A Perdição Do Fuzileiro - Sea Wolf - Livro 3 - Nodrm
A Perdição Do Fuzileiro - Sea Wolf - Livro 3 - Nodrm
A Perdição Do Fuzileiro - Sea Wolf - Livro 3 - Nodrm
Criado no Brasil.
Obra Registrada.
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes,
personagens, sobrenomes, lugares e acontecimentos reais, é mera
coincidência.
Sumário
Outras obras
Dedicatória
Sinopse
Notas da autora
Capítulo 1
Três anos antes da dispensa
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Dois anos antes da dispensa
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Ano da dispensa
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo
Sobre a autora
Agradecimentos
Sinopse:
Ele é um playboy libertino;
Ela é uma secretária virgem;
Ele é arrogante;
Ela não o suporta.
Eduardo Alencar, no auge dos seus 29 anos, não quer
responsabilidades, tudo que ele quer é farra, bebidas e mulheres.
Sua mãe é quem comanda todas as empresas da família, mas tudo
muda quando ela decide que é hora de seu filho amadurecer.
A punição de Eduardo é ir morar em outra cidade para trabalhar
como faxineiro.
Cecília Richards é uma menina esforçada, aos 21 anos está
terminando a faculdade e trabalha como secretária de um dos gerentes da
empresa Alencar, onde ela lida constantemente com suas investidas.
Cecília conhece um faxineiro para lá de arrogante e imediatamente
uma inimizade entre ambos surge, porém, junto com as faíscas trocadas
entre os dois, uma chama da atração é acesa.
A vida da secretária nunca mais foi a mesma após cruzar com o
playboy... agora ela está GRÁVIDA!
Acesso ao livro
Ele se decepcionou com o que julgou ser amor;
Ela tem medo de se entregar novamente;
Ele se fechou;
Ela é a chave para a sua felicidade.
Nenhum deles sabe o que é amor de verdade, até estarem
perdidamente apaixonados, até que o outro se torne mais vital para si do
que o próprio ar.
Lucas Jones trancou-se em seu mundo depois de ter seu coração
partido, focou em seu futuro como empresário, a meta é deixar de ser filial
e encerrar o contrato com a matriz para abrir uma empresa completamente
independente no mesmo local.
Conhecer alguém não está em seus planos, mas a vida sempre dá um
jeito de mostrar que não se pode estar no controle de tudo.
O destino tem o hábito de pregar peças, e Lucas vai perceber isso
quando em uma noite ele acabar na cama com uma belíssima ruiva e
descobrir que ela é noiva de um dos sócios de sua empresa.
Tessa Marshall filha do primeiro casamento de uma família muito
rígida, conta apenas com o carinho de seu noivo Cliff Livingston, rapaz de
boa família que diz amar Tessa desde o colegial.
Depois de muita insistência de Cliff, unida a vontade de seu pai que
ela se case logo, Tessa cede e os dois começam a namorar quando ela ainda
estava na faculdade, o tempo passa e eles ficam noivos.
Tudo parece estar perfeito, ela quer que seja assim, porque sabe
exatamente qual o melhor momento para se vingar de seu noivo e sua, até
então, melhor amiga.
O que Tessa não poderia prever é que será a partir daí que saberá o
significado do amor.
Acesso ao livro
Ela é fria e libertina;
Ele amargurado e arrependido;
Ela vive presa em seus traumas;
Ele está envolto na dor de ter perdido a mulher que amou.
Os dois se amaram perdidamente no passado, agora se
reencontraram, mas nenhum dos dois reconhece o que amava no outro.
Resta saber se Cedric pode salvá-la ou se Blair irá arrastá-lo de volta para a
escuridão.
Cedric Roux
Não há sequer um dia nesses últimos quatro anos que não tenha
pensado nela, Blair Lennox, a irmã mais nova de seu melhor amigo.
Desde muito jovem, Blair parou de esconder seu interesse por
Cedric, ele precisou de todo o seu autocontrole para não acabar caindo em
tentação.
A pequena diaba sabia bem como usar tudo a seu favor, e não era de
desistir facilmente.
Era impossível não dizer que Blair seria de uma beleza absurda.
Com dezessete anos, seus olhos eram como portas para o inferno e
faziam todo corpo de Cedric queimar cada vez que o encarava com desejo.
Mas seu tormento teve início no dia em que Blair simplesmente
desapareceu.
Blair Lennox
Sempre soube exatamente o que queria, e isso era válido para todos
os sentidos de sua vida, carreira, sonhos, objetivos, desejos, absolutamente
tudo era detalhadamente definido. E sempre que fechava os olhos e
imaginava um futuro Cedric Roux fazia parte dele.
Cedric era o melhor amigo de seu irmão, inseparáveis como unha e
carne, oito anos mais velho, mas isso nunca a importou, observava-o desde
sempre, queria-o mesmo antes de saber ao certo o que era o desejo.
Mas em uma noite cruel e fria, sua vida mudou completamente.
Foi arrancada de seus objetivos, desfez os planos e foi impedida de
sonhar novamente.
Quatro anos depois de ter partido, se vê obrigada a voltar para
a sua antiga cidade e seus demônios interiores nunca estiveram mais
presentes do que agora.
Acesso ao livro
Em um casamento que esconde segredos, Giulia e Vittorio Ricci
aparentam a perfeição, mesmo diante da desaprovação de suas famílias.
Vittorio é um empresário determinado a conquistar o sucesso, mas
em sua busca por riqueza, cruza o caminho de Damon Lucchese, um
mafioso impiedoso determinado a não conhecer a derrota.
Enquanto Giulia dedica seu tempo a um orfanato, Vittorio oculta sua
sombria conexão com Damon e seu verdadeiro eu.
Damon, fica obcecado por Giulia e, aproveitando um erro fatal de
Vittorio para oferecer um acordo: uma semana com a mulher que tanto
deseja.
Uma história de paixão, segredos revelados e sacrifício se desenrola,
onde os limites do amor e da lealdade são postos à prova em um jogo
perigoso. Será que Giulia se renderá a esse acordo sombrio?
Acesso ao livro
Diana casou-se muito jovem com Christopher Rockefeller, um
homem de beleza avassaladora que irradiava poder por todos os poros.
Quando Christopher colocou os olhos em Diana, uma jovem doce e bela,
decidiu que ela o pertenceria. Inicialmente, agiu como um verdadeiro
cavalheiro, mimando-a, trazendo flores e encantando Diana e todos ao seu
redor. O homem perfeito. Pelo menos, foi o que ela pensou
Anos depois, Diana toma uma decisão audaciosa. Ela não quer mais
continuar ao lado de seu marido, e está disposta a tudo para sair desse
relacionamento. É quando o destino a leva a cruzar caminhos com Pierre
Lucchese.
Pierre é o Consigliere da Ndrangheta, um homem de aparência
sedutora e descontraída, mas, ao mesmo tempo, aterrorizante. Aqueles que
conhecem seu nome sabem que há muito mais por baixo da superfície
tranquila. Uma viagem de negócios se transforma em um ponto de virada na
vida de Diana, mexe com o mundo do Lucchese e perturba o Rockefeller
quando ele descobre que sua esposa desapareceu.
Acesso ao livro
O que você faria se perdesse a pessoa que você ama pela segunda
vez?
Luigi Marino, um homem cujo coração foi dilacerado pela perda da
mulher que amava não uma, mas duas vezes. Fechou-se para o amor e
concentrou-se em sua vida na Camorra.
Depois de quase entrar uma guerra mortal contra o Don da
Ndrangheta, Luigi concorda com um frágil pacto de paz pelo bem da
mulher que ambos amam. Contudo, a paz não traz consigo a cura, e Luigi se
vê afundado em suas próprias cicatrizes.
Em um momento complicado, ele é surpreendido por um pedido de
Giulia, a mulher que o lembrava tanto de sua amada, e é nesse momento
que ele reencontra Nina.
Nina Romanov, a sobrinha do Pakhan da Bratva. Criada nos rígidos
costumes da máfia russa, anseia por libertar-se das correntes que a prendem
e buscar sua própria identidade. Entretanto, o destino, muitas vezes
implacável, tem outros planos para ela.
Quando o tio de Nina a promete em casamento a alguém que ela
odeia, Nina busca a ajuda de sua prima e reencontra o homem que viu
apenas uma vez e que fez seu coração acelerar. Mas Luigi está
completamente preso ao seu passado, e para ela, já não resta mais tanto
tempo.
Acesso ao livro
Ella, uma confeiteira talentosa, vê sua vida desmoronar quando
descobre a traição de seu marido. Desiludida e com o coração partido, ela
decide se libertar de seu passado e embarca em uma noite de redescoberta
em uma boate luxuosa de Nova York. Lá, seu destino se cruza com o de
Alexander, um empresário enigmático e poderoso, que a envolve com
apenas um olhar.
A química entre eles é inegável, e uma noite de paixão intensa e
desenfreada se segue, marcando-os de maneira profunda e indelével. O que
era para ser um encontro casual se transforma em algo muito mais
complicado quando Ella descobre estar grávida. Em meio à surpresa e
incertezas, ela e Alexander iniciam um romance turbulento.
Alexander, acostumado a controlar tudo ao seu redor, se vê confuso
diante dos sentimentos que Ella desperta nele. Enquanto luta para se adaptar
à ideia de ser pai e enfrenta as repercussões de seu relacionamento em seu
império corporativo, ele descobre em Ella uma força e uma paixão que
jamais imaginou encontrar.
Ella e Alexander devem aprender a confiar um no outro e lutar pelo
seu futuro, enquanto navegam pelas complexidades de um relacionamento
forjado em uma noite que mudou suas vidas para sempre.
Acesso ao livro
Ethan, um bem-sucedido e charmoso empresário, conhecido por seu
estilo de vida boêmio e relações passageiras, encontra-se cativado por
Heloísa, melhor amiga da esposa de seu melhor amigo, há mais de um ano.
Tudo se inicia quando Helô e Ethan acabam assumindo a
responsabilidade de cuidar de sua afilhada Louise por dois dias. Conforme
o tempo passa, eles se vêm cada vez mais envolvidos na vida de casal,
desafiando suas próprias convicções sobre relacionamentos e amor.
No entanto, o caminho para o amor verdadeiro nunca é fácil e uma
falsa amizade ameaça desestabilizar o delicado equilíbrio do novo casal.
É uma história sobre transformação, confiança e a força de um amor
inesperado. Uma trama que desafia os personagens a olharem além das
aparências e a enfrentarem os próprios medos e conceitos pré-formados um
sobre o outro. Com momentos de humor, ternura e profundas reflexões, esta
narrativa é um convite a acreditar que, mesmo os corações mais fechados,
podem se abrir para o amor mais puro e surpreendente.
Acesso ao livro
Valerie, uma jovem marcada por uma perda devastadora, vê sua vida
mudar drasticamente quando descobre que seu destino está nas mãos de
Connor, um homem que ela mal conhece e que carrega um peso obscuro de
seu passado.
Connor a odeia, e faz questão de deixar isso claro com cada palavra
que sai de sua boca. Valerie, por outro lado, também não se importa com o
bem-estar de seu tutor.
Enquanto tentam se adaptar a essa nova realidade, Valerie e Connor
se veem envolvidos em uma trama intricada de intrigas familiares e
segredos do passado que ameaçam vir à tona. Entre os confrontos
emocionais e uma atração irresistível, os dois são levados a questionar seus
próprios sentimentos e convicções.
À medida que se aproximam, são confrontados com escolhas
difíceis e dilemas morais. Será que eles conseguirão superar suas
diferenças? Ou serão arrastados pelos conflitos do passado?
Entre o amor e o ódio, a confiança e a desconfiança, “A tentação do tutor” é
uma história envolvente sobre perdão, redenção e a força dos laços que nos
unem, mesmo quando o destino parece conspirar contra nós.
Acesso ao livro
Sean, um ex-militar impulsivo e destemido, vê-se envolvido em uma
trama de interesses familiares quando aceita cuidar dos negócios do pai para
provocar seu irmão. Sem saber que o futuro da empresa depende de um
casamento arranjado, ele iria recusar, se não visse quem era a sua noiva
:Margot, a mulher intrigante que desperta nele um desejo intenso e o faz
questionar suas próprias convicções.
Margot, por sua vez, sempre lutou contra as imposições de sua
família e vê no casamento forçado uma prisão dourada. Ela acredita que seu
noivo é Richard o idiota que sempre tentou conquistá-la, sem ter ideia de
que é com o filho mais velho dos Walker, que está destinada a se casar, e
que esse homem é ninguém mais nem menos que Sean, o homem com
quem ela teve uma noite regada a prazer e luxúria.
Margot, em um ato desesperado, é ajudada por sua mãe a fugir após
contar uma grande mentira, sem imaginar que isso só aumentaria a obsessão
de seu noivo por ela, desencadeando uma série de eventos que os levarão a
um caminho de descobertas e confrontos inevitáveis.
Uma história de amor ardente, cheia de obstáculos, onde a entrega e
a luxúria se entrelaçam em meio às mentiras e ao desejo. Margot e Sean são
levados a um jogo que odeiam, entre a obrigação e a paixão, onde cada
escolha tem consequências imprevisíveis.
Acesso ao livro
É com imensa gratidão que dedico este livro a cada um de vocês que
acreditam em segundas chances e amores resilientes. Ao longo desta
narrativa, veremos juntos como o amor pode superar diversos obstáculos.
Que esta história tenha sido mais do que apenas uma mera fonte de
entretenimento, mas sim uma lembrança poderosa de que, mesmo diante
das adversidades, o amor verdadeiro persiste. Que vocês possam encontrar
inspiração na jornada de Brandon e Emma, lembrando-se de que nada é
impossível quando se tem fé no amor e na capacidade de recomeçar.
Que estas páginas sirvam como um lembrete de que, assim como Brandon e
Emma, cada um de nós merece uma segunda chance, uma oportunidade de
reconstruir, de amar novamente e de encontrar a felicidade,
independentemente das circunstâncias que nos cercam. Que possamos
celebrar a beleza dos recomeços e a força dos laços que nos unem, mesmo
além das fronteiras do tempo.
Agradeço por estarem embarcado nesta jornada comigo. Que o amor
continue a guiá-los em suas próprias histórias.
Com carinho,
Angel.
Brandon sempre viu Emma como a melhor amiga de sua irmã,
alguém que deveria proteger e cuidar como um irmão mais velho. Mas a
cada ano que passava, Emma se transformava diante de seus olhos,
tornando-se uma mulher irresistível, despertando nele sentimentos que vão
além do fraternal.
Ele retorna para casa despois de uma missão a qual foi designado
com seu esquadrão, ele faz parte da elite dos SEA WOLF, sua missão levou
um ano e meio e quando finalmente retorna para casa Emma não parece
mais a mesma. ela está com dezessete anos e Brandon se vê incapaz de
ignorar a atração que surge entre eles, especialmente quando percebe o
desejo ardente refletido nos olhos dela.
Apesar de se apaixonarem, nenhum dos dois está disposto a admitir
seus verdadeiros sentimentos. Assim, embarcam em uma amizade marcada
pela paixão proibida, ciúme e negação mútua.
Emma é levada aos extremos da paixão ao lado de Brandon,
experimentando sensações que nunca imaginara. Entretanto, tudo
desmorona quando ela descobre o segredo guardado pelo homem dos olhos
azuis por quem ela foi apaixonada a vida inteira.
Arrasada, Emma se lança em um caminho autodestrutivo, tentando
convencer a si mesma de que suas escolhas são por sua própria vontade,
não apenas uma reação à decepção amorosa.
Enquanto ambos se esforçam para negar o que sentem um pelo
outro, talvez percebam tarde demais que o amor que tentaram ocultar
sempre esteve presente, tornando impossível escapar do inevitável.
Alerta de Gatilho
Este conteúdo contém descrições de agressão verbal e física,
palavras de baixo calão, que podem ser angustiantes e perturbadoras ou
desencadear respostas emocionais negativas.
Por favor, esteja ciente desses temas sensíveis antes de prosseguir
com a leitura. Se você sentir que pode ser afetado por esses gatilhos,
recomendamos cautela ao continuar ou evitar este conteúdo. Se precisar de
apoio ou assistência, não hesite em buscar ajuda de um profissional de
saúde mental ou de recursos de apoio disponíveis em sua comunidade. Sua
saúde e bem-estar são importantes.
A autora não romantiza nenhum dos tópicos citados acima.
Este livro se inicia três anos antes da primeira história (a de Connor
e Valerie) lembrem-se disso para não se sentirem confusos durante a
narrativa.
Capítulo
1
Três anos antes da dispensa
Finalmente estava indo para casa. Não era uma coisa nova para
mim, mas desta vez, havia um peso extra em meus ombros.
Entre os membros do nosso grupo, eu era o que mais vezes voltava
para casa para visitar a família, meus pais e minha irmãzinha, Ester. Sempre
fomos muito unidos, algo que sempre me fazia querer voltar para casa o
mais rápido possível após cada missão.
No entanto, as últimas missões me mantiveram afastado da família
por um longo tempo, um ano e meio para ser exato. Um período que
pareceu uma eternidade.
Cheguei à Detroit louco para ver minha irmã, por mais que nos
falássemos sempre que possível, a vontade de abraçá-la, de observar as
estrelas no jardim, ou simplesmente assistir a alguns filmes, era grande
demais.
E então, lá estava ela, como sempre, esperando na varanda da casa
da frente. Emma. A melhor amiga de Ester. Conhecia-a desde que tinha
cinco anos, ela e minha irmã tinham a mesma idade. Mas agora, aos
dezessete anos, algo havia mudado. Emma não era mais aquela garotinha
inocente que eu lembrava. Ela havia se transformado em uma mulher
deslumbrante, como se em um ano e meio ela tivesse desenvolvido os
próximos cinco.
Quando a vi ali, esperando por minha chegada, meu coração deu um
salto. Eu engoli em seco, lutando para conter a reação irracional do meu
corpo. Ela sorriu para mim, um sorriso que iluminou seu rosto e fez meu
coração bater mais rápido. Eu a cumprimentei, tentando manter a calma,
mas por dentro, eu estava em turbilhão.
Era irritante, para dizer o mínimo. Irritante porque eu não deveria
estar tão afetado por sua presença. Emma era a melhor amiga da minha
irmã mais nova, alguém que eu sempre vi como uma figura familiar, uma
extensão da nossa própria família. Mas agora, diante dessa visão totalmente
nova dela, eu me sentia perdido.
Ela sinalizou para que eu esperasse, como sempre fazia, e eu
esperei. Emma caminhou em minha direção e notei que não era apenas sua
aparência que havia mudado. Havia algo diferente em sua maneira de andar,
uma confiança que ela não possuía antes. Emma tinha amadurecido de uma
maneira que eu não conseguia entender completamente. E isso me deixava
desconfortável, como se estivesse perdendo o controle sobre algo que
deveria ser familiar.
Eu estava irritado por ter passado tanto tempo longe da minha
família. Irritado por ter perdido momentos importantes na vida de Ester e,
aparentemente, também de Emma. Mas, acima de tudo, estava irritado
comigo mesmo por permitir que esses pensamentos tumultuados tomassem
conta de mim.
Emma se aproximou de mim com um sorriso radiante no rosto, seu
quadril se movendo de uma maneira hipnótica. Ela sempre teve esse jeito,
alegre e cheia de vida. Eu a observei se aproximando, incapaz de evitar a
sensação de expectativa que se instalava dentro de mim. Mas quando
finalmente chegou perto o suficiente e se jogou em meus braços, meu corpo
enrijeceu.
Seus seios roçaram contra meu abdômen, e uma onda de
desconforto me percorreu. Ela era quase a metade do meu tamanho, e o
gesto que sempre foi tão natural entre nós agora parecia estranho, fora de
lugar. Meu corpo ficou tenso involuntariamente, e eu lutei para esconder a
reação.
— Oi, fuzileiro! — Sua voz era animada, cheia de calor e doçura. —
Estava morrendo de saudade de você!
Pigarreei, tentando encontrar minha voz.
— Também senti sua falta, Emma — respondi finalmente, forçando
um sorriso nos lábios.
Ela me olhou com aqueles olhos brilhantes, tão cheios de vida, mas
havia algo mais... Era como se ela não percebesse a tensão que pairava
entre nós. Ou talvez ela simplesmente escolhesse ignorá-la. Não importava.
O fato era que eu estava lutando para manter as aparências, para agir como
se tudo estivesse normal quando claramente não estava.
— Como foram as missões? Demorou para voltar, nem acreditei
quando Ester me contou— disse com uma sombra de tristeza nos olhos.
— Intensas — respondi, evitando olhar diretamente para ela. —
Mas estamos todos bem.
Emma assentiu, parecendo satisfeita com a resposta. Ela sempre foi
uma pessoa preocupada com os outros, generosa e compassiva até o âmago.
Eu a admirava por isso, mesmo que agora, nesse momento tenso entre nós,
tivesse dificuldade em expressar isso.
— Que bom que você está de volta — ela disse, sorrindo
novamente. — Estávamos todos ansiosos pela sua chegada.
Eu forcei um sorriso em resposta, tentando parecer grato pelo
acolhimento dela. Mas por dentro, me sentia confuso e perturbado. Havia
algo errado entre nós agora, algo que eu deveria ignorar. E não tinha ideia
de como lidar com isso.
Entrei na casa dos meus pais e fui recebido com abraços calorosos e
beijos de toda a família. Era um ritual familiar que se repetia a cada retorno,
mas desta vez, a sensação estranha que me acompanhava desde o encontro
com Emma não desapareceu. A conversa animada e o ambiente acolhedor
não foram capazes de dissipar o desconforto que sentia.
— Brandon, que bom que você está de volta! — Minha irmã, Ester,
me abraçou com força. — Eu estava morrendo de saudade de você!
— Eu também senti sua falta, Ester — respondi, retribuindo o
abraço com carinho.
Ela recuou e me lançou um olhar animado.
— Já sei o que faremos hoje. Tem um filme que eu estava esperando
para assistir com você. Foi lançado meses atrás, mas prometi que esperaria
você voltar para vermos juntos.
Senti um aperto no peito ao ouvir suas palavras. Era difícil não me
sentir culpado por ter perdido momentos importantes como esse ao longo
dos anos.
— Claro, Ester. Assim que eu tomar um banho e descansar, a
viagem foi longa — prometi, tentando disfarçar minha ansiedade porque
imaginei que Emma estaria com a gente.
— Depois da aula — gritou quando eu já estava saindo.
Subi as escadas em direção ao meu quarto, precisando de um
momento de paz. Ao abrir a porta, me deparei com o ambiente que já não
era tão familiar para mim. Meu quarto estava exatamente como eu o deixei,
cada objeto em seu lugar.
Tirei minha camisa e estava prestes a me desfazer da calça quando a
porta se abriu abruptamente, me fazendo dar um salto de surpresa e virar
rapidamente.
— Emma? O que você está fazendo aqui? — Perguntei, olhando-a
atentamente.
Ela permaneceu parada na porta por um momento, seus olhos
vagando pelo meu corpo, centímetro por centímetro. Senti-me
desconfortável sob seu escrutínio e me apressei em cobrir meu torso sem
camisa.
— Eu... Eu vim buscar um livro que deixei aqui — ela respondeu,
finalmente encontrando sua voz. Seus olhos ainda fixos em mim, como se
estivessem gravando cada detalhe.
— Não tem outro lugar para ler? — Perguntei, tentando mascarar
minha própria perturbação com uma pitada de sarcasmo.
Ela não respondeu imediatamente, apenas se aproximou da estante
onde o livro estava e o pegou.
— Acho que gosto do silêncio aqui — foi tudo o que ela disse antes
de sair rapidamente do quarto, deixando-me sozinho com minha confusão e
os pensamentos insanos que a presença dela despertava em mim.
Capítulo
2
Estava no terceiro ano do ensino médio e, por algum motivo, me
envolvi com a turminha popular da escola. Aos quase dezoito anos, ainda
sou virgem, uma raridade nos dias de hoje. Acho que minha obsessão por
romances acabou me tornando excessivamente seletiva, pois nenhum dos
garotos ao meu redor se comparava aos homens dos meus livros.
Ou talvez a minha pequena obsessão pelo irmão da minha melhor
amiga tenha me estragado para o resto dos homens do mundo.
Meu aniversário estava se aproximando e, para minha frustração,
todas as pessoas que conheço estão muito interessados em fazer alguma
comemoração, mesmo sabendo que sou péssima com festas e que odeio
com todas as minhas forças o barulho que elas fazem.
— Pelo amor de tudo o que é mais sagrado, meninas, vocês sabem
que detesto bagunça! Não estou a fim de fazer nada disso. — Tentei fazer
minhas amigas entenderem.
— Ah, para de ser chata, Emma! Somos suas amigas e queremos
curtir sua data especial com você! — Ester, uma das minhas amigas mais
próximas, resmungou. — Além disso, seus pais estavam querendo que você
socializasse um pouco, a tia Sarah mesma me disse isso. — Acrescentou.
— Você nunca está disposta a fazer nada que a gente sugere! Uma
festinha de aniversário não vai te matar. — Alicia, a outra do nosso trio, fez
bico, parecendo chateada.
Minhas amigas eram extremamente belas e populares na escola.
Estudávamos juntas desde que me lembro, e ao longo dos anos, elas foram
se tornando cada vez mais influentes. Era quase uma regra na escola que os
mais novos nos venerassem, então, naturalmente, muitos se aproximavam
de mim por causa delas.
Ester e Alicia eram, talvez, os verdadeiros motivos pelos quais as
pessoas falavam comigo, pois minha reputação na escola era de antipática e
antissocial.
— Vocês sabem que detesto esse tipo de coisa. — Tentei mais uma
vez fazê-las entenderem.
— Na minha casa, final de semana. Se você não aparecer, eu vou
fazer um escândalo na sua porta! — Ameaçou Alicia.
— Tudo bem, mas saibam que vou odiar cada minuto disso! —
Olhei zangada para elas, jurando que um dia iria fazê-las lerem um livro
completo para ver como é fazer algo que não se gosta.
— ELA CONCORDOU!!! — Gritou Alicia, chamando a atenção de
todos ao nosso redor no intervalo.
— ALICIA!!! — Tentei repreendê-la, mas metade da escola já
estava aplaudindo como se estivesse esperando minha decisão. Olhei para
minhas amigas, perplexa.
— Me digam que vocês não convidaram todas essas pessoas... —
Pedi, com os olhos arregalados.
Elas apenas sorriram maliciosamente, o que não me deixou nada
confortável. Eu conhecia aqueles sorrisos; elas estavam aprontando alguma
coisa.
— Oh, céus, vendi minha alma aos demônios, não foi? — Indaguei
enquanto elas me arrastavam de volta para a sala, cada uma segurando um
dos meus braços.
Subimos para o próximo período, discutindo animadamente sobre os
planos para a minha "festinha", ideias que me deixavam arrepiada só de
pensar.
— Quem sabe até você perca de uma vez a virgindade. —
Comentou Ester, com um sorriso de orelha a orelha. — Sabe que só
convidamos os mais gatos entre os mais gatos, e todos eles babam por você!
— Você está maluca? O que anda cheirando ultimamente? —
Perguntei sem graça.
As duas sempre estavam fazendo piadinhas sobre minha virgindade.
Não que elas quisessem me forçar a nada, mas muitas vezes eu acabava
ficando envergonhada.
— Isso não é da conta de vocês, então parem de ser tão fofoqueiras.
É constrangedor. — Respondi, tentando cortar o assunto.
— Só queremos ajudar, amiga... E falando nos seus admiradores, lá
vem um deles. — Alicia apontou na direção de um dos nossos colegas que
se aproximava.
Jack era realmente um gato. Mais alto do que a maioria dos meninos
da escola, com um sorriso impecável e olhos profundos e marcantes. No
entanto, sua personalidade superficial e egocêntrica não me atraía.
— Oi, meninas. Ouvi dizer que está tudo certo para a festa no final
de semana. Que bom que você aceitou se divertir um pouquinho, Emma.
Quem sabe você possa ver que as pessoas reais podem ser tão interessantes
quanto os personagens dos seus livros... — Disse Jack com seu sorriso
sedutor.
— Duvido muito, Jack, mas sim, por livre e espontânea pressão, a
festa vai realmente acontecer. — Respondi, tentando parecer animada.
— Vai ser legal, eu com certeza estarei por lá, não perderia por
nada. — Ele respondeu, com um sorriso que abaixaria 99% das calcinhas
do colégio.
— Hum, que bom. Fico feliz que ao menos alguém vá se divertir. —
Disse, forçando um sorriso. — Precisamos entrar. Nos vemos depois. — Fui
para a sala, arrastando minhas amigas que me olhavam incrédulas.
— É sério, Emma, eu tenho muita vontade de te socar às vezes!
Cinco minutinhos sem perder a amizade? Vamos? Como você dá um fora
no cara mais gato da escola? — Alicia estava visivelmente irritada.
— Por favor, nem comece. Ele é insuportável e se acha demais. Eu
detesto isso. — Respondi, tentando justificar minha atitude.
Ester apenas me olhava, com uma expressão divertida. Era óbvio
que ela também achava graça na situação.
— Você não existe! — Ela disse, após um tempo.
A aula passou rapidamente. Juntei meu material, enquanto deixava
todo mundo ir na frente, como de costume. Eu sempre saía por último para
evitar a as pessoas.
— Se incomoda se eu for indo? — Ester perguntou. — Combinei de
ir ao cinema com meu irmão e ainda tenho que tomar um banho.
Meu coração deu um salto só pela simples menção ao irmão dela.
— Não, claro que não. Vai lá. — Respondi, tentando esconder como
me sentia, nem mesmo minhas duas melhores amigas sabem sobre minha
paixonite.
Alicia já tinha corrido para encontrar o boy da vez. Um cara um
pouco mais velho com quem ela andava saindo
Meu condomínio ficava perto da escola, e Samuel, um dos meus
vizinhos, sempre me acompanhava até lá. Ele não falava comigo na escola,
mas sempre me esperava no portão, já que sabia que eu sempre saía por
último.
— Oi, demorou mais do que o costume. Está tudo bem? — Samuel
perguntou quando me aproximei.
— Fiquei um pouco perdida nos meus pensamentos, rezando para
que o final de semana não chegue nunca. — Disse, já andando em direção
às nossas casas.
— Ah, sim, a festa. Eu soube.
— Você vai? — perguntei esperançosa.
— Não, eu não fui convidado. — Ele respondeu com um sorriso.
— Não seja por isso, eu estou te convidando. Afinal de contas, sou a
aniversariante, posso convidar alguém, e assim, pelo menos, terei alguém
que não é um babaca para conversar. — Brinquei. — Pode ir, viu? Te
mando o endereço por mensagem.
— Você não tem meu número.
— Resolvo isso agora mesmo, coloca seu número aí, por favor. —
Entreguei meu celular para ele.
— Não sei se vou conseguir ir. Meu primo voltou para a cidade
hoje, ele foi para a marinha na mesma época que o irmão da sua amiga, eles
devem se conhecer. — Ele disse, enquanto colocava seu número e me
devolvia o celular.
— Ah, que pena. Não que ele tenha voltado, mas que pena que você
não vai. Se quiser, pode levá-lo, eu não me importo.
— Hum, ele é bem mais velho que nós, duvido que vá querer ir, mas
posso tentar.
Nos aproximamos de casa, e havia uma certa comoção na casa de
Samuel.
— Ele chegou! — Samuel me informou sorrindo. — Vou lá
cumprimentá-lo. Nos vemos amanhã, Emma.
Então meus olhos cruzaram com os dele.
Nunca fui de prestar muita atenção nas pessoas, mas havia algo
hipnótico naqueles olhos azuis, eles sempre me tiravam o fôlego.
Nem eu, nem ele, desviamos o olhar. A profundidade de sua
perfeição me encantava. Era como se fossem ímãs me atraindo e impedindo
que eu me afastasse.
Caminhei até Brandon com um sorriso no rosto, sentindo-me
animada por vê-lo, pensei que teria ido ao cinema com Ester.
— E aí, fuzileiro… Como está sendo seus dias fora da marinha? —
Perguntei, tentando iniciar uma conversa.
Ele não sorriu de volta como de costume.
— Está tudo bem. Tenho ido todos os dias para as Forças Aéreas.
Não consigo ficar parado. — Seu tom frio me fez estremecer.
Assenti.
— E por quanto tempo você poderá ficar dessa vez? — Indaguei,
esperando que fosse mais do que das vezes anteriores.
— Acredito que dessa vez poderei ficar pelo menos dois meses. —
Ele respondeu, parecendo descontente com a perspectiva.
— Ah, Ester te contou sobre a festa que faremos para comemorar
meu aniversário, não é? Você está convidado, é claro.
Brandon fez uma pausa antes de responder.
— Obrigado pelo convite, Emma, mas acho que não irei. Não sou
muito fã de estar em meio a adolescentes. — Brandon nunca havia agido
daquela maneira comigo.
A resposta dele me deixou um pouco triste, mesmo que eu o
entendesse. Mas nós éramos, de certa forma, amigos há tanto tempo, e eu
gostaria que ele estivesse lá para comemorar comigo.
— Tudo bem, Brandon. Obrigada mesmo assim. — Disse, tentando
disfarçar a decepção. — Nos vemos por aí, então.
Deu um sorriso fraco a ele e virei-me para ir embora, mas senti sua
mão quente segurar meu pulso, um choque percorreu todo o meu corpo,
mesmo que o contato fosse tão simples e inocente.
Ele aparenta um certo nervosismo, e percebo uma expressão
sombria passar por seu rosto quando ele olha para Samuel e sua família.
Sinto-me desconfortável com a tensão repentina no ar.
— Quem é o seu amiguinho? — Sua voz faz meu estômago dar
cambalhotas.
— Ele é nosso vizinho. Nós nos conhecemos desde quase sempre.
— Respondo, tentando amenizar a situação. — Ele me acompanha todos os
dias na volta da escola.
No entanto, o semblante de Brandon não se suaviza. Em vez disso,
seus olhos parecem faiscar de raiva quando Samuel se aproxima, e um
arrepio de apreensão percorre minha espinha quando Brandon solta meu
pulso.
— Emma, acabei de falar com meu primo, e advinha só? Ele vai
comigo a sua festa! — Samuel diz, com um sorriso caloroso. — Oi — diz
olhando na direção de Brandon.
Brandon observa a cena com uma expressão sombria e um leve
rosnado escapa de seus lábios.
— Ah, isso é ótimo! — Respondo, tentando ignorar a sensação de
estar sendo queimada viva por aqueles olhos azuis gélidos. — Nos veremos
lá.
Samuel me deu um beijo no rosto e voltou para a família dele.
Brandon mantém o olhar fixo em Samuel, sem dizer uma palavra.
Sinto seu olhar queimar em minha direção quando o outro se afasta. Seus
lábios se apertam em uma linha fina, e sua mandíbula parece tensa enquanto
ele se esforça para controlar a raiva.
— Você permitiu que ele te beijasse? — Brandon pergunta, sua voz
soando mais áspera do que o habitual.
— Foi apenas um gesto amigável de despedida. Não foi nada
demais. — Tento explicar, mas meu coração começa a bater mais rápido
diante da intensidade de seu olhar.
— Eu não gosto disso, Emma. Não quero que ninguém se aproveite
de você. — Ele diz, sua voz soando firme e possessiva.
— Como? — pergunto atordoada.
— Sou como seu irmão mais velho, não é? Tenho que cuidar de
você
Sinto-me desconfortável com a maneira que ele fala, mas decido que
o melhor é ignorar, e como se fosse minha deixa, Ester aparece agarrando o
braço do irmão para irem ao cinema.
Capítulo
3
Ester olha para mim parecendo um pouco confusa com a minha
irritação, e isso só faz com que eu me sinta ainda mais desconfortável.
— Brandon, o que está acontecendo? Está com uma cara de quem
chupou limão. — Ela pergunta, franzindo a testa.
Tento disfarçar minha raiva com um sorriso, mesmo que por dentro
eu esteja lutando para entender o que aconteceu.
— Ah, não é nada, Ester. Só estava pensando em algumas coisas. —
Respondo, tentando soar o mais casual possível.
Ela me olha desconfiada por mais alguns segundos, mas logo depois
volta a se divertir como sempre. É impressionante como ela consegue
deixar as preocupações de lado com tanta facilidade.
Enquanto observo minha irmã, não consigo evitar que minha mente
volte para o momento em que vi Emma com seu amigo. A raiva
simplesmente tomou conta de mim, e agora me sinto como se estivesse à
beira da loucura.
O que há de errado comigo? Por que estou tão afetado por algo que
deveria ser natural?
Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos tumultuados que me
assombram, mas é difícil ignorar a sensação de que algo mudou entre mim
e Emma. É como se uma corrente elétrica passasse entre nós toda vez que
nos aproximamos, e isso me deixa inquieto e confuso.
Talvez eu esteja lendo demais nas entrelinhas, deixando minha
imaginação correr solta.
Enquanto tento dissipar esses pensamentos incômodos, me forço a
dar atenção a minha irmã.
Assim que cheguei, fui recebido por minha irmã, cujo sorriso
radiante contrastava com a inquietação que sentia. Seus braços envolveram-
me em um abraço caloroso, mas meus olhos foram atraídos instintivamente
para a varanda da casa da frente, como se um ímã invisível me puxasse
naquela direção.
— Ei, Brandon! Que saudades! — exclamou Ester, sua voz cheia de
entusiasmo, mas percebi uma sombra de preocupação em seus olhos.
Minha atenção continuava fixa na varanda, e Ester, seguindo meu
olhar, soltou um suspiro antes de falar.
— Brandon, Emma não mora mais aqui. Ela se mudou há algum
tempo. Ainda nos falamos sempre, mas sinto falta dela — explicou,
tentando suavizar a notícia.
Eu me virei para encará-la, buscando respostas que eu não sabia se
estava pronto para ouvir.
— O que aconteceu com Emma? — perguntei, minha voz soando
mais áspera do que eu pretendia.
— Vamos entrar — sugeriu, guiando-me para dentro da casa. — Te
conto tudo.
Sentamo-nos na sala, e ela começou a contar o que aconteceu depois
que eu fui embora. Sua voz estava carregada de preocupação e tristeza,
refletindo a dor que ela também sentia pela amiga.
— Emma mudou. Começou a sair mais, a beber demais — começou
Ester, seus olhos baixando momentaneamente antes de encontrar os meus.
— Estava transtornada, Brandon. Nunca a vimos assim antes.
Eu me sentia cada vez mais tenso, a culpa de tudo aquilo era minha.
— E então? — instiguei, segurando o fôlego enquanto aguardava a
continuação da história.
— E então, de repente, ela simplesmente decidiu ir embora —
continuou Ester, sua voz tremendo ligeiramente. — Disse que precisava
partir, e desde então, só nos falamos por chamada de vídeo.
Uma onda de preocupação e culpa me inundou. O que teria
acontecido com Emma para fazê-la tomar uma decisão tão drástica?
Minha mente estava cheia de perguntas sem resposta, e uma
sensação de angústia se instalou em meu peito. Eu precisava encontrar
Emma, precisava saber se ela estava bem.
— Ester, você sabe onde ela está? Preciso falar com ela, saber se
está tudo bem — perguntei, minha voz carregada de urgência e
preocupação.
Ela me encarou por um momento, seus olhos faiscando com uma
mistura de tristeza e acusação.
— Mesmo que soubesse, Brandon, não te diria. — Sua voz era
firme, mas também carregada de dor. — Você e Amber foram os
responsáveis por Emma ter mudado tanto. Eu perdi minha melhor amiga
por causa de vocês.
As palavras de Ester me atingiram em cheio, como flechas afiadas
perfurando meu coração já machucado. Eu sabia que havia causado dor a
Emma, mas ouvir aquelas acusações diretas tornava tudo ainda mais real e
doloroso.
— Ester, eu só quero falar com ela, saber se está bem. Por favor,
diga a ela que eu gostaria de conversar — implorei, sentindo-me impotente
diante da situação.
Ela suspirou, seus olhos ainda fixos em mim com uma intensidade
que me fez estremecer.
— Vou dizer a Emma que você quer falar com ela. Mas você precisa
entender, Brandon, que ela pode não querer. E você precisa respeitar isso —
advertiu com a voz firme.
— Ester, ligue agora. Ficarei fora do campo de visão dela, mas eu
preciso vê-la. Já faz mais de um ano desde que a vi, e isso está me
enlouquecendo — implorei, sentindo a urgência pulsar em minhas veias.
Ester assentiu, compreendendo minha angústia, e rapidamente
iniciou a chamada. Enquanto esperávamos, senti meu coração bater
descompassado, ansioso para ver o rosto dela novamente.
Quando Emma finalmente apareceu do outro lado da linha, minha
respiração prendeu em minha garganta. Ela estava ainda mais bonita do que
eu me lembrava, e meu coração parecia querer saltar do peito ao vê-la.
— Emma, como você está? — perguntou Ester, transbordando de
felicidade.
— Não muito bem, Ester. Estou voltando porque meu pai passou
mal em um julgamento, e eu não posso ficar longe da minha mãe neste
momento — explicou, sua voz embargada.
Ester sorriu, aliviada por vê-la, mas meu coração estava acelerado,
ansioso para ter Emma novamente ao meu lado. No entanto, minha
esperança foi rapidamente substituída por uma dor aguda quando outra
pessoa apareceu na tela.
Um homem com um sorriso largo e olhos verdes, beijou suavemente
os lábios de Emma e dirigiu-se a Ester com um cumprimento amigável.
Minha visão turvou enquanto observava-os juntos, a realidade me atingindo
como um soco no estômago.
— Eu gostaria de ter conhecido você em melhores condições, Ester.
Emma fala muito de você — disse o homem, sua voz soando distante aos
meus ouvidos.
Eu não podia acreditar no que via. Como eu poderia imaginar que
alguém tão bela quanto Emma ainda estaria solteira? A dor dilacerou meu
peito enquanto eu enfrentava a realidade de que eu tinha perdido a
oportunidade de tê-la.
Não prestei mais atenção no que Ester dizia. Meu olhar estava fixo
no rosto abatido de Emma e no homem ao seu lado. Ela havia seguido em
frente, me esquecido, e eu teria que respeitar isso. Nem mesmo percebi
quando minha irmã encerrou a chamada, até sentir uma mão reconfortante
em meu ombro.
Olhei para cima e vi Ester me encarando com tristeza.
— Você está bem?
— Não, Ester. Nunca estarei bem sabendo que a perdi — murmurei,
sentindo um nó na garganta. — Mas vou sobreviver.
Sentia como se meu corpo pesasse uma tonelada. O vazio em meu
peito parecia insuportável, mas eu sabia que teria que encontrar uma
maneira de lidar com isso, suportar o fato de ter perdido o amor de Emma
para sempre.
Capítulo
27
As memórias do passado invadiram minha mente como uma
enxurrada assim que finalizei a chamada de vídeo com Ester, trazendo à
tona lembranças dolorosas e vívidas. Os olhos azuis de minha amiga me
lembravam os de seu irmão, Brandon, e uma angústia familiar se instalou
em meu peito.
Pensei, ingenuamente, que ficaria bem, que conseguiria seguir
adiante com minha vida. Mas como poderia estar bem após deixar para trás
o amor da minha vida? Como poderia superar o fato de que Brandon havia
seguido em frente sem mim?
Um ano inteiro de luta, tentando manter um relacionamento que
nunca deveria ter existido, lutando por alguém que já pertencia a outra
pessoa. As garras de Amber estavam tão profundamente cravadas nele que
era impossível para mim fazê-la soltar.
Após o término, um ano e meio atrás, mergulhei em um abismo de
autodestruição, transformando-me em uma versão sombria e amarga de
mim mesma. Uma tentativa desesperada de mascarar a dor que me
consumia por dentro. Porém, testemunhar Brandon se casando foi o golpe
final, a confirmação de que eu estava perdendo o homem que amava para
sempre.
Lá estava ele, lindo em sua farda de gala, um vislumbre do homem
que um dia foi meu tudo. Se não tivesse me escondido a tempo, seus olhos
azuis teriam encontrado os meus, e o que ele teria visto ali teria sido a
devastação de uma alma quebrada. Amber devia ter me convidado para o
casamento, só podia ter sido ela; Brandon jamais faria isso comigo.
Imaginei que ir até lá seria o fim, o fechamento de um capítulo doloroso da
minha vida. Mas não foi o que aconteceu.
Entreguei-me ao desespero, permitindo-me afundar na desolação.
Deixei de lado a mulher forte que sempre fui, permitindo que a dor e a
tristeza me consumissem.
Brandon se casou, e eu assisti impotente, sentindo cada fibra do meu
ser se despedaçar ao ver o homem que amava prometer sua vida a outra
pessoa. Mesmo assim, sorri, desejando do fundo do meu coração que ele
encontrasse a felicidade, enquanto lágrimas silenciosas escorriam pelo meu
rosto.
Precisava fugir, escapar daquela dor insuportável que me rasgava
por dentro. Precisava de ar fresco, de um novo começo, mesmo que isso
significasse abandonar tudo o que conhecia.
Corri para o escritório do meu pai. Meu corpo tremia
incontrolavelmente, e eu mal conseguia articular minhas palavras.
— Pai, preciso que me faça um favor... — Minha voz vacilou.
Meu pai me olhou estreitando os olhos.
— O que houve, querida? Está tudo bem?
Engoli em seco, reunindo toda a coragem que me restava.
— Pai, quero que fale com seus contatos. Quero estudar direito. —
Minha voz soava frágil e trêmula, mas minhas palavras eram determinadas.
Meu pai franziu a testa, claramente surpreso com minha súbita
mudança. Ele sacudiu a cabeça, incapaz de compreender o que realmente se
passava dentro de mim.
— Querida, o que está acontecendo? Você lutou tanto para ficar
aqui, disse que não queria partir... O que mudou?
— Preciso de um recomeço, pai. Quero estudar, mas não aqui.
Quero ir para longe, ter uma chance de ser tão boa quanto você! — Meus
olhos ardiam com as lágrimas não derramadas, minha voz embargada pelo
caos que estava meu interior.
Meu pai sorriu, sem perceber a profundidade da minha angústia.
— Isso é maravilhoso, querida! Fico feliz que queira seguir esse
caminho. Não sei o que mudou sua mente, mas estarei ao seu lado para
ajudar no que precisar. Para onde quer ir?
— Harvard. Logo estaremos trabalhando juntos. — Minha voz
soava confiante, mas por dentro, estava uma bagunça.
Uma mão apareceu em frente ao meu rosto, trazendo-me de volta à
realidade. Era Antony, com seu sorriso gentil iluminando seus olhos.
— Está tudo bem? — Ele perguntou com uma expressão
preocupada.
— Sim, só estou pensando no meu pai. — Respondi, tentando
esconder a ansiedade que me consumia.
Antony sempre esteve ao meu lado desde que cheguei aqui. Sempre
disposto a ajudar, mesmo que eu tenha causado alguns problemas no início,
ele nunca me abandonou.
Os primeiros dias foram difíceis. Enjoos constantes e a angústia
crescente. Cada refeição parecia uma batalha contra meu próprio corpo.
— Preciso ver um médico. Pode ser estresse, ou talvez a mudança.
— Murmurei para mim mesma, enquanto a mão involuntariamente se
dirigia à minha barriga, como se meu corpo estivesse tentando me dizer
algo.
A ideia de estar grávida parecia absurda. Brandon acabara de se
casar. Eu não queria ser aquela ex ressentida que aparece do nada para
arruinar um casamento. Decidi, naquele momento, que, existindo ou não
um bebê, Brandon nunca saberia.
Os testes de gravidez confirmaram meus temores. Todos positivos.
Eu estava grávida, seria mãe solo enquanto cursava a faculdade de direito.
As aulas começaram, e minha condição logo chamou a atenção dos
meus colegas e professores.
— Emma, você não tem parecido bem ultimamente. Já foi ao
médico? Fez algum exame? — Meu professor de direito penal, entre outras
matérias, expressou sua preocupação.
— Na verdade, não há nada de errado comigo, professor. Estou
grávida. — Respondi, percebendo seu olhar em direção ao meu dedo sem
aliança. — Não sou casada, professor.
Ele ficou sem jeito, e eu não pude deixar de sorrir com a situação.
— Desculpe, não quis ofender. — Ele disse, visivelmente
constrangido.
— Não se preocupe, professor. — Tentei amenizar o clima. — Estou
sozinha aqui, minha família ainda não sabe sobre a gravidez. Não quero
preocupá-los.
Foi assim que Antony entrou em minha vida, sempre atento e
prestativo. Encontrar conforto em sua amizade tornou tudo mais suportável.
Enquanto os meses passavam, adiava o momento de contar aos
meus pais sobre a gravidez. Antony sempre estava ao meu lado, oferecendo
apoio e carinho.
— No que está pensando? — Antony perguntou, quebrando o
silêncio.
— Em como virei sua vida de cabeça para baixo desde que cheguei.
— Sorri, lembrando dos altos e baixos que compartilhamos.
— Encontrar você naquela padaria foi a melhor coisa que me
aconteceu. — Ele disse, e meu coração se encheu de gratidão.
Foi no dia que descobri que seria mãe de um menino. Antony estava
lá comigo, e não nos separamos desde então. A amizade cresceu para algo
mais, mas nunca consegui me entregar completamente a ele.
Ele depositou um beijo leve nos meus lábios que logo foi
interrompido pelo resmungo de Brian, meu precioso garotinho.
— Ele sempre aparece na hora certa. — Comentei, sorrindo para
Antony.
— Um garotinho ciumento — acrescentou Antony, com ternura,
enquanto se levantava para pegar Brian. — Você conseguiu arrumar todo o
necessário?
Eu observei Brian nos braços de Antony, seus pequenos olhos azuis
brilhando com curiosidade inocente. Cada vez que eu olhava para ele, uma
onda de emoções me invadia. Seus olhos, idênticos aos do pai, lembravam-
me constantemente do homem que amei e perdi.
— Não quero te atrapalhar, você não precisa ir. — Sugeri,
preocupada com os compromissos e responsabilidades de Antony.
Ele sorriu gentilmente, deslizando a mão por meu pescoço.
— Eu já pedi uma licença. Não vou deixar você sozinha — me
tranquilizou, e eu me senti grata por tê-lo ao meu lado.
Brian, estava com três meses de idade, olhava para mim como se
pudesse sentir a tensão no ar. Mesmo tão jovem era uma cópia perfeita de
Brandon, e cada vez que eu olhava para meu filho, sentia meu coração
apertar.
Antony entregou Brian para mim.
— Tudo está pronto. Mal posso esperar para estar com meus pais.
— Disse, tentando afastar os pensamentos sombrios.
Meus pais estiveram presentes durante os últimos meses da minha
gestação, oferecendo apoio e amor incondicional. Eu sabia que precisava
estar com eles agora, mais do que nunca.
Evitar que Ester descobrisse a verdade sobre Brian seria uma tarefa
difícil. Eu nunca contei a ela sobre minha gravidez, e agora teria que fazer
de tudo para esconder a verdade.
Antony se senta ao meu lado, sua preocupação refletida nos seus
olhos verdes.
— O que está acontecendo, Emma? Você parece distante.
Respiro fundo, sentindo-me horrível por ter um bom homem ao meu
lado ainda continuar pensando naquele que não lutou por mim. Mas sempre
fui sincera com ele.
— Você sabe que eu nunca menti para você, Antony. Não seria
agora que eu começaria. — Meu tom era firme, apesar de não me sentir
assim. — O pai de Brian, foi na minha antiga cidade que o conheci, me traz
lembranças que gostaria de esquecer.
Mas omito o verdadeiro motivo do meu medo: o temor de vê-lo
novamente, de encarar o homem que ainda habita meus pensamentos e meu
coração.
Ele nunca escondeu seu incomodo pelo fato de eu não ter deixado
de amar Brandon, e essa tensão entre nós sempre foi uma sombra silenciosa
em nosso relacionamento.
— Sei que é difícil lidar com o passado, especialmente quando ele
está tão presente. Mas você não está sozinha. — Sua voz é suave,
reconfortante, e eu me sinto grata por tê-lo ao meu lado.
Capítulo
28
O ar gelado da manhã cortava meu rosto enquanto eu corria pelas
ruas familiares da cidade que um dia chamei de lar. Cada passo batia em
sincronia com o ritmo acelerado do meu coração, uma tentativa de dissipar
a agonia que se acumulava dentro de mim desde que deixei o Sea Wolf e
retornei à vida civil.
Mas agora, mesmo enquanto meus músculos trabalhavam sendo
levados até o limite, minha mente continuava a girar em torno da minha
dispensa, meus irmãos e ela.
Emma. Seu nome ecoava em minha mente como uma melodia
familiar, mas carregada de tristeza. Desde que nos separamos, ela ocupava
meus pensamentos mais do que eu gostaria de admitir. O amor que uma vez
floresceu entre nós agora era um fantasma, uma presença silenciosa que me
atormentava mesmo nos momentos mais solitários.
Ao retornar de minha corrida matinal, meus olhos captaram um
vislumbre dela. Emma. Ela estava lá, em pé ao lado de um carro, com um
bebê nos braços. O sol da manhã fazia seus cabelos parecerem quase
cintilantes, e apesar de sua beleza inegável, seus olhos pareciam carregar o
peso do mundo.
Um nó se formou em minha garganta ao vê-la com um bebê, e
próximo a ela, o homem que vi na chamada. Era como se o tempo
congelasse, e por um breve instante, tudo ao meu redor desaparecesse,
exceto ela e aquele pequeno ser em seus braços.
Me aproximei antes mesmo que minha mente se desse conta do que
estava fazendo. Assim que Emma me viu, seu rosto se contraiu em uma
mistura de surpresa e apreensão. Instintivamente, ela moveu o bebê para
mais perto de si, escondendo seu rosto dos meus olhos curiosos.
— Emma... — minha voz saiu mais rouca do que o esperado, uma
mistura de saudade e incerteza.
Ela hesitou por um momento, seus olhos pretos capturando os meus
por um instante fugaz, antes de desviar o olhar para o bebê em seus braços.
Um silêncio tenso pairou entre nós, carregado com o peso de tudo o que não
dissemos.
— Antony... — ela quebrou o silencio chamando o homem que
estava nos olhando mais próximo do portão. — Leve Brian para dentro, por
favor. Ele está um pouco cansado.
Ele se aproximou rapidamente, e Emma entregou o bebê nos braços
dele com um olhar significativo. Observei enquanto Antony pegava o bebê
e se afastava, levando-o para dentro da casa.
Eu me vi parado ali, com um tumulto enorme dentro de mim.
A visão de Emma com aquela criança mexeu com algo profundo
dentro de mim, despertando desejos que eu tinha tentado enterrar há muito
tempo.
Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Emma desviou o
olhar, desviando a atenção para qualquer coisa que não fosse eu. Era como
se um muro invisível tivesse se erguido entre nós, separando-nos mais uma
vez.
Meu coração parecia querer escapar do peito enquanto eu a
observava. Emma estava ali, diante de mim, tão próxima e tão distante ao
mesmo tempo. Seu corpo tenso, abraçado a si mesmo, como se estivesse se
protegendo de mim. Havia um abismo entre nós, um abismo que eu mesmo
tinha cavado.
— Emma? Podemos conversar — minha voz saiu trêmula,
carregada de todas as emoções que eu tentava conter.
Um movimento no portão capturou minha atenção e eu vi Antony
caminhando para dentro com o bebê nos braços.
— Não estou em um bom dia Brandon.
— É só por um momento, Emma. Eu prometo — insisti,
desesperado para romper a barreira que se erguia entre nós. — Quem é o
bebê? E aquele homem?
— É isso? Quer apenas se meter na minha vida?
Sua resposta veio carregada de dor e ressentimento, e eu me vi
sendo atingido em cheio por suas palavras.
— Não Emma, não, eu... Céus eu estava morrendo de saudade! —
minhas palavras saíram num desabafo, o peso da culpa se fazendo presente
em cada sílaba. — Por quê? Por que foi embora?
Antes que ela pudesse responder, me vi envolvendo-a em meus
braços, buscando desesperadamente o conforto de sua presença. Sentir seu
cheiro, sua pele contra a minha, era como um bálsamo para minha alma
atormentada.
Mas sua reação imediata foi como um choque de realidade,
trazendo-me de volta à cruel verdade de nossa situação.
— Não faz isso, por favor! — sua voz soou firme, mas cheia do
ressentimento que eu reconhecia muito bem. — Eu não te devo explicações
Brandon, não te devo nada, foi você quem escolheu, foi você quem optou
por ela, fiz o que foi melhor para mim e segui em frente, assim como você.
— Seguiu em frente... então...
— Antony é meu marido e Brian meu filho. São a minha família.
A confirmação de sua nova vida foi como um golpe direto no peito,
arrancando-me o fôlego e fazendo-me encarar o que eu havia tentado
ignorar.
— Emma, por favor, fala comigo, só um pouco... — implorei,
desesperado para encontrar uma brecha em sua armadura de ferro.
Mas suas palavras seguintes foram como uma faca em meu coração,
perfurando-o sem piedade.
— Onde está sua esposa? Não deveria estar com ela como sempre?
Qual o seu problema? Você pode ser feliz e eu não é isso?
A mágoa em seus olhos era palpável, refletindo o que eu sentia
dentro de mim. Eu merecia cada palavra dela, cada acusação, cada
punhalada em minha consciência. Eu a havia perdido, por minha própria
culpa, e agora estava pagando o preço por minhas escolhas.
— Só me deixe em paz Brandon, por favor — aquele era seu
veredicto final, um último golpe em minha esperança frágil.
O impulso de segurá-la pelo braço foi tão súbito quanto irresistível.
Emma virou-se para mim, seus olhos faiscando de raiva e mágoa. Eu podia
sentir a tensão se instalando entre nós, um silêncio carregado de palavras
não ditas, de sentimentos não expressos.
— Faz quanto tempo que você está casada, Emma? — minha voz
estava áspera.
Ela me encarou por um momento, seu olhar cortante como uma
lâmina.
— Não é da sua conta, Brandon — respondeu em um sussurro
gelado.
— Você me esqueceu, Emma? — perguntei, minha voz quase um
rosnado, implorando por uma resposta que eu temia ouvir.
Ela ergueu o queixo, seus olhos fixos nos meus.
— Sim, Brandon, eu esqueci. — Suas palavras atingiram como um
soco, mas eu a conhecia bem o bastante para saber que estava mentindo.
— Eu te amo, Emma. — As palavras saíram de mim como um
lamento.
Ela apenas sacudiu a cabeça, seus olhos endurecidos pela dor.
— Solta, Brandon. — Sua voz era baixa, mas firme, como um
ultimato.
Eu a segurei com mais força, desesperado e com a raiva
borbulhando dentro de mim, não dela, mas de mim mesmo por tê-la
perdido.
— Você não tem o direito de fazer isso. Você não pode apenas entrar
na minha vida, e querer virar tudo de cabeça para baixo e esperar que fique
tudo bem.
Ela tentou se soltar, sua expressão uma mistura de fúria e tristeza.
—Você fez sua escolha, agora lide com as suas merdas!
A discussão estava atingindo um nível catastrófico, as palavras
voando entre nós como flechas afiadas, cada uma encontrando seu alvo com
precisão cruel. Eu queria gritar, queria chorar, queria implorar por perdão.
Mas tudo o que restava era o vazio, a sensação agonizante de ter perdido a
única coisa que realmente importava para mim.
Se continuasse segurando-a, a discussão só iria piorar, e eu não
queria causar mais dor do que já havia causado. Conhecia bem o
temperamento dela, sabia que, se empurrada até o limite, acabaria
explodindo, e não queria ser o motivo disso.
Assim que cheguei em casa, deparei-me com Ester no sofá, com um
pote de sorvete nas mãos. Seu olhar perspicaz captou meu estado de espírito
assim que passei pela porta.
— O que houve? Você parece perturbado.
— Emma... Ela voltou. — As palavras saíram num sussurro. — Ela
está casada, Ester. Tem um filho, uma família agora. Eu a perdi para
sempre.
Ester deixou o sorvete de lado e se aproximou, envolvendo-me num
abraço reconfortante. Foi a primeira vez que permiti que alguém da minha
família visse minha vulnerabilidade, minha fraqueza diante da situação.
— Vai ficar tudo bem, Brandon. — Sua voz era suave e acolhedora.
— Mas você precisa respeitar a família que ela construiu.
Emma havia seguido em frente, construído uma vida para si mesma,
e eu precisava aceitar isso. A dor de vê-la com outro era insuportável, mas
eu não podia deixar minha amargura e ressentimento atrapalharem o
caminho dela.
Deixei-me afundar no abraço reconfortante de Ester, permitindo-me
sentir.
Capítulo
29
Ao me aproximar de Antony, pude sentir sua mágoa. Seus olhos
expressavam tristeza, e isso só aumentou o peso em meu peito.
— É ele, não é? — Sua voz era suave, mas carregava uma dor
palpável.
— Sim... — Minha voz falhou por um momento, incapaz de negar.
Não havia como esconder a verdade de Antony, especialmente
quando Brian era a cópia de Brandon.
— Você o ama? — Eu estava prestes a explicar, mas ele ergueu as
mãos em um gesto silencioso. — Não sei se quero ouvir agora. E, pelo que
vejo em seus olhos, talvez seja melhor deixarmos essa conversa para outro
momento.
Senti um nó na garganta ao perceber o quanto havia magoado
Antony. Ele não merecia passar por isso, não merecia a incerteza que eu
trazia comigo.
— Obrigada por entender... Eu não mereço você. — As palavras
saíram num sussurro carregado de arrependimento.
— Eu te aceitei com todas as suas limitações, Emma. Seria injusto
da minha parte julgá-la agora.
A compreensão só aumentava a intensidade da minha culpa. Antony
era bom demais para mim, e eu sabia disso. Era tolerante além do
necessário, e perfeito demais para uma alma atormentada como a minha.
Enquanto tomava um banho para tentar aliviar a tensão, fechei os
olhos e vi os profundos olhos azuis de Brandon mais uma vez, encarando-
me com toda a tristeza que eu estava tentando evitar. Era como se ele
estivesse bem ali, diante de mim, provocando um turbilhão de emoções que
eu preferiria não sentir.
— Céus... — Murmurei para mim mesma, sentindo minha cabeça
latejar de angústia. — Eu deveria odiá-lo... Ou pelo menos não sentir mais
nada.
Antes que pudesse afundar ainda mais em meus pensamentos, uma
ligação de minha mãe sobre o estado do meu pai, interrompeu meu
momento. Rapidamente nos dirigimos ao hospital, com Brian nos braços,
embora eu soubesse que o ambiente não era ideal para ele.
Ao entrar no quarto do meu pai, vi seu rosto pálido e frágil, e as
lágrimas encheram meus olhos.
— Oi, pai... Que susto nos deu. — Minha voz saiu embargada,
enquanto eu lutava para conter as emoções. — Como está se sentindo?
Seus olhos se iluminaram ao me ver, mas a fraqueza em sua voz me
fez sentir ainda mais culpada por ter estado longe. Tive tanto medo de
perdê-lo...
Um sorriso suave se formou nos lábios cansados dele.
— Deixe-me segurar meu neto um pouco, e com certeza me sentirei
melhor.
Entreguei Brian ao meu pai e nos sentamos juntos por um tempo.
Falei sobre tudo o que estava aprendendo na faculdade, sobre como Antony
tinha sido um grande professor, e como havia sido fácil adaptar-me, apesar
das mudanças repentinas em minha vida. Meu pai sempre foi meu maior
apoiador, acreditando em mim mais do que eu mesma. Talvez ele estivesse
certo sobre o meu futuro como advogada, afinal.
Percebi que Brian estava começando a ficar inquieto. Era hora de
irmos para casa, mas a última coisa que eu queria era deixar meu pai.
— Se quiser, pode ficar um pouco mais com ele. Eu levo Brian para
casa e cuido dele. — A gentileza de Antony me surpreendeu, aquecendo
meu coração.
— Faria isso por mim? — perguntei, sentindo a gratidão tomar
conta de mim.
— Não há nada que eu não fosse capaz de fazer por você, sabe
disso, não sabe? — Sabia o que ele estava fazendo, e isso doeu. Antony
estava reafirmando o que sentia por mim porque estava se sentindo
ameaçado.
Entreguei Brian a Antony com um sorriso. De volta ao quarto com
meu pai, percebi que ele me observava atentamente.
— Você é estudante de Direito, sabe muito bem no que esconder
Brian pode acarretar. — Seus olhos transmitiam preocupação.
Suspirei pesadamente, desejando evitar essa conversa.
— Brian é meu, pai. Meu e de mais ninguém.
Ele estreitou os olhos.
— Se Brandon descobrir que esse menino é dele, você terá um
problema, um grande problema. Ele jamais vai deixar que você tire Brian
de perto dele novamente e pode te processar por esconder a paternidade.
Engoli em seco, sentindo o peso da verdade em suas palavras. Era
por isso que precisava garantir que Brandon nunca visse Brian.
— Como sabe que ele é o pai? Nunca mencionei isso.
— Soube do seu envolvimento com ele há muito tempo, Emma. Sei
que só aceitou ir para longe porque estava com o coração ferido.
Senti uma pontada de tristeza ao ouvir suas palavras. Ele sempre
soube, mesmo quando eu tentei esconder.
— Vamos mudar de assunto, pai. Nada disso vai acontecer.
Apesar das palavras tranquilizadoras, a imagem de Brandon pairava
sobre mim como uma sombra constante, lembrando-me da dor que ele
causou e do peso das minhas escolhas. Mas eu precisava manter Brian
protegido, custasse o que custasse.
Depois de ajudar Sean com sua busca por Margot, voltei para casa
com um peso nos ombros. Sean sempre foi impulsivo e problemático, e eu
sabia que me envolver em seus assuntos poderia trazer mais problemas do
que soluções. Mas ele era meu amigo, e eu não podia deixá-lo lidar com
tudo sozinho.
Enquanto dirigia de volta para casa, minha mente não conseguia
parar de pensar em Emma. A ideia de sequestrá-la para ter um momento a
sós com ela parecia cada vez mais tentadora, mesmo sabendo que ela
provavelmente me odiaria por isso. Mas eu precisava desesperadamente
conversar com ela, resolver as coisas de uma vez por todas.
A casa estava quieta, meus pais provavelmente já estavam
dormindo. Subi as escadas em silêncio, tentando não fazer barulho para não
os acordar.
No meu quarto, me joguei na cama e fiquei encarando o teto,
perdido em meus pensamentos. A imagem de Emma não saía da minha
mente, seu rosto, seu sorriso, tudo parecia tão distante e ao mesmo tempo
tão presente.
Finalmente decidi que precisava fazer algo. Peguei meu celular e
olhei para a foto dela, sentindo um aperto no peito. Era hora de resolver as
coisas de uma vez por todas.
Mandei uma mensagem para Emma, dizendo que precisava falar
com ela e pedindo para nos encontrarmos no dia seguinte. Não sabia como
ela reagiria, mas precisava arriscar.
Depois de enviar a mensagem, senti um misto de alívio e ansiedade.
Fechei os olhos, tentando afastar os pensamentos tumultuados que tomavam
minha mente. Sabia que ficaria inquieto pelas próximas horas, e eu
precisava estar preparado para enfrentar Emma e tudo o que viria quando
nos víssemos.
Capítulo
31
Meu coração parecia estar em uma montanha-russa, alternando entre
batimentos acelerados e um aperto sufocante. A mensagem de Brandon
piscava na tela do meu celular, como se estivesse me desafiando a
responder, a enfrentar tudo aquilo que eu vinha evitando.
Desde que Ester me deu o ultimato para contar a Brandon sobre
Brian, minha vida virou de cabeça para baixo. Eu estava em um limbo
constante, tentando equilibrar a necessidade de proteger meu filho com o
medo do que aconteceria se Brandon soubesse a verdade.
E agora, essa mensagem de Brandon só intensificava meus dilemas
internos. Será que ele já sabia? Será que Ester havia quebrado sua promessa
e contado a ele? Ou será que era apenas uma coincidência?
Respirei fundo, tentando acalmar os nervos que pareciam estar à flor
da pele. Eu sabia que não podia continuar evitando Brandon para sempre,
mas a ideia de enfrentá-lo me enchia de um medo que gelava meus ossos.
Decidi que precisava de um tempo para pensar, para organizar meus
pensamentos e decidir como proceder. Saí do quarto do hotel e fui para o
saguão, onde me sentei em uma das poltronas e encarei o vazio por um
tempo, perdida em meus próprios pensamentos.
A voz de Ester ondulava em minha mente. Ela tinha razão, eu sabia
disso. Mas a ideia de enfrentar Brandon e lidar com as consequências da
revelação me deixava paralisada de medo.
O peso da decisão que eu estava prestes a tomar parecia esmagador,
como se estivesse carregando o mundo inteiro nos ombros. Antony
apareceu e se sentou ao meu lado, brincando com Brian que estava em
meus braços.
— O que aconteceu, Emma? Você está com uma expressão tão
séria... — A preocupação na voz de Antony era palpável.
Eu engoli em seco, tentando reunir coragem para contar o que me
fez perder o sono nas últimas semanas.
— É a Ester... Ela está me pressionando para contar a verdade ao
Brandon. Sobre Brian. — Minha voz tremia ligeiramente enquanto eu
pronunciava as palavras que vinham pesando em minha mente.
Antony parou de brincar com Brian e colocou sua mão sobre a
minha, transmitindo conforto com seu toque.
— Emma, você sabe que não precisa fazer nada por pressão, não é?
Podemos ir embora, voltar para casa. — Sua sugestão era tentadora, mas eu
sabia que não era a solução.
— Eu sei... Mas não posso fugir disso. Não posso fugir da verdade.
E... E Brian... Ele merece crescer sabendo quem é seu pai. — As palavras
saíam com dificuldade, pesadas de emoção.
Antony assentiu, compreensivo, mas havia uma sombra em seus
olhos.
— E nós, Emma? Como fica o nosso relacionamento depois que
Brandon souber sobre Brian? Eu sei que ele não vai querer ficar longe do
filho, e eu... eu não sei se consigo competir com isso.
As palavras de Antony perfuraram meu coração, pois eu sabia que
ele estava certo. Brandon jamais aceitaria ficar longe de Brian depois de
saber da existência dele, e isso colocaria um fardo imenso em nosso
relacionamento.
Eu encarei Brian, observando-o brincar inocentemente em meus
braços. Ele era a prova viva do meu passado com Brandon, uma parte de
mim que eu jamais poderia negar. Mas também era um lembrete constante
das consequências de minhas escolhas, das feridas que causamos um no
outro.
— Eu não sei, Antony... Eu não sei o que vai acontecer — minha
voz falhou por toda a incerteza que ainda persistia em meu coração.
— Não quero te perder, mas sinto que a partir do momento em que
vocês voltarem a ter contato, é exatamente o que acontecerá.
Antony me abraçou, envolvendo-me em seu calor reconfortante.
— Eu não...
— Emma, conheço o seu coração, você nunca me enganou... não
posso ficar aqui e assistir enquanto a mulher que amo parte meu coração.
O coração de Antony batia contra o meu, transmitindo uma sensação
de segurança que eu tanto ansiava naquele momento de incerteza. Seus
braços ao redor de mim eram um refúgio contra as tempestades emocionais
que se agitavam dentro de mim.
— Antony... — minha voz saiu em um sussurro, interrompida pelo
nó que se formava em minha garganta. Ele me conhecia tão bem, talvez até
melhor do que eu mesma. Como eu poderia esconder meus verdadeiros
sentimentos dele?
Ele segurou meu rosto gentilmente entre suas mãos, obrigando-me a
encará-lo.
— Emma, eu sei que você está lutando com isso... com tudo isso. E
eu não posso simplesmente ficar aqui e assistir enquanto você sofre em
silêncio. — Sua expressão era uma mistura de tristeza e determinação.
Engoli em seco, incapaz de encontrar as palavras certas para
expressar a confusão que tomava conta de mim. Sentia como se estivesse
em um beco sem saída, incapaz de decidir qual caminho seguir.
— Antony, eu... eu não sei o que fazer. Não sei se posso... — minha
voz falhou, as lágrimas ameaçando transbordar.
Ele acariciou minha bochecha suavemente, afastando uma lágrima
solitária que escorria pelo meu rosto.
— Você não precisa ter todas as respostas agora, Emma. Eu entendo
que isso é difícil. Mas você precisa ser honesta consigo mesma, seguir o
que seu coração diz.
Eu me sentia dividida entre dois mundos, entre o amor que ainda
sentia por Brandon e a segurança que Antony me proporcionava. Mas no
fundo, eu sabia que não podia continuar adiando meu encontro com ele.
— Está terminando comigo? — perguntei, minha voz mal acima de
um sussurro.
Antony suspirou, seus olhos buscando os meus em uma intensa
troca de olhares.
— Eu preciso voltar para Harvard. Dar espaço para você fazer suas
próprias escolhas, Emma. Eu... Eu não posso mais ficar aqui e assistir o
nosso fim — sua confissão foi como um golpe no peito, dilacerando ainda
mais o meu coração já quebrado.
Eu sabia que Antony estava certo. Ele merecia mais do que eu podia
oferecer, mais do que tenho dado a ele durante todo o tempo em que
estivemos juntos. Mas a ideia de perdê-lo era dolorosa.
— Antony, por favor... — minha voz tremeu, implorando por uma
solução que parecia escapar entre meus dedos.
— Estarei sempre esperando você, Emma. Sempre. Mas agora, você
precisa encontrar seu próprio caminho. Eu... eu espero que seu caminho te
traga de volta para mim. — Seus olhos encontraram os meus em uma
despedida silenciosa antes de ele se levantar e seguir para o elevador,
deixando-me com um vazio que ameaçava consumir-me por inteira.
Eu me vi sozinha, cercada pela incerteza de um futuro
desconhecido. Mas uma coisa era certa: eu precisava encontrar coragem
para enfrentar a verdade, para falar com Brandon e revelar a ele a existência
de Brian. E, no meio de tudo isso, eu precisava encontrar uma maneira de
reconciliar meus sentimentos confusos e decidir qual era o caminho a
seguir.
Foi uma decisão difícil, mas eu sabia que não poderia mais adiar o
inevitável. Eu já estava morrendo de saudades do meu filho, não
conseguiria passar mais uma hora sequer longe dele. Então, pedi a Ester que
o trouxesse e assim que contasse tudo a Brandon, ele poderia conhecer seu
filho.
Brandon me apresentou seus irmãos e as noivas deles, parecem ser
pessoas maravilhosas, embora não muito certas da cabeça. Após dois dias
naquele ambiente tenso e carregado de emoções, percebi que não
conseguiria mais suportar a dor de manter esse segredo só para mim. Brian
precisava conhecer o pai, e Brandon tinha o direito de saber sobre a
existência do filho que tínhamos juntos.
Esperando o momento certo, aproveitei uma brecha na conversa dos
outros para conversar, mesmo que fosse impossível ter uma conversa
particular. Seus olhos encontraram os meus, e senti meu coração apertar
ainda mais diante do que estava prestes a fazer.
Era hora de enfrentar a verdade, de encarar as consequências das
minhas escolhas.
Brandon me olhou intensamente, seu olhar penetrando minha alma
enquanto eu reunia toda a coragem que tinha para revelar o segredo que
carregava comigo há tanto tempo. Então, comecei a falar.
— Brandon, há algo que eu preciso te contar — murmurei, minha
voz vacilante com a gravidade do momento. Ele assentiu, sua expressão
ficando tensa.
Respirei fundo, reunindo minhas forças para continuar.
— Brian, o meu filho que você não teve a chance de conhecer... ele
é seu filho — as palavras saíram de minha boca em um sussurro, pesadas
como chumbo.
Vi o choque passar pelo rosto de Brandon, seus olhos se arregalando
em surpresa diante da revelação. Senti meu coração apertar com a
intensidade de suas emoções, mas sabia que precisava continuar.
— Eu descobri depois que nos separamos, depois do seu casamento
— continuei, minha voz tremendo ligeiramente. — Eu não sabia como te
contar na época, e... eu não queria atrapalhar o seu casamento — as
palavras saíram em um fio de voz, carregadas de arrependimento e tristeza.
Brandon respirava pesadamente, seu peito subindo e descendo com
cada respiração. Parecia completamente atordoado, incapaz de processar
tudo o que eu estava contando.
— Por que você não disse nada antes? — sua voz soou rouca.
Encarei seus olhos, vendo a tempestade de sentimentos que se
agitava dentro dele.
— Eu... eu não sabia como — admiti, minha voz falhando. — Eu só
queria seguir em frente, sem atrapalhar sua vida... Amber já era terrível
comigo, imagina como seria se ela soubesse da minha gravidez...
Ele ficou em silêncio por um momento, suas feições contorcidas em
uma mistura de raiva, surpresa e confusão. Mas eu o entendia.
Enquanto aguardava sua reação, senti-me consumida pela incerteza
e pelo medo do que viria a seguir.
Eu não estava preparada para a explosão que se seguiu. Brandon
estava furioso, e suas palavras me atravessaram como flechas, perfurando
meu coração já tão frágil.
— Você não tinha o direito de esconder isso de mim, Emma! — sua
voz ressoou no quarto, carregada de raiva e decepção. — Não importa se eu
estava casado, eu tinha o direito de saber que tinha um filho!
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu
tentava desesperadamente encontrar as palavras certas para me defender.
— Eu sei, Brandon, eu sei que errei — minha voz saiu como um
soluço, minha respiração entrecortada pela emoção. — Eu... eu só...
Mas minhas palavras pareciam cair em ouvidos surdos diante da
fúria de Brandon. Ele continuou a lançar acusações, cada palavra uma
punhalada que perfurava minha alma.
— Eu perdi toda a gestação, Emma — sua voz tremia com a
intensidade de suas emoções. — Perdi os primeiros meses de vida do meu
filho! Eu jamais poderei recuperar as memórias que eu não tive, tudo por
sua causa!
Senti-me desmoronar diante de sua dor, a culpa pesando em meu
peito como chumbo.
— Eu sinto muito, Brandon, eu sinto tanto — minhas palavras
saíram em um sussurro, mal audíveis entre soluços. — Eu nunca quis te
machucar, eu juro.
Mas minhas desculpas pareciam vazias diante da magnitude do que
eu tinha feito. Eu tinha magoado o homem que amava, traído a confiança
dele de uma maneira irreparável. E agora precisava enfrentar as
consequências de minhas ações.
Enquanto Brandon continuava a desabafar sua dor e sua raiva, eu
me sentia completamente impotente, incapaz de fazer qualquer coisa para
consertar o estrago que eu tinha causado.
Eu me sentia em uma montanha-russa, sendo sacudida pelas
palavras raivosas de Brandon, mas ao mesmo tempo afogada em um mar de
remorso e arrependimento. Seu olhar furioso queimava em minha pele, mas
eu sabia que merecia cada centelha de sua raiva.
— Nós tínhamos acabado de terminar — minhas palavras saíram em
um sussurro, lutando contra o nó na minha garganta. — Você tinha acabado
de se casar, Brandon. Eu não queria ser a ex ressentida que voltava para
atrapalhar e estragar a felicidade do casal. Eu só... Eu só queria seguir em
frente.
A expressão de Brandon suavizou ligeiramente, mas a dor ainda era
visível em seus olhos. Ele respirou fundo, como se estivesse tentando
encontrar alguma paz dentro de si mesmo antes de falar.
— Não quero discutir, Emma — sua voz soou mais calma agora,
mas ainda carregada de emoção. — Mas isso não muda o que estou
sentindo agora.
Fiquei aliviada, mas ainda apreensiva.
— Ester está a caminho, pedi que ela viesse para Chicago ontem —
murmurei, tentando controlar as lágrimas. — Logo irá conhecê-lo. Brian é a
sua cara.
Eu sabia que a verdade iria machucá-lo, mas não adiantava mais
evitar.
Brandon me encarou com um misto de esperança e ansiedade em
seus olhos.
— Brian está mesmo chegando? — Ele perguntou, sua voz
carregada de expectativa.
Eu assenti com um sorriso reconfortante.
— Sim, Brandon. Ester está a caminho com ele. Logo estaremos
todos juntos.
Brandon virou-se para os irmãos, com os olhos marejados, mas um
brilho de emoção neles que eu não conseguia ignorar.
— Eu tenho um filho! — ele anunciou, sua voz ecoando pelo quarto
quase como um grito de triunfo.
Sean, Connor, Margot e Valerie olharam para nós com sorrisos
radiantes, suas expressões cheias de calor e felicidade genuína.
— Isso é maravilhoso, Brandon — Sean disse, com um toque de
emoção em sua voz. — Parabéns.
Connor e Margot rapidamente se juntaram aos parabéns.
— Estamos tão felizes por vocês — disse Connor, com um sorriso
sincero.
— Isso é incrível, Emma — Valerie acrescentou, sua voz
transbordando de alegria. — Nosso bebê já terá um amiguinho para brincar.
Brandon tocou minha mão e me puxou para mais perto, meu
coração deu um salto, mas seu olhar me fez entender suas intenções. Seus
lábios encontraram os meus em um beijo calmo e apaixonado, como se
estivéssemos nos redescobrindo. Era como se cada toque, contasse uma
história de amor que ainda não havia sido completamente escrita.
Enquanto nos beijávamos, todas as palavras não ditas entre nós
pareciam se dissipar no ar. Sentia-me envolvida pela ternura de seus lábios,
pela doçura de seu toque. Brandon quebrou o beijo por um momento,
olhando-me nos olhos com uma expressão sincera.
— Eu não consigo ficar bravo com você — sua voz era suave, cheia
de emoção. — Sinto muito por ter explodido. Eu... quase entendo seus
motivos, mas você deveria ter me procurado.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu tentava encontrar
as palavras certas para responder. Brandon gentilmente limpou minhas
lágrimas com a ponta dos dedos, e um sorriso terno se formou em seus
lábios.
— Agora, vamos ter que fazer mais um bebê para que eu possa
acompanhar toda a gestação desde o comecinho. — Seu tom brincalhão
trouxe um calor reconfortante ao meu coração.
Sorri através das lágrimas, sentindo-me grata por tê-lo ao meu lado.
Era um novo começo para nós, um capítulo que ainda estava por ser escrito.
E, apesar de tudo, ele sempre foi e sempre será o meu primeiro e único
amor.
Envolvi meus braços ao redor dele, sentindo-me em casa em seu
abraço. Pela primeira vez em muito tempo, sentia que tudo ficaria bem.
Capítulo
39
Ao ver Ester entrar no quarto com meu filho nos braços, uma onda
de emoção me atingiu em cheio. Era como se o mundo inteiro
desaparecesse, deixando apenas nós três naquele momento mágico. Meus
olhos se encheram de lágrimas, incapazes de conter a intensidade do que
estava sentindo. Aquela criança, tão pequena e tão perfeita, era a
personificação do amor entre Emma e eu.
O coração batia descompassado no peito, transbordando de alegria.
Os olhos curiosos de Brian, um reflexo dos meus próprios olhos, pareciam
absorver cada detalhe do quarto. Era difícil acreditar que aquele pequeno
ser era parte de mim, um elo indissolúvel que nos ligava para toda a
eternidade.
Quando Emma o segurou nos braços e o levou até a beirada da
cama, o sorriso inocente de Brian iluminou todo o ambiente. Era um sorriso
puro, genuíno, capaz de derreter até o coração mais endurecido. Eu me vi
refletido naqueles olhinhos brilhantes, sentindo uma conexão instantânea e
indescritível com aquele ser tão pequeno e tão precioso.
— Esse é Brian, o nosso filho. — Ela disse com a voz embargada.
As lágrimas corriam livremente pelo meu rosto, uma mistura de
felicidade, emoção e gratidão. Era como se, naquele momento, todas as
peças do quebra-cabeça da minha vida se encaixassem perfeitamente,
formando uma imagem de amor e realização.
Ester cobriu o rosto chorando, todos no quarto tinham os olhos
marejados. Era como se o amor estivesse presente em cada lágrima, em
cada sorriso, em cada gesto de carinho. Era um momento único, eternizado
pela pureza e pela beleza daquela pequena vida que agora fazia parte da
nossa história.
Eu sabia, naquele instante, que minha vida estava completa. Ao lado
de Emma e Brian, eu encontrei a plenitude e a felicidade que nem sabia que
havia buscado a vida toda até ela me ser entregue.
— Ele é lindo — minha voz se perdeu em um sussurro embargado,
deixando transparecer todo o encantamento que aquele pequeno ser
despertava em mim. Emma sorriu, concordando com um aceno suave, e eu
senti um aperto no peito ao perceber que, pela primeira vez, eu estava
diante do meu filho.
— Quer segurar ele um pouco?
— É claro que sim...
A ansiedade e alegria se misturavam com o desejo intenso de
segurar aquele pedacinho de mim pela primeira vez.
Com cuidado, Emma colocou Brian em meus braços, e eu senti meu
coração disparar. Era uma sensação indescritível, sentir o peso leve e
caloroso daquele pequeno corpo contra o meu peito. Eu me esforcei para
segurá-lo da maneira mais delicada possível, temendo machucá-lo.
Ao olhar nos olhos curiosos de Brian, senti uma onda de ternura me
invadir.
— Olá, pequeno — murmurei — Eu sou seu papai.
Seus olhinhos brilharam em resposta, e ele balbuciou algumas
palavras ininteligíveis, como se estivesse tentando me responder. Um
sorriso involuntário se formou em meus lábios, e eu me vi encantado por
aquele ser tão pequeno e tão perfeito.
Inclinei-me para mais perto e pressionei um beijo suave na testa de
Brian. Era um gesto simples, mas carregado de significado. Naquele
momento, eu estava prometendo protegê-lo e amá-lo para sempre.
— Ele é tão perfeito — Emma sussurrou acariciando a cabeça do
nosso filho.
— Sim, ele é — respondi, incapaz de conter a admiração em minha
voz. —Você fez um trabalho incrível, Emma.
De repente, Brian soltou uma risadinha, como se estivesse
compartilhando da nossa conversa. Eu me peguei rindo também, contagiado
pela alegria daquela criança.
— Ele é um rapazinho esperto — comentei, admirando a expressão
curiosa de Brian. — Sabe que estamos falando dele.
— E é a sua cara... não tinha como dizer que não é seu filho.
Nós dois nos entreolhamos, compartilhando um momento de pura
felicidade. Era incrível como aquele pequeno havia unido ainda mais nossos
corações de uma maneira tão profunda.