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Replica - Golpe Do Pix

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª

VARA DA COMARCA DE JOÃO LISBOA – MA.

Processo nº. 0803014-83.2023.8.10.0038

JOSILENE SILVA COSTA

, já qualificada nos autos processuais em epígrafe, que move em face de BANCO PAN
S.A., tempestivamente, por intermédio de seus advogados signatários, com acato,
respeito e nos moldes em direito permitidos, vem perante V. Exª., oferecer RÉPLICA
À CONTESTAÇÃO, pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a expender:

1. DA PRELIMINAR DE “ADVOGADO HABITUAL”.

Conforme se observa na contestação juntada pelo banco réu, este


vem desmerecer a atuação da advocacia bancária face as inúmeras ilegalidades
praticadas pelas instituições financeiras sobre os seus clientes em todo território
nacional.

Nesse sentido, juntou em sua defesa uma acusação leviana e


desprovida de qualquer prova de advocacia predatória por este causídico, juntando print
de tela no qual há 110 protocolados face instituições financeiras por este advogado nos
seus quase 5 (cinco) anos de atuação.

Cabe salientar que desde início de minha advocacia sempre atuei


em demandas referente a direito do consumidor e direito bancário, tendo me
especializado nessas demandas. Não havendo em nenhum momento o protocolo de
ações em massa, conforme se vê numa simples análise.

O que causa estranheza é que em nenhum destes processos há


qualquer alegação ou qualquer sentença que desabone a minha conduta como advogado
e sequer levante acusações sérias como esta.

O que se vê Excelência, é que as instituições financeiras estão


tentando de toda e qualquer forma perseguir advogados que atuam em demandas contra
estes, para inibindo suas ilegalidades, porquanto não adequam seus procedimentos as
leis e códigos que resguardam o direito do consumidor.

Ademais, há nos autos procuração devidamente assinada pela parte


Autora em lapso temporal contemporâneo a propositura da ação. Podendo este juízo até
mesma intimá-la para aferir qualquer alegação leviana de advocacia predatória.
O que se vê, na prática, são escritórios de advocacia
despreparados e carentes de preparo jurídico para fiel defender seus clientes
(bancos), agindo com deslealdade processual, levantando acusações levianas sem
qualquer prova ou indícios. Advogados, estes, desesperados para reduzir o
tamanho dos prejuízos causados por eles mesmos.

Dessa forma, é mais fácil atacar, ofender, agir com deslealdade


processual e lançar acusações gravíssimas em processos judiciais sobre advocacia
predatória, ao regulamentar e ajustar as suas condutas para inibir fraudes e
resguardar o direito de seus clientes.

Desse modo, requer-se desde já, a desconsideração da imputação


oferecida pelo Réu, determinando sua intimação para comprovar suas alegações sob
pena de ser condenado por litigância de má-fé e multa.

2. REPONDO A VERDADE AOS FATOS.

Conforme narrado na inicial, a parte autora, na data de 13 de


novembro de 2019 realizou o financiamento de um veículo junto a Requerida, contrato
nº 086997556, conforme documentos anexos.

No entanto, diante de uma dificuldade financeira enfrentada no mês


de janeiro de 2022, acabou por deixar atrasar uma das parcelas do seu financiamento.

Como é sabido, muitas instituições financeiras utilizam de


mensagem por telefone para efetuar a cobrança de débitos financeiros e diante disso, a
Requerente entrou em contato com a Requerida, solicitando novo boleto bancário para
pagamento dos valores em atraso.

Nesse sentido, a Requerente entrou em contato com quem


acreditava fielmente ser preposta do Requerido, chamada Julia Medeiros pelo telefone
(11) 91140-4208, solicitando novo boleto bancário.

Desse modo, a preposta da Requerida, de posse de apenas CPF,


nome e data de nascimento, teve acesso ao contrato da Autora, valor das parcelas
em atraso e até a quantidade de parcelas e atraso, fazendo que a Requerente não
suspeitasse de fraude, considerando que esta tinha acesso aos seus dados bancários
que deveriam ser sigilosos e estar em guarda da empresa Ré.

Diante de tal fato, a Requerente efetuou o pagamento do valor no


valor de R$ 729,44 (setecentos e vinte e nove reais e quarenta e quatro centavos) por
boleto bancário, acreditando-se pagar seu financiamento.
No entanto, após o pagamento do boleto, as cobranças continuavam
e a Requerente informou os dados do boleto e o comprovante de pagamento a outro
funcionário do banco, tendo sido informada que teria sido vítima de golpe.

Dessa maneira, em que pese todas as tratativas administrativas para


bloquear os valores indevidamente pagos, o Requerido não devolveu os valores pagos
pela Autora por conta do golpe sofrido. Não restando alternativa a não ser a busca da
tutela jurisdicional para reaver seus direitos.

A atitude irresponsável do banco-réu ao não efetuar a guarda


correta das informações bancárias da Autora, referente ao seu contrato de
financiamento, fere de plano todos os princípios basilares da relação de consumo,
caracterizando ainda, falha na prestação de serviços, o que configura o dano moral
propriamente dito.

3. NO MÉRITO.

A presente ação deve prosperar, uma vez que a Autora foi


vítima de GOLPE BANCÁRIO, tendo a Requerida DESCUMPRIDO O DEVER DE
SIGILO BANCÁRIO, porquanto os golpistas detinham todas as informações da parte
autora como: nome, data de nascimento, número do contrato e parcelas em atraso.

A Requerida em sede de contestação se deu apenas o trabalho de


consultar os processos ativos do advogado da parte autora, mas pelos seus fundamentos,
sequer leu a petição inicial proposta, porquanto na “síntese da demanda”, descreve fatos
que nem são deste processo judicial.

Ou seja, a contestação juntada aos autos, sequer deve ser


considerada, tendo em vista que está se referindo a fatos de outro processo judicial que
o advogado da ré deve ter realizado a defesa, vejamos:

“Alega a parte Demandante que possui um contrato de


financiamento de um veículo, junto à instituição financeira
requerida, sob contrato de nº 086997556. Afirma que, após o
pagamento da parcela 52 de 60, VERIDIANA, mãe de
LEONARDO, buscou o BANCO PAN, através de ligação
telefônica, para negociar o saldo devedor, com o objetivo de
quitar o financiamento em parcela única, sendo informada que
entrariam em contato com ela posteriormente informando as
condições para quitação antecipada do contrato. Logo em
seguida, afirma que diante de uma dificuldade financeira
enfrentada no mês de janeiro de 2022, acabou por deixar atrasar
uma das parcelas do seu financiamento.” (grifo nosso).
Como V. Excelência poderá examinar os autos, verá que os fatos
narrados na inicial nada tem a ver com essas desconexas informações trazidas a baila
pelo Magnifico advogado do banco réu.

Na realidade dos fatos, o banco réu descumpriu seu dever de


guarda dos dados bancários, sigilo bancário da autora, deixando que golpistas mal-
intencionados praticassem golpe contra esta, levando-a a ter grave prejuízo financeiro.

Desse modo, a parte autora ao conversar com a suposta preposta do


requerido para ter a segunda via do seu boleto bancário, acreditou fielmente que este
funcionário da requerida, pois tinha todos os seus dados, que deveriam ser
protegidos pela parte Ré, levando esta a erro e a prejuízo.

Desse modo, todas as alegações trazidas genericamente em uma


contestação vazia e equivocada devem ser desconsideradas por este Douto Julgador,
considerando que a instituição financeira Ré falhou na prestação dos seus serviços,
permitindo que golpistas aplicassem golpe em seu nome com dados e documentos que
teriam sidos confiados a estes apenas.

4 – DA RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

No que tange à responsabilidade da instituição financeira o


disposto no enunciado da súmula de nº 479 do E. STJ lhe pesa nos seguintes termos:

“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos


gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados
por terceiros no âmbito de operações bancárias”

Indubitável que ao permitir vazamento de informações sigilosas do


contrato firmado entre as partes para praticantes de golpes, fortuito interno relativo à
fraude, deverá o Banco RÉU responder objetivamente perante a Autora por conta dos
prejuízos sofridos.

Ademais, uma vez relatada ocorrência de fraude, o bloqueio dos


valores era medida que se impõe.

Esse vem sendo o entendimento do Tribunal de justiça de São Paulo:

AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE VALORES. Alegação


de falha no sistema automático de emissão de boletos bancários,
pretendendo a restituição de valores contestados. Pagamentos
realizados pelos clientes e não creditados a favor da autora. Danos
materiais. Má prestação de serviço configurada. Dever de
indenizar reconhecido. Regularidade da transferência bancária
não comprovada. Ônus que cabia à instituição financeira, nos
termos do artigo 333, II do Código de Processo Civil.
Responsabilidade objetiva. Ressarcimentodevido. Incidência da
Súmula 479 do STJ. Sentença mantida. RECURSO
DESPROVIDO. (Recurso de Apelação n. 1010680-23.2015 17ª
Cam. de Dir. Privado Rel. Des. Afonso Braz j. 21/09/2015).

ABERTURA DE CONTA BANCÁRIA MEDIANTE FRAUDE.


Ação de indenização por dano moral julgada procedente para
condenar o réu ao pagamento de indenização por dano moral no
valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Apelo do banco.
Recorrente que não demonstrou tenha o apelado aberto a conta
bancária discutida, a tornar incontroversa a alegação veiculada
na petição inicial de que tal conta não fora aberta pelo recorrido,
mas por terceiro, observado que o apelado juntou aos autos
boletins de ocorrência que dão conta dr que outras pessoas
alegam terem sido vítimas de golpe praticado por quem anunciava
imóveis para locar, no sítio eletrônico OLX, mediante depósito de
valores na referida conta bancária, de maneira que o apelado foi
intimado a depor. Falha nos serviços prestados pelo apelante.
Alegação de ilegitimidade passiva. Impertinência. Fortuito
interno. Responsabilidade objetiva. Súmula 479 do Colendo
Superior Tribunal de Justiça. Dano moral configurado “in re
ipsa”. “Quantum” que não comporta redução. Fixação pelo juízo
de origem a observar os princípios da equidade, razoabilidade e
proporcionalidade, bem como as peculiaridades da situação.
Recurso não provido. (Apelação n. 1000975- 83.2021.8.26.0223
Des. Jairo Brazil Fontes Oliveira, j. 03/09/2021)

5. DOS DANOS

Em relação a alegação de não comprovação dos danos morais e


materiais sofridos, a própria situação em que a parte Autora foi submetida, por si só, já
gera danos morais, levando-se em consideração o abalo de diversas ordens sofridos pela
Autora ao sido vítima de golpe, ter seus dados e sigilo bancários vazados a pessoas mal-
intencionadas.

Importante consignar que o banco Requerido é fornecedor de


serviços bancários e responde objetivamente pela falha na prestação de seus serviços.
Logo, há que se consignar que houve grave quebra de confiança na relação consumo
entre as partes, tendo em vista houve a falha na proteção do sigilo bancário da Autora.

Destaca-se que a jurisprudência dos Tribunais Pátrios reconhece o


direito da Autora:

RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE NULIDADE DE


COBRANÇA DE TARIFAS ILEGAIS C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRETENSÃO DE ABERTURA
DE CONTA PARA RECEBIMENTO DE SALÁRIO.
ABERTURA DE CONTA DE DEPÓSITO. FUNCIONÁRIA
MUNICIPAL. REALIZAÇÃO DE CONVÊNIO ENTRE
MUNICÍPIO E INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. COBRANÇA DE
CESTA DE SERVIÇOS. INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO
SOBRE O QUE SE TRATARIA A MODALIDADE DE CESTA
BCO POSTA E SEU RESPECTIVO VALOR - DESCONTOS
INDEVIDOS DE TARIFA BANCÁRIA, CESTA B. EXPRESSO,
EM CONTA PARA RECEBIMENTO DE SALÁRIO PRINCÍPIO
DA TRANSPARÊNCIA E BOA-FÉ VIOLAÇÃO -
DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE INFORMAR O VALOR
E A FORMA DE COBRANÇA DA TARIFA REPETIÇÃO DO
INDÉBITO DEVIDA - DANO MORAL CONFIGURADO E
FIXADO EM R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS) APLICAÇÃO DO
ENUNCIADO 12.13 DA TRU/PR- SENTENÇA MANTIDA.
guarda semelhança com o ar (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0001717-
65.2014.8.16.0089/0 - Ibaiti - Rel.: Marco VinÃciusSchiebel - - J.
24.04.2015)(TJ-PR - RI: 000171765201481600890 PR 0001717-
65.2014.8.16.0089/0 (Acórdão), Relator: Marco VinÃciusSchiebel,
Data de Julgamento: 24/04/2015, 2ª Turma Recursal, Data de
Publicação: 29/04/2015)

Apelação cível. Direito do consumidor. Indenização por danos


morais e materiais. Preliminar de deserção. Afastada. Pagamento
custas processuais via internet. Validade. Consumidor idoso e
analfabeto. Abertura de conta para recebimento da aposentadoria.
Conta corrente. Tarifas bancárias descontadas indevidamente.
Restituição em dobro dos valores cobrados a título de "tarifa
bancária", "tarifas cesta bco. Postal", "tarifa bancária cesta b.
Expresso", "parc. Cred. Pess" e "mora cred. Pess." Dano moral in
reipsa configurado. Redução do quantum indenizatório. 1. O C.
Superior Tribunal de Justiça já se posicionou sobre a validade do
comprovante de pagamento emitido pela internet ao dispor que
"Admite-se a comprovação do preparo mediante a juntada de
comprovante de pagamento emitido via internet, desde que
possível, por esse meio, aferir a regularidade do pagamento das
custas processuais e do porte de remessa e de retorno." (AgRg no
AREsp 385.955/SC, Rel. Ministro João Otávio de Noronha,
Terceira Turma, julgado em 19/11/2013, in DJe de 25/11/2013). 2.
Consoante a Resolução nº 3.402/2006 do Banco Central do Brasil é
vedada às instituições financeiras a cobrança de encargos na
prestação de serviços de pagamentos de salários, vencimentos,
aposentadorias relativas a saques e transferências dos créditos. 3.
Não demonstrada a exigibilidade de todas as taxas debitadas na
conta relativas a transações que englobam saques ou transferências,
deve-se reconhecer a sua ilegalidade. 4. Da mesma forma,
inexistindo documentos hábeis a comprovar o vínculo contratual,
mostra-se ilegítima a cobrança das tarifas denominadas "Parc.
Cred. Pess.", que se referem às parcelas de empréstimo pessoal e a
"Mora Cred. Pess.", que dizem respeito às parcelas do empréstimo
acrescidas dos encargos decorrentes do atraso no pagamento de tais
parcelas. 5. Repetição do indébito configurada, cabendo ao
Apelante o pagamento em dobro dos valores indevidamente
descontados e que serão apurados em liquidação de sentença. 6.
Demonstrado o evento danoso consubstanciado nos descontos
indevidos de tarifas, devida a reparação pecuniária a título de dano
moral. 7. Manutenção do quantum indenizatório fixado em R$
7.000,00 (sete mil reais) porque arbitrado em observância aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 8. Apelação
conhecida e improvida. 9. Unanimidade. (TJ-MA - APL:
0492022014 MA 0000954-61.2013.8.10.0123, Relator: RICARDO
TADEU BUGARIN DUAILIBE, Data de Julgamento: 09/03/2015,
QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/03/2015)

Ademais, importante consignar que a contestação da empresa Ré é


genérica e em nenhum momento adentra ao caso específico da Requerente,
prejudicando e dificultando até mesmo a realização de impugnação aos seus tópicos.

3. DOS PEDIDOS.

DIANTE DO EXPOSTO, é a presente para requerer que Vossa


Excelência o julgamento antecipado da lide, considerando que não há mais provas a
serem produzidas e matéria de fundo é meramente de análise documental, nos moldes
do art. 355 do Novo Código de Processo Civil, acolhendo-se a totalidade dos pedidos
expostos na inicial, inclusive com a condenação da Requerida em danos morais.

Ademais, requer-se a intimação da parte Requerida para


comprovar sua alegação de advocacia predatória, sob pena de ser condenada em
litigância de má-fé e deslealdade processual.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Imperatriz/MA, 30 de janeiro de 2024.

JOÁS GOVEIA DE OLIVEIRA JÚNIOR


Advogado OAB/MA 18916

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