Contextualização Teórica I
Contextualização Teórica I
Contextualização Teórica I
Elaborado pelo Prof. Dr. Ronivaldo lameira Dias, Esp. em Gestão em saúde do trabalhador.
Ginástica Laboral: Princípios e Aplicações Práticas. (Ricardo Alves Mendes; Neiva Leite)
Ginástica Laboral: Histórico, Definição, Classificações e Objetivos:
Resumo
A ginástica laboral (GL) é um programa de qualidade de vida no trabalho (QVT), de promoção
de saúde e lazer realizado durante o expediente de trabalho e é também considerada programa
de ergonomia que utiliza atividades físicas planejadas visando à prevenção de lesões por
esforços repetitivos e/ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT).
Vamos ver um breve histórico, seguido de definição, classificações e objetivos de implantação
da GL.
1. Histórico
A ginástica laboral, que parece uma atividade nova, surgiu em 1925 – como uma ginástica de
pausa para operários – inicialmente na Polônia, depois na Holanda, Rússia, Bulgária, Alemanha
Oriental e em outros países, na mesma época. No Japão, a GL foi implantada no início do
expediente com os trabalhadores do correio. Segundo Lima,1 a GL se consolidou em 1928
como a ginástica pelo rádio (Rádio Taissô), em comemoração à posse do Imperador Hirohito.
A GL (Rádio Taissô) foi adotada como prática diária por empresas, serviços e escolas, visando
à descontração e ao cultivo da saúde. Após a Segunda Guerra Mundial, o programa se espalhou
por todo o país; e hoje mais de um terço dos trabalhadores japoneses se exercitam nos pátios
das fábricas e cantam os hinos de suas empresas. Em horário pré determinado, liga-se o rádio e
as pessoas seguem os exercícios rítmicos de forma orientada. Nos anos de 1960, países como
França, Bélgica e Suécia também adotaram a GL e realizaram pesquisas quantitativas e
qualitativas, visando avaliar os benefícios dessa prática. No mesmo período, nos Estados
Unidos, as empresas começaram a investir no condicionamento físico dos funcionários,
incentivando a prática de exercícios dentro e fora dela por meio da implantação de academias
(corporate fitness). No Brasil, a ginástica laboral, que precedia a ida dos funcionários aos postos
de trabalho,2 foi introduzida em 1969 pelos executivos nipônicos da Ishikavajima Estaleiros,
uma indústria de construção naval no Rio de Janeiro. Os diretores e os operários dividiam-se
em grupos de 20 a 30 pessoas para se dedicarem a exercícios físicos voltados à coluna vertebral,
ao abdome e ao aparelho respiratório. Os 8 minutos de ginástica laboral preparatória eram a
primeira tarefa do dia que o trabalhador realizava, executada de forma obrigatória e
remunerada. Em 1973, foram iniciados estudos sobre GL na Escola de Educação Física
da Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior de Novo Hamburgo (ESEF/FEEVALE),
no Rio Grande do Sul. Em 1979, um programa de ginástica laboral compensatória (GLC) foi
implantado por professores e acadêmicos da ESEF/FEEVALE em cinco indústrias no Vale dos
Sinos (RS). Essa iniciativa, pioneira no Brasil, permitiu acompanhar 292 trabalhadores que
praticaram GLC durante 4 meses. Somente duas das cinco indústrias deram continuidade ao
programa e contrataram professores de educação física.3 Atualmente, o programa de ginástica
laboral já é considerado ferramenta
de potencial forte com o objetivo de humanizar o meio empresarial (indústria, comércio,
prestação de serviços e escolas em geral) e prevenir doenças ocupacionais.
2. Definição
A ginástica laboral é planejada e aplicada no ambiente de trabalho durante o expediente.
Também é conhecida como atividade física na em presa, ginástica laboral compensatória,
ginástica do trabalho ou ginástica de pausa. A GL busca criar um espaço, no qual os
trabalhadores, por livre e espontânea vontade, exercem várias atividades e exercícios físicos,
que são muito mais do que um condicionamento mecânico, repetitivo e autômato. A GL deve
ser muito bem planejada e variada, por se tratar de uma pausa ativa no trabalho e servir para
quebrar o ritmo da tarefa que o trabalhador desempenha, funcionando como ruptura da
monotonia. Por ser uma ginástica global, a GL trabalha o cérebro, a mente, o corpo e
estimula o autoconhecimento, visto que amplia a consciência e a autoestima e proporciona um
melhor relacionamento consigo mesmo, com os outros e com o meio, levando a uma verdadeira
mudança de comportamento interno e externo das pessoas. Embora o ser humano apresente
diversos sistemas corporais interligados que o possibilitam executar movimentos globais, as
condições de trabalho atuais, com alto grau de repetição e monotonia, limitam a natureza
humana. Dessa forma, a GL além de recuperar e/ou manter a capacidade de amplitude de
movimentos que as pessoas possuem naturalmente, ela oferece um novo espaço de qualidade
de vida, saúde e lazer, por ser realizada de maneira espontânea e criativa pelo trabalhador no
próprio ambiente e horário de trabalho. Portanto, os objetivos da GL estão envolvidos na
prevenção e em auxiliar na reabilitação das doenças que o trabalho repetitivo, monótono e
estressante pode acarretar aos trabalhadores.
3. Classificação
A GL pode ser classificada quanto ao horário de execução e quanto ao seuobjetivo.4 A primeira
classificação divide o expediente do trabalho em três momentos: o preparatório (no começo do
expediente), o compensatório (no meio do expediente) e o relaxante (no fim do expediente). A
segunda classificação da GL diferencia os objetivos para aplicação da ginástica em: ginástica
laboral preparatória (prepara o trabalhador para atividades de força, velocidade ou resistência),
ginástica de compensação (previne a instalação de vícios posturais), ginástica corretiva
(restabelece o equilíbrio muscular e articular) e ginástica de conservação ou manutenção
(mantém o equilíbrio fisiomorfológico).
A partir da apresentação desses dois tipos de classificações da gl, pode-se aprofundar e
explicitar cada uma delas.
1.Lima, Valquíria de. Ginástica Laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3.ed. São Paulo, Phorte,
2007, 349p.
2. Pulcinelli, Adauto João. “A visão das empresas gaúchas sobre as atividades físico-desportivas na
empresa”. Santa Maria, 1994. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Faculdade de Educação Física,
Universidade Federal de Santa Maria.
3. Kolling, Aloysio. “Ginástica laboral compensatória: uma experiência vitoriosa da feevale”. Revista de
Estudos, Novo Hamburgo, v.3, n.2, 1980, p.47-52.
4. leite, Neiva. “Projeto de ginástica laboral compensatória no Banco do Brasil S/A”. Porto Alegre, 1992.
5. targa, Jacintho F. Teoria da educação físico-desportiva-recreativa. Porto Alegre, esef-iPa, 19.
6. Ibidem
7. Ibidem.
8 Pulcinelli, op. cit.