Processo de Defesa de Autuação
Processo de Defesa de Autuação
Processo de Defesa de Autuação
DE2022/0360639-5
TERMO DE INSTAURAÇÃO
Enio Bacci
Diretor-Geral DETRAN/RS
Identificação do Participante
Alegações do Requerente
Peço por favor se possível filmagens da câmera de monitoramento da via ou mesmo da câmera do policial.
O que ocorreu foi velocidade acima do permitido na via.
Vejo ali tão somente abuso de autoridade, pois na abordagem questionei a maneira na qual eles agiram gritando e apontando arma mandando que eu
deitasse ao solo, quando falei que não era bandido e que sou acadêmico em Direito e que o Sargento tal era meu colega de aula eles responderam:
Eu com isso e vai tomar no C*.
Quando falei ser acadêmico e conhecido do sargento foi tão somente para eles saberem que não se tratava de um bandido, mas ai as coisas
pioraram, revistaram o carro procuraram algo para me acusar, ate mesmos os pneus eles revisaram.
Quando viram que não tinha nada um deles olhou e disse cabe um 75 logo vi que se tratava do Art.175 do CTB porem foi somente excesso de
velocidade. Tenho 54 anos e não bebo e nem pouco saio fazendo piruetas nas ruas. Peço que apreciem com cautela e vejam a injustiça.
Atenciosamente
Alegações do Requerente
Eu, ROMUALDO BARCELOS BARBOSA, com CNH nº 03006350925, inscrito no CPF nº 486.281.900-15,
residente e domiciliado à Rua Maceió, 195 - Fundos - Santa Rita CEP 92708-255 na cidade de Guaíba, RS,
venho respeitosamente, com fundamento na Lei nº 9.503/97, c/c o Art. 1º e SS, da Resolução nº 299/2008,
apresentar DEFESA PRÉVIA, por supostamente Utilizar veículo para demonstrar/exibir manobra perigosa
ou arrancada brusca, infração prevista no Art. 175, do Código de Trânsito Brasileiro, conforme constante no
Auto de Infração de Trânsito de nº 175 do veículo de placa IZY8I87.
DOS DIREITOS
O direito de ingressar com a defesa desta multa está esculpido no Art. 282 Caput, § 4º do Código de Trânsito
Brasileiro.
Alegações do Requerente
Para reforçar, temos a Resolução 619/16 do CONTRAN que em seu Art. 9º diz:
II- se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificaçãoda autuação.
Ademais, dispõe o Art. 53 da Lei Federal 9.784/99 - Lei do Processo Administrativo, que:
Art. 53 - A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício
de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.
Alegações do Requerente
A administração pública deve pautar suas ações e condutas voltadas ao bem comum, atento aos princípios
constitucionais escritos no Art. 37 da Carta Magna, sendo eles a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência.
O princípio da legalidade na administração pública, diferentemente dos particulares, determina que ela só
possa fazer o que a lei permitir e da forma prescrita em lei. Nos dizeres de Lenza (2012, p. 978) "Deve andar
nos ´trilhos da lei´ corroborando a máxima do direito inglês: rule of law, not of men. Trata-se do princípio da
legalidade estrita, que, por seu turno, não é absoluto! Existem algumas restrições, como as medidas
provisórias, o estado de defesa e o estado de sítio".
Já no princípio da impessoalidade, o legislador constituinte visou coibir conduta que possibilitasse, de forma
arbitrária, a satisfação de interesses próprios do agente público, caso fosse ele movido por vaidade ou abuso
de poder. Nos dizeres de Ferrari (2011, p. 244) "pois nele pode se ver tentado a substituir o interesse coletivo
por considerações de ordem pessoal, determinando o que se chama de desvio de finalidade ou abuso de
poder, na medida em que o desrespeito à lei abre espaço para oportunizar o favorecimento ou a perseguição".
Quanto ao princípio da moralidade ele diz respeito a condutas honestas, limpas, éticas, condizentes com o
interesse público, não sendo confundidas com a moral comum, esse princípio é integrado com o da
legalidade, devendo se atentar aos motivos ou interesses dos agentes.
Sobre o princípio da publicidade temos que a administração pública não pode atuar de forma oculta, devendo
informar os seus atos e dar ciência aos cidadãos de suas condutas. Só a publicidade permite evitar os
inconvenientes presentes nos processos sigilosos, de modo que, no que diz respeito à atividade da
Administração Pública, ela é indispensável, tanto no que diz respeito à proteção dos direitos individuais,
como quanto no que tange aos interesses da coletividade, ao controle de seus atos.
Por fim temos o princípio da eficiência, ensina Emerson Gabardo, apud Ferrari (2011, p. 246) "por eficiência
se deve entender a racionalização da ação, a preocupação com a maior eliminação de erros possível, e que,
por ser um termo multifacetado e até ambíguo, muitas vezes é utilizado em sentido extremamente restrito.
Acerca da relevância da aplicação dos Princípios, temos, segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, (Curso de
Direito Administrativo, 2012) que:
"Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento
obrigatório, mas a todo sistema de comandos.
É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade".
DO NÃO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO
Parece não restarem dúvidas de que houve, por parte do agente autuador um abuso de poder.
Alegações do Requerente
O abuso de poder, como todo ilícito, reveste as formas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo como a
truculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e não raro encoberto na aparência ilusória dos atos
legais. Em qualquer desses aspectos - flagrante ou disfarçado - o abuso de poder é sempre uma ilegalidade
invalidadora do ato que o contém.
Pode-se chegar à conclusão, portanto, de que o auto de infração em apreço deve ser arquivado, tendo em
vista os vícios de forma que contém além de ter sido lavrado com flagrante abuso de poder, o que rende
ensejo à nulidade dos atos administrativos.
A fim de padronizar em todo o território nacional os procedimentos referentes à fiscalização de trânsito, foi
criado o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito a ser seguido pelos agentes de trânsito no momento
da lavratura das multas, desenvolvido por um grupo técnico e de especialistas nessa área.
A lavratura do auto de infração precisa seguir alguns requisitos obrigatórios previstos no Manual Brasileiro
de Fiscalização de Trânsito - Volume I, editado pela Resolução 371/2010 do CONTRAN, e posteriormente
atualizada pela Resolução 497/2014, a Resolução 561/2015 introduziu o Manual Brasileiro de Fiscalização de
Trânsito - Volume II.
Dentre esses requisitos, podemos destacar os critérios básicos a ser seguido pelo agente de trânsito no
momento de enquadrar a infração, a descrição detalhada e completa do fato ocorrido no campo observações
e a medida administrativa exigida para cada multa, sendo que a não observância a esses preceitos é
considerada falta grave, devendo o auto de infração ser cancelado.
Para poder instruir melhor o presente recurso se faz necessário que seja anexado pelo órgão autuador
cópia do auto de infração em discussão, e assim, sejam apreciadas e apontadas às irregularidades existentes,
devendo o órgão julgador avaliar as falhas e promover o seu cancelamento.
O preenchimento do auto de infração segundo o Manual de Fiscalização referente a multa por Utilizar-se de
veículo para demonstrar ou exibir arrancada brusca, prevista no Art.175 do Código de
Trânsito Brasileiro encontra-se irregular, vejamos quando enquadrar essa infração e o que deve
constar no campo de observações.
Alegações do Requerente
No caso de não cumprimento de medida administrativa exigida pelo CTB, como recolhimento do documento
de habilitação, o agente deverá registrar o motivo no campo de observações sob pena de irregularidade do
AIT. Ex.: Não portava documento de habilitação.
Está claro a falta de informações obrigatórias no presente auto, ocasionada pela desídia do Agente de
trânsito, as determinações constantes nas resoluções do CONTRAN devem ser respeitadas e seguidas
corretamente, não sendo possível a critério do Agente negar o seu preenchimento.
Para auxiliar Vosso entendimento, trago julgado do TRF 3a Região sobre o tema, que corrobora a
irregularidade acima apontada:
Embora se saiba que o agente é detentor da fé-pública, esta não deve ser solitariamente suficiente para se
praticar atos em desrespeito à Lei, portanto, uma vez que o mesmo deixa de cumprir aquilo que lhe é
determinado, seu ato perde a validade na sua essência, restando claraa irregularidade do presente auto de
infração.
Para corroborar o que se alega, vejamos decisão acertada da JARI em recurso apresentado sob as mesmas
circunstâncias:
Alegações do Requerente
Demonstrada todas essas irregularidades, não resta outra alternativa senão o cancelamento do presente
auto de infração.
Determina o CONTRAN, através de suas Resoluções, que somente será considerada válida a notificação de
autuação de penalidade quando esta observar os requisitos mínimos ali previstos. O órgão autuador
deverá notificar o infrator quanto ao cometimento da multa de maneira eficaz e segura comprovando o
envio desta, o meio seguro a ser utilizado e a carta registrada com aviso de recebimento (A.R.) e não a
carta comum sem possibilidade de rastreio e conferencia da data da postagem.
O princípio da Legalidade, de forma clara e cristalina, estabelece uma rígida interpretação de que o
administrador público deve obedecer estritamente o que reza a lei, não oportunizando flexibilidade em
inovar com subjetividade.
Citamos novamente o conceituado jurista Helly Lopes Meirelles, que leciona que:
Alegações do Requerente
No mesmo sentido, é orientação jurisprudencial assente no colendo Superior Tribunal de Justiça a de que
deve haver notificação do infrator para apresentar defesa prévia por ocasião da lavratura do auto de infração
de trânsito.
No caso em exame, não fora observado o devido processo legal, devendo ser anulado os efeitos do presente
auto de infração, conforme segue.
Assim, comprovada a ausência da dupla notificação do auto em tela, pede-se seja reconhecida a sua nulidade
e, consequentemente, o arquivamento do presente auto por não cumprir as exigências legais para a sua
validação.
OBSERVAÇÕES ADICIONAIS
No dia 24/02/2022 aproximadamente as 22:30hs reconheço que eu trafegava acima da velocidade permitida
para o local, fui abordado por uma guarnição da BM Brigada Militar, onde fui hostilizado pelos policiais,
questionei falando que eu não era nenhum bandido e que não precisava que apontassem as armas para mim,
mais uma vez foi ofendido com um palavrão, quando falei que era acadêmico em Direito e que conhecia um
colega deles de patente sargento, foi pior, porem quando falei conhecer o Sargento era no intuito de mostrar
que não se tratava de um marginal e não para me beneficiar.
Foi ai que eles tentaram de toda a forma achar um detalhe para me multar, quando viram que tudo estava
em ordem um deles falou então em Art. 175 eu não sabia do que se tratava. Logo chamou o guincho e
recolheram o meu carro. Solicito as imagens se eles tem o registro através da câmeras, ou da avenida onde
eu trafegava, pois ela e monitorada por câmeras, e se tiver imagens de meu carro fazendo cavalo de pau ou
qualquer coisa que fala o Art. 175 CTB eu pago a multa e respondo penalmente.
Atenciosamente Romualdo Barcelos Barbosa.
Alegações do Requerente
DOS PEDIDOS
1) Seja anexado cópia do auto de infração em discussão para a correta instrução da presentedefesa,
conforme determina o Art. 37 da Lei Federal 9.784/1999.
__________________________________________________
ROMUALDO BARCELOS BARBOSA
CPF Nº. 486.281.900-15
Instrução Processual
Instrução Processual
Em patrulhamento pela rua Onofre Pires a guarnição da viatura 10980 ao adentrar na rua Getúlio Vargas, visualizou um veículo Ônix branco de placa IZY8I87 onde o
veículo estava visivelmente em alta velocidade, assim a guarnição iniciou o acompanhamento do veículo que ao realizar a curva em direção a rua Dr Montaury foi
possível vizualizar que o automóvel ainda em alta velocidade derrapou na pista vindo a cantar os pneus sendo que o condutor quase perdeu o controle do veículo,
Somente possível abordar o veículo na rua Dr Montaury numeral 359, o condutor não apresentava sinais de embriaguez.
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
Remoção do veículo
Observações
05/12/2022 10:37:02
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO - DETRAN/RS
10/10/2020 22:46:47 Normal 74550 - EXC.VELOC.ATE 20%MAX ROD. RSC287 km 82 SENTIDO VENANCIO AIRES-SANTA CRUZ DO SUL
VENANCIO AIRES 212 121200 E020196061 218, I 4 Condutor 0
Total de Infrações: 2
DETRAN/305050501
Instrução Processual
15
DE2022/0360639-5
Gerenciador de DE2022/0360639-5
Serviços Virtuais
JULGAMENTO DE DEFESA
PARECER
O proprietário foi notificado do Auto de Infração de Trânsito, sendo-lhe assegurado o contraditório e a ampla defesa. O
preenchimento dos campos no AIT é suficiente para a identificação do veículo e/ou condutor. De acordo com a
fotocópia do AIT em questão, o condutor/infrator conduzia o veículo, em via pública, demonstrando ou exibindo
derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneu, infringindo, portanto, o disposto no art. 175 do
CTB. O AIT atendeu os requisitos necessários conforme art. 280 do CTB, estando descrito no campo específico do AIT
a conduta do infrator que deu origem à infração. Ainda em análise do processo, verifica-se que os argumentos do autor
não são suficientes para anular o ato administrativo. Assim, com base na Lei Nacional nº 9.503/97 (Código de Trânsito
Brasileiro) e legislação em vigor, bem como na presunção de legitimidade dos atos praticados pelos agentes públicos,
sou pelo indeferimento da presente defesa da autuação.
Marcelo Soletti
Diretor-Geral DETRAN/RS