Processo Trabalho Completo
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9 Audiência
Trata-se de ato público, segundo dispõe o art. 93, IX, da CRFB/881, que trata do princípio da
publicidade processual. A audiência será realizada a portas fechadas quando houver interesse público
ou para defesa da intimidade de uma das partes, por exemplo, quando o reclamante é portador de
doença grave e busca, em virtude desta, a sua reintegração.
São realizadas em dias úteis, na sede do juízo, entre 8 e 18h, não podendo ultrapassar 5 horas
seguidas: tais regras estão dispostas nos artigos 813 a 817 da CLT, que trazem, por óbvio, exceções,
tais como a prevista no art. 8132 da CLT sobre a designação de outro local para a realização do ato,
bem como a possibilidade de se ultrapassar o limite de 5 (cinco) horas para a audiência. Sobre o tema,
importante frisar que o limite acima é para cada audiência, e não para todos os atos designados para
o dia.
Audiência una: o art. 8493 da CLT prevê a audiência una para todos os procedimentos
trabalhistas (ordinário, sumário e sumaríssimo), de maneira a imprimir maior celeridade aos feitos.
Trata-se de mais uma técnica utilizada pelo legislador trabalhista, que preferiu não dividir os atos em
duas audiências, como ocorre no rito ordinário do CPC, no qual se tem a audiência de
conciliação/mediação e a audiência de instrução. O dispositivo celetista mencionado também dispõe
que havendo força maior, poderá o Juiz fracionar o ato, o que geralmente ocorre quando alguma
testemunha falta ou é designada perícia técnica. Nessas situações, o fracionamento é imperioso, não
sendo possível a continuidade dos atos processuais.
✓ Fases da Audiência
Apregoar as partes significa, em termos simples, chamá-las para que venham participar do
ato processual. Assim, as partes – reclamante e reclamado – são chamadas, por seus nomes, a fim
de que entrem em sala de audiência para aquele importante ato processual.
Feito o pregão das partes, se ambas estiverem presentes, será iniciada a audiência, com a
primeira tentativa de conciliação. Se ausente o reclamante, o processo será arquivado. Se ausente o
reclamado, será julgado à revelia. Se ambos faltarem, o processo será arquivado. A questão que
sempre é discutida toca ao atraso das partes. Caso alguma delas venha a se atrasar, como deve agir
o Magistrado trabalhista?
O tema é tratado no art. 844 da CLT8, que traz a consequência do não comparecimento do
reclamante à audiência: arquivamento do feito. O arquivamento do processo é a denominação usual
em processo do trabalho para extinção sem resolução do mérito. O processo trabalhista somente não
será arquivado se presente a hipótese descrita no art. 843, §2º, da CLT, que prevê a presença de outro
empregado ou de membro do sindicato à audiência para justificar a ausência do reclamante. Apenas
nessa hipótese, a audiência será suspensa, designando-se nova data, uma vez haver justificativa
plausível para o fracionamento do ato.
O arquivamento do processo por ausência do reclamante acarretará a condenação daquele
ao pagamento das custas processuais, nessa hipótese, calculadas em 2% (dois por cento) do valor
atribuído à causa. A reforma trabalhista (Lei 13.467/17) incluiu o §2º no art. 844 da CLT 9 tratando do
pagamento das custas processuais, bem como da possibilidade de isenção. A regra criada é a
seguinte:
1. Isonomia processual;
2. Licitude das provas;
3. Contraditório e ampla defesa: Mesmo inexistindo previsão para a interposição de
recursos em face de decisões interlocutórias, salvo as hipóteses da Súmula n. 214 do TST 14, ao
oponente poderá manifestar-se em petição dirigida ao próprio juiz, sobre a prova produzida pela outra
parte, exercendo assim o contraditório. Já a ampla defesa estará assegurada se o Juiz possibilitar às
partes a produção de todos os meios de prova admitidos em juízo, ainda que não previstos na CLT e
CPC, conforme previsão do art. 369 do CPC/15.
4. Necessidade da prova: Os meios de prova somente serão produzidos tendo por base a
existência de fatos controvertidos e, excepcionalmente, para demonstração do direito, conforme
previsão do art. 376 do CPC/15. Se o fato não é controvertido, é porque foi confessado pela outra parte,
é notório ou sobre ele existe presunção de veracidade, hipóteses nas quais não há necessidade de
prova, segundo art. 374 do CPC/15. Em relação à prova do direito, poderá ser requerida pelo
Magistrado quando a parte alegar em seu favor a aplicação de legislação estadual, municipal,
estrangeira ou consuetudinária, de acordo com o art. 376 do CPC/15.
5. Oralidade: O princípio da oralidade, de inegável importância no processo do trabalho, já
estudado em sua inteireza em tópico específico, também está diretamente ligado à produção de
provas, já que a fase instrutória se desenvolve basicamente em audiência.
➢ Objeto de Prova
Como regra geral, a prova incide sobre os fatos que são narrados pelas partes. Assim, em
demanda visando ao reconhecimento do vínculo de emprego, deverão ser provadas a subordinação, a
onerosidade, a habitualidade e a pessoalidade, requisitos dispostos no art. 3º da CLT15. Se não restar
provado qualquer dos requisitos, a pretensão será julgada improcedente. Contudo, não são todos os
fatos que devem ser provados, já que alguns são de antemão excluídos pelo legislador, nos termos do
art. 374 do CPC/15, tais como os fatos notórios, afirmados por uma parte e confessados pela parte
contrária, admitidos no processo como incontroversos e em cujo favor milita presunção de existência
ou de veracidade.
No processo do trabalho, há diversas normas que podem ser aplicadas aos contratos de
trabalho e, portanto, serem analisadas pelo Magistrado em uma demanda. Não são de conhecimento
público ou, mesmo sendo, o Juiz não tem obrigação de conhecê-las, razão pela qual pode ser aplicadoo
art. 376 do CPC/15. Entre essas normas estão: acordos e convenções coletivas de trabalho, tratados e
convenções internacionais, regulamentos de empresa, planos de carreira, entre outros.
✓ Prova testemunhal
Sabe-se, na prática, que a prova testemunhal é uma das mais importantes no processo do
trabalho. Isso ocorre porque o empregado, na maioria das vezes, não dispõe de documentos que
comprovem todas as suas alegações, as quais podem ser testemunhadas por outros empregados que
presenciaram os fatos, como no caso de dano moral decorrente de humilhação, entre outros.
A prova testemunhal é capaz de comprovar a veracidade dos fatos alegados pelo autor, a
menos que, conforme os artigos 442 e 443 do CPC16, já estejam comprovados por prova documental
ou confissão real da parte, ou só possam ser provados por meio de prova pericial, como no caso da
insalubridade e periculosidade, que dependem desse tipo de prova técnica.
O TST editou a Súmula n. 35717, cuja redação destaca a ausência de suspeição da testemunha
nas situações versadas.
Aspecto de relevo e que não pode ser esquecido em relação à produção da prova testemunhal
diz respeito à possibilidade de as partes contraditarem as testemunhas, conforme art. 457, §1º, do
CPC18, isto é, de afirmarem e demonstrarem em juízo que aquela é suspeita, impedida ou incapaz de
depor. O ato de contraditar deve ser realizado em período bastante específico, sob pena de preclusão.
Tal período se dá entre a qualificação da testemunha e o compromisso de dizer a verdade, ou seja, é
nesse meio tempo que a parte contrária deverá contraditar. Disso resulta que, tomado o compromisso
da testemunha, preclusa estará a possibilidade da contradita.
O art. 825 da CLT19 estipula que as testemunhas devem comparecer independentemente de
intimação. Portanto, as partes devem contatar as possíveis testemunhas e convidá-las a comparecer
ao ato. Se uma testemunha não comparecer, as partes podem solicitar sua intimação para a próxima
audiência, sujeitando-se à condução coercitiva e aplicação de multa em caso de não comparecimento. No
rito ordinário, o Magistrado pode determinar a intimação da testemunha faltante com base na
afirmação de que ela não compareceu mesmo após ser convidada. Por outro lado, no rito sumaríssimo,
há uma norma específica no art. 852-H, §3º, CLT, que estabelece que as testemunhas, até o limite de
duas, só serão intimadas se a parte provar que as convidou. Portanto, a mera afirmação não é
suficiente; é necessário comprovar o convite, podendo ser por meio de aviso de recebimento dos
correios (A.R), declaração assinada pela testemunha ou testemunho de outra pessoa que presenciou
o convite.
✓ Prova documental
Destaque de relevância merece a Súmula nº 8 do TST, que trata do tema juntada dedocumentos na
esfera recursal. O requerimento de juntada de documentos em recurso, apesar de excepcional, é
processualmente possível, desde que atendidas as prescrições da referida súmula, quetrata do assunto
com absoluta excepcionalidade. Nos termos do verbete consolidado: “A juntada de documentos na
fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou
se referir a fato posterior à sentença”.
✓ Prova pericial
A perícia será admissível quando o fato controvertido demandar conhecimentos técnicos que
o Magistrado não possua, razão pela qual a análise será realizada por técnico especializado.
Há situações em que o exame pericial é indispensável, outras nas quais é aconselhável. Como
exemplos da primeira situação – indispensabilidade – destaque para o art. 195, §2º, da CLT21, que trata da
análise sobre insalubridade e periculosidade. Como exemplo de situações em que a perícia é
aconselhável, tem-se as demandas em que se busca indenização por acidente de trabalho, ocasião em
que geralmente é discutida a incapacidade para o trabalho; e pedidos de equiparação salarial, em queé
necessária a prova das atribuições e a semelhança delas para com o paradigma
No entanto, é possível ao Magistrado, no caso concreto e considerando os detalhes da causa,
substituir a perícia por documentos, se entender que estes comprovam o fato controverso de forma
inequívoca. Além disso, destaca-se a utilização da prova pericial emprestada, que ocorre quando uma
perícia realizada em outro processo pode ser aproveitada no atual, devido à similaridade existente. O
CPC faz menção expressa a esse instituto no art. 37222, que trata da necessidade de garantir o
contraditório, intimando a parte contrária a se manifestar.
Após a conclusão do exame e a entrega do laudo, as partes têm o direito de solicitar a
complementação dele, caso o perito não tenha respondido adequadamente aos quesitos
apresentados ou tenha omitido informações relevantes. Além disso, as partes ou o próprio juiz podem
requerer que o perito preste esclarecimentos adicionais em audiência. Mesmo após a entrega do laudo
pericial, é possível solicitar e realizar uma segunda perícia, ou quantas forem necessárias, sobre o
mesmo objeto. Essa possibilidade é respaldada pelo art. 370 do CPC/15, que trata dos poderes
instrutórios do juiz.
No processo trabalhista, ao contrário do processo civil, não é permitida a cobrança de
honorários periciais prévios. Enquanto no processo civil essa prática é possível, no processo do
trabalho, o ajuizamento da demanda é gratuito, e as custas são pagas pelo perdedor apenas ao final,
com o trânsito em julgado. Portanto, a cobrança de honorários periciais prévios é considerada ilegal,
conforme estabelece a Orientação Jurisprudencial nº 98 da Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (SBDI-2). Caso o juiz determine o pagamento desses
honorários, é possível impetrar um mandado de segurança contra essa decisão. Esse entendimento
jurisprudencial foi incluído no art. 790-B §3º da CLT pela reforma trabalhista (Lei 13.467/17).
Ônus significa carga, peso, responsabilidade, encargo, e é dentro desses conceitos que serão analisadas
as regras sobre ônus da prova, dispostas no art. 818 da CLT1 e 373 do CPC/15. O atual art. 818 da CLT, alterado
com a reforma trabalhista de 2017, prevê praticamente as mesmas regras do Direito Processual Civil, tendo sido
redigido como correspondente da regra do CPC. No novo art. 818 da CLT, temos a regra geral (teoria estática) e
a exceção (teoria dinâmica) da distribuição do ônus da prova.
Em uma demanda, diversos são os fatos e alegações levados aos autos pelo autor e réu, sendo que os
fatos, regra geral, precisam ser provados para que possam embasar uma sentença favorável, salvo as exceções
do art. 374 do CPC/15.
A parte que leva aos autos um fato ou alegação possui o ônus de prová-lo, isto é, possui o encargo de
prová-lo se quiser ver sua pretensão reconhecida em juízo. Caso consiga comprovar aquele fato, estará livre
desse encargo (peso), o que certamente acarretará uma sentença favorável. Caso não consiga provar tal fato, a
improcedência certamente será o seu destino.
Em síntese, podemos dizer que “aquele que alega tem que provar”, pois de acordo com o art. 818 da CLT,
o autor comprovará os seus fatos constitutivos, enquanto o réu provará os fatos extintivos, modificativos e
impeditivos do direito do autor, que ele levará ao processo.
➢ Fatos extintivos do direito do autor:
✓ Extinguem a pretensão posta em juízo pelo autor, como no caso da prescrição e decadência.
➢ Fatos modificativos do direito do autor:
✓ São aqueles que modificam o direito do autor devido a alterações ocorridas, como a transação
e a compensação.
➢ Fatos impeditivos do direito do autor:
✓ Situações que impedem o direito do autor. Por exemplo, um empregado que requer equiparação
salarial, mas possui uma diferença de 6 anos de tempo de serviço em relação ao paradigma no
mesmo empregador.
• CTPS: Na carteira de trabalho do empregado são anotados importantes dados sobre o seu
contrato de trabalho. Conforme o art. 29 da CLT2, nela serão expostos os dados do empregador, data de
admissão, salário e forma de pagamento dos salários, bem como condições especiais de trabalho, caso haja.
Pode ser que, para fraudar direitos trabalhistas e reduzir o pagamento de FGTS e INSS, o empregador anote na
CTPS um salário menor do que o realmente pago, efetuando o pagamento daqueles haveres com base no salário
anotado. Aquela anotação não gera uma presunção jure et de júris, ou seja, absoluta, e sim, presunção juris
tantum, isto é, relativa, podendo-se provar que aquela anotação não coincide com a verdade. Caso o empregado
prove que recebia salário superior ao anotado na CTPS, além da condenação da empresa ao pagamento das
diferenças de FGTS, INSS e qualquer outra verba incidente sobre o salário, haverá a condenação a retificação
daquele documento. Trata-se de incidência do princípio da primazia da realidade.
• Vale-Transporte: Nos termos da Súmula nº 460 do TST3, criada em maio de 2016, é do
empregador o ônus da prova de que o empregado não faz jus ao recebimento do vale-transporte, ou seja, de queo
empregado não satisfaz os requisitos legais.
• Recolhimento do FGTS e diferenças: Nos termos da Súmula nº 461 do TST4, criada em maio de
2016, cabe ao empregador demonstrar que depositou corretamente os valores do FGTS, devendo ele demonstrar que
não há qualquer diferença em relação ao valor.
Cartões de ponto: Dispõe o art. 74, §2º, da CLT5 que os estabelecimentos com mais de 20 (vinte)
empregados deverão possuir sistema de registro de frequência dos empregados, que anotará os horários de
entrada e saída, bem como de intervalos, de forma que se possa posteriormente verificar se as normas sobre
limite de jornada de trabalho e intervalos estão sendo cumpridas, já que se trata de normas de ordem pública,
relacionadas à saúde e segurança do trabalhador.
Da mesma forma que a CTPS, os cartões de ponto também podem ser fraudados, ou seja, podem conter
informações inverídicas, que não condizem com a realidade do contrato de trabalho. Aquelas informações
também geram presunção apenas relativa.
Duas situações muito comuns em demandas trabalhistas merecem ser estudadas:
▪ Pedido de pagamento de horas extraordinárias e não juntada dos cartões de ponto pelo reclamado:
Nessa situação, se a ausência dos cartões de ponto não for justificada, será presumida a jornada de trabalho
descrita na petição inicial, já que os cartões seriam a prova mais importante do reclamado para demonstrar queo
obreiro trabalhou dentro dos limites impostos para a jornada de trabalho. A presunção é relativa, podendo haver
prova em contrário. Esse entendimento só pode ser aplicado quando:
• O art. 74 da CLT, alterado pela lei 13874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica), estabelece que o registo
de ponto manual, eletrônico ou mecânico é obrigatório para empresas com mais de 20 funcionários, e
cada colaborador tem direito a um comprovante de ponto;
• Não houver justificativa para a ausência dos cartões de ponto ou quando aquela for considerada
insubsistente pelo Magistrado;
• A jornada descrita na inicial for irreal, absurda, já que a ausência dos cartões de ponto não pode criar
uma presunção de veracidade sobre algo que se sabe não ser crível, ou seja, viável para a normalidade,
como por exemplo, jornada de 20 (vinte) horas diárias etc.
▪ Pedido de pagamento de horas extraordinárias e juntada dos cartões de ponto pelo reclamado com
“horário britânico”:
Pode ser que o reclamado junte aos autos os cartões de ponto, mas esses contenham horários de
entrada e saída sempre iguais, sem qualquer atraso ou adiantamento durante o vínculo de emprego. Tais cartões são
considerados pela Súmula nº 338 do TST6 como imprestáveis à comprovação da jornada, uma vez que é
impossível um funcionário iniciar e terminar a jornada sempre no mesmo instante, por exemplo, ingressando
sempre às 8h e saindo às 17h. Presume-se que um dia ele pode chegar às 7:58h e sair às 17:03, entrar às 8:03h e
sair às 16h59 etc.
➢ Inversão do Ônus da Prova e Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova – Novo CPC e CLT após a
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17)
As regras sobre distribuição do ônus da prova estão previstas no art. 818 da CLT e 373 do CPC/15.
Neste contexto, não há uma regra genérica sobre a alteração desses comandos, mesmo que a prova de
determinado fato se mostre difícil para o empregado. Contudo, considerando-se a hipossuficiência do
empregado, bem como a dificuldade em conseguir as provas de suas alegações, a doutrina e jurisprudência vêm
reconhecendo aos poucos a possibilidade de inversão daqueles regramentos.
A inversão do ônus da prova é um direito básico do consumidor, previsto no art. 6º, VIII, do CDC, sendo
suas premissas utilizadas também na seara trabalhista. A hipossuficiência é a premissa mais importante desse
dispositivo legal. A inversão do ônus da prova pode ser requerida pelo reclamante na petição inicial, mas também
pode ser determinada de ofício pelo Magistrado.
A reforma trabalhista modificou o art. 818 da CLT para equipará-lo ao art. 373 do CPC, contemplando a
flexibilização ou dinamização das regras sobre distribuição do ônus da prova. A distribuição dinâmica do ônus
da prova permite que o Juiz modifique a regra geral, atribuindo o ônus da prova de acordo com as circunstâncias
do caso concreto.
• Requisitos para Aplicação da Distribuição Dinâmica:
✓ A decisão deve ser fundamentada, considerando a dificuldade na produção da prova e a busca
pela verdade real;
✓ Deve ser proferida antes do início da instrução processual;
Pode ser realizada de ofício ou a requerimento das partes. A aplicação da teoria de distribuição
dinâmica do ônus da prova visa permitir a produção da prova de forma efetiva, evitando prejudicar a parte que
não consegue produzi-la. Porém, a decisão que distribua o ônus da prova sem permitir à parte a produção efetiva da
prova será nula, por violar o princípio da ampla defesa.
O rito sumário, também conhecido como alçada, encontra-se previsto na Lei n. 5584/70, em seu art. 2º, que
traz o cabimento para as demandas até 2 (dois) salários-mínimos. Apesar de raramente utilizado, é importante
compreender suas regras, que incluem:
1. Cabimento:
• Demandas de até 2 (dois) salários-mínimos (Súmula n. 356 do TST).
2. Ata Simplificada:
• Não há necessidade de expor o resumo dos depoimentos, apenas a conclusão em relação à
matéria de fato.
3. Recurso:
• Em regra, não é cabível recurso, exceto em caso de violação à Constituição Federal.
• Recurso Ordinário (minoritário).
• Recurso Extraordinário (majoritário).
Lei nº 5584/70 Art. 2º:
• Define os parâmetros e procedimentos do rito sumário.
Súmula nº 356 do TST:
• Ratifica a legalidade da fixação da alçada com base no salário-mínimo.
Súmula nº 640 do STF:
• Estabelece a possibilidade de recurso extraordinário nas causas de alçada.
O procedimento sumaríssimo, introduzido pela Lei nº 9.957/2000, busca proporcionar maior celeridade aos
processos de menor complexidade, geralmente de valor não elevado. Suas características e regras específicas
incluem:
1. Competência:
✓ Demandas trabalhistas de até 40 (quarenta) salários-mínimos.
✓ Exclusão da Administração Pública direta, autárquica e fundacional.
▪ Petição Inicial:
✓ Pedidos certos e determinados, com valores indicados.
✓ Indicação correta do endereço do reclamado.
▪ Audiência:
✓ Realização em até 15 (quinze) dias.
✓ Audiência única, sem fracionamento.
✓ Intimação imediata sobre documentos apresentados.
▪ Provas:
✓ Até duas testemunhas para cada parte.
✓ Possibilidade de prova pericial apenas se indispensável e imposta por lei.
▪ Sentença:
✓ Dispensa de relatório.
✓ Sentença líquida, sem fase de liquidação.
✓ Intimação das partes na própria audiência.
▪ Recursos:
✓ Recurso ordinário: distribuição imediata, sem revisor.
✓ Recurso de revista: cabível apenas em casos específicos.7
✓
3.14 Exercícios de fixação
1. Como tem sido abordada pela doutrina e jurisprudência a questão da inversão do ônus da prova no
contexto das relações de trabalho, considerando a previsão das regras sobre distribuição do ônus da
prova no art. 818 da CLT e 373 do CPC/15? Como essas abordagens têm refletido a hipossuficiência do
empregado e as dificuldades enfrentadas por ele na obtenção das provas necessárias para sustentar
suas alegações, e de que forma isso tem influenciado a possibilidade de alteração desses comandos
legais?
2. Qual é a obrigação estabelecida pelo art. 74, §2º, da CLT em relação aos estabelecimentos com mais de
20 empregados, e qual é o propósito dessa exigência em relação aos cartões de ponto? Como essa
disposição legal está relacionada com a verificação do cumprimento das normas sobre limite de jornada de
trabalho e intervalos, considerando sua natureza de ordem pública e sua conexão com a saúde e
segurança do trabalhador?
4.1 Sentença
O conceito de sentença foi alterado em 2005 por meio da Lei nº11.232, que instituiu o sistema de
cumprimento de sentença, também denominado de sincretismo processual¸ sendo que naquela oportunidade
houve a alteração do art. 162, §1º, do CPC/73. O CPC/15 manteve o entendimento anterior no art. 203 1, afirmando
que a sentença poderá por fim à fase cognitiva com ou sem resolução do mérito, ou seja, com ou sem análise
dos pedidos formulados pelas partes, bem como poderá extinguir a execução.
Como dito e nos termos do §1º do art. 203 do CPC/15, a sentença pode por fim ao processo com ou sem
resolução do mérito, nos termos dos arts. 485 e 487 do Novo Código, sendo que na primeira hipótese (sem
resolução) temos tipicamente a existência de vícios processuais que impedem o Juiz de analisar os pedidos
formulados pelas partes. Como exemplos de vícios que constam no art. 485 do CPC/15 temos a litispendência,
coisa julgada, perempção, dentre outros. Também é uma situação que gera a extinção sem resolução do mérito
a desistência da ação, que não é um vício processual, mas impede a análise dos pedidos por opção do autor.
Quando presentes os pressupostos processuais e condições da ação, o Juiz analisará os pedidos
formulados pelas partes, dizendo se são procedentes ou improcedentes. Na hipótese, decidirá de acordo com o
art. 487 do CPC/15 que traz as hipóteses de extinção com resolução do mérito.
4.2 Classificação
Diversas são as classificações, que ora levam em consideração o mérito da demanda, ora o conteúdo,
razão pela qual se divide o estudo a partir de agora, de forma a facilitar a compreensão de tão importante tema:
Em relação ao mérito da demanda, as sentenças são classificadas em definitivas e terminativas, sendo
que as primeiras se caracterizam pelo julgamento de mérito, isto é, são definitivas as sentenças proferidas com
base no art. 487 do CPC/15, hipóteses em que o Poder Judiciário analisa o(s) pedido(s) formulado(s) pelo autor.
Nas terminativas, ocorre alguma das hipóteses do art. 485 do CPC/15, sendo que o mérito não é julgado, isto é,
o processo é extinto sem resolução do pedido formulado pelo autor.
Em relação ao conteúdo da sentença, essa pode ser condenatória, constitutiva, declaratória,
mandamental ou executiva lato sensu. Vejamos as características de cada uma:
✓ Condenatória: a grande maioria das sentenças trabalhistas possui caráter condenatório, uma vez
que impõe como obrigação o pagamento de alguma quantia ao reclamante. Mas a obrigação de pagar não é a
única que pode ser imposta por meio de sentença condenatória, já que essa pode fixar uma obrigação de fazer,
não fazer ou de entrega de coisa.
✓ Constitutiva: essa espécie de sentença é caracterizada pela criação, modificação ou extinção de
uma relação jurídica. Não se impõe uma obrigação, como na sentença condenatória. Um exemplo clássico de
sentença constitutiva é aquela que reconhece o direito à rescisão indireta e extingue o vínculo de emprego antes
existente. Trata-se de sentença também denominada desconstitutiva, por extinguir o vínculo jurídico havido entre as
partes.
✓ Declaratória: também denominada meramente declaratória, pois toda sentença declara antes de
condenar ou de constituir algo. Nessa espécie de sentença, há apenas a declaração de que existe uma relação
jurídica, por exemplo, ou que determinado documento é verdadeiro/falso, que a assinatura partiu das mãos do
réu, dentre outras situações. Funda-se no art. 19 do CPC/15.
✓ Mandamental: caracteriza-se pela expedição de ordem (mandamento) voltado ao réu, para que
pratique determinada conduta ou abstenha-se da prática. Exemplo comum é o mandado de segurança, no qual
expede-se ordem à autoridade coatora para que cesse a atividade ilegal violadora de direito líquido e certo do
impetrante.
✓ Executiva lato sensu: as sentenças ditas executivas lato sensu contêm um comando executivo
que, por isso, dispensa futuro processo de execução, uma vez que a efetivação da decisão é feita através de
comandos existentes no próprio ato judicial, como ocorre com as sentenças que impõem obrigação de fazer,
não fazer e entrega de coisa, disciplinadas pelos arts. 497 e 498 do CPC/15. O §1º, do art. 536 do CPC/15 elenca
diversas medidas que podem ser impostas pelo Magistrado para a efetivação da decisão, sendo muito comum
a imposição de multa, busca e apreensão, desfazimento de obras, dentre outros.
Diversos aspectos formais devem ser lembrados para que a sentença seja válida e produza os seus
efeitos. O primeiro deles toca aos requisitos de forma, previstos nos arts. 832 da CLT e 489 do CPC/152.
Segundo o dispositivo celetista, caso a 2ª tentativa de conciliação seja infrutífera, deverá o Magistrado
proferir sentença, que conterá, obrigatoriamente:
✓ Nome das partes: indispensável para aferir-se os limites subjetivos da coisa julgada;
✓ O resumo do pedido e da defesa: importante para que a sentença demonstre os fundamentos
elencados pelas partes;
✓ A apreciação das provas: necessária para demonstrar o livre convencimento motivado do
Magistrado, de forma a avaliar-se a ocorrência de erro no julgamento, a ser destacado em futuro recurso;
✓ Os fundamentos da decisão: conforme art.371 do CPC/15, o livre convencimento do Julgador
deve ser motivado, o que significa dizer que, ao decidir, deverá expor os motivos que levaram ao convencimento
acerca da questão;
✓ A conclusão: trata-se do dispositivo da sentença, que concluirá pela procedência (aceitação de
todos os pedidos formulados pelo autor), parcial procedência (aceitação de parte dos pedidos) ou improcedência
(negação de todos os pedidos formulados pelo autor), nos termos do art. 487 do CPC/15. A conclusão pode ser
ainda pela extinção do processo sem resolução do mérito, nas hipóteses do art. 485 do CPC/15, ocasião em que
os pedidos formulados pelo autor não serão analisados pelo Poder Judiciário.
O art. 489 do CPC/15 elenca três partes da sentença, com denominações diversas, mas que, em síntese,
expõem as mesmas ideias dispostas acima:
✓ Relatório: trata-se de um resumo dos principais acontecimentos do processo, incluindo um
resumo do pedido do autor e seus fundamentos, bem como a tese de defesa do réu, as provas que foram
produzidas, dentre outros aspectos relevantes do procedimento.
✓ Fundamentação: é a análise dos fundamentos expostos pelas partes, com a explicitação do
entendimento do Magistrado acerca dos pontos controvertidos.
✓ Dispositivo: trata-se da conclusão, que conforme exposto acima, pode ser de procedência, parcial
procedência ou improcedência, bem como de extinção do processo sem resolução do mérito.
Importante que se diga que a sentença deve sempre mencionar o valor das custas a serem pagas pelo
vencido, conforme art. 789, §1º, da CLT3, sendo que essas deverão ser pagas no prazo do recurso, caso esse
venha a ser interposto. O pagamento daquele valor, bem como do depósito recursal, constitui o preparo,
pressuposto de admissibilidade recursal.
Além disso, o art. 832 da CLT4 sofreu alterações por meio da Lei nº 11.457/2007, que modificou o §4º e
incluiu os §§ 5º, 6º e 7º, trazendo as seguintes informações, sendo indispensável afirmar-se, à luz do dispositivo
legal, que:
O princípio em estudo também é denominado princípio da correlação, que deve existir entre os pedidos
que foram formulados pelo proferida pelo Juiz. Ao julgar, o Magistrado deve ater-se ao que foi quantidade
solicitada por ele, não sendo lícito decidir fora dos limites im. Tal vinculação ao que foi pedido está previsto nos
arts. 141 e 492 do CPC6.
Assim, se o autor foi ao Poder Judiciário para requerer danos materiais, não pode o Magistrado deferir
danos morais. Se o autor fixou os danos materiais em R$10.000,00 (dez mil reais), não pode o Juiz condenar o
réu ao pagamento de quantia superior. Por fim, se foram formulados os pedidos de danos materiais e morais,
ambos devem ser analisados, mesmo que para serem indeferidos, mas não pode haver omissão no julgamento
dos referidos pedidos. O princípio da congruência não restará violado se o Magistrado deferir quantia inferior a
que foi pedida, e sim, se deixar de julgar algum pedido, ou seja, de incorrer em omissão.
A violação ao princípio em estudo pode acarretar três espécies de vícios, a saber:
✓ Decisão extra petita: trata-se de sentença que deferiu pedido que não havia sido formulado pelo
autor.
✓ Decisão ultra petita: trata-se de sentença que deferiu o pedido que foi formulado, mas em
quantidade superior àquela solicitada pelo autor.
✓ Decisão citra petita ou infra petita: trata-se de típico caso de omissão, em que o Magistrado deixa de
analisar algum pedido que foi formulado pela parte autora.
O direito do trabalho possui importante situação em que se discutiu a violação ou não ao princípio em
apreço, sendo que o TST editou a Súmula nº 396 acerca da matéria. O verbete sumulado afirma que não há
nulidade na decisão que determina o pagamento de salários, quando o pedido é de reintegração ao trabalho, haja
vista a incidência do princípio da proteção. A redação do inciso II da súmula referida afirma que “Não há nulidade
por julgamento "extra petita" da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do
art. 496 da CLT”.
O tema custas processuais, é considerado simples, pois os questionamentos são sempre respondidos
com base, principalmente, na CLT, que traz artigos importantes sobre a matéria. O primeiro desses artigos é o
7897, que fala o valor das custas e a sua base de cálculo no processo de conhecimento, que é bem mais cobrado,
se comparado ao processo de execução.
Uma modificação extremamente importante, trazida com a reforma trabalhista (Lei 13.467/17) é a
imposição de um valor máximo para a condenação ao pagamento das custas, pois antes tínhamos apenas o
valor mínimo. Atualmente, após a reforma, de acordo com o art. 789 da CLT, temos:
Podemos resumir as regras assim: a sentença mencionará o valor das custas que será de 2% (dois por
cento) sobre alguns valores, que podem ser:
Se houver acordo, os 2% incidirão sobre o valor dele, cada parte pagando a metade, já que no acordo não
há vencedor nem perdedor. Ocorre que o §3º, do art. 789, da CLT prevê a possibilidade das partes alterarem essa
regra, por exemplo, uma parte assumindo integralmente o valor das custas, como ocorre muito no dia-a-dia. Nos
acordos, geralmente as empresas assumem a totalidade do valor das custas, valendo-se dessa regra do §3º, do
art. 789, da CLT.
Alguns entes são isentos de custas processuais, conforme art. 790-A da CLT8.
Veja que NÃO ESTÃO ISENTAS as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, como OAB, CREA,
CRA, dentre outros, bem como as EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA, já que possuem
personalidade jurídica de direito privado. Todavia, o entendimento da jurisprudência do TST vem acompanhando o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que como o DL 779 não prevê distinção entre os
tipos de autarquias, seria sim aplicável o privilegio de isenção de custas e depósito recursal a essas autarquias
especiais. Nesse sentido:
Os beneficiários da Justiça Gratuita estão descritos no art. 790, §3º da CLT 9, reformado pela Lei
13.467/17, para dizer que possui direito ao benefício quem: Recebe até 40% do valor máximo dos benefícios do
Regime Geral da Previdência Social (INSS); Aquele que não possui condições financeiras para arcar com os
custos do processo, conforme §4º do mesmo artigo.
• Súmula nº 25 do TST:
I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada, independentemente
de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, das quais ficara isenta a parte então
vencida;
II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do
valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte
vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a quantia; (ex-OJ nº 186 da SBDI-I)
III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não houve fixação
ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco intimação da parte para o preparo do recurso,
devendo ser as custas pagas ao final; (ex-OJ nº 104 da SBDI-I)
IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo na hipótese em que a parte
vencida for pessoa isenta do seu pagamento, nos termos do art. 790-A, parágrafo único, da CLT.
• Súmula nº 36 do TST:
Nas ações plúrimas, as custas incidem sobre o respectivo valor global.
• Súmula nº 86 do TST:
Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do
valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.
• Súmula nº 170 do TST:
Os privilégios e isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de economia
mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969.
4.12 Conceito
O termo recurso indica que o caminho trilhado será seguido novamente, ou seja, que um
mesmo procedimento já adotado será repetido. Isso reflete corretamente o que ocorre no processo
com a interposição de um recurso, pois o Estado reanalisará a situação conflituosa, decidindo outra
vez, para averiguar se o primeiro julgamento foi correto ou não.
Segundo a lição clássica de José Carlos Barbosa Moreira, recurso é o meio processual idôneo
para ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, anulação ou integração do julgado. Verifica-se,
pela análise deste conceito, que a interposição de recurso não gera um novo processo, isto é, não faz
nascer uma nova relação processual, tal como ocorre com o ajuizamento de ação rescisória, já que o
processo terá seu curso prolongado em outro grau de jurisdição.
Além disso, o recurso pode ter por finalidade reformar, anular ou integrar uma decisão judicial,
demonstrando que vários são os vícios que podem surgir em uma decisão judicial, acarretando o
surgimento de diferentes espécies de pedidos a serem formulados no recurso interposto.
Efeito Devolutivo: O efeito devolutivo é essencial, pois permite que o Tribunal analise a matéria objeto
do recurso, conforme descrito no art. 1.013 do CPC/15. Ele pode ser em extensão (analisando apenas
os capítulos impugnados) ou em profundidade (analisando todos os fundamentos, mesmo que não
julgados na sentença). Súmula nº 393 do TST: O efeito devolutivo em profundidade transfere ao
Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa não examinados pela sentença.
Efeito Suspensivo: Tratando-se de efeito excepcional na seara trabalhista, o art. 899 da CLT prevê que
os recursos têm efeito meramente devolutivo, permitindo a execução provisória. A Súmula nº 414 do
TST admite a concessão de efeito suspensivo mediante requerimento ao tribunal.
Efeito Translativo: Permite que o Tribunal conheça de ofício as matérias de ordem pública, conforme
o art. 64, §1º do CPC/15, como a incompetência absoluta ou a ausência de condições da ação.
Efeito Regressivo: Previsto no art. 494 do CPC/15, permite ao magistrado reconsiderar decisões
interlocutórias ao receber o recurso, mas não se aplica como regra geral às sentenças.
Efeito Substitutivo: Ao interpor um recurso, o julgamento pelo Tribunal substitui a decisão anterior,
caso o mérito seja analisado, conforme o art. 1.008 do CPC/15.
Efeito Extensivo: O art. 1.005 do CPC/15 estabelece que o recurso interposto por um litisconsorte
aproveitará aos demais, se os interesses forem comuns.
• Lei nº 5.584/70, Art. 6º Será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar
qualquer recurso.
• CLT, Art. 897-A Embargos de declaração da sentença ou acórdão podem ser opostos no
prazo de cinco dias.
• CPC/15, Art. 229 Os litisconsortes com diferentes procuradores têm prazos contados
em dobro para suas manifestações.
• Instrução Normativa nº 39/16 do TST, Art. 1º, § 2º O prazo para interpor e contra-
arrazoar todos os recursos trabalhistas é de oito dias, exceto para embargos de declaração.
• OJ nº 310 da SDI-1 do TST Inaplicável ao processo do trabalho a norma do art. 229 do
CPC de 2015.
• Decreto nº 779/69 Concede prazos em dobro para recursos de pessoas jurídicas de
direito público.
• Art. 102, III da CF Permite o recurso extraordinário para decisões de única instância que
contrariem a Constituição.
• CPC/15, Art. 1.013 A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.
• Súmula nº 393 do TST Transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial
ou defesa não examinados pela sentença.
• CLT, Art. 899 Os recursos terão efeito devolutivo, permitindo execução provisória.
• Súmula nº 414 do TST Permite requerer efeito suspensivo ao recurso ordinário.
• CPC/15, Art. 64, § 1º A incompetência absoluta pode ser declarada de ofício.
• CPC/15, Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir erros ou
mediante embargos de declaração.
• CPC/15, Art. 1.008 O julgamento do tribunal substituirá a decisão impugnada.
• CPC/15, Art. 1.005 O recurso interposto por um litisconsorte a todos aproveita, salvo
interesses distintos ou opostos.
Tempestividade
Conforme o art. 6º da Lei nº 5584/70, os prazos para interposição de recursos trabalhistas
são de 8 dias, exceto para embargos de declaração (5 dias) e recurso extraordinário (15 dias).
A Instrução Normativa nº 39/16 do TST reafirma que o prazo padrão para interposição de
recursos é de 8 dias, assim como o prazo para apresentação das contrarrazões.
Ainda sobre os prazos recursais, merece atenção a diferença entre suspensão e interrupção.
Na primeira hipótese, o prazo que faltava do prazo recursal será devolvido, levando- se em
consideração os dias do prazo já utilizados. Já na interrupção, o prazo é integralmente devolvido ao
recorrente.
Não se pode olvidar da OJ nº 310 da SBDI-1 do TST, por dizer que não se aplica o art. 229 do
CPC/15 ao processo do trabalho, por ferimento ao princípio da celeridade. Apenas para relembrar, o
dispositivo do Código de Processo Civil dispõe que, havendo litisconsortes com procuradores
diferentes, os prazos serão contados em dobro.
Ainda sobre o tema tempestividade, destaque especial para o Decreto-Lei nº 779/69, aplicável
aos recursos interpostos pelas pessoas jurídicas de direito público. O art. 183 do CPC/15, na Justiça
do Trabalho, se aplica apenas ao MPT, mas não se aplica à Fazenda Pública, já que o DL 779/69 é
especial em relação ao CPC e afirma ser em quádruplo o prazo de defesa de tais entes.
Assim, as pessoas jurídicas de direito público possuem: Prazo em dobro para recorrer;
Preparo
Recursos em Espécie
Recurso Ordinário: está previsto no art. 895 da CLT, tendo cabimento para impugnar a
sentença, podendo ser interposto também de acórdão do TRT, as hipóteses de cabimento são:
• de decisão de primeiro grau (sentença), nos processos de competência originária da Vara do
Trabalho (ou Juiz de Direito investido da competência trabalhista);
• de acórdão do TRT em processos de sua competência originária, ou seja, que têm início
perante aquele Tribunal, como mandados de segurança, ações rescisórias, ações cautelares,
dissídios coletivos, dentre outros, cabendo, nessa segunda hipótese, o seu julgamento pelo
TST. Logo, nunca pode ser dito que o recurso ordinário só pode ser interposto em face de
sentença ou que o recurso ordinário é sempre julgado pelo TRT.
O Recurso Ordinário, ou simplesmente RO, será interposto perante a Vara do Trabalho, que é
o juízo a quo, para realizar o primeiro juízo de admissibilidade. Sendo positivo, ou seja, estando
presentes todos os pressupostos recursais, será o recorrido intimado para apresentação de
contrarrazões no prazo de 8 dias. Após tal prazo, os autos serão encaminhados ao TRT para
processamento e julgamento.
No TRT, o processo será distribuído a um Desembargador Relator, que terá a função de
realizar o segundo juízo de admissibilidade e conduzir o processo até o julgamento pelo colegiado,
caso não seja hipótese de julgamento monocrático, conforme art. 932 do NCPC.
Acerca do julgamento do recurso ordinário, bem como dos demais recursos, é importante
destacar que a regra geral continua sendo o proferimento de acórdão (Art. 204 do NCPC) pelo
colegiado, ou seja, o julgamento por turma. Excepcionalmente, o recurso poderá ser julgado apenas
pelo relator, caso a hipótese seja de inadmissão, improcedência ou recurso prejudicado.
Recurso de Revista: possui natureza extraordinária; portanto, nele não serão reanalisados
fatos, conforme a Súmula n. 126 do TST. Além disso, deve-se lembrar que nesse recurso há
possibilidade de o recorrente alegar violação à lei federal e à Constituição Federal, conforme o art.
896 da CLT, mesmo que depois venha a ser interposto recurso extraordinário, renovando a alegação
de ferimento à CF.
O recurso de revista tem seu cabimento disciplinado no art. 896 da CLT, sendo utilizado
apenas nas demandas que têm início na Vara do Trabalho, pois o dispositivo legal exige decisão em
recurso ordinário pelo TRT, o que exclui o seu cabimento nas demandas de competência originária
do TRT. Nesse recurso, podem ser alegados:
• ferimento à lei federal ou à Constituição Federal;
• divergência na interpretação de lei estadual, regulamento de empresa ou norma coletiva de
utilização em área superior a um TRT;
• divergência na interpretação da lei federal por mais de um TRT. No rito sumaríssimo, dispõe o
§ 9º do art. 896 da CLT que pode ser alegado também o ferimento a entendimento sumulado
pelo TST. A Súmula n. 442 do TST, editada em setembro de 2012, dispõe não ser cabível o
recurso se a decisão do TRT violar Orientação Jurisprudencial do TST. Súmula é súmula, e
não OJ.
Algumas importantes alterações no recurso de revista foram inseridas pela Lei nº
13.015/14, podendo ser assim resumidas:
Em relação aos pressupostos de admissibilidade, dispõe o § 1º-A do art. 896 da CLT que o
recorrente deve:
Recurso Adesivo: antes não admitido no processo do trabalho (Súmula n. 175 do TST
cancelada), por ser considerado incompatível com sua simplicidade, é atualmente possível de ser
utilizado, nos termos da Súmula n. 283 do TST, cabível nos recursos ordinários, agravo de petição,
revista e embargos, no prazo alusivo às contrarrazões, quando houver sucumbência recíproca, ou
seja, quando a pretensão for julgada parcialmente procedente, desatendendo aos anseios de autor e
réu. Importante lembrar da segunda parte da Súmula n. 283 do TST, assim redigida: “sendo
desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela
parte contrária”.
Recurso Extraordinário: previsto no art. 102, III, da CRFB/88, depende a sua interposição do
esgotamento das vias ordinárias, ou seja, da utilização de todos os recursos na esfera trabalhista, em
decisões de única ou última instância que se encaixem nas alíneas a, b e c do dispositivo referido.
Conforme entendimento do STF, não cabe em relação à alínea d no processo do trabalho. Da
sentença no rito sumário (dissídio de alçada), se houver violação à CF, será cabível o recurso
extraordinário, nos termos da Súmula n. 640 do STF. Se a decisão recorrida aplicou interpretação
razoável do dispositivo da CF, não há violação a ele, conforme a Súmula n. 400 do STF. A análise
acerca da existência ou não de repercussão geral é feita exclusivamente pelo STF, admitindo-se o
amicus curiae. A concessão de efeito suspensivo por ação cautelar seguirá as normas de
competência descritas nas Súmulas 634 e 635 do STF. Conforme a OJ n. 56 da SDI-1 do TST, a
execução, enquanto pender julgamento do RE, é provisória, diferentemente da Súmula n. 228 do STF.
Por fim, a interposição será perante o Presidente do TST.
Ação rescisória: é utilizada para desconstituir uma decisão de mérito que transitou em
julgado com um vício grave, constante no art. 966 do NCPC. É a última maneira de conseguir a
desconstituição daquela decisão, já que não cabe mais qualquer recurso em virtude do trânsito em
julgado. A referida ação está prevista no art. 836 da CLT.
Conforme dispõe o referido artigo da CLT, como pressuposto de admissibilidade da
rescisória, será realizado um depósito prévio de 20% do valor da causa, salvo prova de miserabilidade
jurídica do autor, hipótese em que será dispensado de tal requisito. Nos termos da Instrução
Normativa n. 31/2007, a massa falida está dispensada da realização do referido depósito.
O CPC/15 traz no art. 968, §2º uma limitação em relação ao depósito, que não pode ser de
valor superior a 1.000 salários-mínimos.
Além disso, é importante dizer que o valor depositado pode ser levantado pelo autor da
rescisória, ou pode ser “perdido” para a outra parte, como multa, nos termos do art. 968, II, do NCPC,
caso a ação rescisória seja inadmitida ou julgada improcedente.
A utilização da ação rescisória não depende da interposição prévia de recursos, conforme
prescreve a Súmula n. 514 do STF.
Sobre a competência para a ação rescisória, sempre de Tribunal, seguimos as seguintes
regras:
• TRT: Se a decisão que transitou em julgado foi uma sentença, caberá o ajuizamento perante o
Tribunal Regional do Trabalho. Se a decisão com trânsito em julgado for do TRT, caberá ao
próprio TRT o processamento e julgamento da rescisória.
Talvez a modificação mais significativa realizada pelo CPC/15, em relação aos requisitos de
admissibilidade da ação, tenha sido a inclusão do §2º do art. 966, que trata da possibilidade de
ajuizamento da ação em face de decisão que não seja de mérito, mas que impeça a nova propositura
da ação ou a admissibilidade de recurso.
Acerca da indicação de um dos vícios do art. 966 do NCPC, temos que explicar a Súmula nº
408 do TST, que trata do iura novit cúria (o Juiz conhece o direito). Digamos que o autor tenha
ajuizado a ação rescisória por haver incompetência absoluta do juízo que proferiu a decisão. Tal vício
consta no inciso II do art. 966 do NCPC. Ocorre que na rescisória não há necessidade de menção ao
dispositivo legal referido, bem como não haverá qualquer prejuízo caso o inciso mencionado na
petição inicial esteja errado. Isso ocorre porque o Juiz conhece o direito e poderá entender que a
parte alega a incompetência absoluta que está prevista no inciso II do art. 966 do NCPC.
Há apenas uma exceção na Súmula nº 408 do TST: caso a rescisória seja ajuizada com base
no inciso V do art. 966 do NCPC, que trata da hipótese de violação à literal dispositivo de lei, deverá o
autor obrigatoriamente mencionar o artigo de lei que entende ter sido violado.
Sobre as hipóteses para ajuizamento da ação rescisória, é importante destacar que o
CPC/15 trouxe, ao lado de dolo e colusão, que já eram motivos no CPC/73, a coação e a simulação,
no inciso III do art. 966 do CPC/15.
O tema ação rescisória de ação rescisória é tratado na Súmula n. 400 do TST, sendo
permitida a rescisória de rescisória, mas com uma condição: o vício apontado na 2ª rescisória deve
estar relacionado ao procedimento e julgamento da 1ª rescisória. Não é possível, por exemplo, voltar
à discussão acerca da incompetência absoluta do Juiz que julgou a ação originária, entretanto é
válido o ajuizamento da ação rescisória para discutir, por exemplo, a incompetência absoluta do
Tribunal que julgou a 1ª rescisória.
Uma das súmulas mais importantes do TST sobre o mandado de segurança é a de nº 415.
Nos termos do entendimento exposto, não cabe emenda da petição inicial do mandado de segurança
para juntada de documentos.
Não se aplica o jus postulandi ao mandado de segurança desde a edição da Súmula n. 425
do TST, assim redigida: “O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho”.
A súmula do TST mais importante sobre o mandado de segurança, é a de nº 414, que trata
da utilização do MS como sucedâneo recursal, isto é, como se fosse um recurso. Sabe-se que o MS
não é um recurso (é uma ação), mas pode ser utilizado como se fosse aquele. Imagine a seguinte
situação: um pedido de antecipação de tutela indeferida no curso do processo, pode ser impugnado
por mandado de segurança. Caso o mesmo pedido seja indeferido na sentença, não caberá a
impetração do MS, e sim a interposição de recurso ordinário, já que o RO é o recurso cabível de
sentença, conforme art. 895 da CLT.
A respeito do procedimento a ser adotado no mandado de segurança, destaque para a
notificação que será expedida à autoridade coatora para que preste informações em 10 dias. Não
sendo prestadas, não teremos revelia.
O Ministério Público, que funciona como fiscal da lei no mandado de segurança, oferecerá
parecer em 10 dias, sendo a sentença proferida em até 30 dias, nos termos do art. 12 da Lei
12.016/09.
Por fim, uma informação importante: não há condenação ao pagamento de honorários
advocatícios de sucumbência em sede de MS, conforme art. 25 da Lei 12.016/09.
Trata-se de procedimento prévio à execução para individualizar o objeto da condenação. Não é uma
ação autônoma, pois não há contraditório efetivo, bem como a decisão não é recorrível. A necessidade de
individualização da condenação decorre do fato de a execução somente poder ser iniciada quando tiver por base um
título com obrigação certa, líquida e exigível.
No rito sumaríssimo, conforme o art. 852-B, I, da CLT, o pedido deve ser certo, determinado e indicar o
valor, de forma que a sentença será desde logo líquida, não havendo liquidação de sentença nesse procedimento.
Lembre-se de que o pedido do autor deve ser líquido e deve constar o valor da causa na petição inicial. Nada
mais natural do que impor ao juiz o proferimento de sentença líquida. É por isso que a sentença já menciona o
valor devido “tintim por tintim”.
Uma das regras mais importantes da CLT sobre o procedimento da liquidação consta no §1º do art.
879, que proíbe a rediscussão da matéria relacionada ao processo principal, pois a liquidação não é um segundo
processo, um segundo tempo do processo. Na liquidação parte-se do pressuposto que o direito está reconhecido e
que apenas basta a sua quantificação.
Antes de falarmos sobre as formas de liquidação, também é importante destacar a Súmula nº 344 do
STJ, que permite que seja modificada a forma de liquidação descrita na sentença, sem qualquer ofensa à coisa
julgada. Assim, digamos que a sentença transitou em julgado afirmando que a liquidação seria feita
posteriormente por arbitramento. Nada impede que seja realizada a liquidação por cálculos. Não há ferimento à
coisa julgada. Além disso, a liquidação por cálculos é mais célere e barata.
Sobre as formas de liquidação, iniciamos com os cálculos: consiste na mais comum, em que há análise
de cálculos apresentados pelas partes, conforme os arts. 879 da CLT e art. 509, §2º e 524 do NCPC. Devem ser
seguidas as seguintes regras:
O procedimento a ser seguido é aquele descrito no art. 510 do NCPC. Diferencia-se a perícia realizada
na liquidação daquela feita como meio de prova no processo de conhecimento, pelos seguintes motivos:
a. Não há apresentação de quesitos e assistentes técnicos na liquidação.
b. O perito na liquidação é único.
Por fim, pode tal espécie de liquidação ser convertida em cálculos, se assim entender o magistrado.
Espécie mais morosa de liquidação, por seguir as regras do processo de conhecimento (Art. 509 e 511
do NCPC), será realizada quando houver necessidade de ser provado um fato novo, como o número de horas
extras efetivamente realizadas pelo reclamante, se a sentença condenar genericamente ao pagamento do
trabalho extraordinário realizado. Diferentemente das demais espécies, não pode ser iniciada de ofício pelo juiz,
somente a pedido da parte, que deverá trazer aos autos as provas documentais sobre os fatos novos.
Agora que já falamos sobre as três formas de liquidação – cálculos, arbitramento e artigos – temos
que destacar a seguinte regra: a única forma de liquidação que não pode ser iniciada de ofício é a por artigos. O
juiz até pode intimar as partes para apresentação por fatos novos, mas depende da atitude da parte para dar
início ao procedimento. Se os fatos novos não forem apresentados, nunca será realizada a liquidação.
O entendimento majoritário é no sentido da irrecorribilidade da decisão que julga a conta de liquidação,
já que da decisão posterior dos embargos à execução caberá agravo de petição, hipótese em que eventual erro
poderá ser levado ao Tribunal Regional do Trabalho.
No processo de execução buscamos a aplicação de normas da CLT. Na sua ausência, aplica-se a Lei
nº 6.830/80, que é a lei de execução fiscal. Apenas na ausência desta última é que buscamos a aplicação das
regras do CPC. Vejamos que, diferentemente do processo de conhecimento, em que a lacuna da CLT gera a
aplicação direta do CPC (caso compatíveis as regras), na execução temos a Lei de Execução Fiscal a ser aplicada
antes do Código de Processo Civil.
Na responsabilidade solidária, por exemplo no grupo de empresas (art. 2º, § 2º, da CLT), condenada
uma empresa do grupo, qualquer outra pode ser executada, mesmo que não tenha participado diretamente do
processo de conhecimento, já que houve o cancelamento da Súmula n. 205 do TST. Já na responsabilidade
subsidiária, que surge principalmente na terceirização, há necessidade de que o responsável subsidiário participe
da relação processual (processo de conhecimento) para que sofra os efeitos do processo de execução, conforme
dispõe a Súmula n. 331 do TST.
Na sucessão de empregadores, tema disciplinado nos arts. 10, 448 e 448-A da CLT, a responsabilidade
recai integralmente perante o sucessor, que assume os bônus e os ônus. A responsabilidade do sucedido pode
ser solidária, na hipótese de fraude, conforme novo art. 448-A da CLT.
A desconsideração da personalidade jurídica, expressa nos arts. 28 do CDC e 50 do CC, é aplicável no
processo do trabalho, com um detalhe: não há necessidade de demonstração de fraude, confusão patrimonial,
má gestão ou qualquer outro fato descrito nos dispositivos referidos. Nos domínios do processo do trabalho,
basta a ausência de patrimônio da pessoa jurídica para ser determinada a desconsideração da personalidade
jurídica, de forma a atingir os bens dos sócios, o que é denominado de teoria menor da desconsideração.
O art. 6º da IN nº 39/16 do TST manda aplicar os dispositivos do NCPC que tratam do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica – artigos 133 a 137 – com as necessárias adaptações. Assim, os
juízes devem intimar os sócios para apresentação de manifestação (defesa) em 15 dias, decidindo pela
desconsideração ou manutenção apenas da pessoa jurídica no polo passivo.
Os mesmos dispositivos, que já eram aplicados por determinação da IN 39/16 do TST, passaram a
integrar o art. 855-A da CLT, que agrega ainda as normas sobre irrecorribilidade/recorribilidade da decisão
proferida no incidente processual.
Da decisão interlocutória que julgar o incidente de desconsideração, seja para acolher ou rejeitar, não
caberá recurso se estivermos no processo de conhecimento, por aplicação do art. 893, §1º da CLT (princípio da
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias) ou recurso de agravo de petição, caso a decisão seja
proferida no processo de execução.
Caso o incidente seja instaurado e julgado no âmbito do Tribunal, pelo relator, caberá a interposição de
recurso de agravo interno, previsto no art. 932 do NCPC.
Mesmo possuindo título executivo, poderá o credor ajuizar ação de conhecimento, não havendo que se
falar em ausência de interesse processual, conforme art. 785 do NCPC. Trata-se de uma faculdade do credor:
iniciar a execução ou ajuizar ação de conhecimento.
O cheque e a nota promissória passam a ser títulos executivos extrajudiciais para o processo do
trabalho, conforme determina o art. 13 da IN nº 39/16 do TST, aplicando o art. 784, I do NCPC ao processo do
trabalho, desde que os títulos tenham sido emitidos para pagamento de verbas trabalhistas.
A execução provisória no processo do trabalho é regulada pelo art. 520 do NCPC, sendo de
responsabilidade do exequente, caso algum dano seja suportado pelo executado em decorrência da reforma da
decisão exequenda. O início da execução provisória depende de requerimento da parte, não sendo realizada de
ofício, como ocorre na definitiva, nos termos do art. 878 da CLT. A execução provisória decorre da ausência de
efeito suspensivo do recurso, que é a regra do processo do trabalho, conforme o art. 899 da CLT.
A impenhorabilidade absoluta dos salários é reafirmada pela OJ n. 153 da SDI-2 do TST, que confirma o
art. 833, IV do NCPC. Inicialmente, o salário não pode ser penhorado para pagamento de débitos trabalhistas,
mantendo-se a impenhorabilidade absoluta. Contudo, para salários superiores a 50 salários-mínimos, abre-se
uma exceção que possibilita a penhora da totalidade do que exceder essa quantia. Assim, se o salário for de 60
salários-mínimos, poderá haver penhora de 10.
Os títulos da dívida pública e os títulos e valores mobiliários, ambos com cotação em mercado, passam
a ser considerados bens importantes na ordem de penhora, estando abaixo apenas do dinheiro. O dinheiro
continua a ser o primeiro bem, passando aqueles títulos a figurar na ordem logo após.
Essa espécie de execução segue as normas do art. 880 da CLT, com a expedição de mandado de
citação, penhora e avaliação, para pagamento da quantia em 48 horas, incluindo os valores devidos à União em
decorrência de contribuições previdenciárias, sob pena de penhora e avaliação, a serem realizados pelo Oficial
de Justiça. Não sendo encontrado o executado, será citado por edital. Se forem encontrados bens passíveis de
penhora, será realizado o arresto executivo, conforme o art. 830 do NCPC.
Um dos temas polêmicos da execução trabalhista, mas consolidado pelo TST, é a não aplicação do art.
523 do NCPC ao processo trabalhista, ou seja, a não aplicação da multa de 10% pelo não pagamento da quantia
devida dentro do prazo estipulado pelo legislador, que no CPC é de 15 dias. O TST entende que não há lacuna
que autorize a aplicação do dispositivo do CPC, apesar de ser uma norma com efeitos positivos para a execução.
Conforme a OJ n. 89 da SDI-2 do TST, ninguém é obrigado a ser nomeado depositário dos bens
penhorados, sendo necessária à sua concordância, que culminará com a assinatura dos termos de penhora e
depósito.
A penhora sobre o faturamento da empresa é possível, desde que seja fixado um percentual razoável,
conforme OJ nº 93 da SDI-2 do TST, de forma a não prejudicar o desenvolvimento das atividades da empresa
executada. A ideia também consta no art. 835 do NCPC.
A garantia da execução, nos termos do art. 882 da CLT, pode ser realizada por meio de depósito da
quantia devida, apresentação de garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem
preferencial do art. 835 do CPC.
A reforma trabalhista incluiu o art. 883-A da CLT, que trata da possibilidade de efetuar o protesto da
decisão judicial, gerando a inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito e no Banco
Nacional de Devedores Trabalhistas, somente após 45 dias a contar da citação do executado, desde que não
tenha sido realizada a garantia do juízo.
Embargos à Execução
A defesa típica do executado está descrita no art. 884 da CLT, que trata dos embargos à execução,
ajuizados no prazo de 5 dias a contar da garantia do juízo. A defesa é analisada nos mesmos autos, por possuir
sempre efeito suspensivo, sendo o exequente intimado a manifestar-se também em 5 dias.
A garantia do juízo, nos termos do §6º do art. 884 da CLT, não precisa ser realizada quando a defesa
for apresentada por entidades filantrópicas ou por aqueles que compõem ou compuseram as duas diretorias.
A matéria que pode ser arguida nos embargos encontra-se tanto no art. 884, § 1º, da CLT quanto no
art. 525, §1º, do NCPC. O executado também pode defender-se por meio de exceção de pré-executividade,
quando a matéria for de ordem pública e não houver necessidade de produção de provas. A decisão que rejeitaa
exceção é irrecorrível, por ser interlocutória. Já o acolhimento da defesa, com a extinção da execução, gera o
cabimento de agravo de petição.
Nos embargos à execução é possível a produção de todos os meios de prova, inclusive testemunhal, já
que o §2º do art. 884 da CLT prevê a designação de audiência de instrução e posterior decisão.
Exceção de Pré-Executividade
A exceção de pré-executividade, não prevista em lei, é admitida pela doutrina e jurisprudência, sendo
considerada atípica. A defesa somente pode ser apresentada com prova pré-constituída, já que inexiste
possibilidade de instrução processual. Sendo acolhida a exceção com a extinção do processo, caberá recurso
de agravo de petição pelo prejudicado. Sendo rejeitada a exceção, o processo continuará sem a possibilidade de
recurso, já que a decisão se qualifica como interlocutória.
Prescrição Intercorrente
A prescrição intercorrente passa a ser aceita na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 11-A da CLT,
seguindo-se o entendimento da Súmula 327 do STF e em confronto com a Súmula 114 do TST, que deve ser
cancelada ou modificada.
Adjudicação
A adjudicação é o modo preferencial de expropriação, previsto no art. 876 do NCPC, que pode ocorrer
de forma singular ou em concorrência com outros credores. Na última hipótese, haverá licitação, adjudicando-se
aquele que ofertar melhor valor. A adjudicação será feita pelo valor da avaliação ou da arrematação, se já ocorreu,
desde que, nesta última situação, não tenha havido a assinatura no termo de arrematação. Destaque para a
Súmula n. 399 e para a OJ n. 66 da SDI-2 do TST, que afirmam não caber ação rescisória e mandado de segurança
contra a decisão de homologação da adjudicação.
Arrematação
O arrematante deve garantir o lance com 20% do valor no prazo de 24 horas, sob pena de perder o valor
para a execução, nos termos do art. 888, § 2º, da CLT. Esse ponto é sempre cobrado nos concursos trabalhistas,
tendo por vezes que realizar a conta para se chegar aos 20%. Basta dividir o valor da arrematação por 5 para se
chegar ao valor dos 20% de garantia do lance. Se o valor da arrematação foi de R$80.000,00, o valor da garantia
deve ser de R$16.000,00 (80/5=16).
O restante deve ser pago no prazo de 24 horas, sob pena de perda dos 20% para a execução e retorno
do bem à hasta pública, para ser novamente leiloado.
O NCPC permite o parcelamento do valor do lance, conforme art. 895, em até 30 parcelas, quando a
oferta for feita por escrito. As propostas para pagamento à vista sempre terão preferência sobre as parceladas.
Valor da Arrematação
O valor da arrematação não pode ser vil, conforme o art. 891 do NCPC, sob pena de aviltar o patrimônio
do devedor-executado. Diferentemente do CPC anterior, o CPC/15 define o que é preço vil, conforme redação.
Remição
A remição no processo do trabalho é regulamentada pelo art. 13 da Lei n. 5.584/70, sendo o pagamento
da totalidade da dívida pelo executado preferencial até em relação à adjudicação. A Lei n. 11.382/2006 revogoua
remição pelo cônjuge, descendente e ascendente. Por fim, a remição deve ser realizada no prazo de 24 horas
após a arrematação, prazo esse que é para a assinatura do auto de arrematação
A execução contra a Fazenda Pública, está prevista no art. 100 da CF/88, sendo regida por normas
próprias baseadas em dois princípios: igualdade e indisponibilidade dos bens públicos. Igualdade, pois o
precatório é a “fila de pagamentos” em que recebe primeiro quem apresentar o crédito primeiro (pagamento pela
ordem cronológica de apresentação). Indisponibilidade dos bens públicos, já que não há penhora de bens.
Estão submetidas ao regime do precatório e do RPV – requisição de pequeno valor – as pessoas
jurídicas de direito público (União, Estados, Municípios, Autarquias) e ECT – Empresa de Correios e Telégrafos.
Não estão submetidos ao regime as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas, já que possuem
personalidade jurídica de direito privado e, por isso, não gozam das prerrogativas processuais.
Dentro do procedimento para a execução contra a Fazenda Pública, destaca-se a citação para
apresentação de embargos, no prazo de 30 dias. Até que seja julgada a ADC 11 no STF, o entendimento é de que
a Lei 9.494/97, que alterou o prazo de 5 para 30 dias é constitucional.
As pessoas maiores de 60 anos e os doentes graves podem fracionar o precatório para receber parte
como Requisição de Pequeno Valor – RPV – que é paga bem mais rapidamente, em até 60 dias como será visto
posteriormente. As demais pessoas não podem fracionar, mas podem renunciar ao excedente para receber a
quantia como RPV. Elas estão renunciando ao que excede o valor máximo do RPV, sendo inviável a cobrança da
diferença posteriormente.
Apresentado o precatório até 1º de julho de um ano, o pagamento deverá ocorrer até o final do próximo
ano, conforme art. 100, §5º, da CF. Assim, apresentado até 1º de julho de 2016, o pagamento ocorrerá até o final
de 2017. Apresentado após 1º de julho de 2016, o pagamento ocorrerá até o final de 2018.
A Requisição de Pequeno Valor – RPV – será paga em até 60 dias, conforme art. 17 da Lei 10.259/01,
depois de intimada a Fazenda pelo Juízo da Execução, depositando-se a quantia em agência do Banco do Brasil
ou Caixa Econômica Federal.
A execução das obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa seguem o mesmo padrão, descrito
nos arts. 497 e 498 do NCPC, baseado na determinação de realização da conduta, abstenção ou entrega da coisa
pelo próprio devedor, sob pena de fixação de obrigações acessórias como multa diária, busca e apreensão,
desfazimento de obra, etc.
Na execução das obrigações o que não se quer é a conversão em perdas e danos, já que o art. 499 do
NCPC diz que aquela somente ocorrerá quando não for possível a tutela específica da obrigação ou a obtenção
de resultado prático equivalente.
Para forçar o cumprimento da obrigação, dispõe o art. 537 do NCPC que o Juiz imporá multa diária ao
réu, mesmo sem pedido do autor, de forma a conseguir o exato cumprimento e não a conversão em perdas e
danos. Se o valor da multa não estiver sendo suficiente, poderá o Magistrado modificá-la, seja para aumentar ou
mudar a periodicidade (passando para multa horária, por exemplo).
Por fim, o art. 536 §1º do NCPC deixa claro que a multa diária, apesar de ser o mecanismo mais utilizadoe
conhecido no dia a dia, é tão somente um dos que podem ser utilizados, já que o rol constante no parágrafo
referido é exemplificativo, podendo o Juiz determinar qualquer medida hábil para a concretização da decisão
judicial.
Tudo o que pode ser cobrado nas provas trabalhistas sobre execução de prestações sucessivas consta
nos artigos 890, 891 e 892 da CLT. Duas são as regras que devem ser entendidas e memorizadas:
Nas prestações sucessivas por tempo determinado, o não pagamento de uma acarretará a execução
que compreenderá as demais. Assim, se o devedor deixa de pagar uma prestação e o credor inicia a execução,
esta compreenderá todas as prestações devidas, como se fosse um vencimento antecipado das vincendas.
Já nas prestações sucessivas por tempo indeterminado, a execução compreende, num primeiro
momento, apenas aquelas que estiverem vencidas até o ajuizamento da execução, sendo que aquelas que
vencerem no curso da ação serão automaticamente incluídas.
Por vezes encontramos questões sobre execução contra a massa falida nas provas de concursos,
sendo que poucas são as informações que podem ser objeto de questionamento pelas bancas. Toda a dúvida
reside na competência da Justiça do Trabalho para a prática de atos processuais quando há o decreto de falência de
uma empresa.
Se a falência da empresa for decretada enquanto em curso a ação trabalhista de conhecimento, o
posterior pagamento do crédito reconhecido por sentença será realizado no processo de falência.
Se a falência ocorrer após a penhora de bem da empresa, efetuada no processo de execução
trabalhista, o bem será alienado (vendido) em leilão da Justiça do Trabalho, sendo o dinheiro revertido ao
processo de falência. Assim, o credor trabalhista que conseguiu a penhora em seu processo não receberá de
imediato, pois o valor oriundo da venda do bem será revertido para a Vara de Falência, para que ela realize os
pagamentos conforme a ordem estabelecida pela Lei 11.101/05 (Lei de Falência e Recuperação Judicial).
Agora, se a falência da empresa ocorrer após a alienação do bem na Justiça do Trabalho, o pagamento
ao credor trabalhista será realizado pela própria Justiça Trabalhista, sendo que eventual sobra será destinada à
Vara de Falência para pagamento dos débitos da massa falida.