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Bomba Nuclear Trabalho Digitado

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Vitória, Isabella, Anthony, João Gabriel │1º ano EM

Profº: Wilton Mendes

Tema:

BOMBA
NUCLEAR

I. ENTENDENDO A BOMBA NUCLEAR


No ano de 1938, no Instituto de Química Kaiser Wilhelm em Berlim na Alemanha, Otto Hahn e Fritz
Strassmann, dois cientistas, observaram que quando bombardeavam átomos de urânio com nêutrons
produzia-se átomos mais pesados com maior potencial energético. Com a ajuda de Lise Meitner, uma
cientista judia que estava exilada na Suécia, foi descoberta que essa atividade seria a fissão nuclear do
átomo de urânio e que gera uma reação em cadeia podendo causar explosões pela grande quantidade
de energia liberada (ATOMIC HERITAGE FOUNDATION, 2017).

Existem diversas substâncias químicas que podem sofrer transformações muito rápidas: ao serem
aquecidas, ao sofrerem um choque, ou misturadas com outras, estas substâncias "explodem"; o que
esta explosão significa é que a substância sofre uma reação química incontrolável que só acaba quando
os ingredientes disponíveis são totalmente consumidos.

A pólvora, a dinamite, a tri nitroglicerina são exemplos de tais substâncias; numa espoleta, a explosão é
iniciada pela pancada do gatilho sobre ela; já num foguete de São João, é o calor que inicia a explosão.

A grande maioria das reações químicas (ou a combustão) se processa lentamente e, apesar de consumir
as substâncias existentes, não são explosivas; A energia libertada na explosão pode ser muito grande;
por exemplo, um quilo de tri nitroglicerina, ao explodir, pode destruir completamente uma casa de dois
andares. Uma tonelada de trinitrotolueno (TNT), pode destruir um quarteirão. Estes explosivos têm sido
usados extensivamente nas guerras desde o início do século XX.

Logo depois, os cientistas desenvolveram um outro tipo de explosivo: a bomba atômica. O nome é
devido ao fato de que, numa bomba atômica, não ocorre uma reação química, mas uma reação nuclear.

Como as forças nucleares são cerca de 1 milhão de vezes mais fortes que as forças químicas, as energias
libertadas podem ser muito maiores, isto é, com a explosão de 1 kg de material nuclear pode-se obter
uma explosão equivalente a 1.000.000 kg de TNT. O material nuclear com o qual se podem fazer
bombas atômicas é o urânio; este é o elemento mais pesado que se encontra na natureza; todos os
elementos mais pesados que ele são chamados transurânicos e são instáveis, não existindo na natureza,
só podendo ser produzidos artificialmente. Mesmo o urânio não é muito estável; de vez em quando,
espontaneamente, emite partículas alfa - isto é, o urânio é radioativo - o que indica que ele pode ser
levado a explodir.

Da mesma forma que um rearranjo dos átomos pode libertar energia, como na queima de um
combustível (madeira, gás ou petróleo, que são compostos químicos), um rearranjo no núcleo dos
átomos pode também libertar energia, mas em quantidades maiores do que nas reações químicas.

O problema é fazer o urânio queimar, ou seja, fazer com que todos os átomos presentes numa massa de
1 kg se desintegrem.

Isto é fácil de fazer com um pedaço de madeira: uma vez que comece a queimar sob a ação de um
fósforo, por exemplo, a reação química se propaga e só cessa quando todo o combustível acaba.

Com o urânio isto é muito mais difícil de fazer. E possível fazer um átomo se desintegrar "incendiando-
o", como um fósforo faz com a madeira. Um bom agente para isto são feixes de partículas, que os
cientistas aprenderam a fabricar a partir de 1930. Feixes de nêutrons são excelentes desintegradores de
átomos de urânio, através da reação nuclear representada na figura 1.

Fig. 1 - A desintegração do urânio, bombardeado por nêutrons, em dois


fragmentos, com a produção de vários outros nêutrons.

n+235U92→91Kr36+142Ba56+3n+energia
Contudo a probabilidade de que um nêutron acerte um núcleo de urânio é muito pequena porque eles
são muito pequenos.

É de se notar, contudo, queda desintegração do urânio na reação acima, resultam três nêutrons. Surgiu
daí uma ideia revolucionária, que é a seguinte: se o 1° nêutron produz 3 outros e se cada um deles
produz outros 3, teremos uma reação em cadeia em que o número de desintegrações nucleares segue a
sequência: 1, 3, 9, 27, 81, 243, 729, 2187, etc.

Progressão esta que cresce rapidamente. Na prática, toda a massa


de urânio poderia "se incendiar", como indica a figura 2.

Fig. 2 - Reação Nuclear "em cadeia": em que toda a massa de


urânio se "incendeia"

Leo Szilard teve, na década de 1930, a ideia de tentar realizar na prática uma reação em cadeia, e isto de
fato foi conseguido por Enrico Fermi pela primeira vez, em 1942.

O resultado imediato da confirmação da ideia de que era possível fazer uma reação nuclear em cadeia
com o urânio levou à construção das primeiras bombas. Pela sua própria natureza de bomba, toda a
reação em cadeia ocorre rapidamente um tempo menor do que um milésimo de segundo, da mesma
forma que num explosivo comum. Um tanque de gasolina também pode explodir, mas em geral ela é
usada de forma controlada, "queimando-se" a gasolina aos poucos dentro do motor.

O mesmo pode ocorrer com o urânio, numa reação em cadeia; ou ele "explode", rapidamente, ou então
lentamente. A quantidade total de energia produzida é a mesma, mas ela se manifesta de formas
diferentes. Não é o urânio que se encontra na natureza que pode explodir da maneira descrita acima; o
urânio como se encontra na natureza é formado por uma mistura de dois tipos de átomos: o urânio 235
na proporção de 0,7% e o urânio 238 na proporção de 99,3%. O primeiro deles é bastante raro. Em 1 kg
de urânio só existem 7 g de urânio 235.

É o urânio 235 que pode explodir facilmente, mas é difícil obtê-lo de forma pura. Para isto é necessário
"enriquecer" o urânio natural, ou seja aumentar a proporção de átomos de urânio 235 na mistura. Este
enriquecimento precisa elevar a proporção de átomos de urânio 235 a 80% ("enriquecimento a 80%").
Reatores nucleares, para a produção de eletricidade em geral, usam urânio enriquecido a apenas 3%.
Isto pode ser conseguido através de processos muito caros e complicados. Só alguns poucos países
dominam a tecnologia necessária para isso. É possível, porém, obter um outro explosivo nuclear que é o
plutônio. Ele é formado por uma transformação do urânio 238 - que é inerte do ponto de vista explosivo
- em plutônio 239. Esta transformação ocorre num reator nuclear: colocando uma camisa de urânio
natural em torno de um reator nuclear, ele aos poucos vai absorvendo nêutrons e se transformando em
plutônio. Desta forma é possível obter vários quilos de plutônio por ano, usando um reator de pequeno
porte. Por esta razão, bombas atômicas construídas com plutônio são denominadas "bombas atômicas
dos pobres". (Texto escrito por: Dr. José Goldenberg)

• DIFERENÇA ENTRE FISSÃO E FUSÃO NUCLEAR


As fissões e fusões nucleares acontecem somente no núcleo dos átomos, diferente das
reações químicas normais. Assim, justamente por acontecerem no núcleo, as fissões e fusões
nucleares vão alterar as propriedades intrínsecas do átomo, pois alteram seu número de
prótons.

O número de prótons é o número atômico Z. É ele quem vai determinar as características de


um elemento. É pelo número de prótons que identificamos cada elemento químico.

Além disso, as reações de fissão e fusão nuclear são altamente energéticas, por mexerem
justamente com o núcleo dos átomos. Por isso, podem estar presentes em processos de
obtenção e conversão de energia, como nas usinas de energia elétrica.

Dessa forma, podemos entender as diferenças entre fissão e fusão! A fissão é a quebra de um
núcleo atômico originando núcleos diferentes de menor número atômico (Z). Já a fusão é o
processo contrário: dois núcleos distintos se fundem, formando um único núcleo de maior
número atômico (Z).

Fissão nuclear

Como já vimos, a fissão nuclear é a quebra de um único núcleo atômico em outros. Isso
acontece pelo bombardeamento de nêutrons em um núcleo físsil, ou seja, um núcleo que
possui tamanho e propriedades adequadas para passar por esse tipo de reação.

Dessa forma, esses núcleos físseis podem se quebrar, originando 2 outros núcleos atômicos,
alguns nêutrons, e uma quantidade colossal de energia!

Reação de fissão nuclear

O melhor exemplo disso é a fissão do urânio-235,


utilizada nas usinas nucleares. Nela, um nêutron é
bombardeado em um núcleo físsil de urânio, que se
divide em um núcleo de Criptônio-92 e um de Bário-141.
Além disso, são produzidos também três nêutrons.

Reação de fissão nuclear do


urânio

No entanto, as reações de
fissão têm uma peculiaridade muito grande: a massa não é conservada entre produtos e
reagentes, contrariando todos os princípios da química que lida com a eletrosfera.

Apesar disso, o número de partículas subatômicas é igual antes e depois da reação: 235 do
urânio + 1 nêutron = 92 do Criptônio + 141 do Bário + 3 nêutrons. Então por que a massa é
diferente?

É possível explicar essa diferença de massa pela famosa equação de Einstein, E = mc², que
relaciona massa e energia. Como há perda de massa dos reagentes para os produtos, essa
massa só pode, então, ter sido liberada na forma de energia!

Por isso, libera-se quantidades colossais de energia nas fissões nucleares - o que pode ser
ótimo! As fissões são muito úteis nos processos de geração de energia, pois quando os
nêutrons originados da primeira fissão encontram os núcleos seguintes de Urânio,
permitem que a fusão continue até que o urânio acabe.
Fusão nuclear

A fusão nuclear é a junção de núcleos atômicos, produzindo um núcleo de maior número


atômico que os originais. Esse processo também libera muita energia: toda a energia do
Sol é proveniente de reações de fusão nuclear. Não somente no Sol, mas em todas as
estrelas do universo.

Reação de fusão nuclear

No Sol, o Hidrogênio é fundido, formando


deutério (hidrogênio-2) e partículas
radioativas. A fusão prossegue, dando origem
a núcleos atômicos maiores, como Hélio-3 e
Hélio-4. É por esse processo que, nas estrelas,
foram originados todos os elementos químicos
do universo.

Processo de fusão do Hidrogênio, que acontece


nas estrelas

Apesar de também liberar muita,


mas muita energia, as fusões nucleares são mais
difíceis de controlar e pouco economicamente
viáveis. Por exemplo, para que a reação acima
aconteça - seja em laboratório ou não -, a temperatura do meio precisa estar entre 107 e
108 K!

(Aprova total)

II. A HISTÓRIA DA BOMBA


1789 Klaproth descobre o urânio

1900 O elétron é descoberto por Thomson

1905 Einstein publica a Teoria da Relatividade Espacial, que mais tarde dá


origem à fórmula e = mc²

1931 O átomo é dividido pela primeira vez por Cockroft e Walton no


Cavendish Laboratory, em Cambridge

1934 Joliot-Curie bombardeiam núcleos atômicos com partículas alfa –


produzindo novos elementos. Descoberta da radioatividade artificial

1934 Enrico Fermi bombardeia núcleos atômicos com nêutrons, mas não
tem consciência da real implicação de seus experimentos

1938 Hahn e Meitner continuam o trabalho de Fermi, bombardeando o


urânio com nêutrons

1939 Meitner interpreta os resultados de suas experiências com Hahn,


concluindo que o núcleo se dividiu em dois. Dá o nome a esse processo de
‘’Fissão nuclear’’

1939 Após ouvir Bohr, Einstein e Szilard entram em contato com o


presidente Roosevelt e o advertem dos perigos de a Alemanha usar a fissão
nuclear em uma bomba. Inicia-se o Projeto Manhattan

1942 Fermi constrói o primeiro reator nuclear do mundo, em Chicago, e


produz a primeira reação em cadeia controlada

1942 Los Alamos é erguida no Novo México

1945 A primeira bomba atômica é detonada em Trinity Site, no Novo


México. Um mês depois, duas bombas atômicas são lançadas sobre Hiroshima e
Nagasaki

(Oppenheimer e a Bomba Atômica em 90 minutos, por Paul Strathern)

III. CONSEQUÊNCIAS PÓS-BOMBA


Rememora o que aconteceu há 70 anos após o lançamento pelos americanos das bombas
atômicas Little Boy e Fat Man, respectivamente, nas cidades japonesas de Hiroshima e
Nagasaki. Discorre suscintamente sobre energia nuclear e o Projeto Manhattan, que
desenvolveu e produziu essas bombas e suas características. A destruição causada e os
efeitos biológicos consequentes na população são também descritos.

Características das bombas Hiroshima (Little Boy) Nagasaki (Fat Man)

comprimento 3,0 m 3,2 m

diâmetro 0,7 m 1,5 m

massa 4,4×103kg 4,5×103kg

elemento físsil urânio-235 plutônio-239

rendimento (equivalente a) 16×103kg de TNT 21×103kg de TNT

altura de explosão 600 m do solo 503 m do solo

destruição das construções 92 % 35 %

número de mortes até dez/1945 entre 90 mil e 166 mil entre 60 mil e 80 mil pessoas
pessoas

principal causa da morte imediata queimadura (60 %) queimadura (95%)

As principais causas das mortes imediatas ou em curto espaço de tempo após a explosão das
bombas em Hiroshima e Nagasaki foram:

1. Ondas de calor: de 20% a 30% das mortes de seres humanos num raio de 1,2 km do
hipocentro são atribuídas a queimaduras fatais;

2. Ondas de choque: as pessoas que estavam na rua ou mesmo dentro de casa foram lançadas
vários metros no ar, ferindo-as terrivelmente ou mesmo matando-as;

3. Radiação ionizante: raios gama e nêutrons emitidos durante a explosão além da radiação
emitida por átomos de césio-137 e de iodo-131, por exemplo, que contaminaram pessoas
interna e externamente. A chuva negra que começou a cair 20 min após explosão da bomba
em Hiroshima e durou até 12h45 contaminou uma área ovalada de 11 km por 19 km.
Hiroshima antes do bombardeio, à
esquerda, e após o bombardeio, à direita.

Foto de um dos poucos prédios que


restaram após o bombardeio em
Hiroshima, à esquerda, e o torii que
sobreviveu ao bombardeio em Nagasaki, à
direita.

Nuvem em forma de cogumelo que se


formou após a explosão das bombas em
Hiroshima, à esquerda, e em Nagasaki, à
direita.

O presidente Harry S. Truman anunciou da Casa Branca em Washington que os americanos


haviam explodido uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, passadas dezesseis
horas. No dia 2 de setembro de 1945, foi assinada a ata de rendição do Japão em uma
cerimônia oficial a bordo de encouraçado USS Missouri na Baía de Tóquio, terminando assim a
Segunda Guerra Mundial.

• EFEITOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE À SAÚDE HUMANA


A Atomic Bomb Casualty Commission (ABCC) foi estabelecida em Hiroshima em 1947 e em
Nagasaki em 1948 sob os auspícios da U.S. National Academy of Sciences e do Japanese
National Institute of Health, para iniciar os estudos epidemiológicos e genéticos dos efeitos
tardios entre os sobreviventes das bombas atômicas. O objetivo principal dessa comissão foi
acompanhar o estado de saúde de jovens expostos à radiação das bombas durante cem anos.
Em 1975, ela foi sucedida pela Radiation Effects Research Foundation (RERF) que montou
vários subprojetos. Entre eles, o Life Span Study (LSS) acompanha mais de 200 mil
sobreviventes e seus filhos com foco na incidência e mortalidade de câncer. O LSS é o estudo
epidemiológico mais importante do mundo relativo a efeitos tardios da radiação nos seres
humanos devido ao seu tamanho, duração e informação fidedigna. Em um outro subprojeto, o
Adult Health Study (AHS), os sobreviventes são examinados clinicamente por médicos duas
vezes ao ano e realizados exames laboratoriais de sangue, urina, medidas de densidade óssea,
disfunção cognitiva, verificação de incidência de catarata, de câncer de tireoide e útero. Além
disso, são realizadas análises de frequência de aberrações cromossômicas em linfócitos.

Há também um subprojeto epidemiológico com indivíduos que eram fetos na época em que
ocorreu a explosão da bomba.

Os dados coletados mostraram que a dose letal que mata 50% das pessoas expostas em um
intervalo de 60 dias foi de 2,5 grays, quando não houve assistência médica, e 5 grays, com
cuidados médicos. Lembramos que gray (Gy) é unidade de dose absorvida D que é definida
como energia E da radiação depositada por unidade de massa m ou seja D = E/m. Para fins de
ilustração, informamos que segundo Unscear 2008 a taxa de dose absorvida média anual
devida à radiação proveniente de fontes naturais é de 2,4 mGy.

• EFEITOS AGUDOS DA RADIAÇÃO


Esses efeitos ocorreram dentro de poucas horas a meses após receber uma dose alta de
radiação desde 1 a 2 grays até 10 grays e apresentam o que foi chamada síndrome aguda da
radiação. Os principais sinais e sintomas são: vômito dentro de poucas horas; seguido de
diarreia com duração de dias a semanas; redução nas células sanguíneas; manifestações
hemorrágicas; queda de pelos; inflamação na boca e garganta; febre e esterilidade masculina
temporária. As mortes devidas à dose alta de radiação começaram cerca de uma semana após
a exposição e alcançaram o máximo em três a quatro semanas, e cessaram praticamente após
sete a oito semanas.

• EFEITOS TARDIOS DA RADIAÇÃO


Efeitos tardios da radiação, tais como câncer e possivelmente outras doenças, ocorreram
devido à mutação nos DNA; embora o mecanismo exato de como tais mutações levam ao
câncer não seja conhecido, acredita-se que o processo requeira uma série de mutações
acumuladas durante anos. Os resultados de dados coletados com sobreviventes mostraram
que no caso de câncer sólido uma dose de 0,2 gray causa aumento na incidência de 10% em
comparação com incidência dita "normal", para pessoas de igual idade. Para uma dose de 1
gray o correspondente excesso chega a atingir 50%.

A probabilidade de um sobrevivente ter um câncer causado pela radiação da bomba depende


de diversos fatores. O risco de ter câncer induzido pela radiação é tanto maior, quanto maior
a dose recebida, quanto menor a idade do indivíduo quando é exposto à radiação, e
ligeiramente maior nas mulheres em comparação aos homens.

O aumento na incidência de leucemia foi notado a partir de dois anos e atingiu o máximo de
seis a oito anos após o bombardeio, principalmente em crianças, e depende fortemente da
idade da exposição.

Outra informação obtida do projeto AHS é sobre aumento na incidência de tumores benignos
de tireoide, de paratireoide, das glândulas salivares, uterinos e gástricos nas pessoas expostas
à radiação da bomba atômica, com aumento de dose. As principais causas de morte são
doenças cardiocirculatórias com incidência de aterosclerose também confirmada em
mulheres que fizeram radioterapia de mama, seguido de doenças no sistema digestivo, no
fígado e no sistema respiratório.

(Google Acadêmico, ‘’scielo.br’’)


IV. HISTORIOGRAFIA DA BOMBA ATÔMICA E SEUS CONFLITOS
POLÍTICOS
[...] Sidnei Munhoz [2015] categoriza a diferença entre as correntes históricas da
seguinte maneira: os ortodoxos creditam aos bombardeios atômicos em Hiroshima e
Nagasaki o fim do conflito, enquanto a corrente revisionista crê que não só os
bombardeios atômicos eram dispensáveis como foram utilizados para outro pretexto
que não a 2º GM. Por sua vez, a corrente neo-ortodoxa surge para contra argumentar
o “revisionismo” e propor novos argumentos que justifique as bombas atômicas
empregadas em solo japonês.

A historiografia ortodoxa explicita que os bombardeios atômicos encurtaram a guerra


notoriamente, além de terem salvado milhares de vidas que seriam ceifadas em uma
possível invasão direta ao Japão. A partir desta corrente histórica formou-se o senso
comum do ocidente em relação as bombas atômicas, algo facilmente imortalizado pelo
estereótipo das tropas japonesas e do Império japonês – tidos como selvagens
sanguinários no imaginário popular. A benevolência resultante da bomba atômica não
é apenas em relação aos Aliados, mas com todos os envolvidos.

Munhoz esclarece este fato de maneira direta ao elaborar parte da argumentação


usada pelos ortodoxos: “[...] com os bombardeios atômicos, evitou-se a necessidade
da invasão do Japão que custaria a vida de mais de 500 mil jovens estadunidenses e
um milhão de militares e civis japoneses.” [MUNHOZ. 2015. p.12]”.

Logo, foram poupados não só estadunidenses como também japoneses no processo.


Todavia, a bomba atômica também se justifica sob o argumento revanchista, como
aborda Munhoz: “[...]a sociedade estadunidense fora impactada pelo ataque japonês e
acreditava, estimulada pela propaganda desenvolvida durante os anos de conflito, na
necessidade de punir severamente o Japão pela agressão cometida.” [MUNHOZ, 2015.
p.6]

Em contrapartida, a historiografia revisionista revisita o mesmo fato a partir de outras


lentes. Para os revisionistas as bombas atômicas foram um ato de crueldade
desnecessária, primeiro porque pouco teriam impactado sobre a rendição japonesa,
segundo, porque foram uma jogada calculada já no vislumbre da guerra fria e não
pensando no fim da Segunda Guerra Mundial.

[...] Todavia, a narrativa ortodoxa não busca apenas justificar os artefatos atômicos
por sua utilidade prática na guerra, ela faz parte do esforço do governo estadunidense
em se aproximar do Estado japonês no pós-guerra. Transformando a ilha nipônica em
um ponto estratégico na geopolítica da eventual Guerra Fria [PASTRELLO, 2020]. Deste
modo, obtêm-se que as bombas atômicas foram utilizadas para alavancar uma
vantagem política no pós-guerra, evitando a partilha japonesa com os soviéticos.
(Douglas Pastrello, Doutor em História Política)

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