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Universidade Agostinho Neto

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

TEMA:
MECANISMOS DE RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE
LITÍGIOS LABORAIS

Docente: Dr. Sandra Maceo

LUANDA, 2024
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE ECONOMIA
CADEIRA DE DIREITO DO TRABALHO

TEMA:
MECANISMOS DE RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIOS LABORAIS

Trabalho apresentado como requisito


de obtênção de nota da 2ª P,
de Direito do trabalho,
sob orientação do docente
Dr. Sandra Maceo.

Curso: Gestão de Empresas


Frequência: 3º Ano
Turma: B / Manhã

INTEGRANTES DO GRUPO Nº 04
Nº DE MATRÍCULA NOME COMPLETO
Jandira Kiala
2020299 Jerónimo Lumbo Pacheco
Juliana Estevão Jorge
2020046 Tomás Nganga Tchimbasi

LUANDA, 2024
DEDICATÓRIA
Aos nossos pais, familiares e amigos é que dedicamos os nossos esforços ao concluirmos este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primordialmente agradecemos à Deus pela vida e respiração de graça, que é uma dádiva que ele nos
concede dia após dia, assim como pela força de vontade que nos faz permanecer e não desistirmos da
academia.
Também agradecemos aos nos familiares pelo suporte direita e indiretamente, sem esquecer de
mencionar a nossa docente, Dra. Sandra Alarcón Maceo por nos permitir abordarmos sobre o presente
trabalho.
EPÍGRAFE
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

NELSON MANDELA
1º Pr. negro da África do Sul
(1994-1999).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADR - Alternative Dispute Resolution
CRA - Constituição da República de Angola
CREL - Centro de Resolução Extrajudicial de Litígios
MERC – Métodos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos
OIT - Organização Internacional do Trabalho
RAL - Resolução Alternativa de Litígios
Índice
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................8
CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEORICA SOBRE MECANISMO DE RESOLUÇÃO
EXTRAJUDICIAIS DE LITÍGIOS LABORAL..................................................................................................9
QUAIS SÃO AS LEIS OU NORMAS QUE REGULAM OS LITÍGIOS EM ANGOLA?...............................9
CAPÍTULO 2 – TIPOS DE MECANISMOS DE RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIO
LABORAL............................................................................................................................................................11
1 - ARBITRAGEM...............................................................................................................................................11
2 - CONCILIAÇÃO.............................................................................................................................................12
3 - MEDIAÇÃO....................................................................................................................................................12
4 - NEGOCIAÇÃO...............................................................................................................................................13
ENQUADRAMENTO..........................................................................................................................................14
NORMA IMPLEMENTADA..............................................................................................................................14
REGULAMENTO DA ARBITRAGEM.............................................................................................................14
Notificação, cobrança e acodo extrajudicial.......................................................................................................15
CONCLUSÃO......................................................................................................................................................16
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................17
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise das formas alternativas de resolução de
conflitos como mecanismos de efetivo acesso à justiça. Denota-se que para que haja uma sociedade justa
e igualitária é necessário que todos os jurisdicionados possam ter seus direitos resguardados e
consequentemente quando há alguma violação esse cidadão possa ter o respaldo do Estado para garantir
que tal direito seja respeitado. Diante disso as denominadas formas alternativas de resolução de conflitos
(mediação, conciliação e arbitragem) surgem como mecanismo para que qualquer pessoa possa ter seu
devido acesso à justiça, visto que o Poder Judiciário brasileiro possui uma grande demanda de processos
judiciais que fazem que o procedimento se torna onerosamente lento e, assim, não cumprir com sua
finalidade que é trazer justiça para a sociedade.
Esse artigo utilizará uma linha de pesquisa bibliográfica, que será desenvolvida a partir de materiais
publicados em livros, artigos, dissertações e teses, e além de utilizar o método dedutivo, pois tratará de
leis gerais para compreensão da questão analisada. Por fim, pode-se verificar que as formas alternativas
de resolução de conflitos podem ser mecanismos para facilitar o devido acesso à justiça tão desejada por
todo jurisdicionado se forem utilizadas de forma adequada.
CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEORICA SOBRE
MECANISMO DE RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAIS DE LITÍGIOS
LABORAL

O que é litígio? Litígio é um termo jurídico que descreve uma disputa legal entre duas partes, geralmente
envolvendo direitos, obrigações ou interesses opostos. Os litígios podem ocorrer em várias áreas do
direito, incluindo civil, penal, trabalhista, tributário, entre outras.
Litígio refere-se ao conflito entre duas ou mais partes que buscam uma resolução através do sistema
judiciário. O objetivo é obter uma decisão judicial ou um acordo que solucione a questão. Litígios
podem envolver direitos contratuais, disputas de propriedade, responsabilidade civil ou qualquer outro
assunto que possa ser decidido por um tribunal.
O litígio ocorre quando as partes não conseguem resolver suas diferenças através de métodos
alternativos de resolução de conflitos, como negociação ou mediação. Nessas situações, as partes
recorrem ao sistema judiciário, apresentando suas demandas em um tribunal, onde um juiz ou júri
decidirá a questão com base na legislação aplicável e nas provas apresentadas. Cada litígio é único, e as
causas podem variar significativamente. Portanto, é crucial buscar orientação jurídica especializada para
compreender as particularidades e os aspetos legais do seu caso específico. O escritório Galvão e Silva
Advocacia dispõe de uma equipe de advogados especializados para ajudá-lo.

QUAIS SÃO AS LEIS OU NORMAS QUE REGULAM OS LITÍGIOS EM


ANGOLA?

A reforma do sistema angolano de justiça, inserida no Plano Nacional de Desenvolvimento, tem como
um dos principais desígnios o reforço do sistema integrado de acesso ao direito e à justiça, através do
apoio à criação e ao asseguramento do funcionamento dos meios extrajudiciais de resolução de
conflitos, designadamente, negociação, mediação, conciliação e arbitragem. Estes meios funcionam
como um instrumento essencial e complementar aos tribunais, surgidos das necessidades impostas pela
nova realidade política, social e económica que o país vive.
Caracterizados por uma maior proximidade, informalidade, celeridade, confidencialidade e
voluntariedade são mecanismos destinados ao melhor funcionamento e eficácia na administração da
justiça. Já a Lei Constitucional de 1992, promulgada a 16 de setembro, consagrou, de forma clara e
inequívoca, nos termos do nº 3 do artigo 125.º, a Arbitragem enquanto modo de resolver litígios. Com a
entrada em vigor da Constituição da República de Angola (CRA), em 5 de fevereiro de 2010, o
ordenamento jurídico angolano elegeu os meios de resolução extrajudicial de litígios como componente
complementar do atual sistema jurisdicional. Assim, a CRA estatui no nº 4 do seu artigo 174.º: “A lei
ordinária consagra e regula os meios e as formas de composição extrajudicial (mediação, conciliação e
arbitragem) de conflitos, bem como a sua constituição, organização, competência e funcionamento”. O
Estado angolano tem, desde 2003, uma lei inteiramente dedicada à arbitragem (Lei nº 16/03, de 25 de
julho).
Face ao crescimento económico do País, o Estado conta ainda com o Decreto nº 4/06, de 27 de fevereiro,
que define o regime de outorga das autorizações administrativas para criação de Centros de Arbitragem
privados e a Resolução nº 34/06, de 15 de maio, que reafirma o engajamento do Governo na
implementação da Arbitragem, como forma de composição de conflitos. É assim que o Ministério da
Justiça e dos Direitos Humanos vem impulsionando o surgimento de Centros institucionalizados que
promovam a informação e educação da comunidade, sobre os seus direitos e os modos de exercício e
defesa dos mesmos. Essa iniciativa insere-se nos esforços do executivo angolano para a criação e
solidificação de uma nova cultura de justiça, que se enquadre nos desafios hodiernos.
Nesta senda, foi criada a Direção Nacional Para Resolução Extrajudicial de Litígios que tutela aqueles
centros. O primeiro centro público, o Centro de Resolução Extrajudicial de Litígios (CREL), foi criado a
26 de junho de 2014, e integra uma série de serviços, designadamente: Informação e Consulta Jurídicas;
Mediação e Conciliação; Arbitragem e, prevendo-se para breve o início da atividade do Serviço de
Defesa Pública.
A informação e a consulta jurídicas são direitos consagrados no artigo 29º da CRA e nas diversas cartas
internacionais dos direitos humanos. Pretende-se garantir que a ninguém seja dificultado, em razão da
sua condição social ou cultural, ou por insuficiência de meios económicos, o conhecimento, exercício ou
a defesa dos seus direitos e legítimos interesses. O serviço de informação e consulta jurídicas é prestada
por Juristas, técnicos do CREL., advogados e advogados-estagiários.
Para a materialização dos objetivos, a Direção Nacional para Resolução Extrajudicial de Litígios
propõe-se também incentivar a criação de outros centros, públicos e privados abrangendo todo o
território nacional. De igual modo, propõe-se ainda conceber, operacionalizar e executar projetos de
modernização no domínio dos meios extrajudiciais de resolução de litígios, em todas as suas dimensões
com vista a reforçar a funcionalidade, celeridade, a proximidade e, o respeito dos direitos, liberdades e
garantias fundamentais dos cidadãos e a diversificação dos serviços do sistema formal de justiça. Para
um adequado enquadramento jurídico destas matérias, foram concebidos diplomas legais reguladores
dos respetivos serviços tais como: da Mediação e Conciliação de conflitos; Códigos de Ética e
Deontologia dos mediadores, conciliadores e árbitros; o Regulamento do procedimento de mediação e
arbitragem nos centros públicos e o estatuto da carreira dos mediadores e conciliadores. A
implementação dos meios de resolução extrajudicial de litígios em Angola, no espírito do pluralismo
jurídico, promove a cultura de resolução pacífica dos diferendos e a desjudicialização do sistema de
justiça.

O que é a resolução de conflitos?


A resolução de conflitos pode ser definida como um processo formal ou informal que duas ou mais
partes usam para encontrar uma solução pacífica do litígio que as opõe. Como podemos configurar um
processo de resolução de conflito construtivo ao lidar com o conflito no trabalho e em outras esferas?
Conflitos podem ser resolvidos de diversas maneiras: negociação, mediação, arbitragem e o litigio.

O surgimento dos mecanismos extrajudiciais


O sistema judicial enfrenta dificuldades face à evolução cultural, social e económica que é inerente a
este novo século, constatando-se ser cada vez mais dispendioso o recurso ao tribunal8, seja pelo tempo
despendido ou pelo desgaste emocional que provoca. O sistema judicial revela-se, muitas vezes, distante
dos próprios cidadãos.
Com efeito, “o processo judicial faz-se rodear por um conjunto de formalidades que põem de parte os
interessados no pleito, cuja voz apenas se faz ouvir pelos seus representantes legais”. Estas
contingências têm fomentado a aposta cada vez maior nos meios extrajudiciais de resolução de conflitos,
como a arbitragem ou a mediação. Devemos, contudo, referir que estes meios não devem ser
considerados apenas formas de descongestionar os tribunais, mas também formas mais adequadas e,
muitas vezes, mais eficazes de resolução de conflitos.
Os ADR são, do ponto de vista de Heidi Burgess e Guy Burgess, “considered more user-friendly”, ou
seja, como sendo uma forma mais amigável de resolução de conflitos. Isto porque, no entender deste
autor, as partes estão envolvidas diretamente na solução da disputa e, pelo contrário, no processo
judicial, são os mandatários em sua representação e o juiz que tomam as decisões no que concerne ao
litígio. Na verdade, nos meios extrajudiciais as partes têm uma maior responsabilização na resolução do
conflito que as opõe, o que pode representar uma “alteração de conceção, na qual o homem assume um
papel de maior preponderância no sistema jurídico, deixando de ter um papel secundário, e passando a
ator principal”. Na mediação, por exemplo, as partes têm a possibilidade de em conjunto obterem a
solução para a sua disputa, tendo para tal de cooperar e comunicar entre si, restabelecendo-se o contacto
perdido, uma vez que o conflito quando surge tende a afastar as partes.
Ao restabelecer este contacto, na busca da solução do conflito, as partes terão que reconhecer os seus
objetivos, os seus interesses, criando-se um ambiente de confiança, mútuo respeito, sigilo, neutralidade,
imparcialidade e compromisso para chegar a uma solução sem imposições de terceiro. Os meios
alternativos ao sistema judicial surgem como movimento nos Estados Unidos da América em meados de
1960, designando-se de forma abreviada por ADR (Alternative Dispute Resolution). Contudo, os
mecanismos em causa têm origens ancestrais, correspondendo, em muitos casos, como se verifica
quanto à mediação, às primeiras formas de resolução de conflitos nas comunidades. Em Portugal, os
primeiros passos numa nova era dos ADR surgem precisamente no âmbito laboral, como veremos
seguidamente, falando-se, em termos genéricos, de Resolução Alternativa de Litígios (RAL).
Na opinião de Mariana França Gouveia, “os meios de resolução alternativa de litígios, tradução livre da
designação inglesa alternative dispute resolution (ADR), podem definir-se como o conjunto de
procedimentos de resolução de conflitos alternativos aos meios judiciais”. Já na opinião de Paula Costa e
Silva, a utilização da palavra alternativa não faz sentido em termos teóricos e práticos e propõe a
substituição de meios alternativos por meios extrajudiciais. Preferimos também o termo de “meios
extrajudiciais” ao termo “meios alternativos”. Acompanhamos Cátia Marques Cebola quando opta por
considerar estes mecanismos “como métodos (por aplicarem técnicas específicas), extrajudiciais
(realizáveis fora das vias judiciais), de resolução de conflitos (por oposição aos litígios judiciais). E
abreviadamente poderiam ser designados de MERC”.
Cingindo-nos ao âmbito laboral, em 1891 verifica-se a criação de tribunais de “árbitros avindores” para
julgar os conflitos inerentes à relação laboral, o que é demonstrativo de que a aposta em meios
extrajudiciais de resolução de conflitos não é uma realidade contemporânea, tendo uma inegável
tradição histórica. Porém, tais árbitros avindores apenas julgavam os conflitos que anteriormente
tivessem sido objeto de conciliação. A partir de 1933, os diferendos laborais passaram a ser dirimidos
por magistrados especiais, com recurso de revista para um tribunal superior. A 1 de janeiro de 1941,
com a entrada em vigor do Código de Processo nos Tribunais do Trabalho, determinou-se a utilização
do processo de arbitragem nas questões atribuídas aos tribunais de trabalho, com a exceção das questões
emergentes de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais e as questões referentes ao contencioso
das instituições de previdência. Uns anos mais tarde, são revistos os diplomas legais relativamente às
comissões corporativas e às convenções coletivas de trabalho. Em meados de 1976, consagra-se “a
existência de mecanismos de conciliação, mediação e arbitragem para a resolução de conflitos que
resultassem da celebração ou revisão de uma convenção coletiva”. Daí em diante, Parceiros Sociais e o
Governo apresentaram e implementaram soluções de resolução extrajudicial de conflitos de trabalho.

CAPÍTULO 2 – TIPOS DE MECANISMOS DE RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL


DE LITÍGIO LABORAL

Tendo em conta que o mecanismo de resolução extrajudicial é um meio de resolução de conflitos


alternativos aos meios judiciais em que duas ou mais partes recorrem a uma terceira pessoa imparcial, o
mediador com o fim de obter um acordo satisfatorio, iremos abordar detalhadamente sobre os tipos de
resolução extrajudicial de litígio laboral.

1 - ARBITRAGEM
A arbitragem como modalidade alternativa de resolução de conflito, também conhecida como jurisdição
privada, consiste em uma técnica de solução de conflitos por meio dos quais os conflitantes aceitam que
a solução de seu litígio seja decidida por uma terceira pessoa, de confiança das partes. A arbitragem,
como forma de solução de conflitos, instrumento por meio do qual o conflito é resolvido por um
terceiro imparcial. Podemos extrair do doutrinador Sérgio Pinto Martins, o conceito de arbitragem a
partir de uma forma de solução de um conflito, feita por um terceiro, estranho à relação das partes, que é
escolhido por estas, impondo a solução do litígio.
Identificamos duas correntes: a primeira capitaneada por Fredie Didier, afirma que a arbitragem é
jurisdição; em contraponto, Luiz Guilherme Marinoni defende que a arbitragem não é jurisdição.
Devemos entender que a arbitragem possui duas vertentes de atuação, podendo ser de direito e de
equidade, bastando a escolha de uma dessas modalidades pela vontade das partes, assim define o art. 2º
da Lei 9.307/95. Entende-se por arbitragem de direito aquela situação em que os árbitros irão decidir,
por meio das bases das regras de direito. Ex: as partes combinam que os árbitros encontrarão a solução
para o caso seguindo as regras do Código Civil.
É um mecanismo alternativo de resolução de conflitos, faz-se de suma importância não apenas estudar
as suas características específicas, mas contrasta-las em relação aos demais instrumentos de acesso à
justiça, sejam eles mecanismos alternativos (conciliação e mediação) ou o mecanismo ordinário (Estado-
Juiz). Corroborando para esta compreensão, a primeira distinção a ser pontuada é aquela compartilhada
por Zulema Wilde e Luis Gaibrois, por meio da qual, pode-se enquadrar os mecanismos supracitados
como sendo: ou de natureza adversarial (em que a posição conflituosa é mantida pelas partes,
impossibilitando a que cheguem a um acordo), ou de natureza não adversarial (quando as partes
alcançam um acordo). Deste modo, e na perspetiva dos referidos autores, na resolução alternativa de
litígios adversarias estaria englobada a arbitragem, de modo que nos litígios não adversariais estariam
englobadas a mediação e a conciliação.
Além deste, há outro importante traço distintivo, que tem como critério avaliar os mecanismos de
acesso à justiça como pertencentes ou à categoria de Auto composição, ou de heterocomposição.
Martins. Senão vejamos: “Distingue-se, neste domínio, entre instrumentos de autocomposição ou
composição autónoma de conflitos, em que são as partes a autodeterminar o resultado compositivo do
litígio, e meios de heterocomposição ou composição heterónoma, quando, por acordo das partes ou
determinação da lei, um terceiro resolve o conflito mediante decisão que as vincula. No primeiro caso,
«os sujeitos das pretensões a compor detêm o poder compositivo das suas próprias pretensões»; no
segundo, «o poder compositivo radica já não está nos sujeitos das pretensões a compor, mas num
terceiro dotado de heteronomia compositiva».” Nesta perspetiva, e por ser este o critério
maioritariamente utilizado pela Doutrina, utilizá-lo-emos como baliza para fins de enquadramento dos
mecanismos alternativos e ordinário.

2 - CONCILIAÇÃO
A modalidade de resolução de conflito que aqui será tratada pode ser compreendida como uma fase
procedimental, na qual é presidida por um terceiro imparcial, na qual sua atuação objetiva as partes
conflitantes a chegarem a uma solução justa para por fim ao conflito existente.
Por ‘Conciliação’, palavra derivada do latim conciliatio, de conciliare (atrair, harmonizar, ajuntar),
entende-se o ato pelo qual duas ou mais pessoas, desavindas a respeito de certo negócio, põem fim à
divergência amigavelmente. Entretanto, tecnicamente, tanto pode indicar o acordo amigável, como o que
se faça judicialmente mediante transação, que termina o litígio. O procedimento de conciliação tem
como escopo principal o estímulo, por meio do conciliador, a todo o momento promover a comunicação
e o diálogo entre as partes, alcançando, desta forma, a pacificação social.
Uma das figuras autocompositivas comuns é representada pelo Conciliador, que é um terceiro estranho a
relação jurídica conflituosa, que tem o escopo de intermediar o processo dialético entre as partes, sem
necessariamente guardar o propósito de lhes apresentar soluções jurídicas possíveis, de modo a não
possuir qualquer papel interventivo decisório, já que compete tão somente às partes, imbuídas de
autonomia de vontade, harmonizar os interesses contrapostos e pôr termo ao conflito.

3 - MEDIAÇÃO
A mediação é um meio de resolução de conflitos complementar aos meios judiciais em que duas ou mais
partes recorrem a uma terceira pessoa, imparcial – o mediador – com o fim de obter um acordo
satisfatório. Ao serviço de Mediação de Conflitos compete fomentar, expandir a composição conceptual
de litígios e conta com 38 mediadores de diversas áreas como: comercial, familiar, civil, laboral,
administrativa, penal e empresarial.
Assim como a arbitragem e a conciliação, a mediação objetiva a pacificação entre as partes. Para que
isso ocorra, o procedimento de mediação conta a intervenção de um terceiro imparcial e neutro em
relação às partes. A atuação do mediador consiste na técnica de auxiliar e estimular às próprias partes
para que elas identifiquem e percorram o caminho para obtenção consensual do litígio.
Mediação extrajudicial é um processo de resolução de conflitos em que um terceiro neutro, chamado
mediador, facilita a comunição e negociação entre as partes envolvidas
Já quando a figura autocompositiva é representada por um Mediador verificamos que este é uma terceira
pessoa estranha ao dissídio, mas que fora aceito pelos dissidentes, dotado de independência e a quem
compete apresentar propostas juridicamente possíveis, dentre as quais recairá a solução a ser eleita
voluntária e espontaneamente pelas partes da relação em litígio.
Deste modo, e como bem realça o Douto Professor Alcides Martins, “diferentemente do que acontece
na conciliação, o mediador estuda a situação e concebe propostas que vai apresentando a cada uma das
partes, tendo assim um papel mais interventivo”.
A par da mediação e conciliação de conflitos, a arbitragem é igualmente um serviço do Centro, que se
consubstancia na resolução de diferendos por via da constituição de um tribunal arbitral, no âmbito do
acordo das partes em consonância com o prescrito na Lei nº 16/03, de 25 julho e no regulamento do
procedimento de arbitragem. Para a prestação dos serviços de arbitragem o centro dispõe de uma lista de
árbitros nacionais e estrangeiros. Os meios de resolução de litígios apresentam os seguintes benefícios: a
acessibilidade e informalidade; celeridade e voluntariedade.
4 - NEGOCIAÇÃO
Diariamente todos negociamos para satisfazermos as necessidades que temos e existe outra pessoa que
controla o que pretendemos. A negociação é uma das ferramentas fundamentais da mediação e dos
restantes métodos de RAL. As “partes solucionam os seus conflitos entre si e sem ajuda de terceiros”
Para Catarina Frade, a “negociação não constitui verdadeiramente um processo de RAL, na medida em
que não se regista a presença de um terceiro neutro.
As partes discutem diretamente o seu problema e, se essa discussão for bem sucedida, levará à
celebração do acordo que extinguirá o conflito”. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), na sua
convenção n. º 98, no art. 4.º refere que “se necessário, deverão ser tomadas medidas apropriadas às
condições nacionais para encorajar e promover o maior desenvolvimento e utilização de processos de
negociação voluntária de convenções coletivas entre patrões e organizações de patrões, porum lado, e
organizações de trabalhadores, por outro, tendo em vista regular por este meio as condições de
emprego”.
No âmbito da resolução de conflitos coletivos de trabalho pela via negocial surge - nos a figura da
concertação social no âmbito do Conselho Económico e Social, através da Comissão Permanente de
Concertação Social. Esta comissão institucionalizada tem uma representação tripartida, nomeadamente,
com as confederações dos trabalhadores, as confederações de empregadores e o Governo.
Compete a esta Comissão negociar sobre: as políticas de reestruturação e de desenvolvimento
socioeconómico, bem como sobre a execução das mesmas; propor soluções conducentes ao regular
funcionamento da economia e as suas incidências no domínio socio-laboral; apreciar regularmente a
evolução da situação económica e social do país e apreciar os projetos de legislação no âmbito socio-
laboral. Concordamos inteiramente com Pedro Romano Martinez quando nos diz que “mediante a
celebração de acordos de concertação social, que correspondem a um conjunto de diretrizes que
norteiam as relações laborais sob vários aspectos, aceites por empregadores e sindicatos, a Comissão
contribui para o apaziguamento social e a consequente resolução de conflitos coletivos existentes ou
potenciais”. Resumidamente, quando pretendemos uma coisa que está dependente da resposta de
terceiro, negociamos ou tentamos negociar. Por exemplo, quando um trabalhador discute um aumento
com o empregador, quando se pretende uma revisão das condições de trabalho. Não sendo possível a
resolução do conflito pela via negocial, podem as partes, querendo, recorrer a outros meios
extrajudiciais, nomeadamente, a conciliação e a mediação.

ENQUADRAMENTO
Nos últimos tempos, passou a falar-se muito em arbitragem e mediação, como um dos meios
alternativos de resolução de litígio.
Tendo em conta o princípio do “acesso ao direito da tutela jurisdicional efetiva” previsto no artigo 29.º
da Constituição da República de Angola (CRA), o Estado angolano teve a necessidade de criar novas
formas de resolução de conflitos, através dos meios de resolução extrajudicial de litígios, com vista a
garantir a proteção e o exercício dos direitos do cidadão e o acesso ao direito e à justiça.

NORMA IMPLEMENTADA
O CREL (Centro de Resolução Extrajudicial de Litígios) é uma instituição sem fins lucrativos, que
administra os vários meios alternativos de resolução extrajudicial de litígios, com controvérsia em
matérias de conflitos laborais, familiares, cível, comercial, consumo e ambiente e mesmo penais. Tem
como finalidade estabelecer o diálogo, garantindo aos cidadãos o acesso, num único espaço, aos serviços
de todos os meios de resolução extrajudicial de litígios, com vista a encontrar a solução das suas
disputas tornando a justiça de forma mas eficaz, e mais próxima aos cidadãos. O CREL é um “serviço”
assegurado pela Direção Nacional para Resolução Extrajudicial de Litígios.
Sendo o CREL um espaço que congrega os vários meios de resolução extrajudicial de litígio, ele rege-se
por diplomas próprios tais como: regulamentos do CREL, regulamento das taxas, lei da Mediação e a lei
da Arbitragem.

REGULAMENTO DA ARBITRAGEM
A Arbitragem constitui um mecanismo extrajudicial privilegiado, não só pelos operadores privados
como pelo próprio Estado, para a solução dos eventuais conflitos sobre direitos patrimoniais. Está
considerada disponível por lei, devido às enormes vantagens que lhe são reconhecidas, designadamente,
a sua celeridade e flexibilidade, bem como a liberdade das partes no processo de escolha e nomeação
dos árbitros, aliados ao seu caráter sigiloso e propício à transação. Entretanto, poderão ocorrer situações
em que as partes estabelecem regras processuais específicas aplicáveis ao litígio concreto, remetendo
posteriormente para regulamentos do centro de arbitragem.

Notificação, cobrança e acodo extrajudicial


A notificacao extrajudicial e uma ferramenta usadas pelos advogados como documentacao inicial para
suas provas para tentativas de consilhacao por via amigavel, ou como passo inicial para a tomada de
medidas judicial.
Notificacao extrajudicial e feita no cartorio de registo de titulos e documentos. E um meio de levar ao
conhecimento de terceiros, envolvidos no caso, o conteudo de um documento oficial e lega
Cobranca extrajudicial e a cobranca onde a empresa entra em contrato com o devedor tenta fazer um
acordo para receber o valor devido, muitas vezes são feitas por empresas especializadas em servico de
cobranca.
O acordo extrajudicial e um acordo que acontece fora do ambito judicial, em que as partes tem que estar
em consenso sobre o acordo. Não se ingressa no judiciario e as partes, junto com o advogado, registram
em Cartorio de Notas na presenca de testemunhas, que tambem ssinam o acordo. Os gastos com o
acordo extraudicial se resume aos custos do cartorio que são tabelados e o honorario do advogado
contratado para estabelecer o acordo.
Quando um acordo não se concretiza, mesmo depois de exauridas todas as possibilidades de um acordo
extrajugiial, deve-se procurar a justica.
CONCLUSÃO
Outrossim, seguindo o ditado que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, concluimos que o
processos extrajudicial são accoes intermediadas por um advogado e que não são levados para a jusstica,
são resolvidas de forma conciliatoria, ou amigavel.
BIBLIOGRAFIA

 Galvão & Silva Advocacia - 19 de Maio de 2024.


 REVISTA DA EJUSE, Nº 25, 2016 – DOUTRINA.
 ARBITRAGEM NOS CONFLITOS INDIVUAIS DO TRABALHO Letícia Holtz Santos de
Oliveira Outubro de 2020
 FORMAS ALTERNATIVAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS COMO MECANISMO DE
ACESSO À JUSTIÇA - Fernanda Heloisa, Macedo Soares, Luana Santos Ferreira, Lucas
Ferreira Costa.
 Igor Lima Goettenauer de Oliveira
 Pereira, F. M. Inês - O Recurso à Arbitragem na Resolução de Conflitos Laborais e as
Convenções Coletivas de Trabalho.

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