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Apostila 11

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

➢ EXTORSÃO: ART.158 DO CP:


• A jurisprudência tem entendido que configura grave ameaça ter fotografias ou
vídeos de alguém mantendo relação extraconjungal e exigir-lhe dinheiro para não
divulgar o fato para a família ou para não reproduzir as imagens na internet.
Entende também que o mal prometido pode ser outra lesão patrimonial: “Hipótese
em que foi exigido da vítima o pagamento de determinado valor (indevida
vantagem econômica), sob pena de destruição de seu caminhão — bem necessário
ao desempenho de sua atividade habitual —, que havia sido furtado. 2. O Tribunal
de origem, alinhado ao entendimento deste Sodalício, concluiu pela tipicidade da
conduta praticada pelo agravante, na medida em que a ameaça a que se refere o
caput artigo 158 do Código Penal, exercida com o fim de obter a indevida
vantagem econômica, pode ter por conteúdo grave dano à pessoa ou aos bens da
vítima. Precedentes desta Corte e do STF” (STJ — AgRg no AREsp 724.776/SC
— Rel. Min. Jorge Mussi — 5ª Turma — julgado em 10-3-2016 — DJe 16-3-
2016); “Nos termos da jurisprudência desta Corte, configura a grave ameaça
necessária para a tipificação do crime de extorsão a exigência de vantagem
indevida sob ameaça de destruição e não devolução de veículo da vítima, que
havia sido dela subtraído. Precedentes” (STJ — HC 343.825/SC — Rel. Min.
Ribeiro Dantas — 5ª Turma — julgado em 15-9-2016 — DJe 21-9-2016).

• SÚMULA N. 96/ STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da


obtenção da vantagem indevida. (QUE SIGNIFICA – CRIME FORMAL)

• “Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça — STJ, a conduta de


simulação de sequestro com o objetivo de ameaçar a vítima amolda-se ao
delito de extorsão tipificado no art. 158 do Código Penal — CP. Isso porque,
no crime de extorsão, a vítima entrega seus bens com medo de o agente cumprir
suas ameaças, ao passo que, no estelionato, a vítima sofre o prejuízo por ser
induzida a erro, mediante meio ardiloso e sem ameaças. Precedentes: CC
129.275/RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, DJe 3/2/2014 e CC
115.006/RJ, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, DJe
21/3/2011) 5. No caso concreto, constata-se que o agente praticou ameaças, as
quais aterrorizaram a vítima que temeu pela morte de sua filha” (STJ — CC
163.854/RJ — Rel. Min. Joel Ilan Paciornik — 3ª Seção — julgado em 28-8-2019
— DJe 9-9-2019); “O caso em apreço melhor se subsume, em princípio, ao crime
de extorsão, pois o interlocutor teria, por meio de ligação telefônica, simulado o
sequestro da irmã da vítima, exigindo o depósito de determinada quantia em
dinheiro sob o pretexto de matá-la, tudo a revelar que o sujeito passivo do delito
em momento algum agiu iludido, mas sim em razão da grave ameaça suportada”
(STJ — CC 129.275/RJ — Rel. Min. Laurita Vaz — 3ª Seção — julgado em 11-
12-2013 — DJe 3-2-2014).

• EXTORSÃO E ROUBO:
• A diferenciação atualmente acatada é no sentido de que o crime é o de roubo
quando o agente subtrai o bem ou pode, de imediato, subtraí-lo, tal como ocorre
quando aponta uma arma para a vítima e determina a entrega do relógio. No último
caso, diz-se que a colaboração da vítima em entregar o bem não era
imprescindível, pois, se não o fizesse, o agente imediatamente o tomaria. Só
haverá extorsão, portanto, quando a vítima entregar o bem e ficar demonstrado
que sua colaboração era imprescindível para o agente obter a vantagem visada,
pois, se ela se recusasse, ele não teria condições de, naquele momento, efetuar a
subtração.

ROUBO EXTORSÃO
A colaboração da vítima é A colaboração da vítima é
dispensável. indispensável.
O agente subtrai o bem da vítima. O agente constrange a vítima a
entregar a coisa.
A vantagem é um bem móvel. A vantagem pode ser um bem móvel
ou imóvel.
A vantagem é imediata. A vantagem pode ser imediata ou
mediata.

➢ CLASSIFICAÇÃO:
SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM;
CRIME FORMAL

➢ Causa de aumento: §1º

• Previsão de emprego de arma é a mesma que havia na redação antiga do crime de


roubo, no ora revogado Artigo 157, §2º, i, do Código Penal. Configura-se com
emprego de arma própria e imprópria, assim como no caso de uso de arma de
fogo e de arma branca. Entretanto, a exemplo dos motivos discutidos quanto ao
Roubo, a arma de brinquedo ou o simulacro de arma de fogo não ensejam o
reconhecimento da majorante, servindo apenas para configuração da grave
ameaça, elementar do crime.

➢ QUALIFICADA: §2º
• LESÃO CORPORAL GRAVE (OU GRAVISSIMA): Para configuração desta
qualificadora, é necessário que a lesão corporal de natureza grave advenha da
violência. Não incide se a vítima sofrer lesão corporal de natureza grave em
virtude da grave ameaça, como aquela que se assusta e cai de determinada altura,
lesionando-se gravemente.
• MORTE: É importante frisar que o crime qualificado em estudo só se configura
se a morte for resultado da violência empregada, e não da grave ameaça. Se a
vítima se assustar com a ameaça e morrer, o agente deve responder pelo roubo e
pelo homicídio, se eles se configurarem no caso, mas não pela extorsão
qualificada pela morte.
• QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, §3º:
Denominada pela doutrina de sequestro relâmpago. A restrição à liberdade da
vítima deve ocorrer como meio para a obtenção da vantagem econômica, além
de durar somente o tempo necessário para a execução da extorsão. Caso contrário,
pode-se configurar o crime de extorsão mediante sequestro. Daí a denominação
“sequestro relâmpago”. Ainda, na extorsão mediante sequestro o resgate é exigido
de outras pessoas, terceiros.
Há, ainda, a previsão da incidência de modalidades qualificadas pelo resultado
aplicáveis ao crime de extorsão mediante restrição de liberdade. A parte final do
parágrafo terceiro do artigo 158 prevê que, se há o resultado de lesão corporal
grave ou de morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,
respectivamente. Há, portanto, duas formas qualificadas pelo resultado no caso de
sequestro relâmpago: Se resulta lesão corporal grave - Pena - reclusão, de
dezesseis a vinte e quatro anos. Se resulta morte - Pena - reclusão, de vinte e quatro
a trinta anos.
• É firme o entendimento desta Corte Superior de que ficam configurados os crimes
de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da
vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar
o cartão bancário e a respectiva senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente”
(STJ — AgRg no AREsp 1.557.476/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma,
julgado em 18-2-2020, DJe 21-2-2020); “Estão configurados os crimes de roubo
e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima,
mediante emprego de violência ou grave ameaça, a obriga a realizar saques em
caixa eletrônico. 4. Ordem denegada” (STJ — HC 476.558/SP, Rel. Min. Laurita
Vaz, 6ª Turma, julgado em 11-12-2018, DJe 1º-2-2019);

➢ ART.159 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO:


CRIME COMPLEXO. CRIME FORMAL. SUJEITO ATIVO: CRIME
COMUM. CRIME PERMANENTE
A extorsão mediante sequestro também é classificada como crime de tendência
interna transcendente de resultado cortado ou de resultado separado. Isto
porque o resultado naturalístico, que não é necessário para a consumação do
crime, depende da conduta de um terceiro para se efetivar, e não de uma segunda
conduta do próprio agente.

Apesar de o Código Penal falar em “qualquer vantagem”, como condição ou preço


do resgate, a doutrina majoritária aponta ser necessário que a vantagem seja
econômica, considerando que sua previsão se localiza no Título II do Código
Penal, ou seja, dentre os crimes patrimoniais. Ademais, Nelson Hungria defende
que a vantagem deve ser indevida; do contrário se configurará o crime de
sequestro, em concurso com o exercício arbitrário das próprias razões. Por essa
interpretação, amplamente dominante, se o agente capturar o filho de uma mulher
para forçá-la a um encontro sexual, sob pena de matar a criança, responderá por
crime de estupro contra a mãe em concurso material com sequestro contra a
criança (art. 148); se ele capturar o filho de um diretor de penitenciária para exigir
a soltura de um preso de sua facção criminosa, responderá por sequestro do filho
do diretor (art. 148) em concurso material com o crime de facilitação de fuga de
pessoa presa (art. 351).

O tipo penal exige que o sequestro seja de uma PESSOA. Se houver o


apossamento de animal para extorquir a vítima, haverá o crime de extorsão,
previsto no artigo 158 do Código Penal. Entende-se possível que pessoa jurídica
figure como vítima, se, por exemplo, sequestrado um sócio seu, for exigido dela
o pagamento da vantagem econômica como preço ou condição do resgate. Se for
subtração de cadáver é o crime do art.211 do CP.

• FIGURAS QUALIFICADAS: §1º


• A idade deve ser aferida no momento da conduta, devendo-se ter em mente que o
crime é permanente. Deste modo, se o sequestrado faz aniversário e atinge a
maioridade no cativeiro, a qualificadora incide no caso. De igual forma, se o
indivíduo é sequestrado com a idade de 59 anos e completa 60 antes de sua
liberação, o delito também será qualificado.
• A denominação do crime de bando ou quadrilha passou a ser de associação
criminosa, com o advento da Lei 12.850/2013, que alterou o artigo 288 do Código
Penal. Deste modo, tomado o referido delito como paradigma, exige-se no mínimo
o concurso de três agentes.
• O STJ possui entendimento de que não se configura bis in idem o concurso entre
a extorsão mediante sequestro, qualificada pelo concurso de agentes, com o
próprio crime de associação criminosa:
“(...) 5. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, por se tratarem de
delitos autônomos e independentes e por serem distintos os bens jurídicos
tutelados, é possível a coexistência entre o crime de extorsão mediante
sequestro, majorado pelo concurso de agentes, com o de formação de quadrilha
ou bando (atualmente nomeado associação criminosa). 6. Habeas corpus não
conhecido.”
(STJ, HC 289885/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma,
DJe 09/06/2014).

• A expressão “se do fato resulta” lesão grave ou morte leva à conclusão de que
essas qualificadoras só têm incidência quando o resultado agravador for
provocado na própria pessoa sequestrada. Desse modo, se os sequestradores
cortarem a orelha da vítima para enviar aos familiares e aumentar a pressão para
o pagamento do resgate, existe a qualificadora (a deformidade permanente é uma
modalidade de lesão grave), tal como ocorre quando os agentes matam a vítima
por falta de pagamento do resgate, ou porque ela os conhecia e iria entregá-los à
polícia se fosse solta, ou até por mera maldade ou outro motivo qualquer.
• Não haverá, porém, a qualificadora quando os sequestradores matarem um
segurança para conseguir sequestrar o patrão, hipótese que caracterizará crimes
de homicídio qualificado e extorsão mediante sequestro, em concurso material.
• §4º - DELAÇÃO EFICAZ: TRATA-SE DE UMA CAUSA DE DIMINUIÇÃO
DE PENA.
➢ EXTORSÃO INDIRETA: ART.160/CP
TIPO MISTO ALTERNATIVO. CRIME COMUM. CRIME FORMAL (na figura
“receber” o crime é material)
Como se prevê no tipo penal e de acordo com a doutrina majoritária, basta a
potencialidade de se instaurar procedimento criminal contra a vítima ou contra
terceiro, sem se realizar valoração de entendimentos jurisprudenciais nem se
exigindo efetiva condenação.
O documento, que tem a finalidade de garantir a dívida, é aquele que tem
potencialidade para a instauração de procedimento criminal contra a vítima, como
a duplicata simulada, o cheque emitido sem provisão de fundos ou aquele em que
ele falsifica assinatura de terceiros.

➢ DA USURPAÇÃO: ART.161 DO CP:


• Crime formal. O crime é de ação múltipla ou de tipo misto alternativo, comum e
plurissubsistente. Crime próprio (somente pode ser praticado pelo vizinho do
imóvel).
• §1º - EQUIPARADO: crime de ação múltipla também. É formal, pois não depende
da obtenção do proveito para sua consumação. É, ainda, classificado como comum
e plurissubsistente, admitindo a punição da forma tentada.
• Águas alheias são aquelas pertencentes a terceiros e, segundo alguns
doutrinadores, aquela de uso comum, que o agente não poderia tomar para si. É o
Código de Águas, o Decreto 24.643/34, que define o que são águas públicas e
quais são as particulares.
• §1º, II: ESBULHO POSSESSÓRIO:
O tipo penal pode ser realizado de três formas de execução (modus operandi):
✓ Mediante violência à pessoa: é a vis absoluta, a força física empregada contra
outrem. Exclui-se a violência contra a coisa.
✓ Mediante grave ameaça: é a vis relativa, consistente na promessa de um mal
injusto e grave para amedrontar o ofendido.
✓ Mediante concurso de mais de duas pessoas: há divergência quanto ao número
de pessoas exigido para a configuração do delito. Hungria defende que o
mínimo é de três agentes, já que o tipo exige mais de duas pessoas. Noronha,
por sua vez, entende que se deve computar o agente com o concurso de mais
de duas pessoas, ou seja, no mínimo quatro.
✓ O crime é doloso. É exigida a finalidade de cometer o esbulho possessório,
que é a retirada do proprietário ou possuidor, de forma violenta, da posse,
tomando-a para si.
✓ O crime é comum e plurissubsistente. Consuma-se com a efetiva invasão da
propriedade.

• ART.162 DO CP: SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM


ANIMAIS.
O crime é comum, material e plurissubsistente.
Existe divergência se a conduta realizada em relação a um só animal configura
o crime, prevalecendo o entendimento de que basta a prática contra um
semovente para a consumação do delito.
A ação penal é pública incondicionada

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