Relatório MargaridaCrespo 1191612 17junho
Relatório MargaridaCrespo 1191612 17junho
Relatório MargaridaCrespo 1191612 17junho
junho 2022
AUTOR
Margarida Alexandra Batista Crespo
ORIENTAÇÃO
Engenheiro José Severo – DIERA
Engenheira Olga Freitas – ISEP
Engenheira Maria João Ramalhosa – ISEP
EMPRESA ACOLHEDORA
AGRADECIMENTOS
Ao técnico da DIERA Sérgio Silva, por toda a informação e explicação que me disponibilizou
durante estes meses, bem como, todos os conselhos e ajuda efetuada.
Ao Doutor José Manuel dos Santos e a todos os funcionários da DIERA estou muito grata
por me acolheram da melhor forma.
À minha colega, Catarina Ferreira, pela amizade e pela companhia prestada durante todos
estes meses.
i
ii
SUMÁRIO
iii
iv
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................... i
SUMÁRIO .................................................................................................................................... iii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
1.1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 1
1.2. EMPRESA - DIERA ........................................................................................................ 1
1.3. TEMA E OBJETIVOS DO ESTÁGIO ...................................................................................... 1
1.4. ESTRUTURA DO RELATÓRIO ............................................................................................. 2
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................................................ 5
2.1. CLASSIFICAÇÃO DE ARGAMASSAS E APLICAÇÕES .................................................................. 5
2.2. ARGAMASSA DE JUNTAS – CARACTERIZAÇÃO E COMPONENTES............................................. 5
2.3. METODOLOGIA E NORMALIZAÇÃO ................................................................................... 8
2.4. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................... 8
2.5. COMPRESSÃO, FLEXÃO E ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE ...................................... 10
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ...................................................................................... 13
3.1. CARACTERIZAÇÃO PELA NORMA APLICÁVEL ...................................................................... 13
3.1.2. DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DA ARGAMASSA ......................................... 14
3.1.3. RESISTÊNCIA À FLEXÃO E À COMPRESSÃO ....................................................... 15
3.1.4. ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE ........................................................ 17
3.2. CRIAÇÃO DA NOVA GAMA DE CORES ............................................................................... 18
3.2.1. PREPARAÇÃO DA MISTURA “BASE” + PIGMENTO............................................. 18
3.2.2. APLICAÇÃO DAS JUNTAS COLORIDAS .............................................................. 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 21
4.1. CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS PELA NORMA PREN 13888-2:2021 ........................... 21
4.2. CRIAÇÃO DE UMA FORMULAÇÃO DE JUNTAS MELHORADA .................................................. 23
4.3. INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE ÁGUA ADICIONADA ......................................................... 25
4.4. NOVA GAMA DE CORES ............................................................................................... 27
5. CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 31
NORMAS CONSULTADAS ................................................................................................................ 32
ANEXOS…………………………………………………………………………………………………………………………………. 33
ANEXO A– RESULTADOS OBTIDOS NA PRIMEIRA AVALIAÇÃO DE FORMULAÇÕES ............................ 33
ANEXO B – RESULTADOS OBTIDOS NAS NOVAS FORMULAÇÕES ORIGINADAS................................. 36
v
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
vii
viii
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS CONSOANTE A APLICAÇÃO E AS SUAS PROPRIEDADES ........................... 9
TABELA 2.2 - CLASSES DAS ARGAMASSAS PARA JUNTAS, SEGUNDO A NORMA PR EN 13888-1:2021. ............................. 9
TABELA 2.3 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PARA ARGAMASSAS CIMENTÍCIAS................................................................... 9
TABELA 2.4 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE ARGAMASSAS DE RESINA DE REAÇÃO. ....................................................... 10
TABELA 4.1 - IDENTIFICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES NAS FORMULAÇÕES 7 A 12................................................................ 23
TABELA A1 - VALORES DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO REALIZADOS NOS PROVETES DESTINADOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA
POR CAPILARIDADE. ................................................................................................................................ 33
TABELA A2 - VALORES DO DESVIO PADRÃO ALUSIVOS AOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO E À COMPRESSÃO, PARA AS
FORMULAÇÕES 1 A 6. ............................................................................................................................. 33
TABELA A3 - VALORES DO DESVIO PADRÃO ALUSIVOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE, PARA AS
FORMULAÇÕES 1 A 6. ............................................................................................................................. 33
TABELA A4 - VALORES ALUSIVOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE. ............................................. 34
TABELA A5 - REGISTO DOS VALORES OBTIDOS NOS ENSAIOS DE FLEXÃO E COMPRESSÃO, RESPETIVAMENTE. ..................... 35
TABELA B1 - VALORES DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO REALIZADOS NOS PROVETES DESTINADOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA
POR CAPILARIDADE. ................................................................................................................................ 36
TABELA B2 - VALORES DO DESVIO PADRÃO ALUSIVOS AOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO E À COMPRESSÃO, PARA AS
FORMULAÇÕES 5 A 12. ........................................................................................................................... 36
TABELA B3 - VALORES DO DESVIO PADRÃO ALUSIVOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE, PARA AS
FORMULAÇÕES 5 A 12. ........................................................................................................................... 36
TABELA B4 - VALORES ALUSIVOS AO ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE. ............................................. 37
TABELA B5 - REGISTO DOS VALORES OBTIDOS NOS ENSAIOS DE FLEXÃO E COMPRESSÃO, RESPETIVAMENTE....................... 38
ix
x
1. INTRODUÇÃO
1.1. ENQUADRAMENTO
Antes da época do fogo, havia uma utilização primitiva de materiais argilosos misturados
com água na construção de abrigos. Com a descoberta do fogo, os efeitos do calor nas
propriedades das argilas e dos calcários, permitiram a descoberta das caraterísticas
aglutinantes destes materiais em contato com a água.
1
O desenvolvimento como sistema construtivo ocorreu em Roma. Durante o império
romano, os homens tiveram a ideia de misturar um material aglomerante, a pozolana (cinzas
vulcânicas), com materiais inertes, dando origem às primeiras argamassas [3]. O uso de certas
rochas vulcânicas adicionadas à argamassa, conferiram propriedades hidráulicas.
A revolução industrial conduziu a um forte desenvolvimento e aperfeiçoamento dos
métodos e das técnicas de transformação dos materiais. Quando passou a ser possível produzir
industrialmente a cal hidráulica e, principalmente, o cimento Portland, começou a potenciar-se
o seu uso [4]. Embora a cal hidráulica tenha vindo a ser produzida em Portugal, esta nunca
chegou a ter uma grande aplicabilidade em argamassas, talvez pelo seu aparecimento no
mercado não ter sido muito anterior ao aparecimento do cimento, e terem sido reconhecidas
caraterísticas de alguma falta de homogeneidade na sua produção.
Ao longo do tempo, novas misturas e o aprimoramento dos fornos determinaram a
obtenção de novos tipos de cimento. O estudo sistemático dos mecanismos mecânicos e
químicos do cimento abre caminho para que o ramo de construções possa almejar novas
conquistas. Atualmente, os investigadores envolvidos nesse tipo de pesquisa buscam materiais
de maior resistência e durabilidade [5].
O estágio curricular desenvolvido teve, como principal objetivo, o estudo das diversas
caraterísticas das argamassas de juntas, bem como a criação de uma formulação que cumprisse
na íntegra as exigências e/ou critérios, exigidos pela norma prEN 13888-1:2021, necessários
para classificação das mesmas. Para tal, foram realizados ensaios de resistência à flexão,
compressão e absorção de água por capilaridade.
O trabalho também se focou na criação de uma nova gama de cores, com base nos atuais
pigmentos aprovados.
Não menos importante, este estágio permitiu também, a perceção de como o mundo
empresarial engloba trabalhos de diferentes temas, possibilitando a sua interligação com os
conhecimentos adquiridos na Licenciatura em Engenharia Química.
2
molde para as mesmas. Seguidamente, explica-se o procedimento correspondente a cada
método de ensaio, expondo-se as técnicas e as normas a eles associados.
No quarto capítulo, são apresentados os resultados obtidos nos ensaios realizados para as
diferentes fases do estudo, assim como, a demonstração gráfica dos mesmos, acompanhada de
uma análise e discussão.
Finalmente, o quinto capítulo sintetiza as conclusões obtidas e a importância que teve o
estágio, além de apresentar sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros.
3
4
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
As argamassas são constituídas por uma mistura de vários constituintes, tais como os
ligantes (substâncias que têm propriedades aglutinantes que conferem ligação entre as
partículas, cimento e/ou cal), os agregados inertes (areias que contribuem para a compacidade
e resistência) e a água (que permite a formação da pasta) [6].
As argamassas têm, atualmente, diversas aplicações e utilizações pelo que podem ser
classificadas de acordo com requisitos, como se pode ver resumidamente na Tabela 2.1.
Nas próximas secções deste capítulo, serão aprofundadas as informações relativas aos
revestimentos de argamassas, no que respeita às suas principais funções, requisitos e
características de desempenho.
5
É de salientar que a designação “base”, utilizada ao longo deste trabalho, refere-se à
constituição geral das argamassas de juntas cimentícias, nomeadamente das juntas cimentícias
coloridas. Recorre-se a esta designação com a finalidade de simplificar todo o processo de
compreensão, visto que, a maior parte do trabalho remete para a criação de uma nova gama
de cores para as argamassas. Para tal, é necessária a adição de uma determinada quantidade
de pigmento à formulação “base” e, só depois dessa adição, a junta cimentícia colorida estará
pronta a ser misturada com água e, de imediato, aplicada.
A base desta junta, de uma forma geral, é composta por:
Cimento branco - Pó fino com propriedades ligantes que, em contacto com a água, ganha
presa. É um aglomerante obtido a partir do cozimento de calcários naturais ou artificiais. O
cimento também pode ser de cor cinza, sendo apenas utilizado nas juntas de cor escura. Nas
juntas de cores claras, apenas se utiliza cimento branco.
Mármore (carbonato de cálcio) - Composto inerte que apresenta uma tonalidade branca.
Utiliza-se, frequentemente, o carbonato de cálcio micronizado, ou seja, as partículas deste
componente apresentam dimensões muito reduzidas.
Resina - Material natural ou sintético utilizado como ligante num selante [8]. Confere
firmeza e resistência química à argamassa. Além disso, promove uma secagem mais rápida,
reduzindo a absorção de água, e melhora a aderência e a trabalhabilidade da argamassa.
Derivado de celulose - Possibilita a retenção de água e proporciona a trabalhabilidade e
consistência da argamassa.
Fibras de celulose - Conferem a função de suporte à argamassa, isto é, promovem o
aumento da resistência à tração e a ductilidade do revestimento, melhorando a resistência à
criação de fendas. Algumas fibras de celulose permitem reduzir a poeira. Têm origem natural,
apresentando, assim, cor branca. No entanto, algumas possuem um tom acinzentado ou uma
tonalidade que não apresenta uma cor uniforme, resultante de um material de celulose
reciclado, como por exemplo o papel de jornal ou de revista. Nas argamassas de juntas
cimentícias apenas se utiliza a fibra de celulose branca, para que não interfira com a cor que se
pretende nessa junta.
Para além dos compostos referidos anteriormente, também é possível a adição de outros
conforme as características que se pretende que a argamassa adquira. São eles:
Aditivo hidrofogante (impermeabilizante) - Possibilita a impermeabilização da argamassa,
repelindo a água. São repelentes à absorção capilar ou redutores da permeabilidade [13].
Existem diversos impermeabilizantes que, frequentemente, são utilizados na composição das
argamassas, nomeadamente o estearato de alumínio, o estearato de cálcio e o oleato de sódio
(sal obtido através de gordura).
Acelerador de presa - Promove uma secagem mais rápida da argamassa e, caso esta
adquira humidade, inibe a sua degradação.
Produto antifúngico - Produto químico que impede o crescimento e aparecimento de
fungos sobre a superfície.
Pigmento - A nível químico, um pigmento é uma substância, de origem natural ou sintética,
utilizada como corante e é aplicado em produtos distintos, nomeadamente em produtos
alimentares, têxteis e em argamassas. A nível físico, um pigmento é um material que muda a
cor da luz transmitida ou refletida como resultado de uma absorção seletiva num dado
comprimento de onda [9]. Relativamente aos pigmentos coloridos, estes podem ser divididos
em dois tipos:
6
Pigmentos orgânicos - Classe de pigmentos que apresentam uma predominância de
carbono na sua composição [10]. Frequentemente, derivam de plantas, sendo que,
durante a produção, podem ser utilizados compostos químicos de modo a estabilizá-los
[11]. Os pigmentos orgânicos apresentam cores mais vibrantes e intensas do que os
inorgânicos (Figura 2.1), porém são mais suscetíveis a alterações químicas e à influência
da radiação ultravioleta, pelo que, frequentemente, sofrem descolorações.
As propriedades das argamassas para juntas são determinadas pelo tipo de ligante utilizado
e pela sua composição química. Os diferentes tipos de argamassas de juntas para ladrilhos
cerâmicos, possuem características específicas em termos de aplicação final.
Segundo a norma prEN 13888-1:2021, existem duas categorias de argamassas de juntas
para ladrilhos cerâmicos, em função da sua composição química, argamassa cimentícia (CG) e
argamassa de resina de reação (RG). Assim sendo, de acordo com a norma prEN 13888-1:2021,
as argamassas cimentícias são definidas como ‘‘Mistura de ligantes hidráulicos, inertes e
aditivos inorgânicos e/ou orgânicos’’. Já as argamassas de resina de reação são definidas como
‘‘uma ou mais misturas de componentes de resina sintética, cargas minerais e aditivos
inorgânicos e orgânicos, em que o endurecimento ocorre por reação química’’.
As argamassas cimentícias estão subdivididas em diferentes classes de acordo com as suas
características fundamentais, isto é, propriedades que uma argamassa tem obrigatoriamente
de apresentar e certas características adicionais, tais como propriedades específicas, em que
são necessários níveis de desempenho acrescidos.
As suas características fundamentais estão divididas em classes 1, 2 e F. No que concerne
às características adicionais, as mesmas dividem-se em duas classes distintas: A e W (Tabela
2.2). Já as argamassas de resinas de reação apenas possuem caraterísticas fundamentais.
8
Tabela 2.2 - Classes das Argamassas para juntas, segundo a norma pr EN 13888-1:2021.
Características Fundamentais
1- Argamassa de junta normal
2- Argamassa de junta melhorada
Classes F- Endurecimento rápido
Características Adicionais
A- Resistência abrasiva
W- Reduzida absorção de água
9
se refere à característica de resistência aos produtos químicos, não há indicação de valor limite
nem de qualquer produto químico.
10
2.5.2. RESISTÊNCIA À FLEXÃO
Este método de ensaio consiste na tensão de rutura de uma argamassa, determinada pela
aplicação de uma força de flexão em três pontos. Na Figura 2.4, apresenta-se uma imagem
representativa de um material sujeito a uma tensão de flexão.
11
12
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
13
3.1.2. DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DA ARGAMASSA
Numa fase seguinte, determinou-se a consistência de cada argamassa. Para tal, utilizou-se
sempre a mesma percentagem de água adicionada. Desta forma, todos os provetes preparados
terão a mesma consistência.
Esta etapa é bastante importante, uma vez que este parâmetro tem de estar de acordo com
as especificações do fabricante, de modo que, quando adicionada a água, o produto seja
considerado funcional. Para tal, procedeu-se da seguinte forma:
o Colocou-se água no respetivo recipiente (misturadora planetária, Figura 3.2).
o Adicionou-se 1 kg de argamassa.
o Espalhou-se o pó seco sobre o líquido.
o Misturou-se durante 30 segundos.
o Retirou-se a pá misturadora e raspou-se a pá e o recipiente durante 1 minuto.
o Repôs-se a pá e misturou-se durante mais 1 minuto.
o Após a mistura, prosseguiu-se para a mesa de espalhamento (Figura 3.3).
o Encheu-se, uniformemente, o molde até metade e compactou-se 20 vezes.
o Adicionou-se mais argamassa, de forma a completar todo o molde, e compactou-se
mais 20 vezes.
o Removeu-se o molde da mesa de espalhamento.
o Ligou-se a mesa de espalhamento, na qual se definiu um total de 15 pancadas (medida
de força deste utensílio).
o Por último, mediu-se o diâmetro da argamassa, com o auxílio de um paquímetro (Figura
3.4).
Figura 3.2 - Misturadora Figura 3.3 - Mesa de Figura 3.4 - Molde, pilão e
Planetária. espalhamento e respetivos paquímetro.
utensílios.
14
3.1.3. RESISTÊNCIA À FLEXÃO E À COMPRESSÃO
Tendo em conta que existem vários fatores e mecanismos que revertem para uma
degradação e envelhecimento do sistema de revestimento cerâmico colado, são considerados
pela norma vários tipos de ensaios com características diferentes.
Conforme as suas características fundamentais e adicionais, as argamassas de juntas
possuem requisitos mínimos para estarem em conformidade segundo a norma europeia prEN
13888-1:2021 - Grouts for ceramic tiles - Part 1: Requirements, classification, designation,
marking and labelling.
O método de ensaio descrito em seguida requer a sua realização com o auxílio dos seguintes
aparelhos e utensílios:
o Molde triplo, representado na Figura 3.5, que consiste em três compartimentos
horizontais que permitem preparar em simultâneo três provetes prismáticos com 40
mm × 40 mm × 160 mm.
o Mesa vibratória utilizada na compactação do provete de argamassa, em conformidade
com a secção 4.6 da norma NP EN 196-1:2006.
o Máquina de ensaio à flexão, capaz de aplicar a carga com capacidade e sensibilidade
adequadas ao ensaio, e máquina de ensaio à compressão, ambas de acordo com a
secção 4.8 da norma NP EN 196-1:2006.
16
Após o ensaio à resistência à flexão (Figura 3.7) em condições normalizadas, ensaiou-se as
metades do prisma quebrado na flexão, com o equipamento usado no ensaio à compressão
(Figura 3.8) conforme a secção 4.8 da NP EN 196-1:2006, seguindo o procedimento descrito em
9.3 da NP EN 196-1:2006. O equipamento utilizado neste ensaio é universal e, por isso, é
possível a sua adaptação ao tipo de ensaio mecânico que se pretende efetuar. Acrescenta-se,
ainda, o facto de possuir um software capaz de fornecer a determinação direta dos valores
relativos a cada tipo de ensaio.
Figura 3.7 - Equipamento universal usado no ensaio à Figura 3.8 - Equipamento universal usado no
flexão. ensaio à compressão.
De modo a tornar possível a criação da nova gama de cores, começou-se por estudar as
cores já existentes no catálogo atual da empresa. A partir desse estudo, iniciaram-se as
tentativas de criação de novas cores, tendo em atenção a quantidade de pigmento usado na
produção, uma vez que, grandes quantidades de pigmento tornariam o produto final mais caro.
Também se teve em atenção o facto de haver pigmentos com baixa estabilidade de cor no
ambiente exterior, diminuindo assim, a sua utilização nas novas amostras de cor.
18
Figura 3.11 - Mistura "base" + Figura 3.12 - Misturadora de pós. Figura 3.13 - Recipiente de plástico
pigmento. com mistura.
Após a aplicação da argamassa nos blocos, esta deverá secar no laboratório, em condições
controladas de temperatura e humidade. Destaca-se, também, que a cor final é possível ser
observada após 24 a 48 horas da aplicação.
Salienta-se, ainda, que a percentagem de água utilizada na preparação de cada junta
depende da percentagem de pigmento presente em cada amostra. De um modo geral, quanto
maior for a percentagem de pigmento, maior será a quantidade de água a adicionar (dentro do
intervalo de 35 a 40% de água). Contudo, poderá ser necessário utilizar uma quantidade de
água ligeiramente superior a 40% em determinados ensaios, uma vez que cada pigmento tem
caraterísticas próprias que influenciarão a quantidade de água a adicionar.
19
20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
21
Da análise da Figura 4.1, verifica-se que todos os ensaios estão de acordo com a norma
prEN 13888-1:2021, cumprindo os limites de valores máximos de absorção de água, após 30 e
240 min (≤ 5 g e ≤ 10 g, respetivamente).
ABSORÇÃO DE ÁGUA (g)
7,31
6,67 6,76
6,27 5,96 5,86
1 2 3 4 5 6
Nº DA AMOSTRA
após 30 minutos após 240 minutos
Figura 4.1 - Valores médios e desvio padrão dos ensaios de absorção de água por capilaridade, para as
formulações de 1 a 6.
Numa segunda fase, submeteu-se os restantes provetes aos respetivos ensaios. Salienta-
se, ainda, que os provetes sofreram, primeiramente flexão, ou seja, os 18 provetes submetidos
ao ensaio de resistência à flexão, originaram 36 provetes que foram, posteriormente,
submetidos ao ensaio de resistência compressiva. Com os valores obtidos em ambos os ensaios,
elaborou-se a Tabela A3, que serviu de base para a construção do gráfico da Figura 4.2.
VALOR DA RESISTÊNCIA (MPa)
1 2 3 4 5 6
Nº DA AMOSTRA
Resistência à Flexão Resistência à Compressão
Figura 4.2 - Valores médios e desvio padrão dos ensaios de resistência à flexão e compressão, para as
formulações 1 a 6.
22
Assim, verifica-se que todos os ensaios estão de acordo com a norma prEN 13888-1:2021,
cumprindo o limite de valor mínimo de resistência à flexão (≥ 2,5 MPa).
No entanto, no que toca aos valores alusivos ao ensaio de resistência compressiva, verifica-
se que os mesmos não cumprem os parâmetros de valor mínimo descritos na norma prEN
13888-1:2021, ressaltando que alguns se encontram bastante abaixo do limite permitido pela
mesma (≥ 15 MPa) correspondendo, principalmente, às formulações de argamassa 3
(13,75±0,79 MPa) e 4 (13,08±1,74 MPa).
Conforme referido anteriormente, também se procedeu à comparação dos valores obtidos
dos provetes com e sem parafina, submetidos ao ensaio de resistência à flexão. Chegou-se à
conclusão de que a parafina pouco ou nada interfere nos valores finais de resistência à flexão,
apresentando valores dentro da gama 4,05 a 4,73 MPa.
23
As Figuras 4.3 e 4.4 ilustram a variação dos valores de resistência à flexão e compressão e
a variação da absorção de água, após 30 e 240 minutos, alusivos a cada formulação, de 7 a 12.
Nestes gráficos, também se encontram os valores alusivos às formulações 5 e 6, de modo a ser
possível a sua comparação e avaliar se a respetiva formulação é considerada satisfatória.
VALOR DA RESISTÊNCIA (MPA)
16,54
15,33
14,61 14,22 14,15
13,16
12,22
7,24
4,87 4,54 4,24 4,90 4,36
3,68 3,94
2,50
5 6 7 8 9 10 11 12
Nº DA AMOSTRA
Resistência à Flexão Resistência à Compressão
Figura 4.3 - Valores médios e desvio padrão dos ensaios de resistência à flexão e compressiva, para as
formulações de 5 a 12.
Interpretando os dados da Figura 4.3, conclui-se que todos os ensaios estão de acordo com
a norma prEN 13888-1:2021, cumprindo o limite de valor mínimo de resistência à flexão (≥ 2,5
MPa).
No tocante aos valores alusivos ao ensaio de resistência compressiva, verifica-se que
grande parte não cumpre o valor mínimo (≥ 15 MPa) referido na norma prEN 13888-1:2021,
destacando-se negativamente os da formulação 7 ((7,24±0,05) MPa). No entanto, é de realçar
as formulações 11 e 12, cujos valores se encontram acima do limite permitido pela norma (≥ 15
MPa) e, por isso, as características destas formulações são bastante satisfatórias.
A Figura 4.4 ilustra variação da absorção de água, após 30 e 240 minutos, para as
formulações da 5 a 12.
Observando a Figura 4.4, conclui-se que, de um modo geral, os ensaios estão de acordo
com a norma prEN 13888-1:2021, cumprindo os limites de valores máximos de absorção de
água, após 30 e 240 min (≤ 5 g e ≤ 10 g, respetivamente), com exceção das amostras 7
((9,13±0,20) g e (18,95±0,54) g, respetivamente) e 8 ((5,79±0,52) g e (11,83±1,06) g,
respetivamente).
24
ABSORÇÃO DE ÁGUA (g)
18,95
11,83
9,13 9,38
7,31 6,76 7,09 6,97
5,79 5,92
4,88 4,29
3,57 3,61 3,72 3,68
5 6 7 8 9 10 11 12
Nº DA AMOSTRA
após 30 minutos após 240 minutos
Figura 4.4 - Valores médios e desvio padrão dos ensaios de absorção de água por capilaridade, para as
formulações de 5 a 12.
25
18,00
14,00
12,00
10,00
8,00 16,54
14,15
13,16
6,00
4,00
0,00
32 33 34
QUANTIDADE DE ÁGUA ADICIONADA (%)
Figura 4.5 - Variação da resistência à flexão e compressão e respetivos desvios padrão, em função da
quantidade de água adicionada.
A Figura 4.6 mostra a variação da absorção de água, após 30 e 240 minutos, em função da
percentagem de água adicionada inicialmente.
12,00
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE (g)
10,00
8,00
6,00
9,38
4,00
7,09
5,92
4,88
2,00 3,68 3,72
0,00
32 33 34
QUANTIDADE DE ÁGUA ADICIONADA (%)
ABS após 30 minutos ABS após 240 minutos
Figura 4.6 - Variação da absorção de água por capilaridade e respetivos desvios padrão, em função da
quantidade de água adicionada.
26
Os valores apresentados nas Figuras 4.5 e 4.6, são justificados pelo facto do derivado de
celulose reter a água, funcionando como uma “esponja”. Isto é, quando se procede à mistura
da argamassa com água, o derivado de celulose absorve grande parte dessa água, inchando.
Após secagem da argamassa, a água evapora, fazendo com que o espaço ocupado previamente
pela celulose e pela água fique vazio. Assim são formados os microcanais. Deste modo, quanto
maior for a quantidade de água adicionada inicialmente, mais microcanais serão criados. Daí os
valores de resistência à flexão e à compressão diminuírem em função do aumento dessa
percentagem de água, porque a origem de mais microcanais promove a origem de mais espaços
vazios, havendo mais facilidade em quebrar ou comprimir o provete. Também a absorção de
água por capilaridade aumenta, uma vez que há mais espaços vazios entre as partículas do
provete.
Seguidamente e uma vez que, mesmo assim, não se obteve a pigmentação pretendida,
optou-se pela utilização de pigmentos azuis de outros fornecedores (Fornecedores 2 e 3), tal
como é possível observar na Figura 4.9 e 4.10.
27
Figura 4.9 - Amostra com pigmento Figura 4.10 - Amostra com pigmento
azul do Fornecedor 2. azul do Fornecedor 3.
Tal como é possível observar na Figura 4.9 e 4.10, para a mesma percentagem de pigmento
azul adicionada, a tonalidade da cor final apresenta ligeiras diferenças, dependendo do
fornecedor. Deste modo, procedeu-se, novamente, à tentativa-erro para a obtenção da
tonalidade pretendida, apresentada na Figura 4.11.
O procedimento descrito para a cor azul foi adotado para as diferentes cores desenvolvidas.
No total foram aprovadas 42 cores de argamassa de juntas.
28
5. CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS
O presente trabalho teve, como principal objetivo, o estudo das diversas caraterísticas das
argamassas de juntas, bem como a criação de uma formulação que cumprisse na íntegra as
exigências e/ou critérios, exigidos pela norma prEN 13888-1:2021. Para tal, foram realizados
ensaios de resistência à flexão, à compressão e de absorção de água por capilaridade.
Concluiu-se que, através da realização dos ensaios, os valores da resistência compressiva
de cada ensaio não se enquadravam nos limites definidos na norma prEN 13888-2:2021, o que
indica que as formulações que já estavam em desenvolvimento no Laboratório de
Desenvolvimento e Investigação de argamassas necessitavam de ser melhoradas. Por este
motivo, foram realizadas novas formulações, variando a percentagem de duas resinas (A e B) e
a quantidade inicialmente adicionada de água. Esta fase de desenvolvimento de argamassa de
juntas, permitiu obter uma formulação que cumpre na íntegra os limites de validação alusivos
a cada um dos três ensaios referidos na norma prEN 13888-1:2021. No entanto, a formulação
da argamassa desenvolvida apresentou-se bastante instável aquando da adição de uma maior
quantidade de água, o que é considerado um ponto negativo quando aplicada em obra. Por
este motivo, não foi possível apresentar uma conclusão definitiva relativa a este
desenvolvimento.
O trabalho prosseguiu com o estudo do efeito da variação da percentagem de água
inicialmente adicionada à argamassa, para a mesma concentração de resina B. Foram
determinadas a resistências à compressão, a resistência à flexão e absorção de água por
capilaridade para os ensaios, que mostraram os efeitos da quantidade de água inicialmente
adicionada à argamassa. Constatou-se que, com o aumento da percentagem de água
adicionada, as resistências à compressão e à flexão diminuíram e, por sua vez, a absorção de
água por capilaridade aumentou.
O trabalho desenvolvido durante o estágio também se focou na criação de uma nova gama
de cores, com base nos atuais pigmentos aprovados. Assim, prepararam-se diversas amostras
com diferentes proporções dos diversos pigmentos, que resultou na aprovação de 42 cores.
O trabalho desenvolvido ao longo destes meses poderá ter continuidade, particularmente
no desenvolvimento da formulação da argamassa de juntas, de modo a possibilitar a obtenção
de uma formulação que, independentemente da quantidade de água adicionada inicialmente,
cumpra os limites designados pela normalização. Também se sugere a continuação do estudo
de uma formulação adequada a cada junta de cor, que permita uma total dispersão do
pigmento, para que seja possível a obtenção uniforme da mesma tonalidade do pigmento após
aplicação.
Por último, ressalvo ainda, a enorme importância da realização deste estágio, quer pelo
facto de ter sido uma ótima primeira experiência no mercado de trabalho, quer por me ter
proporcionado um enorme desenvolvimento a nível pessoal e, sobretudo, profissional.
29
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31
NORMAS CONSULTADAS
prEN 13888-1:2021 - Grouts for ceramic tiles - Part 1: Requirements,
classification, designation, marking and labelling.
prEN 13888-2:2021 - Grouts for ceramic tiles - Part 2: Test methods.
NP EN 196-1:2006 - Métodos de ensaio de cimentos - Parte 1: Determinação das resistências
mecânica.
NP EN 196-1:2006 - Métodos de ensaio de cimentos - Parte 2: Análise química dos cimentos.
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ANEXOS
ANEXO A– RESULTADOS OBTIDOS NA PRIMEIRA AVALIAÇÃO DE FORMULAÇÕES
Tabela A1 - Valores de resistência à flexão realizados nos provetes destinados ao ensaio de absorção de
água por capilaridade.
Nas Tabelas A2 e A3, estão representados os desvios padrão de cada um dos ensaios.
Tabela A2 - Valores do desvio padrão alusivos aos ensaios de resistência à flexão e à compressão, para
as formulações 1 a 6.
Tabela A3 - Valores do desvio padrão alusivos ao ensaio de absorção de água por capilaridade, para as
formulações 1 a 6.
33
Os valores de absorção de água estão ilustrados da Tabela A4.
34
Com os valores obtidos nos ensaios da segunda fase de análise, elaborou-se a Tabela A5.
Tabela A5 - Registo dos valores obtidos nos ensaios de flexão e compressão, respetivamente.
15,10
1 III 4,25 15,10
15,10
14,50
1 IV 3,95 14,75
15,00
13,65
1V 3,65 13,50
13,35
15,45
2 III 4,10 15,13
14,80
15,10
2 IV 4,45 15,40
15,70
13,05
2V 4,00 13,95
14,85
14,50
3 III 4,30 14,75
15,00
12,70
3 IV 4,15 13,23
13,75
13,40
3V 4,00 13,28
13,15
10,75
4 III 4,30 10,73
10,70
13,75
4 IV 3,80 13,73
13,70
15,25
4V 4,20 14,80
14,35
15,10
5 III 4,75 14,25
13,40
15,10
5 IV 4,95 14,85
14,60
14,55
5V 5,20 14,73
14,90
14,90
6 III 4,90 14,45
14,00
14,85
6 IV 4,50 14,03
13,20
14,10
6V 4,40 14,18
14,25
35
ANEXO B – RESULTADOS OBTIDOS NAS NOVAS FORMULAÇÕES ORIGINADAS
Tabela B1 - Valores de resistência à flexão realizados nos provetes destinados ao ensaio de absorção de
água por capilaridade.
Resistência à flexão (MPa) Resistência à flexão (MPa)
Formulação Formulação
(≥ 2,5 MPa) (≥ 2,5 MPa)
7I 2,44 10 I 4,30
7 II 2,50 10 II 3,15
8I 3,65 11 I 5,51
8 II 3,85 11 II 5,16
9I 3,90 12 I 4,35
9 II 3,95 12 II 4,02
Nas Tabelas B2 e B3, estão representados os desvios padrão de cada um dos ensaios.
Tabela B2 - Valores do desvio padrão alusivos aos ensaios de resistência à flexão e à compressão, para
as formulações 5 a 12.
Tabela B3 - Valores do desvio padrão alusivos ao ensaio de absorção de água por capilaridade, para as
formulações 5 a 12.
Desvio padrão Desvio padrão
Formulação
Após 30 min (g) Após 240 min (g)
5 0,09 0,30
6 0,19 0,34
7 0,20 0,54
8 0,52 1,06
9 0,23 0,51
10 0,08 0,25
11 0,19 0,22
12 0,31 0,42
36
Os valores de absorção de água estão ilustrados da Tabela B4.
37
Com os valores obtidos nos ensaios da segunda fase de análise, elaborou-se a Tabela B5.
Tabela B5 - Registo dos valores obtidos nos ensaios de flexão e compressão, respetivamente.
7,15
7 III 2,55 7,20
7,25
7,25
7 IV 2,90 7,28
7,30
7,30
7V 2,10 7,25
7,20
12,40
8 III 4,10 12,45
12,50
11,25
8 IV 3,45 11,63
12,00
11,70
8V 3,35 12,58
13,45
15,00
9 III 4,55 14,43
13,85
14,85
9 IV 4,20 14,15
13,45
14,55
9V 4,60 13,88
13,20
13,00
10 III 3,90 12,85
12,70
13,65
10 IV 3,50 13,38
13,10
13,30
10 V 3,85 13,25
13,20
16,90
11 III 4,85 16,98
17,05
16,40
11 IV 5,05 16,83
17,25
16,00
11 V 4,05 15,83
15,65
14,05
12 III 4,25 14,83
15,60
14,80
12 IV 4,45 15,35
15,90
15,50
12 V 4,75 15,80
16,10
38