Prof Educa Basica
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063
CONCURSO PÚBLICO UNIFICADO PARA PROVIMENTO DE
CARGOS EFETIVOS DAS PREFEITURAS MUNICIPAIS
AGREGADAS NO POLO 1
NOME:
FUNÇÃO: Nº INSCRIÇÃO:
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ORIENTAÇÕES IMPORTANTES
02 - Verifique se o caderno contém falhas: folhas em branco, má impressão, páginas trocadas, numeração
errada, etc. Encontrando falhas, levante a mão. O Fiscal o atenderá e trocará o seu caderno.
03 - Cada questão tem 4 (quatro) alternativas (A - B - C - D). Apenas 1 (uma) resposta é correta. Não marque
mais de uma resposta para a mesma questão, nem deixe nenhuma delas sem resposta. Se isso
acontecer, a questão será anulada.
04 - Para marcar as respostas, use preferencialmente caneta esferográfica com tinta azul ou preta. NÃO
utilize caneta com tinta vermelha. Assinale a resposta certa, preenchendo toda a área da bolinha .
05 - Tenha cuidado na marcação da Folha de Respostas, pois ela não será substituída em hipótese alguma.
08 Após UMA HORA, a partir do início das provas, você poderá retirar-se da sala, SEM levar este caderno.
09 - Após DUAS HORAS, a partir do início das provas, você poderá retirar-se da sala, levando este caderno.
OBS.: Candidatos com cabelos longos deverão deixar as orelhas totalmente descobertas durante a realização das
provas. É proibido o uso de boné.
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PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Questões numeradas de 01 a 15
QUESTÃO 01
Ana Teberosky, no livro Compreensão da leitura: a língua como procedimento, apresenta um texto que fala
da avaliação da compreensão da leitura e recomenda que esse processo aconteça:
A) Somente ao final da leitura.
B) Durante e depois da leitura.
C) Antes, durante e depois da leitura.
D) Somente ao final da unidade de ensino, quando todas as leituras requeridas forem realizadas.
QUESTÃO 02
Nos Termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, entre as regras comuns para
organização da Educação Básica, nos níveis Fundamental e Médio, NÃO se encontra:
A) A carga horária mínima anual será de novecentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos e vinte
dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver.
B) Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir
formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do
respectivo sistema de ensino.
C) Poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de
adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes
curriculares.
D) O controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas
letivas para aprovação.
QUESTÃO 03
Observados os mandamentos da Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, é INCORRETO
afirmar:
A) A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata essa Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
B) Considera-se criança, para os efeitos dessa Lei, a pessoa até quatorze anos de idade incompletos, e
adolescente, aquela entre quatorze e dezoito anos de idade.
C) É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
D) Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
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QUESTÃO 04
O volume I dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil orienta que: “A organização
de situações de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção direta do professor permite
que as crianças trabalhem com diversos conhecimentos. Essas aprendizagens devem estar baseadas não
apenas nas propostas dos professores, mas, essencialmente, na escuta das crianças e na compreensão do
papel que desempenham a experimentação e o erro na construção do conhecimento.”
Nessa perspectiva, é CORRETO afirmar:
A) Na Educação Infantil, os erros cometidos pelas crianças devem ser ignorados.
B) O professor não deve se preocupar com as singularidades das crianças de diferentes idades, pois, na
Educação Infantil, sua principal função é propiciar e garantir um ambiente de cuidado que deve ser
igual para todos os alunos, independentemente da idade.
C) O professor de Educação Infantil não deve ser considerado mediador entre as crianças e os objetos de
conhecimento, mas sim e tão somente organizador das atividades a serem realizadas.
D) As crianças podem, em situações de interação social ou sozinhas, ampliar suas capacidades de
apropriação dos conceitos, dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e
comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de perguntas e
respostas, da construção de objetos e brinquedos etc.
QUESTÃO 05
Observadas as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica – Resolução CEB/CNE –
nº 02/2001, é CORRETO afirmar:
A) O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser realizado em escolas
específicas de Educação Especial, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica.
B) Nas escolas especiais, os currículos não precisam se ajustar ao disposto no Capítulo II da LDBEN, Lei
9.394/96, bastando atender às condições do educando.
C) Por Educação Especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido
por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços
educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas
e modalidades da Educação Básica.
D) Se possível, deve ser concedida, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos
curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a língua
de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, facultando-lhes e às suas famílias a opção
pela abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada
caso.
QUESTÃO 06
Os conhecimentos são assimilados da herança cultural que nos antecede. Os seres humanos já produziram
múltiplos entendimentos da realidade e do mundo. Considerando os conhecimentos produzidos como
herança da humanidade, é INCORRETO afirmar:
A) Eles não podem ser modificados, nem reduzidos ou ampliados em sua abrangência.
B) Os conhecimentos perdem sua validade, por isso devem ser continuamente renovados.
C) A escola deve trabalhar os conhecimentos de forma crítica, buscando ampliá-los, enriquecê-los e até
modificá-los.
D) O conhecimento é dinâmico e, por isso, sujeito à dúvida.
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QUESTÃO 07
No seu livro Rumo a Uma Nova Didática, Vera Candau afirma: Se "aprender é aprender a pensar", pode-se
concluir que "ensinar é ensinar a pensar”. Nessa perspectiva, o professor NÃO deve:
A) Valorizar a reflexão e a inventividade.
B) Lançar mão dos conhecimentos científicos para, a partir deles, incentivar a busca e solução de
problemas.
C) Incentivar a criatidade e a curiosidade na ação pedagógica.
D) Priorizar a memorização no processo pedagógico.
QUESTÃO 08
“A educação é um processo multidimensional. Ela apresenta uma dimensão humana, uma técnica e uma
dimensão político-social.” Essa afirmação de Vera Candau condiciona o profissional da educação:
A) A buscar um método eficaz de ensinar tudo a todos, da mesma maneira.
B) A exercer uma prática pedagógica que utiliza a dimensão técnica como seu único estruturante.
C) A exercer todo o poder que a dimensão político-social provoca sobre o planejamento.
D) A adotar uma prática educativa sob orientações didáticas coerentes com o conteúdo de sua disciplina.
QUESTÃO 09
No texto “Saberes e práticas da inclusão. Avaliação para identificação das necessidades educacionais
especiais” Brasília. MEC/SEESP, 2005, os organizadores afirmam que: “No âmbito educacional escolar, a
avaliação deve ter sempre a característica de processo, de um caminho e não de um lugar, porque implica
numa sequência contínua e permanente de apreciações e de análises qualitativas, com enfoque
compreensivo. Assim sendo, convém evitar as atitudes maniqueístas dos juízos de valor em termos de
bom/mau, certo/errado, que descaracterizam os objetivos a serem alcançados.”
Dessas afirmativas podem ser extraídas outras, EXCETO
A) Na escola, todos são avaliadores e somente o aluno é avaliado, e nada do que os avaliadores fazem deve
ser considerado como objeto de avaliação.
B) As apreciações, como análises qualitativas, devem envolver todos os atores, bem como suas ações, suas
histórias, suas interações, necessidades, expectativas e, ainda, os contextos em que se inserem.
C) A avaliação não deve ser reduzida a um momento escolhido para esse fim, nem às técnicas a serem
utilizadas.
D) Na condição de processo contínuo, permanente e compartilhado, a avaliação não pode dizer respeito
apenas ao aluno.
QUESTÃO 10
“A unidade básica de análise do processo de ensino/aprendizagem já não é a atividade individual do aluno e
sim a atividade articulada e conjunta do aluno e do professor em torno da realização das tarefas escolares.”
Observada essa afirmação de César Coll, em seu texto “Aprendizagem escolar e construção de
conhecimento”, é INCORRETO afirmar:
A) Há uma vontade explícita de incidir ou intervir no processo de aprendizagem do aluno; essa vontade se
traduz em uma série de decisões sobre o que o aluno tem que aprender e sobre as condições para que o
aprenda.
B) O ato educacional resume-se na aprendizagem espontânea, ou no processo de desenvolvimento do
aluno.
C) Não só há uma aprendizagem desejável do aluno como também há uma vontade manifesta do professor
de incidir sobre tal aprendizagem.
D) A vontade de ensinar pode ser concretizada de muitas maneiras diferentes, inclusive na decisão de não
intervir de modo algum, mas, sem a presença do educador, é impossível falar de um verdadeiro ato
educacional.
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QUESTÃO 11
Jussara Hoffmann, em seu livro Avaliar Para Promover (...), apresenta os princípios básicos para a
avaliação e aponta as setas do caminho. Entre elas, NÃO se encontra:
A) Avaliação a serviço da aprendizagem, da formação, da promoção da cidadania.
B) Mobilização em direção à busca de sentido e significado da ação.
C) Avaliação para classificação, seleção, seriação.
D) Intenção de acompanhamento permanente de mediação e intervenção pedagógica favorável à
aprendizagem.
QUESTÃO 12
Em seu livro Ler e Escrever na Escola: o real, o possível e o necessário, Délia Lerner lança uma pergunta:
“Então o que fazer para preservar na escola o sentido que a leitura e a escrita têm fora dela?” Como
resposta a essa pergunta, a autora apresenta algumas alternativas, entre as quais NÃO se encontra:
A) O possível é fazer o esforço de conciliar as necessidades inerentes à instituição escolar com o propósito
de formar leitores e escritores.
B) É impossível articular os propósitos didáticos, com os propósitos comunicativos que tenham um sentido
atual para o aluno.
C) O possível é gerar condições didáticas que permitam uma versão escolar da leitura e da escrita mais
próxima com a versão social dessas práticas.
D) Que os professores possam formular como conteúdos do ensino não só os saberes linguísticos, mas
também as tarefas do leitor e do escritor.
QUESTÃO 13
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, “Como no desenvolvimento de outras capacidades, a
aprendizagem de determinados procedimentos e atitudes – tais como planejar a realização de uma tarefa,
identificar formas de resolver um problema, formular boas perguntas e boas respostas, levantar hipóteses e
buscar meios de verificá-las, validar raciocínios, resolver conflitos, cuidar da própria saúde e da de outros,
colocar-se no lugar do outro para melhor refletir sobre uma determinada situação, considerar as regras
estabelecidas – é o instrumento para a construção da/de
A) atitudes didáticas adequadas.”
B) aprendizagem escolar.”
C) cooperatividade.”
D) autonomia do estudante.”
QUESTÃO 14
Nos termos dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Matemática nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, trabalhar coletivamente, por sua vez, supõe uma série de aprendizagens, como:
I - perceber que, além de buscar a solução para uma situação proposta, devem cooperar para resolvê-la e
chegar a um consenso.
II - saber explicitar o próprio pensamento e tentar compreender o pensamento do outro.
III - discutir as dúvidas, assumir que as soluções dos outros fazem sentido e persistir na tentativa de
construir suas próprias ideias.
IV - incorporar soluções alternativas, reestruturar e ampliar a compreensão acerca dos conceitos envolvidos
nas situações e, desse modo, aprender.
Conforme o documento acima citado, estão CORRETAS as afirmativas dos incisos
A) I, III e IV, apenas.
B) I, II e III, apenas.
C) I, e II, apenas.
D) I, II, III e IV.
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QUESTÃO 15
Em seu livro Filosofia da Educação, Cipriano Carlos Luckezi afirma que “O educador como sujeito da
práxis pedagógica escolar deverá, no seu trabalho docente, estar atento a todos os elementos necessários
para que o educando efetivamente aprenda e se desenvolva”.
Nesse sentido, pode-se afirmar:
A) O professor não deve se preocupar, em momento algum, com a apresentação dos resultados de seu
trabalho pedagógico.
B) Ao apresentar para toda a turma os erros de cada aluno, o professor estará promovendo o real
desenvolvimento de cada um.
C) É necessário que o educador norteie sua prática por um planejamento adequado que inclua todos os
elementos didáticos.
D) A aprovação ou reprovação dos alunos não depende de qualquer outra variável a não ser do bom ou mau
desempenho nas atividades escolares.
INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões propostas.
A desoras, desfeliz
1 Encenou-se, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no feriado de 21 de abril, em forma de peça
teatral, uma celebração chamada “desenforcamento de Tiradentes”. Com advogado, promotor e júri popular,
refez-se o julgamento do herói da Inconfidência Mineira, tudo mais ou menos conforme o que registram os
autos de dois séculos atrás, mas com resultado inverso: no final o réu é inocentado. Ou seja, desenforcado.
5 O melhor de tudo foi o título. “Desenforcamento” entra para o rol de mágicas palavras que o ‘des’ inicial
permite criar, invertendo significados e instituindo um mundo às avessas.
Em Apesar de Você, sua música contra a ditadura, Chico Buarque pediu: “Você, que inventou a
tristeza, ora tenha a fineza de desinventar”. Talvez já se invocasse o “desinventar” antes; depois, invocou-se
mais ainda. Até foi acolhido no dicionário digital Aulete, que lhe dá o significado de “retroceder, retroagir
10 na ação de inventar”, e oferece como exemplo um trecho do poeta Manoel de Barros: “É preciso desinventar
os objetos. O pente, por exemplo. É preciso dar ao pente a função de não pentear. Até que ele fique à
disposição de ser uma begônia”.
Numa de suas malucas aventuras no País das Maravilhas, Alice comemora seu unbirthday, como
escreveu o autor do livro, o inglês Lewis Carroll. Unbirthday foi traduzida em português para
15 “desaniversário”, bela palavra para significar um belíssimo não evento. E, por falar em belo, a escritora Ana
Miranda deu o título de Desmundo ao romance em que narra a sina de uma órfã portuguesa enviada à força
ao Brasil da época do Descobrimento para servir de esposa a um dos desbravadores da terra. “Desmundo” é
mais que fim do mundo; é o mundo ao avesso.
É o que aguarda, no romance, a inocente Oribela. Há bons exemplos mais antigos. No livro
20 Roteiro de Macunaíma, de 1950, o crítico M. Cavalcanti Proença escreveu que o personagem de Mário de
Andrade resumia as “desvirtudes nacionais”. O próprio Mário de Andrade engendrou, por sua vez, outro
oportuno ‘des’ ao lamentar, num poema (Louvação da Tarde), a “pátria tão despatriada”.
Desvirtudes nacionais e despatriamentos da pátria continuam em cartaz, 87 anos depois da
publicação de Macunaíma e setenta depois da morte de Mário de Andrade, completados neste ano, mas não
25 é disso que se trata aqui – por que raios, ó insistente leitor, o colunista teria sempre de afundar no
mar de nossas misérias públicas? Refugiemo-nos nas palavras. O tema de hoje são as que portam o prefixo
‘des’, começando com as inventadas, mas não se esgotando nelas. O exímio criador/recolhedor de palavras
que foi Guimarães Rosa espalhou por suas obras, entre muitas outras, “desamigo”, “desendoidecer”,
“desdormido”, “desexistir”, “destriste”, “desfeliz”, “desviver”, “desfalar”.
30 No precioso livro O Léxico de Guimarães Rosa, da professora Nice Sant’Anna Martins, registram-se
exatas 230 palavras com ‘des’, sinal de que o ‘des’ é uma tentação irresistível para quem gosta de brincar
com as possibilidades do idioma. Até “desmim” Guimarães Rosa inventou. “Querer mil gritar, e não pude,
desmim de mim mesmo, me tonteava, numas ânsias”, diz Riobaldo, no Grande Sertão: Veredas.
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O ‘des’ traz em si a atração anarquista de pôr o mundo de cabeça para baixo. Mesmo as palavras em
35 ‘des’ perfeitamente acomodadas à língua, e acolhidas nos dicionários há muitos anos, nos chegam com novo
viço quando nos detemos a examiná-las. A uma família melancólica pertencem “desamor”, “desventura”,
“desencanto” e a fatal “desespero”, ao inverter o alto significado moral de “amor”, “ventura”, “encanto” e
“esperança”. “Desassossego” vai no mesmo caminho.
“Desentendimento” é mais bruta; é eufemismo para briga. Ao contrário, de alto valor moral são
40 “destemor” e “desassombro” ao opor-se ao temor e ao assombro. “Desatino” é humilhante; é perder o tino.
“Desoras” só pode ter sido criada por um surrealista. Usa-se no sentido de “altas horas”, mas na pura raiz
etimológica significa estar fora das horas – como assim, fora das horas? “Desasnar” é o inspirado sinônimo
de aprender pela via de deixar de ser asno.
Uma ida ao dicionário, onde dormem as palavras em estado de inocência, revela maravilhas. O leitor
45 não deve saber, como o colunista não sabia, que existe a palavra “desnamorar”, assim como “desnamorado”.
A difícil arte do dicionarista revela-se em seu melhor na definição de “namorar” do Houaiss: “terem duas
pessoas relacionamento amoroso em que a aproximação física e psíquica, fundada numa atração recíproca,
aspira à continuidade”. Descontinuada tal relação, fica-se com a desconsolada figura do desnamorado, que
se imagina desamparado, a desoras, desnorteado e desterrado de si mesmo, desfeliz.
QUESTÃO 16
A partir das ideias defendidas pelo articulista, pode-se inferir, EXCETO
A) O prefixo ‘des’ é muito produtivo, já que possibilita a formação de muitos neologismos.
B) Certos neologismos são registrados pelo dicionário, mas outros, não.
C) A criação constante de novas palavras causa desorganização na língua portuguesa.
D) Há palavras formadas com o prefixo ‘des’ que não são do conhecimento do usuário da língua.
QUESTÃO 17
Em todas as alternativas, o articulista trabalha com a semântica do prefixo ‘des’, EXCETO
A) “... entra para o rol de mágicas palavras que o ‘des’ inicial permite criar, invertendo significados e
instituindo um mundo às avessas.” (Linhas 5-6)
B) “Unbirthday foi traduzida em português para “desaniversário”, bela palavra para significar um
belíssimo não evento.” (Linhas 14-15)
C) “Uma ida ao dicionário, onde dormem as palavras em estado de inocência, revela maravilhas.”
(Linha 44)
D) “ ‘Desmundo’ é mais que fim do mundo; é o mundo ao avesso.” (Linhas 17-18)
QUESTÃO 18
Considere o trecho: “Desvirtudes nacionais e despatriamentos da pátria continuam em cartaz, 87 anos
depois da publicação de Macunaíma e setenta depois da morte de Mário de Andrade, completados neste
ano, mas não é disso que se trata aqui – por que raios, ó insistente leitor, o colunista teria sempre de afundar
no mar de nossas misérias públicas? Refugiemo-nos nas palavras.” (Linhas 23-26)
Através desse trecho, infere-se, EXCETO que o articulista
A) não gosta de abordar questões que dizem respeito aos problemas sociais do Brasil.
B) aproveita o tema para fazer críticas a determinados comportamentos existentes no Brasil.
C) normalmente aborda problemas da sociedade brasileira.
D) Lidar com o tema que envolve palavras é uma forma de evitar falar de problemas que afetam a
sociedade.
QUESTÃO 19
Ao afirmar: “Desentendimento” é mais bruta; é eufemismo para briga” (linha 39), o autor propõe que o
termo
A) “desentendimento” é mais pesado que o termo “briga”.
B) “briga” é um termo mais popular que “desentendimento”.
C) “desentendimento” é formal, e o termo “briga”, coloquial.
D) “desentendimento” é mais brando que o termo “briga”.
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QUESTÃO 20
Em relação ao trecho da questão anterior, infere-se que a expressão “estado de inocência”, denotativamente,
significa que as palavras
A) não foram ainda usadas em contextos.
B) possuem significados simples.
C) perderam o seu valor original.
D) são vazias de significação.
QUESTÃO 21
Em todos as alternativas, verifica-se o uso de linguagem metafórica, EXCETO
A) “Uma ida ao dicionário, onde dormem as palavras em estado de inocência, revela maravilhas.”
(Linha 44)
B) “O ‘des’ traz em si a atração anarquista de pôr o mundo de cabeça para baixo.” (Linha 34)
C) “... por que raios, ó insistente leitor, o colunista teria sempre de afundar no mar de nossas misérias
públicas?” (Linhas 25-26)
D) “É o que aguarda, no romance, a inocente Oribela. Há bons exemplos mais antigos.” (Linha 19)
QUESTÃO 22
Considere o trecho: “... na definição de “namorar” do Houaiss: “terem duas pessoas relacionamento
amoroso em que a aproximação física e psíquica, fundada numa atração recíproca, aspira à continuidade”.
(Linhas 46-48)
Sobre o uso do sinal grave indicativo de crase, é INCORRETO afirmar:
A) Está relacionado à transitividade do verbo aspirar.
B) É facultativo, tendo em vista o termo regente e o termo regido.
C) Indica a fusão da preposição ‘a’ e o artigo feminino ‘a’.
D) Está relacionado à preposição ‘a’ exigida pelo termo regente.
QUESTÃO 23
Assinale a alternativa em que o uso da próclise NÃO é obrigatório, uma vez que não se verifica a ocorrência
de palavra atrativa.
A) “... e setenta depois da morte de Mário de Andrade, completados neste ano, mas não é disso que se trata
aqui...” (Linhas 24-25)
B) “... chegam com novo viço quando nos detemos a examiná-las.” (Linhas 35-36)
C) “... palavras em ‘des’ perfeitamente acomodadas à língua, e acolhidas nos dicionários há muitos anos,
nos chegam com novo viço...” (Linhas 34-36)
D) “Talvez já se invocasse o “desinventar” antes...” (Linha 8)
QUESTÃO 24
Considere o verbo negritado na frase: “Há bons exemplos mais antigos.” (Linha 19)
Em relação ao emprego desse verbo nessa frase, NÃO se pode afirmar:
A) Trata-se de um verbo impessoal, portanto deverá ficar na 3.ª pessoa do singular.
B) Por ser impessoal, constrói uma oração sem sujeito.
C) Foi usado com valor semântico de ‘existir’ e, nessa acepção, classifica-se como impessoal.
D) Trata-se de um verbo pessoal e, portanto, concorda com o sujeito a que se refere.
QUESTÃO 25
Marque a alternativa que justifica corretamente o emprego das aspas em “Você, que inventou a tristeza,
ora tenha a fineza de desinventar”.” (Linhas 7-8)
A) Construir uma ironia.
B) Indicar ressignificação de palavra.
C) Assinalar uso de citação direta.
D) Indicar uso de estrangeirismos.
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