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A Medida Do Amor de Deus

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RUG - Publicações

Diretor geral Valter Maia Diretor executivo


Luana Maia Diretor de Arte Júnior Roghi

DIREITOS RESERVADOS É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por
qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei
nº 9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 48 do Código Penal.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2016
Categoria: Vida cristã / Ensino / Bíblia

Copyright © 2017
Todos os direitos reservados

1°. Edição

Edição e Revisão:
Lorena Fayal

Projeto Gráfico e Diagramação:


Júnior Roghi

Capa:
Roghi Assessoria - 62|98228-0116

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Maia, Valter, 2016


A medida do amor de Deus / Valter Maia – Belém: RUG - Publicações, 2016
1: Vida cristã 2: Ensino 3: Bíblia 4: Título

Editado e publicado no Brasil por:


RUG – Publicações
Tv. Timbó, nº 1212 - Pedreira - Belém - Pará - Brasil
Prefácio
Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está
pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria
dado água viva. (João 4:10)

Uma mulher à beira do poço. Talvez você já tenha lido muitas


ministrações sobre a samaritana anônima, mas pouco se identificado, com
aquele que poderia ser somente mais um relato do cumprimento do propósito
do Pai na vida de uma pecadora – não foi somente isso. Em João 4, a Bíblia
relata uma das maiores expressões de amor extravagante já vista, que enxergou
mais do que a necessidade de um encontro com a salvação, mas uma colisão do
Amor Furioso de Deus com uma mulher frustrada e desesperada por satisfazer-
se.
Aquela que não teve seu nome citado nas Escrituras precisava de mais;
mais do que um convite para um culto ou uma exortação sobre seus pecados;
ela buscava, ainda que sem saber, um encontro com um amor real que
conhecesse seus anseios mais íntimos e preenchesse as lacunas vazias do seu
coração. Penso que o motivo que fez a mulher samaritana pregar o
Evangelho, logo em seguida àquela situação, não tenha sido somente porque
encontrou um profeta que sabia do seu passado, mas porque encontrou naquele
homem o que não achou em nenhum relacionamento, nem mesmo em seus
cinco maridos.
Nossa geração encontra-se à beira do poço! Cansados, frustrados e
desesperados à procura de um grande amor, mas poucos se deixam
experimentar de algo que não é momentâneo, superficial e condicional – e
sim, eterno, profundo e completamente independente do que somos! –
Acredite, há um encontro marcado para você!
Para isso você precisa se desprender do pensamento errôneo de que o Pai
está mais preocupado com seus resultados e conquistas, do que com você. O
Seu Plano é voltarmos ao lugar que nunca deveríamos ter saído: o Jardim do
Éden, lugar de desfrute, onde era só Você e Ele!
Nesse livro, convido você a beber dessa água que lhe supre totalmente e
esse convite é para todos aqueles que têm sede, a mulher sem nome representa
todo ser humano e não apenas a história de uma pessoa que precisa de Jesus.
Todos precisamos. Os cinco maridos nem sempre serão relacionamentos, mas
todas as tentativas frustradas que buscamos para ter aquilo que só Ele pode nos
dar: O amor perfeito do Pai.
Encerro dizendo: “Era-lhe necessário passar por Samaria”. Esse livro
não chegou à toa em suas mãos, sua mensagem representa que Ele não está à
nossa espera e sim caminhando em nossa direção, porque o vazio do nosso
coração o atrai incontrolavelmente. Acredite! Ele está ansiando por você.
Apenas renda-se e reconheça o tempo da sua visitação.

Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer


em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. (João 7:37,38).
Agradecimentos
Nasci e cresci em um ambiente de muito amor, meus pais e minha
família foram bons agentes de transmissão deste amor de Deus a mim e aos
meus irmãos, por isso minha gratidão a eles.
Convivi com pessoas maravilhosas que também transmitem o amor:
filhos, irmãos, discípulos, companheiros de mistério, a vocês minha gratidão,
pois me ajudaram em cada capítulo deste livro. Em especial a uma filha e irmã
que é um verdadeiro presente de Deus a mim e a minha família: Lorena Fayal.
Nossa caminhada durante esses anos resultaram em Paginas deste livro,
sabemos o quanto isso é verdade, sou grato por aprender com você essa
medida de amor que vem de Deus.
Encontrei uma família linda para edificar uma relação de amor na terra,
Luana minha esposa e minhas filhas são uma maneira de Deus demonstrar seu
amor por mim, por isso sou grato a elas, amo vocês. Minha gratidão ao Deus de
amor, pois quando me encontrou me envolveu de tal forma que não pude mais
escapar. Quando me vi, já não estava em seu braços porque alguém me
apresentou a Ele, ou porque ganharia muitas coisas, mas agora estava
envolvido, cercado por um amor que nunca havia experimentado. Sou grato a
você Jesus por me apresentar a medida do amor que é suficiente e, com isso,
fazer cessar minha busca.

Obrigado Jesus!
Introdução

Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado


a Deus, mas em que Ele nos amou a nós e enviou Seu
filho para propiciação dos nossos pecados. (I Jo:4-
10)

A Medida do Amor de Deus nasceu de experiências profundas que pude


experimentar em tempos de demandas altíssimas no ministério pastoral.
Escrever sobre amor é sempre um grande desafio, porque além de caracterizar
a própria essência e identidade de Deus, é algo que não conseguimos expressar
por palavras, são revelações íntimas e pessoais que transcendem o conte- údo
de um livro. Minha intenção ao escrevê-lo, em nenhum momento, é achar que
posso explica-lo, isso seria uma tentativa ingênua e extremamente longínqua
para o tamanho do amor de Deus. Paulo tentou fazê-lo em 1 Coríntios 13 e,
muito embora seja um texto lindo e memorável, é vazio se não for
acompanhado da experiência que o levou a descrevê-lo.
A ideia desse livro, não é ensiná-lo sobre o amor de Deus, não é um
conhecimento a mais a ser adquirido para que possa ensinar a outros, ainda que
possa servir também para esse fim. Esse livro é, essencialmente, um convite de
um homem que, por ter sido atingido pela misericórdia de Deus e pela
revelação da cruz de Cristo, deseja convoca-lo para esse lugar, para que você
também possa desfrutar desse ambiente tão precioso.
Muitas vezes acreditamos que esse aprendizado pode vir depois. Nossa
ideia é sempre nos transformar em alguém aceitável por Deus para que
possamos, de fato, “acreditar” que Ele nos ama. Mas a lógica de Deus não é
essa, seu amor é extravagante e furioso e não há nada que possamos fazer para
controlá-lo.
Que a leitura desse livro lhe conduza a um lugar de experiências
sobrenaturais com o amor de Deus.

Boa leitura!
SUMÁRIO
1 A MEDIDA DO AMOR DE DEUS
2 A REVELAÇÃO DO QUANTO DEUS NOS AMA
3 COMO ALGUÉM PODE CONHECER JESUS E
NÃO SE SENTIR AMADO?
4 GRAÇA:UM AMOR QUE DESCONHECE LIMITES
5 O ENCONTRO DA ONISCIÊNCIA COM AMOR PROFUNDO
6 A PERSPECTIVA DO AMOR DE DEUS
1
A MEDIDA DO AMOR DE DEUS

Por onde começar?


Então uma voz dos céus disse: "Este é o meu Filho
amado, em quem me agrado" (Mt 3.17)

O texto acima retrata o início da jornada ministerial de Jesus na Terra com


o seu batismo nas águas. Antes desse tempo, a bíblia não relata que ele tenha
realizado obras, milagres ou curas. O Pai pretende nos ensinar algo a esse
respeito, não devemos buscar as demais coisas antes de alcançar a revelação que
constitui o fundamento. Antes de cumprir seu chamado, Jesus precisava saber
quem era e o que representava para Deus, caso contrário sua continuidade estaria
comprometida.
Quando entramos na igreja, a primeira iniciativa que temos é a de
procurar saber o que agrada a Deus e começar a agir imediatamente nesse
sentido. O Pai não começou o cumprimento do chamado profético do filho
dizendo: “Esse é meu filho que ama muito o próximo”. Quando digo isso, não
pretendo me desfazer da importância de amar as pessoas, principalmente
porque essa é uma forte necessidade da igreja dos últimos dias que enfrenta os
tempos em que o amor de muitos se esfriou. Ao contrário, deve-se ser nossa
característica ser cheio de amor e doar nossas vidas pelas pessoas, mas as
palavras do Pai, naquela hora, revelam que esse não era o centro, ou seja, não
era a primeira coisa a se buscar. De igual modo, Deus não olhou para seu filho
e disse: “Esse é meu filho amado que me ama muito”. Nós sempre falamos
sobre isso, amar a Deus, tomar a cruz, renunciar tudo em favor da vontade de
Deus, isso também não está errado em si, mesmo porque só conseguimos amar
as pessoas quando amamos primeiramente o Senhor e ainda que amar a Deus
seja tão importante, esse também não é o ponto de partida.
O Pai olhou para o filho e disse: “Esse é meu filho a quem EU amo!” e
aqui chegamos ao ponto central, uma vez que, segundo a bíblia, a primeira
revelação que necessitamos ter é a convicção a respeito do amor que o Pai
dispensa sobre nós. Vivemos em uma geração dominada pela carência afetiva,
pessoas estão em uma busca desesperada para serem amadas por alguém,
especialmente nós que somos uma geração de filhos que muitas vezes não
temos a presença dos nossos pais ou que vimos o nosso pai ou nossa mãe
saindo de casa muito cedo por alguma razão. A partir desse cenário, tão
comum em nossos dias, eis que surge uma carência desenfreada, e o resultado
disso é uma geração enferma em seus relacionamentos. Carentes, estamos em
uma busca frenética para preencher o vazio da nossa alma, então começamos,
terminamos, começamos de novo e vamos atrás de algo que possa preencher
essa lacuna. Isso é tão sério!!! Porque sem estarmos plenos em Seu amor,
ficamos estacionados e impedidos de dar qualquer passo em direção a falar do
evangelho ao mundo.

O que pode ser maior que tudo?


Dizem que a maior dor que um ser humano pode sentir é a perda de um
filho, ouvi falar que pode demorar 8 anos para uma pessoa aprender a
conviver com essa morte. Agora se nós, que somos maus, amamos um filho
nessa medida, imagine o Pai Celestial.

O Reino dos céus é como um tesouro escondio num


campo. Certo homem, tendo-o encontrado,
escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi,
vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. (Mt
13.44)

Sempre que lia esse texto era levado a pensar que Jesus simbolizava o
tesouro escondido no campo e que, como cristãos que o encontraram,
deveríamos vender tudo que tínhamos para adquiri-lO. No meu ponto de
vista a parábola falava do amor intenso que deveríamos despender a Cristo.
Vender tudo fala de não ficar com absolutamente nada, de se esvaziar
completamente por amor.
Pense comigo, o maior boxeador da atualidade Floyd Mayweather Junior
foi o atleta mais bem pago em 2015, ele comprou seu segundo jato com vaso
sanitário, torneiras e poltrona feitos todos de ouro. Há também empresas de
casamento que oferecem até mesmo papel higiênico com imagem dos noivos –
que coisa horrível! Imagine usar a minha foto com a minha esposa para os
convidados se limparem – mas há pessoas que tem tanto dinheiro que não tem
mais com o que gastar. Fui a um barbeiro em Belo Horizonte que vai para
Barcelona apenas cortar o cabelo de um jogador de futebol e volta. Por mais que o
homem tivesse muito dinheiro como esses, e se esse tesouro fosse Jesus quem é
que poderia compra-lo? Isso não tem cabimento. Aquele tesouro não era a
representação de Jesus.
Na parábola que Jesus estava contando Ele era o homem e o tesouro era
você! Ele foi e vendeu tudo o que tinha. Essa parábola fala do nível do amor de
Deus, que deixou tudo por ter achado um tesouro. Quem define o valor do que
compramos somos nós mesmos, ou seja, para você algo pode ter custado
barato mas para outro, custado caro. Acredite, Deus olhou para você e disse:
“Vale tudo o que eu tenho!”
Eu não posso produzir uma revelação por experiências a respeito do amor
de Deus por você, é sua a decisão de se abrir para ter uma experiência com esse
de Deus, para descobrir a medida que você é amado. Não tenha dúvidas, isso
faz toda diferença, preenche todo vazio que você tem, resolve seu problema de
carência e a nossa postura muda quando nós temos essa revelação. O que nós
podemos oferecer a alguém que deu tudo por nós?!
Certa vez um garotinho fez um barquinho que amava muito, era o seu
barquinho preferido, brincava todo dia, ia para frente da sua casa e colocava o
barco na “valinha” que passava e ficava brincando. Houve um dia que
choveu muito e então não conseguiu ir para calçada e, ao chegar lá, o
barquinho não estava mais, alguém o havia levado. O garotinho, lógico, ficou
muito triste e desolado. Passaram-se dias quando novamente foi brincar na
praça e de longe avistou outro garoto brincando com o barquinho e disse: “Olha
meu barquinho, ele é meu, fui eu quem fiz, ele é meu”. O outro garoto disse:
“Não, eu achei então ele é meu”. E o garotinho disse: “Eu tenho certeza que
fui eu quem fiz”. O garoto que achou respondeu: “Não não, ele não é mais
seu, agora ele é meu, mas se você quiser posso te vender”.
Então aquele garotinho voltou para casa, começou a ver meios de ganhar
dinheiro, por isso ajudou sua mãe fez tarefas e conseguiu juntar um dinheiro.
Voltou com o garoto e disse: “Está aqui tudo que eu consegui, quero meu
barquinho de volta”. Após tê-lo novamente, abraçou-o e disse: “Agora eu amo
você duas vezes, a primeira porque eu fiz você e a segunda porque eu paguei
tudo que eu tinha para ter você”.
Nós somos esse barquinho! Nós fomos feitos por Ele, o pecado nos
roubou, mas Ele foi lá, olhou para nós e viu que nós valíamos tudo que possuía.
Como nós podemos ficar da mesma forma ao descobrirmos isso? Algumas
pessoas mantêm sua postura de fazer sacrifícios ao Senhor porque não têm
noção da medida do amor de Deus, então servir a Deus se torna um grande
preço, sempre ouço: “Ai meu Deus eu estou aqui, mas só Deus sabe”.
Infelizmente, essa é uma medida de quem ainda não teve revelação do Seu
amor.
Irmão, embora seja legítimo pagar o preço, sejamos honestos e maduros
para reconhecer: Que preço que nós pagamos diante do que Ele fez? Nada se
compara a tudo, por mais que você pague muito caro, por mais que você queime
seu corpo e dê tudo que você pode dar nada se compara, porque Ele nos amou
em uma medida absoluta, plena e ao nos depararmos com a realidade desse
amor, não há qualquer possibilidade de permane cermos da mesma forma,
mudamos a nossa postura e nosso relacionamento com o Pai também muda.

Escolhendo a parte que não me será tirada


No evangelho de Lucas, Jesus entrou em uma aldeia e lá se encontrou
com Marta e Maria. De repente, Jesus se sentou, enquanto ele conversava com
Maria, Marta chegou e perguntou: “Não te incomodas que Maria fique ai
conversando e eu aqui fazendo todas as tarefas? Por que não manda ela me
ajudar? Ao que Jesus respondeu: “Maria escolheu a melhor parte e ela não lhe
será tirada”. Essa é a postura de quem tem revelação do amor de Deus. Marta
estava lá dizendo: “E as estratégias? E o trabalho? E os convidados? E os
mecanismos para levar gente para a igreja? Eu estou aqui me esforçando,
fazendo tudo, trabalhando”. E Jesus disse: “Pare Marta! Você não teve
revelação do que é principal, você precisa de uma experiência comigo porque
quando você tem um encontro com meu amor a sua maneira de se relacionar
comigo muda”.
Você pode e deve trabalhar para Deus, mas não com a mesma
perspectiva, você não trabalha porque alguém te manda ou cobra que faça
algo, seu trabalho precisa ser fruto da experiência do amor dele por você,
levando-lhe ao constrangimento. A palavra constrangimento no original
significa “envolver” de tal maneira que não se tem como escapar. Nós
tivemos um encontro com o amor de Deus e por isso fomos constrangidos de
tal maneira que não temos como escapar, mesmo porque quem se encontrou
com esse amor quer dar a ele tudo da mesma forma e faz tudo que for possível
para alegrá-lO. Liderar uma célula não é um peso, trabalhar deixa de ser uma
responsabilidade e passa a ser um pra- zer, porque você ouviu do céu o Pai
dizer: “Esse é o filho que eu amo muito”.
Essa é a experiência que nós precisamos ter, até porque não vamos fazer
revolução no mundo com as igrejas que pagam o preço, elas podem até fazer
alguma coisa, mas a revolução vai vir das igrejas que ouviram o Pai dizer:
“Você é muito amado! Inclusive se faltar o amor de alguém na terra por você,
você não irá sentir falta porque o amor que eu tenho por você preenche tudo o
que você precisa”.
2
A REVELAÇÃO
DO QUANTO DEUS NOS AMA

Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado


a Deus, mas em que Ele nos amou a nós e enviou
Seu filho para propiciação dos nossos pecados. (I
Jo:4.10)

A revelação íntima do amor de Deus


O evangelho não começa em nosso amor a Deus, o começo está definido
porque Ele nos amou. Às vezes pensamos: “Oh, quão maravilhoso foi o dia em
que eu decidi amar a Deus e voltei o meu coração para Ele”, ou “Que incrível
foi o dia em que fui convidado para ir à igreja ou à célula. Quando fui
alcançado de alguma maneira, este dia foi muito bom, pois descobri que eu
amava a Deus”. Não! Não tem nada a ver com isso. Não é por nossa causa,
nada começou em nós. O evangelho não é o que fazemos para Ele, mas é o que
Ele fez por nós. Esse é o centro!
Apesar de parecer óbvio, muitos cristãos ainda continuam tendo muitos
problemas em sua caminhada com Deus, simplesmente porque não tiveram a
revelação plena de que tudo começa e termina na consciência bem definida de
que Ele nos ama. Ouvi certa vez um pregador dizer “Porque me amaste,
tornei-me amável”, ou seja, somente porque Ele nos amou é que conseguimos
amá-lO. Não teria como expressarmos nenhuma faísca de amor por Deus
sem a plena revelação de que Ele nos amou primeiro, aliás, sem essa
revelação, não podemos expressar amor por Ele e nem por ninguém.
Interessante que, como pregador, meu desejo sempre será transmitir a
todos que me ouvem ou leem este livro, a experiência com o amor furioso de
Deus. Isso me faz lembrar a experiência vivenciada pelo apóstolo Paulo que,
ao visitar o terceiro céu não conseguiu expressá-lo com precisão alguma,
tamanha sua excentricidade. Na ocasião, Paulo não encontrou nada
semelhante na terra que pudesse servir de referência, não havia nada que
nossos sentidos já houvessem captado para transmitir com palavras o que ele
havia experimentado. Creio eu, que não foi somente a arquitetura suntuosa do
céu que o deixou sem palavras, foi o ambiente de amor que exalava de tudo
que contemplou. Saber que Jesus morreu em uma cruz, todos sabemos, a
História sabe, até mesmo os ateus sabem, mas viver por experiência a
revelação íntima e pessoal desse amor, diariamente, é simplesmente
inexprimível.
Não podemos nos contentar em ouvir a respeito do ambiente do céu e do
amor de Deus, a melhor pregação estará sempre limitada e os livros estarão
sempre incompletos, porque a parte fundamental de quem Deus é não se
restringe ao seu conhecimento sobre Ele, mas em ser um filho que convive
intimamente e que experimenta, diariamente, Seu amor e Cuidado e, isso por
assim dizer, é completamente pessoal e intransferível.
Fico pensando se, por querer se aproximar de Deus, você fosse assistir
uma mensagem em uma igreja de um pregador famoso que teve muitas
experiências com Deus e ao chegar lá, quando começasse a pregar, o sermão
encerrasse em 2 minutos com o seguinte ensi no: “Nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem jamais subiu ao coração do homem o que Deus
reservou para aqueles que O amam”, parafraseando, “Queridos sei que vocês
saíram de suas casas para ouvir algo poderoso da minha boca sobre minhas
experiências com Deus, mas a verdade é que o que eu vivi, por experiência,
não pode se restringir a palavras humanas”. Penso que um ambiente de
frustração tomaria a congregação, afinal, existe uma geração muito interessada
em ouvir sobre, mas não muito faminta e desesperada por revelações pessoais
com a glória de Deus em seu secreto. A Pregação do Apóstolo Paulo não era
sobre o céu era sobre: Vá mais fundo! Existe um terceiro céu para você
também.
O primeiro fator que logo nos deixa sem explicações a respeito do amor
de Deus é que ele não guarda nenhuma relação com o nosso desempenho ou
esforço em agradá-lO. Dessa forma, se não tivermos a convicção plena desse
caráter incondicional, estaremos sempre variando em nosso relacionamento
com Ele, estando satisfeitos em seu amor somente quando tudo estiver
regularmente em ordem o que, por incrível que pareça, serão dias raros.
Deus não precisa da sua perfeição para ama-lo, porque Jesus já foi
perfeito em nosso lugar, tudo que o Pai precisa é que tenhamos a revelação do
Seu amor apesar de nós, assim não nos sentiremos constantemente inadequados
e fugitivos, por fim sairemos da gangorra gospel de “hoje estou bem com
Deus, mas amanhã, quem sabe?” Somos inconstantes no amor a Deus, porque
ainda pairam muitas dúvidas sobre a convicção de que mesmo nos dias mais
difíceis Ele continua nos amando. Você vai continuar variando até que se
depare definitivamente com a imutabilidade do amor de Deus.
Nada pode nos sustentar, por mais que você tenha muitos cursos, passe
pelas estações de crescimento da igreja, frequente uma célula com um bom
líder e um bom discipulado, assista pregações ou leia bons livros. Enquanto
você não experimentar da invasão desse amor furioso na sua vida, você não
consegue manter-se de pé.

A Revelação do quanto Deus nos ama...

É capaz de preencher o nosso vazio


O ser humano, essencialmente, foi criado para o relacionamento. Deus o
projetou para integrar sua família, para ser seu filho. Contudo, apesar de
sabermos, por lógica, inclusive, que o Criador é responsável por definir o
propósito de Sua criação, não acreditamos o suficiente que a menos que
sejamos preenchidos no propósito de pertencer a Deus, seremos criaturas
incompletas e vazias. Insistimos e tentamos inúmeras vezes alcançar
satisfação que somente encontraremos na revelação crucial do nosso propósito.
Qual, sinceramente, a razão de gerar filhos? Filhos representam noites
sem dormir, gastos, alteração do corpo da mulher e altas doses de renúncia de
tempo e de vida para criá-los. Logicamente, não parece muito vantajoso tê-los
a menos que compreendamos que Deus plantou em nós o desejo de cuidar e
amar alguém e que há uma felicidade oculta na dor e na renúncia que
caracterizam o amor. Você nunca se perguntou de onde vem esse desejo? Não
tenho a menor dúvida de que o anseio ilógico da paternidade veio de dentro de
Deus para o nosso coração. Ele é um Pai desejoso por nós.
Assim, se caminhamos ignorando ou mesmo não desfrutando do amor
que precedeu nossa existência, fatalmente estará ausente uma grande parte do
nosso propósito existencial. Na visão humanista, em que o homem está no
centro, nascemos e vivemos para nós mesmos, mas o fato é que, na base, o
filho nasce por causa do Pai, os pais por ato voluntário geram uma criança. Ela
não deu luz a si próprio e isso, por si só, explica que se nascemos por causa
dEle, não poderemos caminhar ignorando essa verdade e sairmos ilesos.
Muitos denominam a falta de revelação do amor de Deus como um
“vazio”, uma forte sensação de que algo está faltando e que, por ser tão
crucial, não conseguimos ignorá-la. Assim, fatalmente, gastaremos toda a
nossa vida para chegar nessa plena satisfação e, para isso, vamos tentar
preenche-lo com tudo que julgamos ser capaz de nos dar alegria e
autoafirmação. A filha que não teve referência de um pai em casa irá procurar
preencher isto de alguma maneira, ou o filho que, mesmo tendo uma boa
família, não teve uma boa relação familiar. Enfim, o ser humano irá encontrar
muitas justificativas, desculpas e maneiras, mas, em algum momento,
precisará lidar com o fato de que todos fomos criados com ausências, a
questão não será se as temos, mas se sabemos como lidar com elas. Não
importa a realidade que tenhamos, podemos ter histórias diferentes, mas o
vazio é o mesmo.
Esse livro tem como objetivo responder a busca incessante e
interminável do homem de ser preenchido, amado, suprido, seguro,... Minha
mensagem ao escrevê- lo é para que você pare de saciar sua fome com o que não
satisfaz, desista, definitivamente, se o fundamento não estiver do amor de
Deus por você. Salomão, no fim da sua vida, constatou que os maiores
esforços que empre endemos no final não fazem muito sentido, é tudo
vaidade. Você não precisa correr atrás de atributos e desempenho para ser
amado e aceito, entenda que a principal característica do amor está no fato de
não possuir razões justas para existir.
Não é necessário correr freneticamente atrás desse amor, pois Jesus já
consumou nosso direito ao relacionamento com Pai e encerrou toda justiça
huma- na na cruz, tudo que precisamos é nos render, e aceitar a verdade de que,
graciosamente, Ele nos ama! Ele nos criou, e sabe que quando não
entendemos que somos amados teremos problemas de identidade, dificuldade
de entender quem somos e quem Deus é. Seremos tomados por carências, e nos
relacionaremos com as pessoas de forma deficiente, pois há um vazio dentro de
nós que só o amor furioso poderá preencher.

Nos faz perder o medo de encarar uma vida cristã


radical
Viver uma vida cristã radical nos traz medo, devido às muitas
responsabilidades e de todas as renúncias que precisaremos fazer, mas quando
nos encontramos com este amor furioso, ele é capaz de sufocar o medo e tirar
qualquer possibilidade de resistência. Não são nossas habilidades que nos
sustentam, nem os nossos anos de fé, nossos cargos ou, o que quer que seja,
mas, é o quanto nos sentimos verdadeiramente amados.
Esse amor tira de nós o medo de assumir grandes responsabilidades,
encarar compromissos que parecem maiores do que nós e que, muitas vezes,
não conseguimos cumprir com exatidão ou com excelência. De fato, nós
precisamos nos encontrar em situações difíceis como estas para entender que
a estrutura toda deve estar em cima da base principal de nos sentirmos
amados. Quando temos essa consciência, perdemos o medo, ele é sufocado.
É natural sentirmos medo e insegurança quando estamos diante de
demandas altíssimas, parece que estamos sem estrutura para assumir algumas
coisas. Mas, quando estamos envolvidos por este amor furioso, a insegurança e
o medo se vão. Quando assumimos os riscos e responsabilidades de uma vida
cristã radical, o medo e a insegurança são sufocados pela revelação que temos
do quanto Ele nos ama.
Em alguns momentos ouço pessoas dizendo: “Estou com medo de
continuar sendo líder”, “Parece que não sou normal por continuar vivendo
dessa maneira ou respondendo dessa forma”, “Se eu continuar renunciando a
minha vida assim e vivendo dessa maneira radical, as pessoas vão me
criticar”. Então começamos a nos comparar com os outros e sentimos medo e
insegurança. É normal! Como resolvemos isso? Quando começamos a
entender que o amor não está em quanto amo, faço ou produzo, mas já está
definido em o quanto Ele me ama.
É isto que o amor furioso de Deus faz, nos sentimos plenos, abastecidos,
podemos continuar, mesmo diante das muitas demandas, pois estamos certos
de que Ele nos amou numa medida absoluta. Ficamos cientes de que o apelo
que Deus nos faz para termos uma vida de entrega e generosidade ilimitadas foi
preenchido na mesma maneira com um amor ilimitado. Se Ele requer de mim
uma resposta que não tem limites, preciso entender que Ele me amou da
mesma maneira. Não há diferença na maneira que Deus amou a Jesus para a
forma que Ele nos amou. E isso é maravilhoso; saber que Deus dispensou
sobre nós o mesmo amor com que Ele amou o Seu único filho, Jesus.
Se você tiver essa compreensão, será libertador, porque supera qualquer
teologia e tira Deus da caixinha que temos criado para colocá-lO ao longo de
todos os anos em que estamos caminhando com Ele. Tire Deus de sua
caixinha, da “coisa” que você acha que deve ser feito da sua maneira. Quando
o amor furioso nos invade, percebemos que não tem nada a ver conosco, não
somos a atração principal da história, nem com o dia que respondemos a Deus
ou quando declaramos que o amávamos, mas começou há muito tempo atrás,
no dia em que Ele se entregou, na medida completa, por mim e por você.
O medo e o amor são adversários, quanto mais revelação do amor de
Deus eu tenho, proporcionalmente maior será minha coragem para entregar o
controle da minha vida nas Suas Mãos. Ainda não estamos seguros o suficiente
de que o amor de Deus nos traz plenitude, porque estamos por vezes
acorrentados ao que as pessoas pensam ao nosso respeito, temos medo da
rejeição dos homens, da ausência de aplausos, mas aprendi que as pessoas que
tiveram as experiências mais profundas com Deus não foram compreendidas e,
visivelmente, não cederam ao pódio desse mundo, antes conseguiram desprezar
esse lugar, não por sacrifício, mas porque viram algo maior.

Agora me estará reservada a coroa da justiça, que


o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não
somente a mim, mas também a todos os que amam
a sua vinda. (2 Tm 4.8)

Fomos chamados a externar esse amor aos outros


Quando tenho revelação do amor de Deus por mim, é natural que as
pessoas que comigo convivem, ou as que serei chamado para alcançar,
experimentem deste mesmo amor, mas quando eu não tenho compreensão do
quanto Deus me ama, é impossível oferecer este amor da mesma maneira. A
pergunta não é se as nossas palavras curam ou se a nossa companhia ou
preocupação com alguém tem poder de curar, mas é a seguinte: “Nós vamos
deixar que o poder curador de Jesus ressurreto flua por intermédio de nós para
alcançar e tocar outras pessoas, de modo que elas possam voltar a sonhar, a
lutar e resistir, correndo para onde nem os corajosos ousam chegar?”.
Será que vamos nos dispor a ser esse canal por onde o amor de Deus vai
passar e vai fluir para alcançar pessoas que estão afogadas em seus medos, dores e
veremos pessoas se libertando e também se sentindo amadas? Lembre-se de uma
coisa; Jesus disse: o mundo irá saber que vocês são meus discípulos porque vocês
amam uns aos outros. O mundo saberá que somos cristãos porque nós nos
amamos. Mas é só a revelação do amor de Deus por nós que nos capacita a
amar os outros dessa maneira. Nós não conseguimos amar as pessoas de outra
forma. Jesus disse que o mundo não nos reconheceria, não saberia que estamos
ligados à videira, a menos que demonstrássemos o quanto amamos uns aos
outros. Deixe que eu lhe diga algo que aprendi com Brennan Manning:
“Ou você deixará as pessoas sentindo-se um pouco melhores ou piores. Ou
você vai afirmar ou negar as pessoas. Mas não haverá nenhum intercâmbio
neutro”. Quando nos relacionamos ou vamos deixar marcas que fazem as
pessoas irem para outro nível ou iremos piorálas, ou as afirmaremos ou as
negaremos, mas de nenhuma forma poderemos ser neutros. Vamos poder
dizer: “Fica por aí na célula, uma hora você entende que Jesus ama você.”
– mas como ouvirão se não há quem pregue? Como sentirão o amor se não há
quem o transmita?”.Não somos nós que temos o poder de demonstrar um amor
que cura, por mais sentimentais e carinhosos que nós sejamos, isso não vem de
nós, não procede do homem ou de Hollywood. Esse amor é limitado, passa, é
interesseiro. Sei bem que quando pensamos em amor incondicional, nem
conseguimos sentir ou entender o que isso realmente significa, porque já está
banalizado, estamos acostumados a ouvir. Saber que você é amado
incondicionalmente provoca uma revolução dentro de você. Esse amor
causa uma mudança, inclusive em sua maneira de enxergar a Deus e a si
próprio.
Quando você sabe que é amado por Deus do jeito que você é e da maneira
que você está, tudo começa a fazer sentido. É assim, Deus nos ama e ponto. É
incondicional. Estou lendo um livro em que o autor diz que os cristãos
conseguem acreditar muito mais que Deus existe do que acreditar que Deus
os ama. Eles são rápidos para acreditar na existência de Deus, mas muito
lentos para acreditar que Deus realmente os ama. Você pode pensar: “É sério
que Deus me ama assim? Mesmo que eu tenha todos esses pecados, falhas e
limitações?”. É exatamente isso.
Quando não estamos sendo esse canal por onde o amor de Deus
incondicional pode ser transmitido para as pessoas, nós estamos negando para o
mundo o único testemunho que Jesus nos pediu para dar.

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos


outros, assim como eu vos amei (João 15:12)

As palavras, com o tempo, podem perder a sua força, mas essa é a grande
verdade: Ele nos ama incondicionalmente. Isso não deveria soar para nós como
algo banal, sem importância, ao contrário, deveria provocar uma reflexão a
ponto de trazer sobre nós uma grande perturbação que mude completamente a
perspectiva a respeito de Deus e de como nos enxergamos.
A aceitação do amor incondicional implica em mudanças profundas,
portanto, preciso encorajá-lo a ter um relacionamento mais profundo, a ter um
conhecimento mais exato, a compreender, como disse Paulo, qual a altura, a
largura e a profundidade do amor de Deus por você.
Se você tiver que fazer apenas uma coisa pela sua vida cristã, faça isso:
invista a sua vida em descobrir o quanto você é amado. Uma vez que você
descobre, nada mais será um limite para você. Assim, continuaremos vivendo
aqui nessa terra com a revelação de que Ele nos ama incondicionalmente,
independente do que os outros dizem ou pensem ao nosso respeito. Nós
podemos ter o nosso vazio preenchido e não vamos sair por aí em uma corrida
desenfreada em busca de amor, pois não precisamos ser amados ou amar
alguém, pois já somos amados por Deus.
O mundo está esperando por esse amor e nós somos esses canais, vamos
passar pela vida das pessoas e deixaremos a marca de que conseguimos amar os
outros como Deus realmente os amaria. Que as pessoas possam ver o amor de
Deus em nós.
É isso que o amor furioso faz, Ele nos consome a ponto de não sobrar
mais nada nosso. Não conseguimos continuar pensando que algo é sobre nós,
por causa de nós, pois nada começou em nós. Tudo começou nele e nisto está
o amor; não na percepção que temos de que amamos muito a Deus e fazemos
muitas coisas para Ele, mas na revelação de que Ele nos amou
completamente. Ele nos amou e ponto! Não deixe que algumas verdades, que
parecem muito óbvias sejam ouvidas por você sem que elas produzam mais
uma revolução em seu interior. É muito comum ouvir que Deus ama a todos,
mas eu garanto a você que poucas pessoas desfrutam dessa revelação.
Posso afirmar que o valor da compreensão que Deus nos ama será
descoberto na hora que formos testados. Quando nos sentimos sozinhos e
desamparados, tentados a ceder, podemos olhar para o lado e ouvir uma
canção ou mesmo Deus falar de uma maneira que nem sequer estávamos
esperando, enfim, tudo isso provará o amor de Deus por nós. Quando
encontramos com essa profunda revelação, ela provoca em nós uma revolução
e nunca mais enxergaremos as circunstâncias da mesma forma.
Reflito, não houve alguém que tenha sido tão humilhado, testado e
rejeitado como Jesus foi, mas não há registros de Jesus tendo crises de
identidade, ficando com raiva ou mesmo magoado com Judas por tê-lO
entregado aos judeus e com Pedro por tê-lO negado. Tudo isso porque havia uma
fonte sobrenatural de amor que o abastecia, fazendo com que as reações de Jesus
mantivessem-se as mesmas apesar dos altos níveis de pressão que sofreu. De
fato, o amor furioso do Pai o tomou por completo, não havia um espaço sequer
que dependesse da aceitação dos homens, e isso firmou seu ministério sobre a
rocha inabalável e incondicional do amor. Essa, não foi só a primeira, mas
principal revelação que o levou a completar seu propósito divino, sem falhar.
Penso que não é simples remover ou mesmo substituir fundamentos, é
inevitável que chegar a revelação da suficiência do amor de Deus será fruto
talvez de muitas decepções, frustrações e testes, mas como diz o apóstolo
Paulo, é válido sofrer as dores de parto se, no fim de tudo, pudermos ver Cristo
nascer e ser formado em nós, e assim possamos afirmar, por experiência e, não
mais somente por conhecimento que, de fato, somos filhos amados de Deus.
3
COMO ALGUÉM
PODE CONHECER JESUS E
NÃO SE SENTIR AMADO?
Ele ainda estava conversando, quando chegou
Raquel com as ovelhas de seu pai, pois ela era
pastora. Quando Jacó viu Raquel, filha de Labão,
irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão,
aproximou- se, removeu a pedra da boca do poço
deu de beber às ovelhas de seu tio Labão. Depois
Jacó beijou Raquel e começou a chorar bem alto.
Então contou a Raquel que era parente do pai dela e
filho de Rebeca. E ela foi correndo contar tudo a seu
pai. Logo que Labão ouviu as notícias acerca de
Jacó, seu sobrinho, correu ao seu encontro,
abraçou-o e o beijou. Depois, levou-o para casa, e
Jacó contou-lhe tudo o que havia ocorrido.
Então Labão lhe disse: "Você é sangue do meu
sangue". Já fazia um mês que Jacó estava na casa
de Labão, quando este lhe disse: "Só por ser meu
parente você vai trabalhar de graça? Diga-me qual
deve ser o seu salário". Ora, Labão tinha duas
filhas; o nome da mais velha era Lia, e o da mais
nova, Raquel. Lia tinha olhos meigos, mas Raquel
era bonita e atraente. Como Jacó gostava muito de
Raquel, disse: "Trabalharei sete anos em troca de
Raquel, sua filha mais nova". Labão respondeu:
"Será melhor dá-la a você do que a algum outro
homem. Fique aqui comigo". Então Jacó trabalhou
sete anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos d
i a s , p e l o t a n t o q u e a a m a v a . Então disse Jacó a
Labão: "Entregue-me a minha mulher. Cumpri o
prazo previsto e quero deitar-me com ela". Então
Labão reuniu todo o povo daquele lugar e deu uma
festa. Mas quando a noite chegou, deu sua filha Lia
a Jacó, e Jacó deitou-se com ela. Labão também
entregou sua serva Zilpa à sua filha, para que ficasse
a serviço dela. Quando chegou a manhã, lá estava
Lia. Então Jacó disse a Labão: "Que foi que você
me fez? Eu não trabalhei por Raquel? Por que você
me enganou? " Labão respondeu: "Aqui não é
costume entregar em casamento a filha m a i s n o va
a n t e s d a m a i s v e l h a . Deixe passar esta semana de
núpcias e lhe daremos também a mais nova, em
troca de mais sete anos de trabalho". Jacó
concordou. Passou aquela semana de núpcias com
Lia, e Labão lhe deu sua filha Raquel por mulher.
Labão deu a Raquel sua serva Bila, para que ficasse
a serviço dela. Jacó deitou-se também com Raquel,
que era a sua preferida. E trabalhou para Labão
outros sete anos. Quando o Senhor viu que Lia era
desprezada, concedeu-lhe filhos; Raquel, porém, era
estéril. Lia engravidou, deu à luz um filho, e deu-lhe o
nome de Rúben, pois dizia: "O Senhor viu a minha
infelicidade. Agora, certamente o meu marido me
amará". Lia engravidou de novo e, quando deu à luz
outro filho, disse: "Porque o Senhor ouviu que sou
desprezada, deu-me também este". Pelo que o
chamou Simeão. De novo engravidou e, quando deu
à luz mais um filho, disse: "Agora, finalmente, meu
marido se apegará a mim, porque já lhe dei três
filhos". Por isso deu-lhe o nome de Levi. Engravidou
ainda outra vez e, quando deu à luz mais outro filho,
disse: "Desta vez louvarei ao SENHOR". Assim deu-
lhe o nome de Judá. Então parou de ter filhos. (Gn
29.1-35)

Certa vez vi alguém em um vídeo dizendo a seguinte frase para outra


pessoa: “Deus me deu uma visão que você vai se casar e porque você nunca
soube o que era ser amada, agora Deus vai te dar um homem que irá lhe
mostrar o que é o amor verdadeiramente”. Questionei-me de como pode
alguém conhecer Jesus e não se sentir amado? Muitas pessoas ainda
consideram isso uma verdade; a nossa cultura, as canções e o ensino dos
nossos dias todos apontam para isso, eles dizem sempre que existe um vazio
dentro do homem que precisa ser preenchido e, de alguma forma, você precisa
correr atrás de um relacionamento, uma realização financeira para preenchê-
lo, então na maioria das vezes o amor, o sexo e o romance se tornaram o ápice
da vida de alguém, em especial das mulheres.
Sempre foi possível transformar o amor romântico em um falso deus.
Existe uma mente maligna por trás desse sistema que quer formar uma geração
dependente e de certa forma escrava. Há quem diga que os homens utilizam o
amor para conseguir o sexo, enquanto que as mulheres utilizam do sexo para
obter amor, ambas as formas são escravidão, uma busca desesperada por um
amor que possa lhe abastecer. Quando nos afastamos de Deus isso fica ainda
pior porque perdemos o sentido e o propósito de vida original e, desprovidos
de amor, passamos a buscar em uma paixão intensa e passageira, nossa real
significância.
Isaque, chegando à terra de seus familiares, já possuía uma palavra
profética sobre a sua família de que o mais novo iria reinar sobre o mais velho,
no entanto, ignora isso e cria seus filhos sempre dando preferência a seu filho
Esaú. Entretanto, apesar de ser o filho primogênito, estava claro que a promessa
era para Jacó que, por sua vez, resolve enganar seu pai e apresentar-se no lugar do
seu irmão no dia de liberar a bênção ao primogênito. O acontecimento
provocou ira e ódio em Esaú pelo seu irmão, seu pai fica triste, e Jacó se torna
um fugitivo. O resultado disso é um jovem que cresceu sem o amor do pai em
casa, perdeu o amor da mãe que o acolhia e tinha o ódio do seu irmão. Tudo
estava dando errado.
Após a fuga, chegando às terras da família de sua mãe, encontra-se com
Labão que corre para lhe dar um abraço, oferecendo-lhe logo uma proposta
"Só por ser meu parente você vai trabalhar de graça? Diga-me qual deve ser o
seu salário". No versículo 15 a bíblia relata que Jacó já havia se apaixonado por
Raquel, não precisava nem saber quem era ela e sem pensar respondeu: “Eu
quero Raquel”. Ao que disse Labão: "Será melhor dá-la a você do que a algum
outro homem. Fique aqui comigo".
Jacó então começa a busca desesperada pelo seu grande amor. Aceitou
para tê-la, trabalhar por sete anos, tempo este que era considerado uma fortuna
para trocar por uma noiva, ainda mais em uma época que se casava por
acordos. Mas Jacó vai contra tudo isso e decide se casar porque uma paixão
desesperadora o arrebatou, ele não queria Raquel simplesmente porque a
amava, mas porque viu naquela mulher a possibilidade de preencher todas as
suas ausências e frustrações.
Todas as pessoas que agem dessa forma provocam um verdadeiro
“endeusamento” desses seus possíveis pares e colocam todas as suas
expectativas nisso. Estamos muitas vezes fazendo como Jacó, dispondo de
tudo para obter o nosso objetivo de satisfação. Sua resposta foi imediata “Eu
quero Raquel”.
Jacó nem viu os sete anos se passarem e ao cobrar a promessa a Labão,
recebeu de seu sogro uma festa de casamento onde tendo tomado muito vinho,
não percebeu que Labão lhe entregara sua outra filha Lia, com véu grosso para
que não a reconhecesse. Jacó se relacionou com ela e ao acordar descobriu que
havia sido enganado, ficou furioso, foi até Labão e perguntou "Que foi que
você me fez? Eu não trabalhei por Raquel? Por que você me enganou?".
Perceba que Labão não havia dito “sim”, mas Jacó ouviu o “sim”, porque
quem está desesperadamente à procura de um grande amor, apenas com a
intenção de satisfazer o seu vazio, momentaneamente, vai ouvir o que quer
ouvir. O romance faz isso conosco, nos ensina a enxergar o que não existe para
atender o que queremos.
Estamos à procura de algo que realização nenhuma irá suprir, podemos
colocar todas nossas esperanças em Raquel, mas quando acordarmos no outro
dia estaremos diante de Lia. Pensamos ser possível ter um relacionamento que
nos supra, então crescemos frustrados e até mesmo muitos casam assim, pois
tentam satisfazer-se plenamente no seu cônjuge ou em qualquer outro
relacionamento, quando só Jesus pode nos amar de maneira plena. Quando
você se encontra com Seu amor, você não vai depositar suas expectativas em
ninguém, e isso não significa que você irá amar menos as pessoas, mas que
amará mais a Deus do que qualquer outra coisa.
Existe uma figura nesse texto que talvez tenha sido a parte mais
prejudicada, o nome dela era Lia, era filha “feinha” de Labão, a bíblia diz que
os olhos de Lia eram meigos e em seguida fala que Raquel era muito bonita e
atraente. A beleza de Raquel ofuscava Lia, Labão sabia que seu lucro estava
em Raquel, mas precisava dar um jeito de casar a filha mais velha. Jacó com
sua resposta desesperada foi a solução para todos os problemas de Labão. Lia
não tinha o amor do pai, vivia à sombra de sua irmã e, após o seu casamento,
tornou-se a esposa mal amada.
Casamento não resolve a vida de ninguém que está frustrado, não
resolve suas carências. Ancore seu barco em Jesus e se apaixone por Ele. Lia
teve três filhos com a expectativa de ser vista por Jacó. A cada filho ela
pensava “agora sim ele vai me amar”, cada filho revelava seu vazio, mas ao
nascer seu quarto filho declara: “Desta vez louvarei ao SENHOR". Assim deu-
lhe o nome de Judá. Sua declaração lhe fez dar origem a uma linhagem
messiânica, pois reconheceu que só em Deus iria ter seu vazio preenchido.
Quando colocamos nossas expectativas em alguém certamente iremos nos
frustrar, Jacó tentou fazer isso com Raquel e Lia tentou fazer isso gerando
filhos.
Uma música popular dos nossos dias diz “Você não é ninguém até que
alguém o ame”, tanto as mulheres que estão buscando relacionamentos como
resposta para as suas necessidades e os homens que se escondem nos seus
relacionamentos casuais sem compromissos, ambos são escravos e revelam
com isso o mesmo vazio.
Não há nada errado em você querer se casar, mas saiba que quando se
encontrar com o amor verdadeiro que é Jesus, saberá que ele é o marido de
todas as noivas, verdadeiro esposo daqueles que ainda não encontraram seu par
ou daqueles que nunca vão encontrar e o marido dos que já se casaram também.
Ele é o Deus de Graça, não somente olhou para Lia porque ela era
desprezada, mas foi para ela, o que foi para todos nós. A bíblia toda conta uma
única história que aponta para Jesus e que está dizendo a mesma coisa: “Eu me
casei com vocês e uma vez que você se relaciona comigo, uma vez que se
encontra com meu amor, você não precisa de mais nada”. Você não precisa
mais de um casamento ou uma realização pessoal para preencher você. Ao se
casar, estará inteiro. Irá trabalhar, mas trabalhará inteiro, você poderá ter tudo,
mas nada possuirá você, pois já se encontrou com o Seu amor.
O que Jacó fez, Lia também fez, ambos estavam à procura de um amor
apocalíptico que pudesse finalizar seus desejos, somente Deus nos amou e nos
ama de uma maneira plena e absoluta, Ele não nos oferece seu coração em
pedaços, o seu amor não é desesperado, não tem nada a ver com o amor dos
nossos dias e com o que Holl- ywood tenta explicar.

A verdadeira história de Amor


A bíblia conta em Gênesis que Deus chamou Abraão e disse: “Sai da tua
terra e vai para a terra que eu te mostrarei”. Abraão saiu sem saber para onde ia, é
por isso que ele é o pai da fé, pois foi sem ver e sem nenhuma história prévia. E em
Gênesis 22:2, Deus chama Abraão novamente e diz: "Tome seu filho, seu único
filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali
como holocausto num dos montes que lhe indicarei".
Note uma coisa, Deus não pediu para Abraão assassinar Isaque e sim
para sacrificar, para os judeus isso tinha um peso muito sério, posteriormente a
história de Abraão, Deus iria pedir todos os primogênitos por causa do pecado
do povo de Israel, em tudo o primeiro era de Deus a não ser que o sacrifício
fosse pago por resgate, Abraão seria o precursor disso.
Naquela época o sucesso estava ligado ao clã e à família, o primogênito
iria herdar todas as terras, todas as propriedade, assim, ter um primogênito era o
ápice, e toda a esperança de sequência estava depositada no primeiro filho.
Então o pedido de Deus para Abraão era um nível muito alto, era como tirar as
mãos de um cirurgião.
Abraão vai para o monte e antes de subir fala aos seus servos “Esperem
aqui, pois eu e meu filho vamos voltar”. Ao que parece, no fundo, Abraão
sabia que Deus era Santo e iria fazer justiça a Sua santidade, mas também
sabia que se encontraria com o Deus de Graça. Não me pergunte como, mas
Abraão teve uma experiência com a graça quando esta não era a dispensação
daqueles dias, ele não estava vivendo sobre a graça, mas se encontra com ela.
Ele sobe o monte, leva seu filho e quando pega a faca para matá-lo, ouve
uma voz: “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me
negou seu filho, o seu único filho”. O sacrifício foi interrompido por uma voz que
viu a obediência do coração de Abraão.
Anos depois, um pai voltaria a um monte parecido, mas não haveria
nenhuma voz para interromper esse sacrifício, Ele levaria seu único filho para
morrer pelo pecado da humanidade, e lá não se ouviu nenhu ma voz a não ser
“Meu Pai, Meu Pai por que você me desamparou?”. Não existe expressão de
amor maior que essa!
C.S. Lewis diz que se encontramos dentro de nós um vazio que esse
mundo não é capaz de preencher, certamente isso é uma resposta de que somos de
outro mundo. Não pertencemos a esse mundo, fomos amados por Ele, nossos
olhos devem estar nEle, no que Ele fez e ainda fará. Ainda que ponhamos todas as
nossas esperanças em alguma Raquel, se não corrigirmos isso sempre
acordaremos com Lia e o resultado será sempre decepção. Jesus morreu por mim
e por você, ainda que alguém tente expressar o amor de uma forma bonita ou
singela, tudo isso é valido, mas nada substitui Seu sacrifício.
4
GRAÇA:
UM AMOR QUE DESCONHECE
LIMITES

Certa vez, em uma conferência, havia muitos teólogos e religiosos


reunidos. E todos eles chegaram a um seguinte impasse: Qual a crença única do
Cristianismo? Então, eles começaram eliminando as possibilidades.
Encarnação? Não, pois essa crença é algo que outras religiões também têm.
Ressurreição? Novamente perceberam que outras religiões tinham histórico de
retorno dos mortos. O debate prosseguiu para descobrir qual seria a
demonstração única da fé cristã. Então, C. S. Lewis invadiu o debate e disse: A
Graça. A seguir, discutiram bastante e concordaram entre si, dizendo: De fato,
a Graça é a crença única da fé cristã. Mas, por quê? Porque a noção do amor de
Deus vindo a nós, livre de retribuição, sem cordas, sem amarras parece ir
contra cada instinto da humanidade.
O caminho de oito passos do Budismo, a Doutrina Hindu do carma, a
aliança Judaica, o código da lei Muçulmana, cada um deles oferece um
caminho para alcançar a aprovação. Todas essas religiões tem um caminho e se
assemelham por apresentá-lo. Mas o Cristianismo é o único que se atreve a
dizer que o amor de Deus é incondicional. É muito bom você servir a Deus e
amá- lO de todo o seu coração, mas isso não muda a Deus. É muito ruim você
pecar e entristecer o Espírito Santo, mas isso também não muda a Deus.
Phillip Yancey define a Graça da seguinte forma: “Ainda que você se
esforce para fazer de tudo, não haverá nada que você possa fazer para que Deus
o ame mais e não há absolutamente nada que você possa fazer para que Ele o
ame menos”. Portanto, antes de entender o que é Graça, na verdade, eu
preciso passar pela grande demonstração do amor de Deus por mim. E como
diz C.S. Lewis, é um amor incondicional. Inclusive, essa definição é de grande
importância para o Cristianismo, pois ela é a única coisa que nos difere
absolutamente das demais religiões. Quando se fala de um amor imerecido, o
Cristianismo é o único que se atreve a pregar essa mensagem, porque o seu
fundador foi o único que demonstrou isso em todos os seus comportamentos.
A Bíblia faz uma demonstração clara sobre isso quando diz que o sol
brilha sobre os bons e os maus, ou quando cita que as árvores recolhem
sementes de graça, sem arar a terra ou colher, para poder merecê-las. Quando
diz que flores silvestres explodem sobre as encostas rochosas das montanhas,
sem serem cultivadas. Como um visitante de um país estrangeiro que percebe
o que os nativos não percebem, Jesus viu a Graça por toda a parte. Ele disse:
Olhem as aves, elas se alimentam e não se esforçam para isso. E os lírios, eles
trocam de vestes de tempos em tempos sem que nada seja feito. Ele estava
falando de graça quando apontou para isso. Ele viu a graça em todo o lugar.
O ensino que isso nos traz é que não devemos desmerecer a palavra
Graça, por causa do seu grande uso. Não podemos esquecer seu significado e
também não devemos deixar de conhecê-la na sua profundidade, porque isso
nos faria viver um Cristianismo incompleto. Paulo foi muito enfático aos
Gálatas quando se referiu ao conhecimento sobre a Graça. Ele disse: “Não
anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu
inutilmente!” (Gálatas 2:21)
Por isso é tão decisivo entender a Graça, porque quando não entendemos
essa verdade, estamos dizendo com o nosso comportamento que a Cruz de
Cristo foi em vão. Isso é muito sério, uma compreensão equivocada a respeito
da Graça é muito grave; pois não há outro evangelho. Paulo ficou indignado
quando viu os irmãos de Gálatas voltarem para a prática da Lei, pois estava
vendo uma verdade tão fundamental do Evangelho sendo desprezada. Isso
deve provocar em nós um despertamento! Precisamos, a partir disso, ansiar
por conhecer mais sobre o amor e a Graça de Deus.
A revelação mais importante do Universo é que Deus nos ama. Nós
somos objetos da Sua Graça. Você é grandemente favorecido, ricamente
abençoado e poderosamente agraciado. Eu disse anteriormente que nós
ouvimos falar muito a respeito da Graça e não podemos banalizá-la devido sua
grande importância. O mau uso ou o excessivo uso dessa palavra pode fazer
com que nós percamos o real significado dela. Esse deve ser o nosso cuidado,
para que o essencial seja preservado.
A Graça é muito mais do que receber algo grátis ou sem preço. É muito
mais do que isso, Graça é participar da herança de Cristo e da Glória do próprio
Deus, sem ter merecimento algum. É muito mais do que receber um presente,
mas desfrutar de algo. Não simplesmente hoje, mas na eternidade, sem que
nós mereçamos! E quanto a isso, Deus não foi teórico, mas sim prático. A
respeito do Seu amor por nós e da manifestação de Sua Graça, Ele não ficou
apenas em letras ou teorias, Ele enviou o Seu próprio filho!
Quando Deus entregou Jesus, Ele deu para a humanidade a maior
manifestação de amor de todos os tempos. Não seria Hollywood com as suas
histórias, nem os poetas com seus poemas, nem compositores com suas
canções. Não podemos esquecer disso; Deus não foi teórico. Ele enviou Seu
filho por cada um de nós e essa é a maior manifestação de amor que nós
podemos ter. Houve um dia que Ele se fez carne. Cristo é a exata manifestação
do Pai!

“O Filho é o resplendor da glória de Deus e a


expressão exata do seu ser [...]” (Hebreus 1:3).

Quando você olha para o Filho, você vê o Pai. Isso é outra verdade que se
perdeu ao longo do tempo. Ser filho não é apenas dizer: Eu tenho um pai. Mas
é quando as pessoas olham para você e vêem o Seu Pai. O Filho era a expressão
exata, não havia nada de diferente. E essa expressão exata se fez carne e
habitou entre nós só por um motivo; Ele nos amou. Às vezes, essa verdade não
entra em nossa cabeça. Phillip Yancey diz que o homem resiste à graça, porque
ela é ilógica, foge da com preensão. Em algumas circunstâncias a aceitamos
quando nos favorece, mas quando diz respeito ao outro, tendemos a ponderar as
situações.
A Graça não tem nada a ver com o homem. A Graça não pode ser
explicada com uma conta, não tem como, ela é uma revelação do céu para a
terra. É uma natureza divina e só assumimos essa postura quando nós nos
relacionamos com Deus. Paulo fez uma oração no livro de Efésios muito
importante. Ele diz:

Assim habite Cristo em seus corações


mediante a fé; e oro para que vocês,
arraigados e alicerçados em amor, possam,
juntamente com todos os santos,
compreender a largura, o comprimento, a
altura e a profundidade, e conhecer o amor
de Cristo que excede todo conhecimento,
para que vocês sejam cheios de toda a
plenitude de Deus. (Efésios 3:17-19)
Ou seja, você não pode ser completamente cheio da plenitude de Deus
se não tiver uma compreensão exata do Seu amor. Compreender o amor vem
antes de tudo. Se nós estamos pedindo tanto por mais de Deus, nós precisamos
lembrar que para recebermos mais de Deus é necessário deixar algumas
coisas para trás. Então, é inevitável que nesses dias de clamar por mais,
clamar por essa presença que nos encha, nós tenhamos que abandonar coisas.
O Espírito Santo nos pedirá isso! Nós temos que orar nesse sentido, sem medo.
Paulo estava ensinando os irmãos a orarem dessa maneira, porque disso
dependia a plenitude do envolvimento deles com o amor de Deus. Eles
precisavam ter conhecimento da largura, comprimento, altura e profundidade
desse amor.

A largura do amor de Deus


Compreender o amor de Deus na sua largura quer dizer que o amor é largo
porque atinge a todos indistintamente. O amor de Deus vai ao encontro de todos,
não há como escapar. Por mais que nós tenhamos a nossa lista de pessoas
merecedoras ou não merecedoras, se analisarmos profundamente os detentores
desse amor, ainda assim veremos que ele alcança a todos.Conta-se a história de
uma feiticeira que, nos rituais de invocação dos seus deuses, esquartejava, reti
rava os órgãos e sacrificava crianças, porque os Rituais exigiam isso. E essa
mulher um dia teve um encontro com Jesus, depois de matar várias crianças e
de tirar vários órgãos. Que absurdo! Ficamos chocados com isso. Quando ela
se encontrou com Jesus e foi a um culto, as pessoas que conheciam seus
antigos comportamentos não conseguiam tratá-la normalmente.
Vamos parar para pensar sobre isso, se este culto fosse em nossa igreja e
esta pessoa sentasse ao nosso lado. Naturalmente, nós nos assustaríamos,
certo? No campo de nossa compreensão humana isso é inconcebível! Não
haveria possibilidade de tratá-la com amor. Mas, não tenha dúvidas, o amor de
Deus é largo e alcança inclusive aqueles que, aos nossos olhos, não merecem.
Se houvesse uma competição de pecadores e achássemos o que ganharia
medalha de ouro, até mesmo este, seria alcançado pelo amor de Deus.

O comprimento do amor de Deus


O amor de Deus não se define apenas com a largura, ele também é
comprido, extenso, não se pode medir nem ver o seu fim, nem o seu começo.
Ele abrange todos os tempos, não é apenas para o agora, nem só para amanhã,
ele também foi para o ontem, quando estávamos mergulhados no pecado, o
Seu amor também esteve lá. Ele é atemporal! Ele nos amou, criou o caminho
para estarmos onde estamos, escreveu sua história e mesmo quando você
olhava para a sua vida sem esperança, sem sorrisos, carregada de morte, esse
amor estava lá!
Ele nos amou de uma maneira que não podemos compreender,
estávamos distantes, errados, que não haveria jeito de encontrá-lo com
nossas próprias forças, mas o Seu amor nos encontrou! Paulo queria
demonstrar com essa oração que para compreender o amor de Deus é
necessário saber que ele é comprido e nos alcança completamente. Ele nos
perdoou e ainda que o diabo tente nos acusar, ou alguém nos lembre do que já
fizemos de errado, precisamos entender que o amor de Deus apagou nosso
passado, está funcionando no presente e nos prepara um novo tempo para o
futuro! O amor de Deus é isso!
Talvez nos deparemos com pessoas que consideramos ícones e referências
e, de repente, eles sofrem uma queda. Como lidaremos com pessoas assim?
Precisaremos entender que o amor de Deus alcança essa pessoa com perdão,
com graça, com uma nova história. Podendo recomeçar sem acusação. O amor
de Deus precisa ser entendido no seu comprimento.
Não é simplesmente uma amnésia, é o sangue de Jesus que apaga da
memória de Deus o nosso passado. Os seus pecados foram apagados pelo
sangue do Cordeiro e se alguém vier acusar você de algo, peça para ele
conversar com o seu advogado. É simples! Deixe o diabo e as pessoas falando
sozinhos. A verdade é que nós temos um advogado e ele nos conhece melhor
do que ninguém. É impossível entender a Graça na sua exatidão se você não
entender que Deus amou você de maneira absurda, ainda que você tenha uma
história tenebrosa no passado ou que você tenha pecado ontem, Ele ainda
continua sorrindo para você.

A altura do amor de Deus


Quando falamos de altura, estamos falando do
Filho de Deus que desceu do céu e percorreu essa distância. E essa distância
não é uma questão de quilômetros apenas, se é que ela pode ser medida. Quando
assistimos estudiosos falando a respeito das distâncias dos planetas, do universo,
das estrelas e que, biblicamente falando, sabemos que todo o espaço cabe nas
mãos de Deus, ficamos chocados, porque a ciência nos mostra que são números
absurdos e que ninguém consegue captá-los ou distingui-los, nem mesmo um
grande físico PHD.
Paulo está falando sobre isso, para compreendermos qual foi a ação de
amor que Deus teve em nossa direção. Não é só uma questão de distância, mas
é o fato de deixar a Sua Glória, isso vai além de um percurso, é uma distância
de realidades; deixar a Sua Glória para conviver com pecadores amaldiçoados
pelo pecado. Tudo isso apenas porque Ele nos amou!
Quando o homem pecou, a justiça de Deus entrou em ação e, como Ele
é justo, não poderia ir contra a Sua justiça. Mas Ele também é amor, e seu
amor dizia que o homem tinha que ser salvo, então, Ele não podia se
contradizer. Portanto, na cruz a justiça deu um beijo na Graça! O amor com
um beijo apaixonado se encontrou com a Justiça. E o Pai, eu imagino, virou
de costas, pois toda a Sua ira, toda a Sua Justiça e Sua severidade em relação
ao pecado não foi aplicada, mas descarregada por inteiro em Seu Filho para
que eu e você pudéssemos desfrutar somente do Seu amor.

A profundidade do amor de Deus


A profundidade pode ser conhecida – e não há problema nenhum se
alguém descrevê-la assim, - como um amor sem vergonha. É um amor que vai
até a última instância, é profundo, nos encontra onde estivermos. Não é
apenas largo, longo e alto, mas também é um amor profundo. Se quisermos
entender um pouco mais a respeito da profundidade do amor de Deus
precisamos ler na Bíblia a respeito da história de Oséias.
Deus fala com Oséias para que ele se case com uma prostituta. Oséias
casa-se com a prostituta de forma forçada? T. D. Jakes ilustra esta história. Ele
diz que Oséias chega, olha para Gômer e se apaixona por ela. Agora, ele
precisa casar-se com ela. Deus colocou algo em Oséias para que através do
exemplo, daquele chamado, ficasse registrado: “Foi dessa forma que eu amei
vocês. Vocês se prostituíram e pecaram, mas eu não os amei porque meu Pai
me ordenou, mas porque eu sou a própria expressão do amor, não há nada em
mim que seja diferente disso”. Não há nada que possamos fazer para diminuir
ou aumentar esse amor.

“Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse;


mas, onde o pecado abundou, superabundou a
graça.” (Romanos 5:20)

Paulo, com essa citação, quis dizer que ainda que haja muito pecado, o
amor de Deus não sofre variação, Ele continua nos amando independente de
qualquer coisa. Graça é isso, é o favor imerecido que nos alcança,
teologicamente falando. Mas o fato que precisamos entender é que precisamos
tanto da teologia quanto da prática, da revelação pessoal. O amor de Deus, a
graça de Deus é essa manifestação sobre nós. Nós não merecemos, mas Ele nos
amou mesmo assim.
Não precisamos correr ou nos esforçar para obter algo que já é nosso.
Bill Johnson diz que quando você quer ter algo que já é seu, isso é entrar na lei
novamente. Charles Spurgeon diz que quando ficamos tentando ser amados por
alguém que já nos ama, nos tornamos semelhantes a um menino que deixa
uma moeda cair no bueiro e fica horas a fio tentando explicar como aquela
moeda caiu naquele lugar. E então ele se prende aquela situação, sem perceber
que o amor e a aceitação estão lá para que Ele desfrute gratuitamente. É uma
ofensa ao Evangelho e a Deus! Já fomos alcançados.
Quando compreendemos a Graça de Deus nós paramos de ficar
tentando fazer com que Ele nos ame e nos perdoe, então nós devolvemos isso
em gratidão a Deus. Aí começa a adoração genuína. Somos tão constrangidos
pelo amor dEle por nós, que conseguimos concluir que não há nada que
façamos para que Ele nos ame mais, então entregamos gratidão e nos
tornamos verdadeiros adoradores. Por isso, Jesus disse que Maria tinha
escolhido a melhor parte. Não se trata de algo que façamos ou deixemos de
fazer. Não há nada de errado em fazer, contanto que isso não se torne o
centro de tudo para nós.
Quando compreendemos a Graça de Deus o nosso relacionamento com
Ele é afetado. Imagine comigo um garoto que esteja dirigindo um carro que, de
repente, perde o controle e bate em um muro. Ele sai do acidente ileso, mas o
carro e o muro ficam completamente destruídos. O homem que foi prejudicado
com o acidente tem três opções diante dele: 1ª O garoto pagaria o muro
quebrado, consertaria o carro e resolveria os estragos; 2ª Ele pode agir com
misericórdia, deixando que o garoto vá embora sem pagar o prejuízo; 3ª Ele
pode agir com graça; perdoando, construindo um novo muro, pagando o
conserto do automóvel, e dando o seu próprio carro para que o garoto não
ficasse sem carro. Jesus escolheu a 3ª opção, foi isso que Ele fez. Ele não
apenas consertou a nossa vida, não apenas nos livrou de um prejuízo, mas
acima disso, Ele nos deu Jesus, para podermos viver como Jesus viveu,
receber a mesma herança, nos tornar filhos como Jesus é. Ele nos deu a chave
do carro para andarmos e desfrutarmos do Seu amor. Isso é Graça! Isso muda
tudo em nós!
A Graça de Deus nos alcançou. Não é pelo que temos ou fazemos, se
oramos muito, se temos cargos, isso não muda nada. Se o nosso trabalho se
limita a fazermos algo para aumentar o amor de Deus por nós, estaremos
cometendo um grande engano, vivendo uma mentira. O nosso trabalho para
Deus não muda a Sua natureza. Quando compreendemos como é viver essa
Graça, então eu trabalho em gratidão, dizendo: Deus, o que eu posso fazer
para retribuir o Teu amor por mim? Absolutamente nada. Não tente entender
a Graça com a mente humana, pois isso tem tudo a ver com as coisas do céu!
Quando lemos o Evangelho de João, percebemos que ele se refere a si
mesmo como o discípulo que Jesus amava. Assim que devemos nos ver! Quero
desafiar você a viver essa Graça na prática! Ela muda nossa mentalidade!
Sejamos como o filho pródigo. Phillip Yancey chama o pai do filho pródigo de
o “Pai cego”. Há quem pergunte: Mas, será que se o filho pródigo tivesse
economizado seu dinheiro, ele voltaria? Para o seu pai isso não importou. Ele
apenas o recebeu. Será que um garoto que rejeita Jesus em sua adolescência, no
ápice da vida e chegando aos 80 anos, vendo sua vida prestes a acabar aqui na
terra, recebendo a proposta de receber Jesus, novamente, a aceita – talvez
tomado pelo medo do inferno – será salvo? Talvez alguém possa olhar e dizer
que não é justo, pois ele teve oportunidade antes, mas o fato é que Jesus estará
esperando esse homem de 80 anos do mesmo jeito, para desfrutar de toda a
herança que um filho tem direito.
Essa definição de amor não entra facilmente em nossas cabeças,
precisamos da mente do céu e do coração de Deus para desfrutar dessa
Graça. O amor de Deus é largo, comprido, alto e profundo. Excede todo o
entendimento. Somos filhos amados e achados pelo Pai, não aceite outra
definição além dessa, pois isso é tornar a obra da cruz inútil, isso é o mesmo
que dizer que Jesus morreu em vão.
5
O ENCONTRO
DA ONISCIÊNCIA COM AMOR
PROFUNDO

A Grande Descoberta
Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes
quando me sento e quando me levanto; de longe
percebes os meus pensamentos. Sabes muito
bem quando trabalho e quando descanso; todos
os meus caminhos te são bem conhecidos.
Antes mesmo que a palavra me chegue à língua,
tu já a conheces inteiramente, Senhor. Tu me
cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão
sobre mim. Tal conhecimento é maravilhoso
demais e está além do meu alcance, é tão
elevado que não o posso atingir. (Sl 139.1-6)

Sou pastor e fui criado em uma família cristã liderada também por
pastores, passei a minha vida inteira ouvindo a respeito das verdades da
palavra de Deus e do seu grande amor por nós. Após alguns anos
frequentando cultos, participando de atividades na igreja dei-me conta de
que apesar de válido todo o aprendizado com meus pais, líderes, pastores,
livros que li... tudo isso na verdade dependia de uma experiência profunda
e mar- cante com a revelação prática desse amor, caso contrário seriam
apenas informações e ideologias fragilmente tocadas pelos desafios da vida
cristã bíblica.
Nesses anos de experiência, vi muitos deixarem o caminho da fé porque
suas decisões de caminhar com Cristo nasceram apenas de uma ideologia,
mas não de um profundo conhecimento a respeito de como são amados pelo
Pai. Pois bem, falei sobre isso no primeiro capítulo deste livro, mas não custa
lembrar que a caminhada de Jesus com o Pai, não começou nele, mas na
esplêndida revelação do amor do Pai no dia do seu batismo, a céus abertos,
anunciando sua identidade.
Depois de vivenciar algumas experiências pessoais sobre a questão de
ser amado primeiro, percebi que esse é o maior ato de fé que um cristão
precisa ter: o de ser aceito por Deus completamente, apesar de todos os seus
defeitos, imperfeições e incoerências. Podemos pensar que não, mas para
mim, particularmente, isso parecia ser uma tarefa desafiadora, apesar de ter
sido cristão a vida inteira.
Aquilo que já era muito difícil se tornou impossível quando certa vez o
Senhor me fez refletir sobre os seus atributos e, em especial, sobre sua
Onisciência. A palavra onisciência significa saber ilimitado, pleno e absoluto,
sendo este um atributo exclusivo de Deus. Como eu poderia agora crer que o
Senhor me ama me conhecendo tão profundamente? A experiência da
onisciência de Deus parecia não coexistir logicamente com a ideia de que Ele
me aceita completamente.
Deus nos criou com um profundo anseio por amor e aceitação. Se
parássemos para refletir um pouco sobre isso, descobriríamos que a maioria
dos esforços que empreendemos tem como objetivo alcançar aquilo que
acreditamos que nos trará como frutos: o amor, a aceitação e a afirmação.
Durante toda a nossa vida, somos condicionados a conquistar o amor das
pessoas, porque se de um lado a aceitação nos abastece e nos deixa felizes, de
outro a rejeição parece nos drenar e deixar insatisfeitos na mesma proporção.
Quando somos crianças não deciframos muito isso, por essa razão as crianças
são autênticas e não se preocupam muito em representar algo que não são, mas
conforme vamos crescendo e decifrando a moeda de troca do amor humano,
vamos sendo ensinados pelo mundo a ocultar nossos aspectos indesejáveis,
com vistas a evitar sofrimentos e reprovações e, quem sabe, conseguir um
pouco mais de amor. Geralmente, quando vamos nos relacionar com Deus,
agimos de forma semelhante, vivendo uma vida aparentemente religiosa e lhe
mostrando aquilo que achamos que vai fazer Ele nos amar.
Davi, apesar de viver na dispensação da lei, viveu uma pré-estreia do
que viveríamos na dispensação da Graça com o Espírito Santo habitando
dentro de nós. No Salmo 139, claramente vemos Davi tendo uma das maiores
experiências pessoais com a onisciência de Deus descritas na bíblia. Na
verdade Deus já o conhecia, mas no Salmo que citei acima Davi relata a
experiência de sua grande descoberta sobre o conhecimento de Deus.
Provavelmente, o Senhor compartilhou com o seu servo situações,
pensamentos, palavras que não lhe saíram da boca, coisas que somente Davi
sabia... Ele não havia, talvez, se dado conta de como um Deus tão grande
conseguiria saber tudo de alguém tão pequeno. Ora, sabemos que Deus tem
muitos filhos, no mundo há bilhões de pessoas, como Ele pode saber de tudo?
Quando Davi é invadido por essa revelação, suas palavras revelam o
choque que sofreu em seu entendimento humano, ficou extasiado com Deus e
maravilhado com sua grandeza: “Tal conhecimento é maravilhoso demais e
está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir”. Penso que
nesse momento, o Pai lhe revelou segredos íntimos e simples da sua vida coti
diana, que ao ver de Davi não tinham importância, mas que Deus sabia.
A grande descoberta de Davi foi saber que desde sempre ele estava
sendo minuciosamente observado. Não saberíamos disso, a menos que Davi
tivesse experi- mentado Deus nesse nível, o que o salmista viveu foi baseado
numa experiência em seu lugar secreto, entre- tanto não podemos permanecer
confinados à experiên- cia de Davi, existe um salmo 139 para nós escrevermos
em nossos dias.
Quando foi a última vez que você foi desvendado pelo Senhor?

A Fuga e a Revelação do Amor


Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para
onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir
aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama no
inferno, também lá estás. Se eu subir com as asas da
alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo
ali a tua mão direita me guiará e me susterá.
Mesmo que eu dissesse que as trevas me
encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu
redor, verei que nem as trevas são escuras para ti.
A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas
são luz. (Sl 139.7-12)

Ser desvendado por alguém geralmente não é uma posição muito


confortável, sentimos vergonha, principalmente quando somos observados
fazendo coisas reprováveis. Essa foi a primeira consequência e maldição
trazida pelo pecado: Adão se escondeu atrás de uma árvore e Davi assassinou
um homem para encobrir o seu pecado de adultério, tudo isso por temer a
vergonha da exposição, diante de Deus e dos homens.
Os relacionamentos mais difíceis geralmente são os mais profundos.
Relacionamentos superficiais não possuem desafios nem obstáculos para
serem vencidos, há pouca necessidade de perdão e quase nenhum
aborrecimento. Nossa geração é a geração que valoriza esse tipo de
relacionamento, porque geralmente eles não gastam muita energia emocional
para superar frustrações e resolver conflitos, e com a mesma facilidade que
são estabelecidos, são também removidos.
A pergunta de Davi: “Para onde posso ir a fim de escapar do teu
Espírito?” revela o incômodo do coração humano com a onisciência de Deus.
Em outras palavras: “Ei Deus, esse quarto do meu coração você não pode
entrar... Sua aceitação e amor não vão resistir ao que você vai ver aí dentro.
Você não pode entrar no compartimento das palavras não ditas! E dos meus
pensamentos secretos de impureza, inveja... Não eu não quero isso! Vou fugir
de você! Estou com vergonha!”
A fuga é a tentativa seguinte de todo ser humano que se depara com um
relacionamento de intimidade e é exposto por ele. Ninguém gosta de ser
exposto porque exposição para nós é sinônimo de condenação e rejeição, o
ambiente da exposição completa só pode ser vivenciado quando estamos
plenamente seguros no amor incondicional.
Davi surpreendeu-se com a onisciência de Deus, mas sua reação
imediata, assim como Adão, foi tentar escapar. No salmo que escreve,
demonstra ter feito inúmeras tentativas que foram infrutíferas para se
desvencilhar da onisciência, porque no fundo Davi não estava fugindo do amor,
em sua mente ele estava fugindo do encontro que seria supostamente de
condenação e de vergonha. O tempo da fuga se encerra quando ele constata que
mesmo tendo armado sua cama no inferno, o Senhor esteve lá, e aquelas trevas
decorrentes do pecado não O fizeram desistir de Davi. Que experiência de amor!
Davi estava desfalecido com a revelação da graça debaixo da
perspectiva da onisciência. Talvez ele tenha pensado que Deus estaria em todos
os momentos da sua vida, menos no dia do seu pecado, o dia que, creio eu,
armou seu leito no inferno com Bate-Seba. É como se ele dissesse: “Até
quando estive no inferno, mesmo ali, você ficou, poderia ter ido embora, mas
não foi”. Davi estava com vergonha, mas viu que o amor de Deus não se
envergonhou dele, mesmo quando houve motivos suficientes para isso e foi
essa a revelação que tirou o salmista detrás da árvore para se expor.
Quantas vezes estamos bagunçados por dentro, mas o temor da
exposição nos mantém cativos à suposta condenação que acreditamos que
iremos sofrer? Não queremos abrir a porta do quarto da bagunça porque, para
nós, isso significa que vamos ser condenados.
O pecado de Adão nos confinou à sombra de uma árvore e ao sentimento
da vergonha, a cruz de Cristo nos levou à luz que mostra o pecado mais intimo
e profundo que há dentro de nós, não para nos condenar, mas para nos mostrar
que a medida do seu amor supera a gravida- de do pecado, nos fazendo entender
que AINDA que as trevas nos encubram, e que a luz se torne noite ao nosso
redor, veremos que nem as trevas são escuras para Ele. A noite brilhará como o
dia, pois para Ele as trevas são luz. Adão nos deu vergonha, Jesus nos deu a
justiça que nos dá espírito de coragem e ousadia.

Pois não temos um sumo sacerdote que não seja


capaz de compadecer-se das nossas fraquezas, mas
temos o Sacerdote Supremo que, à nossa
semelhança, foi tentado de todas as formas, porém
sem pecado algum. Portanto, acheguemo-nos com
toda a confiança ao trono da graça, para que
recebamos misericórdia e encontremos o poder que
nos socorre no momento da necessidade. (Hb 4.15-
16)

Após a fuga Davi se depara com a cura e imediatamente sua oração muda
de direção, agora Deus se revela ao salmista como um Pai e não como um juiz,
alguém que vê a onisciência como subproduto do amor. A contemplação
geralmente tem a ver com admiração, afeto e atração. Ao contrário do que o
inimigo possa nos fazer pensar, Deus não está nos vigiando esperando uma
falha nossa, Ele nos vê através de Cristo, Ele está nos contemplando, porque
quando nos criou o que disse foi: Muito bom! Veja:

Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre


de minha mãe. Eu te louvo por que me fizeste de
modo especial e admirável. Tuas obras são
maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus
ossos não estavam escondidos de ti quando em
secreto fui formado e entretecido como nas
profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu
embrião; todos os dias determinados para mim
foram escritos no teu livro antes de qualquer deles
existir. Como são preciosos para mim os teus
pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles!
Se eu os contasse seriam mais do que os grãos de
areia. Se terminasse de contá-los, eu ainda estaria
contigo. (Sl 139.13-18)

Davi, aqui não se vê como um pecador afastado de Deus, se vê na


condição de um filho muito amado e contemplado pelo Pai desde a gestação no
ventre de sua mãe. Isso é o que acontece quando nos encontramos com o Pai,
assumimos a visão que Ele tem ao nosso respeito e para Ele, fomos feitos de
modo especial e admirável. Somos maravilhosos! Seus pensamentos ao nosso
respeito não são de acusação, são pensamentos preciosos e incontáveis.
Quando Davi se deu conta desse amor, não tinha mais porque fugir, em seu
coração agora, somente um desejo: Continue me sondando, por favor! Vá
mais fundo e prova-me!

Agora sim, pode entrar!


Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se
em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me
pelo caminho eterno. (Sl 139.23-24)

A experiência de Davi começou com a descoberta da onisciência,


surpreso e amedrontado Davi tentou fugir da vergonha da exposição, mas
uma vez iluminado pela revelação da graça, sua resposta foi a mais completa
rendição. Agora, não é mais o Senhor que o sonda e o observa sem que ele se
dê conta ou permita isso, agora Davi o convida: “Sonda-me e conhece o meu
coração”, essa simples oração revela o coração de um filho que clama por
ser sondado e conhecido pelo Pai, ainda que continue cometendo falhas, o
amor o libertou para abrir as portas do seu coração ao amigo Espírito Santo.
Depois da experiência de ser iluminado pela presença do Pai quando estava
imerso em suas trevas, Davi consegue abrir as portas do seu coração para ser
conhecido e para que o Senhor contemple seus maus caminhos, livremente,
sem fugas. O medo não subsiste diante da revelação do amor verdadeiro.
Davi não só O convida para entrar, mas para entregar o controle da sua
vida nas mãos do Pai. Que revelação! A obediência como consequência da
invasão do amor! O amor de Deus não é mais uma teoria para Davi, ao
contrário, o salmista viveu experiências que tornaram o amor de Deus uma
verdade irrefutável, e pasme, a maior de todas elas aconteceu quando suas
fraquezas, mesmo contra sua vontade, foram expostas e o verdadeiro amor
encobriu suas transgressões. A bíblia nos assegura em Romanos 5:8 que Deus
comprova seu amor por nós pelo fato de ter Cristo morrido em nosso benefício
quando ainda andávamos no pecado. Na dispensação da lei, o pecado nos
afastava de Deus, hoje o pecado não tem mais esse poder, porque Cristo o
venceu na Cruz e, nada mais pode nos separar do amor que está no Filho.
Nosso desafio é realmente nos render a esse amor e convida-lO a entrar e
permitir que Cristo em nós, nos dirija pelo caminho eterno.

Portanto, agora já não há condenação para os


que estão em Cristo Jesus, por- que por meio de
Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou
da lei do pecado e da morte. Porque, aquilo que a
lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida
pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio
Filho, à semelhança do homem pecador, como
oferta pelo peca do. E assim condenou o pecado
na car- ne, a fim de que as justas exigências da lei
fossem plenamente satisfeitas em nós, que não
vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
(Rm 8.14)

Agora já não é mais uma questão de obedecer à lei para a colher amor e
aprovação, é simplesmente crer que apesar de conhecer nossa estrutura, nosso
coração e nossos pensamentos, Ele simplesmente nos aceita e nos ama. E é
essa revelação que nos dá coragem de abrir a porta para que Ele entre e tome o
controle de tudo, exercendo livremente sua paternidade, para nos tornar, com a
nossa permissão, à imagem e semelhança do Filho. Não tente outros
caminhos, esteja certo, não haverá nada que você possa ser ou fazer antes disso,
porque tudo começa no quanto se sabe sobre a verdadeira medida do amor de
Deus.
O nome Davi significa amado. Na bíblia, geralmente os nomes
apontam para o propósito divino, Jesus trocou o nome de Simão e o chamou
de Pedro, porque nomes agregam valor na ótica de Deus. Davi foi um homem
segundo o coração de Deus, porque conseguiu captar a essência do Pai, Ele
nasceu para ser amado, e desvendar essa revelação, em meio a tantas
perseguições, sucesso, e pecados foi o legado que ele deixou para os filhos de
Deus. Seja Davi, em outras palavras, descubra que você é amado e ser um
filho segundo o coração de Deus será mera consequência.
6
A PERSPECTIVA DO
AMOR DE DEUS
Pois os meus pensamentos não são os
pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são
os meus caminhos, declara o Senhor. Assim como
os céus são mais altos do que a terra, também os
meus caminhos são mais altos do que os seus
caminhos e os meus pensamentos mais altos do
que os seus pensamentos. (Isaías 55:8,9)

Um dos maiores desafios que enfrentamos na hora de nos relacionar é


a sabedoria para lidar com pessoas que possuem perspectivas diferentes. Já
ouvimos muito sobre a máxima de que tudo, absolutamente tudo, é relativo,
dependendo do ponto de vista que se tem. E, nesse sentido, vejo que a
perspectiva humana realmente é muito variável e depende da educação que
recebemos, do meio socioeconômico que estamos inseridos, da cultura da
qual fazemos parte, enfim... o ambiente que convivemos define e muito a
nossa perspectiva ou, como muitos dizem, nossa cosmovisão.
Somos uma geração que enaltece essa relativização, vivemos em uma
era predominantemente humanista em que poucos estão realmente
interessados em buscar humildemente conhecer a perspectiva do Criador a
respeito de sua vida. Assim, o primeiro desafio que enfrentaremos se
quisermos compreender os pensamentos de Deus ao nosso respeito é que
precisaremos em muitas ocasiões nos desfazer dos nossos e essa não é uma
tarefa fácil, porque apesar de recebermos uma nova natureza precisamos
lutar para renovar a mente, os pensamentos, as vontades e isso, muitas vezes,
é um processo doloroso.
O anseio de Deus está em se relacionar com o homem e o fato, que todos
sabemos, é que dificilmente duas pessoas que possuem perspectivas diferentes
conseguirão andar juntas por muito tempo, afinal, se não concordam como
poderão andar juntos?! (Amós 3:3). A própria bíblia menciona que esse
relacionamento terá, cedo ou tarde, seu futuro comprometido.
6.1 O lugar onde você está define seu ponto de
vista
No texto bíblico que transcrevemos acima, vemos Deus compartilhar
conosco através do profeta Isaías que seus pensamentos não são como os
nossos pensamentos, para isso compara o lugar em que estamos com o que
Ele está: Assim como os céus estão muito acima da terra, assim meus
pensamentos estão acima dos seus pensamentos.
Convido você a ponderar comigo o que o profeta acabou de mencionar.
Veja bem, se o objetivo de Deus é ter comunhão conosco e isso é impossível
sem que tenhamos a mesma perspectiva, o Seu mover está em nos encorajar
a sair do ambiente da terra e alcançar o céu para ver tudo de onde Deus vê e é,
somente nesse lugar, que podemos, de fato, ter comunhão com Ele.
O interessante é que o Filho, mesmo estando tão acima de nós, se sujeitou
a viver aqui na terra no corpo de um homem para nos compreender, sentir
nossas dores, lutas, tentações e, após toda a jornada como ser humano, retornar
ao céu para advogar por nós junto ao Pai.
Refletindo sobre isso, me lembrei quando criança das viagens de carro,
em ficava observando as árvores da janela e as nuvens também. Apesar do
carro estar em movimento, como eu estava parado dentro dele, acreditava que
tudo ao meu redor estava se movimentando, menos eu. A ilusão era que as
árvores estavam rodando, mas na verdade elas estavam fixas e isso parecia
óbvio, salvo para uma criança que como eu acreditasse que as árvores podem
rodar. Mas o fato é que se eu descesse do carro e ficasse na árvore eu veria,
obviamente, que na verdade os carros é que estavam se movimentando.
Dei esse exemplo para que você entenda melhor que o lugar onde
estamos afeta diretamente nossa forma de enxergar as coisas, e por isso Deus
deseja nos transportar para o céu ainda que fisicamente permaneçamos na terra
para que possamos compreendê-lo, semelhantemente como fez com Jesus que,
mesmo sendo homem, estava profundamente conectado em sua mente ao céu
e por isso foi tão íntimo e amigo de Deus.
Assim, se relacionar com o Senhor é desfrutar do ambiente do céu
mesmo que ainda esteja vivendo na terra, isso é possível e inclusive foi o
conselho dado pelo apóstolo Paulo aos Colossenses no capítulo 3, verso 1 e 2:
“Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são
do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o
pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas” . Como filhos,
precisamos estar convictos acerca da necessidade de estarmos conectados com
a perspectiva do céu, caso contrário nunca poderemos nos relacionar com o
Senhor na medida que Jesus conquistou para nós.

6.2 Como o amor de Deus nos vê?


Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de
revelação, no pleno conhecimento dele. Oro
também para que os olhos do coração de vocês
sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a
esperança para a qual ele os chamou, as riquezas
da gloriosa herança dEle nos santos e a
incomparável grandeza do seu poder para
conosco, os que cremos, conforme a atuação da
sua poderosa força. (Efésios1:17-19)

No texto bíblico que acabamos de ler, vemos um Deus nos levando a


descoberta de que podemos mudar nossa forma de enxergar, inspirados por um
espírito de sabedoria e e tendo iluminado os olhos do nosso coração para que
conheçamos a esperança. Aprendo com isso que todas as vezes que adotarmos
uma perspectiva natural a respeito de nós mesmos, seremos tomados pela
desesperança e, principalmente, pelo desconhecimento das riquezas que nos
foram entregues por herança. Não é à toa que temos uma geração que se sente
oprimida por Satanás e terrivelmente incapaz de desenvolver o seu potencial.
De modo incrível, essas pessoas estão sob um espírito de engano que as fazem
pensar que nunca são boas o suficiente, e essa insegurança as impede de
desfrutar da grandeza incomparável do poder que foi reservada aos filhos.
O amor de Deus nos vê de maneira diferente, não como estamos, mas
como realmente deveria ser. Precisamos permitir que a grandeza do Seu amor
toque no nosso passado, caso contrário, teremos uma visão dos eventos da
nossa vida longe do sangue de Jesus. E, quando vemos assim, nos submetemos
a um espírito de decepção quando deveríamos nos ver a partir do sacrifício de
Jesus por nós.
Ao contrário do que maioria das pessoas pensa, o
Pai não nos vê como pecadores sujos e indignos (Tito 3: 4-6), Ele nos vê através
de Jesus, como filhos regenerados e santos, aptos para realizar toda boa obra que
Ele preparou para nós antes da fundação do mundo. Hoje, infelizmente, vejo
muitos cristãos cativos a uma ideia diabólica de que Deus ao observalos está
constantemente os julgando e apontando as suas falhas, Satanás vai lutar para
fortalecer essa perspectiva porque isso compromete o desfrute do nosso
relacionamento com Pai.
“O pecado tem poder para nos destruir, mas existe um poder superior a ele;
o perdão”. Sempre que você olha para o seu passado desassociado do sangue de
Jesus, você está fazendo um acordo com o acusador. Olhe para o seu passado
pela perspectiva de Deus e não pela sua, não faça acordos com o acusador, pois
se estivermos em concordância com o inimigo, nós damos poder a ele. E quando
damos poder a ele, a destruição é certa!
O sangue de Jesus apagou o nosso passado, mas o diabo fez questão de
guarda-los em nossa mente, mas para usá-los, ele precisa de nossa permissão!
Quando concordamos com ele, então estamos permitindo que ele tenha
autoridade para nos destruir. Mas quando entramos em concordância com
Deus, somos habilitados, então isso nos liberta do poder das mentiras, nos
capacitando a viver de acordo com a vontade de Deus, recebemos um fruto,
que é a liberdade. Toda vez que entramos em concordância com a vontade de
Deus a nossa fé aumenta para viver segundo a perspectiva dEle!
Existem pessoas que pensam que lembrar o seu passado e remoê-lo é
uma forma de demonstrar humildade. Elas pensam: “Hoje eu não estou bem
porque estou lembrando de tudo que eu fazia, isso significa que “sou sujo, sou
pecador e é assim que as coisas tem que ser”. Isso não é humildade, isso é
vergonha! A vergonha tenta simular humildade, mas o fato é ela que
trabalha na contramão da verdade. Quando somos perdoados, o Rei nos dá
permissão para viver como se nunca tivéssemos pecado.
Isso não significa esquecer o passado, mas lembra-lo debaixo de outra
perspectiva: A perspectiva do amor de Deus, que ao invés de enfatizar a miséria
da humanidade, enaltece a Glória do sacrifício do Cordeiro! Afinal para
testemunharmos dessa Glória precisaremos dizer que fomos remidos e lavados
pelo sangue que Ele derramou. Então, nosso pecado será vencido para prestar
culto de adoração ao Cordeiro que venceu e que será exaltado para sempre. Por
quê? Porque quando Ele morreu e se entregou sem manchas e sem máculas, Ele
me perdoou e me purificou de todo o pecado e me deu o direito de não viver mais
sob a perspectiva da condenação.
Então pelo que Ele fez eu O adorarei para sempre. Toda vez que lembro
de onde vim, da lama que Ele me tirou, eu lembro sob outra perspectiva, com
alegria. Deus transforma minhas cicatrizes em pérolas, para que elas sejam
testemunho de adoração e glórias a Ele.

6.3. O sangue de Jesus muda nossa história


pela dele
A forma como Ele nos olha, cheio de amor, é muito sobrenatural! Nossa
mente humana é limitada para entender a profundidade do amor de Deus. Por
isso, Paulo adverte os irmãos de Éfeso acerca da necessidade de terem revelação,
afinal naturalmente não podemos entender, pois ninguém pode nos amar dessa
maneira. Preste atenção nisso: O registro das nossas vidas no jornal de Deus está
a partir do dia que nos encontramos com o Seu perdão. Não há nada escrito lá
antes disso. Mesmo que você tenha pecado ontem, não está registrado!
Veja comigo a história de Sara.

(...) Então disse o Senhor: "Voltarei a você na


primavera, e Sara, sua mulher, terá um filho". Sara
escutava à entrada da tenda, atrás dele. Abraão e
Sara já eram velhos, de idade bem avançada, e
Sara já tinha passado da idade de ter filhos. Por
isso riu consigo mesma, quando pensou: "Depois
de já estar velha e meu senhor já idoso, ainda terei
esse prazer? "Mas o Senhor disse a Abraão: "Por
que Sara riu e disse: ‘Poderei realmente dar à luz,
agora que sou idosa?’ Existe alguma coisa
impossível para o Senhor? Na primavera voltarei a
você, e Sara terá um filho". Sara teve medo, e por
isso mentiu: "Eu não ri". Mas ele disse: "Não
negue, você riu". (Genêsis 18:1-5)

O que acontece neste texto? Se você for a fundo perceberá que Sara está
ouvindo a notícia que os três anjos trouxeram a respeito do nascimento de seu
filho. Ai que ela, ouvindo do outro lado, começou a rir. E não riu de forma
acanhada, mas de forma debochada, pois Sara tinha uma idade avançada, não
poderia engravidar naturalmente, aos seus olhos. Sara ainda comete um
segundo erro, além de rir e debochar da notícia, Sara mente, piorando a
situação que era apenas de incredulidade, e ficando receosa, devido à
repreensão do anjo, mente a respeito de ter rido. Ela não acreditou na
promessa, riu e zombou e mentiu do que Deus havia prometido. Não obstante,
a Bíblia ainda a menciona em outro texto e, de forma surpreendente, a Sara de
Hebreus 11:11, nada tem a ver com a que mencionei acima; que riu e debochou
da promessa. Veja:

Pela fé, Abraão — e também a própria Sara, apesar


de estéril e avançada em idade — recebeu poder
para gerar um filho, porque considerou fiel aquele
que lhe havia feito a promessa.” (Hebreus 11:11)

A Bíblia diz que Sara foi considerada fiel àquele que lhe havia feito a
promessa! Como assim? Sara riu, debochou e mentiu! Ela não confiou na
palavra dos anjos. A palavra de Deus não deveria tê-la mencionado neste
contexto. Certo? Mas sabe o que Deus fez? Provavelmente, depois Sara se
arrependeu. E, quando Deus decide escrever sua história, Ele diz ao anjo:
“Certifique-se que você escreverá algo sobre ela. Escreva que ela é fiel e que
confiou em mim!” O anjo, talvez, questionaria, dizendo: “Mas como? Ela
mentiu e debochou da promessa!” E, Deus, compassivo e amoroso,
responderia: “Escreva isto, eu estou escrevendo a história de Sara a partir da
minha perspectiva.”
Sabe por quê? Porque o sangue de Jesus muda a nossa história pela dele.
Não é por nós ou pelo que podemos fazer, mas por causa dele. A história dele vira
a nossa, por causa do sangue. Se nos arrependemos, é a partir daí que Ele
escreverá a nossa história. Que Sara é essa, que mentiu e debochou da promessa,
mas que em Hebreus 11 é mencionada como uma mulher que confiou na
promessa até o fim? A verdade é que Deus a via dessa maneira! A forma que
Deus nos enxerga é diferente da nossa. Ele nos vê a partir da perspectiva do Seu
amor.

6.4 É necessário experimentar de uma renovação


de mente
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para
que sejam capazes de experimentar e comprovar a
boa, agradável perfeita vontade de Deus. (Romanos
12:2)

Você sabia que a sua mente não renova a si mesma? É por isso que
Paulo diz que é necessário que renovemos a nossa mente. Isso é uma atitude,
um comportamento e decisão. Por isso, se nós pararmos e ficarmos apenas
acreditando nas mentiras do diabo, e se não buscarmos a renovação da mente,
perderemos a perspectiva que Deus tem a nosso respeito. E passamos a viver
segundo o olhar do diabo ou de qualquer pessoa, menos de Deus.
A renovação da mente começa com a nossa nova identidade a partir da
cruz. Uma vez éramos escravos do pecado, mas agora somos escravos da
justiça. Paulo enfatiza isto aos Romanos, “[...] da mesma forma, considerem-
se mortos para o pecado” (Romanos 6:11). Preste atenção! Paulo está falando
de uma atitude, uma maneira de pensar, uma evidência de arrependimento.
Paulo está dizendo: “a partir de agora, tomem uma decisão, considerem-se
mortos para o pecado e ponto final”. Isso é uma decisão, um comportamento,
uma evidência de que houve arrependimento.
Arrependimento é uma mudança na forma de pensamento. Não é
simplesmente dizer “Deus, eu pequei ontem, mas estou me arrependendo”,
não! É uma mudança na forma de pensar. Muitas pessoas pedem perdão, mas
continuam com um olhar errado, enxergando os eventos da sua vida sob uma
perspectiva errada, quando nos vemos assim, somos levados a uma mudança
de mentalidade.
A nossa mente tem poder de inf luenciar os nossos comportamentos,
negativa e positivamente, no entanto, ela não tem poder para mudar a nossa
natureza! Se já nascemos de novo, então nascemos para uma nova natureza,
não mais a velha. Por isso que Paulo disse que se não vemos dessa maneira,
estamos ofendendo a Deus (Galátas 5:1-4). Pois Cristo morreu, e se Ele
morreu, a partir de agora não é uma escolha, precisamos decidir viver como
quem morreu para o pecado definitivamente.

Porque, como imagina em sua alma, assim ele é;


[...] (Provérbios 23:7)
Quando mudamos a nossa forma de pensar e entendemos que morremos
para o pecado, vivemos além de um pensamento positivo, experimentamos de
fato uma conversão. Pela cruz, recebemos um poder em nossas mentes que nos
permite criar um estilo de vida livre, isto é capaz de acontecer porque é
verdade!. Era isto que Paulo estava falando; a partir daquele momen- to, por
meio do sacrifício, podemos assumir para nós uma vida nova, que parte do
princípio de que somos livres de todo pecado e somos considerados mortos
para ele. Para Deus já está consumado, o pecado foi vencido. Dizer que você
pecou é verdade, mas dizer que você é livre do pecado é mais verdade ainda. É
uma ver- dade superior e tremenda!
Antes de você se lançar em direção ao seu destino é indispensável
compreender e ter convicção do que Deus pensa a seu respeito. É por isso que,
muitas pessoas, mesmo sendo jovens ou adolescentes cristãos, com grandes
perspectivas, têm dificuldades de caminhar em direção ao futuro e isso se dá por
não haver a exata com preensão e convicção do que Deus pensa a seu respeito.
De maneira nenhuma podemos pensar diferentes sobre o que Deus
falou a nosso respeito. Pegue sua Bíblia e faça uma lista do que Deus pensa a
seu respeito, exercite isto. Veja alguns deles: Salmos 103: 11,12, Jeremias
31:34, Isaías 44:3-5, Filipenses 1:6 e João 10:29

6.5 O Amor de Deus nos vê como filhos


Se nós queremos viver sob a perspectiva do amor de Deus por nós,
precisamos ter a revelação de um tesouro que está muito bem escondido.
Precisamos desvendar o segredo que Ele guardou.

Eu sou o Senhor; esse é o meu nome! Não darei a


outro a minha glória nem a imagens o meu louvor.
(Isaías 42:8)

A Bíblia diz que Deus não dará a outros a Sua Glória. Existem pessoas
que leem esse texto e dizem que Deus não dá Glória a outros como nós,
porém, a verdade é que nós não somos outros, porque Ele disse que nós
seríamos parte de Seu corpo onde Ele é o cabeça. Se Ele é o cabeça do corpo
e a glória é dele, todo corpo recebe a mesma Glória, pois Ele disse, em sua
oração sacerdotal “[...]Pai, a glória que Tu me deste, eu dou a eles” (João 17).
Fomos criados para viver como príncipes e princesas. Uma vez que Jesus se
sacrificou na cruz, Ele devolveu para nós uma posição de pureza. Não
vivemos mais sob a perspectiva de quem quer pecar, porque nós o amamos.
Na realidade, nós não somos os outros. Em Romanos 3:23, Paulo diz que
todos nós pecamos e fomos destituídos da Glória e se fomos afastados, é porque
um dia estivemos nela. Jesus morreu para que o plano original fosse refeito e
nós retornássemos para Sua glória. Se você é fruto do sacrifício de Jesus na cruz,
eu tenho uma notícia: Tudo já aconteceu, está consumado! Jesus agora pode nos
devolver o que perdemos por causa do pecado e se fomos perdoados nos
tornamos príncipes e princesas que podem desfrutar da Glória e do amor de
Deus.

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