CAAcustica 3
CAAcustica 3
CAAcustica 3
Acústica
Material Teórico
Tratamento Acústico
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Tratamento Acústico
• Introdução;
• Absorção Sonora.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer materiais e usos para a execução dos projetos de tratamento acústico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Tratamento Acústico
Introdução
Quando tratamos de conforto ambiental acústico, mesmo que este conceito seja
subjetivo, como já estudamos, deve estar balizado por alguns parâmetros, e no caso
brasileiro esses parâmetros estão estabelecidos em nossas normas e regras.
A NBR 10151 indica os níveis sonoros para cada tipo de uso de um ambiente,
preservando o conforto sonoro dos espaços, em função da utilização, ou seja, os
níveis sonoros que são admitidos em um teatro, por exemplo, são diferentes dos
níveis sonoros que são admitidos em uma biblioteca, e é necessário que esses níveis
sejam definidos e seguidos – e é disso que trata essa norma.
Outra norma que deve ser utilizada em nossos projetos é a NBR 12179, que
aborda o tratamento acústico de ambientes, listando os níveis de absorção sonora
de vários materiais, e que deve ser utilizada nos cálculos dos tempos de reverbera-
ção dos espaços, de acordo com o seu uso e a sua finalidade, além, é claro, de suas
dimensões e de seu volume.
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A próxima característica do som a ser estudada é a ressonância, que pode ser en-
tendida como a vibração de um corpo que é influenciada pela vibração de outro cor-
po. Você já deve ter visto a cena clássica de um copo de cristal sendo quebrado por
uma pessoa que se utiliza apenas da voz, certo? Isso acontece pela ressonância, ou
seja, a voz da pessoa emite vibrações, caso a frequência dessas vibrações coincida
com a frequência das vibrações da taça, o aumento na amplitude da onda, devido ao
aumento de potência, fará com que a estrutura da taça acabe por colapsar e quebrar.
Assista a este vídeo, do programa da “Eliana”, onde um participante consegue quebrar a taça
Explor
Na Figura 1 é possível ver como as ondas sonoras se chocam com uma su-
perfície que é rígida, mas que não é lisa – podemos ver como as ondas mudam
de direção. O que acontece é que a difusão causa um espalhamento no som, de
forma geral, distribuindo-o de modo mais uniforme no ambiente. Essa é uma das
características que mais utilizamos no tratamento acústico, pois com determinada
intensidade sonora conseguimos preencher um ambiente de maneira regular.
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UNIDADE Tratamento Acústico
Outra preocupação deve ser a estética final, ou seja, o aspecto que o projeto
terá, devendo ser um dos fatores a serem considerados na execução de um projeto
acústico, já que existe grande variedade de difusores no mercado – e a escolha de
qual será utilizado é feita pelo projetista responsável.
Como é possível no link acima, existem vários raios sonoros que chegam ao re-
ceptor a partir do emissor, cada um desses raios faz um percurso diferente, alguns
mais diretos e, portanto, mais rápidos; alguns com mais desvios e, portanto, mais
lentos. Mas o que isto significa?
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Isso quer dizer que teremos vários raios sonoros chegando ao mesmo receptor
em tempos diferentes, ou seja, esse receptor ouvirá o mesmo som várias vezes, em
momentos específicos. Dessa forma, será muito difícil conseguir entender o que é
dito, já que a mesma letra e as mesmas palavras chegarão aos ouvidos do recep-
tor em vários momentos. É claro que a intensidade sonora vai diminuindo com o
tempo, ou seja, quanto mais tempo os raios sonoros ficarem no ambiente, menos
potência terão, e com o tempo o som desaparecerá, mas até que isto aconteça, o
entendimento da fala será quase impossível.
É claro que existem lugares e momentos em que pode ser interessante que o
tempo de reverberação seja alto: imagine uma catedral gótica, com um grupo de
padres rezando uma missa com o auxílio do canto gregoriano, ou uma récita de
um órgão! O tempo de reverberação dentro de uma dessas igrejas é muito alto,
chegando a vários segundos. Tal tempo de reverberação faz parte dos efeitos ca-
racterísticos desse tipo de música – do contrário, as composições feitas para serem
executadas nesses espaços não teriam a mesma sonoridade.
Mas o que isso quer dizer na prática? Como você se lembra, a velocidade do
som é de 340 m/s. Como conseguimos distinguir sons com intervalos de 0,1s, isso
significa que o som precisa percorrer, pelo menos, 34 metros antes de retornar aos
ouvidos da fonte emissora para que seja entendido como um eco, de modo que o
som que acabou de ser emitido deve encontrar uma barreira rígida a, pelo menos,
17 metros de distância para que seja captado corretamente pelo emissor.
Explor
Eco: http://bit.ly/2ZwZnFX
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UNIDADE Tratamento Acústico
A transmissão por impacto é mais comum em lajes, isto é, quando o seu vizinho
do andar de cima pisa com muita força ou quando um objeto pesado cai no chão,
de modo que o som é transmitido pelo impacto – e não pelo ar.
A NBR 10575 impõe limites a esses tipos de transmissão, o que significa que o
material que será utilizado para a vedação entre as unidades deverá ser escolhido
em função da sua absorção sonora, ou deverá ser combinado com algum tipo de
isolante acústico. A mesma coisa acontece com as lajes que deverão receber uma
camada de isolante acústico, evitando a transmissão por impacto.
Absorção Sonora
A absorção ocorre quando o som que chega até determinado material é “absor-
vido” pelo qual, ou seja, esse som para de se propagar e não é refletido de volta ao
ambiente ou à fonte. Como a absorção sonora está diretamente ligada à dissipação
sonora, já que o som penetra nesses materiais e perde a sua potência, os materiais
que são considerados bons absorvedores de sons são os porosos, leves e moles.
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Se pensarmos em uma escala pequena, os raios sonoros penetram nesses ma-
teriais macios através dos poros ou das aberturas que apresentam, e vão perdendo
a sua potência, ficando “presos” nessas fibras, ou nesses pequenos espaços. Por tal
motivo, os materiais que são considerados bons absorvedores sonoros incluem as
espumas, lãs de vidro, de rocha ou de Polietileno Tereftalato (PET), os tecidos, des-
de que tenham uma espessura relativamente grande e os feltros – você já deve ter
reparado que as paredes dos cinemas e de alguns teatros são revestidas de carpete,
certo? Agora você entendeu a razão disso.
Sabine percebeu, então, que as diferenças entre esses espaços era o material,
e iniciou alguns testes, fazendo mudanças nos materiais de acabamento desses
espaços, e alterando, assim, a acústica dos ambientes. Dessa maneira, Sabine
percebeu que alguns materiais deixavam o ambiente com uma sonoridade mais
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UNIDADE Tratamento Acústico
inteligível, ou seja, em função do que era empregado, o tempo em que o som ficava
reverberando no espaço era alterado, o que facilitava o entendimento.
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Essas medições são realizadas em instituições certificadas, pois os níveis de ru-
ído produzidos pelas máquinas e aparelhos são definidos por normas que devem
ser observadas. Na Figura 4, por exemplo, a câmara apresentada é do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo (USP). Na Figura
é possível ver uma grande porta, a qual permite a passagem de veículos, máquinas
e equipamentos que necessitam de aferição de suas qualidades sonoras que, por
sua vez, devem também atender às normas. Isso mostra como é séria a questão
acústica para a nossa sociedade, de modo que a medição e aferição desses dados
deve, portanto, ser encarada de maneira séria por todos, inclusive por arquitetos,
engenheiros e designers.
1,2
1,0
Coeficiente de Absorção ()
0,8
equivalente m2
0,6
0,4
Espaçamento - 15 cm entre painéis
0,2
Espaçamento - 15 cm entre painéis
0,0
125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz NRC
Espessura
Uma das descobertas mais importantes desse físico – e utilizada até hoje – é a
fórmula para o cálculo dos tempos de reverberação de um ambiente. Um tempo de
reverberação muito alto deixa o som ininteligível, como já estudamos, mas um tem-
po de reverberação muito baixo pode deixar o som seco, isto é, embora inteligível,
o som parece uma fala brusca e violenta, algo que não é agradável aos ouvidos.
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UNIDADE Tratamento Acústico
Finalmente, temos a somatória das superfícies de absorção (ΣS). Mas o que são
as superfícies de absorção? Quando mencionamos um ambiente construído para o
cálculo do tempo de reverberação, tratamos do espaço formado por paredes, piso
e teto. Cada um desses elementos tem determinada área, isto é, cada uma das pa-
redes, o teto e piso têm áreas diferentes e, além disso, tais elementos também são
construídos ou revestidos com um ou mais materiais – mesmo que esses elementos
ainda não tenham nenhum tipo de revestimento.
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Figura 6 – Sala
Fonte: Acervo do conteudista
Começaremos com a parede que está à frente no desenho e que tem a porta.
Vamos chamá-la de parede 1. É interessante que você sempre organize o seu pen-
samento desse modo, racionalizando o seu trabalho, ou seja, teremos as paredes 1,
2, 3 etc. Na Figura 7 é possível ver que a área dessa parede é de 15,00 m², ou seja,
5,00 m de largura, multiplicado por 3,00 m de altura. Lembre-se que na figura 6,
estamos vendo as medidas externas da sala, enquanto que, para nossos cálculos,
devemos utilizar as medidas internas, conforme a figura 7.
Figura 7 – Parede 1
Fonte: Acervo do conteudista
É igualmente possível notar que temos uma porta nessa parede. Tal porta é
de madeira maciça, que tem um coeficiente de absorção sonora de 0,06 Sabine,
a parede de alvenaria tem um acabamento em reboco liso com pintura, com um
coeficiente de absorção sonora de 0,03 Sabine. Como vimos, esse coeficiente de
absorção variará de acordo com a frequência sonora, portanto, quando fazemos
esse tipo de cálculo, utilizamos uma frequência de 500 Hz, considerada média.
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UNIDADE Tratamento Acústico
Nossa porta tem 1,00 m de largura por 2,10 m de altura, bastando fazer a mul-
tiplicação, conforme a seguir:
• Área porta = 1,00 m × 2,10 m = 2,10 m²
Para encontrar a área de alvenaria, basta subtrair a área que acabamos de cal-
cular da porta, da área que já conhecemos da parede, conforme mostrado a seguir:
• Área alvenaria = 15,00 m² - 2,10 m² = 12,90 m²
Significa que, das ondas sonoras que chegarem à porta, 12,6% serão absor-
vidas. Uma parte do restante dessas ondas será refletida de volta para dentro do
ambiente, e uma outra parcela será transmitida para outro ambiente através desse
material. Simples de entender estes conceitos, certo?
Simples até aqui, certo? Até agora conseguimos a área de absorção de cada um
dos elementos que compõem a parede. Para que possamos obter a área de absor-
ção da parede, devemos, finalmente, somar os dois resultados:
• S parede1 = 0,126 m²/Sabine + 0,387 m²/Sabine = 0,513 m²/Sabine
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Para a parede 3, que é a outra parede com 5 m de comprimento e que tem uma
área de 15 m², o cálculo ficará da seguinte maneira:
• S parede3 = 15 m² × 0,03 Sabine = 0,45 m²/Sabine
Fácil até aqui, certo? Devemos, agora, calcular as áreas de absorção do piso e
teto de maneira semelhante ao que fizemos com as paredes. Ao começar pelo piso,
sabemos que a sua área é de 50 m²; o material em que o piso se apresenta neste
momento é o concreto aparente, ou seja, ainda não foi aplicado nenhum tipo de
revestimento; o coeficiente de absorção do concreto é de 0,03 Sabine, portanto, o
cálculo ficará desta forma:
• S piso = 50 m² × 0,03 Sabine = 1,5 m²/Sabine
Para que utilizemos a equação de Sabine, falta um último dado que necessita ser
calculado: o volume da sala. Como você já sabe, o volume é lado × lado × altura,
ou seja:
• V = L × L × H;
• V = 5,00 m × 10,00 m × 3,00 m = 150 m³.
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Obtemos, então, que o tempo de reverberação em tal sala será de 4,19 segun-
dos, ou seja, um som ali emitido demorará 4,19 segundos para parar de circular
em tal ambiente.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Cálculo do Tempo de Reverberação
Este site mostra o mesmo som com diferentes tempos de reverberação.
http://bit.ly/2ZvMfRt
Absorção sonora (ISO 10534-2 e ISO 354)
Este site mostra como é realizada a medição da absorção sonora.
http://bit.ly/2ZxdURH
Vídeos
Ensaio de Absorção Sonora da Lã de Rocha
https://youtu.be/uPVNS9YU0ys
Episódio 11: Tratamento Acústico: Tempo de Reverberação
https://youtu.be/3RZiDqgEmG4
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UNIDADE Tratamento Acústico
Referências
BISTAFA, S. R. Acústica aplicada ao controle de ruído. São Paulo: Blucher, 2018.
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