Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Projecto (Elisa)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE- EXTENSÃO DE MAPUTO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Metodologia de Investigação Cientifica

1º Ano ̸ Turma B

Tema: As Dificuldades de Acesso à Justiça Criminal para Crianças Vítimas de


Violência em Áreas Rurais da Província de Nampula (2015-2025)

DISCENTE:

- Elisa Sérgio DOCENTE: Silva Afonso

Maputo, 11 de Junho de 2024


Índice
CAPITULO I - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
1.1.Delimitação do Tema. ......................................................................................................... 2
1.2.Enquadramento do tema ...................................................................................................... 2
1.3.Problematização .................................................................................................................. 2
1.4.Hipóteses ............................................................................................................................. 3
1.5.Justificativa ......................................................................................................................... 3
1.6.Objectivos ........................................................................................................................... 4
1.6.1.Objectivo Geral: ........................................................................................................... 4
1.6.2.Objectivos Específicos: ................................................................................................ 4
CAPITULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 5
2.1. Teorias e Conceitos Fundamentais ..................................................................................... 5
2.2. Barreiras ao Acesso à Justiça em Áreas Rurais.................................................................. 6
2.3. Políticas Públicas e Intervenções ....................................................................................... 8
CAPITULO III – METODOLOGIA........................................................................................... 10
3.1. Descrição da área de estudo ............................................................................................. 10
3.2. Tipo de pesquisa............................................................................................................... 11
3.2.1. Quanto aos objectivos ............................................................................................... 11
3.2.2. Quanto a abordagem.................................................................................................. 11
3.2.3. Quanto ao Procedimento ........................................................................................... 11
3.3. Procedimentos de Análise de Dados ................................................................................ 12
3.4. Resultados Esperados ....................................................................................................... 13
3.5. Cronograma ...................................................................................................................... 14
3.6. Orçamento ........................................................................................................................ 14
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 15
CAPITULO I - INTRODUÇÃO

O acesso à justiça é um direito fundamental, essencial para a proteção dos direitos


humanos e para a promoção da equidade e da justiça social. No contexto das crianças
vítimas de violência, o acesso à justiça adquire uma importância ainda maior, pois
envolve a proteção de indivíduos em uma fase crucial de desenvolvimento e
vulnerabilidade. Em áreas rurais, essas dificuldades são exacerbadas por uma série de
fatores que incluem a distância geográfica dos centros urbanos, a falta de infraestrutura
adequada, a escassez de profissionais qualificados e a prevalência de normas culturais
que podem perpetuar a violência e a impunidade.

Na província de Nampula, em Moçambique, essas questões são especialmente


pertinentes. Nampula é uma das províncias mais populosas do país e apresenta desafios
significativos em termos de desenvolvimento socioeconômico. As áreas rurais de
Nampula são caracterizadas por altos níveis de pobreza, limitado acesso à educação e
saúde, e uma infraestrutura de transporte deficitária. Essas condições criam um ambiente
onde as crianças estão particularmente vulneráveis a várias formas de violência, incluindo
abuso físico, sexual e psicológico.

A violência contra crianças em áreas rurais de Nampula não é apenas um problema de


direitos humanos, mas também um obstáculo ao desenvolvimento sustentável da região.
Crianças que são vítimas de violência frequentemente enfrentam graves consequências
físicas e psicológicas que podem prejudicar seu desenvolvimento e limitar suas
oportunidades futuras. Além disso, a incapacidade de acessar a justiça e obter reparação
agrava a situação, perpetuando um ciclo de violência e marginalização.

O presente projecto apresenta a seguinte estrutura: Capitulo I- Introdução, Delimitação


do Tema, Enquadramento do tema, Problematização, Justificativa e Objectivos da
pesquisa; Capítulo II- Fundamentação teórica; Capitulo III- Metodologias, resultados
esperados, cronograma e orçamento, e for fim, Referências Bibliográficas.

1
1.1.Delimitação do Tema.

O projecto situa-se no âmbito das dificuldades de acesso à justiça criminal para crianças
vítimas de violência em Áreas rurais. A delimitação espacial da pesquisa está situada na
província de Nampula. Em relação a delimitação temporal estará compreendida entre os
anos de 2015-2025.

1.2.Enquadramento do tema
O presente trabalho de pesquisa enquadra-se no Curso de licenciatura em Direito, na
cadeira de Direitos Humanos. Neste, o autor levanta um problema bastante discutido na
actualidade, que é as dificuldades de acesso à justiça criminal para crianças vítimas de
violência em Áreas rurais, neste caso o autor procura investigar as dificuldades de acesso
à justiça criminal para crianças vítimas de violência em áreas rurais de Nampula. Estas
acções devem ser conduzidas com o intuito de melhorar a vida das crianças vítimas de
violência em áreas rurais e um ambiente mais sadio.

1.3.Problematização

O acesso à justiça criminal é um desafio significativo para crianças vítimas de violência


em áreas rurais da província de Nampula, Moçambique. Essas dificuldades são
multifacetadas e envolvem barreiras físicas, econômicas, sociais e institucionais que
dificultam a busca por justiça e proteção legal. Uma das principais dificuldades é a
distância geográfica entre as comunidades rurais e os centros urbanos onde os tribunais e
delegacias estão localizados. As estradas em áreas rurais muitas vezes são precárias ou
inexistentes, tornando o transporte difícil e caro. As famílias frequentemente não possuem
os recursos financeiros necessários para custear as viagens longas até os centros de
justiça, o que impede a denúncia e o seguimento de casos de violência. Muitas famílias
em áreas rurais de Nampula não têm conhecimento sobre os direitos das crianças e os
mecanismos legais disponíveis para proteger esses direitos. A falta de educação jurídica
significa que muitos casos de violência não são denunciados porque as vítimas e suas
famílias desconhecem as opções legais ou têm medo de retaliações. As normas culturais
e sociais em áreas rurais podem representar uma barreira significativa ao acesso à justiça.
Em algumas comunidades, a violência contra crianças pode ser vista como uma questão

2
privada ou uma forma aceitável de disciplina. Essa percepção cultural dificulta a denúncia
de abusos e a busca por justiça. Diante desse cenário, surge a seguinte pergunta:

 Quais são as principais dificuldades de acesso à justiça criminal para crianças


vítimas de violência em áreas rurais da província de Nampula, Moçambique, e
como essas barreiras podem ser superadas?

1.4.Hipóteses

 Hipótese 1: A distância geográfica e a falta de infraestrutura de transporte em


áreas rurais de Nampula dificultam significativamente o acesso das crianças
vítimas de violência ao sistema de justiça criminal.
 Hipótese 2: A falta de conscientização e de educação jurídica entre as famílias
em áreas rurais resulta em uma baixa taxa de denúncias de violência contra
crianças.
 Hipótese 3: Normas culturais e sociais que normalizam a violência contra
crianças e desencorajam a denúncia são barreiras críticas ao acesso à justiça em
áreas rurais de Nampula.

1.5.Justificativa

Este estudo contribui significativamente para a literatura acadêmica ao explorar um tema


que, até agora, tem recebido atenção insuficiente: o acesso à justiça criminal para crianças
vítimas de violência em áreas rurais de Moçambique. Pesquisas anteriores focaram
principalmente nas áreas urbanas ou abordaram de forma geral a questão da violência
contra crianças, sem se concentrar nas especificidades das áreas rurais. Ao investigar as
barreiras específicas enfrentadas por crianças em Nampula, este estudo preenche uma
lacuna importante na pesquisa, oferecendo dados e insights que podem informar futuras
investigações e políticas públicas. Além disso, este estudo utiliza uma abordagem
interdisciplinar, combinando teorias e métodos das ciências sociais, direito e estudos de
desenvolvimento, o que enriquece a análise e proporciona uma compreensão mais
holística do problema. A integração de diferentes disciplinas permite uma análise mais
robusta das complexas interações entre fatores sociais, econômicos e culturais que
influenciam o acesso à justiça. Do ponto de vista social, a relevância deste estudo é

3
imensa. A violência contra crianças tem consequências devastadoras, não apenas para as
vítimas diretas, mas também para suas famílias e comunidades. Crianças que sofrem
violência podem enfrentar sérios problemas de saúde física e mental, dificuldades
escolares e sociais, e um risco aumentado de se envolverem em comportamentos de risco
no futuro. Ao investigar as barreiras ao acesso à justiça, este estudo busca não apenas
compreender melhor essas dificuldades, mas também propor soluções concretas para
superá-las. A relevância social se estende também ao potencial impacto nas políticas
públicas. Os resultados deste estudo podem fornecer evidências baseadas em dados que
ajudam a formular políticas mais eficazes e sensíveis às necessidades das crianças em
áreas rurais. Isso inclui a implementação de programas de conscientização, melhorias na
infraestrutura de transporte, capacitação de profissionais do sistema de justiça e a criação
de serviços de apoio psicológico e social.

1.6.Objectivos

1.6.1. Objectivo Geral:

 Investigar as dificuldades de acesso à justiça criminal para crianças vítimas de


violência em áreas rurais de Nampula.

1.6.2. Objectivos Específicos:

 Identificar as principais barreiras ao acesso à justiça;


 Analisar a eficácia das políticas públicas existentes;
 Propor soluções para melhorar o acesso à justiça.

4
CAPITULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Teorias e Conceitos Fundamentais


2.1.1. Acesso à Justiça

O acesso à justiça é um conceito central nos direitos humanos, essencial para a promoção
da igualdade, justiça social e proteção legal. Ele se refere à capacidade dos indivíduos de
buscar e obter uma solução justa e equitativa através do sistema judicial. Esse conceito
abrange não apenas a possibilidade de levar um caso ao tribunal, mas também a obtenção
de um julgamento justo, eficiente e sem discriminação. (Krug, et.all. 2002).

A importância do acesso à justiça é multifacetada. Primeiramente, ele garante que os


direitos e liberdades fundamentais dos indivíduos sejam protegidos e respeitados. Sem
acesso à justiça, as vítimas de violações de direitos, como a violência contra crianças,
ficam sem reparação e proteção, perpetuando ciclos de abuso e impunidade. Em segundo
lugar, o acesso à justiça é crucial para a manutenção do estado de direito, pois assegura
que todos os cidadãos, independentemente de sua condição socioeconômica ou
localização geográfica, tenham igual acesso aos mecanismos de justiça. Isso promove a
confiança nas instituições e na legalidade.

2.1.2. Dimensões do Acesso à Justiça: Legal, Geográfica, Econômica e Social

O acesso à justiça pode ser analisado através de várias dimensões que, quando
consideradas em conjunto, fornecem uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelas
vítimas de violência.

 Dimensão Legal: Esta dimensão abrange a existência de um quadro jurídico que


proteja os direitos das vítimas e permita a busca de justiça. Inclui leis,
regulamentos e procedimentos judiciais que definem como os casos são tratados
no sistema de justiça. Em Moçambique, por exemplo, a legislação de proteção
infantil deve ser robusta e aplicada de forma eficaz para garantir que as crianças
vítimas de violência possam buscar reparação e proteção.

5
 Dimensão Geográfica: A acessibilidade física aos tribunais, delegacias de polícia
e outros serviços legais é uma barreira significativa em áreas rurais. Em regiões
como a província de Nampula, a infraestrutura de transporte frequentemente
precária torna difícil para as vítimas viajarem para locais onde podem registrar
queixas ou participar de processos judiciais. A falta de serviços legais nas
comunidades locais agrava ainda mais essa situação.
 Dimensão Econômica: O custo de acessar o sistema de justiça pode ser proibitivo
para muitas famílias em áreas rurais. Despesas com transporte, taxas judiciais e
honorários advocatícios são obstáculos significativos. Além disso, a pobreza
generalizada em áreas rurais limita a capacidade das famílias de arcarem com
esses custos, resultando em uma barreira econômica que impede o acesso à justiça.
 Dimensão Social: Fatores sociais, como normas culturais, estigmatização e falta
de conscientização sobre direitos legais, também influenciam o acesso à justiça.
Em muitas comunidades rurais, a violência contra crianças pode ser vista como
uma questão privada ou uma forma aceitável de disciplina. Esse contexto social
dificulta a denúncia de abusos e a busca por justiça. A estigmatização das vítimas
e o medo de retaliação por parte dos agressores ou da comunidade também
desincentivam a procura de justiça. (UNICEF, 2020).

2.2. Barreiras ao Acesso à Justiça em Áreas Rurais


2.2.1. Barreiras Geográficas e Infraestrutura

As barreiras geográficas e a infraestrutura deficiente são obstáculos significativos para o


acesso à justiça em áreas rurais. A distância entre as comunidades rurais e os centros
urbanos onde se localizam os tribunais e delegacias é uma das maiores barreiras. As
estradas muitas vezes são mal conservadas ou inexistentes, o que torna o transporte difícil
e dispendioso. Em muitas regiões rurais, a falta de transporte público eficiente significa
que as vítimas e suas famílias dependem de meios de transporte privados, que podem ser
inacessíveis devido ao custo elevado. (RM, 2008).

Na província de Nampula, essas barreiras geográficas são particularmente pronunciadas.


Estudos de caso mostram que a maioria das vítimas de violência em áreas rurais não
consegue viajar até os centros urbanos para denunciar abusos ou participar de processos

6
judiciais. Por exemplo, um estudo realizado em várias comunidades rurais de Nampula
revelou que, para muitas famílias, a viagem até o tribunal mais próximo pode levar dias
e envolver custos que são proibitivos. Além disso, a falta de infraestrutura, como estradas
pavimentadas, agrava ainda mais essas dificuldades, especialmente durante a estação
chuvosa, quando muitas estradas ficam intransitáveis.

2.2.2. Falta de Conscientização e Educação Jurídica

A falta de conscientização e educação jurídica é outra barreira crítica ao acesso à justiça


em áreas rurais. Muitas famílias desconhecem os direitos das crianças e os mecanismos
legais disponíveis para proteger esses direitos. Em Nampula, esse problema é exacerbado
pela baixa taxa de alfabetização e pela falta de programas de educação jurídica adequados.
As comunidades rurais muitas vezes não têm acesso a informações básicas sobre como
denunciar casos de violência e buscar justiça. (HRW, 2019).

Embora existam alguns programas de educação jurídica em Moçambique, eles


geralmente são concentrados em áreas urbanas e não alcançam as regiões rurais. As
iniciativas de ONGs e agências governamentais que tentam abordar essa lacuna
frequentemente enfrentam desafios de recursos e logística. Por exemplo, programas
destinados a aumentar a conscientização sobre direitos legais em Nampula têm enfrentado
dificuldades em escalar suas operações e alcançar as comunidades mais isoladas.

2.2.3. Normas Culturais e Sociais

As normas culturais e sociais desempenham um papel significativo na forma como a


violência contra crianças é percebida e denunciada. Em muitas comunidades rurais de
Nampula, a violência, especialmente a disciplinar, pode ser vista como uma prática
aceitável ou uma questão privada da família. Essa visão cultural dificulta a denúncia de
abusos, pois as vítimas e suas famílias muitas vezes enfrentam pressão social para não
expor problemas internos da família ao público. (UNICEF, 2020).

Pesquisas em Nampula indicam que as atitudes culturais em relação à violência contra


crianças variam consideravelmente entre comunidades, mas geralmente incluem uma
resistência à intervenção externa em questões familiares. Estudiosos identificaram que

7
muitas famílias preferem resolver esses problemas dentro da comunidade, o que pode
resultar em um tratamento inadequado ou na perpetuação do ciclo de violência.

2.2.4. Recursos Humanos e Capacitação

A disponibilidade e a capacitação de profissionais do sistema de justiça são fundamentais


para garantir que as vítimas de violência possam acessar a justiça. Em áreas rurais de
Nampula, há uma escassez significativa de profissionais qualificados, incluindo policiais,
advogados, juízes e assistentes sociais. Essa falta de recursos humanos impede uma
resposta eficaz e sensível aos casos de violência infantil. (RM, 2008).

Além da escassez de profissionais, muitos daqueles que estão disponíveis não possuem a
formação específica necessária para lidar com casos de violência infantil de maneira
adequada. A formação contínua e especializada sobre como tratar casos de violência
contra crianças é essencial para melhorar a resposta do sistema de justiça. Em Nampula,
há uma necessidade urgente de programas de capacitação que abordem essas lacunas e
melhorem a competência dos profissionais.

2.3. Políticas Públicas e Intervenções


2.3.1. Políticas de Proteção Infantil em Moçambique

Moçambique possui um quadro jurídico e político abrangente para a proteção infantil,


incluindo a Lei da Família e a Lei de Proteção à Criança. Estas leis estabelecem os direitos
fundamentais das crianças, incluindo o direito à proteção contra todas as formas de
violência, abuso e exploração. Além disso, Moçambique é signatário da Convenção sobre
os Direitos da Criança (CDC) e do Protocolo Facultativo à CDC sobre o Envolvimento
de Crianças em Conflitos Armados. (RM, 2008).

No entanto, a implementação eficaz dessas políticas em Nampula e outras áreas rurais de


Moçambique enfrenta desafios significativos. A falta de recursos financeiros, pessoal
capacitado e infraestrutura adequada limita a capacidade do governo de garantir a
proteção efetiva das crianças. Além disso, a coordenação entre os diferentes órgãos
governamentais e agências encarregadas da implementação das políticas pode ser
inconsistente, o que resulta em lacunas na prestação de serviços e na proteção das crianças
em situações de violência.
8
2.3.2. Intervenções de ONGs e Organismos Internacionais

Diversas organizações não governamentais (ONGs) e organismos internacionais têm


desempenhado um papel fundamental na promoção da proteção infantil e no acesso à
justiça em Moçambique. Essas intervenções frequentemente visam preencher as lacunas
deixadas pelas políticas governamentais, oferecendo apoio direto às crianças vítimas de
violência e suas famílias. Muitas dessas organizações concentram seus esforços em áreas
rurais, onde as necessidades são mais agudas. (SC, 2020).

Existem diversos exemplos de intervenções bem-sucedidas em áreas rurais de


Moçambique, incluindo programas de capacitação de agentes comunitários para
identificar e relatar casos de violência infantil, serviços de aconselhamento e apoio
psicossocial para vítimas, e campanhas de conscientização pública sobre os direitos das
crianças. Essas intervenções frequentemente se baseiam em abordagens participativas,
envolvendo ativamente as comunidades locais no desenvolvimento e implementação das
atividades.

2.3.3. Recomendações para Melhorar o Acesso à Justiça

Com base na análise das barreiras ao acesso à justiça em áreas rurais de Nampula, várias
recomendações podem ser formuladas para melhorar a situação. Isso inclui o
fortalecimento da infraestrutura de transporte para garantir o acesso físico aos serviços de
justiça, a implementação de programas de conscientização jurídica nas comunidades
rurais, o desenvolvimento de políticas que promovam a sensibilidade cultural e a
adaptação dos serviços de justiça às necessidades específicas das crianças vítimas de
violência. (Krug, et.all. 2002).

Além disso, lições aprendidas com experiências bem-sucedidas em outras regiões ou


países podem ser aplicadas em Moçambique. Isso pode incluir a adaptação de modelos
de serviços de apoio psicológico e social, a capacitação de profissionais do sistema de
justiça em abordagens sensíveis à criança e o estabelecimento de parcerias eficazes entre
o governo, organizações da sociedade civil e o setor privado para promover a proteção
infantil e o acesso à justiça em áreas rurais. .

9
CAPITULO III – METODOLOGIA

3.1. Descrição da área de estudo

A pesquisa será conduzida na província de Nampula, localizada no norte de Moçambique.


Nampula é a terceira maior província do país em termos de população e uma das regiões
mais significativas cultural e economicamente. No entanto, enfrenta vários desafios que
afetam o acesso à justiça, especialmente para crianças vítimas de violência em áreas
rurais. Nampula é caracterizada por uma paisagem diversificada que inclui áreas urbanas,
periurbanas e rurais. A maior parte da população vive em zonas rurais, onde a agricultura
de subsistência é a principal fonte de sustento. A região é composta por diversas etnias e
línguas, sendo a língua macua a mais predominante. As áreas rurais de Nampula são
marcadas por infraestruturas limitadas. Estradas mal conservadas e a falta de transporte
público dificultam o deslocamento dos habitantes, incluindo o acesso a serviços
essenciais como saúde, educação e justiça. A falta de infraestrutura adequada também
afeta a capacidade das autoridades e profissionais do sistema de justiça de prestar serviços
efetivos às comunidades rurais. Nampula é uma das províncias mais pobres de
Moçambique, com altos índices de pobreza e desemprego. A economia local depende
fortemente da agricultura, mas a produtividade é baixa devido a práticas agrícolas
tradicionais e à falta de recursos. Essa situação econômica precária contribui para a
vulnerabilidade das crianças e aumenta a incidência de violência e abuso infantil. O
sistema de justiça em Nampula enfrenta desafios significativos, como a escassez de
recursos humanos capacitados, a lentidão nos processos judiciais e a falta de infraestrutura
adequada. As áreas rurais, em particular, são afetadas pela escassez de tribunais e
delegacias de polícia, o que dificulta o acesso à justiça para crianças vítimas de violência.
As normas culturais e sociais em Nampula desempenham um papel crucial na forma como
a violência contra crianças é percebida e tratada. Escolher Nampula como área de estudo
é essencial devido à sua combinação única de desafios socioeconômicos, culturais e
estruturais. A pesquisa nesta região fornecerá insights valiosos sobre as barreiras ao
acesso à justiça para crianças vítimas de violência em contextos rurais e ajudará a
identificar soluções práticas e eficazes que possam ser aplicadas não só em Nampula, mas
também em outras regiões de Moçambique e países com contextos semelhantes.

10
3.2. Tipo de pesquisa

3.2.1. Quanto aos objectivos

De acordo com Serra (2004), classifica as pesquisas quanto aos Objectivos em


exploratório, descritiva e explicativa. Portanto, baseando nesta classificação a pesquisa
em causa é de caracter exploratório, pois segundo o mesmo autor, envolvem levantamento
bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso; para além de
que, quando o tema é bastante genérico, torna-se necessário o seu esclarecimento e
delimitação, o que exige revisão da literatura, outros procedimentos e o produto final
deste processo passa a ser um problema mais esclarecido, possível de investigação,
mediante técnicas mais sistematizadas.

3.2.2. Quanto a abordagem

A pesquisa adotada será predominantemente qualitativa, complementada por elementos


quantitativos. Isso permitirá uma compreensão mais profunda das experiências,
percepções e desafios enfrentados pelas crianças vítimas de violência em áreas rurais de
Nampula, Moçambique, assim como de suas famílias, autoridades locais e profissionais
do sistema de justiça. A abordagem qualitativa permitirá explorar em detalhes os
contextos específicos que influenciam o acesso à justiça criminal. Além disso, elementos
quantitativos serão incorporados para fornecer uma visão geral dos padrões e tendências
relacionadas à violência infantil e ao acesso à justiça na região.

3.2.3. Quanto ao Procedimento

 Pesquisa bibliográfica

Na base desta técnica, irei consultar as obras e outros documentos importantes com os
aspectos ligados com o tema em estudo para garantir a sustentabilidade da monografia.

 Questionários

Para coletar dados quantitativos sobre a prevalência da violência infantil, o acesso à


justiça e outras variáveis relevantes, será aplicado um questionário estruturado em uma
amostra representativa de famílias em áreas rurais de Nampula. Os questionários serão

11
administrados por entrevistadores treinados, que explicarão o propósito da pesquisa e
garantirão o entendimento das perguntas pelos participantes. Os dados quantitativos
coletados serão submetidos a análises estatísticas descritivas e inferenciais para
identificar padrões e associações significativas.

 Entrevista

As entrevistas serão conduzidas de forma semi-estruturada com crianças vítimas de


violência, suas famílias, autoridades locais e profissionais do sistema de justiça, como
policiais, advogados e assistentes sociais. Essas entrevistas serão realizadas em um
ambiente seguro e acolhedor, respeitando a sensibilidade dos participantes e garantindo
sua privacidade. Serão utilizadas técnicas de entrevista sensíveis às crianças, como jogos
e desenhos, para facilitar a comunicação e permitir que as crianças expressem suas
experiências de forma mais confortável. As entrevistas serão gravadas, com
consentimento prévio dos participantes, e posteriormente transcritas e analisadas
qualitativamente.

3.3. Procedimentos de Análise de Dados


A análise dos dados coletados será realizada de forma abrangente e integrada,
combinando métodos qualitativos e quantitativos para oferecer uma compreensão
holística das questões abordadas no estudo. Os seguintes procedimentos serão adotados
para analisar os dados:

 Análise Qualitativa

As transcrições das entrevistas serão submetidas a uma análise de conteúdo qualitativa.


Isso envolverá a identificação e categorização de temas, padrões e significados
emergentes relacionados ao acesso à justiça criminal para crianças vítimas de violência
em áreas rurais de Nampula. A análise de conteúdo permitirá explorar as experiências,
percepções e desafios dos participantes, identificando padrões recorrentes e pontos de
convergência. Será realizada a codificação dos dados qualitativos utilizando técnicas
como a codificação aberta, axial e seletiva. Isso permitirá uma organização sistemática
dos dados e a identificação de categorias e subcategorias temáticas relevantes. A

12
codificação será realizada de forma iterativa e colaborativa, envolvendo múltiplos
pesquisadores para garantir a validade e confiabilidade dos resultados.

 Análise Quantitativa

Os dados quantitativos coletados por meio de questionários serão submetidos a uma


análise estatística descritiva para resumir e descrever as características das variáveis em
estudo. Isso incluirá o cálculo de frequências, médias, desvios padrão e intervalos de
confiança para variáveis quantitativas. Quando apropriado, serão realizadas análises
inferenciais para explorar as relações entre variáveis, como o acesso à justiça e o tipo de
violência enfrentada pelas crianças. Testes estatísticos, como correlações, testes t e
análises de variância, serão utilizados para identificar associações significativas e padrões
de comportamento.

 Triangulação e Integração dos Resultados

Os resultados obtidos por meio da análise qualitativa e quantitativa serão triangulados e


integrados para oferecer uma compreensão mais completa e robusta dos fenômenos em
estudo. Isso envolverá a comparação e contraste dos resultados qualitativos e
quantitativos para identificar convergências e divergências, permitindo uma análise mais
profunda das questões abordadas no estudo. A triangulação dos dados também ajudará a
validar e reforçar os achados, oferecendo uma perspectiva multifacetada sobre os temas
investigados. As discrepâncias entre os resultados qualitativos e quantitativos serão
exploradas e discutidas para identificar possíveis explicações e interpretações.

3.4. Resultados Esperados


Espera-se identificar e compreender as principais barreiras enfrentadas por crianças
vítimas de violência em áreas rurais de Nampula ao tentar acessar o sistema de justiça
criminal. Isso inclui obstáculos relacionados à distância física, falta de recursos
adequados, normas culturais e sociais, complexidade dos procedimentos legais, entre
outros. Os resultados esperados incluem uma análise detalhada das necessidades e
desafios específicos enfrentados pelas crianças vítimas de violência, suas famílias e
comunidades em termos de apoio psicológico, social e jurídico. Isso ajudará a
desenvolver intervenções direcionadas e eficazes para atender a essas necessidades. Com

13
base nos resultados da pesquisa, espera-se propor recomendações específicas de políticas
públicas destinadas a melhorar o acesso à justiça criminal para crianças vítimas de
violência em áreas rurais de Nampula. Isso pode incluir a implementação de programas
de conscientização jurídica, fortalecimento da infraestrutura de apoio às vítimas,
capacitação de profissionais do sistema de justiça, entre outras medidas. Os resultados da
pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento de intervenções
práticas e eficazes destinadas a proteger e apoiar crianças vítimas de violência. Isso pode
envolver a criação de serviços de apoio específicos, protocolos de atendimento sensíveis
à criança e parcerias entre organizações governamentais e não governamentais para
garantir uma resposta abrangente à violência infantil.

3.5. Cronograma
Atividade Mês

Abril Maio Junho Julho

Elaboração e entrega do  
projeto
Coleta de dados,  
Observação
Tratamento e análise de  
dados
Entrega do projecto  
Fonte: original

3.6. Orçamento
Ordem Despesas Preço unitário Quantidade Total
1 Transporte 4550MT 2 9100.00
3 Impressão 3,5 Mt 18 págs.x3 199.00
4 Encadernação 40 Mt 3 120.00
5 Total 759.00

Fonte: original

14
Referências Bibliográficas
1. República de Moçambique. (2008). Lei da Família. Maputo: Ministério da Justiça.
2. República de Moçambique. (2008). Lei de Proteção à Criança. Maputo:
Ministério da Justiça.
3. Save the Children. (2020). Still at risk: Na update on violence against children in
Mozambique
4. SERRA, Andrea. Métodos de pesquisa cientifica. 2010, pp 26
5. UNICEF. (2020). Situação da Infância e Adolescência em Moçambique.

15

Você também pode gostar