IntroduÇÃo Bíblica
IntroduÇÃo Bíblica
IntroduÇÃo Bíblica
Joelson Gomes
O que significa a palavra bíblia, você já fez esta pergunta? Então lá vai a
resposta.
Bíblia: Esta palavra vem do grego βίβλος (bíblos), isto por causa da cidade
fenícia chamada Biblos, que era um importante centro de produção dos
rolos de papiros usados para fazer os livros na antiguidade. A palavra
significava a fibra interna do papiro, depois passou a significar o livro
em si. Ela aparece em Lc. 3:4, significando um livro sagrado determinado;
em Ap. 3:5 significando o livro da vida; em At. 19:9, livros de magia; e em
Mt. 1:1, significando a lista da genealogia. Bíblia é a forma plural da
palavra biblos, pois as Escrituras Sagradas não é um livro só, mas uma
coleção de livros.1
Vd.: RUSCONI, Carlo. Dicionário do grego do Novo Testamento (São Paulo: Paulus, 2003), pp.98-99.
MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. A Bíblia e Sua História (São Paulo: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2006), p.238.
2
MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. p.14.
1
Salmo 44 nos informa do uso desta prática pelo povo de Israel, que ia
passando adiante sua tradição:
Muitas palavras faladas por Deus a pessoas como: Adão, Enoque (que
andou com Deus, Gn.5:18-24), Noé, Abraão, Melquesedeque ( que era
sacerdote de Deus em Salém, Gn.14: 18-20), não fora, colocadas por escrito, e
nós não as conhecemos. Só mais tarde é que Deus comissionou pessoas para
colocarem por escrito Suas palavras. 3
O ser humano, por causa de sua finitude, não poderia conhecer a Deus
sem que Este permitisse. Assim, Deus resolveu se revelar, e esta revelação se
deu de duas formas: Geral e Especial.
b) Revelação Especial - Chama-se assim a revelação feita por Deus aos seus
servos profetas na história do povo de Israel, e nos últimos dias pelo Seu Filho
Jesus Cristo (2Rs.17:13; Sl.103:7; Mt.11:27; Jo.1:18; 5:19; Hb.1:1-2).
3
HARRIS, R. Laird. Introdução Bíblica (São Paulo: Vida Nova, 2005), p.45.
2
L. Berkhof escreve:
4
BERKHOF, L. Teologia Sistematica 3ª ed. (Grand Rapids: T.E.E.L., 1976), pp. 39-40. (Tradução
minha)
3
se as duas alianças feitas por Deus, uma com o povo israelita, por
meio de Moisés, e outra com Jesus e a Igreja.
4
Outras cartas: Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João,
Judas.
Profecia: Apocalipse.
1- Os livros do cânon 5
do Antigo Testamento foram escritos quase
totalmente na língua hebraica, as exceções são um versículo de Jeremias
(Jr.10:11), e trechos em Esdras (Ed.4:8-6: 18;7:12-26), e Daniel (Dn.2:4-
7,28), que foram escritos em aramaico. Pelo fato de o A.T. não ser só um
livro, mas, uma literatura, que foi composta durante um longo tempo, o
seu texto apresenta-se variado em razão das diferentes épocas em que
foi escrito.
5
Para o significado desta palavrinha veja a seção VII, letra b.
6
Para saber o que foi o Exílio veja seção VII, letra e.
5
iniciados.7 Os massoretas substituíram os escribas (Sopherins) por volta
mais ou menos do ano 500 d.C. até 1.000 d.C..
7
Para detalhes Vademecum para o Estudo da Bíblia 2ª ed. (São Paulo: Paulinas, 2005), pp.143-154.
8
Conforme <http://pt.wikipedia.org/wiki/Massoreta> Acesso em 09/03/08. Para mais detalhes ver:
http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?letter=M&artid=246
6
b) A língua do N.T.: Grego Koiné.
O grego que conhecemos hoje tem pelo menos 3.000 anos de história. A
fase antiga da língua vai de aproximadamente 1.000 a 330. a.C.; o período
clássico é por volta do século V a.C.; e o período Koiné de 330 a.C, a
aproximadamente 330.d.C.; depois vem o grego moderno desta data até
nossos dias. O grego Koiné ( koiné é a forma feminina do adjetivo Koinos, que
se usa aqui com o sentido de comum), foi a língua na qual foi escrito o N.T. Esta
língua é o resultado do processo de helenização (helênico=grego) iniciado pelo
imperador Alexandre o Grande, por volta de 330 a.C. Comparando-se com o
grego clássico, este tipo de fala é muito simplificada. Ela era a língua do povo
que não teve escola, e que não possuía dotes literários. Não tinha padrão e
variava de indivíduo para indivíduo. 9
“As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de
maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus. Seu valor é
incalculável e devem ser lidas por todos os homens.” 10
9
Ibid., pp.155-167; BITTENCOURT, P. B. O Novo Testamento, 3ª ed. (Rio de Janeiro: JUERP, 1993),
pp. 45-56.
10
Artigo 3° da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo (confissão de Fé dos
Congregacionais brasileiros).
7
1)Teoria da Intuição – Os adeptos desta teoria dizem que a inspiração é um
grau mais alto de desenvolvimento da percepção humana. Assim como
os filósofos deram origem a grandes obras de filosofia na área secular,
grandes homens deram origem a grandes livros religiosos. O elemento
divino é descartado nesta compreensão, ela é, pois uma teoria
racionalista.
3)Teoria do ditado - Nesta teoria o Espírito Santo toma posse completa dos
corpos dos escritores bíblicos. Eles seriam meros instrumentos passivos
nas mãos de Deus.
8
inspiração. Assim, a inspiração não seria natural, nem parcial, nem
mecânica, mas sobrenatural, plenária e dinâmica.
Confessamos que esta Palavra de Deus não foi enviada nem produzida pela vontade de
homem algum, senão pelos santos homens de Deus, sendo guiados pelo Espírito Santo,
falaram conforme disse o apóstolo Pedro. Depois, Deus, por um cuidado especial que Ele
tem conosco e com nossa salvação, mandou a seus servos, profetas e apóstolos consignar
por escrito Sua Palavra revelada; e Ele mesmo escreveu com Seu dedo as duas tábuas da
Lei. Por esta razão, a tais escritos o denominamos: santas e divinas Escrituras (art. 3°).
11
FERREIRA, Júlio Andrade (org). Antologia Teológica (São Paulo: Novo Século, 2003), pp. 39-41.
9
b) A Bíblia reinvidica a inspiração.
“porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana;
entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo”(2Pd.1:21).
10
2- Históricos- Js.1:1ss; Jz.1:2ss; 2Sm.2:1;
3- Poéticos- Jó 38:1ss; Sl.2:1-2; cf. At.4:24-26;
4- Proféticos- Is.1:1-2ss; Jr.1:2ss; Zc.7:7,12; Ml.1:1ss.
14
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 1999), pp.45-47.
11
Portanto toda a Bíblia, A.T. e N.T. reinvidica para si a qualidade de palavra
inspirada por Deus.
12
8- Crônicas do Profeta Natã (1Cr. 29:29);
9- Crônicas do Profeta Gade (1Cr. 29:29);
10- História do Profeta Natã (2Cr.9:29);
11- Profecias de Aias, de Siló (2Cr. 9:29);
12- Visões do Profeta Ido (2Cr. 9:29);
13- História do Profeta Semaías e História do Profeta Ido (2Cr. 12:15);
14- História do Profeta Ido (2Cr. 13:22);
15- História dos Reis de Judá e de Israel (2Cr. 16:11);
16- História de Jeú, Filho de Hanani (escrita na “História dos Reis de Israel”, 2Cr.
20:34);
17- Comentário Sobre o Livro dos Reis (2Cr. 24:27);
18- Atos de Uzias (escritos “pelo profeta Isaias”( 2Cr. 26:22);
19- História dos Reis de Israel e de Judá (2Cr. 27:7);
20- Visão do Profeta Isaias (escrita na “História dos Reis de Judá e de Israel”(2Cr.
32:32).
21- História dos Profetas (2Cr. 33:19);
15
MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. p. 43.
16
Vd.: Teologia Sistemática, pp. 28-43, para o assunto.
13
b) A palavra cânon vem do grego κανων (em hebraico qaneh) que significava
primitivamente vara ou régua, especialmente usada para manter algo em linha
reta (uma espécie de prumo), como a linha ou a régua dos pedreiros e
carpinteiros. Os clássicos gregos usavam esta palavra no sentido figurado de
regra, norma, padrão. No N.T., a palavra aparece em Gl.6:14, no sentido da
regra moral, ou lei, e em 2Co.10:13,15,16, no sentido de medida, limite. Com
o passar do tempo a palavra passou a significar o cânon da Igreja, as regras de
doutrina e prática. No 4º séc.d.C. os autores patrísticos (primeiros escritores
cristãos) aplicam o termo pela primeira vez para a Bíblia, para diferenciá-la
como coleção de escritos reconhecidos como autorizados pela Igreja.17
d) Logo após Moisés, Josué amplia a coleção das palavras divinas (Js.24:26).
Temos também o registro de que Samuel escreveu (1Sm.10:25; ICr.29:29); os
sábios de Israel escreveram (Pv.30:30); Isaías (2Cr.26:22; 32:32); Jeremias
(Jr.30:2); e muitos outros deram sua contribuição para o crescimento do cânon
do A.T.. Muitas Leis das quais temos conhecimento hoje podem ter se
17
BITTENCOURT, P. B. pp.23-24.
18
Sobre o testemunho da própria Bíblia sobre sua autoria veja: BOYCE, James Montgomery (ed.) O
Alicerce da Autoridade Bíblica (São Paulo: Vida Nova, 1997), pp. 101-117.
14
originado como a que está registrada em Nm.27:1-11, isto é, na própria
vivência do povo.
f) Deus fez o povo Israelita voltar do seu cativeiro. Ed.1-6 relata o retorno do
primeiro grupo, em 538/37 a.C., período em que Esdras e Neemias
escreveram seus livros. Por este tempo já se tinha quase todo o A.T. concluído,
faltando talvez: Ageu, Zacarias, talvez Joel, e também Malaquias. Estes livros
teriam sido escritos justamente durante esta volta do povo de Israel, do
cativeiro, para a reestruturação de Jerusalém.
19
Vale salientar que toda cronologia desta época é aproximada, aqui eu sigo as datas do Vademecum
para o Estudo da Bíblia já citado.
20
Para as datas referentes a Esdras e Neemias ver: Bíblia de Estudo de Genebra (A.T.) (São Paulo:
Cultura Cristã, 1999), pp. 538, 547, 551.
21
Sobre isso veja: GRUDEM, Wayne. pp. 28-32; ROST, L. Introdução aos Livros Apócrifos e
Pseudepígrafos e aos Manuscritos de Qunrã (São Paulo: Paulinas, 1980), p. 17; LADD, George Eldon.
Teologia do Novo Testamento, 2ª ed (Rio de Janeiro: JUERP, 1984), p. 324.
15
de Apócrifos. Um destes textos apócrifos testemunha claramente esta crença
de que no seu tempo o período dos profetas já havia acabado.
Reinou então em Israel uma opressão como não houvera outra desde o final dos
tempos dos profetas (Imacabeus 9:27, destaque meu).
h) Vários autores têm colocado que o cânon do A.T. foi oficialmente fechado
em Tel-Aviv, num sínodo (concílio) de sábios judeus realizado na cidade
Jâmnia, cerca de 90-100 d.C.22 Neste sínodo os livros que já eram aceitos pelos
judeus como sagrados, foram oficializados, tornou-se lei não aceitar mais nada
além dos mesmos. Estes são os 39 livros que compõem o Antigo Testamento
como o lemos hoje. Salientamos que não foi nesta data que estes escritos
passaram a se considerados inspirados, pois o Novo Testamento já indicava
que o Antigo era a palavra de Deus (Mt.1:22; 4:4; 19:5; Mc.7:9-13;
Lc.24:25,27,44; At.1:16; 2:16-17; 3:18; 24:14; Rm.15:4). Este concílio teria apenas
ratificado os mesmos.
a)O Novo Testamento (N.T.) O N.T. começa a ser formado juntamente com a
formação da Igreja. Ele vai sendo escrito pelos discípulos de Jesus. A Bíblia da
Igreja Primitiva ainda era o A.T. (Mc. 12:36; Rm. 9:25-29; Hb. 3:7-11). Era do
A.T. que eles tiravam sua doutrina. Na expectativa da época, quando viesse, o
Messias, Filho de Deus seria aquele que traria de volta o Espírito de profecia, e
Cristo quando apareceu, foi entendido como o Profeta, anunciado por Moisés
para aparecer no final dos tempos (Dt.18:15; Jo.6:14). A profecia bíblica
anunciava um derramar do Espírito Santo para a época do Messias (Ez.36:25-
27; Jl.2:28-30), e isso se cumpriu em Cristo que batizava com o Espírito
(Mt.3:11). O tempo da inspiração estava de volta com a chegada de Jesus, o
Messias e homens usados por Deus começavam a registrar a revelação do
22
MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. p.56; SCHREINER, J. (ed.) Palavra e Mensagem (São
Paulo: Paulinas, 1987), pp. 31-33; Vademecum para o Estudo da Bíblia, p. 308; BITTENCOURT, P. B.
p. 28.
16
Evangelho da Graça, começando com a revelação direta de Jesus (Mt, Mc, Lc,
Jo), que veio a terra tornar Deus conhecido (Jo.1:18).
23
HENDRIKSEN, William. Mais Que Vencedores (São Paulo: Cultura Cristã, 2001), pp. 24-25.
24
Citado em MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. p.81.
17
Ele ainda faz citações diretas de Mt. 26:24 e Lc.17:2.25 Fazem assim
também outros autores primitivos como Inácio, martirizado entre 107 e
117 d.C., Justino Mártir, que compôs suas Apologias cerca de 151-153
d.C., e Papias, cuja obra se situa por volta de 140 d.C. Este último já
testemunha a existência do Evangelho de Marcos.26
25
BITTENCOURT, P. B. p.30.
26
Ibid, p. 32.
18
de sete: 1e2 Coríntios , Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, 1e2
Tessalonicenses e Romanos. Filemon e as três pastorais são
consideradas cartas particulares com esta observação: “Mas ele
escreveu uma carta a Filemon, uma a Tito, duas a Timóteo com
afeição e amor. Elas têm sido santificadas pelas ordenanças da
disciplina eclesiástica, em honra à Igreja Católica27”. O autor do
cânon considera espúrias as epístolas aos laodicenses e aos
alexandrinos, que eram atribuídas a Paulo, e que recusa com estas
palavras: “Há muitas outras que não podem ser recebidas na Igreja
Católica, pois o fel não pode ser misturado com mel”. A epístola de
Judas, as duas epistolas de João, o Livro da Sabedoria, os
Apocalipses de João e de Pedro são aceitos, mas o autor reconhece
que o último é rejeitado por alguns. Embora recomendado, o Pastor
de Hermas não é recebido como possuindo autoridade. 28
27
O adjetivo Católico não tem nada a ver com a Igreja de Roma que ainda iria surgir no séc. IV,
Católico significa Universal.
28
BITTENCOURT, P. B. pp. 35-36.
29
MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. p. 93; BITTENCOURT, P. B. p. 36.
30
BRUCE, F. F. Merece Confiança o Novo Testamento? 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 1999), pp. 32-33.
19
Já em Orígenes (185-254) encontra-se a citação de que os
4 evangelhos, Atos, 13 cartas de Paulo, 1 Pedro,1 João,
e o Apocalipse são aceitos por todos. E diz que
Hebreus, 2 Pedro, 2 e 3 João, Tiago e Judas, juntamente
com a Epístola de Barnabé, o Evangelho segundo os
Hebreus, o Pastor de Hermas e o Didaquê, são
rejeitados, mas por alguns.
Luciano de Antioquia (250-312) achava que o
Apocalipse deveria ser excluído, mas reconhecia Tiago,
Pedro e 1 João.
Eusébio (cerca 265-340), diz que são igualmente
reconhecidos todos os livros do N.T., com exceção de
Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João e o Apocalipse, que
eram contestados por alguns, mas reconhecidos pela
maioria dos cristãos.
Chegando-se em 367 d.C., o bispo Atanásio, em sua
carta de páscoa, mostrou que os 27 livros do N.T. como
o temos hoje, eram os únicos a serem reconhecidos como
canônicos no Ocidente.
31
Para todo este assunto do cânon do N.T., ver: BITTENCOURT, P. B. pp. 23-37; BRUCE, F. F. pp. 29-
38.
32
MOULE, C. F. D. As Origens do Novo Testamento (São Paulo: Paulinas, 1979), p. 213.
20
2.2. Critérios Canônicos.
Existem muitas razões pelas quais a Igreja que estava sendo formada
deveria reconhecer exatamente quais os livros cristãos que possuíam
autoridade divina, como o A.T. Algumas delas são:
21
5) Manuais de Instrução: Didaquê ou Ensino dos Doze Apóstolos;
2Clemente; Pregação de Pedro.33
A Igreja deveria saber que livros aceitar como inspirado por Deus e
quais recusar. Assim, para se chegar ao Cânon que temos hoje, P.B. Bittencourt
nos diz que foram usados os seguintes critérios:
33
BITTENCOURT, P. B. p. 39.
34
C. F. D. Moule afirma que a Igreja Primitiva não aceitava obras de ficção como se fossem obras
históricas e divinas. As Origens do Novo Testamento, p. 215.
22
VIII- A PRESERVAÇÃO DA BÍBLIA ( manuscritos e códigos importantes).
1) Testemunhos diretos.
35
Para este e outros assuntos sobre manuscritos bíblicos vd.: MAINVILLE, Odette. A Bíblia à Luz da
História (São Paulo: Paulinas, 1999), pp.24-35. Vademecum para o Estudo da Bíblia, p. 171.
23
os séculos VIII- X d.C., formou-se o que hoje se chama de Texto
Massorético (TM). Chamou-se assim por causa dos Massoretas, nome
dado aos sábios judeus que fixaram este texto (Veja. Tópico IV, 3).
2) Testemunhos Indiretos.
24
b)A Hexapla de Orígenes- Em meados do séc.III (aproximadamente 245 d.C.)
Orígenes fez uma edição em seis colunas paralelas apresentando várias
traduções da Bíblia na seguinte ordem: 1) o texto hebraico; 2) a transliteração
em caracteres gregos do texto hebraico; 3)Versão de Áquila; 4) Versão de
Símaco; 5) a Septuaginta; 6) o Teodoçião ( versão de Teodócio). Existem
fragmentos de seu texto.39
c) A Vulgata- Foi uma tradução do grego para o latim feita por Jerônimo entre
os anos de 390 e 405.40
O Novo Testamento leva grande vantagem quanto ao tempo que separa suas
primeiras cópias manuscritas dos respectivos autógrafos. Possui o Novo
Testamento cópias completas dentro do quarto século, menos de 300 anos de seus
originais. Os papiros descobertos por Chester Beatty (P45, P46 e P47), estão dentro
da primeira metade do terceiro século. Recuando mais, temos a coleção de papirus
Bodmer (P66, P72 e P74), sendo que P66 recua o estudante a cerca do ano 200. O
P52, na John Rylands Library, de Manchester, Inglaterra, leva-o ao ano 125 e, como
se trata do texto do Evangelho de João, representa cópia dentro dos trinta anos
próximos da produção dos autógrafos. Não se dá o mesmo com os clássicos gregos
e latinos, embora estes últimos estejam em melhor situação que aqueles. A cópia
mais antiga que existe de Sófocles foi escrita 1.400 anos depois da morte do poeta.
Ésquilo e Tulcídides estão nas mesmas condições. O intervalo entre a obra de
Eurípedes e o manuscrito mais antigo existente é de 1.600 anos. Para o grande
Platão o intervalo é de 1.300 anos. Entre os latinos, enquanto em Catulo o intervalo
é de 1.600 anos e para Lucrécio de 1.000, Terêncio e Lívio reduzem-no para 700 e
500 anos respectivamente. Só Virgílio se aproxima do Novo Testamento, pois há
um manuscrito seu do quarto século, quando o autor faleceu em 8 a.C.41
Testemunhos diretos
39
Veja para o assunto: MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. pp.90-91.
40
MAINVILLE, Odette. p. 27.
41
O Novo Testamento, pp. 61-62.
25
Os manuscritos existentes do N.T. são mais de 2.500, dos quais
266 são unciais (maiúsculos). Acrescenta-se ainda a estes manuscritos 84
papiros. Vamos olhar os mais importantes.
42
Vd.: Vademecum para o Estudo da Bíblia, pp. 173-174.
26
• P 52. É o mais antigo manuscrito conhecido do N.T. descoberto no
Egito, é da primeira metade do século II. Contém João 18:31-33, 37-38.
Está na John Rylands Library, de Manchester.
• P 45, P46, P47. São chamados papiros Chester Beatty. O P46 é composto
de 46 folhas e reproduz as cartas de Paulo. O P47 com 10 folhas contém
Ap.9:10-17: 2. São da metade do século II, ou talvez antes.
• P 66, chamado papiro Bodmer II. Escrito em torno do ano 200, contém
quase a totalidade de Jo.1-14, e fragmentos dos capítulos seguintes
• P 75. Chamado papiro Bodmer XIV, XV. Escrito no início do séc.III,
contém grande parte de Lucas e dos primeiros 15 capítulos de João.
• P 72. Chamado papiro Bodmer VI-VIII. Escrito nos séculos III e IV,
contém o texto mais antigo encontrado até hoje da carta de Judas, e
das duas cartas de Pedro.43
Por aqui você vê que essa história de que os manuscritos bíblicos foram
alterados, que não se pode confiar na Bíblia, que os manuscritos bíblicos estão
escondidos no Vaticano, é tudo invenção. O Museu do Vaticano não tem quase
nada, essa é a grande verdade, os mais importantes manuscritos estão em
vários museus, e em vários lugares. São abertos a qualquer estudioso que
quiser comprovar a realidade dos mesmos. A Palavra de Deus é fiél, confiável,
verdadeira.
43
Para todo este assunto veja: Vademecum para o Estudo da Bíbia, pp. 174-175; Para todo este assunto
da confiabilidade da Bíblia veja o já citado BRUCE, F. F. Merece confiança o Novo Testamento?;
McDOWELL, Josh. Evidência Que Exige um Veredito v.2, 2ª ed. (São Paulo: Candeia, 1997). E para
uma extensa lista de manuscritos e Códices, com sua localidade e datas veja: BITTENCOURT, P. B. pp.
70-92.
27
IX- A DIVISÃO EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS.
Pois bem, depois desta caminhada, que não muito longa não, não é?
Você conhece um pouco mais da sua Bíblia. Esta que é a Palavra de Deus,
aquele livro que dá vida e ao qual nada pode ser acrescentado. Ela é maior
profecia, fora da qual nenhuma outra profecia pode ser aceita (1 Co. 14: 29), e
fora da qual nenhum ensino ou ensinador deve ser ouvido e seguido (Dt. 13: 1-
4; Gl. 1:8-9) A Igreja Protestante ao nascer tinha entre seus principais lemas: Só
as Escrituras, em sinal de respeito e submissão somente a Bíblia. Hoje as
Igrejas que se dizem Protestantes devem proclamar esta mesma verdade. E
você, é Protestante, que lugar tem a autoridade da bíblia em sua vida, qual seu
apego e respeito por ela? Nesse aspecto não tem meio termo, ou somos, ou não
somos.
“Guardo no coração as tuas palavras para eu não pecar contra ti.” (Sl. 119:
11).
Endereço do autor
joelsonfgomes62@hotmail.com
44
Vademecum para o Estudo da Bíblia, p 180.
28