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Centro Universitário de Brasília: Design de Livros Infantis

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Centro Universitário de Brasília

Juliana Galli Afonso Silva

DESIGN DE LIVROS INFANTIS

Brasília
2015
Juliana Galli Afonso Silva

DESIGN DE LIVROS INFANTIS

Trabalho de conclusão de curso - TCC -


apresentado como um dos requisitos para
a obtenção ao grau de tecnólogo em
Comunicação Social – Design Gráfico
pela Faculdade de Tecnologia e Ciências
Aplicadas – FATECS do UniCEUB –
Centro Universitário de Brasília sob
orientação da Professora Aline Parada
Ribeiro.

Brasília
2015
Juliana Galli Afonso Silva

DESIGN DE LIVROS INFANTIS

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


de Brasília (UniCEUB) como pré-requisito
para a obtenção de certificado de conclusão
de curso de graduação, na área de Design
Gráfico
Orientadora: Aline Parada Ribeiro

Brasília, ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Profa. Aline Parada Ribeiro

__________________________________________
Prof. Bruno Nalon

__________________________________________
Prof. André Ramos
RESUMO

Este trabalho consiste em identificar, investigar e explicar os principais elementos


visuais e textuais existentes nos livros infantis, tais como: tipografia, ilustrações e
cores e suas capacidades de transmitirem sensações, além de citar erros e acertos
cometidos em composições do objeto. O estudo foi feito por meio de pesquisas
aprofundadas, de modo obter conhecimento para julgar os componentes introduzidos
às páginas de livros feitos para este público alvo. Logo o projeto realizado será a
produção de um protótipo de livro infantil baseado no produto já realizado por uma
criança de 5 anos e terá embasamento direto no estudo, com o anseio de solucionar
erros e substituir elementos propostos por outros livros não tão favoráveis à leitura
das crianças e visando colocar em prática as melhores opções para que seja de
melhor proveito e assimilação do conteúdo proposto.

Palavras-chave: Design Gráfico; Literatura; Infância; Aprendizado.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
1.1 Objetivo ................................................................................................................ 5
1.2 Objetivo Específico ............................................................................................. 6
1.3 Metodologia ......................................................................................................... 6
1.4 Problemática ........................................................................................................ 6
2 Desenvolvimento ................................................................................................... 7
2.1 Design Gráfico ..................................................................................................... 7
2.2 Tipografia ............................................................................................................. 8
2.2.1 As Sensações das Tipografias ........................................................................... 9
2.3 Ilustração ........................................................................................................... 11
2.3.1. As Sensações das Ilustrações ........................................................................ 16
2.4 Cores .................................................................................................................. 18
2.4.1. Sensações das cores ...................................................................................... 18
2.5 Design Editorial ................................................................................................. 20
2.5.1 Grid................................................................................................................... 20
2.6 Design Editorial Infantil .................................................................................... 21
2.7 Os Livros Infantis .............................................................................................. 23
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 24
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 26
5 REFERÊNCIAS BibliografiCaS ............................................................................ 27
6 APÊNDICE ............................................................................................................. 29
7 ANEXO................................................................................................................... 39
5

1 INTRODUÇÃO

Os livros infantis são de vital importância para o melhor desempenho das


crianças em seu processo de aprendizagem. De tal modo que, com os estímulos
certos e tendo uma boa prática durante a infância, provavelmente em sua vida adulta
terá questões como boa legibilidade, alta capacidade motora e intelectual resolvidas.
O tema será abordado por ser interessante para o crescimento do mercado de livros
infantis pelo fato de citar e buscar informações sobre a melhor composição desse
objeto, tendo em vista tanto o layout quanto seu conteúdo. O aperfeiçoamento do
design desses livros será um grande passo para a educação das próximas gerações,
já que teremos bons exemplos de livros que realmente ajudem o desenvolvimento
cognitivo das crianças.
Cada autor e editora prezam por valores diferentes, mas sempre tendo o foco
no aprendizado. Cada letra, ilustração e escolha de cores em conjunto, transmitem
ideias inteligíveis e com um sentido claro, mas às vezes, certas escolhas podem
acarretar em um desconforto visual, que submetido a uma criança por um determinado
tempo, pode trazer prejuízos, ou seja, é necessário ter cuidado quando se tem
crianças como público alvo de um mercado, mesmo que sejam submetidas ao material
por meio dos pais ou professores, seu conteúdo, diagramação e escolhas visuais
devem ser escolhidos de forma a ajudar o crescimento intelectual do leitor.

1.1 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho será investigar as principais dificuldades do design


editorial de livros infantis, tentando assim descobrir alternativas mais apropriadas para
uma melhor adaptação e interação das crianças com os livros.
6

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

O objetivo específico deste trabalho, além de evidenciar as características


utilizadas em livros infantis é conhecer sobre as o material impresso dedicado às
crianças. Além disso, o presente trabalho irá propor a execução de um livro infantil
baseado na proposta de uma criança de 5 anos, utilizando as melhores opções para
a composição deste objeto com o objetivo de realizar um trabalho gráfico para que o
público infantil assimile o conteúdo de forma interativa e educativa.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho se apoia em pesquisas aprofundadas, para que tenha


uma base concreta para críticas, teorias, comentários e possíveis soluções
consistentes acerca do assunto abordado para a construção do objeto proposto para
este trabalho. Com base nestes estudos será feito um projeto de livro infantil.

A metodologia utilizada neste projeto foi a de Verônica Nápoles complementada


pela de Maria Luísa Peón e foi utilizada desta forma:
- Problematização (análise dos problemas)
- Análise (coleta e categorização de dados e pesquisas)
- Exploração do design (possíveis soluções para cada parte do tema abordado)
- Solução (a melhor das possíveis soluções)

1.4 PROBLEMÁTICA

Com a ascensão da tecnologia, os dispositivos eletrônicos vêm se instalando


cada vez mais no cotidiano dos adultos, seja para diversão ou estudos,
consequentemente na vida das crianças. Ao serem apresentadas aos tablets e
smartfones, sua atenção se volta para a tela desses objetos e tal “vício” nessas telas
super iluminadas pode se tornar um problema em suas vidas. A exposição exagerada
dos olhos sensíveis das crianças à essa luminosidade artificial dos aparelhos
eletrônicos pode acarretar perda de sono, hiperatividade, dificuldades de aprendizado,
mudanças de comportamento e até deficiências visuais, além de dificultar a introdução
dos livros no cotidiano e a interação dos pequenos com os mesmos.
7

Mesmo tendo em vista que as crianças estão cada vez mais integradas no
mundo digital, o mercado de livros impressos não foi intimidado, pois existem estudos
que indicam que os livros impressos são mais eficazes no aprendizado e no
crescimento do repertório da criança, trabalhando melhor suas capacidades cognitivas
e motoras. Além de criar um vínculo mais forte entre os pais e filhos pelo fato de
estarem interagindo um com o outro, como já vimos anteriormente.
Segundo Logan (1939, p.219) a leitura de textos em papel é muito mais
proveitosa e favorável para as crianças do que em telas eletronicamente configuradas.
A razão desta afirmação se dá pelo fato de que usamos um hemisfério do cérebro
para ler em livros impressos enquanto usamos os dois hemisférios para ler em
aparelhos digitais.
O hemisfério esquerdo é o responsável pelo raciocínio lógico, produção
analítica e pela interpretação da linguagem e escrita enquanto o hemisfério direito é o
responsável pela criatividade, reconhecimento de imagens, processamento sintético,
percepção espacial e musical. Logo, durante a leitura na tela, os dois hemisférios do
cérebro processam a informação diferentemente, pois como é um meio digital e
luminoso, para que cada elemento seja construído nesse meio, é necessário que o
lado direito construa as linhas de pixels formando a imagem (ou mancha gráfica) das
palavras. Após a identificação da forma da palavra, o hemisfério esquerdo efetua a
leitura dela em seu significado literal e assim de frases e textos.
Já na leitura de um texto impresso no papel o esforço do hemisfério direito é
poupado, pois não é necessário que o cérebro faça a conversão de pixels como em
uma tela de computador, o lado esquerdo já faz o trabalho de identificar as palavras e
frases por si só, montando assim a linha de raciocínio, a lógica e o significado do texto.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DESIGN GRÁFICO


8

O design gráfico é a área profissional onde se cria, ordena e manipula a parte


estética de elementos textuais e não textuais que compõe peças gráficas com o
objetivo de comunicar visualmente um conceito, ideia e/ou informação, geralmente
impressas, como por exemplo, anúncios, jornais, livros e revistas.
Segundo VILLAS-BOAS, 1999, p.17 :

Design Gráfico é a área de conhecimento e a prática profissional


específicas que tratam da organização formal de elementos visuais
(tanto textuais quanto não textuais) que compõem peças gráficas para
reprodução, que são reproduzíveis e que têm um objetivo
expressamente comunicacional. Ou seja: foi feito para comunicar; não
comunica por acaso ou porque tudo comunica, mas porque este é seu
objetivo fundamental.

Com isso, o designer tem como função juntar textos, imagens e cores de forma
harmoniosa em uma diagramação para que o leitor se sinta atraído pela peça gráfica
e confortável ao ler. Sua intenção é encontrar a melhor solução para cada caso, para
isso é preciso que ele utilize a melhor maneira seus conhecimentos acerca das cores,
tipografias, estética, produção gráfica, além de sua criatividade, para que o projeto
comunique visualmente, além de textualmente, o que se quer passar de informação.
Logo, o Design Gráfico é uma arte na qual o designer está inserido para solucionar os
problemas de comunicação.

2.2 TIPOGRAFIA

A tipografia é a arte de criação de um texto físico ou digital, tem como função,


dar estrutura e forma à escrita. Sendo assim, também se refere à grafia que se usa,
ou seja, a forma de cada letra.
A forma tipográfica do texto tem que ser considerada de acordo com sua
funcionalidade e legibilidade, dependendo sempre da ideia e informação que quer se
passar. A forma das letras em um texto conta muito para o processo de leitura de uma
página, e esta característica está inserida em um grupo de outros itens que favorecem
a fluidez, a junção dessas características em uma organização correta chama-se
Layout.
9

As tipografias são divididas devido às suas características específicas e dentro


de cada grupo existem milhares de outras tipias semelhantes. As famílias tipográficas
mais conhecidas são: bastonadas, serifadas, fantasia, manuscritas e bastardas.
Cada uma dessas famílias tipográficas, se utilizadas em um texto, transmite
uma sensação. Pode ser mais fácil ou difícil decifrá-la de acordo com o meio em que
está introduzida, por exemplo, em uma página de livro impresso é preferível que se
utilize letras serifadas, pois em cada letra existe uma base que na junção em um
grande texto, cria-se uma linha abaixo das frases, o que facilita a leitura pelo fato de
saber em que linha do texto está e para que linha vai. Se utilizada em uma página de
web, não trará a mesma sensação pelo fato da tela luminosa já transmitir suas próprias
linhas de leitura, logo, para páginas digitais, a letra mais utilizada é a bastonada.

Figura 1: Principais Tipografias

Fonte: https://www.emaze.com/@ALRLWTCO/-copy3

2.2.1 As Sensações das Tipografias

Tão importante quanto às imagens é a tipia com que o texto é escrito nos livros
infantis. Existem muitas dificuldades em encontrar uma tipografia perfeita para ser
10

usada no processo de aprendizagem de uma criança, pois cada uma tem uma
capacidade cognitiva e motora diferente, logo possuem facilidades e dificuldades
diferentes.
Segundo Strunck (1999), em seu livro “Viver de Design”, a legibilidade das
letras se refere à facilidade de identificação correta de um grupo de caracteres, ou
seja, ler palavras inteiras de maneira mais flúida, o que depende dos espaços das
entreletras, entrepalavras e entrelinhas. Entretanto, Niemeyer (2003) afirma que a
legibilidade se refere à forma das letras e o quão fácil é o reconhecimento de cada
caractere individualmente o que é importante para a escolha da tipia para o livro
infantil, pois no começo de suas vidas, as crianças têm a necessidade e maior
facilidade de ler letra por letra, montando assim as palavras.
Existem tipografias especificamente feitas para o mundo infantil, tendo como
característica de letras manuscritas e com caracteres especiais para a melhor
identificação das crianças, como por exemplo, a letra “A” e “G” com pequenas
diferenças para a maior facilidade de as crianças lerem. De fato, as crianças sentem
a diferença entre letras com características “infantis” e com características “adultas”,
mas tal diferença não afeta seu desempenho, pois elas identificam que a tipia “infantil”
é como elas escrevem e a “adulta” é como elas leem. Com isso podemos perceber
que é importante que a tipia infantil seja apresentada à criança anteriormente à sua
alfabetização, que são as letras bastonadas e manuscritas, pois é a forma mais
simples e sintetizada, é também a forma que a criança irá aprender a escrever na
alfabetização, e aos poucos introduzir a tipia adulta, para que depois ela consiga ler
de forma mais fluida em textos maiores.

Figura 2: Letra Adulta e Infantil


11

Fonte: http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69440.pdf

Figura3: Tipografia Manuscrita

Fonte: http://dialogoentreprofesores.blogspot.com.br/2012/06/la-importancia-de-la-caligrafia-en-
el_09.html

2.3 Ilustração

Ilustrações são imagens geralmente utilizadas para complementar um texto,


ajudando assim a transmitir o conceito contido nele, mas também pode estar no texto
(ou sozinha) para explicar, acrescentar, sintetizar a informação ou para decorar.
Podem ser de diversas formas e técnicas como pintura, colagem, desenho manual,
vetorial e fotografia. A escolha pode ser baseada no objetivo que a ilustração tem, seja
de apoiar um texto ou transmitir uma ideia apenas pela observação da imagem.
Segundo Crenzel e Claro (2010, p.70) “a ilustração é um instrumento de
associação, no qual a criança identifica uma determinada ação ou um objeto que o
autor está descrevendo”.
Estas imagens são muito comuns em revistas, jornais e livros, principalmente
na literatura infantil, que geralmente assumem um papel mais importante, muitas
vezes mais que o texto em si.
12

De acordo com Silvia Adela Kohan (2013, p.34) a ilustração mostra o que o
texto diz, cumprindo um objetivo comercial: atrair a atenção do público. Um bom
desenho ajuda o leitor a descobrir, a entender o texto, é uma orientação em sua leitura.

Figura 4: Exemplo de ilustração sem texto: Magali em O Bolo


Ilustração e história de Maurício de Souza.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=48771

Figura 5: Brownie - Ilustração de Bruna Assis Brasil


13

Fonte: http://followthecolours.com.br/art-attack/bruna-assis-brasil-girafa-listrada/

Figura 6: Quadro Decorativo

Fonte: http://ocurioso.biz/quadros-decorativos/
14

Figura 7: Exemplo de ilustração com texto - A Day You Like

Fonte:https://projetomomotaro.wordpress.com/2013/10/13/diagramacao-de-livro-infantil-ilustrado/

Figura 8: Chá do Outro Mundo - Ilustração e texto de Maurício de Souza.


15

Fonte: http://turmadamonica.uol.com.br/chadeoutromundo/

Figura 9: Na Corda Bamba - De Hardy Guedes Alcoforado Filho


16

Fonte: http://cristinabottallo.art.br/blog2/?p=5496

2.3.1. As Sensações das Ilustrações

A vida literária das crianças começa muito antes da alfabetização e esse


interesse deve ser cultivado através de livros que contém muitas imagens.
Na grande maioria das vezes, as crianças se interessam mais por livros que
possuem ilustrações e isso se deve pelo fato delas conseguirem assimilar melhor as
ideias quando acompanham as imagens, imaginando assim a história com as
características observadas.
As imagens dos livros infantis são meios de mexer com a imaginação da
criança, por meio delas que o pequeno leitor consegue compor a história em sua
cabeça. A confecção das ilustrações de um livro deve ser harmoniosa, para transmitir
a história de forma contínua e se encaixar de modo que faça ainda mais sentido para
17

o ouvinte. A imagem pode ser introduzida tanto para complementar um texto quanto
para contar a história por si só, sem adição de elementos textuais, mas em cada uma
dessas opções é importante que haja detalhes que sejam relevantes e úteis, para que
a ideia a ser passada não seja confundida.
Segundo CRENZEL; CLARO (2010, p.77):

Ilustrações com cores chapadas e contrastantes, linhas e contornos


claros, composições simples e “espaço para respirar” (Shulevitz,
apud,1997), criam um padrão harmonioso e proporcionam ao
espectador os elementos necessários para uma fácil leitura (da
ilustração).

A grande maioria das histórias e consequentemente, ilustrações contidas nos


livros infantis são condizentes com o cotidiano do público alvo. Pelo fato de as crianças
se interessarem mais por livros que possuem imagens, elas esperam que essas
reproduzam ações de seu dia a dia, assim podem compreender melhor pois têm
exemplos diários, mas em contraponto, quando não condizem com sua rotina pode
estimular ainda mais sua criatividade por não relatar o previsível, o que acarreta a
criação de novas ideias na imaginação dos pequenos. Além do fato de auxiliar no
aumento da criatividade das crianças, existem também livros que ajudam em
atividades corriqueiras como o desfralde, a utilização do pinico, a alimentação diária,
a hora de dormir entre outros.
Geralmente, as ilustrações em livros infantis são muito coloridas e dinâmicas,
mas no que isso implica para a percepção da criança? As características acima
citadas são favoráveis para a leitura infantil, pois as cores fortes e contrastantes
chamam e prendem a atenção dos pequenos, o que faz eles se interessarem ainda
mais pelo objeto e pelo fato de serem dinâmicas, estimula a criatividade e interação
com o livro. Também são muito utilizadas como complemento de textos, mostrando o
que está acontecendo na história ou até mesmo para figurar uma palavra quando os
elementos textuais são poucos, em outros casos também são utilizadas sozinhas para
que as crianças criem a história diante as imagens sem adição de texto, o que estimula
a criatividade e a imaginação delas, e isso se dá também pela utilização correta das
cores, que veremos a seguir.
18

2.4 CORES

Cor é uma percepção visual causada pela luz quando é refletida em um objeto
e vista pelo nosso olho. A cor de um objeto é distinguida de acordo com o comprimento
da onda que o objeto reflete, por exemplo, quando observamos um objeto vermelho,
esse absorve todas as outras cores e isso resulta na reflexão da onda de cor vermelha.
Existem vários sistemas de cores, porém as mais utilizadas no meio gráfico são
duas, chamadas de RGB e CMYK, e nessa área é necessário conhecê-las a fundo.
O sistema de cores RGB é composto por três cores primárias, o vermelho
(Red), o verde (Green) e o azul (Blue). Esse modelo é utilizado na reprodução de
cores em dispositivos que emitem luz, como televisões, computadores, celulares e
tablets, logo nossos olhos vêem essas cores transmitidas por comprimentos de luz.
Já o sistema CMYK é utilizado na indústria gráfica, utilizadas no processo de
impressão. As cores primárias desse modelo são: Ciano (Cyan), magenta (Magenta),
amarelo (Yellow) e preto (Black “Key”). O CMYK funciona pela absorção e não
absorção da luz, nossos olhos percebem a cor que o objeto não absorve, logo, esse
reflete a cor que enxergamos.

2.4.1. Sensações das cores

Além disso, cada cor independente de ser cor luz ou cor pigmento, tem sua
característica própria e pode transmitir sensações e sentimentos à pessoa que a
observa, sendo assim, o uso das cores deve ser cautelosa, cuidando para que a
combinação delas transmita a ideia que foi planejada. Logo “as cores podem ter
efeitos depressivos ou excitantes e ‘levantar dados relacionados à preferência por
cores (...) não é mera especulação, mas ciência fundamentada’.” (Tiski-Franckowiak,
apud, 2000) (CRENZEL; CLARO, 2010, p.71).

Vermelho: O vermelho é uma cor quente e que remete ao calor e ao amor.


Utilizada para sinalizar urgência e perigo.
Amarelo: É uma cor vibrante e quente, sugere entusiasmo, alegria e é utilizada
para chamar a atenção e sinalizar cautela.
19

Azul: A cor azul é uma cor fria e utilizada para acalmar, transmite tranquilidade
e remete ao céu.

Laranja: A cor laranja é uma cor quente e secundária, sugere dinamismo e


excitação.

Verde: O verde é uma cor secundária fria que remete à natureza e à saúde.

Roxo: O roxo é uma cor secundária que remete ao mistério e sugere


criatividade.

Preto: O preto é a cor que remete à sombra e ao medo, sugere o sentimento


de tristeza.

Branco: A cor branca transmite a sensação de paz e pureza, remete à inocência


e à luz.

As cores são estímulos visuais provocados pela luz e quando aplicadas em


ilustrações de livros infantis são capazes de transmitir diversos sentimentos e
sensações. A linguagem dessas cores transcende o consciente, pois transmite ideias
e conceitos que até mesmo as crianças conseguem entender, ultrapassando
fronteiras espaciais e temporais.
Apesar de muitos pais utilizarem mais as cores pastéis, os pequenos são mais
atraídos pelas cores vivas e mais saturadas, as quais os estimulam mais a brincar e
aprender, no entanto que são as mais utilizadas em livros e brinquedos infantis.
Enquanto as colorações pastéis, que são cores saturadas com adição de branco,
ajudam a acalmá-los para que durmam mais facilmente muito utilizadas em livros para
estimular o sono.

É provável que suas preferências (crianças) devam estar ligadas, a


associações entre as imagens apresentadas com o seu conhecimento
do mundo real e às características físicas das cores, seus
comprimentos de onda, portanto, às reações físicas e fisiológicas que
provocam. (CRENZEL; CLARO, 2010, p.71)
20

As cores além de decorativas, também influenciam no comportamento das


crianças quando são introduzidas no cotidiano delas tanto através de livros como de
ambientes, podendo assim alterar seu humor e influenciar atitudes. Para o público
infantil a utilização das cores é muito eficaz, pois estimula os sentidos e emoções e
dependendo da atividade e combinação, ajuda a criança a se concentrar melhor.
Como por exemplo, na leitura de um livro pelos pais para o filho, as cores e formas
utilizadas corretamente prendem a atenção do interlocutor, ajudando em seu
aprendizado.
A variedade dessas cores aplicadas em livros infantis é de extrema importância,
pois estimula a curiosidade e a criatividade. É importante também a introdução dos
livros de colorir no dia a dia da criança para que ela aprenda a interagir, ter mais
proximidade e interesse pelo objeto de leitura, além de ajudá-la a identificar cores
utilizadas. Tal exercício proporcionará divertimento a ela e consequentemente muito
conhecimento e auxilia no desenvolvimento motor da criança.

2.5 DESIGN EDITORIAL

O design editorial é uma área do design gráfico onde se realiza, por exemplo,
o projeto gráfico de uma peça impressa, como livros e jornais.
O papel do designer na editoração de um material impresso como um livro vai
além da diagramação dos textos, deve-se também inserir imagens que contribuam
para a transmissão do conceito ou da ideia que se quer passar, escolher o papel mais
apropriado para a impressão do projeto gráfico, a melhor tipografia, que implica no
movimento e fluidez de leitura, a qualidade e nitidez dos elementos inseridos no
documento impresso, tendo em vista o público alvo.

2.5.1 Grid

O grid também influencia na área, pois é a ferramenta utilizada para ordenar os


elementos visuais para que o layout da página fique adequada. Ou seja, é um meio
de organização dos objetos de informação contidos dentro de um layout. Ele é
composto de linhas verticais, horizontais, colunas e margens, o que ajuda o designer
no posicionamento perfeito de cada elemento visual, e influencia diretamente o
21

movimento do olhar do leitor, além de poder focar a atenção dele em certas


informações que sejam mais importantes na página e criar dinamismo na leitura.

Exemplo de grid:

Fonte:http://thiagonasc.com/desenvolvimento-web/desenvolvendo-com-bootstrap-3-um-
framework-front-end-que-vale-a-pena

2.6 DESIGN EDITORIAL INFANTIL

Os livros infantis são diferenciados dos livros convencionais e são muito


comumente chamados de livro-objeto, justamente pelo fato de uma criança,
principalmente as mais novas, não entender aquilo como um livro, mas sim como um
objeto que pode ser usado também como um brinquedo. O livro-objeto é caracterizado
assim, pois normalmente possui muito mais ilustrações do que palavras introduzidas
em suas páginas, e esse tipo de design editorial é essencial para que desperte a
atenção do público infantil e consuma assim, esse tipo de produto.
O design editorial infantil visa apresentar ao pequeno leitor um layout de
palavras e imagens que auxilie a leitura, pois quando a construção dessa diagramação
não é harmoniosa, se torna muito mais difícil que a criança faça uma leitura flúida.
Quando ela não consegue seguir o ritmo de leitura ditado pelo livro é possível que ela
não prossiga, por se sentir frustrada e incapaz de ler aquele livro, portanto é de suma
importância que esses objetos sejam construídos com layouts simples e eficientes.
As ilustrações dos livros infantis são tão importantes quanto os textos para os
livros convencionais do público adulto, pois os significados e conceitos passados
22

pelas imagens conseguem ditar o movimento e o ritmo de leitura das crianças, mas
precisam ser dispostos e moldados de forma favorável.
Quanto à literatura infantil, é importante que essa massa de texto seja legível e
facilmente reconhecida pelos pequenos. Os elementos textuais utilizados na
composição dos livros também são moldáveis, e isso é feito mudando configurações
como tipografia, espaço entrelinhas, entreletras e entrepalavras, para que o conjunto
visual não fique pesado e cansativo e seja um convite à leitura. Combinado com
ilustrações é essencial que exista harmonia entre os elementos, cuidando para que
sempre tenha área de respiro suficiente na diagramação.

Figura 10: Entreletra, Entrelinha e Espaço entre palavras.


23

Fonte: http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69440.pdf

2.7 OS LIVROS INFANTIS

A literatura infantil começa a ser importante no princípio da vida, que já começa


a exercitar a atividade cognitiva da criança, como a visão, audição e tato. O exercício
começa com a ajuda dos pais, primeiramente dando o exemplo de leitura aos filhos,
sempre manejando os livros perto da criança para que ela crie interesse pelo objeto,
que em breve irá copiar as atitudes dos pais. Além disso, ler os livros para a criança,
de preferência de histórias leves, com muitas imagens e poucas palavras, para que
ela se mantenha atenta, repare as cores e a estrutura das palavras já que não
consegue lê-las ainda. O modo como é feita essa leitura é muito importante, pois a
voz dos pais ajuda o melhor reconhecimento e compreensão auditiva do bebê, além
de auxiliar no desenvolvimento da linguagem oral.
24

Os livros infantis devem sempre estar em uma estante a seu alcance, para que
na hora que ela sentir vontade ou se sentir atraída, a criança escolha e pegue o objeto
sem dificuldades e folheie como quiser. Durante vários momentos do dia ela necessita
de estímulos diversos, tendo em conta isso, já existem, por exemplo, livros de plástico
para a hora do banho, livros com sons para a criança se familiarizar com as palavras
e até mesmo com cheiros e texturas. Existem também os livros para a hora de dormir,
que utilizam combinações de cores, imagens e histórias que estimulam o sono dos
pequenos.
A brincadeira é a forma que as crianças têm para crescer e aprender, logo, a
leitura deve ser apresentada como uma. Quanto mais diversão e conhecimento os
pequenos adquirirem, mais rápido será seu progresso, pois sua bagagem de
repertório estará cheia de coisas novas que irá utilizar em breve em sua vida. Brincar
é também uma forma de comunicação que ajuda no desenvolvimento da autonomia e
da criatividade, sendo assim, elas vivenciam diversas situações nas quais precisam
de respostas rápidas para serem concluídas, na leitura não é diferente, ainda no
exemplo da leitura dos pais para os filhos, tal convivência desenvolve os diálogos e a
aproximação entre eles, e é quando as crianças aprendem a respeitar e compartilhar
ideias.
O conteúdo dos livros, como sua história, ilustrações, seu formato, letra e
diagramação utilizadas nas páginas também influenciam no aprendizado, por isso
depois de certo avanço da capacidade da criança, as histórias juntamente com as
imagens, devem começar a ter mais texto, pois ela começará a interagir e se
comunicar, como imitar certar ações indicadas em imagens e sons de palavras já
ouvidas. No momento em que se começa a reconhecer as letras, formas, cores, sons
e texturas ela começa a seguir a leitura com quem está lendo, e por esse motivo a
letra utilizada deve ter o corpo do texto maior, além de ser fácil seu entendimento,
para que assim a criança comece a identificar palavras e frases inteiras.

3 METODOLOGIA
25

O projeto desse trabalho foi realizado com o intuito de gerar conhecimento à


cerca da composição de livros infantis. O desenvolvimento teórico auxiliou para que
fosse feito a confecção de um material gráfico, um livro infantil, com pesquisas
primordiais do Instituto Nacional de Desenvolvimento Infantil - INDI e da aluna Flora
Fiuza Dias que escreveu e desenhou inicialmente o livro, esse que serviu de rafe para
o projeto final.
A produção do livro infantil baseado em “Uma Linda Princesa” da aluna Flora
Fiuza Dias, de 5 anos, tomando como base em seu desenho original, que foi utilizado
como rafe, como referência visual, com o intuito de que o livro fosse executado o mais
fiel possível com o proposto pela autora com base nas imagens e também no formato
e montagem das folhas que são originalmente sanfonadas. A produção do projeto
gráfico do livro foi feito digitalmente através de softwares da área gráfica e será
destinado à faixa etária de 4 a 7 anos.
26

4 CONCLUSÃO

De acordo com as pesquisas e embasamentos teóricos relatados


anteriormente, os livros infantis além de importantes para o crescimento intelectual
das crianças, tem também funções e ensinamentos diários para auxiliar os pais com
o desenvolvimento de seus filhos, como atividades para a criatividade, aprimoramento
das capacidades motoras, desfralde, utilização de objetos e ações do dia a dia.
Diante da investigação aprofundada dos livros-objeto, nota-se que cada
elemento utilizado tem sua função específica de acordo com a ideia/conceito que se
quer passar.
As tipografias utilizadas podem ser utilizadas de diferentes formas, mas sempre
tendo em vista que seu público alvo também irá reagir diferentemente com cada uma,
como quando se utiliza letras manuscritas, a criança já alfabetizada se identifica por
visualizar as palavras assim como ela escreve, já a letra serifada é como elas leem
em seu ambiente diário, sem ser seus livros infantis, relatando como sendo “letras de
adulto”.
As cores utilizadas nos livros e também em suas ilustrações, assim como as
tipias trabalham da transmissão do conteúdo, permitindo assim sensações variadas,
dependendo da cor utilizada em cada parte do desenho, o que é de muita relevância,
pois a criança presta mais atenção nas imagens contidas no objeto do que nas
palavras, logo a atenção necessita ser redobrada.
Tais resultados foram obtidos por meio de pesquisas aprofundadas no assunto,
não só de livros infantis, mas também infanto-juvenis e adultos, para melhor
comparação de conteúdo e utilização dos elementos visuais e textuais.
O objetivo do projeto é fazer a composição de um livro infantil de forma que
melhor apresentasse as características favoráveis para uma boa leitura e melhor
aprendizado do pequeno leitor com média de idade entre 4 a 7 anos, a mesma faixa
etária da autora do livro utilizado como rafe, Flora Fiuza Dias.
27

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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6 APÊNDICE
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7 ANEXO
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