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Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2008
CARLOS ANTÔNIO CARDOSO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
___________________________ _____________________________
Prof. Aloísio da Silva Pinto Profª. Tânia Toledo de Oliveira
(Co-orientador) (Co-orientadora)
___________________________ _____________________________
Prof. José Camisão de Souza Prof. José Domingos Guimarães
____________________________________
Prof. José Dantas Ribeiro Filho
(Orientador)
Agradeço a Deus por me fazer lutar.
ii
À Monica.
Aos meus filhos Bernardo, Carolina,
Luciana e Diogo.
Aos meus pais Jair e Helena.
Aos meus irmãos Geraldo, Lídia e Myriam.
Aos meus sobrinhos Fernanda, Gabriela,
Flávia, Marina, Rafael, Alexandre e Victor.
Aos meus cunhados Marilia, Luiz, Waelcio
Patricia.
iii
AGRADECIMENTOS
Obrigado a todos.
iv
BIOGRAFIA
v
SUMÁRIO
vi
2.5.1.2. Potássio (K+) ...................................................................................22
2.5.1.2.1. Conceito e importância clínica ...............................................22
2.5.1.2.2. Descrição dos métodos para dosagem de potássio (K+).....23
2.5.1.2.3. Metabolismo de potássio ........................................................24
2.5.1.3. Cloreto (Cl-) .....................................................................................24
2.5.1.3.1. Conceito e importância clínica ...............................................24
2.5.1.3.1. Descrição dos métodos para a determinação cloretos (Cl-) 25
2.5.1.3.3. Metabolismo de cloretos .........................................................26
2.5.1.4. Cálcio (Ca+2) ....................................................................................26
2.5.1.4.1. Conceito e importância clínica ...............................................26
2.5.1.4.2. Cálcio total (tCa) e cálcio ionizado (Ca2+).............................27
2.5.1.4.3. Descrição dos métodos para a dosagem de Cálcio total (tCa)
...................................................................................................................28
2.5.1.4.4. Metabolismo de cálcio.............................................................28
2.5.1.5. Magnésio (Mg2+) ..............................................................................30
2.5.1.5.1. Conceito e importância clínica ...............................................30
2.5.1.5.2. Descrição dos métodos para a determinação de magnésio31
2.5.1.5.3. Metabolismo de magnésio ......................................................31
2.6. Carboidratos .................................................................................................32
2.6.1. Glicose ...................................................................................................32
2.6.1.1. Conceitos, importância clínica e metabolismo.................................32
2.6.1.2. Descrição dos métodos para a determinação de glicose .................34
2.7. Bilirrubina .......................................................................................................34
2.7.1. Conceito e importância clínica ............................................................34
2.7.1.1 Bilirrubina total ...................................................................................35
2.7.1.1.1. Conceito e importância Clínica..............................................35
2.7.1.1.2. Descrição dos métodos para a bilirrubina total....................36
2.7.2. Metabolismo de bilirrubina...................................................................36
2.8. Substâncias nitrogenadas..............................................................................38
2.8.1. Uréia .......................................................................................................38
2.8.1.1. Conceito e importância clínica..........................................................38
2.8.1.2. Descrição do método para a determinação de uréia - Cinética........39
2.8.1.3. Metabolismo de ureia .......................................................................39
2.8.2. Creatinina...............................................................................................40
2.8.2.1. Conceito e importância clínica..........................................................40
2.8.2.2. Descrição do método para a determinação de creatinina ................41
vii
2.8.2.3. Metabolismo de creatinina................................................................41
2.9. Enzimas .........................................................................................................41
2.9.1. Fosfatase alcalina (AFL) .......................................................................45
2.9.1.1. Conceito e importância clínica..........................................................45
2.9.1.2. Descrição das técnicas para a fosfatase alcalina.............................46
2.9.1.2.1. Descrição da técnica cinética IFCC........................................46
2.9.1.2.2. Descrição da técnica cinética DGKC .....................................46
2.9.1.2.3. Descrição da técnica cinética IFCC........................................47
2.9.1.3. Metabolismo de fosfatase alcalina....................................................47
2.9.2. Y- glutamiltransferase (GGT) ...............................................................47
2.9.2.1. Conceito e importância clínica..........................................................47
2.9.2.2. Descrição das técnicas para Y- glutamiltransferase........................48
2.9.2.2.1. Descrição da técnica cinética – Szasz modificado..............48
2.9.2.2.2. Descrição da técnica cinética de γ-glutamiltransferase ......48
2.9.2.2.3. Descrição da técnica cinética de γ-glutamiltransferase ......48
2.9.2.3. Metabolismo de gamma glutamiltransferase ....................................49
2.9.3. Aspartato aminotransferase (AST) ......................................................49
2.9.3.1. conceito e importância clínica...........................................................49
2.9.3.2. Descrição das técnicas para aspartato aminotransferase................50
2.9.3.3. Metabolismo de aspartato aminotransferase....................................50
2.9.4. Creatino fosfocinase – CK....................................................................51
2.9.4.1. Conceito e importância clínica..........................................................51
2.9.4.2. Descrição das técnicas para creatina fosfocinase (CK) ..................53
2.9.4.3. Metabolismo de creatina fosfocinase ...............................................53
3. OBJETIVOS................ ............................................................................ 54
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 54
4.1. Animais ..........................................................................................................54
4.2. Manejo alimentar ...........................................................................................54
4.3. Exame físico ..................................................................................................55
4.5. Colheita das amostras ...................................................................................55
4.6. Análises laboratoriais....................................................................................56
4.7. Distribuição dos grupos experimentais .........................................................56
4.8. Dosagens de parâmetros ..............................................................................57
4.8.1. Desenvolvimento das técnicas metodologias....................................58
4.8.1.1. Técnica de ponto final.......................................................................58
4.8.1.2. Desenvolvimento das técnicas cinéticas ..........................................59
viii
4.8.1.3. Técnica titulométrica do cloreto (Cl-) ................................................60
4.8.1.4. Métodos da fotometria de chama e do íon eletrodo seletivo ............60
4.9. Análise dos dados ........................................................................................61
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 61
5.1. Proteínas totais ..............................................................................................61
5.2. Proteína c reativa (PCR)................................................................................63
5.3. Fosfatase alcalina (AFL) ................................................................................64
5.4. Y-glutamiltransferase (GGT)..........................................................................65
5.5. Creatino fosfocinase ......................................................................................67
5.6. Cloretos (Cl-) ..................................................................................................68
5.7. Cálcio total (tCa) ............................................................................................69
5.8. Albumina (g/dL), ureia (mg/dL), creatinina (mg/dL), glicose (mg/dL),
aspartato aminotransferase (AST), Bilirrubina total (BT), Magnésio (Mg++, sódio
(Na+) e Potássio (K+).............................................................................................70
6. CONCLUSÕES........................................................................................ 72
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 73
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 74
APÊNDICE A.................... ........................................................................... 84
Tabela 16 – Métodos analíticos utilizados nas análises dos constituintes
sangüíneos ...........................................................................................................84
APÊNDICE B................... ............................................................................ 86
Tabela 17 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Proteínas
totais (PPT) (g/dL) de outros autores....................................................................86
Tabela 18 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de albumina
(ALB) (g/dL) de outros autores .............................................................................87
Tabela 19 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Ureía (UR)
(mg/dL) de outros autores.....................................................................................88
Tabela 20 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de creatinina
(CREAT) (mg/dL) de outros autores .....................................................................89
Tabela 21 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Bilirrubina
total (BT) (mg/dL) de outros autores.....................................................................90
Tabela 22 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de glicose (GLI)
(mg/dL) de outros autores.....................................................................................91
Tabela 23 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Sódio (Na+)
de outros autores ..................................................................................................92
Tabela 24 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de potássio (K+)
(mEq/L) de outros autores ....................................................................................93
ix
Tabela 25 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de cloretos (Cl-)
(mEq/L) de outros autores ....................................................................................94
Tabela 26 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Fosfatase
alcalina (AFL) (U/L) de outros autores..................................................................95
Tabela 27 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de gamma
glutamiltransferase (GGT) (U/L) de outros autores ..............................................96
Tabela 28 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de aspartato
aminotransferase (AST) (U/L) de outros autores..................................................97
Tabela 29 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos creatino
fosfocinase (CK) (U/L) de outros autores .............................................................98
Tabela 30 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de cálcio total
(tCa) (mg/dL) de outros autores ............................................................................99
Tabela 31 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Magnésio
total (Mg) (mg/dL) de outros autores .................................................................100
APÊNDICE C....................... ...........................................................................101
1. Constituição dos reagentes utilizados por técnica/Metodologia, preparação do
reagente de trabalho e cálculos dos resultados .................................................101
1.2. Proteínas totais ......................................................................................101
1.2.1. Técnica do biureto da Bioclin® ...........................................................101
1.2.2. Técnica do biureto da Katal® .............................................................101
1.2.3. Técnica do biureto da In vitro-Human® ..............................................102
1.3. Albumina ................................................................................................102
1.3.1. Técnica do verde de bromocresol da Bioclin® ...................................102
1.3.2. Técnica do verde de bromocresol da Katal® .....................................103
1.3.3. Técnica do verde de bromocresol da In vitro-Human® ......................103
1.4. Creatinina...............................................................................................104
1.4.1 Técnica cinética colorimétrica de creatinina da Bioclin® .....................104
1.4.2. Técnica cinética colorimétrica de creatinina da katal® .......................104
1.4.3. Técnica cinética colorimétrica de creatinina da In Vitro-Human® ......105
1.5. Uréia ........................................................................................................106
1.5.1. Técnica cinética uv da Bioclin® ..........................................................106
1.5.2. Técnica cinética uv da Katal® ............................................................106
1.5.3. Técnica cinética uv da In Vitro® .........................................................107
1.6. Glicose ....................................................................................................108
1.6.1. Técnica enzimática colorimétrica de glicose da Bioclin® ...................108
1.6.2. Técnica enzimática colorimétrica de glicose da Katal® .....................108
1.6.3. Técnica enzimática colorimétrica de glicose da In Vitro-Human® .....109
1.7. Bilirrubina total.......................................................................................109
x
1.8.1. Técnica colorimétrica de ponto final de bilirrubina da Bioclin® ..........109
1.7.2. Técnica colorimétrica de ponto final de bilirrubina da Katal® .............110
1.7.3. Técnica colorimétrica de ponto final de bilirrubina da In vitro® ..........110
1.8. Creatina fosfocinase ..............................................................................111
1.8.1. Técnica cinética de CK da bioclin® ....................................................111
1.8.2. Técnica cinética de CK da Labtest® ..................................................112
1.8.3. Técnica cinética de CK da katal® .......................................................113
1.9. Fosfatase alcalina ..................................................................................114
1.9.1. Técnica cinética IFCC de fosfatase alcalina Bioclin® ........................114
1.9.2. Técnica cinética DGKC de fosfatase alcalina da katal® ....................114
1.9.3. Técnica cinética IFCC de fosfatase alcalina da In vitro® ...................115
1.10. Gamma-glutamiltransferase................................................................115
1.10.1. Técnica da Bioclin – cinética – Szasz modificado® .........................115
1.10.2. Técnica cinética de γ-glutamiltransferase da Katal® ........................116
1.10.3. Técnica cinética de γ-glutamiltransferase da In Vitro® ....................116
1.11. Aspartato aminotransferase................................................................117
1.11.1. Técnica cinética de aspartato aminotransferase da Bioclin® ...........117
1.11.2. Técnica cinética de aspartato aminotransferase da Katal® .............117
1.11.3. Técnica cinética de aspartato aminotransferase da In vitro® ...........118
1.12. Cálcio ....................................................................................................119
1.12.1. Metodologia arsenaso III da Bioclin® ...............................................119
1.12.2. Técnica cresolftaleína complexona de cálcio da In vitro® ................119
1.12.3. Técnica cálcio arsenaso III da Labtest® ...........................................120
1.13. Cloretos.................................................................................................120
1.13.1. Técnica colorimétrica de cloretos da Bioclin® ..................................120
1.13.2. Técnica titulométrica modificada de cloretos da In vitro® ................121
1.13.3. Técnica colorimétrica de cloretos da Labtest® .................................121
1.14. Magnésio...............................................................................................122
1.15.1. Método de Mann e Yoe de magnésio da Bioclin® ...........................122
1.14.2. Método automação de magnésio da In vitro® ..................................122
1.14.3. Método magon sulfonado de magnésio da labtest® ........................123
xi
LISTA DAS TABELAS
páginas
01 Distribuição dos grupos experimentais pelos parâmetros avaliados 56
e pelas empresas fornecedoras de kits comerciais.
xii
09 Valores de albumina (g/dL), uréia (mg/dL), creatinina (mg/dL) e 70
glicose (mg/dL) de eqüinos MM hígidos obtidos de amostras
submetidas a diferentes tipos de técnicas e metodologias de
análise.
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
o
C Temperatura em graus centígrados
ALB Albumina
AFL Fosfatase alcalina
ALT Alanina aminotransferase
APP Proteínas de resposta positiva fase aguda
AST Aspartato aminotransferase
BT Bilirrubina total
+2
Ca Íons Cálcio
tCa Cálcio total
CK Creatino fosfocinase
Cl- Íons cloretos
CREAT Creatinina
dL Decilitros
EDTA Ácido etileno diamino tetracético
FEC Fluído extracelular
FIC Fluído intracelular
g gramas
g/dL gramas por decilitro
GGT Gamma glutamiltransferase
HDL Lipoproteínas de Alta Densidade
IL-1 Interleucina 1
IL-6 Interleucina 6
+
K Íons potássio
LEC Líquido extracelular
LDH Desidrogenase lática
LIC Líquido intracelular
mEq/L mili equivalente por litro
tMg Magnésio total
Mg+2 Íons magnésio
mg miligramas
mg/dL miligramas por decilitro
mL mililitros
MM Mangalarga marchador
xiv
mmol/L milimol por litro
Na+ Íons Sódio
PCR Proteína c reativa
PFA Proteínas de fase aguda
pH Potencial Hidrogenionte
PPT Proteínas totais
PSI Puro sangue inglês
PTH Paratormônio
RER Retículo endoplasmático rugoso
RFA Resposta de fase aguda
U/L Unidade por litro
UI/L Unidade internacional por litro
UR Ureia
TCA Ciclo do ácido tricarboxilico
µL microlitros
xv
RESUMO
xvi
média de Bioclin® e Katal®. Para a Creatino fosfocinase o kit da Katal®,
apresentou diferença significativa com valor de média de 355,10U/L, maior
que os valores de média de Bioclin® e Labtest®. A enzima gamma glutamil
transferase quantificada pelo kit da Katal® obteve valor de 23,80U/L,
apresentou diferença significativa, com valor de média superior aos valores
de média de Bioclin® e In Vitro-Human®. O íon cloreto apresentou o valor de
média de 94,20mEq/L, para o kit da Labtest®, significativamente menor do
que os valores de Bioclin® e In Vitro-Human®. O cálcio total apresentou
diferença entre os três kits utilizados sendo o maior deles 11,66mg/dL o
obtido com o kit da In Vitro-Human®, de 10,95mg/dL da Bioclin® e de
9,88mg/dL obtido com o kit de Labtest®. Portanto, os kits da Katal® para
proteínas totais e gamma glutamil transferase, da Labtest® para cloretos, da
In Vitro-Human® para fosfatase alcalina e de proteína c reativa em látex da
Bioclin®, devem ser utilizados com cautela quando forem utilizados para o
auxílio diagnóstico para equinos.
xvii
ABSTRACT
xviii
and Labtest®. The glutamil gamma transpherase enzyme, quantified by the
kit of Katal®, got values of 23.80U/L, presented significant difference, having
mean value higher than the mean values of Bioclin® and In Vitro-Human®.
The Clorets ion presented the mean value of 94.20mEq/L, for the Labtest®
Kit, considerably lower than the Bioclin® and In Vitro-Human® values. The
total Calcium presented difference among the three kits used. The higher of
them 11.66mg/dL, the one obtained with the In Vitro-Human® kit, 10.95mg/dL
the one obtained with the Labtest® kit. Therefore, the Katal® kits for total
protein and gamma glutamil transferase, from Labtest®, for clorets from In
Vitro-Human®, for alkaline phosphatase and C reactive protein in latex from
Bioclin®, must be used with caution when used as auxiliary diagnoses on
horses.
xix
1. INTRODUÇÃO
1
conhecimento das alterações decorrentes do esforço físico de diferentes
intensidades (BALARIN et al., 2005).
Valores de referência são observações realizadas em um indivíduo ou
em grupos de indivíduos num definido estado de saúde (LUMSDEN et al.,
1980). Os valores de referência tornam-se importantes ferramentas na
avaliação do diagnóstico e no estabelecimento do prognóstico de muitas
enfermidades, que acometem os equinos (LUMSDEN et al., 1980). Cada
fabricante de kit utilizado deverá estabelecer os valores de referência para
cada uma das espécies a serem avaliadas.
A base do diagnóstico clássico segue sendo “ver, palpar e escutar”,
porém modernamente a aspiração primordial do clínico é reconhecer uma
enfermidade na forma mais precoce possível. As provas de laboratório,
muitas vezes indispensáveis, proporcionam valiosos pilares diagnósticos,
especialmente quando os achados clínicos são vagos. O laboratório objetiva
os resultados corroborando o diagnóstico e assegurando ajuda mais rápida e
eficaz ao paciente. Noutro aspecto, haverá a satisfação pessoal do
veterinário de haver feito o melhor possível para o enfermo e se refletirá na
confiança do proprietário do animal ao veterinário atuante (COPPO e
MUSSART, 2000).
O conhecimento das concentrações fisiológicas dos constituintes
bioquímicos dos equídeos nas suas diferentes fases da vida constitui a base
para a avaliação das alterações patológicas nos quadros mórbidos,
facilitando o diagnóstico das enfermidades (SCHALM et al., 1975; HARVEY
et al., 1984). Nas enfermidades, os valores sanguíneos normais podem
sofrer alterações que, de modo geral, nem sempre são características de
determinada doença, mas, em certos casos, podem ser específicas e,
portanto, fornecer preciosos elementos de diagnóstico. Essas alterações às
vezes aparecem antes dos primeiros sinais clínicos, permitindo assim a
identificação precoce da doença ou de sua forma subclínica (MESSER,
1995).
O perfil laboratorial mais moderno para bioquímica inclui a dosagem
de todos os eletrólitos importantes, a dosagem de dióxido de carbono total e
a dosagem da concentração de proteínas totais (STAMPFLI e CARLSON,
2001).
2
Para a correta interpretação dos perfis metabólicos, é indispensável
contar com valores de referência apropriados para a região e a população
em particular. Em caso de não contar com esses dados, os valores
referenciais a serem usados devem ser de zonas climáticas e grupos de
animais similares (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
Um estudo retrospectivo efetuado no Hospital Escuela de Corrientes
sobre 130 histórias clínicas, revelou que em 54,4% dos casos, o diagnóstico
inicial foi modificado a partir dos dados obtidos por provas complementares,
entre as pertinentes à bioquímica clínica. A diversidade de espécies, raças e
sistemas de alimentação e manejo dificultam a interpretação dos dados do
diagnóstico complementar. (COPPO e MUSSART, 2000).
O diagnóstico diferencial precoce, especialmente em enfermidades
orgânicas e metabólicas, dificilmente será encontrado sem o auxílio do
laboratório. O quadro bioquímico vai variar segundo o momento evolutivo da
enfermidade e muitas vezes vão coexistir com duas ou mais afecções.
Algumas provas de laboratório úteis para a patologia humana não seriam
confiáveis para serem aplicadas aos animais (COPPO e MUSSART, 2000).
As análises bioquímicas não devem ser exigidas sem motivo
justificado, nem ter o objetivo de substituir o exame físico metódico; só vão
ter valor quando o clínico se achar em condições de saber interpretar os
resultados. O clínico deverá ter conhecimento dos valores de referência de
cada espécie, para cada idade e sexo, assim como considerar variações
próprias das diferentes patologias da medicina interna. Aos fatores limitantes
deveriam ser agregados os distintos estados fisiológicos (crescimento,
gestação, lactação, envelhecimento), assim como o ritmo circadiano
(COPPO e MUSSART, 2000).
LOPES (1993) e COSTA (2003), no Brasil, observaram diferenças
significativas na concentração sérica das enzimas aspartato amino
transferase (AST), desidrogenase lática (LDH) e Y-glutamiltransferase (GGT)
em equinos puro sangue inglês (PSI) sadios, em relação aos valores de
referência de autores estrangeiros e enfatizaram a necessidade de cada
laboratório determinar seus valores de referência.
Vários são os elementos sanguíneos cujas dosagens permitem avaliar
o estado de sanidade dos animais. A uréia (UR) e a creatinina (CREAT)
3
permitem avaliar a função renal (CARLSON, 1993). A determinação da
albumina sérica, das bilirrubinas e das enzimas alanina aminotransferase
(ALT), fosfatase alcalina (AFL) e, especialmente Y-glutamiltransferase (GGT)
é importante no auxílio ao diagnóstico das hepatopatias, já que o fígado é
um órgão difícil de ser avaliado pelo exame físico (PINSENT e EDDY, 2004).
A verificação da atividade da creatino fosfo cinase (CK) permite avaliar a
função muscular, enquanto a determinação das proteínas totais e da
albumina pode auxiliar no diagnóstico de algumas disfunções nutricionais.
Os resultados dos exames laboratoriais podem sofrer alterações
devido às variações pré-analíticas (idade, espécie, estresse, hidratação,
dieta, estado reprodutivo, estase venosa, utilização de drogas, localização
geográfica, coleta da amostra e sua manipulação) e analíticas, ou às
variações biológicas normais em diferente conformidade com processos
patofisiológicos (XIMENES et al., 1984; SARTOR et al., 1985; CARLSON,
1993; MEYER e HARVEY, 1998; ZHANG et al., 1998). Dentre as variações
na fase analítica estão às variações das metodologias e/ou das técnicas
utilizadas em cada um dos kits comerciais.
Além dos fatores mencionados, devem ser também consideradas a
dieta, a atividade física do animal e as características ambientais locais,
como temperatura, altitude, solo e umidade do ar (MUNDIM et al., 2004).
Para que as alterações patológicas sejam estabelecidas, as variações pré-
analíticas e analíticas devem ser reduzidas a ponto de não influenciarem a
interpretação dos resultados (ONO et al., 1981; LINDNER e BAUER, 1993;
ZHANG et al., 1998).
2. REVISÃO DE LITERATURA
4
trabalho de Payne, aplicado inicialmente a rebanhos leiteiros, foi ampliado a
outras espécies, com aplicações práticas no manejo alimentar.
Aproximadamente 60% a 70% do peso corporal dos equinos são
constituídos por água (JOHNSON, 1995; STEWART, 1998), estando esta
dividida nos compartimentos intra e extracelular (FREESTONE, 1993;
STEWART, 1998). O fluido intracelular representa aproximadamente 40% do
peso corporal, enquanto o extracelular representa cerca de 20% a 30%
(FREESTONE, 1993; STEWART, 1998) e pode ser subdividido em plasma,
fluído intersticial e transcelular (STEWART, 1998).
2.1.1. Plasma
A composição bioquímica do plasma sanguíneo reflete de modo fiel a
situação metabólica dos tecidos animais, de forma a poder avaliar lesões
teciduais, transtornos no funcionamento de órgãos, adaptação do animal
diante dos desafios nutricionais e fisiológicos e de desequilíbrios metabólicos
específicos de origem nutricional (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
O plasma corresponde a 55% e 70% do sangue total. Além da água, o
maior constituinte do sangue, o plasma contém gases, minerais e uma
variedade de constituintes orgânicos, nitrogenados ou não, como também
enzimas, hormônios, vitaminas e seus derivados coenzimáticos, metabólitos
variados e produtos do metabolismo da detoxicação (BACILA, 2003).
Algumas dosagens podem ser realizadas simultaneamente no plasma
ou soro, vai depender da indicação da metodologia empregada para a
realização do mesmo. O plasma é obtido com a utilização de tubos contendo
anticoagulantes, tais como citrato, fluoreto, etc.
2.1.2. Soro
A diferença analítica entre soro e plasma é que o primeiro não contém
fibrinogênio, que é utilizado para formação do coágulo. O soro é obtido a
partir de sangue coletado sem anticoagulantes e pode ser utilizado para as
dosagens bioquímicas. No caso de utilização do soro, é necessário um
período de 30 a 180 minutos para a formação do coágulo e a sua completa
obtenção (BLOOD e STUDDERT, 2002; GONZÁLEZ e SILVA, 2003).
5
Quando uma amostra de soro é submetida à análise, uma série de
fatores pode levar a resultados pouco acurados. Soros hemolisados ou
lipêmicos não são ideais para a realização de dosagens bioquímicas, e os
resultados obtidos podem variar muito em relação ao método ou à
aparelhagem utilizada e em relação aos parâmetros normais (O’NEILL e
FELDMAN, 1989).
A interpretação do perfil bioquímico é complexa tanto aplicada a
rebanhos quanto a indivíduos, devido aos mecanismos que controlam o nível
sanguíneo de vários metabólitos e devido também, a grande variação
desses níveis em função de fatores como raça, idade, stress, dieta, nível de
produção leiteira, manejo, clima e estado fisiológico (lactação, gestação,
estado reprodutivo) (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002). A presença de um
soro límpido, sem lipemia, hemólise ou icterícia favorece as dosagens
séricas.
2.2. Proteínas
6
são as proteínas sanguíneas de transportes, os anticorpos e as proteínas de
reserva nutritiva (LEHNINGER et al., 1995).
As proteínas plasmáticas são constituídas de polímeros a partir de 22
amino ácidos conectados linearmente por ligações peptídicas em
combinações diferenciadas, apresentando funções específicas ao tecido de
sua síntese (SWENSON e REECE, 1996).
De acordo com COLES (1984), o principal local de síntese de
proteínas plasmáticas – albumina, fibrinogênio, protrombina, alfa e beta-
globulinas – é o fígado. Em geral, o soro sangüíneo contém cerca de 7,0
g/dL de proteínas. As funções das proteínas no organismo são inúmeras:
manutenção da pressão osmótica, catálise de reações bioquímicas,
manutenção do equilíbrio ácido-base, coagulação sangüínea, nutrição e
defesa do organismo (KANEKO et al., 1997).
Evidências afirmam que as proteínas globulares sofrem desnaturação
quando aquecidas, expostas a valores extremos de pH (potencial
Hidrogenionte), ou tratadas com uréia (LEHNINGER et al., 1995). Uma vez
que ocorre desnaturação, as atividades protéicas são afetadas, de modo
irreversível (KANEKO et al., 1997).
7
frações podem refletir doenças específicas e trazer valiosos subsídios para o
seu diagnóstico (MILLER e GONÇALVES, 1999).
Qualquer anormalidade nas proteínas totais indicará a ocorrência de
algum fator responsável, seja ele patológico, fisiológico ou de qualquer outra
origem. O estudo do equilíbrio hídrico de um animal pode ser avaliado se
utilizarmos a estimativa dos níveis de proteínas totais. Esta prova juntamente
com a determinação do volume globular e/ou hemoglobina, tem valor na
determinação da ausência ou presença (e grau) de desidratação. Pode ser
utilizada na avaliação do estado nutricional. Pode ainda refletir alterações
metabólicas na concentração das proteínas totais e podem ser indicativos de
doenças. Podemos observar alteração nos valores de proteínas totais, em
associação com hepatopatias e nefropatias, que auxiliam tanto no
diagnóstico como prognóstico. A diminuição nos valores séricos das
proteínas plasmáticas, ou seja, hipoproteinemia são advindos de ingestão
inadequada de nutrientes, perda excessiva de proteínas, resultantes de
queimaduras, feridas, proteinúria ou aumento na degradação protéica por
gliconeogênese. Existe alguma evidência do decréscimo de proteínas com
gravidez e lactação (COLES, 1984).
As proteínas podem estar diminuídas na síndrome da mal absorção,
na cirrose hepática, na síndrome nefrótica, na sobreidratação, nas
enteropatias, em animais jovens e nas hemorragias (GONZÁLEZ e
SCHEFFER, 2002).
As proteínas totais podem estar aumentadas na desidratação, na
perda de fluídos corporais, nas infecções, nos tumores, no choque, em
animais mais velhos e na presença de hemólise na amostra a ser utilizada
(GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
8
automatizável adaptando-se a todos os analisadores automáticos
disponíveis (LIMA et al., 1985).
2.3. Albumina
12
ou monócitos. São hábeis para liberar um espectro de mediadores
inflamatórios, tais como citoquinas, mediadores lipídicos, aminas vasoativas,
componentes do complemento, espécies reativas ao oxigênio e óxido nítrico
(OLSON et al., 1995). Os mediadores inflamatórios atuam nas reações de
maneira local e sistêmica. No local da reação, inclui o aumento da
permeabilidade capilar e infiltração de leucócitos para a área de inflamação.
O aumento da permeabilidade capilar permite o transporte de diferentes
moléculas entre a circulação e a área da injúria ao tecido. Estas moléculas
consistem de muitas proteínas plasmáticas, tais como inibidoras da
proteinase, proteínas transportadoras e outras proteínas ligantes. Muitos
íons são transferidos para a área, como exemplo, sódio e cloreto. A
migração de leucócitos para o sítio inflamatório é regulada pela sua adesão
ao endotélio. A aderência dos leucócitos para o endotélio é seguida pela
diapedese dos leucócitos e sua migração para o foco inflamatório está sendo
guiada por diferentes fatores quimiotáticos. Células fagocíticas, neutrófilos
granulócitos e macrófagos têm a função chave na eliminação dos antígenos.
Esta função é baseada na fagocitose, hidrolase dos lisossomos e radicais
oxigênio. Dois radicais oxigênios fornecidos pelo anion superóxido (O2-) e
óxido nítrico podem também ser convertidos em peroxilnitrito (ONOO-), o
qual foi recentemente considerado o maior agente citotóxico (PAAPE e
CAPUCO, 1997).
Citoquinas são polipeptídios multipotentes produzidos por vários tipos
de células. Sua síntese é iniciada por mediadores, os quais induzem a
cascata de transdução de sinal, transcrição de genes de citoquina,
translação dentro do polipeptídio citoquina, processamento e secreção (KOJ,
1996).
A resposta de fase aguda (RFA) é clinicamente caracterizada pelos
sinais sistêmicos da inflamação febre, inapetência e depressão. Os sinais
refletem múltiplas trocas no controle homeostático do animal doente
(PYÖRÄLÄ et al., 1994). A RFA inclui trocas endocrinológicas, metabólicas,
hematológicas e neurológicas (PYÖRÄLÄ et al., 1994).
13
2.4.2. Proteínas de fase aguda (Proteína C-reativa)
14
espécie. Os perfis podem ser afetados pela idade, sexo, gestação e
polimorfismo (ALSEMGEEST et al,. 1993, HAYES, 1994).
As primeiras proteínas de fase aguda (PFA) são produzidas dentro de
poucas horas após a injúria ao tecido, e o seu pico pode ser atingido dentro
de um dia após a injúria do tecido (BOOSMAN et al., 1989).
Em algumas doenças inflamatórias, certas proteínas de fase aguda
(PFA) podem ser mais ativamente consumidas, apesar da elevada meia-
vida, resultando dessa maneira em um nível relativamente baixo,
considerando o estágio da inflamação (THOMPSON et al., 1992). A maioria
das proteínas de fase aguda (PFA) usadas na clínica médica veterinária, sua
cinética e comportamento em diferentes condições patológicas não tem sido
descritos (HAYES, 1994).
A proteína c reativa (PCR) e amilóide sérica P (SAP) são membros da
família pentraxina das proteínas do plasma com características pentamérica.
As pentraxinas são hábeis em limpar o material nuclear liberado dos tecidos
necrosados, elas também estão envolvidas na opsonização, ativação da via
clássica do complemento e o enriquecimento da fagocitose (COOPER, 1990;
RAYNES, 1994; STEEL e WHITEHEAD, 1994; PANNEN e ROBOTHAM,
1995; TABEL, 1996). A proteína c reativa (PCR) e amilóide sérica P (SAP)
são as maiores proteínas positivas de fase aguda (APP) em humanos, mas
uma resposta relativamente baixa em bovinos (MADSLEY et al., 1987,
SARIKAPUT et al., 1992).
Membros da família da amilóide sérica A (SAA) são pequenas
apolipoproteínas que estão associadas ao HDL (Lipoproteínas de alta
densidade), e atuam durante a resposta de fase aguda (APR) (COOPER,
1990; PANNEM e ROBOTHAM, 1995).
A amilóide sérica A (SAA) é considerada proteína de fase aguda
positiva (APP) em humanos e também em bovinos (HAYES, 1994,
YAMAMOTO et al., 1998). Apesar da natureza da resposta de fase aguda
(APR), são numerosas as diferenças das características entre as diversas
espécies animais. O fenômeno é pobremente conhecido. A proteína mais
importante varia muito dependendo da espécie e também da enfermidade
(STEEL e WHITEHEAD, 1994).
15
A indicação mais óbvia para o uso das proteínas de fase aguda
positivas (APPs) é o diagnóstico clínico. As APPs podem servir como
indicadoras de doenças subclínicas dentro do rebanho ou para um único
indivíduo. Em casos clínicos, proporcionam uma importante informação
adicional para melhorar o diagnóstico e auxiliar no prognóstico (PYÖRÄLÄ et
al., 1994). SCOTT et al., (1992) definiram que valores séricos de
haptoglobina (Hp) têm valor prognóstico em ovinos para indicar sobrevida.
Em veterinária, assim como em medicina humana, é essencial a
compreensão da patofisiologia da resposta inflamatória do hospedeiro. Por
esta razão, a compreensão da resposta de fase aguda (RFA) é importante
no acerto do diagnóstico e para a tomada de decisão para iniciar
tratamentos. O mais importante papel diagnóstico da RFA é a distinção entre
doenças viral e bacteriana e também para reduzir o uso desnecessário de
antibióticos (PYÖRÄLÄ et al., 1994).
A proteína C-reativa é um útil indicador de processo inflamatório em
atividade, quer seja de origem infecciosa (pneumonia, tuberculose) ou não
(febre reumática em atividade, artrite reumatóide, lupus eritematoso).
Proteína C-reativa e amilóide sérica A (proteína transportada pelas
lipoproteínas de alta densidade, HDL) são consideradas as proteínas mais
importantes para o diagnóstico de fase aguda. Segundo KANEKO et al.
(1997), a proteína que tem a maior resposta em inflamações agudas no
cavalo é amilóide sérica A.
A resposta inflamatória é o mecanismo fundamental pelo qual a
defesa contra a injúria inicia uma série de eventos para a realização deste
processo (KANEKO et al., 1997).
A proteína c-reativa (PCR) está presente também, em várias outras
condições patológicas como no infarto agudo do miocárdio, doenças
neoplásicas, trauma intenso, viroses, queimaduras. A determinação de sua
concentração sérica constitui um teste eficaz no diagnóstico e no
prognóstico das inflamações (KANEKO et al., 1997).
16
2.4.2.2. Descrição dos métodos para a dosagem de Proteína c reativa
1
Array – Beckman Coulter Inc - USA
17
A quantidade de luz dissipada é diretamente proporcional à
quantidade de complexos formados (MANUAL DO EQUIPAMENTO, BCI).
2.5. Eletrólitos
18
em equivalência para manutenção da eletroneutralidade dentro do
organismo (STEWART, 1983; DIVERS et al., 1986).
A principal função dos eletrólitos no organismo animal é a
manutenção das forças osmóticas, o que possibilita o equilíbrio de líquidos
entre os compartimentos intra e extracelulares (TEIXEIRA et al., 2003).
Cada compartimento, intra e extracelular, contém um soluto principal,
sendo este responsável pela manutenção da osmolalidade nesse espaço. A
osmolalidade se traduz pela quantidade total de partículas dissolvidas em
uma solução (BROWNLOW e HUTCHINS, 1982). As inter-relações entre
eletrólitos, proteínas e o equilíbrio ácido-base podem ser muito importantes
no auxílio na decisão da terapêutica (STAMPFLI e CARLSON, 2001).
Essa diferença de constituição entre o espaço intra e o extracelular é
mantida pela permeabilidade seletiva da membrana celular e pela atividade
da bomba de sódio-potássio (BENESI e KOGIKA, 1999), que promovem um
constante movimento de água entre esses compartimentos, devido ao
gradiente osmótico estabelecido entre os dois lados da membrana celular
(ROSE, 1981; DEARO e REICHMANN, 2001). A pressão osmótica é a força
motora que promove a movimentação da água entre os dois
compartimentos, intra e extracelular, sendo esta movimentação totalmente
passiva (TASKER, 1997; RANDALL et al., 2000; COSTA, 2003).
Na célula, os eletrólitos atuam na condução nervosa e despolarização
de fibras musculares, tornando possível a contração muscular. A extensão
na qual essas funções podem ser prejudicadas em um dado déficit de
eletrólitos induzido pelo exercício e na qual a capacidade atlética pode ser
reduzida já pode ser verificada (TEIXEIRA et al., 2003).
Concentrações anormais de eletrólitos no plasma como cálcio,
potássio e sódio podem desencadear distúrbios eletrolíticos associados com
quadros de diarréia, doença renal, baixo desempenho atlético e sudorese
(ROSE e HODGSON, 1994).
O sódio e o potássio são os principais solutos extra e intracelular,
respectivamente (JOHNSON, 1995). O sódio, potássio e cloretos são
extremamente importantes por causa de suas altas concentrações e, por
estarem completamente dissociados em soluções aquosas, as
determinações de suas concentrações relativas são os principais
19
determinantes para o equilíbrio ácido-base (STAMMPFLI e CARLSON,
2001).
A melhor informação sobre o grau de desidratação e a necessidade
de reposição hidroeletrolítica é obtida por meio de exame físico (DE
MORAIS e DI BARTOLA, 1993; FREESTONE, 1993; TAYLOR e HILLYER,
1997). Por meio do exame físico do animal, obtêm-se dados de freqüência
cardíaca e respiratória (TAYLOR e HILLYER, 1997; ECKE et al., 1998;
COLLATOS e MORRIS, 1999), coloração das mucosas, turgor da pele,
tempo de enchimento capilar (FREESTONE, 1993; TAYLOR e HILLYER,
1997; ECKE et al., 1998; COLLATOS e MORRIS, 1999), distensibilidade da
veia jugular, qualidade do pulso arterial (FREESTONE, 1993; TAYLOR e
HILLYER, 1997), motilidade intestinal e temperatura corporal (TAYLOR e
HILLYER, 1997; ECKE et al., 1998).
20
2.5.1.1.2. Descrição dos métodos para a determinação de sódio
21
2.5.1.1.3. Metabolismo de sódio
O sódio é o principal cátion do fluído extracelular (FEC); é um fator
necessário para algumas reações metabólicas, mas atua
predominantemente como indutor oculto na maioria das transferências de
fluidos pelas superfícies epteliais do organismo. O transporte primário de
sódio pode propiciar a força eletromotora necessária à movimentação de
ânions pareados ou ao gradiente osmótico, para a transferência de água
entre os compartimentos. Vários mecanismos de difusão facilitada de
moléculas orgânicas dependem, em parte, do transporte de sódio. O influxo
controlado de sódio pela membrana celular é a base para a propagação de
todas as alterações do potencial de ação do organismo; por isso, ele resulta
em impulsos nervosos, contrações musculares e vários eventos em células
secretoras. O conteúdo corporal de sódio é determinado pelo equilíbrio entre
a ingestão do mineral na dieta e sua excreção na urina, nas fezes e no suor.
A manutenção do equilíbrio de sódio deve-se principalmente aos efeitos do
mecanismo renina-angistensina-aldosterona no transporte de sódio pelas
superfícies epteliais dos rins, no sistema gastrintestinal e nas glândulas
sudoríparas (BAKER et al., 2007).
22
organismo, como nos distúrbios renais e intestinais, ou por perda excessiva
pelo suor. A hipocalemia também ocorre por sequestro do potássio para o
meio intracelular, observada na alcalose sanguínea ou alcalemia (ROSE,
1981; STOCKHAM, 1995).
23
àqueles utilizados na fotometria de chama. A sistemática de pipetagem é a
mesma da fotometria de chama.
24
Os íons sódio e cloreto são os principais responsáveis pela
osmolalidade plasmática; como o cloreto não se liga ao íon hidrogênio em
pH fisiológico, não atua como tampão. Para manter a neutralidade
eletroquímica, o cloreto varia inversamente com o bicarbonato (MEYER e
HARVEY, 1998).
O cloreto, juntamente com o sódio, é responsável pelo equilíbrio
ácido-base e pela manutenção da pressão osmótica (GONZÁLEZ e SILVA,
2003). A hipercloremia é associada com a desidratação e com a acidose
tubular renal, ao passo que a hipocloremia ocorre em acidose metabólica
(MEYER e HARVEY, 1998).
A hipocloremia é observada nos vômitos com perda de ácido
clorídrico (HCl) e nos estados acidóticos nos quais existe um acúmulo de
ânions orgânicos (Ânion gap positivo). A verdadeira hipocloremia é um
componente frequente das alcaloses metabólicas persistentes associadas à
pressão de volume (COLES, 1984; KANEKO et al., 1997).
A hipercloremia ocorre em várias formas de acidose metabólica
incluindo aquelas secundárias à perda de grande quantidade de bicarbonato,
como nas diarréias prolongadas e nas ureteroenterostomias. Também
gamopatias mono e policlonais estão associadas com hipercloremia. Tem-se
demonstrado a presença de concentrações elevadas do cloreto sérico em
pacientes com hiperparatireoidismo. Também na síndrome nefrótica
encontra-se a hipercloremia. A acidose tubular renal é uma condição
hiperclorêmica (COLES, 1984; KANEKO et al., 1997).
25
2.5.1.3.2.2. Descrição do método titulométrico
Os íons cloretos são titulados com uma solução de nitrato de
mercúrio, usando como indicador a difenilcarbazona. Os íons Hg+2 reagem
com os íons cloreto (Cl-) formando o cloreto de mercúrio, que é praticamente
indissociável, porém solúvel. O excesso de Hg+2 reage com a
difenilcarbazona, formando um complexo de cor azul violeta no ponto final
da titulação (LIMA et al., 1985).
26
10%). O cálcio total, forma como é medido no sangue, contém a forma
ionizada, que é biologicamente ativa, e a forma não ionizada. Estas duas
formas estão em equilíbrio e sua distribuição final depende do pH, da
concentração de albumina e da relação ácido-base. Quando existe acidose,
há uma tendência para aumentar a forma ionizada de Ca. A queda na
concentração de albumina causa diminuição no valor do cálcio sanguíneo. O
sistema endócrino envolvendo a vitamina D3, o paratormônio (PTH) e a
calcitonina, responsáveis pela manutenção dos níveis sanguíneos de cálcio,
atua de forma bastante eficiente para ajustar-se à quantidade de cálcio
disponível no alimento às perdas que acontecem principalmente na gestação
e lactação. O firme controle endócrino do Ca faz com que os níveis variem
muito pouco (17%) comparado com o fósforo (variação de 40%) e o
magnésio (variação de 57%). Portanto o nível sanguíneo de cálcio não é
bom indicador do estado nutricional, enquanto que os níveis de fósforo e
magnésio refletem diretamente o estado nutricional com a relação a estes
minerais (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
29
2.5.1.5. Magnésio (Mg2+)
30
2.5.1.5.2. Descrição dos métodos para a determinação de magnésio
31
2.6. Carboidratos
2.6.1. Glicose
2.7. Bilirrubina
34
que é reabsorvido em torno de 10% a 15% pela circulação portal até o
fígado. A maioria deste urobilinogênio é re-excretada pela bile e uma parte
pode ser excretada pela urina. O urobilinogênio não reabsorvido no intestino
é oxidado a estercobilina, pigmento responsável pela cor marrom das fezes.
(GONZÁLEZ et al., 2002).
A bilirrubina é o principal pigmento biliar encontrado no soro dos
animais domésticos (COLES, 1984).
No plasma, são observadas pequenas quantidades de bilirrubina
conjugada, sendo a maior parte da bilirrubina plasmática do tipo livre
(indireta) (EADES e BOUNOUW, 1997; GONZÁLEZ e SILVA, 2007).
35
A bilirrubina é sensível à luz, e a exposição direta à luz solar por
1 hora pode reduzir o nível de bilirrubina de uma amostra em até 50%.
(HENDRIX, 2005).
36
A bilirrubina transportada aos hepatócitos se une a uma proteína de
ligação, denominada, ligandina, que evita o refluxo de bilirrubina dos
hepatócitos para o sangue e, portanto, influencia sua absorção. Os ácidos
graxos livres competem com a bilirrubina pelos locais de ligação com a
ligandina. No hepatócito, a bilirrubina é conjugada com grupos de açúcar.
Em vários mamíferos, o principal grupo de açúcar com o qual a bilirrubina
conjuga é o acido glucorônico; isso resulta na formação de glicuronídeo de
bilirrubina. Essa reação é catalisada pela enzima de membrana conhecida
como uridina difosfoglicuronosida glicuronosiltransferase. Tanto os
monoglicuronídeos quanto os diglicuronídeos são formados nos mamíferos,
sendo os últimos a forma predominante de bilirrubina conjugada na bile. Em
algumas espécies, além dos glicuronídeos, são produzidos outros
conjugados (glicosídeos,conjugados mistos de glicosídeo e glicuronídeo,
xilosídeos). A maior parte da bilirrubina conjugada é secretada nos
canalículos biliares e excretada na bile. No entanto, essa forma de bilirrubina
não é ligada à proteína, sendo mais hidrossolúvel do que a bilirrubina não
conjugada, que se liga à proteína. Em geral, uma pequena parte da
bilirrubina conjugada nos hepatócitos passa pelos sinusóides de sua
membrana e volta ao sangue. Caso essa bilirrubina conjugada permaneça
não ligada à proteína, ela é rapidamente excretada pelos rins por meio de
filtração glomerular. Uma parte da bilirrubina conjugada no sangue se liga à
proteína, sendo denominada biliproteína ou bilirrubina delta. Essa forma de
bilirrubina conjugada não atravessa a membrana glomerular e permanece no
sangue por tempo maior.
Considerando os mecanismos mencionados, é possível observar dois
tipos de bilirrubina no sangue: bilirrubina conjugada e bilirrubina não-
conjugada. Vários termos são atualizados para descrever estes dois tipos de
bilirrubina.
A bilirrubina conjugada secretada nos canalículos biliares é excretada
com a bile no intestino delgado, onde é transformada em urobilinogênio por
meio de redução bacteriana. Cerca de 90% do urobilinogênio são excretados
com as fezes na forma de estercobilinogênio. O restante do urobilinogênio
(10%) é reabsorvido e atinge a corrente sanguínea. Parte desse
urobilinogênio é removida do sangue pelos hepatócitos e novamente
37
excretada; outra parte circula pelos rins, atravessa a membrana glomerular e
é excretada na urina (BAKER et al., 2007).
2.8.1. Uréia
38
2.8.1.2. Descrição do método para a determinação de uréia - Cinética
A determinação da uréia por métodos enzimáticos combina a elevada
especificidade de ação das enzimas com a simplicidade operacional
envolvida. No presente método, a uréia da amostra é hidrolisada pela
enzima uréase com produção de gás carbônico e íons amônio. Estes são
captados por uma segunda enzima, a desidrogenase glutâmica, a qual em
presença de outros substratos como o NADH2 e α-cetoglutarato, produz
NAD e glutamato. A velocidade de diminuição da concentração de NADH2
no meio pode ser seguida espectrofotometricamente em 340 nm, sendo
proporcional à concentração de uréia na amostra.
uréase
Segundo a reação: Ureia + H2OÆ ÆÆ 2 NH4+ +CO32-
2-oxoglutarato + NH4+ ÆGLDHÆ 2-L-Glutamato + NAD+ + H2O + NADH
39
nitrogênio amínico na forma semi-sólida de ácido úrico, um derivado da
purina. O modo de excreção de nitrogênio nos animais é determinado pelo
seu habitat. A formação da uréia não-tóxica e do acido úrico tem um alto
custo de ATP (Adenosina Tri-fosfato). Defeitos genéticos nas enzimas do
ciclo da uréia podem ser compensados por restrições dietéticas (LEHNIGER
et al., 1995).
2.8.2. Creatinina
40
2.8.2.2. Descrição do método para a determinação de creatinina
A creatinina e outros cromógenos do soro reagem com ácido pícrico
em meio alcalino formando complexos corados com um máximo de
absorção em 510nm. Após a obtenção da absorbância, adiciona-se ao soro
um acidificante que desfaz o complexo creatina-picrato, deixando intactos os
complexos cromogênios-picrato, cuja absorbância então é medida. A
diferença entre as duas leituras fornece o valor da creatinina verdadeira.
Numa variação especialmente útil em sistemas de automação, mede-
se a velocidade de formação do picrato alcalino, constituindo-se portanto em
método cinético, sem a necessidade de acidificação e de obtenção de duas
leituras espectrofotométricas. As leituras são obtidas nos minutos iniciais da
reação, quando ainda não houve formação dos complexos cromogênios-
picrato.
2.9. Enzimas
A enzimologia clínica é de grande ajuda diagnóstica, principalmente
em relação às enzimas presentes na corrente sanguínea, várias das quais
41
são incluídas no estudo do perfil metabólico sanguíneo (GONZÁLEZ e
SCHEFFER, 2002).
Os diferentes órgãos, tecidos ou células contêm diferentes enzimas.
Em alguns casos, apenas poucos órgãos ou tecidos contêm uma
determinada enzima; essa enzima “tecido-específica” tende a ser mais útil
como teste diagnóstico (BAKER et al., 2007).
Os estudos de enzimologia iniciaram-se em 1901, com VITOR
HENRY, e foram intensificados a partir de 1910, por LEONOR MICHAELIS.
Apenas em 1927 foi descrita a primeira enzima, a fosfatase alcalina, por
KING e ARMSTRONG. Na década de 60, a enzimologia passou a ser usada
no diagnóstico em medicina humana e apenas na década de 1980, seu uso
foi ampliado no diagnóstico na medicina veterinária (KANEKO et al., 1997).
A enzimologia clínica surge, então, como um meio de desenvolver e
utilizar exames clínicos que ofereçam o máximo de informação com um
mínimo de invasibilidade, auxiliando no diagnóstico de doenças, no
prognóstico de quadros clínicos diversos e na avaliação do estado
nutricional dos pacientes ( GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
Nota-se aumento da atividade sérica de enzimas quando maior
quantidade dessas enzimas alcançar a corrente sanguínea devido ao seu
extravasamento pelas células lesadas ou o aumento da produção enzimática
(BAKER et al., 2007).
No plasma sanguíneo, podem ser encontradas enzimas cuja síntese e
função é exercida em nível intracelular, mas que podem abandonar as
células e sair para a corrente sangüínea, após a morte celular. Sob
condições normais, estas enzimas têm baixa atividade no plasma. Outras
enzimas, que também são produzidas no espaço intracelular, podem ser
secretadas e atuar fora das células, como é o caso das enzimas da
coagulação sangüínea (trombina). Como a concentração intracelular das
enzimas é bem maior que no plasma, danos celulares relativamente
pequenos podem levar a aumentos significativos da atividade das enzimas
no plasma. Aumentos da atividade enzimática no plasma permitem fazer
inferência sobre o local e o grau do dano celular, uma vez que muitas
enzimas são específicas dos órgãos. O grau de alteração pode ser
determinado pela atividade das enzimas associadas a diferentes
42
compartimentos celulares. Assim, em danos tissulares severos, aparece
maior atividade das enzimas mitocondriais e, em danos menores, aparece
atividade de enzimas citoplasmáticas ou de membrana. Os níveis
enzimáticos do plasma estão influenciados pela velocidade com que entram
na corrente circulatória, o que, por sua vez, depende do dano celular e pela
taxa de inativação enzimática (meia-vida da enzima). O evento que interessa
na determinação enzimática é o aumento da atividade, não tendo muita
importância sua diminuição (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
A estabilidade dos constituintes séricos é de importância fundamental
nas análises laboratoriais realizadas nos exames bioquímicos de rotina
clínica e pesquisas relacionadas. Esse fato aplica-se principalmente durante
a avaliação da atividade enzimática, considerando-se que variações na
temperatura de armazenagem podem alterar a velocidade da reação
catalítica e promover a desnaturação das enzimas (KRAMER e HOFFMANN,
1997), já que algumas enzimas apresentam-se estáveis à temperatura
ambiente (25°C), enquanto outras não (STOKKE, 1974; BECK e
SAMMONS, 1975; ADAMS et al., 1985; KANEKO et al., 1997).
Os sinais clínicos presentes em distintas alterações musculares são
semelhantes e bastante inespecíficos, por isso quando isolados, eles têm
limitado valor diagnóstico, o que requer frequentemente, o uso de exames
laboratoriais complementares. Entre as enzimas, cujas concentrações
séricas devem ser determinadas quando de disfunções musculares estão a
aspartato aminotransferase (AST) e creatino fosfocinase (CK) (DA CÁS et
al., 2001).
A atividade global de determinadas enzimas musculares pode ser
usada para avaliar a atividade metabólica (CUTMORE et al., 1985). A
atividade dessas enzimas é utilizada como indicador da capacidade
metabólica do músculo (KLINE e BECHTEL, 1988), e durante a atividade
física prolongada, como corridas de resistência, o metabolismo oxidativo tem
um papel importante pela utilização de carboidratos e lipídios
(GUSTAVSSON et al., 1983; HODGSON e ROSE, 1987), sendo possível
que a importância relativa dessas variações metabólicas em cada indivíduo
ocorra a um rendimento competitivo diferente (RIVERO et al., 1998).
43
A alanina aminotransferase (ALT) e a desidrogenase lática (LDH) são
enzimas com atividade nos hepatócitos e nas fibras musculares e têm sido
utilizadas associadas à creatino fosfocinase (CK) para avaliação das lesões
musculares, entre elas as provocadas pelo exercício (KANEKO et al., 1997).
Segundo STOCKHAN (1995), o exercício pode liberar quantidades de
enzimas suficientes para aumentar os valores séricos das enzimas aspartato
aminotransferase (AST) e desidrogenase lática (LDH).
ROSE & HODGSON (1994) e KANEKO et al. (1997) descrevem que
eventuais lesões musculares podem ser verificadas através da aferição da
atividade de aspartato aminotransferase (AST), creatino fosfocinase (CK) e
desidrogenase lática (LDH), embora esta última seja menos especifica. A
elevação da atividade destas enzimas pode ser conferida em equinos com
sinais de rabdomiólise. Alguns estudos associam o aumento da atividade
enzimática à prática de exercícios intensos.
O sistema de medida da atividade enzimática mais usado é o de
Unidades Internacionais (UI), equivalente à quantidade de enzima que
catalisa a conversão de µmol de substrato por minuto. Devem ser expressas
as condições de pH, temperatura e concentração do substrato usadas na
determinação (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2002).
O aumento da atividade enzimática sérica pode decorrer de
extravazamento ou indução da enzima. O extravasamento celular de
enzimas é provocado por lesão de células; as enzimas de importância
diagnóstica que passam para o espaço extracelular e, em seguida, para o
soro por meio desse mecanismo são denominadas enzimas de
extravazamento. As enzimas de extravasamento estão presentes no citosol,
em organelas ou em ambos. Essas enzimas saem das células quando há
lesão da membrana celular e, em alguns casos, de organelas. A lesão pode
eser tão grave a ponto de causar a morte celular (necrose), ou ser uma
lesão discreta subletal que simplesmente provoque extravasamento da
membrana celular. Como esse processo não requer aumento de produção
da enzima, pode ocorrer muito rapidamente e o aumento pode ser
detectado até horas após a lesão (BAKER et al., 2007).
A indução envolve o aumento de produção de uma enzima por células
que normalmente a produzem em menor quantidade. Esse aumento de
44
produção é induzido por algum tipo de estímulo e resulta em maior liberação
de enzima pelas células, e consequentemente, aumento da atividade dessa
enzima no soro. Enzimas de importância diagnóstica que passam para o
soro por meio desse mecanismo são denominadas enzimas de indução.
Estão presentes nas membranas celulares; portanto, sua atividade sérica
não aumenta me razão de lesão ou morte celular. Como o aumento da
atividade sérica de enzimas de indução depende de maior produção, os
aumentos são mais gradativos do que aqueles das enzimas de
extravasamento, demora dias em vez de horas (BAKER et al., 2007).
As transaminases AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina
aminotransferase) são exemplos de enzimas de extravasamento. Considera-
se que pequenos fragmentos de membrana contenham enzima de indução
sejam liberados, cheguem a corrente sanguínea e provoquem aumento da
atividade sérica dessa enzima. Exemplo o aumento de Fosfatase alcalina
(AFL) e gamma glutamil transferase (GGT) na colestase (BAKER et al.,
2007).
Os resultados obtidos na enzimologia diagnóstica, juntamente com
outros dados clínicos e laboratoriais, são importantes para a compreensão
do mecanismo indutor da doença e o diagnóstico (BAKER et al., 2007).
46
2.9.1.2.3. Descrição da técnica cinética IFCC
A timolftaleína monofosfato é hidrolisada pela fosfatase alcalina no
soro, com liberação de timolftaleína, que em meio alcalino apresenta cor
azul cuja intensidade é proporcional à atividade enzimática.
47
(AFL), em equinos e ruminantes (MEYER et al., 1995), em razão do amplo
intervalo de referência da fosfatase alcalina nessas espécies .
48
2.9.2.3. Metabolismo de gamma glutamiltransferase
A gamma glutamiltransferase (GGT) é considerada uma enzima de
indução. No entanto, a lesão hepática aguda pode provocar um aumento
imediato da atividade sérica de GGT, possivelmente devido à liberação de
fragmentos de membrana que contém GGT. Ela é sintetizada por quase
todos os tecidos corporais, com maior concentração no pâncreas e nos rins.
Além disso, está presente em baixa concentração nos hepatócitos, no
eptélio dos ductos biliares e na mucosa intestinal e em alta concentração
nas glândulas mamárias de vacas, ovelhas e cadelas. A maior parte da GGT
sérica é oriunda do figado. A liberação da enzima pelas células do eptélio
renal proporciona aumento na atividade urinária da GGT, mas não na
atividade. Quando a GGt é liberada pelas células pancreáticas, em vez de
ser transferida ao sangue.
49
principal no interior das células, os aumentos observados no soro são
frequentemente reflexo da destruição celular ou doença (COLES, 1984).
As mais elevadas concentrações da aspartato aminotransferase
(AST) estão localizadas nas células musculares esqueléticas e nos
hepatócitos (MEYER et al., 1995).
50
2.9.4. Creatino fosfocinase – CK
53
contaminação da amostra de sangue por fluido muscular durante uma
venipunção difícil.
3. OBJETIVOS
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Animais
Foram utilizados trinta equinos ANIMAIS ADULTOS com escore
corporal de três a quatro (SPEIRS, 1999) e clinicamente hígidos, com base
no exame físico e laboratorial de triagem.
As amostras de soro e plasma sanguíneos dos eqüinos mangalarga
marchador, para desenvolver o presente trabalho, foram colhidas no Haras,
localizado na rodovia BR-116, Zona da Mata Mineira, distante 8Km da
cidade de Muriaé, estado de Minas Gerais (100 km de distância do
laboratório).
2
Ração Equisul 15 Especial - Total Alimentos, Três Corações-MG.
54
elefante (Pennisetum purpureum Schumach) triturado, feno de tifton (Cynodon
spp.), água ad libitum e suplemento mineral à vontade3, sendo em regime de
semiconfinamento em piquete de capim tifton (Cynodon nlemfuensis
Vanderyst var. robustus).
3
Hiposal 80% - Total Alimentos, Três Corações-MG.
4
Agulhas 18G, BD – Bacton e Dickison Ind. Cirúrgica LTDA., Brasil.
5
Frasco sliconizado a vácuo – 10 mL sem anticoagulante – Vacuum II.
6
Centrífuga, EUREKA/ BIO ENG, Marconi Equipamentos para Laboratório.
55
fluoreto de sódio7, as quais foram centrifugadas em velocidade e tempo
semelhantes aos utilizados para o soro, imediatamente após a coleta, para
mensuração da glicose, separados em três ependorfs de 2,0mL. Após a
colheita das amostras de plasma e soro, foram transportadas em caixas
térmicas contendo gelo reutilizável até o laboratório do Departamento de
Veterinária onde foram centrifugados e retirados soro e plasma.
7
Celm – Cia. Equipadora de Laboratórios Modernos.
56
Parâmetros Grupos Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
Métodos
Proteína C reativa Grupos Beckman Coulter Bioclin Bioclin
Métodos Nefelometria Imunoturbidimetria Aglutinação
látex
Sódio Grupos Fotometria Íon eletrodo
Métodos Celm Celm
Potássio Grupos Fotometria Íon eletrodo
Métodos Celm Celm
Cloretos Grupos Bioclin In Vitro-Human Labtest
Métodos Colorimétrico titulométrico Colorimétrico
8
Aparelho automático Airone 200 – Wiener Lab - Labinbrás
9
QUIBASA – Química Básica Ltda.
10
Katal de kits para Diagnóstico de Bioquímica Clinica
11
In Vitro Human – Kits para digóstico In vitro
12
Labtest – Minas Gerais - Brasil
57
de acordo com os fabricantes dos respectivos kits. Sódio e potássio foram
dosados por fotometria de chama13 e eletrodo íon-seletivo14.
As diluições foram realizadas pelo próprio equipamento no caso de
bioquímica clínica obedecendo às proporções estabelecidas nas instruções
de uso de cada um dos parâmetros e das aplicações para automação em
equipamentos estabelecidas para diagnóstico humano.
Foram diluídos manualmente com pipetas automáticas os soros para
as dosagens de sódio e potássio por fotometria de chama e íon eletrodo
seletivo.
As dosagens de proteína c-reativa foram realizadas utilizando técnica
nefelométrica com kit denominado ultra-sensível15, bem como as dosagens
imunoturbidimétricas16 e aglutinação em partículas de látex17. Foram
avaliados os parâmetros (kits) para cada uma das empresas, Bioclin®,
Katal®, Human® e Labtest®.
As análises foram acompanhadas pelo controle de qualidade, através
do controle comercial Biocontrol®18, e foram calibrados utilizando calibrador
multiparamétrico, Biocal® da Bioclin®19, com os valores estabelecidos pelo
fabricante.
13
Micronal – FC – 180 – Fotómetro de Chama - Brasil
14
Eletro íon seletivo – AVL -9130
15
Nefelometro Beckman coulter – USA
16
Aparelho automático Airone 200 – Wiener Lab - Argentina
17
Quibasa – Química Básica – BH - MG
18
Quibasa – Química Básica Ltda – BH - MG
19
Quibasa – Química Básica Ltda. – BH - MG
58
aparelho. Como esta técnica requer a utilização de um padrão (substância
com valores pré-definidos), foi utilizado um padrão multiparamétrico,
fornecido por Bioclin®, denominado comercialmente de Biocal®, contendo
todos os valores dos padrões utilizados nos parâmetros acima. De posse da
programação, das amostras e dos reagentes de trabalho previamente
preparados, o equipamento foi checado através de controle de qualidade
também fornecido pela empresa Bioclin®, denominado Biocontrol®. Com
valores estabelecidos por lote pelo fabricante. A aceitação só foi possível
após avaliação de cada parâmetro através do controle, contendo os valores
avaliados dentro de no máximo dois desvios da média estabelecida. Após a
aprovação da técnica de todos os parâmetros, os testes foram iniciados com
cada kit de cada fabricante tendo sua rotina realizada separadamente, todos
os parâmetros que utilizaram os kits da Bioclin®, foram realizados primeiro
lugar, seguidos pelos kits da Katal®, seguidos pelos kits da Labtest® e por
último da In Vitro-Human®.
A leitura espectrofotométrica é realizada em comprimento de onda
específico, dependendo da absorção de luz do parâmetro mensurado.
O equipamento realiza as pipetagens automáticas das amostras e dos
reagentes a partir de volumes estabelecidos pelas adaptações às
programações do equipamento.
O equipamento efetua o cálculo das concentrações, com base na
informação fornecida através dos valores dos padrões e suas respectivas
absorbâncias.
O equipamento libera o resultado após a amostra ter sido avaliada em
todos os seus parâmetros, nas unidades de medida também fornecidos
pelos fabricantes nas adaptações.
60
4.9. Análise dos dados
As análises dos dados foram realizadas pelo programa estatístico
SAEG 9.1 (SAEG-UFV-2007).
Para todos os parâmetros estudados foram realizadas estatística
descritiva (média e desvio-padrão).
Para os parâmetros quantitativos, realizaram-se os testes de Lillefors
e Cochran e Bartlet para verificar a normalidade dos dados e a
homogeneidade das variâncias. Posteriormente os dados foram analisados
pela analise de variância e as medidas comparadas pelo teste de Tukey com
5% de probabilidade de erro.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As avaliações das comparações entre os kits comerciais para cada
parâmetro analisado são mostradas abaixo nas tabelas 02, 03, 04, 05, 06,
07, 08, 09 e 10.
61
devida às diferentes concentrações dos reagentes presentes nos
constituintes do kit da Katal® de acordo com a instrução de uso fornecida
pelo fabricante, como demonstrado no apêndice C, essas concentrações são
diferentes das concentrações dos reagentes de Bioclin® e In Vitro/Human®,
que mostram semelhanças entre si. Esta diferença entre os valores das
médias pode ter ocorrido também devido à ausência de alterações nas
adaptações dos programas de automação, que deveria ser modificado em
função das concentrações dos reagentes e também deveriam ser alterados
os volumes de reagentes e amostras utilizados por cada técnica e ainda pela
não modificação do tempo de incubação necessário para a ocorrência da
reação final, que foi mais crítico com o kit da Katal®. Apesar da diferença
existente entre os grupos, os valores de média obtidos neste estudo
(6,82g/dL) são semelhantes aos valores de médias obtidos por DUNCAN e
PRASSE (1982); CARLSON (1983); COLES (1984); MEYER et al. (1995);
SMITH (1996); KANEKO et al. (1997); CAVIGLIA et al. (2000); BLOOD e
STUDDERT (2002) e SANTOS (2002). Entretanto, os valores de médias
obtidos por SKOWRONECK et al. (1995); MUNDIN et al. (2002); LEME
(2004); ALVES et al. (2005) e VEIGA et al (2006) foram superiores aos do
presente estudo. As diferenças existentes entre os valores obtidos pelos
referidos autores e os valores obtidos nesse estudo podem ser devidas às
diferenças entre os métodos, técnicas utilizados e também pela faixa etária
dos grupos de animais testados. A comparação dos valores descritos por
eles não pode ser feita, devido ao fato de que a maioria dos autores
consultados omitiu a técnica ou o método utilizado em seus trabalhos.
62
5.2. Proteína c reativa (PCR)
Tabela 03 – Valores de proteína C-reativa (mg/dL) de equinos MM
hígidos obtidos de amostras submetidas a diferentes tipos de metodologias
de análise.
Grupos Fabricantes/Metodologias PCR (mg/dL)
G1 Nefelometria – Beckman Coulter® 0,46±0,13 c
G2 Aglutinação látex - Bioclin® 5,90±0,11 a
G3 Imunoturbidimetria - Bioclin® 1,69±0,59 b
CV 13,78
Média 2,68±2,39
Médias na mesma coluna, seguidas por letras minúsculas diferentes,
diferem significativamente (P<0,05) pelo teste de Tukey.
63
5.3. Fosfatase alcalina (AFL)
Tabela 04 – Valores de fosfatase alcalina (U/L) de eqüinos MM hígidos
obtidos de amostras submetidas a diferentes tipos de técnicas e
metodologias de análise.
Grupos Fabricantes Fosfatase alcalina (U/L)
G1 Bioclin® 191,91±54,72 b
G2 Katal® 180,25±46,88 b
G3 In Vitro-Human® 370,41±115,64 a
Média 246,52±110,60
CV 31,78
Médias na mesma coluna, seguidas por letras minúsculas diferentes,
diferem significativamente (P<0,05) pelo teste de Tukey.
65
causa poderia ter sido a presença de cor de fundo em um dos reagentes, no
kit da Katal® alterando o valor do delta absorbância; pode ter sido devida
aos diferentes volumes de reagentes e amostras sugeridos pelos fabricantes
(Instruções de uso); pelas determinações utilizando várias opções de
temperaturas, cada temperatura sugere a utilização de um determinado
fator. Essas diferenças podem ser de grande relevância quando se
considera a metodologia cinética. Outra causa que deve ser levada em
consideração é o tempo que o reagente e a amostra ficaram dentro do
aparelho antes da reação ocorrer. Quando analisamos os valores
encontrados pelos diversos autores e as comparamos com os do presente
estudo (12,62 – 25,16U/L), eles se situam dentro da faixa obtidas por
HARVEY et al. (1984), VAN HEERDEN (1990), LOPES et al. (1993),
DUNCAN et al. (1994), EADES e BOUNOUWN (1995), SKOWNORECK et
al. (1995), CAVIGLIA (2000), BLOOD e STUDDERT (2002), RADOSTITS et
al. (2002), BALARIN et al. (2004) e MESSER (1995). Mas diferem dos
obtidos por CARLSON (1983), MEYER et al. (1995), SMITH (1996),
KANEKO et al. (1997), MEYER e HARVEY (1998) e MUNDIM et al. (2002).
As diferenças existentes entre os valores obtidos no presente estudo
para aqueles obtidos pelos referidos autores citados na literatura, podem ser
devido a faixa etária dos animais, às metodologias utilizadas, às técnicas
diferentes de mesma metodologia, ao grau de homogeneidade das amostras
avaliadas, a utilização de método automático e com cálculo automático para
os resultados de prova cinética e por último às concentrações dos
constituintes dos reagentes.
66
5.5. Creatino fosfocinase
Tabela 06 – Valores de creatino fosfo cinase (U/L) de eqüinos MM
hígidos obtidos de amostras submetidas a diferentes tipos de técnicas e
metodologias de análise.
Grupos Fabricantes Creatino fosfo cinaseK (U/L)
G1 Bioclin® 263,98±117,83 b
G2 Labtest® 251,52±56,78 b
G3 Katal® 355,10±13,33 a
Média 290,20±87,00
CV 26,76
Médias na mesma coluna, seguidas por letras minúsculas diferentes,
diferem significativamente (P<0,05) pelo teste de Tukey.
70
Tabela 10 – Valores de aspartato aminotransferase (AST), bilirrubina
total (BT) e magnésio total (tMg) de eqüinos MM hígidos obtidos de
amostras submetidas a diferentes tipos de técnicas e metodologias de
análise.
Grupos AST (U/L) BT (mg/dL) tMg (mg/dL)
G1 195,70±39,10 a 1,85±0,38 a 1,70±0,13 a
G2 185,00±91,20 a 1,38±0,56 a 1,19±0,36 a
G3 180,50±91,20 a 1,36±0,37 a 1,77±0,84 a
Média 187,06±7,81 1,54±0,48 1,55±0,85
CV 31,78 29,03 14,75
6. CONCLUSÕES
Nas condições em que esta pesquisa foi realizada, conclui-se que:
1. Para as dosagens séricas de proteína total, é recomendada a
utilização dos kits de Bioclin® e In Vitro-Human® pelos resultados
apresentados, esta mesma recomendação não pode ser feita para
o kit da Katal®.
2. Para a proteína C-reativa a recomendação é a utilização das
metodologias representadas pela nefelometria da Beckman
Coulter® e pela Imunoturbidimetria de Bioclin®, não sendo
recomendada a utilização para a determinação de proteína c
reativa pela metodologia de aglutinação em látex de Bioclin®.
3. Para as dosagens da enzima fosfatase alcalina, recomendamos a
utilização das técnicas de Bioclin® e Katal®. Para utilização do kit
da In Vitro-Human®, alguns cuidados deverão ser tomados
principalmente quando for utilizar automação.
4. Nas dosagens de Y-glutamiltransferase, podem ser utilizados sem
restrição em medicina veterinária os kits de Bioclin® e in Vitro-
Human®, quando da utilização do kit da Katal® levar em
consideração as diferenças existentes e tomar todas as
providencias para que os resultados não sejam errôneos.
5. As dosagens de creatino fosfo cinase, mostraram que o kit da
Katal® usado com muito cuidado, observando-se atentamente a
programação fornecida e também levar em consideração que a
faixa de referência deve ser alterada.
6. Para as dosagens de Cloreto, pelos resultados obtidos no
presente estudo não recomendamos a utilização do método
titulométrico de In Vitro-Human® , quando da necessidade de
dosar este parâmetro utilizar as técnicas de Bioclin® e da
®
Labtest .
72
7. Para as dosagens de Cálcio, recomendamos a utilização de
qualquer das metodologias utilizadas, visto que apesar das
diferenças estatísticas, a diferença clínica praticamente inexiste
entre Bioclin®, Katal® e Labtest®.
8. Não há restrição quando da utilização dos kits de albumina,
bilirrubina total, sódio, potássio, magnésio, uréia, creatinina,
glicose e aspartato aminotransferase para as empresas testadas
no presente estudo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao avaliarmos os resultados do experimento sugerimos:
1. A realização de estudos para estabelecer valor de referência para a
proteína C-reativa em equinos, pois a mesma será de grande valor
no auxílio diagnóstico nas diversas enfermidades.
2. A recomendação de outros estudos para a determinação de valores
de referência condizentes com as nossas características próprias,
para todos os parâmetros de bioquímica clínica.
3. Os fabricantes deveriam fazer adaptações para os aparelhos visando
atender todas as espécies animais.
4. Cada laboratório deveria adotar seus valores de referência baseado
na sua realidade, ou seja, levando em consideração manejo, raça,
faixa etária, atividade desenvolvida pelo animal, armazenamento de
amostra, aparelho e técnica/metodologia utilizados.
5. No momento da emissão do resultado laboratorial deveria ser
fornecido o método e/ou técnica utilizados na execução do mesmo.
73
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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83
APÊNDICE A
Tabela 16 – Métodos analíticos utilizados nas análises dos constituintes
sangüíneos
CK Cinética Bioclin®
CK Cinética Human®
CK Cinética Katal®
84
Constituinte (unid.) Método Fabricante
85
APÊNDICE B
86
Tabela 18 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de albumina
(ALB) (g/dL) de outros autores
87
Tabela 19 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Ureía
(UR) (mg/dL) de outros autores
88
Tabela 20 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de creatinina
(CREAT) (mg/dL) de outros autores
89
Tabela 21 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de
Bilirrubina total (BT) (mg/dL) de outros autores
90
Tabela 22 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de glicose
(GLI) (mg/dL) de outros autores
91
Tabela 23 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Sódio
(Na+) de outros autores
92
Tabela 24 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de potássio
(K+) (mEq/L) de outros autores
93
Tabela 25 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de cloretos
(Cl-) (mEq/L) de outros autores
94
Tabela 26 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de
Fosfatase alcalina (AFL) (U/L) de outros autores
95
Tabela 27 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de gamma
glutamiltransferase (GGT) (U/L) de outros autores
96
Tabela 28 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de aspartato
aminotransferase (AST) (U/L) de outros autores
97
Tabela 29 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos creatino
fosfocinase (CK) (U/L) de outros autores
98
Tabela 30 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de cálcio
total (tCa) (mg/dL) de outros autores
99
Tabela 31 – Valores de referência dos constituintes sangüíneos de Magnésio
total (Mg) (mg/dL) de outros autores
100
APÊNDICE C
101
Transferir o conteúdo do frasco número 1 para um balão
contendo 450 ml de água Æ diluindo 1:10 .
Utilização de amostras e solução de trabalho
2,5 mL da solução de trabalho
50 µL da amostra
Reação de ponto final com fator
1.3. Albumina
1.4. Creatinina
104
Adicionar 0,25 ml de água
Adicionar 0,50 mL de ácido pícrico
Adicionar 0,10 ml do acidificante
Utlização do reagente de trabalho e amostra
250µL de amostra
2,85mL do reagente de trabalho
Cálculo baseado na diferença de absorbâncias de duas medidas.
105
1.5. Uréia
1.6. Glicose
113
1.9. Fosfatase alcalina
114
1.9.3. Técnica cinética IFCC de fosfatase alcalina da In vitro®
Reagente número 1 – Substrato
Dioxano 80%
Timolftaleína monofosfato de magnésio 16,9 g/L
Reagente número 2 – Tampão
Dietanolamina 2,9 %
Brij 35 2,1 g/L pH 10,15
Reagente número 3 – reagente de cor
Hidróxido de sódio 4 g/L
Carbonato de sódio 16 g/L
Reagente número 4 – Padrão
Timolftaleina 40 UI
Preparação do reagente de trabalho e utilização da amostra
Reagente número 1 – substrato 50 µL
Reagente número 2 – tampão 0,5 mL
Reagente de cor 2,0 mL
Amostra 50 µL
Cálculo do fator
1.10. Gamma-glutamiltransferase
1.12. Cálcio
1.13. Cloretos
1.14. Magnésio
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Utilização de reagente de trabalho e amostra
100 partes de reagente
1 parte de amostra
Cálculo através de fator absorbância 520 nm
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