Impressao
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VISUAL
AULA 6
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Conforme o que explica Fortuna (2006), Kandinsky é tido como um dos
precursores do abstracionismo, com obras como Primeira Aquarela Abstrata
(1910) e outras obras como a da Figura 1.
Créditos: Anton.F/Shutterstock.
Nesse caso, é a cor falando pela cor, a linha falando pela linha, o formato
falando pelo formato, e não mais um conjunto de elementos formais agrupados
para simular algo que está no mundo real. A produção artística no
abstracionismo não tenta simular algo que está no mundo real; ao contrário,
produz uma arte que é concreta, ou seja, a cor simplesmente está na tela, não
simula algo que está fora dela.
Embora seja chamada de arte abstrata, ela é muito mais concreta do que
aquela produzida em movimentos como realismo, neoclassicismo e romantismo,
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que precisam de um grau de abstração mental para ser consideradas
verdadeiras. A arte do impressionismo, por exemplo, requer um observador ativo
que queira entender que manchas coloridas de tonalidades diferentes de verde
representam uma árvore. “O receptor necessita, portanto, desenvolver repertório
específico para entender e interpretar esta ordem lógica. Assim, a comunicação
acontecerá dentro de cunho científico e não somente emocional como sempre
se estabelece com a arte e, principalmente, com a arte abstrata” (Fortuna, 2006).
O artista abstracionista não tem interesse de representar a árvore, e sim
a própria mancha em tonalidades de verde. Não é mais a árvore que lhe
interessa, assim como também não é aquilo que está fora, mas o uso dos
elementos formais em suas obras artísticas. Sobre a percepção artística:
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Figura 3 − Ilustração de uma das obras de Salvador Dalí
Créditos: kumachenkova/Shutterstock.
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Para discutirmos o nível simbólico, podemos dizer que essas obras são
reais e simbólicas: reais porque reconhecemos que as imagens são figurativas;
e simbólicas porque buscamos o significado da obra não apenas pelo seu
aspecto formal, como fizemos na pintura abstrata de Kandinsky.
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pecado. O subjetivismo, a musicalidade e o transcendentalismo são algumas das
características presentes nesse movimento.
Como exemplo de artistas plásticos simbolistas, destacamos Paul
Gauguin e Odilon Redon, cujas obras estão retratadas nas Figuras 4 e 5.
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Jaffé (1964) acreditava que um dos objetivos do artista, por meio do
simbolismo, seria para “expressão à sua visão interior do homem, ao segundo
plano espiritual da vida e do mundo”. Dessa forma, o simbolismo apresenta uma
maior atitude de expressão espiritual do que o aspecto estético. O simbolismo é
considerado também um dos precursores do surrealismo e do expressionismo.
Portanto, podemos concluir que, em grau de dificuldade, o nível
representacional é mais fácil, já o abstrato é mais difícil. Por outro lado,
comparando os três níveis, observamos que o simbólico depende dos outros
dois, o que significa que a leitura de uma obra de arte classificada como
simbólica não separa a forma (imagem figurativa ou abstrata) do seu conteúdo
(personagens ou produtos divulgados pela mídia), portanto sua compreensão
depende do valor histórico e cultural da imagem como um todo, em função da
época em que foi produzida pelo artista. Para alcançar esses objetivos era
necessário que os artistas tivessem domínio e conhecimento a respeito dos
elementos básicos da linguagem visual.
TEMA 4 – OP ART
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O movimento Op Art foi baseado nas Teorias das Cores, na fisiologia e da
psicologia das percepções. Trabalha com estímulos visuais e princípios
científicos, compartilhando uma estética dos elementos óticos para causar no
observador ilusões de ótica, além de se diferenciar dos outros estilos modernos,
podendo o observador participar e se envolver mais ativamente com suas obras.
Conforme ressalta Manaia (2019) vários conceitos da Gestalt, por exemplo, são
aplicados ao Op Art.
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O Op Art é um estilo interessante, com uma proposta diferente, buscando
uma interação com a visão do observador. Muitos afirmam que sua contribuição
foi maior para a ciência do que para as artes.
Existem dois tipos de respostas para tentar explicar esta ilusão, teorias
cognitivas e teorias fisiológicas. As primeiras atribuem a ilusão à má
aplicação dos conhecimentos e estratégias, enquanto as segundas
defendem que as ilusões são consequência de perturbações nos
canais de informação ou nas unidades funcionais que manipulam
sinais no sistema visual. No entanto, nenhuma explica completamente
como a ilusão ocorre. Aquela que explica a ilusão pela via cognitiva
recebeu suporte de estudos no campo da neurologia realizados na
década passada, que demonstraram, por meio da análise de imagens
por ressonância magnética, a ativação do córtex occipital lateral e o
córtex parietal posterior na construção da percepção da ilusão. De
acordo com essas pesquisas, as duas áreas interagem na produção
da ilusão de ótica. A primeira seria ativada por meio do reflexo do
processamento de integração da figura, o que resulta do agrupamento
dos segmentos de reta que a compõem. Essa região do córtex occipital
lateral também pode estar envolvida na formação da representação do
comprimento dos estímulos (as retas). Já o córtex parietal posterior
seria ativado pelo processamento da representação espacial desses
estímulos. A limitação dessa abordagem, porém, é não explicar como
pessoas cegas ou com baixa visão são suscetíveis à ilusão de Müller-
Lyer em testes táteis. A explicação fisiológica, por sua vez, atribui a
percepção de que uma reta é maior do que a outra ao fato de que as
setas atrairiam o olho para além da reta, dando a impressão de que
uma é maior e a outra é menor.
A ilusão de ótica não está ligada apenas aos nossos olhos. Como já foi
apresentado, a informação visual é absorvida quando a luz atinge a retina, sendo
transmitida para o nervo ótico, e depois o cérebro vai interpretar a mensagem. O
cérebro então é responsável por extrair dados brutos sobre os comprimentos de
ondas de luz e desvendar os padrões usando a memória, e para dar sentido às
imagens. Como os olhos transmitem uma enorme quantidade de informações ao
cérebro, e requer muito poder cerebral para processar tudo, este cria "atalhos"
para entender o que está sendo visto, fazendo suposições sobre algo em vez de
realmente "ver" como realmente é. É isso que faz com que sejam criadas as
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ilusões de ótica. As sombras, a perspectiva e a cor dão algumas das pistas que
o cérebro usa para tomar decisões a respeito do que está sendo enxergado.
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Agora veja o caso da Figura 8, a seguir. A imagem, por conta das cores e
formas utilizadas, causa a ilusão de ótica transmitir duas impressões diferentes:
a de um cálice preto e a de duas faces de perfil (ao se focar a cor branca).
Créditos: luma_art/Shutterstock.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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exemplos de arte do início do século XX. Na sequência, nosso foco se voltou
para o processo de percepção visual aplicado ao abstracionismo, e nesse
contexto tratamos do aspecto simbólico da percepção.
Conhecemos ainda um pouco da produção inserida no Op Art, movimento
artístico que explorou a arte abstrata, e reconhecemos conceitos da percepção
visual na maioria das obras. Por fim, aprendemos sobre as ilusões de ótica e
como ocorrem, levando em conta o processo de percepção visual já apresentado
anteriormente.
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REFERÊNCIAS
AVANCINI, M. M. Ver para crer ou crer para ver? O que as ilusões de ótica dizem
sobre nossa percepção. ComCiência, Campinas, n. 153, 10 nov. 2013.
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