Aula 02 - Inquérito Policial
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Investigação e Processo
Aula 02 – Inquérito Policial - II
Preparatório e Informativo
Dizer que o Inquérito Policial é preparatório significa que a atividade desenvolvida
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na fase pré-processual visa preparar a ação penal que será levada a juízo por meio da de-
núncia ou queixa.
O Inquérito é, ainda, informativo, pois reúne elementos de informação tendentes a
embasar o oferecimento da ação penal. São informações qualificadas em relação ao crime
e à respectiva autoria. Esses elementos de informação têm por destinatário imediato o pro-
motor ou o querelante, e como destinatário mediato o magistrado.
Nesse sentido, lembramos que a finalidade principal do Inquérito Policial é a de
apurar as infrações penais e sua autoria. Para que o titular da ação penal, tanto pública
quanto privada, possa dar início à marcha processual, é necessário que se reúnam requi-
sitos mínimos de materialidade delitiva e indícios de autoria, de forma que consubstancie
justa causa para o oferecimento da ação penal.
Dispensabilidade
O Inquérito Policial, apesar de sua elevada relevância em nosso sistema de justiça
criminal, é dispensável ou disponível para o titular do direito de ação. Isso quer dizer que o
Ministério Público ou o querelante não necessitam do Inquérito para a propositura da ação.
Assim, conforme veremos mais à frente, há outros meios pelos quais os titulares da
ação penal podem reunir elementos informativos que formem suas convicções e embasem
o oferecimento de uma denúncia ou queixa.
Todavia, é muito importante notar que para a autoridade policial, o Inquérito é in-
disponível. Isso quer dizer que para o delegado, o Inquérito Policial é obrigatório. Nesse
sentido, mesmo que a autoridade policial entenda inexistir provas suficientes contra o in-
vestigado, não poderá arquivar o caderno de investigação. É o que dispõe do Código de
Processo Penal:
CPP, art. 17 - A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito.
Além disso, sempre que tomar conhecimento de uma infração penal o delegado
deverá dirigir-se ao local do fato e tomar as providências previstas no art. 6º do Código de
Processo Penal.
Há casos excepcionalíssimos, contudo, nos quais o delegado de polícia não estará
obrigado a instaurar o Inquérito Policial: (i) quando receber uma notitia criminis inviável, ou
seja, quando não há o mínimo de consistência para o início de uma investigação, por ser a
notícia muito genérica e abstrata; (ii) quando a autoridade policial verificar de forma certa
que ocorreu a extinção da punibilidade, por exemplo, um crime de homicídio ocorrido em
1960; (iii) o fato noticiado ao delegado de polícia for notória e evidentemente atípico, por
exemplo, comunico ao delegado que o pai manteve conjunção carnal consentida com filha
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maior de idade.
Para as infrações de menor potencial ofensivo, a autoridade policial elaborará
Termo Circunstanciado, que é sucedâneo do inquérito. O Inquérito Policial pode, portanto,
ser substituído por um Termo Circunstanciado, conforme previsto no art. 69, caput, da Lei
9.099/95:
Art. 69, caput, da Lei 9.099/95. A autoridade policial que tomar conhecimen-
to da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediata-
mente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as re-
quisições dos exames periciais necessários.
Escrito
Segundo o art. 9º do Código de Processo Penal, o Inquérito deve ser escrito ou dati-
lografado. Todavia, trata-se de uma norma que retoma à década de 40, quando o Código foi
produzido. A Lei 11.719 de 2008 atualizou o disposto e, atualmente, o art. 405 do mesmo
Código prevê a autorização para a coleta dos elementos de prova por qualquer meio idôneo
de registro, o que dá à prova maior fidelidade e representa uma modernidade no Processo
Penal.
Art. 9º do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só proces-
sado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade.
Art. 405 do CPP. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro pró-
prio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
relevantes nela ocorridos.
Leitura Complementar
Tema 01 - Aula 02 6
delegada à doutrina. O conceito do procedimento policial costumeiramente
difundido é formado por sua natureza jurídica, características e finalidades.
Isso significa que sua correta definição depende da apropriada concepção
de sua essência, objetivos e traços marcantes.
Legislação
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assi-
nado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorri-
dos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, este-
notipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade
das informações . (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia
do registro original, sem necessidade de transcrição. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos ante-
riores, serão renovados ou retificados.
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele dire-
tamente dependam ou sejam conseqüência.
Lei 9.099/95
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediata-
mente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
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imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz
poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002))
Jurisprudência
Tema 01 - Aula 02 8
investigações policiais”. 7. Nesse contexto, indevida a aplicação de medidas cautelares
alternativas à prisão, porque insuficientes para resguardar a ordem pública.8. Ordem de-
negada.(HC 398.527/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017).
Súmula Vinculante 14
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Lei dos Juízados Especiais Cíveis
e Criminais. Brasília, DF. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.
htm>. Acesso em 27 de maio de 2020.
CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de. Inquérito policial tem sido conceitua-
do de forma equivocada. Conjur. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2017-fev-21/
academia-policia-inquerito-policial-sido-conceituado-forma-equivocada>. Acesso em 28 de
maio de 2020.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011.
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