02 CPP
02 CPP
02 CPP
Autor:
Renan Araujo
01 de Fevereiro de 2024
Índice
1) Processo, procedimento e Relação Jurídico-Processual
..............................................................................................................................................................................................3
No âmbito penal, o processo pode ter início pela iniciativa do Ministério Público (ação penal
pública) ou do ofendido (ação penal privada).
O procedimento, por outro lado, nada mais é do que o rito utilizado no processo. Antes de
adentrar em uma definição mais técnica, podemos compreender a diferença entre processo e
procedimento com uma simples comparação com o instituto do casamento. Como assim? Vamos
entender a comparação!
Todas as religiões possuem a celebração do casamento. O casamento, assim, é a forma pela qual
cada uma das religiões irá, ao final, dizer que os nubentes estão casados. O casamento, assim, é
o instrumento utilizado para que os nubentes adquiram o estado civil de casado. No entanto,
cada uma das religiões existentes adota uma forma diferente de cerimônia. Assim, temos que a
cerimônia de casamento dos católicos é diversa da existente entre os muçulmanos, que, por sua
vez, em nada se parece com o casamento dos budistas, etc. No entanto, todos, ao final, buscam
o casamento. Essa é a noção de processo e procedimento. Enquanto o processo (ou
“casamento”) é o instrumento pelo qual o Estado exercerá a jurisdição, o procedimento é o
caminho que será perseguido até o objetivo final (na comparação, seriam as diferentes formas de
celebrar o casamento).
Dito isto, acredito que a noção de procedimento fique mais fácil de ser aprendida. Segundo
Frederico Marques,
O grande idealizador do processo como uma relação jurídica foi o autor Oskar Von Bülow3.
Segundo afirmava Bülow, há duas relações processuais distintas: uma de direito material e outra
de direito processual.
A relação de direito material, segundo aquele autor, seria a causa de pedir da ação, consistente
na própria relação debatida em juízo. Assim, no âmbito penal, a relação de direito material seria a
própria violação da norma penal pelo sujeito ativo do crime.
É importante destacar que relação jurídica é o vínculo entre várias pessoas, mediante a qual uma
delas pode pretender alguma coisa a que a outra está obrigada. Destarte, considerando que as
partes em um processo têm seus direitos, deveres, ônus e poderes regulados por lei processual,
temos, então, configurada uma relação jurídica processual.
Embora a teoria acima tenha surgido no processo civil, sua aplicação do direito processual penal
é totalmente válida. Trazendo a questão para a esfera processual penal, podemos identificar
verdadeira relação jurídica entre o juiz, o órgão de acusação e o acusado, inteiramente regulada
por leis processuais. O acusado deixa de ser um mero objeto da persecução penal para ser
verdadeiro sujeito de direito, a quem se confere o direito à ampla defesa, ao julgamento por juiz
natural, ao contraditório, de não ser preso se não houver flagrante ou ordem escrita da
autoridade judiciária, à presunção de inocência, entre outros.
3
Em obra lançada em 1868 (A teoria das exceções processuais e os pressupostos processuais).
Resumidamente, temos:
1. Sujeitos processuais
Quanto aos sujeitos processuais, marcam a existência da relação processual o juiz (ou
Estado-Juiz), o autor (órgão do MP ou ofendido) e o réu (acusado).
Há quem diga que no processo penal não existiriam partes. Isso porque, na definição de
Francesco Carnelutti, a lide se caracterizaria por um conflito de interesses, qualificado por uma
pretensão resistida. Ocorre que, no processo penal, o acusado não precisa necessariamente
resistir à pretensão do Ministério Público. No entanto, ainda que o acusado concorde em ser
punido, o Estado não poderá abrir mão da utilização do processo. E mais. Não poderá sequer
condenar o acusado com base apenas em sua confissão. É nesse sentido que a definição de
parte acaba se esvaziando, já que, no processo civil, para que se fale em lide (e, por
consequência, em parte), é necessária a resistência à pretensão.
Ademais, aqueles que defendem a inexistência de partes no processo penal afirmam que não há
um conflito de interesses envolvido. Com efeito, no processo civil, o autor objetiva a satisfação
de um interesse que lhe é próprio, sendo certo que a condenação do réu lhe reverterá algum
acréscimo patrimonial (na maioria das vezes). Por outro lado, no processo penal, a vítima em nada
aproveitaria a condenação do réu. Ainda que a vítima tenha um forte desejo de punição do
acusado, não se pode concluir que estaríamos diante de um verdadeiro conflito de interesses.
Por fim, sustenta-se que a atuação do Ministério Público é imparcial, na medida em que a ele
interessa a condenação do culpado e a absolvição do inocente. Assim, não seria um sujeito
parcial.
Nada obstante, se em sua prova não contiver qualquer alusão às discussões ora trazidas, você
deve entender que os sujeitos da relação processual são: o órgão de acusação, o juiz e o
acusado. Apesar da discussão acerca da existência ou não de parte no processo penal, sem
dúvida alguma, juiz, órgão de acusação e acusado são sujeitos do processo.
Existem outros sujeitos no processo penal, mas eles não integram a relação jurídico-processual
(peritos, defensor do acusado, etc.).
Consiste na aplicação da lei penal ao caso concreto. Dessa forma, no caso de um roubo de um
aparelho celular, o objeto da relação jurídica processual é a sentença, que decidirá sobre a
aplicação da lei penal ao caso concreto, conforme pedido do autor.
3. Pressupostos processuais
São os requisitos necessários para a existência de uma relação jurídica processual válida. De
acordo com a doutrina, podem ser:
A. Subjetivos
Quanto ao juiz
I) investidura – o juiz deve ser um agente oficial do Estado, que tenha ingressado na
magistratura por intermédio de concurso público;
II) competência – todo juiz possui jurisdição. No entanto, por questão conveniência, os
diversos órgãos jurisdicionais têm sua atribuição (leia-se: competência) limitada por lei.
Assim, um juiz que atua em uma Vara Criminal, por exemplo, não pode decidir acerca
da nulidade do casamento de uma pessoa. Da mesma forma, um juiz que atua na área
cível não possui competência para julgar uma demanda trabalhista. Dessa maneira,
podemos entender que a competência é o poder de exercer a jurisdição nos limites
definidos pela lei.
III) imparcialidade – a noção de imparcialidade do órgão judicial é própria do sistema
acusatório, devendo o juiz permanecer em uma posição equidistante das partes. Ao
contrário do que ocorre no sistema inquisitivo, no sistema acusatório é vedado ao juiz
praticar atos de persecução penal na fase de investigação, não podendo, ainda, ter
qualquer relação com as partes, com a causa a ser julgada ou com outros juízes. Por
essa razão, a legislação processual penal traz uma série de motivos causadores de
suspeição, impedimento ou incompatibilidade do juiz (artigos 112, 252, 253 e 254 do
CPP).
Quanto às partes
I) capacidade de ser parte – trata-se da aptidão genérica para ser autor ou réu em
ação judicial. Dessa forma, menores de 18 anos de idade não possuem capacidade
para ser parte em processo penal (não obstante os maiores de 12 anos respondam por
seus atos na forma do Estatuto da Criança e do Adolescente);
II) capacidade processual – além de ter capacidade para ser parte, a pessoa deve ter
as condições de exercer validamente seus direitos;
III) capacidade postulatória – aptidão para representar a parte, caso ela própria não
tenha, por força de lei, capacidade para atuar em juízo em nome próprio. Dessa forma,
deverá ser verificado se a parte encontra-se devidamente representada por advogado
ou defensor público. Exceção à regra: habeas corpus (qualquer pessoa pode elaborar
um habeas corpus).
B. Objetivos
4
É a aptidão para o exercício de direitos, por si próprio ou por intermédio de representante ou assistente.
Formas do procedimento
● ordinário ou dilatório: aqueles que admitem redução ou ampliação por vontade das
partes.
● legais: determinados em lei;
● judiciais: determinado pelo juiz;
● convencionais: estabelecido pela livre vontade das partes;
● peremptórios: inalteráveis. Se a parte não praticar o ato no prazo determinado, não
poderá mais fazê-lo;
● comuns: quando correm para ambas as partes simultaneamente. Na ação penal
pública, a existência de prazo comum não é possível ocorrer. Isso porque, no prazo
comum, em regra, os autos não podem ser retirados do cartório. Vamos esclarecer
melhor essa ideia. Imagine-se que o juiz determine às partes a manifestação sobre o
laudo pericial produzido nos autos. Sendo ambas as partes representadas por
advogados, serão intimadas por diário oficial. Nesse caso, os advogados terão
ciência do ato processual na mesma ocasião, contando-se o prazo para
manifestação a partir do primeiro dia útil subsequente à publicação no diário oficial.
Assim, sendo o prazo comum, em regra, não poderão levar os autos. No entanto, o
Ministério Público sempre é intimado pessoalmente, contando-se o prazo para sua
manifestação a partir do dia útil seguinte ao da data em que os autos deram
entrada no MP. Dessa forma, não há como termos prazo em comum na ação penal
pública, na medida em que as partes (MP e acusado) são intimadas em momentos e
de formas diferentes.
● próprios: a não observância pode trazer sanções processuais. Dessa forma, se o
acusado não apresentar a apelação no prazo fixado, perderá a chance de recorrer.
● impróprios: podem acarretar apenas sanções de caráter disciplinar. Como exemplo,
podemos citar o prazo de 8 (oito) dias para a apresentação de razões ao recurso de
apelação. Mesmo que não as apresente no prazo, a parte poderá apresentá-las
posteriormente (artigo 601 do CPP).
→ DE MODO:
Os procedimentos especiais do CPP estão previstos nos artigos 406 a 497 do CPP (Tribunal do
Júri), no artigo 514 do CPP (crimes cometidos por funcionários públicos), nos artigos 519 a 523
do CPP (crimes contra a honra a que sejam cominadas penas máximas superiores a dois anos de
privação de liberdade) e artigos 524 a 530-I do CPP (crimes contra a propriedade imaterial).
Ademais, existem procedimentos especiais previstos em leis especiais (ex.: lei de drogas).
PRETENSÃO PUNITIVA
Violada a norma penal, surge para o Estado o poder/dever de punir (jus puniendi). É a expressão
do poder de império do Estado, visando à punição daqueles que feriram gravemente bens
jurídicos penalmente tutelados.
Diversos pensadores tentaram explicar a legitimidade estatal para o exercício do jus puniendi. De
acordo com John Locke, o Estado teria o direito de punir, já que o homem, no estado de
natureza, tem o direito de punir. Contudo, abre mão desse direito para passar a viver em
sociedade (pactum subjectiones), conferindo ao Estado esse poder, a fim de preservar a si
próprio e a sua liberdade. Rousseau, de outro lado, defendia que os homens, ao saírem de seu
estado de natureza, constituíam a sociedade por intermédio de um verdadeiro pacto
(contratualismo). O homem abriria mão de sua liberdade natural em troca da garantia de sua paz
e segurança.
Quanto à sua natureza jurídica, a doutrina diverge. Parte da doutrina entende que o jus puniendi
seria um “direito penal subjetivo” (tese capitaneada por Karl Binding). Para outros, o jus puniendi
seria um verdadeiro poder, não um direito subjetivo (Enrico Ferri). Há, ainda, aqueles que
entendem que o jus puniendi seria uma faculdade do Estado (Cobo del Rosal e Vives Antón).
Na doutrina brasileira, prevalece o entendimento de que o jus puniendi é um poder-dever.
AÇÃO PENAL
Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o poder-dever de punir o infrator.
Esse poder-dever, esse direito, é chamado de ius puniendi.
Entretanto, o Estado, para que exerça validamente e legitimamente o seu ius puniendi, deve
fazê-lo mediante a utilização de um mecanismo que possibilite a busca pela verdade material
(não meramente a verdade formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias
fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo Penal.
Mas, professor, onde entra a Ação Penal nisso? A ação penal é, nada mais nada menos que, o
ato inicial desse mecanismo todo chamado processo penal.
Tal qual ocorre no processo civil, no processo penal a ação também deve obedecer a algumas
condições. Sem elas a ação penal ajuizada deve ser rejeitada de imediato pelo Juiz. Nesse
sentido temos o art. 395, II do CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei
nº 11.719, de 2008).
(...)
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Para que esteja configurada essa condição da ação, é necessário que o pedido formulado na
inicial acusatória (denúncia ou queixa) seja admitido pelo ordenamento jurídico. Ou seja, é
necessário que, numa análise superficial, o Juiz possa vislumbrar que, caso o acusador tenha
razão em sua narrativa, o pedido poderá ser atendido.
Posto isso, é necessário que o fato imputado ao agente e tido como criminoso seja previsto
como um fato típico (abstratamente previsto como crime na Lei penal).
EXEMPLO: José foi acusado por ter praticado suposto crime de adultério, no
dia 05.03.2023, tendo sido requerida a condenação do réu nas penas do art.
240 do CP. Ora, o adultério deixou de ser fato típico há vários anos, de forma
que o fato imputado a José, ainda que tenha ocorrido (ainda que ele tenha
adulterado) não configura um fato típico, ou seja, o pedido de condenação
Assim, não se exige que a conduta tenha sido típica, ilícita e o agente culpável. Mesmo se o
titular da ação penal (MP ou ofendido) verificar que o crime foi praticado em legítima defesa, por
exemplo, (exclui a ilicitude) a conduta é típica, estando cumprido o requisito da possibilidade
jurídica do pedido.
É importante destacar, porém, que parcela da Doutrina passou a sustentar que a possibilidade
jurídica do pedido teria deixado de integrar o rol das condições da ação, passando a ser
compreendida como mérito da causa, em razão da entrada em vigor do Novo Código de
Processo Civil, que estabelece em seu art. 17:
Dessa forma, parcela doutrinária passou a sustentar que o mesmo se aplicaria ao processo penal.
Porém, não é possível afirmar que tal parcela da Doutrina seja majoritária, prevalecendo a
posição de que, no processo penal, a possibilidade jurídica do pedido continua figurando como
uma das condições para o legítimo exercício do direito de ação.
Vale frisar, ainda, que além da necessidade de se imputar ao agente um fato típico
(abstratamente previsto como crime na Lei penal), é necessário que a denúncia ou queixa busque
a condenação de alguém apto a receber uma condenação. Posto isso, a denúncia ou queixa
contra quem era menor de 18 anos ao tempo do fato também padece de impossibilidade jurídica
do pedido, eis que os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, respondendo de
acordo com as normas previstas no ECA.
No processo penal a via judicial é obrigatória, não podendo o Estado exercer o seu ius puniendi
fora do processo penal. O processo civil é facultativo, podendo as partes resolver a lide sem a
intervenção do Judiciário. O processo penal, por sua vez, é obrigatório, devendo o titular da
ação penal provocar o Judiciário para que a lide seja resolvida.
Há quem defenda, inclusive, que não necessariamente há lide no processo penal (a lide é o
fenômeno que ocorre quando uma parte possui uma pretensão que é resistida pela outra parte),
pois ainda que o acusado reconheça que deve ser punido, a punição só pode ocorrer após o
processo penal, dado o interesse público envolvido.
No processo penal o interesse de agir está mais ligado a questões como a utilização da via
adequada. Assim, não pode o membro do MP oferecer queixa em face de alguém que praticou
homicídio, pois se trata de crime de ação penal pública. Nesse caso, o MP é parte legítima, pois
é o titular da ação penal. No entanto, a via escolhida está errada (deveria ter sido ajuizada ação
penal pública, denúncia).
Alguns autores entendem que o interesse de agir no processo penal está relacionado à
existência de lastro probatório mínimo (existência de indícios de autoria e prova da
materialidade). Esses elementos, no entanto, formam o que outra parte da Doutrina entende
como justa causa.
Obviamente que os autores que entendem serem estes elementos integrantes do conceito de
“interesse de agir”, entendem também que não existe a justa causa como uma condição
autônoma da ação penal.
Aliás, em relação à natureza jurídica da justa causa, há ENORME discussão doutrinária. Uns
sustentam ser elemento do “interesse de agir”, e não uma condição da ação autônoma. Outros
sustentam se tratar de uma quarta condição da ação. Por fim, uma última, mas não menos
importante, corrente doutrinária sustenta que a justa causa é apenas um requisito especial para o
recebimento da denúncia, e não uma das condições para o legítimo exercício do direito de ação.
1
Depois do advento da Lei 11.719/08, foi exatamente esta última corrente (que não considera a
justa causa uma das condições da ação) que ganhou força, exatamente por conta da redação do
art. 395 do CPP. Vejamos:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei
nº 11.719, de 2008).
I – for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Percebam que o inciso II diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar pressuposto
processual OU CONDIÇÃO DA AÇÃO. Perfeito. Se a justa causa já é uma condição da ação, ela
já se encontra incluída no inciso II, correto?
Então, se a justa causa já é uma “condição da ação”, e já está inserida no inciso II, por qual razão
existe o inciso III, que diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar JUSTA CAUSA?
Ora, é EVIDENTE que se a justa causa foi incluída num inciso próprio, autônomo, é porque o
legislador entende que a justa causa NÃO ESTÁ INCLUÍDA nos incisos anteriores (e um deles fala
das condições da ação).
1
Ver, por todos: LIMA, Marcellus Polastri. Manual de Processo Penal. 2º ed. Rio de Janeiro: ed. Lumen Juris, 2009, p.
54
Isto posto, após a Lei 11.719/08 a corrente que ganhou força foi aquela que entende que a justa
causa NÃO é condição da ação penal. 2
O tema é bem polêmico, e vocês devem, portanto, conhecer a divergência. Em provas objetivas,
vocês devem ter em mente que, pela literalidade do CPP, a justa causa não é condição da ação,
sendo assim considerada apenas por parte da Doutrina.3
O STJ, por sua vez, quando da análise de diversos HCs que pretendiam o trancamento da ação
penal por ausência de justa causa, deixou claro que justa causa é a existência de lastro probatório
mínimo, apto a justificar o ajuizamento da demanda penal em face daqueles sujeitos pela prática
daqueles fatos4.
CUIDADO! O sujeito ativo do crime (infrator) será, no processo penal, o sujeito passivo na
relação processual!
Parte da Doutrina entende que os inimputáveis são partes ilegítimas para figurar no polo passivo
da ação penal. Entretanto, essa posição merece algumas considerações.
2
Ver, por todos: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.
208.
3
Algumas Bancas, porém, já elaboraram questões considerando a Justa Causa como uma das condições da ação (o
CESPE, por exemplo).
4
Ver, por todos: “(...)1. A alegada ausência de justa causa para o prosseguimento da ação penal - em razão da
inexistência de elementos de prova que demonstrem ter o paciente participado dos fatos narrados na denúncia e da
ausência de vínculo entre ele e os supostos mandantes do crime - demanda a análise de fatos e provas, providência
incabível na via estreita do habeas corpus, carente de dilação probatória.
2. O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é cabível apenas quando demonstrada a atipicidade da
conduta, a extinção da punibilidade ou a manifesta ausência de provas da existência do crime e de indícios de
autoria.
(...)”
(HC 197.886/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 10/04/2012, DJe 25/04/2012)
5
Ninguém pode responder por crime alheio, já que se adota o princípio da INTRANSCENDÊNCIA da pena.
Assim, se o titular da ação penal ajuíza a ação em face de um menor de 18 anos, falta
possibilidade jurídica do pedido, pois de maneira nenhuma pode o menor de 18 anos responder
criminalmente, estando sujeito às normas do ECA.
A prova mais cabal de que nesse caso não há ilegitimidade é que, considerando o Juiz que o
agente era inimputável à época do fato, não rejeitará a denúncia ou queixa (o que deveria ser
feito, em razão do art. 395, II do CPP), mas absolverá o acusado e aplicará medida de segurança
(absolvição imprópria). Assim, o Juiz adentrará ao mérito da causa. Ora, se a ausência de
condição da ação obsta a apreciação do mérito, fica claro que nessa hipótese não há
ilegitimidade.
Quanto à possibilidade de a pessoa jurídica ser sujeito passivo no processo penal, ou seja,
quanto à sua legitimidade passiva, a Doutrina se divide, uns entendendo não ser possível, outros
pugnando pela possibilidade.
O STF e o STJ entendem que a Pessoa Jurídica pode figurar no polo passivo de ação penal por
crime ambiental, conforme previsto no art. 225, § 3° da CF/88, regulamentado pela Lei 9.605/98.
Quanto aos crimes contra a ordem econômica, por não haver regulamentação legal, a
jurisprudência não vem admitindo que a pessoa jurídica responda por tais crimes7.
6
Quando já se sabe (em razão de perícia realizada na fase pré-processual), antes do início do processo, que o infrator
é inimputável por doença mental, a ação ajuizada unicamente com vistas à aplicação de medida de segurança
(internação ou tratamento ambulatorial) é chamada de “ação de prevenção penal”.
7
A jurisprudência CLÁSSICA adota a teoria da DUPLA IMPUTAÇÃO para que a pessoa jurídica possa ser sujeito
PASSIVO NO PROCESSO (sujeito ativo do crime), exigindo a indicação, também, da pessoa física que agiu em seu
nome. Contudo, há decisões recentes no STF e no STJ admitindo a punição da pessoa jurídica sem que haja
necessidade de se imputar o fato, também, a uma pessoa física, dispensando, portanto, a dupla imputação.
Contudo, não sabemos se irá se confirmar como “jurisprudência”.
A ação penal pode ser pública incondicionada, pública condicionada, ou privada. Nos termos do
quadro esquemático:
DA AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
8
A Doutrina cita, ainda, a ação penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas essa espécie é polêmica e não possui
previsão no CPP, motivo pelo qual, não será objeto do nosso estudo.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a
menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido,
poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os
termos subsequentes do processo.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de
5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art.
16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber
novamente os autos.
§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças
de informações ou a representação
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e
documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá
requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que
devam ou possam fornecê-los.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
⮲ Art. 129, I da CRFB/88 - Estabelece a titularidade privativa do MP no que tange à ação penal
pública:
⮲ Art. 5°, LIX da CRFB/88 – Estabelece o cabimento da ação penal privada subsidiária da pública,
nos casos de inércia do MP:
Art. 5º (...) LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal;
SÚMULAS PERTINENTES
31 Súmulas do STF
⮲ Súmula 524 do STF: Estabelece a impossibilidade de ajuizamento da ação penal quando houve
arquivamento por falta de provas, salvo se surgirem novas provas, em consonância com o art. 18
do CPP:
⮲ Súmula 594 do STF: A súmula foi elaborada quando a maioridade civil era atingida aos 21 anos,
enquanto a maioridade penal era atingida aos 18 anos. Hoje, com o Código Civil de 2002, o
ofendido que possui mais de 18 anos é pessoa plenamente capaz, não havendo que se falar em
representante legal. Contudo, a súmula permanece vigorando, mas hoje dever ser interpretada
como autonomia do representante legal e do ofendido para oferecerem queixa ou
representação. Isso terá aplicação prática quando o ofendido for menor de 18 anos na época do
fato e, posteriormente, completar 18 anos (passará a ter o prazo de seis meses para oferecer
queixa ou representação, a contar da data em que completou 18 anos). Isso não impede, todavia,
que seu representante legal ofereça queixa ou representação antes disso (antes de o ofendido
completar 18 anos):
⮲ Súmula 609 do STF: Consolida entendimento no sentido de que o crime de sonegação fiscal é
persequível mediante ação penal pública incondicionada:
32 Súmulas do STJ
⮲ Súmula 542 do STJ: Seguindo entendimento do STF sobre o tema, o STJ sumulou
entendimento no sentido de que a ação penal referente ao crime de lesão corporal, quando
praticado no contexto de violência doméstica contra a mulher, é pública incondicionada:
Apesar de ser a regra, existem exceções, é claro. Nestes casos, a lei deve expressamente
estabelecer que se trata de ação penal pública condicionada1 ou ação penal privada2. Assim, se a
Lei nada dispuser a respeito da ação penal prevista para determinado crime, a ação penal será
pública incondicionada.
Fraude à execução
1
Ex.: crime de ameaça (art. 147 do CP).
2
ex.: crime de dano simples, injúria simples, calúnia, difamação, etc.).
Como se vê, o parágrafo único do art. 179 estabelece que, nesse crime, a ação penal
será privada, ou seja, caberá à vítima oferecer queixa-crime, atuando como acusador
no processo.
Porém, imagine a seguinte situação: José é executado em execução fiscal movida pela
União para cobrança de imposto de renda devido. José, para não ter seus bens
penhorados, vende seus dois carros, frustrando a satisfação do crédito da União, sem
reservar patrimônio necessário ao pagamento da dívida. Nesse caso, como o crime de
fraude à execução foi praticado em prejuízo da União, a ação penal será pública.
O art. 26 do CPP estabelece que, em se tratando de contravenção penal, a ação penal será
iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por portaria do delegado ou do Juiz. Apesar da
previsão, ela não foi recepcionada pela CF-88, na medida em que a ação penal pública (e para
==3007a7==
contravenção penal, sempre teremos ação penal pública incondicionada, conforme art. 17 da
LCP) é de titularidade do MP, que deverá dar início ao processo, ajuizando a respectiva denúncia.
Não se admite mais a chamada “ação penal ex officio”.
Por se tratar de uma ação penal em que há forte interesse público na punição do autor do fato,
qualquer pessoa do povo poderá provocar a atuação do MP:
Importante ressaltar que este artigo se aplica, inclusive, às ações penais públicas condicionadas.
Todavia, neste caso, o MP somente poderá oferecer denúncia se a vítima oferecer representação.
O interesse público na apuração do fato e punição dos infratores prevalece, aqui, sobre eventual
vontade da vítima. Tanto é que o art. 40 estabelece que os Juízes ou tribunais, quando em sua
atuação, verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as
cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia:
Vamos a um exemplo:
Para além dos princípios que veremos adiante, a Doutrina cita ainda o princípio da
intranscendência da ação penal, aplicável tanto à ação penal pública quanto à ação penal
privada, segundo o qual a ação penal não pode passar da pessoa a quem se imputa a prática da
conduta criminosa (ex.: o filho não pode ser denunciado pelo crime praticado pelo pai, ainda que
este venha a falecer). Trata-se de uma decorrência natural do princípio da intranscendência da
pena, previsto no art. 5º, XLV da CF/88:
Além deste, aplicável às ações penais em geral (públicas ou privadas), há princípios aplicáveis
exclusivamente à ação penal pública:
1. Princípio da obrigatoriedade
Isso se dá em razão da previsão do instituto da transação penal nos Juizados especiais (Lei
9.099/95), que é hipótese na qual o titular da ação penal e o infrator transacionam, de forma a
evitar o ajuizamento da demanda, bem como em razão do acordo de não persecução penal
(previsto no art. 28-A do CPP, incluído pela Lei 13.964/19).
EXEMPLO: José praticou crime de estelionato contra Maria, tendo a vítima oferecido
representação. Após concluído o Inquérito Policial, o MP concluiu haver prova da
materialidade e indícios suficientes de autoria, o que o obrigaria a oferecer denúncia.
Porém, sendo José primário, sendo o crime praticado sem violência ou grave ameaça
e com pena mínima inferior a 04 anos, o MP celebrou acordo de não persecução penal
com José (ANPP), de forma que José cumprirá algumas condições (ex.: reparar o dano
e prestar serviços à comunidade) e, em troca disso, o MP deixará de oferecer
denúncia.
Importante ressaltar que o membro do MP não está obrigado a ajuizar a denúncia sempre que for
instaurada uma investigação criminal. Em alguns casos, o caminho a ser seguido é o do
arquivamento do inquérito policial (por falta de justa causa para a denúncia, prescrição, etc.), já
que em boa parte dos casos a investigação criminal não irá conseguir reunir os elementos
necessários ou poderá concluir pela inexistência de crime.
Mas qual é o prazo para que o membro do MP ofereça a denúncia? Em regra, 05 dias no caso de
réu preso e 15 dias no caso de réu solto.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de
5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art.
16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber
novamente os autos.
Porém, é importante destacar que estes são prazos impróprios, ou seja, o descumprimento do
prazo não gera preclusão (não gera impossibilidade de prática do ato). Portanto, o oferecimento
em momento posterior não implica nulidade da denúncia, que pode ser oferecida enquanto não
estiver extinta a punibilidade do delito.
2. Princípio da indisponibilidade
Uma vez ajuizada a ação penal pública, não pode seu titular dela desistir ou transigir, nos termos
do art. 42 do CPP:
Tal princípio está intimamente ligado ao princípio da obrigatoriedade. Veja: de nada adiantaria
obrigar o MP a oferecer denúncia se, uma vez oferecida, o MP pudesse desistir da ação. Logo, a
indisponibilidade é uma decorrência natural da obrigatoriedade.
Vale frisar que apesar de o MP não poder desistir da ação, caso entenda que o réu deve ser
absolvido, o MP poderá opinar pela absolvição do réu, o que não vinculará o Juiz (o Juiz poderá
condenar o réu mesmo que o MP, ao final da instrução, opine pela absolvição):
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição,
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Vamos a um exemplo:
3. Princípio da oficialidade
A ação penal pública será ajuizada por um órgão oficial do Estado, no caso, o MP
(Estado-acusação).
Entretanto, pode ocorrer de, transcorrido o prazo legal para que o MP ofereça a denúncia, este
não o faça nem requeira o arquivamento do IP, ou seja, fique inerte (não adote nenhuma
providência válida). Nesse caso, a lei prevê que o ofendido poderá promover ação penal privada
subsidiária da pública (art. 29 do CPP).
Assim, podemos concluir que a ação penal pública é exclusiva do MP, durante o prazo legal.
Findo este prazo, a lei estabelece um prazo de seis meses no qual tanto o MP quanto o ofendido
pode ajuizar a ação penal, numa verdadeira hipótese de legitimação concorrente3. Findo este
prazo de seis meses no qual o ofendido pode ajuizar a ação penal privada subsidiária da pública,
a legitimidade volta a ser do MP, exclusivamente, desde que ainda não esteja extinta a
punibilidade.
4. Divisibilidade
Havendo mais de um infrator (autor do crime), pode o MP ajuizar a demanda somente em face
um ou alguns deles, reservando para os outros, o ajuizamento em momento posterior, de forma
a conseguir mais tempo para reunir elementos de prova. Não há nenhum óbice quanto a isso, e
esta prática não configura preclusão para o MP, podendo aditar a denúncia posteriormente, a fim
de incluir os demais autores do crime ou, ainda, promover outra ação penal em face dos outros
autores do crime.
Com relação à divisibilidade, é importante notar que este é um princípio que, por si só, pulveriza
a tese de arquivamento implícito. Inclusive essa é a orientação firmada pelo próprio STJ.4
3
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.
4
(...) 3 - Não vigora o princípio da indivisibilidade na ação penal pública. O Parquet é livre para formar sua convicção
incluindo na increpação as pessoas que entenda terem praticados ilícitos penais, ou seja, mediante a constatação de
indícios de autoria e materialidade, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi
denunciado.
4 - Recurso não conhecido.
(RHC 34.233/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe
14/05/2014)
5
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 3º ed. Editora RT. São Paulo, 2015, p. 182
Temos, aqui, duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de ação penal, a ação penal
pública condicionada.
Aplica-se a esta espécie de ação penal tudo o que foi dito a respeito da ação penal pública,
havendo, no entanto, alguns pontos especiais.
Aqui, para que o MP (titular da ação penal) possa exercer legitimamente o seu direito de ajuizar a
ação penal pública, deverá estar presente uma condição de procedibilidade6, que é a
representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso. Frise-se
que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada. Somente será condicionada se a lei
expressamente dispuser neste sentido.
Nos crimes em que a ação pública depender de representação, esta será absolutamente
indispensável para que o MP ofereça denúncia, sendo considerada uma condição de
procedibilidade (condição para que o MP possa proceder com a denúncia), nos termos do art. 24
do CPP. Vejamos:
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.
6
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de
Janeiro, 2015, p. 152/153
Como se vê, nos crimes de ação penal pública, nem mesmo o inquérito policial poderá ser
instaurado sem que haja a representação da vítima.
Não se exige forma específica para a representação, bastando que descreva claramente a
intenção de ver o fato ser apurado e os responsáveis processados. Pode ser escrita ou oral7
(neste último caso, deverá ser reduzida a termo, ou seja, ser “passada para o papel”), oferecida
perante o Juiz, o delegado ou MP:
Como visto, o direito de representação pode ser oferecido pessoalmente ou por procurador
(nesse caso, o ofendido deve assinar procuração conferindo ao procurador poderes especiais
para oferecer a representação).
“Esta Corte Superior é firme de que "a representação é ato que dispensa
maiores formalidades, sendo suficiente que a vítima ou quem a represente
legalmente apresente manifestação para que os fatos sejam devidamente
apurados"(...) “
A jurisprudência admite que o mero comparecimento da vítima na delegacia, para fins de registro
de ocorrência em sede policial, pode ser considerado como representação.
7
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de
Janeiro, 2015, p. 154/155
Todavia, é importante destacar que esse comparecimento, para configurar representação, deve
ser espontâneo. Caso a vítima compareça à delegacia apenas porque foi intimada para tanto,
deve a autoridade policial colher formalmente a representação da vítima (caso esta manifeste
interesse em representar):
(...)
Se o ofendido for menor ou incapaz, terá legitimidade o seu representante legal. Porém, se o
ofendido não possuir representante legal ou os seus interesses colidirem com o do
representante, o Juiz deve nomear curador, por força do art. 33 do CPP (por analogia). Este
curador não está obrigado a oferecer a representação, devendo apenas analisar se é salutar ou
não para o ofendido (maioria da Doutrina entende isso, mas é controvertido).
É importante observar que essa ordem deve ser observada8, ou seja, haverá prioridade na
seguinte ordem: cônjuge (ou companheiro), ascendente, descendente e irmão, nessa ordem.
Ou seja, o prazo para oferecer representação não é contado a partir da data do fato criminoso,
mas a partir do dia em que a vítima vier a saber quem é o autor do fato.
Trata-se de um prazo decadencial e uma vez esgotado o prazo sem que tenha havido
representação, a vítima decairá do direito de representação, ou seja, perderá o direito de
representar. Isso, por sua vez, irá gerar a extinção da punibilidade, de maneira que o infrator não
poderá mais ser punido pelo fato praticado, nos termos do art. 107, IV do CP.
A Doutrina entende que o prazo para oferecer representação é um prazo penal, ou seja, um
prazo material, e não um prazo processual, de forma que não será contado da forma prevista no
art. 798 do CPP, mas da forma prevista no art. 10 do CP:
Assim, o dia em que a vítima descobre a autoria delitiva já é considerado o primeiro dia do prazo.
Destaque-se que se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a fluir quando
completar 18 anos, salvo se o seu representante legal já tiver oferecido a representação antes.
8
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 156
Em caso de óbito da vítima, os sucessores recebem apenas o prazo que restava (ex.: se a vítima
faleceu 02 meses após descobrir a autoria delitiva, os sucessores terão apenas 04 meses para
oferecer a representação).
Uma vez oferecida a representação, a vítima pode “voltar atrás” e “retirar” a representação
oferecida. Ou seja, a representação admite retratação9, mas somente até o oferecimento da
denúncia. Vejamos:
CUIDADO! Costumam colocar em provas de concurso que a retratação pode ocorrer até o
recebimento da denúncia. Isso está errado. O marco que define a partir de quanto a
representação se torna irretratável é o oferecimento da denúncia pelo MP e não o recebimento
da denúncia pelo Juízo.
➔ Caso seja ajuizada a ação penal sem a representação, esta irregularidade pode ser sanada
posteriormente? Sim, desde que a vítima a apresente em Juízo (desde que realizada dentro
do prazo de seis meses que a vítima possui para representar, nos termos do art. 38 do CPP).
Por fim, a representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato. Ou se representa em
face de todos eles, ou não há representação, pois esta não se refere propriamente aos agentes
que praticaram o delito, mas ao fato. Quando a vítima representa, está manifestando seu desejo
em ver o fato ser objeto de ação penal para que sejam punidos os responsáveis. Entretanto,
embora não possa haver fracionamento da representação, isso não impede que o MP denuncie
apenas um ou alguns dos infratores, caso entenda que há elementos probatórios apenas contra
um ou alguns.
9
No caso de crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, só será admitida a renúncia à
representação (que, na verdade, é retratação da representação) perante o juiz, em audiência especialmente
designada para tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público (conforme art. 16 da
Lei 11.340/06).
Embora a maior parte dos crimes praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra
a mulher seja de ação penal pública incondicionada, alguns são crimes de ação penal pública
condicionada à representação, como é o caso do crime de ameaça (art. 147 do CP).
Nesses casos, aplica-se a mesma lógica, ou seja, a vítima deve representar, autorizando a
persecução penal.
Porém, eventual retratação da vítima demanda maiores formalidades para que seja aceita. O art.
16 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) assim estabelece:
Como se vê, nestes casos se exige que a representação seja realizada perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e
ouvido o Ministério Público. Há, portanto, uma série de exigências para que seja considerada
válida a retração da vítima em relação à representação anteriormente realizada, como forma de
evitar que a vítima retire a representação apenas por medo ou outra circunstância.
Vale ressaltar, porém, que o STJ, ao julgar recurso representativo de controvérsia, pela
sistemática dos recursos repetitivos (Tema 1167), firmou tese no sentido de que a audiência
prevista no art. 16 da Lei Maria da Penha tem por finalidade confirmar a retratação da vítima, não
a representação. Ou seja, o Juiz só deve designar tal audiência se a vítima manifestou interesse
prévio em retirar a representação:
TESE: "A audiência prevista no art. 16 da Lei 11.340/2006 tem por objetivo
confirmar a retratação, não a representação, e não pode ser designada de
ofício pelo juiz. Sua realização somente é necessária caso haja manifestação do
desejo da vítima de se retratar trazida aos autos antes do recebimento da
denúncia".
(...) É imperativo que a vítima, sponte propria, revogue sua declaração anterior
e leve tal revogação ao conhecimento do magistrado para que se possa
cogitar da necessidade de designação da audiência específica prevista no art.
16 da Lei Maria da Penha. Pode-se mesmo afirmar que a intenção do
legislador, ao criar tal audiência, foi a de evitar ou pelo menos minimizar a
possibilidade de oferecimento de retratação pela vítima em virtude de
ameaças ou pressões externas, garantindo a higidez e autonomia de sua nova
manifestação de vontade em relação à persecução penal do agressor.
(...)
EXEMPLO 1: Maria foi vítima do crime de ameaça, praticado por seu marido, José.
Maria, então, na semana seguinte, compareceu à delegacia de polícia e ofereceu
representação. O Juiz, de ofício, designou audiência para que Maria confirmasse a
representação. Esse procedimento está incorreto.
EXEMPLO 2: Maria foi vítima do crime de ameaça, praticado por seu marido, José.
Maria, então, na semana seguinte, compareceu à delegacia de polícia e ofereceu
representação. Um mês depois, Maria informou que desejava retirar a representação
oferecida contra o marido. O Juiz, então, designou audiência para que Maria
confirmasse a retratação da representação. Esse procedimento está correto.
A maioria da Doutrina entende, ainda, que não cabe retratação da requisição10, ao contrário do
que ocorre com a representação do ofendido. Esse entendimento se dá por não haver previsão
legal de retratação para a requisição do MJ e por se tratar a requisição de um ato administrativo.
10
Nesse sentido, TOURINHO FILHO, FREDERICO MARQUES e MIRABETE. Em sentido contrário, NUCCI. NUCCI,
Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 157/158
Na ação penal privada a Lei entende que o interesse do ofendido em ver ou não a infração ser
apurada e o infrator processado são superiores ao interesse público na persecução penal. Por
conta disso, a Lei confere à própria vítima a titularidade para ajuizar a ação penal, mediante o
oferecimento da competente queixa-crime (peça inicial do processo em caso de ação penal
privada).
A ação penal privada exclusiva ou propriamente dita é a modalidade de ação penal privada
clássica. Assim, sempre que você encontrar a expressão “somente se procede mediante queixa”,
estará diante de um crime de ação penal privada exclusiva, como ocorre em relação ao crime de
exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP), quando praticado sem violência:
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à
violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.
Isso significa que caberá à própria vítima processar o infrator, ou seja, a vítima deverá contratar
um advogado (ou solicitar à Defensoria Pública o patrocínio da causa) e ajuizar uma ação penal
privada em face do infrator.
A. Princípio da oportunidade
Diferentemente do que ocorre com relação à ação penal pública, que é obrigatória para o MP, na
ação penal privada compete ao ofendido ou aos demais legitimados proceder à análise da
conveniência do ajuizamento da ação.
Assim, a vítima de um crime de ação penal privada não está obrigada a ajuizar a ação, ou seja,
não está obrigada a oferecer a queixa-crime, mesmo que estejam presentes todos os elementos
para isso. Trata-se de um juízo de oportunidade e conveniência: a vítima oferece a queixa-crime
se quiser.
B. Princípio da disponibilidade
Também de maneira diversa do que ocorre na ação penal pública, aqui o titular da ação penal
(ofendido) pode desistir da ação penal proposta, ou seja, pode abrir mão da ação penal privada
ajuizada. Trata-se de uma consequência lógica do princípio da oportunidade: uma vez que a
vítima não pode ser obrigada a ajuizar a ação, não pode ser também obrigada a prosseguir na
ação.
C. Princípio da indivisibilidade
O ofendido não é obrigado a ajuizar a queixa-crime, mas, se o fizer, deve ajuizar a queixa em face
de todos os agentes que cometeram o crime. Vejamos:
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
O princípio da indivisibilidade, portanto, impede que a vítima “escolha” contra qual dos
infratores irá ajuizar a ação.
EXEMPLO: Maria foi vítima de um crime de ação penal privada praticado por José e
Pedro. Maria não é obrigada a ajuizar queixa-crime. Porém, caso o faça, deverá ajuizar
a ação em face de ambos, não podendo processar somente José ou Pedro.
processado. Assim, considerando que houve a renúncia ao direito de queixa em relação a algum
dos infratores, o benefício se estende também aos agentes que foram acionados judicialmente,
por força do art. 49 do CP:
Vale frisar que uma vez que a vítima ajuíze a ação apenas em face de um ou alguns dos infratores,
cabe ao MP, na qualidade de “custos legis” (fiscal da Lei), requerer ao Juízo que intime o
querelante (aquele que ajuíza a ação penal privada) para que informe se:
⇒ Deliberadamente não quis incluir na ação algum dos infratores – Nesse caso, o Juiz deverá
reconhecer a renúncia em favor deste infrator que não fora incluído e NÃO RECEBERÁ a
denúncia em favor daquele que foi processado (pois a renúncia em favor de um se
estende aos demais)
⇒ Apenas se esqueceu de incluir algum dos infratores – Nesse caso, a vítima poderá sanar a
irregularidade incluindo o infrator que foi esquecido.
O prazo para ajuizamento da ação penal privada (queixa-crime) é decadencial de seis meses, e
começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de quem foi o autor do delito. O STF e
o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro do prazo legal, mas perante juízo
incompetente, mesmo assim terá sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido não
ficou inerte.1
Vejamos:
Caso a vítima não exerça o direito de queixa no prazo mencionado, haverá decadência, o que
importará extinção da punibilidade em favor do infrator, que não poderá mais ser punido.
1
“(...) 1. Ainda que a queixa-crime tenha sido apresentada perante juízo absolutamente incompetente, o seu
ajuizamento interrompe a decadência. Precedentes.”
(...) (AgRg no REsp 1560769/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe
25/02/2016)
A queixa pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador, desde que se trate de procuração
com poderes especiais, nos termos do art. 44 do CPP.
➔ Cônjuge
➔ Ascendente
➔ Descendente
➔ Irmão
Importante ressaltar que deve ser respeitada esta ordem, ou seja, se aparecer mais de uma
pessoa para exercer o direito de queixa, deverá ter preferência primeiramente o cônjuge, depois
os ascendentes, e por aí vai (art. 36 do CPP):
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
(...)
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência
o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o
querelante desista da instância ou a abandone.
Essas mesmas pessoas também têm legitimidade para dar seguimento à ação penal, caso o
ofendido ajuíze a queixa e, posteriormente, venha a falecer no curso do processo.
⇒ Quando começa a correr o prazo para estes legitimados? O prazo, neste caso, varia:
▪ Se já foi ajuizada a ação penal – Possuem o prazo de 60 dias para prosseguir na ação
(sucessão processual), sob pena de perempção2.
▪ Se ainda não foi ajuizada a ação penal – O prazo começa a correr a partir do óbito do
ofendido, exceto se ainda não se sabia, nesse momento, quem era o provável
infrator.
⇒ No caso de já ter se iniciado o prazo decadencial de seis meses, com a morte do ofendido
esse prazo recomeça do zero? Não. Os sucessores, neste caso, terão como prazo aquele que
faltava para o ofendido. Ex.: Se havia transcorrido 04 meses do prazo, os sucessores terão apenas
02 meses para ajuizar a ação penal.
==3007a7==
O ofendido pode renunciar ao direito de ajuizar a ação (queixa), e se o fizer somente a um dos
infratores, a todos se estenderá, por força do art. 49 do CPP:
A renúncia só pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda e pode ser expressa ou tácita.
A renúncia expressa é aquela na qual o querelante expressamente informa que não pretende
ajuizar queixa-crime contra o infrator. Já a renúncia tácita ocorre quando há a prática de ato
incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa (ex.: convidar o infrator, uma semana
após o crime, para ser padrinho de seu casamento).3
Com relação à renúncia tácita pela não inclusão de algum dos infratores na queixa-crime
ajuizada, o STJ firmou entendimento no sentido de que a omissão do querelante (ausência de
inclusão de algum dos infratores) deve ter sido voluntária, ou seja, ele deve ter, de fato, querido
não processar o infrator. Em se tratando de omissão involuntária (mero esquecimento, por
2
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: (...)
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;
3
Importante frisar que o simples ato de receber indenização pelos danos causados pela infração não gera renúncia
ao direito de queixa, conforme art. 104, § único do CP:
Art. 104 (...) Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a
vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo
crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
exemplo), não se pode considerar ter ocorrido renúncia tácita, devendo o MP requerer a
intimação do querelante para que se manifeste quanto aos demais infratores.4
Após o ajuizamento da demanda o que poderá ocorrer é o perdão do ofendido. Nos termos do
art. 51 do CPP:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
A utilização do termo querelado denota que só pode ocorrer o perdão depois de ajuizada a
queixa, pois só após este momento há querelante (ofendido) e querelado (autor do crime).
O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de queixa, também pode ser
expresso ou tácito. No primeiro caso, é simples, decorre de manifestação expressa do querelante
no sentido de que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato
incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: casar-se com o infrator).
Diferentemente da renúncia, que é ato unilateral (não depende de aceitação), o perdão é ato
bilateral, ou seja, deve ser aceito pelo querelado:
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Assim, uma vez oferecido o perdão, o querelado será intimado para, em 03 dias, dizer se aceita o
perdão, valendo o silêncio como aceitação.
4
(RHC 55.142/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2015, DJe 21/05/2015)
EXEMPLO: Maria ajuizou queixa-crime contra José, Pedro e Paulo. Todavia, durante o
processo, oferecer o perdão a José (mas não a Pedro e Paulo). Este perdão, porém, se
estenderá a Pedro e Paulo. A partir de agora, José, Pedro e Paulo consideram-se
perdoados e, cada um deles poderá escolher se aceita, ou não, o perdão.
O perdão pode ser aceito pessoalmente (pelo ofendido ou seu representante legal) ou por
procurador com poderes especiais.
Na ação penal privada pode ocorrer, ainda, a perempção da ação penal, que é a perda do direito
de prosseguir na ação como punição ao querelante que foi inerte ou negligente no processo. As
hipóteses estão previstas no art. 60 do CPP:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
Com relação ao inciso I (deixar de dar andamento ao processo por 30 dias seguidos), a Doutrina5
é pacífica no sentido de que não é possível falar em perempção quando o querelante deixa de
dar seguimento ao processo por várias vezes, mas todas elas em período inferior a 30 dias (25
dias em uma vez, 15 em outra, etc.).
5
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 166
Com relação ao inciso II, os sucessores têm o prazo de 60 dias para assumirem a ação penal
privada (respeitando-se a ordem de preferência do art. 36 – C.A.D.I.).
Por fim, o inciso IV trata da perempção no caso de extinção de pessoa jurídica que é querelante.
Sim, pessoa jurídica pode ser querelante, na medida em que é titular de direitos e,
eventualmente, pode ser vítima de um crime de ação penal privada (ex.: crime de dano). Caso
venha a se extinguir a PJ, sem deixar sucessor sem seu estatuto ou contrato social, haverá
perempção.
Trata-se de modalidade de ação penal privada cuja única diferença em relação à ação penal
privada exclusiva é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, em hipótese
nenhuma!) poderá ajuizar a ação7. Assim, se o ofendido falecer, nada mais haverá a ser feito,
estando extinta a punibilidade, pois a legitimidade não se estende aos sucessores, como
acontece nos demais crimes de ação privada.
Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode ajuizar a demanda. Assim,
deve o ofendido aguardar a maioridade para ajuizar a ação penal privada.
6
Na verdade, caso não REITERE o pedido, pois o pedido inicial já foi feito na petição inicial.
7
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 157/158
A única hipótese ainda existente no nosso ordenamento é o crime previsto no art. 236 do CP
(induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, crime contra a família, mais
precisamente um crime contra o casamento):
Como se vê, o art. 236, § único estabelece que a ação penal dependerá de queixa do contraente
enganado, ou seja, somente o próprio cônjuge que foi vítima do crime pode ajuizar a
queixa-crime, mais ninguém, nem mesmo em caso de morte da vítima.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Entretanto, o ofendido tem um prazo de seis meses para oferecer a ação penal privada, que
começa a correr no dia em que se esgota o prazo do MP para oferecer a denúncia, conforme art.
38 do CPP:
Importante ressaltar que, a partir do momento em que se inicia o prazo para a vítima, tanto ela
quanto o MP possuem legitimidade para ajuizar a ação penal (a vítima para ajuizar a ação penal
privada subsidiária e o MP para ajuizar a ação penal pública). Trata-se, portanto, de legitimidade
concorrente.
CUIDADO! Ao final do prazo de seis meses, a vítima perde o direito de ajuizar a queixa-crime
subsidiária, ocorrendo a decadência do direito. Todavia, o MP continua podendo ajuizar a ação
penal pública. Daí, portanto, boa parte da Doutrina chamar esta decadência de decadência
imprópria, eis que não gera a extinção da punibilidade (apenas a perda do direito de ajuizamento
pela vítima).
Para que surja o direito de ajuizamento da queixa-crime subsidiária, é necessário que haja
INÉRCIA do MP. Assim, não cabe ação penal privada subsidiária da pública se:
Nestes casos não se pode admitir a ação penal privada, pois esta somente existe para os casos
nos quais o MP permaneceu inerte, sem nada fazer. Se o MP pratica uma destas condutas, não
há inércia, mas apenas a prática de atos que lhe são permitidos.1
==3007a7==
O MP atua em toda e qualquer ação penal. Nas ações penais públicas, atua como acusador
(autor da ação) e fiscal da lei (custos legis). Na ação penal privada o MP atua apenas como fiscal
da lei (custos legis).
Na ação penal privada subsidiária da pública, todavia, temos uma atuação sui generis (peculiar),
eis que o MP atua como fiscal da lei, mas por ser o original titular da ação penal, sua atuação será
bem mais ampla que nas ações privadas exclusivas. Diz-se que aqui o MP atua como
“interveniente adesivo obrigatório".
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
1
Na Jurisprudência, por todos: (AgRg no RMS 27.518/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 27/02/2014)
⇒ Aditar a queixa – Com relação a este aditamento, ele pode se referir a qualquer
aspecto (inclusão de réus, inclusão de qualificadoras, etc.). Na ação penal privada
exclusiva o MP até pode aditar a queixa, mas apenas em relação a elementos formais,
nunca em relação a elementos essenciais (não pode o MP, na ação penal privada
exclusiva, incluir um réu, por exemplo).
⇒ Repudiar a queixa – O MP só pode repudiar a queixa quando alegar que não ficou
inerte, ou seja, que não é hipótese de ajuizamento da queixa-crime subsidiária. Neste
caso, deverá desde logo apresentar a denúncia substitutiva.
⇒ Retomar a ação como parte principal – Aqui o querelante (a vítima) é negligente
na condução de causa, cabendo ao MP retomar a ação como parte principal, ou seja,
como autor da ação (ex.: o querelante deixa de dar andamento ao processo por 30 dias
seguidos. Tal fato geraria perempção, mas por ser ação penal privada subsidiária, não
haverá perempção, cabendo ao MP retomar a ação como parte principal).
Frise-se que na ação penal privada subsidiária da pública, dada o interesse público envolvido,
não se aplicam os institutos da renúncia ao direito de queixa, do perdão do ofendido e da
perempção.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
A ausência de tais elementos conduz à inépcia da inicial e, portanto, levará à rejeição da inicial
acusatória:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta;(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Caso o Juiz receba a denúncia ou queixa inepta, a defesa poderá buscar o trancamento da ação
penal (encerramento forçado da ação):
Vamos agora analisar cada um dos elementos que devem constar na denúncia ou queixa-crime.
Deve a inicial acusatória (denúncia ou queixa) expor de forma detalhada o fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, até para permitir o exercício do direito de defesa.
Uma inicial acusatória que descreve o fato imputado de maneira vaga, genérica, sem
individualizar de forma adequada a conduta imputada ao acusado, dificulta ou até mesmo
impede o exercício da ampla defesa, na medida em que o acusado não saberá exatamente do
que deve se defender.
Assim, a descrição detalhada da imputação é uma garantia do acusado, pois delimita a acusação,
permitindo o exercício do direito de defesa, bem como traçando os limites da atuação do
Judiciário naquele caso (já que o Judiciário somente pode julgar os fatos que lhe são
apresentados, pelo princípio da inércia).
Nos crimes de autoria coletiva não se exige uma descrição minuciosa da atuação de cada um dos
infratores já na denúncia, mas é necessária uma descrição mínima vinculando o acusado ao fato
criminoso narrado:
Qualificação do acusado
Inclusive, o art. 259 do CPP estabelece que “a impossibilidade de identificação do acusado com
o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a
identidade física”. Vejamos:
==3007a7==
É a simples indicação do dispositivo legal violado pelo acusado (art. 155, no crime de furto, por
exemplo).
Entende-se que este requisito não é indispensável, pois o acusado se defende dos fatos, e não
dos dispositivos imputados. Assim, se a inicial narrar um roubo, mas indicar o dispositivo do furto
(indicar o art. 155, erroneamente), o Juiz poderá, mais à frente, corrigir o equívoco, procedendo
ao que se chama de “emendatio libelli”. Vejamos:
Rol de testemunhas
O número máximo de testemunhas varia de acordo com cada procedimento (ex.: no rito
ordinário o número máximo é de 08 testemunhas, enquanto no rito sumário são permitidas até
05 testemunhas).
Endereçamento
O endereçamento errôneo, porém, não invalida a peça acusatória, sendo considerado mera
irregularidade.
Redação em vernáculo
Deve a inicial acusatória ser escrita em português (todos os atos processuais devem ser
praticados em língua portuguesa ou traduzidos para o português).
Isso não impede, porém, o uso de certos estrangeirismos consagrados, como a utilização de
jargões em latim (ex.: “periculum libertatis”), comumente usados na praxe forense, ou termos em
inglês (ex.: “fruit of the poisonous tree”).
Subscrição
Deve a inicial acusatória ser assinada pelo membro do MP (denúncia) ou pelo advogado do
querelante (no caso da queixa-crime).
Vale frisar que a vítima pode assinar a queixa-crime junto com seu advogado, hipótese na qual
estará dispensada a procuração com poderes especiais (vez que a própria vítima também assinou
a petição inicial).
Introdução
A lei 13.964/19 (chamado “pacote anticrime”) incluiu o art. 28-A e seus §§ ao CPP, criando a
figura do “acordo de não persecução penal”1, uma espécie de transação entre MP e suposto
infrator, a fim de evitar o ajuizamento da denúncia. Vejamos:
O instituto foi muito bem regulamentado, com nada menos que 14 parágrafos.
1
Na verdade, o CNMP já havia editado uma Resolução (Resolução 181/2017) estabelecendo a possibilidade de
acordo de não persecução penal, embora não houvesse previsão legal para tanto.
Importante destacar que, para a aferição da pena mínima cominada ao delito, devem ser
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto, nos termos do art.
28-A, §1º do CPP:
Art. 28-A (...) § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e
diminuição aplicáveis ao caso concreto.
Presentes os pressupostos, será cabível o acordo, podendo ser fixadas as seguintes condições
(cumulativamente ou alternativamente, de acordo com as circunstâncias do caso):
Trata-se, portanto, de um acordo entre o Ministério Público e o suposto infrator, por meio do qual
este (infrator) confessa a participação na infração penal e o MP, de outra banda, propõe uma
solução capaz de restabelecer a paz social, sem a necessidade de se proceder ao ajuizamento de
denúncia e invocar a prestação jurisdicional por meio do processo penal (quase sempre
demorado e custoso aos cofres públicos).
Esta solução, é bom ressaltar, não engloba a aplicação de pena privativa de liberdade ao
investigado. A rigor, a solução acabará sendo, na maioria das vezes, vantajosa ao infrator, já que,
em se tratando de prestação de serviços à comunidade, esta se dará por período correspondente
à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços.
EXEMPLO: José praticou o crime X (sem violência ou grave ameaça à pessoa), cuja
pena é de 02 a 06 anos de reclusão. Em sendo o caso de oferecimento de proposta de
acordo de não persecução penal, caso seja prevista esta condição, José terá que
prestar serviços à comunidade (ou a entidades públicas) pelo período de 02 anos
(pena mínima), diminuído de um a dois terços. Ou seja, 24 meses, com redução de um
a dois terços. Assim, a redução irá variar entre 08 e 16 meses. Logo, José cumprirá, no
mínimo, 08 meses de serviços à comunidade (se houver redução máxima de 2/3) ou,
no máximo, 16 meses (caso haja redução mínima de 1/3).
Naturalmente que deve haver algum tipo de atrativo para o suposto infrator. Todo e qualquer
acordo pressupõe que as partes abram mão de uma parte do seu “direito”. No acordo de
não-persecução penal, enquanto o infrator aceita receber, de imediato, uma sanção penal (e
outras obrigações), abrindo mão das garantias do processo penal, inclusive da possibilidade de
se beneficiar de eventual prescrição, o Estado-acusação, por intermédio do MP, abre mão da
aplicação de uma eventual pena privativa de liberdade que poderia vir a ser aplicada ao final do
processo.
Vê-se, portanto, que este é um verdadeiro acordo “ganha-ganha”. Tanto o investigado quanto o
Estado saem ganhando. Este (o Estado), por economizar tempo e dinheiro diante da
desnecessidade do processo penal; aquele (o infrator), por sofrer consequências menos severas
do que aquelas que provavelmente receberia ao final do processo penal.
Esta proposta em muito se assemelha à transação penal, instituto previsto no art. 76 da Lei
9.099/95. Porém, a transação penal só é cabível para as infrações penais de menor potencial
ofensivo (todas as contravenções penais e crimes cuja pena máxima não exceda a 02 anos).
Aliás, é bom frisar que, em se tratando de infração de menor potencial ofensivo, e sendo cabível
a transação penal, não será cabível o acordo de não-persecução penal. Além desta vedação,
também existem outras situações que impedem o oferecimento da proposta:
Art. 28-A (...) § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor.
O STF e o STJ, porém, passaram a entender que também não se admite celebração de ANPP em
crimes raciais (racismo e injúria racial, inclusive a injúria preconceituosa do art. 140, §3º do CP):
(...) (AgRg no RHC n. 181.130/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,
julgado em 14/8/2023, DJe de 21/8/2023.)
Caso o membro do MP não ofereça proposta, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos ao órgão superior competente dentro da estrutura daquele MP (MPF, MPE, etc.), para que
seja revista a decisão de não oferecimento de proposta de ANPP:
Art. 28-A (...) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
Quanto aos crimes de ação penal privada, a Lei não estabeleceu um regramento específico. Não
==3007a7==
se pode imaginar que o regramento previsto no art. 28-A e seus §§ seja aplicável, sem
alterações, à ação penal privada, já que seria transferir ao MP a possibilidade de “barganhar”
com um direito que é do ofendido (ajuizar a ação penal). Cremos que a jurisprudência
possivelmente irá se posicionar tal qual em relação à transação penal, conferindo à vítima o
direito de oferecer a proposta, nos crimes de ação penal privada.
Vamos a um quadro-resumo:
ANPP
Cabimento
➔ Não ser hipótese de arquivamento do inquérito ou outro
procedimento investigatório
Condições
➔ Reparação do dano à vítima (salvo impossibilidade de fazê-lo)
Vedações
Não se admite ANPP:
É imperioso ressaltar que o ANPP não configura um acordo sub-reptício, clandestino, celebrado
nos porões do sistema penal, de forma a rasgar garantias, pisar na Constituição, e estabelecer
um Estado de exceção. De forma alguma. A Lei estabelece claramente que o acordo será
celebrado pelo MP, pelo investigado e por seu defensor (advogado ou defensor público), motivo
pelo qual não há que se falar em acordos desassistidos.
O art. 28-A, em seu §3º, expressamente prevê a necessidade de que o acordo seja formalizado
entre o MP, o investigado e seu defensor:
Art. 28-A (...) § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito
e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu
defensor.
Uma vez formalizado o acordo entre as partes envolvidas, deverá haver homologação pelo Juiz,
na forma do art. 28-A, §4º do CPP:
A homologação deve ser feita pelo Juiz, em audiência, na qual o magistrado irá analisar a
voluntariedade da aceitação do acordo (para evitar que o investigado aceite o acordo por
pressão, etc.).
Pode o Juiz, porém, entender que as condições fixadas no acordo são inadequadas, insuficientes
ou abusivas. Neste caso, deverá determinar o retorno dos autos ao MP para reformulação da
proposta.
Professor, o Juiz pode NÃO homologar o acordo? Sim, caso verifique que:
Vejamos:
Recusada a homologação pelo Juiz, os autos voltarão ao MP, para que analise se é necessário
complementar a investigação criminal ou se já é o caso de ajuizar denúncia, dando-se
seguimento, portanto, à persecução penal.
Contra a decisão judicial que recusa homologação ao ANPP cabe interposição de RESE (Recurso
em sentido estrito), nos termos do art. 581, XXV do CPP:
Homologado o acordo, o Juiz deverá encaminhar os autos ao MP, para que seja iniciada a
execução do acordo perante o Juízo da execução penal, na forma do art. 28-A, §6º do CPP.
Em respeito aos interesses da vítima, esta deverá ser intimada acerca da homologação do
acordo, bem como acerca de eventual descumprimento, nos termos do art. 28-A, §9º do CPP.
Vamos a um quadro-resumo:
ANPP
Formalização do
acordo e ➔ Formalizado por escrito e será firmado pelo membro do MP,
pelo investigado e por seu defensor.
homologação do
acordo ➔ Homologação pelo Juiz em audiência
Como já mencionado, o ANPP deve ser executado perante o Juízo da execução penal, nos
termos do art. 28-A, §6º do CPP:
O Juízo da execução penal, nesse caso, será o próprio Juízo que homologou o ANPP:
Todavia, é necessário destacar que o acordo de não persecução penal não faz coisa julgada
material, ou seja, havendo o descumprimento das condições firmadas pelo infrator haverá a
rescisão do acordo, com posterior ajuizamento de denúncia por parte do MP. Tal consequência já
era prevista no que tange à transação penal (súmula vinculante 35). O descumprimento deve ser
comunicado pelo MP ao Juiz, para fins de rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
Tal consequência é absolutamente natural. Se o ANPP é um acordo por meio do qual o acusador
deixa de oferecer denúncia em troca do cumprimento de algumas condições pelo investigado, é
natural que o descumprimento de tais condições implique a rescisão do “contrato”, a rescisão do
ANPP, e, portanto, o acusador irá oferecer denúncia.
Assim como a vítima é intimada acerca da homologação do ANPP, deverá também ser intimada
em caso de eventual descumprimento.
Uma vez cumprido o ANPP, o Juiz declarará extinta a punibilidade, na forma do art. 28-A, §13 do
CPP:
A sentença que declara extinta a punibilidade pelo cumprimento dos termos do ANPP gera
reincidência? Não, pois não se trata de sentença condenatória, mas mera sentença declaratória
de extinção da punibilidade. Assim, o ANPP não gera qualquer efeito condenatório.
Vamos a um quadro-resumo:
ANPP
Execução,
cumprimento e ➔ O ANPP deve ser executado perante o Juízo da execução
penal, que será o próprio Juízo que homologou o ANPP (STJ,
descumprimento CC 192158 / MT)
do ANPP
➔ Cumprido o acordo, o Juiz proferirá sentença extintiva da
punibilidade, não gerando qualquer efeito de reincidência
Jurisprudência relevante
➔ ANPP - Constitucionalidade
O STF, ao julgar as ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, concluiu que o ANPP é constitucional:
O STF possui entendimento sólido no sentido de o ANPP é cabível mesmo para crimes
praticados antes da entrada em vigor da Lei 13.964/19, desde que não tenha sido recebida a
denúncia:
“(...) Assente nesta Corte que, "considerada a natureza híbrida da norma e diante
do princípio tempus regit actum em conformação com a retroatividade penal
benéfica, o acordo de não persecução penal incide aos fatos ocorridos antes da
entrada em vigor da Lei 13.964/2019 desde que ainda não tenha ocorrido o
recebimento da denúncia" (EDcl nos EDcl no AgRg no AREsp 1.319.986/PA,
Sexta Turma, Rel. Min. Olindo Menezes, Des. convocado do TRF 1ª Região, DJe
de 24/5/2021). (...)”
(AgRg no HC n. 628.275/SP, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,
julgado em 6/3/2023, DJe de 14/3/2023.)
O STJ já decidiu no sentido de que a rescisão do ANPP por descumprimento das condições
prescinde de intimação do investigado para que se justifique acerca dos motivos do
descumprimento:
A partir das disposições da Lei n.º 13.869/2019, acerca do abuso de autoridade, e da Parte Geral
do Código Penal, julgue o item a seguir.
Se a ação penal pública não for proposta no prazo legal, admite-se ação privada, devendo ser
interposta pelo ofendido em seis meses decadenciais, contados da data em que se esgotar o
prazo para oferecimento da denúncia.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois essa é a exata previsão do art. 29 do CPP c/c art. 38 do CPP:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
(...)
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Friso, porém, apesar de a vítima ter o prazo decadencial de 06 meses (a contar do esgotamento
do prazo para o MP) para oferecer a queixa-crime subsidiária, caso a vítima não o faça dentro do
prazo, decairá do direito, mas o MP ainda continuará podendo ajuizar ação penal pública, razão
pela qual não haverá extinção da punibilidade, daí porque essa decadência é chamada de
“decadência imprópria”.
GABARITO: CORRETA
Nos crimes de ação pública condicionada, a retratação da vítima poderá ocorrer até o
recebimento da denúncia.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a representação somente será admitida até o oferecimento da denúncia, nos
termos do art. 25 do CPP:
GABARITO: ERRADA
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois não cabe ao magistrado analisar o mérito da decisão do MP de não oferecer
proposta de ANPP. Caso haja pedido da defesa para remessa do caso à instância revisora, o Juiz,
entendendo que não se trata de manifesta hipótese de inadmissibilidade do ANPP, deverá aplicar
o art. 28-A, §14 do CPP, remetendo o caso para revisão pela instância revisora do MP:
Art. 28-A (...) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
GABARITO: CORRETA
I De acordo com a jurisprudência do STF. a propositura da ação penal por crime contra a honra
de servidor público em razão do exercício de suas funções é de legitimidade concorrente do
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, mediante ação penal condicionada à
representação do ofendido.
II Segundo o Código de Processo Penal (CPP), nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o
perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, produzindo efeito, inclusive, em
relação ao que o recusar.
III Conforme disposto no CPP, ao Ministério Público é facultada a desistência da ação penal em
caso de convencimento da inexistência de razões para a condenação do réu.
IV Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ação penal relativa ao
crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
condicionada.
COMENTÁRIOS
I – CORRETA: Item correto, pois a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções é de legitimidade concorrente do ofendido, mediante queixa,
e do Ministério Público, mediante ação penal condicionada à representação do ofendido, nos
termos da súmula 714 do STF:
II – ERRADA: Item errado, pois nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o perdão
concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar, nos termos do art. 51 do CPP:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
III – ERRADA: Item errado, pois o MP não poderá desistir da ação penal, nos termos do art. 42 do
CPP, em razão do princípio da indisponibilidade da ação penal pública:
IV – ERRADA: Item errado, pois a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada, conforme súmula 542 do STJ:
GABARITO: LETRA A
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
O texto constitucional vigente prevê expressamente ser função institucional do Ministério Público
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
COMENTÁRIOS
GABARITO: CORRETA
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o MP não poderá desistir da ação penal, nos termos do art. 42 do CPP, em
razão do princípio da indisponibilidade da ação penal pública:
GABARITO: ERRADA
Em relação ao processo penal e ao que dispõe o Código de Processo Penal, julgue o item a
seguir.
O direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado pelo juízo, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, quando o ofendido for menor de 18 anos de idade e não
tiver representante legal.
COMENTÁRIOS
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois nesse caso não terá havido omissão, ou seja, não terá havido inércia por parte
do MP, de forma que não será cabível o manejo de ação penal privada subsidiária da pública,
que somente poderá ser ajuizada caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal nem adote
qualquer outra providência válida.
GABARITO: ERRADA
Com base no Código de Processo Penal (CPP) e na jurisprudência dos tribunais superiores,
assinale a opção correta relativa ao acordo de não persecução penal (ANPP).
a) É incabível ANPP quando a infração é cometida com violência contra coisa, ainda que a pena
mínima seja inferior a quatro anos.
b) Caso o agente tenha realizado transação penal nos cinco anos anteriores ao cometimento da
infração, ele não poderá ser beneficiado por ANPP.
c) No caso de recusa do oferecimento do ANPP pelo MP, a vítima, por meio de seu advogado,
pode propor o referido acordo ao investigado.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois é cabível o ANPP quando a infração é cometida com violência
contra coisa, caso a pena mínima seja inferior a quatro anos. A violência que impede o ANPP é a
violência contra pessoa, nos termos do art. 28-A do CPP.
b) CORRETA: Item correto, pois caso o agente tenha realizado transação penal nos cinco anos
anteriores ao cometimento da infração, não poderá ser beneficiado por ANPP, conforme art.
28-A, §2º, III do CPP:
c) ERRADA: Item errado, pois no caso de recusa do oferecimento do ANPP pelo MP, o
investigado pode requerer a remessa dos autos à instância revisora do MP, para revisão, nos
termos do art. 28-A, §14 do CPP. A vítima não tem legitimidade para oferecer a proposta.
d) ERRADA: Item errado, pois os tribunais superiores têm reconhecido que o ANPP NÃO É
direito subjetivo do investigado. Vejamos:
(...)
(AgRg no RHC n. 188.699/SC, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca,
Quinta Turma, julgado em 18/12/2023, DJe de 20/12/2023.)
e) ERRADA: Item errado, pois a competência para a execução do ANPP é do Juízo que o
homologou, o qual poderá deprecar a fiscalização do cumprimento do ajuste e a prática de atos
processuais para o atual domicílio do beneficiado, nos termos da jurisprudência do STJ:
GABARITO: LETRA B
Klaus, réu primário, está sendo processado pelo crime tipificado no art. 171 do Código Penal
(CP), sob a acusação de ter obtido vantagem econômica de uma mulher residente em outro
estado, com quem fingia manter relacionamento amoroso pela Internet, ao exigir dela
transferências de altas quantias como prova de amor, tendo sido alto o valor do prejuízo
financeiro da vítima. A denúncia foi instruída com a transcrição de interceptação telefônica e
telemática autorizada pelo juiz, que entendeu ser este o único meio de prova possível. Klaus não
foi localizado no endereço que consta nos autos e acabou sendo citado por edital.
Nessa situação, a ação penal é pública condicionada à representação, não se admitindo mais a
retratação da vítima, e, mesmo que ela perdoe Klaus, o Ministério Público dará seguimento à
ação proposta.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois o crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação,
salvo algumas exceções.
Como já foi oferecida a denúncia, não se admitirá mais retratação da vítima, nos termos do art.
25 do CPP, de forma que ainda que haja o “perdão” da vítima, o processo seguirá.
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
O STF decidiu, quanto ao arquivamento do IP, que o membro do MP, ao se manifestar pelo
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza,
submeterá sua manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima, ao investigado e à
autoridade policial, podendo encaminhar os autos para o Procurador-Geral ou para a instância de
revisão ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei.
Além disso, o STF atribuiu interpretação conforme à CF/88 ao art. 28, § 1º do CPP, para assentar
que, “além da vítima ou de seu representante legal, a autoridade judicial competente também
poderá submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique
patente ilegalidade ou teratologia no ato do arquivamento”.
GABARITO: LETRA C
Francisco foi vítima de crime contra a honra, de ação penal privada, quatro meses antes de seu
falecimento. O cônjuge, o filho e a avó, zelosos pela imagem da vítima, tinham a intenção de
propor ação penal, todavia tinham diversos interesses conflitantes entre si.
a) Não há como ser proposta a ação penal, haja vista a morte da vítima.
e) Não há qualquer preferência na propositura da ação penal, visto que a atuação se dá em nome
de terceiro.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, portanto, o cônjuge de Francisco terá preferência na propositura da ação penal.
GABARITO: LETRA D
d) O perdão do ofendido, nos casos em que somente se procede mediante representação, obsta
o prosseguimento da ação.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia,
nos termos do art. 25 do CPP.
b) ERRADA: Item errado, pois a renúncia, seja ela expressa ou tácita, impede o exercício do
==3007a7==
direito de queixa.
c) ERRADA: Item errado, pois o perdão somente é admissível durante o processo, ou seja, até o
trânsito em julgado da sentença. Logo, nada impede o oferecimento de perdão do ofendido
após o recebimento da queixa-crime. Aliás, a alternativa fala em “denúncia”. Não há que se falar
em denúncia, pois o instrumento que dá início à ação penal privada é a queixa-crime.
d) ERRADA: Item errado, pois o perdão do ofendido, nos casos em que somente se procede
mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação, conforme art. 105 do CP:
Não há que se falar em perdão do ofendido em crime de ação penal pública, seja ela
incondicionada ou condicionada.
e) CORRETA: Item correto, pois o perdão, se recusado pelo agente do crime, não produz efeito,
já que se trata de ato bilateral, devendo ser aceito pelo querelado para que produza seus
regulares efeitos:
GABARITO: LETRA E
a) Se, preenchidos os requisitos legais, o Ministério Público se recusar a oferecer o acordo, tal
atribuição será transferida ao juiz.
b) Uma das condições legalmente previstas para o acordo de não persecução penal é a
imposição de prestação de serviços à comunidade pelo tempo correspondente à pena mínima
cominada ao delito reduzida de um a dois terços.
c) Ainda que cabível a transação penal no âmbito dos juizados especiais criminais, admite-se o
acordo de não persecução penal por constituir medida mais favorável ao réu.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois se o Ministério Público se recusar a oferecer o acordo, mesmo
estando preenchidos os requisitos legais, caberá ao investigado requerer a remessa dos autos à
instância revisora do MP, nos termos do art. 28-A, §14 do CPP, sendo vedado ao Juiz conceder o
ANPP de ofício.
b) CORRETA: Item correto, pois esta é a uma das condições legalmente previstas para o acordo
de não persecução penal, nos termos do art. 28-A, III do CPP:
c) ERRADA: Item errado, pois quando for cabível a transação penal no âmbito dos juizados
especiais criminais, não será cabível o acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A,
§2º, I do CPP:
d) ERRADA: Item errado, pois o pagamento de prestação pecuniária é uma das condições
legalmente previstas para o acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A, IV do
CPP:
GABARITO: LETRA B
Com relação ao acordo de não persecução penal (ANPP), assinale a opção correta.
a) Admite-se ANPP nos casos de crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar.
c) Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se referir o ANPP, serão consideradas
as causas de aumento e de diminuição aplicáveis ao caso concreto.
e) O descumprimento do ANPP pelo investigado não poderá ser utilizado pelo Ministério
Público como justificativa para não oferecimento de suspensão condicional do processo.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois não se admite o ANPP nos casos de crimes praticados no âmbito
de violência doméstica ou familiar, conforme art. 28-A, §2º, IV do CPP:
Art. 28-A (...) § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
(...)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
b) ERRADA: Item errado, pois a vítima deve ser intimada acerca da homologação do ANPP e seu
eventual descumprimento, nos termos do art. 28-A, §9º do CPP:
c) CORRETA: Item correto, pois para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se referir
o ANPP, serão consideradas as causas de aumento e de diminuição aplicáveis ao caso concreto,
conforme art. 28-A, §1º do CPP:
Art. 28-A (...) § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e
diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
d) ERRADA: Item errado, pois o Juiz pode recusar homologação do ANPP no caso de a proposta
não atender aos requisitos legais ou quando o Juiz considerar inadequadas, insuficientes ou
abusivas as condições dispostas e não for realizada a adequação sugerida, conforme art. 28-A,
§§5º e 7º do CPP:
e) ERRADA: Item errado, pois o descumprimento do ANPP pelo investigado poderá ser utilizado
pelo Ministério Público como justificativa para não oferecimento de suspensão condicional do
processo, conforme art. 28-, §11 do CPP:
Art. 28-A (...) § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
GABARITO: LETRA C
Maria foi vítima de um crime de ação penal pública condicionada. Inicialmente, ela foi até a
delegacia de polícia e ofereceu representação contra o autor do crime. Iniciada a investigação,
Maria conciliou-se com o autor do fato, percebendo que tudo não passara de um problema já
superado. Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Maria não precisa retratar-se, haja vista já ter ocorrido a retratação tácita.
b) Uma vez feita a retratação em juízo por Maria, não há previsão legal de extinção automática da
punibilidade do autor.
c) Maria pode retratar-se até o recebimento da denúncia, caso não o tenha feito.
d) Não é possível a retratação de Maria, uma vez que quem deve realizar tal ato é o autor da
conduta.
e) Maria não pode alterar o curso do processo ou da investigação, por se tratar de crime de ação
penal pública.
COMENTÁRIOS
Maria poderá se retratar da representação oferecida, desde que o faça até o oferecimento da
denúncia pelo MP, nos termos do art. 25 do CPP:
GABARITO: LETRA B
17. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
O inquérito policial poderá ser dispensado se o Ministério Público entender que possui
informações suficientes para oferecer a denúncia.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois o inquérito policial poderá ser dispensado se o Ministério Público entender
que possui informações suficientes para oferecer a denúncia, nos termos do art. 39, §5º do CPP,
bem como com base no art. 46, §1º do CPP.
GABARITO: Correta
18. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
Quando a vítima perdoar o autor do fato criminoso, ocorrerá desistência e faltará condição para o
exercício da ação penal pública pelo titular.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois nos crimes de ação penal pública não há que se falar em perdão do ofendido,
instituto cabível apenas na ação penal privada.
GABARITO: Errada
19. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
A vítima não tem legitimidade para propor a ação, ainda que o Ministério Público perca o prazo
para oferecer a denúncia ou o inquérito policial seja arquivado.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois caso o Ministério Público perca o prazo para oferecer a denúncia, nos termos
do art. 46 do CPP, a vítima terá legitimidade para propor ação penal privada subsidiária da
pública, conforme previsto no art. 29 do CPP:
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último
caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á
o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os
autos.
(...)
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
GABARITO: Errada
20. (CESPE/2022/MPE-SE/PROMOTOR)
Em janeiro de 2022, Hênio foi vítima de estelionato praticado pelo cunhado. Inconformado,
tomou todas as providências necessárias na delegacia de polícia. Semanas depois, por influência
da família, procurou o delegado para dizer que havia desculpado o autor do fato.
Nessa situação,
A) admite-se retratação da representação feita, desde que a denúncia não tenha sido oferecida
pelo Ministério Público.
E) já tendo sido recebida a denúncia, cabe ao Ministério Público manifestar-se pela absolvição do
réu.
COMENTÁRIOS
Nessa situação, por se tratar o estelionato, em regra, um crime de ação penal pública
condicionada à representação, admite-se retratação da representação feita, nos termos do art. 25
do CPP, desde que a denúncia não tenha sido oferecida pelo Ministério Público:
GABARITO: Letra A
21. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
A ação penal seguirá em relação ao querelado que recusar o perdão concedido pelo querelante,
ainda que aceito por eventual coautor.
COMENTÁRIOS
Item correto. O perdão do ofendido é indivisível, de forma que se concedido a apenas um dos
querelados, vai se estender aos demais. Porém, por ser ato bilateral, deve ser aceito pelo
querelado (réu) para que produza seus regulares efeitos. Todavia, o direito de aceitar ou recusar o
perdão é individual, ou seja, um réu pode recusar o perdão, mesmo que o outro aceite, de forma
que o processo irá continuar apenas contra aquele réu que recusou o perdão:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
GABARITO: CORRETA
22. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
O óbito do ofendido extingue o direito de representação nos casos em que a lei a exija como
condição para o oferecimento da denúncia.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois no caso de morte do ofendido (ou quando declarado ausente por decisão
judicial), o direito de representação irá passar ao cônjuge (prevalece que também se inclui o
companheiro), ascendente, descendente ou irmão, nos termos do art. 24, §1º do CPP.
GABARITO: Errada
23. (CESPE/2022/DPE-SE/DEFENSOR)
A legitimidade para oferecimento de ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções é do
A) ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação, de forma
cumulativa.
GABARITO: Letra A
24. (CESPE/2022/DPE-RO)
Considerando a hipótese de Naldo e Zeca terem sido indiciados pela prática de crime de ação
penal privada contra Bernardo, assinale a opção correta.
A) Bernardo pode escolher propor a queixa-crime contra apenas um dos indiciados.
B) O Ministério Público não é titular da ação penal, razão pela qual não tem acesso à
queixa-crime.
C) Caso Bernardo venha a falecer de causas naturais no decorrer do processo, a ação penal não
poderá ser proposta por outra pessoa e será extinta.
D) Caso Bernardo opte por perdoar apenas um dos querelados, o perdão se estenderá ao corréu.
B) ERRADA: Item errado, pois apesar de o Ministério Público não ser o titular da ação penal, terá
acesso à queixa-crime, inclusive podendo aditá-la (fazer pequenas retificações, incluir uma
agravante esquecida pela vítima, etc.), nos termos do art. 45 do CPP:
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.
C) ERRADA: Item errado, pois caso Bernardo venha a falecer no decorrer do processo, o direito
de prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, nos termos do
art. 31 do CPP. Caso não compareça nenhum dos legitimados, no prazo de 60 dias, haverá
perempção, conforme art. 60, II do CPP:
D) CORRETA: Item correto, pois caso Bernardo opte por perdoar apenas um dos querelados, o
perdão se estenderá ao corréu. O perdão do ofendido é indivisível, de forma que se concedido a
apenas um dos querelados, vai se estender aos demais. Porém, por ser ato bilateral, deve ser
aceito pelo querelado (réu) para que produza seus regulares efeitos. Todavia, o direito de aceitar
ou recusar o perdão é individual, ou seja, um réu pode recusar o perdão, mesmo que o outro
aceite, de forma que o processo irá continuar apenas contra aquele réu que recusou o perdão:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
E) ERRADA: Item errado, pois Bernardo precisará assinar procuração ao advogado, conferindo,
inclusive, poderes especiais para oferecer queixa-crime, nos termos do art. 44 do CPP:
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção
do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências
que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
GABARITO: Letra D
25. (CESPE/2022/DPE-RO)
Jonas foi vítima de crime de ação penal pública condicionada, tendo representado no prazo
legal. Durante o processo, resolveu reconciliar-se com o réu e o convidou para ser padrinho de
seu filho.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) O Ministério Público deve desistir da ação proposta, por não haver mais interesse de agir.
B) A representação de Jonas feita no prazo é irretratável e impede a prescrição do crime.
C) O juiz deve absolver o réu, se ele aceitar o perdão dado por Jonas.
D) A reconciliação de Jonas com o réu não interfere no andamento da ação penal pública, desde
que tenha sido oferecida a denúncia.
E) Jonas poderá retratar-se da representação, por escrito e a qualquer tempo, antes de a
sentença transitar em julgado.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, a reconciliação de Jonas com o réu não interfere no andamento da ação penal
pública, desde que tenha sido oferecida a denúncia, nos termos do art. 25 do CPP:
26. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. A representação da vítima é uma
condição de procedibilidade para a ação penal que dispensa formalidade, bastando a intenção
das vítimas em autorizar essa persecução penal.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois nos crimes de ação penal pública condicionada à representação o MP não
poderá oferecer denúncia sem que haja representação da vítima, nos termos do art. 24 do CPP. A
representação, portanto, é condição de procedibilidade para a denúncia nesses casos. É, ainda,
condição de persequibilidade (ou perseguibilidade), pois a representação será necessária para o
próprio início da persecução penal, ou seja, será necessária até mesmo para que o inquérito
policial seja instaurado, nos termos do art. 5, §4º do CPP.
A representa dispensa grandes formalidades, bastando a demonstração inequívoca da vítima em
autorizar essa persecução penal, nos termos do art. 39 do CPP:
GABARITO: CORRETA
27. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. As limitações ao direito de renúncia
e ao perdão do ofendido são decorrentes da indivisibilidade da ação penal privada.
COMENTÁRIOS
Item correto. Na ação penal privada vigora o princípio da indivisibilidade, segundo o qual o
ofendido, ao optar por ajuizar a queixa-crime, deverá fazê-lo contra todos os infratores, na forma
do art. 48 do CPP.
GABARITO: CORRETA
28. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. A ação penal privada subsidiária da
pública é cabível quando o Ministério Público arquiva o inquérito sem realizar fundamentação
adequada.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a ação penal privada subsidiária da pública somente é cabível quando o MP
deixa transcorrer o prazo para oferecimento da denúncia sem adotar qualquer providência válida,
ou seja, o MP não oferece denúncia, não promove pelo arquivamento nem requisita novas
diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, de forma que o MP fica inerte.
Se o MP promove pelo arquivamento, ainda que a vítima discorde do arquivamento ou dos seus
fundamentos, não haverá legitimidade para oferecimento de queixa-crime subsidiária.
GABARITO: Errada
29. (CESPE/2020/TJPA/AUXILIAR)
D) ERRADA: Item errado, pois a ação penal pública condicionada à representação é de interesse
público (eis que é uma ação penal PÚBLICA), embora a Lei reconheça o interesse da vítima e,
portanto, exija representação para o início da persecução penal. Na ação penal pública
condicionada, portanto, vigoram os princípios que regem a ação penal pública.
E) ERRADA: Item errado, pois a irretratabilidade da representação inicia-se com o oferecimento
da denúncia, nos termos do art. 25 do CPP.
GABARITO: Letra A
30. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
Preenchidos os requisitos legais, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal desde que suficiente e necessário para a prevenção e reprovação do crime, oferecendo,
como uma das obrigações a serem cumpridas pelo investigado, prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao
delito.
COMENTÁRIOS
Item errado. De fato, uma das obrigações a serem cumpridas pelo investigado pode ser a
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, só que por período correspondente
à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, conforme art. 28-A, III do CPP:
GABARITO: Errada
31. (CESPE/2022/MPE-AC/PROMOTOR)
B) ERRADA: Item errado, pois o Juiz não pode determinar compulsoriamente que o Ministério
Público ofereça o acordo. Caso verifique a presença dos requisitos legais para tanto, poderá
remeter os autos à instância revisora do MP, a fim de que esta se manifeste acerca do
oferecimento, ou não, da proposta, conforme art. 28-A, §14º do CPP.
C) CORRETA: Item correto, pois não é cabível o ANPP na prática de crime cometido com grave
ameaça, ainda que a pena mínima seja inferior a quatro anos, conforme art. 28-A, caput, do CPP:
D) ERRADA: Item errado, pois o ANPP NÃO constitui direito subjetivo do investigado. No caso
de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o ANPP, o investigado poderá requerer a
remessa dos autos a órgão superior do MP, conforme previsão art. 28-A, §14º do CPP.
E) ERRADA: Item errado, pois, nos termos do entendimento do STJ, o ANPP também se aplica
aos fatos criminosos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei n.º 13.964/2019, desde que
ainda não tenha sido recebida a denúncia:
GABARITO: Letra C
32. (CESPE/2022/DPE-SE/DEFENSOR)
Não sendo oferecido o Acordo de Não Persecução Penal pelo promotor de justiça, quando, em
uma primeira análise, ele é cabível, deve o defensor público
A) requerer ao juiz que ofereça o acordo.
B) requerer a remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público, para que decida se é
caso ou não de oferecimento do acordo e cuja decisão permitirá que se ajuíze outro recurso ao
Tribunal de Justiça.
C) requerer ao juiz que obrigue o promotor de justiça a oferecer o referido acordo.
D) requerer a remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público, para que decida se é
caso ou não de oferecimento do acordo, sendo irrecorrível essa decisão do órgão superior.
E) interpor embargos de declaração da decisão do promotor de justiça.
COMENTÁRIOS
O ANPP NÃO constitui direito subjetivo do investigado. No caso de recusa, por parte do
Ministério Público, em propor o ANPP, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a
órgão superior do MP, conforme previsão art. 28-A, §14º do CPP. A decisão do órgão superior do
MP, contudo, é irrecorrível.
GABARITO: Letra D
33. (CESPE/2022/DPE-PI/DEFENSOR)
O título III do Código de Processo Penal estabelece, entre outras regras, o acordo de não
persecução penal (ANPP). Com base nos preceitos legais que regulamentam o ANPP previstos no
CPP, assinale a opção correta.
A) Admite-se o ANPP, se não for o caso de arquivamento, quando o investigado confessar
circunstancialmente a prática de crime com violência ou grave ameaça, desde que a pena não
ultrapasse a 4 anos, consideradas eventuais majorantes.
B) O descumprimento do ANPP não pode ser considerado para impedir o promotor de justiça de
oferecer a proposta de suspensão condicional do processo, dada a distinta natureza dos
institutos.
C) O ANPP poderá ser proposto àquele que não tenha direito à transação penal por já ter sido
beneficiado por este instituto no prazo inferior a cinco anos.
D) O juiz poderá recusar a proposta caso reconheça a insuficiência das condições ofertadas,
momento em que deverá remeter incontinenti os autos ao procurador-geral de justiça para
reformular a proposta.
E) É admissível o ANPP em crimes cometidos contra vítima do sexo feminino, devendo a vítima
ser intimada acerca da sua homologação e de eventual descumprimento.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Item errado, pois não se admite o ANPP no caso de prática de crime com violência
ou grave ameaça, ainda que a pena mínima não ultrapasse a 4 anos, nos termos do art. 28-A do
CPP.
B) ERRADA: Item errado, pois o descumprimento do ANPP pode, sim, ser considerado pelo
Promotor de Justiça como fundamento para o não oferecimento de proposta de suspensão
condicional do processo, nos termos do art. 28-A, §11 do CPP:
Art. 28-A (...) § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do
processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
C) ERRADA: Item errado, pois o ANPP não será cabível caso o agente já tenha sido beneficiado
com transação penal, suspensão condicional do processo ou ANPP nos últimos cinco anos
anteriores ao cometimento do delito, nos termos do art. 28-A, §2º, III do CPP:
Art. 28-A (...) § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
(...)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
D) ERRADA: Item errado, pois o caso o Juiz reconheça a insuficiência das condições ofertadas, ou
que estas são inadequadas ou abusivas, devolverá os autos ao MP para que seja reformulada a
proposta de ANPP, com concordância do investigado e seu defensor, nos termos do art. 28-A,
§5º do CPP.
E) CORRETA: Item correto, pois é perfeitamente admissível o ANPP em crimes cometidos contra
vítima do sexo feminino. O que o CPP veda é a proposta de ANPP em caso de crimes praticados
no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino, em favor do agressor, conforme art. 28-A, §2º, IV do CPP.
Ademais, havendo celebração de ANPP, deverá a vítima ser intimada acerca da sua homologação
e de eventual descumprimento, nos termos do art. 28-A, §9º do CPP.
GABARITO: Letra E
34. (CESPE/2022/DPE-RS/DEFENSOR)
35. (CESPE/2021/SERIS-AL)
COMENTÁRIOS
Item correto, pois isso é o que se pode extrair dos §§ 12 e 13 do art. 28-A do CPP:
Dessa forma, a celebração do ANPP não implica efeitos de sentença condenatória, de forma que
não gera reincidência. Uma vez cumprido em sua integralidade, o Juiz declarará extinta a
punibilidade, sem que isso seja considerado como condenação.
GABARITO: CORRETA
36. (CESPE/2021/MPE-SC/PROMOTOR)
GABARITO: Errada
37. (CESPE/2021/DEPEN)
COMENTÁRIOS
Item correto, pois essa é a exata previsão contida no art. 28-A, caput, do CPP:
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item correto, pois, na forma do art. 25 do CPP, a representação é irretratável depois de oferecida
a denúncia. Ou seja, até o oferecimento da denúncia a vítima poderá “retirar” a representação
oferecida; após este momento, isso não será mais possível.
GABARITO: CORRETA
40. (CESPE – 2018 – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – ÁREA 02) Acerca dos
princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas
de processo penal, julgue o item que se segue.
O princípio da indisponibilidade da ação penal é aplicável nas ações penais de iniciativa pública
e privada.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o princípio da indisponibilidade só é aplicável nas ações penais públicas, eis
que o MP não pode desistir da ação penal, na forma do art. 42 do CPP. Nas ações penais de
iniciativa privada vigora o princípio da disponibilidade.
41. (CESPE – 2018 – PC-MA – INVESTIGADOR) Com referência à ação penal, assinale a opção
correta.
COMENTÁRIOS
a) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 16 da Lei 11.340/16.
b) ERRADA: Item errado, pois a ação penal pública condicionada à representação é uma
modalidade expressamente prevista no CPP, conforme seu art. 24. Ademais, existem hipóteses
expressamente previstas na Legislação (ex.: crime praticado por estrangeiro contra brasileiro, fora
do Brasil, art. 7º, §3º, “b” do CP).
c) ERRADA: Item errado, pois a representação não deve respeitar rigor formal, podendo ser o
direito de representação exercido, “pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à
autoridade policial”, na forma do art. 39 do CPP.
d) ERRADA: Item errado, pois esta é uma das modalidades de ação penal privada, e ainda há
uma hipótese prevista no nosso ordenamento jurídico. Trata-se do crime de induzimento a erro
essencial e ocultação de impedimento, previsto no art. 236 do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois a renúncia e o perdão possuem algumas diferenças (ex.: a renúncia
é anterior ao processo e ato unilateral; o perdão ocorre durante o processo e é ato bilateral, ou
seja, depende de aceitação).
42. (CESPE – 2018 – PC-MA – MÉDICO LEGISTA) No tocante à ação penal, conforme
determina a lei processual, assinale a opção correta.
a) A queixa-crime oferecida pelo ofendido nos crimes de ação penal privada não poderá ser
aditada pelo Ministério Público, que atuará no processo apenas como fiscal da lei.
b) Nos crimes de ação privada, se vários forem os autores da ofensa, o ofendido poderá escolher
contra quem oferecerá a denúncia.
c) A própria vítima do crime, ou seu representante legal, poderá propor a ação nos casos de ação
pública incondicionada, se o Ministério Público não apresentar a denúncia no prazo legal.
d) Nos crimes de ação privada ou de ação pública condicionada à representação do ofendido, se
este falecer no curso da lide, o juiz terá de nomear substituto processual para prosseguir com a
ação.
e) Depois de iniciada a ação penal condicionada à representação, o processo será extinto se o
ofendido, a qualquer tempo, desistir do seu prosseguimento.
COMENTÁRIOS
b) ERRADA: Item errado, pois pelo princípio da indivisibilidade, o ofendido, caso opte por ajuizar
a queixa, deverá fazê-lo contra todos os infratores, na forma do art. 48 do CPP.
c) CORRETA: Item correto, pois esta é a hipótese prevista no art. 29 do CPP, que trata da ação
penal privada subsidiária da pública:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal
d) ERRADA: Item errado, pois no caso de ação penal pública nada se altera, já que a ação é
movida pelo MP. Na ação penal privada caberá a algum dos sucessores promover a sucessão
processual, na forma do art. 31 do CPP.
e) ERRADA: Item errado, pois na ação penal pública condicionada cabe ao MP ajuizar a ação
penal, não à vítima, de forma que sua “desistência” é irrelevante. O que pode ocorrer é a
retratação da representação, mas isso, como regra geral, só é cabível até o oferecimento da
denúncia, na forma do art. 25 do CPP.
43. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Julgue o próximo item, acerca da ação
penal e da extinção de punibilidade.
No caso de crime processável por ação penal pública, quando o Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo legal, o ofendido poderá impetrar ação penal privada subsidiária da pública.
COMENTÁRIOS
Item correto. A questão fala em “impetrar” ação penal privada, que é uma expressão atécnica,
mas não torna a questão errada. De fato, em caso de inércia do MP, o ofendido poderá ajuizar
ação penal privada subsidiária da pública, nos termos do art. 29 do CPP.
44. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito da ação penal, julgue o item a
seguir.
Desde o advento da Lei n.º 11.719/2008, que alterou dispositivos do Código de Processo Penal,
as condições da ação penal são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a
legitimidade.
COMENTÁRIOS
A Banca considerou a afirmativa como errada. Estes elementos (possibilidade jurídica do pedido,
interesse de agir e legitimidade) são condições da ação. A Banca provavelmente considerou a
afirmativa errada por entender que a JUSTA CAUSA também é uma condição da ação.
Todavia, em relação à natureza jurídica da justa causa, há ENORME discussão doutrinária. Uns
sustentam ser elemento do “interesse de agir”, e não uma condição da ação autônoma. Outros
sustentam se tratar de uma quarta condição da ação. Por fim, uma última, mas não menos
importante, corrente doutrinária sustenta que a justa causa é apenas um requisito especial para o
recebimento da denúncia, e não uma das condições para o legítimo exercício do direito de ação
(Ver, por todos: LIMA, Marcellus Polastri. Manual de Processo Penal. 2º ed. Rio de Janeiro: ed.
Lumen Juris, 2009, p. 54).
Pois bem: depois da Lei 11.719/08, foi exatamente esta última corrente (que não considera a
justa causa uma condição da ação) que ganhou força, exatamente por conta da redação do art.
395 do CPP. Vejamos:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
I – for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
Vejam que o inciso II diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar pressuposto
processual OU CONDIÇÃO DA AÇÃO. Perfeito. Se a justa causa já é uma condição da ação, ela
já se encontra incluída no inciso II, correto?
Então, se a justa causa já é uma “condição da ação”, e já está inserida no inciso II, por qual razão
existe o inciso III, que diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar JUSTA CAUSA?
Ora, é EVIDENTE que se a justa causa foi incluída num inciso próprio, autônomo, é porque o
legislador entende que a justa causa NÃO ESTÁ INCLUÍDA nos incisos anteriores (e um deles fala
das condições da ação).
Isto posto, após a Lei 11.719/08 a corrente que ganhou força foi aquela que entende que a justa
causa NÃO é condição da ação penal (Ver, por todos: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de
Processo Penal. 3º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 208).
Assim, o gabarito deveria ter sido alterado para correta ou, no mínimo, deveria ser anulada a
questão, por se tratar de tema controvertido, que não admite uma resposta objetiva.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois, de fato, cabe ao MP o ajuizamento da ação penal pública, ainda que, em
alguns casos, dependa de representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça.
46. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito da ação penal, julgue o item a
seguir.
Situação hipotética: Antônio e Pedro são autores de um mesmo crime contra João. Assertiva:
Nessa situação, João poderá renunciar ao exercício de seu direito de queixa em relação a
Antônio e mantê-lo em relação a Pedro.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois na ação penal privada vigora o princípio da indivisibilidade, segundo o qual o
ofendido, ao optar por ajuizar a queixa-crime, deverá fazê-lo contra todos os infratores, não
podendo, inclusive, renunciar ao exercício do direito de queixa em relação a apenas alguns dos
infratores, na forma do art. 49 do CPP.
47. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Na ação penal
privada, apesar de a vítima ou seu representante legal não serem obrigados a oferecer
queixa-crime, uma vez ajuizada a ação, o querelante não pode deixar de processar quaisquer
dos autores da infração penal.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois, pelo princípio da indivisibilidade da ação penal privada, a queixa contra um
dos infratores obrigará ao processo de todos, na forma do art. 48 do CPP.
48. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Dado o princípio da
indivisibilidade, o não oferecimento de denúncia, em ação penal pública, pelo Ministério Público
relativamente a um fato criminoso imputado ao indiciado impede que este seja objeto de ação
penal posterior.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade, podendo o MP
ajuizar a ação penal apenas em face de um ou alguns dos infratores, o que não impede que os
demais sejam alvo de ação penal posterior.
a) instrumento jurídico pelo qual o ofendido ou qualquer outra pessoa dá publicidade a um ato
criminoso, com vistas à instauração de investigação na qual se apure a autoria do ato.
b) ato em que o ofendido recorre ao Poder Judiciário para requerer a punição do autor de um
ato criminoso.
c) instrumento processual pelo qual o Ministério Público invoca a jurisdição penal para imputar a
acusado de crime de ação pública a prática dessa conduta criminosa.
d) instrumento jurídico pelo qual o cidadão comunica ao Poder Judiciário a prática de um ato
criminoso, para que se proceda às investigações.
e) ato de se comunicar a prática de uma conduta criminosa à autoridade policial, para a
instauração de inquérito policial para apurar a materialidade do ato e sua autoria.
COMENTÁRIOS
50. (CESPE – 2017 – SERES-PE – AGENTE PENITENCIÁRIO) Em uma ação penal de iniciativa
privada subsidiária da iniciativa pública, o querelante deixou de comparecer, sem motivo
justificado, a um ato processual no qual sua presença era indispensável.
a) ordenar a intimação pessoal do querelante para que ele manifeste interesse em prosseguir
com a ação penal.
b) prosseguir com a ação penal e abrir vista às partes para apresentarem alegações finais.
c) declarar extinta a punibilidade e extinguir a ação penal.
d) determinar a intimação do Ministério Público para assumir a titularidade da ação penal.
e) suspender o curso da ação penal e aguardar o pronunciamento do querelante.
COMENTÁRIOS
Neste caso houve negligência do querelante na condução da causa, o que seria, em tese, motivo
para a ocorrência da perempção, na forma do art. 60, III do CPP. Todavia, o fenômeno da
perempção não é aplicável à ação penal privada subsidiária da pública. Nesta espécie de ação
penal privada, caso o querelante seja negligente na condução da causa, a consequência não é a
perempção, mas a retomada da ação pelo MP, como parte principal, na forma do art. 29 do CPP.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso o MP ficou inerte, não oferecendo a denúncia (pois se tratava de
crime de ação penal pública) nem tomando qualquer outra atitude, motivo pelo qual é cabível a
ação penal privada subsidiária da pública, nos termos do art. 29 do CPP.
52. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
COMENTÁRIOS
Na ação penal pública vigora o princípio da OBRIGATORIEDADE, ou seja, o MP não tem margem
de discricionariedade para agir. Estando presentes os requisitos (prova da materialidade e
indícios de autoria), o MP deve ajuizar a ação penal (salvo hipóteses excepcionais, como
transação penal, acordo de não persecução penal, etc.).
Já na ação penal privada vigora o princípio da oportunidade, ou seja, o ofendido pode optar
pelo ajuizamento da ação penal privada, ou não. Isso significa que o ofendido não está obrigado
a ajuizar a ação penal privada.
Isso significa que na ação penal pública CONDICIONADA também vigora o princípio da
obrigatoriedade da ação penal. O que está sob o Juízo de oportunidade e conveniência e o
OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO. Contudo, uma vez oferecida a representação, o
ajuizamento da ação penal pública condicionada é obrigatório, desde que, é claro, estejam
presentes os requisitos necessários (prova da materialidade e indícios de autoria).
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o princípio da obrigatoriedade significa que o MP não tem discricionariedade
no ajuizamento da ação penal. Estando presentes a prova da materialidade e os indícios de
autoria, o oferecimento da denúncia é medida que se impõe, não cabendo ao membro do MP
avaliar se é conveniente, ou não, para a sociedade (salvo casos excepcionais, como transação
penal, acordo de não persecução penal, etc.).
COMENTÁRIOS
Item errado, pois na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade, mas o princípio
da divisibilidade.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois somente a pessoa que concorreu para a prática do delito pode figurar no polo
passivo da ação penal, não podendo o MP ajuizar a ação penal contra outras pessoas, pelo
princípio da intranscendência, que possui, inclusive, sede constitucional (art. 5º, XLV da CF/88).
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o princípio da oficialidade determina que a ação penal pública incondicionada
deva ser, NECESSARIAMENTE, intentada pelo MP, órgão oficial do Estado.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois, pelo princípio da indisponibilidade o MP não pode desistir da ação penal,
conforme o art. 42 do CPP.
58. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) Arquivado o IP, por decisão judicial, a
pedido do MP, permite-se o ajuizamento da ação penal privada subsidiária pública quando a
vítima se sentir lesada pela violação de seus direitos.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois se houve o arquivamento, a pedido do MP, isso significa que não houve inércia
do MP, mas legítima manifestação pela inviabilidade da ação penal, de forma que incabível é a
ação penal privada subsidiária, nos termos do art. 29 do CPP.
59. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) Feita proposta de suspensão condicional do
processo pelo MP, o acusado deverá declarar imediatamente se a aceita ou não, pois não lhe é
permitido postergar tal manifestação para momento ulterior ao recebimento da denúncia.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o STJ possui entendimento no sentido de que nada impede que o acusado
postergue tal manifestação para após a apreciação, pelo Juiz, de sua resposta à acusação, já que
é possível que, em razão dos argumentos ali elencados, sobrevenha decisão mais favorável a ele
(inépcia da denúncia, absolvição sumária, etc.). Vejamos:
60. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) A desistência da ação penal privada
somente poderá ocorrer até a prolação da sentença condenatória.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois em se tratando de ação penal privada, o ofendido, seu titular, poderá dela
desistir enquanto não transitar em julgado a ação penal.
61. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) O perdão concedido a um dos querelados
aproveitará a todos, mesmo que haja recusa de um deles, não produzindo efeitos somente em
relação a este.
COMENTÁRIOS
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a jurisprudência entende que a representação não exige qualquer rigor formal,
bastando que evidencie, de forma clara, a intenção da vítima, ou seu representante, de ver
processada a ação penal.
63. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) Julgue os itens subsequentes, à luz do disposto no
Código de Processo Penal (CPP) e do entendimento dominante dos tribunais superiores acerca
da ação penal, do processo comum, do Ministério Público, das citações e das intimações.
A justa causa, uma das condições para o exercício da ação penal, corresponde à existência de
suporte probatório mínimo para que a acusação seja recebida e se dê prosseguimento ao
processo.
COMENTÁRIOS
Item complexo e polêmico. A justa causa é, de fato, a existência de suporte probatório mínimo
para que a acusação seja recebida (indícios de autoria e prova da materialidade). A Doutrina se
divide quanto a ser, ou não, a justa causa uma condição da ação, havendo quem entenda se
tratar de uma condição da ação, quem entenda que está inserida no “interesse de agir” e quem
entenda que se trata de uma condição de procedibilidade. Assim, não há entendimento pacífico
quanto a ser, ou não, uma condição da ação.
64. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Nos crimes de ação penal pública
condicionada à representação, o ofendido poderá retratar-se da representação formulada antes
do oferecimento da denúncia.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois, uma vez oferecida a denúncia, a representação ofertada pelo ofendido será
irretratável, nos termos do art. 25 do CPP:
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o MP irá intervir como custos legis, ou seja, fiscal da lei, conforme art. 45 e 257,
II do CPP.
66. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Entre os princípios que regem a ação
penal pública incondicionada inclui-se o da disponibilidade.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a ação penal pública é regida pelo princípio da INDISPONIBILIDADE, pois seu
titular, o MP, não pode dela dispor, ou seja, deixar de oferece-la quando presentes os requisitos,
bem como não poderá dela desistir, nos termos do art. 42 do CPP.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a ação penal privada é regida pelo princípio da INDIVISIBILIDADE, pois o
ofendido não pode escolher oferecer a ação penal apenas em relação a um ou alguns dos
autores do fato, deixando de ajuizar contra os demais, art. 48 do CPP.
68. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Se tratando de crimes de ação penal
pública incondicionada, em nenhuma hipótese será permitido ao ofendido intentar ação privada.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o ofendido, neste caso, poderá ajuizar ação penal privada caso o MP fique
inerte, ou seja, deixe transcorrer o prazo para ajuizamento da denúncia sem nada fazer. É o que
se chama de ação penal privada subsidiária da pública, prevista na Constituição e no art. 29 do
CPP.
69. (CESPE – 2013 – DPE-DF – DEFENSOR PÚBLICO) Com relação à ação penal privada, à
queixa-crime e à ação civil, julgue os itens que se seguem.
Conforme jurisprudência do STJ, nos casos de ação penal privada, não incide o ônus da
sucumbência por aplicação analógica do CPC.
COMENTÁRIOS
70. (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA) Acerca do inquérito policial, da ação penal e da
competência, julgue os próximos itens.
Ainda que não tenha legitimidade para, em ação penal de iniciativa privada, aditar a queixa com
o intuito de nela incluir outros réus, o MP poderá acrescentar ao processo elementos que influam
na fixação da pena, no exercício da função de custos legis.
COMENTÁRIOS
(...) III - Nos termos do artigo 45 do CPP, a queixa poderá ser aditada pelo
Ministério Público, ainda que se trate de ação penal privativa do ofendido, desde
que não proceda à inclusão de co-autor ou partícipe, tampouco inove quanto aos
fatos descritos, hipóteses, por sua vez, inocorrentes na espécie.
Ordem denegada.
(HC 85.039/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
05/03/2009, DJe 30/03/2009)
71. (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA) Acerca do inquérito policial, da ação penal e da
competência, julgue os próximos itens.
Em virtude do princípio in dubio pro societate, o juiz não está autorizado a rejeitar denúncia por
falta de lastro probatório mínimo que demonstre a idoneidade e a verossimilhança da acusação.
COMENTÁRIOS
Item errado. A ausência de tais elementos caracteriza a ausência de JUSTA CAUSA e o Juiz
poderá deixar de receber a denúncia (rejeitá-la) por este motivo:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei
nº 11.719, de 2008).
(...)
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
72. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) No que se refere a concurso de pessoas, aplicação da
pena, medidas de segurança e ação penal, julgue os itens a seguir.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o prazo decadencial começa a correr na data em que o ofendido passa a ter
conhecimento de quem é o infrator, nos termos do art. 103 do CP, bem como art. 38 do CPP.
73. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
Em se tratando de crime que se apura mediante ação penal pública incondicionada, havendo
manifestação tempestiva do Ministério Público pelo arquivamento do inquérito policial, faculta-se
ao ofendido ou ao seu representante legal a oportunidade para a ação penal privada subsidiária
da pública.
COMENTÁRIOS
Item errado. O ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública só tem cabimento
quando o MP fica inerte, ou seja, quando ele deixa transcorrer “in albis” o prazo para o
oferecimento da denúncia, não tomando qualquer providência, nos termos do art. 29 do CPP.
74. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
A legitimação ativa para a ação penal e a definição de sua natureza decorre da lei, sendo, de
regra, ação pública, salvo se a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
COMENTÁRIOS
Item correto. A ação penal, em regra, é pública incondicionada, sendo privada (ou pública
condicionada) apenas quando a lei assim estabelecer, nos termos do art. 24 do CPP e art. 100 do
CP.
COMENTÁRIOS
ERRADA: Cuidado com esta pegadinha! O CPP não fala em renunciar à representação, mas em
se retratar da representação já formulada. Conforme artigo 25 do CP: Art. 25. A representação será
irretratável, depois de oferecida a denúncia.
77. (CESPE – 2010 – DETRAN-ES – ADVOGADO) Nas ações penais de natureza privada, não
se admite o perdão do ofendido depois do trânsito em julgado da sentença condenatória.
COMENTÁRIOS
CORRETA: O perdão do ofendido é instituto que só pode ser praticado dentro do processo
penal. Assim, trata-se de instituto que somente o querelante pode praticar em benefício do
querelado. Estes termos (querelante e querelado) deixam de existir quando o processo transita
em julgado, pois nesse momento o processo se encerra, não sendo mais possível a concessão do
perdão do ofendido.
78. (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Após regular instrução
processual, mesmo que se convença da falta de prova de autoria do crime que inicialmente
atribuíra ao acusado, não poderá o Ministério Público desistir da ação penal.
COMENTÁRIOS
O item está correto. O MP não pode desistir da ação penal, pelo princípio da indisponibilidade
da ação penal pública.
Vejamos:
79. (CESPE – 2013 – DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO) A ação penal pública condicionada
à representação da vítima inicia-se mediante o recebimento da queixa pelo juiz competente.
COMENTÁRIOS
O Item está errado. A ação penal pública se inicia com o recebimento da DENÚNCIA pelo Juiz
competente, eis que “queixa” é o nome dado à ação penal privada.
Na hipótese de o Ministério Público (MP) perder o prazo legal para oferecer denúncia pelo crime
de roubo, a vítima poderá propor queixa-crime em juízo e mover ação penal privada subsidiária
da pública no prazo de seis meses, tornando-se o ofendido titular da ação; o membro do MP
reassumirá a ação somente em caso de negligência.
COMENTÁRIOS
O item está correto, e trata da hipótese da ação penal privada subsidiária da pública, prevista no
art. 29 do CPP:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Percebam, assim, que havendo inércia do MP, o ofendido passa a ter legitimidade para oferecer a
ação penal, tornando-se, assim, seu titular. O MP figurará como fiscal da lei, nesse caso e, caso o
querelante seja negligente na condução da causa, poderá reassumir a titularidade.
A vítima que representa perante a autoridade policial queixa de crime de ação penal pública
condicionada pode retratar-se até a prolação da sentença condenatória pelo juiz.
COMENTÁRIOS
O item está completamente errado. Primeiro porque não se pode representar queixa, já que a
queixa é espécie de ação penal, e deve ser AJUIZADA, ou seja, perante o Juiz. Segundo porque
a queixa é sinônimo de ação penal privada, e não ação penal pública.
Ainda que se admita que a questão utilizou o termo “queixa” de forma atécnica, como maneira
de afirmar que a vítima registrou ocorrência em crime de ação penal pública condicionada à
representação, servindo esta como representação, o fato é que a questão continua errada, uma
vez que a representação somente pode ser retratada até o oferecimento da denúncia pelo MP.
Vejamos:
82. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Se o titular da ação
penal deixa, sem expressa manifestação ou justificação do motivo, de incluir na denúncia algum
fato investigado ou algum dos indiciados e o juiz recebe a denúncia, ocorre arquivamento
indireto.
COMENTÁRIOS
O item está errado. A questão dá o conceito do arquivamento IMPLÍCITO, que sequer é aceito
pelo STF e pelo STJ, que entendem que o chamado “arquivamento implícito” é incompatível
com o princípio da divisibilidade da ação penal pública, de forma que, neste caso, não há
arquivamento em razão aos fatos ou aos indiciados não denunciados, podendo o MP oferecer
outra denúncia posteriormente, para abarcar os fatos ou indiciados não incluídos na primeira
denúncia, ou aditar a primeira.
O arquivamento indireto, que é citado apenas por parte da Doutrina, ocorre quando o membro
do MP deixa de oferecer denúncia por alegar que o Juiz é incompetente para julgar a causa.
83. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Uma vez
apresentada, a representação de crime de ação penal pública somente pode ser retirada antes
do oferecimento da denúncia, não se admitindo retratação da retratação.
COMENTÁRIOS
O item começa correto, pois a representação pode ser retirada (retratação) antes do
oferecimento da denúncia, conforme dispõe o art. 25 do CPP. Contudo, é possível a retratação
da retratação, que consistiria, basicamente, numa nova representação. Não há vedação a que
isso ocorra.
84. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Não se admite a
renúncia do direito de representação.
COMENTÁRIOS
O item está correto. A renúncia (manifestação expressa ou tácita no sentido de que se abre mão
de um direito) só está prevista expressamente para a ação penal privada. Vejamos o art. 49 do
CP:
Não há previsão de renúncia ao direito de representação, que é um direito que pode apenas não
ser exercido, mas não renunciado, conforme entendimento doutrinário.
COMENTÁRIOS
O item está errado pois, embora seja causa de extinção da punibilidade (art. 107, IV do CP),
somente se admite a perempção nas ações penais privadas, nunca na ação penal pública.
Vejamos:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
86. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação se não o exercer dentro do prazo de um ano,
contado do dia em que souber quem é o autor do crime.
COMENTÁRIOS
87. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O Ministério Público não poderá desistir
da ação penal.
COMENTÁRIOS
O item está correto. Trata-se do princípio da indisponibilidade da ação penal pública, previsto no
art. 42 do CPP:
COMENTÁRIOS
O item está correto. Aqui temos o princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Assim, se o
ofendido renuncia ao direito de queixa em relação a um dos infratores, esta renúncia se estende
a todos, nos termos do art. 49 do CPP:
COMENTÁRIOS
O item está errado. A representação somente poderá ser retratada até o oferecimento da
denúncia, e não até seu recebimento. Vejamos:
90. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Se o ofendido for menor de vinte e um
anos e maior de dezoito anos de idade, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por
seu representante legal.
COMENTÁRIOS
Contudo, esse artigo perdeu sua eficácia, pois ele surgiu quando a maioridade civil era atingida
aos 21 anos (e a maioridade penal aos 18). Atualmente, a maioridade civil é alcançada aos 18
anos, de forma que se o ofendido possui mais de 18 anos somente ele poderá exercer o direito
de queixa.
A partir das disposições da Lei n.º 13.869/2019, acerca do abuso de autoridade, e da Parte Geral
do Código Penal, julgue o item a seguir.
Se a ação penal pública não for proposta no prazo legal, admite-se ação privada, devendo ser
interposta pelo ofendido em seis meses decadenciais, contados da data em que se esgotar o
prazo para oferecimento da denúncia.
Nos crimes de ação pública condicionada, a retratação da vítima poderá ocorrer até o
recebimento da denúncia.
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
I De acordo com a jurisprudência do STF. a propositura da ação penal por crime contra a honra
de servidor público em razão do exercício de suas funções é de legitimidade concorrente do
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, mediante ação penal condicionada à
representação do ofendido.
II Segundo o Código de Processo Penal (CPP), nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o
perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, produzindo efeito, inclusive, em
relação ao que o recusar.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 116
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III Conforme disposto no CPP, ao Ministério Público é facultada a desistência da ação penal em
caso de convencimento da inexistência de razões para a condenação do réu.
IV Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ação penal relativa ao
crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
condicionada.
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
O texto constitucional vigente prevê expressamente ser função institucional do Ministério Público
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
No que concerne ao juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.
Em relação ao processo penal e ao que dispõe o Código de Processo Penal, julgue o item a
seguir.
O direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado pelo juízo, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, quando o ofendido for menor de 18 anos de idade e não
tiver representante legal.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 117
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Com base no Código de Processo Penal (CPP) e na jurisprudência dos tribunais superiores,
assinale a opção correta relativa ao acordo de não persecução penal (ANPP).
a) É incabível ANPP quando a infração é cometida com violência contra coisa, ainda que a pena
mínima seja inferior a quatro anos.
b) Caso o agente tenha realizado transação penal nos cinco anos anteriores ao cometimento da
infração, ele não poderá ser beneficiado por ANPP.
c) No caso de recusa do oferecimento do ANPP pelo MP, a vítima, por meio de seu advogado,
pode propor o referido acordo ao investigado.
Klaus, réu primário, está sendo processado pelo crime tipificado no art. 171 do Código Penal
(CP), sob a acusação de ter obtido vantagem econômica de uma mulher residente em outro
estado, com quem fingia manter relacionamento amoroso pela Internet, ao exigir dela
transferências de altas quantias como prova de amor, tendo sido alto o valor do prejuízo
financeiro da vítima. A denúncia foi instruída com a transcrição de interceptação telefônica e
telemática autorizada pelo juiz, que entendeu ser este o único meio de prova possível. Klaus não
foi localizado no endereço que consta nos autos e acabou sendo citado por edital.
Nessa situação, a ação penal é pública condicionada à representação, não se admitindo mais a
retratação da vítima, e, mesmo que ela perdoe Klaus, o Ministério Público dará seguimento à
ação proposta.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 118
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Francisco foi vítima de crime contra a honra, de ação penal privada, quatro meses antes de seu
falecimento. O cônjuge, o filho e a avó, zelosos pela imagem da vítima, tinham a intenção de
propor ação penal, todavia tinham diversos interesses conflitantes entre si.
a) Não há como ser proposta a ação penal, haja vista a morte da vítima.
e) Não há qualquer preferência na propositura da ação penal, visto que a atuação se dá em nome
de terceiro.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 119
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d) O perdão do ofendido, nos casos em que somente se procede mediante representação, obsta
o prosseguimento da ação.
a) Se, preenchidos os requisitos legais, o Ministério Público se recusar a oferecer o acordo, tal
atribuição será transferida ao juiz.
b) Uma das condições legalmente previstas para o acordo de não persecução penal é a
imposição de prestação de serviços à comunidade pelo tempo correspondente à pena mínima
cominada ao delito reduzida de um a dois terços.
c) Ainda que cabível a transação penal no âmbito dos juizados especiais criminais, admite-se o
acordo de não persecução penal por constituir medida mais favorável ao réu.
Com relação ao acordo de não persecução penal (ANPP), assinale a opção correta.
a) Admite-se ANPP nos casos de crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar.
c) Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se referir o ANPP, serão consideradas
as causas de aumento e de diminuição aplicáveis ao caso concreto.
e) O descumprimento do ANPP pelo investigado não poderá ser utilizado pelo Ministério
Público como justificativa para não oferecimento de suspensão condicional do processo.
Maria foi vítima de um crime de ação penal pública condicionada. Inicialmente, ela foi até a
delegacia de polícia e ofereceu representação contra o autor do crime. Iniciada a investigação,
Maria conciliou-se com o autor do fato, percebendo que tudo não passara de um problema já
superado. Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Maria não precisa retratar-se, haja vista já ter ocorrido a retratação tácita.
b) Uma vez feita a retratação em juízo por Maria, não há previsão legal de extinção automática da
punibilidade do autor.
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c) Maria pode retratar-se até o recebimento da denúncia, caso não o tenha feito.
d) Não é possível a retratação de Maria, uma vez que quem deve realizar tal ato é o autor da
conduta.
e) Maria não pode alterar o curso do processo ou da investigação, por se tratar de crime de ação
penal pública.
17. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
O inquérito policial poderá ser dispensado se o Ministério Público entender que possui
informações suficientes para oferecer a denúncia.
18. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
Quando a vítima perdoar o autor do fato criminoso, ocorrerá desistência e faltará condição para o
exercício da ação penal pública pelo titular.
19. (CESPE/2022/POLITEC-RO)
A vítima não tem legitimidade para propor a ação, ainda que o Ministério Público perca o prazo
para oferecer a denúncia ou o inquérito policial seja arquivado.
20. (CESPE/2022/MPE-SE/PROMOTOR)
Em janeiro de 2022, Hênio foi vítima de estelionato praticado pelo cunhado. Inconformado,
tomou todas as providências necessárias na delegacia de polícia. Semanas depois, por influência
da família, procurou o delegado para dizer que havia desculpado o autor do fato.
Nessa situação,
A) admite-se retratação da representação feita, desde que a denúncia não tenha sido oferecida
pelo Ministério Público.
B) por se tratar de crime de ação penal pública incondicionada, a manifestação da vítima é
irrelevante.
C) por ser a infração de menor potencial ofensivo, o delegado poderá arquivar o termo
circunstanciado.
D) em razão de o crime admitir perdão, cabe ao delegado encaminhar os autos para
arquivamento pelo Ministério Público.
E) já tendo sido recebida a denúncia, cabe ao Ministério Público manifestar-se pela absolvição do
réu.
21. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
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A ação penal seguirá em relação ao querelado que recusar o perdão concedido pelo querelante,
ainda que aceito por eventual coautor.
22. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
O óbito do ofendido extingue o direito de representação nos casos em que a lei a exija como
condição para o oferecimento da denúncia.
23. (CESPE/2022/DPE-SE/DEFENSOR)
A legitimidade para oferecimento de ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções é do
A) ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação, de forma
cumulativa.
B) ofendido, exclusivamente, mediante queixa.
C) Ministério Público, exclusivamente, mediante representação.
D) Ministério Público, exclusivamente, mediante ação penal pública incondicionada.
E) ofendido e do Ministério Público nesse caso, independentemente de representação.
24. (CESPE/2022/DPE-RO)
Considerando a hipótese de Naldo e Zeca terem sido indiciados pela prática de crime de ação
penal privada contra Bernardo, assinale a opção correta.
A) Bernardo pode escolher propor a queixa-crime contra apenas um dos indiciados.
B) O Ministério Público não é titular da ação penal, razão pela qual não tem acesso à
queixa-crime.
C) Caso Bernardo venha a falecer de causas naturais no decorrer do processo, a ação penal não
poderá ser proposta por outra pessoa e será extinta.
D) Caso Bernardo opte por perdoar apenas um dos querelados, o perdão se estenderá ao corréu.
E) Para a propositura da queixa-crime, é dispensável a outorga de procuração por Bernardo ao
advogado.
25. (CESPE/2022/DPE-RO)
Jonas foi vítima de crime de ação penal pública condicionada, tendo representado no prazo
legal. Durante o processo, resolveu reconciliar-se com o réu e o convidou para ser padrinho de
seu filho.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) O Ministério Público deve desistir da ação proposta, por não haver mais interesse de agir.
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26. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. A representação da vítima é uma
condição de procedibilidade para a ação penal que dispensa formalidade, bastando a intenção
das vítimas em autorizar essa persecução penal.
27. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. As limitações ao direito de renúncia
e ao perdão do ofendido são decorrentes da indivisibilidade da ação penal privada.
28. (CESPE/2021/CODEVASF)
Com relação ao processo penal, julgue o item subsequente. A ação penal privada subsidiária da
pública é cabível quando o Ministério Público arquiva o inquérito sem realizar fundamentação
adequada.
29. (CESPE/2020/TJPA/AUXILIAR)
30. (CESPE/2022/PGDF/PROCURADOR)
Em relação à ação penal e ao acordo de não persecução penal, julgue o item que se segue.
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Preenchidos os requisitos legais, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal desde que suficiente e necessário para a prevenção e reprovação do crime, oferecendo,
como uma das obrigações a serem cumpridas pelo investigado, prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao
delito.
31. (CESPE/2022/MPE-AC/PROMOTOR)
32. (CESPE/2022/DPE-SE/DEFENSOR)
Não sendo oferecido o Acordo de Não Persecução Penal pelo promotor de justiça, quando, em
uma primeira análise, ele é cabível, deve o defensor público
A) requerer ao juiz que ofereça o acordo.
B) requerer a remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público, para que decida se é
caso ou não de oferecimento do acordo e cuja decisão permitirá que se ajuíze outro recurso ao
Tribunal de Justiça.
C) requerer ao juiz que obrigue o promotor de justiça a oferecer o referido acordo.
D) requerer a remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público, para que decida se é
caso ou não de oferecimento do acordo, sendo irrecorrível essa decisão do órgão superior.
E) interpor embargos de declaração da decisão do promotor de justiça.
33. (CESPE/2022/DPE-PI/DEFENSOR)
O título III do Código de Processo Penal estabelece, entre outras regras, o acordo de não
persecução penal (ANPP). Com base nos preceitos legais que regulamentam o ANPP previstos no
CPP, assinale a opção correta.
A) Admite-se o ANPP, se não for o caso de arquivamento, quando o investigado confessar
circunstancialmente a prática de crime com violência ou grave ameaça, desde que a pena não
ultrapasse a 4 anos, consideradas eventuais majorantes.
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B) O descumprimento do ANPP não pode ser considerado para impedir o promotor de justiça de
oferecer a proposta de suspensão condicional do processo, dada a distinta natureza dos
institutos.
C) O ANPP poderá ser proposto àquele que não tenha direito à transação penal por já ter sido
beneficiado por este instituto no prazo inferior a cinco anos.
D) O juiz poderá recusar a proposta caso reconheça a insuficiência das condições ofertadas,
momento em que deverá remeter incontinenti os autos ao procurador-geral de justiça para
reformular a proposta.
E) É admissível o ANPP em crimes cometidos contra vítima do sexo feminino, devendo a vítima
ser intimada acerca da sua homologação e de eventual descumprimento.
34. (CESPE/2022/DPE-RS/DEFENSOR)
35. (CESPE/2021/SERIS-AL)
36. (CESPE/2021/MPE-SC/PROMOTOR)
37. (CESPE/2021/DEPEN)
38. (CESPE – 2019 – PGE-PE – ANALISTA) A respeito de ação penal, espécies e cominação de
penas, julgue o item a seguir.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 125
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40. (CESPE – 2018 – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – ÁREA 02) Acerca dos
princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas
de processo penal, julgue o item que se segue.
O princípio da indisponibilidade da ação penal é aplicável nas ações penais de iniciativa pública
e privada.
41. (CESPE – 2018 – PC-MA – INVESTIGADOR) Com referência à ação penal, assinale a opção
correta.
42. (CESPE – 2018 – PC-MA – MÉDICO LEGISTA) No tocante à ação penal, conforme
determina a lei processual, assinale a opção correta.
a) A queixa-crime oferecida pelo ofendido nos crimes de ação penal privada não poderá ser
aditada pelo Ministério Público, que atuará no processo apenas como fiscal da lei.
b) Nos crimes de ação privada, se vários forem os autores da ofensa, o ofendido poderá escolher
contra quem oferecerá a denúncia.
c) A própria vítima do crime, ou seu representante legal, poderá propor a ação nos casos de ação
pública incondicionada, se o Ministério Público não apresentar a denúncia no prazo legal.
d) Nos crimes de ação privada ou de ação pública condicionada à representação do ofendido, se
este falecer no curso da lide, o juiz terá de nomear substituto processual para prosseguir com a
ação.
e) Depois de iniciada a ação penal condicionada à representação, o processo será extinto se o
ofendido, a qualquer tempo, desistir do seu prosseguimento.
43. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Julgue o próximo item, acerca da ação
penal e da extinção de punibilidade.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 126
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No caso de crime processável por ação penal pública, quando o Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo legal, o ofendido poderá impetrar ação penal privada subsidiária da pública.
44. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito da ação penal, julgue o item a
seguir.
Desde o advento da Lei n.º 11.719/2008, que alterou dispositivos do Código de Processo Penal,
as condições da ação penal são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a
legitimidade.
46. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito da ação penal, julgue o item a
seguir.
Situação hipotética: Antônio e Pedro são autores de um mesmo crime contra João. Assertiva:
Nessa situação, João poderá renunciar ao exercício de seu direito de queixa em relação a
Antônio e mantê-lo em relação a Pedro.
47. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Na ação penal
privada, apesar de a vítima ou seu representante legal não serem obrigados a oferecer
queixa-crime, uma vez ajuizada a ação, o querelante não pode deixar de processar quaisquer
dos autores da infração penal.
48. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Dado o princípio da
indivisibilidade, o não oferecimento de denúncia, em ação penal pública, pelo Ministério Público
relativamente a um fato criminoso imputado ao indiciado impede que este seja objeto de ação
penal posterior.
a) instrumento jurídico pelo qual o ofendido ou qualquer outra pessoa dá publicidade a um ato
criminoso, com vistas à instauração de investigação na qual se apure a autoria do ato.
b) ato em que o ofendido recorre ao Poder Judiciário para requerer a punição do autor de um
ato criminoso.
c) instrumento processual pelo qual o Ministério Público invoca a jurisdição penal para imputar a
acusado de crime de ação pública a prática dessa conduta criminosa.
d) instrumento jurídico pelo qual o cidadão comunica ao Poder Judiciário a prática de um ato
criminoso, para que se proceda às investigações.
e) ato de se comunicar a prática de uma conduta criminosa à autoridade policial, para a
instauração de inquérito policial para apurar a materialidade do ato e sua autoria.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 127
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50. (CESPE – 2017 – SERES-PE – AGENTE PENITENCIÁRIO) Em uma ação penal de iniciativa
privada subsidiária da iniciativa pública, o querelante deixou de comparecer, sem motivo
justificado, a um ato processual no qual sua presença era indispensável.
52. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 128
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58. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) Arquivado o IP, por decisão judicial, a
pedido do MP, permite-se o ajuizamento da ação penal privada subsidiária pública quando a
vítima se sentir lesada pela violação de seus direitos.
59. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) Feita proposta de suspensão condicional do
processo pelo MP, o acusado deverá declarar imediatamente se a aceita ou não, pois não lhe é
permitido postergar tal manifestação para momento ulterior ao recebimento da denúncia.
60. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) A desistência da ação penal privada
somente poderá ocorrer até a prolação da sentença condenatória.
61. (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ – ADAPTADA) O perdão concedido a um dos querelados
aproveitará a todos, mesmo que haja recusa de um deles, não produzindo efeitos somente em
relação a este.
63. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) Julgue os itens subsequentes, à luz do disposto no
Código de Processo Penal (CPP) e do entendimento dominante dos tribunais superiores acerca
da ação penal, do processo comum, do Ministério Público, das citações e das intimações.
A justa causa, uma das condições para o exercício da ação penal, corresponde à existência de
suporte probatório mínimo para que a acusação seja recebida e se dê prosseguimento ao
processo.
64. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Nos crimes de ação penal pública
condicionada à representação, o ofendido poderá retratar-se da representação formulada antes
do oferecimento da denúncia.
66. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Entre os princípios que regem a ação
penal pública incondicionada inclui-se o da disponibilidade.
68. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO – ADAPTADA) Se tratando de crimes de ação penal
pública incondicionada, em nenhuma hipótese será permitido ao ofendido intentar ação privada.
69. (CESPE – 2013 – DPE-DF – DEFENSOR PÚBLICO) Com relação à ação penal privada, à
queixa-crime e à ação civil, julgue os itens que se seguem.
Conforme jurisprudência do STJ, nos casos de ação penal privada, não incide o ônus da
sucumbência por aplicação analógica do CPC.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 129
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70. (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA) Acerca do inquérito policial, da ação penal e da
competência, julgue os próximos itens.
Ainda que não tenha legitimidade para, em ação penal de iniciativa privada, aditar a queixa com
o intuito de nela incluir outros réus, o MP poderá acrescentar ao processo elementos que influam
na fixação da pena, no exercício da função de custos legis.
71. (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA) Acerca do inquérito policial, da ação penal e da
competência, julgue os próximos itens.
Em virtude do princípio in dubio pro societate, o juiz não está autorizado a rejeitar denúncia por
falta de lastro probatório mínimo que demonstre a idoneidade e a verossimilhança da acusação.
72. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) No que se refere a concurso de pessoas, aplicação da
pena, medidas de segurança e ação penal, julgue os itens a seguir.
73. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
Em se tratando de crime que se apura mediante ação penal pública incondicionada, havendo
manifestação tempestiva do Ministério Público pelo arquivamento do inquérito policial, faculta-se
ao ofendido ou ao seu representante legal a oportunidade para a ação penal privada subsidiária
da pública.
74. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Acerca da ação penal e suas espécies, julgue os itens
seguintes.
A legitimação ativa para a ação penal e a definição de sua natureza decorre da lei, sendo, de
regra, ação pública, salvo se a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 130
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77. (CESPE – 2010 – DETRAN-ES – ADVOGADO) Nas ações penais de natureza privada, não
se admite o perdão do ofendido depois do trânsito em julgado da sentença condenatória.
78. (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Após regular instrução
processual, mesmo que se convença da falta de prova de autoria do crime que inicialmente
atribuíra ao acusado, não poderá o Ministério Público desistir da ação penal.
79. (CESPE – 2013 – DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO) A ação penal pública condicionada
à representação da vítima inicia-se mediante o recebimento da queixa pelo juiz competente.
Na hipótese de o Ministério Público (MP) perder o prazo legal para oferecer denúncia pelo crime
de roubo, a vítima poderá propor queixa-crime em juízo e mover ação penal privada subsidiária
da pública no prazo de seis meses, tornando-se o ofendido titular da ação; o membro do MP
reassumirá a ação somente em caso de negligência.
A vítima que representa perante a autoridade policial queixa de crime de ação penal pública
condicionada pode retratar-se até a prolação da sentença condenatória pelo juiz.
82. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Se o titular da ação
penal deixa, sem expressa manifestação ou justificação do motivo, de incluir na denúncia algum
fato investigado ou algum dos indiciados e o juiz recebe a denúncia, ocorre arquivamento
indireto.
83. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Uma vez
apresentada, a representação de crime de ação penal pública somente pode ser retirada antes
do oferecimento da denúncia, não se admitindo retratação da retratação.
84. (CESPE – 2013 – TJ/DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Não se admite a
renúncia do direito de representação.
86. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação se não o exercer dentro do prazo de um ano,
contado do dia em que souber quem é o autor do crime.
87. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O Ministério Público não poderá desistir
da ação penal.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 131
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90. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Se o ofendido for menor de vinte e um
anos e maior de dezoito anos de idade, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por
seu representante legal.
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 132
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GABARITO
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 133
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66. ERRADA
67. ERRADA
68. ERRADA
69. ERRADA
70. CORRETA
71. ERRADA
72. ERRADA
73. ERRADA
74. CORRETA
75. ERRADA
76. ERRADA
77. CORRETA
78. CORRETA
79. ERRADA
80. CORRETA
81. ERRADA
82. ERRADA
83. ERRADA
84. CORRETA
85. ERRADA
86. ERRADA
87. CORRETA
88. CORRETA
89. ERRADA
90. ERRADA
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TJ-PR (Técnico Judiciário) Direito Processual Penal 134
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