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Comitesenior Profissaofarmaceutica A5 RM F04

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A Profissão

Farmacêutica
Conselho Regional de Farmácia do
Estado de São Paulo
CRF-SP

A Profissão Farmacêutica
3ª Edição

Departamento de Apoio Técnico e


Educação Permanente

Grupo Técnico de Trabalho Sênior


São Paulo

2022
A Profissão Farmacêutica
Expediente
Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo
Setembro/2022

DIRETORIA REVISÃO ORTOGRÁFICA


Marcelo Polacow Bisson Monica Neri
Presidente Renata Gonçales
Luciana Canetto Fernandes
Vice-Presidente DIAGRAMAÇÃO
Rafaela Martins Melo
Adriano Falvo
Secretário-Geral
Danyelle Cristine Marini
Diretora-tesoureira

COLABORADORES
Márcio Antônio da Fonseca e Silva
Roberto Pellegrini
Salette Maria Krowzuk de Faria
Sebastião Paulo Patrocínio
Vanessa Boeira Farigo Mourad

C766p Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Departamento de


Apoio Técnico e Educação Permanente.
A Profissão Farmacêutica. / São Paulo: Conselho Regional de Farmácia do Estado
de São Paulo, 2022. 3. ed.
44 p.; 21 cm. - -
ISBN 978-85-9533-038-2
1. Farmacêutico. 2. Assistência Farmacêutica. 3. História da Farmácia. 4. Área
de Atuação Profissional. I. Departamento de Apoio Técnico e Educação Perma-
nente. II. Comitê Sênior. III. Título.
CDD-615.19
COLABORADORES DAS
EDIÇÕES ANTERIORES
Danielle Bachiega Lessa
Dárcio Calligaris
Deodato Rodrigues Alves
Emerson Morgado Gimenes
Lais Ruiz Gramorelli
Luiz Cavalcante
Márcia Rodriguez Vásquez Pauferro
Nathália Christino Diniz Silva
SUMÁRIO

Palavra da Diretoria  6

Apresentação  7

Breve histórico da profissão farmacêutica  8

História da farmácia: Linha do tempo  9

Breve histórico do CRF-SP  16

A Farmácia e seus ramos de atividade  26

Mensagem final  42

Fontes de consulta  43
PALAVRA DA DIRETORIA

O Grupo Técnico de Trabalho Sênior foi criado pela Diretoria do Con-


selho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) em maio
de 2012. É composto por farmacêuticos aposentados e muito engaja-
dos nas questões da categoria, que assessoram a Diretoria de forma
voluntária.

As atividades do grupo vêm ao encontro da política de respeito pra-


ticada pelo CRF-SP para conhecer melhor as necessidades de todos os
farmacêuticos, incluindo a crescente faixa acima dos 60 anos. Dessa
forma, o grupo tem como objetivo propor ações que contemplem as
expectativas desse público, além de propiciar oportunidades de va-
lorizar e compartilhar os conhecimentos dos profissionais com mais
experiência.

Uma das expectativas percebidas entre os idosos é, sem dúvida, a


de poder dar conselhos aos mais jovens. Neste caso, os farmacêuticos
seniores pretendem aconselhar aqueles que escolheram a mesma pro-
fissão, compartilhando seus sonhos, expectativas e visão de futuro, e
ajudar quem almeja obter sucesso na carreira que está iniciando.

Convidamos você, leitor(a), a ler este livreto e conhecer um pouco


mais sobre os diversos ramos de atuação farmacêutica.

8
APRESENTAÇÃO

A partir das reuniões realizadas pelos membros do Grupo Técnico


de Trabalho Sênior surgiu a ideia de divulgar informações que pudes-
sem auxiliar os farmacêuticos a escolher entre as diversas áreas de
atuação regulamentadas atualmente pelo Conselho Federal de Farmá-
cia (CFF).

Assim, esta publicação reúne informações sobre as principais ati-


vidades farmacêuticas. Para fins didáticos, essas atividades foram
agrupadas em 14 ramos, que contemplam atribuições privativas e não
privativas do farmacêutico nos mais variados postos de trabalho. Além
disso, este livreto oferece um breve histórico da profissão farmacêuti-
ca e da trajetória do CRF-SP para fomentar a reflexão sobre os cami-
nhos já percorridos e os desafios que se apresentam.

Acreditamos que este material poderá ser útil para os estudan-


tes que se deparam com a difícil decisão de escolher uma profis-
são, bem como os farmacêuticos que estão ingressando no mer-
cado de trabalho ou que desejam mudar de área e encarar novos
desafios profissionais.

Desta forma, os farmacêuticos mais experientes desejam colabo-


rar para que os profissionais do século XXI possam manter aceso o
orgulho de ser farmacêutico, assim como os colegas que já abraçaram
a Farmácia há um bom tempo, sem deixar que o avançar dos anos es-
maecesse a chama da paixão por exercer tão nobre profissão.

O Grupo Técnico de Trabalho Sênior

9
BREVE HISTÓRICO DA PROFISSÃO
FARMACÊUTICA

A história da Farmácia se confunde com a da própria humanidade,


já que a busca de remédios para combater as doenças é constante por
parte do ser humano. Na antiguidade, não havia distinção entre médico
e farmacêutico, cabendo a um mesmo profissional diagnosticar doen-
ças e preparar os medicamentos necessários. Essa separação só foi
oficializada por volta do século XII.
A trajetória da profissão farmacêutica é repleta de curiosidades,
como o símbolo utilizado para representá-la. A origem da profissão re-
monta à Grécia antiga e seus deuses: o símbolo da Farmácia ilustra o
poder (cobra) da cura (taça) e era utilizado pela deusa Hígia, responsá-
vel pela saúde.
Em relação à data comemorativa, há um dia nacional e um dia
internacional atribuídos ao farmacêutico. No Brasil, em 2010, com a
aprovação do projeto de Lei PLC nº 145/08, foi instituído oficialmente
o Dia Nacional do Farmacêutico – 20 de janeiro. A data foi escolhida
em função da fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos
(ABF), em 20 de janeiro de 1916, a qual, na época, era a maior institui-
ção representativa da categoria no país. Ainda em 2010, a Federação
Internacional Farmacêutica (FIP) instituiu 25 de setembro como o Dia
Internacional do Farmacêutico, que foi escolhido por votação durante
o 70º Congresso da FIP, em Lisboa, Portugal, para unificar a data em
todos os países.

10
História da Farmácia: Linha do tempo
Mundo

Século XVI a. C.
• Papiro de Ebers (1550 a.C.): Documen-
to egípcio que faz referência a mais de 7.000

Wikimedia Commons
Einsamer Schütze
substâncias medicinais incluídas em mais de
800 fórmulas.

Século IV a. C.
• Hipócrates (460-370 a.C.): Médico gre-
go, considerado o “Pai da Medicina”. Foi res-

Wikimedia Commons
ponsável por uma das primeiras explicações
racionais para a relação entre saúde e doença

J.G de Lint
(teoria dos quatro humores corpóreos que
equilibravam a saúde).

Século I d. C.
• Dioscórides (50 - 70): Conside-
rado fundador da farmacognosia, ca-
talogou 600 plantas, indicando como
Wikimedia Commons

escolhê-las e armazená-las. Descreveu,


ainda, como aplicar o salgueiro-bran-
PGHCOM

co (uma das primeiras fontes de ácido


acetilsalicílico) para a dor.

• Galeno (129-200): Viveu em Roma, é considerado o “Pai da


Farmácia” e precursor da alopatia. Desenvolveu misturas de ervas
que combatiam as doenças por meio de substâncias ou compostos
que se opunham diretamente aos sinais e sintomas. Atualmente, o
termo Farmácia Galênica é utilizado como sinônimo de Manipula-
ção Farmacêutica.

Século X d. C.
• Avicena: Médico árabe que escreveu o Cânone da Medicina, uma
enciclopédia médica que resumia o conhecimento médico da época e
descrevia a meningite, o tétano e muitas doenças. A obra influenciou a
Educação por mais de 600 anos na Europa.

11
Século XII-XIII d. C.
• 1162: Separação entre a profissão farmacêutica e médica. O
primeiro caso teria ocorrido em Arles – França, por meio de impo-
sição legal.
• 1240: Assinado por Frederico II da Sicília e Nápoles em Salerno –
Itália o tratado mais famoso (Édito de Melfi) que proíbe a associação
entre as profissões médica e farmacêutica.

Século XVI d. C.
• Paracelso (1493-1541): Previu a descoberta de substâncias ati-
vas nas plantas e considerou a doença como um acontecimento exter-
no e não como um desequilíbrio de humores.

Brasil
• 1549: Junto com o primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de
Souza, veio o primeiro boticário do país, Diogo de Castro.
• Os jesuítas mantinham uma “botica” anexada aos colégios. A po-
pulação as preferia em detrimento daquelas dirigidas por leigos, fo-
cadas apenas no lucro e cujos produtos tinham qualidade duvidosa.
• Segundo as ordenações do Reino de Portugal, a distribuição de
drogas era privativa de “boticários”, mas era fácil para qualquer pessoa
obter a “carta de aprovação” e ser habilitada para o comércio de drogas
e medicamentos.

Século XVIII d. C.
• 1774: Outorgado no Brasil o “Regimento 1774”, o qual proibia a
distribuição de drogas e medicamentos por estabelecimentos não ha-
bilitados; criava a figura do profissional responsável e a fiscalização
sobre o estado de conservação das drogas e dos vegetais medicinais.
Infelizmente, não foi cumprido.

Século XIX d. C.
• 1808: Com a vinda da família real, houve inúmeras mudan-
ças de caráter político, econômico, social, cultural e educacional
no Brasil colônia. Em 18 de fevereiro de 1808, D. João VI instituiu
os estudos médicos no Hospital Militar da Bahia, com ensino de
anatomia, cirurgia e dos princípios elementares da matéria médi-
ca e farmacêutica.
• 1832: D. Pedro II institucionalizou o ensino farmacêutico por meio
de Lei assinada em 03 de outubro.

12
• 1839: Fundada a Escola de Farmácia de
Ouro Preto (MG), primeiro estabelecimento de en-
sino farmacêutico do Brasil e da América do Sul.

Século XX d. C.
DÉCADA DE 30
• Com o advento da indústria farmacêutica,
ocorreu o paulatino desaparecimento das far-
mácias de manipulação.
• Devido à falta de redirecionamento das Criscolo / Wikimedia Commons
suas atividades nas farmácias, o farmacêutico
migrou para outras áreas.
• 1931: Publicação do Decreto nº 19.606 que dispõe sobre a profis-
são farmacêutica e seu exercício no Brasil.

Mundo
DÉCADA DE 50
• Descoberta de novos fármacos que revo-
lucionaram o tratamento de doenças graves/
fatais: antibióticos, vacina oral contra a polio-
mielite, medicamentos para doenças cardía-
cas, antipsicóticos e medicamentos contra a
tuberculose.
• Desastre da Talidomida: aparecimento
de milhares de casos de malformação con-
gênita fez ampliar a atenção à segurança
dos medicamentos, marcando o início da
Farmacovigilância.
DÉCADA DE 60
• Desenvolvimento da primeira pílula anti-
concepcional e início do tratamento medica-
Ceridwen / Wikimedia Commons mentoso da hipertensão arterial.

Brasil
• 1960: Criação do CFF e dos CRFs.
• 1963: Ministério da Educação (MEC) estabeleceu o primeiro currí-
culo mínimo para os farmacêuticos.
• 1967: Criação do Laboratório Farmacêutico da Secretaria da Saú-
de do Estado de São Paulo.
• 1968: Criação da Fundação para o Remédio Popular (Furp).

13
• 1969: Reforma universitária estabe-
leceu um currículo mínimo diferenciado
para “Farmacêutico Bioquímico” e “Far-
macêutico Industrial”.
• 1969: Assinatura do Decreto-Lei nº
1.005, que instituiu o código da proprie-
dade industrial.
• No final da década de 1960, eram
produzidos no país 98% dos medica-
mentos prescritos pela classe médica,
basicamente por empresas multinacio-
nais aqui instaladas. Arquivo / CRF-SP

DÉCADA DE 70
• 1970: Publicação do Anteprojeto de Lei nº 2.304, que previa que
toda farmácia ou drogaria deveria funcionar sob a responsabilidade
técnica de farmacêutico inscrito no Conselho Regional do seu estado,
com jornada de trabalho não inferior a quatro horas por dia.
• 1971: Criação de um plano diretor de medicamentos e da Central
de Medicamentos (Ceme), órgão ligado à Presidência da República
e custeado pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). A
Ceme tinha como função regular a produção e distribuição de medi-
camentos dos laboratórios farmacêuticos, buscando ampliar a assis-
tência farmacêutica à população de baixa renda; definir indicadores
de saúde específicos; controlar o acesso à assistência farmacêutica;
incentivar a pesquisa científica; e expandir a capacidade de produção
dos laboratórios farmacêuticos.
• 1973: Publicação da Lei Federal nº 5.991, que dispõe sobre o con-
trole sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farma-
cêuticos e correlatos. Esta lei revogou o Decreto n° 19.606/31.
• 1974: Publicação do Decreto nº 74.170 que regulamenta a Lei nº
5.991/73.
• 1975: O Brasil se tornou o sétimo mercado mundial de me-
dicamentos. Dos 460 laboratórios farmacêuticos, 385 (84%) pos-
suíam capital nacional e 75 (16%) eram subsidiários de empresas
estrangeiras, mas a elas pertenciam 88% do faturamento do setor.
Praticamente toda a industrialização encontravam-se na região
sudeste: 84% das indústrias, 97% do faturamento e 93% do pes-
soal ocupado.
• 1976: Sancionada a Lei nº 6.360, que dispõe sobre a vigilân-
cia sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas,

14
os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e
outros produtos.
• 1977: Publicação do Decreto nº 79.094, que regulamenta a Lei
n°6.360/76.
DÉCADA DE 80
• Neste período, a assistência farmacêutica esteve profundamente
relacionada à existência da Ceme.
• Foram anos marcados por um elevado índice de produção de
medicamentos essenciais, não só pelos laboratórios governamentais,
mas também pelas empresas privadas de capital nacional.
• 1981: Publicação do Decreto n° 85.878, que estabeleceu normas
para execução da Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, sobre o
exercício da profissão de farmacêutico.

Mundo
• 1982: Tomou-se conhecimento do vírus HIV causador da AIDS
por contato sexual, uso de drogas injetáveis ou exposição a sangue
e derivados.

Brasil
• 1988: Criação do Sistema Único de Saúde (SUS), devido à promul-
gação da Constituição. O Estado tornou-se responsável por promover
e garantir a saúde para todos, assegurando a universalidade, integrali-
dade e equidade no atendimento aos cidadãos.

Mundo
DÉCADA DE 90
• Surgimento de tratamen-
tos eficazes para doença ar-
terial coronariana e acidente
vascular encefálico, que re-
duziram drasticamente a taxa
de mortalidade relacionada a
essas enfermidades.
• 1990: Início do Proje-
to Genoma Humano, com
o objetivo de decodificar e
identificar o material genéti-
co humano.

15
Brasil
• 1991: O Ministério da Saúde dá início à distribuição gratui-
ta de antirretrovirais. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
anunciou que 10 milhões de pessoas estavam infectadas
pelo HIV no mundo. No Brasil, 1.805 casos foram notificados.
• 1993: Publicação do Decreto nº 793, conhecido como
“Decreto dos Genéricos”, altera os Decretos nos 74.170/74 e
79.094/77 que regulamentam, respectivamente, as Leis nos
5.991/73 e 6.360/76.

Mundo
• 1996: Surgimento dos primeiros inibidores de prote-
ase que, associados à zidovudina (AZT) ou seus análogos, formam o
“coquetel” para combater os sintomas da AIDS.

Brasil
• 1996: Início da Política de Medicamentos de AIDS do Ministério
da Saúde, que garante acesso universal e gratuito aos medicamentos
antirretrovirais. Devido à complexidade da terapia, o farmacêutico as-
sume papel-chave na adesão ao tratamento.
• 1996: Publicação da Lei nº 9.279 (regula os direitos e obrigações rela-
tivos à propriedade industrial). Em alguns casos, o Brasil utilizou a quebra
de patente como estratégia para negociar preços mais baixos de medica-
mentos. Por exemplo, ao quebrar a patente do Efavirenz, o país economizou
cerca de US$ 1,2 bilhão com a compra do genérico importado da Índia.

Mundo
• 1997: OMS publicou documento intitulado “O papel do farmacêutico
no sistema de atenção à saúde”, que reafirmou a missão do farmacêutico
como agente de saúde, enquanto profissional capaz de oferecer produtos
e serviços que contribuam para a melhora da saúde da sociedade. Nele,
são mencionadas também as sete qualidades que o farmacêutico deve
apresentar (conjunto conhecido como “farmacêutico sete estrelas”).1

Brasil
• 1998: Publicação da Portaria n° 344, que aprova o regulamento técni-
co das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
• 1999: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi constituí-
da como autarquia, sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde.
• 1999: Publicada a Lei nº 9.787 que alterou a Lei nº 6.360, de 23 de

16
setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o
medicamento genérico e dispõe sobre a utilização de nomes genéricos
em produtos farmacêuticos. Revogou o Decreto n° 793/93.
• 2000: Concedidos os primeiros registros de medicamentos genéricos.

Século XXI
• 2001: Publicação da Política Nacional de Medicamentos.
• 2002: Publicação da Resolução CNE/CES nº 2, que instituiu as Diretri-
zes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia (DCNs).
• 2013: Publicação da atualização da Classificação Brasileira de Ocu-
pações (CBO), incluindo a da profissão farmacêutica. Desde a última atu-
alização em 2002, a profissão farmacêutica era classificada em apenas
duas classes de ocupações, as quais estavam desatualizadas com rela-
ção a atual realidade profissional. Atualmente, com 92% das propostas do
CRF-SP acatadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são oito
ocupações, que se desdobram em mais de 100 sinônimos.
• 2013: Publicação da Resolução nº 585 do CFF, que regulamentou as
atribuições clínicas do farmacêutico, constituindo os direitos e as respon-
sabilidade deste profissional no que concerne a sua área de atuação.
• 2013: Publicação da Resolução do CFF n° 586, que
regulou a prescrição farmacêutica.
• 2014: Publicação da Lei nº 13.021, que dispõe so-
bre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêu-
ticas. Além disso, definiu a farmácia como uma unidade
de prestação de serviços destinada a prestar assistência
farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária
individual e coletiva. E estabeleceu a responsabilidade so-
lidária entre farmacêutico e proprietário para a promoção
do uso racional de medicamentos.

“O papel do Farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O Farmacêutico re-


presenta o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento
guardião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem
atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é
o mesmo do soldado: servir. Um serve à pátria; outro à humanidade, sem nenhuma
discriminação de cor ou raça”.
Monteiro Lobato

17
BREVE HISTÓRICO DO CRF-SP

Nos anos 1950, houve intensa mobilização da Comissão de Farma-


cêuticos, encabeçada pelo Dr. Aluísio Pimenta, reitor da Universidade
Federal de Minas Gerais e presidente da Associação Mineira de Farma-
cêuticos, para a criação de um Órgão Regulador da Prática Profissio-
nal, visto que a profissão farmacêutica era fiscalizada pelo Serviço de
Fiscalização do Exercício Profissional (SFEP), o qual sempre foi dirigi-
do por um médico.
Desta forma, em 11 de novembro de 1960, foi publicada a Lei n°
3.820 que criou o Conselho Federal de Farmácia (CFF). E em 05 de
Julho de 1961, o CFF publicou a Resolução n° 2, que criou os 10 pri-
meiros Conselhos Regionais, cabendo ao de São Paulo o número 8,
denominado CRF-8. Ressalta-se que a primeira diretoria bem como os
conselheiros foram eleitos em Assembleia Geral, realizada na sede da
União dos Farmacêuticos (Unifar).

Histórico do CRF-SP: Linha do tempo

1961
• Elaboração do Regimento Interno e es-
truturação do setor administrativo para
iniciar o recebimento de inscrições.
1962
• Aquisição da primeira sede própria
na Rua Amaral Gurgel, no centro de
São Paulo.
1963
• Criação da Comissão de Ética Profissional, da Comissão de Toma-
da de Contas e da Comissão de Assistência Profissional.

18
• Balanço anual: 3.769 farmacêuticos e 3.743 estabelecimentos
com inscrições aprovadas.
1964
• Criação do Boletim Informativo, enviado
mensalmente para todos os inscritos.
• Conselheiros se manifestaram contrários à
criação de um curso com apenas três anos de
duração, denominado de “farmacinha”, propos-
to pelo Conselho Federal da Educação (CFE).
• Parceria com o Serviço de Fiscalização do
Exercício Profissional (SFEP), comprometen-
do-se a intensificar a fiscalização nos estabe-
lecimentos farmacêuticos e fechar as farmá-
cias flagradas sem responsável técnico.
1965
• Contratação dos dois primeiros fiscais do Conselho.
• Para divulgar a profissão, foi produzido o filme “O Brasil precisa de
farmacêuticos”.
1966
• Multas previstas em legislações foram aplicadas em indústrias e
laboratórios que comercializavam com firmas leigas e ilegais.
1967
• Parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e
com a Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São
Paulo para oferecer vagas de estágio a estudantes de Farmácia.
1969
• Ampliação das Comissões de Ética, Assistência Profissional e To-
mada de Contas.
1972
• Realização do I Congresso Paulista de Farmacêuticos.
1973
• Ações para valorização da mulher,
dispensando-se a necessidade de
autorização do marido para exercí-
cio da profissão farmacêutica.
1975
• Modificação nas carteiras
para diferenciar as categorias
profissionais inscritas perante
o Conselho.

19
1979
• Mudança da sede para a Rua Capote
Valente.
1980
• Descentralização do CRF-8, com a instala-
ção da primeira seccional em Santos.
1982
• Celebração de parceria entre a Associação
Paulista de Farmacêuticos (APF) e o CRF-8, a
qual criou o Serviço de Orientação de Saúde
(SOS) para responder cartas contendo dúvi-
das técnicas enviadas por farmacêuticos.
1985
• Implantação do Serviço de Orientação Farmacêutica (SOF), um
atendimento por telefone para tirar dúvidas e ajudar as pessoas a
encontrar medicamentos que estavam em falta em farmácias e
drogarias da cidade.
1989
• 1ª Eleição do CRF-8 por pleito direto.
1990
• Nova denominação: o CRF-8 passou a se chamar CRF-SP.
1993
• Criação da primeira Comissão Assessora do CRF-SP, a de Análises
Clínicas e Toxicológicas, com o objetivo de discutir temas relaciona-
dos à área e assessorar o Plenário e a Diretoria do CRF-SP.
1996
• O Projeto de Lei nº 4.385/94, que
alteraria a Lei nº 5.991/73, propon-
do a não obrigatoriedade da respon-
sabilidade técnica das drogarias e
dos ervanários pelo farmacêutico.
O deputado Ivan Valente foi esco-
lhido relator desse PL e apresentou
um substitutivo, o qual propunha a
transformação das farmácias em
estabelecimento de saúde e obri-
gava o responsável técnico ser um
farmacêutico. CRF-SP e estudantes
manifestaram apoio ao Substitutivo
do Dep. Ivan Valente em Brasília.

20
1998
• Criação das Comissões Assessoras de Farmácia, Educação Far-
macêutica, Farmácia Hospitalar e Indústria.
1999
• Criação do Selo de Assistên-
cia Farmacêutica, concedido
às farmácias e drogarias que
mantinham farmacêutico du-
rante todo o horário de funcio-
namento, conforme determi-
nações legais e éticas.
• Criação da Comissão Asses-
sora de Saúde Pública.
2000
• Realização do 1º Encontro
Paulista de Farmacêuticos
pelo CRF-SP.
• Publicação da Lei Estadual
nº 10.687: instituiu a Semana
de Assistência Farmacêutica
(SAF), que levava às escolas públicas e privadas, de Ensino Fun-
damental II e Médio do Estado de São Paulo, informações sobre
temas de relevância para a saúde pública, sintonizadas com a reali-
dade dos estudantes dessa faixa etária.
2001
• Primeira edição da SAF realizada na Escola Estadual de 1º e 2º
graus Godofredo Furtado, em Pinheiros, na capital paulista.
• Criação da Comissão Assessora de Distribuição e Transporte, atu-
al Grupo Técnico de Trabalho de Logística de Produtos de Interesse
à Saúde.
2002
• Criação do Departamento de Orientação Farmacêutica (DOF),
que atua de forma integrada com a fiscalização do CRF-SP com
o objetivo de esclarecer os profissionais sobre assuntos relacio-
nados ao seu âmbito de atuação, manter um canal de comuni-
cação com os farmacêuticos e diminuir o número de processos
éticos instaurados.
2003
• CRF-SP firmou parcerias para realização de campanhas em saú-
de com entidades como: Associação de Diabetes Juvenil do Brasil

21
(ADJ Diabetes Brasil) e Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
2004
Criação da Comissão Assessora de Resíduos e Gestão Ambiental,
atual Grupo Técnico de Trabalho de Logística Reversa, Resíduos e
Gestão Ambiental.
2005
• Criação das Comissões Assessoras de Homeopatia e de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos.
2006
• Ampliação das ações de orientação: oferta de palestras sobre a
responsabilidade técnica do farmacêutico.
• Início da campanha nacional “Farmácia Estabelecimento de Saúde”,
apoiada pelo CRF-SP e diversas entidades. Esse projeto tinha como fi-
nalidade transformar as farmácias e drogarias em verdadeiros estabe-
lecimentos de saúde e auxiliar o Estado na implementação de políticas
de orientação, prevenção e recuperação da saúde dos cidadãos.
• Criação da Comissão Assessora de Pesquisa Clínica e do Núcleo
de Educação Permanente (NEP).
2007
• Em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo (Cremesp) e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec),
o CRF-SP lançou a cartilha “Medicamento: um direito essencial”.
• O Núcleo de Educação Permanente (NEP), que, em seu primeiro
balanço anual, registrou a realização de 62 cursos, 13 capaci-
tações e mais de 2.800 partici-
pantes, entre farmacêuticos e
acadêmicos, em todo o Estado.
2008
Farmácia
• Criação do Grupo Técnico Far- não é um
mácia Estabelecimento de Saúde simples
para definir estratégias de ação comércio
para implementação de serviços
farmacêuticos nos estabeleci-
mentos e auxiliar o farmacêutico
a transformar seu ambiente de Sua vida
trabalho em um verdadeiro esta- não tem
belecimento de saúde.
• Criação do Comitê de Educa-
preço
Projeto: Farmácia

ção Permanente para elaborar a


Estabelecimento
de Saúde

programação de cursos do CRF-


Fascículo I

22
-SP e avaliar e indicar os respectivos ministrantes.
• Criação da Comissão Assessora de Medicina Tradicional Chi-
nesa - Acupuntura.
2009
• Lançamento do Selo de Qualidade do Ensino Farmacêutico para
valorizar a excelência do ensino nos cursos de Farmácia de todo o
Estado.
• Lançamento do Primeiro Fascículo do “Projeto Farmácia Estabe-
lecimento de Saúde”: com propostas para promover a valorização
do farmacêutico, o uso racional de me-
dicamentos e a melhoria da saúde pú-
blica.
• Criação da Comissão Assessora de
Farmácia Clínica.
2011
• Primeira edição do Evento “Far-
macêutico na Praça” em Jundiaí e
Fernandópolis: farmacêuticos volun-
tários ofereceram orientações e pres-
taram serviços gratuitos, como aferi-
ção da pressão arterial e da glicemia
capilar em locais públicos.
• Ações comemorativas dos 50 anos
do CRF-SP: Seminário Internacional
“A Arte de Ser Farmacêutico”; Primeiro
Encontro Internacional de Farmácia Clí-
nica; publicação do livro “Conselho Re-
gional de Farmácia do Estado de São
Paulo 50 anos”.
2012
• Criação do Comitê Sênior, que tem
como finalidade discutir, avaliar e en-
contrar soluções para as necessidades dos farmacêuticos com
idade acima de 60 anos.
• Criação do Comitê Jovem, que tem o objetivo de aproximar os
estudantes e recém-formados do CRF-SP, por meio de ações e dis-
cussões para sanar os anseios deste público.
• Criação do Grupo Técnico de Apoio aos Municípios (GTAM), atual
Comitê de Apoio ao Serviço Público, com o objetivo de auxiliar as pre-
feituras no processo de regularização da Assistência Farmacêutica

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da rede pública dos respectivos municípios.
• Realização de duas edições simultâneas do “Farmacêutico na Pra-
ça”, envolvendo Sede e Seccionais do CRF-SP e totalizando 14.848
atendimentos.
2013
• Lançamento do Programa de Assistência ao Farmacêutico
(PAF), disponibilizando oportunidades de empregos e descontos
para os farmacêuticos inscritos no CRF-SP.
• Primeira eleição com sistema de votação pela internet (web voto).
• Contribuição do CRF-SP para a aprovação das Resoluções
n° 585 e nº 586 do CFF, que regulamentam as atribuições clí-
nicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, respecti-
vamente.
2014
• Criação do Grupo Técnico de Ações na Comunidade (GTAC),
atual Comitê de Ações na Comunidade, para implementar es-
tratégias, avaliar, padronizar e auxiliar no desenvolvimento de
ações para a comunidade.
• Criação do Comitê de Direitos e Prerrogativas Profissionais.
• Criação do Grupo Técnico de Coordenadores de Redes de Far-
mácias e Associativistas.
• Publicação do Fascículo Farmácia não é um simples comércio X: Cui-
dados Farmacêuticos no Tratamento de Pacientes com Depressão.
• Realização, em parceria com outras entidades, do I Congresso
Farmácia Estabelecimento de Saúde, um encontro pioneiro e es-
tratégico para discutir com farmacêuticos, empresários e autori-
dades o modelo da farmácia brasileira.
• O CRF-SP realizou cerca de 88 mil inspeções fiscais e 3.800
orientações farmacêuticas em todo o Estado. Contando com
90% de presença de farmacêutico nos ramos de atividade em
que é exigido assistência farmacêutica integral.
2015
• Criação da Comissão Assessora de Farmácia Estética.
2016
• Criação dos Grupos Técnicos de Cuidado Farmacêutico ao Idoso
e Suplementos Alimentares.
2018
• Criação da Comissão Assessora de Radiofarmácia.
• Criação do Comitê Parlamentar.
• Criação do Grupo Técnico de Cosmetologia

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2019
• Criação da Comissão Assessora de Farmácia Magistral.
• Criação do Grupo Técnico de Uso Racional de Antibióticos, atual Gru-
po Técnico de Trabalho de Cuidado Farmacêutico em Infectologia.
• Publicação do Fascículo XIII: Cuidado Farmacêutico em vacinação.
2020
- A nomenclatura “Comissão Assessora” é substituída por “Grupo
Técnico de Trabalho”.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Atenção Primária.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho Farmacêutico à Pessoa
com Deficiência.
- Criação do Comitê de Gerenciamento de Medicamentos em De-
suso.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Osmologia.
- Criação do Comitê de Tecnologias na Área Farmacêutica.
2021
- Realização do XXI Congresso Farmacêutico de São Paulo, com o
tema “O mercado se transforma, os melhores profissionais se rein-
ventam”.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Cuidado Farmacêutico
em Doenças Raras.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Diversidade.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Farmácia Veterinária.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Residência Farmacêu-
tica.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Toxicologia.
2022
- Realização do XXII Encontro Paulista de Farmacêuticos, com o
tema “Criatividade e inovação no cuidado farmacêutico”.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Cuidados Paliativos e
Humanização do Tratamento.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Produtos para a Saúde.
- Criação do Grupo Técnico de Trabalho de Vigilâncias.
- Criação do Comitê de Cannabis Medicinal.
- Criação do Comitê de Farmacologia Clínica.
- Criação do Comitê de Farmacovigilância.

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26
27
A FARMÁCIA E SEUS R

28
RAMOS DE ATIVIDADE

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ACUPUNTURA

A acupuntura consiste, tradicionalmente, na inserção de agulhas


para estimular pontos de energia específicos no corpo. É uma prática
famosa por tratar a dor por meio do estímulo para a liberação de peptí-
deos endógenos, endorfinas e encefalinas. Além disso, é um tratamen-
to rápido, eficaz, sem efeitos colaterais e praticamente indolor. Dessa
forma, a acupuntura visa a restaurar, promover e equilibrar as funções
energéticas dos tecidos e órgãos, melhorando a circulação sanguínea,
aumentando a imunidade, e trazendo bem-estar físico e mental. Para
atuar nesta área, o farmacêutico precisa fazer uma especialização lato
sensu em Acupuntura.

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ANÁLISES
CLÍNICAS E
TOXICOLÓGICAS

De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saú-


de do Ministério da Saúde (CNES), existem no Brasil 20.359 laborató-
rios de Análises Clínicas e 7.866 Postos de Coleta (consulta ao site do
CNES em 24/06/2015). Trata-se de um mercado em franca expansão
e bastante competitivo. Os conhecimentos técnicos, farmacológicos e
bioquímicos garantem o sucesso do farmacêutico nessa área, o qual
deve estar preparado também para implementar controles de qualida-
de interno e externo e, inclusive, atuar como empresário, o que deman-
da conhecimentos nas áreas administrativa e mercadológica.

31
ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA

Todos os estabelecimentos públicos ou privados onde ocorre a dis-


pensação de medicamentos devem contar com a assistência de um
farmacêutico responsável técnico. Isso inclui não só farmácias, mas
também clínicas, hospitais, postos de saúde e unidades de pronto
atendimento. A assistência farmacêutica visa à promoção do uso ra-
cional de medicamentos e requer atuação do farmacêutico integrada
aos outros profissionais da saúde. Cabe ao farmacêutico não apenas
dispensar e manipular medicamentos, mas também orientar sobre o
seu uso correto e, em algumas situações, até prescrevê-los.2

2 Para fins didáticos, foram incluídos neste ramo apenas os serviços em que o farmacêutico
realiza atividades de assistência farmacêutica voltadas ao usuário, lembrando que ela é um conjunto
amplo de atividades, que também abrange as fases de pesquisa, produção e desenvolvimento de
medicamentos, que serão tratados em outros “ramos” deste material.

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DISTRIBUIÇÃO E
TRANSPORTE

A presença do farmacêutico responsável técnico nas empresas


que armazenam, distribuem e transportam medicamentos e insumos
farmacêuticos nas áreas de portos, aeroportos, fronteiras e recintos
alfandegados é extremamente importante para a manutenção da se-
gurança e integridade desses produtos. Esse profissional deve traba-
lhar com base nas Boas Práticas de Distribuição e Transporte, fazendo
com que sejam cumpridas as normas e procedimentos estabelecidos
nas questões relacionadas à manutenção da identidade, qualidade, efi-
cácia e segurança dos produtos que são levados ao usuário final.

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EDUCAÇÃO Residência
Farmacêutica

A Educação é amplo campo de atuação e tem como uma das prin-


cipais responsabilidades formar novos farmacêuticos. A curiosidade, a
busca pelo aprimoramento constante, o desejo de compartilhar apren-
dizados, a construção do conhecimento, a habilidade de comunicação,
a capacidade do improviso e o querer estar entre os estudantes são
algumas das características necessárias para ser um professor. Além
da docência, em muitas de suas atividades profissionais, o farmacêu-
tico atua como educador seja na orientação de um paciente ou na re-
alização de capacitações/treinamentos para farmacêuticos ou outros
profissionais.

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HOMEOPATIA

Na Homeopatia, a doença é considerada expressão de um desequi-


líbrio que afeta não apenas a esfera biológica do indivíduo; por isso, seu
objetivo é tratar a pessoa como um todo, sob um olhar holístico. O tra-
tamento se baseia na Lei dos Semelhantes, em que a cura é propiciada
por uma substância capaz de reproduzir os mesmos sintomas da do-
ença. O preparo dos medicamentos homeopáticos deve ser realizado
em uma farmácia homeopática, pois requer uma técnica especial de
manipulação. Para assumir a responsabilidade técnica pelo estabeleci-
mento, o farmacêutico deve possuir título de especialização lato sensu
ou ter realizado estágio na área durante a graduação.

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INDÚSTRIA

A indústria é responsável pela pesquisa, desenvolvimento, produ-


ção, comercialização e distribuição de seus produtos. O farmacêutico
nessa área deve ser capaz de planejar e avaliar adequações de insta-
lações físicas, equipamentos e utensílios, bem como as etapas dos
processos de produção. Além disso, deve realizar seleção, aquisição,
armazenamento e distribuição da mercadoria; desenvolver estudos e
pesquisas de novos produtos farmacêuticos; e implantar, supervisio-
nar e treinar sistemas de garantia e controle da qualidade. O campo de
trabalho do farmacêutico neste ramo de atividade inclui as indústrias
de farmoquímicos, alimentos, domissanitários, medicamentos para
uso humano e veterinário, cosméticos e produtos para saúde.

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PESQUISA

A pesquisa científica tem a finalidade de gerar ou ampliar conheci-


mentos que possam beneficiar a sociedade. Para isso, requer objetivos
e métodos bem definidos, além de contar com parâmetros de avaliação
claramente estabelecidos. O farmacêutico reúne competências (princi-
palmente em farmacologia e toxicologia) que o qualificam a trabalhar
em todas as fases da pesquisa – desde a pesquisa básica à aplicada,
incluindo pesquisas in vitro, em animais e em seres humanos. No caso
da pesquisa clínica, compete ao farmacêutico armazenar, dispensar e
controlar os produtos que estão em teste, empenhando-se tanto para
descobrir novas terapias quanto para garantir o bem-estar dos volun-
tários que participam do processo, inclusive porque é dever do farma-
cêutico garantir os preceitos de Boas Práticas Clínicas.

37
PLANTAS
MEDICINAIS E
FITOTERÁPICOS

As plantas medicinais são utilizadas para tratar doenças desde a


antiguidade, mas só recentemente a Fitoterapia recebeu reconheci-
mento científico. Atualmente algumas plantas medicinais e medica-
mentos fitoterápicos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde.
Além disso, existe o projeto das farmácias vivas, que realiza desde o
cultivo até a preparação e dispensação de plantas medicinais e fitote-
rápicos. Vale ressaltar que a responsabilidade técnica nas farmácias,
ervanarias, indústrias farmacêuticas, distribuidoras e demais estabe-
lecimentos onde ocorre a dispensação de plantas medicinais, drogas
vegetais e fitoterápicos é atividade privativa do farmacêutico. Além dis-
so, o profissional também pode atuar na educação, qualificação e na
pesquisa e desenvolvimento de novos fitoterápicos.

38
REGULAÇÃO
E MERCADO

Não importa o ramo de atuação, todo farmacêutico tem obrigação


de conhecer as normas que regulamentam suas atividades, como
também participar da sua elaboração e revisão, visando à criação de
mecanismos que garantam a oferta de produtos e serviços seguros e
eficazes. Para trabalhar como especialista em assuntos regulatórios, o
farmacêutico precisa conhecer a fundo a legislação farmacêutica bem
como sanitária e demais normas jurídicas relacionadas. É necessário
dominar os procedimentos para autorização de funcionamento dos es-
tabelecimentos de saúde, responsabilização técnica e legal, registro de
medicamentos e produtos para saúde, bem como os procedimentos
para interdição, recolhimento de produtos, emissão de alertas sanitá-
rios, licitações, entre outros.

39
RESÍDUOS
E GESTÃO
AMBIENTAL

Todo serviço de saúde é responsável pelo descarte apropriado dos


resíduos gerados, em especial os resíduos químicos e biológicos, que
podem prejudicar as pessoas e o meio ambiente. Vale dizer que o des-
carte inadequado de resíduos perigosos não configura apenas infração
sanitária, mas também crime ambiental. O farmacêutico é um dos pro-
fissionais aptos a elaborar, implantar e coordenar o Plano de Gerencia-
mento de Resíduos em Serviços de Saúde (PGRSS) a fim de garantir
procedimentos seguros, da geração ao descarte final dos resíduos.
Além disso, esse profissional, em conjunto com a equipe multiprofis-
sional, também deve realizar o treinamento dos funcionários para a
correta implementação do PGRSS.

40
VIGILÂNCIA
EM SAÚDE

Na Vigilância Epidemiológica, o farmacêutico fornece informações


técnicas atualizadas aos profissionais responsáveis por executar as
ações de prevenção e controle de doenças e agravos à saúde. Já na
Vigilância Sanitária, o objetivo é controlar e garantir a qualidade de me-
dicamentos, insumos farmacêuticos, produtos para saúde e também
dos serviços utilizados pela população. Por último, compete ao órgão
federal (Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa), estaduais
(Centro de Vigilância Sanitária - CVS) e municipais (VISAs), no âmbito
da sua jurisdição, a regulamentação, a fiscalização dos estabelecimen-
tos que fabricam, manipulam, importam/exportam, distribuem, trans-
portam, dispensam ou comercializam produtos e serviços sob regime
de Vigilância Sanitária.

41
ESTÉTICA

A Saúde Estética é área da saúde voltada à promoção, proteção,


manutenção e recuperação estética do indivíduo, de forma a selecio-
nar e aplicar procedimentos e recursos estéticos, utilizando-se para
isso produtos, substâncias, técnicas e equipamentos específicos, de
acordo com as características e necessidades do paciente.
Desde a regulamentação das atribuições do farmacêutico no exer-
cício da Saúde Estética pelo Conselho Federal de Farmácia, os farma-
cêuticos regularmente inscritos nos Conselhos Regionais de Farmácia
que estejam capacitados técnica, científica e profissionalmente estão
habilitados a exercer atividades na área.

42
RADIOFARMÁCIA

Os radiofármacos são medicamentos radioativos utilizados no


diagnóstico e tratamento de doenças.
O radiofarmacêutico (farmacêutico especialista em radiofarmá-
cia) pode atuar em atividades relacionadas à pesquisa, produção,
manipulação, controle de qualidade de radiofármacos. Grande parte
desses radiofármacos serão diretamente dispensados para serem
utilizados na rotina do serviço de Medicina Nuclear.

43
MENSAGEM FINAL

Finalizamos aqui este livreto, porém a história da profissão far-


macêutica certamente não termina aqui. É bem possível que muitos
de nossos leitores venham a fazer parte de novos capítulos a serem
acrescentados.

“Um profissional que não conhece o signifi-


cado da própria profissão, pouco ou quase nada
pode contribuir para a comunidade à qual pertence
e não deixa o mais leve rastro de sua passagem.”

Antonio Benedito de Oliveira

44
FONTES DE CONSULTA

BARROS, J. A. C. Pensando o processo saúde doença: a que res-


ponde o modelo biomédico? Revista Saúde e Sociedade, São Paulo,
v. 1, p. 67-84, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/
v11n1/08.pdf> Acesso em: 16 de jul. 2019.
BRASIL. Secretaria para assuntos jurídicos da Casa Civil. Decreto
nº 793, de 5 de abril de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 abr.
1993. Seção 1, p. 4397. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/
legin/fed/decret/1993/decreto-793-5-abril-1993-336589-publicacaoo-
riginal-1-pe.html > Acesso em: 16 de jul. 2019.
______. Ministério da Saúde. Decreto nº 3.181, de 23 de setembro de
1999. Regulamenta a Lei nº 9787, de 10 de fevereiro de 1999, que dis-
põe sobre a Vigilância Sanitária, estabelece o medicamento genérico,
dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêu-
ticos e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24
set. 1999. Seção 1, p. 2. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/
legin/fed/decret/1999/decreto-3181-23-setembro-1999-345065-publi-
cacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 16 de jul. 2019.
______. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 586, de 29 de
agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras provi-
dências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 de set. 2013. Seção
1, p. 136. Disponível em: <http://www.cff.org.br/userfiles/file/noticias/
Resolu%C3%A7%C3%A3o586_13.pdf> Acesso em: 16 de jul. 2019.
______. Ministério da Saúde. Instituto Oswaldo Cruz. O Vírus da
Aids, 20 anos depois. Disponível em: <http://www.ioc.fiocruz.br/aid-
s20anos/linhadotempo.html> Acesso em: 16 de jul. 2019.
CFF. Conselho Federal de Farmácia. FIP escolhe 25 de setembro
como Dia Internacional dos Farmacêuticos. Brasília, DF, 30 de ago.
2010. Disponível em: <http://www.cff.org.br/noticia.php?id=502> Aces-
so em: 16 de jul. 2019.
______. O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde:

45
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talares. Boletim farmacoterapêutica, Brasília, n. 3, p. 54, 2005. Dispo-
nível em: <http://revistas.cff.org.br/?journal=boletimfarmacoterapeuti-
ca&page=article&op=view&path%5B%5D=1536&path%5B%5D=1184>.
Acesso em: 16 de jul. 2019.
CRF-SC, Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina. A Odis-
seia Galênica. Santa Catarina, 2011.
CRF-SP, Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
A Trajetória da Prática Farmacêutica. Disponível em: <http://portal.
crfsp.org.br/images/NEP/materiais/A%20trajet%C3%B3ria%20da%20
Pr%C3%A1tica%20Farmac%C3%AAutica.pdf>. Acesso em: 16 de jul.
2019.
______. Cartilhas das Comissões Assessoras. Disponível em:
<http://portal.crfsp.org.br/publica%C3%A7%C3%B5es/cartilhas.html>
Acesso em: 16 jul. 2019.
______. 50 Anos de CRF-SP. São Paulo: CRF-SP, 2011. Disponível
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DIAS, J. P. S. A farmácia e a história uma introdução à história da
farmácia, da farmacologia e da terapêutica. Lisboa: FFUL, 2005.
MENEZES, R. F. Da história da farmácia e dos medicamentos. Dis-
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SPADA, C, et al. Farmácia. In: HADDAD, A.E. et al. A trajetória dos
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SPADA, K. A função educativa do farmacêutico no sistema único
de saúde. CEBS/Porto Alegre – RS, p. 1263, 2007.

46
47
Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo
Rua Capote Valente, 487 - Jd. América - São Paulo/SP - CEP 05409-001
Departamento de Apoio Técnico e Educação Permanente (Datep): 5º andar
(11) 3067-1483 - datep@crfsp.org.br - www.crfsp.org.br

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