Tecnica S
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Tecnica S
EM AMBIENTES FLORESTAIS
Ângela Maria Klein Hentz1, Marieli Sabrina Ruza2, Ana Paula Dalla Corte3, Carlos
Roberto Sanquetta3
1
Eng. Florestal. Mestranda do PPG em Engenharia Florestal - UFPR – Curitiba, PR,
Brasil – angelakhentz@gmail.com
2
Graduanda em Engenharia Florestal – UFPR, Curitiba, PR, Brasil
3
Eng. Florestais, Professores do Departamento de Ciências Florestais – UFPR -
Curitiba, PR, Brasil
RESUMO
Este trabalho teve como objetivos testar a relação entre três índices de vegetação,
sendo: NDVI, SAVI e EVI, com dados de biomassa arbórea em fragmento de floresta
ombrófila mista (FOM) e posteriormente ajustar equações a partir das quais fosse
possível estimar os valores de biomassa a partir do índice de maior correlação. Para
a geração dos índices utilizou-se cena do satélite Landsat 8, que possui resolução
espacial de 30 metros. Os dados de biomassa arbórea foram obtidos de 4 parcelas
permanentes instaladas em São João do Triunfo, pertencentes ao projeto PELD sítio
9. Depois de coletados os valores de biomassa e dos índices, observou-se que a
maior correlação foi dada com o índice SAVI, que foi, portanto utilizado para o ajuste
de modelos estimativos. Foram testados 5 modelos, observou-se que o melhor
ajuste foi dado pela equação que considerava do índice na sua forma logaritmizada,
que obteve R²aj. de 0,87 e Syx 27,54%. Essa equação, porém, apresentou
tendenciosidade quando plotados os resíduos, desta forma indicou-se utilizar outra
equação, como a número cinco, que obteve valores de R²aj. e Syx (%) semelhantes e,
uma melhor distribuição de resíduos, porém ainda apresentou maiores erros nas
extremidades do gráfico. Logo, foi possível verificar que o uso de imagens de satélite
permite a estimativa da biomassa arbórea com erros aceitáveis, a partir do uso de
equações que relacionam o índice de vegetação com os valores de biomassa
obtidos em inventários florestais.
ABSTRACT
This study aimed to test the relationship between three vegetation index, they are:
NDVI, SAVI and EVI, using data from tree biomass in fragment of Mixed
Ombrophylous Forest (FOM) and subsequently adjust equations with the index with
the highest correlation. For the generation of the indices was used Landsat scene 8,
which has a spatial resolution of 30 meters. The arboreal biomass data was obtained
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2810 2014
from 4 permanent plots established in São João do Triunfo, Minas Gerais State,
Brazil, belonging to the project PELD site 9. After collected biomass values and
indices, was observed that the highest correlation was given with the index SAVI,
which was, therefore used for the adjustment of estimated models. Five models were
tested, and it was observed that the best fit was given by the equation that it
considered the index on its logarithmic form, who obtained R²aj. of 0.87 and Syx
27.54 %. This model however, showed in graphical analysis, distribution problems in
the waste. In this case is indicated that are use another equation, such as the
number five, who obtained values of R²aj. and Syx(%) similar, and a better distribution
of waste, but still presented larger errors in the extremities of the chart. Therefore, it
was verified that the use of satellite images allows the estimation of tree biomass
with acceptable errors, using equations that relate vegetation index values with
biomass obtained in forestry inventories.
KEYWORDS: SAVI; Vegetation index, Landsat 8, Mixed Ombrophylous Forest.
INTRODUÇÃO
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p.2811 2014
O ajuste de valores espectrais permite obter índices de vegetação que podem
ser comparados com indicadores ecológicos da estrutura e dinâmicas das florestas.
Estes índices provenientes do processamento digital evidenciam informações a
respeito da quantidade de biomassa verde e dos parâmetros de crescimento e
desenvolvimento da vegetação (VIGANÓ et al., 2011).
Os índices de vegetação, de acordo com JENSEN (2009), são medidas
radiométricas adimensionais, que indicam a abundância relativa e a atividade da
vegetação verde, incluindo o índice de área foliar (IAF), porcentagem de cobertura
verde, teor de clorofila, biomassa verde e radiação fotossinteticamente absorvida
(RFAA). Que minimizam os efeitos da iluminação da cena, declividade da superfície
e geometria de aquisição que influenciam os valores de refletância da vegetação.
De acordo com ROSA et al. (2013) esses índices de vegetação podem ser
utilizados empiricamente para estimar a quantidade de biomassa. Segundo BARET
e GUYOT (1991) a produção primária demonstra uma estreita relação com a
radiação solar absorvida pela vegetação. PONZONI et al. (2012) mencionaram que a
maioria dos índices baseiam-se no comportamento antagônico da vegetação nas
regiões espectrais do vermelho e infravermelho próximo e, que a princípio quanto
maior for a densidade da cobertura vegetal, menor será a refletância no visível,
devido a maior presença de pigmentos fotossintetizantes.
Dentre estes índices um dos mais utilizados é o NDVI (Índice de Vegetação
por Diferença Normalizada), que segundo JENSEN (2009) é um índice baseado em
razão, é não linear e pode ser influenciado por efeitos ruidosos aditivos, tais como
radiância de trajetória atmosférica. Também afirmou que o NDVI é importante,
porque a razão reduz muitas formas de ruídos que em alguns casos são
apresentados nas imagens.
Embora extremamente útil na estimativa de parâmetros biofísicos da
vegetação, o NDVI apresenta problemas de saturação em áreas densamente
vegetadas e não-linearidade nas relações com o índice de área foliar (LAI) e com a
fração de radiação fotossinteticamente absorvida (fPAR). O NDVI é também
seriamente afetado pela geometria de aquisição (Sol-alvo-sensor), a estrutura do
dossel vegetal, efeitos atmosféricos e substrato (GOWARD et al., 1991).
Desta forma, alguns outros índices buscam resultados melhorados em relação
ao NDVI, como o caso do SAVI (Índice de Vegetação Ajustado para o Solo), que
considera a influência das características dos solos no cálculo dos índices de
vegetação (HUETE, 1997). Da mesma forma, o EVI (Índice de Vegetação
Melhorado) é um índice que otimiza o sinal da vegetação, e melhora a sua detecção
em regiões de maior densidade de biomassa (PONZONI et al., 2012).
Segundo WATZLAWICK et al. (2009) busca-se associar às estimativas o
conteúdo de biomassa e carbono aos dados de radiância ou reflectância de imagens
de satélite para obter melhor estimativas dos valores de biomassa. Diversos autores
já aplicam o índices de vegetação para estimativas de biomassa, sendo em geral
encontrada forte correlação entre os índices utilizados e biomassa mensurada,
podendo-se citar os trabalhos de WATZLAWICK et al., (2009), WATZLAWICK et al.
(2006), MACIEL et al. (2009), BOLFE et al. (2012), BOLFE et al. (2009), entre
outros. Em função da importância dessas estimativas e a possibilidade de obtenção
de informações remotas, este trabalho teve como objetivo integrar as técnicas de
sensoriamento remoto para predições de biomassa com a modelagem de um
fragmento da Floresta Ombrófila Mista.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2812 2014
MATERIAL E MÉTODOS
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
ÍNDICES DE VEGETAÇÃO
Equação 1
Em que:
NIR = refletância na banda referente ao infravermelho próximo, adimensional;
R = refletância na banda referente ao vermelho, adimensional.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2814 2014
para o substrato do dossel (VIGANÓ et al., 2011). O SAVI é dado pela equação 2, a
seguir:
Equação 2
Em que:
NIR = reflectância na banda referente ao infravermelho próximo, adimensional
R = refletância na banda referente ao vermelho, adimensional
L = Fator de correção para o solo, adimensional (0,5)
A constante L apresentou valores de 0 a 1, variando segundo a própria
biomassa. Sendo o adequado, segundo HUETE (1988), L = 1 para baixas
densidades de vegetação, L = 0,5 para médias densidades de vegetação, L = 0,25
para altas densidades de vegetação.
Foi utilizado L = 0,5 devido às características da floresta, em sucessão
média/avançada. Foram também testadas algumas variações na constante, porém
que não se mostraram melhores para realçar a vegetação, desta forma manteve-se
o valor 0,5.
Equação 3
Em que:
G = fator de ganho (2,5);
NIR = refletância na banda referente ao infravermelho próximo, adimensional;
R = refletância na banda referente ao vermelho, adimensional;
B = refletância na banda referente ao azul, adimensional;
L = fator de ajuste para os solos (1,0);
C1 e C2 = coeficientes para correção da banda vermelha em função do
espalhamento atmosférico por aerossóis, descrevem a banda azul (6,0 e 7,5,
respectivamente).
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Enquanto o NDVI é sensível à clorofila, o EVI é mais sensível às variações na
resposta estrutural do dossel, incluindo o índice de área foliar (LAI), a fisionomia da
planta e a arquitetura do dossel (HUETE et al., 2002).
ESTIMATIVAS DE BIOMASSA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 2 – Composição colorida da área de estudo.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p.2817 2014
KIRCHNER (2008) também encontraram valores de biomassa superiores a este
trabalho, na média de 343,06 t.ha-1 para floresta ombrófila densa.
Os valores de cada índice para cada limite útil foi observado e correlacionado
com os valores reais de biomassa das árvores encontradas neste mesmo limite.
Observou-se que o índice que obteve a melhor correlação foi o SAVI, com o valor de
0,30. Valores próximos foram encontrados por CASSOL (2013), que também dentre
os três índices aqui considerados encontrou a maior correção para SAVI.
WATZLAWICK et al. (2009) encontraram também a melhor correlação entre
SAVI e biomassa, quando comparados com NDVI e Razão de bandas, em estudo na
Floresta Ombrófila Mista (FOM) com uso de imagens do satélite IKONOS. Da
mesma forma FERRAZ et al. (2013) encontraram a melhor correlação para SAVI em
floresta estacional semidecidual, comparando-se os três índices avaliados neste
estudo.
Sendo o SAVI o índice com maior correlação, ele foi utilizado para a
estimativa de biomassa arbórea, a partir de modelos que foram desenvolvidos e
avaliados quanto ao seu ajuste. Também foram plotados os valores de SAVI e
Biomassa em um gráfico a fim de observar qual a característica da relação entre
eles, conforme apresentado na Figura 4.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2818 2014
Tabela 2 – Equações ajustadas, coeficientes e estatísticas para estimativa de
biomassa arbórea a partir do índice SAVI
Número Modelo β0 β1 R²aj. Syx (%)
1 Y = β0 + β1 * SAVI 0 411,6857 0,8346 34,34
2 Y = β0 + β1 * ln(SAVI) 0 4.546,398 0,8713* 27,54*
3 Y = β0 + β1 *(SAVI)² 0 7,823857 0,6447 57,93
-1
4 Y = β0 + β1 * (SAVI) 0 536.175,4 0,7877 41,44
5 Y = β0 + β1 * √(SAVI) 0 2.670,395 0,8692 27,98
* Representa o melhor valor para a estatística considerada. Syx (%) = Erro padrão da estimativa em
percentual; R²aj. = Coeficiente de determinação múltipla ajustado; β0 e β1 = Coeficientes ajustados. ln =
valor logaritmizado; SAVI = Valor do Índice de Vegetação Ajustado para o Solo; Y = variável
dependente (biomassa) estimada.
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Quanto aos pontos distantes da maioria, estes podem ser explicados pela
mesma razão que foi observado por WATZLAWICK et al. (2006), que comentaram
que esse fato possivelmente é decorrente do número reduzido de pares de dados
utilizados para o ajuste, além da existência de valores discrepantes, sendo portanto
o ideal utilizar maior número de dados para elaborar um ajuste melhor.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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