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Revista Periscopio COMPLETA 2013

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1

Ano XLVIII - No 66 2013


2
Editorial
3

Ao nos aproximarmos do ano que nos


tornaremos uma Força centenária, é comum olhar
para trás e lembrar os primórdios de nossa história,
que se inicia nos idos de 1914 com a aquisição dos
aguerridos submarinos da classe Foca, os quais
tiveram papel importantíssimo em suas patrulhas
costeiras e cujas tripulações são exemplos de
intrepidez e abnegação que nos balizam até os dias
atuais. Desde então, temos sido acompanhados por
uma constante evolução de meios, passando pelos
Tango, Fleet-type, Guppy, Oberon e chegando
finalmente aos IKL-209.
Dada a conjuntura atual do país, e sua projeção
no cenário político- econômico mundial assumindo
posição de destaque, principalmente em virtude da
existência de uma imensidão de valiosos recursos
naturais em seu leito marinho, somos impulsionados
a olhar para o futuro da Força de Submarinos,
buscando de que modo contribuiremos para a garantia dos interesses de nossa nação.
Em resposta a esses anseios e de forma a tornar mais consistente nossa capacidade de realização
das tarefas que nos são atribuídas, está inserida a parceria estratégica firmada com a França em
dezembro de 2008 para construção de quatro modernos submarinos convencionais, de uma nova base
e um estaleiro, culminando com o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear.
O que há pouco mais de quatro anos era um extenso contrato, hoje tem se tornado parte de
nossa realidade de maneira bastante palpável através das obras no novo complexo naval de Itaguaí,
da qualificação de pessoal em outros países e do andamento da construção da seção de proa do
primeiro S-BR na França. Mais uma vez estamos em meio a um projeto com grandes desafios, mas
que certamente nos colocará em um nível sem precedentes em termos de expressão no contexto
político global, tendo em vista que esses novos meios serão capazes de tornar a diplomacia sempre
mais atraente para dirimir quaisquer controvérsias, afastando nosso país de ameaças, pressões ou
instabilidades – cenários constantes, onde tamanha fonte de riqueza está presente.
À luz de todos esses fatos, nossa revista propõe a abordagem de questões atuais relativas às
atividades desenvolvidas no âmbito desta Força, a disseminação da cultura submarinista e a divulgação
de informações de cunho histórico, com o intuito de fomentar e incentivar o desenvolvimento de
nossa mentalidade marítima. Desta maneira, caro leitor, convido-o a mergulhar no universo daqueles
que por sua vocação e paixão são definidos como marinheiros até de baixo d’água.
Desejo a todos uma boa leitura!

GLAUCO CASTILHO DALL’ANTONIA


Vice-Almirante
Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada
4
Expediente

O Periscópio
Ano XLVIII No 66 – ISSN 1806-5643 2013

O PERISCÓPIO MARCOS SAMPAIO OLSEN


Revista anual da Força de Submarinos, editada Contra-Almirante
pelo Centro de Instrução e Adestramento Comandante da Força de Submarinos
Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA)
GLAUCO CASTILHO DALL’ANTONIA
Correspondência
Centro de Instrução e Adestramento Almirante Contra-Almirante
Áttila Monteiro Aché – CIAMA Comandante da Força de Submarinos
Ilha de Mocanguê Grande, s/n 24/04/2012 a 19/04/2013
Niterói, RJ – CEP 20040-400
operiscopio@ciama.mar.mil.br THADEU MARCOS OROSCO COELHO LOBO
Capitão-de-Mar-e-Guerra
Versão eletrônica: Comandante do CIAMA
http://www.mar.mil.br/ciama/html/
indexperiscopio.htm
JOÃO RICARDO DOS REIS LESSA
http://www.mar.mil.br/Revistas_Navais/
Capitão-de-Mar-e-Guerra
revistas.html
Comandante do CIAMA
04/04/12 a 12/04/13
As opiniões e fatos descritos nos artigos são de
inteira responsabilidade de seus autores e podem Coordenadores:
não coincidir com a opinião dos editores desta
Marcos Cipitelli
revista.
Capitão-Tenente

GABRIEL NOGUEIRA DE SÁ
Distribuição Gratuita
Capitão-Tenente
Editor-Chefe da Revista “O Periscópio”
Capa:
LAURA KAWAKAMI CARVALHO
Primeiro-Tenente (RM2-S)
Assistente de Edição

Design e Editoração Eletrônica


Lucia Moreira
(luciahmoreira@yahoo.com)

Pág. 18 Pág. 27
5

Sumário
Aula Inaugural do Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficiais 2012 ...................................... 4
Mergulhadores de Combate comemoram 40 anos de atividade no Brasil...................................................... 8
“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE .................................................... 12
Novas tendências para o mergulho comercial no Brasil ................................................................................... 18
Preparação da tripulação e seus familiares para comissões “Deployment”.................................................... 22
Sniper: arma da atualidade ................................................................................................................................... 26
Submarinos Nucleares de Ataque Franceses: Programa “Barracuda”............................................................ 30
Mergulho Dependente: uma breve viagem em sua origem e a importância
dessa “ferramenta” para a Marinha do Brasil .................................................................................................... 36
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros
Permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas .......................................................................... 42
O pai das marinhas nucleares................................................................................................................................. 46
Arrasto do Submarino Nuclear Brasileiro ........................................................................................................... 52
O Salto Equipado .................................................................................................................................................... 56
Sem hesitar ............................................................................................................................................................... 60
Aspirantex 2013 ....................................................................................................................................................... 64
Atenção pelotão! .................................................................................................................................................... 67
Sinais e sintomas em condições extremas de trabalho – Como reconhecer e como proceder .................... 68
Scott Waddle: exemplo de superação .................................................................................................................. 72
Submarinos japoneses da classe Toku Sen ........................................................................................................ 76
Mergulhadores de Combate treinam na África do Sul ..................................................................................... 80
Submarino U-1277: a rendição pode não ser uma opção................................................................................... 84
Intercâmbio Brasil x Perú 2012 .............................................................................................................................. 88
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações............................................................................... 90
A Importância do Submarino Nuclear Brasileiro para defesa da Amazônia Azul ...................................... 100
Periscopadas ............................................................................................................................................................ 103

Pág. 30 Pág. 70
6 O Periscópio 2013 / VA Bento

Aula Inaugural
do Curso de
Aperfeiçoamento
de Submarinos
para Oficiais
2012
Vice-Almirante Bento Costa Lima Leite de
Albuquerque Junior

INTRODUÇÃO
É com grande alegria
e orgulho que retorno ao
auditório onde, há trinta e um
anos, iniciei a minha carreira de
submarinista. O que pretendo apresentar - Oportunidades; e
Dessa forma, agradeço ao aos senhores é uma holística - O que se espera dos
meu dileto amigo Almirante visão prospectiva da Força futuros submarinistas.
Afrânio de Paiva Moreira de Submarinos, inserindo-os
Junior, comandante da Força nessa desafiadora e estimulante O SUBMARINISTA
de Submarinos, pelo convite carreira, em um momento
Citando um chefe Naval,
e pela oportunidade de em que a Marinha passa por
procurarei resumir do que o
proferir a aula inaugural do grandes transformações e
nosso sadio corporativismo
curso de aperfeiçoamento desenvolvimento, e assume
é capaz: “Os submarinistas,
de Submarinos para Oficiais um papel relevante na Defesa
como grupo profissional, têm
(CASO/2012), e ao Capitão-de- Nacional, sendo a arma
uma identidade grupal, um
Mar-e-Guerra Roberto Koncke submarina uma prioridade do
sistema ético e comportamento
Fiuza de Oliveira, Comandante Estado Brasileiro.
característicos, voltados para
do Centro de Instrução e A preleção será dividida
a eficácia operacional, e a
Adestramento Almirante Atila em cinco tópicos:
proficiência naval...
de Monteiro Achè (CIAMA), - O Submarinista;
por aqui me receber, Centro de - O Plano de carreira; Efetivamente, ser submarinista
Instrução onde tive a honra - P r o g r a m a d e Desen- é mais que ter uma profissão de
e o privilégio de ser Instrutor volvimento de Submarinos elevado nível de especialização;
e Encarregado da Escola de (PROSUB) X carreira do é todo um estilo de vida”.
Submarinos. Submarinista;
Aula Inaugural do Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficiais 2012 7

Estilo de vida que nos transforma A Estratégia Nacional de – Dentre as diversas Linhas
em oficiais diferentes, pelo Defesa, documento do mais alto de Ações (LA) estudadas para
contínuo desenvolvimento nível, atribui à arma submarina, adequar a formação dos nossos
das capacidades sensoriais e em face do seu poder futuros submarinistas, a que
cognitivas, as quais poderiam se combativo, a seguinte tarefa: obteve maior aceitabilidade
resumir em atenção, percepção, “... preferencialmente, e sempre foi a referenciada na carreira
memória, rapidez de raciocínio, que a situação tática permitir, a dos oficiais submarinistas da
juízo, imaginação, pensamento, força de superfície será engajada Marinha Norte-Americana
linguagem e ação. Fruto das no conflito depois do emprego (adequada às nossas realidades
características do meio que inicial da força submarina...” e à nossa cultura), em que
operamos, que nos leva a inferir Ou seja, pertencemos a uma as carreiras dos oficiais de
situações de maneira a agir Força Estratégica que exerce, por operações e de máquinas são
proativamente, a fim de evitar sua natureza e capacidade, um “unificadas” e possuem uma
que se transformem em riscos papel fundamental na dissuasão estrutura semelhante, com
reais à segurança da plataforma. da geopolítica internacional. o mesmo tipo de preparo
Estilo de vida que nos enche de e emprego, interstícios,
orgulho quando afirmamos que oportunidades e possibilidades
estudamos e conhecemos todo PLANO DE CARREIRA de assunção de cargos;
o submarino, e que, dentro de Considero de fundamental – Os cursos de carreira, quais
espaço exíguo, estabelecemos importância, até por experiência sejam: Cursos de Estado-Maior
uma relação de confiança mútua, própria, que os senhores tragam para Oficiais Intermediários
fraterna e profissional, o que nos consigo o pleno conhecimento (C-EMOI) e Superiores
assegura desguarnecer nossos do que os espera nos anos (C-EMOS) e o Curso de Política
postos, tendo a certeza de que vindouros. e Estratégia Marítimas (C-PEM)
quem assumiu vai desempenhar Tenham a certeza de que permanecerão comuns.
de maneira segura e adequada essa visão da carreira terá Ademais, os oficiais estão
o controle tático e físico da um papel importante para a sendo qualificados conforme
plataforma. realização pessoal e profissional as competências exigidas nos
Estilo de vida que advém da dos senhores. Sou recorrente respectivos cargos e funções
crença na nossa instituição e nos em afirmar que a primeira aula para os quais são designados.
seus valores; da indubitável fé dos cursos de formação do Como exemplo, cito que a Força
na correta condução da Marinha CIAMA deveria ser ministrada de Submarinos está sendo
por todos; da sólida formação pelo Oficial de Organização da pioneira na implantação da
que nos educou para sermos Força de Submarinos, e é o que, Gestão por Competências na
homens de bem e de valor; e de certa forma, pretendo fazer Marinha. Não por acaso, pois
se completa na determinação e nesse momento. a atividade que os senhores
prazer de bem servir. A recente revisão do exercerão em breve requer um
Plano de carreira de Oficiais alto grau de profissionalismo.
Estilo de vida que nos distingue
incorporou algumas Premissas: Exemplo disso é a NORSUB 10-
como grandes gerentes de risco
– A Marinha do Brasil (MB) 10, dentre outros documentos,
e nos dá a prerrogativa da
pretende operar submarinos que estabelece requisitos
iniciativa das ações, habilitando-
convencionais nas próximas basilares mínimos e suas
nos a agir antecipadamente em
décadas, aproximadamente até respectivas validades para
todos os aspectos da carreira
2050; uma segura condução de seus
naval, sejam eles de demanda
tática ou burocrática e, como – Todo submarinista futuros desafios.
conseqüência, ajudou a construir continuará a ter formação Apresentarei, de forma
o “mito do submarinista” que se inicial em submarinos sumarizada, alguns aspectos
antecipa aos fatos e, antecipado, convencionais e servir nestes relevantes da atual Política de
busca a melhor solução para os meios por um período mínimo
Emprego de Pessoal da Força
conflitos de toda a ordem. de 01 (um) ano;
de Submarinos:
8 O Periscópio 2013 / VA Bento

I) Como Oficial Subal- os habilitará, indubitavelmente, Nuclear (CNEN), e a Diretoria


terno e Intermediário: a serem selecionados pelo Geral do Pessoal da Marinha
Os senhores permane- Comando da Força de (DGPM) está realizando
cerão embarcados até o Posto Submarinos a realizar o Estágio tratativas para que o currículo
de Capitão-Tenente e, nesse de Qualificação para Futuros da Escola Naval (EN) seja aceito
ínterim, deverão realizar os Comandantes de Submarinos por aquela Comissão.
cursos de Preparação para o (EQFCOS).
Importante destacar que os
Serviço de Oficial de Periscópio
oficiais submarinistas terão a
(PSOP) e o curso de Operações
PROSUB X Carreira do formação de operador de reator
de Submarinos para Oficiais
Submarinista nuclear no início da carreira e
(OSOF), além de cumprir
poderão/deverão guarnecer
o período requerido para A partir de agora, vamos
ambas as classes de submarinos
embarque em submarinos. tecer comentários sobre o
(convencional e nuclear). Dessa
ambicioso programa da nossa
Ainda no Posto de Capitão- forma, podemos dirimir que
Marinha – Programa de
Tenente, estarão aptos a ser essa reestruturação do PCOM
Desenvolvimento de Submarinos
nomeados comandantes de tem como conseqüência natural
(PROSUB) - do qual os senhores
navios de 4ª classe ou para o um maior tempo dedicado à
serão protagonistas.
cargo de Encarregado do Aviso atividade.
de Apoio Costeiro (AVAPCO) Assim sendo, destacaremos
“Alte. Hess”. os seguintes aspectos:
a) a Capacitação Preliminar OPORTUNIDADES
Releva notar que os oficiais
que não forem indicados para (CP) para o guarnecimento O ciclo ora iniciado os
exercer o comando dos navios de dos submarinos convencionais envolverá em um constante
4º classe concorrerão a funções de (S-BR) tem como propósito aperfeiçoamento e qualificação
instrutoria no CIAMA, de apoio preparar as futuras tripulações para guarnecer e operar
à manutenção dos submarinos daqueles meios, e é composta os novos meios, o que lhes
na Base Almirante Castro e Silva por cursos, estágios e embarques proporcionará embarques em
(BACS) e de ajudantes nas seções voltados à qualificação operativa submarinos norte-americanos,
do Estado-Maior do comando da e técnica de Oficiais e Praças. Essa chilenos, holandeses e
Força de Submarinos. CP se dará da seguinte forma: canadenses.
Cabe ressaltar que, a partir A formação de um oficial Além desses embarques,
de 2016, iniciar-se-á no Centro submarinista para operar o estão confirmados:
de Instrução e Adestramento reator ocorrerá dentro dos - curso de Aperfeiçoamento
Nuclear de Aramar (CIANA), parâmetros requeridos pela em Submarinos para Oficiais no
recém inaugurado pelo Comissão Nacional de Energia Chile;
comandante da Marinha, a
formação nuclear para os oficiais.

II) Como Oficial Superior: SELEÇÃO DA TRIPULAÇÃO CAPACITAÇÃO


Dar-se-á continuidade PRELIMINAR
na rotatividade de comissões,
podendo, os senhores, exer- 1º submarino (Até FEV 2014) MAR2013 a MAI2015
cerem funções no âmbito da
2º submarino (Até FEV 2016) MAR2016 a JAN2017
Força e em outras organizações
militares afins. 3º submarino (Até FEV 2017) SET2017 a JUL2018
Desta feita, essa trajetória 4º submarino (Até FEV 2019) MAR2019 a JAN2020
Aula Inaugural do Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficiais 2012 9

- curso de Aperfeiçoamento quanto maior a divulgação, de um profissional que conduz


em Submarinos para Oficiais na maior será a prevenção e uma arma que guarda na
França; menores os erros ou, a repetição iniciativa das ações o seu maior
- estágio no comando da deles. Acreditem: segurança valor tático!
Força de Submarinos da França; NÃO é mito! – Transbordem essa proati-
- curso de comandantes vidade para a vida burocrática
– A busca pelo
de Submarinos no Chile e na e cotidiana, e assim serão
conhecimento gera massa
Alemanha; e reconhecidos como aqueles
crítica e desenvolve o senso
- curso para Chefe de que se antecipam ao problema
comum e profissional, de
Operações de Submarinos a ser e são comprometidos com o
maneira que quanto maior o
realizado na França. resultado, reforçando o mito
conhecimento profissional,
Nesse sentido, o PROSUB do submarinista.
maior a capacidade de realizar
é o principal projeto da MB
assessorias de mais alto nível e – É necessário um aper-
e traz consigo demandas em
de maior relevância. feiçoado comprometimento
vários campos, em especial
com a Marinha, seus Valores,
o acadêmico, principalmente – Não se acovardem
suas Tradições e seus Costu-
no que tange a qualificação, em assessorar. Cultivem a
mes, na medida em que o
contumaz, para se operar coragem moral e o ambiente
fortalecimento nessa crença
com a segurança requerida de conhecimento e, sempre
leva a relevar sacrifícios de
e a desenvoltura tática, digna que possível ou demandado,
ordem pessoal e familiar.
dessas super plataformas de emitam pertinentes juízos de
combate que são os submarinos valores a seus superiores e – Como Encarregados
convencionais de última Comandantes. Lembrem-se de Divisão irão compartilhar
geração e os submarinos que: “Idéias não usam galão! com as Praças, que conhecem
nucleares. Decisões, sim!” bem o navio, e liderá-los
pelo exemplo, pela amizade
O QUE SE ESPERA DOS
– Tenham como objetivo e pelo senso de justiça,
sempre Comandar um será uma constante e desa-
FUTUROS SUBMARINISTAS
Submarino e para tal, é fiante experiência. Fomentem
Por fim, vou me outorgar importante a manutenção e a parcimônia, o elogio, a
o direito de enumerar algumas o incremento, por anos, de ponderação e o sadio “Espírito
orientações, até por que, em uma “biblioteca de modelos de Corpo”.
todos os postos da carreira, mentais” que são adquiridos
desempenhei todas as funções na “vida operativa”, somada – Finalmente, assim
nesta Força desde aluno do a uma sólida formação que embarcarem em seus
CASO, nos idos de 1981, até acadêmica, além da busca, submarinos, após a conclusão
o de Comandante da Força contumaz, pela higidez física, deste curso que ora se inicia,
de Submarinos (2008-2012), que alcançará seu ápice de entenderão o sentimento desse
passando por todas as funções demanda ao serem submetidos velho marinheiro quando me
a bordo de nossos navios, ao Estágio de Qualificação referi ao “Espírito de Navio”
instrutor desse saudoso para Futuros Comandantes que contagia nossas almas
Centro, e Comandante da Base de Submarinos, aonde a desde o primeiro dia a bordo
de Submarinos: capacidade aeróbica e o dessas fabulosas máquinas de
“endurance” físico, além do guerra!
– Desde já, dediquem-
se! Ser submarinista é um mental, serão testados no seu
NOSSO ORGULHO
incansável aprendizado com limite. MERGULHA FUNDO!
os erros! Fomentem a cultura – Sejam proativos! A pró-
da divulgação do erro. Pois BOAS ÁGUAS, BOA CAÇA E
atividade é a postura esperada SEJAM FELIZES!
10 O Periscópio 2013 / CMG Arentz

Mergulhadores de Combate comemoram


40 anos de atividade no Brasil

Capitão-de-Mar-e-Guerra Carlos Eduardo Horta Arentz

Lançamento de bote e pessoal MEC a partir de helicóptero

O Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) completou, em 10


de março de 2010, 12 anos de ativação como Organização Militar.
Entretanto, existe outra data também marcante para os Mergulhadores de
Combate (MEC), pois o dia 03 de abril de 1970 baliza o surgimento de seu
verdadeiro embrião, com a criação da Divisão de Mergulhadores de Combate.
Esta unidade foi o núcleo organizacional do atual GRUMEC.
Mergulhadores de Combate comemoram 40 anos de atividade no Brasil 11

A implementação efetiva
dessa atividade no Brasil
só foi possível devido aos
conhecimentos adquiridos pelos
oficiais e praças que lograram
êxito nos cursos de mergulho
de combate realizados junto às
Marinhas dos Estados Unidos
da América e da França, em 1964
e 1973, respectivamente.
Ao longo destes 40 anos, o lema
Fortuna Audaces Sequitur,
traduzido como “A Sorte
acompanha os audazes”, passou
a ser adotado pelos MEC. Nesse
contexto, as palavras “sorte”
e “audácia”, que caracterizam
o êxito das missões atribuídas
ao GRUMEC, representam
a atmosfera marcada por
militares que aliam coragem, Destacamento de Abordagem MEC nas operações de Controle de Área Marítima
planejamento detalhado, e ações de fiscalização das águas jurisdicionais, garantindo segurança aos Grupos
preparação constante e zelo de Visita e Inspeção.
profissional na condução de
suas atividades. pouso na área do objetivo, assim assimétricas e potenciais,
Atualmente, os MEC figuram como a abordagem noturna de fomentadoras dos conflitos
como uma unidade de Operações navios em movimento, técnica armados internacionais, mas
Especiais respeitada no Brasil e desenvolvida com o advento cujas atividades também
no exterior. Para o desempenho da Embarcação Rápida para permeiam espaços nacionais.
de suas atividades, eles são Operações Especiais. A conjuntura mundial tem
lançados por submarinos, O Grupamento de demonstrado o incremento
navios, aviões, helicópteros, etc., Mergulhadores de Combate dos crimes transfronteiriços,
dominando técnicas peculiares. é, portanto, uma importante como as atividades
Na condução de suas tarefas, parcela do Poder Naval do terroristas, o narcotráfico, o
podem empregar uma ampla Brasil, sendo empregado recrudescimento dos ataques
gama de equipamentos, como nos mais variados ambientes de piratas modernos a navios e
os paraquedas, até mesmo operacionais, requerendo instalações petrolíferas, assim
na realização de saltos de dos militares componentes como a interoperabilidade das
grandes altitudes, embarcações de suas frações operativas fontes patrocinadoras de tais
pneumáticas, lanchas de alta habilitações em diversas áreas atividades criminosas.
velocidade, caiaques, veículos de conhecimento; como o Os Mergulhadores de Combate,
submersíveis, diversos tipos de mergulho, paraquedismo, devido às suas habilidades
armamentos, explosivos e de montanhismo, operações em específicas e adestramento
equipamentos de mergulho. selva e no Pantanal, tiro de continuado, têm papel relevante
Recentemente, o GRUMEC precisão (sniper), explosivos, no enfrentamento de tais
concretizou a qualificação para dentre outras. ameaças. Nesse contexto, cabe
a realização de saltos TANDEM, Nos últimos anos, as ocorrências destacar o papel do Grupo
em que um passageiro é bélicas no Mundo têm colocado Especial de Retomada e
conduzido por um paraquedista em evidência os efeitos das resgate do GRUMEC (GERR/
MEC, da queda livre até o chamadas “novas ameaças”, MEC), voltado, desde a
12 O Periscópio 2013 / CMG Arentz

década de 1980, para ações


anti-seqüestro em ambiente
marítimo, contribuindo para a
proteção dos inúmeros terminais
e plataformas petrolíferas e
navios na nossa Amazônia Azul.
Da mesma forma, a atuação
do GRUMEC em apoio aos
Grupos de Visita e Inspeção
(GVI) dos navios da Marinha
imprime importante aporte nas
ações de fiscalização das águas
jurisdicionais brasileiras e nas
operações de controle de área
marítima, atuando previamente
aos GVI, em caso de alvos com
algum grau de ameaça potencial.
Ademais, o
Exercício de sabotagem de navio, com mina de fixação magnética.
futuro que se espelha para
o GRUMEC é auspicioso. A
criação da Segunda Esquadra
na região Norte/Nordeste,
bem como do Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas,
conforme sinaliza a Estratégia
Nacional de Defesa, forçará,
também, uma reestruturação
aos Mergulhadores de Combate,
permitindo-lhes atender
simultaneamente a ambas as
Esquadras, aos Distritos Navais
e às Operações Conjuntas com
outras Forças.
Por fim, cabe ressaltar que
nenhum dos feitos e projetos
acima mencionados seria
possível de ser concretizado ou
vislumbrado se não fosse a pedra
fundamental lançada pelos
MEC pioneiros, na qual todos
os que se sucederam acresceram
importante contribuição,
impondo seu empenho pessoal
e entusiasmo marcante. Este é
o valor dos que envergam ou
envergaram no peito e na alma
os Tubarões de Metal.
Que a sorte continue acom-
panhando os audazes.
FORTUNA AUDACES
Flagrante da integração MEC e a plataforma submarina.
SEQUITUR!
Os Impactos Táticos a partir da incorporação ao Poder Naval de um Submarino de Ataque 13

Mergulhadores de Combate
FORTUNA AUDACES SEQUITUR!

Infiltração do GERR-MEC em navio mercante seqüestrado (exercício)


14 O Periscópio 2013 / CT Antunes de Lima

“Curso Especialidad de Submarinos para


Oficiales” Armada do CHILE

Capitão-Tenente Jônatas Antunes de Lima

Submarino O’higgins atracado.


“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE 15

Introdução
Em virtude da atual
realidade da nossa força de
submarinos com a aquisição dos
S-BR junto à marinha francesa,
fui designado em fevereiro de
2012 para realizar o “curso de
Especialidad de Submarinos
para Oficiales” na “Escuela de
Submarinos Almirante Allard”
da Armada do Chile.
O curso estava previsto para
realização do aperfeiçoamento
de um oficial estrangeiro na
operação como oficial de águas
de um submarino da classe
Scorpene, a ser concluído
em oito meses e meio, sem a
Mais um submarinista chileno
realização de avaliações nos
sistemas similares ao IKL-
209 (Tupi) e provas práticas.
Entretanto, devido às diferenças de submarinos, sendo instalado (mecânicos e elétricos) e convés
existentes no processo de nas dependências da base naval (operações), resulta em uma
formação e à necessidade de de Talcahuano onde permaneci organização particular do
verificação prática (provas de por aproximadamente um curso de submarinos. Para os
porto e mar) para validação do mês. Após ser apresentado engenheiros, o curso é encarado
referido curso pela diretoria às autoridades navais locais como uma sub-especialização,
de ensino do Chile, este se e ter recebido os materiais tendo duração de um ano;
estendeu por mais um mês. necessários para o início do já para os oficiais de convés
curso, rapidamente já estava o curso é mais extenso, com
Instalação inserido no universo da “Fuerza duração de dois anos. Ambos
Conforme estava previsto de Submarinos Chilena” e nos primeiros meses da sua
em minha portaria, no primeiro mais especificamente na rotina fase teórica estão direcionados
dia do mês de março eu estava da escola de submarinos, para aprendizado dos conceitos
embarcando com destino a iniciando, após sete dias da básicos de funcionamento de
Santiago para o início de mais minha chegada, as aulas do um submarino, de navegação
uma jornada de estudos. Os submarino Scorpene. e de acústica. Em um segundo
primeiros três dias foram momento dessa mesma fase,
dedicados à preparação de Organização inicia-se o estudo específico de
documentação para legalizar A estrutura do curso de uma classe de submarino, IKL-
a minha situação no país e submarinos na armada chilena 209 ou Scorpene, onde cada
apresentação ao Adido Naval. segue o mesmo princípio da aluno estuda somente uma
Passados esses dias, embarquei adotada no Brasil, estando classe. Além disso, cabe ressaltar
com destino à cidade de dividida em uma parte teórica que os oficiais engenheiros e os
Concepción, localizada a 500 (etapa alfa) e uma parte prática oficiais de convés não realizam
km ao sul de Santiago, e logo embarcada (etapa bravo). nenhum período teórico
percebi que o frio estaria Apesar das similaridades, concomitantemente.
presente durante todo o ano. como a formação dos oficiais Dessa maneira, como oficial
Fui recebido de maneira é um pouco diferente, estando estrangeiro intencionado para
cordial por um oficial da escola divididos em engenheiros estudo do Scorpene e já sendo
16 O Periscópio 2013 / CT Antunes Lima

submarinista, iniciei os estudos objeto de estudo continuava logo percebi que seria a etapa
diretamente na parte específica sendo um submarino, mais árdua a ser enfrentada. A
desta classe sem a companhia de logicamente com sistemas mais qualificação seguia o mesmo
outros oficiais alunos chilenos, modernos, porém com diversas padrão utilizado no Brasil,
em virtude das datas não semelhanças. com um qualirão composto de
coincidirem. A princípio pensei A principal diferença que itens de porto e de mar, porém,
que seria enfadonho por estar encontrei nessa etapa foi a como o meu currículo previa
sozinho, mas, com dinamismo inexistência de um simulador uma mescla de engenharia
dado pelos instrutores, as de imersão, que resultou e operações, o número de
aulas tornaram o processo de em uma maior dificuldade itens era bastante elevado,
ensino e aprendizagem rápido para realização dos diversos aproximadamente quinhentos.
e eficiente. Como observação, procedimentos práticos da fase Por motivos de segurança,
pelas particularidades na subseqüente do curso. as únicas áreas que tive restrição
formação dos oficiais chilenos, quanto ao acesso foram a
meu curso foi uma mescla Etapa BRAVO estação rádio e o console do
dos cursos dos engenheiros Terminado o período de sala sonar destinado à análise de
e dos operativos, de forma a de aula, mais uma vez tornei- baixa freqüência. Quanto ao
alcançar a mesma formatação me qualira! Fui designado restante dos equipamentos,
do Curso de Aperfeiçoamento para cumprir meu período recebi todos os manuais em
de Submarinos para Oficiais de embarque no submarino inglês e espanhol, além dos
(CASO) da Marinha do Brasil. O´higgins, primeiro Scorpene planos isométricos de todos os
construído no mundo, onde sistemas de bordo.
Etapa ALFA semelhantemente ao ocorrido Navegando, em apenas
Semelhantemente ao CASO, no período em que estive na cinco dias após realizar diversos
a etapa alfa foi marcada escola, fui extremamente bem exercícios de procedimentos de
por um grande volume de recebido, tornando-me parte da emergência e me familiarizar
informações e um número tripulação. com a fraseologia em
elevado de avaliações, que Iniciei minha qualificação espanhol, já estava qualificado
giravam em torno de duas para o serviço no porto, para o serviço de oficial de
por semana. Durante esse terminando depois de um águas e oficial de passadiço,
período recebi instruções das período de duas semanas e, demonstrando a grande
seguintes disciplinas, conforme dado o nível de exigência, confiança que o comandante do
previsto no currículo do curso
acordado com a Marinha do
Brasil: manobra, sistemas
de engenharia, motores,
eletricidade, periscópios,
equipamentos de navegação,
eletrônica e procedimentos
operativos. Além destas, por
iniciativa do encarregado
da escola de submarinos,
foram inseridas instruções
de SUBTICS, análise de
baixa frequência (teórico e
laboratório) e sonares.
A etapa alfa, apesar de
demandar um alto esforço,
não foi o período de maior
Navegação nos canais chilenos
dificuldade do curso, já que o
“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE 17

navio, Capitão-de-Fragata Luis última semana de novembro fui maneira que estava sendo
Hidalgo Dominguez, depositou submetido primeiramente às avaliado, aproveitava para
em mim. provas de porto de engenharia, realizar comparações entre o
Realizamos trinta e oito operações e armamento, e perfil dos militares chilenos e
dias de navegação, onde tive a posteriormente à prova de mar brasileiros.
oportunidade de participar de pela banca da escola. Constatei que os oficiais
diversos exercícios, tais como: Felizmente, após decorridos se encontravam em um nível
trânsito em área com lançamento intensos nove meses e meio de conhecimento profissional
de carga de profundidade real, de estudo, estava aprovado bastante parelho, todavia as
lançamento de torpedo Black no “Curso de Especialidad de praças chilenas de maneira
Shark de exercício, operações Submarinos para Oficiales”. geral se destacavam por um
secundárias noturnas, navegação Juntamente comigo estavam elevado grau de conhecimento
nos canais chilenos como oficial presentes na cerimônia de técnico, principalmente
de passadiço e sub x sub. encerramento somente dois os operadores de sonar e
Após quatro meses e meio oficiais chilenos, um maquinista eletricistas.
de etapa bravo consegui então e um de convés, dos sete Outro aspecto relevante
minha última assinatura do que iniciaram o curso. Enfim relacionado à identidade
qualirão. Fui avaliado em recebemos a tão almejada do submarinista chileno é
uma espécie de prova de manicaca. a sua motivação. Estavam
porto prévia por uma banca sempre impulsionados a
composta por oficiais e praças O Submarinista serem empregados a qualquer
do próprio navio, a qual me Chileno momento em defesa da pátria
considerou apto para as provas Com o transcorrer do e se orgulhavam por também
a serem realizadas pela escola tempo e a integração com o serem considerados como
de submarinos. Sendo assim, na pessoal de bordo, da mesma ponta de lança de sua esquadra.

Cerimônia de término do Cuso e entrega da Manicaca


18 O Periscópio 2013 / CT Antunes Lima

Faina de recebimento de torpedo

O Scorpene seria tendencioso e injusto. e utilização de motores elétricos


Tendo vivido essa Certamente, a utilização do de corrente alternada em todos
experiência a bordo de um Scorpene como base para os equipamentos de bordo,
submarino mais moderno, com construção dos S-BR e SN- inclusive o MEP; e
uma nova concepção de sistema BR já nos colocará em um 4) maior número de armas
de controle da plataforma, uma novo patamar na operação de a bordo (até dezoito torpedos).
alta capacidade dos seus sensores submarinos. Com capacidade para realizar
e um sistema de combate Podemos destacar como seu embarque, armazenamento,
bastante eficaz, mesmo sem seus principais pontos fortes: manejo e lançamento, de maneira
intenção, tenho a convicção de 1) maior raio de ação, segura e ágil.
que acabaria sendo tendencioso resultado de um binômio Aspectos negativos,
e injusto se fosse comparar essa motor elétrico principal (MEP) pude encontrar alguns. Estes
classe com a IKL-209. econômico com uma bateria pontos, encarados por mim
Essa comparação não nos de maior capacidade (em como limitações, seguramente
levaria a lugar algum, até porque torno 60% a mais). Realizamos podem e serão corrigidos na
a escolha do Scorpene como patrulhas com SOA de nove nós, construção do S-BR, tais como:
novo meio para a Marinha do executando dois procedimentos melhor dimensionamento do
Brasil não vislumbrou somente de esnorquel de uma hora por sistema de ar condicionado e
o horizonte de emprego do dia; maior quantidade de beliches.
melhor submarino convencional 2) alta capacidade de Todavia, outros fatores que estão
na atualidade, mas sim o melhor detecção, associado a um outro relacionados com a adaptação
caminho para alcançar o tão binômio: flank array e baixo do modelo nuclear francês
almejado projeto do SN-BR. nível de ruído próprio; para construção dessa classe
No entanto citar suas 3) emprego da eletrônica de de submarino convencional,
virtudes e limitações não potência que permite o controle dificilmente poderão ser
“Curso Especialidad de Submarinos para Oficiales” Armada do CHILE 19

alterados em virtude de seu papel de coadjuvante e O curso que realizei é


características próprias inerentes assumindo uma posição de evidência concreta da nova
a esse projeto, apesar de tornarem destaque nos cenários político e realidade que temos pela
por vezes alguns procedimentos econômico. Dado o potencial do frente e o Scorpene é a resposta
mais lentos ou menos eficientes. mar brasileiro e sua importância imediata aos nossos anseios por
Em linhas gerais, o Scorpene, vital para o desenvolvimento e uma Marinha melhor equipada.
apesar de possuir algumas sobrevivência da nossa nação, Foi um período de dedicação
particularidades que podem ser imensa e complexa também é
intenso, por vezes exaustivo,
encaradas como limitantes, sem a tarefa de proteger tão grande
mas que me enche de felicidade,
dúvidas possui uma gama de patrimônio.
não só pelo fortalecimento
avanços que as sobrepujam em Levando-se em conside-
dos laços da nossa instituição
muito, tornando sua aquisição ração esses aspectos, a
um grande avanço em termos de Marinha do Brasil, e mais com outra Armada amiga e a
capacidade tecnológica, emprego especificamente a força de oportunidade de crescimento
operativo e poder dissuasivo submarinos, estão no limiar cultural, mas principalmente
para a nossa força de submarinos. de uma nova era. A aquisição por ter a chance de participar
de meios mais modernos, a desse embrião que dará origem
Conclusão preparação de pessoal e a a uma fase de grandes desafios,
Hoje, o Brasil com sua ampliação das instalações são mudanças e conquistas, que
vastidão de recursos naturais está reflexo desse grande processo projetará nossa força a uma
completamente inserido no eixo já iniciado para garantia dos posição de maior destaque no
estratégico mundial, deixando nossos interesses no mar. cenário mundial.
20 O Periscópio 2013 / CT Alex

Novas tendências para o mergulho comercial


no Brasil
Capitão-Tenente Alex Pinto Rubem

Mergulho em Usina

“O mergulho comercial é considerado pela Organização Internacional do


Trabalho (OIT) o segundo trabalho mais perigoso do mundo, perdendo apenas
para a atividade espacial.”
Novas tendências para o mergulho comercial no Brasil 21

As atividades de
exploração de petróleo no
Brasil foram intensificadas em
meados dos anos 1960 e hoje
assumem lugar de destaque
no cenário internacional,
devido à tecnologia de ponta
desenvolvida e empregada na
prospecção sobre o mar. Com
isso, atividades subsidiárias
e essenciais emergiram e
acompanharam o mesmo
ritmo de desenvolvimento, tal
como ocorreu com o mergulho
comercial, que é considerado
pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT) o segundo
trabalho mais perigoso do Sino aberto de mergulho na Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da
mundo, perdendo apenas Rocha Netto, em Pinhão (PR)
para a atividade espacial. O
mergulho comercial ganhou a formação dos mergulhadores do Norte, onde as condições de
espaço importante também profissionais em 1985, que a clima desfavoráveis permitem
dentro da Marinha do Brasil partir de então, deveriam ser intervenções subaquáticas por
(MB) e, acompanhando essa qualificados exclusivamente mergulhadores apenas em
tendência, oficiais e praças em escolas credenciadas. Não poucos meses do ano.
se especializaram no exterior obstante, o código Internacional Apesar do grande número
e disseminaram as novas de Segurança de Sistemas de de operações realizadas na costa
técnicas aprendidas, não só no Mergulho foi editado pela IMO, brasileira, o índice de acidentes
ambiente das Forças Armadas, o que motivou a DPC a editar envolvendo mergulhadores
como também no meio civil, uma norma específica para profissionais é considerado bem
cuja integração com os militares as atividades subaquáticas, a abaixo da média mundial, fruto
sempre foi muito forte. NORMAM-15/DPC. de uma política de fiscalização
Motivado pelas orientações Devido às condições constante e da adoção de normas
da Organização Marítima climáticas favoráveis específicas e adaptadas ao
Internacional (IMO), o Brasil encontradas em nossa costa, mercado brasileiro. Basicamente,
promulgou, em 1997, a Lei o mergulho é ativamente dois órgãos são responsáveis
da Segurança do Tráfego empregado durante todos por essa fiscalização: a MB, por
Aquaviário (LESTA), que os meses do ano, seja nas intermédio da DPC e o Ministério
estabelece, dentre outras manutenções necessárias do Trabalho e Emprego (MTE),
diretrizes, as atribuições da envolvendo as unidades por meio da Coordenação
Autoridade Marítima (Marinha off shore, seja nos serviços do Trabalho Portuário e
do Brasil) nesse contexto diretamente ligados às Aquaviário. Como cada órgão
e o reconhecimento dos operações de prospecção. Dessa conta com legislação própria
mergulhadores profissionais forma, podemos afirmar que - a MB com a NORMAM-15/
como aquaviários, atribuindo em nosso país são realizadas DPC, que estabelece os critérios
status internacional a esses mais operações de mergulho para a operação dos sistemas
profissionais. Antes disso, do que em qualquer outro lugar de mergulho e a formação dos
baseada em resoluções da do planeta, deixando para trás mergulhadores; e o MTE com a
IMO, a Diretoria de Portos e regiões importantes nessa área, NR-15/MTE, versando sobre os
Costas (DPC) regulamentou como o Golfo do México e o Mar requisitos inerentes à segurança
22 O Periscópio 2013 / CT Alex

do mergulhador enquanto Acompanhando a tendên- que tange às atividades


trabalhador – a integração se cia de crescimento dessa subaquáticas; e fiscalizar o
faz mister e foi ratificada por atividade, a DPC criou, em funcionamento das escolas
meio do acordo de cooperação 2006, a Divisão de Mergulho, de mergulho comercial
Técnica firmado em 1996, sendo composta por oficiais e praças credenciadas.
referenciado, recentemente, especializados em mergulho, Em 11 de outubro de 2011,
por ocasião do treinamento cujos objetivos principais são: entrou em vigor a 1ª Revisão da
conduzido por peritos em apresentar propostas para NORMAM-15/DPC, fruto de
sistemas de mergulho da DPC atualização da NORMAM-15/ um longo período de estudos
para vinte auditores fiscais do DPC; fiscalizar o cumprimento envolvendo: visitas técnicas
trabalho, que buscavam agregar dos requisitos estabeleci- em usinas hidrelétricas e em
conhecimentos específicos às dos na NORMAM-15/DPC unidades off shore; debates
suas tarefas de fiscalização do pelas empresas de mergulho com representantes do MTE,
cumprimento da NR-15/MTE. comercial e suas contratantes; das empresas de mergulho,
Este treinamento foi realizado prestar apoio especializado dos profissionais de mergulho
nas dependências do CIAMA e às Capitanias dos Portos, e dos órgãos certificadores; e
do NSS Felinto Perry. Delegacias e Agências no experiências adquiridas em
diversas perícias em acidentes
ocorridos com mergulhadores.
Após a entrada em vigor,
essa norma foi apresentada
à comunidade subaquática
por meio de um workshop
promovido pelo Sindicato
das Empresas de Mergulho
(Siemasa), sendo muito bem
aceita pelos participantes do
evento.
Apesar de essa nova revisão
estabelecer alguns critérios de
segurança para as operações
de mergulho realizadas
em rios, barragens e usinas
hidrelétricas, esse universo
ainda está bem distante da
realidade encontrada nas
operações off shore e ainda há
muito o que progredir nesse
sentido, principalmente no
que tange aos procedimentos
e equipamentos utilizados,
tendo em vista algumas
especificidades, não encon-
tradas no mergulho em mar
aberto, exigirem atenção
diferenciada. Diante disso, o
Sino em embarcação
foco da Divisão de Mergulho da
DPC está direcionado para esse
Novas tendências para o mergulho comercial no Brasil 23

tipo de operação, objetivando


elevar o nível do mergulho on
shore, muitas vezes exercido
na clandestinidade, ao patamar
do que é praticado na costa
brasileira.
Ainda há o que melhorar,
principalmente no mergulho
on shore, porém contamos
hoje com uma norma que
agregou em seu conteúdo as
principais mudanças ocorridas
no mergulho comercial nos
últimos seis anos e está alinhada
com a legislação internacional
e os anseios da comunidade
subaquática, o que vem a
ratificar o papel da DPC como
órgão mediador, normatizador
e fiscalizador do mergulho
profissional brasileiro. ADE – Auditores do Ministério do Trabalho e Emprego

Certificação do Sistema
24 O Periscópio 2013 / CC Cetrim

Preparação da tripulação e seus familiares


para comissões “Deployment”
Capitão-de-Corveta Luiz Eduardo Cetrim Maciel

Submarino em fase final de Período de Manutenção


Preparação da tripulação e seus familiares para comissões “Deployment” 25

Aspectos Iniciais é inaceitável. Somente atracado de restabelecer o equilíbrio


Durante o ano de 2011, nos portos será possível falar normal do indivíduo. Em
a Marinha do Brasil assumiu com seus parentes! outras palavras, poderíamos
o comando da Maritime Durante o período de dizer que o estresse é o estado
Task Force da UNIFIL, no preparação sempre haverá a do organismo submetido às
Líbano. Durante esse período, natural preocupação com o pressões. Em doses ideais, ele
principalmente após a incor- meio envolvido, sobressalentes, funciona como um elemento
poração da Fragata União à parte administrativa e outras motivador, mas, se atinge
missão de paz, pude vivenciar ações para viabilizar a níveis elevados, ou se torna
os problemas pessoais de sua comissão. Mas como podemos crônico, pode desencadear uma
tripulação, em um ambiente preparar nossos militares e seus série de reações que podem
conturbado, ocasionados familiares para minimizar os comprometer o bem-estar bio-
pelo natural afastamento efeitos de estresse durante todas psicossocial do indivíduo.
de seus entes queridos. Tais as fases da comissão? Esse é o Na maioria das vezes não
dificuldades foram, em muito, tema que trago à análise com o é possível prevenir o estresse,
amenizadas pelas decisões artigo em lide. mas é possível administrá-lo
acertadas, tomadas pelo Estado- de forma a minimizar os efeitos
Maior e pela administração do “Os períodos em nocivos que ele provoca em
Navio à época, dentre as quais nosso organismo. Inicialmente,
destaco a utilização de parte
imersão implicam é necessário identificar as
do espectro da banda KU para em um afastamento situações estressantes e/ou
utilização da Internet pela os elementos causadores do
real do militar de estresse e, depois, é importante o
tripulação, para que a mesma
pudesse manter contato com seus familiares onde estabelecimento de prioridades,
seus familiares durante as qualquer tipo de para que o indivíduo possa
pernadas, utilizando programas começar a controlar o estresse
comerciais de conversação comunicação pessoal e aproveitá-lo de forma eficaz e
on-line e a utilização do leave a bordo é inaceitável. criativa.
– procedimento autorizado
pela Organização das Nações
Somente atracado nos Fase Pré-Deployment
Unidas que permite que o portos será possível A fase final de preparação
militar se afaste da missão, por falar com seus do meio naval para a comissão
um período determinado, a fim é bastante intensa e, para efeito
de ver os seus familiares. parentes!” dos familiares e marinheiros,
Quase um ano após o já pode ser considerada como
término da missão, estou Comissão. As famílias gostariam
envolvido na preparação Estresse – o da maior presença possível dos
do Submarino Tapajó para primeiro inimigo a seus amados marinheiros, mas
Comissão Deployment 2013. ser combatido esse é justamente o período
Comissão com duração de Um dos primeiros aspectos em que eles começam a ficar
aproximadamente 7 meses e abordados no curso de mais ausentes! Esse é o período
com cerca de 140 dias de mar Preparação para Missões de em que os parentes ficam
previstos. Dias esses em que o Paz ministrado na Escola de preocupados com a perda de
distanciamento dos familiares Operações de Paz é o controle segurança e de continuidade de
é muito mais intenso do que o do Estresse. Mas o que vem sua família. As crianças podem
ocorrido com a Fragata União! a ser o Estresse? Estresse é a não entender porque seu pai
Os períodos em imersão reação de adaptação a qualquer está partindo. Crianças muito
implicam em um afastamento demanda feita a uma pessoa. pequenas podem, inclusive,
real do militar de seus Portanto, o enfrentamento de acreditar que seu pai nunca
familiares onde qualquer tipo uma situação nova requer um mais voltará. Elas ainda não
de comunicação pessoal a bordo reajuste do organismo, a fim desenvolveram as habilidades
O Periscópio 2013 / CC Cetrim
26

necessárias para expressar


seus sentimentos por meio de Como lidar com esse aspecto pré-comissão?
palavras. Quando mudanças
dessa natureza ocorrem, elas
. Falar sobre o que irá acontecer e escutar o que seus
entes queridos têm a dizer;
não sabem como liberar sua
ansiedade, ou onde buscar . Deixar claro que a comissão representa algo muito
ajuda. Nessa fase, as esposas importante para ele e que estar no mar é o cerne da sua
profissão;
.
dos militares envolvidos verão
sua responsabilidade como Estimular objetivos pessoais e familiares para o
“chefe de família” aumentar período (juntar dinheiro, pagar dívidas, reformar o
consideravelmente. apartamento, comprar um novo imóvel, etc...);

Fase da Comissão:
. Encorajar os familiares a compartilhar seus
sentimentos;
Deployment
Chega, então, o dia do
. Reafirmar o sentimento por seus familiares;
Concentrar-se naquilo que você tem controle; Aproveitar
suspender para a comissão. o tempo que puder com seus familiares; Procurar todo
Quando os militares partem, tipo de informação sobre a comissão (portos, período,
o impacto inicial diminui, remuneração, possibilidade de levar familiares aos
com o passar do tempo, para portos, etc...);
os familiares. Mas a saudade
não passa! As crianças e as
. Veja a comissão Deployment como uma oportunidade
de crescimento pessoal e profissional;
famílias são deixadas com seus
Manter um canal de comunicação digital com seus
sentimentos e a certeza de que
familiares ( e-mail, programas de conversação on-line,
elas é que devem resolver seus etc...); e
problemas daqui para frente.
A esposa, que é, agora, a única
. Conhecer e incentivar os familiares a usarem os
programas sociais existentes na Marinha do Brasil para
responsável pela guarda das
apoiá-los nesse período que se aproxima.
crianças, luta, em muitos casos
com o auxílio de parentes,
com novos e intensos papéis a
serem desempenhados e muitas
responsabilidades. Conflitos po-
dem surgir. Durante essa fase
as famílias dos militares podem
desenvolver várias formas de
se ajustar a nova realidade.
Depois deste período de ajuste
inicial, normalmente a maioria
das famílias atinge um “novo
ponto de equilíbrio” até o fim
desta fase. Caso esse equilíbrio
não seja atingido, os programas
institucionais da Diretoria de
Assistência Social da Marinha
podem ser utilizados pelas
nossas famílias! Isso dará a
certeza aos nossos familiares de
que eles não estão desamparados
enquanto seu “chefe de família”
está longe cumprindo a missão Representação da homepage da DSAM
que lhe cabe.
Preparação da tripulação e seus familiares para comissões “Deployment”
27

Fase Pós-Deployment revista pelo militar. Esta fase


O momento do retorno é, deve ser encarada como uma
sem dúvida, caracterizado pela oportunidade para negociações e
euforia. Entretanto, um novo para reforçar os laços familiares.
reajuste familiar tornar-se-á
necessário! A família deverá Conclusão
se reajustar ao regresso do seu
ente querido. As esposas e Quando os nossos fami-
filhos podem ter achado uma liares fazem parte do processo
nova forma de resolver antigos de preparação com conversas
problemas. É o momento do francas antes da partida
militar procurar entender que - Passam a conhecer de que Referências:
o que ele imaginava ser certo, forma a Marinha poderá apoiá-
los durante a comissão; e Folder “Estresse 2011” da
há quase sete meses, pode ser
- Conseguem uma forma Diretoria de Assistência Social da
diferente agora! Antigos e novos Marinha;
conflitos podem surgir sobre de se sentir importantes, via
Parent`s guide to military child
tarefas e responsabilidades. A um canal de comunicação
during Deployment and reunion,
expectativa de que a família pré-estabelecido; eles saberão US Navy; e
seria reencontrada exatamente que, apesar da distância, estão
Homepage da Diretoria de
como foi deixada antes da amparados e acima de tudo Assistência Social da Marinha
comissão pode ter que ser amados por seus marinheiros. (www.dasm.mar.mil.br);

Submarino em Viagem
28 O Periscópio 2013 / CT Dibo

Sniper: arma da atualidade


Capitão-Tenente Pedro Salgado Dibo

Visão do Sniper apoiando um destacamento de abordagem


Sniper: arma da atualidade 29

Paciência, resistência,
precisão, inteligência, criati-
vidade e concentração são
características necessárias ao
bom atirador de elite, mais
conhecido como Sniper. O
nome Sniper, originado em
meados de 1770 por soldados
na Índia Britânica, fazia alusão
àqueles que conseguiam caçar
o pássaro de nome Snipe, ágil
e difícil de ser abatido. Passou
a ser utilizado como referência
aos atiradores de elite somente
por volta de 1824.
A figura do Sniper vem
sendo utilizada desde a
Revolução Americana, de onde
se têm os primeiros relatos do Sniper do GRUMEC em adestramento
emprego de atiradores de elite
na Guerra Civil Americana, moral da tropa inimiga com seus pequenas e navios).
Batalha de Trafalgar (fontes disparos silenciosos e precisos. Geralmente, os disparos
afirmam que até Lord Nelson, Suas principais tarefas são: realizados de helicópteros e
com todas as suas táticas, . Eliminar pessoal inimigo; embarcações pequenas, como
não pôde resistir à furtiva . Eliminar caçadores ini- a HURRICANE, no caso do
natureza de um ataque Sniper), migos; GRUMEC, são para suprimir o
I e II Guerras Mundiais, Vietnã, . Neutralizar meios mate- fogo do inimigo em missões com
Malvinas, Iraque e Afeganistão, riais; e destacamento de abordagem
até os dias de hoje, quando são . Coletar dados de inteli- (DA) ou com o GERR/MEC,
empregados como parte de gência (reconhecimento). fazendo com que a infiltração
tropas convencionais, de equipes O atirador pode ser da equipe de assalto no Contato
de operações especiais, em ações empregado, também, em ações de Interesse seja mais segura.
contraterrorismo e antipirataria, de contraterrorismo, realizando Já disparos realizados de
e em ações urbanas policiais. apoio de fogo para uma equipe navios podem ser mais precisos
“Voluntário selecionado, de assalto e resgate de reféns, devido à maior estabilidade
especialmente treinado em neutralizando o elemento hostil dos mesmos, não deixando de
avançadas técnicas de tiro e sem colocar pessoal em risco. considerar as condições de mar
progressão no terreno. Pode Nos tempos atuais, onde o e vento.
suportar missões de operações Incidente de Proteção Marítima Como exemplo da
especiais e está habilitado a está em destaque, a utilização complexidade e dificuldade
engajar alvos selecionados de do Sniper, no mar, passou a de uma missão de atiradores
posições ocultas sob condições ser maior. Por ser um meio de precisão em ambiente
e distâncias não possíveis ao aquoso e que varia de acordo marítimo, cita-se o resgate do
atirador comum” (Tc 31-32 com as condições climáticas, as Capitão do Maersk Alabama,
Special Forces Snipers Training plataformas que os atiradores Richard Phillips, em 2009,
and Employment), o Sniper é podem utilizar fazem com em que atiradores, a partir de
um fator de força para as tropas que o emprego do mesmo, uma plataforma móvel, USS
amigas, pois sua presença no em ambiente marítimo, seja Bainbridge, realizaram disparos
teatro de operações reduz a mais complexo, pois são sincronizados, em momento
velocidade de progressão do consideradas plataformas mó- oportuno, eliminando três
oponente, causa terror e baixa o veis (helicópteros, embarcações piratas somalis e neutralizando
O Periscópio 2013 / CT Dibo
30

com os requisitos citados


anteriormente, formados em
unidades do Exército Brasileiro
(EB) e pelo próprio GRUMEC.
São empregados dentro das
equipes de operações especiais
(eq Op esp) e no Grupo Especial
de Retomada e Resgate (GERR/
MEC) como elementos de apoio
de fogo. Utilizam armamentos
e equipamentos especiais e
estão capacitados para realizar
as diversas tarefas inerentes à
atividade do atirador de elite,
Apoio de Fogo a um DA realizado através de Aeronave*
tanto em ambiente terrestre
como em ambiente marítimo.
um. Para o disparo, os atiradores Podem realizar infiltrações
aguardaram por horas deitados mergulhados, realizando salto
no convés do navio americano, semiautomático e salto livre
que se mantinha próximo à operacional.
embarcação onde os quatro Outro emprego de grande
piratas estavam com o refém. importância dos Snipers do
Como fatores complicadores do GRUMEC é em grandes eventos,
tiro, observa-se a questão dos como Jogos Mundiais Militares,
atiradores estarem por muito Jogos Pan-americanos, Rio +20
tempo em uma mesma posição, Sniper atuando durante UNIFIL* e futuramente durante a Copa
em um local que se movia de das Confederações, Copa do
acordo com o mar e os piratas “...o Sniper é uma Mundo e Jogos Olímpicos, onde
em outra embarcação. Ou arma extremamente são empregados juntamente
seja, o alvo era móvel assim com atiradores do Batalhão
como a plataforma de tiro e, eficiente e de baixo custo. de Operações Especiais de
provavelmente, os atiradores Com ele é possível obter Fuzileiros Navais (comandos
encontravam-se com certo nível anfíbios – comanf), EB, Força
superioridade relativa
de stress devido ao tempo de Aérea Brasileira (FAB) e
monitoramento do alvo. em diversos tipos de Polícias Federal, Militar e Civil,
Outra tendência atual é missões além de expor e em Missões de Paz, como
a utilização de armamento UNIFIL, atual missão de paz
de precisão antimaterial
um número menor de no Líbano, que conta com a
embarcado em aeronaves pessoal à risco...” presença de um Destacamento
de asa rotativa, aumentando de Mergulhadores de Combate
assim a eficiência dos disparos, mar, para fazer com que uma embarcado em Navio da
pois é possível uma maior embarcação que não está Esquadra Brasileira.
mobilidade e aproximação obedecendo às ordens de que Como é de se notar,
do alvo reduzindo, assim, a um Navio de Abordagem o Sniper é uma arma
possibilidade de erro – mesmo pare seu deslocamento ou, até extremamente eficiente e de
levando em consideração mesmo, para neutralizá-la. baixo custo. Com ele é possível
os fatores negativos ao tiro, No âmbito do Grupamento obter superioridade relativa
como a vibração e movimento de Mergulhadores de Combate em diversos tipos de missões
da aeronave. Esses disparos (GRUMEC), os Snipers além de expor um número
podem ser utilizados, no são militares voluntários, menor de pessoal a risco,
Sniper: arma da atualidade
31

tornando assim o emprego


de atiradores extremamente NOTA:
recomendado pelo alto grau de * Imagens obtidas nos acervos
precisão e baixo nível de danos fotográficos do GRUMEC
colaterais. Seu emprego de
forma correta pode resultar em FONTES:
batalhas vencidas, resgates bem 1- Site Poder Naval – -www.naval.com.
br
sucedidos e até mesmo crises
2- Site Wikipedia – www.en.wikipedia.
solucionadas. org/wiki/sniper
Nossa Marinha conta com 3- Revista “ O Periscópio” Ano XLIV N°
militares Snipers capacitados e 62.2009
treinados para executarem essa 4- Site NBC News – www.msnbc.msn.
enorme gama de tarefas. Podem com/id/30178013/ns/world_news-
africa
operar através de plataformas 5- TC 31-32 Special Forces Snipers
navais, aeronavais e terrestres, Training and Employment
e, por serem elementos de alto 6- FMFM 1-3B Field Manual Sniping –
valor, contribuem sobremaneira U.S. Marine Corps
para a execução das tarefas do 7- Spec Ops – Cases Studies in Special
Operations Warfare: Theory and Pratice
Poder Naval.
– William H. McRaven
32 O Periscópio 2013 / CC Leite

Submarinos Nucleares de Ataque Franceses:


Programa “Barracuda”

Capitão-de-Corveta Mauricio Leite de Pontes

Submarino Nuclear de Ataque

Em dezembro de 2006, o Ministro de Defesa da França firmou um


contrato com o então estaleiro Direction des Constructions Navales
e com o grupo de energia nuclear Areva-TA, para a aquisição de
Submarinos com propulsão nuclear de ataque de última geração. O
contrato, que custará o valor total de 7.9 bilhões de Euros, está previsto
para cobrir o desenvolvimento, produção e suporte durante os primeiros
anos de operação.
Submarinos Nuclear de Ataque Franceses: Programa “Barracuda” 33

A Direction des estando a primeira unidade duas grandes vantagens no


Constructions Navales cons- prevista para entrar em serviço campo da propulsão nuclear”
truirá os 6 submarinos do em 2017, enquanto as demais Como principais ino-
programa “Barracuda”, que serão prontificadas a cada dois vações, comparando-se com
entrarão em serviço entre 2016 anos (2019, 2021, 2023, 2025), Classe Rubis, atualmente
e 2027, a fim de substituir em operação, pode-se citar
os atuais Submarinos da a utilização de lemes em um
classe “Rubis / Amethyste”.
“O Submarino arranjo tipo “X”, que possibilita
Com deslocamento de 5.300 “Barracuda” está melhor controle da plataforma,
toneladas, os submarinos sendo projetado para tanto em alta como em baixa
“Barracuda” terão o dobro do velocidade, e o propulsor do
deslocamento dos submarinos obter duas grandes tipo “pump jet”, que o torna
da classe Rubis / Amethyste e o vantagens no campo mais discreto e silencioso em
mesmo tamanho dos SSN classe diversas faixas de velocidades,
da propulsão nuclear” apresentando baixo nível de
Trafalgar da “Royal Navy”.
Os Submarinos receberão os ruído irradiado em todas as
seguintes nomes: “Suffren”, sendo a sexta e última delas profundidades, inclusive na
“Duguay-Troin”, “Dupetit- comissionada entre 2026 e 2027. Cota Periscópica, dificultando
Thouars”, “Duquesne”, “O Submarino “Barracuda” a sua detecção por unidades
“Tourville” e “De Grasse”, está sendo projetado para obter anti-submarina.
34 O Periscópio 2013 / CC Leite

máxima de 25 nós em imersão,


sendo projetado para operar
com autonomia de 70 dias
contínuos, superando os 45 dias
projetado para os submarinos
da classe Rubis /Amethyste.
O Submarino “Barracuda”
está sendo projetado para obter
duas grandes vantagens no
campo da propulsão nuclear:
a primeira será que em vez de
substituir o combustível em 7
anos, somente será realizado a
cada 10 anos, aumentando sua
disponibilidade para emprego
no mar, e a segunda vantagem
é que utilizará o mesmo
combustível que as usinas de
energia nuclear civis, o que
facilitará a produção de mesmo,
tornando-o economicamente
vantajoso. Apesar do avanço
comparado à classe anterior

Submarino Scorpene em fase de construção

Os submarinos “Barracuda”
terão a possibilidade de
emprego, para utilização
em 4 tubos de torpedos, os
seguintes armamentos: os
torpedos pesados “Black
Shark ou Artemis”, mísseis
anti-navios Exocet SM39 e
mísseis de cruzeiro “Scalp”,
com capacidade de embarcar
no total 20 unidades de
armamentos pesados. Além
disso, serão capazes de
embarcar 12 militares para
Operações Especiais com seus
equipamentos acondicionados
em um casulo acoplado atrás
da vela do submarino para a
execução de ações de guerra
não-convencional.
A cota máxima de operação
para estes Submarinos será
de 350 metros (1.150 pés)
e desenvolverá velocidade Submarino Scorpene em adestramento
Submarinos Nuclear de Ataque Franceses: Programa “Barracuda” 35

utilizada na Marinha Nacional


da França, o tempo de troca
do combustível Nuclear de
10 anos ainda está abaixo dos
submarinos mais modernos
que já estão em operação na
atualidade (Submarinos da
classe Virgínia da Marinha
dos Estados Unidos trocam o
combustível nuclear a cada 30
anos de operação).
Portanto, é bastante
aguardada a apresentação desta
nova classe de Submarinos
Nuclear pertencente à Marinha
Nacional da França, perante
a comunidade submarinista
internacional, reafirmando
a importância estratégica da
“magnífica arma submarina”
no cenário mundial, exigindo
de quem desejar o seu domínio
altos investimentos para o seu
desenvolvimento tecnológico,
principalmente no que se
refere ao campo da propulsão
utilizando a energia nuclear.
Além disso, podemos
também concluir que o Brasil,
que almeja o ingresso neste
seleto grupo de países que
possuem submarinos nucleares,
recentemente acrescido da
Índia com a prontificação do
Submarino Nuclear de Ataque
“Arihant”, está trilhando o
caminho certo em busca da
proteção de nossa Amazônia
Azul e dos interesses da
nossa nação com o avanço no
programa de construção do
Submarino Nuclear Brasileiro
(SN-Br), que enaltece ainda mais
todos aqueles que participam da
nobre missão dos marinheiros Submarino Scorpene inaugurado
até debaixo d’água.

“USQUE AD SUB AQUA


NAUTA SUM”.
36 O Periscópio 2013 / CC Leite

Dados Gerais

Nome da Classe Barracuda


Construtor DCNS
Operador Marinha Nacional da França
Antiga classe Rubis
Preço €8.7 bilhões
Em construção 2
Planejado 6
Cosntruído 0

Características Gerais

Tipo: Submarino Nuclear de Ataque


Deslocamento: 4.765 tons superfície
5.300 tons submerso
Comprimento 99,4 m
Boca 8,8 m
Altura 7,3 m
Convés 2
Propulsão: 2 turboredutores, Geradores elétricos (10 MW) que alimentam
o Motor Elétrico Principal, Reator Nuclear PWR tipo K15
(150 MW), 2 Motores elétricos de emergência e propulsor tipo
pump jet
Velocidade: Acima de 25 nós
14 nós, superfície
Autonomia: 10 anos (nuclear)
70 dias (Gêneros alimentícios)
Tripulação: 12 oficiais
48 Praças
Sistema de Combate: SYCOBS
Armamento: 4 tubos de 533 mm
Capacidade de
armamento: 12 Mísseis Exocet ou Mísseis de cruzeiro Scalp
20 torpedos pesados Black Shark ou Artemis.
37
38 O Periscópio 2013 / 2SG Diniz

Mergulho Dependente: Uma breve


viagem em sua origem e a importância dessa
“ferramenta” para a Marinha do Brasil

Segundo-Sargento Ranieri Diniz dos Santos

Introdução equipamentos na tentativa


de aumentar a capacidade
Desde épocas remotas, o ser do mergulhador permanecer
humano sempre buscou ficar submerso, suprindo-o com
perto dos mares e oceanos e, desta ar. Temos como a primeira
forma, usá-los como instrumento representação de um
de transporte, comunicação e equipamento de mergulho
deles extrair alimento. Não há (Figura1) o descrito por Vegetius
país que disponha de litoral e 375 (US Navy Diving Manual,
não expresse interesse no mar, 1963).
e isso é resultado dos anseios, Durante essa busca,
necessidades, possibilidades e da ressaltam-se, em 1530, a criação
cultura de cada povo. do sino de Catalão e, em 1616,
Devido à sede natural do sino individual de Kessler.
pelo conhecimento e a sua Os sinos ganharam este nome
atração inegável de explorar devido ao formato utilizado
o desconhecido, não é difícil na época. Eles eram, em geral,
imaginar os vários incentivos construídos em madeira e
para que o homem começasse permitiam que os mergulhadores
a se aventurar pelo ambiente realizassem breves excursões em
subaquático. A vida nasce dentro apneia para executar suas tarefas
Figura 1 – Primeira representação e em seguida voltassem para o
d’água e dela é dependente. Não de um equipamento de mergulho.
há ser vivo, vegetal ou animal, interior do sino e respirassem.
que não tenha suas origens numa Em 1690, o sino de Halley
espécie aquática (CARVALHO, (Figura 2) trouxe como inovação
1991). Desta forma, que foi empregado pelo rei da um sistema de renovação de
naturalmente, o método utilizado Pérsia, Xerxes, para recuperar ar. Junto com o sino, descia,
para o início desta grande jornada um tesouro afundado no século paralelamente, o depósito de
humana foi o do mergulho livre, V a.c. (Manual de Mergulho a ar. Dentro do sino ficavam dois
isto é, mergulhar contando Ar,2006). auxiliares do mergulhador. O
apenas com a sua própria reserva Apesar da grande habilidade primeiro controlava a mangueira
pulmonar para permanecer sob a desenvolvida por alguns povos, que trazia o ar do depósito, e o
água. Um dos primeiros registros o método de mergulho livre era, segundo controlava a mangueira
desses mergulhos foi encontrado sem dúvida, bastante limitado, de ar que ia para o mergulhador,
nos escritos do historiador grego quer em profundidade, quer em que, ao chegar à profundidade de
Heródoto. Ele conta sobre um tempo útil de trabalho, forçando trabalho, desembarcava do sino
mergulhador chamado Scyllis, assim o desenvolvimento de (CARVALHO, 1991).
Mergulho dependente: uma breve viagem em sua origem e importância 39

Em 1715, John Lethbridge


desenvolveu o primeiro traje de
pressão atmosférica, construído
em madeira no formato de um
barril e dotado de vigias de
vidro e saídas para os braços,
confeccionadas em couro
(Figura 3). Como o mergulhador
permanecia suspenso por
um cabo ligado a um navio
na superfície, a mobilidade
era bastante restrita, mas pela
primeira vez ele estava livre
das limitações do mergulho em
apneia (CUNHA, 1999).
Em 1812, o engenheiro
Britânico James Rennie projeta
um sino retangular, ou “caixão”,
ligado através de uma mangueira
em cabedal impermeabilizado,
conectado a uma bomba situada
na superfície (um melhoramento Figura 2 – Sino de Halley.
em relação aos sinos de mergulho
anteriores) operada por quatro não tinha como resgatá-los foi
homens. A entrada de ar estava tanta, que a Marinha decidiu
equipada com uma válvula de formar um grupo com o objetivo
não retorno ou de retenção que de aumentar a profundidade
mantinha a pressão interna, máxima de trabalho das equipes
bem como evitava a entrada de de resgate (CUNHA, 1999).
água, no caso de uma ruptura da Em 1917 surge o icônico
mangueira de fornecimento de modelo de capacete de mergulho
ar. Ao longo dos anos, algumas Figura 3 – Primeiro traje de pressão “Mark V”, desenvolvido e
atmosférica construído em madeira.
medidas que visavam aumentar introduzido pelo Departamento
a segurança das operações de Construção e Reparos dos
foram sendo adotadas, tais construiu um capacete metálico Estados Unidos da América,
como: a aplicação de iluminação, que foi universalmente aceito e que se tornou o modelo de
comunicações, lastragem e um que deu origem ao escafandro equipamento para trabalhos
melhor fornecimento de ar. moderno (CARVALHO, 1991). submarinos nas décadas
Apesar dessas mudanças, o Contudo, só em 1913 o seguintes, sendo substituído
princípio fundamental dos sinos impulso que faltava para o apenas em 1980 pelo modelo
abertos de mergulho manteve- desenvolvimento do mergulho “Mark 12”. A adoção de uma
se, sendo o sino de Rennie profundo veio da Marinha dos roupa presa a ele e alguns
considerado o primeiro sino de Estados Unidos da América, aperfeiçoamentos originou o
mergulho “moderno” (PEREIRA, após a perda do submarino escafandro tradicional, que
2005). S-4 e de toda a sua tripulação a constituíam, por excelência, o
A próxima evolução seria a 31 metros de profundidade. A equipamento do mergulhador
redução do sino ao tamanho de revolta da opinião pública ao profissional. Neste contexto é
um capacete ao qual se fornecia ar saber que a equipe de salvamento importante lembrar que o termo
bombeado da superfície (Figura era capaz de se comunicar com escafandro é uma aglutinação das
4). Em 1839, Siebe, na Inglaterra, os sobreviventes a bordo, mas palavras “scaphos” e “andros”,
40 O Periscópio 2013 / 2SG Diniz

averiguar as causas do acidente e e pontes. A partir das obras de


recuperar os corpos das vítimas, construção da Ponte Rio-Niterói
além de algum material do navio (Figura 5), quando são realizados,
(RIBEIRO, 2009). O mergulho além dos mergulhos com
continuou a desenvolver-se equipamentos convencionais, os
principalmente ao redor da primeiros mergulhos no país, em
atividade de Desativação de profundidades de até 90 metros,
Artefatos Explosivos (DAE), com a utilização de misturas
quando o pessoal especialista respiratórias artificiais (hélio-
em torpedos, minas e bombas oxigênio), a fim de realizar os
recebiam instruções de mergulho trabalhos de inspeção interna e
específicas e realizavam externa das fundações dos pilares
importantes serviços, tendo sido e coletas de amostras do material
Figura 4 – Mergulhadores utilizando a Marinha do Brasil, durante rochoso.
capacetes com fornecimento de ar da muitos anos, a única entidade Com os fortes indícios da
superfície. capaz de executar trabalhos de existência de jazidas de óleo
vulto neste setor no nosso país na Bacia de Campos, cresce
“barco” e “homem”, utilizado
(Manual de Mergulho a Ar, a atividade de perfuração
para denominar um protótipo
2006). offshore no país. Isso resulta
imaginado no século XVII que
No final do século XIX e no aumento da demanda dos
consistia exatamente nesse
início do século XX, começam mergulhos dependentes, bem
princípio
a aparecer os mergulhadores como da profundidade. Desta
de salvamento, geralmente forma, os mergulhadores
O mergulho dependente
de nacionalidade grega, brasileiros começam a atuar em
no cenário nacional
que exploraram com seus conjunto com os estrangeiros
No Brasil, as principais escafandros e bombas manuais, na montagem de sistemas e
atividades de mergulho foram inúmeros naufrágios em nossas na realização de operações,
registradas por cronistas como costas. propiciando um fecundo
Gabriel Soares, Hans Staden, A atividade de mergulho intercâmbio de conhecimento
José de anchieta, Jean de Levi e dependente só firmou-se como nesta área. Fecundo porém
outros que citaram os silvícolas um campo de trabalho no conflituoso, porque a troca nunca
como exímios mergulhadores Brasil nos primeiros anos da se deu de forma espontânea, pois
“que nadam sob o mar com década de 60, com a necessidade o que estava em jogo, naquele
os olhos muito abertos”. Na de ampliação de portos, de momento, era a detenção de uma
Marinha do Brasil em 1906, o construção de cais, barragens tecnologia de ponta da indústria
afundamento do Encouraçado
Aquidabã, que encontrava-
se fundeado na Enseada
Jacuacanga, na Baía da Ilha
Grande, pode ser considerado
como um dos primeiros eventos
onde se utilizou a atividade de
mergulho. Três dias depois do
naufrágio, o rebocador Coluna
foi enviado com uma equipe de
mergulhadores comandados
pelo Capitão de Corveta (EN)
João Manuel de San Juan, para
Figura 5 – Dupla de Mergulhadores na fase final de equipagem.
Mergulho dependente: uma breve viagem em sua origem e importância 41

ao regulamento publicado
petrolífera (SINTASA – Sindicato
e aprovado pelo Decreto de
Nacional dos Trabalhadores em
24 de setembro de 1908 lista
Atividades Subaquáticas).
o numeral de 1 marinheiro
A prospecção de petróleo
mineiro mergulhador.
na plataforma continental
deu origem a uma verdadeira Apesar de muitos homens
corrida tecnológica, tendo terem, ao longo da nossa
havido a formação de diversas história, se voluntariado
companhias especializadas e para o exercício desta nobre,
resultando na importação de árdua e difícil profissão, até os
dias atuais, apenas um seleto Figura 6 – Obras da construção da
sofisticada tecnologia. ponte Rio Niterói.
Na atualidade, a definição grupo com pouco mais de 1.000
do mercado subaquático nacional militares alcançou seu objetivo.
permite uma maior clareza em As palavras que faziam parte da empregamos essa técnica de
relação ao novo modelo que fraseologia padrão do mergulho mergulho quer em situações
se apresenta, sendo possível dependente, e que antecediam reais, como na reflutuação
entender melhor essa atividade. o envio do mergulhador do submarino Tonelero, quer
O mergulho profissional se equipado com o escafandro em exercícios de Salvamento
divide basicamente em 5 às profundezas (Figura 6), Submarino (SARSUB), on-
grupos, e dentro desta divisão ainda ecoam na memória de é realizada a localização
os mergulhadores da Marinha dos que tiveram a honra de do submarino sinistrado,
do Brasil se enquadram no 3º usar este equipamento...“PINO passagem de ar e material
e 5º grupo respectivamente: DE SEGURANÇA PAS- para prover suporte à vida dos
Mergulho de resgate ou de SADO, TRAVADO E CON- tripulantes, escape individual
segurança pública – Treinamento TRAPINADO. TORNEIRA pela guarita de salvamento e o
árduo devido à seleção dos AUXILIAR DE DESCARGA resgate de tripulantes através
alunos por capacidade e afinidade, ABERTA, VÁLVULA DE do acoplamento do sino de
sendo poucos que se prestem DESCARGA ABERTA COM resgate do Navio Felinto Perry,
a esta atividade ou concluam o DUAS VOLTAS E MEIA. BOM que envolvem um alto grau
curso. São profissionais que não MERGULHO”. de profissionalismo por parte
têm a escolha de mergulhar ou Com o passar dos anos, dos envolvidos e um perfeito
não, e o Mergulho de combate os equipamentos dependentes funcionamento por parte dos
– Atividade realizada pelo evoluíram, ficaram mais equipamentos; ou, ainda, nas
Grupamento de Mergulhadores leves, mais resistentes e mais longas saturações realizadas
de Combate (CALIL, 2009). seguros, mas o seu princípio de nas instalações do Centro
funcionamento e a sua essência Hiperbárico do CIAMA, e nos
O mergulho dependentE permanecem os mesmos, pois
NA MARINHA DO BRASIL vários adestramentos de Corte
eles constituem, por excelência, e Solda submarina.
Segundo (CARVALHO, o equipamento do mergulhador
1991), no Brasil, a escafandria profissional.
Considerações finais
começou no Arsenal de Marinha Na realidade atual da
do Rio de Janeiro, passando, Marinha do Brasil, usamos O intuito deste artigo foi
depois, a ser parte constituinte o mergulho dependente não abordar de maneira resumida
da Flotilha de Submarinos, mais apenas para uma simples questões fundamentais acerca
criada em 1914. O Corpo de faina de busca ou procura da origem e desenvolvimento
Marinheiros Nacionais estava subaquática, ou ainda para histórico do mergulho, mais
organizado por companhias uma inspeção em um pilar de especificamente do mergulho
de especialistas. Uma consulta uma seção de cais, por exemplo, dependente, no mundo
42 O Periscópio 2013 / 2SG Diniz

e na Marinha do Brasil. COMPETÊNCIA, levar


Mostrar de que forma esta esse legado deixado
técnica contribuiu, e ainda por nossos antecessores
contribui, para a realização às novas gerações
de determinadas atividades de mergulhadores,
que, de outra forma, seriam contribuindo para a
praticamente impossíveis e manutenção do lema
extremamente arriscadas de que norteia todos os
serem realizadas. Além disso, instrutores do CIAMA –
oferecer uma visão mais atual “INSTRUIR E ADESTRAR
sobre essa técnica de mergulho, PARA VENCER”.
buscando a elaboração de
uma opinião crítica e um
maior entendimento sobre a
importância do seu emprego. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Segundo (CUNHA, 1998) CUNHA, Pedro Paulo. História do
BRASIL, Centro de Instrução e Mergulho: Nos tempos do Escafandro.
o mergulho é apenas uma
Adestramento Almirante Áttila Revista Scuba, nº 37, 1999. Disponível
forma de levar o trabalhador em:
Monteiro Aché. Manual de
especializado para o local onde Mergulho a AR, 4ª edição, Rio de http://www.techdiving.com.br/
ele é necessário, seja debaixo Janeiro, 2006. biblioteca/artigos/histtempoescaf.htm.
d’água ou de outro líquido CARVALHO, Oswaldo Pinto (Vice- Acesso em: 03/11/2012.
qualquer. O mergulhador Almirante). O mer-gulho do Homem
desce com uma finalidade no mundo aquático. – Como teria ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
nascido a escafandria? In: Revista US Navy Daving Manual, 1963.
específica, como soldar, cortar
Marítima Brasileira, 2t1991p 19-45 PEREIRA, Octávio. História do
ou inspecionar uma estrutura Rio de Janeiro: SDGM. Mergulho. Revista Planeta d’água,
submersa.
CALIL, Claudio. Os tipos de Portugal, p. , maio 2005. (Especial, 2ª
Essa definição, embora mergulho profissional existentes. parte) Disponível em:
extremamente simplória, se 2009a. Dispo-nível em: http:// http://www.planetadaagua.com/
aproxima em parte da nossa www.brasilmergulho.com/port/ nsanterioresonline.htm.
realidade no que diz respeito profissional/artigos/2009/002.
shtml>. Acesso em: 03/11/2012. Acesso em: 03/11/2012.
pura e simplesmente aos fins e
não aos meios que empregamos CUNHA, Pedro Paulo. RIBEIRO, Paulo de Oliveira. O
Equipamentos de mergulho Encouraçado Aquidabã. Revista Naval,
para atingir o nosso propósito
profissional. Revista Scuba, nº 23, 2009. Disponível em:
quando efetuamos um 1998. Disponível em:
http://www.revistanaval.kit.net/
mergulho, os serviços tendem
http://www.techdiving. aquidabã.htm.
a se especializar cada vez mais, com.br/biblioteca/artigos/
bem como a busca por novos Acesso em: 03/11/2012.
equipamentosprofissional.
equipamentos que propiciem Acesso em: 03/11/2012.
SINTASA. Sindicato Nacional
uma melhor performance para dos Trabalhadores em atividades
CUNHA, Pedro Paulo. Da subaquáticas e afins. Histórico do Mar.
o mergulhador – essa atual Disponível em:
antiguidade a era do Escafandro.
realidade nos obriga a estar Revista Scuba, nº 36, 1999.
http://www.sintasa.org.br/historico.
em constante sintonia com essas Disponível em:
htm.
novidades, para que possamos http://www.techdiving.com.br/
Acesso em: 03/11/2012.
cumprir nossa missão como biblioteca/artigos/anteradoescaf.htm.
Mergulhadores e com muita http://www.fmanha.com.br/blogs/
Acesso em: 03/11/2012.
HONRA, DISCIPLINA e painel/?p=3726
43
44 O Periscópio 2013 / CF Diller

Unidades de Operações Especiais


das Marinhas dos Países-Membros
Permanentes do Conselho de
Segurança das Nações Unidas
Capitão-de-Fragata Diller de Abreu Junior

Os Membros Permanentes
do Conselho de Segurança das
Nações unidas possuem as
Marinhas mais poderosas do
mundo. Por isso, elas foram
escolhidas como enfoque deste
trabalho.
Tendo em vista a necessidade
crescente de aperfeiçoamento
e inovação na área militar, Câmara do Conselho de Segurança da ONU
a fim de se contraporem às
novas ameaças do mundo Comandos de OpEsp com as unidades mais empregadas
contemporâneo, esses países agências de Inteligência –, nessas situações, pois a
têm dado importância cada vez em ações diretas e imediatas probabilidade de ocorrência de
maior à atividade de Operações de variados tipos contra um uma crise político-internacional
Especiais (OpEsp), o que se agente adverso, em combate ao fica mais reduzida, em virtude
observa largamente nas ações terrorismo e à pirataria – por dos aspectos supracitados.
hollywoodianas divulgadas pela isso comumente empregados na
Por ocasião da pesquisa realizada
mídia nos últimos anos. costa da Somália – e em resgate
pelo autor desta matéria, ficou
de reféns.
O crescimento dessa atividade bem claro para este que as
se justifica mais pela eficiência Esses grupos têm habilidades autoridades dos Países-Membros
no cumprimento das missões, para ser empregados tanto em Permanentes do conselho de
muitas vezes mais econômicas, navios e submarinos quanto em Segurança da ONU procuram
do que pelo emprego de uma aeronaves, com ou sem apoio ter esses grupos de OpEsp o mais
força convencional, pois que as logístico, próximos ou distantes próximo possível do seu alcance
unidades de OpEsp são mais de suas bases, dentro ou fora para uma eventual decisão
reduzidas e compostas por de seus territórios nacionais, de emprego, mantendo um
elementos de mais alto padrão durante tempo de paz ou em controle mais direto e eficiente,
de formação e treinamento. guerra. em face das mudanças rápidas
da conjuntura mundial e da
Os militares componentes desses Por essas múltiplas qualidades e
resposta rápida que os comandos
grupos são especializados em opções de emprego, as unidades
unificados podem prover.
reconhecimentos e operações de OpEsp transmitem mais
clandestinas de extremo confiança às autoridades em Por conseguinte, a maioria
sigilo – consequentemente, situações sensíveis, seja contra dessas unidades é subordinada,
a proximidade de alguns alvos táticos, seja estratégicos. operativamente, a um comando
Em tempo de paz, são as de OpEsp dentro de cada
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros do Conselho de Segurança da ONU 45

Marinha; e este, a um comando comando: o do Corpo da Armada ESTADOS


permanentemente formado que e o do Corpo de Fuzileiros UNIDOS DA
congrega todas as unidades Navais, respectivamente, como AMÉRICA
de OpEsp do país. Forma- demonstrado no esquema
SEAL –
se, portanto, uma grande abaixo. Ressalta-se, inclusive,
Representa, hoje,
e interligada estrutura de que são subordinações tanto
o estado da arte
OpEsp, concentrando esforços administrativas quanto
em Operações
de diversas especificidades e operativas, e não possuem
Especiais. Mais de 2.400
ambientes (mar-terra-ar). Isto qualquer vínculo operacional
militares, conhecidos como
facilitou o comando e controle, e permanente com as outras
SEALs, estão espalhados dentre
bem como o treinamento conjunto forças armadas.
as unidades conhecidas como
das forças de operações especiais
A seguir, serão descritas, SEAL Teams.
norte-americanas, necessidades
sucintamente, as unidades de As unidades, em sua
observadas nas fracassadas
OpEsp dos países mencionados maioria, encontram-se
operações reais ocorridas antes
e suas respectivas cadeias localizadas na cidade de San
da criação do comando único de
de comando, no âmbito da Diego, especificamente em
OpEsp daquele país.
estrutura organizacional de suas Coronado (estado da Califórnia),
Não obstante, observa-se que Marinhas. e na cidade de Norfolk e,
a maioria das organizações especificamente, em Little Creek
É importante frisar que os dados
administrativas desses grupos é (estado da Virgínia). Outras
aqui expressos foram coletados
vinculada à sua respectiva força, são encontradas, também, na
de fontes abertas e, portanto,
a fim de manter o apoio logístico localidade de Stennis (Estado
não guardam qualquer
necessário para a manutenção e do Mississipi), em Pearl City
relação com a possibilidade
administração diária de material (Havaí), e mais três: uma
de informação sigilosa. Além
e pessoal. na Ilha de Guam (colônia
disso, as informações, não em
Para uma simples ilustração, sua plenitude, foram extraídas norte-americana localizada
no contexto nacional, a de sites oficiais das próprias na extremidade sul das Ilhas
Marinha do Brasil emprega Marinhas, e algumas outras, de Marianas, no Oeste do Oceano
os Mergulhadores de combate sites que não têm compromisso Pacífico); outra, no arquipélago
(MEC) e os Comandos Anfíbios com a verdade, logo, pode de Bahrein (próximo à costa
(COMANF), segregados em haver pequenos equívocos, oeste do Golfo Pérsico) e, por
duas ramificações bem distintas principalmente com relação à fim, em Stuttgart (Alemanha).
e separadas de cadeia de Rússia e à China. A fim de prover o suporte
aos mais de 2.400 elementos
de Opesp, há mais de 700
militares especializados em
embarcações, 700 da reserva,
4.100 de apoio e mais de 1.100
civis, somando-se 8.900 pessoas,
aproximadamente.
Todos são liderados
por um comando Naval de
OpEsp, Naval Special Warfare
Command (NSWC), sediado
em San Diego, componente
marítimo do Comando das
Operações Especiais Norte-
Americanas, United States
Special Operations command
46 O Periscópio 2013 / CF Diller

FRANÇA
Os Coman-
dos existem seis
unidades de OpEsp
subordinadas à
Marinha Francesa, cujo efetivo
estima- se em torno de 500
militares: Commando Jaubert,
Commando Trépel, Commando
de Montfort, Commando de
(USSOCOM), sediado na Base O SBS é formado por Penfentenyo, Commando
Aérea de MacDill, em Tampa, fuzileiros navais, e seus Hubert e Commando Kieffer.
no Estado da Flórida. membros são considerados Os referidos nomes são
A mais recente e expressiva a elite dos militares daquela homenagens a militares mortos
ação de uma equipe SEAL, Marinha. em ação entre 1946 e 1962.
nomeada como Operação Essa unidade fica sediada As unidades são divididas
Neptune Spear (Lança de na grande cidade costeira e por tipo de atividade, por
Netuno), redundou na morte portuária de Poole, no condado possuírem certo domínio de
de Osama Bin Laden, em de Dorset, situado no litoral sul excelência sobre ela. Nessa
abbottabad, no Paquistão, em 2 da Inglaterra. esteira de raciocínio, destinam-
de maio de 2011. O seu emprego mais recente, se a Jaubert e Trépel o bloqueio
divulgado oficialmente, ocorreu e proteção marítimos (Grupo de
no Afeganistão e no Iraque. No Visita e Inspeção) e resgate de
entanto, o mais impressionante reféns; a Montfort, ações diretas,
REINO UNIDO se deu na Guerra das Malvinas, apoio às operações anfíbias e
em 1982, quando, juntamente apoio de fogo; a Penfentenyo,
com o SAS (Special Air Service), reconhecimento e inteligência;
Special Boat contribuiu decisivamente para o a Hubert, mergulho de
Service (SBS) – sucesso da empreitada britânica. combate; e a Kieffer, combate a
Dado o seu tipo Ressalta- se a neutralização da novas ameaças. Essas unidades
de trabalho, pouco defesa argentina da Baía de São também são empregadas em
é divulgado sobre esse grupo Carlos, o que proporcionou a operações policiais, tais como:
no site oficial da Marinha conquista daquela localidade, pescaria e imigração ilegal,
Real Inglesa. Vislumbra-se, no assim como a ação diversionária combate ao terrorismo e à
entanto, o quantitativo entre em Port Stanley, que culminou pirataria, e ao tráfico ilícito.
200 a 250 militares altamente com a retomada da capital e o A maioria dessas unidades
especializados. fim da mencionada guerra. encontra-se instalada na cidade
de Brittany, localizada a noroeste
da França. Os elementos de
OpEsp franceses são chamados
de bérets verts (boinas verdes),
como os elementos dos
comandos britânicos (green
berets), os quais tiveram sua
formação original durante a II
Guerra Mundial.
As informações do
Commando Hubert,
Unidades de Operações Especiais das Marinhas dos Países-Membros do Conselho de Segurança da ONU 47

diferentemente dos outros,


são omitidas no site oficial
da marinha francesa, mas se
sabe que está instalado na
península de Saint- Mandrier,
no “Departamento” (estado) de
Var. Esse comando, formado
por Nageurs de Combat
(Mergulhadores de Combate),
com cerca de 100 homens, foi
criado em 1947.
Muitas unidades A partir do início da Guerra
Divulga-se, em sites não
denominadas Spetsnaz, além no Afeganistão, em 2001, sua
oficiais da Internet, que uma
das militares, foram criadas no doutrina de emprego procurou
equipe de Nageurs de Combat
país, pela extinta KGB, para seguir as escolas americanas e
libertou dois franceses mantidos
diversas finalidades, dentre inglesas de OpEsp.
reféns por piratas a bordo de
as quais aquelas direcionadas A atuação mais recente das
um iate, na costa da Somália, em
para as ações de inteligência ou unidades de OpEsp da Marinha
setembro de 2008.
para ações policiais. Chinesa, publicamente conhecida
As unidades de OpEsp em 2008, foi seu embarque em
são componentes da Força CHINA três navios daquela Marinha, os
Marítima de Fuzileiros Navais quais escoltaram embarcações
e Operações Especiais – La force mercantes na Costa da Somália,
Maritime des Fusiliers Marins Especializados em reco- protegendo-os da pirataria típica
et Commandos – localizada nhecimento, sabotagem e daquela região, em cooperação
em Lorient, no mesmo nível contraterrorismo, utilizando- com uma Força-Tarefa da ONU.
hierárquico das outras três forças se de equipamentos com alto
restantes: navais, aeronavais e nível de tecnologia, pertencem
de submarinos. à Divisão de Fuzileiros Navais Referências:
da Marinha Chinesa (People’s
http://www.navy.mil/navydata/
Liberation Army Navy). organization/orgopfor.asp
RÚSSIA A companhia de http://www.royalnavy.mod.uk/The-
Reconhecimento, uma das Fleet/The-Royal-Marines/Special-
Spetsnaz – Configuram unidades de Opesp, fica Boat-Service
unidades mantidas sob alto baseada na cidade de Zhanjiang, http://en.wikipedia.org/wiki/Special_
Boat_Service
segredo de estado e operam sob Província de Guangdong, e as
http://www.britannica.com/
a orientação do órgão central de outras, próximas a esta.
EBchecked/topic/1856953/Special-
inteligência do país. Por isso, Os elementos de OpEsp Boat-Service-SBS
não foi possível o conhecimento desse país são subordinados, http://www.defense.gouv.fr/marine/
de seu efetivo. operativamente, ao People’s organisation/les-forces/fusiliers-
Desde 2010, as unidades de Liberation Army Special et-commandos/fusiliers-marins-et-
commandos-marine/commandos
OpEsp do Exército e da Marinha Operations Forces, que se estima
ter um efetivo muito grande, http://fr.wikipedia.org/wiki/
passaram à subordinação das Commando_Hubert
Forças Terrestres. mas não divulgado em sites.
http://en.wikipedia.org/wiki/Spetsnaz
Provendo o apoio à O nome dado à atividade
http://en.wikipedia.org/wiki/
Marinha, mas não subordinada de OpEsp nesse país é Quantou People%27s_Liberation_Army_
a essa força, existem quatro Budui (unidades de punho), Special_Operations_Forces
unidades Spetsnaz de uma alusão às artes marciais, em http://chinadefense.blogspot.com.
reconhecimento, distribuídas conformidade com as quais um br/2012/01/chinese-navy-special-
poderoso golpe no lugar certo group.html
entre as seguintes frotas: Pacific
pode rapidamente derrubar um http://www.strategypage.com/htmw/
Fleet, Northern Fleet, Black Sea
htsf/articles/20120821.aspx
Fleet e Baltic Fleet. inimigo.
48 O Periscópio 2013 / CC Robinson

O Pai das marinhas nucleares

“Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,


As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade
O miserável refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado.”
(Poema de Emma Lazarus,
Capitão-de-Corveta Robinson Farinazzo Casal gravado na base da Estátua da Liberdade, NY)

O século XX foi pródigo 23 porta aviões de propulsão Hyman.


em lideranças de destaque para atômica, constituindo a mais O pai Abraham, um
a Marinha norte- americana poderosa máquina de guerra humilde alfaiate, emigrou da
(United States Navy), da história da humanidade. Polônia para os EUA para fugir
aquinhoada por vultos do Mas que também publicou dos pogroms que massacravam
porte de Chester W. Nimitz, ensaios maravilhosos sobre a os judeus nas aldeias
Raymond Spruance, Marc necessidade de aprimorar a polonesas. Décadas depois,
Mitscher e Elmo Zumwalt, educação escolar dos jovens nos toda a população judaica
dentre tantos. Mas não se pode EUA. remanescente de Maków-
deixar de mencionar aquele Uma força da natureza, de Mazowiecki seria dizimada no
que seguramente foi, de todos, personalidade tão complexa holocausto de Adolf Hitler.
o mais longevo (permaneceu 63 e fantástica que poderia Em 1906 ele trouxe o resto
anos na ativa do Serviço Naval) facilmente se transformar da família, e foram morar, a
e talvez o mais polêmico: o num roteiro de filme de princípio, na parte pobre de
almirante de esquadra Hyman Steven Spielberg. Esta é a sua Manhattan, depois em Chicago.
George Rickover. história, que se confunde com Aos nove anos, Hyman teve o
Rickover, o menino polonês o empreendimento nuclear dos seu primeiro emprego, onde
pobre que, desprezado em Estados Unidos. E é, em síntese, exercia a tarefa de iluminar um
Annapolis por suas origens a própria personificação do operador de máquinas à noite,
humildes, chegou ao posto mais sonho americano. com o salário de 3 cents por
alto da US Navy. Rickover nasceu no hora. Depois, passou a serviços
O excêntrico gerente de inverno de 1900 (27 de janeiro), gerais de uma mercearia, e,
reatores nucleares que foi na aldeia polonesa de Maków- em seguida, a entregador de
mantido no cargo por sete Mazowiecki, que, naquela telegramas da Western Union,
presidentes dos estados unidos, época, fazia parte do império aos 17 anos de idade (apesar do
graças a seu inexcedível senso russo. Seu nome de batismo emprego ser de tempo integral,
de responsabilidade. era Chaim (a palavra mais ele conseguiu concluir seus
O homem que deixou para importante do idioma hebraico, estudos).
a Marinha um legado de mais pois significa vida), mais tarde A maneira dedicada e
de 200 submarinos nucleares e sendo americanizado para diligente como o jovem Rickover
O Pai das marinhas nucleares 49

exercia suas modestas funções


não passou despercebida
por outro imigrante do leste
europeu que já havia feito a
América: o deputado federal de
origem tcheca Adolph J. Sabath.
Para um jovem que
desejasse ingressar em alguma
das academias militares dos
EUA no início do século XX não
bastava passar no dificílimo
exame de seleção: ele também
teria que apresentar uma carta
de recomendações assinada por
um congressista. Sabath assinou
a carta e Rickover passou nas O Homem... ... e o mito
provas para a Academia Naval
de Annapolis, formando-se em
1922. De sua turma fazia parte
o futuro Almirante William
50 O Periscópio 2013 / CC Robinson

S. Parsons, o homem que Candidatou-se ao serviço Durante boa parte da


acionaria a espoleta da bomba de submarinos, mas, devido Segunda Guerra Mundial,
atômica sobre Hiroshima 23 à idade (29 anos à época), foi embora ansiasse por um
anos depois. reprovado. Por uma destas comando no mar, serviu como
A vida do jovem Rickover coincidências do destino, Capitão-de-Mar-e-Guerra no
não foi confortável em no mesmo prédio onde isto Departamento Elétrico da
Annapolis: imigrante de origem ocorreu, encontrou seu antigo Diretoria de Navios, onde foi
muito pobre, era continuamente comandante no Nevada, o agraciado com a Legião do
desprezado por seus colegas. qual interferiu a favor dele. Mérito. Foram estes anos que
Ademais, era um dos únicos Até 1933, Hyman serviu nos lhe renderam vasta experiência
judeus de sua turma, uma minoria submarinos S-9 e S-48. Nesta na administração de grandes
muito hostilizada naquele meio época, a sua tradução de um projetos, na seleção de pessoal
WASP na primeira metade manual alemão da Primeira adequado e no trato com
do século. Estes preconceitos Guerra Mundial se tornaria a indústria civil. Também
iriam marcá-lo profundamente texto referência para os lhe renderam os primeiros
por toda a vida, pois ele sabia submarinistas dos EUA. inimigos, e não seriam os
que deveria sempre ter uma Logo após, comandou um últimos...
conduta impecável e uma navio varredor. Quando do Em 1946, percebendo o
vida imaculada para não dar ataque japonês a Pearl Harbour, potencial que a energia nuclear
combustível às críticas. Rickover teria no futuro das marinhas,
Uma vez formado, começou servia na Rickover voluntariou-se
sua carreira como oficial de sub-chefia do ao projeto de reatores para
máquinas no USS La Vallette e Departamento propulsão de navios da US
depois no USS Nevada, onde Elétrico da Navy. Seu começo não foi
impressionou seu comandante Diretoria de muito promissor; discordando
por trabalhar duro e de Engenharia da de alguns chefes, foi deixado
maneira eficiente. Aperfeiçoou- US Navy. ao ostracismo numa pequena
se em engenharia elétrica pela Irrequieto, saleta, sem funções. Rickover
escola de pós-graduação da voou para o Havaí, onde chefiou lutou por suas convicções até
Marinha, estagiando depois na o reparo da rede elétrica do USS conseguir uma audiência com
universidade de Columbia. California. o Comandante de Operações
O Pai das marinhas nucleares 51

Recebido por Kennedy Promovido por Nixon Venerado por Carter

Navais na época, Almirante adequada a estas variações; e Embora diversos oficiais


Nimitz, vencedor da Guerra no – Materiais raros como tenham deixado de assumir o
Pacífico. zircônio e hafnium teriam que comando de um porta-aviões
Foi então comissionado na ser obtidos e usinados através ou submarino nuclear por se
Divisão de Reatores Atômicos de técnicas que não existiam até saírem mal nestas entrevistas, é
da Comissão de Energia então, dentre outros problemas. fato que diversos dos aprovados
Nuclear, cumulativamente com Acharam o homem certo alcançaram altos postos na
o de coordenador do Projeto para solucionar estas equações, Marinha norte-americana.
de Reatores para a Marinha. e o resto é história: vieram o USS Dentre eles, destaca-se o jovem
Ambas indicações não foram Nautilus, depois os submarinos Tenente Jimmy Carter, que se
por acaso: seus superiores com mísseis balísticos e, por tornaria o 39o presidente dos
queriam no cargo alguém com fim, os gigantescos porta-aviões Estados unidos.
a garra e a determinação de com dezenas de jatos a bordo Ademais, este rigor criou
levar até o fim a construção de e, na sua proa, a lenda Hyman um padrão de seleção na
um submarino de propulsão Rickover. Marinha que iria se refletir
nuclear. Não obstante seus
em ZERO ACIDENTES com
Vamos recordar que, não sucessos, ele nunca deixou de
reatores nos próximos anos, ao
obstante a vontade política ter problemas. Foi by-passado
contrário dos soviéticos, que
de construir estes barcos, em duas vezes na sua promoção a
os tiveram às dezenas, com
termos de engenharia a tarefa Contra Almirante. Na terceira
incontáveis perdas humanas
era um mergulho no escuro, de vez, a Casa Branca, o Congresso
e materiais. Era tão frequente
vez que: e o Secretário da Marinha
o vazamento de radiação nos
– No início dos anos 50, intervieram e ele recebeu suas
submersíveis russos, que os
um reator nuclear tinha quase estrelas.
o tamanho de um quarteirão. A É verdade que Rickover
mesmos contavam a seguinte
Marinha deveria miniaturalizá- dirigiu o projeto nuclear da US piada: “como se faz para
lo de maneira a caber dentro Navy com mão de ferro? Sim, saber se um marujo serve em
de um submarino. E com sem dúvida. Todo voluntário a submarinos nucleares? É fácil,
segurança; trabalhar nos projetos nucleares ele brilha no escuro!”
– Não havia dados de da Marinha era questionado Os padrões de segurança e
avaliação e certificação para pessoalmente por ele, e calcula- excelência técnica que Rickover
os materiais que deveriam se que nos mais de 30 anos que desenvolveu granjearam à US
resistir simultaneamente a ele passou na chefia destes Navy um enorme respeito junto
altas temperaturas, pressão projetos, tenha entrevistado à sociedade norte-americana,
esmagadora e radiação; mais de 14.000 candidatos (era sementes estas que frutificam
– Não fora desenvolvida workaholic, trabalhando de até hoje na forma de bons
ainda uma rede de vapor domingo a domingo). orçamentos e confiabilidade
52 O Periscópio 2013 / CC Robinson

institucional. Prova é que, por O projeto nuclear da US de sua cor de pele, origem social,
ocasião do acidente nuclear Navy se realizaria sem Rickover? inclinação política ou crença
de Three Mile Island, em A resposta é: provavelmente, espiritual. Há que se agregar
1979, Rickover foi chamado ao sim. Mas talvez sem a mesma estes talentos na Marinha,
Congresso para sugerir como se velocidade, magnitude e, identificar, chamá-los a participar,
poderia aplicar sua política de sobretudo, sem a mesma fazê-los crescer, oferecer-lhes
segurança de reatores nucleares segurança. O Almirante era todas as chances e estimulá-los a
aos empreendimentos civis. obcecado pelo objetivo “zero dar o melhor de si para o país.
Nas palavras do Almirante: acidente”, fazendo questão de Também lança um alerta:
“Não existe v a r i - assumir toda a operação “from precisamos melhorar educação
nha de condão. Um programa the womb to the tomb”, isto oferecida aos nossos jovens,
de sucesso é uma integração é, ele supervisionava desde a pois milhares de Rickovers em
de diversos fatores. Tentar construção de um submarino potencial se perdem todos os
selecionar um deles como até a sua desativação décadas anos por falta de oportunidade
elemento chave não funciona. depois. E ele embarcava em de melhores estudos. Quantas
Cada fator depende dos demais” todo submarino que construía boas pessoas com excelentes
Hiperativo, excêntrico, por ocasião das provas de aptidões habitando rincões
mordaz, mas um batalhador mar. Chamava para si a distantes deixam de servir ao
incansável. Esse era Hyman responsabilidade. Tinha país porque não lhes é oferecida
Rickover. Ele morreu em 1986, comprometimento. a oportunidade de melhorarem
aos 85 anos, e está sepultado, ao Sua obra também nos suas vidas e somarem à
lado dos presidentes a quem ele ensina que, para empreender sociedade? Rickover dedicou
serviu, no Cemitério Nacional grandes projetos, não basta a os últimos anos de sua vida
de Arlington, destinado aos disponibilidade de orçamentos, a batalhar pela melhora da
grandes heróis dos Estados ou a mera capacitação educação dos EUA, porque sabia
Unidos. profissional: faz-se necessário que para projetos de grande
um profundo comprometimento, magnitude não basta injetar um
As lições que ele nos elevado espírito público e uma rio de dinheiro: há que se formar
deixa obstinação inabalável para técnicos, operários e engenheiros
finalizar um trabalho perfeito. qualificados para a tarefa.
A vida de Hyman Rickover Também se verifica a Se um homem aguerrido
é um exemplo de trabalho duro, importância da simbiose entre como Rickover tivesse sido
determinação, competência e, Forças Armadas e sociedade: substituído no cargo nalgum
sobretudo, profundo amor e Rickover conhecia bem a máquina momento por um oficial de
senso de responsabilidade para governamental americana e os mentalidade burocrática
com o país que o acolheu. Uma anseios do povo que o acolheu, interessado apenas em fazer
prova inconteste da vitalidade e sabia “vender” suas idéias a carreira, os EUA talvez tivessem,
e pluralidade da sociedade estes segmentos. Fato é que o ao menos no fundo do mar,
norte americana, capaz de Congresso americano não dava perdido a Guerra Fria para a
oferecer a oportunidade de um o orçamento para a US Navy, URSS.
imigrante ascender até o topo dava-o ao projeto de Rickover...
se a sua competência assim o É preciso, faz-se impres-
permitir (lembremos que ele cindível que busquemos
não é um exemplo isolado: pessoas assim em toda parte,
Henry Kissinger, nascido na com este ânimo, esta vontade
Alemanha, chegou a Secretário de trabalhar, de realizar tudo o
de Estado, o segundo cargo que o espírito humano é capaz.
mais importante na república Necessitamos urgentemente de
americana). gente realizadora, independente
Túmulo de Rickover em Arlington
53
54 O Periscópio 2013 / CMG (Ref.) Guaranys

Arrasto do Submarino Nuclear Brasileiro

Capitão-de-Mar-e-Guerra Sergio L. Y. dos Guaranys

Enquanto transcorre o Cada submarino se outra presença. Peixe age assim


tempo de preparação do SNB esconde dentro de seu até a hora em que o predador o
(Submarino Nuclear Brasileiro) volume indiscreto, fora do localiza com alcance inevitável,
vale nivelar conhecimento geral qual ninguém o percebe sem que emissões anteriores da
para definir extensão do senso passivamente. É tão menor, vítima a tenham alertado.
comum sobre ele. O advento portanto mais fácil de esconder, O submarino pode
do SNB causou o acordo com quanto mais silencioso for. amiudar sua presença numa
a França, sonar rebocado, e O silêncio máximo marca a região indo discretamente para
bóias transceptoras. Causará emissão que não é ouvida outra com breve indiscrição
escuta fixa submersa no passivamente a mais de 1000m. em cada, produzindo presença
litoral e abrigo para aspiração Pode ser que haja silêncio de dois submarinos. Torpedo
esnorquel situado em diversos maior, mas não tem utilidade, tem indiscrição muito menor,
navios. O Brasil e a França abaixo do mínimo é o Nada. quase decretando morte do
concordaram em projetar Sonares rebocados com o alvo, mas obrigando vigilância
submarinos convencionais e “peixe” situado em duto e o que o evite tornar-se indiscreto
nucleares, estes com restrição rebocador escondido fora do e mortal dentro de poucos
da tecnologia de reação nuclear duto escutam anormalmente minutos. Se já é difícil detectar
necessária ser exclusivamente alvos distantes e permitem um submarino só não é
brasileira. Não reduz o apoio busca ativa em freqüência impossível detectar um torpedo
nem nos priva de ter nucleares. muito baixa, mostrando a porque ele tem de gritar para
O que seria reator excelente, bordo o poder esclarecedor, detectar seu alvo! Único modo
tão melhor que os projetados o máximo alcance ativo de confirmar ausência de
aqui? Econômico porque disponível, mas transferindo emissão é emitir discretamente
poupa fissões, silencioso do casco do submarino para o logo após iniciada seqüência
porque usa circulação lenta, “peixe” a emissão indiscreta. por varredura passiva.
compacto porque realiza Perante um silêncio após Sem detecção de emissões
convecção em pouca altura? varredura sem emissão supõe instantâneas unidirecionais, a
Não há simulação previsora que não há ofensor nem área é cada vez mais segura,
dessas virtudes, buscaremos percurso ofensivo emitindo obtida por esclarecimento
soluções por ensaios, pois nas direções varridas, mas arriscado, sem o qual não
nada se teme. Em 2013 para afirmar isso terá de emitir obtém segurança.
estamos testando o Labgene no seletivamente sabendo se a Submarinos imersos
trajeto escolhido fornecendo falta de reflexão se deve à falta equipados com ejetor especial
dados para sucesso do SNB. de refletor ou de percurso. A lançam e recolhem bóias
Concluímos o condensador falta permite emitir mais forte transceptoras cuja emissão se
da instalação nuclear, êxito até garantir emissão ativa ou inicia após intervalo seletivo
metalúrgico muito demorado, evolução livre de detecção. para evitar localização do
feito confirmador de nossa Seletiva ou não fica indiscrição lançador, permanecendo com
pesquisa. até que varredura ativa negue emissão durante período
Arrasto do Submarino Nuclear Brasileiro 55

ajustável, para divulgar derrota completamente livre Pelo menos um acesso


esclarecimento, estas não de indiscretos, bastião de discreto desses deve garantir a
recolhidas. O emprego delas discrição mediante escuta nuclear ou convencional nosso,
dispensará o léxico e a rotina automática submersa e ingresso na cota de 200m em
atual de partes operativas: patrulhamento doméstico. Itaqui, Suape e Itaguaí, pois
“Impactos Táticos após o SNB Frota submarina chinesa não indiscreto não é submarino.
ingressar no Poder Naval” de possui essa discrição porque As ACOS ainda não
vez que habilitam o SNB, a seu litoral é raso de 18 a 47m! A decidiram superar insuficiente
ACOS e a SOCA a dialogarem partir de discrição estabelecida, autonomia dos convencionais
mediante atraso ajustado de um submarino pode manter, mediante abrigos para
transmissão, pois esse atraso romper e readquirir a condição se esconder de satélites
denuncia ocorrência anterior de escondido como quiser, em navios de superfície a
de submarino na área, sem sem companhia indesejável, aspiração esnorquel deles, mas
revelar instante de lançamento enquanto tiver energia no benefício/custo dos abrigos é
da bóia nem instante da cada vez maior. Nem existem
gravação. “Submarino é enquanto não forem vistos por
Antes de transmitir, satélite ou radar de superfície!
as transceptoras detectam
indiscreto ao Preserva discrição anterior
radiações, percebem desatracar, daí até à exaustão com autonomia
satélites cujos operadores ingressar em águas pós-carga, passando a valer
fazem varreduras perante submarino adicional. Basta
ausência de alvos, como no profundas por derrota uma recarga para esterilizar a
impedimento de visão por completamente decisão de não dotar de sonar
noite, céu encoberto ou mau rebocado os convencionais,
tempo. Talvez detectem
livre de indiscretos, pois após elas alcançam
radiação infravermelha, mas bastião de discrição Port of Spain, Fernando
certamente detectam radiação mediante escuta de Noronha e Maldonado,
ativa emitida perante falta retornando imersos às bases
de visão. Transceptores automática submersa em Itaqui, Suape e Itaguaí.
remotos são imprescindíveis e patrulhamento A decisão baseou-se em falta
pelos assuntos recebidos e de autonomia nas baterias
doméstico.
transmitidos porque operam para desfrutar esclarecimento
monólogos sem detecção do alcançado. Todos os navios
locutor que junto a outros motor elétrico de propulsão. de superfície devem possuir
textos compõem diálogos, Nucleares mantêm a condição um desses abrigos. Mais que
registros de esclarecimento e apenas por vigiar o volume duplica o efetivo de IKL/
de movimento: são a mídia sem indiscreto, mas o convencional SCORPENE em operação!
recibo. Transmissão pela bóia assiste ao consumo de carga Emissão oriunda no
e recepção por ela versando nas baterias preocupado com rebocado não situa no
sobre o mesmo evento formam dilema de arriscar-se durante rebocador a indiscrição, mostra
“diálogo”, embora não seja recarga ou quanto terá de o maior alcance ativo, mede
uma conversa telefônica. Caso renunciar da patrulha prevista. poder esclarecedor. Cada bordo
um par de convencionais opere Ao desatracar é indiscreto tem a maior antena passiva,
de modo a um ser santuário do até ingressar em águas de maior alcance. Recebendo
outro durante carga não usarão profundas por derrota livre emissão deve alterar rápido
transceptores, mas escote no de indiscretos, bastião de seu estado e mudar para água
periscópio cuja discrição basta. discrição mediante escuta fixa diversa, mais profundo, mais
Submarino é indiscreto ao submersa e patrulhamento discreto. Comporta maior
desatracar, daí até ingressar doméstico, imprescindíveis velocidade, menos varreduras,
em águas profundas por para compor acesso discreto. use ou não rebocado. Para
56 O Periscópio 2013 / CMG (Ref.) Guaranys

saber se ausência de emissão é nêutrons livres colidam com por causa de UO², basta
falta de refletor ou de percurso núcleos possuidores de urânio adicionar UO² quando parar
ofensivo terá de emitir mais até 235, imersos em água leve. A por manutenção programada.
garantir ausência de detecção, cada fissão, a molécula de água Durações atuais de carga
enquanto ativas não negarem aquece, transferindo calor para (entre 13 e 30 anos) impedem
outra presença. Emissor se água do lado frio do trocador, decepção logística (suspender
arrisca à detecção, mas emite. que vaporiza e aciona turbinas. SNB enquanto troca carga de
Peixe usa o conjunto inteiro Número de colisões dentro combustível porque as paradas
buscando alimento e fugindo do vaso é regulado pela oferta de manutenção são suficientes
do predador até que emissão de combustíveis (U235) e pela para reposição). O reator do
deste o atinge com alcance retirada de nêutrons graças a SNB tem enriquecimento de
inevitável, sem que emissão barras ou líquido absorventes. U235 elevado dos .7% naturais
anterior da vítima a tenha Peças de UO² gastam U235, mas para 3.8%, previsão de troca
alertado. continuam a suprir colisões para 4 anos.
Dificuldade do SNB é até deixarem de ter U235 em O SNB usa os mesmos
o reator com potência para quantidade que seja atingida sensores e armas e do mesmo
velocidade de 38 nós e carga pelos nêutrons. Caindo a modo que os convencionais.
físsil para 30 anos. O nuclear quantidade, cai a produção Submarinos usam mísseis para
explora velocidade movendo de nêutrons e cessa a reação; ocupar submarinos adversários
o casco para aumentar tempo crescendo a quantidade, cresce em patrulhar regiões de
disponível de atuação cabal produção de nêutrons logo lançamentos voltados aos
das contramedidas antitorpedo consumidos, exceto se produção litorais deles. Usam torpedos
desde 4 até 9 minutos, e para excede consumo (podendo até contra outros e navios de
deslocar seu volume indiscreto exigir introdução de veneno superfície. Hoje, torpedos
de onde cometeu indiscrição para limitá-la). Colisões são são anulados por dupla
para local discreto e distante difíceis porque espaço entre de “desarrumadores” das
15 minutos, definido pela núcleos férteis é imenso para reflexões deles e “imitadores”
condição batitermográfica. Não tamanho de nêutrons, somente do alvo, se vigilância percebe
convém velocidade de 25 a 28 úteis quando moderados. o “grito” indiscreto deles.
nós, de convencional rápido, Mantidas as proporções, se um Somente se navega com
pois gastará 60 minutos para núcleo de hidrogênio for uma vigilância antitorpedo. Temos
percorrer metade da distância bola de futebol no centro do torpedos MK-48, combustão
esclarecida, duração fértil para Maracanã, o elétron dele é uma interna e Black Shark, elétrico,
intruso chegar nela. cabeça de alfinete em órbita ambos guiados a fio durante
Desfrutasse 29 a 38 nós externa ao prédio do estádio! 50 km, com controle específico.
essa duração encurtaria para 45 Manejo da absorção por Ambos prosseguem sem
minutos, mais segura. Navegar barras conduz consumo de guidagem mais 26 e 46 km
mais rápido que 38 nós depende U235 da base para o topo da respectivamente.
de esclarecer amplidão e distribuição dele na pilha Tanto o SNB como os
probabilidade de alertar de combustível, esgotando convencionais empregarão
estranho e continuar alertando zona após zona. Exaustão os mesmos mísseis Avibras e
mediante fração acústica da depende da fartura de U235 Mectron, repletos de evasivas e
energia debitada. Obriga parada via teor de enriquecimento, contramedidas!
no trânsito e trecho adicional de formato e homogeneidade do Demora saber a importância
esclarecimento. Parada reduz a combustível, intensidade da de todos submarinos perante
34 nós a velocidade média. reação e zonas ainda fora da o nuclear único: continuam
A carga físsil é a distribuição reação. Não é preciso apagar o muito importantes por serem
dentro do vaso do reator das reator para levar mais uma zona submarinos, assim reduzindo
pastilhas de UO² de modo que a reação, nem parar o submarino importância da propulsão!
57
58 O Periscópio 2013 / 1T Santiago

O Salto Equipado

Primeiro-Tenente Diego Santiago da Conceição

Queda Livre estabilizada antes da abertura do paraquedas


O salto equipado 59

Mais um dia de Mec,


agora na região Centro-Oeste
do Brasil, a pouco mais de
500 metros da fronteira com a
Bolívia, em Corumbá - Mato
Grosso do Sul, no hangar ao
lado da área de embarque e
desembarque do Aeroporto
Internacional da cidade. Logo
pela manhã, chegavam os
alunos, instrutores e a equipe
de dobragem de paraquedas do
Curso Expedito de Salto Livre,
os alunos assim que adentravam
o hangar já guarneciam seu
material individual (capacete,
óculos, altímetro, macacão e
bute) e a lona que era estendida
em cima do gramado do lado
de fora do hangar, a fim de
estabelecer, primeiramente,
uma superfície limpa para a
equipagem dos paraquedas e
também uma área de espera
para o embarque na aeronave; os
instrutores, responsáveis pelos
briefings, diário de segurança
e da atividade a ser realizada
no dia, relembravam algumas
dicas de apresentação para o
vento ao sair da aeronave, de
posicionamento do corpo em
queda livre, dos procedimentos
na hora do comandamento e Bolsa do Velame enrolada na fita do piloto
também para a navegação e o
pouso com o paraquedas; já a
equipe de dobragem organizava
a distribuição dos paraquedas e o curso se dividiu basicamente qual nos encontrávamos, com
se preparava para as inúmeras em três fases: a primeira, saltos de aeronave militar na
dobragens que iria realizar ao teórica, realizada no Batalhão área de jurisdição do 6º Distrito
longo do dia. Tonelero com instrutores MEC e Naval. Sendo assim, passadas as
Nessa manhã, estávamos COMANF, finalizada com dois avaliações de queda estabilizada,
chegando às últimas avaliações saltos, um static line (uma fita falso comandamento, no qual
práticas do curso antes de que faz a abertura automática o militar apenas simula o
saltarmos efetivamente com o do paraquedas ao ser esticada movimento de comandamento
fuzil e a mochila de combate, pela queda do saltador) e outro do paraquedas, e a avaliação de
objetivo mor do curso. Com essa de ambientação, ambos em curvas referenciadas (uma curva
finalidade de habilitar o militar São Pedro D’aldeia; a segunda, para direita e outra para esquerda
de operações especiais a infiltrar- realizada no Túnel de Vento na sem perder o referencial),
se através de salto livre por meio Brigada de Operações Especiais chegávamos, então, na última
de uma aeronave, em pleno do Exército Brasileiro em avaliação antes do salto armado
movimento, armado e equipado, Goiânia - GO e; a terceira, na e equipado, a avaliação na qual
60 O Periscópio 2013 / 1T Santiago

teríamos que realizar um back acordo com a subida do avião, comandamento dos alunos é de
looping (uma cambalhota para observo o altímetro do instrutor 5.000 pés (neste ponto do salto,
trás), cuja finalidade era avaliar ao lado e constato que ambos minha velocidade é próxima de
se o saltador livre conseguia estão exibindo a mesma altitude. 200km/h, e percorro 1000pés
recuperar sua estabilidade e em Subida sem turbulências, a a cada 5 segundos), levando-
seguida realizar uma sequência soltura do cinto é autorizada. se em conta o tempo gasto
de movimento ordenada pelo Uns conversam, outros ficam durante o procedimento de
instrutor, geralmente curvas ou calados, alguns olham para fora, comandamento, ao visualizar
track (deslocamento). tentando achar as referências no 5.500 pés no altímetro, iniciei
Naquele dia, o salto já solo e outros fecham os olhos, a sinalização e em seguida,
não era mais de cinco, sete os comportamentos são bem simultaneamente compensei
ou nove mil pés. Dessa vez, diferentes, mas a concentração e com o braço esquerdo à frente
chegaríamos aos 12.000 mil pés o foco são nítidos no semblante do meu rosto e comandei o
– na verdade, muito melhor, de todos. Ao comando do aluno paraquedas com o direito. Ao
mais tempo de queda livre. mais antigo, todos bradam: realizar o check visual, não
Como de costume, chegamos “Salto! Livre!”. Logo em seguida vi o velame retangular que
ao hangar, pegamos o material a rampa se abre, já estamos deveria estar sobre minha
individual e estendemos a lona próximos da altitude desejada, cabeça, imediatamente desferi
do lado de fora. Assim que os o MSL ordena levantar. cotoveladas enérgicas sobre
instrutores definiram as equipes Imediatamente meu instrutor o container, a fim de liberar a
de cada avião, verifiquei que acompanhante realiza mais uma bolsa com o velame. Quando
eu era o quarto saltador do inspeção em minha equipagem a bolsa saiu, no entanto, ela se
primeiro avião a decolar. Logo e aguarda ao lado, olho para enrolou na fita que guiava
em seguida, recebi a ordem o meu altímetro e vejo-o, pela o piloto (espécie de pequeno
de guarnecer paraquedas. primeira vez, chegar aos 12.000 paraquedas que tem como
Já equipado, apresentei-me pés; lá na rampa, já visualizo função puxar a bolsa com o
para a inspeção do instrutor. o MSL fazendo suas últimas velame de dentro do container),
Inspecionado, fomos para a correções, o avião agora já está ou seja, a bolsa não abriu. Olhei
área de espera em frente ao na final. Meu instrutor liga a para o altímetro, marcava 3.000
hangar. Nesse momento, o câmera, vira para mim e brada: pés, não hesitei, a altura limite
meu instrutor acompanhante “Fortuna!”. Instantaneamente para executar o procedimento
se aproxima e pergunta se já eu respondo: “Audaces de emergência, 2.500 pés, já
sei o que tenho que fazer, ao Sequitur!”. Em segundos, luz se aproximava. Olhei para o
receber a resposta afirmativa, ele verde no convoo, o MSL dá o desconector do paraquedas
estabelece o comando de voz: Já, a primeira dupla sai, poucos principal e empunhei, olhei para
“Hey! Ho!” com o qual sairemos segundos depois a próxima, em o punho do reserva e empunhei,
da aeronave em movimento. seguida a terceira, meu instrutor selei (executar a posição de
Com o ronco dos motores vira de costas para a rampa e estabilidade máxima em queda
da aeronave c-105 amazonas, no comando dele, mergulho em livre forçando a cintura para
da Força Aérea Brasileira, já sua direção, utilizando-o como baixo), desconectei o principal
bem à nossa frente, recebemos referência. e comandei o reserva. Ao
a autorização para o embarque Ao alcançá-lo, inicio realizar o check visual, lá estava
e, então partimos para a rampa as manobras. Primeiro o o velame retangular, agora de
do avião. Dentro dele, o Mestre back looping, recuperada cor branca, cor dos paraquedas
de Salto Livre, ou MSL, ordena a a estabilidade, verifico o reserva, células infladas, linhas
colocação do cinto de segurança. altímetro e inicio as curvas, estendidas e desembaraçadas e
Rampa fechada, a aeronave parte inicialmente para a direita, olho slider baixo, minha vida estava
para a pista principal e levanta novamente o altímetro e faço garantida.
voo, olho para o meu altímetro e outra para a esquerda. Já estou Passando para o check do
observo que ele está variando de a quase 6.000 pés, a altura para horizonte, constatei que não
O salto equipado 61

havia nenhum paraquedista


ao meu redor, em seguida
identifiquei o alvo e o cone de
navegação; quando iniciei o
check funcional confirmei a
sensação que estava sentindo,
isto é, ao realizar a primeira
curva de 90º para o centro do
cone de navegação, percebi que
o paraquedas se deslocava mais
rápido que o principal, fazendo
a curva para o lado oposto, a
mesma sensação; normal, visto
que a área vélica do reserva era Aeronave C-105 Amazonas
menor do que a do principal, após
o flair de 5 segundos, iniciava-se
como de costume na região, do chão fiz o flair, três ou quatro
então a navegação, momento
pela parte da manhã, o vento passadas a frente e, estava de pé,
de muita atenção também,
estava fraco. Passei na lateral em solo firme novamente, além
pois, de acordo com pesquisas
do alvo aos 600 pés de altitude, de agradecer por ter conseguido
realizadas, o maior índice de
pela minha esquerda, o vento contornar a emergência na
acidentes de paraquedismo é
ainda era de cauda e estava abertura do paraquedas pude
depois que o velame se abre, isto
bem rápido agora, a menos de comprovar, mais uma vez, a
é, entre a navegação e o pouso.
300 pés de altitude, já estava mística do Mergulhador de
Não bastasse esta estatística,
atrás do alvo, na final para o combate, bradada na saída da
dessa vez eu estava com um
pouso, em planeio total, agora aeronave: “Fortuna Audaces
paraquedas menor, ou seja,
com o vento de nariz, o chão se Sequitur” – “a sorte acompanha
mais rápido. Olhei para a biruta
aproximava, a quase 2 metros os audazes”.
e identifiquei a direção do vento,

Instrutores e Alunos do Curso


62 O Periscópio 2013 / CF De Luca

Sem hesitar1
(Aprendendo a tomar rápidas decisões éticas com simuladores
interativos)

Tradução e adaptação: Capitão-de-Fragata


Fernando De Luca Marques de Oliveira

Imagine a seguinte situação:


Você é um jovem Tenente prestes a passar por uma inspeção que
irá determinar o grau de aprestamento de sua unidade, a qual será
empregada em combate em breve. No seu camarote, outro oficial - que
perdeu o pai há poucos dias - passou a noite bebendo e revelou a você,
na manhã seguinte, que é um alcoólatra em recuperação. Ele pede que
você não comente o fato, a fim de preservar sua carreira. Você tem
uma decisão a tomar. Mantém-se leal ao seu amigo, quando ele clama
por estar doente, a fim de lhe dar uma chance? Ou participa o fato ao
seu Comandante superior, na medida em que acredita que sua doença
poderá comprometer sua próxima missão?

Processo ético de questão moral ou ética, e simulações em DVD com uma


tomada de decisão decide a melhor ação a tomar. seleção de dilemas morais.
Embora existam diferentes As simulações mostram
Zonas “cinzentas” morais caminhos a seguir acerca das aspirantes, praças e oficiais
demandam uma “navegação decisões éticas, um conjunto de subalternos em situações do
mental” rápida e eficiente, preocupações comuns incluem cotidiano, que apresentam
em cenários de movimento ir além de um estreito interesse dilemas éticos, e demonstram
tempestivo nas situações de próprio, identificando a coisa um processo sistemático e
stress e/ou combate. As certa a fazer, aumentando lógico para ajudar a resolver
demandas elevadas de processo os benefícios, diminuindo esses dilemas. O ambiente
decisório - que levam os oficiais os danos em um processo realista do computador
a deparar-se com experiências fundamentalmente racional. obriga os participantes a fazer
éticas/morais – são, S.M.J, Caráter e a forma de escolhas difíceis e enfrentar
concebidas, apenas, no dia-a-dia desenvolver a liderança são, as conseqüências de suas
de uma situação real de combate. sinergicamente, a pedra angular decisões, sem risco real
Assim, como se poderia na Academia Naval dos EUA, para si ou para outrem. Ao
aprimorar as habilidades de e o Centro de Liderança ética permitir que os participantes
tomada de decisão de seu “V.adm James Stockdale” adotou lidem realisticamente com
pessoal para que eles sejam a nova tecnologia de simulações as questões universais como
melhor preparados para interativas como uma forma justiça, dizer a verdade e
enfrentar os desafios éticos, de e, com base nesse estímulo, lidar com o comportamento
em condições onde a reflexão formadores da Marinha e inadequado, as simulações
do cotidiano raramente é uma educadores descobriram que proporcionam uma experiência
opção? eles respondem avidamente a real na tomada de decisões
A decisão ética é um este meio de aprendizagem. éticas. A experiência ajuda a
processo estruturado no O Centro “Stockdale” prepará-los emocionalmente e
qual a pessoa reconhece uma produziu uma biblioteca de intelectualmente para lidar com
Sem hesitar 63

situações da vida real, não muito


diferente, em algumas nuances,
da exposição ao treinamento
de combate, além de concorrer
para formatá-los para lidar
com o stress da batalha, tendo
respostas rápidas para dilemas
já pré-testados.

Como estas simula-


ções funcionam?
Imagine que você está
interpretando um personagem
e imerso em um mundo
realista que você vê na tela
do computador. Seus colegas
neste mundo olham para você uma festa com garotas menores Seja qual for a situação, você
como um líder social. Você é de idade presentes. Talvez você se depara com uma série de
apresentado a uma situação descubra um possível ataque decisões.
que você sente ter dimensões sexual. Talvez sua ambição Como a simulação é
morais e éticas. Talvez haja coloque seu futuro em risco. interativa, cada escolha que
64 O Periscópio 2013 / CF De Luca

você faz, a narrativa gira usar simulações interativas dimensão de certo e errado aqui
em uma direção diferente. de multimídia, para ajudar a ou estão competindo valores
Cada um tem consequências desenvolver corajosos líderes no trabalho?
próprias e muda a situação éticos há vários anos. Em Assumindo que a situação
conforme você decide. Desta colaboração com as Forças de levanta um problema ético, o
feita, você experimenta Defesa do Canadá, o Centro próximo passo é pesar várias
como suas decisões afetam o pesquisou a obra do já falecido opções racionais. O objetivo é
resultado. Espera- se assim, Vadm. James Stockdale, distinguir o certo do errado e
também como subproduto professor de psicologia a pior da melhor opção, além
dessas simulações, que a educacional da universidade de identificar as obrigações
primeira vez que lidar com de Minnesota, e Thomas Jones, concorrentes. O tomador de
cenários de dilemas correlatos, professor de gestão de negócios decisão também está pesando
você “rascunhe” uma da universidade de Washington. as ações possíveis. Ele, ou ela,
solução instintivamente, sem Em seguida, validou a pesquisa pode fazer perguntas como:
orientação, ou melhor dizendo, com populações de aspirantes e • Que ações produzem o
sem a necessidade de realizar capelães da Marinha. maior bem e o menor dano?
simulações mentais controladas, Os professores centraram- • Que medidas respeitam
produzindo soluções cognitivas se em uma pioneira abordagem os direitos e dignidades de
de respostas bastante positivas de quatro componentes para a todos?
e, por que não dizer, testadas. tomada de decisões, as quais • Que ação trata todos
(Processo cognitivo similar combinam o desenvolvimento igualmente, ou se não igual,
e recorrente na condução cognitivo, perspectivas pelo menos proporcionalmente
do estágio de Qualificação sociais, comportamentais e e de forma justa?
para Futuros comandantes psicanalíticas. Ele afirmou que, • Como eu gostaria de ser
de Submarinos no Brasil - quando confrontado com um tratado?
EQFCOS)2 dilema ético, os indivíduos se • Que tipo de pessoa serei
Um tutorial que movem da consciência moral se eu agir ou não agir nesta
acompanha a simulação - o reconhecimento de uma situação?
fornece a orientação. Cada situação moral, ao julgamento O próximo passo é decidir o
uma das simulações vem com moral - para a avaliação de que fazer ou não fazer. Decidir
um modelo prático, passo-a- opções e resultados. o que fazer também significa,
passo, que orienta, através do Passando pela intenção concomitantemente, a coragem
processo de tomada de decisão, moral - escolhendo como se de agir, muitas vezes em face da
da consciência moral à ação pretende atuar e, por último, a grande oposição.
ação moral - o comportamento Às vezes, as pessoas podem
moral, ou seja, de reconhecer
real da situação. Uma falha em reconhecer um dilema ético,
que a situação envolve questões
qualquer etapa desse processo decidir “a coisa certa a fazer”,
éticas até agir de forma ética.
poderia resultar em falha na resolver agir, e ainda assim não
O tutorial habilita
tomada ética de decisão. agir. Se inquirido a explicar
a retornar ao cenário e
No primeiro passo, há a omissão na ação moral,
experimentá-lo novamente,
nível básico de reconhecimento eles muitas vezes se referem
aplicando-se às etapas, a
onde a situação é moralmente ao poder de outras pessoas
ferramenta para trabalhar seu
“carregada”. Ela desperta envolvidas, desde a pressão
caminho através do dilema.
emoções morais como raiva, dos colegas, até a reprovação
medo, vergonha ou empatia. O antecipada de um superior. No
Começando com a entanto, a ação moral significa
decisor responde à pergunta:
teoria do Som “Há algo errado aqui”? Há a realização da decisão moral,
O centro “Stockdale” uma pessoa, comunidade ou apesar da oposição ou possíveis
começou a explorar a ideia de um ideal em risco? Existe uma consequências.
Sem hesitar 65

Este processo, à primeira potencialmente afetados pelas interativas, bem como tem
vista bastante simples, pode consequências. Proximidade facultado aos Estados-Maiores
ser complicado por fatores pode ser um sentimento de de toda a Frota essa fantástica
que aumentem a intensidade proximidade física, cultural, ferramenta cognitiva.
moral da situação. O Prof. social ou psicológica
Jones observou que algumas Conclusão
características específicas de Criando um mundo Um líder ético deve estar
uma situação aumentam a sua realista preparado para tomar todas as
intensidade moral, afetando medidas. De consciência moral
Encontrar um processo,
a capacidade dos indivíduos à ação moral em qualquer
passo a passo, para a tomada
na tomada de decisão. Ele situação que surja, e fazê-lo tão
de decisão, é apenas metade
descreveu seis fatores de rapidamente quanto necessário.
da história. Para ser eficaz, as
intensidade moral: magnitude Isso exige experiência, que é o
simulações tiveram de criar
das conseqüências, o consenso fundamento essencial para
mundos cheios de detalhes
social, a probabilidade de toda a liderança eficaz, pois
verossímeis e situações
ocorrer efeitos, o imediatismo prepara o tomador de decisão
realísticas que engajavam os
temporal, proximidade e a tanto emocional quanto
participantes.
concentração dos efeitos. intelectualmente.
Pesquisas no centro A melhor experiência vem
Stockdale descobriram que Ensinar com simu- do mundo real, mas o preço
quatro, dos seis fatores de lações a agregá-la pode ser elevado.
intensidade morais que mais O tenente Mitch Eliason, Modelos pragmáticos de
influenciam a tomada de um submarinista nuclear tomada de decisões podem
decisão são: magnitude das experimentado, que serviu no reduzir o risco envolvido em
conseqüências, o consenso USS Los Angeles (SSN-688) ganhar experiência no mundo
social, a probabilidade de está desempenhando a função real, introduzindo os decisores
ocorrer efeitos e a proximidade. de instrutor de liderança na nos dilemas éticos que irão
Magnitude das consequências academia Naval dos EUA e tem enfrentar antes de se deparar
significa o quanto um indivíduo usado a biblioteca do centro de verdade. Simulações
pode ser prejudicado por uma de simulações interativas. Ele podem ajudar a construir a
ação ou beneficiar o tomador sustenta que “as simulações “memória muscular” moral,
de decisão. Consenso social interativas são a melhor maneira necessária para lidar com alta
significa o quanto um grupo de capturar a atenção dos tensão e situações moralmente
social concorda que uma ação é alunos e mantê-los envolvidos ambíguas em todos os níveis
boa ou ruim. Este grupo social no tema. Lições de liderança e de comando, assim como
poderia ser a sociedade como tomadas de decisões éticas são o treinamento de combate
um todo (que, por exemplo, as mais difíceis de apresentar de realista ajuda a preparar os
espera que as pessoas respeitem forma eficaz, e estas simulações futuros comandantes, de todas
e cumpram a lei) ou um têm tornado isso fácil.” as categorias, para as demandas
pequeno grupo de colegas como extraordinárias de guerra.
um indivíduo. Probabilidade O Futuro
de efeito é a probabilidade de Nota:
que os resultados previstos O Centro de Stockdale
Matéria publicada na revista
e o nível esperado de dano continua a trabalhar com “UNDERSEA WARFARE”, escrita
ou de benefício irão ocorrer. corpo docente da Academia pela Dra. Elizabeth Holmes, que é
Naval para encontrar maneiras psicóloga e Diretora de Avaliação
Proximidade refere-se à de Perfis do Centro Naval
proximidade do tomador de de expor regularmente a “V.Adm. James Stockdale” de
decisão para com os indivíduos sua biblioteca de simulações Liderança Ética.
66 O Periscópio 2013 / Asp Coelho

Aspirantex 2013

Aspirante Gabriel de Brito Coelho

Exercício com a lancha Hurricare


Aspirantex 2013 67

Durante a semana do missão cumprida: na mesma ser um membro das operações


dia 8 a 11 de janeiro de 2013, tarde daquela terça-feira especiais. Não se tratava de
acompanhei o dia a dia do treinei minha “aquacidade” uma ação real, porém, os MECS
Grupamento de Mergulhadores (termo utilizado entre os encaravam a situação como se
de Combate da Marinha do MEC referente à habilidade fosse de verdade, empregando
Brasil (GRUMEC). Motivado de realizar trabalhos na equipamentos e armamentos
a conhecer a carreira do oficial água) mergulhando com especiais, com direito a realizar
MEC, escolhi o GRUMEC como equipamentos de mergulho a escalada do costado do navio
“estágio de verão” (programa autônomo de circuito aberto, carregado de equipamentos
de viagens realizado nas férias familiarizando-me com o através de uma escada de
visando dar aos aspirantes mesmo. abordagem. Exigentes consigo
o conhecimento amplo da Na quarta-feira, após o mesmos e dedicados, os MECS
Marinha e de seus meios, bem Treinamento Físico Militar não toleram erros e trabalham
como uma familiarização com (TFM), tive a oportunidade duro em equipe para alcançar
o trabalho a bordo dos meios ímpar de embarcar na famosa esse nível de excelência.
da esquadra) da escola Na quinta-feira tive
Naval. instrução e prática de tiro
Apresentei-me com armas de emprego
pela manhã do dia 8 dos mergulhadores de
de janeiro (terça-feira) combate, tais como pistola
e fui conduzido para 9 mm e fuzil M4 - confesso
a Praça D’armas do que em meus 5 anos de
Grupamento, onde Marinha não atirei tanto
fui apresentado aos quanto naquele dia.
oficiais de bordo que Durante o treinamento,
mostraram a clara pude perceber que, para
intenção de esclarecer realizar um resgate ou
minhas dúvidas e me uma operação de assalto
motivar na carreira de com sucesso, teria que
MEC. Eu pude observar Exercício de retomada de navio praticar inúmeras vezes
grande vibração e entusiasmo mais. Além do peso do
por parte de todos os militares armamento, do colete
com quem tive contato durante ‘’HURRICANE’’ - a lancha de balístico e dos equipamentos,
meus quatro dias de estágio, abordagem rápida utilizada a adrenalina de saber que os
quer sejam oficiais ou praças. pelos mergulhadores de disparos têm que ser rápidos
Naquela mesma manhã fui combate em retomadas de e certeiros torna esse tipo
apresentado ao Comandante navios e plataformas - e assim de atividade extremamente
da Força de Submarinos ‘’voei’’ pela Baía de Guanabara. exigente.
(Comfors), excelentíssimo Na tarde da quarta-feira Quando um mergulhador
Senhor CA Glauco Castilho acompanhei o Grupo Especial emprega o seu armamento,
Dall’Antonia, que, percebendo de Retomada e Resgate (GERR- errar não é uma opção e a
meu entusiasmo por ali estar, MEC) em um treinamento rapidez de efetuar um disparo
sugeriu que fossem realizadas de ação contra terrorista é um requisito necessário de
atividades diretamente relacio- simulando o sequestro de modo a garantir a vida de um
nadas com o mergulho de um navio. Nesta atividade refém e dos demais membros
combate junto às equipes pude constatar que a frase da equipe. Depois desse dia eu
operativas do GRUMEC, “Treinamento com repetição pude perceber que, somente
sem perder de vista a até a exaustão, leva a perfeição” meus treinos no Playstation
segurança. Missão dada é deve ser o lema de quem almeja 3 no camarote com meus
68 O Periscópio 2013 / Asp Coelho

academias convencionais dos outros militares que


que a atividade de operações exercem as funções que não são
especiais exige um preparo vistas nas fotos dos “fast-rope”
físico, emocional e moral (método de infiltração por meio
elevado. Ao final da instrução de aeronave de asa rotativa em
retornamos ao GRUMEC que é lançado um cabo preso a
onde participei de uma aeronave e os elementos descem
confraternização com todos da mesma por este cabo).
os membros do Grupamento. Assim terminou meu estágio
Durante a confraternização em uma das Organizações
percebi que não havia Militares de maior prestígio
só elementos MEC, mas no meio naval, que apesar de
militares exercendo funções possuir um efetivo reduzido, se
administrativas essenciais para faz presente nas mais diversas
o cumprimento das missões áreas do meio operativo. A
como o gerenciamento dos semana do dia 8 ficará em
materiais utilizados, a parte minha memória, mas se a sorte
logística, manutenção de botes estiver ao meu lado um dia terei
e motores, motoristas das a honra de fazer parte desse
MEC em adestramento viaturas utilizadas durante grupo de guerreiros dispostos
as operações. Foi importante a lutar pelo Brasil a qualquer
observar isto e saber que os hora, em qualquer lugar. São os
colegas MEC em adestramento
mesmos são valorizados entre Mergulhadores de Combate da
de turma não iriam adiantar.
os MEC, pois tive a noção de Marinha do Brasil.
Imagino que tudo isso se
complique ainda mais quando que o sucesso de uma operação
depende não só dos elementos FORTUNA AUDACES
os MECS atuam partindo após
das equipes, mas da dedicação SEQUITUR!!!
uma longa natação submersa,
extenuante aproximação com
a “Hurricane”, salta de para
quedas ou qualquer uma
das formas “especiais” de
infiltração.
Sexta-feira, último dia da
minha empolgante estada,
teve instrução e prática de
defesa pessoal na qual o
comandante do GRUMEC,
CMG ÍTALO, estava presente,
lutando conosco. É satisfatório
e motivante ver um militar no
posto avançado da carreira
ainda ter condições de ir para
um combate ou operação
da mesma forma que um
tenente recém formado. Tive
a oportunidade de assistir
e executar algumas técnicas
que não são ensinadas em Aspirante Gabriel de Brito Coelho
Atenção Pelotão 69

Atenção pelotão!

Cabo Débora Barbosa Mascarenhas Calmon

No cotidiano de nossa demais, fraca ou forte além do o corpo; a partir dos 60 anos a
vida militar ouvimos essa normal. voz pode ficar fraca e trêmula.
frase e não imaginamos que Caso a voz se torne Nas mulheres ela se torna mais
há um conjunto de músculos, diferente sem motivo algum, grossa e nos homens mais fina.
cartilagens e nervos que piore em situações em que o Devemos prestar atenção
são responsáveis por esta uso é frequente, e mesmo com em nossas crianças. A rouquidão
vibrante frase. A voz humana repouso vocal não haja melhora, por mais de 15 dias ou com uma
é produzida na laringe, um poderá indicar um possível recorrência elevada durante o
tubo que está localizado no sinal de disfonia vocal, ou seja, ano, pode ser um sinal de alguma
pescoço. Esse tubo é formado alteração por mau uso da voz, alteração. Nesse caso não deixe
por cartilagens, músculos e ou por hábitos errados. A voz de procurar um especialista. As
membranas. As principais pode mudar durante o dia, crianças possuem o hábito de
cartilagens são: cricóide, porque a tensão do nosso corpo gritar, fazer o mau uso da voz
tireóide, aritenóide e epiglote. varia e a voz tende acompanhar em vários momentos, sendo que,
As pregas vocais, que nosso estado físico e emocional. esse forte atrito constante entre
popularmente são chamadas Por exemplo, em situações de as pregas vocais pode prejudicar
de “cordas vocais”, auxiliam na muito barulho ou ministrando a saúde vocal e contribuir para
produção da voz, essas pregas aula, a voz automaticamente o aparecimento de lesões na
vibram com a passagem do ar se torna mais forte e cansada laringe como os nódulos vocais,
dos pulmões, os movimentos e, consequentemente, quando “os famosos calos”.
são ondulatórios de baixo estamos relaxados, a voz fica Temos exemplos clássicos
para cima e antero – posterior. mais solta e mais baixa. de alteração vocal: a fenda
Esse som é transformado Se por algum motivo ficar glótica (abertura na prega vocal),
em fala quando é articulado sem voz, não force, fale baixo nódulos vocais, pólipos, cistos,
pelos movimentos de várias e mais devagar, articulando mas há lesões que demoram a
estruturas da cavidade oral, bem os fonemas, porém evite cicatrizar ou que crescem muito
como a boca, língua, lábios e sussurrar. Nesse caso, mantenha- rápido que podem sinalizar
todos os impulsos de acordo se hidratado, bebendo água futuros tumores. Hoje, as equipes
com o que queremos falar e a ao longo do dia, evite bebidas multidisciplinares, presentes
forma como será executado é irritantes a mucosa (café, também no nosso meio militar,
comandado pelo nosso cérebro. cerveja, vinho...) e procure um estão juntas no tratamento do
A nossa voz é resultado médico otorrinolaringologista o câncer de cabeça e pescoço.
de características herdadas e mais rápido possível. Portanto devemos ficar atentos
do ambiente em que vivemos. A voz humana acompanha e observar o aparecimento
Cada voz é única, e podemos o nosso desenvolvimento, de lesões no interior da boca
ser identificados pela forma nossa trajetória de vida. A voz (úlceras que nunca cicatrizam),
com que a usamos. A voz pode muda entre os 13 e 15 anos massas regionais ou erupção
variar bastante de acordo com (muda vocal) podendo ficar cutânea na face ou pescoço
nossas emoções e ela pode ser oscilante em um período de (caroço), dificuldade ao engolir
considerada um problema seis meses. Essas modificações líquidos e alimentos, engasgos e
quando há rouquidão, cansaço são nítidas nos meninos. A voz tosse constante e dificuldade ao
ao falar, voz fina ou grave também envelhece como todo respirar.
70 O Periscópio 2013 / CT Isabele

Sinais e sintomas em condições extremas de


trabalho – como reconhecer e como proceder

Capitão-Tenente Isabele D’Oliveira Bulhões

DISCUSSÃO:
INTRODUÇÃO Nos parágrafos seguintes
estamos expostos a condições
discutiremos a reação do orga-
A capacidade do organismo ambientais extremas como frio
nismo nas seguintes condições:
humano em desenvolver as ou calor extremo, ruído intenso
trabalho em ambientes muito
atividades diárias depende da e ambientes hiperbáricos.
quentes, muito frios, ruidosos e
habilidade de nossas células em Tais situações são usualmente
altas pressões hiperbáricas.
transformar a energia calórica vividas pelos militares que
dos alimentos que ingerimos exercem atividades especiais, 1- Trabalho em ambientes
em energia. Em condições como submarinistas e muito quentes:
normais de temperatura e mergulhadores, e daí surge A exposição prolongada
pressão, este mecanismo é a importância do militar em a temperaturas acima dos
regulado através da qualidade reconhecer precocemente os 37,5°C pode deteriorar
da nossa alimentação, nosso sintomas a fim de reconhecer tanto a performance mental
estado hormonal, condições quando buscar ajuda. quanto física. Inicialmente
cardiológicas e pulmonares, há o aumento da temperatura
sexo, idade, fumo, ingestão de MATERIAIS E MÉTODOS: corpórea (hipertermia) e
álcool entre outros fatores. Levantamento bibliográfico aumento do fluxo sanguíneo
Fatores externos podem através dos sites de pesquisa, no que gera sudorese na tentativa
influenciar a resposta do nosso site da Sociedade Internacional de resfriar o corpo. A sudorese
organismo, o que é acentuado de Medicina Hiperbárica e quando muito intensa pode
exponencialmente quando livros e revistas especializadas. levar à desidratação. Outras
alterações mais comuns são
o cansaço, sonolência, fadiga,
queda do rendimento no
trabalho, erros de percepção e
raciocínio. Em estágios mais
avançados da hipertermia pode
haver taquicardia, tontura,
náusea, vômitos, diarreia e
hipotensão.
Observa-se que os sintomas
descritos estão relacionados ao
quadro inicial de desidratação e,
por isso, a ingestão de líquidos
deve ser exaustiva para aqueles
que trabalham em ambientes
quentes.
Classificação de dano térmico
Sinais e sintomas em condições extremas de trabalho 71

2- Trabalho em ambientes e geralmente bilateral. de acordo com a Norma


muito frios: Inicialmente, a perda se dá nos Reguladora (NR) nº 7 e a
O trabalho em frigoríficas tons mais agudos (toques de portaria n° 19 do Ministério do
(exposição prolongada) e o celular, campainhas, alarmes) Trabalho e Emprego.
mergulho em águas geladas que inicialmente não afetam a
conversação, porém ao longo 4-Trabalho
podem gerar os seguintes em ambientes
sintomas: diminuição da dos anos há acometimento
hiperbáricos:
temperatura corporal abaixo dos tons mais graves, e com
B a s t a n t e
de 35ºc, hipotensão (baixa da isso pode haver perda de
sabido pelos
pressão arterial), bradicardia discriminação da palavra
mergulhadores, que
(diminuição da frequência falada, ou seja, dificuldade
são a população mais
cardíaca), diminuição da em distinguir aquilo que lhe é
exposta às variações
frequência respiratória, pele dito. Esta dificuldade em
de pressões
fria e pálida, diminuição distinguir a conversação gera
hiperbáricas,
da coordenação motora. É algumas patologias
provável que haja uma perda
são facilmente identificáveis
gradual da acuidade mental e
e estão relacionadas ao
da capacidade física. As pessoas
comportamento dos gases de
que possuem um risco maior
acordo com a profundidade.
de desenvolver hipotermia são
Outros fatores envolvidos
as pessoas magras, crianças
nas doenças de mergulho são
e idosos. A hipotermia, se
a susceptibilidade individual,
acentuada, pode levar a óbito
infecções prévias, cansaço,
por parada cardíaca e por
noites de sono mal dormidas.
isso deve ser tratada o mais
Intoxicações gasosas
precoce possível retirando-se as
(monóxido de carbono,
roupas molhadas, aquecendo o
dióxido de carbono, oxigênio,
paciente com cobertores secos e “Após as lesões
narcose pelo nitrogênio,
oferecendo bebidas quentes, se auditivas instaladas hipóxia, apagamento) podem
o paciente estiver consciente, ou
administrando soro aquecido não há como reverter ser de difícil diferenciação
inicialmente para o leigo.
para aqueles inconscientes. a perda, por isso, No entanto, todas estas
3- Trabalho em ambientes
o ideal é trabalhar intoxicações cursam com
ruidosos: preventivamente”... alteração do Sistema Nervoso
A exposição continuada a central, ou seja, em todos
ruídos elevados como aqueles os casos os sintomas são
encontrados em Praça de semelhantes: náuseas, vômitos,
Máquinas dos navios pode muita ansiedade e o paciente dor de cabeça, confusão
levar a efeitos auditivos e não pode se sentir incapaz, velho, e, mental, tontura. Inicialmente
auditivos. Quanto aos efeitos por isso, tender a se isolar. quando a dupla no mergulho
não auditivos, pode-se observar Após as lesões auditivas percebe que seu companheiro
durante a exposição aguda instaladas não há como reverter pode estar desenvolvendo
ao ruído elevado: ansiedade, a perda, por isso o ideal é uma intoxicação gasosa,
irritabilidade, taquicardia, trabalhar preventivamente, é necessário aumentar a
alterações do sono. ou seja, utilizando protetores ventilação, e diminuir a
Dentre os efeitos auditivos e abafadores auriculares e profundidade do mergulho,
pode haver, a longo prazo, respeitar o tempo limite de respeitando, na medida
perda auditiva por lesão do exposição de acordo com a do possível, as tabelas de
nervo auditivo irreversível intensidade de ruído emitido, descompressão.
72 O Periscópio 2013 / CT Isabele

Barotraumas de ouvidos CONCLUSÃO REFERÊNCIAS


e seios da face são facilmente BIBLIOGRÁFICAS
O objetivo deste
reconhecíveis pois tratam- se artigo é fazer com que o K. RODAHL. Occupational
de dores localizadas no leigo reconheça alguma Health Conditions in Extreme
órgão comprometido. Como manifestação relacionada Environments. Ann. occup. Hyg.,
Vol. 47, No. 3, pp. 241–252, 2003
medida inicial, também se às condições extremas de British Occupational Hygiene
deve diminuir a profundidade trabalho para que se possam Society. Published by Oxford
no mergulho e adotar perfis tomar as medidas iniciais University Press. Disponível
mais lentos de descompressão. até a chegada do paciente ao em: http://www.annhyg.
Doenças mais graves como oxfordjournals.org. Acesso em 20
atendimento médico. Simples de julho de 2011.
doenças descompressivas medidas, mas que, no entanto,
e embolia traumática podem ajudar a salvar vidas. BRASIL. Ministério do
pelo ar exigem respostas mais Trabalho e Emprego. Norma
Reguladora (NR) nº 07 - portal.
imediatas da equipe envolvida mte.gov.br/data/files/.../nr_7.pdf .
no mergulho, no entanto, Acesso em 26/03/2013.
como medida inicial, também
WIDMAIER, E. P.; RAFF,
é necessário aumentar a
H.; STRANG, K. T.. Fisiologia
ventilação, retornar com o humana: os mecanismos das
militar assim que possível funções corporais. 9. ed.. Rio de
para a superfície e retirar todas Janeiro, RJ: Guanabara Koogan,
as vestimentas de mergulho e 2006.
acessórios.
.
73
74 O Periscópio 2013 / CT Dayse

Scott Waddle: exemplo de superação

Capitão-de-Corveta Dayse Lúcia Alvino Cordeiro

Em fevereiro de 2001, no O acidente


Oceano Pacífico, nove milhas No dia 9 de fevereiro
ao Sul de Oahu, Havaí, às 13h de 2001, o comandante do
e 43min, um submarino nuclear submarino nuclear USS
norte-americano de nove mil Greenville, da Marinha subida rápida, conhecida como
toneladas, o USS Greeneville, Americana, Scott Waddle, foi “superfície em emergência”,
abalroou um navio pesqueiro designado para realizar uma chocando-se diretamente com o
japonês de 500 toneladas, o demonstração para alguns “Ehime Maru”, barco pesqueiro
Ehime Maru, no qual, em visitantes, na costa do Havaí. japonês. Assim que rompeu a
conseqüência do choque, nove Duas semanas antes do evento, superfície, o leme de aço HY 80
tripulantes perderam a vida. ele fora avisado que o almirante do Greeneville rasgou a popa
Quais as causas do acidente? da reserva Richard Macke do navio japonês, causando
Em que circunstâncias ocorreu? havia organizado um programa a morte de nove pessoas que
Quais as consequências desse para visitantes ilustres a ser estavam a bordo. O acidente
acidente para a carreira do realizado em seu submarino. O provocou uma grande batalha
comandante do submarino? programa, criado pela Marinha, diplomática entre os Estados
Como o comandante superou tinha como objetivo obter apoio Unidos e o Japão. O navio
o acidente e que lições podem de congressistas e de outros pesqueiro japonês encontrava-
ser assimiladas a partir da líderes formadores de opinião, se num despretensioso cruzeiro
tragédia? para a Força de Submarinos. de férias e os estados unidos,
Esses são os principais O Greeneville já realizara obviamente, desculparam-se
aspectos que este artigo outras saídas daquele tipo, intensamente com Tóquio pelo
pretende abordar. com visitantes, sob o comando episódio do Ehime Maru.
Dentro de tal contexto, o de Waddle. Os visitantes, Após o acidente, o
tema superação será analisado além de congestionarem a Comandante Scott Waddle
a partir de uma história sala de controle, fizeram com respondeu a um inquérito,
verídica que teve como que o Comandante atrasasse sendo informado de que
protagonista um militar com a programação do navio, em pesavam contra ele as
uma carreira brilhante, que decorrência da demora no acusações de negligência em
reconstruiu sua vida após ter almoço, o que contribuiu para serviço, colocar em risco o
sido exonerado da Marinha que ele apressasse a série de navio de forma desnecessária
Americana, demonstrando que manobras a fim de impressionar e homicídio culposo. Tais
a melhor maneira de superar as a todos. acusações poderiam levá-lo à
dificuldades é, primeiramente, Quando Waddle deu a cadeia em uma corte marcial.
ter humildade para admitir ordem para executar a manobra, Dessa forma, a brilhante carreira
seus próprios erros e buscar seu submarino submergiu do Comandante foi encerrada,
alternativas para transformá- para 120 metros e foi lançado após meses de humilhação e
los em lições de vida. de volta à superfície em uma recriminação pública.
Scott Waddle: exemplo de superação 75

Em seu depoimento, deduzir, através da leitura do conselho formado por três


Waddle confirmou ter dado sonar, que o Ehime Maru estava Almirantes decidiu que Waddle
as ordens que resultaram a 3.650 metros e se aproximando. não seria julgado pela corte
na tragédia, comentando, Negligenciaram ao não marcial, nem teria que pagar
ainda, que daria sua vida caso coordenar de forma correta o nenhum tipo de indenização à
conseguisse recuperar uma das fluxo de informações na sala Marinha, mas seria transferido
nove que foram perdidas. de controle. Waddle comentou, para a reserva.
“Quando eu icei o
periscópio após a colisão e “Apesar disso, ele O exemplo do Coman-
ampliei a imagem, vi todas
aquelas pessoas despencando
assumiu toda a dante Waddle
responsabilidade por seu Algumas características
na água. Eu não pude acreditar;
positivas são fundamentais
lamentei, senti remorso, ato e afirmou que embora para o bom desempenho de um
ansiedade, fúria, incredulidade. fosse fácil dizer que a comandante: autoconfiança,
Eu não tinha controle sobre o
que aconteceu. Eu não podia culpa não foi sua, ele, segurança, competência,
modificar o que ocorrera. Sendo não poderia se sentir bem motivação, capacidade de
influenciar pessoas, carisma,
um homem que exercia controle fazendo isso.” personalidade marcante,
sobre meu navio, de repente
já não importava o que eu confiabilidade, lealdade, entre
na época, que a presença de
fizesse; eu não poderia mudar 16 visitantes civis interferiram
outras.
o resultado”. (O PERISCÓPIO. na concentração da tripulação. No caso específico do
Rio de Janeiro: CIAMA, 2001, Apesar disso, ele assumiu comandante Scott Waddle,
p.17-20) toda a responsabilidade por todas essas características
Durante o inquérito, foi seu ato e afirmou que embora compunham sua personalidade,
verificado que alguns tripulantes fosse fácil dizer que a culpa entretanto, não foram suficientes
do USS Greeneville cometeram não foi sua, ele, não poderia se para evitar sua trágica
erros que contribuíram para o sentir bem fazendo isso. Como experiência.
acidente. Houve falha em não conseqüência do acidente, um Nessa abordagem, pode-

USS Greeneville
76 O Periscópio 2013 / CT Dayse

se perceber que o comandante frequentemente, a cena infeliz menor parte do sucesso. Como
em questão, Scott Waddle, que tirou a vida daquelas um autêntico líder, delegou
não deixou de vivenciar nove pessoas, permanece poderes para a execução da
esse aspecto em sua prática. demonstrando sua capacidade de manobra, nunca se eximindo de
Detentor de invejável caráter superação ministrando palestras suas responsabilidades. “A falha
e personalidade marcante, a respeito do assunto. Numa não é o fim” tem o propósito de
demonstrou conhecer muito dessas palestras, cujo título em mostrar que mesmo nas grandes
bem o tema liderança, português poderia ser “A falha falhas, como naquela que
vivenciando-a até mesmo em resultou na tragédia do Ehime
sua derrocada. Sua perseverança Maru, quando não ocorrem
A liderança bem
e obstinação o colocaram em por má fé, por falha de caráter
posição de destaque na Marinha sucedida deverá sempre ou desonestidade, pode ser
Americana, sendo admirado por vir acompanhada extraída uma lição positiva, que
seus colegas e respeitado por venha servir de ensinamento,
seus superiores e subordinados.
de humildade, fator ou seja, um alerta para que o
Quanto à superação, talvez preponderante para mesmo erro não se repita.
tenha sido exatamente esse o que o líder não se deixe O fato de Waddle não
fator que mais comprovou a se ocultar por trás de suas
competência de Waddle como levar pelo descontrole punições ou evitar o contato
um verdadeiro líder. Como bem emocional provocado pelo com o público, expondo-se
mencionado no texto “Amarga continuamente a platéias que
Travessia” (O PERISCÓPIO. Rio
autoritarismo, pelo excesso conhecem o fato que o levou
de Janeiro: CIAMA. 2001, p.19), de confiança ou até mesmo a ser exonerado da Marinha,
o fato de “admitir que cometeu pela vaidade. demonstra que ele continua
erros, que seu comando foi, de exercendo positivamente sua
alguma forma, menos do que liderança, utilizando, com
perfeito” [...] foi uma “amarga não é o fim”, Scott Waddle humildade, seu próprio erro,
viagem de autodescobrimento afirma que, independentemente como exemplo do que não
para Waddle”. [...] “eu precisava da vontade individual, a vida se deve fazer. Scott Waddle
tanto de atenção que faria conduz os líderes a momentos em nenhum momento tentou
praticamente qualquer coisa decisivos. O resultado amenizar sua participação
para provar que eu era bom”, desses momentos, ou suas na falha dividindo-a com
dizia ele. conseqüências, determinarão seus subordinados. Deixou
A liderança bem seu caráter e possibilitarão claro, ainda, entender
sucedida deverá sempre vir avaliar seus verdadeiros valores perfeitamente que, ao delegar
acompanhada de humildade, morais. poderes, o líder nunca delega
fator preponderante para Quanto à Waddle, sua responsabilidades.
que o líder não se deixe levar falha não modificou seu caráter.
pelo descontrole emocional O erro não foi cometido em Conclusões
provocado pelo autoritarismo, decorrência de desonestidade, A liderança bem suce-
pelo excesso de confiança ou até de falta de integridade, ou por dida deverá sempre vir
mesmo pela vaidade. deficiência de ética profissional. acompanhada de humildade,
Atualmente, o ex- No resultado trágico, Scott fator preponderante para
comandante do Submarino Waddle agiu como um que o líder não se deixe levar
Greenesville, apesar de nunca verdadeiro líder, assumindo pelo descontrole emocional
mais ter conseguido dormir toda a responsabilidade por sua provocado pelo autoritarismo,
uma única noite sem se lembrar falha, assim como, se houvesse pelo excesso de confiança ou
da tragédia e de recordar, logrado êxito, teria assumido a até mesmo pela vaidade.
Scott Waddle: exemplo de superação 77

O sucesso freqüentemente humana, saber assumir as


pode levar o líder a enfrentar responsabilidades decorrentes
armadilhas, criando a ilusão dos mesmos é tarefa difícil
de que é possível se tornar para muitos. Enfrentar a si
imbatível. Bernardinho, apesar mesmo é a maior vitória que
de todo o sucesso que alcançou se pode alcançar. O exemplo
e de todas as vitórias que do comandante Waddle
conquistou, afirma: “todos deveria ser sempre lembrado,
os dias, ao levantar, piso na principalmente nos centros
minha vaidade para que ela não de ensino militares, em seus
me desvie do meu caminho”. diversos níveis, seja nos cursos
(BERNARDINHO, 2006, p.192) de formação, especialização ou
A infalibilidade não é uma aperfeiçoamento, enfatizando
das características exigidas de o rigoroso cumprimento dos
um líder. Pelo contrário, espera- procedimentos operacionais
se que ele tenha humildade voltados para a redução de
suficiente para aceitar acidentes. Além disso, caberia
assessoramentos quando as ainda, a recomendação de
circunstâncias recomendarem. que os líderes não eliminem,
Referências:
Falhas podem ocorrer, tanto por iniciativa própria, etapas
por despreparo, quanto por de verificação de normas de a. ABRASHOFF, D. Michael.
Este barco também é seu. São
excesso de confiança. Quando segurança, ressaltando-se que
Paulo: Editora Pensamento-
acontecem, e particularmente manobras que envolvam risco Cultrix Ltda, 2006.
quando as conseqüências são devam sempre ser executadas
b. BERNARDINHO.
nefastas, os verdadeiros líderes com assessoria de todos os Transformando suor em ouro.
assumem a responsabilidade; elementos participantes, 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante,
os falsos tentam dirimi-la, difundindo, inclusive, entre 2006. 215 p.
compartilhá-la, ou, quando os subordinados a convicção c. KERNBERG, Otto F. Ideologia,
possível, esquivar-se dela. “A de que seu comandante deve conflito e liderança em grupos
vitória tem muitos pais, mas ser alertado sobre qualquer e organizações. Porto Alegre:
a derrota é órfã”, diz o ditado problema que lhe tenha passado Artmed, 2000.
popular. despercebido. d. LAPIERRE, Laurent.
O comandante Scott Em última análise, fica a Imaginário e Liderança. São
Waddle em nenhum momento lição da responsabilidade e do Paulo: Atlas, 1995.
procurou isentar-se de sua caráter do líder, que Waddle e. MARINHA DO BRASIL.
responsabilidade. Contrariando soube vivenciar como ninguém, Centro de Instrução Almirante
Áttila Monteiro Aché. Amarga
a orientação de seus advogados, tornando-se um exemplo a ser
Travessia. Revista O Periscópio,
e até mesmo a do comando da seguido. Thomas Hardy afirma Rio de Janeiro, n. 55, p.17-20,
Marinha, não tentou reparti-la que “as pessoas que possuem 2011.
com seus subordinados para alguma força de caráter carregam f. MARINHA DO BRASIL.
obter uma possível redução de consigo, como os planetas, a sua Diretoria de Ensino da Marinha.
sua pena. atmosfera nas suas órbitas”. Manual de Liderança. 1. ed. Rio
Finalmente, o que se pode Scott Waddle permanece como de Janeiro:1996, 91 p.
tirar de lição do referido caso? um dos maiores exemplos de g. RANGEL, Alexandre. O
A lição maior, certamente, superação dos últimos tempos que podemos aprender com os
é o exemplo de superação e sem dúvida nenhuma, sua gansos.4. ed. São Paulo: Original,
aqui exposto. Apesar de erros força deve ser mencionada e 2004. 229 p.
serem inerentes à condição admirada.
78 O Periscópio 2013 / 1T Sérgio

Submarinos Japoneses da classe Toku Sen

Primeiro-Tenente Sérgio Willian de Castro Oliveira Filho

Os submarinos classe Toku quilha do primeiro da classe em 1942. Propunha uma frota de 18
Sen I-400 da Marinha Imperial janeiro de 1943 no estaleiro de submarinos grandes, capazes de
Japonesa foram os maiores Kure, em Hiroshima. Dentro de fazer três viagens de ida e volta
submarinos da II Guerra Mundial um ano, o plano foi reduzido para a costa oeste dos estados
e permaneceram os maiores já para cinco, dos quais apenas três unidos, sem reabastecimento, ou
construídos até o surgimento (I-400 em Kure, e I-401 e I-402 em uma ida e volta para qualquer
de submarinos nucleares de Sasebo) foram concluídos. ponto do globo. Eles também
mísseis balísticos na década de O submarino da classe I-400 deveriam ser capazes de
1960. Eram submarinos porta- foi ideia do almirante Isoroku armazenar e lançar pelo menos
aviões capazes de transportar Yamamoto, Comandante- dois aviões de ataque armados
três aeronaves “Aichi M6a em-Chefe da frota japonesa. com um torpedo ou 800 kg de
Seiran” submersos até os seus Pouco depois do ataque a Pearl bomba. Até 17 de Março, os
destinos. Eles foram concebidos Harbor, em dezembro de 1941, planos gerais de design para os
para vir à superfície, lançar ele concebeu a ideia de levar a submarinos foram finalizados.
seus aviões, então rapidamente guerra para o continente dos Após a morte de Yamamoto
mergulhar novamente antes de Estados Unidos, fazendo ataques quando seu avião foi abatido
serem descobertos. Eles também aéreos contra cidades ao longo durante uma visita de inspeção
levavam torpedos para combate da costa oeste dos EUA. nas Ilhas Salomão, em abril de
de curto alcance. Uma frota de Yamamoto apresentou 1943, o número de submarinos a
18 barcos foi planejada em a proposta final para o serem construídos foi reduzido
1942, sendo o batimento de almirantado em 13 de janeiro de de 18 para 9, depois 5 e finalmente

Submarino navegando na superfície


Submarinos Japoneses da classe Toku Sen 79

3. Apenas o I-400 e o I-401, na


verdade, entraram em serviço. O
I-402 foi concluído em 24 de julho
de 1945, cinco semanas antes do
fim da guerra, mas nunca chegou
ao mar.
Cada submarino tinha
quatro motores 1.680 kW e
carregava combustível suficiente
para dar a volta ao mundo
uma vez e meia, mais do que o
suficiente para atingir até o leste
dos Estados unidos. Com mais
de 120m de comprimento total,
eles deslocavam 5.900ton., mais Maquete de decolagem de aeronave
do que o dobro dos submarinos
americanos da época. A secção
transversal do casco resistente “O Hidroavião para utilização durante o dia e
tinha uma forma de oito, o que outro durante a noite.
gerava a estabilidade necessária
Seiran foi projetado Em maio de 1945, o I-401
para suportar o peso de um especificamente foi equipado com um mastro
grande hangar no convés. Para para uso a bordo de de esnórquel alemão, instalado
permitir a hangaragem de três quando o navio foi docado em
aeronaves ao longo do centro do submarinos e podia Kure para reparos depois de
navio, a vela foi deslocada para levar 800 kg de ser danificado por uma mina
bombordo. americana em abril.
bombas a 1.000 km O Hidroavião Seiran foi
Localizado aproximada-
mente a meio navio, no deck de distância projetado especificamente para
superior, era um hangar a 475 km/h.” uso a bordo de submarinos e
cilíndrico e estanque, de 31 m podia levar 800 kg de bombas
de comprimento e 3,5 m de a 1.000 km de distância a 475
diâmetro. A porta de acesso km/h. Para caber dentro dos
podia ser aberta hidraulicamente Um turco dobrável estreitos limites do hangar,
a partir de dentro ou foi acondicionado em um as asas giravam 90 graus e
manualmente a partir do compartimento aberto, dobravam para trás contra a
exterior, e era impermeabilizada rebaixado em relação ao fuselagem, os estabilizadores
com uma junta de borracha de 51 convés, usado para recuperar dobravam para baixo, de modo
milímetros de espessura. os hidroaviões Seiran do que o perfil frontal da aeronave
Situado no topo do hangar submarino. Os I-400s eram tinha o diâmetro de sua hélice.
foram montados três canhões equipados com um radar de Quando montado para o vôo, a
de 25 mm à prova d água, para busca aérea Mark 3 Modelo 1 e aeronave tinha uma envergadura
defesa antiaérea, dois à ré e duas antenas separadas, capazes de 12 m e comprimento de 11,6 m.
um frente à torre de comando. de detectar aeronaves a 43 Uma equipe de quatro militares
Oito tubos de torpedos foram milhas náuticas. Os submarinos poderia preparar e lançar todos
montados na proa, quatro acima também possuíam dois os três em 45 minutos.
e quatro abaixo. Não havia tubos periscópios de fabricação alemã, Os Seiran eram lançados a
na popa. de 12,2 m de comprimento; um partir de uma catapulta de ar
O Periscópio 2013 / 1T Sérgio
80

comprimido na plataforma a fortificações americanas em Antes de a operação


frente do submarino. Enquanto ambos os lados do Canal. No começar, Okinawa caiu, e
a guerra se virou contra os Atlântico, as baterias de artilharia chegaram ao Japão informações
japoneses e sua frota já não do Fort Sherman tinham um de que os Aliados estavam
tinha livre curso no Pacífico, alcance de 27 km. Com o avançar preparando um ataque contra
o comandante- em-chefe da da guerra e a decadência do as ilhas japonesas. A Esquadra
frota combinada japonesa, o poderio japonês o patrulhamento japonesa então concluiu que
almirante Yamamoto Isoroku, em torno do canal praticamente atacar o canal do Panamá teria
elaborou um plano ousado cessou devido à improbabilidade pouco impacto sobre o resultado
para atacar as cidades de Nova aparente de tal ataque, fato que da guerra, e as ações mais diretas
York, Washington DC, e outras chegou ao comandante Fujimori e imediatas deveriam ser para
grandes cidades americanas. por espiões e prisioneiros de conter o avanço americano. O
Em agosto de 1943, o guerra. Dessa forma, Fujimori alvo dos I-400s passou a ser o
Comandante Yasuo Yamamoto ficou mais convencido do sucesso Atol Ulithi onde quinze porta-
Chikao Fujimori concebeu a de seu plano. aviões americanos se reuniram
ideia de usar o Sen Toku Sen Durante o planejamento para preparar um ataque.
para destruir as eclusas do canal foi estimado que o canal seria O Japão se rendeu antes
do Panamá na tentativa de cortar inutilizado por pelo menos seis que o ataque fosse lançado em
as linhas de abastecimento meses após um ataque bem Ulithi, e em 22 de agosto de 1945
norte-americanos para o sucedido sobre os barreiras. as tripulações dos submarinos
Oceano Pacífico e dificultar Para aumentar o tamanho da foram orientadas a destruir todas
a movimentação de navios força de ataque aéreo, Fujimori as suas armas. Os torpedos e as
norte-americanos. A coleta solicitou que dois submarinos aeronaves foram lançados ao
de informações sobre o alvo ainda em construção em Kobe, mar. Quando o I-400 se rendeu
proposto começou mais tarde I-13 e I-14, fossem modificados a um destróier americano, a
naquele ano. para levarem dois Seiran cada, tripulação norte-americana ficou
Os japoneses estavam bem elevando o número total de impressionada e surpresa com
conscientes de que existiam aviões disponíveis para 10. seu tamanho.
Submarinos Japoneses da classe TOKU
81
82 O Periscópio 2013 / CT Spranger

Merguladores de Combate treinam


na África do Sul

Capitão-Tenente Felipe Fonseca Mesquita Spranger

Reconhecimento (SECRON)
dos Fuzileiros Navais
(FUSNA), com experiência
em missões de paz da ONU
no Haiti, Congo, Camboja
e Chipre; e duas equipes de
operações especiais da Marinha
da Índia, os Marines Comandos
(MARCOS), com experiência
em operações de combate à
pirataria na região do Oceano
Índico e no Golfo de Aden
e no combate ao terrorismo
internacional, decorrentes dos
ataques terroristas à cidade de
Mumbai, em novembro de 2008.

Trocando
experiências e
conhecimentos
Infiltração do Mergulhador de Combate (MEC) por meio de Fast Rope
Desde o primeiro dia
em que chegamos à África
do Sul, fomos muito bem
Introdução Unidades recebidos pelos sul-africanos.
Em outubro de 2012, uma Participantes Começávamos a fazer
Equipe de mergulhadores Além da EqMec, as primeiras das muitas
de combate (EqMec) teve a participaram desta comissão amizades que fizemos no
oportunidade de participar as seguintes unidades: uma período do exercício. Cabe
das comissões Atlasur equipe do 4° regimento de aqui um parêntesis de que
IX e Ibsamar III, a fim de Forças especiais da África os operações especiais se
manter o aprestamento do Sul, que foi criado em entrosam facilmente uns com
dos meios envolvidos e a 1978 e é especializado em os outros, não importando
interoperabilidade dos países operações marítimas e possui a nacionalidade, a idade ou
participantes, permanecendo experiência de combates a patente. Não sei se ocorre
durante vinte e sete dias no 4° anteriores em Moçambique, o mesmo com as outras
Regimento de Forças Especiais Angola e Namíbia, através atividades, mas quem é um
da África do Sul, localizado de operações de sabotagem operações especiais sabe bem
em Donkergat, na península e reconhecimento; uma do que estou falando.
de West Coast, na cidade de equipe de operações especiais Durante este período,
Langebaan, África do Sul. do Uruguai, a Seção de as equipes da África do
A Merguladores de Combate treinam na África do Sul 83

Sul, Brasil, Índia e Uruguai


realizaram diversos tipos de
treinamentos, onde todas
elas procuraram mostrar
seus procedimentos, métodos
e equipamentos utilizados
em determinados exercícios
específicos e missões.
Foram realizados
exercícios de assalto,
emboscada, reconhecimento,
coleta de dados de inteligência,
neutralização e destruição
de instalações, resgate de
pessoal, acompanhamento
de alvos específicos,
Mergulhadores de Combate em adestramento
ataque mergulhado, ações
antipirataria, tiro, tiro de
precisão, combate em ambiente
confinado, abordagem de
navio em movimento, “fast
rope”, demolição, lançamento
de paraquedista em terra e
na água, sendo realizados
lançamentos semiautomático
(gancho) e lançamento por
comandamento (livre), diurno
e noturno.
Foi seguido um programa
de treinamento, elaborado pelo
comando do 4° Regimento
de Forças Especiais da África
do Sul, em que as equipes
eram mescladas e cumpriam
determinadas missões. No início
foram realizados exercícios
mais básicos, de menor Dupla de MEC saindo para missão de reconhecimento
complexidade, e com o passar
dos dias, conforme as equipes Fomos lançados na água
porto de Saldanha, onde
ficavam mais entrosadas, o grau havia embarcações atracadas praticamente no mesmo ponto,
de complexidade das missões engajadas em pirataria. e a partir daí cada dupla
aumentava, e, em paralelo a Foram formadas duas duplas traçou seu rumo até o alvo e
isso, aumentava também o de mergulho: uma formada foi para o fundo. Chegamos
respeito dos estrangeiros com a por mim e meu dupla MEC ao alvo e realizamos o ataque.
EqMec. e outra formada por dois Retraímos para o ponto de
O dia em que isso ficou mergulhadores de combate recolhimento e regressamos
mais evidente foi quando sul- africanos. Cada dupla para a base. Mais uma missão
recebemos a missão de realizar faria seu próprio planejamento completada. Durante o
um ataque mergulhado ao e atacaria um alvo cada. debriefing, meu dupla e eu
84 O Periscópio 2013 / CT Spranger

Exercício de tiro “Fast Rope” Salto de paraquedas

fomos perguntados a respeito


dos nossos procedimentos e
do nosso planejamento. Ficou
claro para nós que os nossos
anfitriões estavam surpresos
com o nosso desempenho na
água em relação à dupla sul-
africana. A cada exercício, eles
olhavam para nós com outros
olhos, elogiando cada vez mais
a nossa postura.

Conclusão
Briefing do adestramento Esta foi uma excelente
oportunidade de operar na costa
oeste da África, em uma área
geográfica com características
específicas em relação às
condições meteorológicas, do
terreno e com águas a baixas
temperaturas, diferentes
das encontradas no Brasil.
Um aspecto importante foi
a possibilidade realizar as
três fases das operações
especiais (planejamento,
ensaio e execução), onde eram
considerados as características
e os métodos de cada país.
Além de contribuir para
estreitar os laços com as nações

Ataque de mergulho
A Merguladores de Combate treinam na África do Sul 85

participantes e aumentar a
interoperabilidade entre os
grupos de operações especiais,
foi a primeira vez que uma
EqMec operou com equipes
de operações especiais da
África do sul e da Índia. Este
período serviu para elevar o
nome do GRUMEC, da Força
de Submarinos e da Marinha
do Brasil, demonstrando
o nosso elevado grau de
profissionalismo, entusiasmo
e abnegação. Este fato foi
comentado e enaltecido
pelos militares das nações
participantes e despertou o
interesse daquelas unidades
em conhecerem e operarem
no Brasil em uma futura
Abordagem de navio suspeito de pirataria
oportunidade.

Equipe de Mergulhadores de Combate da África do Sul


86 O Periscópio 2013 / CT Marcelo Lobo

Submarino U-1277: a rendição


pode não ser uma opção

Capitão-Tenente Marcelo Lobo dos Santos

Introdução Mergulhado no U-1277


O submarino U-1277 foi o A vida a bordo destes
penúltimo a ser construído nos submarinos era difícil, num
estaleiros da Bremer Vulcan em espaço reduzido viviam durante
Bremen - Vegesack, e lançado meses, em média, de 50 a 55
à água a 6 de agosto de 1943. homens, que constituíam a
Seu primeiro comandante foi tripulação do navio. Havia
Oberleutnant Zur See Peter- apenas duas casas de banho
Ehrenreich Stever em 3 de Maio para todos, das quais uma,
de 1944, sendo promovido no início de cada campanha,
a Kapitänleutnant1 em 1 de se encontrava cheia de
Janeiro de 1945. mantimentos, acarretando com
O U-1277 era da classe O Submarino U-1277 pronto para ser que apenas uma das casas de
lançado no mar
VII C/41, pertencia à série banho servisse toda a tripulação.
1271 e tinha originalmente Não havia ducha, não havia
67,23 metros de comprimento, nós na superfície e 80 milhas médico a bordo, a água potável
4,74 metros de boca, 9,55 a 4 nós submerso. Sua cota era racionada e sem climatização
metros de altura máxima e máxima de operação situava- a temperatura interna era
deslocamento de 769 toneladas se perto dos 240 metros a qual diretamente influenciada pelas
na superfície e 871 toneladas era alcançada entre 25 e 30 águas por onde navegava, ou
quando submerso. Com uma segundos. seja, navegando nas águas
capacidade de armazenar 113.5 Ao final da guerra, não geladas do Mar do Norte, no
toneladas de combustível, sua possuía mais o canhão de interior do submarino fazia
propulsão era composta por convés de 88 mm, porém muito frio e se navegassem mais
quatro motores, dois a diesel contava com reforço em sua a sul, junto ao equador, o interior
e dois elétricos, que eram artilharia antiaérea através do submarino era muito quente,
utilizados em pares gerando na de quatro metralhadoras o que provocava nos tripulantes
superfície uma força de 3200hp automáticas de 20 mm, em irritações na pele e alergias.
que proporcionava uma montagem dupla, e um canhão Sempre que tinham tempo livre,
velocidade máxima de 17,6 de 37 mm, em montagem os homens aproveitavam para
nós e 750hp com velocidade simples. Equipado com tubos descansar no exterior e respirar
máxima de 7,6 nós em imersão. de torpedos de 533 mm quatro um pouco de ar puro.
Tinha um raio de ação à proa, dois a bombordo e
de 8.500 milhas a 10 nós na dois a boreste, e um à ré, A História
superfície, 130 milhas a 2 nós transportava um total de 14
O submarino foi incorporado
submerso, 3.250 e milhas a 17 torpedos.
à 8ª flotilha2, no dia 6 de Agosto,
Submarino U-1277: a rendição pode não ser uma opção 87

na qual funcionou como navio entregue a Heinrich Lehmann- de ir para o céu”, ou seja, sem
de instrução e experiências. A Willenbrock. Operavam nesta retorno. Todos os homens a
8a unterseebootsflottille3 era flotilha quase 180 U-boots das bordo do submarino tinham
uma flotilha de treino, com base classes VII c, VII c/41, XXII e consciência do seu destino.
em Danzig fora fundada em XXIII. Durante a II Guerra
Junho de 1941, sob o comando Mundial serviram nos
A Missão
do Korvettenkapitän4 Wilhelm u-boots 40.000 marinheiros
Schulz. Nos últimos meses O U-1277 suspendeu da alemães, onde 30.000 nunca
de 1944 alguns submarinos base no dia 22 de Abril, sob regressaram.
desta flotilha combatiam intenso bombardeio, para a
contra a Armada Soviética sua primeira e única patrulha A Rendição
no Báltico, já sob as ordens como submarino de combate,
No dia 4 de Maio de
de Fregattenkapitän5 Hans submergindo logo de imediato
1945, receberam a mensagem
Pauckstadt. A 8ª flotilha nas geladas águas do Mar
do Großadmiral9 Karl
acabou por se dispersar e a do Norte, para escapar dos
Dönitz, que ordenava a
sua história acaba em finais enxames de aviões inimigos,
todos os submarinos que se
de Janeiro de 1945. Dada a sem poder emitir qualquer
encontravam em atividade a
escassez de submarinos de sinal de rádio sob o risco de ser
suspenderem todas as ações
combate na frente atlântica, localizado e afundado pelas
ofensivas contra os navios
a 11 de Fevereiro de 1945, foi forças aliadas. A tripulação
aliados, desarmarem os seus
transferido para a 11ª flotilha apenas recebia informação
torpedos, emergirem, içarem a
de submarinos da Marinha de através do aparelho de rádio
bandeira negra e se entregarem
Guerra do Reich, comandada montado no topo do snorkel.
no porto aliado mais próximo,
por Fregattenkapitän Heinrich Sua missão era, após ter
era o início da “Operação Arco-
Lehmann-Willenbrock, um herói largado de Bergen, rumar ao
íris”, dias mais tarde, em 7 de
condecorado com a Cruz de Atlântico, via Estreito
Maio, a notícia da capitulação
Ferro6 de 2ª classe (20/04/1940) da Islândia, e patrulhar a
da Alemanha foi recebida. A
e 1ª classe (31/12/1940), entrada do Canal de Mancha.
guerra havia terminado.
U-bootskriegsabzeichen7 (02/01/ . A tripulação só soube do seu
A sua tripulação era
1941), Cruz de Cavaleiro8 destino quando alcançaram
constituída por 47 homens,
(1941.02.26) e Cruz de Cavaleiro mar alto e abriram o envelope
dos quais 4 eram oficiais –
com Folhas de Carvalho selado com a missão atribuída,
Comandante Peter Ehrenreich
(31/12/1941). Em sua carreira entregue ao Comandante
Stever, primeiro imediato
podemos encontrar 22 navios momentos antes da partida do
Johannes Malwitz, segundo
afundados num total de 166.596 submarino. Era, “uma missão
toneladas.
A 11ª flotilha era uma flotilha de
combate com base em Bergen,
Noruega, e fora fundada em
15 de Maio de 1942, sob o
comando de Korvettenkapitän
Hans Cohausz. A maioria dos
submarinos desta base operava
no Mar do Norte. Em Setembro
de 1944, quando os submarinos
de bases francesas alcançavam
a Noruega, a flotilha foi
reorganizada e, em Dezembro
do mesmo ano, o comando
Submarino classe VII C/41
88 O Periscópio 2013 / CT Marcelo Lobo

imediato Carl Hermann


Stachow e oficial de máquinas
Ernst Engel - 4 eram sargentos,
10 eram cabos e os restantes
29 eram marinheiros. A idade
da tripulação deste submarino
rondava entre os 19 e os 20 anos
de idade, sendo comandante
Stever o mais velho com 27
anos.
Apesar de a guerra ter
terminado, a saga do submarino
U-1277 ainda continuava. A
palavra rendição não existia
nesse tipo de ‘‘Navio’’ e a entrega
do submarino aos aliados era
uma violação do código de
honra destes marinheiros e
não fazia parte dos planos do
Comandante, temeroso de que
o submarino caísse em mãos
russas, pois, voltar à base Tripulação do U-1277 durante uma refeição. A vida a bordo destes
naval de origem, em Kiel, na submarinos era difícil, num espaço reduzido viviam durante meses,
Alemanha, implicava enfrentar em média, de 50 a 55 homens.
de novo um longo caminho
saturado de navios e aviões
inimigos. E uma vez chegados quase esgotados. Diante da quatro homens pelo navio,
a Kiel, havia sempre o risco situação e do cenário tático/ um ao leme, Ernst Engel no
de o porto ter caído nas mãos estratégico Portugal foi a compartimento de comando,
dos soviéticos, sinônimo de escolha do comandante e de um no compartimento da
morte certa para qualquer seus homens por ser o país proa e Alwin Wollenweber,
soldado alemão. A Argentina neutro mais próximo. sargento eletricista, no
era um destino provável, mas compartimento da popa, com
cedo abandonado, pois estava A Despedida instruções para o alagamento.
fora de alcance. A cidade de Na noite de 3 de Junho de Abriram as válvulas do piso
Vigo, no norte de Espanha, foi 1945, aproximou-se a 1 milha e inundaram o estabilizador
então o destino escolhido pelo da costa, na zona de Labruge, a ré e o compartimento da
comandante Stever em conjunto e, ao alcançar o ponto de popa, abriram os depósitos
com os outros oficiais a bordo e abandono, evacuou 42 dos 47 de combustível que se
aprovado pela sua tripulação. tripulantes, estes dirigiram- encontravam vazios para
Mas, devido à confusão durante se para terra em balsas de enchê-los de água e na proa
as comunicações, receberam borracha. Depois de abandonar nada fizeram. O U-1277 foi
informações de movimentos a maior parte da sua tripulação abandonado a 2.5 milhas ao
comunistas na Espanha, o que e dos seus objetos pessoais, largo do Cabo do Mundo com
os fez abandonar esse destino. Stever rumou para Sudoeste e a escotilha da ponte aberta,
Há 42 dias que o submarino na madrugada de 4 de Junho de acabando por naufragar
navegava submerso, com o 1945, às 00h45min, desativou de popa. Os cinco homens
combustível e os mantimentos, os torpedos e distribuiu deixaram o submarino na
Submarino U-1277: a rendição pode não ser uma opção 89

última balsa e dirigiram-se A proa, virada para o sul, NOTAS:


para terra. Alguns náufragos já desapareceu, existindo 1
Capitão-Tenente
foram ajudados a chegar a terra ainda os quatro tubos
2
Existiam dois tipos de flotilhas:
por pescadores de Labruge lança torpedos da proa. Os
as Escolas ou U Schulflottille e as
e Angeiras e outros pelo dois de bombordo estão de combate conhecidas como U
navio salva-vidas “Carvalho caídos na areia e os dois de Frontflottille.
Araújo”, que ao ser alertado se estibordo estão colocados 3
Flotilha de Submarinos
apressou a sair para o mar. no respectivo lugar. Grande 4
Capitão-de-Corveta
Horas depois de chegar parte da fuselagem exterior
à terra a tripulação foi do submarino já apodreceu
5
Capitão-de-Fragata
encaminhada para o castelo de devido a mais de sessenta 6
Condecoração concedida por bravura
S. João da Foz, no Porto, onde anos de águas revoltas, e outras contribuições no campo de
batalha.
se encontrava sediada uma permitindo ao mergulhador
unidade militar. Dias depois observar alguns pormenores
7
Emblema de Guerra U Boat – entregue
a todos os militares que participaram
foram transferidos para Lisboa, que normalmente se
de pelo menos duas patrulhas em
a bordo do contratorpedeiro encontram escondidos guerra submarina.
DIU, comandando por João debaixo do convés destas 8
Mais alta condecoração concedida
Pais, e depois de entregues embarcações. pela Alemanha para reconhecer os
às autoridades aliadas foram Atualmente, o U-1277 atos de bravura em combate ou por
enviados para Inglaterra, via é um dos pontos de maior uma lideraça bem-sucedida e decisiva
Gibraltar, onde passaram dois interesse no mergulho durante a Segunda Guerra Mundial.
anos como prisioneiros de esportivo em Portugal 9
Almirante
guerra antes de regressarem e o melhor do norte do
para suas casas na Alemanha. País. Porém, para nós, BIBLIOGRAFIA:
O Kapitänleutnant Peter- Submarinistas, serve como
- MAGALHÃES, Nestor. U BOATS
Ehrenreich Stever permaneceu lembrança eterna de que “A Mergulhando na História;
preso durante mais algum RENDIÇÃO PODE NÃO - Site www.forumdomar.com; e
tempo, condenado em tribunal SER UMA OPÇÃO”.
- Site www.submania.pt.
militar inglês por ter ordenado
o afundamento do seu
submarino.

O Repouso
Em Outubro de 1973,
um grupo de mergulhadores
desportivos acompanhados
por pescadores locais
mergulharam no local onde
havia algo que prendia as redes
de pesca e puderam verificar
que era o famoso submarino
alemão afundado no fim da
guerra. O U-1277 repousa,
desde então, a 31 metros de
profundidade, num fundo de
areia com a ré completamente
assoreada e tombado para
bombordo cerca de 45 graus.
Tripulação do U-1277
90 O Periscópio 2013 / CC Rodrigues

Intercâmbio Brasil x Perú 2012

Capitão-de-Corveta Aerton Rodrigues de Almeida

Brasil e Peru são dois


países fronteiriços que
possuem muita coisa em
comum. Em primeiro lugar,
possuímos uma fronteira de
quase três mil quilômetros
de extensão na nossa
cobiçada Amazônia, terra de
muitas riquezas minerais e,
principalmente, naturais. Em
segundo lugar, no Peru nasce
um dos mais importantes
rios para o Brasil, quiçá
o mais importante para o
planeta, pela reserva de
água doce que representa,
formando uma longa bacia Neste contexto e rompendo cada Força de Submarinos
hidrográfica e gerando uma as barreiras de cooperação a correspondente do outro
riqueza na biodiversidade entre as nossas Marinhas, país, por um período de um
de toda a região amazônica. no ano de 2011 o Submarino ano, culminando o início do
Em terceiro lugar, além das Timbira foi convidado e esteve intercâmbio com a minha
riquezas naturais comuns, os presente nas comemorações chegada em Lima-Peru no dia
dois países incrementaram do aniversário da centenária 12 de dezembro de 2011.
suas relações comerciais em Força de Submarinos Peruana, Cheguei no Peru com
mais de 150% nos últimos 6 feito realizado com grande muitas preocupações pessoais
anos e estamos transpassando esforço operativo do S-32 e e profissionais. As pessoas
as barreiras naturais uma importante mobilização estavam relacionadas com
que temos, como a selva logística da nossa Marinha todas as mudanças para mim
amazônica e a Cordilheira ao enviar um submarino e minha família, o fato de viver
dos Andes - espinha dorsal convencional para navegar em outro país pela primeira
do Continente Americano no Oceano Pacífico. Neste vez, a adaptação de todos à
- com a recém-inaugurada mesmo ano, com a intenção nova vida, novo país, nova
Rodovia Interoceânica, que de incrementar a interação cidade, novos costumes e
em muito está contribuindo e o conhecimento mútuo, as um novo idioma, que pouco
para a integração de ambos Marinhas acordaram realizar conhecíamos. As preocupações
os países e para fomentar a um intercâmbio, que consistia profissionais eram mais simples,
cooperação militar regional. em enviar um oficial de pois envolviam só a mim e,
Intercâmbio Brasil x Perú 2012 91

além disso, eu sabia que teria o da Força, da construção de excelentes momentos imerso no
apoio da Força de Submarinos uma réplica de um submarino “Mar de Grau” e operar com
do Peru e de seus militares. tipo “R” em escala real, unidades navais e aeronavais
Depois de apresentar-me cujo monumento representa dos países participantes, como
na Força de Submarinos do o verdadeiro “Espirito EUA, México, Colômbia e Chile.
Peru, fui transferido para a Submarinista” peruano, que eu Navegando nos Subma-
Escola de Submarinos, onde pude comprovar nos doze meses rinos peruanos, notei que a
permaneci durante todo passei lá. Adicionalmente, qualificação e a necessidade
o período do intercâmbio. tive a oportunidade de recitar de dominar a tecnologia
Naquela escola, tive a o poema “La musa” diante fazem parte das práticas
oportunidade de trabalhar de todos aqueles que tiveram operacionais daqueles que dão
com gente experiente alma à “Metálica Criatura”.
e comprometida com a Além disso, possuímos muitas
complexa tarefa de formar “Navegando nos semelhanças nas doutrinas
Submarinistas, ou melhor Submarinos peruanos, operacionais, culturais e de
dizendo, formar os “Homens
de Aço”. Também aprendi
notei que a qualificação condução de tão poderosa
arma de guerra, que garante a
que o conceito de formar um e a necessidade de negação do uso do mar.
Submarinista no Peru não dominar a tecnologia Terminada a minha
está limitado a ensinar como
operar um submarino ou fazem parte das comissão na Força de
Submarinos Peruana, tive que
conduzir suas máquinas e práticas operacionais agradecer aos “bravos filhos
equipamentos, mas transferir
toda a cultura e tradições
daqueles que dão alma à de Netuno, honra e glória
“metálica Criatura”. da marinha peruana” pelas
que acompanham aquela
excelentes lições aprendidas,
centenária Força.
pelos momentos vividos e toda
Além disso, tive a
a camaradagem tão peculiar
oportunidade de participar
daqueles que navegam nas
de grandes eventos que fazê-lo para ostentar o
profundezas dos mares.
comemorativos da instituição, distintivo Submarinista em seus
Estou convicto de que aquela
como o encerramento do peitos. Tal poema representa
ano acadêmico de 2011, a
centenária Força seguirá sua
o sentimento e respeito que os
Abertura do Ano Acadêmico singradura firme no rumo
“Hombres de acero” têm por
de 2012, o aniversário da tão poderosa máquina. do sucesso e conseguirá
Escola de Submarinos, o dia Depois de um ano transpor-se aos desafios que se
da Independência Peruana, o trabalhando no CIAMA e aproximam nos dias modernos.
centésimo primeiro aniversário afastado de um submarino Finalmente, considero
de criação da Força e o Dia operativo, sentia falta de uma oportuno registrar que depois
da Marinha do Peru. Cada caçada silenciosa e de ver “o de um ano de trabalho e
data, com a sua respectiva cíclope escrutador haciendo convivência, eu e minha
comemoração, teve um cálculos muy quedo”. Neste família regressamos ao nosso
simbolismo especial e diferente sentido, participei em abril país com o mesmo sentimento
para mim. Porém, foi na e maio de 2012 de exercícios que tínhamos quando fui
comemoração do aniversário operativos como a UNITAS designado para o intercâmbio.
da Força de Submarinos que Pacífico e SIFOREX. Em Regressamos ao Brasil com a
eu percebi que estava em uma tais exercícios, naveguei no sensação de estarmos deixando
força unida, respeitosa de seus “poderoso cetáceo peruano” nossa casa e nossa pátria.
antecessores e comprometida chamado Antofagasta, onde o “Uma vez Submarinista,
com suas tradições. Participei, comandante e tripulação deram sempre submarinista”, lema da
junto com toda a tripulação a oportunidade de desfrutar de Força de Submarinos Peruana.
92 O Periscópio 2013 / CF De Luca

A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência


e adaptações

Capitão-de-Fragata Fernando De Luca Marques de Oliveira

Introdução É por essa razão que propagação do som sejam


A condução tática de uma fui instigado a publicar esse adversas na cota de segurança,
arma estratégica, que opera artigo, sem, claro, a presunção e exista a necessidade tática
independentemente, explorando de esgotar o assunto, mas de de permanecer explorando os
o Princípio da Surpresa em um modo a contribuir no processo sensores disponíveis
meio, reconhecidamente, hostil, de formação operativa e à cota periscópica. Além
com postura terminantemente profissional dos Oficias disso, o correto emprego
ofensiva, e de reduzida submarinistas. dessas técnicas associada a
ingerência na graduação da sua aplicação sob uma forte
aplicação da força, requer uma Fundamentação demanda psicológica a que são
condução rigorosa, baseada em submetidos os oficiais-alunos
A necessidade operativa
uma liderança pró-ativa, uma do estágio de Qualificação
de manter um submarino
estreita “simbiose” intelectual- para Futuros Comandantes
na cota periscópica, a curta
doutrinária, mantendo a de Submarinos (EQFCOS), é
distância de um alvo, nasceu
AGRESSIVIDADE como essên- uma ferramenta de avaliação
com as características dos
cia e a INICIATIVA das AÇÕES excepcional, exigindo o seu
torpedos de corrida reta,
como Norma. completo domínio, com
armas que destruíram a maior
rapidez, apuro e precisão
quantidade de unidades navais
Apresentação através dos cenários mais
da História.
complexos e demandantes.
Para assegurar essa Atualmente, esta exigência
condução, o Oficial submarinista não se apresenta, fruto do
avanço tecnológico dos
Técnicas de Emprego
necessita, no exercício de suas
torpedos. O que nos faria de Periscópio
funções operativas, usar, de
maneira tática e segura, o pensar que as técnicas que nos A “guarda periscópica” é
periscópio de seu submarino. permite manter-nos seguros a estabelecida, quando é imposta
Esta necessidade se curtas distâncias dos alvos, não ao submarino a necessidade
manifesta ao desempenhar-se são mais necessárias. de se manter na CP por um
como Oficial de Periscópio e No entanto, a experiência determinado tempo (esnorquel,
ao conduzir o submarino em mostra que o domínio destas recebimento de TB, vigilância
combate como seu Comandante. técnicas, em tempo de paz, MAGE e/ou visual). Logo,
Logo, conhecimentos e o permite operar de maneira o submarino está exposto à
treinamento que lhe permitam segura, sem descartar as contra-detecção visual, radar e
obter a maior quantidade de situações táticas que nos impõe infravermelho, ou a combinação
informação através deste sensor a necessidade de permanecer delas.
e, ao mesmo tempo, evitar na cota periscópica, como O conceito é detectar antes
que seja detectado, deve ser por exemplo, durante as de ser detectado! Olho! Porque
uma constante em sua longa Operações Especiais ou é diferente do conceito de “VH
preparação profissional. quando as condições da contínua”!
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 93

a) Condição Diurna – Boa correlacionado com outro b) Condição Diurna –


visibilidade sensor (MAGE, sonar, AIS), Visibilidade Reduzida
Esta é a condição de maior caso necessário. Com a visibilidade
vulnerabilidade, particular- Deve-se ter especial atenção reduzida por chuva ou
mente se as condições de para a política de “clarear o arco nebulosidade (“blind”), as
mar forem menores que “3”, e popa”, conceito que pode ser possibilidades de contra-
(escala Beaufort) e céu limpo. transferido para o periscópio. detecção diminuem, no entanto
Nesse caso, a velocidade do Caso, porventura, outro mastro aumenta o risco de uma colisão
submarino é determinante, esteja içado, bloqueando o pela não detecção, oportuna,
já que esteira gerada pela campo de visão desse sensor, de um contato de superfície.
exposição de mastros é visível a pode-se “clarear o arco” de Nesta condição é
longas distâncias (> 7MN). visibilidade do periscópio recomendável estabelecer
Recomenda-se adotar a simplesmente arriando varredura MAGE contínua
seguinte fórmula: VELOC e guarnecer ambos os
SUBMARINO = ESTADO DO “Deve-se considerar periscópios, já que se
MAR + 2 NÓS (VS=EM+2); Com apresentará a necessidade
o mesmo fim, deve-se adotar
que a visão do de interromper a VH para
o rumo mais adequado para homem degrada e investigação de uma marcação.
evitar a esteira, em consonância cansa com o passar Ainda, a Doutrina orienta
com o avanço do submarino e, que um periscópio realize
para tal, recomenda-se o rumo do tempo de serviço a VH em aumento maior e
em que as vagas “apaguem’ no periscópio, e outro em aumento menor.
os possíveis sinais de esteira, Caso a visibilidade reduza-se
o ideal é PERPENDICULAR a
pior, tal fato é abaixo de 3kjds, recomenda-se
direção do mar. imperceptível!” abandonar a CP ou guarnecer
A experiência recomenda Postos de Baixa Visibilidade,
realizar a VH contínua- mastro de interferência, sem a critério do comandante e,
diurna a uma velocidade necessidade de se guinar o agora, em prol da segurança!
moderada (fiel a fórmula Submarino.
supracitada) de maneira a Após a designação e c) Revezamentos Diurnos
assegurar a visualização de controle dos contatos pela PAC, no Periscópio
qualquer contato, apesar das o Oficial de Periscópio (OP) Deve-se considerar que
vagas que viessem a obstruir, deve informar sua marcação, a visão do homem degrada e
ocasionalmente, a lente do ângulo de proa e distância cansa com o passar do tempo
periscópio. (estadimétrica ou apreciada) ao de serviço no periscópio, e pior,
A VH em aumento passar pelo contato, com essas tal fato é imperceptível! Por isso
menor tem como objetivo os informações deve realizar o é importante o revezamento
avistamentos de superfície ou cálculo mental para a “Distância do periscópio, o qual, durante
aeronaves a longa distância, à Rota” (DR) e “Rumo para o dia, não deve exceder a 20
já a ½ VH em aumento maior Ataque” (RA), além de cobrar (vinte) minutos.
concentrar-se-á nos contatos os parâmetros do alvo (R, V, O primeiro passo para
mais próximos, embarcações D, PMA) do operador do SDT “receber o periscópio” (atenção
menores, espinhéis, periscópios, KAFS que já deve ter o contato que não é o serviço de OP!) é
etc. traqueado para comparações conhecer o panorama tático
Se durante a VH em realimentação/treino do em detalhe, e isto inclui: as
aumento menor se aviste algo Oficial de Periscópio (OP) e ameaças, os avistamentos, a
que chame a atenção, deve-se convergência de solução, a PAC, os dados do submarino
passar para aumento maior, qual deve ser lançada na PAC (R, V, cota,...) e as condições de
identificar e/ou, classificar o ao final desse processo de material (avarias, esnórquel,
contato e designá-lo à PAC, maturação. condições de mastros,...).
94 O Periscópio 2013 / CF De Luca

Ao se interar da situação, aeronave (ANV)! Para tanto, aumento maior para contatos
o “Oficial que entra” informará recomenda-se permanecer na CP que viessem a se “desprender
“pronto para revezar” e então, na menor velocidade possível e do Blind” e um segundo, em
o OP lhe transmitirá sua apenas pelo tempo necessário: aumento menor, para contatos
percepção geral sobre o serviço Recomenda-se: VS=EM-1! mais distantes. Os Operadores
no que concerne ao sensor Sonar devem estar alertas para
periscópio e quadro tático e) Técnicas de Emprego – qualquer efeito gráfico (PPD,
(condições de visibilidade, uso Noturna PRS) ou hidrofônico e informar
de filtros, condução na ocular, A vigilância exterior ao Oficial que guarnece o
clarear arco cegos do periscópio, deve ser muito criteriosa em periscópio em aumento maior,
etc.) mostrar-lhe-á os contatos cenários com ameaças, pode ser para investigar a marcação. Se
e, finalmente, lhe entregará o recomendado guarnecer ambos o nível de treinamento não é
periscópio conteirando-o para os periscópios e varreduras adequado, se recomenda o uso
proa ou para o contato mais MAGE contínuas, de maneira a de radar para buscas setorizadas
perigoso. Nesse momento aumentar as possibilidades de nas marcações em que os
deve ficar claro para o quarto detectar sem ser detectado. sensores pudessem ter efeitos
de serviço que o OP é que está Especial atenção deve-se gráficos ou hidrofônicos.
“com a manobra”. ter ao estabelecer patrulhas Quando a noite está muito
O Oficial que recebe o nas proximidades de portos escura ou em condições de baixa
periscópio ajustará a distância habitados, já que as luzes do visibilidade, o esgotamento visual
interpupilar e a dioptria e, porto podem ocultar as luzes se acelera consideravelmente.
se for um Oficial qualificado do contato, ou até mesmo Um sintoma inequívoco de
no Serviço de Periscópio, confundi-las; este efeito é esgotamento visual é visualizar
informará: “Atenção Comando, especialmente notório em manchas brancas ou traços de
manobra comigo!” Isso é condições de pós-frontal ou de esbranquecimento na escuridão.
importante para que todos atmosfera diáfana. Não se deve chegar a esta
saibam com clareza quem condição!
ordenará, frente a uma situação f) Condição Noturna –
emergência ou tática. Visibilidade Reduzida g)Revezamentos Notur-
Com más condições nos de Periscópio
d) Condição Noturna – de visibilidade à noite, as A experiência mostra que o
Boa Visibilidade possibilidades de contra- revezamento do periscópio,
De noite diminui o risco de detecção se reduzem após o crepúsculo vespertino,
contra-detecção visual, e isso significativamente, tanto não deve exceder dez minutos,
leva, naturalmente, a uma atitude para a detecção visual como tempo hábil para que a visão
menos alerta, o que se constitui a infravermelha, já que esses se esgote e, ainda sim, consiga
em um erro, já que esse é um sensores são deficientes recuperá-la. Esse tempo pode
fator tático que o Comandante quando a atmosfera reduzir-se a sete minutos caso
do Submarino deve explorar está a uma temperatura experimente-se algum sintoma
em seu benefício. Por isso, há homogênea. Permanecer na de esgotamento ocular.
que se buscar os horários mais CP a estas condições é muito O procedimento de
convenientes para a exposição desconfortável se aí se aplica o revezamento deve ser similar
de mastros, o que lhe obrigará critério de segurança em tempo ao descrito anteriormente. A
a um rigoroso treinamento para de paz. contudo, há de ser uma exceção fica por conta do ajuste
enfrentar esta situação. condição desejada em tempos de da dioptría, a qual deve ser
Nesta condição, a presença de combate! Por isso o treinamento feita pelo Oficial que passa,
biolumenescência se reveste há de considerar esta condição com o auxílio de uma lanterna,
de fator decisório, por deixar o como um objetivo importante. com o intuito de preservar a
Submarino mais exposto que Recomenda-se guarnecer am- adaptação ocular do Oficial que
durante o dia à detecção por bos os periscópios, um em recebe o sensor.
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 95

h) Condição de Luz no que o submarino deveria estar quando os periscópios não


Crepúsculo em condições de retornar à CP estiverem sendo utilizados,
A luz crepuscular é uma em um tempo inferior a 5 (cinco) devem estar sempre com os
condição enganosa, pois se tem minutos, caso ocorra uma ajustes do comandante!
a percepção que se vê como emergência ou por imposição Esse procedimento deve ser
de dia! Na verdade, a luz que tática. repetido ao menos 1 vez a cada 5
penetra pelos prismas nestas meses, já que a condição ocular
condições está reduzida, o que, de um Oficial submarinista é
necessariamente, se traduz em ...”Uma norma extremamente exigida e, por
uma observação deficitária. básica é determinar o isso, espera-se que piore!
Além do mais, neste
caso, deve-se ter especial
guarnecimento Lembre-se de que uma
distância estadimétrica
preocupação com os reflexos de da “luz vermelha” com o ajuste interpupilar
luzes gerados pelos prismas da nos compartimentos errado, acarretará uma grave
cabeça superior do periscópio imprecisão.
ao enfrentar-se diretamente em que se encontrem
com os raios solares, situação o Comandante T é cnicas de E xpo -
que se deve evitar a todo custo!
e os OP.” sição f rente à
Olho, pois o inimigo conhece
A meaça A é rea
essa vicissitude!
Esta é, sem dúvida, a
Do mesmo modo, próximo
j) Ajustes Visuais do Mastro condição mais indesejada pelo
ao ocaso, se produz grande
Os periscópios disponíveis submarinista. Estar exposto ao
reflexo do sol no mar afetando
na MB são binoculares e há ataque, sem poder revidar e
a acuidade visual do OP, e a
a possibilidade de ajustar com pouco tempo de reação!
busca em outras marcações.
a distância interpupilar e a Recomenda-se intensificar
Nesta situação é fundamental
dioptria dos olhos daqueles que as medidas de contra-detecção,
a inserção de filtros! Atenção
vão operá-los. Para determinar quais sejam:
para só fazer uso nos arcos
afetados por esse efeito! de maneira prática os melhores - Exposição criteriosa de
ajustes, recomenda-se o mastros;
i) Adaptação ao Escuro seguinte procedimento: em - Velocidade do submarino;
A vista humana demora noite estrelada, em um porto - Cuidado com a seção
diferentes períodos de tempo escuro, observar uma estrela refletora radar;
em adaptar as pupilas à luz de 3ª magnitude e ajustar a - Confiabilidade no
existente. distância interpupilar, o que equipamento MAGE e o
Existem provas que se consegue ao ver só uma adestramento do pessoal que
essa adaptação ocorre em estrela, e não duas, ou uma guarnece;
no máximo 30 minutos, sobreposição entre elas. Logo, - Credibilidade do nível de
considerando pessoas sem fechando um olho, ajustar a perigo MAGE e
problemas oculares e com um dioptria produzindo o melhor - Cota do submarino.
bom padrão físico (como nós foco para essa estrela. Ato Sendo essa última a mais
submarinistas!) contínuo, repetir com o outro profunda possível!
Por isso, uma norma básica olho. Finalmente, realizar um O importante é que na
é determinar o guarnecimento “ajuste fino” com os dois olhos mente do comandante, OP e
da “luz vermelha” nos comparti- sobre a estrela. Registrar os Oficial de Águas se entenda
mentos em que se encontrem o ajustes e afixar no comando a vulnerabilidade que esta
Comandante e os OP. uma relação com os dados situação representa, e trate de
Esse procedimento é sinô- de todos os OP e Oficias que minimizá-la, tomando por base
nimo de profissionalismo e realizaram o revezamento de as seguintes recomendações
critério tático, considerando- se periscópio. Atenção para que, gerais, as quais, claro, variarão
96 O Periscópio 2013 / CF De Luca

em função do cenário tático que adestrado e o equipamento Técnica Periscópica


se apresente: está setado com a sensibilidade – Fundamentação
* cota para esnorquear: a adequada. O emprego da técnica
máxima possível! De maneira Olho, que o nível de periscópica se faz necessária
a evitar a fumaça e o “perder o perigo pode variar em áreas cada vez que se permanece
esnorquel”. onde se produz um efeito de na Cota Periscópica (CP) e
* Rumo: o que permite, às propagação anômala ou em um não se exponha um mastro
vezes, “apagar” a esteira deixada duto de superfície. permanentemente. Nessa
pelo submarino. Nesse caso, o * Periscópios: sugere-se condição, deve-se ter em
cumprimento da Velocidade guarnecer ambos os periscópios. mente manter a vigilância e
de Avanço (SOA) não deve um dedicado a VH e outro para a segurança exterior com a
estar em primeiro plano. Se observação aérea. mínima Taxa de Indiscrição
considerarmos o emprego (TIS). Logramos esse objetivo
da detecção por anomalia estabelecendo critérios. O
eletromagnética (MAD) pela “Não se esqueça que, mais importante deles é içar
ameaça, recomenda-se evadir-se se decidir descer em o periscópio com um objetivo
nas proas cardinais (N, S, E, W), claro e específico, de maneira
de modo reduzir a efetividade
emergência por um
responder a uma necessidade
desse sensor, que normalmente nível perigoso ou um e que essa fique satisfeita após
funciona como um sensor de avistamento de ANV, a Observação (OBS), dando
confirmação de presença de assim ordem a metodologia,
submarinos. deve fazê-lo sem deixar o que constitui a essência
* Velocidade: a mínima esteira, tampouco mar das técnicas de emprego do
possível! Nunca mais que o EM
revolto, por isso, deverá periscópio.
+ 2! é fundamental que o oficial A MB e, particularmente,
de águas se intere do quadro descer com pouca ponta a Força de Submarinos
tático, de modo a trimar o navio e velocidade reduzida vem utilizando as técnicas
de maneira criteriosa, precisa e “PERISHER”, desenvolvidas
para as velocidades ordenadas.
(não mais que 6º de
pela Royal Navy. No entanto,
* Seção reta radar: deve-se ponta e não mais que nessa escola vem evoluindo
variá-la de maneira a confundir 5 nós).” no tempo, dando respostas
um possível eco. A antena às nossas particulares
MAGE pode ser intercalada necessidades, as quais são
com o periscópio 1 e/ou mastro * Generalidades: todas impostas pelos meios e
de comunicações. Recomenda- essas medidas são taticamente materiais que operamos,
se manter o operador do MAGE válidas e concorrem para evitar além dos cenários que
atento ao menor sinal de ruído que uma ANV A/S detecte o desenvolvemos nossas
do radar, ameaça mais esperada submarino, quando treinados operações. Portanto, devemos
e sua maior interação por parte para esse propósito. considerar que essas normas
do seu respectivo nível de Não se esqueça que, se não são dogmáticas e devem
perigo e marcação aguardada. decidir descer em emergência continuar evoluindo em
Desconfiar quando as emissões por um nível perigoso ou um relação às mudanças táticas
de ANV cessem, pois é possível avistamento de ANV, deve que, naturalmente, se impõem
que “corte” sua emissão para fazê-lo sem deixar esteira, aos Comandantes e suas
verificar “in loco” sem alertar tampouco mar revolto, por isso, tripulações.
o submarino de sua possível deverá descer com pouca ponta
detecção! e velocidade reduzida (não Varredura do Horizonte
Assegurar-se que o pessoal mais que 6º de ponta e não mais É uma observação nos 360º
que opera o MAGE está 100% que 5 nós). que tem por objetivo detectar
os contatos que não estão ou
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 97

ainda não foram detectados maneira a tentar visualizar visual até o horizonte e observar
pelo sonar (sup, aéreo). Espera- possíveis ameaças que possam as condições meteorológicas
se com a VH detectar os alvos estar “desprendendo-se” do como céu, mar e vento, com a
que estão se “desprendendo” horizonte (sup e aéreo) e finalidade de atualizá-las antes
do horizonte (ponta de mastro, - ao terminar, dar uma de abandonar a CP.
aeronaves, etc.) e deve ser informação que seja NOVA a Nos cursos ministrados pela
um procedimento totalmente EDA ou ao quarto de serviço, escola de Submarinos (CIAMA),
“estanque” aos demais e com a caso contrário, informar: normalmente adotamos 3
concentração requerida. “Quadro tático inalterado”, minutos, pois corresponde a
Conseqüentemente ou seja, só alterar a condição um período exigente, contudo,
dependerá de: de silêncio/concentração da os comandantes qualificados
- Ameaça esperada; poderão/deverão variar os
- Situação tática; seus IVH segundo a situação
...“a técnica
- Estado do mar e tática reinante, o qual deve ser
- Visibilidade. periscópica manda, CEGAMENTE seguido por seus
Outrossim, deve-se estar antes de arriar o OP, não aceitando variações no
atento para a ameaça aérea. mesmo, nem para MAIS (sob
Se considerarmos que, em
periscópio, orientá- a pena de se tornar inseguro),
aumento menor, uma aeronave lo na marcação do nem para MENOS (sob a
que se aproxima com a próximo movimento pena de aumentar a TIS, por
velocidade média de 200 nós é conseguinte, a probabilidade de
avistado, com boas condições (CD, OBS, VH), isso contra-detecção).
de visibilidade, em torno de permite “ordenar o Recomenda-se iniciar a
14000 jds e estimando- VH pela proa, pois permite
se uma distância de contra-
cérebro”, bem como uma boa orientação relativa.
detecção de 4000 jds, o IVH reduzir os tempos.” Contudo, é uma boa técnica
para essa ameaça será de 1’ 30”. iniciar a VH na marcação do
Uma vez que o Comandante equipe na necessidade de contato mais perigoso e fazê-la
define o IVH máximo, os OP agregar valor. no sentido do deslocamento do
devem variar, em menos tempo, mesmo, de modo a não deixar
de maneira a não observar a II – Os NÃO da VH: setores encobertos. Além disso,
intervalos constantes, já que - deter-se sobre um contato a técnica periscópica manda,
esta feita favorece a contra- controlado; antes de arriar o periscópio,
detecção. - distrair-se por qualquer orientá-lo na marcação do
I – Os SIM nas VH: situação que ao seja uma próximo movimento (CD, OBS,
- verificar a ponta, cota, emergência; VH), isso permite “ordenar o
rumo e velocidade antes de içar - deixar que sua mente se cérebro”, bem como reduzir os
o periscópio; evada da tarefa; tempos.
- checar as plotagens e SDT - falar ao periscópio;
antes da VH; - passar para aumento Varredura de Horizonte
- efetuar a VH em silêncio e de 10 segundos.
maior;
concentrado; Essa varredura se realiza,
- trabalhar com o
- começar a VH no sentido normalmente, no momento
estadímetro e
do contato mais perigoso; de retorno à CP. No entanto,
- usar a VH como tempo
- se o submarino estiver é uma ferramenta que pode
para decidir e pensar.
guinando, iniciar a VH de modo ser utilizada a qualquer
Um oficial submarinista
não deixar arcos sem varrer; momento e tem como propósito
treinado dará uma VH entre
- fazer a VH CONCEN- verificar apenas os perigos
20 e 25 segundos. Neste tempo
TRANDO-SE NO HORI- mais próximos (Barcos
deve ser capaz de detectar tudo
ZONTE e 15º acima, de Pesqueiros com máquinas
que se apresenta no campo
98 O Periscópio 2013 / CF De Luca

paradas, embarcações à vela, distância a um contato utilizando estimar. esta situação fica mais
embarcações de pequeno porte o princípio estadimétrico, complexa quando o contato
com máquinas paradas, etc.). para isso, é necessário ter o encontra-se próximo ou seus
Portanto, esta VH dá uma conhecimento prévio de que AP estão entre 30º e 70º.
margem de segurança de 1 será observado (alturas de Para se conseguir uma
minuto antes de realizar a VH mastros, da proa, passadiço,...) boa estima do AP, devemos
preconizada (20 a 30 segundos) e esta informação pode advir nos ater a alguns detalhes do
como estabelece a técnica. dos Serviços de Inteligência ou contato, o que permite uma
É lugar comum o pela prática (mais provável) maior exatidão ou evitar erros.
questionamento por parte de dos oficiais submarinistas em Algumas recomendações
alguns oficiais com relação ao estimar essas alturas através de práticas para a apreciação de
tempo reduzido e a validade suas vivências operativas. bons AP:
desta VH (1 min.). A explicação Para estimar as alturas - observar o AP das
resume-se no fato de, mesmo de mastros, seguem algumas embarcações de pequenos
que por um curto tempo, o experiências práticas: porte (orgânicas) da unidade,
submarino estaria seguro na - Navios Mercantes Mo- às vezes, é mais exato que do
CP ante a qualquer ameaça, dernos maiores – 40 pés na proa próprio contato, quando o Âp>
particularmente a AÉREA, já e 80 pés na chaminé; 30º;
que nesse caso o IVH é de 1 - Porta-containers – 10 pés - observar o espelho de
min. e 30 seg. para uma ANV a por container; popa ou portas do hangar:
200 nós com boas condições de - Navios Mercantes Antigos AP~= 80º;
visibilidade, ameaça que, S.M. e de deslocamento médio – 8 pés - observar a distância
J, não avistaremos nessa VH. por convés e entre os mastros é uma boa
Ainda, em situação de múltiplos - Navios Mercantes Mo- ajuda! Com AP = 0º, só se vê
contatos, quando o controle dos dernos de deslocamento médio um mastro. Com AP ~= 90º a
IO e VH estiverem muito justos, – 10 pés por convés. distância entre os mastros é
pode-se executar uma VH de máxima;
10 seg., sendo que a próxima Distâncias Estadimétricas - observar o “bigode de
VH deve ser a varredura Noturnas proa” e
completa, com o intuito de não É possível, com muito boa - observar o AP das
comprometer a segurança. exatidão obter a distância de chaminés.
noite usando como referência À noite, as luzes de proa
IO na direção da Ameaça. as luzes de navegação dos e tope do mastro permitem
Em situações táticas contatos. apreciar o ÂP com um grau
especiais, geralmente durante de precisão menor que de
a realização de Operações Ângulo de Proa (Ap) dia. No entanto, com alguma
Secundárias, nos entornos de Determinar bons ângulos experiência, pode-se estimar
costa, por imposição geográfica de proa é de suma importância (tolerância +/- 10º), satisfatórios
ou de inteligência, esperamos e requer muita prática para cálculos de rumo.
a ameaça de em determinado lograr o grau de precisão
setor. caso esta condição se requerida (+/- 5º). Identificação de um
apresente, pode-se aplicar esta Nós, submarinistas, contato
técnica e, com estes dados, se deveremos aproveitar todos as Quando da VH se detecta
estabelece um IO na direção da oportunidades para treinar a um novo contato, é importante
ameaça e se controla como se nossa capacidade para estimar classificá-lo de modo a
fosse mais um contato. ângulo de proa (AP). aclarar o panorama tático e,
Normalmente quando os conseqüentemente, poder ajustar
Distâncias Estadimétricas contatos estão à longa distância, a sua altura de mastro antes
Os periscópios disponíveis acima de 6000 jds, os ângulos de de observá-lo. É uma técnica
na MB permitem determinar a proa são pequenos e fáceis de se específica, e tem a pretensão
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 99

de expor o mastro para essa A/S e que os alvos devem ser Todo esse processo não
classificação e nada mais! destruídos, idealmente, a maior deve durar mais que 12 seg.
Para que logremos uma distância possível, o nome (+ tempo de içar e arriar o
rápida e precisa identificação, a este auxílio mental pode periscópio) e para alcançar
o oficial submarinista deverá suscitar equívoco, apesar disso esta velocidade se requer
treinar religiosamente. Esta foi mantido sua denominação muita prática, concentração e
capacidade de observação fica exaustivo treinamento.
aguçada ao içar o periscópio
concentrado e ter estudado, “Para que logremos “Milestone”
com antecedência, as possíveis Quando o comandante
ameaças e alvos, assim como
uma rápida e precisa
percebe que a situação tática,
barcos pesqueiros (BP) e o identificação, o oficial na CP, chegou a um momento
Tráfego Marítimo (TM) esperado. submarinista deverá em que qualquer distração
treinar religiosamente. ou má reação pode colocar o
Distância à Rota (Dr) submarino em risco, recorre-
A distância à rota é um Esta capacidade se a essa técnica, que tem como
cálculo rápido para se obter
de observação fica propósito, em primeiro lugar,
uma distância aproximada a
aguçada ao içar o alertar a EDA, especialmente o
do PMA! Assim, manobrar
Oficial de Águas e timoneiro,
antecipadamente para que periscópio concentrado os quais costumam viver uma
os contatos não ingressem na
e ter estudado, com realidade distinta. Por isso
CS ou passemos dentro dos
envelopes do torpedo. Por essa antecedência, as o aviso de: “MILESTONE”
(pequenas “corcovas” de
razão que tanto em combate, possíveis ameaças e concreto distribuídos ao longo
como em qualquer situação
alvos, assim como das “highways” britânicas que
na CP, recomenda-se calcular
a Dr. Seu grau de exatidão é o barcos pesqueiros (BP) indicam as milhas daquelas
estradas) é acompanhado da
adequado para o que se propõe, e o Tráfego Marítimo
visto que leva em consideração expressão: “Esse contato pode
que a VSPLIV é pequena, e,
(TM) esperado.” me colocar embaixo” e em
por conseguinte, com efeito seguida muda o estágio da
reduzido no componente de tomando por base a sua origem propulsão para AD ao início
aproximação ao “track”. Esta e uso já que é um conceito que se do III, para se evitar uma falha
consideração é importante ter encontra interiorizado. na propulsão, ocasionada pela
em mente para que saibamos Atualmente, permite conhe- necessidade de uma descida
que a Dr não dispensa o cálculo cer o fator tempo, ao enfrentar em emergência. Dessa forma,
de distância do PMA! uma situação tática que seja preparamos o submarino para
conveniente permanecer na CP. enfrentar uma situação à CP.
Tempo para o Ataque (Tat) Outrossim, pode-se aplicar, Os tempos preconizados
Similar ao conceito da DR, o com pequenas variações, quanto na Doutrina para realização
TAT é um cálculo com a precisão tempo dispomos para alcançar dos MILESTONES não
adequada, que permite saber uma posição de lançamento pré- passam de recomendações que
quanto tempo dispomos para definida. nasceram de experiências
manobra o submarino ou em práticas. Se o nível de
quanto tempo mais o avistamento Experiências treinamento for profundo,
ou alvo estarão próximos a Após a primeira observação, esses tempos poderão ser
DR considerando-se que não é mandatório o cálculo do DR reduzidos, o que permitirá
é taticamente recomendável e TAT, para que possamos uma maior segurança à CP
aproximar-se a curta distância programar nossos próximos quando os contatos estiverem
de uma unidade com capacidade movimentos. em seus PMA.
100 O Periscópio 2013 / CF De Luca

“Milestone” por Tempo - manter a mínima TIS, Um minuto pelo Ap


Dependendo como se preparando o submarino para Quando qualquer contato,
apresente a situação tática, outra o ataque na ótima distância em qualquer setor estiver com
técnica que pode ser utilizado é a vista do panorama tático AP > 150º, podemos declarar o
a declaração de “MILESTONE” reinante. IO e aditá-lo de 1 min., que é o
por tempo. tempo mínimo que um contato
Trata-se de observar Cheque de Ângulo de poderá levar para inverter
um contato que esteja mais Proa (CAP) o rumo, fechando sobre o
próximo, porém fora da Como medida para se submarino.
distância ideal para declarar reduzir a TIS e conseguir manter-
o “MILESTONE”. Realiza- se na CP com contato (s) muito Limitador
se uma contagem mental do próximo (s), com segurança, O conceito de Limitador
tempo restante, e decreta-se corresponde a um Navio
cumprindo o procedimento Mercante ou barco pesqueiro
preconizado.
“O Comandante deve que por seu comportamento e
Olho! Por que essa técnica deixar claro para a sua “RATE” não constitui um
pode incorrer em erros de EDA qual o contato perigo maior para o submarino,
aproximações sucessivas e só porém por se encontrar a curta
deve ser usado de fortuna (para foi o organizador do distância (LIMITANDO o
“salvar” a corrida). Para tal, ao movimento!” limite geográfico dos contatos
decretá-lo, o comandante deve que realmente oferecem
deixar claro para a EDA qual perigo). deve ser controlado
o contato foi o organizador do e sem perder a VH, pode-se pelo coordenador e seguir
movimento! Lembrando-se que lançar mão dessa técnica, para critérios rígidos para receber
o cronógrafo daquele contato os contatos obedeçam aos essa identificação.
observará o tempo morto até o critérios rígidos preconizados
“MILESTONE”. na Doutrina. Recomendações para as
Ao realizar o CAP, deve-se corridas tipo “EYES ONLY”
“Enxergar” a corrida “zerar o cronógrafo” daquele As experiências de
Ao enfrentar uma situação contato, levando em conta muitos Comandantes que
tática à CP, o Oficial de o IO do seu último CD e só foram submetidos a esse tipo
Aproximação deverá antecipar poderá ser realizado apenas de treinamento e lograram
mentalmente os eventos que 2 vezes consecutivas, após êxito, semearam as seguintes
se seguirão, planejando a isso, é obrigatório um CD ou recomendações que vem
corrida de forma a adiantar observação do contato. sendo válidas, especialmente
os acontecimento, por isso Isso se dá pelo envelope para enfrentar corridas à CP
se calcula a Dr e Tat! Se esse geométrico e de valores de alta performance, além de
contato virá para a “Rotina de velocidade envolvidos, criar um senso tático e uma
do TRI”, “entrará checável”, garantido que mesmo que sensação de risco que deve ser
ou nenhuma das anteriores! aquele contato guine após o 1º transmitida a toda a EDA, de
Isso nos ajudará a planejar os “ABERTO!”, o mesmo tangencie maneira a balizar as reações
próximos IO ou 15 minutos e é o Círculo de Segurança, que mantenham o submarino
conhecido por: “Planejamento afastando-se! seguro.
de Observação”, levando em Com isso, ao declarar um Por isso, esse treinamento
consideração: contato “ABERTO” estarei não só constitui uma aplicação
- a necessidade de observar multiplicando o IO do último de procedimentos e técnicas,
para manter a segurança; CD daquele contato, o que só me mas uma preparação da
- alimentar a EDA e o SDT permite fazê-lo por, no máximo condução tática de toda a EDA
com valiosas informações e 2 (duas) vezes! em cenários de alta demanda.
A Técnica “Perisher”: 30 anos de experiência e adaptações 101

1) Clarear o panorama 2) Estruturar o Plano de extremidades! Se isso ocorre em


tático: Observação treinamento, é muito provável
No início, quando os Deve-se pensar na melhor que se repita em combate. Cabe
contatos ainda se encontram maneira de ordenar o plano de ressaltar que a recíproca desse
a distância cômodas (> 6000 observação, já que a ordem e processo também é válida.
djs), devem ser identificados prioridade que se designe cada 4) abrindo distância...
e observados (com a contato permitirão seguir uma Depois do MILESTONE,
determinação de Dr e Tat) lógica coerente em relação ao quando os contatos estão com
antes de VH subsequente! grau de risco que cada contato Âp > 90º, entre III e IV setor,
Isto se faz necessário para apresenta. Recomenda-se é comum que a adrenalina e a
que no lapso de tempo antes observar sempre o mais distante excitação mantenham-no no
da próxima VH possamos para o mais próximo. mesmo ritmo e forçando, de
planejar a corrida que se maneira quase “pavloviana”, a
apresentará, com a sensação 3) Buscando o MILESTONE exposição desnecessária e em
de segurança dos contatos Com a corrida bem demasia do periscópio.
CLARA e INEQUÍVOCA! planejada, o movimento Devem ser respeitados
Para isso, devemos iniciar a mais importante que se os IO! Calculados, retidos
corrida com AGRESSIVIDADE, segue é a DECRETAÇÃO DO na mente e controlados por
C O N C E N T R A Ç Ã O , MILESTONE no momento seus cronógrafos, isso baixará
SEGURANÇA e RAPIDEZ, ÓTIMO! paulatinamente o ritmo da
expondo o periscópio Se isso ocorre com muita corrida e, por conseguinte,
à distância em que as antecedência, não se logra o realizando a exposição
possibilidades de contra- propósito, que é dispor de estritamente necessária! – usem
detecção ainda são baixas. tempo quando os IO sejam mais o relógio...!
O treinamento nesta fase curtos e, se ocorre tardiamente, BOA CAÇADA!
deve ser orientado da seguinte não conseguirá CD dos outros
maneira: contatos, antes que se vença
1ª) rápida identificação; o IO do contato para qual o
2ª) exatidão nas distâncias MILESTONE foi decretado.
BIBLIOGRAFIA
medidas; Como não há situação
3ª) exatidão nos AP tática igual à outra, isso requer - “Técnicas de Emprego de
Periscópio”, Escola de Submarinos
retidos na mente, os quais claridade mental e muita Almirante Allard, tradução,
se apreciaram com pouca confiança nas capacidades Capitan de Navio Ramirez,
claridade; pessoais de cada comandante, CCOS-2007;
4ª) agilidade mental para a fim de lograrmos tempos - COMFORS-730;
os cálculos; e mais exíguos! Sem dúvida que
- Eyes Only, Submarine safety
5ª) agilidade lógica para a depois do MILESTONE o ritmo Rules, Royal Navy, Submarine
disseminação de informações, da corrida deve aumentar, e School;
realmente, relevantes à EDA. com ele, o grau de prontidão - Notebook for the “Perisher”,
Cada contato deve ser da EDA. Nesse momento, é Guidance and Hints, Royal Navy,
designado por um número, que os comandantes devem HMS Dolphin
nome ou da maneira que o mostrar à sua Equipe toda a - Experiências do Curso de
Comandante decida designá- confiança e segurança para com Comandantes de Submarinos no
lo. O importante é que aquela situação tática de risco, Chile (CCOS/2007), realizado pelo
Capitão-de-Corveta Fernando de
essa designação NÃO seja a fim de que todos sejam UNO!
Luca M Oliveira, ano 2007.
trocada inadvertidamente – vendo através dos olhos do
- “A Técnica Perisher” – CF
durante a corrida, evitando Comandante e relacionando
Fernando De Luca Marques de
ambigüidades. como parte de suas Oliveira
102 O Periscópio 2013 / CC Wladimir e CT Antunes Lima

A Importância do Submarino Nuclear


Brasileiro para defesa da Amazônia Azul
Capitão-de-Corveta Wladimir dos Santos Lourenço
Capitão-Tenente Jônatas Antunes de Lima

INTRODUÇÃO
Historicamente, o deno-
minado mar territorial com
3 milhas náuticas (MN) de
extensão a contar da linha da
costa, sempre existiu para os
chamados estados costeiros.
Curiosamente, essa distância
correspondia ao alcance dos
canhões que, à época, existiam
nas fortificações erguidas
no litoral para sua proteção.
É interessante pensar
que a invenção dos canhões
data do início do século XIV e
nota-se que as preocupações
do passado são bastante
semelhantes às inquietudes
atuais. Com o passar do tempo ocasionar imensas crises, relacionados à utilização pacífica
e o acesso às informações sobre resolveu iniciar a elaboração dos oceanos.
a incomensurável riqueza de mecanismos de defesa que, Desde o final da década de
existente no mar, cada país anos mais tarde, culminariam 80, o Brasil, através da Marinha
vem buscando ao longo dos na conhecida Convenção e de outros órgãos do governo,
anos aumentar seus domínios das Nações unidas sobre os vem participando ativamente
sobre as águas. Agora, devido Direitos do Mar (CNUDM). das reuniões da CNUDM
à imensidão dessas áreas, quais Esta Convenção assinada em em busca de defesa de seus
seriam os “canhões de proteção” 10 de dezembro de 1982, em interesses no mar e ao longo
do mundo pós-moderno? Montego Bay, Jamaica, foi dos anos tem acompanhado de
ratificada pelo Brasil em 1988 perto as evoluções alcançadas
O EMBRIÃO DA e entrou em vigor em 1994. neste segmento, tais como: a
AMAZÔNIA AZUL Atualmente conta com um total ampliação do Mar Territorial
de 156 países, dentre os quais os para 12 MN, a criação da
Há aproximadamente 60
Estados Unidos da América não denominada Zona contígua,
anos, a Organização das Nações
fazem parte, entretanto, apesar com mais 12 MN de largura, a
Unidas (ONU), por vislumbrar
disso, essa Convenção tem o contar do limite externo do Mar
a existência de um fator sensível
reconhecimento internacional Territorial e o estabelecimento
e bastante volátil a respeito dos
e é um importante instrumento da Zona Econômica Exclusiva
limites do mar e que poderia
político nos assuntos (ZEE), situada além do Mar
A Importância do Submarino Nuclear Brasileiro para defesa da Amazônia Azul 103

Territorial e a este adjacente,


com 188 MN de largura.
Nosso país, através de
um incansável trabalho da
Marinha do Brasil e outros
segmentos, vem logrando ao
longo dos anos, significativos
avanços em seus pleitos junto
à Comissão de Limites da
Plataforma Continental (CLPC)
da CNUDM. No Mar Territorial,
e no espaço aéreo a ele
sobrejacente, temos soberania
plena e garantida. Entretanto,
na Zona contígua e na ZEE,
isso não acontece. Nessas duas
áreas, a explotação e exploração
dos recursos vivos e não vivos
do subsolo, do solo e das
águas sobrejacentes na ZEE são
prerrogativas adquiridas pelo
estado costeiro, contudo não há
garantias de exclusividade.
Após anos de coletas
e pesquisas enviadas à
CLPC, nossas “fronteiras
no mar” podem atingir
aproximadamente 4,5 milhões
de km², o que corresponde,
aproximadamente, à metade do
território terrestre nacional, e
compreende a uma área maior
que a nossa Amazônia Verde. O conceito de Amazônia marinhos, da navegação de
Como resultado desses esforços Azul é, portanto, um movimento cabotagem, do turismo marítimo,
em busca de ampliação de nossos recente, que busca direcionar dos esportes náuticos e dos
horizontes e aproveitando as o foco de nossa atenção para nódulos polimetálicos existentes
semelhanças com a verde devido a riqueza presente em nossos no leito do mar. Esses fatores
à grandiosidade e imensidão de mares, visto que 95% do nosso reforçam por si só a importância
recursos, nasce como um alerta comércio exterior circula por econômica e estratégica dessa
à sociedade brasileira, associado ela; das plataformas localizadas área para o Brasil.
a essa vasta área marítima que na ZEE, produzimos mais de
circunda o nosso país, o conceito 80% de todo nosso petróleo; as DEFESA DAS RIQUEZAS
de Amazônia Azul através do maiores bacias de gás natural se Todas essas riquezas
ex-Comandante da Marinha encontram na área do pré-sal, precisam ser defendidas de
Almirante de Esquadra Roberto além disto, no futuro, o potencial possíveis cobiças e ameaças
de Guimarães Carvalho, sendo econômico da Amazônia Azul externas. Este pensamento foi
estrategicamente difundida pelo contará com a exploração resumido por um estrategista
atual comandante da Marinha de outros segmentos como: naval: “Toda riqueza acaba por se
Almirante de Esquadra Julio os recursos biotecnológicos tornar objeto de cobiça, impondo
Soares de Moura Neto. presentes nos organismos ao detentor o ônus da proteção”.
104 O Periscópio 2013 / CC Wladimir e CT Antunes Lima

Essa responsabilidade nacional vemos obrigados a analisar no capacidades, mostram a


na defesa da nossa Amazônia contexto de guerra naval atual, acertada decisão de colocá-
Azul cabe à Marinha do Brasil qual seria o modo de proteção lo como alicerce de defesa de
que precisa dispor de um mais eficaz. A segurança do nossa nação, proporcionando
poder naval forte, balanceado e imenso patrimônio marítimo dissuasão e contribuindo para
compatível com a grandiosidade presente na Amazônia Azul a aplicação do conceito do “uti
desta imensa área marítima. depende inexoravelmente de possedetis”, ou seja, a posse
Mesmo sendo o Brasil, um um poder naval adequado a pelo uso dos limites extremos da
país tradicionalmente pacifista sua extensão. Navios capazes de Amazônia Azul.
e não intervencionista, tendo desenvolver altas velocidades
se envolvido pela última vez por longos períodos, aliado a CONCLUSÂO
em uma guerra com um estado um alto poder de detecção e de Encontramos no submarino
vizinho há mais de 140 anos, é combate são a espinha dorsal de propulsão nuclear o “canhão
preciso que esteja preparado para de uma esquadra que tem por de proteção” para as riquezas
enfrentar agressões e ameaças tarefa a garantia da soberania de nosso mar e, além disso,
externas. Em um ambiente em uma área tão extensa. com seu advento, o Brasil
de escassez, sempre haverá O submarino seguramente entraria para o seleto clube
cobiça em relação aos recursos é o meio que, dentre todos, dos países (China, Estados
dos outros, especialmente se o apresenta a melhor razão custo Unidos, França, Inglaterra
estado detentor destes recursos / benefício. Sua capacidade e Rússia), que dominam a
não possuir os meios necessários de ocultação lhe garante a tecnologia, alavancando as
para defender a sua soberania. iniciativa das ações, um dos indústrias em solo nacional
A história tem nos mostrado grandes fatores de força em e desenvolvendo tecnologia
que as relações internacionais qualquer confronto. Apesar própria para as usinas que
funcionam desse modo. dos submarinos convencionais utilizam este combustível para
As ameaças a serem já possuírem este atributo, sua a geração de energia, obtendo
enfrentadas na Amazônia Azul baixa autonomia desenvolvendo uma importância estratégica
são diversas. Dentre as quais altas velocidades, limitam seu para pleitear uma vaga como
podemos destacar o terrorismo, raio de ação a áreas de menor membro no conselho de
a pirataria, o narcotráfico e a envergadura. Segurança da ONU, órgão que
degradação ao meio ambiente. Com o advento do curiosamente possui como
Embora haja uma tendência submarino nuclear brasileiro membros permanentes as cinco
de descartar, em primeira (SNBR), seremos capazes de nações listadas acima.
análise, a hipótese de ataques mobiliar nossa esquadra com Desta forma, a simples
terroristas na Amazônia Azul um meio, cujo alcance atingirá existência de um submarino
pela ausência de um histórico os confins de nossa Amazônia nuclear brasileiro amplia
consistente de ameaças nesse Azul. A simples existência exponencialmente o poder
sentido, convém estarmos desta belonave com elevada dissuasório de nossa nação,
alertas e preparados. Caso a mobilidade implica que nosso portanto, é imprescindível
produção petrolífera no pré- possível inimigo tenha que persistir no projeto até sua
sal brasileiro alcance os valores considerar que o SNBR poderá conclusão. Trata-se de um
esperados, o Brasil irá se tornar chegar a qualquer lugar em esforço nacional com impactos
um dos principais exportadores curto espaço de tempo, e isso, na positivos em vários setores
mundiais, inclusive para os equação do oponente, significa a e que trará, a reboque,
EUA. confirmando-se este possibilidade de estar em todos significativo desenvolvimento
cenário, fica palatável imaginar os lugares ao mesmo tempo. socioeconômico, elevando
um ataque terrorista às nossas Certamente o SNBR por si só, nosso país a uma posição de
plataformas. não esgota nossas necessidades destaque no cenário mundial,
Buscando resguardar de reaparelhamento e tendo como respaldo uma arma
nossas riquezas no mar, nos modernização, mas por suas de poderio incontestável.
105

PERISCOPADAS 2012-2013

Militares da Ativa (de 5.5 e da esquerda para a direita): CA Castilho, AE Palmer, AE Max, AE Wiemer,
AE(FN) Guimarães e VA Leal Ferreira. Militares da Reserva (de terno e acima, da esquerda para a direita):
AE Davena, AE Guimarães Carvalho, AE Karam, AE Jelcias e AE Kleber.

Força de Submarinos celebra 98 anos


O Comando da mineiro “Humaytá” e os de cursos na área submarinista,
Força de Submarinos foi classes “Tango”, “Fleet Type”, com a formação especializada
criado em 17 de julho de “Guppy”, “Oberon”. de Oficiais a Praças,
1914, inicialmente, com O início da década de 90 implementados pelo Centro
o nome de “Flotilha de constituiu um marco histórico, de Instrução e Adestramento
Submersíveis”. Na época, com a capacitação nacional Almirante Átilla Monteiro Achè
preocupada em fortalecer na construção desses meios e (CIAMA). Nessas áreas de
o Poder Naval do País e a a adesão das classes “Tupi” e atuação, a ForS alcançou a plena
Esquadra Brasileira com a “Tikuna” à Força. capacitação em salvamento de
nova arma estratégica que No decorrer dos anos, submarinos sinistrados, sendo
começava a ser desenvolvida atividades como o mergulho, o Brasil uns dos poucos países
mundialmente, a Marinha o mergulho de combate no mundo a realizar este tipo de
do Brasil, encomendou e a medicina hiperbárica operação.
a estaleiros italianos incorporaram um amplo Hoje, a Força de Subma-
a construção de três espectro de tarefas, e rinos envereda esforços para
submersíveis da classe permitiram a edificação da enfrentar um futuro repleto
“Foca”. Ao longo dos anos, e Força de Submarinos na Base de desafios. Entre eles, está à
de forma progressiva, foram Almirante Castro e Silva (BACS) parceria estratégica firmada
incorporados o submarino e também no desenvolvimento entre o Brasil e a França,
106
106
PERISCOPADAS 2012-2013
que prevê a construção, no
país, de quatro submarinos
convencionais, de uma
base e de um estaleiro, e o
desenvolvimento do projeto,
bem como, a construção
e concepção exclusiva do
submarino com propulsão
nuclear. Outro desafio é o
desenvolvimento do projeto-
piloto de Gestão de Pessoas
por Competências (GPC),
que tem como objetivo criar
a metodologia para uma
gestão de pessoas pautada
na capacitação, com o foco
de desenvolver experiência
que permitirá, de modo mais
sistematizado, a identificação e
valorização das potencialidades A partir da esq. CA Castilho, AE Mauro César, Embaixador Celso Amorim, AE Moura
Neto, AE Karam, AE Guimarães Carvalho e AE Wiemer, durante o Coquetel de 98 anos do
do militar ao longo da carreira.
Comando da Força de Submarinos.
Essa nova fase representa,
enfim, a continuidade no de Submarinos. Um esforço que
empenho e profissionalismo faz com que a ForS continue Comemoração
com o qual submarinistas, modernizada e pronta a diversificada
mergulhadores, mergulhadores defender os interesses brasileiros Com o intuito de celebrar
de combate, médicos no mar, sempre com a dedicação seu 98º aniversário, o comando
hiperbáricos e servidores civis de homens e mulheres que são da Força de Submarinos realizou
dedicam ao Comando da Força marinheiros até debaixo d água. uma programação diversificada
em julho. Os eventos
comemorativos incluíram
atividades esportivas, artísticas
e cerimônias de congraçamentos
aos submarinistas tanto de hoje,
como da Reserva.
Em 17 de julho, aconteceu
a cerimônia militar em
comemoração ao “Dia do
Submarinista”, com a pre-
sença do Chefe do Estado-
Maior da Armada, Almi-
rante-de-Esquadra Fernando
Eduardo Studart Wiemer,
do comandante de Operações
Navais, Almirante-de-Esquadra
Gilberto Max Roffé Hirschfeld,
Em sentido horário: A.E Jelcias Baptista da Silva Castro, AE Roberto de Guimarães
Carvalho, CA Glauco Castilho Dall’Antonia, AE Alfredo Karam
do Comandante do Comando-
e AE Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Geral do corpo de Fuzileiros
107

Corrida rústica Premiação da corrida rústica do grupo feminino

Navais, Almirante-de-esquadra (FN) de imersão, de mergulho e de atividades


Marco Antonio Correa Guimarães, do de mergulho de combate.
Diretor do Pessoal da Marinha, Almirante- Na noite de 21 de julho, foi celebrada
de-Esquadra Luiz Fernando Palmer pelo Capelão-Chefe da Marinha, Capitão-
Fonseca, de vários ex-Comandantes da de-Mar-e-Guerra (CN) Emanuel Teixeira
Força de Submarinos e do Comandante- Pereira Silva, uma cerimônia de ação de
em-Chefe da Esquadra, Vice-Almirante graças à Força de Submarinos, na Praça
Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Durante o Alte. Júlio Hess. em seguida, ocorreu
evento, foram entregues os Diplomas de a tradicional confraternização entre os
“Submarinista Honorário” aos militares e submarinistas no Salão Nobre da Força de
civis que prestaram serviços relevantes ao Submarinos, destacando-se as presenças
enobrecimento da Força de Submarinos em do Ministro da Defesa, embaixador Celso
seus 98 anos. Na oportunidade, ocorreram Amorim, e do Comandante da Marinha,
também homenagens aos militares que se Almirante-de-Esquadra Julio Soares de
destacaram pelo elevado número de horas Moura Neto.

Missa dos 98 anos da Festa da Força, celebrada pelo CMG (CN) Emanuel Teixeira Pereira Silva
108108

PERISCOPADAS 2012-2013

Entre os demais eventos,


destacaram-se também a
realização de um churrasco
de congraçamento entre
Praças e Oficiais da reserva; a
“VIII Gincana de artes”, que
recebeu renomados artistas,
entre os quais o Sr. Sansão
Pereira, pintor impressionista
e autor de obras que
decoram os saguões de
museus, aeroportos e igrejas
em mais de 30 países, e
a Sra. Therezinha Hillal,
Presidente da Sociedade
Brasileira de Belas Artes; e a
“III corrida rústica da Força
de Submarinos”, com a
participação de 400 militares
atletas de diferentes OM que
percorreram um circuito de
5 km, no complexo Naval de
Mocanguê.

Churrasco para os submarinistas e mergulhadores da Reserva


109

Passagem de
Comando
da Força de
Submarinos
19 de abril de 2013:
Comando da Força de Submarinos
Deixa o comando: Contra-Almirante Glauco
Castilho Dall’Antonia
Assume o comando: Contra-Almirante
Marcos Sampaio Olsen

“A Força de Submarinos é morada da abnegação, da devoção extrema, do amplo sacrifício em prol do aprestamento adequado
ao cumprimento de sua destinação. Aqui, se vive um cotidiano à parte, o que lhe confere ar de mistério, e certo desconforto a
olhos que a observam ao largo. Tudo nela se resume a lavor, camaradagem e engrandecimento.
O serviço a bordo de submarinos me fez desenvolver verdadeira paixão pela concepção e emprego da arma. Iniciei minha
vida nesta Força com o embarque no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché, em princípios de
1986. Operei, desde então, submarinos das classes “Guppy”, “Oberon” e “IKL-209”. Por fim, de 2001 a 2004, exercitei em toda
a plenitude o comando do Submarino “TAPAJÓ” – “sempre presente, nunca detectado”. Assim, acumulo e ostento com pessoal
orgulho a expressiva marca de 17.151 horas de imersão.
Retornar a Mocanguê Grande me faz rememorar faces, ruídos e acontecimentos. São homens e máquinas, bons companheiros
responsáveis diretos pela formação do oficial que hoje logra alcançar tão notável êxito profissional.
A inserção político-estratégica do Brasil no cenário internacional impõe uma relação de razoabilidade entre a disponibilidade
de meios para pronto emprego e a posição destacada que o País ocupa, em vista de sua grandeza econômica e influência regional.
A negação do uso do mar ao inimigo é a que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos, a estratégia de defesa
marítima do Brasil. A Marinha do Brasil afiança tal objetivo ao contar com força naval submarina de envergadura, composta
de submarinos convencionais e, em muito breve, de submarinos de propulsão nuclear. Reside, portanto, aqui o alicerce da defesa
nacional, o que não significa que possa substituir os meios de superfície em suas diversificadas operações e ações de guerra naval.
Nesse momento, expresso, de público, os meus agradecimentos ao Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra
JULIO SOARES DE MOURA NETO, pela distinção que me concede ao confiar o preparo e emprego de uma Força Naval, que
traduz a dissuasão por excelência.
Ao Comandante-em-Chefe da Esquadra, Vice-Almirante SERGIO ROBERTO FERNANDES DOS SANTOS, reafirmo o
meu compromisso pelo cumprimento estrito do dever, pela dedicação ao serviço e crença na Marinha.
Ao cumprimentar o Decano, Excelentíssimo Senhor Almirante-de-Esquadra ALFREDO KARAM, reconheço e agradeço
aos insignes Chefes Navais, e de modo particular aos Comandantes da Força de Submarinos que me antecederam, o legado não
só da arte paciente e silenciosa da caça, como ainda a construção de um vasto inventário de plataformas, sistemas, corações e
mentes, que ora assumo.
Agradeço às autoridades presentes e representadas, aos amigos e a meus entes queridos, pelo prestígio e caráter afetivo que
conferem à Força de Submarinos com suas gentis presenças.
Ao belo amigo que tenho, Contra-Almirante GLAUCO CASTILHO DALL'ANTONIA, agradeço e registro a fidalga
acolhida e a maneira zelosa com que me transmitiu o cargo. Tendo a Marinha reconhecido, continuadamente, seus méritos,
receba V. Exa, os meus mais caros votos de realizações e que seja feliz no exercício de suas atividades no Estado-Maior da
Armada.
Tripulação!
Mercê de excepcional bagagem operativa, sei bem a índole que forja o caráter das senhoras e senhores Submarinistas,
Mergulhadores, Mergulhadores de Combate e Médicos Hiperbáricos. Ser “marinheiro até debaixo d’água” é provar, por
absoluto, profundo conhecimento profissional, habilidade técnica, boa higidez e moral elevado. É preciso ser tenaz na verdadeira
acepção do termo e dedicar ao serviço tudo: a saúde, o tempo, a inteligência e o risco constante da vida, ainda que em meio à paz.
É uma honra ter por dever conduzi-los.

GLÓRIA À FLOTILHA!”

Palavras iniciais do Contra-Almirante Marcos Sampaio Olsen


Comandante da Força de Submarinos
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PERISCOPADAS 2012-2013
99º Aniversário da Força de Submarinos
NITERÓI, RJ.
Em 17 de julho de 2013.

ORDEM DO DIA N° 1
de 17 de julho de 2013

A obstinação do
homem em possuir
um barco dotado de
capacidade de ocultação
para surpreender e
destruir precede à própria
concepção do Princípio de
Arquimedes – século III
a.C.
Em 1776, no curso da
guerra da independência a pique, em questão de minutos, O projeto do Submersível Hess-
dos EUA, o “Turtle” três cruzadores britânicos de 12 Farfield assinalava: 175 ton de
intentou prender à quilha mil toneladas. deslocamento; casco duplo;
da Fragata britânica O avanço tecnológico quatro tubos de torpedo; 28
“Eagle” um artefato observado no desenrolar da milhas de raio de ação, a seis nós
explosivo, através de uma Primeira Guerra Mundial em imersão; e uma tripulação de
broca. Extremamente propiciou profunda transfor- 10 homens.
engenhoso para a época, mação no submarino. Os O projeto, apesar de
o “Turtle” possuía pequenos barcos utilizados aplaudido pelo Conselho do
tanques de lastro, torre de para fins limitados se tinham Almirantado, sessão de 26 de
observação com escotilha, transformado em navios de novembro de 1908, e autorizado
tubos para entrada e considerável raio de ação e ao pelo Congresso, ainda assim, não
saída de ar, leme e hélices seu armamento adicionados foi executado. Furtava-se o Brasil
vertical e horizontal. canhões e minas. O submarino à pesquisa e inovação, dando
Um fato colateral não mais se confinava ao lugar à perversa dependência
foi determinante para o papel defensivo, afirmara-se, tecnológica externa.
êxito desses submersíveis então, como arma ofensiva por Nesse sentido, constando
de guerra. Em 1868, excelência. Desde o emprego em do Programa de Construção
Robert Whitehead, guerras, o submarino afundou Naval de 1904, opta o Ministro
um inglês a serviço da mais navios do que qualquer de Negócios da Marinha, por
Áustria, aperfeiçoa o outro meio de destruição. encomendar ao estaleiro italiano
torpedo autopropulsado, O Brasil não passou alheio ao Fiat – Saint Giorgio, sediado em
atribuindo-lhe controles desenvolvimento da tecnologia La Spezia, três submersíveis
que o mantinham de submarinos. Destaco o gênio da Classe “Foca” e um navio
numa corrida reta a inventivo de um dos precursores Tender.
uma profundidade no projeto de submersíveis no Em 17 de julho de 1914 era
determinada. País, o Tenente Engenheiro criada, por decreto do Exmo.
Assim, na tarde de 22 Naval Emílio Júlio HESS, que Sr. Almirante Alexandrino
de setembro de 1914, um cedo discerniu que “é o valor de Alencar, a Flotilha de
rudimentar submarino militar que justifica o submarino Submersíveis, ficando subor-
alemão, de tipo ainda e define sua importância dinada administrativamente
propelido à gasolina, pôs como arma de guerra”. ao Comando da Defesa Móvel
111

do Porto do Rio de Janeiro, acumulando conhecimento e submarina diferenciada e crível,


sediado na Ilha de Mocanguê desenvolvendo procedimentos e hábil no emprego eficaz dos seus
Grande. Operativamente, a doutrinas próprias de emprego. variados meios subordinados.
Flotilha era subordinada ao Os submarinistas e Reitero, pois, que reside aqui o
Chefe do Estado-Maior da mergulhadores, de ontem e de alicerce da defesa nacional.
Armada. Em 1928, foi alterado sempre, não se assemelham, Concluo, não sem antes
o seu nome para Flotilha de em corpo e alma, a nenhum expressar os meus cumprimentos
Submarinos e, por fim, no ano outro profissional. Somos o que e a minha gratidão as Senhoras
de 1963, denominada Força de somos, o que valemos, o que e Senhores submarinistas
Submarinos, designação que representamos. Uma vida de honorários, em especial aos ora
permanece até os dias atuais. incertezas e um cotidiano de agraciados, belos amigos e bons
No decorrer desses 99 anos, entrega, na maneira de sentir e companheiros, que dedicados
a clarividência e operosidade de agir, acabam por nos fazer e no anonimato se ocupam e
de destacados “marinheiros até arrojados e um tanto displicentes contribuem para a subsistência
debaixo d’água” propiciaram em presença do risco. de uma Força de Submarinos
uma evolução consistente e A negação do uso do mar moderna e aprestada para
continuada por variadas classes integra o rol de tarefas básicas defender o patrimônio brasileiro
de submersíveis e submarinos atribuídas ao Poder Naval, no mar e os caros interesses do
e, ainda, a assimilação das sendo esta a que organiza, antes nosso povo.
atividades de escafandria, de atendidos quaisquer outros Glória à Flotilha!
mergulho saturado, mergulho objetivos, a estratégia de defesa
de combate, socorro e salva- marítima do Brasil. A Marinha Marcos Sampaio Olsen
mento de submarinos sinistra- do Brasil afiança tal objetivo Contra-Almirante
dos e medicina hiperbárica, ao contar com uma força naval Comandante da Força de Submarinos
112
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PERISCOPADAS 2012-2013
Relação do pessoal
agraciado com Diploma de
Submarinista Honorário
Oficiais da ativa: SO-AR Odimar Teles de Queiroz
V Alte Luiz Guilherme Sá de Gusmão 1ºSG-CO Marcelo Gomes Pinto
V Alte Claudio Portugal de Viveiros 2ºSG-ES André Joaquim Viana
C Alte (Md) Sergio Pereira 2ºSG-CN Marcelo da Silva Bandeira
C Alte Rodolfo Frederico Dibo 2ºSG-FN-MO Alex Mota De Andrade
C Alte Victor Cardoso Gomes 3ºSG-CI Sergio Luiz Andrade Neves
C Alte (EN) Luciano Pagano Junior 3ºSG-ES Francisco Alexandre da Silva
C Alte Carlos Alberto Matias 3ºSG-ES Wagner Barcellos da Silva
C Alte Flávio Soares Ferreira 3ºSG-CL Juliana Silva Lopes
C Alte Carlos Frederico Carneiro Primo CB-FN-IF Rogério da Silva Oliveira
C Alte Hermann Iberê Santos Boehmer Junior CB-AR Thiago Luis Carmo Sena
C Alte Alexandre Araújo Mota CB-DA Danielle de Sá Leite
C Alte (IM) Jayme Teixeira Pinto Filho CB-MR Antonio Luiz de Almeida Pereira Filho
C Alte Fernando Antonio Araujo de Figueiredo
C Alte José Renato de Oliveira Civis:
C Alte (Md) Dalva Maria Carvalho Mendes Deputado Federal Maria Perpétua de Almeida
C Alte (FN) Jorge Nerie Vellame Deputado Federal (Delegado) Protógenes
C Alte Newton de Almeida Costa Neto Pinheiro de Queiroz
CMG (EN) Alvaro Luis de Souza Alves Pinto Juiz Federal Alexandre Vidigal de Oliveira
CMG (FN) Ricardo Wagner de Castilho Servidor Público Federal Célio Faria Júnior
CMG Noriaki Wada Empresário Sérgio Canastrelli
CMG Ricardo Ibsen Pennaforte de Campos Engenheiro Eletricista (AMRJ) José Ricardo Pena
CMG (IM) Marcos Inoi de Oliveira Martins
CMG (T) Isabel Cristina da Frota Braga Técnico (AMRJ) Rogério Morais Matoso
Sotomayor História da Defesanet Fernanda das Graças
CMG Antonio Capistrano de Freitas Filho Corrêa
CF Ricardo Fernandes Gomes Professor (ESG) Gustavo Alberto Trompowsky
CF (CD) Paulo Alberto Pires Teixeira Mota Heck
CF Frederico Rolla Pereira Civil Ricardo Sciani
CF Pedro Hugo Teixeira de Oliveira Júnior Servidora Civil (DPCvM) Dulce Maria de Sousa
CF (Md) Danuze Pereira de Carvalho Moura Santos Rosa
CC (T) João Antonio Barros Neto Diretora VCB-RIO Lídia Noemi de Abreu Matos
CC Raphael Annechino Marques Öberg
CC Frederico Medeiros V. de Albuquerque Presidente da FGV Carlos Ivan Simonsen Leal
CC (T) Mario Sergio de Freitas Gamiz Diretor na FGV Irapoan Cavalcanti
CT (T) Lúcia Murrer de Figueiredo Sturtz Diretor da FGV PROJETOS Cesar Cunha Campos
1ºTen (EN) Tiago Rech Diretor de Mercado da FGV PROJETOS Sidnei
Gonzales
Oficiais da reserva: Civil Marciano Assumpção
Alte Esq (RM1) Julio Saboya de Araújo Jorge Presidente SOAMAR-BRASIL Meton Cesar de
Alte Esq (RM1) Carlos Augusto V. Saraiva Vasconcelos
Ribeiro Presidente SOAMAR-CE Ary Gadelha de Alencar
V Alte (RM1) Luiz Augusto Correia Araripe
C Alte (RM1) Juliano Adolfo Etchverry CJU-RJ Romilson de Almeida Volotão
CMG (RM1) Ivan Pinto de Freitas Vice-Presidente da FGV Sérgio Franklin Quintela
CMG (RM1-IM) João Carlos de Oliveira Pimenta Presidente da FIESP Paulo Antônio Skaf
CMG (RM1) Juarez Alves Junior
CMG (RM1) Sergio Andrade Fernandes
CMG (RM1) Luís Claúdio Gonçalves Costa
CMG (RM1-IM) Paulo Vitor Sá de Gusmão
CMG (RM1-FN) João Domingos Talon
CMG (RM1) Sergio Lima Pinheiro Chagas
CMG (RM1-EN) Álvaro Rodrigues Fernandes
CMG (RM1) Marcelo de Carvalho Elmôr

Praças da ativa:
SO-MR Juracy Souza Magalhães
SO-PL Manoel De Carvalho Júnior
SO-MO Francisco de Assis da Silva Coelho
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Relação dos agraciados com Diplomas de


Horas de Imersão, Horas de Mergulho e
Atividade de Mergulho de Combate
20.000 horas de imersão:
SO-OS-SB Joel Carvalho dos Santos
1ºSG-OR-SB Marcos Antonio Pessoa da Silva
2ºSG-DT-SB Adriano Azevedo Rêgo

18.000 horas de imersão:


2ºSG-MO-SB Adnei Coelho Luz
2ºSG-EL-SB Marcos Paulo da Silva Cavalcante

16.000 horas de imersão:


1ºSG-CI-SB Sidemar de Oliveira

14.000 horas de imersão:


CC Luis Antonio de Menezes Cerutti
3ºSG-OS-SB Moises Muniz de Oliveira Junior

12.000 horas de imersão:


CMG Jose Renato de Amorim Moura
CC André Moraes Barros
SO-CN-SB Marcos André de Lêu 2°SG-MO-MEC Adilton da Silva Moreno
1ºSG-DT-SB Eduardo Bonifácio Ferreira
1ºSG-OS-SB Ubiratan Fernandes da Silva 600 horas de mergulho:
3°SG-MG Rosivaldo Lobato Rodrigues
10.000 horas de imersão:
CC Marcello Silveira de Andrade Carlos 400 horas de mergulho:
CC Aerton Rodrigues de Almeida 1°SG-MG-MEC Erickson Axel Kjellijn
2ºSG-EF-SB Ronildo Sousa 3°SG-MG Marlio Rodrigo Silva Pina
2ºSG-ET-SB Igor de Sena Bargiela 3°SG-MG Douglas de Souza Fonseca
3ºSG-ET-SB Eduardo Oliveira da Luz
200 horas de mergulho:
8.000 horas de imersão: SO-MG-MEC Marconi Francisco da Silva
CC Leonardo Braga Martins 2°SG-AM-MEC Claudio da Rocha Lima
CT Glauco Figueiredo 3°SG-MG Evanardo Silva de Sousa
SO-MA-SB Edson Alves Moreira 3°SG-MG Washington Luis da Silva
1ºSG-OR-SB Ricardo Ferraz de Melo 3°SG-MG Leandro Ferreira Ruela
2ºSG-MA-SB Antônio Carlos da Silva Souza
2ºSG-ET-SB Fabio Wanderson Amaral de Oliveira 12 anos de atividade de mergulho de combate:
3ºSG-OS-SB Cleider Gomes SO-MG-MEC Stenio Batista Pinto de Souza
1°SG-MG-MC José Fernando Rodrigues do Nascimento
6.000 horas de imersão: 2°SG-MO-MEC Adilton da Silva Moreno
CF Amilton Oliveira Ferreira
CF Giovanni Mendes De La Peña 8 anos de atividade de mergulho de combate:
CC Claudio Horacio dos Santos CC Tácito Augusto da Gama Leite
CC Fábio Luiz Braslavsky Leite Malta de Oliveira 2°Ten (AA) Luciano Falcão Ferreira
CC Marcio Claudio Bomfim Oliveira 1°SG-MG-MC Erickson Axel Kjellijn
CC Edson do Vale Freitas 2°SG-MR-MEC Joel Silva Ribeiro
CT Leandro Ferreira de Almeida 2°SG-AM-MEC João Carlos dos Santos Lopes
SO-OR-SB Francisco Fernando Vargas da Silva
1ºSG-ET-SB Raphael Lima Rodrigues 5 anos de atividade de mergulho de combate:
2ºSG-DT-SB Emilson João Dorbação Gonçalves CC Cláudio Pereira da Costa
2ºSG-MO-SB José Evandro Monteiro Lima 1°SG-MG-MEC Apulcro Casemiro da Silva
2ºSG-MA-SB Anaelson Siqueira Cavalcante 2°SG-MO-MEC Fábio Magno de Oliveira Pinto
2ºSG-PL-SB Michel De Jesus Figueiredo
4 anos de atividade de mergulho de combate:
800 horas de mergulho: 3°SG-MV-MEC Alex Barcelos Brandão
1°SG-MG Anderson Wagner Custodio Felippe 3°SG-HN-MEC Osaelson José C. de Farias Junior
114

Passagens de Comando 2012 e 2013

12 de fevereiro de 2012: 09 de abril de 2012: 09 de abril de 2012:


Submarino Tupi: Navio de Socorro Submarino Felinto Perry: Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro
Deixa o comando: Capitão-de-Fragata Gilberto Deixa o comando: Capitão-de-Fragata Tome Aché (CIAMA):
Carlos Salles dos Santos Albertino de Sousa Machado Deixa o comando: Contra-Almirante Roberto
Assume o comando: Capitão-de-Fragata Manoel Assume o comando: Capitão-de-Fragata Luiz Koncke Fiuza de Oliveira.
Luiz Pavão Barroso Filipe Queijo Correia. Assume o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra
João Ricardo dos Reis Lessa.

24 de abril de 2012: 24 de setembro de 2012: 13 de novembro de 2012:


Comando da Força de Submarinos: Submarino Tikuna: Submarino Tapajó:
Deixa o comando: Contra-Almirante Afrânio de Deixa o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra Deixa o comando: Capitão-de-Fragata José
Paiva Moreira Júnior. Eduardo Antonio Pires Martins. Renato de Amorim Moura.
Assume o comando: Contra-Almirante Glauco Assume o comando: Capitão-de-Fragata Assume o comando: Capitão-de-Fragata Horácio
Castilho Dall’ Antonia. Alexandre Madureira de Souza. Cartier.

20 de fevereiro de 2013: 21 de fevereiro de 2013: 25 de fevereiro de 2013:


Chefe do Estado-Maior do Comando da Força de Submarino Timbira: Submarino Tamoio:
Submarinos Deixa o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra Deixa o comando: Capitão-de-Fragata Humberto
Deixa o cargo: Capitão-de-Mar-e-Guerra José Thadeu Marcos Orosco Coelho Lobo. da Cunha Lima.
Renato de Amorim Moura Assume o comando: Capitão-de-Fragata André Assume o comando: Capitão-de-Fragata
Assume o cargo: Capitão-de-Mar-e-Guerra Caio Martins de Carvalho. Amilton Oliveira Ferreira.
Victoriano Renaud Filho

27 de fevereiro de 2013: 12 de abril de 2013: 30 de julho de 2013:


Base Almirante Castro e Silva (BACS) Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Grupamento de Mergulhadores de Combate
Deixa o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra Aché (CIAMA)
Caio Victoriano Renaud Filho. Deixa o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra João
Deixa o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra
Assume o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra Ricardo dos Reis Lessa. Italo Gama Franco Monsores
José Renato de Amorim Moura. Assume o comando: Capitão-de-Mar-e-Guerra Assume o comando: Capitão-de-Fragata Diller
Thadeu Marcos Orosco Coelho Lobo. de Abreu Junior
115

CARTA DO EDITOR
Caro leitor é com grande satisfação que divulgamos mais um ano de atividades do Comando da Força
de Submarinos e de antemão convido a todos a participar das futuras edições.
Gostou do que leu e quer divulgar uma experiência ou uma descoberta sobre Atividades de Submarino,
Mergulho, Mergulho de Combate, Medicina Hiperbárica ou outro tema de caráter científico-militar?
Participe do próximo Concurso da Revista “O Periscópio" ou simplesmente nos envie um texto e
fotografias que versem sobre nossas atividades, podendo ter seu artigo aprovado pelo Conselho Editorial
e publicado na próxima revista.
O regulamento do concurso é divulgado em BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS – ESPECIAL
da DIRETORIA DE COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA MARINHA,
normalmente no segundo semestre do ano anterior a edição, e consiste basicamente no seguinte:

. O trabalho deverá ser original.


. O autor deverá encaminhar o trabalho com o seu nome ou Ficha de Inscrição da
pseudônimo (para participar do concurso) escrito no cabeçalho Revista “O Periscópio”
direito das páginas. Deverá encaminhar também uma ficha de
inscrição preenchida e digitalizada, conforme o modelo abaixo: 1. Nome do autor:

. Os trabalhos deverão ser enviados eletronicamente, utilizando 2. Título do artigo:


processador de texto "WORD", configurados em folha tipo A-4, 3. Pseudônimo:
em espaçamento simples, fonte "Times New Roman", tamanho
12, e com o máximo de seis páginas de texto (contadas ainda sem 4. Posto ou Graduação:
figuras). 5. OM onde serve:
. Os artigos deverão ter imagens que ilustrem e enriqueçam 6. Endereço:
os assuntos, anexadas ou inseridas no próprio texto. As fotos,
7. Telefone:
gráficos ou ilustrações deverão ter a resolução mínima de 200 dpi
nos formatos “JPG”, "TIFF" ou "BMP", a fim de permitirem a sua 8. e-mail:
publicação.
.
Declaro ter conhecimento das
A participação na revista implica na cessão ao CIAMA e, normas e condições expressas
conseqüentemente à Marinha do Brasil, de todos os direitos de no Regulamento do Concurso
utilização dos textos e imagens enviados, para divulgação das da Revista “O Periscópio”,
atividades da instituição, inclusive em sítios da Internet. com as quais concordo
. Poderão participar do concurso, os militares da MB e das outras
integralmente.
Forças Singulares (da ativa e da reserva), oficiais de Marinhas Assinatura:
amigas e de Forças Armadas estrangeiras, além de funcionários
civis da MB e leitores da sociedade civil.

Não deixe de ler seu artigo na “O Periscópio” 2014 e informe-se do


regulamento completo posteriormente.

Contato no Expediente da Revista: GABRIEL NOGUEIRA DE SÁ


operiscopio@ciama.mar.mil.br Capitão-Tenente
Editor-Chefe

Imagem de Fundo: 1a capa da


revista O Periscópio (1962)
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