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EXPEDIENTE
CATALOGAÇÃO
ISSN: 2359-3318.
LATINDEX
Folio: 25162
Folio Único: 22167
CAPA
Prof. Vilson Rodrigo Diesel Rucinski
Presidente da Mantenedora
Dr. Wilson Ramos Filho
Reitora
Profª. Ms. Marta Borges Maia
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. Ms. Mateus Cassol Tagliani
2
3
Coeditor
Prof. Ms. Vilson Rodrigo Diesel Rucinski
Revisora Ad-hoc
Prof. Ms. Sandra Fonseca Pinto
Conselho Editorial
3
4
SUMÁRIO
4
5
5
6
Gabriel Maravieski1
RESUMO: O presente trabalho tem por escopo a análise do conceito de sociedade civil na visão
de dois autores que, pertencentes a uma mesma base teórica, se afastam sensivelmente no tema
proposto. Karl Marx e Antonio Gramsci se debruçaram sobre o estudo da sociedade civil e legaram
valiosos instrumentos para melhor compreensão do instituto, seja como base, seja como
superestrutura. O que se pretende, portanto, é demonstrar, através de um método dialético, a
diferença existente no pensamento de um e de outro autor, sem a pretensão acadêmica de esgotar
o tema, haja vista que muitos caminhos se abrem àquele que intenta absorver o espírito passado
pelos autores na compreensão da sociedade civil. Para tanto, se utilizou da revisão bibliográfica de
autores posteriores aos dois pensadores que procuraram promover uma elucidação sobre o tema
e um incremento das ideias iniciais de cada um, deixando ao pesquisador atual a tarefa de aprimorar
os conceitos e buscar uma maior compreensão do tema.
ABSTRACT: The present work has as scope the analysis of the concept of civil society in the vision
of two authors who, belonging to the same theoretical base, deviate sensibly in the proposed theme.
Karl Marx and Antonio Gramsci focused on the study of civil society and provided valuable tools for
a better understanding of the institute, both as a base and as a superstructure. What is intended,
therefore, is to demonstrate, through a dialectical method, the difference existing in the thought of
one and another author, without the academic pretension of exhausting the subject, since many
paths open to the one who tries to absorb the spirit of the authors in the understanding of civil society.
To do so, we used the bibliographical review of authors after the two thinkers who sought to promote
an elucidation on the subject and an increase of the initial ideas of each one, leaving the current
researcher the task of improving concepts and seeking a greater understanding of the theme
1 INTRODUÇÃO
Karl Marx, dentre tantos pensadores e filósofos que encenaram suas teorias
no mundo social, procurando promover um melhor entendimento sobre a
sociedade, é talvez o mais incompreendido e também um dos mais estudados
dentro das arcadas acadêmicas. Suas teorias, e fala-se no plural diante das
inúmeras interpretações que podem ser dadas ao conjunto de sua obra,
perpassaram os caminhos da economia, principalmente, mas também da política
(ainda que não de todo explícito), da filosofia e da sociologia, o que pode ser um
caminho profícuo, mas também com vieses perigosos aos aventureiros que por ele
caminham (FONSECA, 2012, p. 89).
1
Mestrando em Direito (UNIBRASIL). Especialista em Direito Ambiental (UNINTER) e Direitos Humanos e Realidades
Regionais (UNICESUMAR). Graduado em Direito (CESCAGE).
7
Williams (ano, p. 214) então nos mostra que “ao falarmos da “base” estamos
falando de um processo e não de um estado”, e que sendo um processo não há
propriedade fixas que cheguem ao ponto variável da superestrutura.
Toda a seara de discussão da base e da superestrutura permite a análise de
alguns elementos do Estado e do próprio Estado. Ora se colocam elementos como
componentes da base, como é o caso das relações materiais que, para Marx, é a
própria definição de estrutura, ou seja, as relações que permitem o desenvolver
humano e a criação de seus meios de subsistência; ora se colocam elementos
como componentes da superestrutura, espelhos refletindo a base, que seria o caso
da religião, da família, da sociedade civil, etc.
Este último elemento, a sociedade civil, é colocado na esfera da
superestrutura e dá azo a discussões a respeito de seu caráter estruturante do
Estado ou de seu caráter estruturado pelo Estado. É nesta discussão, entre feito ou
feitor, que se adentrará no tópico seguinte do presente trabalho.
Gramsci das teorias marxistas, o que deixou claro na Introdução de sua obra “O
conceito de sociedade civil” (1982) que não é verdade, que apenas trouxe uma
diferenciação no modo de entender a visão de Marx e de Gramsci que considera o
local onde se desenvolveram as ideias de ambos os pensadores, seja por conta da
continuação leninista das ideias marxistas, que ocorreram no oriente menos
desenvolvido, seja pelo incremento de Gramsci no cenário do ocidente mais
desenvolvido (BOBBIO, 1982, p. 17).
Esta diferenciação proposta por Bobbio pode ser sintetizada na expressão
de Guido Liguori (2006, p. 6), quando refere que
Há mais na filosofia de Hegel que mostra que o autor coloca a sociedade civil
entremeio ao Estado, devidamente constituído, e à família, posto que está acima,
se assim considerarmos em uma escala, da família, como sociedade civil
organizada, e abaixo do Estado, posto que este mesmo Estado está para regular a
sociedade civil, limitando-a, ao passo que para Hegel a sociedade civil,
diferentemente do que entendiam os naturalistas, é um terreno fértil de corrupção,
miséria e dissolução (BOBBIO, 1982, p. 29).
Melhor delineando a questão da família e do Estado, que ladeiam, ou
melhor, comprimem a sociedade civil em seu meio, destaca-se que a família é
entidade que ainda aglutina seres dependentes que os prepara para a vivência em
conjunto, um modelo incompleto de Estado, e este Estado é a transformação do
particular em universal. Neste meio campo de saída da família para a formação do
Estado se encontra a sociedade civil, que revela o indivíduo como particular com
desejos arbitrários (SIQUEIRA, 2018, p. 89).
Portanto, nesta visão hegeliana de sociedade se pode constatar que esta
mesma sociedade civil é o resultado daquela preparação dispensada pela família ao
indivíduo, moldando-o a integrar a sociedade, e que representa o aspecto particular
do indivíduo, com suas opiniões e formulações de mundo, que muitas vezes pode
representar algo sem limites e não tão bonificado. Então surge o Estado para
regular e limitar estes membros da sociedade civil para evitar arbitrariedades e
abusos que possam advir da pessoa enquanto membro da sociedade.
É sobre esse aspecto da filosofia hegeliana que Marx passa a discorrer
sobre a sociedade civil como base, onde também se encontra o desenvolvimento de
relações econômicas, como informa Bobbio (1982), sendo que a fixação desta
sociedade civil como algo que abrange toda a vida social é feita pelo próprio Marx,
diferenciando aqui a leitura deste último com a de Hegel.
Marx (2013) vem tratar incisivamente sua crítica a esse entendimento de
Hegel no momento em que este coloca a sociedade civil como subordinada ao
Estado, às suas leis e determinações, devendo ceder em caso de colisão de
interesses e entendimentos.
É importante tratar da sociedade civil em Marx como algo que está na base,
na estrutura, ao passo que o filósofo a enquadra como base do Estado, como
condição necessária à existência deste. É neste sentido que o autor trabalha
quando relata (MARX, 2013, p. 36) que
14
Constata-se, portanto, que este teor de sociedade civil como base, como
entidade que faz refletir na superestrutura sua forma de condução perante a
historiografia humana, justamente pelo aspecto material e dialético de lutas de
classes econômicas antagônicas entre si, prevaleceu por um tempo considerável
entre os estudiosos marxianos e marxistas, até a entrada no cenário acadêmico
das discussões produzidas a partir da obra de Antonio Gramsci, que promoveu
uma virada na compreensão até então disseminada e apresentou uma nova forma
de se encarar a sociedade civil frente ao Estado.
16
desenvolvimento. Marx coloca a sociedade civil como base, como estrutura que
servirá para as demais relações se refletirem, por entender justamente que é na
sociedade civil que se dão as relações materiais de produção. Gramsci, ao
contrário, coloca a sociedade civil como superestrutura, entendendo que ela está
atrelada a questões culturais e de costumes.
Serve de esteio a seguinte passagem dos Cadernos do cárcere (GRAMSCI
apud Bobbio, 1982, p. 32-33)
Podem ser fixados, por enquanto, dois grandes planos
superestruturais: o que pode ser chamado de ‘sociedade civil’, ou seja,
o conjunto de organismos habitualmente ditos privados, e o da
sociedade política ou Estado. E eles correspondem à função de
hegemonia que o grupo dominante exerce em toda a sociedade; e à do
domínio direto ou de comando, que se expressa no Estado e no
governo jurídico.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: Technology in the use of the worldwide computer network, as well as the applications
installed on mobile phones, constitute an age of data that summed and mined into information whose
various segments of society are used. This is the reality of internet use not only in Brazil, but around
the world. However, it is important to emphasize the importance of in-depth studies on the limits of
these data, which together produce information regarding irresponsible non-exposure or even the
act of denigrating individuals' personal conditions, as this care has been increasingly perceived and
identified as It is the sole responsibility of the holder of such data and information stored on the
servers as known. Therefore, it is noticed that it is possible to use the personal data of citizens in
order to seek the best and effective performance in the realization of social rights by the public
power, as an example the adequacy of public spending in conditions of greater participation of
society in society, pursuit of best democratic practice using web-connected technology applications.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrando em Direito Constitucional – Direitos Fundamentais e Democracia, Bacharel em Direito e Ciências Contábeis.
24
artificial, tem-se então a passos largos a evolução digital num conceito muito amplo
de tecnologia de massa, disponível seja através de celulares, notebooks,
aplicativos (muitos deles gratuitos) e redes sociais. Na lógica de que nada é
produzido ou desenvolvido sem que haja um fim comercial, os dados fornecidos
pelos usuários dos mais diversos aplicativos e sites de internet, movimentam em si
milhões de perfis de usuários cujos dão como moeda de troca em prol do “bem de
consumo” seus dados pessoais valiosos ao comércio de massa digital, mas
também para grandes marcas, pequenos negócios, e tudo aquilo que for possível
barganhar no mundo virtual, que se espera concretizar, nem tanto assim, haja visto
o uso cada vez maior de moedas digitais nesse espaço da web.
Pensando nisso, a abordagem do tema tem como escopo identificar a
tecnologia da internet e aplicativos de celular por exemplo, como instrumentos de
ampliação da democracia participativa junto aos grupos sociais. Haja visto a
massificação dos celulares por exemplo, dos quais possuem uma capacidade
incrível de conexão entre indivíduos, cujos em sua grande maioria utilizam apenas
para o espaço do lazer, sendo desperdiçado esse poderoso equipamento
eletrônico para uso em consultas públicas, espaço de opiniões sérias, críticas
construtivas junto ao espaço público entre Estado e Cidadão. Além é claro da
poderosa ferramenta a ser melhor construída no intuito do próprio cidadão ter em
suas mãos o poder de fiscalização e transparência das práticas públicas,
valorizando e auxiliando nas decisões importantes da aplicação do dinheiro
público.
Muitos autores destacam que a Internet, sem dúvida, tem se tornado uma
grande aliada na promoção e proteção dos direitos fundamentais, cuja violação
exige rápidas respostas. Por isso, LOPES, 2005, retrata o trabalho das
organizações defensoras de direitos fundamentais como sendo muitas vezes
prejudicado pela lentidão no conhecimento das violações.
Como destaca BENHOSSI; FACHIN, 2013, o mundo está a todo momento
em busca de novas descobertas, de soluções para problemas complexos e de
conforto para atender cada vez mais os anseios consumeristas. A questão se
resume basicamente no fato de que as sociedades estarão sempre em constante
evolução. É inútil pensar que as atuais e futuras gerações ficarão acomodadas
com o que herdarem do passado. É quase que uma necessidade básica e uma
consequência lógica o ser humano querer sempre fazer novas descobertas,
criando, ampliando, modificando e melhorando o que já existe.
A profunda transformação nas relações entre a administração pública e seus
usuários deve-se, em grande medida, à crise do atendimento ao cidadão. Usuários
de serviços públicos se mostravam, recorrentemente, insatisfeitos com a qualidade
do atendimento. Além disso, os cidadãos exigem, cada vez mais, a prestação de
serviços de qualidade que consigam dar resposta às suas demandas crescentes.
Para tanto COUTINHO, 2000, apresenta que para esses motivos, a prestação de
serviços tornou-se um fator bastante crítico para a administração pública no Brasil
e no mundo. As razões para a insatisfação com os serviços prestados passam,
entre outros problemas, pela ineficiência e ineficácia do atendimento. Por sua vez,
a falta de conhecimento e a resistência à adoção dos instrumentos necessários
para a melhoria do atendimento dificultam qualquer mudança significativa nessa
área.
Acrescenta ainda BATISTA, 2012, a exemplo do que acima foi retratado, o
Instituto Nacional do Câncer (Inca) trilhou o mesmo caminho ao implementar um
modelo de sistema de gestão com quatro passos, sendo criação, estruturação,
compartilhamento e aplicação do conhecimento, baseado no trabalho em que o
conhecimento é um processo que extrai, transforma e dissemina informação a ser
compartilhada e reutilizada em toda a organização. Além disso, o modelo adotado
pelo Instituto conta com quatro maiores objetivos do sistema de gestão, sendo o
de criar a substituição do conhecimento, aumentar o acesso ao conhecimento,
melhorar o ambiente do conhecimento e gerenciar o conhecimento como um ativo
intangível.
28
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
RESUMO: Este artigo busca analisar o paradoxo do discurso de ódio enquanto elemento gerado
pela democracia, ao mesmo tempo que torna-se um dos fatores responsáveis por abalar este
próprio sistema democrático, na medida em que impede, silencia e até mesmo afasta os indivíduos
(em regra as minorias) do acesso a arena deliberativa. O artigo abrangerá, em um primeiro
momento, a relação entre o discurso de ódio e a democracia, discorrendo acerca da importância da
liberdade de expressão para a construção da cidadania, bem como procurando analisar até que
ponto o discurso de ódio acaba por exceder o próprio direito de liberdade de expressão. Em um
segundo momento, procuraremos estabelecer parâmetros acerca da possibilidade ou não da
limitação ao discurso de ódio, ou seja, é possível ou não restringir as manifestações caracterizadas
como sendo de ódio, tendo como baliza o direito à liberdade de expressão. Até que ponto a
liberdade de expressão é sacrificada quando o Estado vem a reprimir certos conteúdos? Afetaria
ou não a própria ideia de democracia enquanto livre circulação de ideias e participação de todos?
Por fim, procuraremos trazer à discussão a ideia fundada em John Stuart Mill, acerca do livre
mercado de ideias, no sentido da criação de um espaço público deliberativo, fomentando a
autotutela e reduzindo a intervenção estatal, no sentido em que quanto maior seja a participação
de todos no debate, contribuindo com as mais variadas opiniões, mais legitimado democraticamente
será o próprio discurso público.
RESUMEN: Este artículo busca analizar la paradoja del discurso de odio como elemento generado
por la democracia, al tiempo que se convierte en uno de los factores responsables de sacudir este
propio sistema democrático, en la medida en que impide, silencia e incluso aleja a los individuos
(por regla general a las minorías) del acceso a la arena deliberativa. El artículo abarcará, en un
primer momento, la relación entre el discurso de odio y la democracia, discurriendo sobre la
importancia de la libertad de expresión para la construcción de la ciudadanía, así como tratando de
analizar hasta qué punto el discurso de odio acaba por exceder el propio derecho de libertad de
expresión. En un segundo momento, trataremos de establecer parámetros acerca de la posibilidad
o no de la limitación al discurso de odio, es decir, es posible o no restringir las manifestaciones
caracterizadas como siendo de odio, teniendo en cuenta el derecho a la libertad de expresión. ¿En
qué medida se sacrifica la libertad de expresión cuando el Estado suprime determinados
contenidos? ¿afectaría o no a la idea misma de democracia como libre circulación de ideas y
participación de todos? Por último, trataremos de sacar a discusión la idea fundada en John Stuart
Mill, sobre el libre mercado de ideas, en el sentido de la creación de un espacio público deliberativo,
fomentando la Autotutela y reduciendo la intervención estatal, en el sentido de que cuanto mayor
sea la participación de todos en el debate, contribuyendo con las más variadas opiniones, más
legitimado democráticamente será el propio discurso público.
Palabras clave: Discurso de odio. Libertad de expresión. Democracia. Minorías. Espacio público
deliberativo.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrando em Direitos Fundamentais e Democracia pela UniBrasil.
36
2
GARGARELLA, Roberto. Constitucionalismo y libertad de expresión. In: ORDOÑEZ, María Paz Ávila; SANTAMARÍA,
Ramiro Ávila; GERMANO, Ramiro Gómez. Libertad de expresión: debates, alcances y nueva agenda. Quito, Ecuador:
Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura, 2011. p. 30.
3
Assembleia Geral da ONU. (1948). "Declaração Universal dos Direitos Humanos" (217 [III] A). Paris. Disponível em:
http://www.un.org/en/universal-declaration-human-rights, acesso em 17 de setembro de 2019.
4
BRASIL. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Decreto no 592, de 6 de julho de 1992. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm, acesso em 17 de setembro de 2019.
5
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial, 1965. Disponível em: www2. Ohchr.org/english/law/pdf/cerd. Pdf, acesso em 17 de setembro de 2019.
6
PAMPLONA, Danielle Anne. O conteúdo do direito à liberdade de expressão, o discurso de ódio e a resposta democrática.
Revista Brasileira de Direito, v. 14, n. 1, 2018.
38
7
Ibid., p. 13.
8
SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos. Discurso de ódio: da abordagem
conceitual ao discurso parlamentar. RIL Brasília, a.52, n. 207, jul./set. 2015, p. 146
9
O artigo 220 da Constituição expressa que a manifestação do pensamento, a criação,
a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qual-
quer restrição, observado o disposto nesta Constituição. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil
(1988). Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui... Acesso em: 17 de
setembro de 2019.
10
Ibid., artigo 5º, inciso XLII.
11
MELLO, Cleyson de Moraes de; PEREIRA, Antônio Celso Alves. O discurso de ódio, o direito e a democracia. Quaestio
Iuris, vol. 10, n. 04, Rio de Janeiro, 2017, p. 2716.
39
12
SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos, Op. Cit., p. 146.
13
Pela decisão, tomada no julgamento de ação (ADPF 187) ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o
Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a realização dos eventos chamados “marcha da maconha”, que reúnem
manifestantes favoráveis à descriminalização da droga. Para os ministros, os direitos constitucionais de reunião e de livre
expressão do pensamento garantem a realização dessas marchas. MELLO, Cleyson de Moraes de; PEREIRA, Antônio
Celso Alves. Op. Cit., p. 2718.
14
SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos. Op. Cit., p. 148.
15
Ibid., p. 140.
16
BRUGGER, Winfried. Proibição ou proteção do discurso do ódio?: algumas observações sobre o direito alemão e o
americano. Direito Público, Porto Alegre, ano 4, n.15, jan./mar. 2007, p. 151.
40
17
SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos. Op. Cit., p. 147.
18
SOUZA, Mariana Jantsch de. Discurso de ódio e dignidade humana: uma análise da repercussão do resultado da
eleição presidencial de 2014. Trab. Ling. Aplic., Campinas, n. 57.2, mai.\ago. 2018, p. 922.
19
Ibid., p. 930.
20
MELLO, Cleyson de Moraes de; PEREIRA, Antônio Celso Alves. Op. Cit., p. 2712.
41
21
SOUZA, Mariana Jantsch de. Op. Cit., p. 932.
22
Em sede de julgamento o STF entendeu que a conduta do parlamentar era atípica, todavia indicando a necessidade que
a legislação ordinária legislasse especificamente acerca de tais condutas, inclusive classificando o discurso do parlamentar
como sendo um discurso de ódio. No caso, o então ministro Luis Roberto Barroso caracterizou a fala do parlamentar como
sendo um típico caso de hate speech. SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos.
Op. Cit., p. 150.
23
SOUZA, Mariana Jantsch de. Op. Cit., p. 933.
42
24
SACCHETTO, Thiago Coelho. O discurso de ódio na democracia brasileira: há direito à representação parlamentar? In:
PEREIRA, Rodolfo Viana (Org.) Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de ódio. Volume I. Belo Horizonte:
IDDE, 2018, p. 241.
25
LOEWENSTEIN, Karl. Militant democracy and fundamental rights, I. American Political Science Review, v. 31, n. 3, p.
417-432, 1937.
26
SACCHETTO, Thiago Coelho. Op. Cit., p. 251.
43
27
WALDRON, Jeremy. Dignity and defamation: the visibility of hate. 2009 Oliver Wendell Holmes Lectures, Havard Law
Review, v. 123, p. 1597-1655, 2010.
28
CONSANI, Cristina Forani. Democracia e os discursos de ódio religioso: o debate entre Dworkin e Waldron sobre os
limites da tolerância. Ethic@, Florianópolis, v.14, n. 2, p. 181, Dez. 2015., p. 183.
29
Ibid., p. 191.
44
30
ROSA, Leonardo Gomes Penteado. O liberalismo igualitário de Ronald Dworking: o caso da liberdade de expressão,
254f, 2014. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
31
CONSANI, Cristina Forani. Op. Cit., p. 176.
32
Ibid., p. 177.
45
33
LIMA, Sávio Barreto Lacerda. Liberdade de expressão: a concepção integrada de Dworkin. 140f, 2015. Dissertação
(Mestrado em Direitos Humanos e Inclusão Social). Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará.
34
SACCHETTO, Thiago Coelho. Op. Cit., p. 245.
35
Ibid., p. 246.
46
“baixo valor” gozariam de menor proteção ao passo que as de “alto valor” teriam
uma proteção constitucional efetiva36.
Há o entendimento que manifestações que possuem um caráter político,
seja de que natureza for, são classificadas como sendo de alto valor e, portanto,
protegidas de qualquer espécie de restrição. O ponto de partida para uma não
intervenção estatal é no sentido de que o remédio contra manifestações de ódio
seria justamente a realização de mais discussões sobre, e não menos 37.
Independentemente de qualquer avaliação acerca do conteúdo do discurso,
a repressão acaba por impedir o acesso de determinadas concepções à esfera
pública deliberativa. Poderia se pensar que em um Estado onde, supostamente, o
discurso de ódio seria livre, certos grupos minoritários e vulneráveis poderiam se
sentir até mesmo excluídos, desamparados frente ao próprio Estado. Todavia, não
se trata propriamente de que a legislação americana seja conivente com o discurso
de ódio, mas sim uma coerência com o próprio sistema de ampla proteção à
liberdade de expressão que vige no país.
Os modernos meios de comunicação social existente no Mundo (mídia
televisiva, eletrônica, entre outros) são vistos como meios importantes para a
difusão de ideias, sejam elas de qual natureza for, ou seja, incluída a própria
disseminação do discurso de ódio.
Partindo de uma concepção baseada em Habermas38, temos que há, dentro
de um Estado entendido como sendo democrático, a possibilidade do indivíduo
dizer “não”, da resistência enquanto minoria. Minoria esta que deve ser respeitada
enquanto elemento integrante da própria noção de democracia, ou seja, voltada
para a construção de uma cultura política pluralista. Para tanto é necessário
erguerem-se fronteiras para garantir o próprio sistema democrático, sempre
atentando-se para que tais fronteiras não representem o nefasto instrumento da
censura.
Dentro desta perspectiva, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos
(ECHR) emerge após a Segunda Guerra Mundial, como uma espécie de resposta
aos horrores cometidos durante este conflito e com a convicção que embora a
guerra tivesse acabado, as manifestações de ódio e discriminação apenas
36
SILVA, Júlio César Casarin Barroso. Liberdade de expressão e expressões de ódio. Revista de Direito GV. São Paulo,
v. 11, p. 38, jan. – jun., 2015.
37
Ibid., p. 39.
38
HABERMAS, Jürgen. Era das Transições. Tradução Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003a.
47
39
PRATES, Francisco de Castilho. Discursos de ódio e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos: enfrentando os
desafios à liberdade de expressão. Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba, vol. 63, n. 1, jan./abr. 2018, p. 101.
40
Ibid., p. 102.
41
Nos termos do disposto no artigo 10º: qualquer pessoa tem direito a liberdade de expressão, nele compreendida a
liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de transmitir informações ou ideais sem que possa haver ingerência de
quaisquer autoridades públicas e sem considerações de fronteiras. O presente artigo não impede que os estados submetam
as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de autorização prévia.
Todavia, o exercício destas liberdades, porquanto implica deveres e responsabilidades, pode ser submetido a certas
formalidades, condições, restrições ou sanções, previstas pela lei, que constituam providencias necessárias, numa
sociedade democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança pública, a defesa da ordem e a
prevenção do crime, a protecção da saúde ou da moral, a protecção de honra ou dos direitos de outrem, para impedir a
divulgação de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade do Poder Judicial. In: Convenção
Europeia de Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.echr. coe.int/Documents/Convention_POR.pdf> Acessado em
21/07/2014.
42
O caso acabou sendo levado à Corte Europeia dos Direitos Humanos, já que Féret entendeu que seu direito à livre
expressão de pensamentos e opiniões, garantido pelas disposições constantes no artigo 10º da Convenção Europeia dos
Direitos Humanos, havia sido violado, o que tornaria a sua condenação ilegítima, abusiva e ilegal. Não obstante a Corte
Europeia reconhecer que havia existido uma interferência no direito à liberdade de expressão, a mesma entendeu que esta
interferência, além de estar prevista na legislação belga contra discriminação, também tinha um objetivo legítimo, qual seja,
garantir a igualdade de direitos e o direito de não ser injustificadamente discriminado, fundamentos centrais, conjuntamente
com o direito de livre pensar, de uma sociedade pluralista e democrática. Nesta linha, a European Court afirmou que a
decisão belga se coadunava com a Convenção Europeia no que se referia ao combate aos discursos de ódio que visavam
a grupos sociais específicos e ao uso ilegítimo da liberdade de expressão. In: PRATES, Francisco de Castilho. Op. Cit., p.
103.
48
43
Ibid. p. 109.
44
Um exemplo que podemos citar é o do Habeas Corpus 82.424 do Supremo Tribunal Federal, No caso, Siegfried Ellwanger
Casten, fundador da editora gaúcha Revisão, foi acusado por crime de racismo com base no art. 20 da Lei nº 7.716/1989,
por ter escrito e publicado livros que disseminam o ódio aos judeus. Em primeira instância o acusado foi absolvido sob o
argumento de que os textos não induziam ou incitavam à discriminação do povo judeu. Porém, em sede de apelação os
Desembargadores alegaram ter havido discriminação racial e o réu foi condenado. Foi impetrado, então, habeas corpus em
favor do paciente, o que foi negado pelo STF, que repudiou discursos de ódio. In: SILVA, Isabel Germano Rodriges; SILVA,
Josiane da Costa. Liberdade de expressão e seus limites: o discurso de ódio é tolerável? VirtuaJus, Belo Horizonte, v. 3,
n. 5, p. 266, 2º sem. 2018.
49
45
Ibid., p. 267.
46
SILVA, Júlio César Casarin Barroso. Op. Cit., p. 58.
47
MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Discurso do ódio e democracia: participação das minorias na busca pela tolerância.
Revista Direitos Sociais e Políticas Públicas (UNIFAFIBE), v. 5, n.1, São Paulo, 2007, p. 489-530.
50
48
CLÈVE, Clèmerson Merlin; LORENZETTO, Bruno Meneses. Dimensões das liberdades de informação e de expressão:
elementos do discurso público. EJJL, Joaçaba, v. 17, n.1, p. 83-98, jan./abr. 2016
51
49
MILL, Stuart. Ensaio sobre a liberdade. São Paulo: Escala, 2006
50
É necessário ressaltar que, em seus escritos, Mill jamais indicou expressamente a existência de um “livre mercado de
ideias”, mas, nem por isso, a expressão deixa de ser uma excelente metáfora para elucidar e condensar boa parte da tese
desenvolvida em seu livro Sobre a liberdade. Na verdade, o grande responsável por incorporar essa expressão ao
pensamento de Stuart Mill, foi Oliver Wendell Holmes Jr. – um dos mais influentes juízes da história da Suprema Corte dos
Estados Unidos – especialmente quando utilizou os termos “free trade in ideias” e “the competition of the Market” em seu
famoso dissent em Abrams v. United States. ASSAF, Matheus. Liberdade de expressão e discurso de ódio: porque
devemos tolerar ideias odiosas? Dissertação (Mestrado em Direito), Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018, p. 42.
51
Ibid., p. 44.
52
MILL, Stuart. Op.cit., p.80.
53
ASSAF, Matheus. Op. cit., p. 35.
52
54
Por detrás do pensamento de Stuart Mill há uma crença subjacente na narrativa do progresso. Entretanto não se quer
dizer com isso que todas as ideias que se destacam na livre competição do ‘mercado’ são sempre as melhores, Mill sabe
da ingenuidade que seria afirmar tal coisa. A sua confiança é que, no longo prazo, a livre troca de ideias nos aproximaria da
‘verdade’, de modo que os argumentos mais fortes e mais bem fundamentados sobressairiam aos demais. ASSAF, Matheus.
Op. cit., p. 35.
55
SANKIEVICZ, Alexandre. Liberdade de expressão e pluralismo: perspectivas de regulação. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 42.
56
A proibição constitucional da censura visa a obstar o controle estatal sobre o conteúdo das produções comunicativas.
CLÈVE, Clèmerson Merlin; LORENZETTO, Bruno Meneses. Op. cit., p. 85.
57
O que, como se sabe, não significa eximir de responsabilidade, penal ou cível, aqueles que produzem mensagens
residentes em lugar exterior ao âmbito de proteção jurídica dos direitos fundamentais em questão. No que se refere à esfera
pública, o conteúdo expresso pelos indivíduos pode encontrar argumentos (não unânimes) no sentido da sua vedação
quando o discurso veicular mensagens de ódio, intolerância ou insuportavelmente ofensivas. Ibid., p. 85.
53
Tanto é que a atuação do Estado não é vista apenas por seu aspecto
negativo, ou seja, do não fazer, mas também temos que ter em conta que a
efetivação dos direitos fundamentais, dentro da perspectiva da circulação de ideias
na arena deliberativa, também reclama uma atuação positiva do Estado, visando
justamente a criação de um âmbito de proteção à própria liberdade de expressão
e informação.
Este atuar do Estado não corresponderia à uma postura de modo a
censurar o discurso público, mas justamente o contrário, fomentar o debate público
promovendo as condições necessárias para que a própria comunidade envolvida
na arena, mediante o contato das mais diferentes opiniões, possa refletir e
selecionar os argumentos que irão ou não persistir no debate58.
Há que se atentar, no entanto, para o grau de intervenção do Estado, ou
seja, que tal intervenção não acarrete uma “indução” ao resultado das reflexões,
pois o que se está em jogo é o interesse dos indivíduos enquanto sociedade e não
os interesses estatais59. Por mais ofensivo que possa, inicialmente, parecer um
determinado discurso, ele deve ser considerado um elemento importante para a
própria formação argumentativa da arena.
Ocorre que, há determinadas situações em que o discurso propagado na
arena acaba por abalar a própria comunidade discursiva. É o exemplo, no presente
contexto, das manifestações de ódio, pois elas fomentam a supressão de direitos
e ferem direitos fundamentais, não podendo o Estado permanecer inerte em casos
como este. Dentro desta perspectiva, ou seja, nos casos de manifestações de
discursos de ódio, o Estado pode, em caráter excepcional, observada as
exigências constitucionais, deixar sua postura neutra para preservar a própria
arena deliberativa60.
Esta atuação, eventual, apenas em situações extremamente necessárias,
deve ser respaldada na legalidade e na legitimidade, visando à proteção da própria
arena deliberativa no sentido de possibilitar as melhores condições para a
disseminação dos discursos públicos para o maior numero de pessoas, bem como
a participação do maior número de pessoas na própria formação deste discurso.
58
Ibid., p. 87.
59
Ibid., p. 88.
60
Ibid., p. 87.
54
não realizar uma leitura simplista de tais liberdades. Nessa linha, importa
demandar adequadas e robustas justificações por parte da autoridade
para a adoção de eventuais políticas públicas envolvendo intervenção na
área em questão. A conjunção desses elementos tem como finalidade a
preservação da pluralidade, compreendida em sentido amplo,
manifestada nas críticas, opiniões e nas divergências. Ora, o silêncio dos
túmulos ou aquele decorrente da violência não é compatível com as
exigências de um verdadeiro Estado Democrático de Direito 61.
61
Ibid., p. 96.
62
MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Op. Cit., p. 515.
63
Ibid., p. 516.
64
Ibid., p. 516.
55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO: O Presente trabalho adentra no campo da teoria da argumentação jurídica, tendo como
enfoque principal do estudos a Teoria Integradora da Argumentação Jurídica de Neil MacCormic
com relação aos seus argumentos pressupostos de justificação e aos argumentos
consequencialistas. Ao final, será apresentada uma análise de decisão judicial de Políticas pública
voltada a área da moradia, através da aplicação dos pressupostos da teoria aqui estudada.
ABSTRACT: The present work enters the field of the theory of legal argumentation, having as main
focus of the studies the integrative theory of legal argumentation of Neil MacCormic and in relation
to its arguments assumptions of justification and arguments Consequentialists, at the end, an
analysis of the judicial decision of public policies focused on the area of housing will be presented,
through the application of the assumptions of the theory studied here.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestranda em Direito junto ao Programa Interinstitucional de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia-MINTERI-
UNIBRASIL, Linha de Pesquisa: Jurisdição e Democracia. Especialista em Direito Público pela Universidade Anhanguera-
Uniderp(2010). Procuradora efetiva do Poder Legislativo do Município de Cruz Machado-Estado do Paraná e conselheira e
relatora do Conselho Subseccional de Ética de União da Vitória-Estado do Paraná. ORCID id: 0000-0003-3247-3868
2
ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teoria da argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.p.133
60
2 O INÍCIO DE TUDO
3
Idem
61
3 ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
4
ATIENZA, 2006, p.133
5
Donald Neil MacCormick -Foi catedrático de Direito Público na Universidade de Edimburgo, Escócia, foi um atuante jurista
na área de raciocínio jurídico e sobre relações entre direito, moral e política. Publicou obras como “Argumentação Jurídica
e Teoria do Direito” (1978) e “Razão Prática no Direito e Moralidade; Retórica e o Estado de Direito(2005). Faleceu em 05
de abril 2009.
6
ATIENZA, 2006, p. 134
7
Idem.
8
ATIENZA ,2006, p.13
9
DWORKIN, Ronald. O império do direito. Tradução; Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.03
10
Idem
62
Para Kelsen13 “uma decisão judicial não tem, como por vezes se supõe, um
simples caráter declaratório. O juiz não tem simplesmente de descobrir e declarar
um direito já de antemão firme e acabado, cuja produção já foi concluída”14.
Nesse sentido Kelsen dispõe que a função do Tribunal ao proferir uma
decisão não seria apenas “ simples “descoberta” do Direito ou jurisdição”
(“declaração” do Direito) neste sentido declaratório”, pois a “ descoberta do Direito
consiste apenas na determinação da norma geral a aplicar ao caso concreto”, ou
seja, teria um caráter constitutivo.15
Alinhado a este pensamento, de ser a decisão judicial muito mais do que
declarar um direito, Neil MacCormick elaborou uma das mais arrojadas teorias da
argumentação jurídica, através da obra “Argumentação Jurídica e Teoria do Direito”
(Legal Reasoning and Legal Theory)(1978), tendo como objetivo principal
investigar a estrutura racional subjacente ao processo de aplicação de normas
jurídicas, tendo como pressuposto uma visão da argumentação jurídica como uma
ramificação da argumentação prática, que o autor define como o processo racional
de decisão. O positivismo jurídico de Hart e a tradição jusfilosófica inglesa e
11
Idem
12
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito / Hans Kelsen; [tradução João Baptista Machado]. 6ª ed. - São Paulo :Martins
Fontes, 1999.
13
Idem
14
Idem
15
Idem
63
escocesa do common law serviram como pano de fundo teórico para a primeira
fase da obra de MacCormick, objeto do presente estudo.16
Neil MacCormick, em sua primeira fase, constante do início de sua carreira
até 1981, se reconhecia como positivista e tinha como principal objetivo o
desenvolvimento das ideias de Hart e de seu o conceito de direito, onde o principal
foco de pesquisa era o estudo da argumentação jurídica, trazendo uma
contribuição particular e inovadora , pois adentou no árido tema da decisão judicial
até então, desprezada pela teoria do direito e pelo positivismo jurídico como um
todo.17
MacCormick em sua obra Argumentação Jurídica e Teoria do Direito(1978),
tentou harmonizar: a razão prática kantiana(a razão pura é prática por si mesma)
com o cetismo humano, onde a teoria prática deve ser comtemplada com a teoria
da paixões; a construção de uma teoria tanto descritiva quanto normativa; que de
conta dos aspectos dedutivos da argumentação quanto não dedutivos; dos
aspectos formais e dos materiais e que se situe , no meio do caminho entre uma
teoria da existência ultrarracionalista do Direito(Dworkin, com a sua tese da
existência de uma única resposta correta para cada caso) e uma
irracionalista(como de Ross: as decisões jurídicas são essencialmente arbitrárias,
sendo produtos da vontade e não da razão. 18
Para MacCormick, a teoria da argumentação prática em geral e
argumentação jurídica em particular cumpririam uma função justificadora (de
acordo com os fatos estabelecidos e com as normas vigentes). Já a argumentação
explícita pode ser encontrada nas sentenças judiciais, sua pretensão seria encobrir
as verdadeiras razões da decisão, pressupondo a ideia de justificação.
MacCormick portanto, parte da distinção entre o contexto de descoberta e o de
justificação e situa a sua teoria da justificação jurídica precisamente neste campo.19
Ter-se-ia, a teoria de MacCormick, como prescritiva e descritiva e além de
abordar as condições de uma decisão judicial para ser aceita como justificada,
pretende que elas se justifiquem precisamente de acordo com o seu modelo.
Assim, a teoria de MacCormick consistiria na formulação de uma série de hipóteses
16
BETTI, Gabriel Rubinger; ROESLER, Cláudia. AS LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES DOS CRITÉRIOS AVALIATIVOS
PROPOSTOS POR NEIL MACCORMICK PARA A ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA. Disponível:
w.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli
_inf_2006/Rev-Dir-Garant_v.18_n.1.07.pdf. Acesso em: 05 de julho de 2019.
17
KOZICKI, Katya; PUGLIESE, Willian. Direito, estado e razão prática: a teoria do direito de Neil Maccormick. p.2-3
18
ATIENZA, 2006, p. 135
19
Idem
64
20
ATIENZA, 2006, p.138
21
ATIENZA, 2006,p. 139
65
22
ATIENZA, 2006, p.140
23
ATIENZA, 2006, p.141
24
Idem
25
Idem
26
Idem
27
MACCORMICK, 2006, p. 118
28
Idem
66
o que se discute é se eles integram ou não um caso que possa ser subsumido no
caso concreto da norma. Ex: Caso MacLennam propõe ação de divórcio fundada
no fato que sua esposa teria cometido adultério, deu a luz, 11 meses, após a última
relação do casal. A esposa admitiu que concebeu o filho por inseminação artificial.
Questiona-se pode se falar em adultério no caso de inseminação artificial?29
Destaca MacCormick, que “embora os problemas de interpretação e de
qualificação sejam logicamente equivalentes, há razões de tipo processual
(relacionadas com a distinção entre questões de fato e questões de direito) para
manter aquela distinção.”30 Ou seja, “ o recurso de apelação costuma se limitar às
questões de Direito, de modo que esse recurso só é possível caso se entenda que
o problema é questão de interpretação.”31 Agora, se ao contrário, se tratar-se de
uma questão de qualificação, “um problema fático(p.ex. quando se trata de aplicar
critérios como o de “razoabilidade”), isso quer dizer que, com vistas ao futuro, a
decisão tomada a respeito não em valor de precedente.”32
29
ATIENZA, 2006,p.142-143
30
ATIENZA, 2006,p.143
31
Idem
32
Idem
33
ATIENZA, 2006,p. 144
34
Idem
35
Idem
36
ATIENZA,2006, p.145
67
tanto com relação às normas quanto com relação aos fatos, as decisões
devem , além disso, ser coerentes, embora, por outro lado , a consistência
não seja sempre uma condição necessária para a coerência: a coerência
é uma questão de grau, ao passo que a consciência é uma propriedade
que simplesmente se dá ou não se dá; por exemplo, uma história pode
ser coerente em seu conjunto, embora contenha alguma inconsistência
interna(cf. MacCormick, 1984,p.38.40
37
Idem
38
ATIENZA,2006, p.147
39
ATIENZA, 2006, p.147
40
ATIENZA, 2006, p.148
68
7 O CONSEQUENCIALISMO
41
Idem
42
Idem
43
ATIENZA,2006, p.149
44
ATIENZA,2006, p.150
45
Idem
69
As decisões judiciais precisam ter sentido não apenas ao sistema, mas com
relação ao mundo. MacCormick, segundo Atienza, destaca que na justificação de
uma decisão em casos difíceis, o que se faz é uma interação entre argumentos a
partir de princípios(incluso o uso da analogia) e de argumentos
consequencialistas.46 “ A argumentação jurídica dentro dos limites marcados pelos
princípios de universalidade, consistência e coerência é essencialmente uma
argumentação consequencialistas”.47
Mas o que seria uma argumentação consequencialista?48 Cita como
exemplo de argumento consequencialista o caso MacLennan x MacLennam(a
hipóteses de adultério por utilização de técnicas de inseminação artificial). Ou seja,
significaria aceitar que se pode cometer adultério com um morto, o que não parece
ser razoável. Portanto, decisões judiciais geram consequências na sociedade de
modo geral e não apenas para as partes envolvidas. 49 Assim, o resultado da ação
do juiz ao decidir um caso consiste em produzir uma norma válida e as
consequências são definidas em “o estado das coisas, posterior ao resultado.50
Assevera-se que, “os argumentos consequencialistas são, em geral
hipotéticos, mas não probalistas”.51 As consequências jurídicas devem ser
avaliadas com relação a uma série de valores como a Justiça, o sendo comum, o
bem comum, a conveniência pública.52Assim, segundo MacCormick53:
46
ATIENZA,2006, p.152
47
Idem
48
Idem
49
ATIENZA,2006, p.153
50
Idem
51
Idem
52
Idem
53
ATIENZA, 2006, p.154
54
Idem
70
Vislumbra-se o grande poder que uma decisão judicial detém. Este poder
por vezes ocasiona medo e insegurança jurídica dentro de um ordenamento,
MacCormick com a sua teoria argumentativa buscou amenizar “este medo”.
Dworkin em O Império do Direito, argumenta o poder do juiz, comparado
este ao “não apenas como cidadãos da comunidade hipotética que analisa a
cortesia que decidem o que essa tradição exige, mas como um crítico literário que
destrinca as várias dimensões de valor em uma peça ou um poema complexo.59
Já MacCormick dispõe que “cada juiz tem, em razão de seu posto, o dever
de aplicar todas e cada uma daquelas normas que são ‘normas de direito’ sempre
que isso for pertinente e
55
ATIENZA,2006, p.156-157
56
ATIENZA, 2006, p. 158
57
Ibiden, p.159
58
MACCORMICK, Neil. Argumentação jurídica e teoria do direito. Tradução Waldéa Barcellos. São Paulo: Martins Fontes,
2006
59
DWORKIN, Ronald. O império do direito.Tradução; Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.275
71
60
MACCORMICK, 2006, p.68
61
BRASIL- CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Disponível http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
62
BRASIL – LEI FEDERAL N.º13,105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm
. Acesso em 01 de setembro de 2019
63
Idem
64
Argumentação jurídica e o direito contemporâneo [recurso eletrônico] / organizadores Alexandre Morais da Rosa, Natammy
Luana de Aguiar Bonissoni; coordenadores Luciene Dal Ri, Rafael Padilha dos Santos, Orlando Luiz Zanon Junior. - Dados
eletrônicos. - Itajaí: UNIVALI, 2016,p.10. Livro eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web:
http://www.univali.br/ppcj/ebook. Acesso em 03 de setembro de 2019
65
ROSA, 2016, p.15
72
66
COELHO, MARIO. Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa batem boca no STF. Disponível
em:.https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/gilmar-mendes-e-joaquim-barbosa-batem-boca-no-stf/ Acesso em 03 de
setembro de 2019
67
BRASIL- STF- ADI 2791. Disponível em: ww.w portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp? incidente=2081587. Acesso em
03/09/2019.
68
Idem
69
Idem
70
RUSSO, Andréa Rezende. O juiz do terceiro milênio. In: Caderno de Literatura, ano XI, n. 15, Porto Alegre, dez. 2007, p.
26
73
Continua Rezende:
Afetado pela sociedade, pelo clamor popular, poderia o juiz adotar uma
postura personalista em suas decisões? Rodrigues72, expõe que nas decisões
judiciais exaradas pelo Poder Judiciário brasileiro, os juízes, teriam uma postura
personalista, o julgarem os casos concretos o que não aconteceria nas decisões
de questões abstratas.
Leal e Dias73, sobre decisões consequencialistas, abordam que decisões
não calcadas em dado empírico quer permita aferir a probabilidade, “pode deixar
os processos de tomada de decisões dependente excessivamente das
especulações dos juízes sobre os efeitos de suas possíveis decisões. Assim,
segundo os autores:
não seria desejável que os ministros justifiquem suas decisões com base
exclusivamente nas consequências que elas podem gerar, haja vista a
necessidade de que as razões apresentadas encontrem suporte no
direito, e não nas instituições ou valorações pessoais do tomador de
decisão, impedindo assim, decisões arbitrárias. 74
71
Idem.
72
RODRIGUES, José Rodrigo. Como decidem as cortes?Para uma crítica do direito(brasileiro)Editora FGV,São Paulo,2013,
p. 7
73
LEAL, Fernando; DIAS, Daniela Gueiros. Consequencialismo judicial na modulação de efeito das decisões declaratórias
de inconstitucionalidade nos julgamentos de direito tributário. Rev. Bras. Políticas Públicas, Brasília, v.7, nº3,2017 p.821
74
Idem
74
A Carta Magna não é uma carta de intenções, mas sim algo para
ser cumprido. É um consenso da nação, produto das forças políticas e
espelho dos interesses convergentes e/ou preponderantes dos diversos
grupos sociais que compõem o país. As normas constitucionais são
precipuamente de eficácia plena. Se a CF prevê a existência de um
direito social de moradia, cria, por outro lado, a obrigação do Poder
Público de atendê-lo, como, ademais, expressamente previsto no art.
23, IX, CF. Assim, assegurando a Carta Maior um direito social à moradia
75
Ibidem, p.21
76
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO. Apelação Cível de reexame necessário sob n.º 0024021-81-
2013.8.19.000, publicado na data de 13 de agosto de
2019www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?v=2&FLAGNOME=&back=1&tipoConsulta=publica&numPr
ocesso=2013.001.019699-5
77
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO. Apelação Cível de reexame necessário sob n.º 0024021-81-
2013.8.19.000, publicado na data de 13 de agosto de
2019www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?v=2&FLAGNOME=&back=1&tipoConsulta=publica&numPr
ocesso=2013.001.019699-5
78
Idem
75
79
TJ-RJ,2019
80
TJ-RJ, p. 6
81
TJ-SÃO https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/698204519/apelacao-civel-ac-10338243720168260562-sp-1033824-
3720168260562/inteiro-teor-698204539?ref=juris-tabs
82
Idem
76
[...]
A norma insculpida no art. 6 da Carta Magna possui natureza
programática, destituída, portanto, de eficácia plena e imediata. Por
conseguinte, não sendo autoaplicável, serve "como um norte para o poder
público e o legislador infraconstitucional, mas não tendo
eficácia plena enquanto não regulamentado (".)" (EI nO587.652-
02/0, 4' Câm. ReI. Amaral Vieira, j. em 13.6.2001).
A citada norma constitucional, portanto, caminha na direção de
obrigar, apenas, os entes da federação a manter programas sociais
voltados à promoção de programas de construção de moradias e de
melhoria das condições habitacionais, bem como abrigo de
necessitados. (grifo nosso)
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
83
Ibidem, p.126
84
Ibidem, p.155
85
idem
86
Ibidem, p.165
78
REFERÊNCIAS
BETTI, Gabriel Rubinger; ROESLER, Cláudia. As limitações e possibilidades dos critérios avaliativos propostos por
neil maccormick para a argumentação jurídica. Disponível:
w.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli
_inf_2006/Rev-Dir-Garant_v.18_n.1.07.pdf. Acesso em: 05 de julho de 2019.
CRUZ, Paulo Márcio; ROESLER, Claudia Rosane (Org.). Direito e argumentação no pensamento de Manuel Atienza.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p,134.
DWORKIN, Ronald. O império do direito. Tradução; Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
KOZICKI, Katya; PUGLIESE, Willian. Direito, estado e razão prática: a teoria do direito de Neil Maccormick.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito / Hans Kelsen. Tradução João Baptista Machado. 6ª ed. - São Paulo :Martins
Fontes, 1999.
LEAL, Fernando; DIAS, Daniela Gueiros. Consequencialismo judicial na modulação de efeito das decisões declaratórias de
inconstitucionalidade nos julgamentos de direito tributário. Rev. Bras. Políticas Públicas, Brasília, v.7, nº3,2017 p.818-843.
MACCORMICK, Neil. Argumentação jurídica e teoria do direito. Tradução Waldéa Barcellos. São Paulo: Martins Fontes,
2006. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/21161859/neil-maccormick-
argumentacao-juridica-e-teoria-do-direito-ano-2006. Acesso em 01 de setembro de 2019.
ROSA, Alexandre de Morais; BONISSONI, Natammy Luana de (Org.). Argumentação jurídica e o direito contemporâneo
[recurso eletrônico] - Itajaí: UNIVALI, 2016. Livro eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web:
http://www.univali.br/ppcj/ebook. Acesso em 03 de setembro de 2019.
RUSSO, Andréa Rezende. O juiz do terceiro milênio. In: Caderno de Literatura, ano XI, n. 15, Porto Alegre, dez. 2007, p.
26.
STF. Recurso Extraordinário n.º 134509.Relator:Min. Marco Aurélio. Relator.p/acórdão:Min. Sepulveda Pertence, Tribunal
Pleno, 29 de maio de 2002. Diário da Justiça, 13 set. 2002.
TOMAZETTE, Marlon. A teoria da argumentação jurídica e a justificação contra legem. Revista: Direito e Práxis,
vol.03,n.02,2011.
80
Élder Teodorovicz1
RESUMO: O presente artigo tem o objetivo de proceder uma análise do fenômeno do ativismo
judicial, e avaliar esta prática em contraposição ao princípio democrático. Busca em síntese,
verificar se decisões proferidas pelo Poder Judiciário sem espeque em lei materialmente constituída
sob as formalidades parlamentares possui consonância com com a soberania popular exercida pelo
povo através de seus representantes devidamente investidos em mandatos eletivos.
ABSTRACT:This article aims to analyze the phenomenon of judicial activism, and to evaluate this
practice against the democratic principle. In short, it seeks to verify whether decisions made by the
judiciary without any law materially constituted under parliamentary formalities are in line with the
popular sovereignty exercised by the people through parliament properly vested in elective terms.
Em que pese ao poder legislativo incumba a função de criar leis, ela não é
exclusiva dele, havendo outras figuras jurídicas no sistema nacional, tal qual a
medida provisória, que também possuem características próprias de uma norma
legal, em que pese tenha origem em outros poderes, e tenham limitações não
impostas à lei ordinária ou complementar4.
Outros atos, tais como as normas de organização judiciária, as quais também
tem natureza de lei, tem origem no poder judiciário, e existem no ordenamento
jurídico brasileiro com expressa previsão constitucional, sem que haja qualquer
problemática em torno delas. A característica comum dessas outras figuras acima
mencionadas é que em que pese não sejam oriundas do poder legislativo,
possuem espeque no texto constitucional, portanto são atos com natureza e força
de lei com legitimidade constitucional.
De outra banda, há que se ter em mente que o poder Legislativo, em algumas
situações, quer seja por questões burocráticas que levam a morosidade de sua
atuação, quer por questão puramente políticas, deixa de regrar fatos da vida que
merecem atenção e regulação por parte do estado, havendo, portanto, omissão
estatal.
Em tais casos, há medidas expressamente previstas no corpo do texto
constitucional para o saneamento dessa situação de omissão, tais como o
mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXX, da CF5 que tem por objeto
formas de Governo e de Estado, a Estrutura partidária e o sistema político”.In: HORTA, Raul Machado. O processo legislativo
nas Constituições federais brasileiras. id/496833, 1989.fl. 02.
3
HORTA, Raful Machado. Op. Cit. fl. 28.
4
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no
art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
5
“LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”;
82
sanar omissão legislativa que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e
cidadania, e também a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Figuras
já bem conhecidas no meio jurídico, as quais o presente artigo não tem a pretensão
de aprofundar seus conceitos.
Ocorre que para além dos institutos jurídicos acima mencionados, tem sido
cada vez mais comum a tomada de decisões por parte do Poder Judiciário, as
quais se tem atribuído características inerentes aos de atos normativos.
Exemplo primeiro disso, é a figura das Súmulas Vinculantes. Inicialmente
inseridas no âmbito da Emenda Constitucional n. 45 de 2004, a qual acresceu o
art. 103-A6 na Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes passaram a ter efeito
vinculante e caráter geral, tal como as leis.
Característica própria das Súmulas Vinculantes, é que as mesmas podem ser
emitidas apenas após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, sendo este
um limite imposto pelo próprio constituinte reformador para a sua edição, após
aprovação de dois terços dos membros do Supremo Tribunal Federal.
Ainda que se questione a suposta usurpação da função legislativa por parte
do órgão máximo do poder judiciário7, tal instituto jurídico foi inserido através do
poder constituinte reformador, com condições bastante específicas para a sua
edição, não havendo, portanto, que se falar em uma apropriação por parte de um
poder da atividade primária dos representantes eleitos pelo povo, formadores do
Congresso Nacional.
De outra banda, o ativismo judicial, nos dizeres de Luís Roberto Barroso,
“está associada a uma participação mais ampla e intensa do Judiciário na
6
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006).
7
Podem ser extraídos do âmbito doutrinário os seguintes questionamentos a respeito de tais súmulas: o serem dotadas de
força vinculante, as súmulas deixariam de exercer uma função meramente persuasiva, passando a ter “força de lei”? Ao
serem equiparadas às normas legais, elas não representariam uma ofensa à formação democrática da lei a partir da vontade
geral representada pelo Congresso Nacional (princípio da legalidade, art. 5º, II da CF)? Por essa razão, não haveria um
ataque ao princípio da separação dos poderes (art. 60, § 4º, III da CF)? Ao criar uma súmula com efeito vinculante, o
Supremo Tribunal Federal deixaria de ser um “legislador negativo” para se transformar em um “legislador positivo”? As
súmulas vinculantes poderiam trazer como conseqüência o engessamento do direito, impedindo que ele acompanhe as
cambiantes transformações sociais? Por decorrência do efeito vinculante, restaria suprimida a garantia constitucional do
livre convencimento do juiz, supondo que ele ficaria impedido de analisar as especificidades de cada caso concreto? Elas
tolheriam a garantia do acesso à justiça dos cidadãos (art. 5º, XXXV da CF)? Elas promoveriam o “fechamento” da“sociedade
dos intérpretes da Constituição”? Quais seriam as conseqüências decorrentes da não aplicação de uma súmula por juízes
ou tribunais inferiores? A introdução de súmulas vinculantes representaria uma importação acrítica da doutrina do stare
decisis do direito norte-americano, sendo, por isso, de todo incompatível com os sistemas jurídicos filiados à família romano-
germânica, como é o caso do brasileiro, que tradicionalmente atribui à lei criada pelo órgão legislativo a centralidade no
esquema das fontes do direito? Por fim, as súmulas vinculantes seriam a versão brasileira do instituto dos assentos do direito
português?” In:LEITE, Glauco Salomão et al. Súmula vinculante e jurisdição constitucional brasileira. Rio de Janeiro:
Forense, p. 159, 2007.fl. 17.
83
8
BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Anuario iberoamericano de justicia
constitucional, n. 13, p. 17-32, 2009.
9
Idem.
10
CITTADINO, Gisele. Poder Judiciário, ativismo judicial e democracia. Revista da Faculdade de Direito de Campos, v. 2,
n. 3, p. 135-144, 2002.fl. 01.
84
11
BARROZO, Luis Roberto. Op. Cit. fl. 23.
12
“ainda que o ativismo judicial transforme em questão problemática os princípios da separação dos poderes e da
neutralidade política do Poder Judiciário e, ao mesmo tempo, inaugure um tipo inédito de espaço público, desvinculado das
clássicas instituições político-representativas, isso não significa que os processos deliberativos democráticos devam
conduzir as instituições judiciais, transformando os tribunais em regentes republicanos das liberdades positivas dos
cidadãos.CITTADINO, Gisele. Op. Cit. fl. 04.
85
50, quando então teria guinada para a busca de idéias ditas “progressistas”, senão
vejamos:
13
BARROSO, Luis Roberto. Op. Cit.
ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teoria da argumentação jurídica; tradução Maria Cristina Guimarães Cupertino. –
14
redentora. . . Palavras não faltam para designar os novos perigos que a justiça
pode fazer a democracia correr: Como progredir nesse debate passional, por vezes
despropositado, entre justiça e democracia?15”;
Progredindo neste raciocínio, Garapon diferencia o ativismo judicial da
simples decisão “incompetente”, evidenciando o grau de subjetividade da primeira
em relação à segunda:
“O atual presidente do Supremo Tribunal israelense Aharon Barak,
observa com propriedade que não se pode falar em ativismo do juiz se a
sua escolha é feita entre uma solução juridicamente correta e uma outra
que não o é. Nesse caso, não se trata de ativismo, mas de incompetência.
O ativismo evidencia-se quando, entre muitas soluções possíveis, a
escolha do juiz é alimentada pela vontade de acelerar a transformação
social, ou ao contrário, de travá-la”16.
Feitas tais ponderações, o citado autor aponta alguns modelos de controle da
atividade jurisdicional, em primeiro lugar no tocante à forma de seleção dos
membros do poder judiciário, havendo dois modelos para tanto: 01) Modelo
Burocrático, onde os juízes são escolhidos por concurso após completar as
exigências de formação universitária; 2) Modelo Profissional - aristocrático, onde
os Juízes são selecionados no meio de carreira, dentro de um pequeno número
de advogados para ocupar postos elevados na magistratura.
Neste segundo modelo de controle, Garapon reconhece que o mesmo é feito
de maneira sociológica e se exerce de duas maneiras: 01) pela intermediação de
um corpo judiciário restrito e homogêneo: 02) pelo recrutamento de juízes dentro
de uma mesma classe social.
Há nesse ponto importante repercussão para o tema ora em análise. Uma vez
pontuado que pode haver critérios de seleção de magistrados que não são
exclusivamente meritórios, e que pode incluir uma seleção atém mesmo levando-
se em conta a classe social a que pertencem, isso refletirá sem sombra de dúvida
no viés ideológico que os membros do Judiciário podem adotar, o que, sob o ponto
de vista do ativismo judicial, pode representar grande perigo para a democracia.
Ademais, tem-se falado até mesmo em uma diferenciação da forma de
atuação de um juiz na seara processual na efetivação de direitos, considerando
uma atuação mais proativa do mesmo, diferencia-se a atuação como ativismo
judicial de outra dita garantista processual, em especial quanto à existência de
prévia observância do sistema legal posto:
GARAPON, Antoine. O juiz e a democracia: o guardião das promessas. Tradução Maria Luísa
15
17
RAMOS, Glauco Gumerato. Ativismo e garantismo no processo civil: apresentação do debate. MPMG jurídico, 2009.
18
Para o ativismo judicial, o exercício do poder – da jurisdição, portanto – habilita o juiz a buscar, a qualquer custo, fazer
“justiça” nos casos que lhe são submetidos. E, por mais acaciano que possa soar a afirmação de que ao juiz toca fazer
“justiça”, para os ativistas,essa busca por “justiça” não encontra obstáculo nem mesmo na eventual falta de autorização do
legislador para que o juiz aja em determinadas situações. Para os ativistas, é normal que o sistema dote o juiz de maiores
poderes de atuação na relação processual e mesmo na condução do processo.53 E, mesmo quando a legislação – muitas
vezes porque ultrapassada – ainda não se tenha aperfeiçoado para permitir ao juiz o manejo mais contundente de seus
poderes54, mesmo assim teria o magistrado de atuar com coragem e fazer tudo que estivesse ao seu alcance para, com
criatividade, potencializar sua atuação no processo para fazer com que seu resultado seja “justo”. O ativismo judicial,
conforme afirma Jorge W. Peyrano, um de seus maiores defensores na Argentina, “(...) confia nos magistrados”.55 In:
RAMOS, Glauco Gumerato. Ativismo e garantismo no processo civil: apresentação do debate. MPMG jurídico, 2009.fl. 13.
19
BARBOZA, Estefânia Maria de Queiroz. Precedentes judiciais e segurança jurídica: fundamentos e possibilidades para a
jurisdição constitucional brasileira. Editora Saraiva, 2017.
88
Não há, por outro lado, e conforme bem aponta Gisele Cittadino, que se
confundir ativismo judicial com interpretação constitucional, elemento este
presente em qualquer processo hermenêutico:
20
CITTADINO, Gisele. Op. Cit. fl. 08.
21
HABERMAS, Jürgen. Três modelos normativos de democracia. Lua nova, v. 36, p. 39-53, 1995. fl. 43.
89
22
“O fato de as normas constitucionais serem constitutivas não remove a possibilidade de revisões democráticas, ou seja,
não garante a cooriginalidade que Habermas procura defender. Waldron afirma que as democracias normalmente revisam
as regras do jogo, e isso ocorre mediante debates, discordâncias, como pode ser observado em posições majoritárias que
não são unânimes, em votos parlamentares ou em decisões judiciais.607 As normas constituintes demandam que uma
democracia não mude as regras do jogo durante a partida, enquanto o jogo está sendo jogado. As normas das eleições não
poderiam ser mudadas no meio do processo eleitoral, apesar da decisão em Bush v. Gore.608 Mas as pessoas possuem
desacordos que passam pelo conteúdo e pela forma das regras, e isso se apresenta como um problema que pode ser
agravado, especialmente nos casos em que tais desacordos não parecem possuir meios para um entendimento no futuro”.
In: LORENZETTO, Bruno Meneses. Os caminhos do constitucionalismo para a democracia. Tese (Doutorado). Universidade
Federal do Paraná. Curitiba, Paraná, 2014.
23CHUEIRI, Vera Karam de; GODOY, Miguel. G. Constitucionalismo e
24
DWORKING, Ronald.Uma questão de Princípio (Tradução de Luís Carlos Borges). 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
fl. 9.
25
“É possível concluir, portanto, que a democracia só se realiza se determinadas condições jurídicas estiverem presentes. E
essas condições são justamente os princípios e as regras estabelecidos pela constituição. Ao mesmo tempo, a constituição
só adquire um sentido perene se está situada em um ambiente radicalmente democrático”. In. CHUEIRI, Vera Karam de;
GODOY, Miguel. G. Constitucionalismo e democracia, soberania e poder constituinte. Revista Direito GV, v. 6, p. 159-174,
2010. fl. 171.
91
É de se observar que por mais que uma decisão neste sentido tenha as
melhores intenções e os melhores argumentos jurídicos e principiológicos, ela se
afasta, em regra, de uma necessária interação social que é necessária para a
definição dos rumos de uma sociedade.
Nesse contexto, o juiz passa a definir os rumos de investimentos
governamentais de acordo com seu ativismo, por melhores que sejam seus
fundamentos, estes não necessariamente correspondem aos da maioria da
sociedade, em que pese tenham reflexos em toda ela.
Nos dizeres de Garapon:
27
GARAPON, Antoine. Op. Cit. fl 265.
28
CLÉVE, Emerson Merlin/ LORENZETTO, Bruno Meneses. A Atuação Política das Cortes: Coalizão, Estratégia e
Interpretação. In. A Constituição Entre o Direito e a Política: O futuro das Instituição. Estudos em homenagem a José
Afonso da Silva. G/Z. Rio de Janeiro. 2018. fl. 622.
93
“Os membros do Poder Judiciário — juízes, desembargadores e ministros — não são agentes públicos eleitos. Embora não
tenham o batismo da vontade popular, magistrados e tribunais desempenham, inegavelmente, um poder político, inclusive
o de invalidar atos dos outros dois Poderes. A possibilidade de um órgão não eletivo como o Supremo Tribunal Federal
sobrepor-se a uma decisão do Presidente da República — sufragado por mais de 40 milhões de votos — ou do Congresso
— cujos 513 membros foram escolhidos pela vontade popular — é identificada na teoria constitucional como dificuldade
contramajoritária5. Onde estaria, então, sua legitimidade para invalidar decisões daqueles que exercem mandato popular,
que foram escolhidos pelo povo? Há duas justificativas: uma de natureza normativa e outra filosófica”29.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
29
BARROSO, Luis Roberto. Op. Cit. fl. 25.
A figura do amicus curiae, ou amigo da corte, foi inserida no direito brasileiro a partir da Lei 9.868/99, que dispõe sobre
30
31
Judicialização significa que algumas questões de larga repercussão política ou social estão sendo decididas por órgãos
do Poder Judiciário, e não pelas instâncias políticas tradicionais: o Congresso Nacional e o Poder Executivo — em cujo
âmbito se encontram o Presidente da República, seus ministérios e a administração pública em geral. Como intuitivo, a
judicialização envolve uma transferência de poder para juízes e tribunais, com alterações significativas na linguagem, na
argumentação e no modo de participação da sociedade. O fenômeno tem causas múltiplas. Algumas delas expressam uma
tendência mundial; outras estão diretamente relacionadas ao modelo institucional brasileiro. BARROSO, Luís Roberto. Op.
Cit. fl. 19.
32
BARROSO, Luis Roberto. Op. cit. fl. 24.
95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT: The care with personal data, which includes the capture, storage and processing of
data, is a concern not only of scholars in the field, but also of society in general. In this sense, looking
for the formation and structuring of a legal protection geared to the protection of personal data, the
European Union, after the edition of the GDPR, encouraged and disseminated in other sovereignties
the need for them to include in the legislative agenda the construction of a system for the protection
of personal data, under pain of suffering economic and social embargoes, precisely because they
do not contemplate a current and emerging theme. Under such influence, Brazil, adhering to the
European example, chooses to edit its own legislation in relation to the protection of personal data
protection, establishing the persona of the national data protection authority, thus going on to
regulate the matter according to its molds, in order to include the protection of personal data not only
in the infraconstitutional legislation, but also within the constitutional norm.
1 INTRODUÇÃO
No âmbito deste novo paradigma social, ocorre à oferta de dados das mais
variadas formas, sejam eles pessoais ou não pessoais, sensíveis ou não sensíveis,
direta ou indiretamente, mas são constantemente ofertados. Isso se justifica na
medida e que a sociedade vive a era da alta tecnologia, marcada pelo advento da
internet, da computação móvel, da computação ubíqua, da computação pervasiva 2,
da internet das coisas e da transposição dos ambientes análogos para os
ambientes digitais.
Diante de tal cenário, a interação “humano-máquina” se intensificou ao ponto
de estar em todo lugar sem ser percebida, transformando o fenômeno da
tecnologia, em suas mais variadas formas, em algo onipresente.
Assim, com base em tais adventos, o tratamento de dados pessoais passa
a ser pauta de várias agendas, em vários Países, em várias economias e ramos
de negócios. A polarização e capilaridade do tema é de tamanha repercussão que
há quem diga que “dado é novo petróleo do Séc. XXI”.
Em prol do ajuste dos sistemas jurídicos existentes em cotejo com o novo
paradigma social, a União Europeia edita, em 2016, o Regulamento Europeu de
Proteção de Dados Pessoais, abreviado de GDPR, o qual serviu de inspiração e
modelo para que outras soberanias, assim como o Brasil, também se
despertassem ao tema e se propusessem a impor uma agenda legislativa
específica para o tratamento de dados pessoais.
Com essa influência, o legislativo brasileiro que já havia iniciado algumas
movimentações acerca do tema em 2010 - quando da consulta pública encabeçada
pelo Ministério da Justiça (média de 2.500 contribuições) que deu azo ao PL
4.060/12 de autoria de Milton Monti - após idas e vindas legislativas, promulgou
em 14 de agosto de 2018 a Lei 13.709/2018 também conhecida como LGPD, o
qual teve como origem o PLC n. 53/2018.
Notadamente que a promulgação da LGPD concede ao sistema normativo
brasileiro um novo status, posto que agora a sistemática jurídica nacional encontra-
se nos mesmos patamares formais que a União Europeia, no que tange a tutela
jurídica de proteção de dados pessoais.
No entanto, por ser uma legislação de grande impacto, posto que atinge
intuições públicas e privadas, pessoas físicas ou jurídicas, que tenham como
atividade direta ou indireta o tratamento, a captação, o armazenamento e a
2
A pervasiva é aquela que busca a simplificação aos comandos para a tecnologia, para que a mesma seja quase invisível,
e a computação ubíqua por sua vez, é a que se aproveita dos computadores e dispositivos móveis e da computação
pervasiva para tentar trazer ainda mais interações da tecnologia para o cotidiano. Disponível em:
https://computacaoubiquaepervasiva.wordpress.com/fontes/. Acessado em 14 de fev. 2020.
99
3
General Data Protectio Regulation. Disponivel em: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/HTML/?uri=CELEX:32016R0679&from=PT acessado em 08 de fev. 20.
101
4
Idem.
5
Idem.
102
6
General Data Protectio Regulation. Disponivel em: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/HTML/?uri=CELEX:32016R0679&from=PT acessado em 08 de fev. 20.
103
7
Nota: Direito de informação: o titular dos dados tem o direito de obter a identidade do responsável
pelo tratamento; o contato da autoridade responsável pela proteção de dados (DPO), quando aplicável; as
finalidades do tratamento; e qualquer informação necessária para garantir um tratamento justo e
transparente dos dados.
Direito de acesso: o titular tem o direto de obter a confirmação de que seus dados estão ou não
sendo objeto de tratamento e, em caso positivo, pode acessar os dados e receber informações sobre o
tratamento e suas finalidades, ser informado para quais terceiros os dados serão divulgados e se existem
decisões tomadas automaticamente a partir dos dados tratados.
104
Direito de retificação: o controlar tem a obrigação de retificar dados incorretos, sem demora injustiçada,
a pedido do titular dos dados.
Direito de portabilidade dos dados: o titular dos dados tem o direito de receber os dados a seu respeito
ou os dados tenha fornecido, num formado estruturado, de uso comum, fácil leitura e de uma forma legível
por máquinas/computadores, e o direito de transmitir esses dados a outro responsável pelo tratamento sem
oposição do responsável que recebeu os dados num primeiro momento.
Direito de restrição: o titular tem o direito de se opor ao tratamento de seus dados pessoais, a qualquer
momento, por quaisquer motivos particulares. O responsável pelo tratamento deve cessar o tratamento sem
demora injustificada, a não ser que prevaleçam outros interesses legais.
Direito ao esquecimento/apagamento: o titular dos dados tem o direito de reivindicar ao responsável
pelo tratamento de dados o apagamento/exclusão dos seus dados pessoais sem demora injustificada
quando não mais são necessários para a finalidade que motivaram sua coleta; e quando o titular
retira seu consentimento para o tratamento de dados e não existe outro fundamento jurídico que
justifique o tratamento. O direito ao esquecimento não se aplica obrigatoriamente quando entrar em
conflito com exercício da liberdade de expressão e informação, motivos de interesse público ou
cumprimento de obrigação legal prevista pelo direito da União Europeia ou de Estado -Membro a
que esteja sujeito.
Entra em vigor o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/281042/entra-em-vigor-o-regulamento-geral-de-protecao-de-
dados-da-uniao-europeia. Acessado em 02 de fev. de 2020.
105
Por esse viés, mas também pela força comercial que a GDPR possui, uma
vez que as nacionalidades que adotarem uma legislação destinada a proteção de
dados passam a demostrar perante as relações internacionais uma postura de
conformidade e compliance, o legislador brasileiro em 2018 se propôs a redigir a
Lei Geral de Proteção de Dados.
Saindo do cenário internacional, mas justificando a sua extensa abordagem
na medida em que a legislação brasileira além de ser inspirada materialmente na
GPDR, replica algumas preposições internacionais com o intuito de manter-se em
consonância com o cenário internacional, bem como para demonstrar à sociedade
nacional a relevância do tema em termos práticos, a presente pesquisa agora
passa a abordar o conteúdo nacional a fim de estabelecer, de forma metodológica,
a timeline da LGPD.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
8
BRASIL. Constituição federal brasileira de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em 08 fev. 2020.
106
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo
da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
9
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. vol. 2, São Paulo: Saraiva,
1989.p.30
10
BARROS, Luís Roberto. Colisão entre liberdade de expressão e direitos da personalidade. critérios de ponderação.
interpretação constitucionalmente adequada do código civil e da lei de imprensa. Revista de Direito Administrativo. Jan/Mar.
2004.p.18-19. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/45123/45026. Acessado em 08 fev.
2010.
107
11
As redes de tecnologias digitais permitem a existência de redes que ultrapassem os seus limites históricos. E podem, ao
mesmo tempo, ser flexíveis e adaptáveis graças à sua capacidade de descentralizar a sua performance ao longo de uma
rede de componentes autónomos, enquanto se mantêm capazes de coordenar toda esta atividade descentralizada com a
possibilidade de partilhar a tomada de decisões. As redes de comunicação digital são a coluna vertebral da sociedade em
rede, tal como as redes de potência (ou redes energéticas) eram as infra-estruturas sobre as quais a sociedade industrial foi
construída. CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo (Orgs.). A Sociedade em Rede: do conhecimento à ação política;
Conferência. Belém (Por): Imprensa Nacional, 2005. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/sociedade-em-
rede-do-conhecimento%C3%A0-ac%C3%A7%C3%A3o-pol%C3%ADtica Acessado em: 09 fev. 2020.
108
12
Proposta de Emenda Constitucional PEC 17/2019. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2210757. Acessado em: 09 de fev. 2020.
13
Idem.
14
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 09 de fev. de 2020.
109
15
PINHEIRO, Patrícia Peck. Proteção de dados pessoais: comentários à lei 13.709/2018. São Paulo: Saraiva Educação,
2018. p. 25-27.
110
16
Idem, p. 29.
111
o consentimento, por exemplo, mas também revela princípios inéditos a esse novo
ramo do direito.
Nesse aspecto, o tratamento de dados pessoais no âmbito nacional deve
observar a seguinte ordem principiológica17:
17
Idem, p. 33.
112
3 A ANPD BRASILEIRA
18
Art. 55. É criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), integrante da administração pública federal indireta,
submetida a regime autárquico especial e vinculada ao Ministério da Justiça.
§ 1º A ANPD deverá ser regida nos termos previstos na Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000.
§ 2º A ANPD será composta pelo Conselho Diretor, como órgão máximo, e pelo Conselho Nacional de Proteção de Dados
Pessoais e da Privacidade, além das unidades especializadas para a aplicação desta Lei.
§ 3º A natureza de autarquia especial conferida à ANPD é caracterizada por independência administrativa, ausência de
subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira.
§ 4º O regulamento e a estrutura organizacional da ANPD serão aprovados por decreto do Presidente da República.
§ 5º O Conselho Diretor será composto por 3 (três) conselheiros e decidirá por maioria.
§ 6º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 (quatro) anos.
§ 7º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor serão de 3 (três), 4 (quatro) e 5 (cinco) anos, a serem
estabelecidos no decreto de nomeação.
§ 8º É vedado a ex-conselheiro utilizar informações privilegiadas obtidas em decorrência do cargo exercido, sob pena de
incorrer em improbidade administrativa.
Art. 56. A ANPD terá as seguintes atribuições:
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legislação;
II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial em ponderação com a proteção de dados pessoais e do sigilo
das informações quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os fundamentos do art. 2º desta Lei;
III - elaborar diretrizes para Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de dados realizado em descumprimento à legislação, mediante
processo administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o direito de recurso;
V - atender petições de titular contra controlador;
VI - promover na população o conhecimento das normas e das políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das
medidas de segurança;
VII - promover estudos sobre as práticas nacionais e internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus
dados pessoais, que deverão levar em consideração as especificidades das atividades e o porte dos responsáveis;
IX - promover ações de cooperação com autoridades de proteção de dados pessoais de outros países, de natureza
internacional ou transnacional;
X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tratamento de dados pessoais, observado o respeito aos
segredos comercial e industrial;
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do Poder Público que realizem operações de tratamento de dados pessoais,
informe específico sobre o âmbito e a natureza dos dados e os demais detalhes do tratamento realizado, podendo emitir
parecer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas atividades;
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de dados pessoais e privacidade, assim como sobre relatórios de
impacto à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento representar alto risco para a garantia dos
princípios gerais de proteção de dados pessoais previstos nesta Lei;
XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em matérias de interesse relevante, assim como prestar contas sobre
suas atividades e planejamento;
113
XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o
detalhamento de suas receitas e despesas; e
XVI - realizar ou determinar a realização de auditorias, no âmbito da atividade de fiscalização, sobre o tratamento de dados
pessoais efetuado pelos agentes de tratamento, incluindo o Poder Público.
§ 1º Ao impor condicionamentos administrativos ao tratamento de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam
eles limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência de mínima intervenção, assegurados os
fundamentos, os princípios e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Federal e nesta Lei.
§ 2º Os regulamentos e normas editados pela ANPD devem necessariamente ser precedidos de consulta e audiência
públicas, bem como de análises de impacto regulatório.
Art. 57. Constituem receitas da ANPD:
I - o produto da execução da sua dívida ativa;
II - as dotações consignadas no orçamento geral da União, os créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e
os repasses que lhe forem conferidos;
III - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que lhe forem destinados;
IV - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e imóveis de sua propriedade;
V - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro das receitas previstas neste artigo;
VI - o produto da cobrança de emolumentos por serviços prestados;
VII - os recursos provenientes de acordos, convênios ou contratos celebrados com entidades, organismos ou empresas,
públicos ou privados, nacionais ou internacionais;
VIII - o produto da venda de publicações, material técnico, dados e informações, inclusive para fins de licitação pública.”
“Art. 58. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade será composto por 23 (vinte e três)
representantes titulares, e seus suplentes, dos seguintes órgãos:
I - 6 (seis) representantes do Poder Executivo federal;
II - 1 (um) representante indicado pelo Senado Federal;
III - 1 (um) representante indicado pela Câmara dos Deputados;
IV - 1 (um) representante indicado pelo Conselho Nacional de Justiça;
V - 1 (um) representante indicado pelo Conselho Nacional do Ministério Público;
VI - 1 (um) representante indicado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil;
VII - 4 (quatro) representantes da sociedade civil com atuação comprovada em proteção de dados pessoais;
VIII - 4 (quatro) representantes de instituição científica, tecnológica e de inovação; e
IX - 4 (quatro) representantes de entidade representativa do setor empresarial afeto à área de tratamento de dados pessoais.
§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente da República, permitida a delegação, e terão mandato de 2
(dois) anos, permitida 1 (uma) recondução.
§ 2º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade será considerada atividade de
relevante interesse público, não remunerada.
§ 3º Os representantes referidos nos incisos I a VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titulares dos
respectivos órgãos e entidades.
§ 4º Os representantes referidos nos incisos VII, VIII e IX do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados na forma
de regulamento e não poderão ser membros da entidade mencionada no inciso VI do caput deste artigo.
Art. 59. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade:
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a elaboração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais
e da Privacidade e para a atuação da ANPD;
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e
da Privacidade;
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
IV - realizar estudos e debates sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e
V - disseminar o conhecimento sobre proteção de dados pessoais e da privacidade à população em geral.
114
19 Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
II - disponham sobre: e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art.
84, VI;
20
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação
115
21
Publicada, com vetos, lei que cria a Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Disponivel em:
https://www.conjur.com.br/2019-jul-09/publicada-lei-cria-autoridade-nacional-protecao-dados. Acessado em: 14 de fev. 2020.
22
LEGPS ART. 52. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acessado em: 14
fev. de 2020.
118
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
RESUMO: Esta pesquisa objetiva analisar a figura dos consórcios públicos como instrumento de
cooperação entre os entes da federação. Parte da problemática enfrentada pelos municípios acerca
das amplas competências previstas pelo texto constitucional, bem como da indisponibilidade de
recursos financeiros, humanos e materiais para a execução, de forma isolada, de serviços públicos
aos seus cidadãos. Assim, busca, através de um estudo de caso, apresentar um consórcio público
realizado entre municípios catarinenses que, em conjunto, buscam soluções de eficiência para a gestão
pública.
ABSTRACT: This research aims to analyze the figure of public consortiums as an instrument of
cooperation among the federation entities. Part of the problem faced by municipalities regarding the
broad competences provided for by the constitutional text, as well as the unavailability of financial,
human and material resources for the execution, in isolation, of public services to their citizens. Thus, it
seeks, through a case study, to present a public consortium made between municipalities of Santa
Catarina that together seek efficiency solutions for the public management.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (PPGD) do Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil
/ MINTER - Uniguaçu
Esta pesquisa objetiva analisar a figura dos consórcios públicos como
instrumento de cooperação entre os entes da federação. Parte da problemática
enfrentada pelos municípios acerca das amplas competências previstas pelo texto
constitucional, bem como da indisponibilidade de recursos financeiros, humanos e
materiais para a execução, de forma isolada, de serviços públicos aos seus cidadãos.
Assim, busca, através de um estudo de caso, apresentar um consórcio público
realizado entre municípios catarinenses que, em conjunto, buscam soluções de
eficiência para a gestão pública de seus entes.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, que busca melhor
compreender os temas cooperação federativa e consórcios públicos, utilizando-se da
metodologia do estudo de caso para apresentar a aplicabilidade dos temas. Os dados
foram coletados através de pesquisa bibliográfica e, no caso específico do caso em
análise, através das informações disponíveis no site do consórcio.
3 CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Fraiburgo.
1
Conflito armado que envolveu posseiros e pequenos proprietários de terras, de um lado, e representantes dos poderes
estadual e federal brasileiro, de outro, entre outubro de 1912 e agosto de 1916 (AURAS, 2015).
136
atuação do CIMCATARINA
Fonte: CIMCATARINA
2
O Estado de Santa Catarina possui 295 municípios.
137
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades. [S. l.], 2010.
Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/condado/panorama. Acesso
em: 24 jun. 2019.
ABSTRACT: Due to the exponential growth of interest in artificial intelligence and its algorithms, a
moment of reflection is necessary in order to understand human fascination with its applications, as
well as the implications of the “substitution” of human cognition. For the development of the present
work, was used a procedure based on documentary and bibliographical analysis through research
of doctrinal material, using the elaboration of extended files and abstracts. In the end, it was possible
to verify that the main argument for the use of artificial intelligences is based on the elimination of
the fallibility that results from the defects of human cognition, but the attempt would be vain before
the fact that the processing algorithms, inevitably found to be riddled with the same defects.
Furthermore, there was a risk that Machine Learnig would imply subjection of meaning to the
machine, given its detachment from the historicity and factuality of intersubjective relations that imply
the construction of a pre- understanding, given the impossibility of gauging the human existential
cognitive universe, culminating in a return to the outdated philosophy of consciousness.
1 INTRODUÇÃO
1
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências da disciplina Direito e Tecnologia. Professor Dr. Marco Antonio Lima
Berberi. Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia. Mestrado Interinstitucional UNIBRASIL-UNIGUAÇU. Fevereiro
de 2020.
2
Graduado em Direito pela Unidade de Ensino Superior Vale do Iguaçu - UNIGUAÇU (2015). Pós-graduado em Gestão
Tributária pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (2016-2017). Mestrando em Direitos Fundamentais e
Democracia no programa de Mestrado Interinstitucional UNIBRASIL-UNIGUAÇU.
3
RICH, Elaine; KNIGHT, Kevin; Inteligência Artificial; 2. ed.; Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 1994, p. 3.
143
4 FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
5
GONÇALVES, Lukas Ruthes; Potenciais efeitos da LGPD no uso de aplicações de inteligência artificial; Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2019-fev-28/lukas-ruthes-potenciais-efeitos-lgpd-usoaplicacoes-ia>. Acessado em:
26/10/2019.
6
Idem.
7
LUGER, George; Inteligência Artificial. Estruturas e Estratégias para a Solução de Problemas Complexos; 4. ed.; Porto
Alegre: Bookman, 2004, p. 23.
8
RICH, Elaine; KNIGHT, Kevin; Inteligência Artificial; 2. ed.; Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 1994, p. 3.
9
Assim como ocorre, por exemplo, com aplicações simples como do Spotfy, que ao tratarem os dados recebidos, por meio
de seus algorítimos é capaz de classificar músicas. In GONÇALVES, Lukas Ruthes; Potenciais efeitos da LGPD no uso
de aplicações de inteligência artificial; Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-fev-28/lukas-ruthes-potenciais-
efeitos-lgpd-usoaplicacoes-ia>. Acessado em: 26/10/2019.
10
KAHNEMAN, Daniel; Rápido e devagar: duas formas de pensar; tradução Cássio de Arantes Leite; Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012, p. 143.
145
11
STRECK, Luiz Lênio; Tubarões, sorvetes e ovos: como advogar é difícil!Stoic Mujic!; Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2019-set-12/senso-incomum-tubaroes-sorvetes-ovos-advogar-dificil-stoic-mujic>; Acessado
em: 10/11/2019.
12
KAHNEMAN, Daniel; Rápido e devagar: duas formas de pensar; tradução Cássio de Arantes Leite; Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012, p. 150.
13 TETLOCK, Philip; Expert political judgement: How good is it? How can we know?; Princeton:
Princeton University Press, 2006, p. 20-ss.
14 TETLOCK, Philip; GARDNER, Dan; Superforecasting: The art and Science of prediction;
15FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
147
que os algorítimos são elaborados por humanos, como seria possível garantir que
tais deficiências nãos seriam transpostas à própria estrutura de processamento de
dados?
Nesse mesmo sentido, Ana Frazão16 ainda destaca a dificuldade de
identificação de tais deficiências cognitivas, dada a falta de transparência dos
algorítmos, o que inviabiliza a análise crítica de seus procedimentos e resultados,
vejamos:
16
FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
17 Nesse sentido, consoante lecionam André Luan Domingues e Everton Luís da Silva: “A viragem
linguística substituiu a consciência subjetiva, pela linguagem, enquanto condição de possibilidade
de compreensão da realidade, ou seja,retirou esta do lugar de meroinstrumentode possibilitaçãoda
relação de compreensão entre sujeito e objeto, entre sujeito e mundo(existente independentemente
da própria linguagem), reafirmando-anaposição de condição de existência do pensar-viver,
pressuposto para compreensão do presente, buscando-se assim um caminhar em direção à relação
sujeito-sujeito de atribuição de sentido ao existente. Não se pode olvidar que o ato comunicativo, e
as condições de espaço-tempo de si próprio, portanto, a maneira de circulação da informação (e sua
compreensão) tornam-se elementos fundamentais para atribuição de sentido ao existente, especialmente para compreensão
do ser, destacando-se Martin Heidegger e a tratativa da compreensão como fenômeno formativo da existência humana”. In
DOMINGUES, André Luan; da SILVA, Everton Luís; TYBUSCH, Jerônimo Siqueira; O Judiciário à Brasileira e o Complexo
de Macgyver: Judicialização da Política e Efetivação Constitucional – Superando a Discricionariedade; In: Revista Eletrônica
Multidisciplinar da Faculdade do Centro do Paraná. Pitanga: UCP, v. 6, n. 1, jan./jun. 2019. p. 4-20. Disponível em:
<https://ucpparana.edu.br/content/uploads/2019/07/Trivium-2019.1.pdf>. Acessado em: 19/10/2019.
148
18 FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
19 KAHNEMAN, Daniel; Rápido e devagar: duas formas de pensar; tradução Cássio de Arantes Leite; Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012.
20 HUFF, Darrell; Como mentir com estatística; Rio de Janeiro: Edições Financeiras S.A., 1968. p. 7.
21 STRECK, Luiz Lênio; Tubarões, sorvetes e ovos: como advogar é difícil!Stoic Mujic!; Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2019-set-12/senso-incomum-tubaroes-sorvetes-ovos-advogar-dificil-stoic-mujic>; Acessado
em: 10/11/2019.
149
22
FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
150
23 Sigla em inglês para Correctional Offender Management Profiling for Alternative Sanctions.
24 MAYBIN, Simon; Sistema de algoritmo que determina pena de condenados cria polêmica nos EUA; Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37677421>; Acessado em 11/12/2019.
25 FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente utilização. Disponível em:
<https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-
mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>. Acessado em: 26/10/2019.
151
fazendo com que a utilização de dados incorretos (ou até mesmo falsos), acabe
por produzir correlações que não possuem relação de causalidade com o dado
verificado, ou, ainda, e de forma mais grave, por reproduzir correlações
provenientes de discriminações e injustiças sociais26.
Ana Frasão27 ainda prossegue destacando que a preocupação é
“especialmente relevante nos atuais tempos de ‘pós-verdades’, em que tudo pode
ser aceito facilmente, ainda mais se estiver ancorado em um número, cuja
presença por si só já se mostra suficiente para aumentar a confiabilidade da
informação”, como já esclarecido por Darrell Huff28 anteriormente.
Assim, considerando os argumentos expostos colhe-se que, a ideia de
utilização de inteligência artificial como instrumento para se escoimar os vícios
ínsitos à cognição e (à falibilidade) humana, se mostra frustrada, dado que seus
algoritmos são “escritos” por humanos, carregando, portanto, suas deficiências e
limitações, retornando-se, portanto, ao ponto de partida, o que somente se agrava
em decorrência do fato de se submeterem a um juízo de correlação, o que, como
visto alhures, não necessariamente representam algo do ponto de vista causal.
Entretanto, esse não se trata do único risco inerente à desumanização do
pensamento, dado que a própria forma de “desenvolvimento” da inteligência
artificial parece guardar em si mais propriedades deletérias ao julgamento e
predição.
26
Idem.
27
Idem.
28
HUFF, Darrell; Como mentir com estatística; Rio de Janeiro: Edições Financeiras S.A., 1968.
29 FRAZÃO, Ana; Dados, estatísticas e algoritmos: Perspectivas e riscos da sua crescente
utilização. Disponível em: <https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-
analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/dados-estatisticas-e-algoritmos-28062017>.
Acessado em: 26/10/2019.
152
30 LUDWIG, Celso Luiz; Para uma Filosofia jurídica da libertação: paradigmas da filosofia, filosofia da libertação e direito
alternativo; Florianópolis: Conceito Editoral, 2006, p. 93.
31 DOMINGUES, André Luan; da SILVA, Everton Luís; TYBUSCH, Jerônimo Siqueira; O Judiciário à Brasileira e o Complexo
de Macgyver: Judicialização da Política e Efetivação Constitucional – Superando a Discricionariedade; In: Revista Eletrônica
Multidisciplinar da Faculdade do Centro do Paraná. Pitanga: UCP, v. 6, n. 1, jan./jun. 2019. p. 4-20. Disponível em:
<https://ucpparana.edu.br/content/uploads/2019/07/Trivium-2019.1.pdf>. Acessado em: 19/10/2019.
32 MARRAFON, Marco Aurélio; Filosofia da linguagem e limites da Inteligência Artificial na interpretação jurídica. Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2019-jul-22/constituicao-poder-filosofia-linguagem-limites-ia-interpretacao-juridica>.
Acessado em: 26/10/2019.
153
metafísica), ii) meio pelo qual se pensa sobre o algo e iii) modo de
expressão dos pensamentos.
33 MARRAFON, Marco Aurélio; Filosofia da linguagem e limites da Inteligência Artificial na interpretação jurídica.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jul-22/constituicao-poder-filosofia-linguagem-limites-ia-interpretacao-
juridica>. Acessado em: 26/10/2019.
34
Sendo esse, inclusive, o motivo pelo qual asseveramos anteriormente que, inevitavelmente, a inteligência artifical se
encontraria, prima facie, sujeita aos mesmos vícios e defeitos que a racionalidade humana.
35
SIMON, Phil; Too Big to Ignore: The Business Case for Big Data; Hoboken: Wiley, 2013, p. 89.
36 De acordo com Stuart Russell e Peter Norvig, as tarefas de aprendizado podem ser classificadas em três categorias
amplas, a depender da natureza do feedback de aprendizado disponível para um sistema de aprendizado: i) aprendizado
supervisionado; ii) aprendizado não supervisionado; e iii) aprendizado por reforço. In RUSSELL, Stuart; NORVIG,
Peter; Artificial Intelligence: A Modern Approach; 2 ed.; Englewood Cliffs: Prentice Hall, 2003, p. 528.
154
37 Conforme esclarece Tom M. Mitchell: “Diz-se que um programa de computador aprende pela experiência E, com respeito
a algum tipo de tarefa T e performance P, se sua performance P nas tarefas em T, na forma medida por P, melhoram com
a experiência E”. In MITCHELL, Tom Michael; Machine Learning; Nova Iorque: McGraw Hill, 1997; p.2.
38 HARARI, Yuval Noah; 21 lições para o século 21; Tradução: Paulo Geiger; São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p.
96-97.
39 MARRAFON, Marco Aurélio; Filosofia da linguagem e limites da Inteligência Artificial na interpretação jurídica. Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2019-jul-22/constituicao-poder-filosofia-linguagem-limites-ia-interpretacao-juridica>.
Acessado em: 26/10/2019.
40 MARRAFON, Marco Aurélio; Filosofia da linguagem e limites da Inteligência Artificial na interpretação jurídica. Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2019-jul-22/constituicao-poder-filosofia-linguagem-limites-ia-interpretacao-juridica>.
Acessado em: 26/10/2019.
155
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
41 Conforme leciona Lênio Streck, a filosofia da consciência importa na ideia de subjetividade assujeitadora, que “assujeita”
as coisas para si, bem como os sentidos e o saber, que acaba construindo o seu próprio objeto de conhecimento. In STRECK,
Lênio Luiz. O que é isto – decido conforme minha consciência?; 4. ed. rev.; Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora,
2013. p. 17.
42 HUFF, Darrell; Como mentir com estatística; Rio de Janeiro: Edições Financeiras S.A., 1968. p. 7.
43 STRECK, Luiz Lênio; Tubarões, sorvetes e ovos: como advogar é difícil!Stoic Mujic!; Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2019-set-12/senso-incomum-tubaroes-sorvetes-ovos-advogar-dificil-stoic-mujic>; Acessado
em: 10/11/2019.
156
REFERÊNCIAS
<https://ucpparana.edu.br/content/uploads/2019/07/Trivium-2019.1.pdf>.
Acessado em: 19/10/2019.
HARARI, Yuval Noah; 21 lições para o século 21; Trad. Paulo Geiger; São Paulo:
Companhia das Letras, 2019.
HUFF, Darrell; Como mentir com estatística; Rio de Janeiro: Edições Financeiras
S.A., 1968.
MAGRANI, Eduardo; A internet das coisas; Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
MITCHELL, Tom Michael; Machine Learning; Nova Iorque: McGraw Hill, 1997.
TETLOCK, Philip; Expert political judgement: How good is it? How can we know?;
Princeton: Princeton University Press, 2006.
SIMON, Phil; Too Big to Ignore: The Business Case for Big Data; Hoboken: Wiley,
2013.
STRECK, Lênio Luiz; O que é isto – decido conforme minha consciência?; 4. ed.
rev.; Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2013.
RESUMO: Este artigo tem o propósito de examinar o núcleo essencial do direito à educação,
especialmente a garantia fundamental, estabelecida pelo poder constituinte originário, de custeio
público pautado pela progressividade, sob a forma de vinculação de financiamento mínimo
obrigatório à evolução de receitas. Pretende-se traçar algumas linhas acerca do quadro atual dos
serviços públicos de educação oferecidos pelo Estado brasileiro, ponderando os avanços das
últimas décadas e as demandas futuras. Nesse expectro, problematizar-se-á o advento da Emenda
Constitucional n. 95/2016, que impôs um “Novo Regime Fiscal”, examinando como ela promoveu
uma ruptura com o regime de custeio até então vigente, impondo retrocesso e interrupção do
processo de consecução de uma educação universal e de qualidade, que propicie condições para
a emancipação de seus cidadãos e para uma efetiva democracia.
ABSTRACT: The purpose of this article is to examine the essential nucleus of the right to education,
especially the fundamental guarantee, established by the original constituent power, of public costing
based on progressivity, in the form of linking minimum obligatory financing to the evolution of
revenues. It is also intended to draw some lines about the current state of public education services
offered by the Brazilian State, considering the advances of recent decades and future demands. In
this spectrum, the advent of Constitutional Amendment n. 95/2016, which imposed a “New Fiscal
Regime”, examining how it promoted a break with the current costing regime, imposing backward
and interrupting the process of achieving a universal and quality education, which provides
conditions for emancipation citizens and for effective democracy.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
ambiente democrático.
Em vistas de dar concretude ao núcleo essencial do direito à educação, o
legislador constituinte alicerçou, como garantia fundamental, um regime de
financiamento pautado na progressividade, arquitetada sob a forma de vinculação
de custeio mínimo obrigatório à evolução de receitas apuradas no respectivo ano
fiscal (artigo 212, CF/88).
O presente artigo buscará demonstrar, no entanto, que o advento da
Emenda Constitucional n. 95/2016, ao impor um “Novo Regime Fiscal”, promoveu
ruptura no aludido sistema de custeio estabelecido pelo legislador constituinte
originário, atacando, em um cenário de baixo nível democrático, a garantia de
progressividade fiscal do financiamento do direito fundamental à educação e
lesando o seu núcleo essencial, impondo ao cabo, retrocesso e interrupção do
curso de desenvolvimento da qualidade do ensino público básico no país que se
viu durante as últimas décadas.
O artigo está capitulado da seguinte forma: (i) considerações iniciais; (ii) a
educação como direito fundamental social; (iii) princípio da progressividade:
garantia fundamental ao financiamento adequado da educação na CF/88; (iv)
breves linhas sobre o cenário atual das políticas de educação pública no Brasil; (v)
a Emenda Constitucional n. 95/2016: regressividade e retrocesso; e (vi)
considerações finais.
Leciona José Afonso da Silva (1999, pp. 289-290) que os direitos sociais
“[…] são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de
vida aos mais fracos [...]”.
Tal figura de protagonismo dos direitos sociais em nosso sistema,
deslegitima qualquer tentativa de negar ou esvaziar a sua natureza jurídica, como
se estes não fossem direitos fundamentais, mas meros conselhos ou exortações
ao legislador, proposta que obstaria a concretização dos objetivos de justiça social
da CF/88 (DUARTE, 2007).
Ao reconhecer a fundamentalidade do direito à educação e sua
aplicabilidade imediata, escreve Marcos Augusto Maliska (2001):
1998).
O filósofo alemão, ainda, ao desenvolver os princípios do Estado de Direito,
na perspectiva da institucionalização jurídica da rede de discursos e negociações,
oferece destaque ao princípio da soberania popular, segundo o qual todo o poder
do Estado vem do povo, o direito subjetivo à participação, com igualdade de
chances, na formação democrática da vontade, vem ao encontro da possibilidade
jurídico-objetiva de uma prática institucionalizada de autodeterminação dos
cidadãos. (HABERMAS, 1997, pp.212-213).
Nessa ordem de ideias, infere-se que a fundamentalidade constitucional do
direito social à educação demanda ao Estado, em vista da consecução de seus
objetivos e fundamentos, a responsabilidade pela formulação e implementação de
políticas educacionais universais e de qualidade, permitindo-se formar cidadãos e
propiciar a todos oportunidades de empenhar-se em realizar seus próprios projetos
de vida (SEN, 2010, p. 18).
18,3% (2012).
Esse momento histórico, de fato, foi marcado pelo aumento de investimento
público total em educação em relação ao PIB na ordem de 3,9 para 5,9%, conforme
relatórios Education at a Glance 2014 da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) (BRASIL, 2015, p. 1-10).
Nina Beatriz Stocco Ranieri, ao cotejar as evoluções recentes com o atraso
secular na educação brasileira, sustenta que:
1 Criado a partir da Emenda Constitucional n. 14/96 e da Lei n. 9.424/96, instituiu um sistema de arrecadação de fundos
para manutenção e desenvolvimento da educação, distribuídos pela União aos estados, municípios e Distrito Federal na
proporção do número de alunos matriculados anualmente nas escolas cadastradas, agindo de forma distributiva e supletiva
no investimento em educação.
2 Criado pela Emenda Constitucional n. 53/2006, com projeção de vigência de 14 anos, ampliando a destinação de recursos
públicos a toda educação básica pública (incluindo, portanto, a educação infantil e o ensino médio). A partir de então, a
União passou a redistribuir recursos apenas aos estados que, a cada ano, não atingissem uma cota mínima de investimento
por estudante.
166
3 Do total de 841 escolas avaliadas pelo PISA no país em 2015, 738 são públicas, sendo 13 federais, 569 estaduais e 156
municipais, ao passo que apenas 103 instituições são privadas.
4 Federais: ciências, leitura e matemática: respectivamente, 517, 528 e 488 pontos; Estaduais: respectivamente, 394, 402 e
311 pontos; Municipais: respectivamente, 329, 325 e 369 pontos. Escolas particulares: ciências 487, leitura 493 e matemática
463 pontos.
5 O objetivo do PNE era elevar a proporção do uso de recursos para educação pública para 7% do
PIB do país até 2019, e alcançar, no mínimo, o patamar de 10% do PIB ao final do plano, em 2024.
167
6 Tal padrão de investimentos por aluno muito abaixo de outros países decorre, dentre outros fatores, de o país possuir
muitos alunos em idade escolar, bem como diante das deficiências históricas de infraestrutura em escolas públicas,
decorrente de investimentos abaixo do recomendado durante décadas.
168
7 Adotado pela Resolução nº 2.200-A da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 16/12/1966, e integralizado à ordem
jurídica brasileira pelo Decreto nº 591, de 06/07/1992 em face ao parágrafo 2º do artigo 5 o. da CF/88.
169
Registre, por fim, que a progressividade dos direitos sociais, para além de
garantia fundamental, bem demonstra o nível democrático vivido em determinados
momentos históricos pela sociedade brasileira.
É sabido que o regime de financiamento mínimo à educação, desde a
Constituição de 1934, apenas foi ressalvado, como em 2016, em períodos de
exceção, a exemplo das Constituições de 1937 (Estado Novo) e de 1967 (Ditadura
Civil-Militar) (PINTO e XIMENES, 2018).
Para Francisco Mata Machado Tavares e Pedro Vitor Garcia Ramos,
fazendo alusão à EC n. 95/2016, é incongruente um corte de gastos associado à
garantia da melhora do nível democrático, tendo em vista que tal política fiscal
contracionista irá reduzir níveis de educação e saúde, entre outros, e arrematam:
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AMARAL, Nelson Cardoso. Com a PEC 241/55 (EC 95) haverá prioridade para
cumprir as metas do PNE (2014-2024)? Revista Brasileira de Educação, Rio de
Janeiro, v. 22, n. 71, p. 1-25, 2017.
RESUMO: O modelo social de deficiência, adotado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, apresenta uma concepção de que a
deficiência ocorre quando há a obstrução da participação da pessoa na sociedade, em razão da
interação entre o impedimento que ela possui e as barreiras existentes. Nesse contexto, o objetivo
do presente artigo é analisar a relação entre as pessoas com deficiência e as novas tecnologias.
Por meio do método dedutivo e do procedimento monográfico, utilizando-se da pesquisa
documental bibliográfica constatou-se que a tecnologia pode contribuir para a superação das
barreiras, promovendo medidas de acessibilidade. Contudo, se o desenvolvimento tecnológico não
contar com a participação democrática das pessoas com deficiência, a tecnologia também pode
representar uma barreira, por não permitir a utilização por pessoas com deficiência, assim como
por reforçar concepções relacionados aos modelos médico e de prescidência, como a busca pela
normalização e práticas eugênicas.
ABSTRACT: The social model of disability, adopted by the Convention on the Rights of Persons
with Disabilities and the Statute of Persons with Disabilities, presents a concept that disability occurs
when there is an obstruction of the person's participation in society, due to the interaction between
the impediment that it has and the existing barriers. In this context, the objective of this article is to
analyze the relationship between persons with disabilities and the new technologies. Through the
deductive method and the monographic procedure, using bibliographic documentary research it was
found that technology can contribute to overcoming barriers, promoting accessibility measures.
However, if technological development does not count on the democratic participation of persons
with disabilities, technology can also represent a barrier, by not allowing the use by persons with
disabilities, as well as by reinforcing conceptions related to the medical and prescindential models,
like search for normalization and eugenic practices.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Mestranda em Direitos Fundamentais e Democracia no programa de Mestrado Interinstitucional UNIBRASIL-UNIGUAÇU.
Graduada em Direito pelas Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu - UNIGUAÇU (2018).
183
2 DICHER, Marilu; TREVISAM, Elisaide. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão
como Exercício do Direito à Dignidade da Pessoa Humana. In: Direitos Fundamentais e
Democracia III: XXIII Congresso Nacional do CONPEDI, 2014, João Pessoa-PB. Florianópolis:
CONPEDI, 2014, p. 2. Disponível em:
<http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b>. Acesso em: 31 out. 2017.
3 FERRAZ, Carolina Valença; LEITE, Glauber Salomão. A presunção de capacidade civil da pessoa
4 Idem.
5 PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los
Derechos Humanos como herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad
funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 41.
6 DICHER, Marilu; TREVISAM, Elisaide. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão
11 Idem.
12 DICHER, Marilu; TREVISAM, Elisaide. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão
como Exercício do Direito à Dignidade da Pessoa Humana. In: Direitos Fundamentais e
Democracia III: XXIII Congresso Nacional do CONPEDI, 2014, João Pessoa-PB. Florianópolis:
CONPEDI, 2014, p. 10. Disponível em:
<http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b>. Acesso em: 31 out. 2017.
13 Ibidem, p.16.
14 PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los
Derechos Humanos como herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad
funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 44.
15 GUGEL, Maria Aparecida. Op. cit.
16 GUGEL, Maria Aparecida. A pessoa com deficiência e sua relação com a história da
e da não Discriminação e Cadastro-inclusão. In: FAYAN, Regiane Alves Costa; SETUBAL, Joyce
Marquezin (Orgs.). Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Comentada.
Campinas: Fundação FEAC, 2016, p. 16.
188
28 MAIA, Maurício. Novo Conceito de Pessoa com Deficiência e Proibição do Retrocesso. Revista
da AGU, ano XII, n. 37, p. 289-306, Brasília-DF, jul./set. 2013. Disponível em:
<www.agu.gov.br/page/download/index/id/17265873>. Acesso em: 13 set. 2017.
29 DICHER, Marilu; TREVISAM, Elisaide. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão
33 GÓMEZ, Patricia Cueca. La capacidad jurídica de las personas con discapacidad: el art. 12 de
la Convención de la ONU y su impacto en el ordenamento jurídico español. Derechos y
Liberdades, n 24, época II, enero 2011, p. 221-257.
34 Idem.
35
MAGRANI, Eduardo. A internet das coisas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018, p. 19-20.
190
36
REZER, Morgana Mezalira; FORTES, Vinícius Borges. A internet das coisas na sociedade de risco: uma análise a partir
do direito à privacidade. In: XXVII Congresso Nacional do CONPEDI - Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Direito, 2018, Porto Alegre-RS. Anais do XXVII Congresso Nacional do CONPEDI. Florianópolis: CONPEDI, 2018.
37
Idem.
38
MAGRANI, Eduardo. A internet das coisas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018, p. 28-30.
39
DONEDA, Danilo Cesar Maganhoto. et. al. Considerações iniciais sobre inteligência artificial, ética e autonomia pessoal.
Revista Pensar, Fortaleza, v. 23, n. 4, p. 1-17, out/dez. 2018.
40DICHER, Marilu; TREVISAM, Elisaide. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão
como Exercício do Direito à Dignidade da Pessoa Humana. In: Direitos Fundamentais e
Democracia III: XXIII Congresso Nacional do CONPEDI, 2014, João Pessoa-PB. Florianópolis:
CONPEDI, 2014, p. 20. Disponível em:
<http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=572f88dee7e2502b>. Acesso em 31 out. 2017.
41
DONEDA, Danilo Cesar Maganhoto. et. al. Op. cit.
191
Así, por ejemplo, una persona miope tiene ojos que funcionan de otra
manera y por lo tanto tiene una diversidad funcional, pero al existir
soluciones socialmente extendidas como las gafas, no sufre ninguna
discriminación por su diferencia y por lo tanto no formará parte del
colectivo definido como el de mujeres y hombres con diversidad
funcional45.
42
MOURA, Ricardo Damasceno Moura; CONRADO, Mônica Prates. Diálogos Interculturais: variações do conceito de
diversidade à inclusão da pessoa com deficiência através de dispositivos digitais. Revista Direitos Fundamentais &
Democracia, v. 22, n. 3, p. 253-271, set./dez. 2017, p. 262-263. Disponível em:
<https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/984>. Acesso em 16 jan. 2020.
43
MOURA, Ricardo Damasceno Moura; CONRADO, Mônica Prates. Diálogos Interculturais: variações do conceito de
diversidade à inclusão da pessoa com deficiência através de dispositivos digitais. Revista Direitos Fundamentais &
Democracia, v. 22, n. 3, p. 253-271, set./dez. 2017, p. 263. Disponível em: <
https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/984>. Acesso em 16 jan. 2020.
44
KAPITANGO-A-SAMBA, Kilwangy Kya. Tecnologia Assistiva como Direito na Convenção da ONU e no Estatuto Brasileiro
da Pessoa com Deficiência. In: MENEZES, Joyceane Bezerra de (Org.). Direito das Pessoas com Deficiência Psíquica e
Intelectual nas Relações Privadas: Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e Lei Brasileira de Inclusão.
2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Editora Processo, 2020, p. 986.
45
PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los Derechos Humanos como
herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 35.
192
46
Ibidem, p. 109.
47
ARAÚJO, Luiz Alberto David; SALDANHA, Paloma Mendes. Processo Judicial Eletrônico e o Estatuto da Pessoa com
Deficiência: novidades, ilegalidades e inconstitucionalidades. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 22, n. 1,
p. 80-101, jan./abr. 2017, p. 82. Disponível em:
<https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/850>. Acesso em 16 jan. 2020.
48
Ibidem, p. 88-89.
49
BRASIL. Lei nº 12.965/2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em 06 fev. 2020.
50
ARAÚJO, Luiz Alberto David; SALDANHA, Paloma Mendes. Op. cit., p. 81.
193
51
Ibidem, p. 85-86.
52
ARAÚJO, Luiz Alberto David; SALDANHA, Paloma Mendes. Processo Judicial Eletrônico e o Estatuto da Pessoa com
Deficiência: novidades, ilegalidades e inconstitucionalidades. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 22, n. 1,
p. 80-101, jan./abr. 2017, p. 90-91. Disponível em:
<https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/850>. Acesso em 16 jan. 2020.
53
MOURA, Ricardo Damasceno Moura; CONRADO, Mônica Prates. Diálogos Interculturais: variações do conceito de
diversidade à inclusão da pessoa com deficiência através de dispositivos digitais. Revista Direitos Fundamentais &
Democracia, v. 22, n. 3, p. 253-271, set./dez. 2017, p. 255. Disponível em: <
https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/984>. Acesso em 16 jan. 2020.
54
PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los Derechos Humanos como
herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 65.
194
55
FEMINELLA, Anna Paula; LOPES, Laís de Figueirêdo. Disposições Gerais/ Da igualdade e da não Discriminação e
Cadastro-inclusão. In: FAYAN, Regiane Alves Costa; SETUBAL, Joyce Marquezin (Orgs.). Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência – Comentada. Campinas: Fundação FEAC, 2016, p. 16-17.
56
Vide art. 1º da Lei nº 8.989/1995 (IPI), art. 72 da Lei nº 8.383/1991 (IOF) e art. 6º da Lei nº 7.713/1988 (IRPF).
57
MOURA, Ricardo Damasceno Moura; CONRADO, Mônica Prates. Op. cit., p. 259.
58
PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los Derechos Humanos como
herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 29.
59
SALES, Gabrielle Bezerra; SARLET, Ingo Wolfgang. A igualdade na Constituição Federal de 1988: um ensaio acerca do
sistema normativo brasileiro face à Convenção Internacional e à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei
13.146/2015). In: MENEZES, Joyceane Bezerra de (Org.). Direito das Pessoas com Deficiência Psíquica e Intelectual
nas Relações Privadas: Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e Lei Brasileira de Inclusão. 2. ed. rev. e
ampl. Rio de Janeiro: Editora Processo, 2020, p. 197.
60
Ibidem, p. 215.
61
PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. Op. cit., p. 118.
195
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
62
Ibidem, p. 89-90.
63
PALACIOS, Agustina; ROMAÑACH, Javier. El modelo de la diversidade: La Bioética y los Derechos Humanos como
herramientas para alcanzar la plena dignidad em la diversidad funcional. Madrid : Ediciones Diversitas-AIES, 2006, p. 96.
64
MOURA, Ricardo Damasceno Moura; CONRADO, Mônica Prates. Diálogos Interculturais: variações do conceito de
diversidade à inclusão da pessoa com deficiência através de dispositivos digitais. Revista Direitos Fundamentais &
Democracia, v. 22, n. 3, p. 253-271, set./dez. 2017, p. 259. Disponível em: <
https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/984>. Acesso em 16 jan. 2020.
196
REFERÊNCIAS
<http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php#autor>. Acesso em 31
out. 2017.
MAGRANI, Eduardo. A internet das coisas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
MAIA, Maurício. Novo Conceito de Pessoa com Deficiência e Proibição do
Retrocesso. Revista da AGU, ano XII, n. 37, p. 289-306, Brasília-DF, jul./set.
2013. Disponível em: <www.agu.gov.br/page/download/index/id/17265873>.
Acesso em: 13 set. 2017.
Tairini Passarini2
RESUMO: A democracia pode ser definida como um sistema político onde existe igualdade política
entre todos os cidadãos, de maneira que seja um mecanismo de tomada de decisão obrigatória de
todos os indivíduos. Para que as garantias da democracia sejam efetivadas, são necessárias as
instituições, garantindo o caráter transitório do poder político e a realização de princípios adotados
pela sociedade como meios para que seja atingido o estado de bem-estar social. O enfraquecimento
e desmoralização das instituições, assim como o conflito constitucional, são extremamente danosos
para a sociedade e a própria democracia, pelo o que deve ser garantida a solidez das instituições
para que seja extirpada essa visão deturpada muitas vezes criada pela sociedade onde as
instituições são colocadas como vilãs, quando em verdade garantem a democracia e a efetivação
dos direitos e bem-estar social.
ABSTRACT: Democracy can be defined as a political system where there is political equality among
all citizens, so that it is a compulsory decision-making mechanism for all individuals. For the
guarantees of democracy to be fulfilled, institutions are necessary, guaranteeing the transitory
character of political power and the realization of principles adopted by society as means to achieve
the welfare state. The weakening and demoralization of institutions, as well as constitutional conflict,
are extremely damaging to society and democracy itself, so the soundness of institutions must be
guaranteed to eradicate this often distorted view of society where institutions are posed as evil, when
in fact they guarantee democracy and the realization of rights and the welfare state.
1 INTRODUÇÃO
1
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências da disciplina Jurisdição Constitucional e Processo. Professor Dr.
William Pugliese. Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia. Mestrado Interinstitucional UNIBRASIL-UNIGUAÇU.
Novembro de 2019.
2
Graduada em Direito pela Unidade de Ensino Superior Vale do Iguaçu - UNIGUAÇU (2013). Mestranda em Direitos
Fundamentais e Democracia no programa de Mestrado Interinstitucional UNIBRASIL-UNIGUAÇU.
200
2 DEMOCRATIZAÇÃO E DEMOCRACIA
3
RODRIGUES, João Gaspar. Estado e democracia: a necessidade de um Estado controlável e de uma nova moral
democrática. Disponível em https://jgaspar2013.jusbrasil.com.br/artigos/265040885/estado-e-democracia-a-necessidade-
de-um-estado-controlavel-e-de-uma-nova-moral-democratica Acesso em 11 nov. 2019
4
DAHL. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
201
5
CABRAL NETO, Antônio. Democracia: velhas e novas controvérsias. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 2, n. 2, p. 287-
312, dez. 1997 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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6
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7
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8
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294X1997000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 11 nov. 2019.
202
Impende mencionar que a democracia direta não deve ser colocada como
uma alternativa à democracia representativa, mas sim como algo complementar,
sendo a articulação uma necessidade histórica, mas insuficiente se não sintonizada
com níveis razoáveis de democracia econômica e cultural9. Ainda, os mecanismos
de participação popular são reconstruídos com vistas a se adequarem à evolução
da sociedade em questão, visando reduzir as desigualdades sociais e atingir o
estado de bem-estar social.
Destaca-se:
Até o século XX, a maior parte do mundo proclamava a superioridade dos
sistemas não-democráticos, na teoria e na prática. Até bem pouco tempo,
uma preponderante maioria dos seres humanos - às vezes, todos - estava
sujeita a governantes não-democráticos. Os chefes dos regimes não-
democráticos em geral tentaram justificar seu domínio recorrendo à velha
exigência persistente de que, em geral, as pessoas simplesmente não
têm competência para participar do governo de um estado. Segundo esse
argumento, a maioria estaria bem melhor se deixasse o complicado
problema do governo nas mãos dos mais sábios - no máximo, a minoria,
às vezes apenas uma pessoa... Na prática, esse tipo de racionalização
nunca era suficiente, e, assim, onde a argumentação era deixada de lado,
a coerção assumia o controle. A maioria jamais consentia em ser
governada pelos auto nomeados superiores, era obrigada a aceitá-Ias.
Esse tipo de visão (e prática) ainda não terminou. Mesmo nos dias de
hoje. De uma forma ou de outra, a discussão sobre o governo "de um, de
poucos ou de muitos" ainda existe entre nós 10
9
CABRAL NETO, Antônio. Democracia: velhas e novas controvérsias. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 2, n. 2, p. 287-
312, dez. 1997 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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10
Dahl. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
11
Dahl. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
203
12
Dahl. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
13
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62762008000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000200005.
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204
17
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Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019.
18
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Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019.
19
MOISES, José Álvaro. Cultura política, instituições e democracia: lições da experiência brasileira. Rev. bras. Ci. Soc., São
Paulo , v. 23, n. 66, p. 11-43, Feb. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
69092008000100002&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092008000100002.
205
20
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(556 p.) : gráfs., mapas, tabs. (Série Eixos Estratégicos do Desenvolvimento Brasileiro ; Fortalecimento do Estado, das
Instituições e da Democracia ; Livro 9)
21
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22
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de-um-estado-controlavel-e-de-uma-nova-moral-democratica Acesso em 11 nov. 2019
23
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democrática. Disponível em https://jgaspar2013.jusbrasil.com.br/artigos/265040885/estado-e-democracia-a-necessidade-
de-um-estado-controlavel-e-de-uma-nova-moral-democratica Acesso em 11 nov. 2019
24
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de-um-estado-controlavel-e-de-uma-nova-moral-democratica Acesso em 11 nov. 2019
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25
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27
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Brasília. 2001
28
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel (2018). Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar.
29
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207
30
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Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019
31
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Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019
32
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Brasília. 2001
33
Dahl. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
208
34
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35
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel (2018). Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar.
36
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https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI278464,91041-Democracia+e+instituicoes+no+Brasil Acesso em 11 nov. 2019
37
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https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI278464,91041-Democracia+e+instituicoes+no+Brasil Acesso em 11 nov. 2019
38
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14, n. 2, p. 380-413, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
62762008000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000200005.
209
escolha dos governos, inclusive que eles próprios possam ser escolhidos, bem
como a exigência de responsividade contínua dos governos à preferência apontada
pelos indivíduos39. Nesse sentido:
39
Dahl. Robert A. Sobre a democracia / Robert A. Dahl: tradução de Beatriz Sidou. - Brasília : Editora Universidade de
Brasília. 2001
40
MOISÉS, José Alvaro. Cultura, Política, Instituições e Democracia. Lições da experiência brasileira. Revista Brasileira de
Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019.
41
MOISÉS, José Alvaro. Cultura, Política, Instituições e Democracia. Lições da experiência brasileira. Revista Brasileira de
Ciências Sociais – Vol. 23, nº 66. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v23n66/02.pdf. Acesso em 11 nov. 2019.
42
CABRAL NETO, Antônio. Democracia: velhas e novas controvérsias. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 2, n. 2, p. 287-
312, dez. 1997 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X1997000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 11 nov. 2019.
210
43
BAQUERO, Marcello. Democracia formal, cultura política informal e capital social no Brasil. Opin. Publica, Campinas , v.
14, n. 2, p. 380-413, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
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44
BAQUERO, Marcello. Democracia formal, cultura política informal e capital social no Brasil. Opin. Publica, Campinas , v.
14, n. 2, p. 380-413, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
62762008000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000200005.
211
Da análise feita até aqui, fica evidenciado que uma sociedade de massas
que preserva condicionantes histórico-estruturais deletérios para a
construção democrática pode, no máximo, aspirar e sustentar uma
democracia instável, na qual inexistem instituições sólidas, a maioria dos
cidadãos não está qualificada para agir num sentido protagônico na
política, o comportamento político se caracteriza por sua dimensão
emocional e subjetiva, os partidos não são vistos como entidades
realmente representativas das aspirações da população e os
representantes eleitos não são fiscalizados, portanto, geralmente não
prestam contas dos seus atos, caracterizando o que Burke (1942)
denominava de "mandato livre". Em democracias instáveis, predominam
traços clientelísticos, personalistas e patrimonialistas 46.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
45
BAQUERO, Marcello. Democracia formal, cultura política informal e capital social no Brasil. Opin. Publica, Campinas , v.
14, n. 2, p. 380-413, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
62762008000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000200005.
46
BAQUERO, Marcello. Democracia formal, cultura política informal e capital social no Brasil. Opin. Publica, Campinas , v.
14, n. 2, p. 380-413, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
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47
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel (2018). Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar
212
REFERÊNCIAS
RESUMO: A análise do direito a partir das leis emitidas pelo Estado é diferente da análise do direito
expressado no cotidiano das pessoas. Este hiato entre os dois direitos gera efeitos no processo
civil, que pode ser analisado nas principais manifestações do julgador, sendo elas a decisão liminar,
a sentença de mérito e o julgamento em grau de recurso. Nestes casos, quanto mais o julgador
tiver conhecimento acerca do direito vivo das ruas, mais justa tende a ser sua decisão. Na decisão
liminar, o juiz está diante de uma situação com cognição superficial, momento em que há grande
influência do direito vivo na manifestação do magistrado. Já na sentença, a cognição é exauriente,
mas a valoração das provas demanda que o julgador tenha conhecimento acerca do direito vivo.
Em grau recursal, diante de um julgamento tecnicamente mais objetivo e geograficamente distante
do local da instrução probatória, o direito vivo encontra-se bastante minguado. No entanto, é o
âmbito dos tribunais que o direito vivo se apresenta com outro objetivo, apresentando-se como
instrumento eficaz de colmatação das lacunas da lei e na interpretação da obscuridade da lei. O
estudo do aspecto fático-normativo do direito dentro da obra Fundamentos de Sociologia de Erhlich
são essenciais para a compreensão do direito vivo e sua aplicabilidade no processo civil como
instrumento efetivo de obtenção da pacificação social.
ABSTRACT: The analysis of the law from the laws issued by the State is different from the analysis
of the law expressed in people's daily lives. This gap between the two rights generates effects in the
civil process, which can be analyzed in the principal manifestations of the judge, being they the
preliminary decision, the judgment of merit and the judgment in degree of appeal. In these cases,
the more the judge has knowledge about the living law of the streets, the fairer his decision tends to
be. In the preliminary decision, the judge is faced with a situation with superficial cognition, at which
time there is great influence of living law in the manifestation of the magistrate. Already in the
sentence, cognition is full, but the evaluation of evidence demands that the judge have knowledge
about living law. At a appeal degree, before a judgment that is technically more objective and
geographically distant from the place of probationary instruction, the living law is very diminished.
However, it is in the ambient of the courts that the living law presents itself with another objective,
presenting itself as an effective instrument to fill the gaps of the law and in the interpretation of the
obscurity of the law. The study of the phatic-normative aspect of law within Erhlich's Fundamentals
of Sociology is essential for the understanding of living law and its applicability in the civil process
as an effective instrument for obtaining social peace.
INTRODUÇÃO
1
Mestrando no Programa Interinstitucional De Mestrado Em Direitos Fundamentais e Democracia – Minter 2018.
215
1 COGNIÇÃO PROCESSUAL
Muito mais que uma mera operação mental, a cognição é uma atividade de
internalização das questões colocadas no processo, a fim de que o Estado, na
figura do juiz, possa definir uma solução buscando a pacificação social.
2
WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo, p. 44.
3
WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo, p. 47.
217
4
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Tutela Antecipada, p. 74.
5
WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo, p. 75.
6
Ibidem, p. 94.
7
Ibidem, p. 111-112.
8
GONDINHO, André Osório. Técnicas de cognição e efetividade do processo, p. 103.
218
9 Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer
seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
10 Código de Processo Civil, art. 701, parágrafo 2.º: “Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não
apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.”
219
11
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; Curso de Processo Civil: processo de conhecimento, p.
250/252.
12
Montenegro Filho, Misael. Direito processual civil.
13
Montenegro Filho, Misael. Direito processual civil.
14
CPC, art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas
alegações.
221
que a esta modalidade de prova, quando requerida pelo autor, deve acompanhar
a petição inicial, enquanto a prova documental do réu deve acompanhar a
contestação.
A seu turno, a prova oral (depoimento das partes e oitiva de testemunhas) é
produzida em momento posterior, na presença do julgador, em uma audiência de
instrução de julgamento.
Estando a prova produzida, o juiz estará apto a julgar de acordo com os
elementos colhidos na instrução do feito, podendo complementar ou integrar as
provas com fatos notórios e máximas de experiência.
15
A Emenda Constitucional 45/04 foi chamada de Reforma do Judiciário, sendo a maior alteração no texto constitucional no
que se refere à estruturação do Poder Judiciário, criando o Conselho Nacional de Justiça e estabelecendo as bases da
súmula vinculante.
222
Neste sentido, em que pese a grande quantidade de críticas, vez que confere
ao magistrado o poder de julgar com base na experiência comum e na experiência
técnica, sem limitar ou indicar a forma como esta experiência pode ser
demonstrada, o art. 375 do Código de Processo Civil determina que “o juiz aplicará
as regras de experiência comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado,
quanto a estas, o exame pericial”.
Analisando a questão, Moacyr Amaral Santos ressalta que
“A prova prima facie terá, assim, a estrutura de uma presunção fundada
numa experiência da vida, vale dizer, de uma presunção calcada numa
norma da experiência. Mas, conquanto consista numa presunção, dela se
distingue, como se verá mais adiante. Será a prova extraída da
experiência da vida, à vista de um fato e do que comumente ocorre
segundo a ordem natural das coisas, e da qual lícito é o juiz utilizar-se
quando difícil se tornar o emprego dos meios probatórios normais.” 17
16
MAIA FILHO, Napoleão Nunes. As regras da experiência comum na formação da convicção do juiz, p. 59-75.
17
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial, vol. V, p. 451.
18
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil, p. 731.
223
19
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial, vol. V, p. 457.
20
COSECHEN, Daniele Michalowski; MALISKA, Marcos Augusto. O direito vivo das famílias contemporâneas na perspectiva
de Eugen Ehrlich, p. 239.
224
Czernowitz, sua cidade natal, onde também foi professor e reitor. No período que
viveu em Viena, durante a guerra, Ehrlich trabalhou para a publicação de uma
grande obra, que foi publicada em duas partes: A Investigação Judicial do Direito
com base em Preceitos Jurídicos e a Lógica Jurídica, contendo uma crítica à teoria
metodológica tradicional. Sua maior obra, Fundamentos da Sociologia do Direito,
foi publicada em 1913, na qual estabelece a investigação do direito vivo.21
A importância do trabalho de Maliska é notável, vez que resgata o
pensamento de Eugen Ehrlich, traçando desde as características pessoais do
jurista até a análise da sua obra, explicando a importância da Escola do Direito
Vivo e a sua aplicabilidade nas decisões do Supremo Tribunal Federal, tal como o
julgamento da ADI 4277 e ADPF 132, nas quais reconheceu-se a necessidade de
ampliação do conceito de entidade familiar, incluindo a união de pessoas do
mesmo sexo22, e a APDF 186, que tratou da constitucionalidade do sistema de
cotas para o ingresso de negros em universidades públicas23.
Conforme análise percuciente de Cosechen e Maliska acerca de famoso
debate entre Kelsen e Ehrlich, a distinção no pensamento dos juristas reside no
fato de que Kelsen, positivista, reduz o direito à norma jurídica estatal, ao direito
positivado na lei, enquanto Ehrlich entende que o direito não provém
necessariamente do Estado. Aliás, para Ehrlich, apenas uma pequena parte do
direito decorre do Estado. Para Ehrlich, o direito é um fenômeno social que tem
origem na comunidade já que a maior parte da vida jurídica se desenvolve longe o
Estado.24
Neste sentido, o pensamento de Ehrlich se aproxima do conceito de direito
social de Georges Gurvitch, para quem o direito tem o seu nascimento na
Sociedade e não no Estado, não necessitando sequer deste para a sua existência,
sendo possível inclusive a existência do direito sem qualquer ato do Estado.25
Ainda, de acordo com Maliska,
O direito vivo, em contraposição ao apenas direito vigente diante dos
tribunais e órgãos estatais, encontra-se na dinâmica da vida, nos desafios
que traz o desenvolvimento tecnológico, nas novas práticas que abrem
novos campos de trabalho ao jurista. Respondendo à indagação se o
direito vivo de um povo pode constar de um código, Ehrlich responde que
21
MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à sociologia do direito de Eugen Ehrlich.
22
Ibidem, p. 142.
23
Ibidem, p. 148.
24
COSECHEN, Daniele Michalowski; MALISKA, Marcos Augusto. O direito vivo das famílias contemporâneas na perspectiva
de Eugen Ehrlich, p. 239.
25
VIEIRA, Reginal do de Souza. Pluralismo jurídico clássico, p. 116.
225
Para Maliska, o conceito ehrlichiano de “direito vivo” propicia uma ponte com
o Direito Constitucional. No entanto, esse conceito que, em algum sentido, estaria
onde a lei não está, pois retrata a dinamicidade da vida em contraposição ao
caráter estático do direito legislado, necessita ser compreendido no quadro da
normatividade constitucional28.
Mais adiante, Maliska ressalta que o direito vivo ehrlichiano retrata as forças
da sociedade, demonstra a existência de uma estrutura democrática de poder
assentada sobre o princípio da liberdade29.
Para Cosechen e Maliska, o professor de Czernowitz sugere que a tarefa do
operador do Direito é o estudo dos hábitos das relações jurídicas, dos contratos,
dos estatutos, das declarações de última vontade, para extrair as regras do agir
que orientam as pessoas, o direito vivo, que é a base da ordem legal da sociedade
humana.30
Explicando o direito vivo, Ehrlich ressalta que o jurista forma as prescrições
jurídicas tendo em vista as necessidades práticas do momento, preocupando-se
apenas com o que lhe interessa por motivos práticos. Por uma questão de lógica,
o jurista não perderá tempo formulando prescrições jurídicas referentes a objetos
26
MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à sociologia do direito de Eugen Ehrlich, p. 121.
27
EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito, p. 378.
28
MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à sociologia do direito de Eugen Ehrlich, p. 138.
29
Ibidem, p. 141.
30
COSECHEN, Daniele Michalowski; MALISKA, Marcos Augusto. O direito vivo das famílias contemporâneas na perspectiva
de Eugen Ehrlich, p. 239.
226
que estão fora de seu campo de interesses, possivelmente porque não competem
ao julgamento ou porque não interessam à sua clientela.31
Maliska ressalta na obra de Ehrlich que a investigação do direito vivo não
pode ficar restrita ao estudo das decisões judiciais, porque elas fornecem um
quadro completo da vida jurídica. Apenas uma parte mínima do que acontece na
realidade é levada aos tribunais32. De acordo com o autor:
Ainda que o documento jurídico seja uma fonte importante para a
investigação do direito vivo, não se pode supervaloriza-lo imaginando que
todo o seu conteúdo seja portador e um testemunho do direito vivo. Direito
vivo no conteúdo de um documento é aquilo que as partes, na vida real,
de fato, observam e não o que os tribunais declaram como obrigatório
para o caso.33
31
EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito, p. 374.
32
MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à sociologia do direito de Eugen Ehrlich, p. 122.
33
Ibidem, p. 123.
34
COSECHEN, Daniele Michalowski; MALISKA, Marcos Augusto. O direito vivo das famílias contemporâneas na perspectiva
de Eugen Ehrlich, p. 239-240.
227
35
EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito, p. 377.
228
36
CPC, art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
229
37
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. I.
230
desabilitada não faça parte da próxima fase da licitação (uma vez que, denegada
a liminar, será de impossível implantação prática a eventual futura sentença de
procedência); b) do perigo de dano à vida ou à integridade física (que são os dois
bens mais relevantes para a ordem constitucional)38.
Mais adiante, o referido autor relata que:
“Decerto, as mais corriqueiras formas de tutela de urgência extremada
pura no dia-a-dia forense dizem respeito à saúde. Exemplos desse tipo
se encontram em grande quantidade nos repertórios de jurisprudência.
Comumente, nas ações ajuizadas em face das empresas de plano de
saúde, são proferidas decisões liminares ordenando a internação do
autor, o tratamento das enfermidades descritas na petição inicial ou a
realização de consultas e exames, não obstante haja cláusulas
contratuais de exclusão expressa da cobertura requerida. Não é difícil
imaginar que, em casos como esses, os juízes se sintam bastante
pressionados pelo drama que acomete o demandante e pelo tempo
restrito de que dispõem para decidir. Por conseguinte, não é raro que em
primeira instância essas medidas liminares sejam concedidas inaudita
altera parte, já que geralmente as petições iniciais narram situações de
tensão em que a vida do autor está por um fio. Ora, o bem jurídico aqui
ameaçado é a vida e lesões à vida não são reversíveis. Logo, o grau de
periculum in mora é máximo. Assim sendo, basta que o advogado –
minimamente versado em linguagem emotiva – coloque sobre o colo do
juiz a vida do seu cliente e curve o magistrado a um único raciocínio:
‘salve-se a vida; só após se discuta o direito’.” 39
O maior conhecimento acerca das práticas comuns com as empresas de
plano de saúde confere maior segurança ao magistrado – conhecedor do direito
vivo comum naquele âmbito – para a concessão da liminar.
Notório, portanto, que o direito vivo de Erhlich se manifesta em sua amplitude
máxima diante do pedido liminar do autor, especialmente quando a questão
demanda uma tutela de urgência extremada, em que o juiz precisa ter
conhecimento acerca das práticas efetivas que ocorrem nas relações da natureza
que se lhe apresenta o processo.
Esta experiência do magistrado, conhecedor das práticas efetivas, aplica-se
ainda que não se esteja diante de uma tutela de urgência extremada, visto que a
valoração da prova pré-constituída necessária para análise da probabilidade do
direito alegado pelo autor passa pelo filtro do direito vivo na forma proposta pela
Sociologia do Direito de Ehrlich.
38
FONSECA, Eduardo José da. O direito vivo das liminares, p. 66.
39
FONSECA, Eduardo José da. O direito vivo das liminares, p. 68-69.
231
40
Neste sentido umas das mais interessantes decisões do Superior Tribunal de Justiça, que analisou o contrato de vaca-
papel como instrumento de usura, em situação bastante comum na prática habitual: AGRAVO REGIMENTAL EM
RECURSO ESPECIAL. ARRENDAMENTO RURAL. "VACA-PAPEL". USURA. PRECEDENTES. DANOS MORAIS.
AFASTADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM À LUZ DOS ELEMENTOS FÁTICOS DA CAUSA. SÚMULA N.º 7/STJ.
COISA JULGADA E PRESCRIÇÃO. SÚMULA Nº 283/STF. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, é
possível a um dos contratantes buscar a anulação de contrato de parceria pecuária que, na verdade, representa, na
dicção do Tribunal de origem, um mútuo com cláusulas usurárias, comumente denominado "vaca-papel". 2. Para
prevalecer a pretensão em sentido contrário à conclusão do tribunal de origem quanto à inexistência de danos morais, mister
232
juntada de eventual contrato firmado pelas partes pode ser afastada na valoração
realizada pelo magistrado na sentença quando verificada a prática comum em
determinada região de simulação de negócio jurídico consistente em empréstimo
com juros usurários, necessitando que o juiz tenha conhecimento do direito vivo
consistente na prática do comércio, dos costumes e usos locais.
se faz a revisão do conjunto fático-probatório dos autos, o que, como já decidido, é inviabilizado, nesta instância superior,
pela Súmula nº 7 desta Corte. 3. A ausência de impugnação dos fundamentos do acórdão recorrido, mormente quanto à
prescrição e à coisa julgada, os quais são suficientes para mantê-lo, enseja o não conhecimento do recurso, incidindo o
enunciado da Súmula nº 283 do STF 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1326099/MS, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/09/2013, DJe 26/09/2013)
233
41
BUZAID, Alfredo. Uniformização da Jurisprudência, p. 190.
42
CF, art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei.
234
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Tutela Antecipada. 2.ª ed. São Paulo:
Oliveira Mendes, 1998.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito processual civil. 13 ed. São Paulo: Atlas,
2018 [edição eletrônica].
1
Nelinho Kukla
RESUMO: Trata-se o presente artigo de realizar uma pesquisa bibliográfica em torno da pessoa
jurídica e verificar até onde podemos responsabiliza-la, em quais momentos essa responsabilidade
é dada, e as polêmicas existentes entre a pessoa jurídica e a doutrina penal. Apesar de a muito
tempo existir a legislação que realiza a punição a pessoa jurídica, a pouco tempo se fala nas
responsabilidades penais por ela aplicada como meio de intervenção nos casos recentes vividos
em nosso país, levando em consideração os riscos e acidentes caracterizados por atividades
econômicas que temos em diversas áreas do setor, mostrando que ocorre a culpa do indivíduo a
frente de uma empresa, órgão ou instituição.
ABSTRACT: It is the present article to carry out a bibliographical research around the juridical
person and to verify to what extent we can hold it responsible, in what moments this responsibility is
given, and the controversies existing between the legal person and the criminal doctrine. Although
there is a long period of legislation that punishes a legal entity, it is only a short time that the criminal
responsibilities applied by it as a means of intervention in the recent cases in our country are taken
into account, taking into account the risks and accidents characterized by economic activities that
we have in several areas of the sector, showing that the individual is guilty in front of a company,
organ or institution.
Keywords: legal, penal, economic responsibility.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrando em Direitos Fundamentais e Democracia pelo Centro Universitário Autônomo Do Brasil – Unibrasil e Faculdades
Integradas Do Vale Do Iguaçu – Uniguaçu, programa interinstitucional de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia
– Minter. Pós Graduado em Gestão de Recursos Humanos pela Uniguaçu, graduado em Ciências Contábeis pela Faculdade
de União da Vitoria – FACE/UNIUV, inscrito com CRCPR 050194-O/6.
238
responsável pelo sucesso, ou fracasso, pela ação de boa fé ou pelo crime cometido
seja ele contra a ordem econômica ou tributária do país.
O presente artigo fará uma separação entre o que uma pessoa jurídica pode
responder em algumas esferas como a proposta do mesmo é trabalhar a esfera
criminal ou penal, porém muitos dos assuntos tratados dentro do nosso país no
ramo societário ou empresarial, não são direcionado ao direito penal, mas sim ao
administrativo. Assim buscaremos na história fatores que contribuíram para o
avanço do direito fazendo com que dentro da nossa Constituição Brasileira haja
fundamentos que em sua última alteração pudessem trazer benefícios e fazer com
que essas mudanças assegurassem o povo e o governo de ações de pessoas
físicas que por opção tornaram-se civilmente pessoas jurídicas e como a nova
constituição e o código penal auxiliaram na penalização de atos ilícitos,
principalmente quando escrevo sobre direito tributário e também direito ambiental,
o qual trouxe um exemplo de ações que ocorrem em nosso país e que o direito
penal pode intervir, quando tratamos do meio ambiente e de fatos acontecidos
recentemente, cito o exemplo do rompimento das barragens de Brumadinho o qual
afetou diretamente centenas de famílias, os quais perderam vidas, casas,
familiares, houve a poluição do meio ambiente e também atentou-se contra a vida,
desrespeitou o ser humano, tirou a igualdade das pessoas e que atingiu aspectos
culturais, econômicos, geográficos e que como o exemplo de Mariana a anos atrás
pouca coisa foi feita para reaver os danos perdidos.
Pouca informação ainda foi passada, poucas pessoas respondem pelos
diversos crimes cometidos e aqui uma provocação é feita. A culpa é da pessoa
jurídica? De uma pessoa física? Ou das duas já que uma responde pela outra após
ser civilmente concretizada a pessoa jurídica.
Assim usando autores e referências o objetivo final do trabalho é fazer com
que haja um pensamento e que se encaixe a informação por meio de expansão de
capacidade para realização de um trabalho rico em conhecimento.
Savigny, diz que uma pessoa jurídica sendo uma ficção, não tem vontade
própria e também é incapaz de realizar por si própria uma atividade ilícita, sendo
seus representantes capazes de tomar essas decisões e seus representantes
capazes de responder por ela, já que a mesma não tem existência real, sendo
assim a pessoa jurídica é incapaz de responder pelos atos da empresa, ora pois
suas decisões como acima mencionadas são tomadas pelos seus sócios. Assim
chegamos com esta teoria ao ponto que as infrações realizadas dentro de uma
empresa não são de vontade própria, logo ocasionadas por decisões de sócios e
diretores da empresa que tiveram motivos particulares para tomada de uma
decisão imprópria causando a pessoa jurídica danos que logo seriam de seu
comandado.
Comenta Sirvinskas a sobre teoria da ficção (2004, p.59):
Para a teoria da ficção, a pessoa jurídica não pode cometer delito, pois é
destituída de consciência e de vontade. Os delitos praticados pela pessoa
jurídica são de responsabilidade de seus dirigentes. São esses os
responsáveis pelos crimes praticados pelas pessoas jurídicas.
com o § 3.o do art. 225 da Lei Maior, que admite expressamente a sanção
penal da pessoa jurídica[3].
Reforçando essa idéia, LÚCIO RONALDO P. RIBEIRO menciona que o
"projeto da Constituição, já na Comissão de Sistematização, em
dezembro de 1987, não deixava dúvidas acerca da introdução da
responsabilidade criminal da pessoa jurídica no Brasil. 'In verbis': 'Art. 202
(correspondente do art. 173 parágrafo 5.o. da atual Constituição Federal)
5.o. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos integrantes da
pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade criminal desta,
sujeitando-a às penas compatíveis com sua natureza, nos crimes
praticados contra a ordem econômica e financeira e a economia
popular.'"[4].
Para essa corrente doutrinária, é perfeitamente possível responsabilizar
criminalmente a pessoa jurídica por ela ser uma realidade, que tem
vontade própria, nascida do encontro das vontades de seus membros.
Assim, para essa corrente, a vontade da pessoa jurídica é independente
da vontade dos integrantes que a compõem.
Conforme leciona, JOÃO MARCELLO DE ARAÚJO JÚNIOR: "as pessoas
jurídicas têm vontade e capacidade de agir. O argumento em contrário
não nos parece exato, pois, como afirma Tiedemann, a pessoa jurídica
age e reage por seus órgãos, cujas ações e omissões são consideradas
como da própria pessoa jurídica. As grandes corporações possuem, no
mundo dos negócios, uma vontade própria, que independe, muitas vezes,
da vontade de seus dirigentes"[5].
haja o recolhimento aos cofres públicos dos mesmos, havendo assim a receita dos
entes públicos para a manutenção de seu poder.
Ocorrem sanções pelo descumprimento legal de uma regra dentro do direito
público ou privado, isso dependendo da ilegalidade do ato ou fato ocorrido dentro
da empresa e da ilicitude do ato que pode ser dependente da relevância ou
condição do infrator, sendo considerado os motivos que levaram ele a cometer a
infração, sendo aqui de grande relevância a pena adequada para a infração
levando em consideração o conceito de justiça.
Ao passo que a justiça leva em consideração os motivos que levaram a
pessoa a cometer a infração, o que pode ser de forma involuntária e decorrente
disso adequar essa pena pela gravidade da infração, citamos Amartya Senn que
“A ideia de Justiça” diz em sua obra:
A necessidade de uma teoria da justiça está relacionada com a disciplina
de argumentar racionalmente sobre um assunto do qual, como observou
Burke, é muito difícil falar.
Afirma-se às vezes que a justiça não diz respeito à argumentação
racional; que se trata de ser adequadamente sensível e ter o faro certo
para a injustiça. É fácil ficar tentado a pensar nessa linha. Quando
deparamos, por exemplo, com uma alastrada fome coletiva, parece
natural protestar em vez de raciocinar de forma elaborada sobre a justiça
e a injustiça. Contudo, uma calamidade seria um caso de injustiça apenas
se pudesse ter sido evitada, em especial se aqueles que poderiam ter
agido para tentar evitá-la deixaram de fazê-lo. Qualquer que seja o
raciocínio argumentativo, ele só pode intervir partindo da observação de
uma tragédia e chegando ao diagnóstico da injustiça. Além disso, casos
de injustiça podem ser muito mais complexos e sutis que a estimação de
uma calamidade observável. Poderia haver diferentes argumentos
sugerindo diversas conclusões, e as avaliações sobre injustiças podem
não ser nada óbvias.
jurídica e muito além disso, compromete e penaliza todos os outros sócios de uma
empresa.
Assim se uma pessoa em meio a adversidade acaba cometendo uma
irregularidade não só a pessoa jurídica é afetada, mas sim o infrator e todos os
outros membros desta sociedade podem responder civil e criminalmente por um
ato falho do que o praticou.
O direito penal tutela um conjunto de valores e tem seu código próprio, desta
forma podemos considerar que dentro do vocábulo pena, é foi apropriado a um
conjuntos de irregularidades cometidas por pessoas com ligação criminal ou ilícita
e também as contravenções penais.
Por muitas vezes é descrito como Direito Tributário Penal, mas em situações
acadêmicas, pois as infrações ocorridas dentro de uma empresa para com outrem
são consideradas e tratadas pelo direito Administrativo, que classifica como ilícito
administrativo as infrações cometidas, onde são castigados com a aplicação de
sansões ou multas fazendo mediante a procedimentos administrativos realizados
em decorrência da infração. Segundo Maliska em sua citação, diz:
(...) é o problema fundamental a que o Contrato Social dá a solução”.60
Rousseau distingue a liberdade natural da liberdade civil.61 Com o
Contrato Social o homem perde a liberdade natural, mas ganha a
liberdade civil. A primeira é a “que tem por limites as forças do indivíduo”,
a liberdade civil é a “que é limitada pela vontade geral”.62 O Contrato
Social de Rousseau não é um contrato, senão uma tentativa, com o auxílio
de antigas palavras, de esclarecer uma nova descoberta da ideia de
Estado, na qual o sentido, que significa vontade livre, é por si próprio
definido e próprio realizado nos Estados, isto é a volonté générale.63
jurídicas somente serão culpadas quando ocorrer o fato de ter alguém que pode
ser um sócio ou administrador que realize o ato criminal em seu interesse ou da
sua entidade. Independente se a pessoa física seja sócio ou empregado da pessoa
jurídica, somente poderá recair a culpa quando inexistir provas a aquele que
Mais uma vez nota-se que mesmo contra a ordem pública a pessoa jurídica
é a afetada por atos acontecidos contra o setor público no qual uma pessoa física
251
está por traz das ações tomadas em benefícios próprios ou de outrem, porém não
exime do seu proprietário a culpa pelo dolo, mas sim o responsabiliza pelos atos e
fatos acontecidos. As penas vem de acordo com a culpabilidade e também pela
responsabilidade de coibir os crimes contra a administração pública. Porém o
mesmo problema ocorre com a Lei 9.605/1998 onde não se faz uma vinculação
para cada tipo penal.
Segundo Kelsen, definir o Estado como Estado de Direito é um
pleonasmo. No entanto, sob a ótica da questão da democracia e da
segurança jurídica, o Estado de Direito é uma relativa ordem jurídica
centralizada, da qual a administração e a jurisprudência seguem por meio
de leis, isto é, um conjunto de normais gerais, a qual se forma por um
parlamento eleito pelo voto popular e encontra na cúpula do governo o
Chefe de Estado, os membros do governo são responsáveis pelos seus
atos, os tribunais são independentes e são garantidos os direitos de
liberdade dos cidadãos, em especial o de pensamento e consciência e da
liberdade de expressão.207
Para Kelsen o que ocorre nos dias de hoje já era preocupação desde a sua
escrita em Estado e Direito que fala sobre o Estado e várias formas de o ver, como
sociedade, onde ele diz que o estado se revela a partir do momento em que ele
pode ser discutido sobre um ponto de vista jurídico e não político, complementa
Kelsen em seu texto citado por Maliska que:
O Estado, então, é tomado em consideração apenas como um fenômeno
jurídico, como uma pessoa jurídica, ou seja, como uma corporação”
Para Kelsen definido o Estado como uma corporação, surge a questão de
como diferenciá-lo de outras corporações. Segundo ele, a diferença deve
ser encontrada na ordem normativa que constitui a corporação do Estado.
O Estado é a comunidade criada por uma ordem jurídica nacional (em
contraposição a uma internacional).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
DOTTI, René Ariel. Bases Alternativas para o Sistema de Penas. 2.º edição São
Paulo, 1998.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil:
responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva. 2009, v.3.
______ .https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/352/O-fundamento-
constitucional-da-responsabilidade-penal-da-pessoa-juridica. Acesso em
04/03/2019.
_______.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D847.htm.
Acesso em 06/03/2019.
_______.http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/
doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.961.1
0.PDF, acesso em 06/03/2019.
SENN, Amartya. A ideia de Justiça. Editora Le Livros, traduzido por Bottmann
Denise e Mendes Ricardo, p. 26.
RESUMEN: Los recursos informáticos, aunque facilitan las actividades cotidianas, han generado
controversias en el entorno laboral, ya que algunos empleados utilizan Internet, las redes sociales
y el correo electrónico no solo con fines profesionales, sino también con fines privados. Para
protegerse del mal uso, el empleador establece, en el contrato de trabajo o en las regulaciones
internas, reglas que definen y limitan el uso, la posibilidad de monitoreo e incluso sanciones en caso
de incumplimiento de las reglas. El desempeño en este sentido puede dañar los derechos de los
empleados, incluidos los fundamentales. La tendencia verificada en la doctrina y en la jurisprudencia
es permitir restricciones e incluso el monitoreo del uso de los recursos informáticos disponibles, el
acceso a las redes sociales, siempre que se realice con reglas y respetando el principio de
proporcionalidad y razonabilidad, para que tal Los recursos se utilizan en el lugar de trabajo con
fines exclusivamente profesionales.
1 INTRODUÇÃO
1
Artigo apresentado para obtenção de nota parcial na disciplina Direito e Tecnologia, ministrada pelo professor Dr. Marco
Antonio Lima Berberi.
2
Mestrando no Programa de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia pelo Centro Universitário Vale do Iguaçu –
Uniguaçu e Centro Universitário Autônomo do Brasil – Unibrasil.
3
Rede remota internacional de ampla área geográfica que proporciona transferência de arquivos e dados, juntamente com
funções de correio eletrônico para milhões de usuários ao redor do mundo; net, rede, web. In: HOUAISS, Antonio; VILLAR,
Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/ acesso em 15 fev.
2020.
4
1 Sistema de intercâmbio de mensagens entre computadores ligados em rede. 2 por ext Mensagem enviada e recebida na
forma digital. [...]. In: HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível
em http://michaelis.uol.com.br/ acesso em 15 fev. 2020.
5
Para efeito deste trabalho considerar-se-ão recursos da informática: a internet, especialmente redes sociais, o e-mail
pessoal ou particular e o e-mail profissional ou corporativo.
256
6
Pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de forma a ter uma percepção ou conclusão geral.
7
Refere-se a investigar, estudar os conceitos, interpretar para concluir. Induz a pessoa a aprender no desenvolver da
apresentação tema.
8
Retiram-se as categorias do texto e montam-se novamente as categorias.
258
9
SARLET, Ingo W. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva
constitucional. 12. Ed. rev. Atual. e ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. p. 29-30
10
SARLET, Ingo W. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva
constitucional. 12. Ed. rev. Atual. e ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. p. 29-30.
259
11
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Eletrônico. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2007. p. 65
12
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br> acesso em 15 fev. 2020. p. 2
13
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br> acesso em 15 fev. 2020. p. 2
14 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. 13. ed. rev. e atual. São Paulo : Saraiva Educação, 2018. p. 391
15
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 425
260
2.2.2 PRIVACIDADE
16
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br> acesso em 15 fev. 2020. p. 3
17
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 453
18
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br> acesso em 15 fev. 2020. p. 3
261
19
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 458
20
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Eletrônico. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2007. p. 65
21
BRASIL. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 – DUDH. Disponível em
http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem.pdf acesso em 15
fev. 2020. p. 2
22
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais: Uma Teoria Geral dos Direitos Fundamentais na
Perspectiva Constitucional. 12. Ed. rev. Atual. e ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. p. 362
23
CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalTvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Joao_Trindadade__Teoria_Geral_dos_di
reitos_fundamentais.pdf. Acesso em: 15 fev. 2020. p. 6
262
24
SCHAFER, Jairo Gilberto. Restrições a Direitos Fundamentais. Florianópolis. 2000. Disponível em
https://core.ac.uk/download/pdf/30360194.pdf acesso em 15 fev. 2020. p. 84.
25
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Eletrônico. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2007. p. 65
263
26
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. rev. e atual. São
Paulo : Saraiva Educação, 2018. p. 400
27
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. rev. e atual. São
Paulo : Saraiva Educação, 2018. p. 402
28
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Eletrônico. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2007. p. 76
29
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. rev. e atual. São
Paulo : Saraiva Educação, 2018. p. 419
264
30
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 459
31
BRASIL. Lei Complementar nº 75 de 20 de maio de 1993 que dispõe sobre o organização, as atribuições e o estatuto do
Ministério Público da União. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br> Acesso em 15 fev. 2020. p. 2
265
32
MACIEL, José Alberto Couto. Desemprego ou Supérfluo? Globalização. São Paulo: LTr, 1998. p. 74
33
GONÇALVES, Rogério Magnus Varela. Direito Constitucional do Trabalho – Aspectos controversos da
automatização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 171
34
SÜSSEKIND; Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr,
2000. p. 211
35
GONÇALVES, Rogério Magnus Varela. Direito Constitucional do Trabalho – Aspectos controversos da
automatização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 167
36
ROCHA, Marcelo Oliveira. Direito do Trabalho e Internet. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005. p. 61
266
37
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Decreto-Lei nº 5.452 de 01 de maio de 1943. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br> acesso em 16 fev. 2020. p. 66
38
CUEVA, De La. Derecho Mexicano Del Trabajo. 1949. vol. 1. p. 945. Apud: SÜSSEKIND; TEIXEIRA FILHO, 2000, p.
253
39
SÜSSEKIND; Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr,
2000. p. 253
267
[...]
40
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo : LTr, 2019. p. 762-763
41
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo : LTr, 2019. p. 763
42 GONÇALVES, Emílio. Contrato de trabalho e o poder disciplinar do empregador. In:
Revista da Academia Nacional de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, a. II, n. 2, 1994. p. 21-30
268
Octavio Bueno Magano explica que o poder hierárquico, ou poder diretivo lato
sensu, subdivide-se em poder diretivo stricto sensu, poder regulamentar e poder
disciplinar. O poder diretivo stricto sensu consiste na faculdade de ditar ordens e
instruções; o poder regulamentar corresponde à faculdade de legislar no âmbito da
empresa, consubstanciando-se na expedição de ordens genéricas, notadamente o
regulamento de empresa; o poder disciplinar traduz-se na faculdade de impor
sanções aos trabalhadores.44
43
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 21. ed. São Paulo: LTr, 1994, p. 184
44
MAGANO, Octávio Bueno. Manual de direito individual do trabalho. 1992. 3. ed., v. II, p. 207
45
SÜSSEKIND; Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr,
2000. p. 170
46
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo : LTr, 2019. p. 201
269
que não são absolutos, passando pelos limites da autonomia individual no contrato
de trabalho, do poder de direção do empregado e do regulamento de empresa,
chega-se no capítulo final para melhor entendimento da possibilidade de uso e da
limitação de uso dos recursos da informática no local de trabalho.
47 MELO, Bruno Herrlein Correia de. Aspectos jurídicos da fiscalização do correio eletrônico no ambiente de trabalho.
Teresina, ano 10, n. 973, 1 mar. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2020. p. 1
48
BERTOLDI, Marlí Stenger. Consequências pelo uso inadequado da internet no ambiente de trabalho. Disponível em
<https://phmp.com.br/artigos/consequencias-pelo-uso-inadequado-da-internet-no-ambiente-de-trabalho/>. Acesso em: 17
fev. 2020. p.1
49
Local de postagem das páginas da internet
50
ROCHA, Marcelo Oliveira. Direito do Trabalho e Internet. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005. p. 169
51 MEDEIROS, Maria Magdalena Fernandes de. Direito à privacidade e informática na relação de emprego. 22 nov.
2007. Disponível em: <http://www.oabpb.org.br>. p. 1
271
52
ROCHA, Marcelo Oliveira. Direito do Trabalho e Internet. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005. p. 170
53
ROCHA, Marcelo Oliveira. Direito do Trabalho e Internet. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005. p. 170
54
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Eletrônico. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2007. p. 92
55
PAIVA, Mário Antônio Lobato de. O monitoramento do correio eletrônico no ambiente de trabalho. Teresina, ano 7,
n. 60, nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br>. p. 11-12
56
PAIVA, Mário Antônio Lobato de. O monitoramento do correio eletrônico no ambiente de trabalho. Teresina, ano 7,
n. 60, nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br>. p. 12
272
57
MENDONÇA, Giovane. Internet no local de trabalho. Pode o empregador fiscalizar e aplicar penalidades pelo uso
indevido? Disponível em <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10221>. Acesso em: 17 fev. 2020. p.1
58
PAIVA, Mário Antônio Lobato de. O monitoramento do correio eletrônico no ambiente de trabalho. Teresina, ano 7,
n. 60, nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br>. p. 9
273
59
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR: 613002320005100013 61300-23.2000.5.10.0013, Relator: João Oreste
Dalazen, Data de Julgamento: 18/05/2005, 1ª Turma,, Data de Publicação: DJ 10/06/2005. Disponível em www.tst.jus.br
acesso em 16 fev. 2020. p.1
274
60
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR - 447-94.2011.5.04.00245ª Turma, Relator: Ministro Emmanoel Pereira,
28.08.15. Disponível em www.tst.jus.br acesso em 16 fev. 2020. p.1
61
SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. Ac. 3ª T. Proc. RO 0000852-84.2011.5.12.0032.
Maioria, 20.03.12. Rel.: Juíza Maria de Lourdes Leiria. Disp. TRT-SC/DOE 30.03.12. Data de Publ. 02.04.12. disponível em
www.trt12.jus.br. Acesso em 17 fev. 2020. p. 1
275
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
276
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo :
LTr, 2019.
ROCHA, Marcelo Oliveira. Direito do Trabalho e Internet. São Paulo: Liv. e Ed.
Universitária de Direito, 2005..
SARLET, Ingo W. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 12. Ed. rev. Atual. e ampl. –
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.
RESUMO: Com a finalidade de conhecer o fenômeno do populismo penal, este artigo utilizou-se da
pesquisa bibliográfica como procedimento técnico, valendo-se do método dedutivo e indutivo.
Assim, apresentou-se, em linhas gerais, o conceito do populismo penal, a sua origem, a sua
ineficácia com forma de reduzir a criminalidade e às suas consequências nefasta no Estado
Democrático de Direito. Portanto, diante da crescente criminalidade surge o discurso populista, o
qual remonta da política caracterizado por um discurso sedutor e manipulador de massas,
perpetrado por um líder carismático, que apresenta propostas rápida e “milagrosas” para combater
o crime, sem qualquer cientificidade e reflexão. É uma política penal alicerçada, no hiperpunitivismo
penal e redução das garantias e dos direitos fundamentais, bem como o exagerado encarceramento
seletivo.Contudo, nas últimas três décadas a ineficácia dessa política criminal política penal restou
demonstrada, pois não surtiu o efeito desejado, pelo contrário, houve o aumento considerável de
delitos. A comoção social e a sensação do pânico generalizado, provocado pela imprensa, que
diariamente promove a divulgação sensacionalista dos casos penais, tornam-se o elemento
propulsor do populismo penal. Os órgãos de persecução penal, com a finalidade de dar uma
resposta rápida e eficiente para a sociedade na redução e combate à criminalidade, passam a
promover a “justiça penal” dentro de um processo penal sumário a margem da lei, ou seja, uma
justiça a qualquer preço sem os direitos e as garantias fundamentais.
INTRODUÇÃO
1
Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (PPGD) do Centro Universitário Autônomo do Brasil -
UniBrasil/MINTER - Uniguaçu/PR.
280
1 POPULISMO PENAL
2
GOMES, Luiz Flávio; ALMEIDA, Débora de Souza. Populismo Penal Midiático – Caso Mensalão, mídia disruptiva e direito
penal crítico. São Paulo/SP: Saraiva, 2014. p 16.
3
ROBERTS, J. V. et al. Penal PopulismandPublicOpinion: LessonsForm Five Countries. New York: Oxford University Press,
2003 p.65).
4
GOMES, Luiz Flávio; ALMEIDA, Débora de Souza. Populismo Penal Midiático – Caso Mensalão, mídia disruptiva e direito
penal crítico. São Paulo/SP: Saraiva, 2014. p28.
281
5
GEBIN, Marcus Paulo. CORRUPÇÃO, PÂNICO MORAL E POPULISMO PENAL, estudo qualitativo dos Projetos de Lei
propostos no Senado Federal e na Câmara dos Deputados entre os anos de 2002 e 2012. Dissertação de mestrado
apresentada à Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Direito e Desenvolvimento. 2014. p.71.
6
GOMES, Luiz Flávio; ALMEIDA, Débora de Souza. Populismo Penal Midiático – Caso Mensalão, mídia disruptiva e direito
penal crítico. São Paulo/SP: Saraiva, 2014. p29.
7
Roberts et al, 2003, p. 20
8
GAZOTO, L. W. Justificativas do Congresso Nacional Brasileiro ao rigor penal
legislativo. 2010. Tese de Doutorado – Departamento de Sociologia/ UnB, Brasília/DF, 2010. p. 285
282
9
GOMES, Luiz Flávio; ALMEIDA, Débora de Souza. Populismo Penal Midiático – Caso Mensalão, mídia disruptiva e direito
penal crítico. São Paulo/SP: Saraiva, 2014. p104.
10BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio De Janeiro: Zahar, 1999.
11
IPEA. Instituto de pesquisa e econômica aplicada. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34784&Itemid=432. Acesso em 10-10-2019.
283
12
DWORKIN, Ronald. O Império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2017, p. 03.
13
SHECAIRA, Sérgio Salomão. A criminalidade e os meios de comunicação de massa. Revista Brasileira de
Ciências Criminais nº 10, São Paulo: RT, abr/jun.1995. p. 135
14
RAHAL, Flávia. Mídia e Direito Penal. 13º Seminário Internacional de
Ciências Criminais. São Paulo: DVD, 2007.
15
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 77.
284
19
FIOCRUZ. Fundação Osvaldo Cruz. https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-o-consumo-de-drogas-
no-brasil. Acesso em 08 de out. 2019.
20
CLARA VELASCO, R. D. (03 de 02 de 2017). Globo.com. Fonte: G1 política: Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/um-em-cada-tres-presos-do-pais-responde-por-trafico-de-drogas.ghtml. Acesso em 10
de out. 2019.
286
gerando uma grande comoção social. A escrita Gloria Perez, mãe da vítima,
desencadeou uma campanha nacional visando uma mudança na lei de crimes
hediondos, buscando endurecimento da lei. O legislador atendendo o clamor
público aprovou a lei 8.930/90 para incluir o homicídio qualificado como crime
hediondo.
Seguindo neste raciocínio, tem-se no ano de 1.998, o caso amplamente
divulgado na mídia do medicamento anticoncepcional Microvlar 21, o qual continha
farinha em sua composição, gerando a gravidez indesejadas de diversas mulheres.
Assim, mais uma vez veio a rápida resposta do legislador, que motivado pela
pressão da mídia, imediatamente editou a lei 9.677/98, para tratar delito de
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais, sancionado tal conduta com pena mínima de dez anos
de reclusão, ou seja, a pena é quase o dobro da pena do homicídio simples.
Portanto, neste afã do Poder Estatal (legislativo) em dar uma resposta célere à
população, sem a devida reflexão e analise, ao editar a norma penal fulminou com
o princípio da proporcionalidade da pena.
No ano de 2.003, foi aprovada a lei 10.792 que alterou a Lei de Execuções
Penais e o Código de Processo Penal no país criando o RDD (Regime diferenciado
disciplinar), para presos que integram facções criminosas atuantes em presídios,
visando impedir que de dentro dos presídios líderes das organizações criminosas
possam comandar ações externas.
A edição da lei 13.142/15, que trouxe alterações no Código Penal, prevendo
uma nova forma de qualificação do delito de homicídio, bem como uma causa de
aumento de pena do crime de lesão corporal quando estes crimes forem
praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, foi mais uma resposta simplória para a crescente violência sofrida pelos
agentes de segurança pública no Brasil.
21Em 22 de junho de 1998, o Ministério da Saúde determinou a retirada do mercado do anticoncepcional Microvlar,
do laboratório Schering do Brasil. Também ordenou a paralisação da produção e, posteriormente, interditou a fábrica. A
medida foi tomada após ter sido revelado que chegaram ao mercado pílulas feitas com farinha e serem registrados
casos de gravidez indesejada de consumidoras.
287
22
BRASIL. Câmara dos Deputados. Justificativa ao Projeto de Lei 230/14, que deu origem à Lei
13.497/17.https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1474092&filename=PRL+1+CSPCCO
+%3D%3E+PL+3376/2015. Acesso em 03 de out. 2019.
23
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 37.
288
24
Rebelo, Fabrício. Após o Estatuto do Desarmamento, homicídios com uso de arma de fogo são os que mais
crescem. https://jus.com.br/artigos/45124/apos-o-estatuto-do-desarmamento-homicidios-com-uso-de-arma-de-
fogo-sao-os-que-mais-crescem. Acesso em 11 de out. 2019.
25
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo. Edipro, 2015.
26
GOMES, Luiz Flávio. JusBraisl.Populismo penal e inflação legislativa. Disponível em:
https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121930381/populismo-penal-e-inflacao-legislativa. Acesso em 10∕11∕2019.
27
SICA, Leonardo. Direito Penal de emergência e alternativas à prisão, 1 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.
77.
28PRAZERES, José de Ribamar Sanches. O Direito Penal Simbólico Brasileiro. Disponível em: <
http://persephone.mp.ma.gov.br/site/ArquivoServlet?nome=Noticia86A56.doc>. Acesso em:
11∕11∕2019.
289
29
SOARES. Fernanda Trajano de Cristo. O mito da segurança através do direito penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2.019,
p. 71.
30
SÁNCHES, Jesus Maria Silva. A expansão do direito penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 61.
31
SOARES. Fernanda Trajano de Cristo. O mito da segurança através do direito penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2.019,
p. 68-69.
32
BIANCHINI, Alice. Pressupostos materiais mínimos da tutela penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 28-
29.
290
homicídios (9,6 mortes para cada 100 mil habitantes em 1979, contra 27,3, em
2011).33
Ainda nesta esteira, estatísticas recentes revelaram que os nossos presídios
possuem 812.564 presos, segundo o Banco de Monitoramento de Prisões, do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Os dados mostram que, do total da população carcerária,
41,5% (337.126) são presos provisórios – pessoas ainda não condenadas. E que há em
todo o país 366,5 mil mandados de prisão pendentes de cumprimento, dos quais a grande
maioria (94%) de procurados pela Justiça34.
O sistema carcerário, infelizmente, não reeduca e não recupera o condenando,
reflete uma dura realidade, conforme observa-se nas palavras do ministro Marco Aurélio
de Mello, STF35:
Segundo relatórios do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, os presídios
não possuem instalações adequadas à existência humana. Estruturas
hidráulicas, sanitárias e elétricas precárias e celas imundas, sem
iluminação e ventilação representam perigo constante e risco à saúde,
ante a exposição a agentes causadores de infecções diversas. As áreas
de banho de sol dividem o espaço com esgotos abertos, nos quais
escorrem urina e fezes. Os presos não têm acesso a água, para banho e
hidratação, ou a alimentação de mínima qualidade, que, muitas vezes,
chega a eles azeda ou estragada. Em alguns casos, comem com as mãos
ou em sacos plásticos. Também não recebem material de higiene básica,
como papel higiênico ou escova de dentes […] Além da falta de acesso
ao trabalho, educação ou qualquer outra forma de ocupação do tempo,
os presos convivem com as barbáries promovidas entre si. São
constantes os massacres, homicídios, violências sexuais, decapitação,
estripação e esquartejamento.
33
GOMES, Luiz Flávio; ALMEIDA, Débora de Souza. Populismo Penal Midiático – Caso Mensalão, mídia disruptiva e direito
penal crítico. São Paulo/SP: Saraiva, 2014.p.105.
34
Barbiéri. Luiz Felipe. (17 de 07 de 2019). Fonte: G1 política: Disponível
em:https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-mil-presos-no-pais-415percent-nao-tem-
condenacao.ghtml. Acesso em 11 de out. 2019.
35
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental 347. Relator Ministro Marco Aurélio. Plenário. Decisão em 09 set. 2015. DJe 09 set. 2015.
Brasília, 2015. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10300665>. Acesso em: 27out.
2019.
291
ordenou, o sentimento de cólera contra tudo é latente, não pensa mais no delito
que cometeu e sim contra as injustiças em que foi submetido36.
Outra consequência que se pode atribuir ao discurso do populismo penal é
o aumento de policiais no legislativo brasileiro. No Congresso Nacional o número
de policiais e militares eleitos pulou de 18 para 73 na comparação dos resultados das
eleições de 2014 e 2018, segundo levantamento do G1notícias37, com base nos dados
do TSE, reforçando assim, a chamada “bancada da bala” no Congresso Nacional.
No Paraná não foi diferente do resto do país. Nove das 54 vagas do
legislativo paranaense serão preenchidas por integrantes das forças de segurança,
a chamada “bancada da bala”, o que representa 17% do legislativo estadual. O
PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, elegeu o maior número, mas há
eleitos do PV, PR, PROS, PPL e PSD.38
No cenário nacional, destaca-se o senador Major Olímpio, representante do
Estado de São Paulo, o qual encabeça o movimento pela redução da maioridade
penal, pugna pelo fim da saída temporária de presos condenados, e por fim, pode-
se dizer que foi um dos parlamentares mais atuantes para aprovação do PL 846-
2015, o qual foi convertido na lei 13.142/15, que aumentou a pena dos crimes
homicídios contra agentes de segurança.
Outro corolário do populismo penal é o surgimento da figura do jornalista
“justiceiro”, personagem que avoca para si às funções de investigar, acusar e julgar
os fatos delituosos, funcionando com um verdadeiro “poder paralelo” ao Estado,
notadamente, quanto as funções da persecução penal. Nesta processo midiático e
populista, o jornalista não age com “um terceiro imparcial (como um juiz clássico),
mas toma parte no debate, expõe seu ponto de vista, assume sua posição”.39
Esse comportamento da mídia foi denominado de Trialby media, consistindo
em última análise como o julgamento antecipado da causa, realizado pela
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
40Apud PALMA, Marcio Gestteira. Os tribunais da mídia. São Paulo: Boletim do IBCCRIM,
jan. 2006.
41
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo/SP. Editora Saraiva. 10ª edição, p. 230
42
GAZOTO, L. W. Justificativas do Congresso Nacional Brasileiro ao rigor penal
legislativo. 2010. Tese de Doutorado – Departamento de Sociologia/ UnB, Brasília/DF, 2010. p. 296.
43
GAZOTO, L. W. Justificativas do Congresso Nacional Brasileiro ao rigor penal
legislativo. 2010. Tese de Doutorado – Departamento de Sociologia/ UnB, Brasília/DF, 2010. p. 297.
293
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo. Edipro, 2015.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Justificativa ao Projeto de Lei 230/14, que deu
origem à Lei 13.497/17. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=147409
2&filename=PRL+1+CSPCCO+%3D%3E+PL+3376/2015. Acesso em 09 de out.
2019.
Plenário. Decisão em 09 set. 2015. DJe 09 set. 2015. Brasília, 2015. Disponível
em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10300665>.
Acesso em: 27out. 2019.
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo/SP. Editora Saraiva. 10ª
edição.
ROBERTS, J. V. et al. Penal Populism and Public Opinion: Lessons Form Five
Countries. New York: Oxford University Press, 2003.
296
SÁNCHES, Jesus Maria Silva. A expansão do direito penal. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2002, p. 61.
ABSTRACT:Decisions given in the Supremo Tribunal Federal have revealed the complexity
surrounding the interpretation of the principle of presumption of innocence in our legal system, and
in certain periods the court is in favor of its mitigation, to allow the provisional execution of the
sentence, and in others it is impossible to impute guilt before res judicata. The recent judgment of
the Ações Diretas de Constitucionalidade of numbers 43, 44 and 54 has established a tight quorum
that Article 283 of the Code of Criminal Procedure, which authorizes arrest only after res judicata, is
constitutional, and Consequently, the provisional execution of the sentence is incompatible. During
the casting vote, the president of the Supremo Tribunal Federal suggested that Parliament may
amend the legal provision to provide for provisional execution in the event of arrest before the final
judgment. Based on this justification, several bills have been proposed in the Câmara dos Deputados
to amend the Code of Criminal Procedure to establish, mostly, as a framework for the
commencement of the sentence, the confirmation of a conviction by a collegiate court. However, a
new wording of Article 283 in this sense may prolong the impasse over the constitutionality of
provisional enforcement, given the arguments currently tabled by ministers unfavorable to this thesis.
Thus, considering the theory of law as integrity and the method of moral reading of Dworkin's
Constitution, this article aims to propose reflections on the construction of a correct decision for the
aforementioned problem of interpretation concerning the presumption of innocence.
1 INTRODUÇÃO
do Código de Processo Penal, no entanto, afirmou que não via problema nenhum
em o Congresso Nacional alterar o dispositivo, de maneira que a lei processual
passe a disciplinar a execução provisória de pena.
Indubitalmente, propositadas omissões, insconstâncias, interpretações não
semânticas do texto constitucional, o fundamento na necessidade de controle
social, a invocação descontextualizada do direito comparado, a justificativa pela
eliminação da sensação de impunidade decorrente da demora do julgamento, o
atendimento aos anseios sociais, notadamente a repressão à corrupção, entre
outros argumentos sensíveis nas decisões que reescrevem os conceitos de
presunção de inocência e trânsito em julgado, geram instabilidade e insegurança
jurídica, comprometendo a integridade do direito.
O argumento utilizado pelos ministros que entendem constitucional a
execução provisória da pena, é que não ocorre a violação da presunção da
inocência com o início de cumprimento antes do trânsito em julgado, uma vez que
os recursos aos Tribunais Superiores não têm como objeto a reanálise de fatos e
provas. Defendem que a presunção de inocência pode e deve ser mitigada, no
sentido de que basta a condenação e sua confirmação pelo Tribunal, independente
do cabimento de outros recursos, para justificar o início de cumprimento de pena,
sugerindo a probabilidade de culpa após condenação em segundo grau de
jurisdição.
Contudo, certo que a matéria de direito em julgamento pelos tribunais
superiores pode conduzir à absolvição, e é impossível devolver o tempo de prisão
injusta, de modo que aguardar o trânsito em julgado é a providência que se revela
mais compatível com o princípio da presunção de inocência, que sé resta afastado
com a análise de todos os recursos, com o fim do processo. Esse é o entendimento
dos ministros que se posicionam contrários à execução provisória, destacando,
ainda, o argumento de que o constituinte fixou o trânsito em julgado como termo
final da presunção de inocência.
Dos votos proferidos durante o julgamento das Ações Direitas de
Constitucionalidade de números 43, 44 e 54, destaca-se o do presidente do
Supremo Tribunal Federal, o qual frisou que estava em análise se o texto do artigo
283 do Código de Processo Penal é compatível com a constituição, concluindo que
sim, o que determinou a procedência das ações, haja vista o desempate, no
entanto, salientou que, embora o Tribunal tenha entendido pela necessidade do
303
caso, note-se que não necessita que sentença condenatória seja confirmada,
bastando a condenação por órgão colegiado.
A teoria de direito de Dworkin tem nos princípios seu pressuposto para uma
decisão coerente, revelando-se de suma importância no contexto do
constitucionalismo contemporâneo, pois, ao enfrentar a aproximação entre o direito
e a moral, pode apresentar respostas a questões interpretativas como a que
enfrentamos em relação ao princípio da presunção de inocência. Importa salientar
que o objetivo do presente artigo não é identificar a decisão correta segundo a
teoria de Dworkin, mas quais elementos da sua teoria podem ser observados no
julgamento das ações diretas de constitucionalidade em análise.
Primeiramente, importa salientar a diferença entre regra e princípio na
concepção de Dworkin. As regras funcionam, no raciocínio daqueles que as
aplicam, de uma “maneira de tudo-ou-nada”, no sentido de que se uma regra for
válida e absolutamente aplicável a um caso dado, então ela “obriga”, isto é,
determina de forma conclusiva o resultado jurídico ou consequência. Os princípios
jurídicos diferem de tais regras de “tudo-ou-nada” porque, quando são aplicáveis,
não “obrigam” a uma decisão, mas apontam para, ou contam a favor de urna
306
decisão, ou afirmam uma razão que pode ser afastada, mas que os tribunais levam
em conta, enquanto fator de inclinação num ou outro sentido. (HART, 2007)
No tocante ao direito e à moral, Dworkin se opõe à ideia de que o direito e
as decisões jurídicas devem ser separados das decisões morais e políticas,
reconhecendo que os sistemas jurídicos são compostos de regras e princípios, e
estes possuem valor moral, de modo que o direito não pode ser separado da
política e da moral. Assim, seu conceito de direito abrange regras e princípios,
organizados em um sistema de obrigações e direitos que regulam a atuação do
Estado. (FREITAS; COLOMBO, 2017).
As decisões precisam ser motivadas e justificadas num exercício
interpretativo que demonstre e proteja seu valor, ou seja, a teoria de Dworkin está
fundamentada em julgamentos morais éticos. O autor faz a análise do direito do
ponto de vista do juiz. Sobre essa opção de Dworkin, Macedo Junior (2013 apud
Freitas; Colombo, 2017), destaca dois motivos, o argumento jurídico dos processos
judiciais é o ponto de partida para analisar a prática jurídica, e os argumentos
jurídicos dos juízes influenciam outras formas de discurso legal que não é
totalmente recíproca.
Sobre essa afirmativa, note-se que o argumento utilizado no voto do
presidente do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que o Parlamento pode
definir o momento de início de cumprimento de pena, transmite a mensagem ao
Congresso de que a execução provisória é compatível com o texto constitucional,
fato que motivou diversos parlamentares a apresentarem projetos tendentes a
mitigar o princípio da presunção da inocência e permitir a prisão antes do trânsito
em julgado.
Da análise das justificativas apresentadas aos projetos de lei, o combate à
corrupção e o fim da impunidade são constantes, além dos argumentos do
julgamento no sentido de que recursos são protelatórios, bem como que tribunais
superiores não analisam questões de mérito, relativas à fatos e provas. O
argumento de política constante nos projetos de lei, portanto, está voltado muito
mais ao objetivo de fazer justiça do que proteger direitos fundamentais.
Dworkin (1977 apud Freitas; Colombo, 2017) distingue argumentos de
princípios e de política:
2
A explicação entre colchetes foi incluída pela autora em referência.
308
comunidade têm por objetivo não apenas princípios comuns, mas sim os
melhores princípios comuns que possam ser extraídos da política.
[...]
O Estado que aceita a integridade deve ter uma única voz ao se
manifestar acerca da natureza dos direitos fundamentais.
[...]
Para o autor, o processo de interpretação seria como um romance,
escrito por vários autores, onde cada um é responsável pela redação do
capítulo separado, devendo continuar a elaboração do romance a partir
de onde seu antecessor parou, com a finalidade de criar da melhor forma
possível o romance em elaboração, como se fosse a obra de um único
autor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 6. ed. Trad: Ana
Paula Zomer Sica et al. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
________. Direito processual penal. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
Juliana Bianchini1
RESUMO: O presente artigo aborda diferentes vertentes da teoria feminista sobre a escolha das
mulheres ao se prostituírem. Partindo do prisma da análise do direito à liberdade de escolha e da
autonomia da vontade a partir da teoria liberal, busca-se discutir se a comercialização de corpos
femininos é liberdade e emancipação da mulher do sistema patriarcal, bandeira levantada por
movimentos feministas liberais, como o radicalismo sexual, ou apenas chancela a objetificação da
mulher ao sistema de limitação do feminino à sexualidade que satisfaz desejos masculinos. A partir
de estudos sobre a prostituição no Brasil, e de elementos de teorias da Justiça, navegar-se-á pela
compreensão se há escolha, fundamentalmente livre da mulher brasileira por se prostituir,
considerando a análise no país no século XXI.
RESUMEN: El presente artículo aborda la discusión que permea diferentes vertientes de la teoría
feminista sobre la elección de las mujeres por prostituirse. A partir del prisma del análisis del derecho
a la libertad de elección y de la autonomía de la voluntad a partir de las teorías liberales, se busca
discutir si la comercialización de cuerpos femeninos es libertad y emancipación de la mujer del
sistema patriarcal, bandera levantada por movimientos feministas liberales, como el radicalismo
sexual, o apenas coloca la mujer a sumisión a lo sistema de limitación del femenino a la sexualidad
que satisface apenas deseos masculinos. A partir de lecturas de grandes nombres en el estudio de
la prostitución en Brasil, así como de elementos de teorías de la Justicia, se caminará por la
comprensión si hay elección, fundamentalmente libre de la mujer brasileña por la prostitución,
considerando el análisis en el país en el siglo XXI.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Mestranda em Direito Constitucional, na área de Direitos Fundamentais e Democracia, junto à UNIBRASIL (Minter –
UNIGUAÇU). Professora do Centro Universitário Vale do Iguaçu – UNIGUAÇU.
315
século XXI, eis que, na maioria gritante dos casos, não está presente fator
determinante nesta equação: a possibilidade de escolha.
Prosseguindo, serão abordados estudos feministas acerca da concepção da
prostituição na sociedade, bem como a compreensão da emancipação do corpo
feminino, considerando diferentes espectros no debate.
Inserir-se-ão levantamento de dados da prostituição no palco brasileiro, a
fim de subsidiar as argumentações que procurarão ser defendidas no final do
estudo.
Objetiva-se associar a compreensão da citada teoria da Justiça – o
liberalismo rawlsiano – no debate sobre algo sensível quando se fala de
prostituição. Quando se coloca em tela discussões sobre a liberdade da mulher, é
necessário realizar uma abordagem histórica, sistêmica, lógica, que compreenda
todas as imposições colocadas sobre o feminino durante anos.
Portanto, o artigo busca indagar: é possível falar em liberdade de escolha
da mulher que se prostitui no Brasil, no século XXI? Tal debate se mostra
pertinente, considerando as temáticas atuais quanto à regularização da prostituição
como profissão no país, ou na criminalização dos “consumidores”.
Para tanto, o estudo abordará apontamentos da teoria liberal, das teorias
feministas do radicalismo sexual e feministas abolicionistas, bem como análises
acerca de levantamento de dados, além de reportagens sobre o tema.
2
SANDEL, Michael J. Justiça. O que é fazer a coisa certa. Tradução de Heloísa Matias e Maria Alice Máxim. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 2015, p. 149-175.
316
3
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M R. Esteves. Editora Martins Fontes. São
Paulo: 2000, p. 64.
4
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M R. Esteves. Editora Martins Fontes. São
Paulo: 2000, p. 65.
5
Idem, p. 66.
6
Idem, p. 89.
318
sistema do qual ela é o resultado. Mais que isso, o autor explica que por essa
concepção, a justiça como equidade não investiga o uso que as pessoas dão aos
seus direitos e oportunidades para medir a satisfação que atingem, muito menos a
sua maximização, apenas busca assegurar a todos liberdade para que persigam
qualquer plano de vida que lhes agrade, contanto que isso não viole as exigências
da justiça.7
A teoria esboçada por John Rawls compreende a necessidade de que a
todos sejam asseguradas condições mínimas de existência para que possam ter a
possibilidade de escolhas. É dizer: para se formular uma concepção completa do
justo, a todos deve ser assegurado, efetivamente, liberdades básicas e igualdades
econômicas e sociais. Somente partindo dessa posição de igualdade é possível
aos sujeitos fazerem o que desejam para se realizarem.
Diante da teoria rawlsiana, indaga-se: é possível que a mulher brasileira que
opta pela prostituição, no início do século XXI, realiza uma escolha livre?
7
Idem, p. 100.
8
HERRERA, Joaquín Herrera. De habitaciones propias y otros espacios negados (una teoría crítica de las opresiones
patriarcales). Bilbao: Universidade de Deusto, 2005, p. 17.
319
9
SOUSA, Pedro César J. S. Prostituição: possibilidade de reconhecimento de direitos das (os) profissionais do sexo
no Brasil. Recife, 2016, 200 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Católica de Pernambuco.
10
SOUSA, Pedro César J. S. Prostituição: possibilidade de reconhecimento de direitos das (os) profissionais do sexo
no Brasil. Recife, 2016, 200 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Católica de Pernambuco.
11
Idem.
12
Idem.
320
[...] requer estar atento aos vários discursos que permeiam esta
atividade. Sendo uma prática profissional recente no contexto ocidental,
a partir da segunda metade do século XIX, surge uma divisão social
formada por uma nova classe de mulheres públicas, categorizadas como
prostitutas e segregadas em espaços sociais, delimitando as práticas do
sexo comercial de suas vidas privadas. Já a cidade pós-industrial
ocidental vem marcada por mudanças na maneira como o sexo é
comercializado enquanto atividade recreativa e confinado aos ambientes
fechados. O serviço sexual, mediado por novos meios de comunicação
(celulares e internet), vincula a emoção ao contexto comercial e pouco
distingue os “domínios eróticos públicos e privados”. Estes diferentes
modelos de prostituição permanecem misturados no contexto atual,
principalmente quando o intercâmbio de sexo por dinheiro acontece no
Brasil ou envolvendo pessoas brasileiras no mercado exterior.
13
HERRERA, Joaquín Herrera. De habitaciones propias y otros espacios negados (una teoría crítica de las opresiones
patriarcales). Bilbao: Universidade de Deusto, 2005, p. 15.
14
Idem, p. 19.
15
PISCITELLI, Adriana. Trânsitos: brasileiras nos mercados de trabalhos transnacionais. Rio de Janeiro: Editora EduERJ,
2013.
16
OLIVAR, José M. N. Trabalho sexual: entre direitos trabalhistas e condenação morais... ou o liberalismo em
conserva. Núcleo de Estudos de Gênero – PAGU, da Universidade de Campinas (UNICAMP), Brasil, 2010.
321
17
PARKER, Richard (1991) apud BUENO, Heitor Campos. Corpos, prazeres e paixões. São Paulo, 2014. Revista Hist.
UEG.
18
Neste estudo, filia-se às ideais de Patricia Hill Collins, bem pontuadas por Djamila Ribeiro, de que não há uma separação
entre a teoria feminista e o movimento feminista, sendo o segundo a execução dos ideais do primeiro: “Corroboro com a
visão de Patricia Hill Collins, de que a teoria é a prática pessoal. Uma deve existir para interagir dialeticamente com a outra,
em vez de serem dicotomias estéreis, A teoria ajuda na prática, e vice-versa”. RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do
feminismo negro?. Companhia das Letras. Edição do Kindle.
322
19
HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v.
37, n. 132, p. 595-609, set./dez. 2007, p. 597.
20
RIBEIRO, Fernanda M. V. É possível consentir no mercado do sexo? O difícil diálogo entre feministas e
trabalhadoras do sexo. Revista de Estudos e Investigações Antropológicas. Recife: 2015, ano 2, volume 2.
21
PISCITELLI, Adriana. Trânsitos: brasileiras nos mercados de trabalhos transnacionais. Rio de Janeiro: Editora EduERJ,
2013
22
SANDEL, Michael J. Justiça. O que é fazer a coisa certa. Tradução de Heloísa Matias e Maria Alice Máxim. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 2015, p. 149-175.
323
23
RIBEIRO, Fernanda M. V. É possível consentir no mercado do sexo? O difícil diálogo entre feministas e
trabalhadoras do sexo. Revista de Estudos e Investigações Antropológicas. Recife: 2015, ano 2, volume 2.
324
24
Organização das Nações Unidas. Brasil mantém tendência de avanço no desenvolvimento humano, mas
desigualdades persistem. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: 14 de setembro de 2018. Disponível
em: http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2018/brasil-mantem-tendencia-de-avanco-no-
desenvolvimento-humano--mas.html. Acesso em 24 de fevereiro de 2019.
25
O Projeto de Lei foi recentemente desarquivado (em 20/02/2019), mediante requerimento, nos termos do art. 105, do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados, conforme consulta efetuada no site da Casa Legislativa. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/buscaProposicoesWeb/resultadoPesquisa?numero=6127&ano=2016&autor=&inteiroTeor=&emt
ramitacao=Todas&tipoproposicao=%5B%5D&data=24/02/2019&page=false. Consulta em 24/02/2019.
325
26
BARROS, Carlos Juliano. Com medo de ameaças, Jean Wyllys, do PSOL, desiste de mandato e deixa o Brasil. Folha de
São Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/com-medo-de-ameacas-jean-wyllys-do-psol-
desiste-de-mandato-e-deixa-o-brasil.shtml. Acesso em 24/10/2019, às 18h01min.
326
27
MACHADO, Leandro. A vida secreta das prostitutas veteranas que trabalham em parque histórico de São Paulo. BBC
News Brasil: 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45133657. Acesso em 24/02/2019.
28
Legalização da Prostituição. Canal GNT e Quebrando o Tabu. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=gidTpEolMBs. Acesso em 24 de agosto de 2018.
327
29
CAMBRICOLI, Fabiana. Prostituição vira opção para imigrantes venezuelanas em Roraima. Jornal Estadão: 22 de
abril de 2018. Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,prostituicao-vira-opcao-para-imigrantes-
venezuelanas-em-roraima,70002278447. Acesso em 24/02/2019.
30
CORREA, Sônia. Prostituição, normas e contextos: a dimensão transnacional. Análise do contexto da prostituição
em relação a direitos humanos, trabalho, cultura e saúde no Brasil: levantamento nacional e contexto internacional.
Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS: 2013.
328
31
O Levantamento cita as pesquisadoras Carol Vance, Laura Augustín, Elizabeth Bernstein, Kamla Kempadoo e Joe
Doezema.
32
RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro?. Companhia das Letras. Edição do Kindle: 2018, posição
1404.
329
33
RIBEIRO, Fernando Bessa; SÁ, José Manuel Oliveira. Interrogando a prostituição: uma crítica radial aos discursos
hegemônicos. Actas dos ateliers do Vº Congresso Português de Sociologia: 2004, p. 15.
34
Idem, p. 15.
35
Relatório do desenvolvimento humano 2014. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Disponível em:
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/search.html?q=prostitui%C3%A7%C3%A3o. Acesso em 23 de fevereiro de
2019.
330
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
332
BUENO, Heitor Campos. Corpos, prazeres e paixões. Revista Hist. UEG. São
Paulo: 2014.
Camila Salvatti1
André Luan Domingues2
1 INTRODUÇÃO
1 Mestranda em Direitos Fundamentais e Democracia pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil – UNIBRASIL, na
categoria de Minter (UNIGUAÇU). Email: camilasalvatti@hotmail.com.
2
Doutorando em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Mestre em Direito pela
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Email: andre_oluan@yahoo.com.br.
335
Desta forma, surge como objetivo para a presente pesquisa, como base, a
apreensão da teoria do transconstitucionalismo e das “pontes de transição” entre
racionalidades diversas, a partir do desenvolvido por Marcelo Neves, bem como a
compreensão da sociedade mundial hodierna como sociedade em rede
(interligações) em razão da “era da informação”. Outrossim, objetiva-se estabelecer
aportes de base na expansão das possibilidades e influências comunicacionais, a
fim de compreender as inter-relações entre Constituições enquanto promoção de
diálogos que sejam construtivos para um efetivo intercâmbio de experiências e
informações como processo de influência e aprendizado entre as diversas
Constituições.
Ademais, para alcançar os caminhos vislumbrados pela pesquisa, como
teoria de base e abordagem, filiou-se a perspectiva crítica, efetuando para isso
conjecturas e teorias a respeito da temática. O método de pesquisa utilizado é o
método bibliográfico com análise bibliográfica e documental de materiais
doutrinários, referentes à compreensão crítica das configurações dos diálogos
constitucionais.
O presente escrito estará estruturado em dois grandes títulos, sendo que o
primeiro título é “Transconstitucionalismo: Constituição transversal - “pontes de
transição””, e possui como abordagem a compreensão da teoria referida –
transconstitucionalismo – relacionada às “pontes de transição” enquanto aportes
para o estudo da vivência da “era da informação” nos diálogos entre Constituições.
Na sequência, o segundo título “A era da informação – conexões de
aprendizagem nos diálogos constitucionais” possui como abordagem as relações
informacionais nos processos comunicacionais promotores de construção, difusão
e recepção de experiências e informações entre Constituições distintas e múltiplas,
posto que representam um mecanismo de inter-relação possibilitadora de
alternativas experienciais nos momentos de intercâmbio de informações e
aprendizados.
Com essa visão, tem-se que a pluralidade não deve ser observada como
uma condição negativa que gerará conflitos infindáveis e provocará a quebra pela
ausência de entendimento na estrutura social global, mas sim como busca de um
caminho que gere possibilidade de incremento das relações comunicacionais para
respeito e aprendizados simultâneos.
Nesse sentido, Marcelo Neves (2009, p. 35) parte do conceito sociológico
de acoplamento estrutural desenvolvido por Niklas Luhmann (este influenciado
pela teoria biológica de Humberto Maturana e Francisco Varela), conceito segundo
o qual o
3
Tradução livre: “as formas de vida são separadas de suas qualidades orgânicas e se conformam como redes. Isto é: na
sociedade em rede, as formas de vida estão de alguma forma no ar, desenraizadas”
4
Tradução livre: “a expressão sociedade da informação é preferível ao pós-modernismo porque diz qual é o princípio da
sociedade em vez de simplesmente indicar depois do que vem.”
346
5
Disposições constitucionais, como, por exemplo, as previsões dos artigos 1º, 3º, 6º, 7º, 170 e 225, que buscam assegurar
a legitimidade no momento de aquisição e exercício do poder, bem como assegurar a legalidade constitucional e a segurança
jurídica, ainda, a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais (SARLET; MARINONI; MITIDIERO, 2018, p. 273-
274).
348
Em mesmo sentido,
6
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. (BRASIL,
1988)
349
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS