AnaCadSup U1
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AnaCadSup U1
Análise da Cadeia de Suprimentos – Prof. Dr. Jeovan de Carvalho Figueiredo, Prof. Ms. Joaquim
José Correia Assunção Jr. e Prof. Rodrigo Pizzi.
Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2014
711.4 R612p
ISBN: 978‐85‐8377‐365‐8
CDD 711.4
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Juliana Biggi
Dandara Louise Vieira Matavelli Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rafael Antonio Morotti
Josiane Marchiori Martins Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Lidiane Maria Magalini Talita Cristina Bartolomeu
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera Projeto gráfico, diagramação e capa
Raquel Baptista Meneses Frata Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Análise da Cadeia de Suprimentos: ferramentas, importância e objetivos; en-
tendendo a Cadeia de Suprimentos. Análise da empresa. Análise da Cadeia de
Suprimentos. O "encaixe" estratégico. Seleção e relacionamento com fornecedo-
res. Planejamento de vendas e operações (S&OP). Empresas ágeis. Gestão de
inventário. Indicadores de performance para análise da Cadeia de Suprimentos.
Competitividade e o negócio expandido. A Gestão da Cadeia de Suprimentos e
a performance empresarial. Serviços logísticos e valor para o cliente. Tecnologia
da Informação aplicada a suprimentos. Gerenciando o canal global. A Cadeia de
Distribuição responsiva. Cadeias de suprimentos “verdes”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Em Análise da Cadeia de Suprimentos, você será capaz de
avaliar como as empresas podem alcançar a vantagem competitiva
ao focarem o “negócio expandido”. Mais do que isso, você tam-
bém será capaz de analisar os fatores que influenciam o desempe-
nho competitivo da Cadeia de Distribuição.
10 © Análise da Cadeia de Suprimentos
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan-
to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bási-
co necessário a partir do qual você possa construir um referencial
teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro
exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogni-
tiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa abor-
dagem com a apresentação das ideias e dos princípios básicos que
fundamentam este estudo.
A obra Análise da Cadeia de Suprimentos (ou de Distribuição)
dá uma visão mais aprofundada de alguns dos tópicos já vistos até
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados em Análise da Cadeia de Supri-
mentos. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Acordo de nível de serviço (SLA): é um acordo entre
duas partes, normalmente estruturado sob a forma de
um contrato, que formaliza e estipula os direitos e os
deveres de duas partes envolvidas em uma transação
comercial, especificando os deveres e as responsabilida-
des das empresas compradoras e dos seus fornecedo-
res, bem como garantindo que todas as cláusulas sejam
cumpridas durante toda a vida útil do contrato.
2) Cadeia de Suprimentos ou de Distribuição: é a rede de
empresas envolvidas, tanto do lado das empresas forne-
cedoras (jusante) quanto do lado das empresas compra-
doras (montante), nos diferentes processos e atividades
que criam valor para o consumidor final. O valor criado
é entregue ao consumidor final na forma de produtos e
serviços.
3) Canal de distribuição: o canal de distribuição representa
todas as empresas que estão envolvidas na entrega do
produto ou serviço do fornecedor ao consumidor.
4) Cinco forças de Porter: Porter identifica cinco forças
competitivas básicas e o conjunto dessas forças deter-
mina o potencial de lucro final na indústria. São elas: en-
trantes potenciais, fornecedores, substitutos, compra-
dores e concorrentes.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27
5) Empowerment:
O termo "empowerment” significa a descentralização de poderes
pelos vários níveis hierárquicos da organização, o que permite a
criação de maior motivação nos trabalhadores proporcionada por
uma maior liberdade de iniciativa, com naturais benefícios para
a organização como um todo. Passa pela delegação de autorida-
de a um dado indivíduo ou grupo dentro da organização, sendo,
no entanto, acompanhado e apoiado pelas chefias. Cada indivíduo
deverá ter o poder necessário e suficiente para controlar o seu pró-
prio trabalho, reduzir custos e promover a eficiência e a motivação
[...]. (NUNES, Paulo. Conceito de Empowerment. Disponível em:
<http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/empowerment.
htm>. Acesso em: 6 ago. 2010).
6) Expatriado: o expatriado é alguém que nasceu em um
país, mas que, devido a condicionantes (como as con-
trapartidas das empresas para o recebimento de promo-
ções), passa a viver parte significativa de sua vida em um
outro país.
7) Logística reversa: é o conjunto de ações destinadas a co-
letar e restituir os resíduos ao centro que os produziu
para o seu reaproveitamento na forma de novas maté-
rias-primas e, também, consiste no tratamento e na dis-
posição final dos rejeitos de maneira adequada.
8) Operadores logísticos: são empresas que prestam servi-
ços de frete, estocagem, preparação do pedido e entre-
ga final, dentre outros, combinando atividades operacio-
nais, como transporte e armazenagem, com atividades
gerenciais (DORNIER et al., 2000).
9) Planejamento de vendas e operações (S&OP): é "um
processo que permite integrar os diversos planos exis-
tentes na organização, de tal forma que a administração
da Cadeia de abastecimento seja mais efetiva" (BERTA-
GLIA, 2006, p. 355), pois, "auxilia no balanceamento da
demanda e oferta" (WALLACE, 2001, p. 16).
O S&OP busca atingir simultaneamente melhorias em termos de
custo (níveis de estoque e custo de produção) e de serviço (dispo-
nibilidade de produto) (WANKE; JULIANELLI, 2006, p. 216).
10) Resiliência: refere-se à capacidade de a Cadeia de Distri-
buição resistir a distúrbios inesperados, ou seja, ser ca-
paz de controlar ou enfrentar riscos e incertezas. O risco
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o conteúdo aqui proposto pode ser uma forma
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução
de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se prepa-
rando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa
é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e
adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade
EAD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
© Caderno de Referência de Conteúdo 33
1
1. Objetivos
• Compreender o conceito de competitividade e de Cadeia
de Suprimentos.
• Entender a importância de analisar a Cadeia de Suprimen-
tos: como ela é influenciada pelo ambiente competitivo e
como pode responder a este.
• Compreender como o foco nas competências centrais e
os movimentos de desintegração vertical posicionaram a
Cadeia de Suprimentos na agenda estratégica das empre-
sas.
• Identificar as metodologias e as ferramentas para anali-
sar o ambiente de negócio e os objetivos estratégicos da
empresa.
• Analisar o relacionamento entre os elos de uma Cadeia de
Suprimentos e conceituar sistemas e tipos de processos
produtivos.
36 © Análise da Cadeia de Suprimentos
2. Conteúdos
• Definindo competitividade.
• O que é uma Cadeia de Suprimentos.
• Foco nas competências centrais.
• Movimentos de desintegração vertical.
• Por que a análise da Cadeia de Suprimentos é importante?
• A empresa e o ambiente de negócios.
• Um passo além: o negócio expandido.
• Analisando a empresa.
• Análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e amea-
ças).
• Análise das cinco forças de Porter.
• Sistemas produtivos (visão do processo).
• Tecnologia e o impacto na Cadeia de Suprimentos.
4. INTRODUÇÃo À unidade
Nos últimos anos, a Gestão da Cadeia de Suprimentos (ou de
distribuição) tem levado as empresas a obter maiores ganhos com-
petitivos. Por isso, na Unidade 1, trataremos da competitividade
e do negócio expandido. Enfocaremos a Cadeia de Distribuição e
trabalharemos com os conceitos de Gestão da Cadeia, e como esta
pode responder a mudanças no ambiente de negócios de forma
eficiente, com maior flexibilidade e com melhores produtos.
Nesta unidade, você conhecerá a definição e a importância
do estudo e da análise das Cadeias de Suprimentos, além das teo-
rias que influenciaram sua moderna análise e gestão.
Será abordado, ainda, o tema de como o aumento da compe-
titividade e a crise da década de 1980 aumentaram a necessidade
de um foco nas competências centrais e, com isso, geraram os mo-
vimentos de desintegração vertical (terceirização) nas empresas.
Todos esses fatores contribuíram para que esse cenário,
iniciado na década de 1980, seja até hoje uma realidade. As em-
presas, de repente, encontraram-se gerindo centenas de relacio-
namentos com fornecedores, em uma intrincada e complicada ca-
deia de suprimentos. O problema é que, na maioria das empresas,
os modelos mentais não evoluíram nessa velocidade.
5. Definindo competitividade
Uma empresa competitiva é aquela que possui uma posição
de duradoura superioridade sobre os concorrentes, em termos de
© U1 - Competitividade e o Negócio Expandido 39
O caso Gol–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Gol Transportes Aéreos foi a primeira empresa regular a operar no conceito low
cost, low fare (baixo custo, baixa tarifa). A situação da companhia é diferente das
outras empresas aéreas em relação a custos, porque ela, que começou a operar
em 2001, já chegou ao mercado com um sistema eficiente (mais econômico) de
distribuição.
A Gol emite 100% de seus bilhetes eletronicamente e comercializa 70% das suas
passagens por meio do seu site na internet, tanto para o consumidor final, quanto
para o agente de viagem.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Outras empresas, em contrapartida, buscam a diversifica-
ção. Tachizawa e Resende (2000) definem diversificação, sendo
ela de produto ou de mercado, como a situação em que uma em-
presa investe “pesado” e lança novos produtos destinados a novos
mercados, nos quais a base tecnológica ou a base comercial seja
diferente daquela que a empresa tem hoje. Sendo assim, a diver-
Canal de distribuiç
distribuição Distribuiç
Distribuição física
Depósito da
Fabricante
fábrica
Transporte
Depósito (centro de
Atacadista
distribuição)
Transporte
Consumidor Final
9. Processos
Processos são os mecanismos fundamentais pelos quais o
valor é criado. Eles podem ser descritos como a atividade ou con-
junto de atividades que, a partir de uma entrada (input), agregam
valor a um bem ou serviço, gerando, ao mesmo tempo, um resul-
tado (output).
Isso significa dizer que o processo pode ser definido como
um grupo de atividades sequenciais e coordenadas, que têm por
objetivo produzir um bem ou um serviço pela organização, o qual
será adquirido por clientes (internos e externos).
O Quadro 1 traz alguns exemplos de processos empresariais:
Quadro 1 Exemplos de processos empresariais.
FAMÍLIA DE
PROCESSOS SELECIONADOS
PROCESSOS
Gestão da qualidade. Controle de estoques.
Manufatura Planejamento da capacidade. Suprimentos.
Planejamento da produção. Distribuição.
Definição de preços. Pesquisa de marketing.
Marketing Gestão de canal. Planejamento de
Introdução de produtos. propaganda.
Pesquisa e desenvolvimento (P&D). Definição de padrões.
Desenvolvimento de
Avaliação de tecnologia. Gestão de projetos.
tecnologia
Seleção de novos produtos. Teste de protótipos.
Suporte técnico. Garantia.
De suporte ao cliente
Gestão de instalações. Reparo.
Fonte: Gonçalves (2000).
Informação complementar:
Novaes (2001, p. 35) vai ainda mais longe quando diz que a
logística/supply chain "agrega valor de lugar, tempo, qualidade e
informação à Cadeia produtiva". O interessante é que todos es-
ses elementos de desempenho da Cadeia devem ser atingidos ao
mesmo tempo para a satisfação do consumidor. Por exemplo, um
jornal entregue no dia seguinte à sua edição é o produto certo,
porém no tempo errado (atrasado), uma vez que as notícias se
tornaram velhas.
Por isso, cada vez mais, a Análise e Gestão da Cadeia de Su-
primentos é fundamental para que a empresa consiga atingir seus
objetivos estratégicos e, assim, conseguir sobreviver.
Outras razões para a análise da Cadeia de Suprimentos são:
a) Os custos de operações são cada vez mais significativos e
impactam o resultado final da empresa (BALLOU, 2006).
b) As expectativas dos clientes, do ponto de vista de nível
de serviço logístico e da Cadeia de Suprimentos estão
cada vez maiores (BALLOU, 2006; NOVAES, 2001).
c) As linhas de suprimentos e distribuição estão cada vez
mais complexas (BALLOU, 2006).
d) Após todos os esforços das empresas em ações para re-
duzir os custos, estas descobriram que a eficaz Gestão
da Cadeia de Suprimentos é, atualmente, a melhor ma-
neira de aumentar o lucro e a participação de mercado
(market-share) (SIMCHI-LEVI; KAMINSKI; SIMCHI-LEVI,
2003).
e) "A Cadeia de Suprimentos é uma rede complexa de ins-
talações e organizações com objetivos distintos e con-
Agrega––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O Agrega foi criado no início de 2001, por uma iniciativa conjunta da Souza Cruz
e da AmBev, com o objetivo de tratar de forma estratégica todo o processo de
aquisição de materiais indiretos e serviços dos dois sócios e dos clientes parti-
cipantes.
O escopo de atuação envolve 120 grupos de materiais e serviços, que vão desde
material de escritório, equipamentos, combustíveis, até viagens e serviços mé-
dicos, odontológicos e de informática, entre outros, que correspondem a apro-
ximadamente 35% do volume total de compras das organizações que utilizam o
Agrega para viabilizar redução de custos e eficácia em compras.
A combinação de conhecimento em sourcing, tecnologia e escala possibilita
maior foco, eficiência e profissionalismo na gestão de itens que anteriormente
não recebiam a mesma atenção dispensada àqueles de maior impacto nas orga-
nizações, tais como as matérias-primas, por exemplo.
O sucesso do conceito de atuação da joint venture visa não apenas à otimização
dos processos das empresas sócias - Souza Cruz e AmBev - mas ao atendimen-
to ao mercado, já que a soma do volume de várias organizações contribui para
a negociação de melhores preços e condições de pagamento. Hoje, o Agrega
realiza a gestão contínua de materiais e serviços também para PepsiCo, White
Martins, Ceras Johnson, Nestlé, Whirlpool, Eleva e Bunge, totalizando um poder
de compra que o torna muito competitivo em suas negociações com fornecedo-
res. Pelo serviço, o Agrega cobra uma percentagem da economia gerada.
Apesar de ter seu conceito focado em economia de escala, o Agrega significa
muito mais do que isso para as companhias sócias e para os clientes. A expe-
riência de sua equipe permite um processo mais eficiente na gestão de abasteci-
mento e uma especialização em mercados e produtos que dentro das empresas
seriam tratados como secundários (SOUZA, 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Terceirização de Serviços–––––––––––––––––––––––––––––––
A LDC Bioenergia, braço da multinacional francesa Louis Dreyfus, responsável
pela produção e comercialização de açúcar e álcool no Brasil e no mundo, optou
estrategicamente por terceirizar todo o processo de CCT = Corte, Carregamento
e Transporte de cana-de-açúcar do campo até suas usinas.
Com o intuito de focar seu core business, tratando da produção e da comerciali-
zação do produto final, tomou a decisão de vender todos os implementos e má-
quinas agrícolas de que dispunha para a operação de CCT para os prestadores
de serviço, que, em sua maioria, eram pessoas físicas que atuavam no setor
agrícola.
O processo funcionava assim: a LDC vendia em regime de financiamento os
equipamentos para os prestadores de serviço, e estes autorizavam o desconto
das parcelas do financiamento dos valores que iriam receber pelos serviços. Os
valores pagos pela LDC para a prestação de serviços eram variáveis e propor-
cionais ao volume de cana processado, ou seja, a LDC pagava por tonelada
cortada, colhida e/ou transportada pelos prestadores.
Sob o ponto de vista de foco foi uma ótima estratégia, porém o tempo demons-
trou que nada garantia a fidelização dos prestadores de serviços às suas opera-
ções nem que eles conseguissem sobreviver na operação, dados os problemas
climáticos associados ao pagamento variável pela prestação dos serviços (em
período, de chuva, não existe possibilidade de corte, carregamento ou transpor-
te). Isso resultou em escassez de fornecedores aptos a prestar os serviços de
CCT para a LDC.
O resultado foi que muitas toneladas de cana-de-açúcar não foram colhidas, mui-
tos prestadores não conseguiram honrar suas dívidas e faliram e a LDC teve de
buscar uma alternativa para esse processo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A estratégia da Grendene–––––––––––––––––––––––––––––––
Sabedora da aceitação de seus produtos já consagrados, tais como Melissa, a
Grendene adotou uma estratégia diferenciada ou, no mínimo, curiosa para dis-
ponibilização de seus produtos no mercado.
Ameaça de novos
entrantes
CONCORRENTES
Poder de negociação NA INDÚSTRIA
Poder de negociação
dos fornecedores dos compradores
FORNECEDORES COMPRADORES
Rivalidade entre as
Empresas existentes
Ameaça de produtos
ou serviços
substitutos
SUBSTITUTOS
Entrantes Potenciais
Os Entrantes Potenciais estão relacionados com a possibili-
dade de novas empresas entrarem no mercado. De acordo com
Porter (1991, p. 25), as “novas empresas que entram para uma
indústria trazem nova capacidade, o desejo de ganhar parcela do
mercado e freqüentemente recursos substanciais". Isso diminui a
lucratividade das empresas que já estão no mercado.
Perguntas avaliativas
Para avaliar-se a possibilidade de novas empresas entrarem
em um mercado, algumas perguntas devem ser feitas:
1) Quais são as barreiras de entrada existentes nesse mer-
cado?
Podem existir muitas barreiras para uma empresa nova entrar
nesse mercado, como necessidade de investimentos altos (aviação
comercial, por exemplo) ou ter conhecimentos específicos que são
de difícil acesso (como serviços meteorológicos). Quanto mais isso
ocorrer em um segmento, mais difícil será para entrar nele.
2) Existem marcas já consagradas no mercado?
Para entrar em um mercado no qual já existam marcas con-
sagradas, uma nova empresa precisa realizar altos investimentos
em propagandas e promoções, o que dificulta e torna menores as
probabilidades de se entrar nesse mercado.
3) Para atuar nesse mercado, são necessárias licenças de
funcionamento ou autorizações dadas pelo governo? O
quão difícil é conseguir essas autorizações ou licenças?
Existem alguns segmentos, como os de telefonia e de ener-
gia elétrica, nos quais, para a empresa atuar, é necessário que o
Governo dê autorizações ou licenças de funcionamento. Quanto
Laboratório Acme–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O laboratório Acme produz medicamentos para todo o Brasil; uma parte do pro-
cesso de produção do medicamento é a produção de embalagens (alumínios e
bulas) que são produzidos por uma gráfica (fornecedor de 1ª camada). Um pro-
blema muito grande para toda a cadeia seria, por exemplo, se a gráfica errasse
a impressão e imprimisse uma embalagem faltando informações (por exemplo,
a dose do medicamento).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nesse exemplo, um erro da gráfica, fornecedor de 1ª cama-
da, prejudicaria todos os elos à jusante, pois, se esse remédio che-
gasse às farmácias de todo o país (no caso apresentado na figura, o
elo varejista), isso poderia prejudicar fisicamente os clientes. Por-
tanto, o laboratório farmacêutico teria de fazer um recall (retorno)
dos produtos em que estivessem faltando informações.
Ambev–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A AmBev, dona de conhecidas marcas nacionais de bebidas, utiliza-se de emba-
lagens de alumínio para o envase de alguns de seus produtos. Como a produção
© U1 - Competitividade e o Negócio Expandido 71
Obstáculos comportamentais
Os problemas de comportamento são os que mais prejudi-
cam a Cadeia de Suprimentos; eles dizem respeito à dificuldade
das pessoas em mudar, o que impede que as ações deem certo.
Os principais problemas de comportamento que devem ser
analisados são:
a) Os elos da Cadeia de Suprimentos não conseguem en-
tender que suas ações causam resultados negativos nos
outros elos (reveja o exemplo do laboratório farmacêu-
tico, em que a gráfica não consegue enxergar que o fato
de ter errado na impressão da embalagem prejudicou
toda a cadeia e o cliente final).
b) Os elos da Cadeia de Suprimentos não têm muito conta-
to entre si e não discutem os problemas comuns a todos;
somente conseguem enxergar seus próprios problemas
(CHOPRA; MEINDL, 2003).
c) A maioria dos elos enxerga os outros elos da cadeia
como rivais, e não como parceiros.
Obstáculo de informações
Um dos obstáculos que também prejudicam a Cadeia de Su-
primentos é a falta de compartilhamento de informações.
A falta de compartilhamento de informações entre os elos
da Cadeia de Suprimentos aumenta a falta de confiança e contri-
bui para manter os objetivos estratégicos desalinhados entre eles
(CHOPRA; MEINDL, 2003).
Para melhorar a integração entre os elos da Cadeia de Supri-
mentos, é necessário:
a) Incentivar para que os objetivos estratégicos de todos os
elos sejam iguais.
b) Melhorar a qualidade da informação e disponibilizá-la
para todos os parceiros.
c) Determinar incentivos (monetários) que premiem os
elos que atuarem de acordo com os melhores interesses
da Cadeia de Suprimentos.
d) Tornar os relacionamentos entre as empresas da cadeia
mais próximos, a fim de desenvolver confiança.
Um relacionamento de confiança e de comprometimento
entre os elos da Cadeia de Suprimentos aumenta a segurança dela,
pois cada parte sabe que a outra não tomará ações sem considerar
o impacto nos outros elos (CHOPRA; MEINDL, 2003).
De acordo com Chopra e Meindl (2003), a confiança e o com-
prometimento entre as empresas geram inúmeras vantagens, den-
tre as quais podemos citar:
© U1 - Competitividade e o Negócio Expandido 73
Entradas Saídas
Sistrema
Produtivo
• Materiais • Produtos
• Mão-de-obra Processo de • Serviços
Transformação /
• Máquinas • Resíduos / Lixo
Conservação
• Instalações
• Energia
• Informação
• Tecnologia
Fonte: Pires (2004/ p. 39).
Figura 7 Sistema produtivo típico.
Informação–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
• Dados: apreensão das características de uma manifestação do real que
é objeto de análise. Uma perspectiva simples, com poucas articulações
e correlações ocorre como resultado. Os dados podem ser reflexos com
um grau considerável de fidelidade em relação ao real.
• Informação: por meio de estruturação, organização e interpretação, os
dados são agrupados e correlacionados. Com isso, inferências lógicas
são produzidas, o que é condição mínima para que haja fidelidade em
relação ao real. Em outras palavras, a informação pode ser tida em uma
interpretação realizada sobre um grupo de dados.
• Conhecimento: explicações, idéias e argumentos corroborativos podem
ser necessários para que o conhecimento seja formado a partir de uma
gama de informações. O objetivo é criar significado para acontecimen-
19. Considerações
Nesta unidade, pudemos perceber que a Cadeia de Supri-
mentos envolve todas as atividades que estão diretamente rela-
cionadas com a satisfação do cliente. Além disso, vimos que, “no
final das contas”, é a satisfação do cliente que medirá o sucesso da
Cadeia de Suprimentos.
Entretanto, o encaixe estratégico da empresa na Cadeia de
Suprimentos não é simples de ser atingido, pois demanda ações
internas e externas à empresa, envolvendo todas as empresas da
© U1 - Competitividade e o Negócio Expandido 83
20. E-referências
AMBROSIO, D. Dados x Informação x Conhecimento. Disponível em: <http://
turma7a20092.bligoo.com/content/view/680382/Dados-X-Informa-o-X-Conhecimento.
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do planejamento. Porto Alegre: Bookman, 2000.
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SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKI, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão
– conceitos, estratégias e estudos de caso. Porto Alegre: Bookman, 2003.
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da realidade brasileira. São Paulo: Makron Books, 2000.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, T. A máquina que mudou o mundo. São Paulo:
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