Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Segurança E Qualidade No Transporte E Armazenagem de Bobinas de Aço - Solução Arcelormittal Vega

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

ISSN 1982 - 985X

SEGURANÇA E QUALIDADE NO TRANSPORTE E


ARMAZENAGEM DE BOBINAS DE AÇO – SOLUÇÃO
ARCELORMITTAL VEGA1
2
Juarez Alves
3
Marcos Tadeu Arante
4
Leonardo Nogueira Mendonça
5
José Alberto de Oliveira
6
Evilasio Ferreira Santana

Resumo
O aumento da competitividade no mercado de aço tem levado as siderúrgicas
atribuírem à logística o papel estratégico na cadeia de valor. Transportar e armazenar
bobinas de aço com segurança e qualidade tem sido o grande foco dos grandes
fabricantes de aço para manter o produto nas condições exigidas e seu compromisso
com a sustentabilidade do negócio. Focando esta necessidade a ArcelorMittal Vega
tem evoluído e investido no aprimoramento dos processos de armazenagem e
transporte (rodoviário, ferroviário e marítimo); que tem possibilitado a obtenção de
níveis expressivos de segurança e qualidade destas operações.
Palavras-chave: Logística; Distribuição; Armazenagem; Qualidade; Segurança.

SECURITY AND QUALITY IN THE TRANSPORT AND WAREHOUSE OF COIL


STEEL – ARCELORMITTAL VEGA SOLUTION

Abstract
Increased competitiveness in the market for steel has led steelmakers commit to the
strategic role of logistics in the value chain. Transport and store steel coils with safety
and quality has been the major focus of the major steel producers to keep the product
under conditions and your commitment to business sustainability. Focusing on this
need ArcelorMittal Vega has developed and invested in the improvement of procedures
for storage and transport (road, rail and sea), which has enabled the achievement of
significant levels of safety and quality of these operations.
Key words: Logistics; Distribution; Warehouse; Quality; Security.

1
Contribuição técnica ao 29º Seminário de Logística – Suprimentos, PCP, Transportes, 17 e 18 de
junho de 2010, Joinville, SC, Brasil.
2
Administrador; Analista de Logística da ArcelorMittal Vega.
3
Engenheiro; Gerente de Logística da ArcelorMittal Vega.
4
Engenheiro; Analista de Logística da ArcelorMittal Vega.
5
Administrador; Analista de Logística da ArcelorMittal Vega.
6
Supervisor de Ormec Engenharia, operador logístico da ArcelorMittal Vega.

118
ISSN 1982 - 985X

1 INTRODUÇÃO

Com a premissa de que no grupo ArcelorMittal a segurança é prioridade


incondicional, tomou-se a decisão em implementar padrões para as rotinas de
operações envolvendo a segurança e a qualidade no transporte e armazenagem de
bobinas de aço na empresa ArcelorMittal Vega, com o objetivo principal de mostrar a
responsabilidade legal e moral da empresa frente a comunidade externa.
A primeira etapa desse processo foi a definição de um grupo de estudo
envolvendo as áreas de Logística, Segurança, Qualidade, Produção e Engenharia.
A etapa seguinte constitui-se na realização de um brainstorming feito pelo grupo
onde foram detalhadas todas as operações inerentes a segurança e qualidade.
Após análise feita pelo grupo chegou-se a conclusão da necessidade de
implementação de algumas ações:
• criar um padrão de embalagem para as bobinas;
• desenvolver veículos e vagões especiais para o transporte de bobinas;
• descrever um procedimento padrão para operação de peação de carga;
• implantar um sistema de trava-quedas nos pátios de expedição e
abastecimento de bobinas; e
• desenvolver padrão de armazenagem de bobinas, tanto para a usina
quanto para as filiais.
A seguir, relataremos os resultados dos aspectos analisados na busca da
melhor forma de realizar as operações de peação de carga, transporte de bobinas e
armazenagem, bem como os benefícios obtidos pela ArcelorMittal Vega na definição
das melhores práticas utilizadas na segurança e qualidade no transporte de bobinas.
Mostraremos também a redução dos números de reclamações feitas pelos clientes,
juntamente com as dificuldades apresentadas na obtenção dos recursos necessários
para a execução de cada uma das atividades acima descritas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi criado um comitê de embalagem onde foram discutidas propostas e


desenvolvido fornecedores com o objetivo dos ganhos esperados:
• aumento significativo da segurança, meio ambiente e qualidade da embalagem
em função da proteção e manuseio do produto embalado;
• redução das reclamações geradas por oxidações por intempéries (molhamento)
e danos por manuseio e armazenagem (amassado e abrasão);
• redução média de 20 % nos custos mensais da embalagem;
• facilitar o fechamento do contrato com os atuais fornecedores para ganhos em
redução de custo de insumo;
• ergonomia, material mais leve com menor risco de acidente e menor
esforço/fadiga; e
• Comprometimento com o meio ambiente na utilização de material reciclável
(poliondas).

119
ISSN 1982 - 985X

2.1 Padrão de Embalagem para as Bobinas

Modelo atual

Figura 1 – Embalagem com capa interna e disco em plástico corrugado e cantoneira e capa externa em
aço.

2.2 Veículos e Vagões Especiais para o Transporte de Bobinas

A partir das características do produto final deu-se início ao estudo de


desenvolvimento de fornecedores com veículos especiais para o transporte de
bobinas, onde as alternativas analisadas foram:
• veículo bobineiro com capota;
• veículo bobineiro total sider; e
• vagão bobineiro.

Figura 2 – Veículo bobineiro com capota.

120
ISSN 1982 - 985X

Figura 3 – Veículo bobineiro total sider.

Figura 4 – Vagão bobineiro.

2.3 Procedimento Padrão na Operação de Peação de Carga

Estabelecer procedimentos e padronização para a utilização de cintas na


peação de bobinas e congêneres (baby coils) quando utilizado transporte rodoviário.
Tais procedimentos visam ao cumprimento da Resolução do Contran 293/2008 e ao
aumento da segurança no transporte rodoviário de bobinas de aço.
Da fixação / peação da carga – bobinas no eixo horizontal:
• será realizada a peação de carga no veículo em área pré-determinada;
• a cintagem em cada bobina deverá ser feita com duas cintas de nylon com
resistência nominal de 10 toneladas cada uma, para bobinas de até 20
toneladas. Para bobinas acima de 20 toneladas, utilizar três cintas com
resistência nominal de 10 toneladas cada uma; e
• as cintas devem ser fixadas à carreta por meio de catracas e presilhas
metálicas, compatíveis com a capacidade das cintas (dez toneladas) (ver Figura
5).

121
ISSN 1982 - 985X

CARRETA CONVENCIONAL CARRETA BOBINEIRA

CINTA DE CINTA DE
NYLON NYLON

FIXAÇÃO NA TRAVAMENTO LONGITUDINAL FIXAÇÃO NA


ESTRUTURA ESTRUTURA
DA CARRETA TRAVAMENTO LATERAL DA CARRETA

Figura 5 – A figura ilustra como deverá ser realizada a fixação com cintas para carretas convencionais e
para carretas bobineiras.

2.4 Sistema Trava-quedas nos Pátios de Expedição e Abastecimento de BQ

Com o objetivo de oferecer maior segurança para o trabalho de peação de


carga nas áreas de expedição de produtos acabados e cabine de recebimento de BQ
(bobina quente), foi desenvolvido um trabalho conjunto entre as áreas de Logística,
Segurança e Engenharia. O trabalho resultou no projeto de instalação de
equipamentos trava-quedas nos pontos com maior volume de trabalho de peação.

Figura 6 – No trabalho de peação de cargas nos pátios de expedição eram utilizadas escadas para
acesso do peador a carreta do caminhão.

122
ISSN 1982 - 985X

Figura 7 – A figura ilustra como ficou a expedição após a implantação do sistema trava-quedas.

Figura 8 – A figura ilustra como ficou a área de recebimento de BQ após a implantação do sistema
trava-quedas.

2.5 Padrão de Armazenagem na Usina e nas Filiais

Para a armazenagem de produtos da ArcelorMittal Vega em Armazéns


externos, as empresas contratadas devem garantir que os mesmos sejam alocados de
tal forma a preservar suas condições físicas. Mantendo-as em locais protegidos contra
a ação das intempéries como chuvas e goteiras. Estes locais devem ser cobertos,
secos, ventilados, afastado de vãos ou portões abertos, acondicionados em berço
resistentes com proteção contra amassamentos e livres de poluição, como poeira,
gases etc.
As empresas responsáveis pela operação dos estoques devem disponibilizar
mão de obra, instalações e equipamentos mínimos necessários para atender aos
requisitos descritos no Protocolo Técnico e especificados em contrato de prestação de
serviço ou acertos comerciais.

2.5.1 Requisitos mínimos das instalações para armazenagem de bobinas


• Galpões:
• iluminação adequada de forma a garantir a visualização e identificação dos
produtos, além da garantia da segurança dos operadores;

123
ISSN 1982 - 985X

• os telhados e laterais do galpão devem estar isento de aberturas que possam


permitir infiltrações de águas ou quaisquer agentes que possam comprometer a
integridade física do produto;
• o piso pavimentado, nivelado e resistente, com áreas organizadas, limpas e
identificadas para a fácil localização dos produtos; e
• portões de fácil movimentação para manter o galpão sempre fechado, evitando
a penetração de águas, névoas de chuvas e/ou umidade.

• Berços:
• devem ser confeccionados para suportar o máximo peso solicitado pelo
beneficiador e/ou cliente;
• os berços podem ser de aço com a área de contato revestida de borracha ou
outro tipo de material apropriado, desde que evite o contato direto da bobina
com o aço. Como alternativa, pode-se utilizar berços de madeira, desde que
respeite as condições acima citadas;
• os berços devem estar isentos de pontas de pregos ou parafusos, ou quaisquer
saliências que possam gerar marcas o produto.
Segue abaixo, um exemplo de um modelo esquemático de berço de aço
revestido com borracha para estocagem de bobinas:

Berço de aço resistente

Revestimento de proteção

Figura 9 – Modelo esquemático de berço aço revestido com borracha.

São definidas premissas e exigido o cumprimento das mesmas junto aos


prestadores de serviços.

2.6 Exportação Marítima

• Modalidade: Break Bulk (carga solta);


• Segurança: amarração das bobinas e colocação de sliters;
• A primeira exportação “BB” Vega foi para a China no M/V Varanasi em 2003
– Carga 6 kt;
• Países: Argentina, China, Colômbia e Itália.

124
ISSN 1982 - 985X

Figura 10 – Exemplo de carregamento exportação marítima.

3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO

3.1 Segurança e Qualidade

Manter a segurança dos processos e das atividades dentro das organizações


não se resume apenas no cumprimento de requisitos legais. Nos últimos anos os
benefícios trazidos pela redução de acidentes e melhores condições ergonômicas nas
atividades, tem tido grande enfoque pelas organizações.
O impacto de um acidente não está ligado apenas a perdas de produtividade,
existem demais fatores que os acidentes afetam direta ou indiretamente dentro de uma
organização.
Para corroborar a importância da função da segurança dentro das organizações
Michel(1) afirma:
“Uma empresa não existe isolada. Integra-se numa sociedade. Produz bens ou
serviços que são consumidos ou utilizados pela comunidade. Assim qualquer
empresa deve ter um conceito de gestão que conduza a garantia da Segurança
possível, quer para os seus trabalhadores, quer para a própria empresa
enquanto entidade econômica, quer para seus consumidores, quer para a
região onde esta implantada e onde vende seus produtos e serviços”.

Nos processos logísticos não há diferenciação. A qualidade deve ser abordada


como sistema e avaliada em todas as etapas e atividades do processo. Através da
qualidade é possível conhecer o processo para então direcioná-lo.
Afirma-se através de Bowersox(2) que:
“O gerenciamento da qualidade total (TQM – Total Quality Management)
tornou-se um compromisso importante em todos os ramos industriais. [...]Se
um produto apresenta defeito ou se as promessas de serviço não se
concretizam, pouco ou nenhum valor será agregado pela logística. Os custos
logísticos, uma vez despendidos, não podem ser recuperados. Na verdade
quando ocorre uma falha na qualidade, todo trabalho logístico normalmente
precisa ser desfeito e, em seguida repetido. A própria logística deve ser
executada segundo padrões de qualidade rígidos. [...] A logística é uma fator
importante no desenvolvimento e na manutenção de um aperfeiçoamento
contínuo da qualidade”.

125
ISSN 1982 - 985X

A diminuição das reclamações feitas pelos clientes (amassamento no transporte


e manuseio, oxidação por molhamento e abrasão) teve resultados positivos com as
seguintes ações implementadas: inclusão de sliters na embalagem, carretas e cavalos
com suspensão pneumática, treinamento dos motoristas, peação feita por equipe com
know-how, além da definição do limite de velocidade para os veículos em conjunto
com as transportadoras.

3.2 Próximos Passos

Implementar a cobertura do sistema trava-quedas no pátio de recebimento de


BQ (pátio 11) e implantar o sistema trava-quedas nos pátios de expedição 10, 01, 07 e
09.
Manutenção mensal de auditorias internas para a verificação da eficácia nas
operações de peação de carga e trimestral na armazenagem das bobinas na usina e
nas filiais. Envolver nessas auditorias as áreas de Segurança do Trabalho, Qualidade
e Logística.

4 CONCLUSÕES

A definição do conjunto de melhorias apresentou um resultado positivo na


redução significativa de reclamações de clientes e também na redução e contenção
dos números de sinistros envolvendo as transportadoras parceiras do grupo.
Com as ações implementadas podemos garantir que temos potencial para
alavancar o share nos mercados interno e externo do ramo siderúrgico e,
principalmente, mostrar que o grupo ArcelorMittal não mede esforços para a
concretização do atendimento aos clientes com relação a segurança e a qualidade de
vida dos seus funcionários, clientes e sociedade.
O estudo de caso da ArcelorMittal Vega, juntamente com a crescente demanda
do mercado, apresenta a Segurança e a Qualidade no transporte de bobinas como
possibilidade de melhoria no escoamento siderúrgico, abrindo um caminho mais
eficiente para os futuros fornecimentos de aço no território nacional.

Agradecimentos

À todas as áreas da Usina ArcelorMittal Vega que participaram da construção


desse novo cenário para a melhoria no escoamento de produtos siderúrgicos
garantindo a segurança e a qualidade no transporte de bobinas de aço, excedendo a
expectativa no atendimento de nossos clientes e principalmente dos acionistas do
grupo ArcelorMittal.

REFERÊNCIAS

1 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2.ed. São Paulo:


Ltr, 2001.
2 BOWERSOX, J. Donald; CLOSS, J. David. Logística Empresarial: o processo de
integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.

126

Você também pode gostar