Reanimação Cardiopulmonar
Reanimação Cardiopulmonar
Reanimação Cardiopulmonar
DIRETORIA DE SAÚDE
CENTRO DE RESGATE E ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
7. REANIMAÇÃO
CARDIORESPIRATÓRIA E
DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS
AÉREAS
7.1 Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma interrupção abrupta da atividade cardíaca
de bomba, sendo caracterizada pela ausência de circulação sanguínea capaz de gerar pulso
central. Em determinados casos há atividade elétrica e até movimento cardíaco, mas este
não é capaz de gerar débito cardíaco.
Diversas causas levam o paciente a desenvolver uma PCR, uma delas é a obstrução
de vias aéreas por corpo estranho (OVACE), situação em que o paciente apresenta
dificuldade respiratória. Esses eventos são de extrema gravidade e exigem uma resposta
assistencial rápida e organizada dos serviços de urgência e emergência.
Nas PCR, quatro ritmos são possíveis: fibrilação ventricular (FV), taquicardia
ventricular sem pulso (TVSP), Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) e assistolia. A FV e a
TVSP são ritmos que, quando tratados com terapia elétrica (desfibrilação) e reanimação
cardiopulmonar (RCP) precoces, apresentam boas taxas de retorno à circulação espontânea.
No entanto, a AESP e a assistolia são ritmos em que a desfibrilação não é indicada, portanto
a assistência deve ser focada na RCP de qualidade, na administração de drogas e na
identificação de possíveis causas da PCR.
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3º elo – RCP de alta qualidade: espera-se que uma criança ou um lactente em PCR
receba a RCP o mais precocemente possível, seja de um socorrista profissional ou de um
leigo. Apesar de mais comum a PCR por ritmos não chocáveis (assistolia e AESP) em
crianças e lactentes, é recomendado o uso de DEA, assim que disponível na cena, tanto para
monitorização da qualidade da RCP (quando disponível) quanto para desfibrilação precoce,
atentando para o uso de pás de tamanho adequado.
4º elo – ressuscitação avançada: por meio do SAV, a equipe de atendimento pode
intervir com recursos invasivos a fim de conseguir a reversão do quadro por tratamento
direto da PCR ou de suas causas.
5º elo – cuidados pós-PCR: após o retorno espontâneo da circulação, é fundamental
que o indivíduo receba cuidados especializados para sua estabilização.
6º elo – recuperação: vide descrição nos elos de RCP adulto.
7.4 Conduta
As condutas adotadas pela equipe de socorristas do CBMMS devem ser executadas
com a estrita observância dos limites de sua competência legal e profissional.
Procedimentos invasivos deverão ser realizados apenas por profissionais habilitados para tal
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função. A atuação dos socorristas deve reforçar os elos da cadeia de sobrevivência naquilo
que lhes diz respeito. A seguir é descrita a sequência de procedimentos de RCP:
1. gerenciamento de riscos;
2. avaliação do nível de resposta do paciente;
3. avaliação da respiração e do pulso simultaneamente em no máximo 10 segundos
em pacientes sem resposta;
4. solicitação de Suporte Avançado.
A RCP não deve ser iniciada caso a vítima apresente sinais óbvios de óbito: rigidez
cadavérica, decomposição corporal e/ou presença de livores.
● Após verificar novamente a respiração e o pulso, proceder conforme o caso. Continuar a reanimação
respiratória caso a PR persista ou iniciar RCP na presença de PCR.
● Para a realização de qualquer ventilação de resgate, socorristas do CBMMS devem utilizar algum
dispositivo de barreira (BVM, pocket mask, entre outros).
● Cada ventilação dura 1 segundo.
● Observar a ocorrência de hipóxia ou hiperventilação.
● Comprimir a bolsa aproximadamente 50%, que equivale a 600 ml de volume corrente (BVM adulto),
suficiente para causar a expansão torácica efetiva.
● Monitorar a oximetria de pulso, visando a uma SpO2 acima de 94%.
● Usar a técnica do C e do E, na qual o C (dedos polegar + indicador) irá proporcionar uma melhor vedação
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da mascarilha, e o E (demais dedos) irá proporcionar uma hiperextensão cervical e melhor abertura das
vias aéreas.
● Evitar a hiperextensão em pacientes de trauma cervical, em que se utiliza a elevação da mandíbula.
● Caso seja possível, a ventilação em dupla será mais eficaz.
● Se não forem obtidas ventilações eficazes mesmo com o uso da técnica correta, deve-se pensar na
obstrução de via aérea pela queda da língua; neste caso pode-se usar a cânula orofaríngea (o socorrista
deve certificar-se do estado de inconsciência e da ausência dos reflexos de tosse/vômito).
● Em lactentes e crianças com pulso, mas esforço respiratório ausente ou inadequado, é aconselhável
fornecer uma respiração a cada 2 ou 3 segundos (20 a 30 respirações por minuto).
Fonte: American Heart Association, 2020, com adaptações
Vale ressaltar ainda que uma vítima de PR pode facilmente evoluir para uma PCR,
portanto, deve-se solicitar o serviço avançado e o DEA o mais breve possível.
Ventilação (em caso de Uma a cada seis Uma a cada dois a três Uma a cada dois a três
via aérea avançada) segundos segundos segundos
Forma das compressões Mãos sobrepostas Mãos sobrepostas ou Um socorrista: dois dedos
apenas uma mão Dois socorristas:
polegares sobrepostos
*Uma mão se houver
dificuldade em se
conseguir rebaixamento
de pelo menos 1/3 do
diâmetro anteroposterior
do tórax
Minimizar as interrupções das compressões. Elas não devem ultrapassar mais de dez segundos.
Alternar os responsáveis pelas compressões a cada dois minutos ou antes, se houver cansaço.
A RCP deve ser realizada em superfície plana, horizontal e rígida. Colchões têm o
potencial de dissipar a força das compressões, portanto, as RCPs não devem ser realizadas
nessas condições. O socorrista deve ficar ajoelhado ao lado do paciente e posicionar suas
mãos e seus braços corretamente, de acordo com a idade do paciente. Com os braços
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alcançando até 85%, que se realizados em até três a cinco minutos do início da PCR
alcançam taxas de sobrevida de 50% a 70% (BERNOCHE, 2019).
Em situações de PCR não presenciada, bem como em ocorrências distintas, como
afogamento ou asfixia em locais de difícil acesso, a indicação prioritária é o início da RCP
o mais breve possível, e o socorrista só poderá abandonar a vítima para buscar apoio
depois de terminados dois minutos de RCP, ou em caso de resposta positiva às manobras
iniciais, situação em que não se faz necessária a continuação da RCP.
Caso a PCR não seja presenciada em pacientes pediátricos, recomenda-se que os
socorristas realizem dois minutos de RCP e logo em seguida deixem o DEA analisar o
ritmo. Além disso, em situação de bradicardia (menor que 60 bpm), com sinais de
hipoperfusão e alterações clínicas, o paciente também deve ser reanimado.
Não obstante, vale ressaltar que na presença do DEA sua utilização é imperativa
tanto em paradas presenciadas como nas não presenciadas.
7.6 DESFIBRILAÇÃO
A desfibrilação é o terceiro elo da cadeia de sobrevivência de um paciente adulto.
No suporte básico de vida pré-hospitalar, a desfibrilação é realizada utilizando-se um
Desfibrilador Externo Automático (DEA). Embora seja um dispositivo de fácil utilização, é
necessário que tanto os socorristas quanto os leigos recebam treinamento adequado.
O DEA deve ser instalado e utilizado assim que estiver disponível. Em casos de FV
e TVSP, o desfibrilador indicará o choque. Caso o ritmo seja de AESP ou assistolia, ritmos
não chocáveis, a assistência volta-se para a RCP de qualidade, administração de drogas e
tratamento de possíveis causas quando o Suporte Avançado de Vida estiver disponível.
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E F
E: Compressão abdominal - Gestante; F: Compressão abdominal - Criança
PARA LACTENTES
1. Abordagem: perguntar aos pais e/ou responsável se pode ajudar;
2. Interagir com o lactente, em busca de choro, emissão de sons ou padrão
respiratório anormal, a fim de discernir entre obstrução total ou parcial;
3. Estímulo de tosse: o movimento da tosse ajuda a exercer pressão e a expelir o
objeto ou alimento;
4. Cinco manobras de tapotagem por cinco compressões torácicas: posicionar o
lactente de forma que ele fique em decúbito ventral sobre um dos membros
superiores do socorrista em uma inclinação de 45º, com a linha da cabeça
inferior à linha dos pés. Com a mão livre, de forma aberta, executar os tapas
entre as escápulas do paciente. Em seguida, deve haver uma inversão de
posição, na qual o lactente deve ficar agora em decúbito dorsal sobre o outro
membro do socorrista, mantendo-se a mesma inclinação. Agora, utilizando a
mão livre, com dois dedos, comprimir a região do tórax logo abaixo da linha
intermamilar do lactente (evitando-se o processo xifoide); executar cinco
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DESOBSTRUÇÃO EM LACTENTES
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REFERÊNCIAS
COSTA, M. P. F. Suporte básico de vida. In: MAGALHÃES, C. C. et al. Tratado de cardiologia – Socesp.
3. ed. Barueri: Manole, 2015. p. 995-1002.
HÜPFL, M. et al. Chest compression-only CPR: a meta-analysis. Lancet, Londres, v. 376, n. 9752, p.
1552-1557, nov. 2012.
IWAMI, T. et al. Chest compression-only cardiopulmonary resuscitation for out-of- hospital cardiac
arrest with public-access defibrillation: a nationwide cohort study. Circulation, v. 126, p. 2844-2851,
dez. 2012.
KLEINMAN, M. E. et al. Part 5: Adult basic life support and cardiopulmonary resuscitation quality:
2015 American Heart Association Guidelines Update for cardiopulmonary resuscitation and
emergency cardiovascular care. Circulation, v. 132, p. S414435, out. 2015.
PHTLS. Atendimento Pré-Hospitalar ao traumatizado. 9. ed.: Jones & Barlett Learning, 2020.
SARMENTO, G. Fisioterapia respiratória de A a Z. Barueri: Manole, 2016