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TCC JulianaInacio

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Juliana Camilo Inácio

Implementação de um Rádio Definido por Software


usando MATLAB e um par Transmissor/Receptor
FM

São José – SC
Fevereiro / 2011
Juliana Camilo Inácio

Implementação de um Rádio Definido por Software


usando MATLAB e um par Transmissor/Receptor
FM

Monografia apresentada à Coordenação do


Curso Superior de Tecnologia em Sistemas
de Telecomunicações do Instituto Federal de
Santa Catarina para a obtenção do diploma de
Tecnólogo em Sistemas de Telecomunicações.

Orientador:
Prof. Mário de Noronha Neto, Dr. Eng.

C URSO S UPERIOR DE T ECNOLOGIA EM S ISTEMAS DE T ELECOMUNICAÇ ÕES


I NSTITUTO F EDERAL DE S ANTA C ATARINA

São José – SC
Fevereiro / 2011
Monografia sob o tı́tulo “ Implementação de um Rádio Definido por Software usando
MATLAB e um par Transmissor/Receptor FM ”, defendida por Juliana Camilo Inácio e apro-

vada em 18 de fevereiro de 2011, em São José, Santa Catarina, pela banca examinadora assim
constituı́da:

Prof. Mário de Noronha Neto, Dr. Eng.


Orientador

Prof. Marcos Moecke, Dr. Eng.


IFSC

Prof. Diego da Silva de Medeiros, Tecg.


IFSC
O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo.
Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos,
no mı́nimo fará coisas admiráveis.
José de Alencar
Agradecimentos

Dedico meus sinceros agradecimentos àqueles que muito me ajudaram para concluir este
trabalho. Agradeço à minha famı́lia e amigos pelo apoio e compreensão que me foram conce-
didos. Agradeço aos responsáveis pelo trabalho (ALVES, 2010), pelas orientações fornecidas.
Agradeço também ao meu orientador pelo auxı́lio prestado ao longo deste trabalho. Com cer-
teza essas pessoas tornaram a realização deste trabalho uma tarefa prazerosa.

A todos aqui citados, deixo um muito obrigada!


Resumo

Este trabalho implementa um sistema real de rádio frequência empregando o conceito


de Rádio Definido por Software através do software MATLAB. Ele realiza a transmissão e
recepção de caracteres alfanuméricos, utilizando um par transmissor/receptor FM. As etapas do
desenvolvimento e as principais configurações são descritas, tornando possı́vel a reutilização
desse sistema pra outros trabalhos acadêmicos.
Abstract

This paper implements a real system of radio frequency using the concept of Software
Defined Radio using the software MATLAB. It performs the transmission and reception of
alphanumeric characters, using a pair of FM transmitters/receiver. The stages of development
and the main settings are described, making possible the reuse of this system for other academic
work.
Sumário

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

1 Introdução p. 12

1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

1.2 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

2 Rádio Definido por Software p. 14

2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

2.1.1 Arquitetura de um Sistema de Rádio Definido por Hardware . . . . . p. 15

2.1.2 Arquitetura Ideal de um Sistema de Rádio Definido por Software . . . p. 16

2.1.3 Arquitetura Hı́brida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17

3 Sistema Implementado p. 19

3.1 Toolbox Data Acquisition . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21

3.2 Arquitetura Superheterodyne . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

3.3 Modulação BPSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23

3.4 Configurações do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23

3.5 Etapas de Implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

3.5.1 Informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

3.5.2 Quadro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

3.5.3 Formatação do Sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27


3.5.4 Estágio de Frequência Intermediária no Transmissor . . . . . . . . . p. 29

3.5.5 Conversão de Digital para Analógico . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30

3.5.6 Conversão de Analógico para Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30

3.5.7 Filtro de Recepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

3.5.8 Sincronismo de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

3.5.9 Controle Automático de Ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

3.5.10 Estágio Frequência Intermediária no Receptor . . . . . . . . . . . . . p. 35

3.5.11 Filtro Casado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

3.5.12 Sincronismo Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

3.5.13 Sincronismo de Quadro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39

3.5.14 Desmontagem do Quadro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39

3.5.15 Informação Recuperada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41

3.6 Funcionamento do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42

3.6.1 Passo a Passo da Utilização do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45

4 Conclusões p. 46

Lista de Abreviaturas p. 47

Referências Bibliográficas p. 48
Lista de Figuras

2.1 Arquitetura Tradicional de um Sistema de Rádio definido por Hardware . . . p. 16

2.2 Arquitetura Ideal de um Sistema de Rádio Definido por Software . . . . . . . p. 17

2.3 Arquitetura Hı́brida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

3.1 Sistema de Rádio Definido por Software Implementado . . . . . . . . . . . . p. 20

3.2 Visualização da transmissão do sinal na placa de som do computador . . . . . p. 21

3.3 Arquitetura Genérica de um Receptor Superheterodyne . . . . . . . . . . . . p. 22

3.4 Diagrama de Bloco do Sistema de Comunicação Implementado . . . . . . . . p. 25

3.5 Forma de Onda da Informação em Sı́mbolos BPSK . . . . . . . . . . . . . . p. 26

3.6 Quadro Superamostrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26

3.7 Pulso Raiz Quadrada do Cosseno Levantado . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27

3.8 Comparação entre o espectro do sinal antes e depois da formatação de pulso . p. 28

3.9 Forma de Onda do Sinal Formatado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

3.10 Deslocamento do Sinal em Banda Base para Frequência Intermediária . . . . p. 29

3.11 Sinal Transmitido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30

3.12 Sinal Capturado pela Placa de Som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

3.13 Densidade Espectral de Potência do Sinal Recebido . . . . . . . . . . . . . . p. 32

3.14 Sinal na Saı́da do Filtro de Recepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32

3.15 Estrutura Básica de Funcionamento do Costas Loop . . . . . . . . . . . . . . p. 33

3.16 Algoritmo de Sincronismo de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34

3.17 Curva do Desvio da Fase Estimada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34

3.18 Algoritmo de Controle Automático de Ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

3.19 Forma de Onda após o CAG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36


3.20 Sinal Deslocado para Banda Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36

3.21 Sinal na Saı́da do Filtro Casado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

3.22 Algoritmo de Sincronismo Temporal DD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38

3.23 Sincronismo de Quadro - Correlação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40

3.24 Sinal Sincronizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40

3.25 Sı́mbolos Recuperados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41

3.26 Instância do MATLAB Responsável pela Transmissão . . . . . . . . . . . . . p. 42

3.27 Instância do MATLAB Responsável pela recepção . . . . . . . . . . . . . . p. 43

3.28 Sinal Sincronizado com Erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

3.29 Mensagem Recuperada com Erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44


Lista de Tabelas

3.1 Configuração do Microfone no Computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

3.2 Configuração do Auto-Falante no Computador . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24


12

1 Introdução

Os sistemas de comunicação sem fio estão em constante evolução. Para a concepção de no-
vos sistemas, além da preocupação com as taxas de transmissão de dados elevadas, há também
a busca por transceptores mais flexı́veis. Nesta linha, uma tendência para tais transceptores é a
utilização do conceito de Rádio Definido por Software (Software Defined Radio (SDR)) (SDR
FORUM, 2011).

A implementação deste conceito implica numa série de vantagens. Primeiramente, temos o


melhor desempenho do sistema, devido às vantagens fornecidas pelo processamento digital.

Em seguida temos o baixo custo, já que vários componentes são substituı́dos por um único
dispositivo digital programável, podendo ser um Field Programmable Gate Arrays (FPGA), Di-
gital Signal Processors (DSP), entre outros. Alguns problemas que antes afetavam o hardware
passam a ser problemas de software, que podem ser resolvidos com uma reprogramação, dando
maior flexibilidade ao sistema. Porém, a implementação de um SDR utilizando FPGA ou DSP
ainda é uma tarefa complexa de ser realizada.

O objetivo deste trabalho é a construção de um sistema real de rádio frequência, no qual


seja possı́vel transmitir e receber caracteres alfanuméricos, empregando o conceito de SDR. A
implementação do conceito SDR é realizada através do software MATLAB, já que este atende
as necessidades computacionais necessárias para este projeto, além de utilizar para transmissão
e recepção um par transmissor/receptor FM comum, encontrados com facilidade no mercado.
Ao final do trabalho temos como resultado um protótipo que implementa um sistema real de
comunicação sem fio que poderá servir como base para trabalhos futuros.

Algumas formas de implementação de um SDR foram encontradas na literatura, como


(JOHNSON; SETHARES, 2003), (ALVES, 2010) e (FERNANDES, 2007), e tais referências
foram de extrema importância para a realização deste trabalho. Em (JOHNSON; SETHARES,
2003) é apresentada a construção de um sistema tı́pico de comunicação digital, onde são dis-
ponibilizados algoritmos do MATLAB que realizam funções do sistema. Em (ALVES, 2010)
pode-se encontrar um sistema com as mesmas caracterı́sticas do apresentado aqui, sendo que
1.1 Motivação 13

o sistema de processamento foi realizado em um FPGA. Vale ressaltar que os algoritmos utili-
zados neste trabalho diferem em diversos aspectos quando comparados aos de (ALVES, 2010).
Em (FERNANDES, 2007) é apresentado um enlace de comunicação digital utilizando sinais
acústicos e MATLAB.

Além de não se ter muitas referências sobre este assunto, a documentação encontrada não
continha todas as informações necessárias para a realização do trabalho, o que dificultou seu
desenvolvimento. O aluno Mattia Edoardo Vismara participou da realização deste trabalho,
desde a parte de embasamento teórico até a implementação do código. No semestre 2011/1 ele
continuará este trabalho.

1.1 Motivação

O interesse pela área de comunicações e processamento de sinais foi o que me impulsionou


a pesquisar novas tendências e novas tecnologias nessa área. Com o auxı́lio do orientador surgiu
a idéia da elaboração deste trabalho. A implementação do sistema proporcionaria o emprego
de diversos conceitos obtidos ao longo do curso. Além disso, ao final do trabalho teria como
resultado um protótipo que implementa um sistema real de comunicação sem fio, ilustrando
todas as etapas entre transmissão e recepção, e que poderia ser utilizado para fins didáticos.

1.2 Organização do texto

Nesta introdução foram apresentados os objetivos do trabalho, as justificativas para a realiza-


ção deste, e os motivos que impulsionaram sua realização. Nos próximos capı́tulos serão des-
critos os principais conceitos e as etapas do sistema implementado.

No Capı́tulo 2 será descrito o conceito de Rádio Definido por Software e algumas arquite-
turas de rádio existentes. No Capı́tulo 3 será descrito o sistema implementado, a estrutura, as
técnicas e os principais algoritmos utilizados, além do funcionamento do sistema. Por fim, no
Capı́tulo 4 são apresentadas as conclusões sobre este trabalho.
14

2 Rádio Definido por Software

Primeiramente, um rádio pode ser qualquer dispositivo sem fio que efetua a transmissão ou
recepção de sinais (dados, voz, imagem ou vı́deo) em Rádio Frequência (RF) (SDR FORUM,
2011). Até o século XX a comunicação de áudio, vı́deo e dados através de longas distâncias era
feita por Rádio Definido por Hardware (Hardware Defined Radio (HDR)). Isto significa que
todos os processos de transmissão e recepção eram feitos por componentes de hardware, com
pouco ou nenhum controle de software (BURNS, 2002).

Por se tratar de componentes eletrônicos, esse tipo de equipamento apresenta um tempo de


vida curto e funções fixas, ou seja, que não podem ser atualizadas conforme a necessidade do
sistema ao longo do tempo.

Para a concepção de novos sistemas, além da preocupação com taxas de transmissão de


dados elevadas, há também a busca por transceptores mais flexı́veis. Dispositivos de hard-
ware tradicionais limitam a funcionalidade do sistema e só podem ser modificados com uma
intervenção fı́sica. Isto resulta em maiores custos de produção e mı́nima flexibilidade para
o sistema RF, que se torna quase incapaz de acompanhar os diversos padrões existentes nos
sistemas de comunicação (SDR FORUM, 2011). Entretanto, surge um conceito para tais trans-
ceptores, a utilização de Rádio Definido por Software (SDR) que é considerado uma revolução
nos sistemas de RF e tem se mostrado uma forte tendência para as tecnologias futuras (GNU
RADIO, 2006).

O SDR pode ser entendido como uma digitalização da maioria dos processos que estão
envolvidos antes da transmissão e depois da recepção dos sinais (TUTTLEBEE, 2002). O ob-
jetivo é que tal digitalização seja feita o mais próximo possı́vel da antena, dispensando o uso
de inúmeros componentes de hardware como multiplicadores, moduladores e demoduladores,
amplificadores, filtros, entre outros. Tal substituição implica numa série de vantagens. Primei-
ramente, melhor desempenho do sistema, devido às vantagens fornecidas pelo processamento
digital. Em seguida temos o baixo custo, já que vários componentes são substituı́dos por um
único dispositivo digital reconfigurável - podendo ser um FPGA, DSP, processadores de uso ge-
2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio 15

ral, entre outros - e ainda, dependendo do dispositivo, este pode ser reutilizado inúmeras vezes,
prolongando o tempo de vida útil do equipamento. Os problemas que antes afetavam o hard-
ware passam a ser problemas de software que podem ser resolvidos com uma reprogramação,
dando maior flexibilidade ao sistema. Essa talvez seja a maior vantagem do SDR, sendo que o
sistema de rádio pode ser alterado com uma simples atualização de software (BURNS, 2002).

Além de todas as vantagens citadas, o SDR reduz o tempo que um produto leva para che-
gar ao cliente final (“time to market”) - passando pelas etapas de projeto, desenvolvimento,
produção e chegada ao mercado - quando comparado ao tempo gasto por transceptores tradici-
onais para as mesmas etapas, resultando em maior rotatividade de mercado.

2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio

Para entender melhor a arquitetura do SDR implementado neste trabalho, é necessário en-
tender as principais arquiteturas de rádio existentes.

2.1.1 Arquitetura de um Sistema de Rádio Definido por Hardware

A Figura 2.1 ilustra uma arquitetura de rádio defindo por hardware tradicional. Utilizando
um transceptor superheterodyne - este será descrito no Capı́tulo 3 - é possı́vel identificar os
principais estágios de um sistema de comunicação sem fio. Nesse tipo de arquitetura todos
os estágios ilustrados são desempenhados por componentes eletrônicos, sem nenhum controle
de software. Se o sistema necessitar de alguma alteração em sua configuração, é necessária a
substituição de componentes ou de até mesmo equipamentos.

No transmissor o sinal analógico em banda base é modulado e em seguida passa pelo Filtro
Passa Baixa (FPB), chegando ao multiplicador que será responsável pelo deslocamento do sinal
para a Frequência Intermediária (FI). O sinal em FI é novamente multiplicado, agora pelo
Oscilador Local (OL) 1 que deslocará o sinal para uma frequência mais alta. Logo, o sinal
passa pelo Amplificador de Potência (AP) e novamente por um Filtro Passa Faixa (FPF), estando
agora pronto para a transmissão.

No receptor, o sinal que chega da antena passa pelo FPF para eliminar interferências. Em
seguida, passa pelo amplificador de ruı́do baixo (Low Noise Amplifier (LNA)), e então é deslo-
cado para a FI, resultado da multiplicação do sinal de entrada com o OL1. Este sinal é filtrado
e mais uma vez deslocado, só que agora para banda base, pela multiplicação realizada pelo
OL2. Logo, o sinal é demodulado pra reproduzir a informação recebida analógica. O número
2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio 16

de estágios de FI está relacionado com a frequência de operação de RF do sistema. Quanto


mais alta for a frequência de operação do sistema, mais estágios de FI são sugeridos (BURNS,
2002).

Figura 2.1: Arquitetura Tradicional de um Sistema de Rádio definido por Hardware

2.1.2 Arquitetura Ideal de um Sistema de Rádio Definido por Software

Em uma arquitetura ideal de SDR, como a ilustrada na Figura 2.2, temos um sistema digital
interagindo com um simples sistema analógico. Este é o objetivo do conceito SDR, trazer a
digitalização dos processos de um sistema de comunicação sem fio o mais próximo possı́vel da
antena. A parte analógica se restringe apenas às funções como antena (transmissão e recepção),
filtragem de RF, amplificação de ruı́do baixo (LNA), Amplificador de Potência (AP) e OL de
referência.

O software fica encarregado de funções como modulação e demodulação, codificação e


decodificação, deslocamento do sinal para banda base, entre outras. Na Figura 2.2 essas etapas
são realizadas pelo bloco Recursos de Processamento Digital, que junto com o middleware -
responsável pela mediação entre software e demais aplicações - compõe o framework do sistema
(BURNS, 2002).
2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio 17

Figura 2.2: Arquitetura Ideal de um Sistema de Rádio Definido por Software

2.1.3 Arquitetura Hı́brida

A arquitetura hı́brida de rádio é basicamente uma combinação de sistemas analógicos com


sistemas digitais. Podemos até dizer que esta arquitetura seja uma combinação das duas já
citadas. Na Figura 2.3 temos um exemplo desta arquitetura, onde podemos observar que o
estágio analógico é responsável pela conversão do sinal de RF para banda base no receptor,
passando por dois estágios de FI. Os filtros FI1 e FI2, presentes no estágio de deslocamento do
sinal, são para garantir a seletividade e rejeitar o sinal imagem.

O sinal imagem, ou banda imagem, resulta do processo de downconversion. Este problema


está relacionado ao fato do espectro de frequências de um sinal sinusoidal real conter com-
ponentes em frequências positivas e negativas (INVOCOM (VALKAMA, M. and RENFORS,
M.), 2006).

Os outros dois filtros, o FPB e o FPF do estágio analógico do receptor, fazem a última
conversão para banda base antes da conversão de analógico para digital e a limitação em banda
do sinal de entrada, respectivamente (BURNS, 2002).

Depois que o sinal passa pelo Conversor Analógico/Digital (CAD), todas as funções ilus-
tradas no estágio digital, como demodulação, codificação de canal, equalização, entre outras,
são realizadas por software implementado em dispositivos como DSP, FPGA (BURNS, 2002).
2.1 Arquiteturas de Sistema de Rádio 18

Figura 2.3: Arquitetura Hı́brida

A arquitetura implementada neste trabalho é semelhante a arquitetura hı́brida apresentada,


o Capı́tulo 3 irá detalhar a arquitetura do sistema implementado com todas as suas funções e
algoritmos que o próprio realiza.
19

3 Sistema Implementado

Neste capı́tulo, todas as etapas de desenvolvimento e implementação do sistema de comuni-


cação sem fio com o conceito de Rádio Definido por Software será descrita detalhadamente. O
objetivo deste é que o leitor consiga acompanhar as etapas para entender todo o funcionamento
do sistema. Ressalto que, para conseguir realizar este trabalho, entramos em contato com os
responsáveis pelo trabalho (ALVES, 2010) e seguimos algumas orientações dada por eles, a
respeito de configurações da placa de som do computador, pois as referências encontradas, no
que diz respeito a parte prática, é muito carente nesse assunto.

A Figura 3.1 ilustra o sistema implementado com todos os componentes fı́sicos utilizados.
Adquirimos um par transmissor/receptor FM padrão, encontrado facilmente no mercado, onde
o único cuidado tomado foi que o receptor possuı́sse uma entrada auxiliar, para que este fosse
conectado ao computador. O transmissor e o receptor FM foram conectados na saı́da e na
entrada da placa de som do computador, respectivamente, constituindo o estágio analógico do
sistema, como ilustra a Figura 3.1.

Já o estágio digital é composto pelo computador, onde foram abertas duas instâncias do
software MATLAB, uma para desempenhar as funções do transmissor e outra para desem-
penhar as funções do receptor. O software MATLAB foi a melhor opção encontrada para
a implementação do conceito de SDR, pois ele atende as necessidades computacionais ne-
cessárias para a implementação do sistema e o tempo para desenvolvimento do algoritmo é
menor, quando comparado ao tempo de desenvolvimento com um dispositivo de processamento
digital reconfigurável.

Um detalhe importante é que as configurações da placa de som do computador não são


as mesmas para qualquer sistema operacional, e depois de inúmeras tentativas, foi fixada a
configuração no Windowns VistaT M Business.

Optamos também por implementar o sistema em um único computador com duas intâncias
de MATLAB funcionando separadamente, simulando o cenário de dois computadores diferen-
tes.
3 Sistema Implementado 20

Figura 3.1: Sistema de Rádio Definido por Software Implementado

Nesse sistema, o transmissor e o receptor FM ficam encarregados apenas da transmissão e


recepção do sinal em alta frequência, todas as funções de processamento do sinal são realizadas
via software. O funcionamento do sistema é simples, e de maneira geral segue as seguintes
etapas:

• Uma frase fixa é gerada e processada pelo software responsável pela transmissão;

• Depois do sinal processado, ele é enviado à saı́da da placa de som que está conectada ao
transmissor FM;

• O transmissor e o receptor FM estão sintonizados na mesma frequência, 91.7MHz;

• O receptor, conectado à entrada da placa de som, captura o sinal enviado;

• Da placa de som, o sinal passa novamente pelo processamento digital, que é realizado
por um código e por uma instância de MATLAB diferente da utilizada no transmissor, e
a frase enviada é então recuperada.

Antes de iniciarmos a implementação do sistema, algumas configurações foram definidas,


assim como escolhemos arquiteturas e ferramentas que auxiliaram o trabalho. As próximas
seções descrevem as escolhas feitas.
3.1 Toolbox Data Acquisition 21

3.1 Toolbox Data Acquisition

Para fazer a integração do software MATLAB com o par transmissor/receptor FM, utiliza-
mos o Toolbox Data Acquisition do MATLAB para realizar as aquisições e o envio dos sinais
à placa de som do computador. O toolbox permite ler, enviar, armazenar, e configurar dados,
sendo que estes dados podem ser entradas ou saı́das, analógicos ou digitais (MATHWORKS,
2005). A função demoai fft do toolbox foi muito utilizada para o acompanhamento do nı́vel
de ruı́do e de sinal do objeto analog input (ai) criado. Esta função permite que o sinal de en-
trada e sua transformada rápida de Fourier sejam ilustradas graficamente, sendo que o gráfico é
atualizado a cada 0,1 segundos 1 .

A Figura 3.2 ilustra exatamente o momento em que o sinal estava sendo transmitido, ou
seja, o toolbox realizava a integração do software com o hardware e a função demoai fft é quem
permite esta visualização. As principais configurações de aquisição de dados para este trabalho
estão relacionadas ao trigger. O tipo de trigger escolhido indica de que forma a captura do áudio
será realizada. Seguindo orientações de (ALVES, 2010), optamos por um trigger acionado por
software, em borda de subida, com um limiar de tensão igual ou superior à 0,4V. A frequência
de amostragem Fs foi definida como 44,1KHz, de acordo com a configuração da placa de som
do computador, que será descrita Seção 3.4.

Figura 3.2: Visualização da transmissão do sinal na placa de som do computador

1 Help do MATLAB
3.2 Arquitetura Superheterodyne 22

3.2 Arquitetura Superheterodyne

Em um sistema de RF o sinal desejado se encontra geralmente em faixas de alta frequência.


Para selecionar apenas o sinal desejado, seria necessário um filtro passa faixa com precisão
elevada, o que inviabiliza a implementação. Para solucionar esse problema, existem diferentes
tipos de arquitetura de transceptores que fazem a conversão do sinal em banda passante para
banda base de diferentes formas. Neste trabalho optamos pela arquitetura de transceptores
superheterodyne para deixar o sistema mais didático, pois desta forma podemos observar o
processo de modulação utilizando a função exponencial, descrito na Seção 3.5.4, e podemos
visualizar através do MATLAB o deslocamento do espectro do sinal.

Optando por outra arquitetura, provavelmente o sistema também funcionaria, mas como o
transmissor FM seria o responsável pelo deslocamento do espectro do sinal, nós não poderı́amos
observar esta etapa diretamente do MATLAB.

A arquitetura superheterodyne é caracterizada por converter o sinal recebido, ou sinal dese-


jado, para uma Frequência Intermediária (FI) mais baixa, diferente da banda base, e em seguida
o sinal é deslocado da FI para banda base (MIRABBASI; MARTIN, 2000). Na Figura 3.3 é
ilustrada uma arquitetura genérica de um receptor superheterodyne, onde o sinal recebido pela
antena passa por um filtro de pré-seleção FPF, e depois pelo amplificador de ruı́do baixo (LNA).
O sinal é então deslocado para a FI através da multiplicação do sinal de entrada pelo OL. O sinal
na saı́da do multiplicador passa novamente por um filtro seletor FPF, eliminando interferências
no sinal desejado, e em seguida passa pelo Controle Automático de Ganho (CAG), concluindo
o estágio de FI. A partir dai o sinal em FI pode ser deslocado para banda base (MIRABBASI;
MARTIN, 2000).

Figura 3.3: Arquitetura Genérica de um Receptor Superheterodyne


3.3 Modulação BPSK 23

3.3 Modulação BPSK

A modulação utilizada no sistema implementado foi a Binary Phase Shift Keying (BPSK).
Optamos por esta modulação por ser de fácil implementação e robusta, onde os sı́mbolos pos-
suem uma variação de fase de 0◦ e 180◦ (SKLAR, 2001), o que é desejável para o nosso sistema
já que o ruı́do inserido pelo canal é significativo. A modulação BPSK pode ser expressa pela
equação 3.1

r
2E
si (t) = cos[ωo (t) + φi (t)] (3.1)
T

sendo 0 ≤ t ≤ T , i = 1, ..., M, E a energia de sı́mbolo, T é o tempo de duração de sı́mbolo e


ωo a frequência da portadora. O termo de fase φi (t) terá M valores discretos, dados pela equação
3.2 (SKLAR, 2001). No nosso caso, modulação BPSK, M = 2.

2πi
φi (t) = (3.2)
M

3.4 Configurações do Sistema

A função demoai fft do toolbox Data Acquisition foi muito importante nesta fase de imple-
mentação, pois graças a ela, foi possı́vel observar o comportamento do sinal na placa de som do
computador. Para o bom funcionamento do sistema, foram necessárias algumas configurações
de volume no sistema operacional do computador e no receptor FM. O volume do compu-
tador foi fixado no nı́vel 6 e o receptor FM teve seu volume fixado no nı́vel máximo. As
configurações, que serão descritas a seguir, foram realizadas em um notebook HP 540, com
o sistema operacional Windows VistaT M Business, 32 bits, processador Intel Core 2 Duo de
1,8GHz e memória RAM de 3GB.

A Tabela 3.1 lista os parâmetros do dispositivo microfone, enquanto a Tabela 3.2 lista os
parâmetros do dispositivo auto-falante.

Esses parâmetros foram ajustados depois de várias tentativas e combinações diferentes, até
chegar ao resultado desejado. A frequência de amostragem do sinal Fs no sistema implemen-
tado, foi definida de acordo com a opção avançado da Tabela 3.1 e 3.2, fixada em 44100Hz.
3.5 Etapas de Implementação 24

Tabela 3.1: Configuração do Microfone no Computador

Opção Descrição Estado


Personalizado Aumento de Sensibilidade Desativado
Nı́veis 0 x
Aperfeiçoamento Sem Filtragem x
Avançado Canal 2, 16 bits, 44100Hz (Qualidade de CD) x
Permitir a aplicativos assumir controle exclusivo deste dispositivo Ativado
Dar prioridade a aplicativos em modo exclusivo Ativado

Tabela 3.2: Configuração do Auto-Falante no Computador

Opção Descrição Estado


Nı́veis Auto-Falante: 47 x
Entrada: 0 x
Bip do PC: 0 x
Avançado 16 bits, 44100Hz (Qualidade de CD) x
Permitir a aplicativos assumir controle exclusivo deste dispositivo Ativado
Dar prioridade a aplicativos em modo exclusivo Ativado
Habilitar aperfeiçoamento de áudio Ativado

3.5 Etapas de Implementação

A Figura 3.4 ilustra as etapas implementadas para o funcionamento do sistema. Cada bloco
presente nesta figura será descrito nas seções seguintes. No transmissor o estágio digital é
formado pelos blocos Conversão BPSK, Montagem do Quadro, Formatação de Pulso e
Frequência Intermediária, enquanto que o estágio analógico é formado pelos blocos Conver-
sor Digital/Analógico (CDA) e Transmissor FM. Já no receptor o estágio analógico é formado
pelos blocos Receptor FM e Conversor Analógico/Digital (CAD), enquanto que o estágio di-
gital é formado pelos blocos Filtro Passa Baixa, Sincronismo de Fase, Controle Automático
de Ganho, Frequência Intermediária, Filtro Casado, Sincronismo Temporal, Sincronismo
de Quadro, Desmontagem de Quadro e Conversão BPSK.

3.5.1 Informação

O principal objetivo do sistema é transmitir e receber uma sequência de caracteres alfa-


numéricos, e através da informação transmitida que começamos o desenvolvimento do sistema.
Optamos primeiramente por uma frase fixa, que foi armazenada, e em seguida convertida para
sı́mbolos BPSK, representado pelo bloco Conversão BPSK na Figura 3.4. A conversão foi re-
3.5 Etapas de Implementação 25

Figura 3.4: Diagrama de Bloco do Sistema de Comunicação Implementado

alizada através de um código adaptado de (JOHNSON; SETHARES, 2003), e este basicamente


calcula o número de caracteres presentes na frase escolhida, em seguida faz a conversão des-
ses caracteres alfanuméricos para sı́mbolos BPSK utilizando a função dec2base do MATLAB.
Na conversão, para cada caracter são necessários sete sı́mbolos BPSK, sendo que na frase não
pode conter acentos ou cedilhas, caso contrário o código apresenta erro. Na saı́da do bloco
Conversão BPSK temos a informação modulada em BPSK, como mostra a Figura 3.5.

3.5.2 Quadro

A segunda etapa do sistema é a composição do quadro de dados para transmissão, como


mostra a Figura 3.4 o bloco Montagem do Quadro. Esta é uma tarefa simples, mas de grande
importância para o funcionamento do sistema. Junto a informação, foi adicionada uma palavra
de sincronismo no inı́cio do quadro, sendo que esta é inserida uma única vez, pois a cada
transmissão um quadro com toda a informação é enviado. A vantagem de utilizar esta marcação
é a simplicidade na hora de recuperar a informação (SKLAR, 2001).

Optamos por uma palavra de sincronismo aleatória, com o comprimento de 64 sı́mbolos


BPSK, que auxilia no sincronismo de quadro, no receptor, a identificar o inı́cio da informação.
Após a montagem do quadro, este é superamostrado pelo fator M, aproximando o sinal digital
3.5 Etapas de Implementação 26

Forma de Onda da String Convertida para BPSK


2

1
Amplitude

−1

−2
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Amostras(símbolos)

Zoom da Forma de Onda da String Convertida para BPSK


2

1
Amplitude

−1

−2
0 10 20 30 40 50 60
Amostras(símbolos)

Figura 3.5: Forma de Onda da Informação em Sı́mbolos BPSK

de um sinal contı́nuo e aumentando a distância entre os sı́mbolos, diminuindo a Interferência


Intersimbólica (IIS) (JOHNSON; SETHARES, 2003). A cada sı́mbolo BPSK são inseridos M
zeros, sendo que neste sistema M = 100 . Na Figura 3.6 é ilustrado o formato do quadro na
saı́da do bloco Montagem do Quadro.

Quadro a ser Transmitido : Palavra de Sincronismo + Informação


1.5

0.5
Amplitude

−0.5

−1

−1.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Amostras 4
x 10

Zoom do Quadro a ser Transmitido


1.5

0.5
Amplitude

−0.5

−1

−1.5
2.5 2.55 2.6 2.65 2.7 2.75 2.8 2.85 2.9 2.95 3
Amostras 4
x 10

Figura 3.6: Quadro Superamostrado


3.5 Etapas de Implementação 27

3.5.3 Formatação do Sinal

Com o quadro montado para a transmissão, passamos agora pela etapa de formatação do
sinal, como mostra a Figura 3.4. O pulso escolhido foi o Square Root Raised Cosine (SRRC)
ou Raı́z Quadrada do Cosseno Levantado, que é muito utilizado em sistemas de comunicações
de banda limitada e minimiza a IIS (JOHNSON; SETHARES, 2003). Ele conserva a largura
de banda efetiva do sinal e sua resposta impulso tende a zero rapidamente. A convolução do
pulso formatador com o filtro casado na recepção resulta em um pulso de Nyquist (JOHNSON;
SETHARES, 2003).

O pulso SRRC utilizado está ilustrado na Figura 3.7 e foi implementado através da função
rcosfir do MATLAB, com fator de roll-off igual a 0,4 e ordem igual a 800. A Figura 3.8 mostra
uma comparação entre o espectro do sinal antes e depois da formatação de pulso, através da
Densidade Espectral de Potência (DEP) de cada um, sendo visı́vel a otimização da largura de
banda do sinal. Na Figura 3.9 temos a forma de onda do sinal na saı́da do bloco Formatação
de Pulso da Figura 3.4.

Pulso Formatador Raiz Quadrada do Cosseno Levantado


0.3

0.25

0.2

0.15
Amplitude

0.1

0.05

−0.05
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Amostras

Figura 3.7: Pulso Raiz Quadrada do Cosseno Levantado


3.5 Etapas de Implementação 28

Densidade Espectral de Potência do Sinal Antes da Formatação de Pulso


−55

−60

−65
dB/Hz

−70

−75

−80
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Densidade Espectral de Potência do Sinal Depois da Formatação de Pulso


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequência (KHz)

Figura 3.8: Comparação entre o espectro do sinal antes e depois da formatação de pulso

Forma de Onda do Sinal Formatado pelo Pulso


0.4

0.2
Amplitude

−0.2

−0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Amostras x 10
4

Zoom da Forma de Onda do Sinal Formatado pelo Pulso


0.4

0.2
Amplitude

−0.2

−0.4
4 4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45 4.5
Amostras x 10
4

Figura 3.9: Forma de Onda do Sinal Formatado


3.5 Etapas de Implementação 29

3.5.4 Estágio de Frequência Intermediária no Transmissor

Como citado na Seção 3.2, implementamos em software uma arquitetura de transceptor


semelhante à superheterodyne. A próxima etapa é o estágio de Frequência Intermediária (FI),
caracterı́stico desta arquitetura. O sinal formatado na saı́da do bloco Formatação de Pulso é
multiplicado pela exponencial e j2π fLOt , realizando o deslocamento do sinal em banda base para
FI.

A frequência da portadora foi fixada em 15KHz, pois a maioria dos rádios FM operam até
essa faixa de frequência, mas esta pode ser alterada, desde que esteja de acordo com o teorema
de Nyquist e com a norma (RECOMMENDATION ITU-R BS.704, 1990). A Figura 3.10 ilustra
de forma clara, o deslocamanento do sinal em banda base para a FI antes da transmissão. Na
saı́da do bloco Frequência Intermediária temos o sinal digital pronto para a transmissão,
ilustrado na Figura 3.11.

Densidade Espectral de Potência do Sinal Formatado em Banda Base


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120

−140
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Densidade Espectral de Potência do Sinal Modulado para Frequência Intermediária


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120

−140
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequência (KHz)

Figura 3.10: Deslocamento do Sinal em Banda Base para Frequência Intermediária


3.5 Etapas de Implementação 30

Forma de Onda do Sinal Transmitido


0.4

Amplitude 0.2

−0.2

−0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Amostras 4
x 10

Zoom da Forma de Onda do Sinal Transmitido


0.4

0.2
Amplitude

−0.2

−0.4
4 4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45 4.5
Amostras 4
x 10

Figura 3.11: Sinal Transmitido

3.5.5 Conversão de Digital para Analógico

Com o sinal digital pronto para transmissão, passamos do estágio digital para o estágio
analógico. A primeira etapa deste estágio é o envio do sinal à placa de som do computador
através do Toolbox Data Acquisition. Na placa de som ocorre a conversão, representada na
Figura 3.4 pelo bloco CDA. A placa de som do computador está conectada ao transmissor FM,
e este foi sintonizado na frequência 91.7MHz, pelo simples fato de não estar sendo utilizada por
nenhuma estação de rádio.

3.5.6 Conversão de Analógico para Digital

Na recepção o processo inverso da transmissão é realizado. Iniciamos com o receptor FM


sintonizado na mesma frequência do transmissor, sendo este conectado à entrada da placa de
som do computador, responsável pela conversão do sinal - neste caso de analógico para digital
- representado pelo bloco CAD na Figura 3.4.

Com a utilização do Toolbox Data Aquisition do MATLAB, foram configurados parâmetros


para a captura do sinal na placa de som. A principal configuração foi o disparo do trigger para a
captura dos dados apenas na borda de subida com amplitude igual ou superior à 0,4V. A forma
de onda do sinal na saı́da do bloco CAD da Figura 3.4 pode ser observada na Figura 3.12.
3.5 Etapas de Implementação 31

Sinal Capturado na Placa de Som


1

Amplitude 0.5

−0.5

−1
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Amostras 4
x 10

Zoom do Sinal Capturado na Placa de Som


1

0.5
Amplitude

−0.5

−1
4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45 4.5
Amostras 4
x 10

Figura 3.12: Sinal Capturado pela Placa de Som

3.5.7 Filtro de Recepção

O sinal recebido passa agora pelo filtro de recepção para limitar a faixa de ruı́do no sinal
inserida pelo canal (ALVES, 2010). Esse é um filtro passa faixa, de ordem 64, e foi realizado
através da função fir1 do MATLAB. Na Figura 3.13 podemos observar a comparação entre DEP
do sinal recebido e do sinal filtrado. Já na Figura 3.14 temos ilustrada a forma de onda do sinal
na saı́da do bloco Filtro Passa Faixa da Figura 3.4.

3.5.8 Sincronismo de Fase

Os sistemas reais de comunicação necessitam de algum tipo de sincronização, e foram os


sincronismos (fase, temporal e de quadro) que geraram maior dificuldade e que consumiram
mais tempo para o entendimento e implementação no sistema. Isso aconteceu devido ao fato
de que não são assuntos tratados ao longo do curso, e que foram encontradas poucas literaturas,
principalmente que tratam da parte prática.

O sincronismo da frequência da portadora não foi implementado, pois a principal causa do


desvio de frequência é a diferença entre os osciladores do transmissor e receptor (JOHNSON;
SETHARES, 2003). Como as portadoras são geradas digitalmente, o desvio de frequência é
mı́nimo, e não interfere no sistema.
3.5 Etapas de Implementação 32

Densidade Espectral de Potência do Sinal Recebido


−20

−30

−40

−50
dB/Hz

−60

−70

−80

−90
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Densidade Espectral de Potência do Sinal Filtrado


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120

−140
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Figura 3.13: Densidade Espectral de Potência do Sinal Recebido

Sinal Filtrado para Eliminar Interferências


0.8

0.6

0.4
Amplitude

0.2

−0.2

−0.4

−0.6
0 1 2 3 4 5 6
Amostras 4
x 10

Zoom do Sinal Filtrado para Eliminar Interferências

0.6

0.4
Amplitude

0.2

−0.2

−0.4

4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45 4.5
Amostras 4
x 10

Figura 3.14: Sinal na Saı́da do Filtro de Recepção


3.5 Etapas de Implementação 33

O primeiro sincronismo implementado neste trabalho foi o sincronismo de fase. A sincroni-


zação da fase significa que, a fase da portadora do transmissor tem que estar de acordo com a
fase da portadora do receptor (SKLAR, 2001). Para realizar o sincronismo de fase, optamos
pelo algoritmo Costas Loop (JOHNSON; SETHARES, 2003), pois ele não necessita de pré-
processamento como alguns outros algoritmos de correção de fase encontrados na literatura, e
(ALVES, 2010) e (FERNANDES, 2007), referências para este trabalho, utilizaram o mesmo
algoritmo.

Um dos problemas relacionados ao Costas Loop é garantir que os filtros passa baixa sejam
iguais, mas como se trata de filtros digitais é possı́vel garantir a igualdade entre eles (SKLAR,
2001). Na Figura 3.15 temos a ilustração do funcionamento do algoritmo Costas Loop, sendo
que as variáveis presentes estão de acordo com o código do algoritmo ilustrado na Figura 3.16.

O sinal recebido r(k) passa por dois caminhos. No primeiro, r(k) é multiplicado por
2cos(2πFct(k) + θ [k]) , onde θ [k] é a variável da fase estimada. Em seguida o sinal modulado
zc passa pelo FPB e chega ao multiplicador. No segundo caminho, o sinal r(k) é multiplicado
por 2sen(2πFct(k) + θ [k]), em seguida o sinal modulado zs passa pelo FPB e também chega ao
multiplicador. A saı́da do multiplicador passa pelo bloco µΣ que estima uma nova fase. A nova
fase estimada θ [k] é armazenada e realimenta o algoritmo para a próxima estimação, e assim
sucessivamente.

Figura 3.15: Estrutura Básica de Funcionamento do Costas Loop

Entendendo o funcionamento do algoritmo, vamos agora observar o funcionamento do


código utilizado para a sua implementação. O algoritmo utilizado foi adaptado de (JOHN-
SON; SETHARES, 2003) e está ilustrado na Figura 3.16. Iniciaremos com os filtros utilizados,
dois filtros passa baixa idênticos de ordem 500, representados pela variável h, implementados
através da função remez do MATLAB. Um vetor t, com o mesmo comprimento do sinal, foi cri-
3.5 Etapas de Implementação 34

ado para auxiliar no laço de estimação de desvio de fase, e a variável mu é o passo de adaptação
deste laço, ela representa o bloco µΣ da Figura 3.15. O vetor da fase estimada θ [k] tem seu va-
lor inicial em zero, ou seja, θ [1] = 0. O funcionamento do laço é basicamente o procedimento
descrito na Figura 3.15. Com o vetor θ estimado, temos a curva do desvio da fase estimada,
ilustrada na Figura 3.17.

Figura 3.16: Algoritmo de Sincronismo de Fase

Costas Loop − Estimação de Fase


1.4

1.2

1
Desvio de Fase (graus)

0.8

0.6

0.4

0.2

−0.2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4
Amostras

Figura 3.17: Curva do Desvio da Fase Estimada


3.5 Etapas de Implementação 35

3.5.9 Controle Automático de Ganho

O controle automático de ganho, ou CAG, foi realizado através da adaptação de um al-


goritmo de (JOHNSON; SETHARES, 2003). O objetivo do CAG é amplificar os sinais mais
baixos e atenuar os sinais mais altos, de modo que o sinal resultante seja mantido dentro de uma
faixa normal de operação no receptor (JOHNSON; SETHARES, 2003).

A Figura 3.18 ilustra o trecho de código adaptado, sendo que o vetor a, inicialmente com-
posto de zeros com exceção do primeiro termo inicializado em 1, é o vetor parâmetro do al-
goritmo. O sinal r(k) é multiplicado pelo valor a(k). Ou seja, a cada interação do laço um
novo valor a(k) é calculado, sendo armazenado e utilizado na próxima interação. A Figura 3.19
ilustra a forma de onda do sinal na saı́da do bloco Controle Automático de Ganho da Figura
3.4. Comparando com o sinal na saı́da do filtro de recepção, na Figura 3.14, podemos observar
o ganho de amplitude que o CAG proporcionou ao sinal.

Figura 3.18: Algoritmo de Controle Automático de Ganho

3.5.10 Estágio Frequência Intermediária no Receptor

O sinal recebido em FI é agora multiplicado pela exponencial e− j2π fLOt para realizar deslo-
camento do sinal para banda base. O sinal deslocado, que está na saı́da do bloco Frequência
Intermediária da Figura 3.4, é ilustrado na Figura 3.20.
3.5 Etapas de Implementação 36

Sinal após Controle Automático de Ganho


3

1
Amplitude

−1

−2

−3
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Amostras x 10
4

Zoom do Sinal após Controle Automático de Ganho


3

1
Amplitude

−1

−2

−3
4 4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45
Amostras 4
x 10

Figura 3.19: Forma de Onda após o CAG

Densidade Espectral de Potência do Sinal na Frequência Intermediária Recebida


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120

−140
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Densidade Espectral de Potência do Sinal Recebido em Banda Base


−20

−40

−60
dB/Hz

−80

−100

−120
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
Frequencia (KHz)

Figura 3.20: Sinal Deslocado para Banda Base


3.5 Etapas de Implementação 37

3.5.11 Filtro Casado

O filtro casado é um filtro linear projetado para que na sua saı́da a relação sinal/ruı́do seja
maximizada (SKLAR, 2001). Neste trabalho sua implementação é através da função conv do
MATLAB, que realiza a convolução do sinal em banda base com o mesmo filtro formatador
utilizado na transmissão descrito na Seção 3.5.3. Na Figura 3.21 temos a forma de onda do
sinal na saı́da do filtro casado, representado pelo bloco Filtro Casado na Figura 3.4. Na Figura
3.21 é visı́vel a maximização do sinal quando comparada sua amplitude com a amplitude do
sinal na Figura 3.19, depois do CAG.

Forma de Onda do Sinal na Saída do Filtro Casado


15

10

5
Amplitude

−5

−10

−15
0 1 2 3 4 5 6
Amostras 4
x 10

Zoom da Forma de Onda do Sinal na Saída do Filtro Casado

10

5
Amplitude

−5

−10

−15
4.05 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45
Amostras 4
x 10

Figura 3.21: Sinal na Saı́da do Filtro Casado

3.5.12 Sincronismo Temporal

A sincronização temporal é basicamente escolher um instante ótimo para amostrar o sinal


recebido (SKLAR, 2001)(JOHNSON; SETHARES, 2003). Porém, vale lembrar que o sinal
analógico recebido, quando convertido para digital, é amostrado pelo CAD e essa amostragem
é realizada num instante qualquer (JOHNSON; SETHARES, 2003). A função do sincronismo
temporal é então corrigir o instante ótimo de amostragem, no nosso caso o pico do pulso de
3.5 Etapas de Implementação 38

Nyquist, sendo que esses instantes não são conhecidos no receptor e devem ser determinados
através das informações do próprio sinal recebido.

No sistema implementado optamos por um algoritmo de sincronização temporal Decisão


Dirigida (DD), adaptado de (JOHNSON; SETHARES, 2003), pois continha informações sufi-
cientes para sua implementação.

A Figura 3.22 ilustra o trecho de código do algoritmo que realiza o sincronismo temporal,
este algoritmo basicamente estima um intante ótimo de amostragem através da interpolação.
A variável mu é o passo de adaptação do algoritmo e auxilia na estimação do próximo desvio
temporal, representado pela variável tau que é inicializada em zero. As funções interpsinc e
quantalph utilizadas no laço de estimação de desvio temporal, também adaptadas de (JOHN-
SON; SETHARES, 2003), desempenham a função do interpolador e do demodulador BPSK,
respectivamente.

Figura 3.22: Algoritmo de Sincronismo Temporal DD

O desvio temporal é estimado através do sinal recebido y. O interpolador escolhe um valor


da direita, outro da esquerda - de acordo com os parâmetros fornecidos no momento em que
é chamada a função interpsinc -, diminui um pelo outro e armazena na variável dx. Em tau é
calculado o desvio temporal estimado, que é armazenado e reutilizado para realimentação do
laço de estimação. Ao final do laço, o vetor xs contém o sinal sincronizado temporalmente.
3.5 Etapas de Implementação 39

3.5.13 Sincronismo de Quadro

Após a realização do sincronismo de fase e temporal no receptor, implementamos a sincroni-


zação do quadro, onde o sinal é correlacionado com a palavra de sincronismo para identificar
o inı́cio do quadro (SKLAR, 2001). O sincronismo de quadro foi realizado basicamente com
a implementação da correlação. Segundo (JOHNSON; SETHARES, 2003), podemos utilizar a
correlação para saber o quanto dois sinais são semelhantes, sendo que através desta podemos
encontrar o tempo de amostragem adequado ou encontrar o inı́cio da mensagem.

De maneira simples, a correlação é a somatória de multiplicações ponto a ponto de dois


sinais, sendo um deles deslocado no tempo, e pode ser expressa pela equação 3.3 (JOHNSON;
SETHARES, 2003). Se o valor da somatória for alto, significa que muitos termos são seme-
lhantes.

T /2
1
Rwv ( j) = lim ∑ w[k]v[k + j] (3.3)
T →∞ T
k=−T /2

No sistema implementado a correlação foi realizada através da função xcorr do MATLAB,


onde a palavra de sincronismo e o sinal sincronizado temporalmente foram correlacionados. O
resultado está ilustrado na Figura 3.23, onde o pico máximo indica que a palavra de sincronismo
foi encontrada.

Na saı́da do bloco Sincronismo de Quadro da Figura 3.4 temos o sinal sincronizado ilus-
trado na Figura 3.24, obtida através das amostras do sinal. Essa Figura é interessante pois,
podemos observar o efeito causado pelo sincronismo de fase e temporal. Quando o sincronismo
de fase é realizado com sucesso, os pontos iniciais do gráfico começam com amplitude zero,
como na Figura 3.24, e vai aumentando ou diminuindo, até estabilizar num valor único de am-
plitude (JOHNSON; SETHARES, 2003). Porém como pode ser observado, ainda na Figura
3.24, o sinal depois de estabilizado ficou variando numa faixa de amplitude, mais ou menos en-
tre 0,4 e 0,6 e entre -0,4 e -0,6. Este comportamento, onde o sinal fica espalhado, é caracterı́stico
do sinal sincronizado temporalmente com sucesso (JOHNSON; SETHARES, 2003).

3.5.14 Desmontagem do Quadro

Com o sinal sincronizado partimos para a recuperação da informação. O primeiro passo é


a retirada da palavra de sincronismo do inı́cio do quadro. Esta etapa é representada pelo bloco
Desmontagem do Quadro na Figura 3.4.
3.5 Etapas de Implementação 40

Correlacao do Sinal Recebido com a Palavra de Sincronismo de Quadro

15

10
Amplitude

−5

5.51 5.52 5.53 5.54 5.55 5.56 5.57 5.58


Amostras 4
x 10

Figura 3.23: Sincronismo de Quadro - Correlação

Sinal Sincronizado
0.8

0.6

0.4

0.2
Amplitude

−0.2

−0.4

−0.6

−0.8
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Amostras

Figura 3.24: Sinal Sincronizado


3.5 Etapas de Implementação 41

3.5.15 Informação Recuperada

A última etapa do sistema é a recuperação da mensagem recebida. O limiar de decisão


dos sı́mbolos para a modulação BPSK é o zero. Se o sinal estiver acima de zero, o decisor
reconhece como sı́mbolo 1, se o sinal estiver abaixo de zero, o decisor reconhece como -1.
A implementação é realizada através do algoritmo StringConversor adaptado de (JOHNSON;
SETHARES, 2003).

Este algoritmo além de implementar a decisão dos sı́mbolos, converte os sı́mbolos recupe-
rados para caracteres alfanuméricos, através da função base2dec do MATLAB. O processo é
exatamente inverso ao descrito na Seção 3.5.1. A Figura 3.25 ilustra os sı́mbolos BPSK recu-
perados, sendo que a informação recuperada na saı́da do bloco Conversão BPSK da recepção
na Figura 3.4 é apresentada no prompt do MATLAB responsável pela recepção.

Símbolos Recuperados
2

1.5

0.5
Amplitude

−0.5

−1

−1.5

−2
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Amostras

Figura 3.25: Sı́mbolos Recuperados


3.6 Funcionamento do Sistema 42

3.6 Funcionamento do Sistema

Até aqui vimos todas as etapas e configurações necessárias para a implementação do sitema,
agora vamos observar o funcionamento do sistema. O primeiro passo é inicializar o código
do receptor, pois ele fica aguardando o evento na placa de som, ou seja, quando ele receber
algum sinal com amplitude superior a 0,4V em borda de subida, ele o captura. Com o receptor
inicializado, iniciamos a transmissão. A Figura 3.26 ilustra a tela do MATLAB responsável
pela transmissão. Ele informa ao usuário que a mensagem foi enviada, e ainda apresenta na tela
a frase enviada.

Figura 3.26: Instância do MATLAB Responsável pela Transmissão

Já na Figura 3.27 temos a imagem da tela do MATLAB responsável pela recepção. No
momento que ele é inicializado ele informa ao usuário através da mensagem “Receptor Inici-
alizado! Aguardando Informação....”. Quando o receptor detecta um evento na placa de som,
ele informa ao usuário através da mensagem “− − −− > Informação Recebida Aguarde Pro-
cessamento....”. E enfim, depois do sinal processado e recuperado ele informa ao usuário a
mensagem recuperada.
3.6 Funcionamento do Sistema 43

Figura 3.27: Instância do MATLAB Responsável pela recepção

Porém, há casos em que o sistema sofre interferências e nem sempre consegue recuperar
a mensagem. Como há vários fatores que influenciam no desempenho do sistema, tais como,
configurações corretas, aparelhos eletrônicos ligados muito próximos ou celulares, isso faz com
que a mensagem seja corrompida. A Figura 3.28 ilustra um exemplo do sinal sincronizado, mas
que sofreu interferência, apresentando erro na recuperação da informação.

O resultado dessa interferência é visı́vel na mensagem recuperada ilustrada na Figura 3.29,


onde não é possı́vel aproveitar nada da mensagem. Há casos que a interferência não é tão
significativa, e que apenas alguns caracteres são afetados.
3.6 Funcionamento do Sistema 44

Constelação do Sinal Sincronizado


2.5

1.5

1
Amplitude

0.5

−0.5

−1

−1.5

−2
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Amostras

Figura 3.28: Sinal Sincronizado com Erro

Figura 3.29: Mensagem Recuperada com Erro


3.6 Funcionamento do Sistema 45

3.6.1 Passo a Passo da Utilização do Sistema

1. Verifique as configurações dos dispositivos de Som do computador;

2. Conecte o transmissor FM na saı́da da placa de som do computador;

3. Conecte o receptor FM na entrada da placa de som do computador;

4. Verifique a frequência do par transmissor/receptor FM (91,7MHz);

5. Ajuste os volumes do sistema (PC = 6 e receptor FM = máx.);

6. Inicie as instâncias do MATLAB (transmissor e receptor) e a função demoai fft para ve-
rificar o nı́vel de ruı́do na placa de som do computador;

7. Inicialize o código responsável pela recepção;

8. Inicialize o código responsável pela transmissão;


46

4 Conclusões

Como proposto, neste trabalho foi realizada a implementação de um sistema real de Rádio
Frequência (RF) empregando o conceito de Software Defined Radio (SDR), que efetua a trans-
missão e recepção de caracteres alfanuméricos.

A realização deste trabalho proporcionou o conhecimento e o esclarecimento das principais


etapas de um sistema de comunicação sem fio e dos principais conceitos vistos ao longo do
curso. E ainda, permitiu o estudo e implementação das principais técnicas de sincronização,
não abordadas no curso, mas de extrema importância para sistemas reais, tanto que geraram
dificuldades de implementação e consumiram a maior parte do tempo de desenvolvimento do
sistema.

Para trabalhos futuros fica a sugestão do aprimoramento do código, pois este ainda apre-
senta alguns pontos a serem melhorados, e a reutilização deste sistema para a implementação
de outras técnicas, como por exemplo a Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM),
ou ainda a implementação deste sistema em um dispositivo de processamento digital recon-
figurável. O aluno Mattia Edoardo Vismara, que participou do desenvolvimento do sistema,
continuará este trabalho, aprofundando o estudo e análise de novas configurações tais como,
codificação, diferentes modulações, análise espectral, entre outras.
47

Lista de Abreviaturas

ai analog input

AP Amplificador de Potência

BPSK Binary Phase Shift Keying

CAD Conversor Analógico/Digital

CAG Controle Automático de Ganho

CDA Conversor Digital/Analógico

DD Decisão Dirigida

DEP Densidade Espectral de Potência

DSP Digital Signal Processors

FI Frequência Intermediária

FPB Filtro Passa Baixa

FPF Filtro Passa Faixa

FPGA Field Programmable Gate Arrays

HDR Hardware Defined Radio

IIS Interferência Intersimbólica

LNA Low Noise Amplifier

OFDM Orthogonal Frequency Division Multiplexing

OL Oscilador Local

RF Rádio Frequência

SDR Software Defined Radio

SRRC Square Root Raised Cosine


48

Referências Bibliográficas

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Tecnológica Federal do Paraná, 2010.

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2002.

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