Saúde Mental Do Idoso
Saúde Mental Do Idoso
Saúde Mental Do Idoso
Botucatu
2011
1
Lais Soares Vello
Botucatu
2011
2
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM.
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE
Vello, Lais Soares.
Saúde mental do idoso: percepções relacionadas com o envelhecimento em
interface com o atendimento de saúde na atenção básica / Laís Soares Vello. –
Botucatu : [s.n.], 2011
a amar as diferenças
3
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram e a toda a família que
Agradeço as minhas orientadoras, que me ensinaram não só a escrever, mas a arte da paciência,
Agradeço a XX Enfermagem, em especial a Lívia que esteve comigo nestes quatro anos,
Agradeço a todo o Departamento de Enfermagem, que nesses anos foram nossa família,
Agradeço a toda equipe da Unidade Saúde da Família do Jd. Peabiru, em especial as Enfermeiras e
Agradeço a Suraia e Thiago que me permitiram acompanhá-los nas consultas de Saúde Mental,
Agradeço as minhas companheiras de casa, que não dividiram comigo apenas as contas, mas as
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a execução deste trabalho.
4
“Que a nossa mensagem seja a nossa própria vida”
(Gandhi)
5
Resumo:
utilização de tecnologias de cuidado que contemplam todas as etapas da vida e para essa
utilização, se faz necessário o preparo de profissionais para atender essa crescente demanda
populacional. Este trabalho tem por objetivo compreender como o idoso se sente mediante sua
condição e identificar como esse idoso percebe o atendimento na Unidade de Saúde da Família. A
pesquisa caracteriza-se como de natureza qualitativa segundo Minayo e foi utilizada a análise
temática de Bardin.Após as entrevistas, foi possível apreender os temas: Bem estar, insatisfação
mediante a vida e o Gostar/Não Gostar do atendimento na Unidade. Com este trabalho pode-se
observar que os idosos que se mostraram bem, aliaram isso a boa convivência com a família, com
que tem alguma queixa, vemos que falta da família e limitações da idade e doenças são as
principais queixas.
Abstract
Worldwide, growth is seen in the elderly population, which has prompted the use
oftechnologies of care that include all stages of life and for that use, it is necessary
toprepare professionals to meet this growing demand population. This work aims to
understand how old people feel by their condition and identify how old people
perceive this treatment in the Family Health Unit. The research is characterized
asqualitative and Minayo second analysis was used Bardin. After, thematicinterviews, it
was possible to appreciate the topics: Good, dissatisfaction through the life and likes /
dislikes of the service unit. This work can be seen that the elderlywho were
well, allied to good living with this family, with spouses, autonomy, respect they encounter
in society. And when compared with those who have a complaint, we find that lack of family
Introdução …………………………………………………............……8
Método ……………………………………………………................... 14
Referências .......................................................................................27
Apêndice 1 ........................................................................................29
Apêndice 2 ........................................................................................30
Anexo 1 .............................................................................................31
7
I.Introdução
utilização de tecnologias de cuidado que contemplam todas as etapas da vida e para essa
utilização, se faz necessário o preparo de profissionais para atender essa crescente demanda
populacional.
A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da década de 60,
quando a queda das taxas de fecundidade começou a alterar sua estrutura etária, estreitando
controle da mortalidade infantil e doenças transmissíveis, não foi capaz de aplicar estratégias para
contexto de importantes desigualdades regionais e sociais, idosos não encontram amparo adequado
O envelhecimento pode ser percebido com a naturalidade que lhe é intrínseca. E as pessoas
se em atividade até alcançar idades mais avançadas. Esse envelhecimento pode ser compreendido
Estima-se que os avanços científicos e técnicos permitirão ao ser humano alcançar de 110,
120 anos – uma expectativa de vida que corresponderia aos limites biológicos – ainda no presente
século. São mudanças fantásticas e muito próximas, que reclamam modelos inovadores e
sintonizados com a contemporaneidade, que garantam vida com qualidade para este crescente
contingente populacional. 3
O declínio da mortalidade que deu início à transição demográfica foi determinado mais
pela ação médico-sanitária do Estado que por transformações estruturais que pudessem se traduzir
em melhoria da qualidade de vida da população: nas primeiras décadas do século XX, através de
8
políticas urbanas de saúde pública como a vacinação, higiene pública e outras campanhas
médica na rede pública. Estas estatísticas reforçam a noção de que o envelhecimento populacional
pode passar a representar mais um problema que uma conquista da sociedade, na medida em que
os anos de vida ganhos não sejam vividos em condições de independência e saúde. Isto geralmente
autonomia do idoso podem ser mais importantes que a própria questão da morbidade, pois se
desigualdades sociais, economia frágil, crescentes níveis de pobreza, com precário acesso aos
serviços de saúde e reduzidos recursos financeiros, sem as modificações estruturais que respondam
humanos, uma vez que o envelhecimento da população torna mais visíveis problemáticas antes
necessidade de adequação dos serviços públicos para a atenção à saúde desse grupo populacional,
Estas políticas preconizam a atenção integral à saúde dos idosos em todos os níveis de assistência,
nas áreas mais diretamente relacionadas aos idosos, e o apoio a estudos e pesquisas. Em relação à
atenção à pessoa idosa vítima de violência, estabelecem sua ocorrência em todos os dispositivos da
rede de saúde de forma integrada e sensível às vulnerabilidades mais comuns a esse público. 5
organização do sistema de saúde, pois a população idosa exige cuidados que ainda são desafios aos
O aumento na demanda aos sistemas de saúde pelos idosos aponta para a necessidade de
reestruturação da atenção básica, cabendo ao estado a formulação de políticas e decisões para dar
epidemiológicos são essenciais para identificar problemas prioritários, de modo a orientar decisões
Ao alcançar a terceira idade, alguns indivíduos podem apresentar quadros psiquiátricos que
chegam a ser comuns nessa faixa etária. Tais prejuízos mentais, de modo geral, incluem a
demência, estados depressivos ou quadros psicóticos que são iniciados tardiamente. Contudo, há
também casos em que o transtorno teve início na juventude e o indivíduo alcançou a terceira idade,
como por exemplo, a esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar, a distimia e transtornos ansiosos.
2
10
O idoso vítima de violência pode apresentar um quadro de doença mental, na maioria das
violência por ser dependente de seus cuidadores. Diversos autores têm ressaltado a associação da
Torna-se evidente que o cuidado comunitário do idoso deve basear- se, especialmente, na
família e na atenção básica de saúde, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), em especial
daquelas sob a estratégia de saúde da família, que devem representar para o idoso, idealmente, o
expressada,freqüentemente, referindo que ‘o paciente não é sozinho, ele vem de algum lugar e se
trabalha a valorização das pessoas cuidadoras de quem necessita o cuidado quer sejam as figuras
proporcionado através do trabalho “com as reais necessidades locais, por meio de uma prática
e Reforma Psiquiátrica acredita-se que, a efetiva melhora na qualidade de vida converge para a
ganham destaque. Contudo, é importante ressaltar que essa transição demográfica reflete ganhos
para o Estado e para a sociedade, pois esse envelhecimento da população é produto da redução da
política brasileira que trata da saúde do idoso, a perda da capacidade funcional é considerada como
problema primordial para esses indivíduos, sendo esse problema entendido como a perda das
11
faculdades físicas e mentais imprescindíveis para a realização de atividades basilares e
No Pacto em Defesa da Vida há seis prioridades, porém três delas se destacam no universo
que envolve a saúde da população com 60 anos ou mais. Tais prioridades compreendem a saúde do
idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica (AB). Nesse contexto, a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa vem reafirmar que a atenção primária deverá ser o meio de
inserção inicial do idoso nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), e contar com a
nortear as ações planejadas pelos profissionais da AB com o intuito de melhor assistir os idosos,
trabalho em equipe. 2
Os profissionais que atuam na atenção básica necessitam ter de modo claro a importância
para a manutenção de seu equilíbrio físico e mental. Visualizar e defender como fundamental a
uma das importantes missões daqueles que abraçaram a proposta da atenção básica resolutiva,
integral e humanizada. Não devem aceitar apenas a longevidade do ser humano como a principal
conquista da humanidade contemporânea, mas que esse ser humano tenha garantida uma vida com
qualidade, felicidade e ativa participação em seu meio. Assim, as “coisas da idade” não devem ser
população de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade. Isso requer que os
12
profissionais de saúde da família estejam preparados para lidar com o envelhecimento rompendo
com a fragmentação do processo de trabalho e estabelecer uma relação com o idoso reconhecendo
Além das morbidades física e mental, tem-se dado crescente importância para fatores
na perspectiva dos idosos a qualidade de vida é avaliada mais por seu nível de função e capacidade
verificou-se em idosos uma associação entre pior qualidade de vida e perdas na esfera da saúde. 11
Questões pertinentes à exclusão dessas pessoas, muitas vezes, mesmo no contexto familiar
estão presentes na realidade cotidiana das comunidades e dos serviços de saúde. A partir dessas
considerações, este trabalho tem por objetivo compreender como o idoso se sente mediante sua
condição e identificar como esse idoso percebe o atendimento na Unidade de Saúde da Família.
13
II. Método
aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento
2.1 Contexto: O presente estudo foi desenvolvido na unidade Estratégia Saúde da Família do
bairro Peabiru na cidade de Botucatu. A unidade possui três equipes de saúde,cada equipe é
comunitários de saúde (ACS). A unidade conta com serviço odontológico e tem o apoio matricial
profissionais da unidade Estratégia Saúde da Família. Foram entrevistados treze sujeitos com idade
igual ou acima de setenta anos atendidos no serviço, com algum diagnóstico relacionado à área de
2.3 Coleta de Dados: Depois da avaliação positiva do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade
de Medicina, Ofício Número 3555-2010 (Anexo 1), foram efetivadas as entrevistas a partir da
identificação (sexo, idade, estado civil, n. de filhos, com quem reside, possui benefício) utilizamos
Foi feita, inicialmente, uma entrevista piloto para testar o instrumento e realizar as
alterações pertinentes.
14
Desse modo, as entrevistas foram realizadas na casa dos sujeitos, para tal a pesquisadora
minutos, e em todas as casas a pesquisadora foi bem recebida pelos sujeitos e seus familiares e/ou
acompanhantes.
2.4 Análise dos Dados: Os dados obtidos na entrevista foram transcritos pela pesquisadora. A
seguir, recorremos à Atenção Flutuante de Minayo12, o texto obtido foi lido por várias vezes, com
o objetivo de estabelecer o maior contato possível com o material, deixando-se impregnar pelo seu
conteúdo. A próxima etapa utilizamos a análise temática proposta por BARDIN (1994). Segundo a
mesma autora, a análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a
comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o
Bardin (1994) ainda afirma que a análise temática segue as seguintes etapas de organização:
Assim, a partir dos discursos elaborados pelos sujeitos,foi possível apreender os temas: a)
15
III Apresentação e Análise dos Resultados
Para a obtenção dos dados foram entrevistados treze sujeitos, sendo nove mulheres e quatro
homens. A idade variou entre setenta e noventa anos, sendo que desses, oito sujeitos possuem
entre setenta e setenta e nove anos. Quanto ao estado civil, oito são casados e cinco viúvos. Quanto
à moradia, dois entrevistados moram só, oito residem com o/a companheiro/a, um mora com a
metodológica a análise temática, foi possível apreender os temas que serão analisados a seguir.
realidade atual de vida, manifestando a satisfação em ter a família reunida, a troca de afetos, o
“Então a gente fica orgulhoso, família reunida, chega dia de aniversário, vem todo mundo...não
A correlação entre saúde social e estrutura familiar, expressa que a família representa tanto
um suporte social para os idosos quanto uma preocupação de bem-estar dos mesmos, com os
de vislumbrar um bem-estar amplo dos filhos e parentes, observando aspectos emocionais, físicos
e financeiros14.
16
A expressão de orgulho por ter constituído e construído ao longo da vida o próprio núcleo
“A gente fez o que pode, lutou na vida, porque são sete filhos que criei, não foi um, são quatro
aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre
No nosso cotidiano parece claro o significado de família, tendo em vista que a maioria das
pessoas fazem parte de uma unidade familiar. Porém, a família se apresenta sob os mais variados
tipos. 16.
Foi possível constatar que alguns sujeitos falaram sobre a importância de celebração da
“Ah eu acho que é uma felicidade chegar nessa idade porque eu tenho irmão dezoito anos mais
E mais uma vez os sujeitos expressaram o quanto a companhia dos filhos, a busca do lazer
“eu saio, passeio, saio com os meus filhos, de um lado para outro...” (E12)
lugar, constatar que muitos idosos não têm família ou mesmo tendo-as, com elas não convivem;
No campo das Políticas Públicas, outra proteção social básica desenvolvida pela política
acolher, conviver, socializar e estimular á participação social das famílias e seus componentes. A
Assistência Social para o enfrentamento das questões da violência contra o idoso inclui: centros de
3.2.2 Perdas/Abandono
A velhice é um fenômeno social e vital complexo, sendo determinado pelo curso de vida e
desenvolvimento17.
ser humano nas diferentes fases da vida, e tende a ser mais frequente com o envelhecimento. As
para a elaboração de alguns relatos que apontam o descontentamento mediante a situação vivida,
As situações que levam ao abandono são provocadas pela condição de fragilidade do idoso,
que pode passar a depender de outras pessoas, pela perda da autonomia e da independência, pelo
esfriamento dos vínculos afetivos e pela conduta do grupo de relações ou ausência dele. O que
“Não me sinto muito bem não, sempre doente, sempre doente, risos.”(E3)
A qualidade de vida e a satisfação na velhice têm sido muitas vezes associada às questões
Podemos ver no relato abaixo, a insatisfação com as doenças adquiridas e a perda do estado
de saúde anterior.
“ até aqui, o que mais me mata eu, tirando a morte do homem né, é a diabete que eu não posso
comer com medo de comer isso, de comer aquilo e uma dor na junta que queima aqui na
costela,”(E13)
Os idosos frente aos eventos de perda, lidam muito bem com o estresse, ou seja, os idosos
geralmente são mais eficientes do que os adultos mais jovens em suas respostas de enfrentamento
vida, quanto o fato de que estes tornam-se mais eficazes com o passar dos anos. 19
Entretanto, isso não garante que o idoso não sofra, o que pode explicar a susceptilidade do
idoso à depressão. Nos relatos abaixo percebemos como se sentem com em relação a isso:
19
“Porque a gente fica triste, e a gente trabalhava, saía sempre e agora aposentou, fica mais em
“A gente tem pai,mãe, sogro, sogra, depois quando chega essa idade não tem mais nada.”(E2)
Há também quem se incomode com as limitações impostas pela idade,a dificuldade dessa
“Eu fico chateada, porque eu não posso fazer nada mais,não faço nada mais, dependo de tudo,
até comida elas que me dão assim, pega assim, dão na minha mão, não aguento ficar em pé numa
“Falta assim, quando os filhos eram tudo junto,era mais gostoso, pequenino, né? Agora as
A sociedade cobra juventude eterna, pois vivemos em uma sociedade, onde o crescimento
das ofertas no setor de cuidados com o corpo que vão de cosmética à cirurgia plástica, da
Como conseqüência, a insatisfação de alguns velhos com relação ao próprio corpo pode
estar associada a certas restrições e à diminuição das possibilidades corporais, como também à
idéia de que um corpo velho é um corpo feio. Certas pessoas reclamam que seus corpos não
inspiram mais nenhum atrativo, sobrando apenas tristeza e lembranças de um tempo de sedução. 20
20
“porque o bom da vida da gente, acho que quando a gente é moça, passear né, ter
namorado...”(E13)
inserção do ser humano. Quando há ausência ou rompimento dessa inserção, o idoso vive uma
concebido como sentir-se desamparado no meio dos outros, é não estar bem, é não ter ajuda de
ninguém, é andar de um lado para o outro. É ter família e não ser protegido por ela, esquecido,
“Ih, eles[netos] não dão conta de mim, tem eles mas é o mesmo de não ter, que não vem adota eu,
físicas, mas a violência pode ser definida como ações ou omissões que aflige a integridade
psicológica, mas não deixam o idoso ir embora da sua residência, porque ele se torna como uma
renda complementar a família, dessa maneira explorando o seu recurso financeiro e o ser humano
nele existente.22
“O pior da historia é isso ai, porque até agora, vou falar a verdade para você, ninguém da
O fato de ter constituído família não garantiu ao idoso a companhia dos mesmos no atual
momento, e podemos perceber de acordo com as falas a decepção que atualmente existe.
21
“Começa sozinho, termina sozinho” (E11)
As situações que levam ao abandono são provocadas pela condição de fragilidade do idoso,
que pode passar a depender de outras pessoas, pela perda da autonomia e da independência, pelo
esfriamento dos vínculos afetivos e pela conduta do grupo de relações ou ausência dele.
Para muitos, a perda maior é a morte. Aceitar o limite imposto pela morte como
experiência cotidiana implica aceitar as regras da existência, visto que a morte impõe uma ruptura
que não possui aplicação direta às questões que envolvem a saúde na velhice. Nesse sentido, pode-
Os serviços de assistência à saúde estão presentes no cotidiano das famílias que vivenciam
o cuidado ao idoso com doença crônica de várias maneiras, como, por exemplo, através do
da Equipe Saúde da Família, a qual realiza consultas domiciliares, organiza reuniões com a
22
“Sempre atenderam bem” (E2)
“Sempre bem atendido, não tenho o que reclamar não, tenho que elogiar.”(E9)
“Eu gostei muito do atendimento daqui do posto, eles vem aqui, são tudo gente boa”(E6)
“Ajuda né? Os remédios que eles dão, imagina se eu fosse comprar? Com o que?As ajuda que
Embora a assistência integral seja princípio básico do Sistema Único de Saúde, alguns
relatos ouvidos apontam que para os sujeitos, o atendimento oferecido está mais próximo à dádiva
“Aqui é bom, não é ruim não...O resto não tem o que reclamar não, se vai pegar remédio, pega..
“Ah tá mais ou menos, está bom ,dá para se virar né. Custa para ter uma consulta, mas é muita
23
E também relatos que contêm saudosismo quanto ao passado, quando se era Unidade
Básica de Saúde :
“No tempo do Ielo ai era , tinha mais atenção, consultava diabete a cada 3, 4 meses, agora
não”(E13)
a aproximação entre serviço e usuários e suas famílias, uma vez que tem como princípio básico o
Por outro lado, a política de envelhecimento ativo, proposta pela Organização Mundial de
Saúde (OMS, 2005), também tem discutido as questões relacionadas à saúde na velhice,
enfatizando que envelhecer bem faz parte de uma construção coletiva e que deve ser facilitado
pelas políticas públicas e por oportunidades de acesso à saúde ao longo do curso de vida17.
Embora haja uma política para beneficiar os idosos, se observa também,que os abusos
financeiros e econômicos não acontecem apenas no interior das famílias,eles estão presentes
aposentaria e outros. Sendo também vitimas de estelionatos que tripudiam sobre a vulnerabilidade
Pelos relatos, vimos que há satisfação com a Unidade Saúde da Família, com a equipe, mas
que há ainda, quem compare essa nova estratégia com a usada nas antigas unidades básicas de
saúde.
24
IV. Considerações Finais
Este estudo teve por objetivo compreender como o idoso se sente mediante sua condição e
A partir dos relatos produzidos pelos sujeitos ouvidos, pudemos observar que os idosos que
se mostraram bem, aliaram isso à boa convivência com a família, com o cônjuge, à autonomia, às
adaptações e realizações que vieram com a idade. Por outro lado, os sujeitos que relataram viver
algumas frustrações advindas com o tempo, assim como viverem limitações impostas pela idade e
Assim, como desafio para a sociedade, podemos dizer que cabe a nós enxergarmos o idoso
além de suas limitações, e perceber nele um ser que já viveu muito, contanto, tem-se muita
Para as políticas públicas, em respeito aos nossos idosos temos os desafios de prover
recursos para políticas sociais e de saúde dirigidos à essa população, compreender a nova estrutura
familiar e prover-lhe apoio, criação de novos equipamentos urbanos, serviços e programas para a
inclusão do idoso. Assim como promover a facilidade e a acessibilidade, para que dessa forma
possamos conviver respeitosamente com essa população que não para de crescer e que merece ser
25
V. Referências
2) Andrade FB, Ferreira Filha MO, Dias MD, Silva AO, Costa ICC, Lima EAR, et al.
4) Pereira RJ, Cotta RMM,Franceschini SCC, Ribeiro RCL, Sampaio RF, Priore SE, Cecon
PR. Contribuição dos domínios físico, social, psicológico e ambiental para a qualidade de
5) Valadares FC, Souza ER.Violência contra a pessoa idosa: análise de aspectos da atenção de
atenção aos idosos vítimas de violências no município do Rio de Janeiro (RJ, Brasil).Ciênc
7) Araújo MAS, Barbosa MA. Relação profissional de saúde/idoso.Esc Anna Nery. 2010; 14
(4):819-24.
8) Venturi I, Rosado LEFP, Cotta RMM, Rosado GP, Doimo LA, Tinoco ALA, et al.
saúde à população idosa, município de Viçosa-MG. Ciênc Saúde Colet. 2008; 13(4):1293-
304.
9) Silvestre JÁ, Costa Neto MM. Abordagem do idoso em programas de saúde da família.
10) Scóz TMX, Fenili RM. Como desenvolver projetos de atenção à saúde mental no programa
12) Minayo, MCS. O desafio do conhecimento, pesquisa qualitativa em saúde. 11a Ed. São
14) Cupertino APFB, Rosa FHM, Ribeiro PCC. Definição de envelhecimento saudável na
15) Lima FET, Lopes MVO, Araujo TL. A família como suporte para o idoso no controle da
17) Silva HS, Lima AMM, Galhardoni R. Successful aging and health vulnerability:
18) Lopes RF, Lopes MTF, Camara VM. Entendendo a solidão do idoso. RBCEH.
2009;6(3):373-81.
19) Joia LC, Ruiz T, Donalisio MR. Condições associadas à satisfação com a vida. Rev Saúde
Pública. 2007;41(1):131-8.
20) Ávila AH, Guerra M, Meneses MPR. Se o velho é o outro, quem sou eu? A construção da
Envelhec.2005;8(3):1-11.
27
22) Carvalho TS, Rodrigues R. Violência Intrafamiliar contra o idoso. Vol. 5, No 5 (2009):
23) Carreira L, Rodrigues RAP. Dificuldades dos familiares de idosos portadores de doenças
crônicas no acesso à Unidade Básica de Saúde. Rev Bras Enferm.2010; 63(6): 939-9.
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APÊNDICE 1
Você está sendo convidado para participar do projeto de pesquisa: “Saúde mental do idoso:
percepções relacionadas com o envelhecimento em interface com o atendimento de saúde na
atenção básica”, com o objetivo de investigar e conhecer como o idoso se sente, nesta fase da vida e
como utiliza e avalia o serviço de saúde na atenção básica. É importante ressaltar que esta pesquisa
poderá contribuir para o aperfeiçoamento da assistência realizada pelo PSF, e para a consolidação da
atuação do Programa na área de Saúde Mental.
A pesquisa será feita através de um inventario contendo 02 questões: “Neste momento de sua vida,
como o senhor/a se sente? E pensando no atendimento da Unidade de Saúde, como o senhor/a percebe
a assistência na unidade?”
Somente serão convidados a participar do estudo pacientes idosos com idade de 70 anos ou mais,
que vem fazendo uso de medicações ansiolíticas e antidepressivas, e usuários da Unidade de
Saúde do Jardim Peabiru, do município de Botucatu
A sua participação nesta pesquisa é voluntária, você poderá não concordar em participar da mesma, e
finalizá-la antes ou mesmo durante a entrevista. Você poderá, se quiser, tomar conhecimento do
andamento do trabalho ou sua finalização, sendo para tanto devidamente informado/a dos meios
necessários para fazer contato com a entrevistadora.
A concordância em participar da pesquisa implica na possibilidade do uso das informações para
divulgação em âmbito científico, sendo garantido o sigilo e o anonimato de todos os participantes.
Qualquer reclamação a respeito da pesquisa poderá ser encaminhada à pesquisadora responsável, no
endereço abaixo.
A entrevista será gravada, e posteriormente transcrita para melhor análise dos dados. Os sons gravados
não serão apresentados, e as fitas serão destruídas após a transcrição.
Eu ______________________________________________________, tendo sido
satisfatoriamente informado sobre a pesquisa sob responsabilidade da graduanda em enfermagem¹,
aluna regular do curso de graduação em enfermagem e de sua orientadora Profª. Dra. Maria Alice
Ornellas Pereira², do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP,
declaro que concordo em participar da mesma, respondendo as perguntas apresentadas em entrevista.
Esclarecimentos adicionais poderão ser obtidos com a pesquisadora e/ou orientadora através dos
telefones e e-mails listados abaixo.
_______________
Local e Data
_____________________________ ____________________________
Pesquisadora Entrevistado
Responsável: Regina Célia Popim - Departamento de Enfermagem – Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP - Campus Rubião Júnior S/N -
CEP: 18 618-970 - Tel: 14-38116070 - e-mail: rpopim@fmb.unesp.br
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APÊNDICE 2
Título: Saúde mental do idoso: percepções relacionadas com o envelhecimento em interface com o
atendimento de saúde na atenção básica.
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