2015, Costa
2015, Costa
2015, Costa
Londrina
2015
MARCIA DA COSTA
Londrina
2015
MARCIA DA COSTA
RESUMO
ABSTRACT
Key words: Elementary Particles. History and Philosophy of Science. Physics Teaching.
Multimedia. Meaningful Learning
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
INTRODUÇÃO
1
Grupo de pesquisa Investigações em Filosofia e História da Ciência, Educação Científica e Matemática
(http://www.uel.br/grupo-pesquisa/ifhiecem), com apoio do CNPq e PROPPG/UEL.
16
respeito dos Mapas Conceituais, que justifica a ulilização dos mesmos como instrumentos de
avaliação do conteúdo. Por fim, é discutido o uso de materiais potencialmente significativos,
por meio de reflexões a respeito das multimídas no Ensino de Ciências, assim como na Física.
Discute-se as implicações da utilização de vídeos e simulações computacionais como recursos
didáticos em sala de aula.
No quarto capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos
adotados na investigação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho interpretativo
(BOGDAN, BIKLEN, 1994). São descritas a estrutura, a aplicação da Unidade Didática e as
unidades de análise dos dados, de acordo com a Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977).
O quinto capítulo é destinado à apresentação dos dados, mediante o
contexto de aplicação da unidade, e as inferências feitas a partir da fundamentação teórica
adotada em relação aos resultados obtidos.
Ao final são apresentadas as considerações finais, as referências utilizadas
na fundamentação teórica, e, na sequência os apêndices e anexos.
18
alunos ao passo que percebem que suas dúvidas são cabíveis em relação aos conceitos que
levaram todo esse tempo para serem estabelecidos; que a aceitação ou não de uma proposta
não depende apenas do seu valor intrínseco e de sua fundamentação, mas de todo o contexto
em que se vive.
As possíveis abordagens não se esgotam, esses são apenas alguns exemplos.
Todavia, em meio às vantagens do uso da HC, também se encontram alguns cuidados e
críticas. Matthews (1995) descreve uma crítica feita por Klein (1972), afirmando que a única
história possível de ser levada para sala de aula seria uma história distorcida, que não passava
de recortes isolados perante a, complexa e cheia de detalhes, história produzida por
historiadores (MATTHEWS, 1995). Entretanto, por mais que se aceite que essa não seja uma
tarefa fácil, defende-se que o professor pode se apropriar da história produzida pelo
historiador e com isso enriquecer suas aulas. Esse é um desafio tanto para professores, quanto
para aqueles que por meio de pesquisas propõem materiais didáticos que abordem a HC. O
material deve ser pensado levando em consideração o contexto histórico e o rigor científico,
caso contrário a HC levada à sala de aula não passará de cronologias e anedotas históricas.
Outra crítica é em relação ao enfraquecimento das convicções
paradigmáticas dos estudantes perante o estudo do processo do desenvolvimento científico,
uma vez que ele mostra o lado frágil do processo (KHUN, 2006). Entretanto, defende-se que
esse fator seja mais um motivador do que um problema, pois ao entender o caráter mutável da
ciência os aspirantes a cientistas podem desenvolver um sentimento de que eles podem fazer
parte dessa história, que nem tudo o que é aceito atualmente, necessariamente será aceito para
sempre.
Martins (1998) alerta para possíveis maus usos da História da Ciência no
ensino, como a utilização de biografias longas, com muitas datas e sem nenhuma referência à
Filosofia e às ideias científicas ou ao contexto do que está sendo ensinado. Outro erro
cometido é valorizar somente os sucessos, omitindo as dificuldades encontradas e as
propostas alternativas. Além disso, deve-se evitar não considerar os conhecimentos prévios
dos alunos, pois esses podem estar relacionados a alguma fase do processo de construção dos
conceitos estudados.
Haja vista que alguns trabalhos de História da Ciência muitas vezes podem
conter erros de vários tipos, tomar conhecimento dos procedimentos necessários em uma
pesquisa de História da Ciência pode auxiliar na seleção de bons trabalhos.
De acordo com Martins (2005), a pesquisa em História da Ciência trata-se
de um estudo metacientífico, uma vez que se refere ao estudo da ciência, é descritiva, porém
23
meio dos aparatos que se tem em mãos e interpretadas a partir de referenciais teóricos
elaborados.
Observação, inferência e entidades teóricas em Ciência: Os alunos
devem ser capazes de distinguir entre observação e inferência. As observações são afirmações
descritivas a respeito dos fenômenos naturais que são diretamente acessíveis aos sentidos.
Por exemplo, objetos lançados acima do nível do solo tendem a cair ao chão. Por outro lado,
as inferências são declarações a respeito dos fenômenos que não são diretamente acessíveis
aos sentidos. Por exemplo, os objetos tendem a cair ao chão por causa da gravidade.
Teorias e leis científicas: As teorias científicas são bem estabelecidas e
altamente fundamentadas, servem para explicar grandes conjuntos de observações
aparentemente não relacionados em mais de um campo de investigação, são muitas vezes
baseadas em um conjunto de pressupostos ou axiomas e postulam a existência de entidades
não observáveis. Assim, as teorias não podem ser diretamente testadas ou comprovadas. O
que apoia ou demonstra a validade de teorias são suas provas indiretas. Já as leis científicas
são afirmações descritivas de relações entre fenômenos observáveis. Os alunos muitas vezes
apresentam uma visão simplista e hierárquica da relação entre teorias e leis, na qual as teorias
se tornam leis dependendo da disponibilidade de provas e acreditam que as leis têm um status
mais elevado do que as teorias. Ambas as noções são inadequadas. Teorias e leis são
diferentes tipos de conhecimento e não se transformam uma na outra. As teorias são
resultados tão legítimos como as leis científicas.
Criatividade e imaginação no conhecimento científico: A construção do
conhecimento científico também envolve a imaginação e criatividade humana. O fazer ciência
envolve a invenção de explicações e entidades teóricas, o que requer uma dose de criatividade
por parte dos cientistas. Este aspecto da ciência, juntamente com a sua natureza inferencial,
implica que algumas entidades científicas, como átomos, são modelos teóricos funcionais ao
invés de cópias fiéis da realidade.
Interpretações carregadas de teoria: O conhecimento científico é
permeado de interpretações carregadas de teoria. Desempenhos teóricos e disciplinares,
crenças, conhecimento prévio, formação, experiências e expectativas dos cientistas são fatores
que influenciam o seu trabalho. Todos esses fatores afetam a forma como eles conduzem suas
investigações, o que observam e como interpretam as suas observações. Aí, pode-se citar o
papel da teoria na produção do conhecimento científico, uma vez que, a ciência nunca começa
com observações neutras, as observações sempre são motivadas e guiadas a partir de certas
perspectivas teóricas.
26
que as observações estão impregnadas de teorias. Ainda de acordo com Popper, as teorias
científicas nunca são empiricamente prováveis, por mais evidências que se encontrem a favor
de uma teoria não é possível afirmá-la como verdade, pois no futuro poderá mostrar falhas e
ser corrigida ou descartada. Outros filósofos também reconheceram as limitações da posição
empirista-indutivista, enfatizando que não há sentido fazer uma investigação sem alguma
orientação teórica. Hanson (1975) contesta a objetividade da observação científica, pois quem
observa não separa a observação da interpretação. De modo que mesmo observando um
conjunto de dados idênticos, as pessoas podem tirar conclusões diferentes.
Isso justifica alguns equívocos cometidos por cientistas ao tentar resolver
um problema, pois as teorias que orientam as observações podem ser falhas ou inadequadas
para a situação. Esse argumento coloca em cheque a proposição de que a observação e os
experimentos são uma base completamente segura para a construção do conhecimento
científico, pois se a teoria que o orienta o cientista for falha o induzirá ao erro (KӦHNLEIN;
PEDUZZI, 2002).
Kӧhnlein e Peduzzi (2002), no mesmo artigo supracitado, apresentam os
resultados de uma pesquisa com estudantes de licenciatura a respeito das visões de NdC. Eles
aplicaram o questionário VNOS-C (Views of the Nature of Science, Form C) elaborado e
validado por Lederman et.al. (2002). Entre as respostas obtidas, pôde-se perceber que os
alunos ainda apresentam noções equivocadas de caráter verificacionista, por exemplo: que os
experimentos servem para comprovar teorias ou hipóteses; que é por meio dos experimentos
que se criam as teorias; que o desenvolvimento do conhecimento científico requer,
necessariamente, experimentos; que as teorias não mudam, apenas são reinterpretadas de
maneiras diferentes; que os experimentos são essenciais para que ocorram mudanças nas
teorias; que o papel da imaginação e criatividade na Ciência é limitado, etc.
Todavia, algumas noções adequadas também são encontradas nesse estudo,
por exemplo: que os experimentos servem para testar hipóteses; que o conhecimento
científico pode, também, ser resultado de estudos teóricos; que nem sempre é possível fazer
medidas experimentais do objeto de estudo; que as teorias científicas podem mudar ao longo
do tempo por obtenção de novas evidências, seja por avanço tecnológico ou teórico; que as
conclusões diferentes obtidas por pesquisadores, que analisam o mesmo conjunto de dados, é
devido ao caráter singular do conhecimento de cada um; reconhecem a relevância do papel da
criatividade e imaginação na construção do conhecimento científico; que a Ciência é
influenciada pelos fatores sociais e culturais, que é uma construção humana (KӦHNLEIN;
PEDUZZI, 2002).
29
de trabalhos que investiguem a eficácia dessas abordagens, tanto no cenário nacional, quanto
internacional (TEIXEIRA; GRECA; FREIRE, 2009, 2012; OLIVEIRA; SILVA, 2013).
Há um crescente reconhecimento da relevância da História da Ciência como
auxiliar para o processo de ensino e aprendizagem das ciências. Existem bons indícios de que
não é um modismo e que sua inserção é um ingrediente relevante no ensino das disciplinas de
ciências, como por exemplo, no Ensino de Física (DUARTE, 2006).
Na próxima seção é feita uma discussão a respeito de abordagens histórico-
filosóficas no Ensino de Física e também são apresentados os resultados de uma pesquisa feita
em periódicos da área de Ensino a respeito das publicações que envolvem HFC. O objetivo
desse estudo teórico, além de situar essa pesquisa, foi indicar possíveis caminhos para a
construção da Unidade Didática.
2
A palavra retenção, neste texto, não está ligada à retenção mecânica, mas à retenção significativa (AUSUBEL,
2003).
32
era, também, obter um panorama geral das publicações. Os artigos foram classificados nas
seguintes Unidades Temáticas:
Unidade Temática 1 (UT1): Artigos que tratam do ensino de Ciências em
geral, ou que tratem de alguma disciplina específica como Química, Biologia, entre outras,
que não tratem da disciplina de Física.
Unidade Temática 2 (UT2): Artigos de natureza teórica, que tratem de
reflexões a respeito da HFC no ensino de Física ou de considerações históricas e/ou
filosóficas de conteúdos de Física.
Unidade Temática 3 (UT3): Artigos que tratem da produção, uso e análise
de abordagens didáticas que trabalhavam com HFC no ensino de Física, mas que não
apresentem resultados de intervenção em sala de aula.
Unidade Temática 4 (UT4): Artigos que apresentem uma intervenção
didática em aulas de Física com uso de HFC, bem como os resultados dessa intervenção.
Durante a busca nos periódicos, pode-se observar que algumas revistas
tinham um número significativo de publicações relacionadas à História e Filosofia da Ciência,
como por exemplo, a RBEF e CBEF, como pode-se notar na tabela 01. Isso se justifica pelo
fato de que elas reservam um tópico em suas edições voltado a essa temática.
2011 25 1 3 8 11 1 1 0
2012 17 4 0 5 6 0 1 1
2013 21 1 0 4 13 0 3 0
2014 20 4 1 6 5 1 3 0
Total 83 10 4 23 35 2 8 1
Fonte: a própria autora.
CBEF 2 17 2 2
RBEF 0 32 2 1
RBPEC 2 0 0 0
Enz 6 2 0 0
Ensaio 1 0 0 0
Total 18 (21,7%) 55 (66,3%) 5 (6,0%) 5 (6,0%)
Fonte: a própria autora.
consideração a vasta literatura que estimula o uso de HFC no ensino das ciências e em
específico na disciplina de Física.
Esse resultado corrobora com o que Teixeira, Greca e Freire Jr. (2012)
constataram em sua pesquisa nos anos anteriores, em que somente 14 (8,75%) dos 160 artigos
selecionados tratavam de pesquisas empíricas que investigavam a intervenção didática em
sala de aula. Segundo Carvalho e Vannucchi (1996), há uma discrepância entre o que se
sugere em eventos e o que se pratica em sala da aula. Pois, mesmo existindo uma variedade de
propostas curriculares, que incluem o uso de HFC, sugeridas em eventos e literatura
especializada, não é o que se vem observando em resultados de pesquisas e em sala de aula.
Em relação aos artigos que abordaram estudos empíricos de abordagens
histórico-filosóficas, após uma leitura mais detalhada, percebeu-se que todos apresentaram
resultados positivos. Dos cinco artigos, apresentados no Apêndice C, quatro deles sugeriram
que houve uma mudança de ideias quanto a Natureza da Ciência, levando os alunos a
apresentarem noções menos ingênuas a respeito do assunto. Isso é um ponto significativo,
pois de acordo com Pérez et al. (2001) uma compreensão adequada do trabalho científico é de
interesse, principalmente para os futuros formadores que tem como responsabilidade levar o
conhecimento científico aos seus alunos que, como todos, estão imersos num mundo no qual a
ciência e a tecnologia são fundamentais. Assim, abordagens que possibilitem discussões a
respeito do desenvolvimento do conhecimento científico colaboram para uma imagem não
deformada do fazer ciência.
Também percebeu-se nos trabalhos que os alunos apresentaram indícios de
compreensão adequada dos conteúdos físicos. Isso por que as abordagens que levam em
consideração a História e/ou a Filosofia da Ciência podem contribuir na compreensão dos
conceitos de uma disciplina específica, o que significa, em outras palavras, “contribuir para a
superação do mar de falta de significação que se diz ter inundado as aulas de ciências, onde
fórmulas e equações são recitadas sem que muitos cheguem a saber o que significam”
(MATTHEWS, 1995, p. 165).
As abordagens histórico-filosóficas também apresentam algumas limitações.
Nos artigos que investigaram com foco no Ensino Médio percebeu-se que alguns alunos são
resistentes a leituras, demonstrando falta de interesse. Outra limitação é a receptividade de
alguns alunos, que por estarem acostumados a estudar com abordagens tradicionais
demonstram certo receio. Porém, no geral a aceitação das abordagens, tanto no Ensino Médio
quanto no Ensino Superior foi positiva.
37
que a realidade não mudou muito desde então. Porém, colocar essas reflexões em prática na
sala de aula ainda é um desafio.
Haja vista que a Física do Ensino Médio pode ser o último contato que
alguns alunos terão com essa ciência, ela deve prepará-los para interpretar e compreender o
mundo que os cerca, prontos para participar na sociedade sem serem vítimas de charlatões que
prometem milagres com utensílios “quânticos”. A Física, em especial a Física Moderna, pode
fornecer explicações e uma compreensão adequada do mundo, informatizado e
industrializado, que se vive.
Mas quais os tópicos de Física Moderna que seriam relevantes para discutir
no Ensino Médio? Ostermann e Moreira (2000) estabeleceram um consenso de físicos,
pesquisadores em Ensino de Física e professores do Ensino Médio elaboraram uma lista com
o objetivo de elencar alguns tópicos de Física Moderna que deveriam ser abordados no Ensino
Médio com a finalidade de atualizar o currículo de Física. Entre os tópicos estão: efeito
fotoelétrico, átomo de Bohr, leis de conservação, radioatividade, forças fundamentais,
dualidade onda-partícula, fissão e fusão nuclear, origem do universo, raios-X, metais e
isolantes, semicondutores, partículas elementares, relatividade restrita, big bang, estrutura
molecular e fibras ópticas.
A abordagem desses assuntos em sala de aula pode proporcionar uma
atualização no currículo de Física, bem como um ensino contextualizado, próximo das
necessidades e curiosidades dos alunos.
O ensino contextualizado também é defendido nos documentos oficiais que
contêm os princípios norteadores da educação nacional, uma vez que a contextualização
problematiza a realidade vivida pelo aluno. É interessante para ele trazer o mundo abstrato da
Física para o mundo construído com suas próprias experiências. De acordo com Brasil (2006),
a maioria dos adolescentes já deve ter se perguntado por que o céu é azul? Como as
informações são transportadas pelas ondas de rádio? Por que as coisas possuem
cores diferentes? Como se forma o arco-íris? Buscar respostas a essas perguntas
contribui para o aprendizado em diversos aspectos (BRASIL, 2006, p. 61).
Além disso, alguns estudos realizados com alunos dos primeiros anos do
curso de graduação em Física, indicam que o que mais os influenciou a optarem pelo curso de
Física foi a curiosidade a respeito de assuntos relacionados à Física Moderna, como
relatividade restrita, partículas elementares, teoria quântica e astronomia (STANNARD, 1990;
KALMUS, 1992; SWINBANK, 1992).
40
Com essa finalidade, eventualmente serão indicados alguns recursos didáticos úteis na
explanação dos conteúdos.
Vale ressaltar que existem outros textos, já elaborados, que podem servir de
base para uma aproximação dos professores com o tema, como por exemplo: Um texto para
professores do Ensino Médio sobre Partículas Elementares (OSTERMANN, 1999), Um
Pôster para ensinar Física de Partículas na escola (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2001),
Sobre o Discreto Charme das Partículas Elementares (ABDALLA, 2005), além de outros
trabalhos que trataram do assunto.
O texto elaborado, reproduzido na próxima seção, também, poderá servir de
base para que os professores se familiarizem com o conteúdo. O texto contempla a questão:
De que é feita a matéria que compõe o Universo? Contemplando desde as primeiras
explicações dadas a essa questão até as evidências do Bóson de Higgs.
Em notas de rodapé serão indicados alguns recursos multimídias, bem como
alguns questionamentos que podem ser úteis na discussão dos conteúdos.
Antes de iniciar a seção seguinte será apresentado um Mapa Conceitual,
elaborado pela pesquisadora, que busca responder o questionamento acima e facilitar a
compreensão do texto teórico conceitual.
45
Figura 01: Mapa Conceitual elaborado pela pesquisadora a respeito da constituição da matéria.
3
Esse questionamento se mostrou eficiente para instigar a curiosidade dos alunos em relação ao tema previsto na
Unidade Didática. Antes de iniciar explanações a respeito desse questionamento recomenda-se utilizar
organizadores prévios para promover discussões iniciais a respeito do que será estudado. Isso ajudará a
identificar os conhecimentos prévios e permitirá que os alunos tenham um primeiro contato com os conteúdos.
Nesta Unidade foram utilizados dois recursos, um vídeo que trata do tema Partículas Elementares e da relevância
de estudar a constituição da matéria (Disponível em: http://univesptv.cmais.com.br/licenciatura-em-ciencias-
particulas-elementares) e uma animação computacional para discutir as escalas micro e macroscópica
(Disponível em: http://htwins.net/scale2/lang.html).
47
Huygens, Robert Hooke, Robert Boyle, Isaac Newton, entre outros (BATISTA, 1993;
VIANA, 2007; VIANA, PORTO, 2007; PORTO, 2013).
Newton utilizou o atomismo para explicar eventos ocorridos em escalas
microscópicas, sua hipótese era que da mesma forma que existia uma força entre dois
planetas, que dependia, dentre outros fatores, da distância entre eles, também poderia existir
uma força entre duas partículas microscópicas. As partículas, segundo Newton, seriam
estáticas e as mudanças de condições provocariam o movimento, assim, os estados da matéria
dependeriam das posições relativas das partículas (FLEMING, 1974, apud VIANA, 2007).
Newton aceitou o atomismo sem se preocupar com a origem ou composição do átomo, ele
estava interessado na forma de interação da matéria e não em sua composição
(OSTERMANN, 1999).
John Dalton, no século XIX, tenta explicar a solidificação da água
utilizando as ideias de corpuscularismo de Newton. Dalton propôs que a matéria seria
composta por átomos esféricos e sólidos, que seriam as menores partículas existentes na
natureza. Ele elaborou um modelo atômico4, no qual o átomo era considerado uma esfera
maciça, impenetrável, indivisível, indestrutível e neutro. Ao que parece, as noções atomistas
de Dalton derivaram do livro Opticks de Newton, que em parte da obra se expressa da
seguinte maneira:
4
Com a ideia de discutir as construções de modelos atômicos, recomenda-se discutir a evolução das ideias que
levaram à constituição do modelo atômico atual. Para iniciar essa discussão pode-se falar a respeito do modelo
de Dalton e pedir para que os alunos fiquem atentos às mudanças que virão pela frente. Utilizamos um vídeo
(Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY) editado no Movie Maker e que traz uma
representação deste modelo. Aconselha-se a edição de alguns vídeos, pois eles podem conter imprecisões
histórico-filosóficas, ou serem demasiadamente longos e com trechos que não interessam para as discussões.
49
experimentais os resultados foram evidências de novas partículas, que passo a passo foram
tornando mais claras e coerentes as explicações a respeito da estrutura da matéria
(OSTERMANN, 1999).
A teoria do Modelo Padrão é a mais aceita pela comunidade científica atual
para descrever a estrutura da matéria, ela identifica as partículas elementares e a maneira
como interagem. Define-se como partícula elementar5 aquela que não possui estrutura interna.
De acordo com a teoria, a matéria é composta por dois grupos, os férmions e bósons.
Em 1926, Enrico Fermi incorporou o Princípio de Pauli6 à Mecânica
Estatística e obteve uma nova estatística que, assim com a estatística de Bose-Einstein, se
aplicava na natureza. Com a definição de spin7 como número quântico, em 1927, foi possível,
mais tarde, efetuar a divisão das partículas existentes em dois grupos, os férmios e os bósons.
Pauli, em 1940, apresentou a justificativa de resultados empíricos obtidos anteriormente, na
qual as partículas de spin inteiro obedeceriam à estatística de Bose-Einstein e as partículas de
spin semi-inteiro obedeceriam à estatística de Fermi. Assim, as partículas que apresentam spin
semi-inteiro são classificadas no grupo dos férmions e as que possuem spin inteiro são
classificadas no grupo dos bósons.
Os férmions são compostos por outros dois grupos, léptons e quarks. Os
léptons são encontrados livremente, porém os quarks são observados somente em
combinações de quarks ou de quarks e antiquarks. A combinação de três quarks ligados por
glúons formam os bárions e a combinação de um quark e um antiquark ligados por glúons
originam os mésons. Os mésons e bárions formam o grupo dos hádrons. Os bárions mais
conhecidos são os prótons e nêutrons, que ligados por mésons formam o núcleo atômico, que
por sua vez, ligados por fótons aos elétrons formam os átomos.
Já os bósons, são partículas de spin inteiro que se responsabilizam pelas
interações fundamentais: interação forte, interação fraca, interação eletromagnética e
interação gravitacional. As partículas mediadoras da força forte são os glúons, da força fraca
5
Recomenda-se que seja feita uma discussão e relação às representações do termo “Partículas Elementares”,
pois os alunos imaginam que são objetos massivos e concretos. Para discutir essa questão foi feita uma atividade
de “adoção de partículas”, descrita no capítulo 04. É necessário deixar claro que as representações que existem a
respeito das partículas atômicas são pictóricas, que não é possível vê-las ou tocá-las.
6
Férmions são partículas de spin semi-inteiro, que obedecem ao Princípio de Exclusão de Pauli e a Estatística de
Fermi-Dirac. O Princípio de exclusão de Pauli afirma que dois férmions não podem apresentar números
quânticos idênticos. A Estatística de Fermi-Dirac afirma que as partículas vão se posicionando desde o nível
mais baixo de energia até o mais alto (BATISTA, 2001, ABDALLA, 2006).
7
“Spin é um dos números quânticos característicos das partículas elementares. É a propriedade associada ao
movimento de rotação devido à velocidade angular em torno do seu próprio eixo e que independe da sua
velocidade linear” (ABDALLA, 2006, p. 30).
.
50
2.2.1 Férmions
2.2.1.1 Léptons
2.2.1.1.1O Elétron
8
O termo sabor não está relacionado com o significado usual. Trata-se de uma forma de diferenciar os tipos de
partículas.
51
9
Foi utilizado um vídeo (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4g0tX6WcUvo) que tratava das
primeiras evidências da existência do elétron. E discutidos os seguintes questionamentos: A observação do
elétron foi resultado das investigações de um único cientista, ou de vários? Você acha que os cientistas trocam
informações entre si e se informam das publicações de outros grupos de pesquisa? com a finalidade de discutir o
trabalho coletivo e as influências teóricas na construção do conhecimento científico.
53
10
Na época em que Pauli propôs a partícula ele tinha nomeado-a de nêutron. Porém, mais tarde, em 1932, foi
dado o nome de nêutron a outra partícula observada. Então, Fermi, em 1933, ao adotar a partícula de Pauli em
sua teoria denominou-a de neutrino (BATISTA, 2001).
11
Ao trabalhar com o neutrino do elétron foram discutidos os seguintes questionamentos: Por que o neutrino do
elétron foi proposto? Vocês conseguem perceber a presença de criatividade e imaginação na proposta de Pauli?
A proposta de Pauli foi bem aceita pela comunidade científica da época? As evidências experimentais da
existência no neutrino do elétron somente se deram 20 anos após ter sido proposto. O que manteve essa hipótese
em vigor? Qual motivo Pauli apresentou a seus colegas para não se fazer presente no evento em que sua
proposta foi discutida? O objetivo era refletir a respeito da criatividade e imaginação na construção da Ciência,
estereótipo de cientistas, experimentação e estudos teóricos no desenvolvimento científico e presença da
comunidade científica. Também foi apresentado um vídeo (Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=SOYml0I8mVM.) que tratava das pesquisas envolvendo neutrinos solares.
54
da luz. A massa dos neutrões deve ser da mesma ordem da dos electrões e não deve
exceder em caso algum 0,01 da massa do protão. O espectro beta contínuo seria
então compreensível se considerasse que durante o declínio beta é emitido com cada
electrão um neutrão, de modo que a soma das energias do neutrão e do electrão é
constante. Admito que o meu remédio pode parecer muito improvável, porque a
muito teríamos visto estes neutrões se eles realmente existissem. Mas apenas ele,
que se atreve a vencer todos os obstáculos, e a seriedade da situação provocada pelo
espectro contínuo é iluminado por uma nota do meu honrado predecessor, Mr.
Debye que recentemente me disse em Bruxelas: “Oh, é melhor não pensar em nada
disso, tal como nas novas taxas.” Portanto podíamos discutir seriamente cada passo
possível para nos ajudarmos. Assim, caro povo radioactivo, examinem e julguem.
Infelizmente não posso aparecer em Tubingen pessoalmente, porque sou
indispensável aqui, devido à um baile que vai ter lugar em Zurich, na noite de 6 para
7 de Dezembro.
O vosso mais obediente criado
W. Pauli” (PAULI, 1930 Apud HOLTON, 1987, p. 49)
Ainda em Batista (1999) temos a descrição feita por Pauli a respeito das
partículas neutras:
quando esses elétrons se recombinavam com os átomos uma luz era emitida. Cowan e Reines
pensaram em usar um tanque com um líquido cintilador para fazer as observações, pois assim
que o neutrino fosse absorvido pelo próton, o pósitron gerado iria aniquilar-se com os elétrons
do meio o que resultaria em raios gama. Os raios gamas são bons ionizadores, assim, o líquido
emitiria luz que poderia ser detectada por fotocélulas colocadas nas paredes do tanque
(GUZZO; NATALE, 2012).
A primeira tentativa foi feita com um tanque vinte metros abaixo da
superfície, porém, a radiação externa, proveniente de fora de nossa atmosfera, ainda deixava
rastros no cintilador. Na segunda tentativa, foram intercalados pequenos tanques de água com
cloreto de cádmio. Esse aditivo permitia que ao final do processo o nêutron fosse capturado
pelo núcleo de cádmio, que ficaria excitado e decairia emitindo mais raios gamas, um
processo com duração de cinco microssegundos. Logo, se após a cintilação gerada pelos raios
gamas houvesse uma segunda cintilação no intervalo de tempo de cinco microssegundos, a
existência do neutrino ficaria duplamente comprovada (GUZZO; NATALE, 2012).
Essa evidência é um fato interessante em Física de partículas, pois primeiro
se fez a previsão teórica e depois a detecção experimental. A Física de Partículas é um
exemplo da interdependência entre teoria e experimentação. Por um lado, para explicar
resultados experimentais é proposta a existência de novas partículas e por outro lado
constroem-se máquinas e equipamentos para poder detectar essas partículas previstas
teoricamente (MOREIRA, 2007).
2.2.1.1.3 O pósitron
não era esclarecido, pois esses estados ainda não tinham sido observados. A primeira tentativa
de explicar essa ocorrência foi supor que todos os estados de energia negativa estavam cheios,
assim, nenhum elétron poderia entrar ou sair deles, de forma que esses processos não seriam
observados. Todavia, se houvesse um estado particular nesse “mar de Dirac” que estivesse
vago, ou seja, com um elétron a menos, assumia-se que seria um “buraco” no mar negativo
atuando como uma carga positiva, que poderia ser o próton. No entanto, futuros cálculos de J.
Robert Openheimer e Dirac mostraram que esse modelo era falho e se houvessem os
“buracos” eles deveriam ser um novo tipo de partícula com massa igual a do elétron e de
carga positiva (HOLTON, 1987).
Essa partícula poderia ser observada quando um fóton energético colidisse
com um elétron que estivesse em um dos estados negativos, assim o fóton daria ao elétron
energia suficiente para arrancá-lo desse estado e elevar para um dos estados de energia
positiva, deixando para trás um buraco, que seria o pósitron12. O resultado desse processo
seria o desaparecimento de um fóton e o aparecimento de um par elétron-pósitron (HOLTON,
1987).
Em 1932, Carl David Anderson, observou a partícula prevista por Dirac.
Anderson utilizou uma câmara de nuvens, sob a ação de um campo magnético para observar
os traços deixados pelos raios cósmicos, uma vez que as trajetórias de partículas carregadas se
curvam na presença de um campo magnético, as positivas se curvam para um lado e as
negativas para outro (SEGRÈ, 1987).
A câmara de nuvens foi resultado do trabalho de Anderson e Millikan, que
projetaram um dispositivo para medir o espectro de energia dos elétrons secundários
provenientes da incidência de raios cósmicos na atmosfera terrestre. Esse novo dispositivo
permitia o registro e medidas dos traços deixados pelas partículas. Nos primeiros
experimentos, observou-se que aproximadamente metade dos registros era de uma partícula
positiva. Na época, acreditava-se que os raios cósmicos eram constituídos em sua maioria, por
elétrons. A primeira hipótese levantada foi a de que essa partícula poderia ser um próton.
Porém, constatou-se que as massas dessas partículas positivas não eram próximas à do próton
e sim à dos elétrons (PEDUZZI, 2011; SEGRÈ, 1987).
Em seus relatórios, Anderson foi cauteloso, não afirmou ser o pósitron a
partícula que havia observado. Relatou que era uma partícula de carga positiva que tinha
12
O propósito de discutir a respeito do pósitron nas aulas foi introduzir ideias em relação à antimatéria. Utilizou-
se como recurso didático um vídeo, (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=W53L2Hrl7F0) editado
no Movie Maker, para tratar da assimetria de matéria e antimatéria e apresentar a Ciência como um processo de
construção, que existem perguntas ainda sem respostas.
58
massa e carga em valores comparáveis ao do elétron. Vale ressaltar que após um ano da
observação, foram publicados no mínimo sete trabalhos a respeito da experiência por distintos
pesquisadores (HOLTON, 1987). Assim, foi possível identificar o pósitron. A partir daí
começa a busca pela antimatéria.
Após as evidências mostradas por Anderson, outros físicos observaram em
fotos, que haviam tirado anteriormente, vestígios de pósitrons. Na época esses vestígios
tinham passado despercebidos ou foram mal interpretados. Os próprios Joliot e Curie tinham
visto vestígios de pósitrons em uma câmara de nuvens antes de Anderson, quando estudavam
a radiação do polônio e berílio. Contudo, interpretaram essas partículas como elétrons que se
moviam em direção à fonte e não como pósitrons que se originavam na fonte. Deixando assim
passar despercebido o pósitron (SEGRÈ, 1987).
Vale ressaltar que ao observar o pósitron Anderson sequer tinha
conhecimento dos detalhes da teoria do elétron de Dirac. Dessa forma, a observação do
pósitron não se guiou pelos estudos da teoria de Dirac, foi algo acidental (ANDERSON,
1961). Anderson também fez uma interessante apreciação a respeito das dificuldades de
aceitação de vários conceitos introduzidos por Dirac e de como é relevante a situação do
momento em que certas ideias se apresentam, podendo tanto facilitar quanto dificultar a sua
disseminação. Como se pode perceber nas palavras de Anderson, em seu artigo Early Work
on the Positron and Muon de 1961,
“Retrocedendo alguns anos, digamos, logo depois que a teoria de Dirac foi
anunciada, é interessante especular sobre o que uma pessoa sagaz, trabalhando nesse
campo, poderia ter feito. Caso estivesse trabalhando em qualquer laboratório bem
equipado e aceito de imediato a teoria de Dirac, poderia ter descoberto o pósitron em
uma única tarde. A razão para isso é que a teoria de Dirac poderia ter propiciado
uma excelente orientação sobre como proceder para formar pares pósitron-elétron a
partir de um feixe de fótons de raios gama. Mas isso não ocorreu de maneira tão
direta e eficiente, conforme mostra a história, provavelmente porque a teoria de
Dirac, apesar de seu sucesso, trazia consigo muitas ideias novas e aparentemente não
físicas, como massa negativa, energia negativa, densidade de carga infinita etc. Seu
caráter altamente esóterico não estava em sintonia com o pensamento científico
dominante naquele momento. Além disso, elétrons positivos não eram necessários
para explicar quaisquer outras observações. Claramente, o próton era a unidade
fundamental de carga positiva e o elétron a de carga negativa. Esse tipo de
pensamento impediu quase todos os experimentais de aceitar sem restrições a teoria
de Dirac e de relacioná-la ao mundo físico real até que a existência do pósitron fosse
estabelecida em bases experimentais” (ANDERSON, 1961, p. 827).
a única fonte disponível era a radiação cósmica, que não era possível de controlar e energias
tão altas são raras, de forma que com a radiação cósmica não foi possível detectar claramente
nenhum antipróton. Depois da construção de um acelerador de partículas, em 1954, que
atingisse energia suficientemente grande para a produção dos antiprótons é que foi possível
sua detecção. Após um ano de funcionamento do acelerador, Emílio Segrè, Owen
Chamberlain e seus colaboradores encontraram o antipróton. A observação do antinêutron se
deu em 1956, no ano posterior às evidências do antipróton (HOLTON, 1987).
2.2.1.1.4 O múon
Hideki Yukawa propôs uma teoria para a força nuclear, que atuaria em um
raio de ação muito pequeno e seria responsável por manter os núcleons (prótons e nêutrons)
unidos no núcleo. Essa força seria mais forte que a força eletromagnética e seria capaz de
produzir, em certas condições, um novo tipo de partícula de massa intermediária entre o
próton e o elétron. Em 1937 os físicos Seth H. Neddermeyer e Carl David Anderson,
trabalhando com as câmaras de Wilson ao nível do mar, observaram uma partícula, chamada
de mésotron e mais tarde de múon, que tinha uma massa com valor intermediário entre os
valores de massa do elétron e do próton, cerca de 200 vezes maior que a massa do elétron
(ABDALLA, 2006).
Na época, devido à guerra13, reduziram-se as atividades experimentais e o
Japão ficou isolado do Ocidente, dessa forma os físicos que estavam trabalhando com raios
cósmicos não sabiam da proposta de Yukawa, que só ficou conhecida no Ocidente após dois
anos de sua publicação no Japão. A guerra atrasou o avanço dessa área de pesquisa, e somente
após o término da mesma que novos métodos de detecção de partículas foram desenvolvidos e
fenômenos relacionados aos raios cósmicos puderam ser esclarecidos (BATISTA, 1999).
Os físicos japoneses vibraram com as evidências dessa partícula.
Entretanto, começaram e perceber alguns pontos que não se encaixavam, por exemplo, a vida
média do mésotron era excessivamente alta e raramente interagia com o núcleo. Um dos
indícios disso é o fato de que eram observadas ao nível do mar e até em túneis subterrâneos
(SEGRÈ, 1987).
Foram os físicos italianos M. Conversi, E. Pancini e O. Piccioni que
observaram que os mésotrons positivos e negativos se comportavam de forma diferente. Os
positivos decaiam como se estivessem no vácuo e os negativos se detidos por núcleos pesados
eram capturados e produziam desintegrações, mas se capturados por núcleos leves decaiam
como se estivessem no vácuo, e esse não era o comportamento esperado da partícula de
Yukawa, elas deveriam reagir violentamente tanto em núcleos leves como nos pesados.
Assim, a experiência mostrou que os mésotrons não eram as partículas previstas (SEGRÈ,
1987). O múon foi a primeira partícula elementar instável observada.
Como o múon não era a partícula prevista começou a pensar-se que tipo de
partícula seria e de onde surgiria. Em 1942, no mesmo grupo de pesquisadores de Yukawa,
13
Foram propostos alguns questionamentos por exemplo: A pesquisa em Física de Partículas sofreu alguma
influência devido à Segunda Guerra Mundial? Surgiu um novo problema ou uma nova questão depois que os
cientistas perceberam que o múon não era a partícula prevista por Yukawa? O propósito era discutir a
influência de fatores externos no processo de desenvolvimento científico, bem como a ideia de Ciência em
construção.
61
Sakata propôs uma solução na qual o múon seria produto do decaimento da partícula de
Yukawa. Porém, essa proposta só veio a ficar conhecida mais tarde. A solução para esse
problema foi estabelecida em 1947 por Lattes, Occhialini e Powel na observação do modo de
desintegração de dois mésons (MARQUES, 2012).
neutrinos do múon. Os cientistas acima receberam o Prêmio Nobel de Física de 1988 pelo
trabalho desenvolvido (GUZZO; NATALE, 2012).
2.2.1.1.6 O Tau
A história do lépton tau começou no final dos anos 1960, quando Martin
Perl e seus colegas estudavam colisões elétron – pósitron com uma produção anômala de
elétrons e múons. Esses elétrons e múons eram produtos do decaimento de uma nova partícula
gerada nas colisões elétron - pósitron, a princípio denominada U (unknown), mais tarde Perl e
seu aluno de pós-graduação propuseram o nome de tau (PERL, 1992).
Em dezembro de 1975, Perl e uma equipe de cientistas dos laboratórios
Lawrence Berkeley e Stanford Linear Accelerator Center, publicaram na Physical Review
Letters, um artigo que apresentava indícios da existência de uma nova partícula, o lépton tau
(PERL, 2008). Eles concluíram que os resultados provenientes dos experimentos não
poderiam ser explicados por partículas ou interações existentes e já conhecidas, e que uma
possível explicação seria a produção ou decaimento de um novo tipo de partícula (PERL et
al., 1975). A detecção da nova partícula foi confirmada em 1977, eles observaram uma grande
taxa de produção de múon anômalo, o que se esperava dos decaimentos do novo lépton,
também conhecido como lépton pesado (FELDMAN et al., 1977).
O tau (τ) veio para formar a terceira geração dos léptons. Assim como o
elétron e o múon, o tau também apareceu em duas versões, com carga positiva e com carga
negativa. Como os outros léptons todos tinham seu neutrino, especulou-se a existência de
mais um neutrino, o neutrino do tau.
Depois que W. Pauli em 1930, por meio de uma carta postulou a existência
de uma nova partícula (o neutrino) ao investigar uma possível falha no decaimento beta,
muitas investigações procederam a fim de se conhecer um pouco mais a respeito das
propriedades de tal partícula. Com as evidências da existência do tau em 1975, o que se
esperava era que ele viesse acompanhado de seu neutrino. Os cientistas começaram então sua
busca pela detecção do neutrino do tau14.
14
Quanto à detecção de neutrinos os alunos foram questionados em relação ao levantamento de hipóteses e ao
avanço tecnológico que, em alguns casos, fez-se necessário para a detecção de partículas (Como se chegou à
63
proposta do neutrino do tau? Que tipos de aprimoramento foram necessários realizar nos laboratórios de
pesquisa para a detecção dos neutrinos?).
15
Para discutir um pouco a respeito dos experimentos em Física de Partículas foi utilizado um documentário da
BBC Brasil (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Nx7sU9rA-Ww.) para tratar dos aceleradores
de partículas.
16
O prefixo femto equivale à 10-15
64
continuam com o objetivo de esclarecer mais a respeito das massas dos neutrinos (APS,
2011).
2.2.1.2 Quarks
17
Ao estudar a respeito dos quarks os alunos foram instigados com alguns questionamentos, por exemplo: Gell-
Mann, no início, acreditava que os quarks eram partículas reais? Que problema levou os cientistas a proporem
um novo número quântico? A proposta de Gell-Mann foi bem aceita pela comunidade científica da época? O
que levou à proposta de um quarto, quinto e sexto quark? As evidências do quark top tiveram a contribuição de
vários países, como eles contribuíram? Por que houve tanta demora na detecção do quark top?
65
partícula Ω- de forma que cada quark fosse de uma cor diferente, resolvendo o problema. Os
antiquarks também apresentam anticores. A anticor é produzida misturando as duas cores que
restam, por exemplo, o ciano (mistura de azul e verde) é a anticor do vermelho (ABDALLA,
2006).
Assim, ficou resolvido o problema de partículas formadas por quarks
idênticos, pois cada um deles pode ser de uma cor diferente, não violando o Princípio da
Exclusão de Pauli, segundo o qual duas partículas iguais não podem ocupar o mesmo estado
quântico. A cor também é uma propriedade da matéria, algumas partículas como os quarks
possuem cor, já os léptons não possuem. Apesar de levar o nome “cor” essa propriedade não
tem nada relacionado ao conceito de cor que se conhece (MOREIRA, 2007).
Gell-Mann acreditava que com a colisão de dois hádrons, se fosse
suficientemente violenta, poderia quebrá-los em um monte de quarks livres. No entanto,
apesar das buscas, não foram observados livres. Pensou-se que fosse um evento raro, então
foram analisadas amostras do berço antigo de oceanos, poeira cósmica, meteoros, e não houve
sucesso. Depois de muitos esforços a melhor imagem que se tem dos mesmos é que estão
colados por uma espécie de cola elástica chamada glúon, um bóson mediador, para
intermediar a interação forte entre os quarks (ABDALLA, 2006).
Ao propor sua ideia, Gell-Mann não acreditava que seria levado a sério,
tanto que ao tentar publicar sua proposta nem procurou a revista de maior prestígio temendo
que a mesma não fosse aceita. Já Zweig relatou que a reação da comunidade de físicos não foi
agradável, a ponto de que um físico teórico conceituado na universidade que ele estava prestes
a ser contratado vetou sua contratação alegando que sua proposta era trabalho de charlatão.
Esses exemplos demonstram o que Stephen Toulmin chama de fórum institucional, que é
constituído pela comunidade científica, periódicos, grupos de referência e eminentes
cientistas. Esse fórum pode dificultar a difusão de novas ideias (MOREIRA, 2007).
Como citado anteriormente, os quarks não são encontrados isolados, sempre
estão agrupados. A combinação de quarks ou de quarks e antiquarks geram outras partículas,
como o próton, nêutron, píon, etc. A ligação desses quarks é feita pelos glúons, uma espécie
de “cola” de quarks. O próton é formado por uma ligação de três quarks, dois quarks up e um
quark down, o nêutron também é formado por quarks up e down, porém em proporção
contrária à dos prótons. Os píons são mésons formados por um quark up e um antiquark
down.
O próton, o nêutron e o píon são exemplos de partículas que se mantêm
coesas devido à interação forte, denominadas hádrons. Esse grupo é dividido em duas
66
a) O próton
18
Ao estudar com mais detalhes as evidências do próton, foi retomada a discussão dos modelos atômicos e
exibido o vídeo Tudo se Transforma, História da Química, História dos Modelos Atômicos (Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY), editado no Movie Maker.
67
b) O nêutron
permanecessem no núcleo sem desintegrar o átomo. Em 1920, alguns físicos acreditavam que
essa partícula seria formada de um próton e um elétron, e que teria uma massa muito próxima
da do próton (ABDALLA, 2006).
Rutherford foi o primeiro a levantar a hipótese da existência de uma
partícula neutra de massa igual ao próton, imaginou-a como um átomo de hidrogênio no qual
um elétron teria entrado no núcleo e neutralizado a carga. Essas ideias foram apresentadas em
sua conferência Baker em 1920 (SEGRÈ, 1987).
Em seguida, em 1928, Walter Bothe e Herbert Becker observaram uma
radiação neutra, muito penetrante, em um experimento no qual usavam polônio como fonte de
partículas Alfa (α) para bombardear berílio. Mas eles interpretaram como raios X. Quem
também investigou essa radiação penetrante foram Frédéric Joliot e Irène Curie que, após
lerem a publicação de Bothe e Becker, usando uma amostra forte de polônio observaram que
a radiação podia arrancar prótons de uma camada de parafina (SEGRÈ, 1987).
Nesses estudos eles utilizaram uma nova técnica de detecção, a Câmara de
nuvens de Wilson. Usaram uma fonte de polônio envolta por um cilindro de berílio que ficava
na parte inferior da câmara. Logo acima da fonte era colocada horizontalmente uma folha de
parafina. O próton ejetado pela radiação invisível, advinda da interação entre as partículas α e
o berílio, é identificado pelo seu traço registrado na parte superior da câmara. Como na época
era conhecido que ao incidir raios X em uma placa metálica podia-se observar elétrons
provenientes as placa, eles acreditavam que essa radiação invisível fossem raios X
(BARRETO, 2012). Eles tentaram interpretar esse fenômeno por meio do efeito Compton,
efeito conhecido e respeitado quando se trata de elétrons. James Chadwick, após ler a
publicação de Joliot e Curie, não concordou que fossem raios X, pois a energia necessária
para ejetar um próton da folha de parafina deveria ser da ordem de 50 MeV, e as radiações até
então observadas não eram dessa magnitude (SEGRÈ, 1987).
Chadwick, refazendo o experimento, incidindo partículas Alfa (α) de uma
amostra de berílio e polônio incidindo em alvos de hidrogênio, nitrogênio e hélio, percebeu a
mesma radiação, invisível e sem carga, que alguns físicos acreditavam ser raios gama (γ).
Porém, se estivessem certos os princípios de conservação da energia e de quantidade de
movimento estariam sendo violados. Chadwick preferiu uma solução que previa a existência
do parceiro neutro do próton, o nêutron. E após medir a massa de algumas dessas partículas,
por meio de dados das energias de recuo dos núcleos de diversos gases utilizados, constatou
que se tratava de um valor muito próximo da massa do próton. Dessa forma, foi descartada a
hipótese de Joliot e Curie, pois radiação eletromagnética não tem massa, ficando assim
69
estabelecida a existência dos nêutrons. Chadwick publicou seu resultado na Nature em 1932 e
ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1935 (SEGRÈ, 1987; BARRETO, 2012).
O que fez com que Chadwick fosse o primeiro a observar o nêutron, e não
Joliot e Curie, foi o fato de que ele estava mentalmente preparado para aceitar o conceito do
nêutron. Ele já havia tentado produzir nêutrons em descargas elétricas fortes e por outros
métodos, sem obter sucesso. Quando surgiu a oportunidade ele estava pronto para identificar
tal partícula (SEGRÈ, 1987).
Após a chegada do nêutron, por muito tempo se acreditou que as partículas
elementares constituintes da matéria fossem o elétron, próton e nêutron. Entretanto, em 1960,
houve uma nova mudança. Experimentos e dados teóricos indicavam que o nêutron, assim
como o próton, era composto por outras partículas. Logo, não pode ser considerada uma
partícula elementar.
c) O píon
19
Foram exibidos dois vídeos (Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=CyWqBjZePGE.), editados,
para representar as emulsões fotográficas e a partícula de Yukawa.
70
definidos. Análogo a esse processo podemos entender a interação entre os núcleons como a
troca da partícula píon, que seria o quantum do campo de interação forte (HOLTON, 1987).
Yukawa propôs equações que descreviam o movimento dessa partícula, bem
como sua massa que deveria ser da ordem de 100 MeV. Na época, essa energia só era
disponível nas radiações cósmicas. Lattes20 e Occhialini, em 1947, decidiram usar um novo
tipo de emulsão para trabalhar na detecção dos mésons, expuseram, durante um mês, algumas
chapas fotográficas, tratadas com bórax, no Pic-du-Midi, na cordilheira dos Pirineus no sul da
França. Como resultado, perceberam que as novas emulsões permitiam a revelação com mais
detalhes e mais eventos. Em seu artigo “Meu trabalho na Física de méson com emulsões
nucleares” Lattes cita a importância de uma assistente, Marietta Kurz, que atenciosa como
era, foi quem percebeu ao analisar as chapas que havia um evento diferente dos demais, no
qual, um méson parava na chapa de emulsão fotográfica e, saindo de sua extremidade, um
novo méson era emitido com alcance de cerca de 600 μ, todo contido na emulsão. Alguns dias
depois, o mesmo evento foi observado, porém desta vez, o segundo méson não parava na
emulsão, mas conseguiu-se estimar seu alcance por extrapolação, que também era cerca de
600 μ (LATTES, 1984). Esse resultado foi interpretado e publicado no artigo “Processes
involving charged mesons” (LATTES et al, 1947). Entretanto, para se chegar a alguma
conclusão era necessário observar mais eventos.
Para isso, Lattes, ao consultar o departamento de Geografia de Bristol, foi
informado que existia uma estação meteorológica, na Bolívia, com 5.600 metros de altitude, o
que seria ideal para as a coleta de dados, pois quanto maior a altitude melhor é a detecção dos
raios cósmicos devido ao fato que eles têm menor possibilidade de interagirem com as
moléculas dos gases atmosféricos. Lattes se disponibilizou a fazer a exposição das placas
fotográficas desde que Occhialini e Powel conseguissem o financiamento da viagem. Assim
que conseguiram o financiamento Lattes viajou para fazer as exposições das chapas. Depois
de um mês, já de volta, ao analisarem os resultados identificaram cerca de 30 eventos. Com
isso, identificaram o méson mais pesado como sendo a partícula de Yukawa e o outro como
sendo a partícula observada, em 1937, por Anderson (LATTES, 1984).
A existência do píon, detectado em pontos altos da atmosfera pelos físicos,
Giuseppe Occhialini, Cecil Frank Powel e Cesar Lattes, deu prestígio à teoria de Yukawa. O
fenômeno que ocorre é o seguinte: prótons da radiação cósmica interagem com os núcleos
20
Foi utilizado um vídeo, (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i6nqu-UEalU), que retratava o
cientista Cesar Lattes com o propósito de evidenciar a participação de pesquisadores brasileiros na pesquisa em
Física de Partículas.
71
colisões nos aceleradores, que demoram um tempo superior ao previsto para decaírem
(BATISTA, 1999). Atribui-se as partículas uma estranheza de 0, , e é postulado que
a soma da estranheza de todas as partículas envolvidas não se altera nas interações fortes, com
isso se explica o que ocorre em algumas interações de acordo com as evidências
experimentais (SEGRÈ, 1987).
O charme foi o quarto quark a ser proposto. Daniel Bjorken e Sheldon Lee
Glashow propuseram, em 1964, a existência de outro férmion fundamental, o quark charme.
A ideia da inclusão no início foi apenas estética, pois os léptons fundamentais existiam em
número de quatro (e-, ve, μ, vμ), assim, por simetria os quarks deveriam ser quatro também (u,
d, s, c). Os quarks s e c são mais pesados e compõem as partículas mais instáveis. A evidência
experimental do quark charmoso veio em dose dupla, pois foi observado simultaneamente e
independentemente por dois laboratórios distintos. A primeira observação foi feita em 1974,
por um grupo de pesquisadores liderados por Samuel Chao Chung Ting, que chamou a
partícula de J. Em seguida, foi observado pelo grupo de pesquisadores liderados por Burton
Ricther, que chamaram a partícula de Psi. Assim, o quark charmoso ficou conhecido como
partícula J/Psi (ABDALLA, 2006).
Os experimentos nos quais ela foi detectada foram o Mark I e o experimento
de S. Ting. O Mark I foi realizado no SLAC (Stanford Linear Accelerator Center) nos pontos
de colisão de um anel onde elétrons e pósitrons eram acelerados por campos elétricos e
tinham suas trajetórias curvadas por campos magnéticos a fim de que permanecessem dentro
do anel. A cada volta que completavam, suas velocidades aumentavam e adquiriam mais
energia. Em algum momento o campo magnético desviava os feixes de elétrons e pósitrons a
ponto de colidirem nos pontos de colisão, em volta do qual se encontram diversos detectores
que procuravam registrar a passagem das diferentes partículas que seriam produzidas nas
colisões. Os detectores do experimento Mark I possuíam uma forma cilíndrica em torno do
ponto de colisão com duas tampas que também eram detectores. Os detectores cilíndricos são
cinco, primeiro tem-se uma câmara de faísca, contadores para trigger,21 magnetos,
calorímetros e uma câmara de faísca para detectar múons. Ela recebeu o nome de Psi devido à
reconstrução de sua trajetória ter formado o desenho da letra grega Ψ. (BEGALLI, 2012).
21
São utilizados para iniciar o registro de um evento, é um mecanismo que seleciona os possíveis eventos
candidatos à análise (Oguri, 2012, Begalli, 2012).
73
2.2.2 Os bósons
2.2.2.1 O Fóton
22
Para discutir o efeito fotoelétrico os alunos utilizaram uma simulação computacional, (Disponível em:
http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/photoelectric.), para responder alguns questionamentos, por exemplo:
O que acontece com o número de elétrons emitidos do metal quando diminuímos o comprimento de onda da
radiação? Se aumentarmos a intensidade da radiação, o número de elétrons emitidos do metal aumenta ou
diminui? A velocidade dos elétrons ejetados depende da frequência ou da intensidade da radiação?
23
Aqui nos referimos a corpúsculos ao invés de partículas, pois o fóton tem momento e energia, mas não tem
massa.
77
24
O regime monofotônico é obtido quando a fonte luminosa emite um fóton de cada vez (OSTERMANN et al.,
2009).
78
elétrons, fótons e hádrons. E por fim uma câmara de fios para detectar a trajetória dos múons
que conseguiam passar pelos materiais dos detectores anteriores (OGURI, 2012).
Após o decaimento dos bósons podia ser observado nos calorímetros um
feixe de partículas que se formavam devido à interação dos elétrons e pósitrons com o
calorímetro. Como os neutrinos e antineutrinos não produzem esses feixes, no decaimento dos
bósons W+ e W- observa-se somente um feixe. Já no decaimento do bóson Z0 observam-se
dois feixes opostos (OGURI, 2012).
As equipes realizaram o experimento durante 30 dias, observando 1 bilhão
de colisões, após os critérios de seleção foram analisados 39 eventos, e destes, cinco deles
traziam evidências da existência dos W±. Já o Z0 foi observado somente em 1983, os valores
das massas previstas teoricamente foram comprovados experimentalmente.
2.2.2.3 Glúons
A proposta dos quarks teve uma objeção teórica ao passo que foi observada
uma partícula que, aparentemente, violava o princípio de exclusão de Pauli por ter em sua
composição três quarks idênticos. Na intenção de resolver esse impasse, Moo-Young Han e
Yoichiro Nambu, propuseram ao mesmo tempo em que Oscar Greenberg, em 1964, um novo
número quântico, a cor. Em virtude disso, a teoria que descreve a interação entre quarks, a
interação forte, ficou denominada Teoria CQD (Cromo Dinâmica Quântica). A teoria foi
refinada por Fritzsch, Gell-Mann e Heinrich Leutwyler, na qual propuseram que os quarks
viriam em três cores, de forma que os estados estáveis resultariam em uma combinação
incolor (FLEGEL; SÖDING, 2004).
A primeira sugestão de glúons como mediadores da força forte veio por
meio de resultados de experimentos com espalhamento inelástico, mostrando que apenas
metade do momento de um próton era carregada pelos quarks. A fração de momento ausente
foi interpretada como sendo de constituintes eletricamente neutras, de massa nula,
supostamente os glúons. A questão seguinte agora era a detecção de tal partícula.
Estudando colisões de partículas no PETRA (Positron-Electron Tandem
Anel Accelerator) do DESY (Deutsches Elektronen-Synchrotron), na Alemanha, os cientistas
Sau Lan Wu e Georg Zobernig, que trabalhavam no grupo TASSO perceberam um tipo
especial de aniquilação de elétron – pósitron, na qual surgiam três jatos de hádrons coplanares
se afastando do ponto de colisão. A análise dos eventos mostrou que dois desses jatos eram
produzidos por um par quark – antiquark e o outro era gerado por um glúon. Foi essa a
79
25
Foi utilizado um vídeo, (Disponível em: http://tvcultura.cmais.com.br/reportereco/videos/boson-de-higgs),
para discutir a respeito dessa partícula.
80
3. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Este capítulo foi escrito tomando como referência principal Ausubel (2003).
Para que não ficasse repetitiva essa referência em meio ao texto, optou-se por citá-la no início
e deixar claro que as definições e afirmações não referenciadas são de autoria desse autor.
Em qualquer escola, seja de nível fundamental, médio ou superior o que se
espera é que os alunos adquiram e se apropriem de conhecimentos disponibilizados. No
entanto, há casos em que esse processo ocorre de tal forma que os alunos apenas memorizam
o conhecimento com a finalidade de reproduzi-los nas avaliações, esquecendo facilmente logo
em seguida. Esse procedimento está baseado na narrativa do professor e na aprendizagem
mecânica do aluno, modelo reproduzido e aceito em escolas e universidades mesmo sabendo-
se de suas deficiências e limitações.
Tanto teorias de aprendizagem como pesquisas da área de ensino
apresentam alternativas e resultados para resolver esse problema.
Ausubel propôs, em sua monografia de 1963, uma teoria cognitiva de
Aprendizagem Significativa em oposição a uma aprendizagem por memorização. Consistia na
ideia de que a aquisição26 e retenção de conhecimentos são produtos de um processo ativo,
integrador e interativo entre o material de instrução e a estrutura cognitiva do aprendiz.
A aprendizagem cognitiva é o resultado do armazenamento organizado de
informações na mente do sujeito que aprende, devido um processo que potencialize essa
organização. Essa estrutura organizada é denominada de estrutura cognitiva, na qual o novo
conhecimento se integra a rede cognitiva existente. Para Ausubel, um dos fatores que mais
influencia no processo de aprendizagem é o que o aluno já sabe, os conhecimentos prévios.
Pois, é devido a eles que uma nova informação é processada e ancorada na estrutura
cognitiva.
A Aprendizagem Significativa consiste na aquisição de novos significados a
partir do material de aprendizagem. Para isso, é necessário que o material seja potencialmente
significativo para o aluno, ou seja, conceitualmente claro e com linguagem e exemplos
relacionados com seu conhecimento prévio. Essa exigência requer outras duas: a primeira é de
que o material de aprendizagem possa se relacionar de forma não arbitrária e não linear com
qualquer estrutura cognitiva apropriada; a segunda é de que a estrutura cognitiva do aluno
26
Aqui, de acordo com Ausubel, aquisição está com a ideia de “ganhar a posse” de novos conhecimentos que
anteriormente não se tinha ou compreendia.
83
possua conceitos ou proposições relevantes com as quais a nova informação possa ancorar-se.
Esses conceitos são denominados conceitos subsunçores, ou simplesmente subsunçores.
Além disso, o aluno precisa apresentar uma predisposição para aprender
significativamente. A única condição sobre a qual o professor não exerce controle direto é a
motivação dos alunos. Os alunos podem ser motivados indiretamente a aprender
significativamente por meio das estratégias de ensino e avaliação. Se as estratégias enfatizam
a relação do novo conhecimento com o já existente favorecem a Aprendizagem Significativa.
Já as avaliações objetivas tendem a não favorecer a Aprendizagem Significativa, pois não
exigem do aluno mais do que uma aprendizagem mecânica.
combinatória. Ou seja, essas novas informações são abrangentes demais para serem
absorvidas pelos subsunçores, e não suficientemente amplas para absorvê-los.
subsídios para que ocorra a ancoragem das novas informações na estrutura cognitiva. Assim,
o material introdutório assume o papel de mediador nesse processo, manipulando a estrutura e
facilitando a Aprendizagem Significativa. Além disso, pode contribuir na reconciliação e
integração de ideias que estejam em conflito com a estrutura cognitiva.
3.6 CONSOLIDAÇÃO
uma unidade semântica, ou unidade de sentido, por exemplo, “a flor é linda”. Sintetizando,
“um Mapa Conceitual é um recurso esquemático para representar um conjunto de significados
conceptuais incluídos numa estrutura de proposições” (NOVAK; GOWIN 1996, p. 31).
A forma de representação dos mapas conceituais consiste na disposição dos
conceitos dentro de círculos, quadrados ou algo do gênero, interligados por linhas. As
palavras ou frases de ligação que ficam sobre essas linhas especificam a relação entre os
conceitos. Outra característica da representação dos mapas é que apresentam os conceitos de
maneira hierárquica, ou seja, os conceitos mais gerais e inclusivos ficam no topo do mapa e os
mais específicos são dispostos sucessivamente logo abaixo. A estrutura hierárquica depende
do contexto no qual o conhecimento está sendo considerado, assim, o ideal é propor uma
questão, denominada questão focal, para orientar a construção do mapa (NOVAK; CAÑAS,
2008). Todo Mapa Conceitual responde a uma questão focal, e o primeiro passo para
aprender a respeito de algum assunto é fazer questões bem formuladas.
A apropriação dos mapas conceituais pode ser de utilidade em vários
campos: como na organização e análise dos conteúdos de uma aula, parte dela ou de uma
disciplina inteira; no ensino podem ajudar na explanação e representação hierárquicas dos
conteúdos apresentados em uma aula ou na disciplina em si; como instrumentos de avaliação
para obter uma imagem da organização conceitual que o aluno estabelece perante
determinado conteúdo, etc. Enfim, os mapas podem ser utilizados em diferentes situações e
com diversas finalidades (MOREIRA; ROSA, 1986).
Também, de acordo com Novak e Gowin (1996), no processo de elaboração
dos mapas conceituais é possível que ocorra a construção de novos significados, pois podem
reconhecer novas relações proposicionais entre os conceitos, representando a aquisição de
novos significados. Isso pode ser considerado uma atividade criativa e fomentadora de
criatividade, que é um requisito para Aprendizagem Significativa.
Quando a aluno se apropria de um novo significado ele passa por um
processo que Novak e Gowin (1996) denominam sentir o significado, que consiste no
momento de emoção ao interiorizar um novo conhecimento. Essa emoção pode ser positiva,
no sentido de “ah, agora entendi” ou negativas relacionados ao medo por perceber o quanto
suas noções estavam imprecisas.
Pensar em ideias novas requer tempo e atividades mediadoras, não é um
processo instantâneo. O processo de fazer e refazer os mapas conceituais pode ajudar o aluno
a desenvolver o pensamento reflexivo, que prepara o mesmo para pensar e aprofundar suas
90
ideias, permitindo, ao mesmo tempo, que ele corrija algumas noções que por ventura estejam
inadequadas.
Outra possibilidade do uso dos mapas conceituais é em relação à negociação
de significados. Negociar, nesse caso, significa chegar a um consenso a respeito de algum
assunto. Ao contrário da aprendizagem, os significados podem ser compartilhados, discutidos
e negociados. O Mapa Conceitual pode, dessa forma, conduzir discussões em sala de aula e
desempenhar uma função social útil quando construído de forma coletiva por um grupo de
alunos.
Como apresentar esse novo instrumento de estudo e avaliação na prática
docente? De acordo com Novak e Gowin (1996), não existe uma maneira correta de introduzi-
los em sala de aula. Essa é uma tarefa que vai exigir diferentes estratégias, dependendo da
maturidade intelectual do público alvo. Novak e Gowin (1996) apresentam algumas
abordagens para apresentar os Mapas Conceituais em diversos níveis de ensino, desde
Educação Básica até o Ensino Superior.
Mesmo com a apresentação prévia dos Mapas Conceituais, não pode-se
esperar que o aluno reproduza um Mapa Conceitual “perfeito” com todos os conceitos
envolvidos nas atividades. Isso remete a máxima capacidade de memorização, que não é o
objetivo da Aprendizagem Significativa. Os erros são parte do aprendizado e é na sequência
das construções dos mapas que se percebe o quanto o aluno progrediu.
Dessa forma, os Mapas Conceituais são ótimos instrumentos para observar
as alterações de significado que os alunos dão aos conceitos presentes em seus mapas, que,
quando conscientemente elaborados, revelam a organização cognitiva dos alunos.
O processo de refazer os mapas é uma tarefa relevante, pois o primeiro
Mapa Conceitual que uma pessoa elabora geralmente apresenta falhas. Pode ocorrer uma
dificuldade de mostrar relações hierárquicas, ou uma disposição de conceitos em partes
opostas do mapa, mas que se relacionam entre si, etc. Assim, ao refazer o mapa o aluno
dispõe melhor os conceitos, reduz a confusão visual, corrige erros ortográficos, enfim, deixam
os mapas bem elaborados.
Uma ideia é permitir que os alunos consultem o mapa anterior para
refazerem seus mapas, assim, eles mesmos terão a sensação de construção dos novos
significados ao passo que podem acompanhar e comparar seus resultados. Segundo Novak e
Gowin (1996), “não há nada que tenha um impacto afetivo maior para estimular a
Aprendizagem Significativa de um aluno do que o êxito demonstrado ao obter conquistas
substanciais na própria Aprendizagem Significativa” (NOVAK; GOWIN 1996, p. 58).
91
3.8.1 Vídeos
Como já citado anteriormente, o professor deve fazer bom uso dos recursos
didáticos, e com os vídeos não é diferente. Há casos em que são usados de maneira
inadequada, sem nenhum planejamento o que acaba desperdiçando o potencial do
instrumento.
Moran (1995) propõe algumas sugestões para utilização de vídeos como
aliados no processo de ensino e aprendizagem. São elas:
Vídeo como sensibilização: pode ser utilizado para introduzir um novo
conteúdo, com finalidade de despertar a curiosidade e a motivação para o estudo de novos
temas;
Vídeo como ilustração: pode ser utilizado para mostrar o que é falado em
sala de aula, compor cenários e formas desconhecidas pelos alunos, possibilitando a
visualização de realidades distantes do cotidiano;
Vídeo como simulação: perante situações em que não é possível realizar
uma experiência ou observação, devido ao risco ou ao tempo, o vídeo pode ilustrar o que se
deseja em alguns minutos ou até segundos;
Vídeo como conteúdo de ensino: pode ilustrar um determinado conteúdo de
forma direta ou indireta;
96
Outro recurso que tem ganhado espaço nas aulas de ciências é a simulação
computacional. Desde o surgimento dos primeiros computadores comerciais, já haviam
pesquisadores preocupados em como utilizá-lo para fins educativos. No entanto, as primeiras
experiências foram feitas no sentido de armazenar informações que seriam transmitidas para
os alunos, era uma tentativa de implementar a máquina de ensinar de Skinner. Atualmente, a
utilização do computador é feita de forma diversificada, interessante e desafiadora, que vai
muito além do que simplesmente transmitir informações (VALENTE, 1999).
Isso exige do professor além de uma formação que propicie conhecimentos
básicos a respeito de informática, um preparo que deve ir além de repassar informações, deve
criar condições para que ele construa conhecimento a respeito das técnicas educacionais,
entenda o porquê e como integrar o computador na sua prática docente.
Os computadores vêm sendo usados como instrumentos pedagógicos há um
bom tempo. E permitem dentre outras possibilidades o uso de simulações. As simulações, por
sua vez, possibilitam o estudo de fenômenos que na prática seriam difíceis ou em alguns casos
inviáveis, por serem de alto custo financeiro, perigosos, muito rápidos ou muito lentos, etc.
(MEDEIROS; MEDEIROS, 2002). Além, de proporcionar um ambiente interativo, onde o
aluno pode interagir com o programa de simulação controlando alguns parâmetros que
acabam promovendo uma compreensão satisfatória do fenômeno estudado. A simulação dos
movimentos e a representação gráfica das grandezas físicas oferecidas pelos softwares
possibilitam melhor entendimento dos aspectos físicos e matemáticos envolvidos no processo
(RIBEIRO JR; CUNHA; LARANJEIRAS, 2012).
vendo e interagindo com os modelos científicos subjacentes que não poderiam ser
inferidos por meio da observação direta (GADDIS, 2000, Apud MEDEIROS;
MEDEIROS, 2002, p. 80).
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGIOS
recurso didático na Unidade Didática. A fim de perceber as mudanças nas noções dos alunos
foram utilizados questionários prévio e posterior.
Lederman et al. (2002) propõem alguns instrumentos de investigação para
identificar as visões de NdC, na tentativa de fugir dos testes padronizados que levam a uma
escolha forçada, do tipo “concordo” ou “discordo”. Assim, foi elaborado um questionário
aberto para evitar os problemas inerentes ao uso de instrumentos que poderiam revelar
posições tendenciosas. Ao contrário da escolha forçada em questionários de múltipla escolha,
as questões abertas permitem aos entrevistados esclarecer seus próprios pontos de vista em
relação à Natureza da Ciência.
Utilizou-se um tema de Física Moderna, apoiado na ideia de que esses temas
também podem contribuir para uma noção mais apropriada do conhecimento científico.
Como a ideia, desde o princípio, era trabalhar com uma atividade que
fizesse uma síntese das Partículas Elementares, logo de início percebeu-se que seriam
necessárias aproximadamente 10 aulas ou mais. O que tornaria inviável para aplicação dentro
do planejamento anual da disciplina, haja vista o número de aulas disponíveis e a quantidade
de conteúdo a ser ministrada. O que não inviabilizou a proposta, pois na escola está em
andamento o Programa de Atividades Complementares Curriculares em Contraturno. Essas
Atividades Complementares Curriculares em Contraturno (ACCC), de acordo com a
INSTRUÇÃO N. 007/2012 – SEED/SUED,
27
Disponível em: http://univesptv.cmais.com.br/licenciatura-em-ciencias-particulas-elementares.
28
Disponível em: http://htwins.net/scale2/lang.html.
29
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY. Foi realizada edição do vídeo utilizando
o editor Movie Maker.
30
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4g0tX6WcUvo.
105
Por fim, foi exibido o primeiro capítulo de uma série que seria apresentada
em cinco capítulos, que consistia no vídeo Discreto Charme das Partículas Elementares31,
dividido em cinco partes. O objetivo era trazer uma forma de representação diferente das que
habitualmente são encontradas em vídeos e livros didáticos e retomar ao final das aulas alguns
dos temas trabalhados ou dar início a um tema ainda a ser trabalhado, instigando a curiosidade
dos alunos.
Como prometido no encontro anterior, cada aluno “recebeu” uma partícula.
A tarefa deles era descobrir qual partícula haviam recebido, pois ela não vinha com nome,
somente com algumas características, por exemplo: Oi, que bom ser adotado por você!
Prometo me comportar muito bem, você nem irá notar minha presença! Deixe-me falar um
pouco a meu respeito: Tenho uma massa de 0,511MeV/c², apresento carga elétrica negativa
(-1), não tenho carga cor, tenho spin semi-inteiro (1/2), fui observado pela primeira vez em
1987. Será que você pode me ajudar a descobrir meu nome e a qual família eu pertenço?
Essa atividade teve o objetivo de fazer com que os alunos se familiarizassem
com as características das Partículas Elementares e ao mesmo tempo entendessem a questão
da representação das partículas, que não são objetos concretos, que não possuem forma física
definida, que não podem ser visualizadas. Essa necessidade existe, ao ponto que o próprio
nome “partícula” já remete a algo que possuí massa e que de certa maneira deveria assumir
uma forma física. Assim, faz-se necessária essa discussão da representação de partículas.
Aula 05 e 06: Foi dada sequência à exploração pela família dos léptons,
abordando o neutrino do elétron, o pósitron, o múon, o neutrino do múon, o tau e o neutrino
do tau. Foram desenvolvidas atividades de leitura de textos e apresentação de vídeos, ambas
guiadas por questionamentos e discussões. Por exemplo, ao falar da família dos léptons,
foram levantados os seguintes questionamentos: Por que o neutrino do elétron foi proposto?
Vocês conseguem perceber a presença de criatividade e imaginação na proposta de Pauli? A
proposta de Pauli foi bem aceita pela comunidade científica da época? As evidências
experimentais da existência no neutrino do elétron somente se deram 20 anos após ter sido
proposto. O que manteve essa hipótese em vigor? Qual motivo Pauli apresentou a seus
colegas para não se fazer presente no evento em que sua proposta foi discutida? A pesquisa
em Física de Partículas sofreu alguma influência devido à Segunda Guerra Mundial? Surgiu
um novo problema ou uma nova questão depois que os cientistas perceberam que o múon não
era a partícula prevista por Yukawa. Qual era o novo problema a ser resolvido? Como se
31
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FAISMNkR_WM&list=PL106774692E8F6682.
106
32
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SOYml0I8mVM.
33
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=W53L2Hrl7F0.
34
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Nx7sU9rA-Ww.
107
35
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY.
36
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i6nqu-UEalU.
37
Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=CyWqBjZePGE.
38
Disponível em: http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/photoelectric.
108
39
Disponível em: http://tvcultura.cmais.com.br/reportereco/videos/boson-de-higgs.
109
Para análise dos dados foi utilizado a análise de conteúdo, que, segundo
Bardin (1977), é:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens,
indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
(BARDIN, 1977, p. 42).
em três etapas, que são: pré-análise, exploração do material e o tratamento dos dados, a
inferência e a interpretação.
Nesta pesquisa optou-se pela análise temática, que, de acordo com Bardin
(1977, p. 77) é “a contagem de um ou vários temas ou itens de significação numa unidade de
codificação previamente determinada.” Com base nos aportes teóricos foram elaboradas as
Unidades de Análise constituídas pelas Unidades de Contexto (UC) e as Unidades de Registro
(UR).
Unidades de Registro:
Unidades de Registro:
Unidades de Registro:
URE 3.5 “Uma teoria pode mudar, mas não é invalidada", para agrupar
as respostas que contenham registros que explicam que as teorias podem mudar, mas não
invalidadas.
URE 3.6 “Assumem que a teoria pode mudar, mas explicam de maneira
confusa” reúne os fragmentos em que os alunos assumem que a teoria pode ser modificada,
porém não explicam de maneira clara o que leva à mudança.
Unidades de Registro:
Unidades de Registro:
UR 5.1 “Sim, a base teórica dos pesquisadores pode ser distinta", para
agrupar as respostas que contenham registros que explicam que distintas bases teóricas
utilizadas para interpretar um conjunto de dados podem gerar diferentes conclusões, o
conhecimento do cientista interfere na maneira como os dados são interpretados.
Unidades de Registro:
não fazem parte da construção do conhecimento científico por serem incoerentes com a
Ciência.
UR 6.5 "Não contempla a pergunta", para agrupar as respostas que
contenham registros que indicam que os alunos não compreenderam a pergunta, sendo a
resposta incoerente em relação à pergunta.
7. Quando você lê ou ouve o termo “cientista”, o que você pensa? Descreva
o que você imagina.
Esta questão foi proposta com o objetivo de analisar as noções que os alunos
têm a respeito do termo cientista.
Unidades de Registro:
40
No questionário que foi respondido pelos alunos as questões relacionadas ao conteúdo estão numeradas de 1-4,
porém para facilitar a análise foi dada sequência na numeração.
117
Essa questão foi proposta para analisar as noções que os alunos apresentam
em relação à estrutura da matéria.
Unidades de Registro:
Essa questão foi proposta para analisar as noções que os alunos apresentam
em relação ao modelo atômico.
Unidades de Registro:
Essa questão foi proposta para analisar as noções que os alunos apresentam
em relação às partículas elementares.
Unidades de Registro:
Essa questão foi proposta para analisar as noções que os alunos apresentam
em relação ao Modelo Padrão.
Unidades de Registro:
Unidades de Registro:
URM 1.1 “Do conceito matéria até o conceito átomo” reúne os mapas que
apresentam a organização hierárquica e a diferenciação progressiva desde o conceito matéria
até o conceito de átomo.
Unidades de Registro:
encontros, inclusive alguns deles faltaram nos dias em que ocorreu coleta de dados.
Permaneceram assíduos cinco alunos da turma A e três alunos da turma B. São os dados
referentes a esses oito alunos que foram analisados na pesquisa.
Para manter preservada a identidade dos alunos, aqui refere-se aos mesmos
como A1, A2, A3, A4 e A5 para os integrantes da turma A e B1, B2 e B3 para os integrantes
da turma B.
consequências de uma experimentadas.” (Q1, A1, D1). dos cientistas. Por isso tem
teoria”. importância para a evolução da
ciência.” (Q2, A4, D2).
Com fundamentação nos dados pode-se observar que a metade dos alunos,
de início, assume a experimentação como um processo relevante na validação de ideias,
hipóteses e teorias. Apenas um aluno, A1, se referiu ao experimento como instrumento de
“teste” de hipóteses e dois alunos, A4 e B3, se reportam aos experimentos como úteis na
compreensão do conhecimento científico, por meio do qual pode-se entender e aprofundar
conhecimentos.
Já no questionário posterior, os alunos deixaram, em partes, de apresentar
noções empiristas. Pois, apenas dois deles, se reportaram ao experimento como instrumento
útil na validação de teorias. Naquele instante, já tinham uma noção mais adequada em relação
ao assunto, possuíam o conhecimento de que não se testam teorias, nem leis, e que apenas as
hipóteses estão sujeitas a testes. No entanto, não pode-se afirmar ao certo se eles ainda
guardam resquícios da visão empirista-indutivista quando usam os termos “provar” e
“comprovar”, ou se simplesmente fazem uma confusão entre os termos testar, comprovar e
provar, pois usam os termos “teste” e “comprovação” na mesma resposta (B1, A1), ou se
referem ao experimento como teste de hipóteses na questão 01 e usam o termo comprovar na
questão 02 (A1, B1, B2, A5, B3).
128
D2).
04 registros 04 registros
“Sim. Acredito que a possibilidade “Ela pode mudar, pois com o passar do
de ocorrer uma mudança seja pouca, tempo, com muitos estudando os casos, se
mas ela existe. Pois, vivemos em um descobrem coisas novas. Com vários tipos de
mundo inconstante no qual as coisas estudos diferentes os cientistas buscam e
podem mudar rapidamente, fazendo encontram novas maneiras, surge então uma
com que não tenhamos mais base em nova teoria.” (Q3, A2, D2).
certos conceitos.” (Q3, A3, D1).
“Sim, pois depende do que for acontecendo
“Sim, porque não sabemos de tudo o com o tempo, pode acontecer de observarem
UR 3.3 “Teorias que existe ou existiu ao nosso redor, coisas novas que levam a uma mudança na
mudam por novas hoje tal teoria pode ser aceita, mas teoria. Pode acontecer, também, dessa teoria
evidências e dependendo da descoberta de se tornar inválida resultando na tentativa de
interpretações amanhã ela pode sofrer mudanças ou melhorar a teoria ou criar uma nova.” (Q3,
diferentes” até mesmo passar a ser inválida.” A1, D2).
(Q3, A1, D1).
“Sim, depende dos resultados que os
“Pode mudar e ser aperfeiçoada com experimentos vão mostrando, por exemplo: os
o passar dos anos e do conhecimento modelos atômicos foram mudando de acordo
adquirido.” (Q3, B1, D1). com os experimentos que eram feitos.” (Q3,
B2, D2).
“Sim, pode ocorrer as duas coisas,
pois haverá novos experimentos e “Sim ela pode mudar, pois pode surgir outra
novas teorias que entrarão no lugar teoria mais desenvolvida que explique melhor
das antigas.” (Q3, B3, D1). os fatos.” (Q3, B3, D2).
01 registro 01 registro
“Sim. Se o experimento falhar tal “Uma teoria pode sim se tornar inválida, pois
UR 3.4 “Teorias podem teoria será invalidada, se o resultado havia momentos em que se percebia que uma
mudar quando do experimento for diferente esta teoria que antes se acreditava estar certa,
apresentam falhas" teoria pode ser modificada.” (Q3, começava a mostrar erros. E assim ela pode
B2, D1). mudar ou se tornar inválida.” (Q3, A4, D2).
Com fundamentação nos dados pôde-se inferir que a maioria dos alunos
apresentou uma noção adequada em relação à estabilidade das teorias. Eles pareceram cientes
de que o conhecimento científico é provisório, que pode ser complementado, que não é
definitivo. Assume-se que ele pode ser reformulado e aperfeiçoado com o surgimento de
131
mudança ou abandono de uma teoria podem ser variados, desde estudos teóricos a novas
evidências experimentais.
Essa noção de que o conhecimento científico é provisório, que com o passar
do tempo podem vir a ser modificadas, já apareceu em outros estudos como os de Lederman
et al. (2002), El-Hani, Tavares e Rocha (2004) e Rocha (2013) nos quais a maioria dos alunos
reconhece que as teorias não assumem um caráter absoluto, e que a qualquer momento novos
estudos e conceitos podem surgir e complementá-la ou dar início a mais investigações
científicas que podem levar a uma nova teoria.
Em seguida é apresentado o quadro 04, referente aos dados da questão 04.
“Sim a ciência e seu “A ciência depende desses fatores, pois necessita de apoio
desenvolvimento dependem político, financeiro e etc.” (Q4, B3, D2).
desses fatores, pois a sociedade
é que move os novos “Sim, depende de fatores sociais, políticos e culturais, pois a
conhecimentos, a ciência estuda ciência é influenciada por tudo, e se não contém ambiente
UR 4.2 “ Sim, o que são esses novos que a favoreça ela pode ser atrasada.” (Q4, A4, D2).
depende e é conhecimentos e como podem
influenciada ser aproveitados. Necessitam de “Depende. Pois esses fatores afetam as pesquisas de
por fatores políticas que banquem o seu diversas formas. Por exemplo, no caso dos cientistas que
socioculturais desenvolvimento.” (Q4, A3, defendiam que a Terra girava em torno do Sol, e não o
" D1). contrário, como resultado sofreram perseguições da igreja
da época.” (Q4, A1, D2).
“Sim, ela precisa ter uma base,
pois são esses fatores que vão “Sim. Pois um experimento ou estudo consegue ser
ajudar ao desenvolvimento de realizado apenas com apoio político, social e principalmente
qualquer coisa.” (Q4, B3, D1). financeiro. Os cientistas precisam de alguém que banque
suas pesquisas e projetos, pois os custos de alguns
“Desenvolve-se conforme os experimentos/pesquisas são realmente muito altos.” (Q4,
questionamentos vão se A3, D2).
tornando cada vez mais
presentes no cotidiano da “Depende. Um fator desses pode atrasar uma pesquisa, por
sociedade.” (Q3, B1, D1). exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial várias
pesquisas e informações não puderam ser trocadas devido
“O desenvolvimento do ao que estava acontecendo.” (Q4, B2, D2).
133
conhecimento depende de
alguns fatores, como a religião.” “Sim. O desenvolvimento do conhecimento científico
(Q4, A5, D1). depende desses fatores, pois a realização de experimentos
necessita de investimentos financeiros.” (Q4, A5, D2).
“Depende, pois para isso que
eles efetuam suas pesquisas, “O desenvolvimento do conhecimento cientifico depende do
querendo usufruir de seus mundo a sua volta, precisa de investimentos financeiros e
conhecimentos para uma melhor reconhecimento que essa área é muito importante para a
adequação.” (Q4, A2, D1). sociedade.” (Q4, B1, D2).
01 registro Nenhum registro
UR 4.3 “A
“Ela não depende, mesmo que
Ciência é
esses fatores possam interferir
neutra pois é
empírica, numa pesquisa, qualquer um
objetiva, pode vir a pesquisar sobre
verdadeira" determinado assunto.” (Q4, B2,
D1).
UR 4.4 "Não Nenhum registro Nenhum registro
contempla a
pergunta"
Não Nenhum registro Nenhum registro
responderam
Total de
08 registros 08 registros
registros
Fonte: a própria autora.
41
Nesta pesquisa assume-se uma postura epistemológica, na qual o termo “descoberta” não é aceito como
corente com a NdC, pois os conhecimentos científicos são criações humanas e não “verdades ” postas para serem
“descobertas” (GATTI; NARDI; SILVA, 2010).
142
prótons e nêutrons, e outros se confundem com a ideia de antimatéria, etc. Porém, depois de
estudarem os assuntos em aulas que propiciam uma Aprendizagem Significativa, eles passam
a apresentar indícios de que aprenderam significativamente os conteúdos. Pois, assumem que
a matéria é composta por partículas elementares, que elas formam grupos, que os prótons e
nêutrons são formados por quarks, que o átomo não é uma partícula indivisível, etc. percebe-
se também que os alunos apresentam respostas mais elaboradas, incorporando os conceitos
novos que foram aprendidos, como léptons, quarks, bósons, entre outros.
Na sequência são apresentados os dados referentes à questão 09.
representar alguns dos modelos atômicos existentes. E que nenhum dos estudantes fez menção
ao modelo de orbitais atômicos, desenvolvido a partir da Mecânica Quântica.
Calheiro e Garcia (2014), por meio de atividades com Mapas Conceituais,
perceberam que a maioria dos alunos não apresenta conhecimentos prévios relevantes a
respeito desse conteúdo, o que sugere que os conteúdos estudados em relação à constituição
do átomo, foram assimilados de maneira superficial.
No questionário posterior, após algumas aulas que trataram do assunto,
percebe-se que houve uma nítida melhora nas respostas, nenhum aluno deixou de responder a
questão e a maioria apresentou noções adequadas ou parcialmente adequadas em relação ao
assunto. Três registros foram considerados parcialmente corretos, pois os alunos ainda
persistem com um modelo ultrapassado a respeito da constituição do átomo. Quatro alunos
passaram a apresentar respostas de acordo com o consenso científico atual, recordando que o
próton e o nêutron possuem estrutura interna. E um dos alunos fez uma confusão entre
modelo atômico e Modelo Padrão.
Esse resultado foi considerado satisfatório, ao passo que o objetivo dessa
questão era perceber se os alunos conseguiam, ao final da Unidade Didática, identificar
corretamente a estrutura atômica.
Percebe-se que há indícios de estabilidade da aprendizagem de alguns dos
alunos, pois dos que explicaram corretamente a questão a respeito da estrutura da matéria, ao
responderem a questão relacionada ao modelo atômico a maioria lembrou que os prótons e
nêutrons são compostos por partículas ainda menores.
A seguir são apresentados os dados referentes à questão 10.
indícios de alterações em suas noções a respeito dos assuntos discutidos. A maioria deles
passou a representar a estrutura da matéria e a estrutura atômica em função das partículas
elementares e passaram a dar indícios da compreensão dos termos partículas elementares e
Modelo Padrão. Além de indicar indícios de Aprendizagem Significativa, ao passo que a
maioria dos alunos conseguiu expressar suas respostas hierarquizando, diferenciando e
relacionando corretamente os conceitos envolvidos nas explicações. Isso sugere que proposta
didática contribuiu para o entendimento dos conteúdos e pode ser uma alternativa a mais para
trabalhar com tópicos de Física Moderna em sala de aula.
Em seguida é feita a análise dos Mapas Conceituais, elaborados pelos
alunos durante a aplicação da Unidade Didática, que enriqueceram a busca por indícios de
Aprendizagem Significativa da temática estrutura da matéria.
Figura 02: Primeiro Mapa Conceitual elaborado pelo aluno A3. Ilustra a noção inicial a
respeito da constituição da matéria
Fonte: A3.
154
Fonte: A5.
O que chamou atenção foi que um dos alunos, B2, mostrou ter um
conhecimento menos superficial que os demais em relação ao assunto, pois apresentou em seu
primeiro mapa termos como quarks, léptons, bósons, etc. Ele relatou que gostava de ler
artigos e reportagens na internet a respeito de assuntos relacionados à Física, inclusive a
respeito de Física de Partículas. Isso justifica o número de subsunçores, relevantes, da
estrutura cognitiva relacionados ao tema estudado. O mapa do aluno é reproduzido na figura
04.
Na maioria dos mapas foi possível identificar a organização hierárquica e
diferenciação progressiva dos conceitos. Esse processo se dá quando o aluno representa um
conjunto de conceitos respeitando uma hierarquia, na qual os conceitos mais abrangentes são
representados no topo do mapa e os mais específicos são dispostos logo abaixo. Essa etapa
está relacionada ao conceito de subsunção de Ausubel (2003) na qual as novas informações
serão ancoradas aos conceitos mais abrangentes da estrutura cognitiva. Pela diferenciação
progressiva, pode-se entender o aprendizado como um processo contínuo, no qual cada vez
155
mais conceitos e relações podem ser ancorados na estrutura cognitiva dos sujeitos. Como
pode ser observado nos dois mapas a seguir, que ilustram o segundo e terceiro Mapa
Conceitual elaborado pelo aluno A5.
Fonte: B2.
Pôde-se observar uma mudança significativa do primeiro para o segundo e
terceiro mapas elaborados pelos alunos. Nenhum deles fugiu do tema ao responder a pergunta
e conseguiram estruturar os conceitos de forma hierárquica e com diferenciação progressiva
para explicar a constituição da matéria. Uma fala relevante do aluno A5 traduz a estrutura de
seus três mapas, bem como de seus colegas. “Meu mundo era tão pequeno semanas atrás”.
Esse registro pode ser denominado como, o que Novak e Gowin (1996) chamam de, sentir o
significado, consiste no momento de emoção ao interiorizar novos conhecimentos.
O fato de refazerem seus mapas à medida que iam aprendendo os ajudou a
aprofundar suas ideias, acrescentar os novos conceitos adquiridos e corrigir eventuais
equívocos cometidos nos Mapas Conceituais anteriores. É na sequência dos mapas que o
professor pode observar a progressão alcançada pelos alunos, como pode ser notado nas
figuras 03, 05 e 06.
156
Fonte: A5.
Fonte: A5.
157
Fonte: A1.
159
Fonte: A3.
160
Fonte: Alunos participantes de uma das turmas da Unidade Didática, A1, A2, A3, A4 e A5.
Ao realizar uma análise geral dos mapas pôde-se perceber que alguns alunos
apresentaram equívocos em determinadas relações de conceitos (A2 Mapa 2, A3 Mapa 3, A3
Mapa 1, B1 Mapa 3), e outros acabaram deixando os conceitos misturados nas frases de
ligação (A5 Mapa 3, A4 Mapa 3, B2 Mapa 3, B2 Mapa 2, A3 Mapa 2, B1 Mapa 2) ou
deixaram dois conceitos utilizando o mesmo espaço (A1 Mapa 2, A5 Mapa 2, A1 Mapa 3).
Porém, como pode ser evidenciado pelos mapas, foram casos específicos e pouco incidentes
em comparação com o número de conceitos e relações adequados.
161
42
Os comentários não estão identificados porque esse questionário não tinha identificação, assim os alunos
poderiam ficar a vontade para fazer eventuais críticas.
163
CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma vez que a maioria dos alunos passou a representar a estrutura da matéria e a estrutura
atômica em função das partículas elementares, conseguiu definir com mais precisão os termos
Partículas Elementares e Modelo Padrão, além de expressar uma compreensão mais realista e
abrangente a respeito da Natureza da Ciência.
Diante dos resultados obtidos e do aporte teórico dessa investigação, foi
possível a estruturação de algumas considerações a respeito dos registros dos alunos, dentre
elas a falta de subsunçores relevantes e a carência de ideias claras, hieraquizadas e
organizadas dos conceitos estudados antes da aplicação da Unidade Didática; a influência dos
meios de comunicação e livros didáticos nas noções equivocadas a respeito do trabalho
científico e nas representações dos conteúdos; a relevância de uma formação de professores
que os capacite epistemologicamente para uma interpretação crítica dos livros e demais
materiais didáticos, a fim de não perpetuarem noções equivocadas a respeito de NdC; o bom
aproveitamento e aceitamento dos Mapas Conceituais como instrumento de avaliação e
estudo; a relevância da construção dos mapas coletivos como uma das oportunidades para a
troca de significados entre os alunos e os resultados promissores de abordagens histórico-
filosóficas com auxílio de multimídias e enfoque construtivista na construção de noções a
respeito da NdC e de conhecimentos científicos específicos.
O desenvolvimento desta pesquisa corroborou com resultados já existentes a
respeito de investigações empíricas de abordagens histórico-filosóficas em sala de aula, além
de se configurar como uma alternativa para abordar Física Moderna no Ensino Médio.
A Unidade Didática demonstrou ser uma boa proposta para trabalhar o
conteúdo de Partículas Elementares por meio de questionamentos em relação à estrutura da
matéria. Questionamentos esses, que provocam a curiosidade e o interesse por parte dos
alunos, além de contribuírem para a construção de um conhecimento científico que é
resultado de muitos anos de estudos, contribuições de vários cientistas e seus grupos de
pesquisa, evidenciando uma Ciência, humana, construída pelo trabalho coletivo e cooperativo.
Para finalizar as considerações, relata-se a satisfação de realizar uma
pesquisa que visa contribuir com outras investigações que compartilhem da mesma
preocupação, no sentido de proporcionar resultados de pesquisas aplicadas, que evidenciem
potencialidades e delimitações de propostas didáticas que envolvam o Ensino de Física por
meio de História e Filosofia da Ciência. E, destaca-se ainda o desejo de aprofundar os estudos
unindo esses três eixos, HFC, multimídias e Física Moderna para a investigação de
abordagens didáticas que utilizem a simulação computacional de experimentos históricos da
Física de Partículas no Ensino Superior. Desejo esse que se realizará em investigações futuras.
167
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APÊNDICES
180
APÊNDICE A
Código: Data:
7) Quando você lê ou ouve o termo “cientista”, o que você pensa? Descreva o que você
imagina.
Noções do conteúdo
Responda as questões abaixo com base em tudo o que você já estudou, leu em revistas, livros,
jornais ou internet, assistiu na televisão ou ouviu falar.
APÊNDICE B
2) Com relação aos recursos didáticos utilizados (lousa digital, vídeos, simuladores,
textos, imagens, jogos, etc):
a) Você gostou do uso dos vídeos nas aulas? ( ) sim ( )mais ou menos ( ) não
Comente o que achar necessário:
b) Você gostou do uso das imagens nas aulas? ( ) sim ( )mais ou menos ( ) não
Comente o que achar necessário:
c) Você gostou do uso de simuladores nas aulas? ( ) sim ( )mais ou menos ( ) não
Comente o que achar necessário:
d) Você gostou dos textos estudados durante o curso? ( ) sim ( )mais ou menos ( ) não
Comente o que achar necessário:
APÊNDICE C
ANEXOS
185
ANEXO A
Fonte: A1
186
Fonte: A1
187
Fonte: A1.
188
Fonte: A2
189
Fonte: A2
190
Fonte: A2.
191
Fonte: A3.
192
Fonte: A3.
193
Fonte: A3.
194
Fonte: A4.
195
Fonte: A4.
196
Fonte: A4.
197
Fonte: A5.
198
Fonte: A5.
199
Fonte: A5.
200
Fonte: B1.
201
Fonte: B1.
202
Fonte: B1.
203
Fonte: B2.
204
Fonte: B2.
205
Fonte: B2.
206
Fonte: B3.
207
Fonte: B3.
208
Fonte: B3.