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Mariana 10399

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ILUSTRÍSSIMA DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DE MINAS

GERAIS – DETRAN MG

Referente a infrações:

MARIANA JABBUR GOMES BRAGA DE ALVARENGA


brasileiro, RG nº MG12805509, CPF nº 055.349.266-78, e CNH nº 07477942483
categoria “AB”, com Rua Castelo Guimarães, 4624 Castelo, Belo Horizonte Minas
Gerais MG- com fundamento nos artigos 265 e seguintes do Código de Trânsito
Brasileiro, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.

1. TEMPESTIVIDADE
Considerando que o recorrente esta entrando com defesa baseado nos pontos que
compõe o seu prontuário que não foi enviado nenhuma notificação, mas já passado
mais de 30 dias da autuação, então presente manifestação, notificação e
apresentação desse recurso, deve ser considerado tempestivo..

2. DOS FATOS

No prontuário da requerente consta o total de 55 pontos assim como segue tela


abaixo:
3 DA DEFESA

Em primeiro, que seja visto que uma vez que não se tem autuação, manifestação pelo
Órgão a requerente esta entrando com processo e ao mesmo tempo notificando este
Órgão pois é uma situação que não pode ser tratada dessa forma. 30 dias após as
notificações não foram enviados nenhuma notificação.

Hoje essa pontuação que não foi a requerente que teve e nem teve a possibilidade de
indicar o real condutor vem através deste notificar e cientizar o Órgão que esta em
defesa dessas infrações supra mencionadas.
Ocorre que todas as multas mencionadas na notificação recebida, que ensejaram o
respectivo processo, não são do conhecimento da Recorrente. Algum erro no
envio/entrega das correspondências certamente ocasionou o não conhecimento por
parte do Recorrente das multas conferidas a sua pessoa, e, pelo fato de não ter
conhecimento das multas, não pode apresentar o recurso cabível no momento
oportuno.

Entretanto, trata-se da notificação pessoal como uma condição necessária para a


validade nas autuações de trânsito, sempre que a residência do infrator for conhecida,
como é no presente caso.

Como é sabido por este órgão de trânsito, bem como foi corroborado pelo Colendo
Supremo Tribunal Federal, este já decidiu que o autor de uma infração de trânsito
deve ser notificado pessoalmente, salvo se sua residência for desconhecida, sob pena
da nulidade da penalidade imposta conforme comprova a seguinte ementa de decisão:

Mandado de Segurança. Renovação de licença. Ocorrência de multa imposta sem


notificação do infrator. II- Não prevalecem até que seja regularmente intimado. Dita
intimação é pessoal, salvo se desconhecida a residência do infrator"(1ª T do STF.
Recurso Extraordinário nº 89.072-6. Relator Ministro Carlos Thompson Flores. j.
15.05.79 – DJ de 15.05.79).

Ainda, observe-se que o próprio CTB traz como requisitos de validade dos autos de
infração, a assinatura como demonstração de intimação, conforme o inciso IV do artigo
280:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de


infração, do qual constará:

VI – assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do


cometimento da infração.

Como a residência do Recorrente é conhecida no documento de registro do veículo, é


totalmente possível a sua notificação pessoal inclusive com assinatura. Aliás, este é o
entendimento que se subtrai das decisões do STF e STJ, que também entendem pela
necessidade da notificação pessoal do infrator para a validade da aplicação da multa
quando a sua residência for conhecida.
Neste sentido, por incidência do artigo 282 do CTB, em face da ausência de
cientificação do Recorrente das autuações sofridas, impossível lhe impor a penalidade
em comento, pois, como era possível a assinatura do infrator nos termos do artigo 280
do CTB, não há como se negar a ilegalidade do processo administrativo visto que o
Recorrente não foi notificado, por ter sido o procedimento instaurado com base em
ato administrativo nulo, representado em autuações que não cumpriram as
formalidades necessárias para sua validade, pois, estando viciados os objetos, viciam
todo o processo administrativo.

Para comprovar o alegado, o Recorrente requer seja juntado ao processo as cópias dos
ARs (avisos de recebimento) referentes as notificações de todas as multas que
ensejaram o presente processo, pois demonstrado que o CTB estabelece como
requisito de validade a notificação com assinatura, e que deveriam estar na posse do
órgão que realizou auferiu as infrações, veja-se o que dispõe o CTB em seu artigo 325:

Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, no mínimo, 5 (cinco) anos os


documentos relativos à habilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de
veículos e aos autos de infração de trânsito.

Por fim, a inexistência destes comprovantes tem a aptidão para confirmar o fato de
que o Recorrente não foi notificado. E ainda, caso se entenda que equivocadamente
este foi notificado, que se demonstre as notificações recebidas com os devidos
requisitos legais exigidos.

II.2 Do cerceamento de defesa pela ausência de notificação

Em face de o Recorrente não ter sido notificado pelas supostas multas de trânsito que
levaram a atingir 20 pontos na CNH, a qual ensejou-se equivocadamente a instauração
do processo administrativo para suspender o seu direito de dirigir, fica visível o
cerceamento de defesa que sofreu o Recorrente, pois nunca teve a oportunidade de
recorrer das supostas infrações.

Conforme a Súmula 212 do Superior Tribunal de Justiça a notificação é dupla, vejamos:

No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as


notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
As multas cometidas pelo requerente nunca foram notificadas no seu endereço
constante no DETRAN/RJ, estado mesmo atualizado já que a requerente recebeu a
notificação do processo administrativo . Onde se encontra a notificação de que a
notificação foi recebida? Por qual motivo não foi anexada aos autos?

A própria jurisprudência é clara em entender pela necessidade da intimação para


apresentação de defesa, pois caso contrário é o mesmo que cerceamento de defesa,
vejamos:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DE


MULTA POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO SEM A INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE
DEFESA PRÉVIA. DESCABIMENTO.

I - É ilegal a aplicação da penalidade de multa ao proprietário do veículo, sem que haja


a notificação para a apresentação da defesa prévia (Resp nº 426.084/RS, Relator Min.
Luiz Fux, DJ de 02/12/2002, p. 242).

II - Recurso especial provido. (STJ. Resp. 540914/RS. Rel. Min. Francisco Falcão. 1ª
Turma. J: 25.11.2003).

No mesmo sentido:

RECURSO INOMINADO. SEGUNDA TURMA RECURSAL DA FAZENDA PÚBLICA.


DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DO RIO GRANDE DO SUL. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO FORMAL DO INFRATOR. SENTENÇA MANTIDA. Não havendo o DETRAN
se desincumbido de comprovar haver notificado o recorrido, ainda que por edital, há
violação do contraditório e da ampla defesa, merecendo anulação o procedimento
administrativo a partir da sua notificação junto à JARI. RECURSO DESPROVIDO.
UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71005591920, Segunda Turma Recursal da Fazenda
Pública, Turmas Recursais, Relator: Deborah Coleto Assumpção de Moraes, Julgado em
24/02/2016).

Tem-se em vista que, conforme determinação do ordenamento legal o pedido de


conversão da penalidade em questão pode ser feito inclusive em grau de recurso, pois
os órgãos recursais tem competência para modificar ato de autoridade de trânsito,
conforme, inclusive, já se posicionou o próprio CONTRAN:

PROCESSO 014/94; INTERESSADO: Jose Ignácio Sequeira de Almeida - Coordenador da


JARI/SP/SP; Interpretação do artigo 108 do CNT; RELATOR: Senhor Conselheiro:
ALFREDO PERES DA SILVA; o Redator apresentou o Parecer CONTRAN 100/94. Após
apresentação do parecer e do voto do senhor Conselheiro Redator resolve o Plenário,
à unanimidade, o acompanhar decidindo que: a) tanto as JARI's quanto os CETRAN'S
tem competência legal para modificar ato de autoridade de trânsito, incluindo,
obviamente, a transformação de multa em advertência. [...] Dê-se ciência aos
interessados e ao CETRAN/SP. (Parecer 100/94, inserto na Ata da 3.677, da 228ª
Reunião daquele órgão, realizada em 11.10.1994 - DOU de 04.11.1994)

Por fim tendo em vista que o requerente nunca recebeu as notificações referentes as
infrações, é evidente que houve ilegalidade, tendo cerceado o direito de apresentar
defesa prévia das mesmas, inclusive a conversão de infração de natureza leve em
advertência por escrito, o que restaria na sua pontuação diminuída.

Assim, cabe ao Requerente a anulação das infrações em que teve cerceado seu direito
de defesa, e, não sendo este Vosso entendimento, requer a abertura de prazo
oportunizando ao Requerente a apresentação de defesa prévia por todas as supostas
infrações cometidas, sob pena de nulidade das infrações por cerceamento de defesa,
pois, conforme as decisões acima mencionadas a presente Defesa Prévia ainda é
oportunidade para o Requerente defender-se das infrações.
II.3 - Da impossibilidade da suspensão do direito de dirigir

Vale mencionar que o Recorrente nunca sofreu processo administrativo levando a


suspensão e cassação da CNH, também possui extrema necessidade do veículo, não
apenas para meio de locomoção próprio, mas também de toda sua família, bem como
instrumento de trabalho e sustento do lar.

Não é possível que o requerente fique sem poder dirigir, pois poderá acarretar na
pobreza de sua família e inviabilizar o sustento transcendem a pessoa do motorista e
repercutem na manutenção de toda a família, bem como para satisfação das suas
necessidades locomotivas.

Assim, requer que caso não seja atendida os pedidos anteriores, conceda a suspensão
do processo administrativo, pois conforme artigo 6º da CF, o trabalho é um direito
social resguardado ao cidadão, e tem-se por este o único meio de sobrevivência do
Recorrente.

IV – Dos Pedidos

Ante o exposto requer-se:


a) Sucessivamente, o provimento da presente DEFESA PRÉVIA, para declarar a
anulação do presente processo administrativo pela ausência e/ou inexistência de
notificação/infração de trânsito em face da Recorrente;

b) A juntada das notificações realizadas e, em tese, cometidas pelo Recorrente, com


fulcro no art. 325 do CTB, as quais ensejaram a instauração do procedimento
administrativo;

c) A declaração de nulidade ou anulação das infrações em que teve cerceado seu


direito de defesa. Sucessivamente, a abertura de prazo para a apresentação de defesa
prévia pelas supostas infrações cometidas.

Pede deferimento.

Termos em que se pede e espera deferimento.

Minas Gerias, 27 de Março de 2024

_________________________________________________________
Emerson Zanetti (procurador)

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