(Lição 5) O Culto de Shakti-Babalon
(Lição 5) O Culto de Shakti-Babalon
(Lição 5) O Culto de Shakti-Babalon
O CULTO DE
ŚAKTI-BABALON
NA SOCIEDADE DA ESTRELA & SERPENTE
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Q in 25° J, R in 4° J
pam de uma corrente espiritual. Essa descrição que tentam dar ao termo
egrégora é o que se tem chamado de Alma Grupo, quer dizer, a força coletiva
personalizada em um ente grupo, da mesma maneira que um enxame de
abelhas funciona em uníssono. A Alma Grupo, assim, revela o caráter gregá-
rio do modus vivendi, quer dizer, o estilo de vida dos assentamentos ou co-
munidades de culturas como as do Egito, Babilônia, Suméria etc. que sobre-
vive nos dias de hoje na forma de distintas tradições espirituais como holo-
gramas de uma época em que grupos operavam sob a égide de uma alma
coletiva de representação totêmica.
A Alma Grupo é criada de baixo para cima, quer dizer, de um corpo co-
letivo de pessoas para uma entidade praeter-humana que represente toda
coletividade. Isso ocorre através da interação psíquica dos Candidatos e dos
laços, compromissos e juramentos realizados durante as cerimônias de ini-
ciação e ritos de poder.
A egrégora, por outro lado, vem de cima para baixo e trata-se da influ-
ência suprassensível de Guardiões Espirituais que regem o destino da hu-
manidade de tempos em tempos. Esses guardiões impelem a humanidade a
evoluir. Eles ditam a lei, normas e fundamentos pelos quais a humanidade se
orienta em ciclos de eras – ou aeons – evolutivos na forma de um campo
magnético de influência mágico-espiritual. Um gregori é, portanto, um espí-
rito guardião ancestral cuja influência abrange uma ampla classe de criatu-
ras espirituais, consideradas guardiões menores, vigias celestiais que guar-
dam e testemunham o trabalho da egrégora e seus integrantes.
Uma egrégora é constituída, dessa maneira, de um conjunto de hierar-
quias espirituais, os Chefes Secretos, que atraem seres humanos em harmo-
nia com suas vibrações e impulso de desenvolvimento místico e mágico. Por
isso é dito que quando o estudante está pronto, o mestre aparece. Este mes-
tre é um servo e representante enviado da egrégora.
O gregori da Sociedade da Estrela & da Serpente é Aiwass, o ministro de
Hoor-paar-kraat que ditou a Aleister Crowley, através da mediunidade de
sua Mulher Escarlate, Rose Kelly (1884-1932), o LIBER AL VEL LEGIS. Como
demonstrei na Lição de Estudo 1: Em Busca das Raízes Greco-Egípcias do Li-
ber AL vel Legis, Aiwass é uma entidade praeter-humana identificada por
Aleister Crowley como seu Sagrado Anjo Guardião e atual guia espiritual e
guardião da consciência evolutiva planetária. Trata-se de Shaitan – Set, Set-
An ou Satã –, uma deidade sumeriana através da qual Crowley acreditava ter
restaurado a antiga tradição mágica da Suméria hoje conhecida como Shai-
tan-Aiwass ou Shaitan-Yezide.
A egregóra, quer dizer, o trabalho do gregori, atua por meio da subs-
tância sutil da Alma Grupo criada por uma Ordem Mágica ou comunidade
espiritual. Nós teremos a oportunidade de desenvolver mais o tema do gre-
gori ao abordarmos, em lições futuras, o Ritual de Pacto com Shaitan-Aiwass,
no Grau de Neófito. A partir dessa lição, nós iremos abordar o trabalho má-
gico-espiritual com as Guardiãs Celestiais da Sociedade da Estrela & da Ser-
pente que atuam dentro da egrégora tifoniana da Ordem.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
Babalon & a Besta por Nicolas F. Moraes Atu XI, Luxúria no Tarot de Thoth
erga completamente teu coração & regozije-se! Nós somos um; nós somos ne-
nhum!6 Em suas mãos, portanto, a Deusa tem tudo. Tudo faz parte de sua
totalidade. Sobre a Deusa Qutesh, Kenneth Grant (1924-2011) diz:
Ela é representada de pé sobre uma leoa, carregando em sua mão direita um laço
com flores, e em sua mão esquerda duas serpentes. A leoa é Sekhet, típica do calor
sexual, representada pelas letras Shin e Teth (ShT); o laço ou anel, as flores e serpen-
tes, são ideogramas da letra Qoph que significa literalmente «a parte de trás da cabe-
ça», que é a sede das energias sexuais no homem. Qoph é atribuída a Chave do Tarot
intitulada A Lua; é o aspecto lunar da energia sexual que é representada pelo QTSh
ou Qatesh, a Deusa cujo nome retoma sua natureza mística.7
Nossa Qabalah vem das terras da Fenícia. Com ela retifica o pentagrama, minha man-
dala de deusas, e a mim conceda sacrifícios: Fogo, Água, Ar e Terra. O Espírito veste a
Coroa de Sangue da Lua. Queime a mim o delicioso aroma da Lua e no eclipse mágico
da Sacerdotisa ofereça nas brasas a minha promessa.10
8 ÊXODO, 22:20.
9 O pentagrama retificado, AMShRTh (Amansherath) equipara-se ao urro grego Io Pã e soma 941. Este é o nú-
mero da palavra latina vespera, quer dizer, Vênus como a Estrela da Manhã, associada ao pentagrama. É inte-
ressante que AMShRTh seja a metatese de MShRATh, o nome do anjo do primeiro decanato de Capricórnio e
um totem ou imagem adequado ao Sagrado Anjo Guardião.
10 O LIVRO DOS FEITIÇOS, I:3.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
de Osíris na corte foi tanta que rapidamente foi fácil a eles inserirem Osíris
nos TEXTOS DAS PIRÂMIDES, nos TEXTOS SEPULCRAIS e finalmente em O LIVRO DOS
MORTOS. No período em que O LIVRO DOS MORTOS se tornou o guia oficial da
Alma após a morte, os mitos de Osíris estavam inquestionavelmente alinha-
dos aos cultos estelares pré-dinásticos, onde ele hora aparece como a vege-
tação, hora aparece com problemas no outro mundo (posteriormente, sub-
mundo) dependendo da ajuda de Set e Hórus. O que aproxima tanto Set
quanto Hórus da função de psicopompo da Alma do Rei. Mas quando o Culto
de Osíris de espalhou, o psicopompo Sut-Har (Set-Hórus) deixou de guiar a
Alma do Rei. Os sacerdotes do Culto de Osíris tinham outros planos para e-
les. Heru-Ur, o Hórus Antigo, tornou-se o Hórus Criança, filho de Osíris e Ísis.
Set tornou-se irmão e opositor de Osíris, que iria assassiná-lo. O tema dessa
trama, portanto, está centrado no fato de que Osíris deveria morrer e alguém
deveria ser culpado pelo assassinato. Como Set não poderia ser simplesmen-
te aleijado do complexo vastamente arcaico Set-Hórus, eles decidiram fazer
dele o inimigo e assassino de Osíris.
Meus pés são mais rápidos do que os ventos e minhas mãos são mais doces que o or-
valho da manhã. As minhas roupas são do início e minha morada está em mim mesma.
O Leão não conhece onde eu Caminho, nem a besta dos campos me entende. Eu sou
deflorada, ainda assim virgem; Eu santifico e não sou santificada. Feliz é aquele que
me envolve: na estação da noite eu sou doce e no dia cheia de prazer. Minha compa-
nhia é uma harmonia de muitos símbolos e meus lábios mais doces do que a própria
saúde. Eu sou uma prostituta e uma virgem com quem não me conhece. Pois eu, eu
Sou amada de muitos e eu sou uma amante para muitos; e quantos vêm para mim co-
mo deveriam fazer, ter prazer.
Purga as tuas ruas, ó filhos dos homens, e lava as tuas casas; faço vocês santos, e zelo-
sos na justiça. Transmita seus antigos obstáculos e queimem suas roupas; abstenham-
se da companhia de outras mulheres que são contaminadas e não são tão bonitas co-
mo eu, e então irei e morarei entre vós; e eis que irei criar filhos para vocês e eles se-
rão os filhos do conforto. Vou abrir minhas roupas e ficar nua diante de vocês, que seu
amor possa estar mais enfocado em direção a mim. Até agora, eu ando pelas nuvens;
ainda, eu sou carregada com os ventos, e não posso descer para vocês pela multidão
de suas abominações, e a repugnância imunda de seus lugares de habitação.
Essa mensagem foi escutada ou dada a Edward Kelly por uma entidade –
Madimi – e embora ela não tenha se identificado como Babalon, em sua fala
ela incorpora a interpretação da corrente semita da Ishtar babilônica. Em A
VISÃO & A VOZ, inúmeras referências são feitas a Babalon. Nós temos:
Eu reúno espíritos puros e os tranço em minha veste flamejante. Eu sugo a vida dos
homens e suas almas reluzem no meu olhar. Eu sou a poderosa feiticeira, a voluptuo-
sidade do espírito. Pelo meu bailar eu reúno, em nome da minha mãe Nuit, as cabeças
de todos batizados nas águas da vida. Eu sou a voluptuosidade do espírito devoradora
da alma do homem. Eu apresto a festa para os adeptos e aqueles que dela participam
verão Deus.14
Esse é o Mistério da Babilônia, a Mãe das abominações, e esse é o mistério dos seus
adultérios, pois ela se entregou a tudo que vive e assim tornou-se parte desse misté-
rio. E por ter feito a si mesma uma serva de cada um, tornou-se senhora de tudo. Tu
não podes compreender sua glória.
Bela és tu, Ó Babilônia e desejável, pois tu te entregaste a tudo que vive e tua fraque-
za sobrepujou tua força. Pois essa união tu «compreendeste». Por isso tu és chamada
Compreensão, Ó Babilônia Senhora da Noite!
Isso é o que está escrito: «Ó meu Deus, no último êxtase deixa-me alcançar a união
com os muitos. Pois ela é Amor e o seu amor é um e ela dividiu o único amor em infini-
tos amores e cada amor é um e igual ao Um e , por isso, ela passou da assembleia e da
lei e da iluminação a anarquia da solidão e trevas. Pois, deste modo, deve sempre ela
velar o brilho do Seu Eu». Ó Babilônia, Babilônia, tu, poderosa Mãe, que cavalga a besta
coroada deixa-me embriagar-me no vinho de tuas fornicações; deixe teus beijos levar-
me a morte, que até eu, teu portador da taça, possa compreender.15
Esta é a filha de BABALON a Bela aquela que nasceu do Pai de Tudo. E dela tudo nas-
ceu. Esta é a Filha do Rei. Esta é a Virgem da Eternidade. Esta é a Santa que corrompeu
o Gigante do Tempo e o prêmio daqueles que subjugaram o Espaço. Esta é aquela que
está sentada no Trono da Compreensão. Santa, Santa, Santa é seu nome que não deve
ser pronunciado entre os homens. Eles chamam-na de Malkuth e Betulah e Perséfone.
E os poetas fingem compor canções sobre ela e dela os profetas falam em vão e os
jovens garotos sonham sonhos vãos; porém é ela, a imaculada, o nome dos nomes que
não podem ser ditos. A imaginação não pode penetrar a glória que a cerca, pois su-
cumbe ante sua presença. A memória se apaga e nos mais antigos livros de Magia não
existem palavras para invocá-la nem adorações para louvá-la. A vontade curva-se co-
mo um canavial na tempestade que arrasa os limites do seu reino e a imaginação não
pode conceber tanto quanto uma pétala de lírio em cima da qual ela permanece no la-
go de cristal no mar de vidro.
Está é aquela que enfeitou o seu cabelo com sete estrelas, os sete sopros de Deus que
movem e fazem tremer essa excelência. E ela penteou seu cabelo com sete pentes, on-
de estão escritos os sete nomes secretos de Deus, desconhecidos dos Anjos ou Arcan-
jos ou do Líder dos exércitos do Senhor. Santa, Santa, Santa és tu e santificado seja Teu
nome eternamente para aquele cujos Aeons não são nada mais do que pulsações de
seu sangue.16
E aquilo que tu ouviste não era nada mais do que orvalho brotando de meus membros
pois eu danço na noite, nu sobre a grama, em lugares escuros pelo curso dos jorros.17
Nos seus comentários acerca de O LIVRO DA LEI, Crowley menciona que Baba-
lon é o nome secreto de Nuit. Nas orientações de Crowley sobre a pronúncia
do nome Babalon no curso do ritual, que deve ser sussurrada, uma associa-
ção é estabelecida com o Querubin da Águia. No entanto é necessário levar
em consideração o que Crowley diz ao avaliar o 24° Aethyr de NIA:
A Besta e a Mulher Escarlate, {o Leão } e a Água {Escorpião }. Eles são os Oficiais
Principais do Templo do Novo Aeon, o de Heru-Ra-Ha. (Nota: o Querubin-Águia no 23°
[Aethyr] Ar é Aquário. Escorpião é a Mulher-Serpente. Isso é importante para a antiga
atribuição da Águia para Escorpião).18
O que isso significa é que a águia, que uma vez representou um dos animais
da constelação de Escorpião, agora foi atribuída a constelação de Aquário e,
portanto, ao elemento Air. Por outro lado, o Anjo de Aquário agora se trans-
formou em uma Mulher-Serpente escorpiônica. Esse simbolismo aparece
completamente nos Atus V (O Hierofante) e XXI (O Universo). Posteriormente
Crowley modificou o ritual e atribuiu ao Norte a deusa Nuit – tanto para o
RITUAL RUBI ESTRELA quanto para o RITUAL REGULI. O grande problema aqui é
que essa mudança dos quadrantes elementais torna todo o simbolismo, se
aplicado a uma ritualística teúrgica, um trabalho de psicurgia apenas, pois
[AL I:15]: Agora vós deveis saber que o sacerdote escolhido & apóstolo do infinito es-
paço é o príncipe-sacerdote a Besta; e para sua mulher chamada a Mulher Escarlate é
dado todo o poder. Eles deverão reunir minhas crianças no interior dos seus envoltó-
rios: eles deverão trazer a glória das estrelas para o interior dos corações dos homens.
Até aqui tem ficado claro que a Mulher Escarlate é um arquetipo invocado e
encarnado na Sacerdotisa. Quando falamos que se trata do nome de ofício da
Sacerdotisa, é porque ela encarna o papel divino como Mãe e Alta
Sacerdotisa no seus ritos de adoração. Este é um arquétipo profundo de
Binah (funcionando de forma reflexa em Geburah). Dessa maneira,
Neshamah, que representa esse princípio arquetipal no microcosmo, é um
estado de consciência acessado e que corresponde ao Grau de Mestre do
Templo: NEMO.
Deixe a Mulher Escarlate acautelar-se, nesse caminho, não seria uma cha-
mada de atenção para nossa faculdade de Binah, acessando ou despertando
o Neshamah no interior de cada um? Piedade e compaixão e escrúpulo não
estão associados a Binah. Essas são características do Ruach e do Nephesh.
Binah ama incondicionalmente, sem julgar, abraçando a todos sem distinção.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
Precisamos admitir que o leão tem sido usado em tantas culturas e pan-
teões simbólicos diferentes que passou a ter significados mutuamente exclu-
sivos. Em geral, porém, as referências ao leão estão relacionadas com sua
força física. (Esta, de qualquer forma, não é uma carta do intelecto). A força
mais poderosa que o homem pode conceber é a Luz do Sol, o regente de Le-
ão. E, como iremos ver, ao leão é permitido abrir o Pergaminho Sagrado do
Apocalipse. Isto significa que o Poder Solar, representado por esta carta, po-
de abrir os níveis superiores da consciência além do próprio Sol (Tiphereth).
No simbolismo, isto é mostrado sobretudo graficamente por representações
do Deus Solar Mitra, que tem corpo de homem e cabeça de leão.
O simbolismo do leão sempre implica uma força bruta que pode ser u-
sada de forma construtiva ou destrutiva. Este é o Caminho no qual a Espada
de Geburah é formada, indicando que está sempre presente a possibilidade
de o filósofo ser esmagado pelo poder que invoca. Esse perigo é enfatizado,
por exemplo, na história de Daniel no Covil do Leão, a qual está estreitamen-
te relacionada com o simbolismo desta carta. Daniel, assim como Moisés, é
um Mago (taumaturgo) que detém o poder destrutivo dos leões por meio da
pura força de vontade.
No simbolismo da Alquimia, o leão assume três formas diferentes. Pri-
meiro, existe o Leão Verde, a energia da natureza antes de ser purificada e
submetida à vontade. Em seguida, vem o Leão Vermelho, representado na
carta Luxúria. Esta é a força da natureza sob perfeito controle, aquilo que os
alquimistas descreveriam como o Enxofre (Energia Solar) combinado com
Mercúrio (Vontade). Em sua descrição dessa carta Waite dá ênfase a esse
significado representando o símbolo do infinito de O Mago acima da cabeça
da mulher; esta é a força de vontade diretora do décimo segundo Caminho,
aquele que Mathers chama de Mercúrio Filosófico. Por fim, existe o Leão Ve-
lho, significando a consciência completamente purificada, a ligação de todos
os componentes da Alma com o Sagrado Anjo Guardião, que é mais velho do
que o próprio tempo.
A Luxúria representa a mais importante fórmula iniciatória que lida
com o Poder da Serpente. Esse poder é utilizado para estimular os diversos
cakras ou centros de energia do corpo. Os princípios encerrados no número
(tal com são definidos acima) nos ensinam como utilizar este poder, o que
não significa sugerir que o processo é frio e distante. Ao contrário, o título de
Crowley, Luxúria, é bastante apropriado. O que está envolvido é o desenvol-
vimento de um frenesi divino sugerido pelas instruções frequentemente re-
petidas: inflama-te a ti mesmo através da Oração. Ou então, com diziam os
alquimistas, o calor do forno faz a Pedra. O calor é uma grande paixão dentro
dos limites de um exercício tal como o Pilar do Meio.
No Apocalipse de São João, um dos grandes documentos qabalísticos,
está escrito que o Leão, símbolo da Tribo de Judá (os descendentes de Davi),
havia conquistado o direito de abrir o pergaminho e romper os sete selos.
Quando os selos estão prestes a ser rompidos, porém, descobrimos que o
Cordeiro tomou o lugar do Leão. O Leão, de fato, transformou-se no Cordeiro
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
dos Sete Olhos. Estes são os sete cakras ativados pelo poder da Serpente-
Leão. Em termos qabalísticos, isto significa que controlar perfeitamente as
energias simbolizadas pelo Leão equivale a romper os selos do Livro da Rea-
lidade acima do Abismo. Tal como O Eremita, A Luxúria também é uma pas-
sagem para Daath.
O conceito ou a forma dessa letra hebraica, Teth, evoluiu para o símbolo
da Serpente, embora a Antiga Serpente permaneça nahesh, a letra banida do
Caminho da Morte. As formas semita e cretã da letra Teth formam uma cruz
envolta em um círculo, que confere com a Marca da Besta thelêmica, um
símbolo egípcio e hermético que simboliza a Terra (Malkuth): T. Esse sím-
bolo foi usado pelos egípcios também como um amuleto de proteção e como
tal foi associado a Sekhet, a deusa-leoa do furor sexual e Taurt, a mantene-
dora da malha estelar ou matrix. A Serpente e a Cruz sempre tiveram um
bom relacionamento, embora o simbolismo tenha sido batizado por sangue
com o advento da cristandade.
O cruzamento entre os Caminho de Teth e Gimel forma a sombra ou o re-
flexo inverso abaixo do Abismo da Cruz do Calvário. Na linguagem simbólica
da cultura thelêmica, este cruzamento entre a Lua – Sacerdotisa da Estrela de
Prata – Gimel e o Fogo – Leão-Serpente – Teth produz a Marca da Besta no
centro do Hexagrama Unicursal, a Rosa Cruz:20
A Lua foi um dos primeiros dispositivos primitivos através do qual era pos-
sível mensurar o tempo. Como um símbolo do fluxo ou períodos de tempo ou
periodicidade, a Lua foi atribuída a Thoth ou Tahuti. Thoth proveu Ísis com
conhecimentos acerca da magia após ela seguir os conselhos de sua irmã
sinistra, Neftis, interrompendo o fluxo temporal por seus apelos a Rá, o deus
Sol. Quando a Mulher Escarlate (Lua) e a Besta (Sol) se unem no entrecru-
20 Para um estudo profundo sobre este simbolismo veja a obra SAFIRA ESTRELA: A MAGIA SEXUAL DE ALEISTER CRO-
WLEY.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
21 O LEMEGETON: A CHAVE MENOR DE SALOMÃO, trata da goécia, feitiçaria cerimonial que opera com as forças inver-
sas ou sombras dos 72 Anjos (Shem ha-Menphorasch). Como tal, são consideradas forças demoníacas controla-
das através do poder da evocação mágica.
22 AL VEL LEGIS, I:57.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
O CULTO DE ŚAKTI-BABALON
RITUAL DO PORTAL DE BABALON
Estágio 1: Preparação
Prepare seu Templum Babalonis. O altar de Babalon no Sul. No centro do
altar, coloque a maṇḍala de deusas. Distribua nas pontas do Pentagrama
Tifoniano Retificado os quatro elementos e o espírito nas letras do Nome
Mágico: AMShRTh.
No centro, coloque um Cristal de Sacrifício e nele apoie o Atu XI do Ta-
rot de Thoth.23 Esse será o altar do Atu XI do Tarot, que deve ser invocado
na forma de uma criatura espiritual objetiva, a qual você deverá, a partir
de então, cultivar uma relação íntima.
Na Sociedade da Estrela & da Serpente, os Arcanos do Tarot são arqué-
tipos do inconsciente da humanidade convocados na forma de entidades
objetivas, criaturas viventes do Corpo da Deusa. Nesse trabalho, nós com-
preendemos que um tarólogo é aquele que completou o ciclo de conjura-
ções e estreitou os laços em uma relação íntima com essas criaturas atra-
vés de pactos e sacrifícios.24 Por meio dessa relação próxima com os dai-
mones do Tarot, o magista torna-se um mestre oracular das cartas. Trata-
se de um percurso iniciático que envolve magia, estudo e meditação.25
Coloque também sobre o altar a telesmática Babalon & a Besta.26 Você
pode colocá-la na parede a sua frente, caso queira. O importante é que ela
23 Três versões podem ser usadas: a versão de Crowley, pintada por Harris; a versão de DuQuette ou a versão
de Liguori, pintada por Nicolas Furlan Moraes.
24 Esse trabalho é realizado através da Maṇḍala Mágica do Tarot, disponível a partir do Grau de Neófito, e se
esteja na altura dos olhos quando você se sentar para meditar na frente
do altar
A meditação27 na deidade, neste caso, Babalon no Sul, envolve a assun-
ção de forma divina da Deusa (para mulheres) ou da Besta (para ho-
mens).28 Babalon & a Besta convocam uma energia libidinosa, essencial-
mente explosiva, marcial e sexual.29 Portanto, a vestimenta adequada para
este trabalho mágico-espiritual é o corpo nu adornado de totens animais
como pele, ossos e dentes (para o homem) e joias, pedras e colares (para
mulheres).30
Que todos os elementos utilizados na cerimônia estejam devidamente
consagrados.
Estágio 2: Meditação na Telesma de Babalon & a Besta (estágio 1)31
Bata o sino: 1-3-3-3-1.32
Vestido apropriadamente, sente-se frente o altar de Babalon no Sul.
Passo 1: Execute o Ritual do Relaxamento.33
Passos 2: Abra os olhos. Escaneie a telesma de baixo para cima. Comece do
canto direito e lentamente, em um linha reta, dirija o olhar até o canto es-
querdo. Um pouco mais acima, novamente no canto direito, dirija o olhar
em uma linha reta até o canto esquerdo. Continue lentamente até chegar
no alta da telesma. (Pausa).
Passo 3: Repita o passo 2, mas dessa vez, de cima para baixo e do canto es-
querdo para o canto direito da telesma. (pausa).
Passo 4: repita os passos 2 e 3, mas com os olhos fechados dessa vez. Con-
voque das profundezas de sua memória cada detalhe observado nos pas-
sos 2 e 3. (pausa).
Passo 5: Observe sua mente ainda com os olhos fechados. Sem julgar, con-
denar ou se envolver com as imagens que aparecem na tela de sua mente,
mantenha-se como uma testemunha ocular de tudo o que é projetado nela
a partir dos recessos profundos da mente inconsciente. (pausa).
Levante-se e realize o próximo estágio.
Estágio 3: Abertura da Kiblah e Invocação da Corrente Set-Tifon
Estágio 4: Invocação da Deusa34
Dirija-se ao Sul.
Acenda uma vela vermelha no altar (representando as qualidades le-
oninas do quadrante).
GIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. II), por Fernando Liguori, para uma descrição do Atu XI nos mistérios da O.T.O.
30 Mas o robe da arte pode ser utilizado caso o magista não esteja a vontade ou ainda não se sinta preparado
(onze) batidas no sino [1 + (3x3) + 1] registram o impulso inicial do tesão – mudança crepitante em movimen-
to – no início do ritual. Note que 3x3 = 9, o número da letra Teth (T), a serpente do Atu XI, Luxúria ou Tesão.
33 Veja Lição 4: meditação Qabalística.
34 Vela Lição 1.1: Magia Ritual & a Dedicação do Santuário a uma Deidade.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
35O Estágio 2 é uma técnica de magia sexual apropriada apenas a Adeptos e Grão-Neófitos. Neófitos devem
pedir instruções diretas de seu Superior na Ordem.
Instrução de Probacionista Lição 5: O Culto de Śakti-Babalon
Santificado seja nossa união. Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Sob Orientação de
Fr. Set-Apehpeh, 246 ∵
Adeptus Exemtus da A∴A∴
forma no Pai, Yod (Chokmah), Hadit - o Amor sob Vontade em Perfeição, co-
mo está no LIBER AL VEL LEGIS: Perfeito e Perfeito são unidade Perfeita e não
dois; não, são nenhum!36 Esse simbolismo é tratado minuciosamente no livro
SAFIRA ESTRELA de Fernando Liguori e aplicado no Liber XXXVI, o Ritual Safira
Estrela.
Na ponta inferior da Baqueta vemos o Magista executando o Sinal Má-
gico de Tifon em chamas. Esse Sinal indicado deve ser executado quando o
magista está no Quadrante Sul (Elemento Fogo) nos Rituais da Sociedade da
Estrela & Serpente. Do lugar de sua cabeça dispara Hadit no centro de Baba-
lon/Nuit, a Senhora do Infinito Espaço. O magista é arrebatado e tomado pe-
lo êxtase ao invocar a presença de Babalon. Não há mais separação entre
eles produzida pela natureza dual da Mente, pois ela foi dissolvida– o Cálice
preenchido com todo seu Sangue. Seu crânio serve como Taça para os lábios
de Babalon encarnando Kālī sobre o corpo moribundo de seu consorte, Śiva,
deitado em meio ao crematório, o Santuário do Fogo, da Vida e, portanto, da
Morte, o Sacrifício. Nesse momento, neste «Espaço» não há início, meio ou
fim. Este simbolismo possui raízes também nos mitos e representações ar-
tísticas, por exemplo, de São João Batista e Salomé onde a Sacerdoti-
sa/Prostituta carrega a cabeça decapitada do homem sobre um prato de pra-
ta, sobre isso existem tantas implicações místicas, além das implicações prá-
ticas da Magia Thelêmica.
O Elemento representado na ilustração é o Fogo, as vibrações vulcâni-
cas do Espírito, a Vontade vibrante como uma lava de enorme Potência e
Força surgindo da cabeça da Besta, uma imagem do Vulcão/Falo que dispara
as essências do interior mais profundo da Terra. A região do ājñā-
cakra/Chokmah influenciando a o mūlādhāra-cakra/Terra/Malkuth, o local
das reificações bestiais. A Besta, portanto é um símbolo cognato e cambiável.
O fluído escorre como secreções mágicas das coxas de Babalon, por outras
palavras, o Inconsciente inunda e invade o Consciente, dos campos Sutis pa-
ra o Material. As vibrações fluídicas afloram possuindo Força e Poder de ta-
manho imensurável, devido a isso existe um grande perigo ao se trabalhar
com seus aspectos vulcânicos, por exemplo, na Volúpia, a Energia Sexual em
estado mais denso – representado no undécimo Arcano Maior do Tarot de
Thoth. O magnetismo e poder provém da passagem da kuṇḍalinī-śakti des-
perta através dos Cakras principais, as Zonas de Poder, encontrando suas
contrapartes físicas nas glândulas endócrinas, porém seus lugares mais pre-
cisos se encontram na espinha dorsal.
O Caminho é feito com a Intenção formulada primeiramente no ājñā-
cakra e depois direcionada através de mudrās, entoações e visualizações (i-
maginação) em práticas místicas ou mágicas. Para isso é necessário um
grande controle sobre a Mente como um todo, aí reside o perigo anterior-
mente mencionado, pois qualquer pensamento estranho (influência qliphó-
tica presente nas partes cinzentas de Malkuth e dos corpos bestiais de Ne-
phesh e Guph) que invadir durante a prática escolhida poderá influir com-
É por Virtude desta que a Esfinge contempla o Sol sem piscar, e confronta a Pirâmide
sem Vergonha. Nosso Dragão, portanto combinando as Naturezas da Águia e da Ser-
pente, é o Nosso Amor, o Instrumento da nossa Vontade, por cuja Virtude nós execu-
tamos a Obra e o Milagre da Substância Única, como diz teu Antepassado Hermes Tri-
megistus. E este Dragão é chamado o teu Silêncio, porque na Hora da Operação dele
aquilo dentro de ti que diz «Eu» é abolido em sua Conjunção com o Bem Amado.38