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3 Saúde Coletiva e Políticas Públicas

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Saúde coletiva e políticas públicas

Apresentação
A concepção de saúde coletiva se constituiu por meio da crítica sistemática do universalismo
naturalista do saber médico. A defesa dessa área é destacada pela problemática de que a saúde é
mais abrangente e complexa que a leitura realizada pela medicina, envolvendo outros aspectos que
interferem na vida do indivíduo. A multidisciplinaridade é a marca do campo da saúde coletiva, já
que sua problemática demanda diferentes análises e permite a construção de diferentes estratégias
e ações.

Outro aspecto essencial que aborda diretamente a ação da saúde coletiva no Brasil é por meio das
estratégias e ações de educação em saúde, bem como a aplicação de práticas integrativas e
complementares. De forma geral, ambas vão contribuir para incentivar a comunidade a obter um
estilo de vida saudável. Assim, desde a criação até o bom funcionamento da saúde coletiva, houve
vários marcos importantes de lutas e conquistas no Brasil que foram decisivas para o modelo
assistencial que se tem atualmente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os significados e a concepção de saúde


coletiva; identificar como o profissional que atua na saúde coletiva tem a capacidade de agir por
meio da educação em saúde e das práticas integrativas e complementares e explorar os momentos
históricos que aconteceram na saúde coletiva e pública, relacionando esses aspectos com as
conquistas obtidas no atual Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir saúde coletiva.


• Identificar o papel da saúde coletiva na formação e na educação em saúde.
• Explorar os marcos contextuais das políticas de saúde do Brasil.
Desafio
A criação da Estratégia Saúde da Família foi considerada um marco histórico para o Brasil. Os
atributos essenciais da atenção primária à saúde são atenção no primeiro contato,
longitudinalidade, integralidade e coordenação, e os atributos derivados são orientação para família
e comunidade e competência cultural.

Imagine que você faz parte da equipe de uma Unidade Básica de Saúde. Veja mais detalhes sobre o
seu trabalho:

Com base na situação apresentada, responda as questões a seguir:

a) Considerando que você precisa conhecer o território antes de realizar qualquer intervenção, qual
o número de equipes de Estratégia de Saúde da Família é ideal para que seja possível elaborar
ações promotoras da saúde na Unidade Básica de Saúde Buriti?

b) Que ações devem ser incluídas no programa de atendimento a essa população?


c) Proponha uma ação a ser realizada nessa unidade para o Novembro Azul, levando em conta o
contexto local.
Infográfico
As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) de saúde se tornaram uma realidade na rede de
atenção à saúde pública no Brasil. É nesse panorama que o repertório de práticas integrativas, com
seu vasto arsenal de recursos, pode contribuir para a integração disciplinar, pois descende de uma
tradição milenar de uso continuado e praticamente inalterado dos mesmos recursos tecnológicos,
pautados por natureza interdisciplinar. A importância dessa característica permite afirmar que se
trata de algo absolutamente sustentável e de extrema importância para as práticas que se valorizam
no trabalho de saúde pública.

No Infográfico, você vai saber quais são os passos para implantar as práticas integrativas e
complementares nos serviços de atenção primária à saúde, principalmente no âmbito da saúde
coletiva, nas Unidades Básicas de Saúde no SUS no Brasil.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
A saúde coletiva representa uma grande área de conhecimento multidisciplinar construída na
interface dos conhecimentos produzidos pelas ciências biomédicas e sociais. O principal objetivo da
saúde coletiva é investigar os determinantes da produção social das doenças com o fito de planejar
a organização dos serviços de saúde.

Além disso, a inclusão de estratégias educativas em saúde e as PICS têm sido defendidas
mundialmente como a principal base para os cuidados primários de saúde. Já as políticas públicas
representam um conjunto de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação
política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse
público.

No capítulo Saúde coletiva e políticas públicas, da obra Fisioterapia em Saúde Comunitária, base
teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a definir saúde coletiva, identificar o papel
da saúde coletiva na formação e na educação em saúde e explorar os marcos contextuais das
políticas de saúde do Brasil.

Boa leitura.
FISIOTERAPIA EM
SAÚDE
COMUNITÁRIA
Saúde coletiva e
políticas públicas
Mateus Dias Antunes

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Definir saúde coletiva.


>> Identificar o papel da saúde coletiva na formação e educação em saúde.
>> Explorar os marcos contextuais das políticas de saúde do Brasil.

Introdução
A saúde coletiva é uma ideia que se desenvolveu na década de 1980, a partir das
críticas ao sistema de saúde brasileiro durante a ditadura do País. Havia pessoas
que criticavam a saúde preventiva no País, bem como pessoas que não se sentiam
inteiramente à vontade com a situação da saúde pública.
Portanto, a saúde coletiva surgiu da necessidade de cuidar da saúde do País
como um todo, de focar na medicina preventiva, de mudar as práticas clínicas e
de reformar todo o sistema de saúde, pois a prevenção e a saúde pública, por si
só, não eram suficientes para enfrentar as necessidades dos brasileiros. Junto
a esse conceito de saúde coletiva, o Brasil viu uma mudança em seu sistema de
saúde. Anteriormente, havia dois sistemas de saúde, um para quem tinha emprego
formal e outro para quem não tinha. Hoje, o Brasil tem o Sistema Único de Saúde
para todos.
Neste capítulo, você verá como se desenvolveu a saúde coletiva. Além disso,
conhecerá a relação entre a saúde coletiva na formação e a educação em saúde.
Por fim, você verá quais são os marcos históricos no Brasil que influenciaram a
criação das políticas públicas.
2 Saúde coletiva e políticas públicas

Aspectos conceituais da saúde coletiva


A saúde coletiva apresenta vários desafios que permearam a Antiguidade
e ainda permanecem hoje. No entanto, na maioria das vezes, essa vertente
de atenção à saúde é confundida com outros conceitos e/ou abordagens,
principalmente com a saúde pública. Sendo assim, é emergente que os pro-
fissionais, bem como a população, entendam qual é a diferença entre a saúde
coletiva e a saúde pública.
Primeiramente, a saúde pública é um campo que busca trabalhar com
problemas de saúde estabelecidos em termos de riscos, agravos, doenças
e mortes em suas ocorrências no nível da coletividade (SOUZA, 2015). Nessa
perspectiva, o conceito de saúde que lhe é peculiar é o da ausência de doen-
ças. Já a saúde coletiva toma como instrumento as necessidades de saúde,
isto é, todas as condições necessárias não somente para impedir a doença
e prolongar a vida, mas também para aprimorar a qualidade de vida e, no
limiar, possibilitar o exercício da liberdade humana na busca da felicidade.
A saúde pública utiliza alguns meios ou instrumentos de trabalho, são eles:

„„ administração de inspiração taylorista;


„„ epidemiologia tradicional;
„„ planejamento normativo.

Sem dúvida, as isoladas estratégias e ações da vigilância sanitária e da


vigilância epidemiológica, bem como o desenvolvimento de programas espe-
ciais, desunidos das demais ações, como, por exemplo, o Programa Nacional
de Imunização ou a Saúde Materno-Infantil, caracterizam os meios de trabalho
específicos da saúde pública (SOUZA, 2015).
Em contrapartida, a saúde coletiva utiliza, como instrumento de trabalho,
a epidemiologia social ou crítica, que, associada às ciências sociais, privilegia
os seguintes itens:

„„ estudo da determinação social;


„„ estudo das desigualdades em saúde;
„„ gestão democrática;
„„ planejamento comunicativo;
„„ planejamento estratégico.
Saúde coletiva e políticas públicas 3

Além disso, a saúde coletiva abre-se às contribuições de todos os saberes


— populares e científicos —, que podem possibilitar o aumento da consciência
sanitária e a realização de intervenções no âmbito da intersetorialidade
sobre os determinantes que estruturam a saúde. Alguns dos movimentos que
compõem as estratégias da saúde coletiva são: cidades saudáveis, políticas
públicas saudáveis, promoção da saúde e saúde em todas as políticas. A
Figura 1, a seguir, apresenta modelos práticos e a diferença entre as ações
de saúde coletiva e de saúde pública.

Figura 1. Modelos práticos do trabalho da saúde coletiva e da saúde pública.

Sendo assim, a saúde coletiva tem um grande potencial e merece destaque,


pois é a partir dela que são planejadas as estratégias e ações de promoção
da saúde na atenção primária no contexto da interdisciplinaridade e da
intersetorialidade.

Desafios contemporâneos para as saúdes coletiva


e pública
Um dos principais desafios contemporâneos são as doenças e os agravos não
transmissíveis (p. ex., neoplasias respiratórias crônicas, cardiovasculares e
diabetes melito) e as causas externas (p. ex., violências e acidentes). Conforme
4 Saúde coletiva e políticas públicas

Malta et al. (2016), essas doenças representam uma grande parte das causas
de morbimortalidade no Brasil e no mundo, além de resultarem em incapa-
cidades, mortes prematuras, redução da qualidade de vida e significativos
impactos econômicos.
O crescimento da carga de doenças e agravos não transmissíveis acomete
principalmente os indivíduos com baixa renda, o que causa reflexos nega-
tivos, como desigualdades ao acesso à saúde e à urbanização, vida inativa
e sedentária e alimentação inadequada e com alto teor calórico, além do
uso do álcool e do tabaco. Em relação às violências, há evidências concretas
que enfatizam as desigualdades associadas aos recortes de gênero, renda,
baixa escolaridade, raça/etnia, crianças, idosos e pessoas com deficiência,
populações estas que devem ser priorizadas em políticas de promoção da
equidade (MALTA; SILVA, 2018).
Malta e Silva (2018) enfatizam que vários indicadores direcionados às
doenças e aos agravos não transmissíveis foram incluídos nos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, como, por exemplo:
metas de diminuição da mortalidade no trânsito e de doenças e agravos
não transmissíveis; metas de diminuição do consumo abusivo do álcool
e do tabaco; acesso a sistemas de transportes sustentáveis e seguros; e
expansão do transporte público. É importante destacar que essas metas
são importantes, pois reforçam a ação intersetorial, que deve ser realizada
no sistema de saúde.
A vigilância de doenças e agravos não transmissíveis constitui um marco
na saúde pública brasileira, inovando no apoio às políticas públicas de pre-
venção e controle. Conforme Malta e Silva (2018), alguns marcos históricos
importantes no compromisso com o tema foram:

„„ articulação com os sistemas de informação de mortalidade e hospitalar;


„„ criação da coordenação geral de doenças e agravos não transmissíveis
no Ministério da Saúde;
„„ criação da pesquisa nacional de saúde;
„„ criação da pesquisa nacional de saúde do escolar;
„„ criação da vigilância de violências e acidentes;
„„ criação dos inquéritos telefônicos, como o Vigitel;
„„ notificação compulsória das violências domésticas;
„„ organização da vigilância de doenças e agravos não transmissíveis.
Saúde coletiva e políticas públicas 5

Outras agendas fundamentais foram criadas para atuar nas doenças e


nos agravos não transmissíveis, são elas:

„„ aprovação da Política Nacional de Promoção à Saúde;


„„ as ações e políticas regulatórias custo-efetivas, como o aumento de
impostos e do preço do tabaco, criação de ambientes livres de tabaco,
advertências sanitárias;
„„ criação do plano de enfrentamento de doenças crônicas não
transmissíveis;
„„ criação do Projeto Vida no Trânsito;
„„ desenvolvimento do guia de alimentação saudável.

Em relação às doenças e aos agravos não transmissíveis, o agente da


saúde coletiva deve organizar a vigilância desses eventos, atuar na diminuição
das desigualdades e iniquidades, instituir agenda regulatória que diminua
vulnerabilidades e, sobretudo, atuar de maneira participativa, intersetorial
e articulada (MALTA; SILVA, 2018).

Muitas vezes, o profissional de fisioterapia destina a sua atenção,


quase que exclusivamente, à cura de doenças e à reabilitação de
sequelas. Contudo, o novo perfil epidemiológico e a nova lógica de organização
do sistema de saúde sugerem a reestruturação das práticas profissionais e a
redefinição do campo de atuação do fisioterapeuta. É importante ficar atento
às práticas de saúde coletiva que o fisioterapeuta pode realizar, que, muitas
vezes, são mais funcionais do que uma prática reabilitadora, pois promovem a
saúde e evitam doenças no futuro.

Saúde coletiva na educação em saúde


e práticas integrativas e complementares
A saúde coletiva deve ser aplicada sob um olhar multidisciplinar, represen-
tada pelo histórico de lutas, em rumo a uma modificação efetiva do cenário
sociopolítico e científico da saúde e da sociedade — a exemplo da Reforma
Sanitária e de todo o seu legado construtivista. Esse âmbito da saúde apre-
senta três subdivisões: epidemiologia, planejamento/gestão de serviços de
saúde e ciências humanas (SILVA; MELO NETO; NÓBREGA, 2020).
6 Saúde coletiva e políticas públicas

No Brasil, o espaço da saúde coletiva, como espaço multiprofissional e


interdisciplinar, tem amplamente se preocupado com a efetivação do Sistema
Único de Saúde (SUS), dando importância à necessidade de se atuar nas
mudanças das práticas e estando mobilizado politicamente para a alteração
de modelos de atenção (SILVA; PINTO, 2018).
Desde o início do movimento da Reforma Sanitária no Brasil, antes mesmo
de 1988 e da criação do SUS, esforços vêm sendo empreendidos no sentido
de valorizar e qualificar os profissionais que atuam na área de saúde coletiva
(LORENA et al., 2016). Após esses acontecimentos históricos no Brasil, aliados
a políticas, programas e ações voltados para públicos e problemáticas de
saúde específicos, expandiu-se ainda mais a presença de novas abordagens
para promover a saúde da população, como a educação em saúde e as práticas
integrativas e complementares (SOARES; MACEDO, 2020).

Utilização de estratégias educativas na saúde


coletiva
Em termos de prática de educação em saúde, Whitehead (2001) destaca que
os construtos teóricos mais amplamente utilizados e aceitos são aqueles
originados da teoria social cognitiva. A teoria da aprendizagem social é a
teoria alimentadora mais amplamente conhecida e aplicada à prática de
educação em saúde/promoção da saúde.
Os modelos sociais cognitivos de mudança comportamental relacionada à
saúde têm suas origens nas pesquisas com consumidores. Como tal, a teoria
cognitiva social baseia-se fortemente na psicologia da saúde para explicar
os comportamentos de saúde. Essa teria concentra-se essencialmente no
contexto social da mudança comportamental relacionada com a saúde e seus
processos cognitivos associados. Portanto, os modelos sociais cognitivos são
baseados na reação do cliente a uma ameaça percebida ou real de doença/
enfermidade, buscando identificar os processos que levam a qualquer ação
realizada ou não realizada (WHITEHEAD, 2001).
Whitehead (2001) relata que, embora no passado as teorias sociais cognitivas
tenham sido aplicadas a outras disciplinas, esses conceitos foram aplicados
no campo da saúde — particularmente ao destacar o conceito de autoeficácia
e sua relação com mudanças comportamentais relacionadas à saúde.
A educação em saúde é muito utilizada na atenção primária à saúde,
constituindo-se em um processo educativo que busca construir conheci-
mentos em saúde, visando à apropriação temática pela população. Além
disso, a educação em saúde representa um conjunto de práticas do setor
Saúde coletiva e políticas públicas 7

que auxiliam a potencializar a autonomia dos indivíduos no seu cuidado e no


debate com os profissionais e os gestores, a fim de alcançar uma atenção de
saúde conforme as suas necessidades (FALKENBERG et al., 2014).
As práticas de educação em saúde envolvem três segmentos de atores
prioritários. Veja a seguir.

„„ Gestores: apoiam os profissionais de saúde.


„„ Profissionais de saúde: valorizam a prevenção e a promoção de saúde
tanto quanto as práticas curativas.
„„ População: necessita construir os seus conhecimentos e aumentar a
sua autonomia nos cuidados, individual e coletivamente.

Sendo assim, é importante ressaltar que a educação em saúde é uma


ferramenta essencial e deve ser utilizada na prática da saúde coletiva, por
meio de estratégias e ações que estimulem o bem-estar e a qualidade de
vida em diferentes contextos nos ciclos da vida.

Uso de práticas integrativas e complementares


na saúde coletiva
No final da década de 70, o debate sobre as práticas integrativas e comple-
mentares começou a despontar no Brasil, após a Declaração de Alma-Ata,
validada por meio da 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada entre 17 e
21 de março de 1986. A Declaração exigia um espaço legítimo de visibilidade
para as necessidades e demandas da população por meio de uma nova cultura
de saúde que questionasse o ainda latente modelo hegemônico de oferecer
cuidado, que eliminava outras maneiras de se produzir e legitimar saberes
e práticas (HISTÓRICO..., [2020]).
Nessa perspectiva, tanto o governo federal quanto a sociedade civil começa-
ram um movimento, até então considerado tímido, por busca e oferta de outras
formas de praticar o cuidado e o autocuidado, considerando o bem-estar físico,
mental e social como determinantes ou condicionantes da saúde da população.
Como consequência, coube ao governo federal garantir a atenção integral à
saúde por meio das práticas integrativas e complementares, pensando — de
maneira coletiva com gestores de saúde, entidades de classe, conselhos,
academia e usuários do SUS — em uma política pública que fosse considerada
permanente e considerasse não apenas os mecanismos naturais de prevenção
de agravos e recuperação da saúde, mas também a ampliada abordagem do
processo saúde-doença e a promoção global do cuidado (HISTÓRICO..., [2020]).
8 Saúde coletiva e políticas públicas

Amado et al. (2017) destacam que, à medida que os debates se aprofun-


davam sobre as dificuldades impostas à implementação efetiva desse novo
modelo de produzir saúde, o Departamento de Atenção Básica criou um
documento normatizador para institucionalizar as experiências com essas
práticas na rede pública e induzir políticas, estratégias, ações, programas
e legislações nas três instâncias de governo. Nesse sentido, sob um olhar
consensual e respaldado pelas diretrizes da Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Ministério da Saúde aprovou, por meio da Portaria GM/MS nº 971,
de 3 de maio de 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
mentares em Saúde (BRASIL, 2006).
A Figura 2, a seguir, apresenta a lista de práticas integrativas e comple-
mentares que são reconhecidas e oferecidas pelos serviços de atenção à
saúde do SUS no Brasil. Essa lista é um resumo das práticas, portanto, não
indica que cada unidade de saúde oferece todos os tipos de atendimento.
No entanto, a unidade de saúde pode escolher ofertar uma ou mais práticas,
conforme a necessidade do território e dos indivíduos que o habitam.

Figura 2. Lista de práticas integrativas e complementares reconhecidas e oferecidas pelo


SUS no Brasil.

Nesse sentido, observa-se que, para aplicar as práticas integrativas e


complementares no sistema de saúde brasileiro, é importante conhecer a
técnica, ter formação adequada para aplicá-la e desenvolver, em sua unidade
de saúde, um plano para ofertar esse tipo de atendimento.
Saúde coletiva e políticas públicas 9

Onde estão e como aplicar as práticas integrativas


e complementares na saúde coletiva
Em todos os níveis de complexidade do Brasil, a atenção básica é a que mais
tem aplicação de práticas integrativas e complementares. É importante
destacar que 56% dos atendimentos das práticas são individuais, conforme
os últimos dados publicados em 2016. Mais da metade das cidades brasileiras
têm a oferta de práticas integrativas e complementares, sendo que todas as
capitais oferecem esse recurso que promove a saúde da população (ONDE
TEM..., [2020]).
Conforme informado pelo Ministério da Saúde, a distribuição em relação
à complexidade de maneira mais detalhada é a seguinte (ONDE TEM..., [2020]):

„„ 78% na atenção básica;


„„ 18% na atenção de média complexidade;
„„ 4% na atenção de alta complexidade.

Para que consiga implantar uma prática integrativa e complementar no


sistema de saúde brasileiro, o profissional de saúde precisa ficar atento a
algumas demandas que precisam estar organizadas. As práticas integrativas
e complementares representam ações de cuidado transversais, podendo ser
efetuadas nas atenções básica, média e de alta complexidade.
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares traz di-
retrizes gerais para a incorporação das práticas nos diversos serviços de
saúde. Após conhecer essa política, compete ao gestor municipal criar normas
técnicas para inseri-la na rede municipal de saúde e estabelecer recursos
orçamentários e financeiros para a implementação das práticas nos serviços
de atenção à saúde. Como consequência, é de exclusiva competência da
cidade a contratação dos profissionais e a determinação das práticas a serem
oferecidas (TESSER; SOUSA; NASCIMENTO, 2018).
Contudo, apesar de todo o avanço da Política Nacional de Práticas Inte-
grativas e Complementares nos últimos anos, para a sua efetiva implantação,
é essencial estimular, nos territórios, espaços de fortalecimento do debate
sobre as práticas e trocar experiências com gestores de outras cidades e
estados que tenham as práticas integrativas e complementares ofertadas
pelo SUS (COMO IMPLANTAR..., [2020]).
10 Saúde coletiva e políticas públicas

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, criada


em 2006 no Brasil, teve aprovação unânime pelo Conselho Nacional
de Saúde. O objetivo dessa política é implementar tratamentos alternativos
à medicina baseada em evidências na rede de saúde pública do Brasil, por
meio do SUS. A princípio, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
mentares contava com somente cinco procedimentos, porém, em 2018, foram
implementadas novas técnicas. No ano de 2020, com a expansão do programa,
há 29 práticas, com a possibilidade de incluir novas de acordo com a tendência
de cuidado do futuro.

Evolução das políticas públicas no Brasil


A saúde coletiva representa um movimento que surgiu na década de 70, quando
a população não estava de acordo com os paradigmas de saúde existentes na
América Latina. À época, a ideia era buscar uma maneira de se superar a crise
no campo da saúde. Desse modo, a saúde coletiva surgiu necessidade de se
construir um campo teórico e conceitual em saúde diante do esgotamento do
modelo científico-biologicista, que era difundido na saúde pública naquela
época (CAMPOS et al., 2017).
Conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as políticas públicas repre-
sentam um conjunto de programas, estratégias, ações e decisões tomadas
pelos governos nacional, estadual ou municipal que acometem toda a po-
pulação, de todas as escolaridades, independentemente de cor, sexo, classe
social, religião, entre outros (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2020). A política
pública deve ser construída a partir da participação direta ou indireta da
sociedade civil, buscando assegurar o direto a determinado serviço, programa
ou ação. No Brasil, o direito à saúde é garantido por meio do SUS, que deverá
ser universal, integral e gratuito.
A seguir, serão apresentados os marcos históricos do Brasil que influen-
ciaram as políticas públicas que a população tem como referência.

Marcos históricos do Brasil que influenciaram


as políticas públicas
Em 1923, a Lei Eloy Chaves criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões.
À época, essa lei contribuiu apenas para conferir estatuto legal a iniciativas
existentes de organização dos trabalhadores por fábricas, a fim de assegurar
a pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença,
Saúde coletiva e políticas públicas 11

bem como uma futura aposentadoria. Após alguns anos, especificamente


em 1932, no Estado Novo de Getúlio Vargas, foram criados os Institutos de
Aposentadoria e Pensões, como resposta ao número de reivindicações e lutas
dos trabalhadores (RONCALLI, 2003).
Em 1965, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), conso-
lidando o componente assistencial que teve grande presente no futuro sistema
brasileiro de saúde, sendo hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado.
Em 1977, com a criação do Sistema Nacional de Assistência e Previdência
Social (Sinpas), este passa a ser o grande órgão governamental prestador
de assistência médica. Em seguida, em 1982, foi implementado o Programa
de Ações Integradas de Saúde, que dava um destaque direcionado à atenção
primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a porta de entrada do
sistema (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012).
Com o passar do tempo, em 1986, ocorreu a emblemática 8ª Conferência
Nacional de Saúde. Um destaque muito importante desse evento foi a parti-
cipação da sociedade, logo após o fim da ditadura militar, iniciada em 1964,
que consagrou uma ampliada concepção de saúde e o princípio da saúde como
direito universal e como dever do Estado, atributos que seriam plenamente
incorporados à Constituição de 1988. Essa conferência foi o principal marco
no Brasil, pois foi a primeira vez que a população participou das discussões
em uma Conferência Nacional de Saúde. As propostas foram contempladas
tanto no texto da Constituição Federal de 1988 como nas leis orgânicas da
saúde (nº 8.080/90 e nº 8.142/90). Mais de 4 mil delegados, impulsionados
pelo movimento da Reforma Sanitária, participaram dessa conferência, os
quais propuseram a criação de uma ação institucional equivalente ao conceito
ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação em saúde
(REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012).
Diante dessa nova etapa vencida pelo sistema de saúde do Brasil, Reis,
Araújo e Cecílio (2012) destacam que grandes avanços puderam ser observados.
No ano de 1987, foram criados os Sistemas Unificados e Descentralizados de
Saúde, representando um momento muito marcante da época, pois, pela
primeira vez, o governo federal começou a repassar recursos para os estados
e municípios ampliarem as suas redes de serviços. A ideia central desses
sistemas era promover a integralidade dos cuidados assistenciais, a univer-
salidade e a equidade no acesso aos serviços de saúde, a descentralização
das ações de saúde e a implementação de distritos sanitários.
De acordo com Reis, Araújo e Cecílio (2012), a Constituição Cidadã — como
ficou conhecida a Constituição de 1988 — estabeleceu a saúde como direito
de todos e dever do Estado. Além disso, ela estabeleceu outro ponto muito
12 Saúde coletiva e políticas públicas

importante, com reflexos até hoje: as necessidades individuais e coletivas


são consideradas de interesse público, de modo que o atendimento em saúde
é um dever do estado. Todos esses movimentos permitiram a criação do
SUS, por meio da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre
as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, bem
como a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes do SUS.
A partir da criação do SUS, houve a criação da Comissão de Intergestores
Tripartite, em 1991, com participação do Ministério da Saúde e das Secretarias
Estaduais e Municiais de Saúde para o acompanhamento da implantação e
da operacionalização do sistema recém-criado (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012).
Após dois anos, em 1993, foi publicada a Norma Operacional Básica – 93, que
buscava restaurar o compromisso da implantação do SUS e estabelecer o
princípio da municipalização. Essa norma promoveu a criação de distintos níveis
de competência e responsabilidade para a gestão do novo sistema de saúde.
Em 1994, foi criado o Programa Saúde da Família para implementar a
atenção primária à saúde. Atualmente, ele é conhecido como Estratégia
Saúde da Família, por não se tratar somente de um programa, uma vez que
busca a reversão do modelo assistencial que era comum à época, no qual
predominava o atendimento apenas para o doente, principalmente em hospi-
tais. A partir dessa estratégia, a família passou a ser o elemento principal de
atenção, no local e no território em que vive, o que permite uma compreensão
global do processo saúde-doença. O programa inclui ações de promoção da
saúde, prevenção, recuperação, bem como reabilitação de doenças e agravos
mais frequentes na comunidade (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012). Cada equipe
de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas,
sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando-se os critérios de
equidade para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por
equipe considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território,
sendo que, quanto maior for o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a
quantidade de pessoas por equipe (ESTRATÉGIA..., [2020]).
As Normas Operacionais Básicas foram aperfeiçoadas ao longo do tempo e
novas propostas de atenção à saúde foram criadas. Por exemplo, em 1996, foi
criada a Norma Operacional Básica – 16, evidenciando uma aproximação com o
modelo de descentralização. Já em 2002 foi editada a Norma Operacional Saúde.
Em 2006, foi criado o Pacto pela Saúde, representado por um conjunto de
reformas institucionais e pactuado entre as três esferas do governo para atuar
em três dimensões: pela vida, em defesa do SUS e de gestão (REIS; ARAÚJO;
CECÍLIO, 2012). Além disso, em 2008, o Ministério da Saúde criou o Núcleo
Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica, com o intuito de oferecer
Saúde coletiva e políticas públicas 13

suporte para a consolidação da Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas


de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e
o alvo das ações (NÚCLEO AMPLIADO..., [2020]).

A influência da saúde coletiva nas diretrizes do SUS


As diretrizes do SUS representam um conjunto de recomendações organi-
zacionais e técnicas direcionadas para problemas específicos, elaboradas
pelo Ministério da Saúde, com ciência e participação de especialistas. Essas
diretrizes surgem como um documento orientador para configurar as ações
no sistema de saúde brasileiro (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012).
A Figura 3, a seguir, apresenta as principais diretrizes do SUS que buscam
atenção à saúde de diferentes públicos, grupos e ciclos de vida.

Figura 3. Principais diretrizes do Sistema Único de Saúde.


14 Saúde coletiva e políticas públicas

Os exemplos apresentados aqui, por mais que pareçam ser algo muito
técnico e apenas no papel, acabam influenciando significativamente a ma-
neira como os sistemas de saúde das cidades são organizados e executados.

Um exemplo da influência dos marcos históricos e das políticas


públicas no Brasil são os modelos de atenção e gestão à saúde, que
representam a maneira de organização do sistema de saúde brasileiro e suas
práticas em resposta às necessidades e demandas da população. Os modelos
são expressos em políticas, programas e serviços de saúde que estejam em
harmonia com os princípios e diretrizes que estruturam o SUS. Nesse sentido,
a criação do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à
Saúde (PMA) permitiu todos esses avanços na saúde coletiva.

Referências
AMADO, D. M. et al. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no
Sistema Único de Saúde 10 anos: avanços e perspectivas. Journal of Management &
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16 Saúde coletiva e políticas públicas

Leituras recomendadas
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ticas públicas de promoção de saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de
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Acesso em: 1 dez. 2020.
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políticas públicas. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 5, p. 15724, maio 2020.
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MEDINA, M. G. et al. Atenção primária à saúde em tempos de COVID-19: o que fazer?
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 8, e00149720, ago. 2020. Disponível
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-tempos-de-covid-19-o-que-fazer. Acesso em: 1 dez. 2020.
MORETTI, A. C. et al. Práticas corporais/atividade física e políticas públicas de pro-
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PAIM, J. S. et al. Sistema Único de Saúde: 30 anos de luta! Ciência & Saúde Coletiva, Rio
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Acesso em: 1 dez. 2020.
PAULUS JÚNIOR, A.; CORDINI JÚNIOR, L. Políticas públicas de saúde no Brasil. Espaço
para Saúde, Londrina, v. 8, n. 1, p. 13–19, dez. 2006.
VIEIRA-DA-SILVA, L. M.; FURTADO, J. P. A avaliação de programas de saúde: continui-
dades e mudanças. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 9, e00237219,
set. 2020. Disponível em: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/csp/artigo/1170/a-avaliacao-
-de-programas-de-saude-continuidades-e-mudancas. Acesso em: 1 dez. 2020.

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integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Tanto o fumo quanto o álcool podem ser altamente viciantes e ter consequências de longo prazo
para a saúde. Os efeitos de misturar tabaco e álcool podem incluir uma vida útil mais curta,
problemas interpessoais e respiratórios. Isso ocorre porque as duas substâncias podem ser
perigosas por si mesmas e porque o tabaco é um estimulante suave, enquanto o álcool é um
depressor.

Apesar disso, tanto o tabaco quanto o álcool são legais e amplamente disponíveis, tornando-os
mais fáceis de serem consumidos. Felizmente, há ajuda disponível na atenção primária à saúde. No
entanto, como o profissional pode oferecer esse apoio por meio de estratégias educativas no
tratamento da depedência do fumo e do álcool?

Na Dica do Professor, você vai descobrir como um fisioterapeuta pode atuar por meio das terapias
integrativas e complementares disponíveis no SUS para o tratamento da dependência do fumo e do
álcool.

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Exercícios

1) A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu em fins da
década de 1970 na perspectiva de constituir um paradigma que permitisse uma nova
articulação entre as diferentes instituições do campo da saúde.

Escolha a alternativa correta que representa uma responsabilidade do agente da saúde


coletiva.

A) Assumir as tarefas do planejamento normativo.

B) Operar tecnologias para o atendimento das necessidades.

C) Aplicar os modelos de transmissão de doenças.

D) Definir as metas e os objetivos sem considerar outros pontos de vista.

E) Realizar a distribuição de bens e serviços.

2) Ao procurar um serviço de saúde no SUS, cada usuário terá acesso a uma rede, de acordo
com seu endereço. As ações de promoção e educação em saúde também são pensadas
respeitando essa dinâmica.

Escolha a alternativa que representa o motivo que possibilitou a ampliação das redes de
serviços nos municípios.

A) A criação do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica.

B) O desenvolvimento da Norma Operacional Básica 93.

C) A criação da Estratégia Saúde da Família.

D) A criação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde.

E) A criação da Norma Operacional Básica 16.

3) A saúde coletiva representa um conjunto complexo de saberes e práticas relacionados ao


campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à saúde da
população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil.
Escolha a alternativa que representa um meio de trabalho da saúde coletiva.

A) Epidemiologia tradicional.

B) Criação de programas especiais desunidos das demais ações.

C) Planejamento estratégico.

D) Planejamento normativo.

E) Administração de inspiração taylorista.

4) A saúde pública representa a arte e a ciência de prevenir a doença e a incapacidade,


prolongar a vida e promover a saúde física e mental mediante os esforços organizados da
comunidade e, por meio de vários momentos históricos no Brasil, ela se consolidou e é
considerada uma referência de cuidado.

Escolha a alternativa que representa o marco histórico que aconteceu na 8a Conferência


Nacional de Saúde.

A) Planejou-se o desenvolvimento dos Institutos de Aposentadorias e Pensões.

B) Foram criados os princípios da Lei Eloy Chaves.

C) Restaurou-se o compromisso da implantação do SUS.

D) Deixou-se a rede ambulatorial como porta de entrada do sistema.

E) Definiu-se saúde como direito universal e dever do Estado.

5) A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas


concepções das áreas tanto da educação quanto da saúde, as quais espelham diferentes
compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político-filosóficas sobre o
homem e a sociedade. As ações educativas em saúde podem ser propostas a partir de alguns
segmentos já estabelecidos.

Escolha a alternativa que representa uma ação educativa em saúde que corresponde ao
segmento da gestão.

A) Apoiar os profissionais.

B) Aumentar o empoderamento individual.


C) Valorizar a prevenção de doenças.

D) Priorizar as práticas curativas.

E) Construir conhecimentos e aumentar autonomia.


Na prática
A experiência de ter um filho inaugura um momento importante no ciclo vital da mulher, do homem
e dos familiares. O componente educativo acompanha diretamente o processo de cuidar. Assim, o
processo educativo está presente intrinsecamente nos cuidados de saúde na atenção primária à
saúde, principalmente no âmbito da saúde materna.

Neste Na Prática, você vai saber como desenvolver um protocolo de programa educativo para as
gestantes e/ou casais grávidos cadastrados na unidade.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Diálogos: Saúde Coletiva


Assista a esta entrevista, que contém uma conversa sobre questões emocionais, psicológicas,
sociais e biológicas que contribuem para a saúde coletiva e como deve ser o processo de trabalho.

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Covid-19: CNS recomenda divulgação de Práticas Integrativas e


Complementares em Saúde (PICS) na assistência ao tratamento
Durante a pandemia da Covid-19 no Brasil, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou a
adoção das PICS como tratamento auxiliar da Covid-19 depois ter rejeitado a adoção da cloroquina.
Leia o texto, que aborda essa importante recomendação e também a sua justificativa.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Dança circular - Cantiga Sapo


Veja um exemplo de aplicação de uma PIC reconhecida e recomendada pelo SUS no Brasil.

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Você conhece a acupuntura?
Conheça os benefícios da acupuntura, trata-se de uma prática importante, oferecida por meio da
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

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