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A Nova Era Gnostica

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A nova era gnóstica

Aula 1- Gnose e Gnosticismo

Introdução

 A palavra “gnose” é de origem escriturística (cristã). O conteúdo da fé cristã coincide com o


significado verdadeiro da palavra, pois a verdadeira gnose é a fé.
 Existe um caminho legítimo de gnose: o cristianismo. Então, tratar a “gnose” como uma
categoria absolutamente herética é um erro histórico.
 Temos de distinguir a verdadeira gnose de seus desvios posteriores.

Pressupostos históricos

 Gnose: primariamente judaica, principalmente cristã; designava um conhecimento profundo e


interior dos mistérios divinos; em Platão (um termo metafisico, conhecimento puro e
especulativo – se opõe à episteme e pratike); o NT expõe uma doutrina completa da gnose e
impõe seu significado mais elevado; o termo foi utilizado pejorativamente pelos heresiólogos
no combate as doutrinas heréticas (não era um título propriamente dito, era uma atribuição
extrínseca);
 Gnosticismo: um movimento histórico recente (XVII); sua natureza é herética, quando surgido
dentro do próprio contexto cristão; o título “gnóstico” é de enquadramento duvidoso, embora
houvesse quem se declarasse um; não existia uma heresia formalmente chamado
“gnosticismo”, isto se deu pelo estudo histórico moderno empreendido sobre o trabalho dos
heresiólogos (no cristianismo primitivo não há a categoria histórica “gnosticismo”);

Significado real do termo

 É o conhecimento por excelência, único – gnose. Um conhecimento sacrossanto, íntimo, não


apenas um conhecimento especulativo ou prático – a realização da fé. É um conhecimento
“impronunciável”.
 Gnóstico não é o membro de uma seita, mas o cristão que atingiu um certo grau espiritual (o
perfeito conhecimento de Cristo) – a santidade.
 Há correlações entre isto e algumas noções de organizações iniciáticas como Rosa Cruzes
(símbolo da rosa no centro da cruz), aos termos iogue, sufi, etc. (embora sem atribuição
intrínseca). Não há um grupo “gnóstico”, mas menções a certo estado espiritual. O termo se
tornou um rótulo inapropriado.

Sistema da degradação de Valentino

 (egito sec.II): Deus deu origem aos Éons: uma cadeia de pares de seres (sigízeas) que foram
dando origem a outros pares de seres inferiores que vão se degradando conforme se
reproduzem mais e mais, se distanciando do princípio, até que o éon Sofia (principio
passivo/feminino) gerou sozinha a matéria (o mundo material) totalmente passivo, e também o
éon Demiurgo (depravado) que criou a ordem do mundo material. Em suma: Deus não criou
esse mundo, mas o Demiurgo (Deus do AT).
 O Deus verdadeiro não quis que as coisas continuassem assim: então, uma centelha (nossas
almas) sua desceu à matéria e um dos seus Éons (Cristo – Psicopompo, guia das almas) desceu à
matéria para guiar as almas aprisionadas até Deus através do conhecimento – gnose.
 Resultado: além de tornar a salvação algo “fácil”, que dependia apenas do conhecimento
expresso nesta explicação, toda uma hierarquia “espiritual” foi instituída: um grupo
pneumático/espirituais (pessoas com o conhecimento para revelação), um grupo
psíquico/alma (pessoas não totalmente espirituais, mas que podiam ser doutrinados) e um
grupo inferior ílicos/matéria (pessoas totalmente materiais, sem alma e espirito, destinados a
destruição).
Reações

 Santo Irineu de Lyon (sec.II), para combater coisas desse tipo, deu ênfase à sucessão apostólica
como fonte de legitimação da verdadeira Gnose, da verdadeira Fé, da verdadeira pregação de
Cristo aos apóstolos (Cristo->João->Policarpo->Irineu)
 1- A sucessão dos Bispos é a garantia contra as heresias gnósticas, ou seja, de todos os
sistemas que, a partir da experiencia do desespero cósmico, desenvolvem doutrinas espirituais
ou filosóficas contrárias ao conteúdo da revelação cristã. 2- Regula fidei, o cânon da fé que diz:
Deus criou o mundo, mas o mal vem do pecado espiritual de anjos e homens – a matéria é boa,
o pecado vem do espírito. 3- Cânon das escrituras impedia que certos livros estranhos fossem
inseridos no conjunto das escrituras sagradas (evangelhos “gnósticos”) – Marcião tentou
modificar radicalmente.

O “gnosticismo” enquanto experiencia do desespero e explicação da origem do mundo

 Enquanto “filosofia religiosa”, o gnosticismo parasitou o cristianismo desde sua origem.


 Não é uma doutrina específica, mas uma espécie de experiencia do desespero diante do
sofrimento e dor presentes no cosmos que fundamenta todas as doutrinas.
 A explicação gnóstica se baseia na contradição entre um Deus bom e perfeito e uma criação
repleta de dor e maldade (como compatibilizar as duas coisas? – o sistema da degradação).
A nova era gnóstica

Aula 2- A inversão gnóstica

Introdução

 O fato: a experiencia gnóstica se baseia num fato universal – a absurdidade da vida.


 Núcleo central da especulação gnóstica: o problema da dor individual (e seu equivalente social,
a injustiça no mundo).
 Atitude do espírito: o esforço humano por um ideal mais elevado.

Fundamentos do gnosticismo

 O que eles denominam Conhecimento: sua ideia de conhecimento se distingue das demais por
1- O universo é degradado em essência; 2- a preexistência do homem (contradiz diretamente a
revelação de um Deus bom criador do mundo e a queda moral do homem).
 Crença num mal para além do homem: o mal é retirado da esfera da liberdade humana e
transferida para fatores externos e constitutivos do mundo.
 Em todas as épocas, períodos de desintegração social (como na ascensão de novos impérios)
evocam tentativas de recuperação do sentido da existência e do mundo. Ex: estoicismo, visão
polibiana da história, apocalíptica hebraica, etc. e o próprio gnosticismo.
 Em todos os fenômenos ditos “gnósticos” coexiste o mesmo padrão: a experiencia do mundo
como um lugar estranho, onde o homem está fora de seu caminho, fora de seu lugar –
desviado.
 “O mundo está errado”, eis o pressuposto de todo o gnosticismo; “quem é culpado por
estarmos nessas trevas?”, eis sua pergunta fundamental; “alguém me livre deste mal!”, eis o
seu maior pedido. – O mundo já não é mais percebido como “cosmos”, ordem, mas como
“caos”. Motivo: a falta vontade em apreciar o mundo, apenas de suspeitar dele, escapar.
 Fórmula de fundo dos gnósticos: conhecer a origem e o estado atual do que nos tornamos
para, enfim, empreender fuga.
 De onde deriva seu fascínio moderno? – do fato de ter sido uma “fé proibida”, sua condenação
confere seu glamour (oferecer solução à problemas ignorados pela religião cristã).
 No fundo, a tendencia gnóstica enquanto experiencia e especulação posterior é uma tentativa
de se desvencilhar da ortodoxia – seu maior inimigo.

Renascimento gnóstico

 A influência gnóstica adentrou o campo da filosofia em torno do sec. XXVII (a solidão do


homem diante da cosmologia moderna - mecanicista)
 Este fundo noético acabou determinando o campo acadêmico e intelectual de tal forma a
influenciar a quase totalidade da cultura e da civilização: política, psicologia, filosofia, etc
 A ciência positivista e a ideologia marxista trataram de colocar a questão outros termos
(proibição do questionamento e da razão consciente).
 Marx é gnóstico especulativo (o homem não existe por si mesmo, mas essa abstração é o
problema);
 Comte está interessado em leis universais do fenômeno social (descarta qualquer objeção de
fundo abstrato).
 Nietzsche erige a paixão violenta como representação final da inversão (o homem desligado do
ser transcendente).
 3 etapas da ação do espírito (Voegelin): 1- engano (julgamento errado); 2- a consciência do
engano (onde a inverdade se torna engano); 3- persistência no engano (a revolta contra Deus se
revela). Esta sequência demonstra uma desconstrução da realidade, uma revolta contra ela.
 Nesta nova perspectiva, a matéria se torna a experiencia absoluta do cosmos, e todo o mal e
sofrimento não derivam dela, mas de como as ideias (o novo Demiurgo-artesão) a determinam.
 Inversão simbólica: Prometeu, Caim, Eva, a serpente – se tornam símbolos da liberação.

A essência da inversão

 Gnosticismo nos dias atuais: Tanto a teologia liberal quanto o pensamento moderno têm em
sua base o espírito da experiencia gnóstica. A explicação da experiencia gnóstica se tornou uma
matriz que nos induz a acreditar que o mundo foi “mal feito” e precisa ser aperfeiçoado (por um
especial conhecimento).
 A inversão diz respeito à matéria e não à forma da questão e do discurso gnóstico fundamental:
seu objeto de ataque é o espírito, e não mais a existência material. A forma continua a mesma:
o terror da experiencia humana diante do sofrimento e do mal – mas agora, com um elemento
de fraude consciente que revela a rebelião contra o princípio da ordem.
 O mundo padece do mal porque foi criado de forma errada, não por um Deus ou Demiurgo,
mas por um SISTEMA DE IDÉIAS (que nos oculta o mundo real – material - e nos aprisiona em
um mundo alienante - de ideologias)
 A inversão gnóstica é este novo tipo de pensamento em sua forma secularizada, um
pensamento “materializado”. A matéria não é mais o mundo degradado, mas o mundo a ser
aperfeiçoado (potencialmente criativo e perfeito). O mundo degradado é o mundo das ideias
(potencialmente destrutivo e imperfeito).
 As ideias aprisionantes se tornaram o obstáculo da transformação cultural, da libertação
humana, como a matéria era o fator opressor dos antigos gnósticos.

Modos de reprodução da visão gnóstica invertida

 Isto se reproduz pela mudança material do meio social (sua organização prática - política) e
pela multiplicação de seus canais de expressão e reprodução (artes, filmes, musica, livros,
sistema educacional, política, mídia – em suma, da técnica)
 Em todas essas áreas a fórmula da experiencia de terror e desespero diante do cosmos está
expressa, mesmo que de forma sútil e subliminar: somos enganados e oprimidos por sistemas
de crenças – o principal, a ortodoxia cristã.
 Exemplos:
 Ideologia de gênero – a natureza sexual não é exatamente o que convencionalmente nos dizem
sobre ela (determinismo biológico como mal absoluto);
 Teologia da libertação – desconstrução do sentido real da doutrina cristã tradicional e
esvaziamento do conteúdo originário dos termos tradicionais no intuito de “libertar” os fiéis da
opressão de uma ideia de Igreja ultrapassada e deslocada do contexto atual (tradicionalismo
como mal absoluto);
 Crença num Deus abstrato e não confessional – um Deus sem uma religião interpretativa, sem
dogmas, sem moral, apenas em sua configuração “natural” (religião formal como mal absoluto);
 Transhumanismo – o homem não tem natureza prévia e fixa, tudo pode ser modificado
conforme uma nova configuração (natureza fixa como mal absoluto);
 Multiculturalismo – o relativismo substitui a objetividade moral, cultural, social, etc.
(objetivismo como mal absoluto).
 O mal não é a matéria, mas o espírito – epifenômeno da matéria; como até mesmo a matéria se
tornou elemento de dúvida, só nos restará o mundo imaginário como realidade fundante do
indivíduo e da própria sociedade.
 A liberdade humana é abolida: se torna condicionada por uma série de impressões vitimizantes
(fruto da imaginação super excitada) – há sempre um mal absoluto responsável por todas as
nossas experiencias angustiantes, a responsabilidade moral é suprimida.
A nova era gnóstica

Aula 3- Uma sociedade gnóstica

Introdução

 Sec XVII - Mudança na visão de natureza: contingencia total da existência. O gnosticismo tinha
uma proeminente imaginação metafisica, porém, passou a se adaptar ao esquema de
imaginação da desilusão existencial.
 Nietzsche inaugura a inversão: após 3 séculos de sedimentação da nova visão de natureza,
eclode os frutos diretos de uma nova concepção gnóstica da existência como: “experiencia
profundamente sentida de si mesmo” (dentro de um dualismo antagônico, não mais
complementar). A morte de Deus significa a morte de uma forma de consciência (através de um
processo dialético e histórico) – a morte da metafisica.
 Formam-se as doutrinas objetivas modernas sobre a ruptura total entre o homem e mundo
(em sentido filosófico e antropológico, em contraposição a toda referência teológica).
 É a consciência egóica que comanda o processo de emancipação das ideias aprisionantes:
engendrando uma “salvação” não pela integração, mas pela máxima alienação deste “mundo
de ideias aprisionantes”.

Pressupostos gnósticos e Estado leigo

 O homem quer escapar de tudo aquilo que o aprisiona; ele mesmo realiza sua salvação;
destruindo o mundo antigo e erigindo um novo (acabar com a realidade); desejo de domínio
irrestrito sobre o ser
 Antigos – Espirito real/matéria ilusão; Modernos – Matéria real/Espirito ilusão; Futuros –
Imaginário real/Matéria e espirito ilusão. (há um sentimento cósmico comum) da rejeição da
vida – à correção da natureza – até às utopias políticas modernas.
 Revolta contra toda visão tradicional da ordem social como expressão da ordem divina da alma
e do cosmos gera o desejo de supressão do universo criado. Isto evoluiu para a idéia de
transmutar a estrutura do tempo e inaugurar na Terra um paraíso milenarista e perfeito.
 Motivos: em razão das guerras religiosas que, a partir do século XVI, romperam a unidade da
sociedade cristã e eliminaram a religião como poder público, instituindo o moderno Estado
leigo que, erigido sobre um vácuo espiritual, acabou por se revelar impotente para resistir à
invasão dos movimentos gnósticos de massa (Olavo)

Despojamento espiritual do universo

 Com a perda da noção de um cosmo ordenado onde o homem está integrado (visão cristã), e
pela ascensão da nova roupagem da ciência moderna (mecânica) a respeito do universo, o
homem se viu solitário e perdido num ambiente hostil (impessoal) onde o único senso de
orientação provem de si mesmo.
 Só lhe resta buscar no ego a salvação contra o desespero da existência. Em pouco tempo,
substituirá a relação homem/mundo pela relação ego/ideias (ontologia clássica) – o passo
primordial para a inversão gnóstica.

Projeção espiritual do universo

 O homem passa a atribuir ao mundo algo do seu ego, “espiritualizando-o” novamente,


renegando, assim, qualquer abstração que seja exterior à sua vontade de se unir ao imediato
sensível da experiencia (o mundo natural).
 O homem “espiritualiza” o universo na medida em que se agrega à natureza imediata sensível
(por um processo imaginativo, não abstrato)
 O mundo supra-sensível é desprezado em vista do mundo imediatamente presente (sentidos).
A morte de Deus é a morte das idéias metafisicas (até mesmo do direito natural, da moral
natural, etc., tratadas agora como elementos metafísicos e ideais).

A revolta final contra a natureza

 A existência soberana em relação a qualquer ideia de essência predeterminada leva o homem


a acreditar que a natureza (força, potencia) só se impõe a ele na medida em que ele não a
admita como uma extensão de si mesmo (não há natureza definível). O homem se torna o Deus
da natureza informando-a conforme sua imagem (definindo-a).
 A imaginação humana é o veículo de entrada no reino “espiritual” da natureza, até o momento
em que obtenha o conhecimento por excelência quando ele afirmará a si mesmo: não há
espirito; não há natureza; só há o meu conhecimento (sensível). O ego é o ser do mundo, e seu
conhecimento está reduzido ao imediato existente (a imaginação).

Sistemas intelectuais gnósticos

 O “gnosticismo”, enquanto categoria histórica, é a construção de sistemas de pensamento para


justificar uma certa experiencia. Sem um sistema não há gnosticismo, apenas a experiencia que
o fundamenta. A realidade deve se moldar ao sistema. O sistema é sempre uma expressão
simbólica do desejo de antecipação da salvação.
 O sistema geralmente é filosófico e doutrinal, mas no futuro, será uma engenharia social. Esta
engenharia expressará materialmente o que os sistemas filosóficos expressavam
filosoficamente.
 O poder do “ser” transformasse no poder “mundial”. A natureza dada será negada e trocada
por uma natureza atribuída pela mente do homem – isto vale para a natureza do corpo social.
 O processo de recriação da ordem do ser requer uma reconfiguração explicativa sobre a
natureza e a história do homem enquanto agente de sua auto elevação - constitutiva do corpo
social.
 Historicamente, esse processo sempre implicou na transmutação do deicídio teórico em
homicídio revolucionário.
 Auto determinação humana em forma de símbolos:
 3 tipos de Imanentização: Teleológica (progressismo-kant, condorcet); axiológica (estado de
perfeição do mundo-thomas more); mista (misticismo ativista-marx, comte).
 3 Simbolos Joaquinos: 1- Terceiro Reino (periodização histórica trifásica); 2- Grande Líder (Dux-
o super homem); 3- Profeta (intelectual que prevê o futuro); 4- Comunidade autônoma
(igualitária e livre);

Características permanentes da atitude gnóstica para a construção da nova sociedade

 1- Insatisfação; 2- desordem; 3- correção possível; 4- evolução histórica; 5- esforço humano; 6-


formula de salvação individual e coletiva.
 A fórmula está sendo aplicada no tecido social por meio de mudanças comportamentais sutis,
baseadas numa falsa aplicação da linguagem e da inversão proposital dos termos.
 A nova era gnóstica será uma sociedade composta por homens que creem apenas no que é
“imaginável” (o mudo real) - renegando tudo aquilo que física ou metafisicamente se impõe
como real – comandada por uma elite de gnósticos materialistas-animistas através de símbolos
controladores (controle da imaginação).
 Satisfação como fundamento: a oposição gnóstica IMAGINÁRIO/MUNDO FISICO/METAFISICO
estará fundamentada no par satisfatório/insatisfatório.
 Eliminação de elementos essenciais da realidade: Pecado original (more) – sumo bem
(hobbes) – mistério da história (hegel). Vontade de poder triunfando sobre a humildade em
aceitar o ser.
 Uma sociedade baseada na questão do ganho psíquico, e nada mais.
 Uma sociedade sem fé, que perdeu a resistência espiritual (suportar o limite tênue entre
segurança e insegurança no ser), estará fundamentada na mera certeza da imaginação como
fuga da realidade: ausência da fé – ausência do auto exame – ausência da incerteza.
 Uma sociedade dualística (imaginário/real – mundo/irreal) sem metafísica.

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