Revista Periscopio COMPLETA 2013
Revista Periscopio COMPLETA 2013
Revista Periscopio COMPLETA 2013
O Periscópio
Ano XLVIII No 66 – ISSN 1806-5643 2013
GABRIEL NOGUEIRA DE SÁ
Distribuição Gratuita
Capitão-Tenente
Editor-Chefe da Revista “O Periscópio”
Capa:
LAURA KAWAKAMI CARVALHO
Primeiro-Tenente (RM2-S)
Assistente de Edição
Pág. 18 Pág. 27
5
Sumário
Aula Inaugural do Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficiais 2012 ...................................... 4
Mergulhadores de Combate comemoram 40 anos de atividade no Brasil...................................................... 8
“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE .................................................... 12
Novas tendências para o mergulho comercial no Brasil ................................................................................... 18
Preparação da tripulação e seus familiares para comissões “Deployment”.................................................... 22
Sniper: arma da atualidade ................................................................................................................................... 26
Submarinos Nucleares de Ataque Franceses: Programa “Barracuda”............................................................ 30
Mergulho Dependente: uma breve viagem em sua origem e a importância
dessa “ferramenta” para a Marinha do Brasil .................................................................................................... 36
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros
Permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas .......................................................................... 42
O pai das marinhas nucleares................................................................................................................................. 46
Arrasto do Submarino Nuclear Brasileiro ........................................................................................................... 52
O Salto Equipado .................................................................................................................................................... 56
Sem hesitar ............................................................................................................................................................... 60
Aspirantex 2013 ....................................................................................................................................................... 64
Atenção pelotão! .................................................................................................................................................... 67
Sinais e sintomas em condições extremas de trabalho – Como reconhecer e como proceder .................... 68
Scott Waddle: exemplo de superação .................................................................................................................. 72
Submarinos japoneses da classe Toku Sen ........................................................................................................ 76
Mergulhadores de Combate treinam na África do Sul ..................................................................................... 80
Submarino U-1277: a rendição pode não ser uma opção................................................................................... 84
Intercâmbio Brasil x Perú 2012 .............................................................................................................................. 88
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações............................................................................... 90
A Importância do Submarino Nuclear Brasileiro para defesa da Amazônia Azul ...................................... 100
Periscopadas ............................................................................................................................................................ 103
Pág. 30 Pág. 70
6 O Periscópio 2013 / VA Bento
Aula Inaugural
do Curso de
Aperfeiçoamento
de Submarinos
para Oficiais
2012
Vice-Almirante Bento Costa Lima Leite de
Albuquerque Junior
INTRODUÇÃO
É com grande alegria
e orgulho que retorno ao
auditório onde, há trinta e um
anos, iniciei a minha carreira de
submarinista. O que pretendo apresentar - Oportunidades; e
Dessa forma, agradeço ao aos senhores é uma holística - O que se espera dos
meu dileto amigo Almirante visão prospectiva da Força futuros submarinistas.
Afrânio de Paiva Moreira de Submarinos, inserindo-os
Junior, comandante da Força nessa desafiadora e estimulante O SUBMARINISTA
de Submarinos, pelo convite carreira, em um momento
Citando um chefe Naval,
e pela oportunidade de em que a Marinha passa por
procurarei resumir do que o
proferir a aula inaugural do grandes transformações e
nosso sadio corporativismo
curso de aperfeiçoamento desenvolvimento, e assume
é capaz: “Os submarinistas,
de Submarinos para Oficiais um papel relevante na Defesa
como grupo profissional, têm
(CASO/2012), e ao Capitão-de- Nacional, sendo a arma
uma identidade grupal, um
Mar-e-Guerra Roberto Koncke submarina uma prioridade do
sistema ético e comportamento
Fiuza de Oliveira, Comandante Estado Brasileiro.
característicos, voltados para
do Centro de Instrução e A preleção será dividida
a eficácia operacional, e a
Adestramento Almirante Atila em cinco tópicos:
proficiência naval...
de Monteiro Achè (CIAMA), - O Submarinista;
por aqui me receber, Centro de - O Plano de carreira; Efetivamente, ser submarinista
Instrução onde tive a honra - P r o g r a m a d e Desen- é mais que ter uma profissão de
e o privilégio de ser Instrutor volvimento de Submarinos elevado nível de especialização;
e Encarregado da Escola de (PROSUB) X carreira do é todo um estilo de vida”.
Submarinos. Submarinista;
Aula Inaugural do Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficiais 2012 7
Estilo de vida que nos transforma A Estratégia Nacional de – Dentre as diversas Linhas
em oficiais diferentes, pelo Defesa, documento do mais alto de Ações (LA) estudadas para
contínuo desenvolvimento nível, atribui à arma submarina, adequar a formação dos nossos
das capacidades sensoriais e em face do seu poder futuros submarinistas, a que
cognitivas, as quais poderiam se combativo, a seguinte tarefa: obteve maior aceitabilidade
resumir em atenção, percepção, “... preferencialmente, e sempre foi a referenciada na carreira
memória, rapidez de raciocínio, que a situação tática permitir, a dos oficiais submarinistas da
juízo, imaginação, pensamento, força de superfície será engajada Marinha Norte-Americana
linguagem e ação. Fruto das no conflito depois do emprego (adequada às nossas realidades
características do meio que inicial da força submarina...” e à nossa cultura), em que
operamos, que nos leva a inferir Ou seja, pertencemos a uma as carreiras dos oficiais de
situações de maneira a agir Força Estratégica que exerce, por operações e de máquinas são
proativamente, a fim de evitar sua natureza e capacidade, um “unificadas” e possuem uma
que se transformem em riscos papel fundamental na dissuasão estrutura semelhante, com
reais à segurança da plataforma. da geopolítica internacional. o mesmo tipo de preparo
Estilo de vida que nos enche de e emprego, interstícios,
orgulho quando afirmamos que oportunidades e possibilidades
estudamos e conhecemos todo PLANO DE CARREIRA de assunção de cargos;
o submarino, e que, dentro de Considero de fundamental – Os cursos de carreira, quais
espaço exíguo, estabelecemos importância, até por experiência sejam: Cursos de Estado-Maior
uma relação de confiança mútua, própria, que os senhores tragam para Oficiais Intermediários
fraterna e profissional, o que nos consigo o pleno conhecimento (C-EMOI) e Superiores
assegura desguarnecer nossos do que os espera nos anos (C-EMOS) e o Curso de Política
postos, tendo a certeza de que vindouros. e Estratégia Marítimas (C-PEM)
quem assumiu vai desempenhar Tenham a certeza de que permanecerão comuns.
de maneira segura e adequada essa visão da carreira terá Ademais, os oficiais estão
o controle tático e físico da um papel importante para a sendo qualificados conforme
plataforma. realização pessoal e profissional as competências exigidas nos
Estilo de vida que advém da dos senhores. Sou recorrente respectivos cargos e funções
crença na nossa instituição e nos em afirmar que a primeira aula para os quais são designados.
seus valores; da indubitável fé dos cursos de formação do Como exemplo, cito que a Força
na correta condução da Marinha CIAMA deveria ser ministrada de Submarinos está sendo
por todos; da sólida formação pelo Oficial de Organização da pioneira na implantação da
que nos educou para sermos Força de Submarinos, e é o que, Gestão por Competências na
homens de bem e de valor; e de certa forma, pretendo fazer Marinha. Não por acaso, pois
se completa na determinação e nesse momento. a atividade que os senhores
prazer de bem servir. A recente revisão do exercerão em breve requer um
Plano de carreira de Oficiais alto grau de profissionalismo.
Estilo de vida que nos distingue
incorporou algumas Premissas: Exemplo disso é a NORSUB 10-
como grandes gerentes de risco
– A Marinha do Brasil (MB) 10, dentre outros documentos,
e nos dá a prerrogativa da
pretende operar submarinos que estabelece requisitos
iniciativa das ações, habilitando-
convencionais nas próximas basilares mínimos e suas
nos a agir antecipadamente em
décadas, aproximadamente até respectivas validades para
todos os aspectos da carreira
2050; uma segura condução de seus
naval, sejam eles de demanda
tática ou burocrática e, como – Todo submarinista futuros desafios.
conseqüência, ajudou a construir continuará a ter formação Apresentarei, de forma
o “mito do submarinista” que se inicial em submarinos sumarizada, alguns aspectos
antecipa aos fatos e, antecipado, convencionais e servir nestes relevantes da atual Política de
busca a melhor solução para os meios por um período mínimo
Emprego de Pessoal da Força
conflitos de toda a ordem. de 01 (um) ano;
de Submarinos:
8 O Periscópio 2013 / VA Bento
A implementação efetiva
dessa atividade no Brasil
só foi possível devido aos
conhecimentos adquiridos pelos
oficiais e praças que lograram
êxito nos cursos de mergulho
de combate realizados junto às
Marinhas dos Estados Unidos
da América e da França, em 1964
e 1973, respectivamente.
Ao longo destes 40 anos, o lema
Fortuna Audaces Sequitur,
traduzido como “A Sorte
acompanha os audazes”, passou
a ser adotado pelos MEC. Nesse
contexto, as palavras “sorte”
e “audácia”, que caracterizam
o êxito das missões atribuídas
ao GRUMEC, representam
a atmosfera marcada por
militares que aliam coragem, Destacamento de Abordagem MEC nas operações de Controle de Área Marítima
planejamento detalhado, e ações de fiscalização das águas jurisdicionais, garantindo segurança aos Grupos
preparação constante e zelo de Visita e Inspeção.
profissional na condução de
suas atividades. pouso na área do objetivo, assim assimétricas e potenciais,
Atualmente, os MEC figuram como a abordagem noturna de fomentadoras dos conflitos
como uma unidade de Operações navios em movimento, técnica armados internacionais, mas
Especiais respeitada no Brasil e desenvolvida com o advento cujas atividades também
no exterior. Para o desempenho da Embarcação Rápida para permeiam espaços nacionais.
de suas atividades, eles são Operações Especiais. A conjuntura mundial tem
lançados por submarinos, O Grupamento de demonstrado o incremento
navios, aviões, helicópteros, etc., Mergulhadores de Combate dos crimes transfronteiriços,
dominando técnicas peculiares. é, portanto, uma importante como as atividades
Na condução de suas tarefas, parcela do Poder Naval do terroristas, o narcotráfico, o
podem empregar uma ampla Brasil, sendo empregado recrudescimento dos ataques
gama de equipamentos, como nos mais variados ambientes de piratas modernos a navios e
os paraquedas, até mesmo operacionais, requerendo instalações petrolíferas, assim
na realização de saltos de dos militares componentes como a interoperabilidade das
grandes altitudes, embarcações de suas frações operativas fontes patrocinadoras de tais
pneumáticas, lanchas de alta habilitações em diversas áreas atividades criminosas.
velocidade, caiaques, veículos de conhecimento; como o Os Mergulhadores de Combate,
submersíveis, diversos tipos de mergulho, paraquedismo, devido às suas habilidades
armamentos, explosivos e de montanhismo, operações em específicas e adestramento
equipamentos de mergulho. selva e no Pantanal, tiro de continuado, têm papel relevante
Recentemente, o GRUMEC precisão (sniper), explosivos, no enfrentamento de tais
concretizou a qualificação para dentre outras. ameaças. Nesse contexto, cabe
a realização de saltos TANDEM, Nos últimos anos, as ocorrências destacar o papel do Grupo
em que um passageiro é bélicas no Mundo têm colocado Especial de Retomada e
conduzido por um paraquedista em evidência os efeitos das resgate do GRUMEC (GERR/
MEC, da queda livre até o chamadas “novas ameaças”, MEC), voltado, desde a
12 O Periscópio 2013 / CMG Arentz
Mergulhadores de Combate
FORTUNA AUDACES SEQUITUR!
Introdução
Em virtude da atual
realidade da nossa força de
submarinos com a aquisição dos
S-BR junto à marinha francesa,
fui designado em fevereiro de
2012 para realizar o “curso de
Especialidad de Submarinos
para Oficiales” na “Escuela de
Submarinos Almirante Allard”
da Armada do Chile.
O curso estava previsto para
realização do aperfeiçoamento
de um oficial estrangeiro na
operação como oficial de águas
de um submarino da classe
Scorpene, a ser concluído
em oito meses e meio, sem a
Mais um submarinista chileno
realização de avaliações nos
sistemas similares ao IKL-
209 (Tupi) e provas práticas.
Entretanto, devido às diferenças de submarinos, sendo instalado (mecânicos e elétricos) e convés
existentes no processo de nas dependências da base naval (operações), resulta em uma
formação e à necessidade de de Talcahuano onde permaneci organização particular do
verificação prática (provas de por aproximadamente um curso de submarinos. Para os
porto e mar) para validação do mês. Após ser apresentado engenheiros, o curso é encarado
referido curso pela diretoria às autoridades navais locais como uma sub-especialização,
de ensino do Chile, este se e ter recebido os materiais tendo duração de um ano;
estendeu por mais um mês. necessários para o início do já para os oficiais de convés
curso, rapidamente já estava o curso é mais extenso, com
Instalação inserido no universo da “Fuerza duração de dois anos. Ambos
Conforme estava previsto de Submarinos Chilena” e nos primeiros meses da sua
em minha portaria, no primeiro mais especificamente na rotina fase teórica estão direcionados
dia do mês de março eu estava da escola de submarinos, para aprendizado dos conceitos
embarcando com destino a iniciando, após sete dias da básicos de funcionamento de
Santiago para o início de mais minha chegada, as aulas do um submarino, de navegação
uma jornada de estudos. Os submarino Scorpene. e de acústica. Em um segundo
primeiros três dias foram momento dessa mesma fase,
dedicados à preparação de Organização inicia-se o estudo específico de
documentação para legalizar A estrutura do curso de uma classe de submarino, IKL-
a minha situação no país e submarinos na armada chilena 209 ou Scorpene, onde cada
apresentação ao Adido Naval. segue o mesmo princípio da aluno estuda somente uma
Passados esses dias, embarquei adotada no Brasil, estando classe. Além disso, cabe ressaltar
com destino à cidade de dividida em uma parte teórica que os oficiais engenheiros e os
Concepción, localizada a 500 (etapa alfa) e uma parte prática oficiais de convés não realizam
km ao sul de Santiago, e logo embarcada (etapa bravo). nenhum período teórico
percebi que o frio estaria Apesar das similaridades, concomitantemente.
presente durante todo o ano. como a formação dos oficiais Dessa maneira, como oficial
Fui recebido de maneira é um pouco diferente, estando estrangeiro intencionado para
cordial por um oficial da escola divididos em engenheiros estudo do Scorpene e já sendo
16 O Periscópio 2013 / CT Antunes Lima
submarinista, iniciei os estudos objeto de estudo continuava logo percebi que seria a etapa
diretamente na parte específica sendo um submarino, mais árdua a ser enfrentada. A
desta classe sem a companhia de logicamente com sistemas mais qualificação seguia o mesmo
outros oficiais alunos chilenos, modernos, porém com diversas padrão utilizado no Brasil,
em virtude das datas não semelhanças. com um qualirão composto de
coincidirem. A princípio pensei A principal diferença que itens de porto e de mar, porém,
que seria enfadonho por estar encontrei nessa etapa foi a como o meu currículo previa
sozinho, mas, com dinamismo inexistência de um simulador uma mescla de engenharia
dado pelos instrutores, as de imersão, que resultou e operações, o número de
aulas tornaram o processo de em uma maior dificuldade itens era bastante elevado,
ensino e aprendizagem rápido para realização dos diversos aproximadamente quinhentos.
e eficiente. Como observação, procedimentos práticos da fase Por motivos de segurança,
pelas particularidades na subseqüente do curso. as únicas áreas que tive restrição
formação dos oficiais chilenos, quanto ao acesso foram a
meu curso foi uma mescla Etapa BRAVO estação rádio e o console do
dos cursos dos engenheiros Terminado o período de sala sonar destinado à análise de
e dos operativos, de forma a de aula, mais uma vez tornei- baixa freqüência. Quanto ao
alcançar a mesma formatação me qualira! Fui designado restante dos equipamentos,
do Curso de Aperfeiçoamento para cumprir meu período recebi todos os manuais em
de Submarinos para Oficiais de embarque no submarino inglês e espanhol, além dos
(CASO) da Marinha do Brasil. O´higgins, primeiro Scorpene planos isométricos de todos os
construído no mundo, onde sistemas de bordo.
Etapa ALFA semelhantemente ao ocorrido Navegando, em apenas
Semelhantemente ao CASO, no período em que estive na cinco dias após realizar diversos
a etapa alfa foi marcada escola, fui extremamente bem exercícios de procedimentos de
por um grande volume de recebido, tornando-me parte da emergência e me familiarizar
informações e um número tripulação. com a fraseologia em
elevado de avaliações, que Iniciei minha qualificação espanhol, já estava qualificado
giravam em torno de duas para o serviço no porto, para o serviço de oficial de
por semana. Durante esse terminando depois de um águas e oficial de passadiço,
período recebi instruções das período de duas semanas e, demonstrando a grande
seguintes disciplinas, conforme dado o nível de exigência, confiança que o comandante do
previsto no currículo do curso
acordado com a Marinha do
Brasil: manobra, sistemas
de engenharia, motores,
eletricidade, periscópios,
equipamentos de navegação,
eletrônica e procedimentos
operativos. Além destas, por
iniciativa do encarregado
da escola de submarinos,
foram inseridas instruções
de SUBTICS, análise de
baixa frequência (teórico e
laboratório) e sonares.
A etapa alfa, apesar de
demandar um alto esforço,
não foi o período de maior
Navegação nos canais chilenos
dificuldade do curso, já que o
“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE 17
navio, Capitão-de-Fragata Luis última semana de novembro fui maneira que estava sendo
Hidalgo Dominguez, depositou submetido primeiramente às avaliado, aproveitava para
em mim. provas de porto de engenharia, realizar comparações entre o
Realizamos trinta e oito operações e armamento, e perfil dos militares chilenos e
dias de navegação, onde tive a posteriormente à prova de mar brasileiros.
oportunidade de participar de pela banca da escola. Constatei que os oficiais
diversos exercícios, tais como: Felizmente, após decorridos se encontravam em um nível
trânsito em área com lançamento intensos nove meses e meio de conhecimento profissional
de carga de profundidade real, de estudo, estava aprovado bastante parelho, todavia as
lançamento de torpedo Black no “Curso de Especialidad de praças chilenas de maneira
Shark de exercício, operações Submarinos para Oficiales”. geral se destacavam por um
secundárias noturnas, navegação Juntamente comigo estavam elevado grau de conhecimento
nos canais chilenos como oficial presentes na cerimônia de técnico, principalmente
de passadiço e sub x sub. encerramento somente dois os operadores de sonar e
Após quatro meses e meio oficiais chilenos, um maquinista eletricistas.
de etapa bravo consegui então e um de convés, dos sete Outro aspecto relevante
minha última assinatura do que iniciaram o curso. Enfim relacionado à identidade
qualirão. Fui avaliado em recebemos a tão almejada do submarinista chileno é
uma espécie de prova de manicaca. a sua motivação. Estavam
porto prévia por uma banca sempre impulsionados a
composta por oficiais e praças O Submarinista serem empregados a qualquer
do próprio navio, a qual me Chileno momento em defesa da pátria
considerou apto para as provas Com o transcorrer do e se orgulhavam por também
a serem realizadas pela escola tempo e a integração com o serem considerados como
de submarinos. Sendo assim, na pessoal de bordo, da mesma ponta de lança de sua esquadra.
Mergulho em Usina
As atividades de
exploração de petróleo no
Brasil foram intensificadas em
meados dos anos 1960 e hoje
assumem lugar de destaque
no cenário internacional,
devido à tecnologia de ponta
desenvolvida e empregada na
prospecção sobre o mar. Com
isso, atividades subsidiárias
e essenciais emergiram e
acompanharam o mesmo
ritmo de desenvolvimento, tal
como ocorreu com o mergulho
comercial, que é considerado
pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT) o segundo
trabalho mais perigoso do Sino aberto de mergulho na Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da
mundo, perdendo apenas Rocha Netto, em Pinhão (PR)
para a atividade espacial. O
mergulho comercial ganhou a formação dos mergulhadores do Norte, onde as condições de
espaço importante também profissionais em 1985, que a clima desfavoráveis permitem
dentro da Marinha do Brasil partir de então, deveriam ser intervenções subaquáticas por
(MB) e, acompanhando essa qualificados exclusivamente mergulhadores apenas em
tendência, oficiais e praças em escolas credenciadas. Não poucos meses do ano.
se especializaram no exterior obstante, o código Internacional Apesar do grande número
e disseminaram as novas de Segurança de Sistemas de de operações realizadas na costa
técnicas aprendidas, não só no Mergulho foi editado pela IMO, brasileira, o índice de acidentes
ambiente das Forças Armadas, o que motivou a DPC a editar envolvendo mergulhadores
como também no meio civil, uma norma específica para profissionais é considerado bem
cuja integração com os militares as atividades subaquáticas, a abaixo da média mundial, fruto
sempre foi muito forte. NORMAM-15/DPC. de uma política de fiscalização
Motivado pelas orientações Devido às condições constante e da adoção de normas
da Organização Marítima climáticas favoráveis específicas e adaptadas ao
Internacional (IMO), o Brasil encontradas em nossa costa, mercado brasileiro. Basicamente,
promulgou, em 1997, a Lei o mergulho é ativamente dois órgãos são responsáveis
da Segurança do Tráfego empregado durante todos por essa fiscalização: a MB, por
Aquaviário (LESTA), que os meses do ano, seja nas intermédio da DPC e o Ministério
estabelece, dentre outras manutenções necessárias do Trabalho e Emprego (MTE),
diretrizes, as atribuições da envolvendo as unidades por meio da Coordenação
Autoridade Marítima (Marinha off shore, seja nos serviços do Trabalho Portuário e
do Brasil) nesse contexto diretamente ligados às Aquaviário. Como cada órgão
e o reconhecimento dos operações de prospecção. Dessa conta com legislação própria
mergulhadores profissionais forma, podemos afirmar que - a MB com a NORMAM-15/
como aquaviários, atribuindo em nosso país são realizadas DPC, que estabelece os critérios
status internacional a esses mais operações de mergulho para a operação dos sistemas
profissionais. Antes disso, do que em qualquer outro lugar de mergulho e a formação dos
baseada em resoluções da do planeta, deixando para trás mergulhadores; e o MTE com a
IMO, a Diretoria de Portos e regiões importantes nessa área, NR-15/MTE, versando sobre os
Costas (DPC) regulamentou como o Golfo do México e o Mar requisitos inerentes à segurança
22 O Periscópio 2013 / CT Alex
Certificação do Sistema
24 O Periscópio 2013 / CC Cetrim
Fase da Comissão:
. Encorajar os familiares a compartilhar seus
sentimentos;
Deployment
Chega, então, o dia do
. Reafirmar o sentimento por seus familiares;
Concentrar-se naquilo que você tem controle; Aproveitar
suspender para a comissão. o tempo que puder com seus familiares; Procurar todo
Quando os militares partem, tipo de informação sobre a comissão (portos, período,
o impacto inicial diminui, remuneração, possibilidade de levar familiares aos
com o passar do tempo, para portos, etc...);
os familiares. Mas a saudade
não passa! As crianças e as
. Veja a comissão Deployment como uma oportunidade
de crescimento pessoal e profissional;
famílias são deixadas com seus
Manter um canal de comunicação digital com seus
sentimentos e a certeza de que
familiares ( e-mail, programas de conversação on-line,
elas é que devem resolver seus etc...); e
problemas daqui para frente.
A esposa, que é, agora, a única
. Conhecer e incentivar os familiares a usarem os
programas sociais existentes na Marinha do Brasil para
responsável pela guarda das
apoiá-los nesse período que se aproxima.
crianças, luta, em muitos casos
com o auxílio de parentes,
com novos e intensos papéis a
serem desempenhados e muitas
responsabilidades. Conflitos po-
dem surgir. Durante essa fase
as famílias dos militares podem
desenvolver várias formas de
se ajustar a nova realidade.
Depois deste período de ajuste
inicial, normalmente a maioria
das famílias atinge um “novo
ponto de equilíbrio” até o fim
desta fase. Caso esse equilíbrio
não seja atingido, os programas
institucionais da Diretoria de
Assistência Social da Marinha
podem ser utilizados pelas
nossas famílias! Isso dará a
certeza aos nossos familiares de
que eles não estão desamparados
enquanto seu “chefe de família”
está longe cumprindo a missão Representação da homepage da DSAM
que lhe cabe.
Preparação da tripulação e seus familiares para comissões “Deployment”
27
Submarino em Viagem
28 O Periscópio 2013 / CT Dibo
Paciência, resistência,
precisão, inteligência, criati-
vidade e concentração são
características necessárias ao
bom atirador de elite, mais
conhecido como Sniper. O
nome Sniper, originado em
meados de 1770 por soldados
na Índia Britânica, fazia alusão
àqueles que conseguiam caçar
o pássaro de nome Snipe, ágil
e difícil de ser abatido. Passou
a ser utilizado como referência
aos atiradores de elite somente
por volta de 1824.
A figura do Sniper vem
sendo utilizada desde a
Revolução Americana, de onde
se têm os primeiros relatos do Sniper do GRUMEC em adestramento
emprego de atiradores de elite
na Guerra Civil Americana, moral da tropa inimiga com seus pequenas e navios).
Batalha de Trafalgar (fontes disparos silenciosos e precisos. Geralmente, os disparos
afirmam que até Lord Nelson, Suas principais tarefas são: realizados de helicópteros e
com todas as suas táticas, . Eliminar pessoal inimigo; embarcações pequenas, como
não pôde resistir à furtiva . Eliminar caçadores ini- a HURRICANE, no caso do
natureza de um ataque Sniper), migos; GRUMEC, são para suprimir o
I e II Guerras Mundiais, Vietnã, . Neutralizar meios mate- fogo do inimigo em missões com
Malvinas, Iraque e Afeganistão, riais; e destacamento de abordagem
até os dias de hoje, quando são . Coletar dados de inteli- (DA) ou com o GERR/MEC,
empregados como parte de gência (reconhecimento). fazendo com que a infiltração
tropas convencionais, de equipes O atirador pode ser da equipe de assalto no Contato
de operações especiais, em ações empregado, também, em ações de Interesse seja mais segura.
contraterrorismo e antipirataria, de contraterrorismo, realizando Já disparos realizados de
e em ações urbanas policiais. apoio de fogo para uma equipe navios podem ser mais precisos
“Voluntário selecionado, de assalto e resgate de reféns, devido à maior estabilidade
especialmente treinado em neutralizando o elemento hostil dos mesmos, não deixando de
avançadas técnicas de tiro e sem colocar pessoal em risco. considerar as condições de mar
progressão no terreno. Pode Nos tempos atuais, onde o e vento.
suportar missões de operações Incidente de Proteção Marítima Como exemplo da
especiais e está habilitado a está em destaque, a utilização complexidade e dificuldade
engajar alvos selecionados de do Sniper, no mar, passou a de uma missão de atiradores
posições ocultas sob condições ser maior. Por ser um meio de precisão em ambiente
e distâncias não possíveis ao aquoso e que varia de acordo marítimo, cita-se o resgate do
atirador comum” (Tc 31-32 com as condições climáticas, as Capitão do Maersk Alabama,
Special Forces Snipers Training plataformas que os atiradores Richard Phillips, em 2009,
and Employment), o Sniper é podem utilizar fazem com em que atiradores, a partir de
um fator de força para as tropas que o emprego do mesmo, uma plataforma móvel, USS
amigas, pois sua presença no em ambiente marítimo, seja Bainbridge, realizaram disparos
teatro de operações reduz a mais complexo, pois são sincronizados, em momento
velocidade de progressão do consideradas plataformas mó- oportuno, eliminando três
oponente, causa terror e baixa o veis (helicópteros, embarcações piratas somalis e neutralizando
O Periscópio 2013 / CT Dibo
30
Os submarinos “Barracuda”
terão a possibilidade de
emprego, para utilização
em 4 tubos de torpedos, os
seguintes armamentos: os
torpedos pesados “Black
Shark ou Artemis”, mísseis
anti-navios Exocet SM39 e
mísseis de cruzeiro “Scalp”,
com capacidade de embarcar
no total 20 unidades de
armamentos pesados. Além
disso, serão capazes de
embarcar 12 militares para
Operações Especiais com seus
equipamentos acondicionados
em um casulo acoplado atrás
da vela do submarino para a
execução de ações de guerra
não-convencional.
A cota máxima de operação
para estes Submarinos será
de 350 metros (1.150 pés)
e desenvolverá velocidade Submarino Scorpene em adestramento
Submarinos Nuclear de Ataque Franceses: Programa “Barracuda” 35
Dados Gerais
Características Gerais
ao regulamento publicado
petrolífera (SINTASA – Sindicato
e aprovado pelo Decreto de
Nacional dos Trabalhadores em
24 de setembro de 1908 lista
Atividades Subaquáticas).
o numeral de 1 marinheiro
A prospecção de petróleo
mineiro mergulhador.
na plataforma continental
deu origem a uma verdadeira Apesar de muitos homens
corrida tecnológica, tendo terem, ao longo da nossa
havido a formação de diversas história, se voluntariado
companhias especializadas e para o exercício desta nobre,
resultando na importação de árdua e difícil profissão, até os
dias atuais, apenas um seleto Figura 6 – Obras da construção da
sofisticada tecnologia. ponte Rio Niterói.
Na atualidade, a definição grupo com pouco mais de 1.000
do mercado subaquático nacional militares alcançou seu objetivo.
permite uma maior clareza em As palavras que faziam parte da empregamos essa técnica de
relação ao novo modelo que fraseologia padrão do mergulho mergulho quer em situações
se apresenta, sendo possível dependente, e que antecediam reais, como na reflutuação
entender melhor essa atividade. o envio do mergulhador do submarino Tonelero, quer
O mergulho profissional se equipado com o escafandro em exercícios de Salvamento
divide basicamente em 5 às profundezas (Figura 6), Submarino (SARSUB), on-
grupos, e dentro desta divisão ainda ecoam na memória de é realizada a localização
os mergulhadores da Marinha dos que tiveram a honra de do submarino sinistrado,
do Brasil se enquadram no 3º usar este equipamento...“PINO passagem de ar e material
e 5º grupo respectivamente: DE SEGURANÇA PAS- para prover suporte à vida dos
Mergulho de resgate ou de SADO, TRAVADO E CON- tripulantes, escape individual
segurança pública – Treinamento TRAPINADO. TORNEIRA pela guarita de salvamento e o
árduo devido à seleção dos AUXILIAR DE DESCARGA resgate de tripulantes através
alunos por capacidade e afinidade, ABERTA, VÁLVULA DE do acoplamento do sino de
sendo poucos que se prestem DESCARGA ABERTA COM resgate do Navio Felinto Perry,
a esta atividade ou concluam o DUAS VOLTAS E MEIA. BOM que envolvem um alto grau
curso. São profissionais que não MERGULHO”. de profissionalismo por parte
têm a escolha de mergulhar ou Com o passar dos anos, dos envolvidos e um perfeito
não, e o Mergulho de combate os equipamentos dependentes funcionamento por parte dos
– Atividade realizada pelo evoluíram, ficaram mais equipamentos; ou, ainda, nas
Grupamento de Mergulhadores leves, mais resistentes e mais longas saturações realizadas
de Combate (CALIL, 2009). seguros, mas o seu princípio de nas instalações do Centro
funcionamento e a sua essência Hiperbárico do CIAMA, e nos
O mergulho dependentE permanecem os mesmos, pois
NA MARINHA DO BRASIL vários adestramentos de Corte
eles constituem, por excelência, e Solda submarina.
Segundo (CARVALHO, o equipamento do mergulhador
1991), no Brasil, a escafandria profissional.
Considerações finais
começou no Arsenal de Marinha Na realidade atual da
do Rio de Janeiro, passando, Marinha do Brasil, usamos O intuito deste artigo foi
depois, a ser parte constituinte o mergulho dependente não abordar de maneira resumida
da Flotilha de Submarinos, mais apenas para uma simples questões fundamentais acerca
criada em 1914. O Corpo de faina de busca ou procura da origem e desenvolvimento
Marinheiros Nacionais estava subaquática, ou ainda para histórico do mergulho, mais
organizado por companhias uma inspeção em um pilar de especificamente do mergulho
de especialistas. Uma consulta uma seção de cais, por exemplo, dependente, no mundo
42 O Periscópio 2013 / 2SG Diniz
Os Membros Permanentes
do Conselho de Segurança das
Nações unidas possuem as
Marinhas mais poderosas do
mundo. Por isso, elas foram
escolhidas como enfoque deste
trabalho.
Tendo em vista a necessidade
crescente de aperfeiçoamento
e inovação na área militar, Câmara do Conselho de Segurança da ONU
a fim de se contraporem às
novas ameaças do mundo Comandos de OpEsp com as unidades mais empregadas
contemporâneo, esses países agências de Inteligência –, nessas situações, pois a
têm dado importância cada vez em ações diretas e imediatas probabilidade de ocorrência de
maior à atividade de Operações de variados tipos contra um uma crise político-internacional
Especiais (OpEsp), o que se agente adverso, em combate ao fica mais reduzida, em virtude
observa largamente nas ações terrorismo e à pirataria – por dos aspectos supracitados.
hollywoodianas divulgadas pela isso comumente empregados na
Por ocasião da pesquisa realizada
mídia nos últimos anos. costa da Somália – e em resgate
pelo autor desta matéria, ficou
de reféns.
O crescimento dessa atividade bem claro para este que as
se justifica mais pela eficiência Esses grupos têm habilidades autoridades dos Países-Membros
no cumprimento das missões, para ser empregados tanto em Permanentes do conselho de
muitas vezes mais econômicas, navios e submarinos quanto em Segurança da ONU procuram
do que pelo emprego de uma aeronaves, com ou sem apoio ter esses grupos de OpEsp o mais
força convencional, pois que as logístico, próximos ou distantes próximo possível do seu alcance
unidades de OpEsp são mais de suas bases, dentro ou fora para uma eventual decisão
reduzidas e compostas por de seus territórios nacionais, de emprego, mantendo um
elementos de mais alto padrão durante tempo de paz ou em controle mais direto e eficiente,
de formação e treinamento. guerra. em face das mudanças rápidas
da conjuntura mundial e da
Os militares componentes desses Por essas múltiplas qualidades e
resposta rápida que os comandos
grupos são especializados em opções de emprego, as unidades
unificados podem prover.
reconhecimentos e operações de OpEsp transmitem mais
clandestinas de extremo confiança às autoridades em Por conseguinte, a maioria
sigilo – consequentemente, situações sensíveis, seja contra dessas unidades é subordinada,
a proximidade de alguns alvos táticos, seja estratégicos. operativamente, a um comando
Em tempo de paz, são as de OpEsp dentro de cada
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros do Conselho de Segurança da ONU 45
FRANÇA
Os Coman-
dos existem seis
unidades de OpEsp
subordinadas à
Marinha Francesa, cujo efetivo
estima- se em torno de 500
militares: Commando Jaubert,
Commando Trépel, Commando
de Montfort, Commando de
(USSOCOM), sediado na Base O SBS é formado por Penfentenyo, Commando
Aérea de MacDill, em Tampa, fuzileiros navais, e seus Hubert e Commando Kieffer.
no Estado da Flórida. membros são considerados Os referidos nomes são
A mais recente e expressiva a elite dos militares daquela homenagens a militares mortos
ação de uma equipe SEAL, Marinha. em ação entre 1946 e 1962.
nomeada como Operação Essa unidade fica sediada As unidades são divididas
Neptune Spear (Lança de na grande cidade costeira e por tipo de atividade, por
Netuno), redundou na morte portuária de Poole, no condado possuírem certo domínio de
de Osama Bin Laden, em de Dorset, situado no litoral sul excelência sobre ela. Nessa
abbottabad, no Paquistão, em 2 da Inglaterra. esteira de raciocínio, destinam-
de maio de 2011. O seu emprego mais recente, se a Jaubert e Trépel o bloqueio
divulgado oficialmente, ocorreu e proteção marítimos (Grupo de
no Afeganistão e no Iraque. No Visita e Inspeção) e resgate de
entanto, o mais impressionante reféns; a Montfort, ações diretas,
REINO UNIDO se deu na Guerra das Malvinas, apoio às operações anfíbias e
em 1982, quando, juntamente apoio de fogo; a Penfentenyo,
com o SAS (Special Air Service), reconhecimento e inteligência;
Special Boat contribuiu decisivamente para o a Hubert, mergulho de
Service (SBS) – sucesso da empreitada britânica. combate; e a Kieffer, combate a
Dado o seu tipo Ressalta- se a neutralização da novas ameaças. Essas unidades
de trabalho, pouco defesa argentina da Baía de São também são empregadas em
é divulgado sobre esse grupo Carlos, o que proporcionou a operações policiais, tais como:
no site oficial da Marinha conquista daquela localidade, pescaria e imigração ilegal,
Real Inglesa. Vislumbra-se, no assim como a ação diversionária combate ao terrorismo e à
entanto, o quantitativo entre em Port Stanley, que culminou pirataria, e ao tráfico ilícito.
200 a 250 militares altamente com a retomada da capital e o A maioria dessas unidades
especializados. fim da mencionada guerra. encontra-se instalada na cidade
de Brittany, localizada a noroeste
da França. Os elementos de
OpEsp franceses são chamados
de bérets verts (boinas verdes),
como os elementos dos
comandos britânicos (green
berets), os quais tiveram sua
formação original durante a II
Guerra Mundial.
As informações do
Commando Hubert,
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros do Conselho de Segurança da ONU 47
institucional. Prova é que, por O projeto nuclear da US de sua cor de pele, origem social,
ocasião do acidente nuclear Navy se realizaria sem Rickover? inclinação política ou crença
de Three Mile Island, em A resposta é: provavelmente, espiritual. Há que se agregar
1979, Rickover foi chamado ao sim. Mas talvez sem a mesma estes talentos na Marinha,
Congresso para sugerir como se velocidade, magnitude e, identificar, chamá-los a participar,
poderia aplicar sua política de sobretudo, sem a mesma fazê-los crescer, oferecer-lhes
segurança de reatores nucleares segurança. O Almirante era todas as chances e estimulá-los a
aos empreendimentos civis. obcecado pelo objetivo “zero dar o melhor de si para o país.
Nas palavras do Almirante: acidente”, fazendo questão de Também lança um alerta:
“Não existe v a r i - assumir toda a operação “from precisamos melhorar educação
nha de condão. Um programa the womb to the tomb”, isto oferecida aos nossos jovens,
de sucesso é uma integração é, ele supervisionava desde a pois milhares de Rickovers em
de diversos fatores. Tentar construção de um submarino potencial se perdem todos os
selecionar um deles como até a sua desativação décadas anos por falta de oportunidade
elemento chave não funciona. depois. E ele embarcava em de melhores estudos. Quantas
Cada fator depende dos demais” todo submarino que construía boas pessoas com excelentes
Hiperativo, excêntrico, por ocasião das provas de aptidões habitando rincões
mordaz, mas um batalhador mar. Chamava para si a distantes deixam de servir ao
incansável. Esse era Hyman responsabilidade. Tinha país porque não lhes é oferecida
Rickover. Ele morreu em 1986, comprometimento. a oportunidade de melhorarem
aos 85 anos, e está sepultado, ao Sua obra também nos suas vidas e somarem à
lado dos presidentes a quem ele ensina que, para empreender sociedade? Rickover dedicou
serviu, no Cemitério Nacional grandes projetos, não basta a os últimos anos de sua vida
de Arlington, destinado aos disponibilidade de orçamentos, a batalhar pela melhora da
grandes heróis dos Estados ou a mera capacitação educação dos EUA, porque sabia
Unidos. profissional: faz-se necessário que para projetos de grande
um profundo comprometimento, magnitude não basta injetar um
As lições que ele nos elevado espírito público e uma rio de dinheiro: há que se formar
deixa obstinação inabalável para técnicos, operários e engenheiros
finalizar um trabalho perfeito. qualificados para a tarefa.
A vida de Hyman Rickover Também se verifica a Se um homem aguerrido
é um exemplo de trabalho duro, importância da simbiose entre como Rickover tivesse sido
determinação, competência e, Forças Armadas e sociedade: substituído no cargo nalgum
sobretudo, profundo amor e Rickover conhecia bem a máquina momento por um oficial de
senso de responsabilidade para governamental americana e os mentalidade burocrática
com o país que o acolheu. Uma anseios do povo que o acolheu, interessado apenas em fazer
prova inconteste da vitalidade e sabia “vender” suas idéias a carreira, os EUA talvez tivessem,
e pluralidade da sociedade estes segmentos. Fato é que o ao menos no fundo do mar,
norte americana, capaz de Congresso americano não dava perdido a Guerra Fria para a
oferecer a oportunidade de um o orçamento para a US Navy, URSS.
imigrante ascender até o topo dava-o ao projeto de Rickover...
se a sua competência assim o É preciso, faz-se impres-
permitir (lembremos que ele cindível que busquemos
não é um exemplo isolado: pessoas assim em toda parte,
Henry Kissinger, nascido na com este ânimo, esta vontade
Alemanha, chegou a Secretário de trabalhar, de realizar tudo o
de Estado, o segundo cargo que o espírito humano é capaz.
mais importante na república Necessitamos urgentemente de
americana). gente realizadora, independente
Túmulo de Rickover em Arlington
53
54 O Periscópio 2013 / CMG (Ref.) Guaranys
saber se ausência de emissão é nêutrons livres colidam com por causa de UO², basta
falta de refletor ou de percurso núcleos possuidores de urânio adicionar UO² quando parar
ofensivo terá de emitir mais até 235, imersos em água leve. A por manutenção programada.
garantir ausência de detecção, cada fissão, a molécula de água Durações atuais de carga
enquanto ativas não negarem aquece, transferindo calor para (entre 13 e 30 anos) impedem
outra presença. Emissor se água do lado frio do trocador, decepção logística (suspender
arrisca à detecção, mas emite. que vaporiza e aciona turbinas. SNB enquanto troca carga de
Peixe usa o conjunto inteiro Número de colisões dentro combustível porque as paradas
buscando alimento e fugindo do vaso é regulado pela oferta de manutenção são suficientes
do predador até que emissão de combustíveis (U235) e pela para reposição). O reator do
deste o atinge com alcance retirada de nêutrons graças a SNB tem enriquecimento de
inevitável, sem que emissão barras ou líquido absorventes. U235 elevado dos .7% naturais
anterior da vítima a tenha Peças de UO² gastam U235, mas para 3.8%, previsão de troca
alertado. continuam a suprir colisões para 4 anos.
Dificuldade do SNB é até deixarem de ter U235 em O SNB usa os mesmos
o reator com potência para quantidade que seja atingida sensores e armas e do mesmo
velocidade de 38 nós e carga pelos nêutrons. Caindo a modo que os convencionais.
físsil para 30 anos. O nuclear quantidade, cai a produção Submarinos usam mísseis para
explora velocidade movendo de nêutrons e cessa a reação; ocupar submarinos adversários
o casco para aumentar tempo crescendo a quantidade, cresce em patrulhar regiões de
disponível de atuação cabal produção de nêutrons logo lançamentos voltados aos
das contramedidas antitorpedo consumidos, exceto se produção litorais deles. Usam torpedos
desde 4 até 9 minutos, e para excede consumo (podendo até contra outros e navios de
deslocar seu volume indiscreto exigir introdução de veneno superfície. Hoje, torpedos
de onde cometeu indiscrição para limitá-la). Colisões são são anulados por dupla
para local discreto e distante difíceis porque espaço entre de “desarrumadores” das
15 minutos, definido pela núcleos férteis é imenso para reflexões deles e “imitadores”
condição batitermográfica. Não tamanho de nêutrons, somente do alvo, se vigilância percebe
convém velocidade de 25 a 28 úteis quando moderados. o “grito” indiscreto deles.
nós, de convencional rápido, Mantidas as proporções, se um Somente se navega com
pois gastará 60 minutos para núcleo de hidrogênio for uma vigilância antitorpedo. Temos
percorrer metade da distância bola de futebol no centro do torpedos MK-48, combustão
esclarecida, duração fértil para Maracanã, o elétron dele é uma interna e Black Shark, elétrico,
intruso chegar nela. cabeça de alfinete em órbita ambos guiados a fio durante
Desfrutasse 29 a 38 nós externa ao prédio do estádio! 50 km, com controle específico.
essa duração encurtaria para 45 Manejo da absorção por Ambos prosseguem sem
minutos, mais segura. Navegar barras conduz consumo de guidagem mais 26 e 46 km
mais rápido que 38 nós depende U235 da base para o topo da respectivamente.
de esclarecer amplidão e distribuição dele na pilha Tanto o SNB como os
probabilidade de alertar de combustível, esgotando convencionais empregarão
estranho e continuar alertando zona após zona. Exaustão os mesmos mísseis Avibras e
mediante fração acústica da depende da fartura de U235 Mectron, repletos de evasivas e
energia debitada. Obriga parada via teor de enriquecimento, contramedidas!
no trânsito e trecho adicional de formato e homogeneidade do Demora saber a importância
esclarecimento. Parada reduz a combustível, intensidade da de todos submarinos perante
34 nós a velocidade média. reação e zonas ainda fora da o nuclear único: continuam
A carga físsil é a distribuição reação. Não é preciso apagar o muito importantes por serem
dentro do vaso do reator das reator para levar mais uma zona submarinos, assim reduzindo
pastilhas de UO² de modo que a reação, nem parar o submarino importância da propulsão!
57
58 O Periscópio 2013 / 1T Santiago
O Salto Equipado
teríamos que realizar um back acordo com a subida do avião, comandamento dos alunos é de
looping (uma cambalhota para observo o altímetro do instrutor 5.000 pés (neste ponto do salto,
trás), cuja finalidade era avaliar ao lado e constato que ambos minha velocidade é próxima de
se o saltador livre conseguia estão exibindo a mesma altitude. 200km/h, e percorro 1000pés
recuperar sua estabilidade e em Subida sem turbulências, a a cada 5 segundos), levando-
seguida realizar uma sequência soltura do cinto é autorizada. se em conta o tempo gasto
de movimento ordenada pelo Uns conversam, outros ficam durante o procedimento de
instrutor, geralmente curvas ou calados, alguns olham para fora, comandamento, ao visualizar
track (deslocamento). tentando achar as referências no 5.500 pés no altímetro, iniciei
Naquele dia, o salto já solo e outros fecham os olhos, a sinalização e em seguida,
não era mais de cinco, sete os comportamentos são bem simultaneamente compensei
ou nove mil pés. Dessa vez, diferentes, mas a concentração e com o braço esquerdo à frente
chegaríamos aos 12.000 mil pés o foco são nítidos no semblante do meu rosto e comandei o
– na verdade, muito melhor, de todos. Ao comando do aluno paraquedas com o direito. Ao
mais tempo de queda livre. mais antigo, todos bradam: realizar o check visual, não
Como de costume, chegamos “Salto! Livre!”. Logo em seguida vi o velame retangular que
ao hangar, pegamos o material a rampa se abre, já estamos deveria estar sobre minha
individual e estendemos a lona próximos da altitude desejada, cabeça, imediatamente desferi
do lado de fora. Assim que os o MSL ordena levantar. cotoveladas enérgicas sobre
instrutores definiram as equipes Imediatamente meu instrutor o container, a fim de liberar a
de cada avião, verifiquei que acompanhante realiza mais uma bolsa com o velame. Quando
eu era o quarto saltador do inspeção em minha equipagem a bolsa saiu, no entanto, ela se
primeiro avião a decolar. Logo e aguarda ao lado, olho para enrolou na fita que guiava
em seguida, recebi a ordem o meu altímetro e vejo-o, pela o piloto (espécie de pequeno
de guarnecer paraquedas. primeira vez, chegar aos 12.000 paraquedas que tem como
Já equipado, apresentei-me pés; lá na rampa, já visualizo função puxar a bolsa com o
para a inspeção do instrutor. o MSL fazendo suas últimas velame de dentro do container),
Inspecionado, fomos para a correções, o avião agora já está ou seja, a bolsa não abriu. Olhei
área de espera em frente ao na final. Meu instrutor liga a para o altímetro, marcava 3.000
hangar. Nesse momento, o câmera, vira para mim e brada: pés, não hesitei, a altura limite
meu instrutor acompanhante “Fortuna!”. Instantaneamente para executar o procedimento
se aproxima e pergunta se já eu respondo: “Audaces de emergência, 2.500 pés, já
sei o que tenho que fazer, ao Sequitur!”. Em segundos, luz se aproximava. Olhei para o
receber a resposta afirmativa, ele verde no convoo, o MSL dá o desconector do paraquedas
estabelece o comando de voz: Já, a primeira dupla sai, poucos principal e empunhei, olhei para
“Hey! Ho!” com o qual sairemos segundos depois a próxima, em o punho do reserva e empunhei,
da aeronave em movimento. seguida a terceira, meu instrutor selei (executar a posição de
Com o ronco dos motores vira de costas para a rampa e estabilidade máxima em queda
da aeronave c-105 amazonas, no comando dele, mergulho em livre forçando a cintura para
da Força Aérea Brasileira, já sua direção, utilizando-o como baixo), desconectei o principal
bem à nossa frente, recebemos referência. e comandei o reserva. Ao
a autorização para o embarque Ao alcançá-lo, inicio realizar o check visual, lá estava
e, então partimos para a rampa as manobras. Primeiro o o velame retangular, agora de
do avião. Dentro dele, o Mestre back looping, recuperada cor branca, cor dos paraquedas
de Salto Livre, ou MSL, ordena a a estabilidade, verifico o reserva, células infladas, linhas
colocação do cinto de segurança. altímetro e inicio as curvas, estendidas e desembaraçadas e
Rampa fechada, a aeronave parte inicialmente para a direita, olho slider baixo, minha vida estava
para a pista principal e levanta novamente o altímetro e faço garantida.
voo, olho para o meu altímetro e outra para a esquerda. Já estou Passando para o check do
observo que ele está variando de a quase 6.000 pés, a altura para horizonte, constatei que não
O salto equipado 61
Sem hesitar1
(Aprendendo a tomar rápidas decisões éticas com simuladores
interativos)
você faz, a narrativa gira usar simulações interativas dimensão de certo e errado aqui
em uma direção diferente. de multimídia, para ajudar a ou estão competindo valores
Cada um tem consequências desenvolver corajosos líderes no trabalho?
próprias e muda a situação éticos há vários anos. Em Assumindo que a situação
conforme você decide. Desta colaboração com as Forças de levanta um problema ético, o
feita, você experimenta Defesa do Canadá, o Centro próximo passo é pesar várias
como suas decisões afetam o pesquisou a obra do já falecido opções racionais. O objetivo é
resultado. Espera- se assim, Vadm. James Stockdale, distinguir o certo do errado e
também como subproduto professor de psicologia a pior da melhor opção, além
dessas simulações, que a educacional da universidade de identificar as obrigações
primeira vez que lidar com de Minnesota, e Thomas Jones, concorrentes. O tomador de
cenários de dilemas correlatos, professor de gestão de negócios decisão também está pesando
você “rascunhe” uma da universidade de Washington. as ações possíveis. Ele, ou ela,
solução instintivamente, sem Em seguida, validou a pesquisa pode fazer perguntas como:
orientação, ou melhor dizendo, com populações de aspirantes e • Que ações produzem o
sem a necessidade de realizar capelães da Marinha. maior bem e o menor dano?
simulações mentais controladas, Os professores centraram- • Que medidas respeitam
produzindo soluções cognitivas se em uma pioneira abordagem os direitos e dignidades de
de respostas bastante positivas de quatro componentes para a todos?
e, por que não dizer, testadas. tomada de decisões, as quais • Que ação trata todos
(Processo cognitivo similar combinam o desenvolvimento igualmente, ou se não igual,
e recorrente na condução cognitivo, perspectivas pelo menos proporcionalmente
do estágio de Qualificação sociais, comportamentais e e de forma justa?
para Futuros comandantes psicanalíticas. Ele afirmou que, • Como eu gostaria de ser
de Submarinos no Brasil - quando confrontado com um tratado?
EQFCOS)2 dilema ético, os indivíduos se • Que tipo de pessoa serei
Um tutorial que movem da consciência moral se eu agir ou não agir nesta
acompanha a simulação - o reconhecimento de uma situação?
fornece a orientação. Cada situação moral, ao julgamento O próximo passo é decidir o
uma das simulações vem com moral - para a avaliação de que fazer ou não fazer. Decidir
um modelo prático, passo-a- opções e resultados. o que fazer também significa,
passo, que orienta, através do Passando pela intenção concomitantemente, a coragem
processo de tomada de decisão, moral - escolhendo como se de agir, muitas vezes em face da
da consciência moral à ação pretende atuar e, por último, a grande oposição.
ação moral - o comportamento Às vezes, as pessoas podem
moral, ou seja, de reconhecer
real da situação. Uma falha em reconhecer um dilema ético,
que a situação envolve questões
qualquer etapa desse processo decidir “a coisa certa a fazer”,
éticas até agir de forma ética.
poderia resultar em falha na resolver agir, e ainda assim não
O tutorial habilita
tomada ética de decisão. agir. Se inquirido a explicar
a retornar ao cenário e
No primeiro passo, há a omissão na ação moral,
experimentá-lo novamente,
nível básico de reconhecimento eles muitas vezes se referem
aplicando-se às etapas, a
onde a situação é moralmente ao poder de outras pessoas
ferramenta para trabalhar seu
“carregada”. Ela desperta envolvidas, desde a pressão
caminho através do dilema.
emoções morais como raiva, dos colegas, até a reprovação
medo, vergonha ou empatia. O antecipada de um superior. No
Começando com a entanto, a ação moral significa
decisor responde à pergunta:
teoria do Som “Há algo errado aqui”? Há a realização da decisão moral,
O centro “Stockdale” uma pessoa, comunidade ou apesar da oposição ou possíveis
começou a explorar a ideia de um ideal em risco? Existe uma consequências.
Sem hesitar 65
Este processo, à primeira potencialmente afetados pelas interativas, bem como tem
vista bastante simples, pode consequências. Proximidade facultado aos Estados-Maiores
ser complicado por fatores pode ser um sentimento de de toda a Frota essa fantástica
que aumentem a intensidade proximidade física, cultural, ferramenta cognitiva.
moral da situação. O Prof. social ou psicológica
Jones observou que algumas Conclusão
características específicas de Criando um mundo Um líder ético deve estar
uma situação aumentam a sua realista preparado para tomar todas as
intensidade moral, afetando medidas. De consciência moral
Encontrar um processo,
a capacidade dos indivíduos à ação moral em qualquer
passo a passo, para a tomada
na tomada de decisão. Ele situação que surja, e fazê-lo tão
de decisão, é apenas metade
descreveu seis fatores de rapidamente quanto necessário.
da história. Para ser eficaz, as
intensidade moral: magnitude Isso exige experiência, que é o
simulações tiveram de criar
das conseqüências, o consenso fundamento essencial para
mundos cheios de detalhes
social, a probabilidade de toda a liderança eficaz, pois
verossímeis e situações
ocorrer efeitos, o imediatismo prepara o tomador de decisão
realísticas que engajavam os
temporal, proximidade e a tanto emocional quanto
participantes.
concentração dos efeitos. intelectualmente.
Pesquisas no centro A melhor experiência vem
Stockdale descobriram que Ensinar com simu- do mundo real, mas o preço
quatro, dos seis fatores de lações a agregá-la pode ser elevado.
intensidade morais que mais O tenente Mitch Eliason, Modelos pragmáticos de
influenciam a tomada de um submarinista nuclear tomada de decisões podem
decisão são: magnitude das experimentado, que serviu no reduzir o risco envolvido em
conseqüências, o consenso USS Los Angeles (SSN-688) ganhar experiência no mundo
social, a probabilidade de está desempenhando a função real, introduzindo os decisores
ocorrer efeitos e a proximidade. de instrutor de liderança na nos dilemas éticos que irão
Magnitude das consequências academia Naval dos EUA e tem enfrentar antes de se deparar
significa o quanto um indivíduo usado a biblioteca do centro de verdade. Simulações
pode ser prejudicado por uma de simulações interativas. Ele podem ajudar a construir a
ação ou beneficiar o tomador sustenta que “as simulações “memória muscular” moral,
de decisão. Consenso social interativas são a melhor maneira necessária para lidar com alta
significa o quanto um grupo de capturar a atenção dos tensão e situações moralmente
social concorda que uma ação é alunos e mantê-los envolvidos ambíguas em todos os níveis
boa ou ruim. Este grupo social no tema. Lições de liderança e de comando, assim como
poderia ser a sociedade como tomadas de decisões éticas são o treinamento de combate
um todo (que, por exemplo, as mais difíceis de apresentar de realista ajuda a preparar os
espera que as pessoas respeitem forma eficaz, e estas simulações futuros comandantes, de todas
e cumpram a lei) ou um têm tornado isso fácil.” as categorias, para as demandas
pequeno grupo de colegas como extraordinárias de guerra.
um indivíduo. Probabilidade O Futuro
de efeito é a probabilidade de Nota:
que os resultados previstos O Centro de Stockdale
Matéria publicada na revista
e o nível esperado de dano continua a trabalhar com “UNDERSEA WARFARE”, escrita
ou de benefício irão ocorrer. corpo docente da Academia pela Dra. Elizabeth Holmes, que é
Naval para encontrar maneiras psicóloga e Diretora de Avaliação
Proximidade refere-se à de Perfis do Centro Naval
proximidade do tomador de de expor regularmente a “V.Adm. James Stockdale” de
decisão para com os indivíduos sua biblioteca de simulações Liderança Ética.
66 O Periscópio 2013 / Asp Coelho
Aspirantex 2013
Atenção pelotão!
No cotidiano de nossa demais, fraca ou forte além do o corpo; a partir dos 60 anos a
vida militar ouvimos essa normal. voz pode ficar fraca e trêmula.
frase e não imaginamos que Caso a voz se torne Nas mulheres ela se torna mais
há um conjunto de músculos, diferente sem motivo algum, grossa e nos homens mais fina.
cartilagens e nervos que piore em situações em que o Devemos prestar atenção
são responsáveis por esta uso é frequente, e mesmo com em nossas crianças. A rouquidão
vibrante frase. A voz humana repouso vocal não haja melhora, por mais de 15 dias ou com uma
é produzida na laringe, um poderá indicar um possível recorrência elevada durante o
tubo que está localizado no sinal de disfonia vocal, ou seja, ano, pode ser um sinal de alguma
pescoço. Esse tubo é formado alteração por mau uso da voz, alteração. Nesse caso não deixe
por cartilagens, músculos e ou por hábitos errados. A voz de procurar um especialista. As
membranas. As principais pode mudar durante o dia, crianças possuem o hábito de
cartilagens são: cricóide, porque a tensão do nosso corpo gritar, fazer o mau uso da voz
tireóide, aritenóide e epiglote. varia e a voz tende acompanhar em vários momentos, sendo que,
As pregas vocais, que nosso estado físico e emocional. esse forte atrito constante entre
popularmente são chamadas Por exemplo, em situações de as pregas vocais pode prejudicar
de “cordas vocais”, auxiliam na muito barulho ou ministrando a saúde vocal e contribuir para
produção da voz, essas pregas aula, a voz automaticamente o aparecimento de lesões na
vibram com a passagem do ar se torna mais forte e cansada laringe como os nódulos vocais,
dos pulmões, os movimentos e, consequentemente, quando “os famosos calos”.
são ondulatórios de baixo estamos relaxados, a voz fica Temos exemplos clássicos
para cima e antero – posterior. mais solta e mais baixa. de alteração vocal: a fenda
Esse som é transformado Se por algum motivo ficar glótica (abertura na prega vocal),
em fala quando é articulado sem voz, não force, fale baixo nódulos vocais, pólipos, cistos,
pelos movimentos de várias e mais devagar, articulando mas há lesões que demoram a
estruturas da cavidade oral, bem os fonemas, porém evite cicatrizar ou que crescem muito
como a boca, língua, lábios e sussurrar. Nesse caso, mantenha- rápido que podem sinalizar
todos os impulsos de acordo se hidratado, bebendo água futuros tumores. Hoje, as equipes
com o que queremos falar e a ao longo do dia, evite bebidas multidisciplinares, presentes
forma como será executado é irritantes a mucosa (café, também no nosso meio militar,
comandado pelo nosso cérebro. cerveja, vinho...) e procure um estão juntas no tratamento do
A nossa voz é resultado médico otorrinolaringologista o câncer de cabeça e pescoço.
de características herdadas e mais rápido possível. Portanto devemos ficar atentos
do ambiente em que vivemos. A voz humana acompanha e observar o aparecimento
Cada voz é única, e podemos o nosso desenvolvimento, de lesões no interior da boca
ser identificados pela forma nossa trajetória de vida. A voz (úlceras que nunca cicatrizam),
com que a usamos. A voz pode muda entre os 13 e 15 anos massas regionais ou erupção
variar bastante de acordo com (muda vocal) podendo ficar cutânea na face ou pescoço
nossas emoções e ela pode ser oscilante em um período de (caroço), dificuldade ao engolir
considerada um problema seis meses. Essas modificações líquidos e alimentos, engasgos e
quando há rouquidão, cansaço são nítidas nos meninos. A voz tosse constante e dificuldade ao
ao falar, voz fina ou grave também envelhece como todo respirar.
70 O Periscópio 2013 / CT Isabele
DISCUSSÃO:
INTRODUÇÃO Nos parágrafos seguintes
estamos expostos a condições
discutiremos a reação do orga-
A capacidade do organismo ambientais extremas como frio
nismo nas seguintes condições:
humano em desenvolver as ou calor extremo, ruído intenso
trabalho em ambientes muito
atividades diárias depende da e ambientes hiperbáricos.
quentes, muito frios, ruidosos e
habilidade de nossas células em Tais situações são usualmente
altas pressões hiperbáricas.
transformar a energia calórica vividas pelos militares que
dos alimentos que ingerimos exercem atividades especiais, 1- Trabalho em ambientes
em energia. Em condições como submarinistas e muito quentes:
normais de temperatura e mergulhadores, e daí surge A exposição prolongada
pressão, este mecanismo é a importância do militar em a temperaturas acima dos
regulado através da qualidade reconhecer precocemente os 37,5°C pode deteriorar
da nossa alimentação, nosso sintomas a fim de reconhecer tanto a performance mental
estado hormonal, condições quando buscar ajuda. quanto física. Inicialmente
cardiológicas e pulmonares, há o aumento da temperatura
sexo, idade, fumo, ingestão de MATERIAIS E MÉTODOS: corpórea (hipertermia) e
álcool entre outros fatores. Levantamento bibliográfico aumento do fluxo sanguíneo
Fatores externos podem através dos sites de pesquisa, no que gera sudorese na tentativa
influenciar a resposta do nosso site da Sociedade Internacional de resfriar o corpo. A sudorese
organismo, o que é acentuado de Medicina Hiperbárica e quando muito intensa pode
exponencialmente quando livros e revistas especializadas. levar à desidratação. Outras
alterações mais comuns são
o cansaço, sonolência, fadiga,
queda do rendimento no
trabalho, erros de percepção e
raciocínio. Em estágios mais
avançados da hipertermia pode
haver taquicardia, tontura,
náusea, vômitos, diarreia e
hipotensão.
Observa-se que os sintomas
descritos estão relacionados ao
quadro inicial de desidratação e,
por isso, a ingestão de líquidos
deve ser exaustiva para aqueles
que trabalham em ambientes
quentes.
Classificação de dano térmico
Sinais e sintomas em condições extremas de trabalho 71
USS Greeneville
76 O Periscópio 2013 / CT Dayse
se perceber que o comandante frequentemente, a cena infeliz menor parte do sucesso. Como
em questão, Scott Waddle, que tirou a vida daquelas um autêntico líder, delegou
não deixou de vivenciar nove pessoas, permanece poderes para a execução da
esse aspecto em sua prática. demonstrando sua capacidade de manobra, nunca se eximindo de
Detentor de invejável caráter superação ministrando palestras suas responsabilidades. “A falha
e personalidade marcante, a respeito do assunto. Numa não é o fim” tem o propósito de
demonstrou conhecer muito dessas palestras, cujo título em mostrar que mesmo nas grandes
bem o tema liderança, português poderia ser “A falha falhas, como naquela que
vivenciando-a até mesmo em resultou na tragédia do Ehime
sua derrocada. Sua perseverança Maru, quando não ocorrem
A liderança bem
e obstinação o colocaram em por má fé, por falha de caráter
posição de destaque na Marinha sucedida deverá sempre ou desonestidade, pode ser
Americana, sendo admirado por vir acompanhada extraída uma lição positiva, que
seus colegas e respeitado por venha servir de ensinamento,
seus superiores e subordinados.
de humildade, fator ou seja, um alerta para que o
Quanto à superação, talvez preponderante para mesmo erro não se repita.
tenha sido exatamente esse o que o líder não se deixe O fato de Waddle não
fator que mais comprovou a se ocultar por trás de suas
competência de Waddle como levar pelo descontrole punições ou evitar o contato
um verdadeiro líder. Como bem emocional provocado pelo com o público, expondo-se
mencionado no texto “Amarga continuamente a platéias que
Travessia” (O PERISCÓPIO. Rio
autoritarismo, pelo excesso conhecem o fato que o levou
de Janeiro: CIAMA. 2001, p.19), de confiança ou até mesmo a ser exonerado da Marinha,
o fato de “admitir que cometeu pela vaidade. demonstra que ele continua
erros, que seu comando foi, de exercendo positivamente sua
alguma forma, menos do que liderança, utilizando, com
perfeito” [...] foi uma “amarga não é o fim”, Scott Waddle humildade, seu próprio erro,
viagem de autodescobrimento afirma que, independentemente como exemplo do que não
para Waddle”. [...] “eu precisava da vontade individual, a vida se deve fazer. Scott Waddle
tanto de atenção que faria conduz os líderes a momentos em nenhum momento tentou
praticamente qualquer coisa decisivos. O resultado amenizar sua participação
para provar que eu era bom”, desses momentos, ou suas na falha dividindo-a com
dizia ele. conseqüências, determinarão seus subordinados. Deixou
A liderança bem seu caráter e possibilitarão claro, ainda, entender
sucedida deverá sempre vir avaliar seus verdadeiros valores perfeitamente que, ao delegar
acompanhada de humildade, morais. poderes, o líder nunca delega
fator preponderante para Quanto à Waddle, sua responsabilidades.
que o líder não se deixe levar falha não modificou seu caráter.
pelo descontrole emocional O erro não foi cometido em Conclusões
provocado pelo autoritarismo, decorrência de desonestidade, A liderança bem suce-
pelo excesso de confiança ou até de falta de integridade, ou por dida deverá sempre vir
mesmo pela vaidade. deficiência de ética profissional. acompanhada de humildade,
Atualmente, o ex- No resultado trágico, Scott fator preponderante para
comandante do Submarino Waddle agiu como um que o líder não se deixe levar
Greenesville, apesar de nunca verdadeiro líder, assumindo pelo descontrole emocional
mais ter conseguido dormir toda a responsabilidade por sua provocado pelo autoritarismo,
uma única noite sem se lembrar falha, assim como, se houvesse pelo excesso de confiança ou
da tragédia e de recordar, logrado êxito, teria assumido a até mesmo pela vaidade.
Scott Waddle: exemplo de superação 77
Os submarinos classe Toku quilha do primeiro da classe em 1942. Propunha uma frota de 18
Sen I-400 da Marinha Imperial janeiro de 1943 no estaleiro de submarinos grandes, capazes de
Japonesa foram os maiores Kure, em Hiroshima. Dentro de fazer três viagens de ida e volta
submarinos da II Guerra Mundial um ano, o plano foi reduzido para a costa oeste dos estados
e permaneceram os maiores já para cinco, dos quais apenas três unidos, sem reabastecimento, ou
construídos até o surgimento (I-400 em Kure, e I-401 e I-402 em uma ida e volta para qualquer
de submarinos nucleares de Sasebo) foram concluídos. ponto do globo. Eles também
mísseis balísticos na década de O submarino da classe I-400 deveriam ser capazes de
1960. Eram submarinos porta- foi ideia do almirante Isoroku armazenar e lançar pelo menos
aviões capazes de transportar Yamamoto, Comandante- dois aviões de ataque armados
três aeronaves “Aichi M6a em-Chefe da frota japonesa. com um torpedo ou 800 kg de
Seiran” submersos até os seus Pouco depois do ataque a Pearl bomba. Até 17 de Março, os
destinos. Eles foram concebidos Harbor, em dezembro de 1941, planos gerais de design para os
para vir à superfície, lançar ele concebeu a ideia de levar a submarinos foram finalizados.
seus aviões, então rapidamente guerra para o continente dos Após a morte de Yamamoto
mergulhar novamente antes de Estados Unidos, fazendo ataques quando seu avião foi abatido
serem descobertos. Eles também aéreos contra cidades ao longo durante uma visita de inspeção
levavam torpedos para combate da costa oeste dos EUA. nas Ilhas Salomão, em abril de
de curto alcance. Uma frota de Yamamoto apresentou 1943, o número de submarinos a
18 barcos foi planejada em a proposta final para o serem construídos foi reduzido
1942, sendo o batimento de almirantado em 13 de janeiro de de 18 para 9, depois 5 e finalmente
Reconhecimento (SECRON)
dos Fuzileiros Navais
(FUSNA), com experiência
em missões de paz da ONU
no Haiti, Congo, Camboja
e Chipre; e duas equipes de
operações especiais da Marinha
da Índia, os Marines Comandos
(MARCOS), com experiência
em operações de combate à
pirataria na região do Oceano
Índico e no Golfo de Aden
e no combate ao terrorismo
internacional, decorrentes dos
ataques terroristas à cidade de
Mumbai, em novembro de 2008.
Trocando
experiências e
conhecimentos
Infiltração do Mergulhador de Combate (MEC) por meio de Fast Rope
Desde o primeiro dia
em que chegamos à África
do Sul, fomos muito bem
Introdução Unidades recebidos pelos sul-africanos.
Em outubro de 2012, uma Participantes Começávamos a fazer
Equipe de mergulhadores Além da EqMec, as primeiras das muitas
de combate (EqMec) teve a participaram desta comissão amizades que fizemos no
oportunidade de participar as seguintes unidades: uma período do exercício. Cabe
das comissões Atlasur equipe do 4° regimento de aqui um parêntesis de que
IX e Ibsamar III, a fim de Forças especiais da África os operações especiais se
manter o aprestamento do Sul, que foi criado em entrosam facilmente uns com
dos meios envolvidos e a 1978 e é especializado em os outros, não importando
interoperabilidade dos países operações marítimas e possui a nacionalidade, a idade ou
participantes, permanecendo experiência de combates a patente. Não sei se ocorre
durante vinte e sete dias no 4° anteriores em Moçambique, o mesmo com as outras
Regimento de Forças Especiais Angola e Namíbia, através atividades, mas quem é um
da África do Sul, localizado de operações de sabotagem operações especiais sabe bem
em Donkergat, na península e reconhecimento; uma do que estou falando.
de West Coast, na cidade de equipe de operações especiais Durante este período,
Langebaan, África do Sul. do Uruguai, a Seção de as equipes da África do
A Merguladores de Combate treinam na África do Sul 83
Conclusão
Briefing do adestramento Esta foi uma excelente
oportunidade de operar na costa
oeste da África, em uma área
geográfica com características
específicas em relação às
condições meteorológicas, do
terreno e com águas a baixas
temperaturas, diferentes
das encontradas no Brasil.
Um aspecto importante foi
a possibilidade realizar as
três fases das operações
especiais (planejamento,
ensaio e execução), onde eram
considerados as características
e os métodos de cada país.
Além de contribuir para
estreitar os laços com as nações
Ataque de mergulho
A Merguladores de Combate treinam na África do Sul 85
participantes e aumentar a
interoperabilidade entre os
grupos de operações especiais,
foi a primeira vez que uma
EqMec operou com equipes
de operações especiais da
África do sul e da Índia. Este
período serviu para elevar o
nome do GRUMEC, da Força
de Submarinos e da Marinha
do Brasil, demonstrando
o nosso elevado grau de
profissionalismo, entusiasmo
e abnegação. Este fato foi
comentado e enaltecido
pelos militares das nações
participantes e despertou o
interesse daquelas unidades
em conhecerem e operarem
no Brasil em uma futura
Abordagem de navio suspeito de pirataria
oportunidade.
na qual funcionou como navio entregue a Heinrich Lehmann- de ir para o céu”, ou seja, sem
de instrução e experiências. A Willenbrock. Operavam nesta retorno. Todos os homens a
8a unterseebootsflottille3 era flotilha quase 180 U-boots das bordo do submarino tinham
uma flotilha de treino, com base classes VII c, VII c/41, XXII e consciência do seu destino.
em Danzig fora fundada em XXIII. Durante a II Guerra
Junho de 1941, sob o comando Mundial serviram nos
A Missão
do Korvettenkapitän4 Wilhelm u-boots 40.000 marinheiros
Schulz. Nos últimos meses O U-1277 suspendeu da alemães, onde 30.000 nunca
de 1944 alguns submarinos base no dia 22 de Abril, sob regressaram.
desta flotilha combatiam intenso bombardeio, para a
contra a Armada Soviética sua primeira e única patrulha A Rendição
no Báltico, já sob as ordens como submarino de combate,
No dia 4 de Maio de
de Fregattenkapitän5 Hans submergindo logo de imediato
1945, receberam a mensagem
Pauckstadt. A 8ª flotilha nas geladas águas do Mar
do Großadmiral9 Karl
acabou por se dispersar e a do Norte, para escapar dos
Dönitz, que ordenava a
sua história acaba em finais enxames de aviões inimigos,
todos os submarinos que se
de Janeiro de 1945. Dada a sem poder emitir qualquer
encontravam em atividade a
escassez de submarinos de sinal de rádio sob o risco de ser
suspenderem todas as ações
combate na frente atlântica, localizado e afundado pelas
ofensivas contra os navios
a 11 de Fevereiro de 1945, foi forças aliadas. A tripulação
aliados, desarmarem os seus
transferido para a 11ª flotilha apenas recebia informação
torpedos, emergirem, içarem a
de submarinos da Marinha de através do aparelho de rádio
bandeira negra e se entregarem
Guerra do Reich, comandada montado no topo do snorkel.
no porto aliado mais próximo,
por Fregattenkapitän Heinrich Sua missão era, após ter
era o início da “Operação Arco-
Lehmann-Willenbrock, um herói largado de Bergen, rumar ao
íris”, dias mais tarde, em 7 de
condecorado com a Cruz de Atlântico, via Estreito
Maio, a notícia da capitulação
Ferro6 de 2ª classe (20/04/1940) da Islândia, e patrulhar a
da Alemanha foi recebida. A
e 1ª classe (31/12/1940), entrada do Canal de Mancha.
guerra havia terminado.
U-bootskriegsabzeichen7 (02/01/ . A tripulação só soube do seu
A sua tripulação era
1941), Cruz de Cavaleiro8 destino quando alcançaram
constituída por 47 homens,
(1941.02.26) e Cruz de Cavaleiro mar alto e abriram o envelope
dos quais 4 eram oficiais –
com Folhas de Carvalho selado com a missão atribuída,
Comandante Peter Ehrenreich
(31/12/1941). Em sua carreira entregue ao Comandante
Stever, primeiro imediato
podemos encontrar 22 navios momentos antes da partida do
Johannes Malwitz, segundo
afundados num total de 166.596 submarino. Era, “uma missão
toneladas.
A 11ª flotilha era uma flotilha de
combate com base em Bergen,
Noruega, e fora fundada em
15 de Maio de 1942, sob o
comando de Korvettenkapitän
Hans Cohausz. A maioria dos
submarinos desta base operava
no Mar do Norte. Em Setembro
de 1944, quando os submarinos
de bases francesas alcançavam
a Noruega, a flotilha foi
reorganizada e, em Dezembro
do mesmo ano, o comando
Submarino classe VII C/41
88 O Periscópio 2013 / CT Marcelo Lobo
O Repouso
Em Outubro de 1973,
um grupo de mergulhadores
desportivos acompanhados
por pescadores locais
mergulharam no local onde
havia algo que prendia as redes
de pesca e puderam verificar
que era o famoso submarino
alemão afundado no fim da
guerra. O U-1277 repousa,
desde então, a 31 metros de
profundidade, num fundo de
areia com a ré completamente
assoreada e tombado para
bombordo cerca de 45 graus.
Tripulação do U-1277
90 O Periscópio 2013 / CC Rodrigues
além disso, eu sabia que teria o da Força, da construção de excelentes momentos imerso no
apoio da Força de Submarinos uma réplica de um submarino “Mar de Grau” e operar com
do Peru e de seus militares. tipo “R” em escala real, unidades navais e aeronavais
Depois de apresentar-me cujo monumento representa dos países participantes, como
na Força de Submarinos do o verdadeiro “Espirito EUA, México, Colômbia e Chile.
Peru, fui transferido para a Submarinista” peruano, que eu Navegando nos Subma-
Escola de Submarinos, onde pude comprovar nos doze meses rinos peruanos, notei que a
permaneci durante todo passei lá. Adicionalmente, qualificação e a necessidade
o período do intercâmbio. tive a oportunidade de recitar de dominar a tecnologia
Naquela escola, tive a o poema “La musa” diante fazem parte das práticas
oportunidade de trabalhar de todos aqueles que tiveram operacionais daqueles que dão
com gente experiente alma à “Metálica Criatura”.
e comprometida com a Além disso, possuímos muitas
complexa tarefa de formar “Navegando nos semelhanças nas doutrinas
Submarinistas, ou melhor Submarinos peruanos, operacionais, culturais e de
dizendo, formar os “Homens
de Aço”. Também aprendi
notei que a qualificação condução de tão poderosa
arma de guerra, que garante a
que o conceito de formar um e a necessidade de negação do uso do mar.
Submarinista no Peru não dominar a tecnologia Terminada a minha
está limitado a ensinar como
operar um submarino ou fazem parte das comissão na Força de
Submarinos Peruana, tive que
conduzir suas máquinas e práticas operacionais agradecer aos “bravos filhos
equipamentos, mas transferir
toda a cultura e tradições
daqueles que dão alma à de Netuno, honra e glória
“metálica Criatura”. da marinha peruana” pelas
que acompanham aquela
excelentes lições aprendidas,
centenária Força.
pelos momentos vividos e toda
Além disso, tive a
a camaradagem tão peculiar
oportunidade de participar
daqueles que navegam nas
de grandes eventos que fazê-lo para ostentar o
profundezas dos mares.
comemorativos da instituição, distintivo Submarinista em seus
Estou convicto de que aquela
como o encerramento do peitos. Tal poema representa
ano acadêmico de 2011, a
centenária Força seguirá sua
o sentimento e respeito que os
Abertura do Ano Acadêmico singradura firme no rumo
“Hombres de acero” têm por
de 2012, o aniversário da tão poderosa máquina. do sucesso e conseguirá
Escola de Submarinos, o dia Depois de um ano transpor-se aos desafios que se
da Independência Peruana, o trabalhando no CIAMA e aproximam nos dias modernos.
centésimo primeiro aniversário afastado de um submarino Finalmente, considero
de criação da Força e o Dia operativo, sentia falta de uma oportuno registrar que depois
da Marinha do Peru. Cada caçada silenciosa e de ver “o de um ano de trabalho e
data, com a sua respectiva cíclope escrutador haciendo convivência, eu e minha
comemoração, teve um cálculos muy quedo”. Neste família regressamos ao nosso
simbolismo especial e diferente sentido, participei em abril país com o mesmo sentimento
para mim. Porém, foi na e maio de 2012 de exercícios que tínhamos quando fui
comemoração do aniversário operativos como a UNITAS designado para o intercâmbio.
da Força de Submarinos que Pacífico e SIFOREX. Em Regressamos ao Brasil com a
eu percebi que estava em uma tais exercícios, naveguei no sensação de estarmos deixando
força unida, respeitosa de seus “poderoso cetáceo peruano” nossa casa e nossa pátria.
antecessores e comprometida chamado Antofagasta, onde o “Uma vez Submarinista,
com suas tradições. Participei, comandante e tripulação deram sempre submarinista”, lema da
junto com toda a tripulação a oportunidade de desfrutar de Força de Submarinos Peruana.
92 O Periscópio 2013 / CF De Luca
Ao se interar da situação, aeronave (ANV)! Para tanto, aumento maior para contatos
o “Oficial que entra” informará recomenda-se permanecer na CP que viessem a se “desprender
“pronto para revezar” e então, na menor velocidade possível e do Blind” e um segundo, em
o OP lhe transmitirá sua apenas pelo tempo necessário: aumento menor, para contatos
percepção geral sobre o serviço Recomenda-se: VS=EM-1! mais distantes. Os Operadores
no que concerne ao sensor Sonar devem estar alertas para
periscópio e quadro tático e) Técnicas de Emprego – qualquer efeito gráfico (PPD,
(condições de visibilidade, uso Noturna PRS) ou hidrofônico e informar
de filtros, condução na ocular, A vigilância exterior ao Oficial que guarnece o
clarear arco cegos do periscópio, deve ser muito criteriosa em periscópio em aumento maior,
etc.) mostrar-lhe-á os contatos cenários com ameaças, pode ser para investigar a marcação. Se
e, finalmente, lhe entregará o recomendado guarnecer ambos o nível de treinamento não é
periscópio conteirando-o para os periscópios e varreduras adequado, se recomenda o uso
proa ou para o contato mais MAGE contínuas, de maneira a de radar para buscas setorizadas
perigoso. Nesse momento aumentar as possibilidades de nas marcações em que os
deve ficar claro para o quarto detectar sem ser detectado. sensores pudessem ter efeitos
de serviço que o OP é que está Especial atenção deve-se gráficos ou hidrofônicos.
“com a manobra”. ter ao estabelecer patrulhas Quando a noite está muito
O Oficial que recebe o nas proximidades de portos escura ou em condições de baixa
periscópio ajustará a distância habitados, já que as luzes do visibilidade, o esgotamento visual
interpupilar e a dioptria e, porto podem ocultar as luzes se acelera consideravelmente.
se for um Oficial qualificado do contato, ou até mesmo Um sintoma inequívoco de
no Serviço de Periscópio, confundi-las; este efeito é esgotamento visual é visualizar
informará: “Atenção Comando, especialmente notório em manchas brancas ou traços de
manobra comigo!” Isso é condições de pós-frontal ou de esbranquecimento na escuridão.
importante para que todos atmosfera diáfana. Não se deve chegar a esta
saibam com clareza quem condição!
ordenará, frente a uma situação f) Condição Noturna –
emergência ou tática. Visibilidade Reduzida g)Revezamentos Notur-
Com más condições nos de Periscópio
d) Condição Noturna – de visibilidade à noite, as A experiência mostra que o
Boa Visibilidade possibilidades de contra- revezamento do periscópio,
De noite diminui o risco de detecção se reduzem após o crepúsculo vespertino,
contra-detecção visual, e isso significativamente, tanto não deve exceder dez minutos,
leva, naturalmente, a uma atitude para a detecção visual como tempo hábil para que a visão
menos alerta, o que se constitui a infravermelha, já que esses se esgote e, ainda sim, consiga
em um erro, já que esse é um sensores são deficientes recuperá-la. Esse tempo pode
fator tático que o Comandante quando a atmosfera reduzir-se a sete minutos caso
do Submarino deve explorar está a uma temperatura experimente-se algum sintoma
em seu benefício. Por isso, há homogênea. Permanecer na de esgotamento ocular.
que se buscar os horários mais CP a estas condições é muito O procedimento de
convenientes para a exposição desconfortável se aí se aplica o revezamento deve ser similar
de mastros, o que lhe obrigará critério de segurança em tempo ao descrito anteriormente. A
a um rigoroso treinamento para de paz. contudo, há de ser uma exceção fica por conta do ajuste
enfrentar esta situação. condição desejada em tempos de da dioptría, a qual deve ser
Nesta condição, a presença de combate! Por isso o treinamento feita pelo Oficial que passa,
biolumenescência se reveste há de considerar esta condição com o auxílio de uma lanterna,
de fator decisório, por deixar o como um objetivo importante. com o intuito de preservar a
Submarino mais exposto que Recomenda-se guarnecer am- adaptação ocular do Oficial que
durante o dia à detecção por bos os periscópios, um em recebe o sensor.
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 95
ainda não foram detectados maneira a tentar visualizar visual até o horizonte e observar
pelo sonar (sup, aéreo). Espera- possíveis ameaças que possam as condições meteorológicas
se com a VH detectar os alvos estar “desprendendo-se” do como céu, mar e vento, com a
que estão se “desprendendo” horizonte (sup e aéreo) e finalidade de atualizá-las antes
do horizonte (ponta de mastro, - ao terminar, dar uma de abandonar a CP.
aeronaves, etc.) e deve ser informação que seja NOVA a Nos cursos ministrados pela
um procedimento totalmente EDA ou ao quarto de serviço, escola de Submarinos (CIAMA),
“estanque” aos demais e com a caso contrário, informar: normalmente adotamos 3
concentração requerida. “Quadro tático inalterado”, minutos, pois corresponde a
Conseqüentemente ou seja, só alterar a condição um período exigente, contudo,
dependerá de: de silêncio/concentração da os comandantes qualificados
- Ameaça esperada; poderão/deverão variar os
- Situação tática; seus IVH segundo a situação
...“a técnica
- Estado do mar e tática reinante, o qual deve ser
- Visibilidade. periscópica manda, CEGAMENTE seguido por seus
Outrossim, deve-se estar antes de arriar o OP, não aceitando variações no
atento para a ameaça aérea. mesmo, nem para MAIS (sob
Se considerarmos que, em
periscópio, orientá- a pena de se tornar inseguro),
aumento menor, uma aeronave lo na marcação do nem para MENOS (sob a
que se aproxima com a próximo movimento pena de aumentar a TIS, por
velocidade média de 200 nós é conseguinte, a probabilidade de
avistado, com boas condições (CD, OBS, VH), isso contra-detecção).
de visibilidade, em torno de permite “ordenar o Recomenda-se iniciar a
14000 jds e estimando- VH pela proa, pois permite
se uma distância de contra-
cérebro”, bem como uma boa orientação relativa.
detecção de 4000 jds, o IVH reduzir os tempos.” Contudo, é uma boa técnica
para essa ameaça será de 1’ 30”. iniciar a VH na marcação do
Uma vez que o Comandante equipe na necessidade de contato mais perigoso e fazê-la
define o IVH máximo, os OP agregar valor. no sentido do deslocamento do
devem variar, em menos tempo, mesmo, de modo a não deixar
de maneira a não observar a II – Os NÃO da VH: setores encobertos. Além disso,
intervalos constantes, já que - deter-se sobre um contato a técnica periscópica manda,
esta feita favorece a contra- controlado; antes de arriar o periscópio,
detecção. - distrair-se por qualquer orientá-lo na marcação do
I – Os SIM nas VH: situação que ao seja uma próximo movimento (CD, OBS,
- verificar a ponta, cota, emergência; VH), isso permite “ordenar o
rumo e velocidade antes de içar - deixar que sua mente se cérebro”, bem como reduzir os
o periscópio; evada da tarefa; tempos.
- checar as plotagens e SDT - falar ao periscópio;
antes da VH; - passar para aumento Varredura de Horizonte
- efetuar a VH em silêncio e de 10 segundos.
maior;
concentrado; Essa varredura se realiza,
- trabalhar com o
- começar a VH no sentido normalmente, no momento
estadímetro e
do contato mais perigoso; de retorno à CP. No entanto,
- usar a VH como tempo
- se o submarino estiver é uma ferramenta que pode
para decidir e pensar.
guinando, iniciar a VH de modo ser utilizada a qualquer
Um oficial submarinista
não deixar arcos sem varrer; momento e tem como propósito
treinado dará uma VH entre
- fazer a VH CONCEN- verificar apenas os perigos
20 e 25 segundos. Neste tempo
TRANDO-SE NO HORI- mais próximos (Barcos
deve ser capaz de detectar tudo
ZONTE e 15º acima, de Pesqueiros com máquinas
que se apresenta no campo
98 O Periscópio 2013 / CF De Luca
paradas, embarcações à vela, distância a um contato utilizando estimar. esta situação fica mais
embarcações de pequeno porte o princípio estadimétrico, complexa quando o contato
com máquinas paradas, etc.). para isso, é necessário ter o encontra-se próximo ou seus
Portanto, esta VH dá uma conhecimento prévio de que AP estão entre 30º e 70º.
margem de segurança de 1 será observado (alturas de Para se conseguir uma
minuto antes de realizar a VH mastros, da proa, passadiço,...) boa estima do AP, devemos
preconizada (20 a 30 segundos) e esta informação pode advir nos ater a alguns detalhes do
como estabelece a técnica. dos Serviços de Inteligência ou contato, o que permite uma
É lugar comum o pela prática (mais provável) maior exatidão ou evitar erros.
questionamento por parte de dos oficiais submarinistas em Algumas recomendações
alguns oficiais com relação ao estimar essas alturas através de práticas para a apreciação de
tempo reduzido e a validade suas vivências operativas. bons AP:
desta VH (1 min.). A explicação Para estimar as alturas - observar o AP das
resume-se no fato de, mesmo de mastros, seguem algumas embarcações de pequenos
que por um curto tempo, o experiências práticas: porte (orgânicas) da unidade,
submarino estaria seguro na - Navios Mercantes Mo- às vezes, é mais exato que do
CP ante a qualquer ameaça, dernos maiores – 40 pés na proa próprio contato, quando o Âp>
particularmente a AÉREA, já e 80 pés na chaminé; 30º;
que nesse caso o IVH é de 1 - Porta-containers – 10 pés - observar o espelho de
min. e 30 seg. para uma ANV a por container; popa ou portas do hangar:
200 nós com boas condições de - Navios Mercantes Antigos AP~= 80º;
visibilidade, ameaça que, S.M. e de deslocamento médio – 8 pés - observar a distância
J, não avistaremos nessa VH. por convés e entre os mastros é uma boa
Ainda, em situação de múltiplos - Navios Mercantes Mo- ajuda! Com AP = 0º, só se vê
contatos, quando o controle dos dernos de deslocamento médio um mastro. Com AP ~= 90º a
IO e VH estiverem muito justos, – 10 pés por convés. distância entre os mastros é
pode-se executar uma VH de máxima;
10 seg., sendo que a próxima Distâncias Estadimétricas - observar o “bigode de
VH deve ser a varredura Noturnas proa” e
completa, com o intuito de não É possível, com muito boa - observar o AP das
comprometer a segurança. exatidão obter a distância de chaminés.
noite usando como referência À noite, as luzes de proa
IO na direção da Ameaça. as luzes de navegação dos e tope do mastro permitem
Em situações táticas contatos. apreciar o ÂP com um grau
especiais, geralmente durante de precisão menor que de
a realização de Operações Ângulo de Proa (Ap) dia. No entanto, com alguma
Secundárias, nos entornos de Determinar bons ângulos experiência, pode-se estimar
costa, por imposição geográfica de proa é de suma importância (tolerância +/- 10º), satisfatórios
ou de inteligência, esperamos e requer muita prática para cálculos de rumo.
a ameaça de em determinado lograr o grau de precisão
setor. caso esta condição se requerida (+/- 5º). Identificação de um
apresente, pode-se aplicar esta Nós, submarinistas, contato
técnica e, com estes dados, se deveremos aproveitar todos as Quando da VH se detecta
estabelece um IO na direção da oportunidades para treinar a um novo contato, é importante
ameaça e se controla como se nossa capacidade para estimar classificá-lo de modo a
fosse mais um contato. ângulo de proa (AP). aclarar o panorama tático e,
Normalmente quando os conseqüentemente, poder ajustar
Distâncias Estadimétricas contatos estão à longa distância, a sua altura de mastro antes
Os periscópios disponíveis acima de 6000 jds, os ângulos de de observá-lo. É uma técnica
na MB permitem determinar a proa são pequenos e fáceis de se específica, e tem a pretensão
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 99
de expor o mastro para essa A/S e que os alvos devem ser Todo esse processo não
classificação e nada mais! destruídos, idealmente, a maior deve durar mais que 12 seg.
Para que logremos uma distância possível, o nome (+ tempo de içar e arriar o
rápida e precisa identificação, a este auxílio mental pode periscópio) e para alcançar
o oficial submarinista deverá suscitar equívoco, apesar disso esta velocidade se requer
treinar religiosamente. Esta foi mantido sua denominação muita prática, concentração e
capacidade de observação fica exaustivo treinamento.
aguçada ao içar o periscópio
concentrado e ter estudado, “Para que logremos “Milestone”
com antecedência, as possíveis Quando o comandante
ameaças e alvos, assim como
uma rápida e precisa
percebe que a situação tática,
barcos pesqueiros (BP) e o identificação, o oficial na CP, chegou a um momento
Tráfego Marítimo (TM) esperado. submarinista deverá em que qualquer distração
treinar religiosamente. ou má reação pode colocar o
Distância à Rota (Dr) submarino em risco, recorre-
A distância à rota é um Esta capacidade se a essa técnica, que tem como
cálculo rápido para se obter
de observação fica propósito, em primeiro lugar,
uma distância aproximada a
aguçada ao içar o alertar a EDA, especialmente o
do PMA! Assim, manobrar
Oficial de Águas e timoneiro,
antecipadamente para que periscópio concentrado os quais costumam viver uma
os contatos não ingressem na
e ter estudado, com realidade distinta. Por isso
CS ou passemos dentro dos
envelopes do torpedo. Por essa antecedência, as o aviso de: “MILESTONE”
(pequenas “corcovas” de
razão que tanto em combate, possíveis ameaças e concreto distribuídos ao longo
como em qualquer situação
alvos, assim como das “highways” britânicas que
na CP, recomenda-se calcular
a Dr. Seu grau de exatidão é o barcos pesqueiros (BP) indicam as milhas daquelas
estradas) é acompanhado da
adequado para o que se propõe, e o Tráfego Marítimo
visto que leva em consideração expressão: “Esse contato pode
que a VSPLIV é pequena, e,
(TM) esperado.” me colocar embaixo” e em
por conseguinte, com efeito seguida muda o estágio da
reduzido no componente de tomando por base a sua origem propulsão para AD ao início
aproximação ao “track”. Esta e uso já que é um conceito que se do III, para se evitar uma falha
consideração é importante ter encontra interiorizado. na propulsão, ocasionada pela
em mente para que saibamos Atualmente, permite conhe- necessidade de uma descida
que a Dr não dispensa o cálculo cer o fator tempo, ao enfrentar em emergência. Dessa forma,
de distância do PMA! uma situação tática que seja preparamos o submarino para
conveniente permanecer na CP. enfrentar uma situação à CP.
Tempo para o Ataque (Tat) Outrossim, pode-se aplicar, Os tempos preconizados
Similar ao conceito da DR, o com pequenas variações, quanto na Doutrina para realização
TAT é um cálculo com a precisão tempo dispomos para alcançar dos MILESTONES não
adequada, que permite saber uma posição de lançamento pré- passam de recomendações que
quanto tempo dispomos para definida. nasceram de experiências
manobra o submarino ou em práticas. Se o nível de
quanto tempo mais o avistamento Experiências treinamento for profundo,
ou alvo estarão próximos a Após a primeira observação, esses tempos poderão ser
DR considerando-se que não é mandatório o cálculo do DR reduzidos, o que permitirá
é taticamente recomendável e TAT, para que possamos uma maior segurança à CP
aproximar-se a curta distância programar nossos próximos quando os contatos estiverem
de uma unidade com capacidade movimentos. em seus PMA.
100 O Periscópio 2013 / CF De Luca
INTRODUÇÃO
Historicamente, o deno-
minado mar territorial com
3 milhas náuticas (MN) de
extensão a contar da linha da
costa, sempre existiu para os
chamados estados costeiros.
Curiosamente, essa distância
correspondia ao alcance dos
canhões que, à época, existiam
nas fortificações erguidas
no litoral para sua proteção.
É interessante pensar
que a invenção dos canhões
data do início do século XIV e
nota-se que as preocupações
do passado são bastante
semelhantes às inquietudes
atuais. Com o passar do tempo ocasionar imensas crises, relacionados à utilização pacífica
e o acesso às informações sobre resolveu iniciar a elaboração dos oceanos.
a incomensurável riqueza de mecanismos de defesa que, Desde o final da década de
existente no mar, cada país anos mais tarde, culminariam 80, o Brasil, através da Marinha
vem buscando ao longo dos na conhecida Convenção e de outros órgãos do governo,
anos aumentar seus domínios das Nações unidas sobre os vem participando ativamente
sobre as águas. Agora, devido Direitos do Mar (CNUDM). das reuniões da CNUDM
à imensidão dessas áreas, quais Esta Convenção assinada em em busca de defesa de seus
seriam os “canhões de proteção” 10 de dezembro de 1982, em interesses no mar e ao longo
do mundo pós-moderno? Montego Bay, Jamaica, foi dos anos tem acompanhado de
ratificada pelo Brasil em 1988 perto as evoluções alcançadas
O EMBRIÃO DA e entrou em vigor em 1994. neste segmento, tais como: a
AMAZÔNIA AZUL Atualmente conta com um total ampliação do Mar Territorial
de 156 países, dentre os quais os para 12 MN, a criação da
Há aproximadamente 60
Estados Unidos da América não denominada Zona contígua,
anos, a Organização das Nações
fazem parte, entretanto, apesar com mais 12 MN de largura, a
Unidas (ONU), por vislumbrar
disso, essa Convenção tem o contar do limite externo do Mar
a existência de um fator sensível
reconhecimento internacional Territorial e o estabelecimento
e bastante volátil a respeito dos
e é um importante instrumento da Zona Econômica Exclusiva
limites do mar e que poderia
político nos assuntos (ZEE), situada além do Mar
A Importância do Submarino Nuclear Brasileiro para defesa da Amazônia Azul 103
PERISCOPADAS 2012-2013
Militares da Ativa (de 5.5 e da esquerda para a direita): CA Castilho, AE Palmer, AE Max, AE Wiemer,
AE(FN) Guimarães e VA Leal Ferreira. Militares da Reserva (de terno e acima, da esquerda para a direita):
AE Davena, AE Guimarães Carvalho, AE Karam, AE Jelcias e AE Kleber.
Missa dos 98 anos da Festa da Força, celebrada pelo CMG (CN) Emanuel Teixeira Pereira Silva
108108
PERISCOPADAS 2012-2013
Passagem de
Comando
da Força de
Submarinos
19 de abril de 2013:
Comando da Força de Submarinos
Deixa o comando: Contra-Almirante Glauco
Castilho Dall’Antonia
Assume o comando: Contra-Almirante
Marcos Sampaio Olsen
“A Força de Submarinos é morada da abnegação, da devoção extrema, do amplo sacrifício em prol do aprestamento adequado
ao cumprimento de sua destinação. Aqui, se vive um cotidiano à parte, o que lhe confere ar de mistério, e certo desconforto a
olhos que a observam ao largo. Tudo nela se resume a lavor, camaradagem e engrandecimento.
O serviço a bordo de submarinos me fez desenvolver verdadeira paixão pela concepção e emprego da arma. Iniciei minha
vida nesta Força com o embarque no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché, em princípios de
1986. Operei, desde então, submarinos das classes “Guppy”, “Oberon” e “IKL-209”. Por fim, de 2001 a 2004, exercitei em toda
a plenitude o comando do Submarino “TAPAJÓ” – “sempre presente, nunca detectado”. Assim, acumulo e ostento com pessoal
orgulho a expressiva marca de 17.151 horas de imersão.
Retornar a Mocanguê Grande me faz rememorar faces, ruídos e acontecimentos. São homens e máquinas, bons companheiros
responsáveis diretos pela formação do oficial que hoje logra alcançar tão notável êxito profissional.
A inserção político-estratégica do Brasil no cenário internacional impõe uma relação de razoabilidade entre a disponibilidade
de meios para pronto emprego e a posição destacada que o País ocupa, em vista de sua grandeza econômica e influência regional.
A negação do uso do mar ao inimigo é a que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos, a estratégia de defesa
marítima do Brasil. A Marinha do Brasil afiança tal objetivo ao contar com força naval submarina de envergadura, composta
de submarinos convencionais e, em muito breve, de submarinos de propulsão nuclear. Reside, portanto, aqui o alicerce da defesa
nacional, o que não significa que possa substituir os meios de superfície em suas diversificadas operações e ações de guerra naval.
Nesse momento, expresso, de público, os meus agradecimentos ao Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra
JULIO SOARES DE MOURA NETO, pela distinção que me concede ao confiar o preparo e emprego de uma Força Naval, que
traduz a dissuasão por excelência.
Ao Comandante-em-Chefe da Esquadra, Vice-Almirante SERGIO ROBERTO FERNANDES DOS SANTOS, reafirmo o
meu compromisso pelo cumprimento estrito do dever, pela dedicação ao serviço e crença na Marinha.
Ao cumprimentar o Decano, Excelentíssimo Senhor Almirante-de-Esquadra ALFREDO KARAM, reconheço e agradeço
aos insignes Chefes Navais, e de modo particular aos Comandantes da Força de Submarinos que me antecederam, o legado não
só da arte paciente e silenciosa da caça, como ainda a construção de um vasto inventário de plataformas, sistemas, corações e
mentes, que ora assumo.
Agradeço às autoridades presentes e representadas, aos amigos e a meus entes queridos, pelo prestígio e caráter afetivo que
conferem à Força de Submarinos com suas gentis presenças.
Ao belo amigo que tenho, Contra-Almirante GLAUCO CASTILHO DALL'ANTONIA, agradeço e registro a fidalga
acolhida e a maneira zelosa com que me transmitiu o cargo. Tendo a Marinha reconhecido, continuadamente, seus méritos,
receba V. Exa, os meus mais caros votos de realizações e que seja feliz no exercício de suas atividades no Estado-Maior da
Armada.
Tripulação!
Mercê de excepcional bagagem operativa, sei bem a índole que forja o caráter das senhoras e senhores Submarinistas,
Mergulhadores, Mergulhadores de Combate e Médicos Hiperbáricos. Ser “marinheiro até debaixo d’água” é provar, por
absoluto, profundo conhecimento profissional, habilidade técnica, boa higidez e moral elevado. É preciso ser tenaz na verdadeira
acepção do termo e dedicar ao serviço tudo: a saúde, o tempo, a inteligência e o risco constante da vida, ainda que em meio à paz.
É uma honra ter por dever conduzi-los.
GLÓRIA À FLOTILHA!”
ORDEM DO DIA N° 1
de 17 de julho de 2013
A obstinação do
homem em possuir
um barco dotado de
capacidade de ocultação
para surpreender e
destruir precede à própria
concepção do Princípio de
Arquimedes – século III
a.C.
Em 1776, no curso da
guerra da independência a pique, em questão de minutos, O projeto do Submersível Hess-
dos EUA, o “Turtle” três cruzadores britânicos de 12 Farfield assinalava: 175 ton de
intentou prender à quilha mil toneladas. deslocamento; casco duplo;
da Fragata britânica O avanço tecnológico quatro tubos de torpedo; 28
“Eagle” um artefato observado no desenrolar da milhas de raio de ação, a seis nós
explosivo, através de uma Primeira Guerra Mundial em imersão; e uma tripulação de
broca. Extremamente propiciou profunda transfor- 10 homens.
engenhoso para a época, mação no submarino. Os O projeto, apesar de
o “Turtle” possuía pequenos barcos utilizados aplaudido pelo Conselho do
tanques de lastro, torre de para fins limitados se tinham Almirantado, sessão de 26 de
observação com escotilha, transformado em navios de novembro de 1908, e autorizado
tubos para entrada e considerável raio de ação e ao pelo Congresso, ainda assim, não
saída de ar, leme e hélices seu armamento adicionados foi executado. Furtava-se o Brasil
vertical e horizontal. canhões e minas. O submarino à pesquisa e inovação, dando
Um fato colateral não mais se confinava ao lugar à perversa dependência
foi determinante para o papel defensivo, afirmara-se, tecnológica externa.
êxito desses submersíveis então, como arma ofensiva por Nesse sentido, constando
de guerra. Em 1868, excelência. Desde o emprego em do Programa de Construção
Robert Whitehead, guerras, o submarino afundou Naval de 1904, opta o Ministro
um inglês a serviço da mais navios do que qualquer de Negócios da Marinha, por
Áustria, aperfeiçoa o outro meio de destruição. encomendar ao estaleiro italiano
torpedo autopropulsado, O Brasil não passou alheio ao Fiat – Saint Giorgio, sediado em
atribuindo-lhe controles desenvolvimento da tecnologia La Spezia, três submersíveis
que o mantinham de submarinos. Destaco o gênio da Classe “Foca” e um navio
numa corrida reta a inventivo de um dos precursores Tender.
uma profundidade no projeto de submersíveis no Em 17 de julho de 1914 era
determinada. País, o Tenente Engenheiro criada, por decreto do Exmo.
Assim, na tarde de 22 Naval Emílio Júlio HESS, que Sr. Almirante Alexandrino
de setembro de 1914, um cedo discerniu que “é o valor de Alencar, a Flotilha de
rudimentar submarino militar que justifica o submarino Submersíveis, ficando subor-
alemão, de tipo ainda e define sua importância dinada administrativamente
propelido à gasolina, pôs como arma de guerra”. ao Comando da Defesa Móvel
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Praças da ativa:
SO-MR Juracy Souza Magalhães
SO-PL Manoel De Carvalho Júnior
SO-MO Francisco de Assis da Silva Coelho
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CARTA DO EDITOR
Caro leitor é com grande satisfação que divulgamos mais um ano de atividades do Comando da Força
de Submarinos e de antemão convido a todos a participar das futuras edições.
Gostou do que leu e quer divulgar uma experiência ou uma descoberta sobre Atividades de Submarino,
Mergulho, Mergulho de Combate, Medicina Hiperbárica ou outro tema de caráter científico-militar?
Participe do próximo Concurso da Revista “O Periscópio" ou simplesmente nos envie um texto e
fotografias que versem sobre nossas atividades, podendo ter seu artigo aprovado pelo Conselho Editorial
e publicado na próxima revista.
O regulamento do concurso é divulgado em BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS – ESPECIAL
da DIRETORIA DE COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA MARINHA,
normalmente no segundo semestre do ano anterior a edição, e consiste basicamente no seguinte: