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CALuminotecnica 1

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Conforto Ambiental:

Luminotécnica
Material Teórico
O Conforto Ambiental e a Iluminação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Altimar Cypriano

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Conforto Ambiental e a Iluminação

• Introdução;
• Variáveis de Projeto – Luz, Espaço, Ser Humano;
• Luz e Visão – Percepção Visual e Conforto Visual;
• Exigências Humanas e Funcionais.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer conceitos básicos de iluminação e a sua aplicação em projeto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE O Conforto Ambiental e a Iluminação

Introdução
A luz é vital para todos os seres que habitam a Terra, sendo que o ciclo dia e
noite, luz e escuridão, é responsável, entre outras coisas, pela regulação do meta-
bolismo humano. A luz é uma radiação eletromagnética com propriedade de onda
e partícula; a luz, de acordo com Tregenza (2015, p. 19), é “um fluxo de energia”.
A luz se propaga pelo ar em linha reta a uma velocidade de 300 mil quilômetros
por segundo e tem a capacidade de sensibilizar o olho humano. Apenas a pequena
faixa entre a radiação ultravioleta e a radiação infravermelha é visível ao olho hu-
mano e está situada entre 380nm e 780nm.

Figura 1 – Espectro eletromagnético e faixa de luz visível (indicado – seta)


Fonte: Adaptado de Tregenza, 2015, p. 24

A luz do Sol é conhecida como a fonte de luz natural, enquanto a luz produzida
por mãos humanas é luz artificial. A luminotécnica é a parte do Conforto Am-
biental que trata especificamente da aplicação da iluminação artificial nos espaços
arquitetônicos internos e externos.

As experiências humanas são construídas a partir dos nossos sentidos e da nos-


sa percepção, por meio de processos complexos que envolvem visão, tato, olfato,
paladar, audição, e suas conexões com o cérebro interpretam e classificam os estí-
mulos recebidos praticamente instantaneamente. O olho é o órgão responsável por
detectar e proporcionar o sentido da visão, e sem a presença da luz nada seria visto.
A sensação é um fenômeno psíquico elementar que resulta da ação de
estímulos externos sobre os órgãos dos sentidos. [...]. As sensações nos
fazem relacionar com nosso próprio organismo, com o mundo exterior
e com tudo que está à nossa volta. O conhecimento do mundo exterior
resulta das sensações que conseguimos captar através dos órgãos dos
sentidos e do sistema nervoso. (LIMA, 2010, p. 23.)

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Ter o domínio de fontes de luz artificiais foi um dos grandes desafios nos pri-
mórdios da humanidade e teve certamente uma importância significativa na defesa
para a sobrevivência, segurança e conforto do ser humano. A produção do fogo e
sua manutenção como fonte de luz e calor implicou a criação e desenvolvimento da
tecnologia necessária para isso, procurando-se e explorando-se materiais que su-
prissem essa necessidade, tais como o óleo ou o sebo animal, parafina, querosene
e gás, o que culminou na invenção da eletricidade e da lâmpada elétrica.

Muitas culturas antigas, como, por exemplo, a egípcia, consideravam como di-
vindades o Sol e outros astros celestes. Vestígios de estruturas e ruínas de culturas
ancestrais possivelmente eram utilizados em rituais de adoração, assim como pa-
rece que serviam como relógio solar, que marcava o tempo e possibilitava definir
o momento do plantio, colheita ou o estoque de alimento para a sobrevivência
durante a estiagem ou nos períodos de inverno rigoroso.

Variáveis de Projeto – Luz,


Espaço, Ser Humano
A vida no planeta Terra está relacionada ao ciclo dia/noite, luz/escuridão, e esta
condição implica o ritmo biológico de todos os seres vivos. O ciclo biológico do ser
humano é chamado de ciclo circadiano (do latim circa – cerca de + diem – dia):
O ritmo biológico do ser humano é de cerca de vinte e quatro horas, e é
chamado de ciclo circadiano, a palavra é derivada do termo em latim “cir-
ca diem”, que significa cerca de um dia. Na realidade nosso ciclo ou ritmo
biológico é de 24 horas e 10 minutos e regula os períodos de sono e de
despertar, ciclos lunares e solares, sendo responsável por nos colocar em
estado de alerta e atenção ou relaxamento. A luz tem grande influência
nos principais ritmos biológicos, ou ritmos de tempo, assim como tem
influência na saúde física e mental do ser humano, por ser um agente
controlador desse ritmo, dependendo de características como temperatu-
ra de cor, intensidade etc. (CYPRIANO, 2013.)

A saúde, o bem-estar e humor do ser humano estão associados diretamente com


o contato com a luz natural. A produção de hormônios, como a melatonina e o
cortisol, está relacionada à exposição ou não à luz. A melatonina é considerada um
importante marcador da fase e da amplitude dos ritmos circadianos, colaborando
para a regulação do organismo. Esse hormônio é produzido à noite e sob condições
de escuridão e contribui para a manutenção da saúde.
O homem é um ser totalmente dependente da luz, pois cerca de 70% da
percepção humana é visual. Ela faz parte de sua vida, do seu dia a dia, do
seu modo de habitar. Desde que nasce, o homem está sendo submetido
ao ritmo da natureza, da existência da noite e do dia, elementos que
são condições necessárias para que ele se sinta pertencente ao próprio
tempo. (VIANNA E GONÇALVES, 2007, p. 27.)

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UNIDADE O Conforto Ambiental e a Iluminação

A Fototerapia, a Cronoterapia e a Cromoterapia são terapias que utilizam a luz


no tratamento ou prevenção de doenças. A Fototerapia é utilizada desde o século
XX para o tratamento de raquitismo e de icterícia em recém-nascidos. A Cronote-
rapia é uma espécie de fototerapia que tem sido adotada para o controle e/ou ajuste
dos ciclos biológicos em trabalhadores de turnos noturnos, como enfermeiros e mé-
dicos, ou pilotos e comissários para solucionar problemas de fadiga de viagem, para
a regulação da produção desses hormônios e, consequentemente, a diminuição da
incidência de doenças. A Cromoterapia é a utilização da cor da luz como tratamen-
to terapêutico existente em diversas culturas e com objetivo de buscar a harmonia
e o equilíbrio entre corpo e mente.

A luz é elemento indissociável da arquitetura, sem a presença da luz nada poderia


ser visto, participando de maneira imprescindível do nosso processo de percepção
visual. O entendimento dos espaços depende da luz, assim como o entendimento
da sua materialidade e das suas características compositivas, como cores e texturas.
A arquitetura como realização das necessidades e desejos do homem
sempre trouxe dentro de si a preocupação com a luz, como possibilitar
ao homem que cria aquilo que lhe é fundamental: a concretização de seus
próprios sentimentos através do espaço-luz. (VIANNA E GONÇALVES,
2007, p. 27.)

A luz é responsável por revelar a arquitetura, o espaço, forma e seus significa-


dos; além disso, a iluminação deve atender às necessidades humanas, permitindo
que diversas atividades sejam desenvolvidas com conforto e segurança. A ilumina-
ção natural e a artificial também são fundamentais para a construção da atmosfera,
sendo consagradas por arquitetos e designers, que as utilizam como recurso para
evidenciar os elementos relevantes dos espaços projetados, que muitas vezes pas-
sam despercebidos.
O arquiteto projeta para o homem e, portanto, deve ter como o seu ob-
jetivo maior o bem-estar dos indivíduos, no seu sentido mais amplo, ou
seja, atingir o conforto psicofísico e social daqueles que usam o espaço
que ele propõe [...] Apesar da grande importância que tem o conforto
para a Arquitetura, e dentro dele os aspectos ligados à percepção e exi-
gências humanas, vemos que muito pouca atenção tem sido dada a eles,
principalmente aos aspectos psicofísico-sensoriais. Temos que nos preo-
cupar em qualquer projeto com a relação existente entre Homem-função-
-espaço, ou seja, com as características de cada função e o modo como
o Homem a realiza após percebê-la. Quando projetamos um edifício, nós
raramente nos preocupamos com a reação da mente humana. (VIANNA
E GONÇALVES, 2007, p. 83.)

O que nos leva a achar um lugar mais agradável do que outro? Por vezes, essas
sensações de bem-estar e de conforto estão ligadas à maneira como a iluminação
destes ambientes foi projetada. Quando o projeto de arquitetura considera aspectos
que contribuem na construção da atmosfera pretendida, e certamente a iluminação
pode contribuir positivamente para as sensações de bem-estar, segurança e

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conforto, há um aporte positivo na percepção e aspectos psicofísicos. A percepção
da luz só acontece na presença de elementos para a sua reflexão, assim como os
volumes, texturas e formas só se revelam na presença da luz.

Luz e Visão – Percepção Visual


e Conforto Visual
A luz tem a capacidade de contribuir para o reforço de uma informação ou de uma
narrativa; no teatro, ao longo do tempo, ela foi utilizada como elemento participante
do processo de dramatização. Nas cenas mais dramáticas, por exemplo, geralmente
é utilizada uma iluminação mais pontual, com fachos de luz mais concentrados e
intensos, criando efeitos de claro e escuro, procurando reforçar essa narrativa.

O olho é o órgão responsável por detectar e proporcionar o sentido da visão.


Nosso olho é protegido por uma membrana transparente, que permite a entrada
de luz, chamada córnea. A córnea antecede a íris, que, por sua vez, controla a
quantidade de luz que penetra no interior do olho, regulando a abertura da pupila,
abertura escura circular no centro da íris. Atrás da íris encontra-se o cristalino, uma
lente que foca as imagens e as projeta invertidas na retina, através do humor vítreo,
fluido viscoso que preenche o interior do olho. A retina é uma membrana fina que
se encontra na parte posterior do olho. Nossa retina é constituída por dois tipos de
células: os cones e os bastonetes, que nos proporcionam a percepção da cor e lumi-
nosidade. Os cones estão concentrados na região central da retina, chamada fóvea,
e são responsáveis pela visão central, da luz do dia, de cores e texturas. Os bastone-
tes são responsáveis pela visão noturna, alteração no brilho e tonalidades de cinza.

Anatomia do Olho Humano

Lente
Íris Esclera
Retina
Córnea
Coróide

Pupila Fovea

Humor aquoso da Nervo óptico


câmara anterior
Ligamentos
Suspensivos

Figura 2 – Seção do olho humano, anatomia dos olhos humanos


Fonte: Adaptado de Getty Images

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UNIDADE O Conforto Ambiental e a Iluminação

Nossa conexão com o mundo é feita por meio dos nossos sentidos, que, natural-
mente, atuam em conjunto; assim, a percepção que temos das coisas é construída
a partir dos estímulos que recebemos diariamente. A percepção visual desempe-
nha um papel fundamental nesse processo, porém sentir a arquitetura não exclui
as pessoas que possuem alguma deficiência visual, as experiências sensoriais se
estendem para todos os nossos sentidos.
Pode-se definir a percepção como a função psíquica que permite ao orga-
nismo, através dos sentidos, receber e elaborar a informação proveniente
de seu entorno. Há vários fatores que interferem na percepção de um
objeto: A) os estímulos sensoriais; B) a localização do objeto no tempo e
no espaço; C) a influência das experiências prévias dos sujeitos, tais como
a cultura e a educação. (LIMA, 2010, p. 24.)

O processo de percepção envolve vários estágios, entre eles a interpretação,


a classificação, a atribuição de significado, a expectativa e o componente afetivo.
Nesse processo, as informações visuais passam por três etapas: captação da ima-
gem pelo olho, tratamento da imagem por células da retina e processamento da
informação pelo cérebro.

O olho humano possui propriedades específicas que atuam conjuntamente e


permitem ajustes de acordo com as condições de exposição, como a acomodação
– alteração da curva do cristalino que modifica a curva do foco; convergência – de
acordo com o ponto observado, os olhos fazem uma convergência binocular para
que as projeções na retina sejam melhor compreendidas; adaptação – é o ajuste
automático das pupilas às condições de luz, reduzindo ou aumentando a entrada
de raios luminosos sobre a retina, este ajuste possibilita que o olho se adapte a
desde altas iluminâncias de dias ensolarados (que podem chegar até 100.000 lux)
até as baixas iluminâncias das noites (noites de luar com apenas 0,25 lux); acui-
dade visual – capacidade de distinguir detalhes dos objetos em relação à distância
do observador; campo visual – é a área vista pelo observador dividida em cones
imaginários1 medidos em ângulos em função do eixo ótico do cristalino (campo vi-
sual central – comandado pelas células do tipo cones, determinado por um ângulo
de 2°, responsável pela visão de detalhes e cores, entre 30° e 60° – não há muito
a percepção de detalhes e cores, comandada pela região da retina onde estão os
bastonetes – campo visual periférico); quanto mais se afasta do centro do campo
visual, menor a percepção das formas dos objetos.

Nosso sistema de percepção visual envolve o olho e o cérebro e este faz a distin-
ção dos objetos que merecem atenção. Nosso olho se ajusta rapidamente para as
condições apresentadas, entretanto devido à orientação temporal, existe para nós
uma relação entre a iluminação dos ambientes internos e externos, e nossa expec-
tativa é que durante o dia seja mais claro fora dos edifícios e à noite mais escuro.

O olhar é atraído pelo brilho, assim quanto mais vibrante for o objeto numa
cena, mais ele se torna visível e mais ele participa dessa cena. O contraste entre o

1 Forma geométrica cônica determinada pelo ângulo do campo visual. Nota do autor da unidade.

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escuro do entorno e o claro de uma iluminação dirigida aumenta a dramaticidade.
O conforto visual é a qualidade conseguida por meio da redução ou eliminação de
ofuscamentos ou brilhos indesejados, equilíbrio entre as luminâncias das superfícies,
correta percepção dos elementos, como cores, texturas, formas, dimensões, etc.

O nosso processo de percepção visual transcorre de maneira inconsciente, o


olho capta a imagem, que é imediatamente registrada e classificada; quando rele-
vante, a informação é armazenada.

Para Howard Brandston (2010, p. 14), a percepção “consciente” pode ser trei-
nada, “é imprescindível que sejamos capazes de ver o que estamos olhando”, um
repertório visual e perceptivo registrado como experiência qualitativa e que servirá
de repertório referencial, que também pode ser associado a parâmetros quantita-
tivos e, se necessário, medido e confrontado com o que foi experimentado. Ainda
de acordo com Howard Brandston (2010, p. 14), “a mais simples característica
definidora da iluminação, mas talvez o seu maior mistério”, está justamente nesse
“processo de aprender a ver”.
Aprender a ver significa registrar mentalmente as causas de nossas
emoções ou reações em resposta à experiência da cena que estamos
vendo. É imprescindível que sejamos capazes de ver o que estamos olhando
– para apreciar, relembrar, registrar. Para compreender qualquer cena
visual e a emoção que ela evoca, deve-se fazer mais do que apenas olhar.
(BRANDSTON, 2010, p. 14.)

Leia mais sobre percepção visual na arquitetura em: http://bit.ly/2PvmwST e saiba mais sobre
Explor

conforto visual em: https://philips.to/2BWLHFW

Exigências Humanas e Funcionais


A arquitetura tem como objetivo o atendimento das necessidades, satisfação e
bem-estar das pessoas (VIANNA E GONÇALVES, 2004, p. 83), no que diz respeito
tanto ao desempenho das atividades funcionais – exercer qualquer tipo de atividade,
quanto às necessidades biológicas – que relacionam o espaço às questões emocio-
nais (LIMA, 2011, p. 107). A arquitetura e a iluminação devem promover qualidade
nos espaços habitáveis. A luz, elemento indissociável da arquitetura, desempenha
um papel essencial na construção de ambientes mais adequados ao ser humano.

A iluminação com fontes de luz artificiais foi sendo incorporada aos ambientes,
especialmente nos espaços laborativos, desde o advento da lâmpada elétrica de
Thomas Edison, em 1879, e após a Segunda Guerra, entre as décadas de 1950
e 1960, começa a participar mais efetivamente do processo projetivo, com a

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UNIDADE O Conforto Ambiental e a Iluminação

“migração” de profissionais ligados ao teatro (cenografia e iluminação cênica) nos


Estados Unidos e Europa. Até então, não se projetava a iluminação, especialmente a
artificial, com objetivos de qualificar o espaço arquitetônico, ainda que atendesse às
necessidades na utilização desses espaços. A casa medieval era fria, mal iluminada;
no barroco, a luminosidade se torna o ponto central do projeto e tudo é idealizado
em função da luz, que evidencia as formas, brilhos, saliências e reentrâncias.
A iluminação arquitetônica como design sistematizado começou a flores-
cer no início do século XX. Nomes como Stanley MC Candless, Richard
Kelly, Bill Richardson, John Waldrum, para citar alguns, desenharam
sistemas de iluminação que eram poesias para serem apreciadas. Eram
poucos. Felizmente, tive a oportunidade de conhecer a maioria deles
como mentores e de guardar como ‘amigos’ dos tempos de universidade
[...]. (BRANDSTON, 2010, p. 49.)

É aconselhável que o projeto de luminotécnica seja desenvolvido concomitante-


mente com o projeto arquitetônico, dessa maneira poderá haver uma maior har-
monia entre a iluminação natural e a iluminação artificial, assim como uma maior
integração dos sistemas propostos com os elementos da arquitetura, racionalização
de infraestrutura, rapidez na instalação, etc.

A Norma Brasileira que estabelece os parâmetros quantitativos e qualitativos


para os projetos de iluminação de espaços interiores é a ABNT NBR ISO 8995 – 1,
determinando quais os níveis de iluminação (iluminâncias) que deverão ser aplicados
nos ambientes em função das tarefas que neles serão desempenhadas. As normas e
manuais são instrumentos fundamentais para a orientação no desenvolvimento dos
projetos, objetivando a qualidade dos ambientes no que diz respeito à iluminação,
e, portanto, ao bem-estar dos usuários.

A quantidade de luz está muitas vezes relacionada apenas com o atendimento


do requisito básico para a realização de tarefas, entretanto quantidade e qualidade
da luz devem ser associadas no projeto, pois uma iluminação adequada possibilita a
correta leitura dos espaços, compreensão dos elementos arquitetônicos e materiais
utilizados; desta maneira, uma composição adequada de quantidade e qualidade da
iluminação deve ser um objetivo do projeto de luminotécnica.
Em qualquer espaço que você desenhe, seja por interesse pessoal ou
profissional, precisa ser considerada, holisticamente, uma sinergia entre
elementos emaranhados. Haverá uma interação entre zonas, do exterior
ao interior, da lanchonete ao auditório, do porão ao piso térreo. O que
acontece em cada fase do movimento? Analise minuciosamente a área
e suas adjacências. E comece pelo primeiro passo: como as pessoas, de
imediato, percebem o espaço em questão, e quais suas primeiras impres-
sões? Como se chega lá? Toma-se um trem, depois um táxi? Uma vez
tendo chegado, o que se faz? Descem-se as escadas, sobe-se pela escada
rolante, espera-se no saguão, toma-se um elevador? É um elevador pa-
norâmico? Considere cada passo do percurso: como se dá o acesso ao
espaço e o que as pessoas podem experimentar ao fazê-lo – o acesso é

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sempre um ponto crítico. Para onde as pessoas irão e como seu deslo-
camento pode ser feito de modo eficiente, confortável, estimulante ou,
quem sabe, tranquilo? Depois, considere a transição entre uma zona e
outra: as funções de cada uma delas muda drasticamente? Como os espa-
ços são afetados por elementos sombreadores, cortinas ou persianas? As
paredes são escuras, os carpetes claros? Existem atividades diversas ou a
maioria dos ocupantes está trabalhando em seus nichos? Esta é apenas
uma amostra de perguntas que devem guiá-lo na maneira de avaliar as
questões, independentemente de você estar desenhando um interior, um
projeto de arquitetura, de iluminação ou, mais precisamente, espaços da
vida. (BRANDSTON, 2010, p 59 e p. 60.)

Um projeto de luminotécnica deve atender a diversos critérios, como os níveis


de iluminação adequados (assim como a distribuição da luz, o conforto visual), de-
finição e especificação adequada de fontes de luz e luminárias (quanto ao design,
custo, tecnologia, economia de energia, manutenção, etc.). Um bom projeto de lu-
minotécnica também deve levar em consideração a arquitetura (procurando enten-
der as intenções do projeto arquitetônico e de interiores, observando a hierarquia
dos espaços, integração da iluminação aos elementos arquitetônicos, valorização
dos espaços, etc.).

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UNIDADE O Conforto Ambiental e a Iluminação

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Iluminating Engeneering Society
IESNA – Illuminating Engineering Society of North America. Iluminating Engeneering
Society. Handbook. Vol. 2. New York: 2003.
Light Revealing Architecture
MILLET, M. Light revealing architecture. Van Nostrand Reinhold, New York, 1996.
Do Material à Arquitetura
MOHOLY-NAGY, L. Do material à arquitetura. Barcelona: Gustavo Gili, 2005
(Publicado originalmente por Gebr. Mann Verlag, Berlim, 2001, que por sua vez já era
uma reimpressão fac-símile da edição de 1929.)
Os Olhos da Pele: a Arquitetura e os Sentidos
PALLASMAA, J. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre:
Bookamn, 2011.

Leitura
Perceptual Dynamics of Daylight in Architecture
Leia mais sobre percepção visual na arquitetura em: Daylight.
http://bit.ly/2PvmwST
How Glare Causes Visual Discomfort in the Office – and how Good Lighting can Help
Leia mais sobre conforto visual em: Philips.
https://philips.to/2BWLHFW

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Referências
BRANDSTON, H. Aprender a ver: a essência do design da iluminação. Tradução de
Paulo Sergio Scarazzato. 1ª edição. São Paulo: De Maio Comunicação e Editora, 2010.

CYPRIANO, A. Iluminação artificial na percepção da arquitetura. Considera-


ções sobre aspectos quantitativos e qualitativos no processo de projeto. São
Paulo, 2013. Dissertação de Mestrado. Área de Concentração – Tecnologia da
Arquitetura. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
– FAUUSP. 203 p.: il. Orientador: Paulo Sergio Scarazzato.

LIMA, M. R. C. de. Percepção visual aplicada à arquitetura e à iluminação. Rio


de Janeiro: Ciência Moderna, 2010.

TREGENZA, P.; LOE, D. Projeto de iluminação. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman,


2015. 208 p. Recurso online. ISBN 9788582603345 (e-book).

VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. C. S. Iluminação e arquitetura. 2ª edição. São


Paulo: Geros Arquitetura, 2004.

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