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Resenha Critica 1B

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INTRODUÇÃO

O processo saúde-doença sempre foi um assunto discutido ao longo da


história, antes mesmo de receber essa nomenclatura, os povos já discutiam
sobre a doença propriamente dita. Podemos ter como base diversos povos da
idade média e idade antiga que buscavam definir e explicar fenômenos de
contração de doenças e até mesmo métodos de tratamento, iremos abordar
melhor sobre estes povos no desenvolvimento deste trabalho.
Outro aspecto importante da questão de saúde e doença é a evolução
da visão das pessoas ao longo do tempo em relação ao que se acreditava ser
a doença/enfermidade e como trata-la. Acredita-se que o principal fator de
mudança tenha sido a evolução tecnológica, crescimento e aprendizado da
comunidade intelectual e até mesmo da população em si.
É evidente que hoje nós podemos enxergar um grande peso da questão
social e econômica em relação ao que se entende por doença e o que se
entende como cura ou tratamento. Atualmente o acesso à saúde é muito mais
amplo do que décadas atrás, a saúde é um direito do cidadão brasileiro, ao
menos deveria ser. Mesmo que haja acesso “gratuito” através de hospitais
públicos, é muito evidente que a população de baixa renda não consegue se
manter com um padrão alto de saúde, ou seja, saudáveis, pois mesmo tendo
acesso aos hospitais eles tem inúmeros fatores de risco que contribuem e
acarretam a proliferação de doenças.
Ainda levando em consideração estes fatores de risco, é possível
deduzir através de uma simples observação que a proliferação de doenças por
falta de saneamento básico não é a maior dificuldade da promoção da saúde
pública, grande parte da população mais pobre não considera a saúde
prioridade, muitos não têm qualificação profissional, não têm renda fixa,
residem em bairros de alta periculosidade, todos estes fatores dificultam a ação
da saúde em si.
Mesmo que tenhamos evoluído exponencialmente no quesito ciência,
essa desigualdade social-econômica impossibilita a ação do governo, ONGs, e
até mesmo dos projetos sociais que atuam dentro da comunidade mais pobre,
conseguir levar essa conscientização a esse tipo de comunidade é um dos
maiores desafios quando o assunto é saúde-doença. Afinal como promover a
saúde ginecológica para uma mulher diarista, que é mãe de três crianças, cujo
marido está preso? Essa é uma dura realidade que encontramos no Brasil, a
desigualdade e injustiça é muito grande.
Vale salientar que esta visão de desigualdade social é uma abordagem
adaptada neste trabalho aos textos que iremos citar e discutir, pois é uma
realidade brasileira que vivemos todos os dias. Outra questão importante é o
desvio de dinheiro na área da saúde pública, o SUS deveria ser o meio mais
fácil, simples e barato de se conseguir atender a população mais pobre, porém
encontramos uma fila enorme no atendimento de exames, muitos hospitais
sem equipamentos adequados, sem até mesmo manutenção, existe também a
falta de ética profissional e corrupção, tudo isso é o que vivemos em nosso
querido e amado país. Afinal, como solucionar esses problemas e promover a
saúde no meio de tanta doença?
RESENHA BASEADA NOS TEXTOS:
 SAÚDE, DOENÇA E CUIDADO: COMPLEXIDADE TEÓRICA E
NECESSIDADE HISTÓRICA. (CARLOS BATISTELLA)
 ANTROPOLOGIA DA SAÚDE E DA DOENÇA: CONTRIBUIÇÕES
PARA A CONSTRUÇÃO DE NOVAS PRÁTICAS EM SAÚDE.
 ASPECTOS SOCIAIS E CULTURAIS DA SAÚDE E DA DOENÇA.

ADOTANDO UMA ÓTICA HUMANISTA/ANTROPOLÓGICA PARA


O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

Ao olharmos para trás podemos ver que desde os primórdios de nossa


existência sempre buscamos entender o que é saúde, e ao longo da história
nosso conceito sobre este assunto foi alterado diversas vezes. Há milhares de
anos atrás, antes de Cristo, ter saúde significava ser abençoado por Deus para
o povo judeu, para os Vikings ter saúde era um presente de Odin para poder
morrer em batalha e alcançar Valhalla, durante a segunda guerra ter saúde era
conseguir sobreviver em meio ao caos sem contrair nenhuma infecção ou
parasita. Hoje ter saúde para o brasileiro é ter um corpo saudável, sem stress
decorrente do trabalho, ter tempo para praticar uma atividade física e conseguir
se alimentar bem, ou seja, não é uma realidade de todos.
Segundo Caponi (1997), a problematização dos conceitos correntes
acerca da saúde tem como objetivo
evidenciar que o âmbito dos enunciados, o âmbito dos discursos, está
em permanente cruzamento com o âmbito do não-discursivo, do
institucional. É por isso que a aceitação de determinado conceito
implica muito mais que um enunciado implica o direcionamento de
certas intervenções efetivas sobre o corpo e a vida dos sujeitos,
implica a redefinição desse espaço de onde se exerce o controle
administrativo da saúde dos indivíduos.
(Caponi, 1997: 291).

É muito simples de entender o porquê devemos buscar conceituar a


ideia de saúde, a questão mais complexa é como conceituar um tema tão
subjetivo. De um lado temos um peso muito objetivo do conhecimento científico
ao redor do conceito de saúde, mas quanto mais evoluímos como civilização,
mais tem se provado ser insuficiente esse conceito objetivo, é fácil perceber
este fenômeno quando se observa os estudos das ciências comportamentais,
humanas e sociais. (BATISTELLA, 2007 pág. 26).
Um exemplo teórico de como isso age é a questão da Unicausalidade e
Multicausalidade, a ideia de que uma doença tem uma causa sem levar em
consideração os fatores do meio, fatores sociais e fatores de comportamento
do indivíduo doente, ou seja, como ele se sente em relação a doença. Talvez
seja necessária essa abordagem mais humana para o tratamento das doenças
em geral, o acompanhamento psicológico do doente é uma das coisas que
pode resultar em uma evolução no quadro deste paciente. Na multicausalidade
adotamos a ideia de que não é só o HIV, por exemplo, que torna o indivíduo
doente, mas o modo como ele se enxerga através desta doença, talvez se sinta
culpado por tê-la contraído, talvez já se sinta morto, tudo isso pode atrapalhar e
dificultar muito a ação do profissional da medicina.
A relação entre disease e illness (doença e enfermidade) é algo que
coloca o ser humano no centro de tudo, promove a antropologia para a relação
entre saúde e doença, fazendo com que este olhar somente técnico seja
descartado. Essa relação traz uma ótica muito mais humanista e individualista
para o doente, deixa de enxerga-lo como um alguém que contraiu uma doença
e passa a enxerga-lo como um ser humano, que tem sua ótica em relação ao
seu estado, tem sua vivencia histórica, tem sua personalidade, e tudo isso
evidentemente afetará o tratamento da doença, independente de qual seja.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este novo aspecto da saúde/doença, e estas novas práticas dos


promotores de saúde, têm se mostrado ser um grande desafio por sua dura
realidade e sua dificuldade de implantação, principalmente se tratando de
saúde pública. É notável um grande avanço se considerarmos a questão
tecnológica ou até mesmo o acesso a água potável, saneamento básico e
higiene, porém essa ainda não é uma realidade de 100% dos brasileiros.
É evidente que um acompanhamento psicológico acaba se tornando
fundamental para a promoção da saúde mental e até mesmo física dos
indivíduos. Por isso, a área da Psicologia deve sempre estar atuando neste tipo
de situação, podendo intervir nos casos de urgência, mas principalmente
trabalhando na questão da prevenção de diversos tipos de doenças e situações
que podem levar o indivíduo a adoecer, por exemplo: AIDS, gravidez na
adolescência, dependência química, câncer, depressão, anemia, anorexia,
entre outras.
Devemos adotar estas práticas e estes tipos de estudo o quanto antes,
pois assim como o mundo a nossa volta evoluiu, nós também precisamos nos
adaptar e sofrer uma espécie de mutação benéfica para entendermos o ser
humano contemporâneo e suas deformações.
Este olhar antropológico é fundamental para a nossa evolução científica
no ramo da saúde em geral, essa ótica já tem demonstrado grandes
resultados, esperamos que estes avanços sejam tão significativos ao ponto de
fazer com que o indivíduo que não está inserido no meio acadêmico e nem na
pesquisa passe a entender este tipo de visão, fazendo assim com que ele a
adote e seja mais um promotor de saúde em meio a tanta doença.

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