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Geologia de Cabinda

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Geologia

A bacia sedimentar do Baixo Congo constitui uma das três principais bacias da
orla sedimentar angolana. Segundo o modelo genético, estas bacias
classificam-se em bacias de margens passivas e desenvolveram-se durante as
eras Mesozóica e Cenozóica, como consequência do movimento das placas
tectónicas que provocaram a fracturação do super continente Gondwana (início
do Cretácico), levando à separação dos continentes Africano e Sul-americano
(Cretácico médio) e a subsequente formação do Atlântico Sul (Alagoa et al,
1991).

Evolução Tectónica da Bacia do Baixo Congo

A evolução tectónica da costa angolana está relacionada com a natureza e o


avanço da separação dos continentes Africano e Sul-americano, as oscilações
do nível do mar e a própria geometria tectónica da costa. Segundo Baptista
(2003), esta evolução tectónica pode ser subdivida em quatro fases
sequenciais, nomeadamente, fase Pré-rift, Syn-rift, Pós-rift e a fase de
Subsidência Regional.

 Fase Pré-rift

No final do Jurássico ou início do Cretácico (Neocomiano) ocorreram erupções


vulcânicas do tipo toleítica, originando pontos quentes que se localizavam
acima do manto e provocaram o enfraquecimento da litosfera, criando, por sua
vez, condições propícias à separação dos dois continentes (Fig. 2).

 Fase Syn-rift

Esta fase é caracterizada por duas subfases:

Syn-rift I (Valanginiano ao Barremiano), durante a qual os continentes Africano


e Sul-americano começaram a separar-se devido à acção de forças distensivas
produzidas ao nível da crosta continental o que levou ao seu alongamento e
adelgaçamento. A consequente fracturação do super continente Gondwana
provocou a formação de falhas normais profundas (até 7 km) e de grande
extensão, formando blocos alinhados paralelamente à costa e dando, por sua
vez, origem a lagos profundos (Fig. 2).
Syn-rift II (Apciano), nesta fase a crusta continuou a sofrer abatimentos
permitindo a efémera invasão do mar no sentido Norte, levando à formação de
uma sequência salífera ainda em condições de mar restrito (Fig. 2).

 Fase Pós-rift

Durante o Albiano-Santoniano, a costa angolana continuou a sofrer


subsidências progressivas como resultado da contínua separação das placas,
o que levou ao contínuo aumento do nível médio do mar, sendo que no
Campaniano-Maastrichtiano as condições de águas marinhas estabeleceram-
se definitivamente (Fig. 2).

 Fase de Subsidência Regional

Durante o Eocénico até final do Miocénico verificou-se a reactivação das falhas


profundas do soco pré-câmbrico, o que levou ao basculamento das bacias da
orla costeira angolana no sentido Oeste. Esta fase é caracterizada por uma
grande descida do nível médio do mar e a consequente exposição de grandes
áreas continentais, que deu origem à fragmentação por erosão de grandes
volumes de sedimentos que avançaram para o Oeste, cobrindo os depósitos
marinhos do Paleocénico e início do Eocénico.
Figura 2: Evolução tectónica da bacia do baixo congo

Evolução Estratigráfica da Bacia do Baixo Congo

A série sedimentar, que caracteriza a bacia do Baixo Congo, assenta sobre o


soco Pré-câmbrico e possui uma espessura da ordem dos 2500 metros, em
terra (região do Soyo), passando para, aproximadamente, 4000 metros na
plataforma continental, e torna-se ainda mais espessa para Oeste. Esta série é
caracterizada por três sequências litostratigráficas bem diferenciadas, as quais
se encontram relacionadas com o estilo estrutural e as características
litológicas que reflectem as etapas evolutivas da margem continental angolana
(Baptista, 2003).
Figura 3: Evolução tectónica da bacia do baixo congo

Figura 4: Modelo Geológico Regional da Bacia Terrestre do Baixo Congo


Estas sequências estão representadas pelas sequências Pré-salífera e Pós-
salífera, as quais se encontram separadas por uma sequência Salífera de
espessura variável, marcando a passagem de condições de deposição
continental para condições de deposição marinha (Fig. 3).

• Sequência Pré–salífera

Esta sequência data do Cretácico inferior (Neocomiano) ou Jurássico superior


e representa a sequência de base que assenta, discordantemente, sobre o
soco Pré-câmbrico, este último composto por uma mistura de rochas intrusivas,
vulcânicas e metamórficas. Os depósitos que compõem esta sequência são
típicos de ambientes continentais e deltáico. Inicialmente, depositaram-se
arenitos, conglomerados e argilitos em forma de um complexo aluvionar em
meio lacustrino. Sobre estes depósitos depositaram-se argilitos ricos em
matéria orgânica, e na parte interior destes lagos, e mais especificamente nos
blocos submergidos que se formaram como consequência do jogo de falhas,
depositaram-se os carbonatos que na sua maioria são dolomites ou calcários
biogénicos.

Esta sequência está representada pelas formações que se seguem:

a) Formação Lucula (Barriasiano): série detrítica, constituída


maioritariamente por conglomerados e arenitos quartzíticos.
b) Formação Bucomazi (Valanginiano-Barremiano): constituída da
base ao topo por argilitos arenosos, argilitos siltosos com presença
de matéria orgânica e argilitos calcários.
c) Formação Chela (Barremiano): constituída por argilitos negros
siltosos e siltitos argilo-dolomíticos.
• Sequência Salífera

Durante o Apciano, as primeiras incursões marinhas foram as responsáveis


pela evolução da bacia para um sistema de mar confinado, o que levou à
formação de uma sequência evaporítica (salífera) típica de ambiente lagunar a
marinho restrito.

Esta sequência é, fundamentalmente, constituída por halite com passagens


anidríticas no topo. Na bacia do Baixo Congo, esta sequência é representada
pela Formação Loeme, constituída por halite localmente argilosa, podendo
conter camadas fracamente potássicas (silvite e carnalite).

 Sequência Pós-salífera

Esta sequência de natureza marinha possui, na base, carbonatos (dolomites e


calcários) e argilitos calcários de idade Albiano-Cenomaniano, que se
depositaram num ambiente marinho pouco profundo. O peso induzido pelas
camadas do complexo carbonatado sobre a sequência salífera pré–existente
provocou movimentos relativos do sal que, por sua vez, provocaram a
formação de falhas normais de crescimento. Posto isto, criaram-se condições
de deposição distintas, isto é, nas zonas mais profundas (blocos rebaixados) a
sedimentação tornou-se predominantemente argilosa, e nas zonas mais
superficiais (blocos elevados) a formação de depósitos carbonatados passou a
ser predominante. Esta disposição estrutural, isto é, a formação de grabens e
horts, conduziu à formação de variações laterais e verticais de fácies ao nível
da bacia (Baptista, 2003).

Sobre o complexo carbonatado depositaram-se argilitos marinhos e margas


com intercalações de siltitos e arenitos (Cenomaniano ao Iprésiano). Do
Eocénico médio ao início do Miocénico ocorreu uma descida do nível médio do
mar acentuada, permitindo a deposição de sedimentos continentais sobre os
depósitos marinhos pré-existentes.

Durante o Oligocénico e Miocénico, a tectónica salífera esteve mais activa,


devido ao basculamento da margem continental angolana para o Oeste. Falhas
normais desenvolveram-se criando fossas (Graben). Uma sequência
dominantemente pelágica, rica em matéria orgânica e areias turbidíticas,
depositou-se nestas depressões. O Miocénico superior marca uma regressão
caracterizada por sedimentos com influência continental.

As formações que caracterizam esta sequência são:

a) Formação Mavuma (Albiano-Cenomaniano): é constituída por


dolomites compactas, finamente cristalinas, localmente arenosas com
algumas intercalações de anidrite e argilitos.
b) Formação Vermelha (Albiano-Cenomaniano): representada por
arenitos avermelhados com intercalações dolomíticas e argilitos
gipsíferos.
c) Formação Pinda (Albiano-Cenomaniano): apresenta, na base,
carbonatos micríticos e granulares, em grande parte dolomitizados. Na
parte superior, é constituída por argilitos calcários, passando a
carbonatos muito argilosos.
d) Formação Moita Seca (Albiano-Cenomaniano): é constituída por
argilitos calcários, calcários muito argilosos e arenitos muito finos com
fósseis, pirite e matéria orgânica.
e) Formação Iabe (Cenomaniano-Maastrichtiano): representada por
margas calcárias e areno-siltosas.
f) Formação Ambrizete (Turoniano-Priaboniano): representada por um
conjunto de fácies arenosas alternando com carbonatos biogénicos.
g) Formação Lândana (Daniano-Priaboniano): caracteriza-se por uma
alternância de calcários e margas.
h) Formação Malembo (Rupeliano-Messiniano): representa uma
espessa série, predominantemente, argilosa, intercalada por alguns
níveis turbidíticos Oligocénicos, constituídos por arenitos finos a médios
e por argilitos siltosos.
i) Formação Cirques (Quaternário): representada por argilitos vermelhos
e arenitos ferruginosos.

Geologia Regional

O território de Cabinda engloba os mais diversos tipos de rochas formadas ao


longo da história geológica desde o Arcaico ao Fanerozoico, segundo a Carta
Geológica de Angola à escala 1:1.000.000 as rochas sedimentares podem ser
encontradas maioritariamente no litoral (Cabinda e Cacongo), enquanto, as rochas
magmáticas e metamórficas podem ser encontradas no interior da província nos
municípios de Buco-Zau e Belize.

A província de Cabinda enquadra-se dentro do escudo do Maiombe e do


Aulocógeno do Congo Ocidental; o escudo do Maiombe corresponde ao 1º andar
estrutural ou inferior onde encontram-se as rochas do soco cristalino (complexos
litológico-estruturais do arcaico e do proterozoico precoce).

O Aulocógeno do Congo Ocidental corresponde ao 2º andar estrutural ou superior


e abarca a cobertura da plataforma constituída pelos complexos do proterozoico
tardio.

O Ciclo do Arcaico

Nesta etapa dá-se início á configuração das futuras zonas cratónicas de Angola
em alguns sectores como no NE de Angola, onde se deu a sobreposição de
diferentes orogenias. As rochas do Arcaico no território Angolano dividem-se em
dois grupos de idades: o Arcaico Inferior e o Arcaico Superior, separados pelo
limite de idade de 3.000 ± 100 m.a. (SGA, 1992).

O Arcaico Inferior foi subdividido em dois grupos: Inferior e Superior.

As rochas do Grupo Inferior estão essencialmente constituídas por plagiognaisses


piroxénicos, anfibolitos, eclogitos, gnaisses cordieríticos e silimaníticos, quartzitos,
quartzitos ferruginosos bem como plagiomigmatitos, enderbitos e charnoquitos
associados.

O Grupo Superior está constituído por gnaisses biotíticos-hornebléndicos, biotítico-


hipersténico, bimicáceos (com granada), disténicos e grafitosos; anfibolitos, xistos
biotíticos e bimicáceos, leptitos, quartizitos e tonalitos, plagiogranitos e
plagiomigmatitos associados.

O Grupo Inferior foi identificado na área dos escudos do Maiombe, de Angola e do


Cassai.

No escudo do Maiombe, o Grupo Inferior está constituído, da base para o topo, por
plagiognaisses bipiroxénicos, hipersténicos ou piroxénicos com biotite e granada;
anfibolitos e gnaisses bipiroxénicos com anfíbola contendo intercalações
quartzíticas. Mais para cima ocorre uma sequência possante de gnaisses e
plagiognaisses anfibólico-biotíticos e biotítico-anfibólitos, anfibolitos e quartzitos
ferruginosos com ou sem anfíbola.

No escudo do Maiombe, as rochas do Grupo Superior estão essencialmente


representadas por gnaisses e plagiognaisses biotíticos, biotítico-hornbléndicos, e
biotíticos com granada, aparecendo em subordinação xistos biotíticos, bimicáceos
e anfibólicos, anfibolitos leptitos e quartzitos, sendo posteriormente afectadas por
fenómenos de metamorfismo retrógrado, metassomatose regional potássica e
parcialmente sódica.

No escudo do Maiombe, as rochas do Arcaico Superior encontram-se


desenvolvidas nas partes Noroeste e Central. Na parte Noroeste podem ser
divididas em três sequências ou formações:

o A inferior (Formação Matadi): está constituída por quartzitos


moscovíticos estratificados, contendo muitas vezes magnetite e
porfiroblastos de microclina;
o A média (Formação Gangila): está constituída por rochas verdes, isto é,
anfibolitos e epidotitos, incluindo rochas piroxénicas e intercalações de
xistos biotíticos, biotítico-moscovíticos ou cloríticos;
o A superior (Formação Tchela): está representada essencialmente por
xistos carbonosos contendo intercalações de quartzitos e anfibolitos
subordinados.

O ciclo do proterozoico

As rochas do Proterozoico que ocorrem no território angolano foram divididas em


dois grupos de idade: o Proterozóico Inferior e o Superior, com uma diferença de
idade de 1.650 ± 50 m.a.

De acordo com as características litológicas e faciais, as rochas metamórficas do


Proterozóico Inferior revelam maior número de variações de fáceis, assim sendo,
distinguem-se dois tipos principais: Troughs de Rochas Verdes e Depressões e
Arqueamentos Regionais.

Troughs de Rochas Verdes e Depressões são caracterizadas por grandes


espessuras e composição variada de rochas vulcano-sedimentares. Localizadas
no escudo Maiombe (zona de Lufico-Cabinda).

Zona de Lufico-Cabinda
De acordo com características que apresentam, as rochas do Proterozóico Inferior
foram subdivididas em três áreas: Central (ou contínua com o Zaire), Sul e Norte
(Cabinda).

Na área de Cabinda, ao Grupo Lulumba foi atribuída a formação vulcano-


sedimentar Lucula, enquanto ao Grupo Uonde foi atribuída a formação Mvuti.
Fazem parte destes Grupos arcoses, quartzitos, tufos e rochas efusivas de
composição ácida e básica, xistos micáceos, carbonosos e calcários.

Estas rochas têm afinidade ofiolítica e a formação do cinturão corresponderia a um


modelo de subducção-colisão entre um cratão Eburneano (a Este) e dois cratões
mais antigos: o Chaillu (a Norte) e o Cassai (ao Sul).

O Ciclo do Fanerozóico

Os depósitos do Fanerozóico ocupam vastas áreas do território de Angola,


estando representados por sequências de rochas Paleozóicas, Mesozóicas e
Cenozóicas.

Grupo Lutôe (Carbónico-Pérmico): encontra-se na região Norte de Angola,


preenchendo o fundo do graben de Cassanje e é constituído por tilitos
avermelhados conglomeráticos (de 10-12 m de espessura) com intercalações de
xistos argilosos e grés.

Estrutura da cobertura da plataforma

1- Do proterozóico tardio:

O Aulocógeno do Congo Ocidental (rochas sedimentares podem ser encontradas


maioritariamente no litoral)

O município de Cabinda enquadra-se na estrutura da cobertura da plataforma do


proterozóico tardio do aulocógeno do Congo Ocidental (rochas sedimentares
podem ser encontradas maioritariamente no litoral).

A bacia sedimentar do Baixo Congo constitui uma das três principais bacias da orla
sedimentar angolana.

A bacia do baixo Congo está constituída pelas formações de idade compreendidas


entre o Cretáceo até ao Neogénico, onde as fácies eram tipicamente de ambientes
continentais que posteriormente foi desenvolvendo-se para fácies de ambiente
marinho como mostra a figura.
Geologia local

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