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Resumo 10BIO 1 Seres Vivos 2023-24

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE PAREDES

Resumo de Biologia – 10º ano

2023/2024

SERES VIVOS E ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA

BIOLOGIA1 (gr. bios, vida + logos, estudo, conhecimento): ciência que estuda os seres vivos.

SERES VIVOS: não se define vida numa frase apenas; tem de se referir a diversidade das suas formas e as
características que as distinguem da matéria não viva / inanimada.2

 Composição química
A matéria viva, tal como a matéria do Universo, é formada por átomos que constituem as moléculas.
O que distingue um ser vivo de um não vivo é, em primeiro lugar, a composição química: nos seres vivos
predominam os elementos químicos (96%) carbono (C), hidrogénio (H), oxigénio (O), nitrogénio/ azoto (N)
[CHNO], além (4%) de fósforo (P), enxofre (S), cálcio (Ca) e potássio (K). Juntamente com outros elementos
presentes em menores quantidades – oligoelementos (normalmente na forma de sais e iões) –, formam
substâncias complexas, as biomoléculas / moléculas orgânicas [glícidos, lípidos, prótidos e ácidos nucleicos].
A água, apesar de ser uma substância inorgânica, é o principal componente do corpo de um organismo vivo.

 Organização da matéria viva


Nos seres vivos, as moléculas orgânicas estão complexamente organizadas em células. Estas conseguem manter
uma composição química própria e no seu interior ocorrem os processos básicos que sustêm a vida.
Os organismos celulares3 podem ser:
→ Unicelulares: formados por uma única célula;
→ Multicelulares: formados por células mais ou menos semelhantes;
→ Pluricelulares: apresentam diferenciação celular, isto é, as células têm formas e funções diferentes
organizando-se em tecidos.4

As células podem ser:


 Procarióticas: sem invólucro nuclear pelo que o ADN está espalhado no citoplasma.
Os seres procariontes (bactérias e cianobactérias/bactérias fotossintéticas) são todos unicelulares e muito
simples (não possuem organelos).
 Eucarióticas: possuem um núcleo (existe um invólucro nuclear que separa o ADN do citoplasma) e outros
organelos (estruturas limitadas por membranas).
Os seres eucariontes podem ser unicelulares ou multicelulares ou pluricelulares.

1
Termo cunhado entre 1800 e 1802 através do trabalho independente de três naturalistas, Lamarck, Treviranus e Oken.
2
A Terra é o único planeta onde reconhecemos a existência de vida, um fenómeno possível graças à presença de água líquida
e a existência de temperaturas propícias ao seu desenvolvimento.
3
Os vírus (lt. veneno ou fluído venenoso) são entidades biológicas acelulares extremamente simples. Não crescem e são
parasitas obrigatórios – para se reproduzirem precisam de introduzir o seu ácido nucleico (ADN ou ARN) numa célula viva
que depois replica (reproduz) o vírus. Como se reproduzem, transmitem hereditariamente as suas características e estão
sujeitos aos mesmos processos evolutivos e adaptativos que os organismos celulares (podem sofrer mutações, por sua vez
sujeitas a seleção natural), alguns cientistas consideram-nos seres vivos num sentido mais lato.
4
Muitos autores não fazem esta distinção. Consideram os termos multicelular e pluricelular sinónimos, isto é, que se referem a
seres constituídos por mais do que uma célula.
 Assimilação e metabolismo
Assimilação: capacidade que os seres vivos têm de estabelecer constantemente trocas com o meio ambiente,
recebendo substâncias que transformam na sua própria matéria e eliminando o que não interessa ou é prejudicial.
A assimilação envolve a incorporação e produção de matéria de forma altamente organizada e programada, isto
é, integrando substâncias do meio ambiente, previamente transformadas, nas suas células.
As substâncias do meio que entram nas células permitem que os seres vivos obtenham:
 a energia necessária para a concretização das mais diversas atividades relacionadas com a manutenção e
perpetuação da vida; todos os seres vivos obtêm energia nos nutrientes orgânicos.
 matéria para sintetizar novos compostos necessários para o crescimento, renovação e reprodução celulares.

Metabolismo (gr. metábole, mudança, transformação): conjunto das reações químicas que ocorrem no interior das
células, quer na degradação de substâncias para obtenção de energia, quer na síntese de novas moléculas.
O metabolismo da célula é caracterizado pela ocorrência simultânea de uma enorme série de reações químicas
que envolvem, sempre, trocas de energia.

Reações químicas celulares


M
↓ E
podem ser T
→ Anabólicas: síntese de moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas simples. A
Para unir as moléculas, é necessária energia (reação endoenergética). B
O
L
I
→ Catabólicas: destruição de moléculas orgânicas complexas originando-se moléculas simples e S
libertando-se energia (reação exoenergética). M
O

 Reação (irritabilidade) e movimento


Os seres vivos recebem estímulos, isto é, detetam alterações/informações provenientes tanto do meio externo
como do interno. Os estímulos podem ser físicos ou químicos (ex. mudança de temperatura, de luminosidade, de
pressão ou de composição química do ambiente em que vivem).
Os estímulos promovem normalmente uma reação. Esta resulta na adaptação do organismo, o que lhe permite
manter as condições internas (celulares e/ou corporais) relativamente estáveis face ao meio externo, ou seja,
permite a homeostasia5 (ex. durante a atividade física, a temperatura aumenta; um dos mecanismos que o
organismo encontra para baixar a temperatura é a transpiração; esta adaptação permite manter a temperatura).
Uma das adaptações possíveis pode traduzir-se em movimento. A maior parte dos animais desloca-se ativamente
e explora o meio em redor. Outros animais são sésseis, ou seja, fixos a um substrato, apresentando apenas
movimentos internos ou circunscritos ao seu próprio organismo.
Organismos complexos, como o ser humano, possuem órgãos sensoriais (olhos, ouvidos, etc.) altamente
especializados em receber os estímulos ambientais. Estes órgãos estão acoplados ao sistema nervoso, que elabora
respostas rápidas e adequadas a cada tipo de estímulo.
Plantas, fungos e outros grupos de organismos também reagem a estímulos, por vezes através de movimentos,
normalmente discretos.
A maioria dos seres microscópicos desloca-se ativamente graças a estruturas, como os cílios e os flagelos.
Muitas formas de algas, de bactérias e os vírus não são capazes de se deslocarem, sendo transportados ao sabor
de outros agentes, como o vento, a água ou ainda outros seres vivos.
A nível celular, existem sempre movimentos.

5
Homeostasia: propriedade dos organismos manterem o seu meio interno em equilíbrio, apesar das mudanças no meio
externo.

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 Crescimento6 e reprodução
À exceção dos vírus, todas as formas biológicas, pelo menos durante um período da sua vida, crescem,
aumentando a sua massa e o seu volume como consequência da assimilação.
Os organismos unicelulares crescem graças ao aumento de tamanho da sua única célula; as formas pluricelulares
através do aumento do número de células seguido do aumento de volume das mesmas.
As células crescem até atingirem uma determinada dimensão podendo, ou não, sofrer uma divisão de modo a
originar duas células menores e possuidoras do mesmo tipo de material genético ou hereditário.
Os seres vivos têm vida finita, mas as espécies perpetuam-se pela reprodução.

Reprodução: capacidade de um ou dois organismos originarem novos seres. É uma das características mais
essenciais da vida, mas não é uma função vital – um ser pode viver sem que se reproduza.
A reprodução pode ser:
 assexuada: um único progenitor dá origem a outros
organismos que recebem cópias da sua informação
genética (clones).
 sexuada: um novo organismo é formado como fruto da
união (fecundação) de duas células sexuais (= gâmetas),
provenientes de um único ou de dois progenitores
distintos.

 Hereditariedade
Está ligada à reprodução pois é a capacidade de um ser vivo
transmitir cópias do seu material genético / hereditário aos
seus descendentes.
O material genético contém todas as informações necessárias para a formação, desenvolvimento, sobrevivência e
reprodução do organismo.
Nas formas vivas celulares, o material genético é sempre o ADN (ácido desoxirribonucleico). Algumas famílias de
vírus também têm o ADN; nos retrovírus, o material genético é o ARN (ácido ribonucleico).

 Variabilidade genética, seleção natural e adaptação


Para além da capacidade de adaptação imediata, que garante a homeostasia do meio interno, os seres vivos
desenvolveram, ao longo de milhares de anos, características que permitem um melhor ajustamento ao ambiente.
Este processo de mudanças que levam à adaptação recebe o nome de evolução biológica.
As informações do material genético apresentam pequenas variações nos indivíduos que constituem uma dada
espécie. Como consequência, os indivíduos da espécie apresentam uma variabilidade genética que se reflete na
variabilidade de características.
Segundo o princípio da seleção natural (Darwin e Wallace), os organismos portadores de características
adaptativas às condições do meio em que vivem têm maior probabilidade de sobrevivência e, portanto, de
reprodução. Ao reproduzirem-se, transmitem a informação genética responsável pela capacidade adaptativa à sua
descendência. Os indivíduos que reúnam características pouco adaptativas tendem a ser eliminados da população
e reproduzem-se menos. Assim, ao longo das gerações, os seres vivos vão sofrendo pequenas e graduais
modificações, o que acaba por resultar num processo de diversificação das espécies ancestrais que acabam por
7
originar novas espécies. É neste princípio que assenta o processo de evolução biológica.

6
Os minerais também crescem, mas pela simples agregação de novos materiais às suas extremidades superficiais.
7
Por ex., os cientistas acreditam que as girafas descendem de ancestrais que tinham pescoços e membros de comprimentos
variáveis. Os indivíduos mais altos tinham maior probabilidade de sobrevivência, pois conseguiam alcançar mais facilmente o
alimento. Os seus filhos herdaram essa característica e transmitiram-na aos seus descendentes.

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NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA

8
A biosfera também pode ser definida como a camada superficial terrestre, capaz de suportar vida. Estende-se
desde os 11km de profundidade nos oceanos até acima dos 8km de altitude9. Também inclui a matéria orgânica
não decomposta (biomassa).
A vida não se encontra distribuída uniformemente; É mais abundante nas regiões equatoriais, em comparação
com as zonas polares, e menos abundante a grande altitude e nas profundezas dos oceanos. Apesar dessa
distribuição desigual, é possível encontrar seres vivos nos ambientes mais diversos do nosso planeta.

8
Alguns autores defendem a substituição do termo biosfera por ecosfera, uma vez que todas as formas vivas interagem com o
meio físico no qual vivem.
9
A biosfera inclui os ecossistemas desde as profundezas do oceano até à atmosfera, uma vez que alguns seres vivos
permanecem no ar grande parte da sua vida (há várias aves, por exemplo, que só pousam em terra para se reproduzirem).

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O bioma é o conjunto de ecossistemas com características afins: florestas tropicais pluviais, florestas temperadas,
taiga, campos (savanas, estepes, pradarias/pampas), chaparral (predominante em Portugal), tundra e desertos.
Cada bioma é caracterizado por uma determinada comunidade vegetal “clímax”, que se mantém relativamente
estável nas condições climáticas típicas de uma dada região.
O ecossistema, normalmente a unidade de estudo em Ecologia, inclui:
 a comunidade / biocenose - corresponde ao componente biótico (vivo);
 o biótopo que corresponde ao componente abiótico (não vivo).
No ecossistema existem:
 Fatores bióticos: relações que se estabelecem entre os seres vivos (ver anexo 1):
 intraespecíficas – entre indivíduos da mesma espécie;
 interespecíficas – entre indivíduos de espécies diferentes.
 Fatores abióticos: condições do meio físico-químico – solo, clima, variações diárias e sazonais de
temperatura, regime hídrico, humidade, luminosidade, salinidade, teor em gases, entre outros (ver anexo 2).

Cada ser vivo é um tipo de organismo, isto é, pertence a uma espécie. A espécie é a base dos ecossistemas.
Um organismo mantém, no ecossistema, um nicho ecológico, ou seja, estabelece relações e interações com os
membros da sua espécie, com outras espécies e inclusive com os fatores abióticos.

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FORMAS DE NUTRIÇÃO
Há, no mundo vivo, duas formas básicas de nutrição:
 Nutrição autotrófica (gr. auto, a si próprio + trofos, alimentar): os autotróficos são capazes de produzir as
suas próprias substâncias orgânicas a partir de compostos simples obtidos do ambiente e uma fonte de
energia.
 Nutrição heterotrófica (gr. héteros, diferente): os organismos heterotróficos são incapazes de produzir os
seus próprios nutrientes, obtendo-os de outros organismos.

Consoante o tipo de nutrição e as relações alimentares que estabelece na comunidade, cada ser vivo tem um
papel ecológico:
 Produtores: são os seres autotróficos;
 Consumidores: são os heterotróficos que realizam a ingestão (assim, a digestão é intracorporal); também
são referidos por macroconsumidores.
 Decompositores (ou microconsumidores): são os heterotróficos por absorção (assim, a digestão é
extracorporal); é um grupo especial de consumidores que, decompondo excrementos, cadáveres e restos de
seres vivos, têm um importante papel na reciclagem dos nutrientes no meio ambiente pois libertam para o
meio substâncias minerais que podem incorporar, de novo, o mundo vivo através dos produtores.

Interação no Papel nos


Tipos de nutrição Exemplos
ecossistema ecossistemas
Autotrófico fotossintético Plantas
Utiliza energia luminosa Alguns protistas
(fitoplâncton, algas)
e transforma-a em energia química Cianobactérias
Matéria mineral
(bactérias fotossintéticas)
PRODUTOR
Autotrófico quimiossintético Matéria orgânica
Utiliza a energia química da oxidação de
compostos inorgânicos Bactérias quimiossintéticas

e transforma-a em energia química

Heterotrófico por ingestão Matéria orgânica


Alguns protistas (protozoários)
CONSUMIDOR (digestão intracorporal)
Animais
[MACROCONSUMIDOR] Matéria orgânica

Heterotrófico por absorção Matéria orgânica Fungos (leveduras, bolores,


DECOMPOSITOR (digestão extracorporal) cogumelos)
10
[MICROCONSUMIDOR] Matéria mineral Bactérias saprófitas

10
Saprófita – organismo que se alimenta de matéria orgânica morta (cadáveres, restos de seres vivos, excrementos, etc.).

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Classificação dos seres vivos de acordo com a fonte de energia e carbono

Fonte de Carbono
AUTOTRÓFICOS HETEROTRÓFICOS
Fonte de energia utilizam CO2 ou CO utilizam compostos orgânicos

FOTO-AUTOTRÓFICOS
FOTOTRÓFICOS FOTO-HETEROTRÓFICOS
utilizam luz solar
(CO2) (algumas bactérias)
(cianobactérias, alguns protistas, plantas)

QUIMIO-AUTOTRÓFICOS QUIMIO-HETEROTRÓFICOS
QUIMIOTRÓFICOS (a maioria das bactérias, fungos, animais)
utilizam a energia de compostos químicos
(CO)
(algumas bactérias)

DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS – RELAÇÕES TRÓFICAS


Nos ecossistemas, as interações mais significativas entre os seres vivos são as relações alimentares / tróficas, que
podem ser representadas sob a forma de cadeias alimentares. Nestas cadeias verificam-se transferências de
energia e de matéria entre os diferentes níveis tróficos. A energia entra nos ecossistemas, geralmente, sob a forma
de energia luminosa e é transformada noutras formas de energia, à medida que flui de um nível trófico para outro
nível trófico, sendo na sua maioria dissipada para o meio sob a forma de calor.

CADEIAS E TEIAS ALIMENTARES

↑Cadeia alimentar: as plantas ocupam o nível trófico de produtores (1.º NT) pois, através da fotossíntese, captam a
energia luminosa que utilizam para sintetizar matéria orgânica (que contém energia química). Um gafanhoto, ao
ingerir partes das plantas, comporta-se como um consumidor primário (2.º NT). A rã alimenta-se do gafanhoto, logo
o seu nível trófico corresponde ao de um consumidor secundário (3.º NT), etc.
Os cadáveres e excrementos de todos os organismos representados servirão de alimento às bactérias e fungos
saprófitas que ocupam o nível trófico de decompositores. Os decompositores degradam a matéria orgânica,
libertando substâncias minerais/inorgânicas resultantes da sua transformação para a geosfera. Estas substâncias
inorgânicas retornam assim ao meio ambiente, podendo ser utilizadas novamente pelos produtores, num processo
cíclico de reutilização de matéria.

Matéria orgânica
Matéria inorgânica
NT Nível trófico

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Ao longo das cadeias alimentares ocorre um fluxo unidirecional de energia. De facto, vão ocorrendo perdas
energéticas, sendo só uma parte da energia incorporada nos organismos dos níveis tróficos seguintes
(aproximadamente 10%). Esta ineficiência limita a extensão das cadeias alimentares.
Num ecossistema, a matéria circula de uma forma cíclica, uma vez que está em constante transformação, não
havendo, por isso, perdas significativas da mesma.

Como os seres vivos utilizam várias fontes de alimento e constituem eles


próprios uma fonte de alimento para mais de um tipo de organismos, há uma
grande variedade de cadeias alimentares que inter-relacionam os diferentes
organismos de um ecossistema, constituindo as teias / redes tróficas (ou
alimentares).
Numa teia alimentar, o mesmo organismo pode ocupar níveis tróficos
diferentes - a cobra da teia ao lado, ao alimentar-se de ratos, comporta-se
como um consumidor secundário, uma vez que o rato é um consumidor
primário. Por outro lado, a cobra atua como consumidor terciário ou
quaternário ao ingerir um sapo, pois este último alimenta-se de consumidores
primários e secundários.
→Teia alimentar.
11
BIODIVERSIDADE
A biodiversidade é uma das características do nosso planeta.
A Terra formou-se há cerca de 4600Ma, mas foram precisos muitos milhões de anos para que se criassem as
condições ideais para o aparecimento das primeiras formas de vida, há cerca de 3 800 Ma, e posterior processo
evolutivo em que foram aparecendo muitas e diversas formas de vida, a maior parte das quais se extinguiram.
Os milhões de espécies atuais representam apenas uma pequena fração de todos os seres que existiram na Terra
ao longo da sua história. Esta diversidade de formas de vida existentes, conhecidas e desconhecidas, bem como as
que desapareceram ao longo dos tempos do planeta, constitui a biodiversidade ou diversidade biológica.

A biodiversidade pode ser encarada a vários níveis:


 Diversidade genética:
 inclui a variação intraespecífica, ou seja, a variedade que existe dentro das espécies.
 inclui a variação interespecífica, isto é, a quantidade de diferenças existentes entre organismos de
espécies diferentes – diversidade de espécies.
 Diversidade de ecossistemas; refere-se à variedade de comunidades que se pode encontrar em diferentes
ecossistemas.
Quando há diversidade genética dentro de espécies, em espécies e diferentes ecossistemas, a biodiversidade
aumenta e a sua capacidade de resiliência a fogos, tempestades, doenças e outras catástrofes naturais é maior.
A biodiversidade tende a ser maior nos ecossistemas complexos, pois estes apresentam uma ampla gama de
habitats que podem ser ocupados por uma série diversificada de organismos.

Classificação dos seres vivos


A elevada biodiversidade torna impossível conhecer cada uma das espécies que existem ou já existiram no
planeta. É necessário, por isso, proceder à sua classificação, isto, é, agrupar os seres vivos em categorias mais
particulares que reúnam organismos com características semelhantes.
Por outras palavras, classificar os seres vivos consiste em distribuí-los por grupos, segundo critérios previamente
estabelecidos. Este trabalho facilita o seu estudo e caracterização.

11
Há 27 anos, as Nações Unidas propuseram 22 de Maio como Dia da Biodiversidade.

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Classificação de Whittaker
Interação nos
Organização celular Tipo de nutrição Exemplos
ecossistemas
Autotróficos
(fotossintéticos ou Cianobactérias
Procariontes Produtores
MONERA quimiossintéticos) Arqueobactérias
Unicelulares ou coloniais Microconsumidores
Heterotróficos Bactérias
(absorção)
Eucariontes
Com ou sem parede celular Autotróficos Algas
Produtores.
Unicelulares, coloniais, (fotossintéticos) Protozoários (ex.
PROTISTA Microconsumidores.
pluricelulares ou Heterotróficos paramécia,
Macroconsumidores.
multicelulares com (absorção e ingestão) euglena, amiba)
diferenciação reduzida
Microconsumidores.
Eucariontes Leveduras
Heterotróficos (decompositores,
FUNGI Unicelulares ou Bolores
(absorção) parasitas ou
multicelulares Cogumelos
simbiontes)
Hepáticas
Eucariontes.
Autotróficos Musgos
PLANTAE Pluricelulares com Produtores.
(fotossintéticos) Fetos
diferenciação progressiva
Plantas com flor
Eucariontes
Heterotróficos Esponjas
ANIMALIA Pluricelulares com Macroconsumidores
(ingestão) Mamíferos
diferenciação progressiva

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Sistema de classificação de Carl Woese
Baseado em estudos moleculares (ver ME, p. 12).

EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES


Extinção: desaparecimento completo de um grupo de organismos e, consequentemente, do seu património
genético. Uma vez extinto, o grupo não mais reaparecerá. Pode ser:
 de fundo: modificações naturais do clima, por ex, promovem ajustes que mantêm os ecossistemas num
estado de equilíbrio dinâmico; as espécies que não se conseguem adaptar ao ambiente em mudança, vão
12
desaparecendo; é o processo natural mais frequente e é lento.
 em massa: decorrem das alterações bruscas e acentuadas das condições ambientais e conduzem
normalmente ao desaparecimento de vários grupos de organismos quase que simultaneamente e num
intervalo de tempo geológico relativamente curto.

Causas da Extinção das Espécies


• Causas naturais: - aumento progressivo da complexidade e diversidade dos seres vivos;
- extinções em massa, pontuais de algumas formas de vida.
• Ação antrópica: - os efeitos não cessam de aumentar como resultado da explosão demográfica e do
desenvolvimento tecnológico.
- o ser humano é considerado o principal responsável pelo cenário preocupante da extinção
de espécies.
 Destruição dos diferentes habitats: agricultura intensiva ou desflorestação (incêndios, abate de
árvores), desertificação, mudanças climáticas, poluição, modificação ou fragmentação dos habitats
(construção de estradas, turismo intensivo).
 Sobre-exploração dos recursos biológicos: procura excessiva de determinadas espécies (caça e
pesca intensivas).
 Proliferação de populações de espécies invasoras: introdução de novas espécies (exóticas),
competidoras ou predadoras das indígenas, ou de agentes infeciosos nos ecossistemas.

Consequências da Extinção de Espécies


1. Perda de biodiversidade;
2. Alterações nas paisagens;
3. Mudanças no equilíbrio dos ecossistemas;
4. Possíveis alterações ao nível da regulação dos ciclos de matéria e qualidade dos solos;
5. Diminuição do fornecimento de alimentos (ex. pescado) e matéria-prima para a produção de diversos bens (ex.
medicamentos).

Conservação/Preservação das Espécies Atuais


Esta ação poderá ser concretizada:
1. Anulando, diminuindo ou controlando as causas que provocam a extinção das espécies:
- Investigação na conservação da Natureza  analisando o impacte humano na biodiversidade e
desenvolvendo estratégias para preservar.
2. Criando locais onde a atividade humana seja anulada ou pelo menos controlada:
- Criação de áreas protegidas  permitem preservar a riqueza dos territórios e das espécies.

12
Alguns organismos apresentam nichos ecológicos muito especializados e restritos. Se por um lado a especialização e
restrição do nicho constitui uma estratégia para evitar a competição com outras espécies, por outro, torna a espécie muito
mais suscetível ou vulnerável à extinção. Alterações mínimas no habitat podem comprometer a espécie em causa que, sem
capacidade adaptativa para uma nova condição ambiental, desaparece.

Resumo de Biologia 2023/24 [1 Seres vivos e organização biológica 10

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