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Química Lúdica N

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Química lúdica: experimentos e jogo ludo para

compreender conceitos de separação de misturas

Resumo

Este trabalho usa a experimentação e a ludicidade como estratégia para o


ensino de química a alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma Escola
Estadual. O problema desencadeador da pesquisa foi o questionamento sobre
o potencial gerador de aprendizagem de atividades práticas, lúdicas e
experimentais. A busca pela resposta à questão aconteceu por meio da
aplicação das atividades lúdicas e experimentais que estimularam e motivaram
a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento e na busca de
estratégias para resolução de problemas do cotidiano. Oferecer situações
contextualizadas com a realidade dos alunos contribuiu para que a
aprendizagem fosse efetiva. Conclui-se que oferecer situações de
aprendizagem utilizando a experimentação e recursos lúdicos contribuíram de
maneira incisiva na observação e identificação dos fenômenos e na sua
aplicação no cotidiano pelos alunos.

Introdução

Dos vários recursos que contribuem para o ensino de Química, a


experimentação ainda possui grande apelo para a motivação do aluno em sala
de aula. É comum entre os professores de ciências a crença no fato da
experimentação despertar um forte interesse entre alunos de diversos níveis de
escolarização (HOODSON, 1994; GIORDAN, 1999; GONÇALVES; GALIAZZI,
2004).

Conforme assinala Laburú (2006), a partir de experimentos apropriados torna-


se possível estimular o aluno em sala de aula e, consequentemente, engajá-lo
no conteúdo a ser ensinado. O autor acena preocupação com o experimento
que é escolhido, que deve ser potencialmente motivador. O experimento tem
um papel fundamental em ativar a curiosidade dos alunos, mas deve ser
colocado em um contexto mais amplo da estratégia de ensino, envolvendo,
além do experimento em si, a forma como é trabalhado. Nesse sentido, a
experimentação é um recurso que pode ser bastante explorado.

Por meio da experimentação poderá também ser aberto um canal para que o
professor saia do tradicionalismo da sala de aula, contribuindo com a
motivação e a curiosidade dos discentes por meio de experimentos que tenham
ligação direta com o cotidiano, proporcionando o envolvimento mais próximo da
química em sua vida. Dessa forma obtém-se uma prática de um ensino mais
contextualizado, onde se pretende relacionar os conteúdos de química com o
cotidiano dos estudantes, respeitando as diversidades de cada um, visando à
formação do cidadão e o exercício de seu senso crítico.
Uma importante proposta para a experimentação é um trabalho que envolva o
uso de materiais alternativos como, por exemplo, um destilador feito com uma
lâmpada e garrafa PET (material usado na prática experimental apresentada
nesse trabalho). Segundo Valadares (2001), a inclusão de protótipos e
experimentos simples nas aulas é fator decisivo para estimular os alunos a
adotar uma atitude mais empreendedora, permitindo rescindir a passividade
que, em geral, lhes é subliminarmente imposta nos esquemas tradicionais de
ensino.

O jogo ludo, proposto pelos pesquisadores para ser utilizado após a


experimentação, surge como uma ferramenta didática, de suma importância
para o processo de ensino-aprendizagem, pois os frutos semeados durante o
jogo transcendem o próprio ato de jogar, possibilitando ao jogador
ensinamentos que ultrapassam sua própria consciência e percepção do
ensinado. Nesse emaranhado de possibilidades, percebemos a escola como
um espaço essencial para oferecer aos jovens aprendizes a oportunidade de
vivenciar o jogo e desfrutar seus ensinamentos (SILVA et. al. 2012).

Metodologia

As atividades foram desenvolvidas com uma turma do 1º Ano do Ensino Médio.


Os alunos que participaram da atividade foram divididos em quatro grupos
(Vermelho, Azul, Amarelo e Verde). Inicialmente, foi feito um levantamento
prévio de algumas concepções acerca dos métodos de separação de misturas,
a partir de situações-problema. O intuito foi analisar quais conhecimentos os
estudantes possuíam sobre o assunto. Para isso foi utilizado um jogo
denominado Quiz, no qual em grupos os alunos respondiam simultaneamente
cada uma das dez questões propostas. A cada questão os grupos teriam trinta
segundos para discutir no grupo e ao final desse tempo, levantar a placa com a
letra que indicava a alternativa escolhida pelo grupo como resposta. Em
seguida seriam realizados experimentos para promover uma melhor
compreensão dos conceitos sobre separação de misturas. Em cada grupo de
alunos haveria um mediador para conduzir a realização dos experimentos,
auxiliando nas discussões conceituais. Para o primeiro experimento utilizamos
água, álcool, óleo, sal, açúcar, copos e colheres para observar e diferenciar
misturas homogêneas e heterogêneas. Neste momento foram discutidos
também conceitos de substâncias simples e substâncias compostas. No
segundo experimento utilizamos funil, papel de filtro, areia, pedra e um copo,
para misturar e separar por meio da filtração a água da areia e das pedras. Foi
observado o tipo de mistura que se obteve e o método mais apropriado para a
separação. Posteriormente trabalhamos simultaneamente os conceitos de
filtração e decantação. Primeiro os alunos misturaram a água com a areia e
pedras, com o auxílio de uma colher; observaram que a areia depositou-se no
fundo do copo, e a água ficou turva, ocorrendo o processo de decantação.
Depois encaixaram o funil e jogaram a água com a areia e as pedras,
verificando a filtração. O terceiro experimento permitiu uma reflexão acerca da
Imantação. Foram utilizados arroz, palha de aço (tipo Bombril) e ímã. Foram
misturados o arroz e a palha de aço e separados com o ímã. Para encerrar a
etapa de experimentação foi proposta uma situação-problema para
contextualizar e apresentar aos alunos a destilação. A situação foi a seguinte:
“Joãozinho queria um café, então colocou água em uma chaleira e a pôs sobre
o fogão para esquentar. Assim que a água começou a ferver, Joãozinho
colocou o pó de café e em seguida despejou o
café no coador. Quais os fenômenos (processos) físico-químicos você
consegue identificar?”. De início, os estudantes misturaram o pó de café com a
água quente, agitando a mistura. Neste processo, tem-se a formação de uma
mistura heterogênea, caracterizada por mais de uma fase. Após algum tempo
de repouso, a parte do sólido (café em pó) insolúvel na água se deposita no
fundo do recipiente, o que sinaliza o primeiro processo de separação
(decantação ou sedimentação). Após, a mistura passou por filtração simples
(outro processo de separação), a partir do qual é recolhida a solução de café
(água + componentes solúveis do café em pó). Ao fim, esta solução passou
pelo processo de destilação simples. Após os experimentos, foi proposto aos
grupos o jogo ludo, com questões sobre separação de misturas, baseadas em
vestibulares de diversas universidades públicas e particulares. Para iniciar,
cada pesquisador-mediador fez a leitura das regras do jogo e também auxiliou
os estudantes nos momentos de dúvidas, com explicações conceituais. A cada
rodada os alunos respondiam uma questão com três níveis de dificuldade para
avançarem as casas do tabuleiro e vencerem o jogo. Para finalizar a aula, foi
solicitado que os alunos discutissem e registrassem a opinião do grupo a partir
de três questões avaliativas: 1 - Questão conceitual: “A partir dos
experimentos, sua manipulação e observação, foi possível compreender os
conceitos de separação de misturas com mais facilidade?” 2 - Questão
procedimental: “Por meio do Jogo e dos experimentos foi possível associar os
métodos de separação de misturas e detectá-los na prática diária das
pessoas?” 3 - Questão atitudinal: “Com os métodos utilizados na aula, vocês
conseguem perceber maior efetivação da aprendizagem devido à interação
com os colegas e com o objeto de conhecimento?” Logo em seguida, as
respostas seriam socializadas oralmente por um representante de cada grupo.
A socialização serviria como avaliação final da metodologia aplicada durante a
aula sobre os conceitos de separação de misturas.

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