1 Mesclado
1 Mesclado
1 Mesclado
INTELIGÊNCIA PSICOMOTORA:
A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO
CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
Figura 1 – Cérebro
2
1
4 3
3
O movimento, componente importante do nosso dia a dia, é essencial para
qualquer atividade recreativa, profissional ou laboral. Ele começa no cérebro,
passa pela medula espinhal, chega aos músculos e gera a ação necessária.
Quanto mais repetimos um mesmo movimento, mais ele torna-se eficiente,
preciso, com menos gasto energético.
Ao longo desta aula, poderemos aprender mais sobre a neurofisiologia do
comportamento motor, como um estímulo pode ser respondido com um
movimento e todas as suas possíveis ações (Amthor, 2017).
4
atividades propostas a ela, uma brincadeira que seja, devem estar condizentes
com o seu nível de compreensão cognitiva e motora (Oliveira, 2015).
Entretanto, não somente a maturação é importante para a aprendizagem,
outros fatores como a condição social, a interação com o meio ambiente, a
experimentação de novas atividades e exercícios são aspectos muito importantes
para um bom desenvolvimento mental. Para tal afirmação, Oliveira (2015)
concorda com Bee e Mitchell (1984) quando eles dizem que “o desenvolvimento
motor é afetado pela oportunidade de praticar e pelas variações ambientais mais
importantes. [...] o ritmo pode ser retardado pela ausência de pratica ou
experiências adequadas”.
Podemos pensar em um grupo de alunos que começaram juntos em uma
escola de natação, fazendo aula com o mesmo professor, sendo que nenhum
deles havia frequentado a estas aulas anteriormente. Este professor, no caso, não
sabe ensinar o nado costas para os seus alunos e também não deixa que eles
tentem por si aprender tal estilo, priorizando os outros três estilos: borboleta, peito
e crawl. Ao final de um trimestre de aulas, devemos considerar a evolução destes
alunos como satisfatória ou não para o ensino da natação? Nas habilidades de
deslocamento e mergulho de frente, eles conseguem realizar as atividades, mas
quando mudamos o decúbito, as coisas já não saem de uma maneira positiva,
pois os alunos não tiveram aquela vivência de deitar na água, deslizar, fazer um
nado elementar de costas até o padrão do movimento do nado completo.
Por mais que um aluno tenha o espaço adequado (uma piscina) e um
intermediador (o professor), ele só consegue alcançar o máximo da sua eficiência
motora quando é estimulado a experimentar os mais variados movimentos e
diferentes formas de se realizar um mesmo objetivo. Se a ideia é atravessar a
piscina sem colocar o pé no chão, o aluno pode ir nadando um dos quatros estilos,
mas também pode ir nadando de “cachorrinho” ou, ainda, intercalando um estilo
de nado com mergulho, enfim, da maneira que quiser experimentar o seu corpo
no meio, adotando a maneira mais eficiente que ele encontrar. As crianças que
não têm uma maturação suficiente para criar um movimento ou pensar na melhor
forma de transpor um desafio, geralmente copiam aquelas que já conseguiram,
parecendo pequenos robôs copiando o movimento dos outros.
Crianças que vivem em um ambiente pouco encorajador, como famílias
superprotetoras, ou ambiente que tenham pouco espaço para a recreação,
acabam tendo pouca experiência motora e apresentam uma desvantagem no
5
desenvolvimento motor global, comparado com outras crianças da mesma idade
(Oliveira,2015).
Por isso, Oliveira (2015) afirma que a psicomotricidade pode auxiliar as
crianças a alcançarem um desenvolvimento integral, o que propiciará uma
melhora na aprendizagem, não somente na área motora, mas também, em
consequência, nas cognitivas.
6
perspectiva dos sistemas de ação (teoria de ação), que denota a interação do
corpo com o ambiente. A teoria motora diz que os movimentos realizados copiam
padrões já existentes na nossa memória cerebral e que os músculos servem como
um “servomecanismo” do SNC (Tani et al., 2010).
Em contraposição, a teoria de ação enfatiza a troca de informações entre o
corpo e o ambiente, as respostas que recebemos dos órgãos sensoriais para
planejar e executar uma resposta ao estímulo recebido. Quando um skatista
começa a andar pelas ruas, deve absorver várias informações, como o tipo de
piso, se existe algum obstáculo, como uma escada, se ele deve transpor este
obstáculo, quais ações ele deve tomar – flexionar os joelhos, abaixar o centro de
gravidade para um melhor controle, afastar mais os braços para melhorar o
equilíbrio, entre outras ações (Tani et al., 2010).
Retomando as definições neurais, entendemos que a função principal do
Sistema Nervoso Central é controlar o movimento, e são os neurônios motores
que conduzem a contração e o relaxamento dos músculos, que, junto com as
células musculares são concebidos como efetivadores do sistema motor. Saindo
da medula espinhal para controlar os braços e pernas, temos os neurônios
motores (Amthor, 2017).
Os movimentos existentes no corpo humano podem ser separados
basicamente em voluntários e involuntários, porém, dentro destas distinções,
podemos caracterizar um pouco mais cada tipo. O autor Frank Amthor (2017)
disserta sobre estes tipos: (A) movimentos que regulam funções corporais
internas, (B) movimentos reflexivos, (C) movimentos voluntários totalmente
conscientes.
7
podemos realizar um planejamento melhor de um movimento, aumentando
sua qualidade (Amthor, 2017).
8
6. O resultado final: o tríceps relaxa enquanto o bíceps flexiona, fazendo o
braço se afastar da tachinha.
2.1.3 Locomoção
9
2.1.4 Comportamento motor complexo
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Figura 2 – Criança
11
Figura 3 – Córtex motor primário e córtex somestésico primário
12
cinema, elas apenas fazem parte do nosso programa motor e foram executadas
na sequência correta. Primeiro compramos algo, depois fomos fazer as
necessidades fisiológicas e, em seguida, sentamos para assistir ao filme – pois
não faria sentido que, depois de iniciada a sessão, fôssemos comprar uma pipoca
ou um doce (Amthor, 2017).
Outro exemplo bem simples é quando vamos viajar de carro e, antes de
partir, precisamos ir ao banheiro. Isso só ocorre porque, provavelmente, já tivemos
a experiência de no meio de uma viagem precisar parar o carro, procurar um local
adequado para então atender às nossas necessidades. O cérebro aprende com
os acontecimentos passados, ele sabe organizar as ações para otimizar o tempo,
colocar as tarefas em linearidade para que possam ser mais facilmente
executadas.
Se nós aprendemos a cumprir uma sequência de tarefas, a memória é
imprescindível para tal. Frank Amthor (2017) fala sobre a memória operacional: “É
mais como uma manutenção temporária de um padrão dinâmico de disparos
neurais. Cada ideia de meta [...] é um conjunto de representações neurais
relacionadas espalhadas pelo cérebro”, ela é criada no lobo pré-frontal, serve
como um script de um circuito temporário. A memória operacional pode armazenar
até sete conceitos diferentes e, dentro destes conceitos, podem existir ainda mais
outras especificações. Todo este processo decorre da interação do neurônios
corticais pré-frontais com o hipocampo e a amígdala. E é esta quem decodifica os
riscos e benefícios dos subplanos das metas; por exemplo, se eu vou pegar um
ônibus à noite e tenho um caminho mais perigoso para atravessar e outro mais
tranquilo, o córtex orbitofrontal interagindo com a amígdala avaliam se este risco
vale a pena ou se devo tomar outro caminho (Amthor, 2017).
Já os gânglios basais também interagem com o córtex pré-frontal, incidindo
em dois aspectos diferentes para alcançar as metas: a seleção e a troca. As
ações que planejamos podem ser executadas sim ou não, ou seja, nós pensamos
em várias alternativas, como escolher o caminho para ir até a sala de cinema do
shopping, assim que saímos do carro. Podemos selecionar (escolher) ir por um
caminho e passar à frente de uma loja de que gostamos muito ou até evitar outra
loja, ou qualquer outra coisa no caminho; é a interação da atividade pré-frontal e
os gânglios basais que faz um caminho ser escolhido e o outro inibido. Assim que
escolhemos um caminho e vamos percorrendo um corredor no shopping,
deparamo-nos com uma parte interditada, sem acesso, então precisamos trocar
13
de caminho e subplanejar novamente várias ações: se vamos ter de usar uma
escada, que antes não estava no caminho, ou um elevador, por exemplo. Parte
deste processamento é feito entre os gânglios e o tálamo (Amthor, 2017).
A capacidade que temos de estipular metas complexas, que precisarão de
um longo prazo para serem concluídas, como um Trabalho de Conclusão de
Curso, a escrita de um livro ou a fabricação de um móvel, é inerente
exclusivamente ao ser humano, que, através do córtex pré-frontal, “adiciona
sutileza, complexidade, adaptabilidade e perseverança na busca de metas [...]”,
mencionou Frank Amthor (2017).
O cerebelo consiste em uma área de aprendizado e coordenação, contém
também os receptores sensoriais periféricos, bem como a entrada de receptores
sensoriais vindos de inervações periféricas, áreas pré-frontais e outras
associações corticais, que acabam enviando estas informações para o córtex
motor primário. Ele tem papel fundamental quando executamos alguma tarefa
difícil pela primeira vez, como dirigir um carro, em que podemos cometer erros e
não fazer os movimentos com uma velocidade correta, como tirar o pé da
embreagem. Quando fazemos um feedback da ação, podemos melhorar com a
prática e integrar o que vemos com o que fazemos. Ele pode ser dividido em três
áreas: (A) vestíbulo-cerebral, (B) espinocerebelo e (C) neocerebelo, que seguem
as definições de Frank Amthor (2017).
Figura 4 – Cerebelo
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Então, pode-se concluir que, por mais opções que o nosso cérebro nos
apresente para evitar “trabalhar desnecessariamente”, somos nós quem
planejamos as ações que ele vai realizar. Se escolhemos um caminho mais longo
para ir ao trabalho, evitando pegar um fluxo maior de carros, sabemos que o gasto
com gasolina vai ser maior (quando tomamos esta decisão, já prevemos esta
consequência) ou poderíamos fazer um trajeto mais curto, com um possível
engarrafamento, gastando mais tempo para ir trabalhar. O “livre arbítrio” nos
permite fazer estas escolhas e assumir as consequências, isso aumenta o
histórico de nossas experiências e memórias.
O termo psicomotricidade foi descrito pela primeira vez em 1920 por Dupré.
Seguindo a sua definição, era o “entrelaçamento entre o movimento e o
pensamento” (Oliveira, 2015, p. 28). Segundo a autora, já em 1909, Dupré falava
em uma preocupação relacionada a defeitos psicológicos e motores, fato que o
levou a desenvolver o termo psicomotricidade.
Vonèche e Stoltz (2007, p. 28), após analisarem um trabalho de Piaget
(1950), citaram que “a ação não é somente movimento corporal, mas também
intenção mental, também é a origem do movimento, pelo menos em termos de
sua planificação por animais e humanos”.
Podemos pensar em duas situações distintas, porém que se assemelham
em busca do resultado. Uma criança com dois anos completos, brincando em
casa, depara-se com uma caixa de papelão, que nunca havia visto. Ela pode
explorar o objeto de várias maneiras, e uma delas é entrando nela. Para isso, ela
deverá planejar a ação, por exemplo, pensando em como cada membro irá se
comportar para que ocorra da maneira esperada. Primeiro ela se apoiará em
algum lugar para depois conseguir elevar uma das pernas para entrar na caixa e
alcançar o resultado esperado. Piaget (1961) fala “que a percepção visual é uma
forma de ação pela qual o olho e o cérebro ‘imitam’ a forma do objeto percebido”
(Vonèche; Stoltz, 2007).
Vonèche e Stoltz (2007) citam que Piaget ainda propôs que “as imagens
mentais de uma ação eram similares à ação real”, seguindo assim para o nosso
segundo exemplo. Um atleta de salto em distância, pronto para realizar o seu salto
em uma competição, está posicionado na pista aguardando o sinal da arbitragem
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para poder iniciar o seu movimento. Neste momento, ele acaba “visualizando” o
seu movimento, desde a corrida, passando pela aproximação na tábua de
impulsão, pela fase do voo e, por fim, até a aterrissagem. Toda esta ação, antes
de ser executada naquele momento, já foi treinada várias vezes em um ambiente
mais tranquilo, sem a pressão dos adversários e da torcida e sem toda a
responsabilidade imbuída naquele momento. O atleta sabe exatamente o que
deve fazer em cada fase, mas mesmo assim ainda mantém uma concentração
elevada e “visualiza” todo o movimento antes de ele acontecer.
Além desta internalização do movimento, da ação proposta, Oliveira (2015)
diz que Piaget (1987) enfatiza a importância de dois períodos, o sensório-motor e
o da motricidade, que precedem a aquisição de linguagem. Este desenvolvimento
ocorre por conta de uma “equilibração progressiva”, em que uma ação provoca o
desequilíbrio do meio, o corpo tende a voltar ao equilíbrio buscando adaptar-se
da melhor forma possível.
Oliveira (2015) ainda cita que “a inteligência é uma adaptação ao meio
ambiente, e, para que isso possa ocorrer, necessita inicialmente da manipulação
pelo indivíduo dos objetos do meio com a modificação dos reflexos primários”. E
esta manipulação é responsável também pela assimilação, que é “o processo de
incorporação dos objetos e informações [...] já existentes, e a acomodação, a
transformação dessas estruturas mentais a partir das informações sobre os
objetos” (Oliveira, 2015).
Ressaltando que inteligência e cognição não são resumidas apenas a estes
termos, contudo, podemos relacioná-las com a psicomotricidade. Assim, quando
existe a vivência de diferentes experiências motoras, a criança tem a chance de
desenvolver mais as suas funções intelectuais; e quando esta inteligência alcança
um determinado patamar, ela poderá comparar, classificar, distinguir objetos,
entrando nos méritos também da psicomotricidade (Oliveira, 2015).
Nos primeiros meses de vida, o movimento, a ação, ocorre de maneira
desordenada e indefinida, até que o controle corporal começa a ocorrer fazendo
com que os movimentos reflexos passem a ser organizados. Então, assumimos
um controle do centro para as extremidades, dominando por completo o nosso
corpo. Os primeiros sinais de interação do bebê são os movimentos que ele faz e,
mais tarde, esses sinais são expressos em palavras, até o ponto de autonomia
dele (Oliveira, 2015).
16
Para tal definição, Oliveira (2015, p. 33) cita Wallon (citado por Fonseca,
2015), o qual diz que “movimento (ação), pensamento e linguagem são uma
unidade inseparável. O movimento é o pensamento em ato, e o pensamento é o
movimento sem ato”.
Ação e resultado irão sempre nortear os nossos movimentos, sejam eles
os mais básicos, desde escrever em um papel, para criar um texto qualquer, sejam
“visualizar” um movimento mesmo antes de ele acontecer, como um nadador em
cima do bloco de partida, que irá fazer a sua ação motora buscando como
resultado alcançar o primeiro lugar na competição.
17
o transtorno de neurodesenvolvimento, bipolar, de ansiedade, dissociativo,
alimentar, neurocognitivo, de personalidade, depressivo, entre outros.
18
O Transtorno do Espectro Autismo (TEA), seguindo a definição do DSM-5,
é “diagnosticado quando os déficits característicos de comunicação social são
acompanhados por comportamentos excessivamente repetitivos, interesses
restritos e insistência nas mesmas coisas”. Por mais que se encontrem as causas
genéticas pela hereditariedade, ainda não se pode afirmar com precisão.
19
assistir a alguns filmes nem fazerem uso de jogos eletrônicos. Remédios
anticonvulsionantes que atuam como transmissores do GABA (neurotransmissor
inibitório) funcionam em cerca de 70% dos pacientes, outra opção é a cirurgia para
a remoção da área cerebral que desencadeia as convulsões, porém, em muitos
casos, esta opção não é possível (Amthor, 2017).
A esquizofrenia é caracterizada por ser uma doença que começa na fase
adulta, após a mielinização completa do lobo frontal. O pensamento desordenado
não apresenta a realidade, sendo encaminhada para sintomas positivos
(percebem vozes ou pessoas imaginárias as perseguindo) que acabam ativando
o córtex auditivo que interage com o cérebro, ou sintomas negativos (isolamento
social), em que o afeto, emoção e prazer parecem inexistir (Amthor, 2017).
O transtorno obsessivo-compulsivo é “um distúrbio da ansiedade [...] que
leva a comportamentos repetitivos para aliviar a ansiedade relacionada ao
pensamento”, definido deste modo por Frank Amthor (2017). Nesse transtorno, os
afetados, conscientes de suas ações, realizam rituais em certos procedimentos e
têm preocupação excessiva com a higiene pessoal e, às vezes, do ambiente. Uma
anormalidade no sistema de transmissão da serotonina foi associada ao TOC, e
alguns genes ligados a ela também foram identificados, porém nenhuma ligação
genética foi encontrada, reforçando o papel ambiental como desencadeador do
transtorno (Amthor, 2017).
De acordo com o DSM-5, a listagem de diagnósticos de transtorno,
condição ou problema somam um total de 20 páginas com 759 tipificações
diferentes. Isso nos demonstra o quanto o nosso cérebro pode ser afetado por
condições adversas de ordem genética ou ambiental. Manter um cérebro ativo e
saudável é tão fundamental quanto uma musculatura forte e ativada.
20
REFERÊNCIAS
21
AULA 2
PSICOMOTORA: A
COMPREENSÃO DA RELAÇÃO
CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
2
TEMA 1 – REGIÕES CEREBRAIS E SUAS FUNÇÕES, ABORDAGEM LURIANA
1.1 1ª unidade
1.2 2ª unidade
1.3 3ª unidade
Por fim, temos a terceira unidade que tem como norte a execução motora,
planificação e avaliação, consiste no lobo frontal do cérebro, nível mais elaborado
do desenvolvimento. Ela também é dividida em três áreas, as primeiras, local onde
ocorrem a execução dos movimentos, a segunda área, onde se organiza a
sequência e tempo dos movimentos, que recebem o feedback proprioceptivo, e
integram também o centro de planificação, as terceiras áreas, em que ocorre as
atividades cognitivas que antecipam as ações ou condutas. Para que as ações
motoras (motricidade) aconteçam de maneira correta, as três áreas devem
contribuir de maneira combinada (Fonseca, 2015).
A planificação (planejamento de ação) envolve uma sequência de ações,
procedimentos para atingir um fim, e seguindo as definições de Vitor da Fonseca
(2015), implica em cinco dimensões:
Luria (1990, citado por Fonseca, 2015), definiu cinco “estádios” evolutivos
fundamentais, que podem abranger a aprendizagem:
4
5) Desenvolvimento das áreas de planificação e de output terciárias
(qualificação), nos lobos pré-frontais e desenvolve entre os 12 e 24 anos.
TEMA 2 – COGNIÇÃO
5
a sequência rápida e o planejamento das ações futuras só são imagináveis se,
‘’metacoordenação cerebral, integrando substratos subcorticais [...] e substratos
corticais [...]’’, isto é, integrando várias áreas do cérebro (Fonseca, 2015).
“A cognição por definição é sinônimo de ‘ato ou processo de
conhecimento’‘’ (Flavell, 1993, citado por Fonseca, 2015). Ela acaba sendo
integrada por vários componentes como a atenção, percepção, emoção, memória,
motivação, integração, processamento sequencial e simultâneo, planificação,
resolução dos problemas, expressão e comunicação. Diferente das características
físicas como a cor dos olhos, altura, cor dos cabelos, a cognição não pode ser
definida hereditariamente, podendo ser expandida e flexibilizada, adaptando-se a
novas condições de maturação e ambiente (Fonseca, 2015).
A cognição não segue um padrão, uma receita de bolo, ela se molda por
meio das ações tomadas pelo indivíduo, que faz do cérebro um órgão único que
pode armazenar uma coleção infinita de informações, e são essas especificidades
que tornam o ser humano único, pois a plasticidade cerebral permite o
aprendizado, um grande volume de informações que nós processamos e filtramos
para aprendermos alguma coisa. E por meio dos receptores sensoriais auditivo,
olfativo, visual, tátil e gustativo, que alimentamos o nosso cérebro com
informações que fazem o nosso cérebro sentir, integrar, pensar, comunicar e agir,
em respostas aos estímulos recebidos (Fonseca, 2015).
Portanto, devemos caracterizar o cérebro como o órgão mais organizado e
onde se forma a cognição, no qual interagem o cérebro, o corpo e o ambiente,
que processamos e solucionamos os problemas apresentados, planificando
soluções e agindo de maneira racional e medida, utilizando sistema de
sobrevivência, prazer e aprendizagem que interagem com os sistemas de
linguagem corporal, falada ou escrita, a final de contas somos o produto final de
uma evolução de quatro bilhões de anos (Fonseca, 2015).
6
visão, audição e olfato. Contudo, a evolução nos proporcionou um cérebro capaz
de driblar todos esses empecilhos, e nos tornarmos uma raça dominante sobre as
outras, bem ou mal. Com o passar dos milhares de anos, o homo sapiens foi
aprendendo várias formas de comunicação. Fosse para contar fatos ocorridos ou
comunicar-se com outras tribos por meio das pinturas rupestres, presentes até
hoje em vários locais. Esta evolução da comunicação é constante e exponencial,
prova-se isto com os vários aplicativos de mensagens existentes e a facilidade
para usar outros meios de comunicação também. Neste contexto nós devemos
aprender a ler e a escrever para nos comunicarmos com outras pessoas, aprender
a utilizar o código da escrita, com suas letras e números, e mais recentemente os
emojis, podendo assim transmitir e receber mais informações (Oliveira, 2015).
Desde o nosso nascimento somos abastecidos de estímulos sensoriais,
seja audição, olfato, tato, paladar, aprendemos a reconhecer cada uma dessas
informações e a compreender como cada uma delas vai agir sobre nós. Tendo
como exemplo, uma fruta qualquer, que tem uma cor, um cheiro, uma textura e
uma sabor característico, se pensarmos na maçã, ela não é a única fruta vermelha
que existe, mas que reúne aquelas sensações uniformemente, sim. O nosso
cérebro aprende a “montar códigos” assim que deixa o ventre materno e passa a
ser acolhido pelo mundo. Seguindo a linha de aprendizagem motora de Gallahue
& Ozmun (2005), eles descrevem que na fase motora reflexa (do nascimento até
um ano) existem dois estágios importantes, o de codificação (nascimento até
quatro meses) e o de decodificação (dos cinco até doze meses). Nesta idade o
bebê vai adquirir com o tempo (meses) a capacidade de ser estimulado e dar uma
resposta adequada. Por exemplo, segundo Gallahue e Ozmun, o reflexo de busca
e sucção é “estimulação ao redor da boca (reflexo de busca) faz o bebê voltar a
sua cabeça em direção à fonte da estimulação”, com o passar do tempo este
reflexo é inibido, e o controle que a criança tem da cabeça faz ela permanecer em
posição ereta e abrir voluntariamente a boca para comer ou beber (Gallahue;
Ozmun, 2005).
O nosso cérebro é capaz de inibir os reflexos primitivos, sobrepondo-os
com movimentos rudimentares, que serão cada vez mais desenvolvidos e
explorados, chegando a movimentos fundamentais que podem ser treinados e
aprimorados para movimentos especializados. Todavia, nenhum ensinamento é
possível sem a interação com seres experientes, sejam os pais, os professores
ou outros formadores (Oliveira, 2015).
7
Oliveira (2015) em referência a aprendizagem, cita que “a experiência de
aprendizagem mediatizada é uma interação na qual o mediatizador se situa entre
o organismo do indivíduo mediatizado e os estímulos [...]”. Nessa linha de
pensamento que faz o papel de mediatizador, são os pais e professores, que
auxiliam os seus filhos ou estudantes (indivíduo mediatizado) a interpretar,
resolver, diferentes situações que ocorrem no âmbito familiar e escolar. Quando
um aluno não consegue solucionar uma questão de álgebra, cabe ao professor
buscar uma solução, tentando ampliar o conhecimento sobre o assunto,
interpretando de uma maneira que seja de fácil compreensão para aquele aluno.
Oliveira (2015) termina concluindo que “o mediatizador deve proporcionar e
promover situações onde o sujeito mediatizado interaja com elas de forma
dinâmica e de modo a valorizar os seus processos e suas estruturas cognitivas”.
Como a informação chega ao cérebro (input), como ela é processada
(integração-elaboração) e como ela sai (output), deve ser tratada de forma
individual, pois nenhuma pessoa teve os mesmos estímulos, de maneira
quantitativa ou qualitativa, que façam existir um único caminho para a
aprendizagem. Sem um mediador, a experiência pode ser absorvida de maneira
confusa e fragmentada, sendo assimilada de forma parcial (Oliveira, 2015).
Podemos pensar em um grupo de crianças e o professor deixa uma bola
no meio da quadra e coloca uma única regra, que elas não podem sair da quadra.
Cada criança ali poderia ter uma ideia de brincadeira diferente, com regras
diferentes, com objetivos diferentes, então, se as regras da brincadeira não forem
estabelecidas previamente, elas não irão saber o que fazer, receberão um input,
entretanto sem saber como devem agir. Neste caso cabe ao professor esclarecer
as dúvidas, estabelecer regras e comportamentos adequados, para que o output
das informações transmitidas possa ocorrer.
8
desenvolvimento motor em quatro fases e dez estágios. Se tomarmos como
exemplo uma criança de dois anos que vai à escola, ela está na fase de
desenvolvimento dos movimentos fundamentais (dos dois aos sete anos) que tem
dois estágios, o elementar e o maduro (Oliveira et al., 2017).
Aquino et al. (2012, citado por Oliveira et al., 2017) dissertaram que “o
desenvolvimento motor na infância ocorre de forma gradativa e se caracteriza pela
aquisição de habilidades motoras em respostas as adaptações da criança as suas
necessidades”. Podendo interpretar como, se uma criança não passa por desafios
e não é estimulada, não consegue ter um desenvolvimento dentro das
expectativas para a idade. Quanto mais estímulos a criança recebe, ela tende a
colocar o que foi aprendido em prática, e as habilidades motoras devem passar
por um processo de instrução e prática, possibilitando que elas se tornem
habilidades plenas. (Oliveira et al., 2017).
Uma criança que consegue explorar o ambiente e criar soluções diversas
para várias situações, acaba criando um maior número de sinapses no cérebro,
pois cada movimento segue um mesmo padrão de planificação. Se uma criança
é colocada dentro de uma caixa de madeira que é da altura da sua perna, ou seja,
ela simplesmente não pode levantar um pouco a perna para sair. Ela primeiro é
estimulada visualmente pelo local que está, a área de alerta e atenção identifica
o local, para então a codificar a situação e depois planejar como sair daquele
lugar, usando as pernas, os braços, realizando uma sucessão de movimentos
para chegar ao objetivo final (Fonseca, 2015).
Oliveira et al. (2017) citou oito elementos da psicomotricidade específicos
e interdependentes:
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TEMA 5 – MOVIMENTO E APRENDIZAGEM
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5.1 Movimento voluntário
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REFERÊNCIAS
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AULA 3
INTELIGÊNCIA PSICOMOTORA:
A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO
CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
2
de áreas cerebrais, e quando chegamos a um resultado final, um ato concreto,
este se forma por meio de um processo cognitivo complexo. A aprendizagem para
Luria era o resultado da interligação entre diferentes grupos celulares, que ficam
em áreas diferentes (unidades funcionais) do cérebro (Fonseca, 2015).
Ainda em uma prévia definição das funções de cada área, o pensamento
luriano entende que o cérebro não trabalha apenas uma área de cada vez. Se
fizermos um movimento, por exemplo, de chutar uma bola, não é somente a área
responsável pelo movimento (motor) que vai funcionar. A perspectiva do
movimento passa pela percepção visual, para enxergar a bola, e imaginar no
tempo-espaço onde ela vai estar dali um ou dois segundos depois que o
movimento é iniciado. Nenhuma dessas áreas pode assumir o protagonismo
solitário por um movimento voluntário ou complexo; é, então, a junção dessas
unidades cerebrais que forma um equivalente funcional (Fonseca, 2015).
Quando estamos envolvidos em algum comportamento específico, como a
resolução de um problema matemático, segundo a teoria luriana, o cérebro vai
ativar apenas algumas áreas, e cada uma delas terá papel específico dentro desse
sistema funcional, para atingir o resultado final, que seria a resolução do problema.
Se o sistema funcional está danificado, toda a cadeia operacional também será
afetada, inclusive o resultado final. Podemos imaginar uma pessoa com agnosia
(incapacidade de reconhecer pessoas ou objetos), porém com a visão preservada;
ela consegue enxergar o que ou quem está à sua frente, mas no momento em
que precisa fazer o reconhecimento facial, a informação acaba entrando (input)
no cérebro de maneira incorreta, e todo o sistema funcional de reconhecimento,
neste caso, acaba prejudicado (Fonseca, 2015).
Fonseca (2015) cita ainda que “Luria propõe igualmente a noção de
pluripotencialidades, reforçando a ideia de que qualquer área específica do
cérebro pode participar em inúmeros sistemas funcionais ao mesmo tempo’’, ou
seja, o cérebro se organiza para executar não somente uma ação, quando
treinado, exemplo de vários artistas que tocam piano e cantam ao mesmo tempo
– duas funções diferentes –, utilizando as mesmas áreas cerebrais ao executar
uma música com maestria. Tais sistemas funcionais podem ser aprendidos ou
repetidos por outros sistemas alternativos, que irão trabalhar de forma similar a
fim de atingir o objetivo. Vide o exemplo de pessoas que sofrem algum tipo de
lesão cerebral, como em um acidente de carro ou a retirada de parte do cérebro
em decorrência de um câncer, e acabam levando uma vida normal, mesmo com
3
a lesão ou retirada de uma área. Isso reforça a capacidade de aprendizado do
cérebro, a plasticidade que ele tem, não se baseando em um sistema funcional
fixo (Fonseca, 2015).
Em condições normais de aprendizagem, o cérebro é capaz de aprender
coisas novas, ser mutável, um órgão plástico. E se nos deparamos com algum
tipo de problema ou dificuldade para aprender, podemos alterar o tipo de estímulo
(condições externas à tarefa), passando de um auditivo para um visual ou também
alterando a forma como recebemos (condição interna) as informações, integrando
diferentes sistemas funcionais para a compreensão, racionalização e associação
de elementos (input, elaboração e output). Como quando um professor de química
começa a explicar as cadeias de carbono, se ele somente explicar lendo, os
alunos poderão entender de uma maneira, contudo, se elaborar um desenho ou
exemplificar com um vídeo, a absorção do conteúdo pelos alunos irá ocorrer de
maneira diferente, ativando diferentes sistemas funcionais para a compreensão
da matéria (Fonseca, 2015).
Além da divisão de unidades cerebrais, Luria (1990) cita cinco estágios
evolutivos do desenvolvimento neuropsicológico, organizados de maneira vertical,
que compreendem a ontogênese (desenvolvimento do indivíduo) da
aprendizagem (Fonseca, 2015).
5
acontecer, como outro aluno ir ao banheiro, começar a chover, o aplicador de
prova se movimentar pelo ambiente, enfim, situações que fogem ao seu controle,
mas acabam ocorrendo. Nessas situações, a primeira unidade filtra os estímulos
visuais e auditivos e não deixa que o processo cognitivo executado acabe sendo
dispersado por uma ou outra situação adversa.
3.1 Áreas 1ª
3.2 Áreas 2ª
6
Fonseca (2015, p. 50) fala em “coordenação visuomotora, da figura-fundo, da cor,
da forma, da espessura, do tamanho” quando analisamos os sentidos da visão. O
autor fala ainda em sentido táctilo-quinestésico para definir “subprocessamentos
das posturas e das práxias globais e finas, da análise, síntese e localização tátil e
quinestésica do corpo e da sua integração emocional e experiencial de gestos e
de ações” (Fonseca, 2015, p. 50).
A união harmônica dessas funções faz emergir na criança a linguagem e o
grafismo, por meio da fragmentação e sequencialização dos fonemas para a
formação de palavras e frases, bem como a manipulação de traços, ângulos e
figuras para a execução das letras. É preciso existir uma complexa coordenação
inter-hemisférica processada pelo corpo caloso para a eficácia no comportamento
e na aprendizagem (Fonseca, 2015).
3.3 Áreas 3ª
7
TEMA 4 – TERCEIRA UNIDADE: EXECUÇÃO MOTORA, PLANIFICAÇÃO E
AVALIAÇÃO
8
(Fonseca, 2015, p. 57). As ações planejadas e pensadas foram as responsáveis
pela evolução e maturação do homem versus a natureza da sua espécie,
moldando uma série de comportamento e condutas que direcionaram nossas
ações desde os primórdios da evolução.
A evolução da aprendizagem nas crianças passa por um processo
maturacional: imaturidade, desmaturidade e, por fim, maturidade
neuropsicológica. Esse processo de alteração e desenvolvimento ocorre entre as
três unidades e expõe a evolução do indivíduo nas definições de ecossistemas de
Bronfenbrenner (1977): micro, meso, exo e macrossistema. Um microssistema
seria a escola; mesossistema é a interação entre microssistemas, por exemplo, a
escola, os colegas e a família; o exossistema refere-se aos ambientes sociais que
influenciam indiretamente o sujeito, como religião, crenças e fé individual; e, por
último, o macrossistema é o meio cultural no qual o indivíduo está inserido, com
suas tradições e costumes. Toda essa teoria ecológica acaba influenciando as
percepções individuais em relação ao ambiente e como se comportar em cada um
(Gallahue; Ozmun, 2005; Fonseca, 2015).
Fonseca (2015, p. 56) definiu a 3ª unidade como:
9
decodificação de informações. Isto é, no primeiro ano de vida, passamos por uma
série de processos que irão desenvolver e amadurecer os campos motores e
cognitivos ao mesmo tempo, trabalhando interligados (Gallahue; Ozmun, 2005).
Pensando nas dificuldades de aprendizagem relacionadas às funções
motoras, as crianças podem encontrar dificuldade no desempenho escolar,
gerando ansiedade e problemas emocionais. Oliveira (2015, p. 124) cita Johnson
e Myklebust (1983) quando eles definem deficiências não verbais que acabam
prejudicando significativamente o desempenho escolar: “dificuldades em
orientação espacial, lateralidade, orientação temporal, especificadamente o ritmo,
o significado das expressões faciais, limitações de percepção espacial”. Tal
afirmação reforça as perspectivas que devem ser aprimoradas com as crianças
que têm algum tipo de déficit motor.
Oliveira (2015) dividiu os campos da psicomotricidade em cinco áreas, que
iremos discorrer brevemente para conhecer as alterações que acabam afetando
diretamente a aprendizagem.
10
5.2 Esquema corporal
5.3 Lateralidade
12
REFERÊNCIAS
13
AULA 4
INTELIGÊNCIA PSICOMOTORA
– A COMPREENSÃO DA
RELAÇÃO CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
Para esta aula, vamos aprender mais sobre o controle motor, um dos
elementos do desenvolvimento motor. É por meio dele que conseguimos
desenvolver nossas habilidades motoras rudimentares e fundamentais,
necessárias para a aquisição do engatinhar, do andar, do correr, do manipular
objetos, entre outras habilidades. Gallahue, Ozmun e Goodway interpretam que
“o controle motor é um aspecto do aprendizado e desenvolvimento que lida com
o estudo de tarefas isoladas em condições específicas” (2013, p. 33). O controle
motor, em uma tarefa específica, passa por uma série de avanços, desde as fases
motoras iniciais até a fase madura, influenciadas pelo ambiente (local, incentivo,
motivação e expectativas extrínsecas) e, em parte, pela hereditariedade.
A aquisição das habilidades motoras rudimentar e fundamental afeta o nível
de desenvolvimento dos indivíduos. Vamos aprender mais sobre cada uma
dessas fases e seus atributos particulares.
A motricidade está diretamente relacionada com o aprendizado, ainda mais
com a escrita, habilidade da coordenação fina que é desenvolvida desde a fase
motora rudimentar, mas com maior refinamento na fase fundamental.
2
1.1 Nomenclatura habitual no desenvolvimento motor
3
Seguindo as definições de Gallahue e Ozmun (2005), o comportamento
motor envolve mudanças no aprendizado e no desenvolvimento. O aprendizado
motor corresponde a somente um aspecto no qual o movimento desempenha
parte fundamental, o que significa que, em função de práticas realizadas
anteriormente, existem algumas mudanças relativas. Já o controle motor é um
aspecto do aprendizado e do desenvolvimento que lida com o estudo de tarefas
isoladas em determinadas condições.
4
O desenvolvimento motor é um campo de amplos estudos, e suas
estruturas teóricas passam pelos bebês, pelas crianças, pelos jovens e pelos
adultos. Devemos considerar, entretanto, que nenhuma das teorias apresentadas,
caso sejam estudadas mais a fundo, pode ser descrita como modelo fechado, em
que nada pode ser acrescentado às suas linhas de pensamento. Por isso, os
estudos dessas teorias de desenvolvimento mostram-se importantes para
esclarecer dúvidas e poder reunir o máximo de informações necessárias.
6
reflexo de fácil observação é quando passamos o dedo perto da boca do bebê e
ele vira a cabeça em busca do alimento. Nessa fase, temos dois estágios, o de
codificação de informações e o de decodificação de informações.
8
movimento, como pular e correr, estão associados à locomoção; arremessar e
apanhar, a manipulação e o ato de andar e correr com bom equilíbrio e firmeza, à
estabilização.
É importante expor que, por mais que pareça que as crianças simplesmente
aprendem as coisas naturalmente, elas necessitam de estímulos e encorajamento
para sobrepujar essas barreiras. Os meios de instrução e um ambiente acolhedor,
onde ela sabe que pode cometer erros e vai receber ainda assim um feedback
positivo, já mostraram que são benéficos para os indivíduos. Os autores colocam
que dentro desta fase existem três estágios, que são distintos, porém às vezes
sobrepostos: inicial, elementar e maduro (Gallahue; Ozmun, 2005).
9
3.2 Fase motora especializada (de sete anos em diante)
10
3.2.2 Estágio de aplicação
11
demanda também que nos mantenhamos sempre atentos às regras (leis de
trânsito), que se impõem ao sair habilitado.
Podemos concluir que todo o processo do desenvolvimento motor é longo.
Ele se inicia na formação do embrião, com os primeiros reflexos, e termina nas
habilidades adquiridas com o passar dos anos. Essas habilidades são
determinadas pelos fatores hereditários e ambientais. Os reflexos aparecem e
desaparecem de maneira ordenada e são substituídos aos poucos por
movimentos voluntários, inicialmente mais grosseiros e desajeitados e que, de
acordo com a maturação, vão se organizando para que possam cumprir
determinadas tarefas motoras. As habilidades motoras podem ser divididas
basicamente em três grupos: locomotoras, manipulativas e estabilizadoras. O que
o ser humano faz é combinar duas ou as três habilidades para cumprir as
exigências de uma tarefa. Essa organização se dá por meio de experiências que
ele pode vivenciar ao longo dessas fases.
12
enquanto os reflexos vão sendo inibidos, os movimentos voluntários acabam
aparecendo e tomando o controle dos movimentos por meio dos centros cerebrais
superiores, que assumem as funções musculoesqueléticas. Esses movimentos,
que antes eram exagerados, sem um propósito definido, e por vezes
descontrolados, vão demonstrando um progresso evidente e também um
determinado controle quando se chega perto dos 12 meses de vida (Gallahue;
Ozmun, 2005).
O outro estágio dessa fase é o de pré-controle, que se delimita entre os 12
e 24 meses. Nesse período, os movimentos estão cada vez mais dominados, e o
incentivo para a realização de diversas tarefas motoras deve ser grande. Por mais
que eles aconteçam de maneira rudimentar, vão acabar aumentando o
desenvolvimento de tarefas locomotoras, manipulativas e estabilizadoras. Essas
três áreas citadas são determinantes para a interação entre bebê e ambiente.
4.1 Estabilidade
4.2 Locomoção
13
focados nos pés, os braços com os cotovelos flexionados e, por vezes, procurando
um apoio. Quanto maior o número dos estímulos ambientais (encorajamento,
assistências dos responsáveis e até o apoio de brinquedos e móveis), mais rápida
é a ascensão até a caminhada independente. Chegando em um estágio mais
maduro, a velocidade da caminhada aumenta, e os pés, que antes ficavam virados
para fora como uma maneira de aumentar a base de apoio, agora estão
posicionados para frente (Gallahue; Ozmun, 2005).
4.3 Manipulação
14
ambientes que promovem a exploração e as oportunidades, facilitam para a
aquisição dos padrões motores mais cedo (Gallahue; Ozmun, 2005).
15
Dentro de uma determinada habilidade motora, estão os estágios inicial,
elementar e maduro do mesmo movimento. Logo, podemos concluir que essas
habilidades começam a ser aprendidas assim que as habilidades motoras
rudimentares estão bem fixadas. Os estágios não são determinados pelo
praticante, mas, sim, por quem está observando a atividade. Devemos esclarecer
que o sujeito, o ambiente e os objetivos a serem alcançados podem afetar a
maturidade aparente de um movimento. Utilizamos como exemplo um jogador de
futebol: se ele usa uma bola diferente daquela a que está acostumado, se ele tem
a pressão de fazer um gol para eliminar o time adversário ou se está lesionado,
esses fatores afetam o movimento, apesar de ele saber que é capaz de realizar
um chute preciso ou um passe certo.
Gallahue e Ozmun (2005) explicam que o resultado de uma tarefa motora
passa pelas condições ambientais, pelos objetivos a serem atingidos e pelo
indivíduo e ainda dizem que as diferenças que existem entre as crianças remetem
ao princípio de individualidade de todo aprendizado, pois o fato de uma criança
atingir ou não o estágio maduro depende basicamente do ensino, do
encorajamento e das oportunidades para a prática.
Uma mesma criança pode estar em estágios diferentes, em várias
habilidades. Por exemplo, se ela tem uma experiência com bolas, pode estar em
um estágio maduro para o chute, entretanto, para a habilidade de rebater, devido
à falta de experiências, no estágio inicial. Isso é normal e pode progredir da
infância até a vida adulta. Outra possibilidade é que dentro de uma habilidade
podem existir diferentes padrões. Assim, Gallahue e Ozmun (2005) exemplificam
o padrão do arremesso, quando o braço está no estágio elementar, o giro do
tronco, no estágio elementar, e as pernas, no estágio maduro, por isso um ensino
que priorize o equilíbrio no desenvolvimento motor é sempre bem-vindo.
Quando o controle motor está estabelecido, esses padrões podem ser mais
bem refinados, em termos de produção de força e de precisão, na fase motora
especializada’ (Gallahue; Ozmun, 2005).
16
mudanças que alterem o seu equilíbrio e, como resposta, recompensar essas
mudanças com movimentos adequados. São exemplos de movimentos
estabilizadores fundamentais: movimentos axiais, giro corporal, desvio, equilibrar-
se em um só pé, caminhada direcionada e apoios invertidos.
17
as mais variadas exigências, tanto esportivas e recreacionistas quanto do nosso
dia a dia.
18
REFERÊNCIAS
INTELIGÊNCIA PSICOMOTORA:
A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO
CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
2
cognição e motricidade, no desempenho escolar e na capacidade de se relacionar
com outras pessoas, e ainda afetar as condições socioeconômicas.
Como conclusão de seu estudo, Souza e Veríssimo (2015) concluíram que
Com o passar dos anos, a taxa de mortalidade no Brasil vem caindo ano
após ano. Se, em 2000, essa taxa era de 29,02 a cada mil nascidos vivos, em
2015 esse índice caiu para 13,82 a cada mil nascidos vivos, o que representa uma
queda de mais de 47% na taxa de mortalidade infantil. Por mais que esses
números sejam animadores, ainda poderiam ser melhores, caso as famílias
tivessem acesso à medicina preventiva para cuidar do bebê ainda na fase
intrauterina (IBGE, 2013).
Muitos fatores pré-natais podem afetar o desenvolvimento normal, porém,
sabe-se que alguns destes poderiam ser controlados, o que acarretaria uma boa
fase gestacional. As consequências de um pré-natal mal feito, ou inexistente, são
3
as anomalias cardíacas, deformidades ósseas e desequilíbrios químicos. Esses
defeitos podem resultar em incapacidades mentais e físicas, podendo variar na
intensidade (Gallahue; Ozmun, 2005).
4
1.2 Hereditariedade
5
também pode ocorrer da mãe soropositiva para o bebê, durante a gravidez, o parto
ou a amamentação, sendo que a esse tipo de transmissão dá-se o nome de
transmissão vertical”. A transmissão do HIV para os bebês é a mais conhecida
entre a população, entretanto, existem outras DSTs que podem ser transmitidas,
como a herpes genital, a gonorreia e a sífilis.
As infecções são igualmente propícias para a transmissão de defeitos
congênitos; a rubéola, se adquirida ainda no primeiro trimestre, pode causar
cegueira, surdez e/ou retardo mental. O citomegalovírus (CMV) pode ficar no
corpo da mãe sem que ela saiba, e sem o seu sistema imunológico combatê-lo,
porém, assim que a proteção diminui, ele pode entrar em ação originando diversas
doenças que, segundo Couto et al. (2003, citado por Câmara, 2014), são
pneumonia, esofagite, encefalite, hepatite, pancreatite, gastrite, enterocolite,
retinite. A infecção pelo CMV pode ocorrer tanto no momento do parto, por meio
do contato da criança com o sangue ou secreções genitais, como no período pós-
parto, durante o aleitamento materno.
O desequilíbrio hormonal e a eritroblastose fetal (incompatibilidade de Rh),
também estão presentes no período da gestação, contudo, são problemas
pormenores apresentados nesse período de tantas mudanças e que exigem
muitos cuidados da futura mãe.
Podemos constatar que existem muitos fatores prejudiciais ao crescimento
e desenvolvimento do feto, este podendo sofrer alterações devido às insurgências
nutritivas, genéticas e patológicas. Após todo esse processo de evolução
intrauterino, a criança está pronta para nascer e crescer, progredindo física,
cognitiva e socialmente.
6
2.1 Crescimento pré-natal
8
assistimos a uma partida de futebol, e em um momento de rápida defesa, o
narrador disse que o goleiro defendeu “no reflexo”? A etimologia da palavra está
parcialmente fora de contexto. Entenda-se por um movimento rápido uma ação
imediata logo após um estímulo visual, auditivo ou tátil, como tempo de reação
(TR), em que, em milésimos de segundo, o goleiro move-se para tentar defender
uma bola chutada ou cabeceada estando muita próxima a ele. Outro exemplo que
podemos pensar é na defesa de um ataque no voleibol. O jogador se posiciona
na quadra para fazer a defesa com a mão, entretanto, acaba utilizando o pé como
o único recurso possível no momento.
Segundo Schimdt e Wrisberg (2010, citados por Marques Junior, 2011), o
tempo de reação “é definido como o índice de preparação necessária para
produzir movimento, ou seja, o TR é o tempo antes de iniciar a ação”. Ainda,
afirmam que o TR referente ao estímulo tátil é sucedido em velocidade pelo
estímulo auditivo, e posteriormente pelo visual. Agora com a definição clara de
velocidade de reação, podemos discorrer sobre o que realmente significa a
palavra “reflexo”, quando nos referimos à motricidade.
Acompanhando a definição de Gallahue e Ozmun (2005), podemos
constatar que “os movimentos reflexos são reações involuntárias do corpo a várias
formas de estímulos externos”. Eles constatam, além disso, que a grande parte
dos reflexos ocorre na camada subcortical, que também é responsável pelos
processos involuntários, como a respiração. Quando pensamos nos movimentos
dos bebês, desde o quarto mês fetal (dentro da barriga) até o quarto mês de vida
pós-natal, eles são basicamente em decorrências de reflexos. Reiterando que
este é o estágio de codificação, da fase motora reflexa.
Já os reflexos primitivos de sobrevivência têm duas funções principais,
alimentação e busca de proteção (Gallahue; Ozmun, 2005). Com o estudo dos
reflexos por pesquisadores, eles puderam notar uma correlação entre os
comportamentos reflexos precoces, como os de nadar e caminhar, que aparecem
desde o nascimento e acabam por desaparecer em torno do 4.º mês de vida, e os
movimentos voluntários.
Existem duas teorias que tentam elucidar as ações reflexas existentes nas
crianças recém-nascidas.
9
3.1 Teoria neuromaturacional
A teoria desenvolvida por Helen Eckert (1987) afirmava que “à medida que
o córtex se desenvolve, ele inibe algumas das funções das camadas subcorticais
e assume sempre crescente controle neuromuscular [...]”. Assim que o bebê
passa a controlar mais os movimentos voluntários, os reflexos vão se extinguindo.
Com o processo de mielinização, que é, o revestimento das fibras nervosas pela
bainha de mielina, as informações chegam mais rápido a mais neurônios.
Oliveira et al. (2017) afirma que “o período mais crítico para a mielinização
e o desenvolvimento neural se dá entre o 6.º mês de gestação até mais ou menos
os seis anos de idade da criança”.
De acordo com Thelen et al. (1986, 1987, 1991, citado por Gallahue;
Ozmun, 2005, p. 148), a neuromaturação “serve como restrição ao
desenvolvimento e é apenas um dos muitos limitadores de ritmo que influenciam
o aparecimento do movimento voluntário controlado”. Gonçalves et al. (1995)
explicam que essa teoria se baseia na “mudança e a auto-organização como
elementos básicos para o desenvolvimento do sistema”. Podemos entender que,
segundo os autores, o processo de desenvolvimento é afetado pelo ambiente que
cerca os indivíduos.
O estímulo da palma da mão com um objeto faz com que a criança o agarre
fortemente sem o auxílio do polegar. Ele pode durar até o quarto mês (Gallahue;
Ozmun, 2005).
12
apontando para lado que a cabeça foi virada e o esquerdo vai flexionar próximo
ao tronco.
Esses reflexos surgem em torno dos dois meses, e são estimulados quando
seguramos o bebê no colo e inclinamos ele para os lados, para frente ou para trás.
Ele vai tentar corrigir esse movimento, tentando manter a cabeça levantada para
frente. A parte visual vai começar a aflorar após os seis meses, assim ela (a visão)
passa a controlar mais o que estamos a ver (Gallahue; Ozmun, 2005).
Quando o bebê já consegue se manter sentado, por volta dos três meses,
com apoio (encostado em uma almofada, ou no carrinho para bebês), dos seis
meses, com apoio próprio (procurar manter o equilíbrio utilizando as mãos) e aos
oito meses sem apoio nenhum, ele acaba desenvolvendo o reflexo do
levantamento, que é tentar manter a posição ereta involuntariamente. Devemos
pensar no bebê sentado; quando pegamos as suas mãos e empurramos ele
levemente para trás, o reflexo vai fazer com que ele flexione os cotovelos contra
o seu corpo para manter a posição que estava antes. Essa ação involuntária pode
ocorrer até os doze meses (Gallahue; Ozmun, 2005).
Para iniciarmos esse reflexo, devemos colocar um bebê que tenha entre
um e quatro meses em pé, em uma superfície plana, para observarmos ele
“andar”. Salientando que não é um ato voluntário, porém, pesquisas da década
de 1980 sugeriram que, quanto mais esse reflexo foi estimulado, melhor foi a força
dos membros inferiores (Gallahue; Ozmun, 2005).
14
3.4.7 Reflexo de nadar
3.5 Estereotipias
15
corpo pode reagir aos movimentos. Assim que ele aprendeu a sentar, uma das
suas brincadeiras favoritas era ficar se balançando, mesmo que sentado, para
frente e para trás. Ele fazia isso diversas vezes, quase sempre sem ter recebido
algum estímulo e com um movimento constante, atingindo os três princípios
básicos da estereotipia: ritmo, continuidade e automação.
Poderíamos pensar em vários outros exemplos que se encaixam nesses
pré-requisitos, sejam para braços, tronco e cabeça.
16
4.1 Crescimento e desenvolvimento no período inicial da infância (segunda
infância)
17
Gallahue e Ozmun (2005) ainda aponta que “nessa fase pré-conceitual de
desenvolvimento cognitivo, ver é, literalmente, acreditar”. Entre os dois e cinco
anos, elas têm a necessidade da autoafirmação, o poder de sentirem-se
autônomas em algumas tarefas, e também o sentido da iniciativa para algumas
outras. O autor ainda define que “o estabelecimento de um autoconceito estável
é crucial para o desenvolvimento afetivo apropriado da criança pequena porque
ele tem efeito tanto sobre a função cognitiva como sobre a função psicomotora.
As crianças desenvolvem muito rapidamente várias habilidades motoras
fundamentais, entretanto, ainda podem ocorrer alguma confusão corporal,
direcional, temporal ou espacial (Gallahue; Ozmun, 2005).
O crescimento nessa fase, dos seis aos 10 anos, é lento, porém estável, e
se mantém dessa forma até o surto de crescimento adolescente. Esse surto
pode ser dividido em três fases: aceleração, velocidade pico e desaceleração. Nas
meninas, o pico de velocidade ocorre em torno dos onze anos, e, nos meninos,
aos treze (Silva, 2010).
Como já afirmado, o crescimento nessa fase é mais lento e gradual, e essa
particularidade ajuda na aquisição de novas habilidades fundamentais, que
poderão sair dos estágios elementares e atingir os estágios maduros, por meio da
prática. A descoberta de novas experiências motoras auxilia no processo de
maturação e integração sistêmica (Gallahue; Ozmun, 2005).
Essa idade é marcada também pelo ganho médio de cinco a sete
centímetros por ano, e de 1,5 a 3 kg por ano. Os grandes músculos tornam-se
mais desenvolvidos; tanto meninos quanto meninas podem apresentar uma baixa
resistência cardiorrespiratória, entretanto, essa debilidade pode ser contornada
com o início do treinamento esportivo fora do contexto escolar; as habilidades
começam a ser ajustadas e pressupostas, podendo desenvolver as habilidades
esportivas (Gallahue; Ozmun, 2005).
Uma das principais marcas no desenvolvimento do período final da infância
é quando a criança consegue compreender as letras, seus fonemas e suas
ligações para começar a ler e escrever com certa compreensão. Consegue
também decifrar os números e seus mais diferentes contextos, como o valor do
dinheiro e compreender o tempo.
18
4.3 Motricidade e aprendizado
19
permanecer em constante aprendizado, ainda na barriga da mãe (Gallahue;
Ozmun, 2005).
A definição de perceptivo-motor para Gallahue e Ozmun (2005) pode ser
descrita em duas partes. Primeiro, de que “todo movimento voluntário envolve um
elemento de ‘consciência’ perceptiva que resulta em algum tipo de estímulo
sensorial”. Ele ainda completa dizendo que “o desenvolvimento das habilidades
perceptivas em um indivíduo depende, em parte, da atividade motora”.
Seguindo essa definição, podemos reconhecer que, por meio da nossa
percepção espacial, ou seja, do que está acontecendo naquele momento,
desenvolvemos todo um aparato motor para responder objetivamente aos
estímulos que recebemos. Podemos exemplificar quando um atleta vai chutar um
pênalti em uma partida de futebol em dois momentos distintos. Na sua primeira
tentativa, a sua chance de marcar o gol ocorre quando o jogo está em andamento
e o placar está 0x0. Quando ele está na posição determinada pelo árbitro, seus
adversários e companheiros de equipe estão ao seu lado, uns incentivando,
outros tentando atrapalhar a sua concentração. Se um jogador do outro time grita
com ele, ou faz algum outro barulho, a percepção auditiva recebe esse estímulo,
podendo atrapalhar ou não o cobrador. O goleiro fica posicionado em cima da
linha e movimenta-se de um lado para o outro, tentando passar a impressão de
que consegue defender o chute em qualquer lugar do gol; a percepção visual entra
em ação neste momento. O jogador deve assimilar todas essas informações
sensoriais e fazer a cobrança da melhor maneira possível.
Outro momento no jogo que é acrescido por parte desses elementos é se
o jogo termina empatado, e a disputa para saber quem vai ser o vencedor vai para
os pênaltis. O mesmo jogador que cobrou durante a partida agora vai tomar a
mesma posição, entretanto, adversários e colegas de equipe ficam na metade do
campo. As informações sensoriais agora são outras, dentro da grande área
somente estão ele e o goleiro do outro time; pode ser que, nessa segunda chance,
até mesmo o padrão motor do movimento seja diferente. Todo esse exemplo nos
faz pensar que os movimentos voluntários são tomados por decisões que
abrangem vários tipos se estímulos sensoriais, em maior ou menor importância.
Desse modo, quando interpretamos a palavra “percepção”, ela carrega em
si o significado de conhecer, de interpretar as informações. Os atributos que
formam o desenvolvimento perceptivo-motor podem ser diferenciados em a.
informações sensoriais, quando recebemos diversos estímulos ao mesmo tempo,
20
e o interpretamos no nosso cérebro; b. integração sensorial, quando esses novos
estímulos chegam ao cérebro, e se unem as informações já processadas em
outras experiências; c. interpretação motora, quando essas informações novas
fazem com que o padrão motor já aprendido sofra algumas adaptações para
serem executadas no ato; d. ativação motora, quando realizamos o movimento; e
e. a retroalimentação, quando avaliamos o nosso desempenho motor mediante
das informações sensoriais (visual, auditiva, tátil ou cinestésica) (Gallahue;
Ozmun, 2005).
Luria (1966, citado por Freitas, 2006), afirma que a nossa evolução só pode
acontecer se o nosso cérebro estiver organizado para receber e perceber todas
essas informações sensoriais, e que, como respostas dessas sensações do nosso
corpo e do ambiente, podemos corresponder motoramente de maneira eficaz. “A
percepção atua em várias sessões do cérebro e permite que a pessoa estabeleça
significado aos dados sensoriais (Winnick, 2000, citado por Gallahue; Ozmun,
2005). Esses campos cerebrais, de maneira resumida, são: lobo frontal,
responsável pelo movimento voluntário; lobo parietal, designado pela percepção
das sensações corporais; lobo occipital, pela visão; lobo temporal, audição e o
cerebelo, responsável pelo equilíbrio e coordenação.
21
onde ela está no espaço, e executar os movimentos certos para poder
aparar/segurar ela.
Outro aspecto da visão é a percepção de profundidade, habilidade em
julgar a distância relativa a si mesmo, e também conseguir identificar tamanho,
sobreposição e proporção dos objetos vistos. O último fator que é relacionado à
visão é a coordenação visual-motora, capacidade de acompanhar um objeto em
trajetória horizontal ou vertical, e poder interceptar sua trajetória. Alguns esportes
exigem que essa capacidade seja bem desenvolvida, como o tênis, o vôlei e o
beisebol, esportes que mantêm a bola no ar na sua maior parte do tempo.
22
5.2.3 Estruturação espacial
23
REFERÊNCIAS
25
AULA 6
INTELIGÊNCIA PSICOMOTORA
– A COMPREENSÃO DA
RELAÇÃO CORPO/MENTE NA
APRENDIZAGEM
2
executar o mesmo movimento. Isso indica que pode estar ocorrendo uma resposta
errada para o mesmo estímulo, uma ideia de que ele sabe realizar o movimento,
mas não no momento correto. Isso também ocorre com uma criança com um
desenvolvimento atípico, que sabe ordenar as letras de maneira correta para
escrever o seu nome, mas tem dificuldade em achar as mesmas letras se estas
estiverem em uma caixa com outras letras aleatórias.
A resposta pode nem sempre ser a que esperamos, e por isso devemos
auxiliar para que os desafios possam ser cumpridos de maneira positiva, e dentro
dos jogos e brincadeiras, podemos ensinar algo para as crianças, contudo de
forma mais lúdica, com brincadeiras, mas sem perder a essência da
aprendizagem.
3
1.1 Pique nas alturas
4
determinado ou também, para dificultar um pouco mais, podem ir se deslocando
pelo espaço e realizando a tarefa solicitada.
5
2.1 Cabeça, mão e pé
Dar nome às partes do corpo e dizer a sua função para alguma atividade
pode ser um exemplo de interação das crianças com a noção do esquema
corporal, assim como solicitar para que todas achem no seu corpo aquele lugar
específico, e no corpo dos outros colegas. Oportunizar para que todos possam
dar ao menos um exemplo de ação daquela parte escolhida.
2.2 Caça-corpo
6
2.3. Gato mia
Além do mais, Oliveira (2015) também cita que, ‘’o lado dominante
apresenta maior força muscular, mais precisão e mais rapidez’’. Entretanto
nenhum lado trabalha de forma isolada, sempre usamos um lado como um
comando principal e o outro lado como coadjuvante. Várias ações do dia a dia
utilizam esse esquema, por exemplo, se uma mão escreve com a caneta, a outra
segura o papel; se uma mão usa a tesoura para recortar, a outra segura o objeto
com firmeza, e assim por diante, então é correto afirmar que, por mais que
7
tenhamos um lado dominante, ele quase sempre vai precisar de uma ação
conjunta com o outro membro (Oliveira, 2015).
3.1 Boliche
8
Número de participantes: mínimo três;
Desenvolvimento: exemplos de brincadeiras cantadas: Ciranda Cirandinha,
Roda Cotia, A Canoa Virou etc. Todas essas brincadeiras envolvem música
e trocas de direção, que podem ser destacadas com mais ou menos
ênfase, dependendo da faixa estaria do público-alvo. Crianças de até mais
ou menos cinco anos ainda não conseguem diferenciar o que é esquerda
de direita, por isso podemos reforçar essa troca de lado de maneira lúdica,
com comando simples e diretos, como ‘’para o outro lado’’, ‘’trocou’’ ou
qualquer outro comando que elas estejam familiarizadas.
A preferência pelo uso de uma das mãos deve surgir naturalmente. Por
meio de ações proprioceptivas, a criança vai escolher qual lado irá usar mais, e
está dominância pode ter traços de hereditariedade, dominância cerebral ou a
influência do meio psicossocial que ela está inserida (Oliveira, 2015).
Independentemente de uma das hipóteses, um bom domínio da
lateralidade irá facilitar o aprendizado da direção gráfica, a compreensão na leitura
e na escrita, auxiliar no desenvolvimento da coordenação motora fina, melhorar a
discriminação visual na escrita, não confundindo as letras d, b, p ou q, por
exemplo. ‘’A lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que
uma criança se orienta no mundo que a rodeia’’ (Oliveira, 2015, p. 74).
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Material: dois arcos para cada participante;
Número de participantes: mínimo dois;
Desenvolvimento: cada aluno deverá começar dentro de um arco, e ter
outro arco à sua frente no chão; ao sinal do professor, ele deverá pegar o
arco que está dentro, passar pelo corpo, posicionar à frente do outro arco
e pular para o arco da frente, e assim sucessivamente até a linha de
chegada. Pode-se modificar a regra colocando mais arcos para cada
participante, alterando também a distância, que ao invés de uma ida para
o outro lado, pode ser de ida e volta. Enfim, quem está comandando a
brincadeira deve analisar o feedback dos participantes para realizar as
alterações necessárias.
4.2 Zerinho
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Desenvolvimento: a corda deve ficar no meio da quadra e ela será a “oca”
do cacique. Os dois arcos devem ficar na ponta da quadra e seguro do
“pique” dos fugitivos. Uma criança será o primeiro cacique, que deverá
permanecer sentada dentro dos limites da corda; as outras crianças vão
ficar andando em círculo, por volta da corda, até que o cacique decida se
levantar e correr atrás delas, que devem fugir para os arcos que estão
espalhados pela quadra. Quem não conseguir entrar do arco, não terá
como se proteger; quando quiser, o “cacique” levanta e corre atrás das
outras crianças para trazer à sua tribo, e quem for encostada pelo “cacique”
deve se juntar a ele dentro da corda; quando todas as crianças forem
pegas, escolhe-se um novo cacique.
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não conseguiu se posicionar há tempo para realizar um bom levantamento, então
o atacante já tinha iniciado o seu movimento de ataque, identifica que a bola vai
demorar mais para chegar até ele, e muda a velocidade do seu movimento, mas
sem mudar o padrão do movimento para conseguir realizar um ataque. Essa
noção de estruturação temporal que pode diferenciar os atletas amadores dos
profissionais, e também as crianças que conseguem se sobressair em uma
brincadeira ou nos esportes.
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Espaço: sala com objetos diversos;
Material: corda;
Número de participantes: mínimo três;
Desenvolvimento: as crianças deverão ficar dentro de um círculo formado
pela corda no meio da sala, e definir a sequência dos participantes. Definido
quem será o primeiro, e assim sucessivamente, ele deverá encostar em
qualquer objeto presente na sala, mostrando para os outros colegas em
qual objeto encostou e sua cor, falando em voz alta, por exemplo, “Janela
branca!” e voltar para o círculo; o próximo da sequência deve falar e
encostar no objeto anterior e escolher um novo objeto, fazendo o mesmo
ritual, algo como, ‘’Janela branca”, “porta amarela!” e retornando para o
círculo, da mesma forma os outros participantes fazem o mesmo até
alguém errar a sequência.
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REFERÊNCIAS
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