coisas móveis sujeitas a registo
Exemplos: Veículos automóveis, navios e aeronaves
 No caso de execução da hipoteca prestada por um terceiro, o terceiro garante fica sub-
rogado, na medida do seu cumprimento, no direito do credor.
O terceiro garante poderá depois demandar o devedor para cumprir a obrigação
principal, correndo desta forma o risco da incapacidade patrimonial do devedor

Penhor civil

Penhor civil: Consiste na afetação de coisas móveis, créditos ou direitos, não suscetíveis de
hipoteca, pertencentes ao devedor ou a terceiros, para garantia de cumprimento de uma
obrigação.

Credor pignoratício é o beneficiário do penhor e tem o direito de ser pago pelo valor das coisas
móveis, créditos ou direitos, não suscetíveis de hipoteca, com preferência sobre os demais
credores do devedor.

No caso de execução do penhor prestado por um terceiro, o terceiro garante fica sub-rogado,
na medida do seu cumprimento, no direito do credor.

O terceiro garante poderá depois demandar o devedor para cumprir a obrigação principal,
correndo desta forma o risco da incapacidade patrimonial do devedor

Penhor de quotas e ações

Autor do penhor: Titular das quotas/ações

Credor pignoratício: Beneficiário da garantia

As ações, uma vez que são valores mobiliários, podem ser objeto de penhor financeiro, nas
relações entre a banca e as sociedades comerciais.

Penhor de quotas

 A transmissão de quotas entre vivos deve ser reduzida a escrito, pelo que a cessão de
quotas não produz efeitos para com a sociedade enquanto não for consentida por esta,
a não ser que se trate de cessão entre cônjuges, entre ascendentes e descendentes ou
entre sócios.
 Sujeição a registo comercial

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