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Tecido Ósseo - Histologia Interativa

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HISTOLOGIA INTERATIVA
Universidade Federal de
Alfenas

Tecido Ósseo
O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido
conjuntivo. A mineralização da matriz proporciona
dureza ao tecido, sendo que, a matriz colágena
concede certa flexibilidade. Graças a essa
flexibilidade, suas estruturas são demasiadamente
dinâmicas, crescem, remodelam e mantem sua
atividade durante toda a vida do organismo.

Funções

O tecido ósseo é o constituinte principal do


esqueleto, serve de suporte para as partes moles e
protege órgãos vitais, como os contidos nas caixas
cranianas e torácica e no canal raquidiano;
Aloja e protege a medula óssea, formadora das
células do sangue;
Proporciona apoio aos músculos esqueléticos,
transformando as suas contrações em
movimentos úteis, e constitui um sistema de
alavancas que amplia as forças geradas na
contração muscular;
Funciona, ainda, como depósitos de cálcio, fosfato
e outros íons, armazenando os ou libertando-os de
maneira controlada, para manter constante a
concentração desses importantes íons nos líquidos
corporais.

Constituintes

O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido


conjuntivo formado por células, e material
extracelular calcificado, a matriz óssea. A matriz
apresenta 50% de parte orgânica e 50% de material
mineral.

Parte orgânica

95% colagéno tipo I;


Glicosaminoglicanos e proteoglicanos semelhantes
aos da cartilagem;
Glicoproteínas adesivas com, por ex. a
osteonectina que faz a ligação ao colágeno e aos
proteoglicanos.

Parte inorgânica

Os íons mais encontrados são o fosfato e o cálcio


que formam cristais de hidroxipatita. Os íons da
superfície deste cristal são hidratados existindo,
portanto, uma camada de água à volta onde estão
dissolvidos alguns íons, quando é necessário cálcio,
o primeiro a ser mobilizado é o que está nesta
camada à volta dos cristais. Só posteriormente é
que se dá a dissolução dos cristais através dos
osteoblastos.

Células do tecido ósseo

Células osteoprogênitoras

São células mesenquimatosas (origem


mesenquimal) com poder de diferenciar se e
proliferar-se em células formadoras de tecido
ósseo, os osteoblastos. Essas células persistem até
a vida pós natal e são encontradas em quase todas
as superfícies livres dos ossos (endósteo, periósteo,
trabéculas de cartilagem calcificada). Durante a fase
de crescimento dos ossos e reparações de lesões
ósseas, as células osteoprogenitoras são mais ativas
e também aumentam a sua atividade originado
novos osteoblastos para o tecido ósseo.

Osteoblastos

Os osteoblastos são células jovens com intensa


atividade metabólica e responsáveis pela produção
da parte orgânica da matriz óssea, composta por
colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas.
Também concentram fosfato de cálcio, participando
da mineralização da matriz. São cúbicas ou
cilíndricas e são encontradas na superfície do osso
periósteo (membrana fina que reveste o osso).
Fazem a regeneração óssea após fraturas. Os
osteoblastos existem também no endósteo
(membrana de tecido conjuntivo que reveste o
canal medular da diáfise e as cavidades menores do
osso esponjoso e compacto). Durante a alta
atividade sintética, os osteoblastos destacam-se por
apresentar muita basofilia (afinidade por corantes
básicos). Possuem sistema de comunicação
intercelular semelhante ao existente entre os
osteócitos. Os osteócitos inclusive originam-se de
osteoblastos, quando estes são envolvidos
completamente por matriz óssea. Então, sua
síntese protéica diminui e o seu citoplasma torna-se
menos basófilo.

Osteócitos

Os osteócitos estão localizados em cavidades ou


lacunas dentro da matriz óssea. Destas lacunas
formam-se canalículos, onde no seu interior os
prolongamentos dos osteócitos fazem contatos por
meio de junções comunicantes, podendo passar
poucas moléculas e íons de um osteócito para o
outro. Os osteócitos têm um papel fundamental na
manutenção da integridade da matriz óssea.

Osteoclastos

Os osteoclastos são células muito grandes que


resultam da fusão de várias células do sistema
fagocitário mononuclear, têm origem em células
que se originam na medula óssea, e estas por sua
vez originam os monócitos e os macrófagos (varias
células fundem-se e dão origem aos osteoclastos).
Participam dos processos de reabsorção e
remodelação do tecido ósseo. Nos osteoclastos
jovens, o citoplasma apresenta uma leve basofilia
que vai progressivamente diminuindo com o
amadurecimento da célula, até que o citoplasma
finalmente se torna acidófilo (com afinidade por
corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos,
através da sua ação enzimática, escavam a matriz
óssea, formando depressões conhecidas como
lacunas de Howship.

Periósteo e endósteo

As superfícies internas e externas dos ossos são


recobertas por células osteogênicas e tecido
conjuntivo denso que, constituem o endósteo e o
periósteo, respectivamente.

A camada mais superficial do periósteo contém


principalmente fibras colágenas e fibroblastos. As
fibras de sharpey são feixes de fibras colágenas do
periósteo que penetram no tecido ósseo e prendem
firmemente o periósteo ao osso. Na sua porção
profunda, o periósteo é mais celular e apresenta
células osteoprogenitoras, morfologicamente
parecidas com fibroblastos. As células
osteoprogenitoras se multiplicam por mitose e se
diferenciam em osteoblastos, desempenhando
papel importante no crescimento dos ossos e na
reparação de fraturas.

O endósteo é geralmente constituído por uma


camada de células osteogênicas achatadas
revestindo as cavidades do osso esponjoso, o canal
medular, os canais de Harvers e os de Volkamnn.

As principais funções do endósteo e do periósteo


são a nutrição do tecido ósseo e o fornecimento de
novos osteoblastos, para o crescimento e a
recuperação do osso.

Tipos de tecido ósseo:

Classificação anatômica e macroscópica:

Osso compacto: constituído de partes sem


cavidades
Osso esponjoso: constituídos por partes com
muitas cavidades intercomunicastes

Esta classificação é macroscópica e não histológica,


pois o tecido compacto e os tabiques que separam
as cavidades do osso esponjoso têm a mesma
estrutura histológica básica.

Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são


formadas por osso esponjoso com uma delgada
camada superficial compacta. A diáfise (parte
cilíndrica) é quase totalmente compacta, com
pequena quantidade de osso esponjoso na sua
parte profunda, delimitando o canal medular.
Principalmente nos ossos longos, o osso compacto
é chamado também de osso cortical. Os ossos
curtos têm o centro esponjoso, sendo recobertos
em toda a sua periferia por uma camada compacta.
Nos ossos chatos, que constituem a abóbada
craniana, existem duas camadas de osso compacto,
as tábuas interna e externa, separadas por osso
esponjoso.

As cavidades do osso esponjoso e o canal medular


da diáfise dos ossos longos são ocupados pela
medula óssea vermelha. No recém nascido, toda a
medula óssea tem a cor vermelha, devido ao alto
teor de hemácias, e é ativa a produção de células
do sangue (medula óssea hematógena). Pouco a
pouco com a idade, vai sendo infiltrada por todo o
tecido adiposo, com a diminuição da atividade
hematógena (medula óssea amarela).

Osso compacto X Osso esponjoso

Anatomia de um osso longo

Classificação histológica:

Osso primário ou imaturo


Osso secundário, maduro ou lamelar

Tecido ósseo primário

Os dois tipos possuem as mesmas células e os


mesmos constituintes da matriz. O tecido primário
é o que aparece primeiro, tanto no
desenvolvimento embrionário como na reparação
das fraturas, sendo temporário e substituído por
tecido secundário. No tecido ósseo primário as
fibras colágenas se dispõem irregularmente, sem
orientação definida, porém no tecido ósseo
secundário ou lamelar essas fibras se organizam
em lamelas que adquirem uma disposição muito
peculiar. Em cada osso, o primeiro tecido ósseo que
aparece é do tipo primário sendo substituído
gradativamente por tecido ósseo lamelar ou
secundário. Deste último tipo fazem parte o osso
compacto e o osso esponjoso.

Corte histológico de osso primário. Observar as fibras colagenas tipo I sem uma

orientação definida.

Tecido secundário (lamelar)

O tecido ósseo secundário é a variedade


encontrada no adulto. Sua principal característica é
possuir fibras colágenas organizadas em lamelas
que ficam paralelas umas às outras ou se dispõem
em camadas concêntricas em torno de canais com
vasos, formando os sistemas de Harvers ou ósteon.
Estes sistemas têm um vaso no eixo do canal de
Havers, com lamelas concêntricas e fibras à volta.
Os canais comunicam-se entre si, com a cavidade
medular e com a superfície externa de osso por
meio de canais transversos ou oblíquos, que são os
canais de Volkmann, que se distinguem dos de
Havers por não apresentarem lamelas ósseas
concêntricas.

As lacunas são os locais onde ficam os osteócitos


que têm prolongamentos que comunicam uns com
os outros através de complexos de união, que
permitem a passagem de ions e pequenas
moléculas de um osteócito para o outro. Estes
prolongamentos constituem os canalículos ósseos.

O osso é irrigado, mas os metabólitos têm de


atravessar a matriz óssea calcificada, quer através
das próprias células que comunicam umas com as
outras, quer através dos espaços que existem entre
os prolongamentos dos osteócitos e as paredes dos
canalículos ósseos (o fluxo no último caso é
reduzido).

Os sistemas circunferenciais interno e externo são


constituídos por lamelas ósseas paralelas entre si,
formando duas faixas: uma situada na parte interna
do osso, em volta do canal medular, e a outra na
parte mais externa, próximo ao periósteo. O
sistema circunferencial externo é mais desenvolvido
que o interno. Entre os dois sistemas encontram-se
inúmeros sistemas de Havers e grupos irregulares
de lamelas, as lamelas intersticiais, que provém de
restos de sistemas de Havers que foram destruídos
durante o crescimento do osso.

Organização de um osso lamelar

Corte histológico de osso lamelar obtido pela técnica de desgaste.Observar as

lamelas ao redor dos canais de Havers e os osteócitos obedecendo a disposição

das lamelas.

Histogênese do Tecido ósseo

O osso forma-se a partir de dois tipos de


ossificação:

Intramembranosa: dá-se nos osso chatos da


cavidade craniana, a partir de células
mesenquimatosas. Estas diferenciam-se em
osteoblastos que vão começar a formar o centro
de ossificação primário, isto é o blastema ósseo
(conjuntos de células que retraem os
prolongamentos, de modo a que fiquem mais
curtos e que se vão dividindo para começarem a
produzir matriz óssea. Esta vai originar trabéculas
de osso com os osteócitos no seu interior e
osteoblastos à periferia.

Endocondral: ocorre nos ossos longos. Aparece o


molde de cartilagem hialina onde surgem o centro
de ossificação primário, que são invadidos por
vasos sanguíneos que trazem células
osteoprogenitoras consigo. Estas começam a
formar matriz óssea, e os condrócitos da
cartilagem hialina vão sofrendo modificações
morfológicas até morrerem por apoptose,
diminuindo a cartilagem. Á medida que se forma a
matriz óssea, que inicialmente é na diáfise do osso
através do colar periostal e do centro de
ossificação primário, ele vai progredindo para a
extremidade do osso. Posteriormente, centro de
ossificação secundários são formados nas epifises
do osso, permitindo a substituição da cartilagem
hialina por tecido ósseo. Toda a cartilagem hialina
é substituída por tecido ósseo, exceto a superfície
articular e a placa epifisária.

Portanto o osso vai se formar a partir de 1 centro


de ossificação primário e 1 colar periostal (na
diáfise) e de 1 centro de ossificação secundário nas
epífises e cresce a partir do disco epifisário. A placa
epifisária é a estrutura responsável pelo
crescimento do indivíduo em extensão, com o
passar dos meses ela vai sendo substituída por
tecido ósseo. Até o seu fechamento completo,
quando cessa o crescimento do indivíduo.

O disco epifisário/cartigem de conjugação é


formado por cartilagem hialina, que tem vária
zonas:

Zona de cartilagem propriamente dita/zona de


repouso– onde existe cartilagem hialina sem
qualquer alteração morfológica.
Zona de cartilagem seriada ou de proliferação –
os condrócitos se dividem rapidamente e formam
fileiras paralelas de células achatadas e
empilhadas no eixo longitudinal do osso.
Zona de cartilagem hipertrófica – cavidades dos
condrócitos aumentam de tamanho e morte dos
condrócitos por apoptose
Zona cartilagem calcificada – nessa zona ocorre
a mineralização da matriz cartilaginosa e termina a
apoptose dos condrócitos
Zona de ossificação – esta é a zona em que
aparece o tecido ósseo. Capilares sanguíneos e
células osteoprogenitoras originadas do periósteo
invadem as cavidades deixadas pelos condrócitos
mortos. As células osteoprogenitoras se
diferenciam em osteoblastos, que formam uma
camada contínua sobre os restos da matriz
cartilaginosa, os osteoblastos depositam a matriz
óssea.

Os discos epifisários estão ativos no crescimento e


termina a sua atividade entre os 18-20 anos. Se
houver 1 puberdade precoce, há 1 aumento das
hormônios sexuais precocemente, os discos
epifisários encerrem precocemente e dão origem a
nanismos, indivíduos de baixa estatura.

Reparo de fraturas

Nos locais de fratura óssea, ocorre hemorragia,


pela lesão dos vasos sanguíneos, destruição da
matriz e morte das células ósseas. Para que o
reparo se inicie, o coágulo sanguíneo deve ser
removidos pelos macrófagos. Dá-se a proliferação
do periósteo (que está por fora do osso) e do
endósteo (que reveste a cavidade óssea),
formando-se o osso primário, surge tecido imaturo
tanto por ossificação intramembranosa como por
ossificação endocondral. Seguidamente o osso
primário forma um calo ósseo, que poderá ou não
ser substituído por cartilagem hialina, depois
forma-se o osso secundário e há reabsorção de
todo resto para o osso ficar com a forma habitual.

Processo de consolidação óssea

Papel metabólico do tecido ósseo

O osso é um reservatório de cálcio, cujos níveis têm


de estar num limite mais ou menos fixo, para poder
haver deposição ou reabsorção de cálcio conforme
necessário. Quando o osso é sujeito a carga induz a
reabsorção e quando é sujeito a tração induz a
deposição (exemplo dos aparelhos dentários).

O reservatório de cálcio também é influenciado por


fatores hormonais (paratormônio e calcitonina). O
paratormônio promove a reabsorção óssea e a
excreção de fosfato pelo rim, aumentado assim os
níveis de cálcio no sangue e diminuindo os de
fosfato. A calcitonina inibe a reabsorção da matriz.

O hiperparatiroidismo provoca um aumento do


paratormônio havendo diminuição de cálcio no
osso – osteomalácia. Quando há
hipoparatireoidismo há aumento de cálcio no osso
– osteopetrose.

Os fatores nutricionais também são muito


importantes, como o cálcio da alimentação e a
vitamina D que é fundamental para a absorção de
cálcio no intestino.

Controle hormonal dos níveis de cálcio no


sangue

De acordo com a conformação microscópica da


Matriz extracelular, dois tipos de tecido ósseo são
identificados, o tecido ósseo lamelar ou
secundário, sendo típico do tecido ósseo compacto
maduro (Fig. 1); e tecido ósseo não-lamelar ou
primário, observado no tecido ósseo imaturo (Fig.
2).

Aqui, encontraremos as especificações sobre as


seguintes lâminas:

Fig. 1 – OSSO SECO LIXADO


Aumento de 40x

Fig. 2 – OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL


Aumento de 10x
Coloração picrosirius

REFERÊNCIAS

JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica I


L.C.Junqueira e José Carneiro.12 .ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.

KIERZENBAUM, Abraham L. Histologia e Biologia


Celular: uma introdução à patologia. Revisão
científica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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