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Reanimação Cardiopulmonar

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

DIRETORIA DE SAÚDE
CENTRO DE RESGATE E ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

7. REANIMAÇÃO
CARDIORESPIRATÓRIA E
DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS
AÉREAS
7.1 Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma interrupção abrupta da atividade cardíaca
de bomba, sendo caracterizada pela ausência de circulação sanguínea capaz de gerar pulso
central. Em determinados casos há atividade elétrica e até movimento cardíaco, mas este
não é capaz de gerar débito cardíaco.
Diversas causas levam o paciente a desenvolver uma PCR, uma delas é a obstrução
de vias aéreas por corpo estranho (OVACE), situação em que o paciente apresenta
dificuldade respiratória. Esses eventos são de extrema gravidade e exigem uma resposta
assistencial rápida e organizada dos serviços de urgência e emergência.
Nas PCR, quatro ritmos são possíveis: fibrilação ventricular (FV), taquicardia
ventricular sem pulso (TVSP), Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) e assistolia. A FV e a
TVSP são ritmos que, quando tratados com terapia elétrica (desfibrilação) e reanimação
cardiopulmonar (RCP) precoces, apresentam boas taxas de retorno à circulação espontânea.
No entanto, a AESP e a assistolia são ritmos em que a desfibrilação não é indicada, portanto
a assistência deve ser focada na RCP de qualidade, na administração de drogas e na
identificação de possíveis causas da PCR.
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7.2 Elos da Cadeia de Sobrevivência


Para otimização e maior efetividade da assistência à PCR fora do hospital
preconiza-se que as condutas adotadas sejam interdependentes e unificadas em uma cadeia
de sobrevivência. Para o pré-hospitalar, a cadeia de sobrevivência é composta por:

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA PARA PCR ADULTO EXTRA-HOSPITALAR

1º elo – acionamento do serviço médico de emergência: é recomendável que a


população seja treinada para o reconhecimento rápido da PCR e também para acionar os
serviços de emergência. Nesse aspecto, também se faz necessário que esses serviços de
emergência possuam profissionais capacitados para orientar esse reconhecimento e para
orientar o início da RCP por telefone.
2º elo – RCP de alta qualidade: espera-se que um indivíduo em PCR receba a RCP o
mais precocemente possível, seja de um socorrista profissional ou de um leigo. Novas
evidências trazidas pelas Diretrizes da American Heart Association (2020) mostram que o
risco de danos ao paciente que recebe as compressões torácicas quando não está em PCR é
baixo. Além disso, a RCP de qualidade é um ponto crucial para a obtenção de melhores taxas
de sobrevida.
3º elo – desfibrilação: em locais de grande aglomeração e circulação de pessoas
devem estar disponíveis Desfibriladores Externos Automáticos (DEA), distribuídos em seus
espaços físicos e de fácil acesso.
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4º elo – ressuscitação avançada: por meio do SAV, a equipe de atendimento pode


intervir com recursos invasivos a fim de conseguir a reversão do quadro por tratamento
direto da PCR ou de suas causas.
5º elo – cuidados pós-PCR: após o retorno espontâneo da circulação, é fundamental
que o indivíduo receba cuidados especializados para sua estabilização.
6º elo - recuperação: o processo de recuperação do paciente continua por muito
tempo depois da hospitalização. As Diretrizes da American Heart Association (2020)
recomendam que os sobreviventes de PCR recebam avaliação de reabilitação multimodal e
tratamento para prejuízos fisiológicos, neurológicos e cognitivos antes da alta.

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA PARA PCR PEDIÁTRICA EXTRA-HOSPITALAR

1º elo – prevenção: a PCR nas crianças e em lactentes é tipicamente o resultado da


deterioração progressiva das funções respiratórias e/ou circulatórias, sendo a assistolia e a
AESP os ritmos mais frequentemente observados. Com isso, a prevenção, o reconhecimento
precoce e o emprego imediato das manobras de RCP são fundamentais para o aumento das
taxas de sobrevida, visto que neonatos, lactentes e crianças pequenas têm maior
probabilidade de desenvolver bradicardia causada por hipoxemia.
2º elo – acionamento do serviço médico de emergência: é recomendável que a
população seja treinada para o reconhecimento rápido da PCR e também para acionar os
serviços de emergência. Nesse aspecto, também se faz necessário que esses serviços de
emergência possuam profissionais capacitados para orientar esse reconhecimento e para
orientar o início da RCP por telefone.
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3º elo – RCP de alta qualidade: espera-se que uma criança ou um lactente em PCR
receba a RCP o mais precocemente possível, seja de um socorrista profissional ou de um
leigo. Apesar de mais comum a PCR por ritmos não chocáveis (assistolia e AESP) em
crianças e lactentes, é recomendado o uso de DEA, assim que disponível na cena, tanto para
monitorização da qualidade da RCP (quando disponível) quanto para desfibrilação precoce,
atentando para o uso de pás de tamanho adequado.
4º elo – ressuscitação avançada: por meio do SAV, a equipe de atendimento pode
intervir com recursos invasivos a fim de conseguir a reversão do quadro por tratamento
direto da PCR ou de suas causas.
5º elo – cuidados pós-PCR: após o retorno espontâneo da circulação, é fundamental
que o indivíduo receba cuidados especializados para sua estabilização.
6º elo – recuperação: vide descrição nos elos de RCP adulto.

7.3 Sinais e Sintomas Associados à PCR

Os sinais clássicos definidores da PCR são a ausência de resposta, de respiração e


de circulação (pulso central). A respiração é avaliada com a observação da ausência de
movimentos respiratórios ou de uma respiração não efetiva (gasping). Por sua vez, a
circulação é verificada pela palpação (dedos indicador e médio) de artérias centrais em um
tempo máximo de 10 segundos. A escolha da artéria de preferência depende da idade do
paciente:

● adultos (depois da puberdade): pulso carotídeo;


● crianças (de 1 ano de idade até a puberdade): pulso carotídeo;
● lactentes (28 dias de vida até um 1 de idade): pulsos braquial ou femoral.

7.4 Conduta
As condutas adotadas pela equipe de socorristas do CBMMS devem ser executadas
com a estrita observância dos limites de sua competência legal e profissional.
Procedimentos invasivos deverão ser realizados apenas por profissionais habilitados para tal
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função. A atuação dos socorristas deve reforçar os elos da cadeia de sobrevivência naquilo
que lhes diz respeito. A seguir é descrita a sequência de procedimentos de RCP:
1. gerenciamento de riscos;
2. avaliação do nível de resposta do paciente;
3. avaliação da respiração e do pulso simultaneamente em no máximo 10 segundos
em pacientes sem resposta;
4. solicitação de Suporte Avançado.

A RCP não deve ser iniciada caso a vítima apresente sinais óbvios de óbito: rigidez
cadavérica, decomposição corporal e/ou presença de livores.

PARADA RESPIRATÓRIA (PR)


Situação na qual a circulação está presente, mas o paciente não respira, ou
apresenta gasping. Neste caso, a conduta é a reanimação respiratória apenas com
ventilações de resgate.

VENTILAÇÕES NA REANIMAÇÃO RESPIRATÓRIA


ADULTO CRIANÇA OU LACTENTE
uma ventilação a cada 6 segundos; uma ventilação a cada 2 a 3 segundos;
dez ventilações por minuto; vinte a trinta ventilações por minuto;
ao final, checar novamente respiração e pulso. ao final, checar novamente respiração e pulso.

● Após verificar novamente a respiração e o pulso, proceder conforme o caso. Continuar a reanimação
respiratória caso a PR persista ou iniciar RCP na presença de PCR.
● Para a realização de qualquer ventilação de resgate, socorristas do CBMMS devem utilizar algum
dispositivo de barreira (BVM, pocket mask, entre outros).
● Cada ventilação dura 1 segundo.
● Observar a ocorrência de hipóxia ou hiperventilação.
● Comprimir a bolsa aproximadamente 50%, que equivale a 600 ml de volume corrente (BVM adulto),
suficiente para causar a expansão torácica efetiva.
● Monitorar a oximetria de pulso, visando a uma SpO2 acima de 94%.
● Usar a técnica do C e do E, na qual o C (dedos polegar + indicador) irá proporcionar uma melhor vedação
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da mascarilha, e o E (demais dedos) irá proporcionar uma hiperextensão cervical e melhor abertura das
vias aéreas.
● Evitar a hiperextensão em pacientes de trauma cervical, em que se utiliza a elevação da mandíbula.
● Caso seja possível, a ventilação em dupla será mais eficaz.
● Se não forem obtidas ventilações eficazes mesmo com o uso da técnica correta, deve-se pensar na
obstrução de via aérea pela queda da língua; neste caso pode-se usar a cânula orofaríngea (o socorrista
deve certificar-se do estado de inconsciência e da ausência dos reflexos de tosse/vômito).
● Em lactentes e crianças com pulso, mas esforço respiratório ausente ou inadequado, é aconselhável
fornecer uma respiração a cada 2 ou 3 segundos (20 a 30 respirações por minuto).
Fonte: American Heart Association, 2020, com adaptações

Vale ressaltar ainda que uma vítima de PR pode facilmente evoluir para uma PCR,
portanto, deve-se solicitar o serviço avançado e o DEA o mais breve possível.

PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR)


Se durante a avaliação não for constatada a presença de pulso carotídeo (adulto), o
paciente está em PCR. Desse modo, a RCP deve ser iniciada imediatamente.
A relação universal de compressões com ventilações na PCR é de trinta
compressões por duas ventilações, mantendo-se aproximadamente cinco ciclos em um
intervalo médio de dois minutos em caso geral de adultos, independentemente do número de
socorristas. Em caso de crianças/lactentes atendidas por um ou mais socorristas, essa
relação passa obrigatoriamente para 15 compressões por duas ventilações, mantendo-se
aproximadamente dez ciclos no mesmo intervalo de dois minutos.
A RCP de qualidade é essencial para o aumento das chances de sobrevivência do
paciente.
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ORIENTAÇÕES DA RCP DE ALTA QUALIDADE


FAIXA ETÁRIA
CONDUTA
ADULTO CRIANÇA LACTENTE
Ritmo 100 a 120/min 100 a 120/min 100 a 120/min

Regra geral Cinco ciclos de 30 x 2 Dez ciclos de 15 x 2 Dez ciclos de 15 x 2


(compressão x
ventilação)

Profundidade 5 a 6 cm 5 cm 1/3 do diâmetro


anteroposterior do tórax

Ventilação (em caso de Uma a cada seis Uma a cada dois a três Uma a cada dois a três
via aérea avançada) segundos segundos segundos

Retorno do tórax Completo Completo Completo

Forma das compressões Mãos sobrepostas Mãos sobrepostas ou Um socorrista: dois dedos
apenas uma mão Dois socorristas:
polegares sobrepostos
*Uma mão se houver
dificuldade em se
conseguir rebaixamento
de pelo menos 1/3 do
diâmetro anteroposterior
do tórax

Localização Metade inferior do Metade inferior do Logo abaixo da linha


esterno esterno mamilar

Minimizar as interrupções das compressões. Elas não devem ultrapassar mais de dez segundos.

Alternar os responsáveis pelas compressões a cada dois minutos ou antes, se houver cansaço.

Se disponível, utilizar um dispositivo de monitoramento da qualidade da RCP.


Fonte: Pediatric Basic and Advanced Life Support: 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency
Cardiovascular; Adult Basic and Advanced Life Support: 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and
Emergency Cardiovascular Care, com adaptações

A RCP deve ser realizada em superfície plana, horizontal e rígida. Colchões têm o
potencial de dissipar a força das compressões, portanto, as RCPs não devem ser realizadas
nessas condições. O socorrista deve ficar ajoelhado ao lado do paciente e posicionar suas
mãos e seus braços corretamente, de acordo com a idade do paciente. Com os braços
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esticados, as mãos devem ser posicionadas na metade inferior do esterno em adultos e


crianças. A utilização de uma ou duas mãos em crianças dependerá da compleição física
delas.
Em lactentes, compressões são realizadas com dois dedos, posicionados logo
abaixo da linha imaginária entre os mamilos sobre o esterno, podendo também ser utilizado
o “abraço torácico” comprimindo com os polegares no emprego de um socorrista
exclusivamente para compressão, sem comprimir o apêndice xifóide.
Em paciente adulto e intubado ou com outro dispositivo de via aérea avançada, as
compressões passam a ser ininterruptas e deve ser ofertada uma ventilação a cada seis
segundos (dez ventilações por minuto) por um período de dois minutos. Após esse tempo
será realizada uma nova análise do ritmo cardíaco e/ou checagem da presença de pulso e
respiração.

POSICIONAMENTO PARA AS COMPRESSÕES

A: adulto; B: criança; C: lactente e D: “abraço torácico” em lactente


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● Acionar, logo que constatada a PCR, o Suporte Avançado de Vida.


● Adicionar o DEA o mais rápido possível e seguir seus comandos.
● Na ausência do DEA, o pulso deverá ser checado a cada 2 minutos.
● Utilizando o DEA, a RCP será interrompida apenas ao comando deste, sendo a
checagem de pulso obrigatória caso o dispositivo não identifique um ritmo
chocável.
● As ventilações devem ser realizadas adequadamente (o oxigênio suplementar
deve ser acoplado ao BVM o mais rápido possível).
● Quando um dispositivo de barreira para ventilação (BVM, pocket mask, entre
outros) não estiver disponível, a RCP deverá ser realizada apenas com as
compressões torácicas durante 2 minutos.
● A RCP só deve ser cessada caso haja sinais de retorno da circulação
espontânea (tosse, movimentos de braços e pernas), por orientação médica
e/ou por exaustão dos socorristas na cena.
● A PCR em situações especiais será abordada em capítulos específicos
(emergências obstétricas e afogamentos).

7.5 PCR PRESENCIADA E NÃO PRESENCIADA


Em situação de PCR presenciada pelo socorrista, a prioridade é acionar o serviço
avançado e solicitar um DEA, posto que, neste caso, a desfibrilação tem o melhor
benefício para a vítima. Salienta-se ainda que tais condições extra-hospitalares
apresentam uma estatística considerável: cerca de 56% a 74% dos eventos são casos de
ritmos chocáveis, sobretudo em situação de fibrilação ventricular (FV), na qual a melhor
conduta é a desfibrilação precoce. Sabe-se que a cada minuto transcorrido do início do
evento arrítmico súbito sem desfibrilação a probabilidade de sobrevivência diminui em 7%
a 10%. Programas de RCP com uso de desfibrilador externo automático (DEA) precoce
realizados por leigos têm proporcionado taxas de sobrevivência muito otimistas,
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alcançando até 85%, que se realizados em até três a cinco minutos do início da PCR
alcançam taxas de sobrevida de 50% a 70% (BERNOCHE, 2019).
Em situações de PCR não presenciada, bem como em ocorrências distintas, como
afogamento ou asfixia em locais de difícil acesso, a indicação prioritária é o início da RCP
o mais breve possível, e o socorrista só poderá abandonar a vítima para buscar apoio
depois de terminados dois minutos de RCP, ou em caso de resposta positiva às manobras
iniciais, situação em que não se faz necessária a continuação da RCP.
Caso a PCR não seja presenciada em pacientes pediátricos, recomenda-se que os
socorristas realizem dois minutos de RCP e logo em seguida deixem o DEA analisar o
ritmo. Além disso, em situação de bradicardia (menor que 60 bpm), com sinais de
hipoperfusão e alterações clínicas, o paciente também deve ser reanimado.
Não obstante, vale ressaltar que na presença do DEA sua utilização é imperativa
tanto em paradas presenciadas como nas não presenciadas.

7.6 DESFIBRILAÇÃO
A desfibrilação é o terceiro elo da cadeia de sobrevivência de um paciente adulto.
No suporte básico de vida pré-hospitalar, a desfibrilação é realizada utilizando-se um
Desfibrilador Externo Automático (DEA). Embora seja um dispositivo de fácil utilização, é
necessário que tanto os socorristas quanto os leigos recebam treinamento adequado.
O DEA deve ser instalado e utilizado assim que estiver disponível. Em casos de FV
e TVSP, o desfibrilador indicará o choque. Caso o ritmo seja de AESP ou assistolia, ritmos
não chocáveis, a assistência volta-se para a RCP de qualidade, administração de drogas e
tratamento de possíveis causas quando o Suporte Avançado de Vida estiver disponível.
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RITMOS CARDÍACOS QUE PODEM SER ENCONTRADOS EM UMA CENA DE PCR

7.6 PASSO A PASSO DA UTILIZAÇÃO DO DEA


1. Ligar o aparelho.
2. Em caso de umidade, secar o local onde as pás serão aplicadas.
3. Aplicar as pás sobre o tórax (paraesternal à direita e ápex cardíaco - utilizar a
indicação do local de aplicação representado nas pás do DEA).
4. Conectar os cabos das pás ao DEA.
5. O DEA iniciará a análise do ritmo ”não toque no paciente”.
6. Choque indicado: afastar-se do paciente e certificar-se de que ninguém toque a
vítima, inclusive o socorrista! Deve-se ter certeza visual e verbal de que
ninguém está em contato físico com o paciente. Não se pode realizar RCP
enquanto o DEA carrega ou enquanto ele analisa o ritmo. Após a realização do
choque, a RCP deve ser reiniciada imediatamente.
7. Choque não indicado: as compressões de RCP devem ser reiniciadas de
imediato.
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FLUXOGRAMA DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (SBV) EM ADULTOS E CRIANÇAS


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7.7 CUIDADOS PÓS-PCR

É necessário que se tenha alguns cuidados com o paciente pós-PCR ainda no


Atendimento Pré-Hospitalar. Portanto, caso ele retorne à circulação espontânea, é
importante:

● deixar as pás instaladas e não desligar o aparelho até a chegada ao hospital ou


até que o suporte avançado assuma o paciente;
● colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo de segurança;
● monitorar constantemente os sinais vitais durante o transporte;
● controlar os parâmetros respiratórios do adulto de forma que seja mantido
SpO2 entre 92% e 98% e SpO2 entre 94% e 99% para crianças e lactentes;
● elevar a cabeceira a 30º;
● evitar hipotermia em pacientes;
● os pacientes pediátricos devem ser avaliados com relação a convulsões e o
estado epiléptico, e qualquer crise convulsiva deve ser tratada.

POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA


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7.8 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE)


Diversas são as causas de obstrução de vias aéreas (língua, trauma, etc.), mas a
atenção especial é para aquela obstrução causada por um corpo estranho, como, por
exemplo, alimentos, dentes avulsionados, balas e chicletes. Uma OVACE, se não revertida
rapidamente, pode trazer graves consequências, tais como má oxigenação dos tecidos
celulares (hipóxia) e, consequentemente, parada respiratória ou cardiorrespiratória.

7.9 SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS À OVACE


Uma OVACE pode ser parcial ou total. Na parcial, as vias aéreas ficam mais estreitas,
mas permitem alguma passagem de ar, por isso o paciente ainda consegue respirar e até
mesmo falar. Neste caso, o socorrista deve apenas incentivar o paciente a tossir para que o
objeto obstrutor seja expelido.
Na obstrução total, o ar não encontra espaço para passar e o paciente entra em
sofrimento respiratório grave, apresentando agitação e, por vezes, cianose. Neste caso, o
paciente deverá receber manobras de desobstrução imediatamente.

7.10 CONDUTA EM OVAC


Tanto em adultos como em crianças maiores de 1 ano de idade e em lactentes,
utilizam -se as manobras de tapotagem (tapas entre as escápulas) e de compressão
abdominal, intercalando-as, com exceção de gestantes e obesos, que deverão receber
apenas compressões torácicas. A prática das manobras de desobstrução em lactentes
diferem-se daquelas aplicadas em adultos e crianças maiores de 1 ano de idade,
conforme será descrito a seguir. Essas manobras de desobstrução devem ser realizadas
até que ocorra a desobstrução ou até que o paciente fique inconsciente. Neste último
caso, o paciente deverá receber manobras de RCP.
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PARA ADULTOS E CRIANÇAS


Como dito anteriormente, o paciente poderá apresentar parada respiratória e,
como consequência, parada cardiorrespiratória decorrente da obstrução das vias aéreas
superiores. Diante disso, é necessário que o socorrista siga os seguintes procedimentos:
1. Abordagem ao paciente: perguntar se pode ajudar com o intuito de descobrir
se a obstrução é parcial ou total;
2. Estímulo de tosse: o movimento da tosse ajuda a exercer pressão e a expelir o
objeto ou alimento;
3. Manobra de tapotagem: posicionar-se de lado e ligeiramente atrás da vítima,
segurando o tórax dela com a mão não dominante e inclinando-a para frente de
modo que caso o objeto que causa a obstrução seja liberado, se facilite a sua
saída pela boca; aplique 5 tapas na região interescapular com a mão
dominante, utilizando a região central da mão;
4. Manobra de compressão abdominal (Manobra de Heimlich): posicionar-se
atrás do paciente, de forma lateralizada, com uma das mãos fechada e a face
do polegar encostando entre o processo xifóide e a cicatriz umbilical, com a
outra mão espalmada sobre a primeira; comprimir a região indicada, exercendo
pressão. Caso a obstrução ainda persista, continue alternando entre os 5
golpes nas costas e as 5 compressões abdominais até que haja a
desobstrução ou até que o paciente fique inconsciente;
5. Paciente evolui para inconsciência: deitar o paciente em superfície firme e
rígida e iniciar trinta compressões. Realizar a abertura das vias aéreas e
observar a presença do objeto/alimento, caso esteja visível, retirar o objeto pelo
canto da boca com os dedos em formato de pinça (adulto/criança)
6. Viabilidade de via aérea: caso o objeto não esteja visível, realizar duas
ventilações, reposicionando as vias aéreas quando a primeira não for efetiva.
Ao reposicionar as vias aéreas, deve-se revisar a técnica de aplicação da
ventilação. Caso as ventilações não sejam efetivas, retornar para as
compressões citadas anteriormente;
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7. Quando a ventilação for efetiva, checar o pulso central; Pulso presente e


respiração ausente: iniciar o protocolo de PR;
8. Pulso ausente e respiração ausente: iniciar protocolo de PCR.

MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA POR CORPO ESTRANHO

A e B: Golpe interescapular - Adulto

C e D: Compressão abdominal - Adulto


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E F
E: Compressão abdominal - Gestante; F: Compressão abdominal - Criança

PARA LACTENTES
1. Abordagem: perguntar aos pais e/ou responsável se pode ajudar;
2. Interagir com o lactente, em busca de choro, emissão de sons ou padrão
respiratório anormal, a fim de discernir entre obstrução total ou parcial;
3. Estímulo de tosse: o movimento da tosse ajuda a exercer pressão e a expelir o
objeto ou alimento;
4. Cinco manobras de tapotagem por cinco compressões torácicas: posicionar o
lactente de forma que ele fique em decúbito ventral sobre um dos membros
superiores do socorrista em uma inclinação de 45º, com a linha da cabeça
inferior à linha dos pés. Com a mão livre, de forma aberta, executar os tapas
entre as escápulas do paciente. Em seguida, deve haver uma inversão de
posição, na qual o lactente deve ficar agora em decúbito dorsal sobre o outro
membro do socorrista, mantendo-se a mesma inclinação. Agora, utilizando a
mão livre, com dois dedos, comprimir a região do tórax logo abaixo da linha
intermamilar do lactente (evitando-se o processo xifoide); executar cinco
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compressões torácicas. Essas manobras de tapotagens e compressões devem


ser alternadas até que o objeto/alimento seja expelido ou o paciente fique
inconsciente;
5. Paciente evolui para inconsciência: deitar o paciente em superfície firme e
rígida e iniciar trinta compressões; realizar abertura de vias aéreas e observar a
presença do objeto/alimento; caso esteja visível, retirar o objeto pelo canto da
boca com os dedos mínimos;
6. Viabilidade de via aérea: caso o objeto não esteja visível, realizar duas
ventilações, reposicionando as vias aéreas quando a primeira não for efetiva.
Ao reposicionar as vias aéreas, deve-se revisar a técnica de aplicação da
ventilação. Caso as ventilações não sejam efetivas, retornar para as
compressões citadas anteriormente;
7. Parar quando a ventilação venha a ser efetiva, checar o pulso central;
8. Pulso presente e respiração ausente: iniciar o protocolo de PR;
9. Pulso ausente e respiração ausente: iniciar protocolo de PCR.

DESOBSTRUÇÃO EM LACTENTES
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FLUXOGRAMA - ALGORITMO DE OVACE ADULTO, CRIANÇA E LACTENTE


20

REFERÊNCIAS

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines update for cardiopulmonary resuscitation and


emergency cardiovascular care. Circulation, v. 132, 2015.

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines update for cardiopulmonary resuscitation and


emergency cardiovascular care. Part 4: Pediatric basic and advanced life support, 2020.

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines update for cardiopulmonary resuscitation and


emergency cardiovascular care. Part 3: Adult basic and advanced life support, 2020.

BERNOCHE, C. et al. Atualização da diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados de


emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol, v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Manual de Atendimento Pré-Hospitalar do


Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal/Grupamento de Atendimento de Emergência
Pré-Hospitalar – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Brasília: CBMDF, 2022.

COSTA, M. P. F. Suporte básico de vida. In: MAGALHÃES, C. C. et al. Tratado de cardiologia – Socesp.
3. ed. Barueri: Manole, 2015. p. 995-1002.

HÜPFL, M. et al. Chest compression-only CPR: a meta-analysis. Lancet, Londres, v. 376, n. 9752, p.
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IWAMI, T. et al. Chest compression-only cardiopulmonary resuscitation for out-of- hospital cardiac
arrest with public-access defibrillation: a nationwide cohort study. Circulation, v. 126, p. 2844-2851,
dez. 2012.

KLEINMAN, M. E. et al. Part 5: Adult basic life support and cardiopulmonary resuscitation quality:
2015 American Heart Association Guidelines Update for cardiopulmonary resuscitation and
emergency cardiovascular care. Circulation, v. 132, p. S414435, out. 2015.

PHTLS. Atendimento Pré-Hospitalar ao traumatizado. 9. ed.: Jones & Barlett Learning, 2020.
SARMENTO, G. Fisioterapia respiratória de A a Z. Barueri: Manole, 2016

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