Conchas Ostras Transformadas em Cal
Conchas Ostras Transformadas em Cal
Conchas Ostras Transformadas em Cal
Centro Tecnológico
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
Dissertação
Florianópolis, 2008.
i
FLORIANÓPOLIS, 2008.
ii
TERMO DE APROVAÇÃO
___________________________
Prof. Armando Borges de Castilhos Jr., Dr.
Linha 28
___________________________
Prof. William Gerson Matias, Dr.
Linha 31
Linha 32
___________________________
Profa. Ana Regina Aguiar Dutra, Dra.
Linha 35
Linha
__________________________ ___________________________________
Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr. Prof. Fernando Soares Pinto Sant’Anna, Dr.
(Coordenador) (Orientador)
FLORIANÓPOLIS, SC - BRASIL
Abril/2008
iii
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................VII
RESUMO......................................................................................................................... XIV
ABSTRACT ....................................................................................................................... XV
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................16
1.1 Objetivos.................................................................................................................. 18
2.1 Maricultura............................................................................................................. 19
2.1.1 Maricultura em Santa Catarina......................................................................... 20
2.1.2 Conchas de Ostras e Mariscos – Uso e valorização .......................................... 26
2.2 Estudo de viabilidade econômica.......................................................................... 31
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................49
5 CONCLUSÃO............................................................................................................ 111
LISTA DE FIGURAS
Figura 44. Óxido de cálcio obtido a partir das conchas, após moagem manual............. 81
Figura 45. Processo de hidratação do óxido de cálcio obtido a partir das conchas........ 82
Figura 46. Fluxograma do beneficiamento das conchas para produção de Carbonato de
cálcio (CaCO3), Óxido de cálcio (CaO) e Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)............ 90
Figura 47. Esquema do arranjo espacial da usina de beneficiamento de conchas de
ostras....................................................................................................................... 95
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Medicamentos a base de cálcio de ostras. ...................................................... 27
Tabela 2 - Levantamento e avaliação de impactos ambientais provocados pelo descarte
atual de conchas de ostras com matéria orgânica agregada.................................... 57
Tabela 3. Percentual de umidade de matéria orgânica encontrado em amostras do
resíduo de conchas após um período de 34 dias exposto às intempéries. .............. 60
Tabela 4. Características gerais dos cinco cultivos onde foram acompanhadas a
quantidade de conchas descartadas......................................................................... 60
Tabela 5 . Número de sementes adquiridas em 2006 e resíduo de concha anual estimado
em 42 cultivos do Ribeirão da Ilha......................................................................... 68
Tabela 6. Análise do percentual de umidade e matéria orgânica presente nas amostras de
resíduos das conchas dos cultivos no Ribeirão da Ilha........................................... 74
Tabela 7. Análise do percentual de umidade e matéria orgânica presente nas amostras de
resíduos das conchas dos restaurantes no Ribeirão da Ilha. ................................... 75
Tabela 8. Análise do percentual de carbonato de cálcio (CaCO3) presente nas amostras
das conchas no Ribeirão da Ilha. ............................................................................ 76
Tabela 9. Análise do percentual dos elementos químicos presentes nas amostras de
conchas do Ribeirão da Ilha.................................................................................... 77
Tabela 10. Determinação de óxido de cálcio e substâncias reativas ao HCl (CaCO3) para
cal virgem produzido a partir de conchas............................................................... 83
Tabela 11. Determinação de hidróxido de cálcio e substâncias reativas ao HCl (CaCO3)
cal hidratada produzida a partir de conchas............................................................ 83
Tabela 12. Determinação de hidróxido de magnésio (MgO) e hidróxido de magnésio
(Mg(OH)) para concha calcinada e hidratada......................................................... 84
Tabela 13. Recomendação para conteúdo máximo de impureza segundo norma NBR. 84
Tabela 14. Resultados encontrados para conteúdo de impurezas nas conchas. ............ 85
Tabela 15. Pesquisa do mercado consumidor em Santa Catarina. ................................ 87
Tabela 16. Quadro de investimentos inicial (físico e financeiro) para usina de
beneficiamento das conchas. .................................................................................. 97
Tabela 17. Custo fixo mensal e anual para o beneficiamento das conchas. .................. 99
Tabela 18. Custos com mão-de-obra para a usina de beneficiamento das conchas. ... 101
Tabela 19. Encargos sociais relativo ao contrato celetista. .......................................... 101
xii
Tabela 20. Custos de proteção dos investimentos anual para o beneficiamento das
conchas. ................................................................................................................ 102
Tabela 21. Comparação da massa de resíduo de conchas descartadas e massa dos três
diferentes produtos finais de beneficiamento, valor anual. .................................. 104
Tabela 22. Cálculo dos custos de matéria-prima e materiais diretos por unidade
produzida (kg) por ano. ........................................................................................ 104
Tabela 23. Cálculo dos custos variáveis por unidade de produto produzido por ano. . 105
Tabela 24. Cálculo do custo unitário de produção para o carbonato de cálcio, óxido de
cálcio e hidróxido de cálcio. ................................................................................. 105
Tabela 25. Cálculo de preço de venda para o carbonato de cálcio, óxido de cálcio e
hidróxido de cálcio. .............................................................................................. 106
Tabela 26. Receita anual referente à empresa de beneficiamento de conchas. ............ 106
Tabela 27. Demonstrativo de resultados referente à empresa de beneficiamento de
conchas. ................................................................................................................ 107
Tabela 28. Lucratividade referente à empresa de beneficiamento de conchas............. 107
Tabela 29. Rentabilidade mensal referente à empresa de beneficiamento de conchas. 108
Tabela 30. Prazo de retorno de investimento referente à empresa de beneficiamento de
conchas. ................................................................................................................ 108
Tabela 31. Ponto de equilíbrio referente à empresa de beneficiamento de conchas. ... 109
xiii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Vida útil de equipamentos e outros utensílios utilizados para o cultivo de
ostras. ...................................................................................................................... 17
Quadro 2 – Adoções para avaliação dos dados obtidos durante a aplicação do
questionário de odor do experimento.. ................................................................... 37
Quadro 3. Descrição geral do negócio para beneficiamento de conchas de ostras. ....... 86
Quadro 4. Mercado concorrente: empresas que comercializam carbonato de cálcio e cal.
................................................................................................................................ 89
Quadro 5. Detalhamento dos procedimentos e profissionais envolvidos do fluxograma
do processo de beneficiamento das conchas........................................................... 91
Quadro 6. Detalhamento de máquinas, equipamentos e instrumentos do Fluxograma do
processo de beneficiamento das conchas. .............................................................. 92
Quadro 7. Detalhamento de móveis e utensílios do fluxograma do processo de
beneficiamento das conchas. .................................................................................. 93
Quadro 8. Detalhamento dos materiais utilizados no processo de beneficiamento das
conchas. .................................................................................................................. 94
xiv
RESUMO
ABSTRACT
The activity of the mariculture has been increasing in Brazil due the commercial
potential, generating direct and indirect jobs and contribute to the social development of
the producing communities. The clams have found in the bays of the Santa Catarina
Island the ideal environment to their development and transformed the city of
Florianópolis into the National Capital of the Oyster. The increase of the activity comes
raising the question of the disposed of the waste generated for the mariculture, mainly
the shells. In some countries, the shells have a correct destination. The use of the shells
for construction materials was investigated, as raw material in the production of ration
for birds, reconstitution of the ground and, also, to remove the phosphate of wastewater.
The purpose of this study is to analyze the economic and technical feasibility of the
commercial use of the oyster shell disposed in the area of Ribeirão da Ilha,
Florianópolis, Santa Catarina. The amount of disposed shells from the shellfish farms
and restaurants was 1.158.189 kg in one year of study. Around of 25% of the shellfish
farms affirmed that were dumped their wastes into the sea and 10% were dumped at the
public lands. The shells, when disposed into the sea, can cause negative influence at the
shellfish farms due the silting. When dumped into the land the accumulation of shells
can be a source of nasty smell, besides the visual pollution. Technically, it is possible to
transform the shells into commercial products. The economic feasibility study showed
that the implantation of the shells recycling plant is not an attractive business. Although
the use of the waste products - oyster shells - are not very attractive financially, from the
environmental point of view is very important, because the reuse of the waste products
could avoid environmental problems.
KEY WORDS: Mariculture, oyster shell, solids waste valorization, economic and
technical feasibility.
16
1 INTRODUÇÃO
A maricultura é uma forma de produção de alimento encontrada como uma
alternativa para a escassez de recursos pesqueiros. Esta atividade possui importâncias
sociais e econômicas, pois muitas comunidades tradicionais afetadas pelo declínio da
produção da pesca extrativa, atualmente sobrevivem do cultivo de organismos
marinhos. Assim, a maricultura proporcionou o desenvolvimento uma nova atividade
em várias comunidades, permitindo a fixação dos pescadores em suas comunidades de
origem, através da geração de emprego e renda.
Entretanto, por ser uma atividade relativamente nova, alguns problemas estão
associados a essa forma de produção, principalmente devido a escassez de legislação e
regulamentação da atividade. Do ponto de vista ambiental, pode-se dizer que existem
problemas relacionados à disposição de resíduos sólidos e efluentes líquidos gerados
nos locais de cultivo e alterações nos padrões de circulação de água e poluição visual
provocadas pelo uso de estruturas para fixação dos cultivos na água.
A instrução normativa n0 105 de 20 de julho de 2006 publicada pelo IBAMA
apresenta diretrizes quanto à destinação dos resíduos e define regras para ocupação das
águas. O documento proíbe a deposição no mar dos resíduos oriundos da atividade de
malacocultura (cultivo de moluscos bivalves), como conchas, restos de cordas, cabos,
panos de redes e etc. Neste documento está claramente escrito que o empreendedor é
responsável pela destinação dos resíduos oriundo de suas áreas de produção e pela
retirada das estruturas de cultivo abandonadas. Para cumprimento da determinação da
destinação dos resíduos, a instrução normativa estabelece um prazo máximo de seis
meses, sendo assim o prazo para o cumprimento seria a partir de 20 de janeiro de 2007.
O descumprimento das condicionantes estabelecidas pela instrução normativa acarretará
no cancelamento da licença ambiental concedida através do TAC (termo de ajuste de
conduta), além de outras penalidades previstas no decreto n0 3.179 de 21 de setembro de
1999 e demais legislações.
A justificativa legal deste trabalho vem da responsabilidade que os maricultores
possuem sobre o resíduo produzido nas suas áreas de cultivo e da prática habitual de
descartar as conchas no mar. Desta forma, este trabalho se propõe a apresentar soluções
para um problema ambiental que vem crescendo nas áreas de cultivo, que é a deposição
17
Quadro 1. Vida útil de equipamentos e outros utensílios utilizados para o cultivo de ostras.
Itens Vida útil
Cabos do long-line 10 anos
Poitas para fixação do long-line 10 anos
Flutuadores 4 anos
Lanterna berçário 2 anos
Lanterna intermediária 5 anos
Lanterna definitiva 3 anos
Motor para embarcação 15 HP 8 anos
Bomba hidrolavadora 5 anos
Embarcação 10 anos
Caixa plástica 5 anos
Fonte: SOUZA FILHO, 2003.
1.1 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Maricultura
3.500,0
3.152,4
3.000,0
2.512,7
2.500,0
2.031,3
1.941,6
Toneladas
2.000,0
1.592,2 1.597,5
1.500,0
1.000,0
762,4
605,9
500,0
201,1 219,0
122,4
42,9 48,0 25,5 58,3 64,7
0,0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Florianópolis 1.615,99
Palhoça 1.250
Gov.C.Ramos 60
Município
B. Barra do Sul 20
Bombinhas 18,85
Biguaçu 10,31
P.Belo 8
Penha 7
Toneladas
Figura 2. Produção de ostras por município no Estado de Santa Catarina em 2006. Fonte:
EPAGRI, 2006.
segundo Manzoni (op. Cit.), é recomendado para locais mais profundos e mais exposto,
sujeitos à ação de ventos e correntes, sendo também o mais utilizado em diversas
regiões do mundo. Este sistema consiste em um cabo principal com comprimento
mínimo de 100m, que é mantido junto à superfície com auxilio de flutuadores, neste
cabo as lanternas com as ostras são fixadas (Figura 3 e Figura 4).
Em Florianópolis, o sistema de cultivo de ostras mais comum é do tipo long-line,
(Figura 3). Nesse sistema, as lanternas são amarradas numa linha principal denominada
long que flutua por meio de bóias, dispostas a cada 100 cm, ou 80 cm, de acordo com o
produtor. Existem estruturas no fundo do mar que prendem todo o sistema de cultivo,
fixando-o de modo que não sejam levados pelas correntes e demais movimentos
marinhos. As lanternas de ostras possuem andares variados de acordo com a
profundidade do cultivo e preferências do ostreicultor. Quanto mais andares, mais
pesadas ficam as lanternas, pois mais ostras são colocadas nelas. Na região do Ribeirão
da Ilha a maior parte dos maricultores utiliza lanternas com 4, 5 ou 6 andares.
Nos últimos anos não existem trabalhos publicados que relatem a taxa de
mortalidade das ostras, mas os maricultores afirmam que a perda de ostras no período
de verão gira em torno de 50%. No período de inverno a mortalidade também acontece,
embora em menor proporção.
Em decorrência desta mortalidade, ao final de um dia de manejo no local de cultivo,
há uma grande quantidade de conchas retirada das lanternas. Atualmente estas conchas
não são aproveitadas, sendo descartadas em locais inapropriados ou misturadas ao lixo
comum. No Brasil ainda não existem iniciativas de uso das conchas, com exceção às
pequenas quantidade que são utilizadas na confecção de artesanatos.
Pesquisas abordando o uso das conchas de ostra ainda são poucas, principalmente
no Brasil, onde a atividade de cultivos destes moluscos é muito recente. Na Coréia,
desde o início dos anos 80 pesquisadores procuram uma solução para a utilização das
conchas de ostras. Devido à grande quantidade produzida no país o problema é
realmente grave e o governo coreano incentiva os pesquisadores a buscarem soluções
viáveis.
A costa sudeste da Coréia é uma das áreas de cultivos de ostras mais produtivas do
mundo, a produção de ostras é responsável por grande parte da economia regional. Em
1993, quando o Brasil ainda estava iniciando os cultivos de ostras, a quantidade de
conchas de ostras acumulada na Província de Kyungsang do Sul, na Coréia foi de
327.528 toneladas, destas, mais de 70% foram descartadas e somente 30% foram
reutilizadas (Yonn, G. et al, 2003).
Os pesquisadores coreanos Yoon et al (op. Cit.) pesquisaram a eficiência do uso de
conchas de ostras para a construção civil. Estes autores avaliaram a possibilidade da
substituição de agregados na fabricação de cimento por conchas de ostras moídas,
fazendo uma mistura de areia e concha de ostra moída. Esta mistura foi considerada
uma boa alternativa em casos de pouca disponibilidade de areia (YOON et al, op. Cit;
YANG et al, 2005).
Ainda na Coréia do Sul estudos revelam que as conchas de ostras, após serem
pirolisadas a uma temperatura de 750ºC durante 1 hora numa atmosfera de nitrogênio,
27
NOME DO
FABRICANTE INFORMAÇÕES NO SITE
PRODUTO
NOME DO
FABRICANTE INFORMAÇÕES NO SITE
PRODUTO
São José do Rio Preto (SP)
Na Espanha, em 2004, foi inaugurada uma fábrica para reciclar até 80.000 toneladas
conchas de mexilhões. O processo industrial consiste em triturar o resíduo, seguido de
aquecimento a 500ºC para eliminação da matéria orgânica. O resultado do processo é a
obtenção de carbonato de cálcio com 90% de pureza, que, segundo a empresa, pode ser
utilizado como matéria-prima na indústria cimenteira, em base de rodovias, como
componente para rações de aves, como corretor de solos, na elaboração de tintas e na
fabricação de papel ou de plástico, ou ainda na indústria farmacológica, como
componente de dentifrícios e maquiagem, quando o produto é mais purificado (GREMI
DE RECUPERACIÓ DE CATALUNYA, 2007).
Também na Espanha, foi criada em 1989, na Galicia, uma indústria de reciclagem
de conchas marinhas de ostras e mexilhões. Na figura 1 pode ser visto a concha já
processada e embalada que é vendida como farinha para ração de aves por esta empresa.
A farinha de ostra é utilizada como suprimento de cálcio para evitar a ocorrência de
doenças ligadas à má conformação óssea de aves, eqüinos e suínos (ABONOMAR,
2007).
Silva e Santos (2000), em seus estudos realizados na Universidade Federal da
Paraíba, indicaram que os níveis de cálcio recomendados para as rações de poedeiras
leves no período de repouso, após a muda forçada, e no período de produção do
segundo ciclo de postura são, respectivamente, 2,0% e 3,5% de cálcio.
29
Figura 5: Concha de ostra para ração de aves vendida por um empresa espanhola. Fonte:
ABOMAR, 2007.
B
No Brasil, pesquisadores do CEFET/PR analisaram a eficiência uma estação de
esgoto por meio de Zona de Raízes. A alternativa utiliza conchas de ostras em camadas
onde, geralmente, utiliza-se seixo rolado ou cascalho. Segundo os autores, a presença
das conchas aumentou em 56,24% a presença de cálcio no efluente. O íons de cálcio
ligam-se facilmente ao fosfato formando fosfatos de cálcio que são rapidamente
lixiviados (PRESZNHUK et al, 2003).
Aqui em Santa Catarina, há uma empresa de blocos de concreto investigando nos
laboratórios a resistência de blocos com mistura de conchas de ostras e viabilizando a
produção em larga escala destes blocos diferenciados.
Aqui no Estado existem indústrias que fabricam corretor de solos ácidos e farinha
de ostra para ração animal a partir das conchas, porém estas conchas são provenientes
de concheiros naturais, que por serem jazidas constituem uma matéria-prima não
renovável. Os compostos mais utilizados para correção de pH de solos ácidos são o
carbonato de cálcio ou de magnésio. Este último torna-se inviável quando o solo
acumula grande concentração de magnésio. Fabricantes de carbonato de cálcio a partir
de conchas naturais afirmam que este oferece resultados mais rápidos que o carbonato
de cálcio de origem mineral, por ser mais solúvel e reagir mais rapidamente com o solo,
(CYSY, 2006).
Na Universidade Federal de Santa Catarina ao menos três pesquisas foram
desenvolvidas nos últimos anos relacionados à utilização das conchas de moluscos:
30
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Região Sul
Brasil Florianópolis/SC
a
Ribeirão da Ilha
Para avaliação dos impactos no método Ad Hoc, são realizadas reuniões com a
participação de técnicos e cientistas especializados. Nestas reuniões podem ser
utilizados questionários previamente respondidos por pessoas com interesse no
problema, de modo a subsidiar os pareceres dos especialistas. Desta forma são obtidas
informações quanto aos prováveis impactos (BRAGA et al, 2002).
Para levantamento dos impactos ambientais provocados pelo descarte
inadequado das conchas, a equipe de pesquisadores do LAGA realizou visitas técnicas à
área de estudo. Os 54 proprietários de cultivos na área de estudo foram visitados e
entrevistados pela equipe de pesquisadores. O objetivo da entrevista foi de conhecer a
relação dos maricultores com o meio ambiente, levantar a destinação dos resíduos da
atividade, entender as condições de coleta e as possibilidades de reutilização/reciclagem
das conchas e do resíduo orgânico (incrustações, lama e pequenos organismos). A ficha
de campo com lista de perguntas está apresentada no anexo 1. As respostas foram
contabilizadas e estão apresentadas em forma de gráficos.
Baseados nos resultado das visitas e das entrevistas foram promovidas reuniões
para montar o quadro onde estão listados os principais impactos ambientais. Estes
impactos estão classificados quanto ao efeito causado ao meio ambiente, ao tempo do
efeito e ao estado (reversível ou irreversível).
Para verificação dos impactos ambientais resultante da acumulação de conchas
em terrenos da região, foi realizado um experimento com resíduos das conchas coletado
nas fazendas marinhas do Ribeirão da Ilha. O experimento procurou responder qual o
grau de incômodos ambientais, como maus odores e atração de vetores, provocado pelo
descarte e acúmulos das conchas em locais inadequados. A metodologia foi baseada na
experiência adquirida por meio de análise dos estudos de odores de Belli Filho e Lisboa
(1998), Belli Filho et al (2007), Carmo (2005) e Santos (2004), sendo esta última autora
integrante da equipe deste trabalho. Foi desenvolvido especialmente para esta pesquisa
um questionário (anexo 2) englobando a avaliação do odor por meio de três das suas
características odorantes: hedonicidade, intensidade e caráter do odor.
O experimento consistiu na montagem e observação de uma pilha experimental
com as conchas descartadas no Campus Universitário para facilitar o acesso e
observação dos jurados. O resíduo gerado nos dias 13/11 e 14/11/2006 pelo manejo de
dois cultivos de ostras da região do Ribeirão da Ilha foi trazido ao Campus Universitário
35
em torno das 17 horas do dia 14/11/2006 (terça-feira). O resíduo apresentou uma massa
total inicial de 35,74Kg e não passou por nenhum tipo de limpeza.
As conchas descartadas foram colocadas sob o solo impermeabilizado e com um
sistema de drenagem para que os líquidos percolados escoassem livremente para um
recipiente de coleta. Uma pequena cobertura removível de PVC foi posta sob o
recipiente de coleta para mantê-lo à sombra, evitando a evaporação demasiada do
líquido percolado armazenado (Figura 7). O local do experimento foi monitorado
diariamente sob os aspectos de produção de odores. Foi observado a variação da sua
aparência em termos capacidade de atração de vetores. O líquido percolado produzido
pelo resíduo foi coletado diariamente. Ao final do período de observação, após o
período de 34 dias de exposição do resíduo a intempéries, avaliou-se a perda de massa
total do resíduo, o percentual de umidade restante na massa e a quantidade de matéria
orgânica. Fatores meteorológicos da região onde foi montado o experimento foram
considerados nas avaliações, principalmente na avaliação de odores e de carga de
líquido percolado gerada.
B
C
Figura 7 - Experimento montado com o resíduo gerado nos cultivos (conchas mais sedimento
marinho agregado). A) Recipiente para recolhimento do líquido percolado. B) Pilha de resíduos. C)
Superfície impermeabilizante.
x
FONTE ÁREA 2: Área circular ao redor distância entre 3 e 5 metros da fonte
odorante.
Quadro 2 – Adoções para avaliação dos dados obtidos durante a aplicação do questionário de odor
do experimento. Adaptado de McGinley et al (2000 apud Santos, 2004).
PERCEPÇÃO DO ODOR
HEDONICIDADE
1
CARÁTER OU QUALIDADE DO ODOR: associação do odor em avaliação a odores, ou grupos de odores conhecidos, como ovo,
frutas, peixe, hortelã, flores, etc.
2
HEDONICIDADE: Agradabilidade, ou desagradabilidade proporcionada pelo odor ao avaliador.
3
INTENSIDADE DO ODOR: Classificação da “força” do odor mediante padrão pessoal de cada indivíduo comparado às
intensidades percebidas nos padrões das soluções de concentração do n-butanol. As escalas usadas são:1 - Muito fraco; 2 - Fraco; 3
- Médio; 4 - Forte e 5 - Muito Forte.
38
PERCEPÇÃO DO ODOR
INTENSIDADE DO ODOR
a) Composição química
Figura 9: Fluxograma das etapas para a obtenção dos produtos a partir das conchas.
43
Para avaliar a qualidade da cal virgem e hidratada produzida a partir das conchas
descartadas no Ribeirão da Ilha, utilizou-se dos parâmetros e metodologias contidas nas
normas ABNT que ditam condições exigíveis da cal virgem e hidratada utilizados em
tratamento de água para fins de abastecimento público.
A NBR 10790 apresenta recomendações para o conteúdo máximo de impurezas
para os seguinte elementos: arsênio, cádmio, cromo, flúor, chumbo, selênio e prata. A
determinação destes elementos foi realizada pelo Laboratório de espectrometria atômica
e massa da UFSC através da metodologia de absorção atômica.
A NBR 13293 prescreve o método para determinação da concentração de óxido
de cálcio disponível, hidróxido de cálcio e substâncias reativas ao HCl contidas no
produto. A NBR 13294 prescreve o método para determinação da concentração de
44
Figura 10: Fluxograma das etapas para estudo de viabilidade econômico das conchas.
maneira obteve-se dados da quantidade requerida por cada uma delas. Além destas,
ainda foram consultadas outras empresas da região que não estavam na banco de dados,
mas que seriam possíveis consumidores, como empresas que trabalham com tratamento
de água, indústrias farmacêuticas e agroindústrias.
Para fazer a pesquisa de mercado concorrente, que, no caso, seriam empresas
que comercializam carbonato de cálcio e/ou cal, fez-se contato via e-mail com as
empresas participantes da Associação Brasileira dos Produtores de Cal (ABPC), o foco
do contato era saber o preço praticado e a especificação do produto oferecido.
Dentro da análise estratégica, nas etapas que envolviam o sistema de produção a
ser adotado, listou-se as atividades necessárias ao beneficiamento. Montou-se o
fluxograma de produção e avaliou-se a necessidade de matéria-prima e equipamentos.
Foi elaborado uma planta esquemática para avaliar o espaço requerido para montagem
da estrutura da empresa.
Na análise financeira do negócio, foi elaborado um quadro de investimento
inicial que é composto pelo investimento físico e financeiro. O investimento físico
considera o capital que será necessário para a aquisição de equipamentos, móveis e
utensílios, para a construção do galpão da usina e aquisição do veículo. O investimento
financeiro considera as necessidades de capital de giro e os custos com habilitações e
registros iniciais. O cálculo do capital de giro envolve uma estimativa do capital
necessário (custos fixos e variáveis) para manter o negócio inicialmente, sendo que foi
considerado o período de 30 dias.
Os custos fixos são as despesas cuja variação não é afetada pelo volume total de
produção ou de vendas da empresa. O custo fixo é calculado a partir do somatório dos
gastos com salários dos funcionários, encargos sociais, outros impostos como o Imposto
sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA e Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana – IPTU, honorários do contador da empresa, conservação e
limpeza, equipamentos de proteção individual (EPI), materiais de escritório e proteção
dos investimentos físicos (depreciação, seguro e manutenção).
Os custos variáveis de produção variam com o volume de produtos
comercializados, e foram calculados por unidade de produto, no caso, o quilograma.
Para calculá-los foram considerados a produção total estimada para cada mês. O cálculo
dos custos variáveis levou em consideração os gastos com embalagem do produto,
47
energia para os equipamentos, combustível para o recolhimento das conchas e água para
limpeza das conchas.
O preço de venda unitário (por quilograma) foi calculado conforme Equação 2 :
⎛ CUP ⎞
PVU = ⎜⎜ ⎟⎟ × 100 Equação 2
⎝ 100% − (CC % + ML%) ⎠
⎛ LucroLíquido ⎞
Lucratividade = ⎜ ⎟ × 100 Equação 3
⎝ Re ceitaTotal ⎠
A lucratividade é um indicador que demonstra a eficiência operacional de uma
empresa, é expressa como um valor percentual, que indica a proporção de ganhos da
empresa com relação ao trabalho que desenvolve.
⎛ LucroLiquido ⎞
Re ntabilidade = ⎜ ⎟ × 100 Equação 4
⎝ InvestimentoTotal ⎠
InvestimentoTotal
Pr azo Re tornoInvestimento = Equação 5
LucroLíquido
48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
região trabalhem nas mesmas condições, seriam gastos 75.600 litros por dia e 1.890.000
litros ao mês, somente para limpeza das lanternas.
De acordo com as entrevista realizada com os ostreicultores do Ribeirão da Ilha,
sobre a origem da água utilizada e seu destino: 66% disseram que utilizam somente
água doce, somente 16% utilizam somente a água do mar e 18% utilizam ambas (Figura
12).
6%
16% Mar
12%
CASAN
2%
Cachoeira
6%
Nascente
27% Poço
Mar e CASAN
Figura 12 Origem da água utilizada para o manejo nas fazendas marinhas do Ribeirão da Ilha.
14%
2% Mar
2%
Areia
Fossa séptica e
infiltração
Decantação e mar
82%
Figura 13 Destino dos efluentes líquidos das fazendas marinhas no Ribeirão da Ilha.
10%
25%
Lançam no mar
12%
Recolhido pela
COMCAP
Utilizam para
aterro
16%
Lançam em terreno
Vendem
37%
Figura 14 Local de descarte das conchas pelas fazendas marinhas do Ribeirão da Ilha.
52
Lançam no mar
12%
Recolhido pela
COMCAP
78% 4%
Utilizam em composto
10%
Lançam em terrenos
Figura 15 Local de descarte dos resíduos orgânicos retirados das lanternas e das conchas das ostras
nas fazendas marinhas do Ribeirão da Ilha.
1 2 3
1
2 3
Figura 17. 1 - Resíduo fresco de conchas de cultivo de ostras; 2 e 3 - Locais de descarte das conchas.
10% 2%
Sim
2%
Já utiliza
Já vende
Não
86%
Figura 18. Possibilidade de doação das conchas para aproveitamento pelos ostreicultores do
Ribeirão da Ilha.
Sim
25%
Já vende
10%
65%
Não
Figura 19. Possibilidade de doação das conchas para uma empresa terceira que obteria lucro com a
venda das conchas beneficiadas.
Ajuda
25%
30%
Prejudica
Ajuda e prejudica
Figura 20. Opinião dos ostreicultores do Ribeirão da Ilha a respeito da interferência da atividade
sobre o meio ambiente.
TÓPICO Efeito
A pilha contendo o resíduo das conchas trazida dos cultivos da área de estudo
para o Campus Universitário (Figura 21), no primeiro dia de experimento foi possível
observar além das conchas e matéria orgânica, animais marinhos agregados ainda vivos.
Desde o início, a presença de moscas foi constante.
LEGENDA:
C
A - Recipiente para coleta de
B líquido percolado com
cobertura removível.
A B – Pilha de conchas com
matéria orgânica agregada.
C – Lona plástica para
impermeabilização de fundo.
mais percebido, ou então, percebido apenas quando muito próximo à fonte de odor,
sendo considerado de características neutras, ou agradáveis, associado ao mar e/ou sal.
A partir do 13º, não mais foi percebida presença de vetores.
Figura 22. Intensidade Média do Odor percebido no resíduo de conchas proveniente de cultivos do
Ribeirão da Ilha.
Tabela 4. Características gerais dos cinco cultivos onde foram acompanhadas a quantidade de
conchas descartadas.
LEGENDA: Local de descarte do resíduo de conchas: 1 - no mar, 2 - terreno baldio, 3 - terreno próprio 4, - Junto
com o lixo da COMCAP e 5 – Outro.
Figura 23. Etapa de pesagem das conchas nas fazendas marinhas do Ribeirão da
Ilha.
10000
9000
Massa de Resíduos (Kg)
8000
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Jul-06 Aug- Sep- Oct- Nov- Dec- Jan- Feb- Mar- Apr- May- Jun-
06 06 06 06 06 07 07 07 07 07 07
Mês/ano
500
450
Massa de Resíduos (Kg) 400
350
300
250
200
150
100
50
0
Jul-06 Aug- Sep- Oct- Nov- Dec- Jan- Feb- Mar- Apr- May- Jun-
06 06 06 06 06 07 07 07 07 07 07
Mês/ano
2400
2100
Massa de Resíduos (Kg)
1800
1500
1200
900
600
300
0
Jul-06 Aug-06 Sep-06 Oct-06 Nov-06 Dec-06 Jan-07 Feb-07 Mar-07 Apr-07 May-07 Jun-07
Mês/ano
400
300
250
200
150
100
50
0
Jul-06 Aug-06 Sep-06 Oct-06 Nov-06 Dec-06 Jan-07 Feb-07 Mar-07 Apr-07 May-07 Jun-07
Mês/ano
500
450
Massa de Resíduos (Kg)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Jul-06 Aug-06 Sep-06 Oct-06 Nov-06 Dec-06 Jan-07 Feb-07 Mar-07 Apr-07 May-07 Jun-07
Mês/ano
1.400
Massa de resíduos (Kg)
1.200
1.000
800
600
400
200
0
jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06
Mês-ano
Cultivo 1 Cultivo 2 Cultivo 3 Cultivo 4 Cultivo 5
Figura 30. Quantidade mensal da de conchas (kg) descartada pelos cinco tipos de
fazendas marinhas monitoradas no Ribeirão da Ilha de julho a dezembro de 2006.
8.000
Massa de resíduos (Kg)
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07
Mês-ano
Figura 31. Quantidade mensal da de conchas (kg) descartada pelos cinco tipos de
fazendas marinhas monitoradas no Ribeirão da Ilha de janeiro a junho de 2007.
66
10,000
9,000
8,000
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0
Jul-06 Aug-06 Sep-06 Oct-06 Nov-06 Dec-06 Jan-07 Feb-07 Mar-07 Apr-07 May- Jun-07
07
Mês-ano
45.000
40.000
y = 0,006x
Massa de conchas (kg)
35.000
R 2 = 0,9997
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000
0,90
0,80
0,70
M as sa d ú z ia( k
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
7
06
07
07
7
6
06
6
6
06
06
7
07
07
/0
/0
t/0
l/0
l/0
t/0
n/
n/
n/
v/
o/
z/
r/
v/
ai
ar
ju
se
ou
ju
ab
ag
no
de
ju
ja
ju
fe
m
m
Figura 34. Massa (kg) mensal da dúzia do resíduo de conchas dos restaurante do
Ribeirão da Ilha.
1400
Resíduo de conchas (kg) 1200
1000
800
600
400
200
0
jul ago set out nov dez jan fev mar abri maio jun
Mês
restaurante 1 restaurante 2 restaurante 3
225
200
Resíduo de conchas (kg)
175
150
125
100
75
50
25
0
jul ago set out nov dez jan fev mar abri maio jun
Mês
restaurante 4 restaurante 5
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07
Mês
resíduos e 170,7 toneladas por mês nos meses de alta geração de resíduos, totalizando
1.158.189 kg por ano de resíduo bruto de conchas. Essa massa corresponde a um
volume aproximado de 2.205,86 m3.
Comparando-se a quantidade descartada pelos cultivos e restaurantes (Figura
38), nota-se que a contribuição dos cultivos foi muito superior à dos restaurantes. No
período de alta produção de resíduo a quantidade descartada pelo cultivos chega a ser 90
vezes maior que a dos restaurantes.
1.200.000
M a ss a d e R e sí d u o s d e C o n c h
1.100.000
1.000.000
900.000
800.000
700.000
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
ALTA GERAÇÃO (kg) BAIXA GERAÇÃO (kg) ANUAL (kg)
Restaurantes 11.133 8.603 19.736
Cultivos 1.013.223 125.230 1.138.453
Figura 38. Comparação entre os totais de resíduos (Kg) de conchas descartados pelos restaurantes
e cultivos do Ribeirão da Ilha.
Estas conchas são descartadas juntamente com outros resíduos que se encontram
dentro da lanterna de cultivo, como lodo marinho, animais incrustados nas conchas e
74
outros predadores. Sendo assim, as conchas descartadas estão em meio a uma grande
quantidade de matéria orgânica.
Amostras de resíduo descartado pelos cultivos foram analisadas com o objetivo
de quantificar o percentual de matéria orgânica e umidade. Na Tabela 6 estão
apresentados o percentual de umidade e de matéria orgânica encontrados no resíduo das
conchas.
um período em que as lanternas são retiradas do mar, justamente para que uma parcela
dos animais incrustantes e predadores sejam eliminados.
As conchas descartadas pelos restaurantes são parte do resíduo das ostras
consumidas pelos clientes. As conchas são praticamente limpas, apresentam apenas
alguns restos de alimento, como partes da ostra não consumida, ou restos de molhos
usados no preparo dos pratos. Na Tabela 7 mostra o teor de umidade e de matéria
orgânica relativa à massa do resíduo descartado pelos restaurantes.
A 30,37 2,78
B 25,57 4,23
C 28,90 0,19
Nas análises realizadas pela UFSC todos os elementos foram encontrados com
valores abaixo de 1%, com exceção do óxido de cálcio. Resultados semelhantes foram
encontrados nas análises realizadas pela empresa privada, a principal diferença
encontrada foi com relação ao óxido de magnésio. Os resultados de Silva (2007)
diferem bastante para os óxidos de sílica, alumínio, potássio, sódio e magnésio.
78
TG concha
Perda de Massa (%) ______
-5
-10 TG Conchas
-15
-20
-25
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (°C)
DTA Conchas
(mW/mV)_______________
0,1
0,05
Energia
-0,1
-0,15
-0,2
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (°C)
amostra inicia novamente a absorver calor, pode ser explicado pela calcinação do
carbonato de cálcio.
b
Figura 43. Resíduo das conchas durante a etapa de secagem em estufa (a) e após a retirada da
matéria orgânica (b).
81
Figura 44. Óxido de cálcio obtido a partir das conchas, após moagem manual.
Figura 45. Processo de hidratação do óxido de cálcio obtido a partir das conchas.
A 90,68 13,98
B 85,33 18,174
C 83,72 20,504
Média 86,58 17,55
Desvio 3,64 3,31
A 61,82 20,04
B 61,49 15,38
C 59,53 25,16
Média 60,95 20,19
Desvio 1,24 4,89
A norma NBR 10790/1995 cal virgem e cal hidratada para tratamento de água de
abastecimento também estipula um valor mínimo para a quantidade de óxido de
hidróxido de magnésio. A metodologia encontrada na norma NBR 13294 Cal virgem e
cal hidratada para tratamento de água de abastecimento foi utilizada para determinação
de óxido e hidróxido de magnésio. Os valores encontrados para as conchas estão
apresentados na Tabela 12.
Concha Concha
Amostra calcinada hidratada
%MgO %Mg(OH)
A 0,25 2,12
B 0 0
C 0 0
Média 0,08 0,71
Desvio 0,14 1,22
Tabela 13. Recomendação para conteúdo máximo de impureza segundo norma NBR.
Impurezas As Cd Cr Pb Se Ag
Mg/kg de Ca(OH)2 10 2 10 10 2 10
85
Tintas e Comprovada a
Carbonato de R$ 0,92/kg
revistimentos, 3.000 Não informou qualidade do
cálcio (com frete)
São José produto, sim.
Tubos e Comprovada a
Carbonato de
conexões, 550.000 Não informou Não informou qualidade do
cálcio
Joinville produto, sim.
Comprovado um
padrão uniforme
Indústria
Carbonatos R$ 0,37/kg na tonalidade e
plástica, 120.000 Não informou
de cálcio (com frete) um nível de
Siderópolis
sílica aceitável
no produto, sim.
É necessário
Companhia de concorrer ao
água e R$ 0,35/kg pregão
Cal hidratada 125.000 Cobrascal
saneamento, (com frete) eletrônico, pois
Florianópolis esta é uma
empresa pública.
Adm. de Comprovada a
Estação de qualidade e
R$ 0,63/kg
Tratamento de Cal hidratada 400/ano B&L preço
(com frete)
Água, competitivo,
Florianópolis sim.
Produtora de Informou
ração animal, Carbonato de apenas que a
7.000.000 Não informou Sim
cálcio matéria-prima
Imaruí vem de SP.
Indústria de
papel e
R$ 0,18/kg
embalagens, Cal virgem 1.200.000 Não informou Sim
(com frete)
Três Barras e
Blumenau
88
Interesse em
utilizar o
Quantidade insumo
Preço de
Empresa Insumo consumida Fornecedor produzido a
aquisição atual
(kg/mês) partir das
conchas de
ostras.
Comprovada a
qualidade e
Agroindústria, Farinha de R$ 1,15/kg CAO do
75.000 preço
São José ostra (com frete) Brasil
competitivo,
sim.
Indústria de
suplemento
Farinha de R$ 2,00/kg Produtores de
alimentar, 250 Sim
ostra (com frete) ostras
Governador
Celso Ramos
De foram geral, o ponto forte dessas empresas é que são empresas de grande
porte, fabricam uma quantidade muito grande do produto e por isso o custo de produção
é baixo. O ponto fraco é que a maioria delas está localizada fora do Estado de Santa
Catarina, assim o custo do transporte aumenta o valor do produto.
A matéria-prima para a produção são as conchas das ostras descartadas pelas fazendas
marinhas e restaurantes da região do Ribeirão da Ilha. Os insumos utilizados são água,
para limpeza inicial das conchas recolhidas, e energia elétrica para operar os
equipamentos. A água também é utilizada no processo do hidratação, para o caso de
produção de cal hidratada.
Recolhimento da matéria-prima
Controle de entrada
Armazenamento e limpeza
Moagem
Embalagem
Ca(OH)2
Estocagem
Comercialização
Figura 46. Fluxograma do beneficiamento das conchas para produção de Carbonato de cálcio
(CaCO3), Óxido de cálcio (CaO) e Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2).
Profissionais
Etapas Procedimentos
envolvidos
Recolhimento da
Recolhimento da matéria-prima no veículo da empresa. Operador
matéria-prima
Retirada da matéria
Queima do produto a 600°C no forno. Operador
orgânica.
Estocagem do
Estocagem para distribuição e comercialização. Vendedor
produto
Empresa de
Transporte do produto para os compradores de grandes
Entrega transporte
quantidades.
terceirizada.
Recolhimento da
- - Veículo -
matéria-prima
- Computador
Controle da entrada - - Balança -
- Calculadora
Tanques de armazenagem
do lado de fora do galpão,
Limpeza - - Bomba hidrolavadora
com sistema de
escoamento da água.
- Equipamentos proteção
Retirada da matéria individual (luvas, óculos de
- Forno -
orgânica. segurança, guarda-pó, touca,
etc.)
Calcinação - Forno - -
- Moinho martelo
Moagem do produto - -
- Exaustor
Espaço preparado
Hidratação - - especialmente (etapa da
construção civil)
Embalagem - Ensacadeira - -
Estocagem do produto - - -
- Telefone/fax
Comercialização - - Impressora -
- Computador
Entrega - - Veículo -
93
Recolhimento da
- - Luvas protetoras
matéria-prima
Retirada da matéria
- -
orgânica
Moagem do produto - -
- Máscara de proteção
Hidratação Tanque de hidratação
- Pá para mistura
Embalagem - -
Entrega - -
MATERIAIS MATERIAL DE
ETAPAS MATÉRIAS-PRIMAS
SECUNDÁRIOS EMBALAGEM
Armazenamento - - -
Calcinação - Energia -
Hidratação Água - -
Estocagem do produto - - -
Entrega - - -
Comercialização - - -
INVESTIMENTOS INICIAS
Tabela 16. Quadro de investimentos inicial (físico e financeiro) para usina de beneficiamento das
conchas.
CUSTO
VALOR
QUANTIDADE UNIDADE UNITÁRIO
TOTAL (R$)
(R$)
INVESTIMENTO FÍSICO
Obras e instalações
Móveis
Utensílios
Equipamentos
Equipamentos de informática
CUSTO
VALOR
QUANTIDADE UNIDADE UNITÁRIO
TOTAL (R$)
(R$)
Veículos
INVESTIMENTO FINANCEIRO
TOTAL 197.239,83
Para custos com obras civis, foi considerada a área total de 80 m2, como
apresentado na Figura 47. Segundo o SINDUSCON, o valor médio em março de 2008
para construção civil de um galpão industrial, para a região de Florianópolis é de R$
430,90 por m2. Este valor foi adotado no cálculo do investimento físico, nele estão
incluídas mãos de obra, materiais e instalações elétricas e hidráulicas.
O item “registros iniciais” da Tabela 16 refere-se aos gastos para a consulta prévia
do nome empresarial na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, para Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, para o alvará de licença do
Corpo de Bombeiros e para a retirada do Alvará de Funcionamento.
Capital de giro é o montante de recursos em dinheiro que a empresa deve ter à
disposição para movimentar o dia-a-dia do negócio: pagamento de salários dos
colaboradores, aquisição de matéria-prima, impostos e demais despesas fixas. Nesta
análise foi considerado um prazo de 30 dias.
O custo de investimento inicial total para a usina de beneficiamento é de R$
197.239,83. Cabe ressaltar que não foram considerados gastos com a compra do terreno,
pois se espera que os maricultores, através da cooperativa existente no Sul da Ilha,
possam implementar e gerir a usina, e assim, conseguir junto à prefeitura de
99
CUSTOS FIXOS
Tabela 17. Custo fixo mensal e anual para o beneficiamento das conchas.
CUSTO
VALOR TOTAL
RUBRICA MENSAL ANUAL (R$)
(R$)
Salários
2.905,00 34.860,00
(3 funcionários/8 h semanais)
CUSTO
VALOR TOTAL
RUBRICA MENSAL ANUAL (R$)
(R$)
O valor total para o custo fixo mensal calculado foi de R$ 8.947,77. O custo mais
significativo é o dos salários, este custo está apresentado em detalhes a seguir na Tabela
18.
Os gastos com IPTU não foram considerados, pois, como colocado anteriormente,
caso o terreno seja arrendado pela prefeitura, a usina terá isenção de impostos.
O custo com IPVA é relativo a alíquota de 4% sobre o valor do automóvel
adquirido, sendo assim o valor anual do seguro obrigatório para o veículo seria de R$
77,60.
O valor relativo ao telefone é referente ao custo da assinatura básica para pessoa
jurídica. O valor da internet é relativo à assinatura do plano de internet banda larga. O
valor atribuído à conservação e limpeza é o preço médio praticado por diária em
Florianópolis. O custo com honorário profissional é relativo ao valor pago para um
profissional para fazer a contabilidade da usina.
Na Tabela 18 está apresentado os custos detalhados com o pagamento dos
funcionários, valores referentes ao salários e encargos sociais. Considerou-se o salário
mínimo vigente a partir de 01 de março de 2008 de R$ 415,00 como cálculo base,
assim, os operadores receberiam dois salários mínimos, R$ 830,00, e o atendente e/ou
vendedor receberia três salários mínimos, R$ 1.245,00, todos com carga de trabalho de
oito horas diárias.
101
Tabela 18. Custos com mão-de-obra para a usina de beneficiamento das conchas.
VALOR
SALÁRIO ENCARGOS VALOR ANUAL
FUNÇÃO MENSAL
(R$) (R$) (R$)
(R$)
Operador 1 830,00 517,92 1.347,92 16.175,04
Tabela 20. Custos de proteção dos investimentos anual para o beneficiamento das conchas.
Móveis e
1.853,00 10,0% 185,30 3,0% 55,59 2,5% 46,33
utensílios
Máquinas e
107.716,20 15,0% 16.157,43 4,5% 4.847,23 3,5% 3.770,07
equipamentos
Equipamentos
2.968,00 25,0% 742,00 5,0% 148,40 3,0% 89,04
de informática
TOTAL 36.198,19
muitas empresas quebram por não dispor de recursos para a troca e manutenção dos
equipamentos, quando necessitam fazê-lo.
Tabela 21. Comparação da massa de resíduo de conchas descartadas e massa dos três diferentes
produtos finais de beneficiamento, valor anual.
Tabela 22. Cálculo dos custos de matéria-prima e materiais diretos por unidade produzida (kg) por
ano.
Preço
Carbonato de cálcio Óxido de cálcio Hidróxido de cálcio
Unitário
Custo Custo Custo
Item Qtdade Qtdade Qtdade
Total Total Total
Tabela 23. Cálculo dos custos variáveis por unidade de produto produzido por ano.
Custo Variável
36.758,42 31.313,52 35.875,07
(R$)
CUSTOS TOTAIS
Tabela 24. Cálculo do custo unitário de produção para o carbonato de cálcio, óxido de cálcio e
hidróxido de cálcio.
Hidróxido de
Carbonato de cálcio Óxido de cálcio
cálcio
Tabela 25. Cálculo de preço de venda para o carbonato de cálcio, óxido de cálcio e hidróxido de
cálcio.
O preço de venda unitário para o óxido de cálcio está acima do preço praticado
pelo mercado. O carbonato de cálcio e o hidróxido de cálcio estão com preços
compatíveis com o valor que as empresas catarinenses pagam pelos produtos.
Na Tabela 26 está apresentado a receita anual da empresa de beneficiamento de
conchas, supondo que toda a matéria-prima beneficiada seja comercializada.
Hidróxido de
Carbonato de cálcio Óxido de cálcio
cálcio
Preço de Venda
0,37 0,63 0,41
Unitário (R$)
Quantidade de
unidades vendidas no 571.459,81 320.017,49 502.884,63
ano (kg)
Hidróxido de
Descriminação Carbonato de cálcio Óxido de cálcio
cálcio
2. Custos variáveis
2.1 Mercadoria vendida ou matéria-
3.063,20 2.609,46 2.989,59
prima utilizada
2.2 Custo de comercialização 3.987,43 3.836,79 3.962,99
5 CONCLUSÃO
• Pesquisar alternativas para o utilização dos resíduos orgânicos que são descartados
juntamente com as conchas de ostras.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLI FILHO, P.; SILVA, G. P.; SANTOS, C. L.; LISBOA, M. H.; CARMO JR, G.
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DE ODORES EM BACIAS HIDROGRÁFICAS COM
PRODUÇÕES DE SUÍNOS. Engenharia sanitária e Ambiental, Rio de janeiro, V.12 -
Nº 3 - jul/set 2007, 252-258
CHONG, Mi Hwa; CHUN, Byoung Chul; CHUNG, Yong-Chan; CHO, Bong Gyoo.
Fire-retardant plastic material from oyster-shell powder and recycled polyethylene.
Journal of Applied Polymer Science, v. 99, p. 1583-1589, 2005.
FUJITA, T.; FUKASE, M.; MIYAMOTO, H.; MATSUMOTO, T.; OHUE, T. Increase
of bone mineral density by calcium supplement with oyster shell electrolysate. Bone
Miner, v. 11(1), p. 85-91,1990.
KWON, H.; LEE, C.; JUN, B., YUN, J.; WEON, S. & KOOPMAN, B. Recycling
waste oyster shells for eutrophication control. Resources, Conservation & recycling,
v.41, p. 75-82, 2004.
116
NOMURA, Hitoshi. Criação de moluscos e crustáceos. São Paulo: Nobel, 1978. 102
p.
SILVA, José Humberto Vilar; SANTOS, Valdeci José Dos. Efeito do Carbonato de Cálcio
na Qualidade da Casca dos Ovos durante a Muda Forçada. Rev. Bras. Zootec., v. 5, n. 29,
p.1440-1445, 2000.
VALENTI, W.C.; Poli, C.R.; Pereira, J.A.; Borguetti, J.R., editores. Aqüicultura no Brasil.
Bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília:CNPq, 2000. 399p.
Yang, E.; Yi, S.; Leem, Y. Effect of oyster shell substituted for fine aggregate on
concrete characteristics: Part I. Fundamental properties. Cement and Concrete
Research. V. 35, n. 11, p. 2175-2182, 2005.
U F S C – U n i ve rs i d a d e Fe d e ra l d e S a n ta Ca ta r i n a .
Departamento de Engenharia Sani tária e Ambiental.
P r o j e to d e P e sq u isa “ V a lo ri za ç ã o d o s R e s ídu o s d a Ma r i cu l tu ra ”.
N o me d o o str e i cu l t o r e n t re vi sta d o :
1) O que faz com a sujeira que vem junto com a lanterna de cultivo das ostras? (lodo
marinhos e outros aminais – carangueijos, mijões e outros moluscos)
3) Qual a água usada para manejo das ostras e limpeza das lanternas? (mar, CASAN,
rio, cachoeira, nascente). Esta água vai para onde?
6) Se alguém utilizasse os restos que sobram do manejo para obter lucros você doaria?
U F S C – U n i ve rs i d a d e Fe d e ra l d e S a n ta Ca ta r i n a .
Departamento de Engenharia Sani tária e Ambiental.
P r o j e to d e P e sq u isa “ V a lo ri za ç ã o d o s R e s ídu o s d a Ma r i cu l tu ra ”.
Idade: Ho r á r i o d e i n í ci o d a o b se r va çã o :
Nome do orientad or : Te mp o d e o b se r va çã o n o l o ca l :
Caso a pessoa que irá avaliar o odor esteja gripada, ou com algum problema respiratório, stress
demasiado, dor de cabeça, ou muito sono, ela não deve participar da avaliação. Caso seja fumante com
freqüência diária, também não devemos realizar a avaliação. Fazer uma chance apenas no teste do
butanol, no máximo, caso o jurado erre as 2 concentrações mais baixas.
1 . C O ND IÇÃ O DO T EM PO NO L OCA L
Ob se r va çõ e s:
4 – Forte
1 – Muito fraco
5 – Muito forte
2 - Fraco
Obs.:
3 – Razoável (médio)
Caso o jurado não detecte odor em alguma das áreas 1, 2, ou 3, as demais perguntas sobre a área não
devem ser feitas.
3.1. Avaliação da área 3 (região circular com distância em torno de 5 metros do circulo, ou mais,
contendo a fonte no seu centro).
122
Agradável, nota_________(menos 10 - 0)
Neutro (nem agradável, nem desagradável, nota zero)
3.1.2. Você considera o odor Desagradável, nota_________(0 - 10)
nessa área agradável, neutro,
ou desagradável? Se
-10 0 10
agradável, ou desagradável,
observe a escala e dê uma
nota.
3.4. Avaliação do caráter do odor e sensações que o odor no local passa ao indivíduo.
Algum outro? Qual?
frutas esgoto lixo
Local: Semana:
Equipe:
Tipo de manejo
TEMPERATURA DA ÁGUA
De acordo com o maricultor (ºC)
P1
P2
P3
P4
Pesos das conchas (Kg)
P5
P6
P7
P8
Observações:
126
07 08 09 10 11 12 13
14 15 16 17 18 19 20
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